TCC Quingas 2023 - 114321
TCC Quingas 2023 - 114321
Moçâmedes, 2023
UNIVERSIDADE DO NAMIBE
N º de Estudante: 2018113899
N º de Registo do Trabalho:
Orientado por
_____________________________
José Teixeira Gonçalves, MSc
Moçâmedes, 2023
DEDICATÓRIA
i
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus por ter me mantido na direçao certa durante a minha
formação com saúde e sabedoria para chegar até o final.
Sou grato à minha família pelo apoio que sempre me deram durante toda a minha vida.
ii
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo a construção de um túnel de vento subsônico com foco no
ensino didático e de baixo custo para fins acadêmicos. Neste estudo, realizou-se uma revisão
bibliográfica, elencando os diferentes tipos de túneis, bem como as particularidades que as
distinguem. Dentre os tipos de túneis de vento existentes no mercado, optou-se pelo tipo de
circuito aberto para a fabricação, pela sua simplicidade construtiva, um dos principais objetivos
deste trabalho. Após a revisão bibliográfica, foram realizados os cálculos pertinentes ao
equipamento em questão. Com a utilização do software SolidWorks foi realizado o desenho de
todas as peças, além do dimensionamento dos componentes do túnel de vento. Em uma próxima
etapa, o equipamento poderá ser melhorado, podendo determinar-se os padrões de fluxo e medir
os coeficientes aerodinâmicos.
Palavras-chave: Túnel de vento. Aerodinâmica. SolidWorks.
iii
ABSTRACT
The present work aims to build a subsonic wind tunnel with a focus on didactic and low-cost
teaching for academic purposes. In this study, a bibliographic review was carried out, listing
the different types of tunnels, as well as the particularities that distinguish them. Among the
types of wind tunnels on the market, the open circuit type was chosen for manufacturing, due
to its constructive simplicity, one of the main objectives of this work. After the bibliographic
review, the calculations related to the equipment in question were performed. With the use of
SolidWorks software, the design of all parts was carried out, in addition to the dimensioning of
the components of the wind tunnel. In a next step, the equipment can be improved, being able
to determine the flow patterns and measure the aerodynamic coefficients.
Keywords: Wind tunnel. Aerodynamics. SolidWorks.
iv
LISTA DE FIGURAS
v
LISTA DE SIGLAS
Tv………………………………………………………………………………..Tunel de vento
CD………………………………………………………………………..Coeficiente de arrasto
FD………………………………………………………………………………Força de arrasto
Pest……………………………………………………………………………...Pressão estatica
Ptot………………………………………………………………………………...Pressão total
vi
ÍNDICE
DEDICATÓRIA .......................................................................................................................... i
AGRADECIMENTO .................................................................................................................ii
RESUMO ..................................................................................................................................iii
ABSTRACT .............................................................................................................................. iv
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1
1.3 Conceitos da mecânica dos fluidos necessários para a fabricação de um túnel de vento . 7
1.4.6 Pressão...................................................................................................................... 11
vii
1.5.3 Circuitos especiais .................................................................................................... 12
1.7.2 Difusor...................................................................................................................... 14
1.7.6 Bocal......................................................................................................................... 19
viii
2.5 Pesquisas usadas no trabalho .......................................................................................... 28
CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 37
RECOMENDAÇÕES............................................................................................................... 38
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 39
NEXOS
ix
INTRODUÇÃO
O túnel de vento é um dispositivo amplamente utilizado para o estudo do comportamento de
fluídos deslocando-se sobre objetos com variadas formas, apresentando-se como uma
ferramenta essencial para a compreensão de fenômenos relacionados com a área de
aerodinâmica. Sendo assim, possibilita que, na prática, fenômenos como escoamento, presença
de vórtices, forças, como por exemplo, de sustentação e arrasto possam ser visualizadas e
medidas, auxiliando a construção de protótipos e modelos de estruturas sujeitas a ação de
fluidos como ar ou água, equipamentos estes desenvolvidos e estudados na área da engenharia
da mobilidade (Carminatti & Konrath, 2019).
A aerodinâmica é uma área que, atualmente, enfrenta escassez de mão de obra qualificada, já
apontando para a necessidade de investimentos em formação de pessoal capacitado, que possam
dar prosseguimento aos trabalhos relativos aos temas em centros de pesquisa e ensino no país.
Relatos de engenheiros que atuam nesta área, em renomados centros de pesquisa do país, como
o Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA) e o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA),
indicam que se não houver investimento na formação de profissionais voltados para esta área
de trabalho, tornar-se-á inviável a continuidade de estudos nesta linha, sendo este um grave
problema para o desenvolvimento da pesquisa e consequentemente avanços tecnológicos na
área de engenharia aeronáutica, naval, automobilística entre outros (Anderson, 2010).
O presente trabalho visa auxiliar, estudantes do curso de Engenharia e não so dar Mobilidade,
a visualizarem e compreenderem os conceitos e processos envolvidos no desenvolvimento de
um projeto e construção de um túnel de vento, para uso didático, bem como durante sua
utilização. O objetivo final do presente projeto é a formação de estudantes na área de
aerodinâmica, que sejam capazes de desenvolver suas habilidades e conhecimentos a fim de
serem inseridos, futuramente, nesta área de trabalho, atualmente carente de formação de novos
profissionais.O equipamento tem como foco principal, auxiliar disciplinas que possam se
prevalecer de seu uso para a apresentação de alguns conceitos na prática, bem como auxiliar,
mesmo que em pequena escala, projetos de pesquisas e de extensão já desenvolvidos na
universidade, contribuindo de forma integrada para o desenvolvimento dos estudantes,
estimulando-os à especialização nesta promissora linha de trabalho (Carminatti & Konrath,
2019).
Os túneis de vento capazes de analisar objetos em tamanhos reais não são comuns, e devido
suas dimensões tornam-se caros. Além disso, muitos ensaios aerodinâmicos ainda não são
1
produzidos adequadamente em simulações realizadas por computadores. Dessa forma, uma
alternativa para realizar estudos de fluxo de ar de forma adequada é utilizar modelos menores
de túneis de vento com objetos em tamanho reduzido. Esses são uma alternativa para o ensino
em graduação, sendo fundamental nas aulas práticas de aerodinâmica dos cursos de graduação
de Engenharia Mecânica e em outros cursos que oferecem disciplinas na área de mecânica dos
fluidos ou fenômenos de transportes. Entretanto, devido ao alto custo, muitas instituições
deixam de adquirir o equipamento para fins didáticos, e acabam não conseguindo aliar a teoria
à prática no estudo da aerodinâmica (Costa, 2013).
Objectivo geral
Objetivos específicos
Elaborar a revisao bibliografica a respeito do tema;
Projectar a construçao de um tunel de vento;
Dimensionar um tunel de vento.
Objecto de estudo
Campo de acção
Proposta de construçao de um tunel de vento na faculda de engenharia e tecnologia.
Hipótese
Se for proposta a construçao e o dimencionamento de um tunel de vento na faculdade de
engenharia e tecnologia ira acolmatar ou diminuir algumas dificuldades que certos estudantes
veem enfrentado nos estudos e pesquisas do mesmo.
2
Resultados a esperar
Construir um tunel de vento de modo a facilicitar projetos de pesquisa e estudos ligadas
a aerodinamica
Realizar a simulacao de projestos de estudos dentro na faculdade de engenharia e
tecnologia
Reduzir o nivel de dificuldade de pesquisas e estudos por parte dos estudantes.
Metodo de investigaçao
3
CAPITULO I. FUNDAMENETAÇÃO TEÓRICA
1.1 Resenha Historia do túnel de vento
Antes do aparecimento do primeiro túnel de vento projetado por Frank H. Wenham em
1871, outros investigadores já tinham criado os seus próprios engenhos para estudar
aerodinamicamente os seus modelos, sendo necessário remeter a anos anteriores.Tudo
começou com o desejo de o homem conseguir voar. Existiram vários registos de
tentativas mal sucedidas de voos, alguns a tentar voar imitando os pássaros. Engenheiro
e arquiteto, Leonardo Da Vinci foi a primeira pessoa a dedicar-se a projetar uma máquina
capaz de voar carregando um ser humano. Inspirou-se no voo dos pássaros para a
construção do primeiro projeto de aeronave em 1485-1489. Contudo nunca colocou em
prática os seus desenhos, mas estes ficaram preservados. Na Figura 1 está representado
o primeiro esboço de Leonardo Da Vinci de uma aeronave tripulada (NASA, 2002).
Figura 1
Primeiro esboço de uma nave tripulada de
Leonardo Da Vinci
Posteriormente várias tentativas foram realizadas por aeronautas, mas sem sucesso.
Rapidamente perceberam que, para voar o homem precisava de entender o escoamento
de ar sobre as superfícies das aeronaves, começando-se a contruir laboratórios onde
pudessem realizar os testes. Para a construção, foi tido em conta o trabalho sobre o
princípio da reciprocidade, que afirma ser indiferente mover um corpo num fluido
estacionário ou mover o fluido em torno de um corpo estacionário, Vários esquemas
mecânicos foram realizados, tendo surgido o dispositivo mais simples e barato, o braço
giratório.
Este dispositivo serviu para os investigadores, como Benjamin Robins (1707-1751) e
George Cayley (1773-1857), Hiram Maxim (1840-1916), concluírem (NASA, 2002):
4
• A forma do objeto parecia afetar a resistência, ou arrasto do ar;
• A teoria proposta por Isaac Newton não descreve adequadamente a relação
complexa entre o arrasto, a forma e a orientação do modelo e a velocidade do ar;
Ou seja, diferentes formas, embora apresentassem a mesma área para determinado
escoamento do ar, nem sempre apresentava o mesmo arrasto;
• O motor das aeronaves é apenas necessário para criar movimento para a frente e a
sustentação será desenvolvida pela resistência do ar através das asas, revolucionando o
design das aeronaves;
O primeiro túnel de vento que se tem notícia, acionado por uma máquina a vapor, foi construído
na Inglaterra em 1871, por Frank Wenham (Oliveira, 2015).
O primeiro túnel de vento moderno foi construído por Ludwig Prandtlemem plena Primeira
Guerra Mundial, em 1917. Pois no de 1918 já existiam aviões de caça em condições de atingir
200 km/h, armados com duas metralhadoras, capazes de atingirem 6.000 metros de altitude,
tornado assim, muito útil o estudo desses aviões em túneis de vento que possibilitou alcançar
toda esta velocidade e que fosse bastante ágil no ar. Ludwig Prandtl foi quem introduziu o
conceito da camada limite descrevendo a região de contato entre um fluido incompressível em
movimento relativamente a um sólido (Vincensi, 2014).
Em 1936 foi inventado o primeiro túnel supersônico, portanto, atingindo velocidades acima da
velocidade do som onde o número de Mach é maior que um. E os Estados Unidos fabricou o
seu primeiro túnel supersônico perto do final da Segunda Guerra Mundial, em 1942. Percebe-
5
se então, que à medida que o mundo estava com muitos problemas, sofrendo com a Primeira e
a Segunda Guerras Mundiais, a ciência entrava em cena para poder sanar as necessidades e
objetivos da guerra (Oliveira, 2015).
A partir daí, vários equipamentos deste tipo têm sido desenvolvidos nas universidades,
atendendo a empresas e facilitando o processo de ensino/aprendizagem em cursos de engenharia
civil e mecânica, relacionados com o setor veicular, bem como alguns cursos relacionados com
o setor de transporte, principalmente no que diz respeito à área de infraestrutura. Os primeiros
túneis de vento eram constituídos apenas de uma seção de testes quadrada e um ventilador que
propiciava a circulação do ar em seu interior. As aeronaves desenvolvidas pelos irmãos Wright
fizeram uso de um dispositivo neste formato para a avaliação de suas propriedades
aerodinâmicas (Santos A. , 2014).
Figura 2
Nasa history divisio
Figura 3
Túnel de Vento AATV-H50
1.3.1 Fluido
Quando trabalhamos com um fluido, temos um sentimento comum que é oposto aquele do
trabalho com um sólido: os fluidos tendem a escoar quando interagimos com eles (por exemplo,
quando você agita seu café de manhã); os sólidos tendem a se deformar ou dobrar (por exemplo,
quando você bate sobre um teclado, as molas sob as teclas se comprimem). O fluido é uma
substância que se deforma continuamente sob a ação de uma tensão de cisalhamento
(tangencial), não importando o quão pequeno seja seu valor (Donald, 2014).
Prandtl mostrou que muitos escoamentos viscosos podem ser analisados dividindo o
escoamento em duas regiões, uma perto das fronteiras sólidas e outra cobrindo o resto do
escoamento. A camada-limite é a região adjacente a uma superfície sólida na qual tensões
viscosas estão presentes, em contraposição à corrente livre onde as tensões viscosas são
desprezíveis.
Figura 4
Camada limite em uma placa plana
Existem vários modelos de túneis de vento, o mais simples é o túnel de vento sugador de circuito
aberto, que é constituído basicamente de um bocal de entrada, a seção de testes, o difusor, uma
balança para medição das forças atuantes e o sistema de sucção (motor e hélice). A maioria dos
túneis de pequeno porte apresenta esta estrutura, possuindo um processo construtivo
simplificado. Na Figura 5, é possível observar um desenho esquemático de um túnel de vento
de circuito aberto.
8
Figura 5
Desenho esquematizado de um tunel de vento de circuito aberto
a configuração mostrada acima (Figura 5) o ar escoa da esquerda para a direita, estando apenas
apresentados na ilustração os componentes básicos construtivos. Na sequencia é feita uma breve
descrição destes componentes. O bocal de entrada tem a função de acelerar o ar que passa por
ele promovendo o aumento da velocidade deste fluído na seção de testes, isto ocorre pela
diferença de área na entrada e na saída. Este aumento de velocidade pode ser descrito
matematicamente em termos do princípio da conservação da massa, como apresentado na
Equação (7) (Santos, 2014).
𝜌𝑣 2 (3)
𝑝+ + 𝜌𝑔𝑧 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒
2
9
Onde p é a pressão local, 𝜌 é a densidade do fluido, 𝑣 é a velocidade, g a gravidade local e z o
desnível.
O número de Mach (M) é a razão entre a velocidade do escoamento (𝑣) e a velocidade local
do som (𝑣𝑠𝑜𝑚), que pode ser interpretado também como a razão entre as forças de inércia e
as forças devidas à compressibilidade. Para o escoamento ser incompressível, o número Mach
deve ser menor que 0,3 e a transferência de calor desprezível, que é definido pela equação:
𝑣
𝑀= (4)
𝑣𝑠𝑜𝑚
𝑝𝑣𝐿
𝑅𝐸 = (5)
𝜇
1.4.5 Arrasto
Qualquer objeto que se movimenta num fluido sofre um arrasto, que é a força na direção do
escoamento composta pelas forças de pressão e de cisalhamento que atuam na superfície do
objeto. As forças de pressão são tensões normais devido a pressão local e as tensões superficiais
ou de cisalhamento são compostas de tensões tangenciais devido à ação viscosa. O coeficiente
de arrasto é definido por:
𝐹𝐷
𝐶𝐷 = (6)
1 2
2 𝑝𝑣 𝐴
10
1.4.6 Pressão
Tudo que está na atmosfera terrestre experimenta o efeito da pressão. A pressão total (ptot) é
constituída da soma de duas componentes: a pressão estática (pest) e pressão dinâmica (q).A
pressão estática é proporcional a energia potencial e a pressão dinâmica proporcional a
energia cinética (Vincensi, 2014).
Portanto, define-se a pressão dinâmica (q) como sendo a diferença entre a pressão total e a
pressão estática.
Esta é uma configuração que tem um custo operacional mais baixo, possui um porte geralmente
media a grande, pois o ar circula dento do túnel de forma cíclica permanecendo confinado
economizando energia, permitindo que sejam aplicados testes com maiores variações de
pressão.
11
Figura 6
Túnel de vento de circuito fechado e seção de testes fechada
Entretanto existem ainda muitas possibilidades de formato de túneis de vento que são
desenvolvidos para atender a propósitos mais específicos, então sendo nestes casos com
configurações projetadas mais particularmente ao objeto ensaiado.
12
1.6.2 Túnel de vento transônico
Pode alcançar uma velocidade do ar de até 340 m/s com número de Mach até 1, sendo utilizados
principalmente nas pesquisas aeronáuticas porque a velocidade é compatível com a do voo das
aeronaves.
Apresenta número de Mach de 1 até 5 e velocidade do vento de 340 m/s até 1700 m/s devido a
forma construtiva que utiliza bocais convergentes, o consumo de energia é bastante
considerável devidas velocidade que pode ser atingidas.
Túnel de vento hipersônico possui em sua forma construtiva bocais divergentes e pode atingir
velocidades altíssimas entre Mach 5 até 15, ou seja, velocidades acima de 1700 m/s.
Sistema de acionamento,
Difusor
Câmara de estabilização,
Contração
Seção de teste
Bocal
Ventilador
Telas e colmeias
Sistema propulsor.
O acionamento do sistema ocorre através de ventiladores, que são máquinas de fluxo motoras
que transformam a energia mecânica do rotor em energia cinética do fluido (gás). O ventilador
é um elemento importante e que compõe grande parte do custo de um túnel de vento.
Podem ser utilizados nos túneis subsônicos, modelos axiais, quando o ar entra e sai
paralelamente ao eixo do rotor; ou centrífugos, quando o rotor gira em alta rotação no interior
de uma carcaça, sendo que o ar é movido do centro para a periferia do rotor por ação da força
13
centrífuga, saindo perpendicular ao mesmo eixo. O ventilador a ser escolhido para um túnel de
vento deve superar as perdas de carga geradas em cada componente do túnel para fornecer a
vazão esperada (Vincensi, 2014).
1.7.2 Difusor
A função do difusor é desacelerar o fluxo de ar que sai com uma velocidade elevada da seção
de teste, conseguindo assim recuperar a pressão estática antes de sair do sistema e recircular.
Destaca que há dois tipos de difusores: com ângulos de abertura baixos e com ângulos maiores.
Os primeiros são praticados em túneis do tipo sugador e os difusores com ângulos maiores são
comumente utilizados em túneis de vento sopradores, resultando em difusores mais curtos.
Figura 7
Difusor em Túnel de vento aberto.
14
Figura 8
Placa de honeycomb hexagonal e seus elementos.
Figura 9
Seção de contração em Túnel de vento aberto.
A seção de teste, segundo Bell (2020), é a área do túnel onde é possível visualizar o escoamento
em torno do objeto de estudo; materiais transparentes, como acrílicos, podem ser utilizados na
construção deste, a fim de facilitar a visualização dos escoamentos. É o elemento que
determinará as dimensões de todo o restante do túnel. Nesta seção também podem ser instalados
instrumentos capazes de quantificar as forças envolvidas atuantes sobre o objeto de estudo.
Após as dimensões do modelo a ser estudado e também a velocidade pretendida na seção, para
fazer a correta definição da dimensão da seção de testes, indica-se que o objeto de estudo a ser
15
inserido na seção de testes possua no máximo 80% da largura da seção e que a base da seção
seja 20% maior do que a altura (Oliveira, 2015)
Figura 10
Seção de teste em Túnel de vento aberto.
Este componente é inerente aos vários tipos de túneis de vento, tanto subsónicos quanto
supersónicos, embora possam variar no seu desenho, dimensão e layout. Normalmente, estas
adquirem uma secção transversal circular ou retangular, podendo por vezes ser elíptica ou
16
poligonal. Por exemplo, secções transversais de forma circular, elíptica e retangular são mais
adequadas, respetivamente, para aeronaves, foguetes e registo de medições óticas ou aplicações
civis e industriais.
Secção de ensaios aberta: A utilização deste tipo de secção tem algumas limitações,
nomeadamente o tamanho do modelo e a pressão atingida. Na maioria das vezes, usam-se
modelos à escala (modelo), mas também se testam modelos à escala real (protótipo), com a
desvantagem de ser necessário mais espaço de secção de ensaios, carecendo de instalações de
maior área e, por isso, maior investimento. A dispersão do escoamento é um fator a ter em
conta, pois este aumenta quanto maior for a secção de ensaios e o coeficiente de pressão diminui
substancialmente, aproximando-se de valores perto de zero (Prestes, 2005). Esta secção
conjuntamente com um túnel de circuito aberto, exige um espaço isolado (Figura 12) em redor
da secção de ensaios de modo a evitar que o ar seja perturbado pelo ambiente exterior.
Figura 12
Secção de ensaios aberta
Figura 13
Secção de ensaios fechada
1.7.5.2 Aplicações
A secção de ensaios aberta, como já referido, para além de ser utilizada na verificação do
desempenho aerodinâmico dos modelos através dos testes de fumo, é também amplamente
utilizada, em estudos na área de acústica/aerocústica. Realizam-se testes ao ruído provocado
pelos transportes. Os testes de acústica seriam um problema para uma secção de ensaios
fechada, devido ao som refletido pelas paredes. Esta reflexão é eliminada com a utilização de
uma câmara anecoica (ou EMC), (Sulaiman, 2011).
A secção de ensaios fechada é a configuração típica na maioria das aplicações, salvo algumas
exceções, como mencionado anteriormente. As suas caraterísticas permitem que este abranja
um maior número de aplicações, em várias áreas, sendo a aeronáutica um exemplo. Nesta
indústria, os projetistas necessitam de simular velocidades subsónicas e transónicas para testar
os seus modelos, estas que seriam inalcançáveis numa secção de ensaios aberta. Para além da
medição de forças e momentos, realizam-se testes óticos em redor do modelo, como o PIV
(Particle Image Velocimetry) e o PSP (Pressure Sensitive Paint), sendo testes que permitem a
visão do campo de escoamento instável e a medição da pressão nas variadas zonas do modelo,
respetivamente (Sulaiman, 2011).
18
1.7.6 Bocal
O bocal é uma estrutura que aumenta a velocidade na seção de testes, em compensação há uma
queda de pressão entre a entrada e a saída dessa estrutura. O Bocal deve ser fabricado da forma
mais precisa possível, pois a sua geometria afeta diretamente a qualidade do escoamento na
seção de testes. O aumento de velocidade é possível graças a razão de contração N, que é a
razão das áreas transversais de entrada e saída do sistema. Além disso, a razão de contração
influencia no comprimento do bocal. Os ângulos 𝛼/2 e 𝛽/2, apresentados na Figura 14, são
outros fatores que influenciam diretamente no comprimento do bocal e na qualidade do
escoamento (Ahmed, 2013).
O formato da estrutura é outra parte relevante para o design do bocal. Bons resultados de
velocidade e uniformidade do fluxo são encontrados para geometrias com uma equação
polinomial de quinta ordem e para geometrias formadas por duas equações cúbicas. Essa duas
equações se encontram em um ponto médio para formar a geometria do bocal, como pode ser
observado na Figura 14.
Figura 14
Layout de um bocal
1.7.7 Ventilador
O ventilador é a estrutura que fornece energia ao sistema e por isso a sua potência
deve ser estipulada.
Existem dois componentes utilizados nos túneis de vento para fazer com que o fluxo de ar na
entrada seja corrigido: As telas e colmeias. O conjunto desses componentes é chamado de
câmara de estabilização. Seu objetivo é estabilizar, uniformizar e separar as linhas de
19
escoamento, permitindo o controle das variáveis desejadas na seção de teste. As telas são usadas
com principal finalidade conter a turbulência axial e controlar o fluxo de ar, evitando a
ocorrência de separação no difusor. Já a colmeia auxilia na redução da turbulência lateral,
corrigindo assim a direção do escoamento, separando o escoamento em filamentos paralelos de
fluxo, tornandoos paralelos
Figura 15
Tela de estabilização
O sistema propulsor é o responsável por gerar fluxo de ar no túnel de vento, ele deve atender a
vazão necessária e vencer as perdas de carga no sistema. Podem ser utilizados um ou mais
exaustores conforme sua capacidade, e também a necessidade da vazão do túnel de vento,
contudo a turbulência se mostra um pouco diferente quanto ao número de exaustores utilizados,
porém, seus efeitos não alteram o fluxo de ar na seção de testes quando empregada uma câmara
de estabilização bem dimensionada.
1.8 Critérios de seleção de túnel de vento
Existem diversos tipos de túnel de vento e, para simplificação de seleção, suas aplicações
podem ser subdivididas em 3 critérios de seleção: critério geométrico, de velocidade e do tipo
do ventilador utilizado (Zanoun, 2018).
A geometria da seção transversal pode ser a que melhor se encaixa para aplicação a qual será
realizado os ensaios, porém recomenda-se que utilize seção retangular pois, além da maior
facilidade de fabricação, é mais comum na literatura e consequentemente possui maior
20
quantidade de informações e adequações para tornar os testes mais próximos do real.A literatura
divide o túnel de vento em duas geometrias gerais: do tipo aberto e do tipo fechado.
Figura 16
Túnel de vento fechado
Também conhecido por Eiffel tunnel, o túnel de vento do tipo aberto possui uma entrada e uma
saída do fluxo de ar, que ocorre de forma retilínea, não sendo reaproveitado tal fluxo, como
demonstra a Figura 16. É o mais comum para túneis de baixa velocidade devido ao menor
espaço requerido, além de não haver problemas com a remoção da fumaça que normalmente é
utilizada nos testes nos quais é equerido a visualização do escoamento.
21
Figura 17
Túnel de vento aberto.
Como desvantagem, pode acabar sendo muito ruidoso, devendo conter isolamento acústico caso
seja prejudicial a ambientes próximos. Além disso, as condições externas, como vento e tempo
frio, podem afetar a operação.
Os túneis de vento são projetados para determinadas finalidades e com faixas de velocidades
específicas. Normalmente pelo critério de velocidade, o túnel de vento é subdividido em 4
faixas de velocidade: os subsônicos (com número de Mach < 0,8), transônicos (Mach entre 0,8
e 1,2), supersônico (Mach entre 1,2 e 5,0) e hipersônicos (com Mach > 5). A maior diferença
entre eles é que para os do tipo subsônico os efeitos da compressibilidade podem ser
desprezados, diferente dos que possuem velocidade maior que Mach 1, os quais possuem
variações de densidade consideráveis, tornando assim imprescindível a consideração desta para
resolução do problema como um todo (Bell, 2005).
Os túneis de vento ainda podem ser classificados do tipo sugador e soprador.
O tipo sugador consiste em um túnel de vento em que o fluxo de ar imposto na seção de teste é
gerado sugando o ar, ou seja, o ventilador fica localizado no fim do túnel, já o tipo soprador
dispõe de um ventilador no seu início (Anderson, 2010).
1.9 Tipos de ventiladores
Para túneis de vento pequenos e de baixa velocidade de escoamento é recomendado o uso de
ventiladores centrífugos ou ventiladores axiais. Os axiais são utilizados tanto para circuito
aberto quanto fechado, sendo no fechado comumente utilizado o estator a montante do rotor
22
com o objetivo de se erradicar o vórtice na saída do ventilador. Porém, no tipo aberto os vórtices
gerados irão atingir a entrada do túnel. Os centrífugos são usados normalmente para túneis de
circuito aberto do tipo soprador. Ele possui como vantagem sobre os outros ventiladores uma
maior faixa de condição de vazão mássica, mantendo uma eficiência, estabilidade e ruído em
um nível aceitável para ensaios em baixa velocidade (Soethe, 2011).
1.10 Importância da construção de tunes de vento
O túnel de vento é considerado uma das mais importantes ferramentas nas pesquisas de
fenômenos aerodinâmicos em objetos expostos a escoamentos, é uma estrutura empregada na
análise dos padrões de escoamento dos ventos em torno de objetos sólidos, sendo que esses são
mantidos estáticos na seção de testes, enquanto o ar é propulsado em seus entornos gerando
interações entre o fluxo de ar e o corpo de prova. O emprego de túneis de vento para analisar
os fenômenos aerodinâmicos ocorre a fim de obter segurança, confiabilidade, eficiência e a
redução de custos de projetos (Costa, 2013).
Atualmente eles são importantes no estudo da aerodinâmica das construções (edifícios, casas,
coberturas, pontes, torres), na aerodinâmica de veículos (automóveis, motocicletas, aviões,
foguetes, bicicletas), na aerodinâmica de dispositivos especiais (aerogeradores, paraquedas,
equipamentos esportivos, velas), dentre outros (erosão eólica (agricultura), dispersão de
poluentes, ventilação) (Núnez, 2012).
Os túneis de vento capazes de analisar objetos em tamanhos reais não são comuns, e devido
suas dimensões tornam-se caros. Além disso, muitos ensaios aerodinâmicos ainda não são
produzidos adequadamente em simulações realizadas por computadores. Dessa forma, uma
alternativa para realizar estudos de fluxo de ar de forma adequada é utilizar modelos menores
de túneis de vento com objetos em tamanho reduzido. Esses são uma alternativa para o ensino
em graduação, sendo fundamental nas aulas práticas de aerodinâmica dos cursos de graduação
de Engenharia Mecânica e em outros cursos que oferecem disciplinas na área de mecânica dos
fluidos ou fenômenos de transportes. Entretanto, devido ao alto custo, muitas instituições
deixam de adquirir o equipamento para fins didáticos, e acabam não conseguindo aliar a teoria
à prática no estudo da aerodinâmica . O túnel de vento tem a função de determinar parâmetros
nos projetos, como, montagem, análise em construção de carros, aviões, pontes e até mesmo
edifícios. Com isso, pode-se avaliaros requisitos estruturais para determinar a resistência dos
projetos, consequentemente oferecendo maior segurança e economia na montagem (Costa,
2013).
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CAPILO II. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Caracterização geral da faculdade de engenharia e tecnologia
A faculdade de engenharia e tecnologia é uma das unidades orgânicas da universidade do
Namibe que atua no ramo das engenharias, a faculdade esta localizada na centralidade da praia
amelia atualmente a faculdade comporta os seguintes cursos: engenharia eléctrica, engenharia
mecânica, engenharia metalúrgica, engenharia do ambiente, engenharia eletrotecnia. A
faculdade conta com diversas áreas estratégicas desde: Gabinete do Director, gabinete do
Director para a área académica, gabinete do Director para área científica, os departamentos para
os cursos citados acima, área de finanças, sala de professores.
A faculdade conta ainda com diversos laboratórios equipados como o laboratório de física,
laboratório de química, laboratório de engenharia elétrica e duas salas de informática.
Figura 18
Faculdade engenharia e tecnologia.
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objetos do tipo protótipo, sendo ele de baixo custo, contribuindo assim para estudos científicos
não só para a faculdade de engenharia e tecnologia mas para toda universidade.
25
2.4 Materias proposto para construção de um tunel de vento
Para construção do tunel de vento leva-se acabo uma a necessidade de certos materias tais
como:
Madeira
Vidro
Ventilador
Pregos
Cola
Tintas
Telas
Arames
Foi projetado um túnel de vento de circuito aberto, como o modelo apresentado na Figura 19.
Este foi composto por sistema de acionamento, difusor, seção de testes, câmara de estabilização
e seção de contração. Este modelo foi escolhido por ter menor custo e maior facilidade de
fabricação.
Figura 20
Câmara de estabilização.
26
Figura 21
Dimensões do sistema de
acionamento
Figura 22
Dimensões do sistema de acionamento
O túnel de vento foi construído sobre uma base de madeira , a seção de testes, com suas laterais
em acrílico transparente, para melhor visualização dos ensaios. A seção de testes contém uma
abertura na parte lateral com tampa paapel transparente, onde é possível introduzir os modelos
a serem testados. Todas as emendas entre as partes do túnel foram vedadas com silicone para
27
evitar perda do fluxo de ar. A fim de melhorar a qualidade do fluxo de ar na seção de testes, foi
confeccionada a colmeia com seções hexagonais, esta tem a função de eliminar os vórtices que
surgirão devido o movimento das hélices do ventilador e com finalidade de direcionar o
escoamento, deixando-o laminar.
Foi usada ainda neste projecto um circuito PWM com a finalidade de regular a velociade do
vento observado na figura abaixo. Em anexo encontra-se o seu diagrama de funcionamento.
Figura 23
Circuito PWM
É toda aquela pesquisa com objectivo de proporcionar maior familiaridade com o problema,
com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento
bibliográfico e entrevistas com pessoas com algum nível de experiências prácticas com o
problema em estudo, análise de exemplos que estimulem a compreensão do tema. Assume em
geral as formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso (Freitas, 2014).
28
determinada população, fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis e envolve
o uso de técnicas padronizadas de colecta de dados como questionário e observação (Rodrigues,
2007).
As pesquisas quantitativas são classificadas pelo uso de dados numéricos. Esta pesquisa
considera que tudo pode ser quantificável o que significa traduzir em números opiniões e
informações para classificá-las e analisá-las. Necessita o uso de recursos e técnicas estatísticas
como percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise
de regressão e outros dados matemáticos (Silva, 2005).
São caracterizadas pelo uso de dados não numéricos. Considera que há uma relação dinâmica
entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objectivo e a
subjectividade do sujeito que não pode ser expressado em números. Dispensa o uso de métodos
e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte directa para colecta de dados e o pesquisador
é o instrumento-chave.
29
estudantes poderão fornecer dados relativos sobre o assunto, fazendo-se apenas uma estimativa
do mesmo. Portanto, o trabalho será delimitado na construção de um túnel de vento para
faculdade de engenharia e tecnologia para uso de fins didáticos ajudando em aulas laboratoriais.
30
CAPILO III. ANÁLISES E TRATAMETO DOS RESULTADOS
3.1 Resultado da observação e entrevista
Os resultados apresentados nesta secção foram colectados com base a entrevista aplicada na
Faculdade de Engenharias e Tecnologias do Namibe. As informações obtidas por meio de
entrevistas foram bastantes satisfatórias, pois se enquadram com a espectativas criadas
relativamente ao projecto dentro de um conjunto de questões elaboradas e resumidamente
desenvolvidas seguidamente.
Segundo o Decano, disse que há um projecto desenvolvido por estudantes, mas que ainda não
teve sua materialização ao nível do processo do ensino e aprendizagem ou didático. Este facto
está relacionado pela falta de equipamentos para aferir a praticidade.
Ao longo da entrevista, o Decano da faculdade em epígrafe apontava as vantagens que trariam
com a construção do tune de vento no laboratório para facilitar aos estudantes e quadro de
funcionários da instituição. Outras coleções de informações foram coletadas aos funcionários,
estudantes e pessoas singulares, que se mostraram motivadas pelo surgimento deste projectos,
a firmando que com a instalação do mesmo na faculdade maiores serão a valias no processo
didáctico, tendo em conta ao défice que se verifica actualmente.
No final obteve-se êxito, pois a entrevista possibilitou a obtenção de informações sobre o
impacto didático que o projecto trará na vida da comunidade académica da faculdade de
engenharia e tecnologias.
3.2 Dimensionamento projeto do túnel de Vento
Para o dimensionamento do túnel diversas literaturas foram abordadas juntamente com a
pesquisa de mercado para saber a disponibilidade das peças.
Com todos os conceitos necessários envolvendo túneis de vento expostos, a seguir será
realizado o detalhamento do projeto de cada seção do túnel de vento deste trabalho. O projeto
em questão teve como limitação a seção de teste, que deveria tanto ter dimensões suficientes
para exercer análises em objetos de escala reduzida quanto se adequar ao espaço físico
disponível. Desta forma, por definição de projeto, foi decidido que:
D = ast = 250 mm = 0, 25 m.
Além disso, a velocidade do escoamento também foi delimitada para:
Vst = 10 m/s.
Tais valores serão utilizados como base para definir os outros parâmetros necessários
para o projeto, que serão abordados nas seções a seguir.
31
em temperatura ambiente, com densidade ρ = 1, 225 kg/m3 e viscosidade dinâmica
µ = 1, 74 × 10−5 P a · s, a partir da Equação # temos:
1, 225 × 10 × 0, 251
𝑅𝑒𝑑 = ≈ 1, 76 × 105
1,74𝑋10−5
Além disso, elq equação # recisamos calcular o número de Mach, para definirmos que o túnel
de vento a ser projetado pode ser classificado como subsônico. Utilizando a Equação 3.2
descrita anteriormente, e sabendo que velocidade do som para o ar à temperatura ambiente no
nível do mar é de aproximadamente 346 m/s , teremos:
10
𝑀𝑎 = ≈ 0, 03 < 0,3
346
O túnel projetado neste trabalho será um túnel de vento do tipo aberto, que é composto por
quatro componentes estruturais e um elemento propulsor, que são: câmara de estabilização,
bocal convergente, seção de teste, bocal divergente ou difusor e, para o projeto deste trabalho,
o exaustor.
Com intuito de se obter baixa interferência das paredes sobre a estabilidade do escoamento,
correspondendo à baixos valores de rugosidade, a madeira utilizada para o projeto será revestida
que possui uma superfície demasiadamente lisa, com espessura de 15 mm. O vidro possui
espessura de 4 mm, além de ser temperado para maior segurança. Ele será posicionado entre a
madeira e cantoneiras, presas nas faces superiores e inferiores de cada seção do túnel, e será
utilizado guarnição para vidros a fim de impedir que ocorra contato direto entre o vidro e o
metal, além de ajudar na vedação.
A seguir serão feitos cálculos para definir a geometria de cada componente estrutural do túnel
de vento projetado, bem como determinar a perda de carga característica de cada um.
Geralmente, o projeto de um túnel de vento é iniciado pela seção de teste. Por decisão de
projeto, a seção transversal desta seção terá um formato quadrado com um valor de aresta já
32
exposto no começo deste capítulo de ast = Dh,st = 250 mm. Por consequência, a área
correspondente da seção transversal será de:
Para o túnel de vento deste trabalho, será utilizado 3 vezes o diâmetro hidráulico como
o comprimento total da seção de teste, ou seja:
Isso condiz com Mehta e Bradshaw (1979), que recomendam um comprimento maior que 0, 5
vezes o diâmetro hidráulico, para suavizar o escoamento a níveis aceitáveis.
Consequentemente, os objetos analisados na seção de teste devem ser posicionados após esse
comprimento de 0, 5 × Dst.
Para o manuseio dos objetos dentro da seção a de teste, é necessário um recorte em uma das
faces. Neste projeto será feito uma tampa de dimensões 300 × 200 mm na face superior da
seção, que razoavelmente permite a passagem de duas mãos do operador. Esta tampa terá ainda
uma alça para facilitar sua movimentação.
Como a velocidade na seção de teste é fixa, podemos definir aqui a vazão de ar do túnel, que
será igual para todas as outras seções e ajudará a definir outras velocidades em diferentes pontos
da estrutura.
Para o bocal convergente, inicialmente serão definidos a razão de área e a razão entre diâmetro
hidráulico e comprimento. tendo em vista as dificuldades de fabricação, o fim didático do túnel
e o material (chapa de madeira) disponível, foi definido o formato de tronco de pirâmide
vazado. Barlow, Rae e Pope (1999) afirma que a razão recomendada entre as áreas das seções
transversais da seção de teste e do bocal convergente é de 6 a 10 vezes. Escolhendo uma aresta
para a entrada do bocal convergente de:
abc = Dh,bc = 710 mm,
teremos, consequentemente, uma razão de área de:
2
A𝑏𝑐 𝑎𝑏𝑐 0,5041
𝐴𝑟𝑏𝑐 = = 2 = = 8,0656
𝐴𝑠𝑡 𝑎𝑠𝑡 𝑜, 0625
33
que se encontra dentro da faixa recomendada. Vale ressaltar que isso implica no diâmetro
hidráulico da saída do bocal convergente sendo o mesmo da seção de teste, Dh,st = 250 mm.
Outra recomendação descrita na Seção 4.1.3 proposta por Bell e Mehta (2020) é de que o
comprimento do bocal convergente seja, aproximadamente, 0,89 vezes o raio hidráulico do
mesmo. Sendo assim, teremos:
Lbc = 0, 89 × Dh,bc/2 = 0, 89 × 710/2 = 315, 95 mm.
Com o comprimento do bocal definido, pode-se encontrar o ângulo cônico do bocal. Tendo em
mente que o diâmetro hidráulico da saída do bocal é igual ao diâmetro hidráulico da seção de
teste, Dsai,bc = Dh,st, o ângulo cônico será dado da seguinte maneira:
√8,0656 − 1
𝜃𝑏𝑐 = ( ) ≈ 36, 05°.
0,31595
2𝑥( )
0,25
Agora, precisa-se calcular a perda de carga atribuída ao bocal convergente do túnel. Contudo,
antes de calcular o coeficiente de perda de carga no bocal convergente, necessita-se primeiro
definir a velocidade do ar na entrada do bocal. A mesma pode ser encontrada utilizando a vazão,
descrita anteriormente, da seguinte maneira:
Vbc = Q/Abc = 0, 625/0, 5041 = 1, 24 m/s
Para a saída do bocal, o número de Reynolds será igual ao da seção de teste, calculada
anteriormente.
Já para a entrada do bocal, o número de Reynolds será Desta forma, considerando novamente
ρ = 1, 225 kg/m3 e µ = 1, 74 × 10−5 Pa · s, a Equação # do número de Reynolds resulta em:
1, 225 × 1,24 × 0, 71
𝑅𝑒𝑑𝑒𝑛𝑡,𝑏𝑐 = −5
≈ 6, 198 × 104
1,74𝑋10
que deixa uma sobra de 53, 55 mm entre o diâmetro hidráulico da saída do bocal e o ventilador.
Novamente, citado por Mehta e Bradshaw (1979), o ângulo cônico do bocal divergente não
deve passar de 5°. Para o projeto, será utilizado este valor de angulação, ou seja, θbd = 5°. Em
seguida, é necessário definir o comprimento do bocal. Como dito anteriormente, o intuito seria
de reduzir o máximo, devido a limitação de espaço que o túnel poderá ocupar. Mostra-se a
forma de definir tal comprimento, que será:
0,25 (√2 − 1)
𝐿𝑏𝑑 = 𝑥 ≈ 591, 81 𝑚𝑚
2 𝑡𝑎𝑛𝑔 (5)
Para este projeto, foram utilizados apenas telas para a estabilização do fluido. A utilização de
uma câmara de estabilização somente com telas mostra uma redução de turbulência similar
quando comparado com a utilização de telas adjuntas de uma colméia. Tal escolha visa reduzir
o custo e facilitar a montagem do projeto, visto que este trabalho tem como objetivo a
construção de um túnel de vento didático que não necessita de grandes reduções de turbulências.
Analisando especificações de telas comerciais, a tela com a malha mais fina que atendeu o
requisito de porosidade, foi a tela de mesh 20, com diâmetro de fio igual a dt = 0, 23 mm, e
distância entre fios de Xt = 1, 04 mm. Levando em conta esses valores, a porosidade para essa
tela será βt = 0, 6066, e por consequência a solidez da tela é σt = 0, 3934.
No presente trabalho optou-se por 4 telas. Desta forma, o espaçamento entre cada tela foi feito
comparando as duas formas de se determina-lá. Os valores obtidos para cada método estão
escritos a seguir:
Lt = 30Xt = 30 × 1, 04 = 31, 2 mm
Lt = 500dt = 500 × 0, 23 = 115 mm
A escolha deve ser entre valores maiores que 31, 2 mm ou próximo de 115 mm. Desta forma
optou-se por Lt = 50 mm. A tela foi presa na face traseira de uma armação quadrada de madeira
35
com as mesmas dimensões da entrada do bocal convergente, armações foram posicionadas uma
na frente da outra, onde apenas 4 delas serão teladas, e a espessura da armação é de 50 mm para
permitir o espaçamento definido entre as tela. Dando sequência, é necessário definir o valor do
fator de malha, Kmesh, e o fator de Reynolds, Kre. O fator de malha escolhido foi de (1, 3),
que corresponde á fios de metal no geral. Para o fator de Reynolds, primeiro foi calculado o
número de Reynolds, com base no diâmetro do fio e na velocidade de entrada do bocal.
1, 225 × 1,24 × 0, 23 × 10−3
𝑅𝑒𝑑 = ≈ 20, 0787,
1,74𝑋10−5
substituindo o valor encontrado na Equação 4.8, para Ret < 400, obtém-se:
20,0787
𝐾𝑅𝐸 = (1 − ) + 1, 01 ≈ 1,7505
354
Observando essas características do projeto, definidas anteriormente, o propulsor escolhido foi
o exaustor do tipo axial, cuja vazão máxima produzida é 40 m3/min e o gradiente pressão
máximo produzido é 88, 2 P a = 9 mmca.
Além disso, ele também deve atender os requisitos de movimento do escoamento do projeto,
que necessita de uma vazão de Q = 37, 5 m3/min.
3.3 Resultados finais
É possível projetar e construir um túnel de vento com características e dimensões similares ao
apresentado neste trabalho com investimento relativamente baixo. Cabe salientar que grande
parte do custo associado à construção de um equipamento como este é devido à mão de obra.
O presente túnel de vento projetado, podera ser uma ferramenta que possibilitará à comunidade
acadêmica, através de experimentos interativos dirigidos, uma melhor apropriação de conceitos
da mecânica dos fluidos. Estes conceitos fazem parte da multidisciplinaridade envolvida no
Ensino de Engenharia do Vento. Por exemplo, ao se visualizar a separação do escoamento em
torno de um objeto, através da técnica de injeção de fumaça, podem ser identificadas zonas de
separação do escoamento (sucções) geralmente associadas a uma grande vorticidade. A partir
desta identificação a geometria ou posicionamento do objeto podem ser modificados e uma
nova visualização permitirá verificar se a intervenção foi benéfica ou não. Além disso, o TV
pode ser utilizado em pesquisas que visem a avaliação do comportamento aerodinâmico de
modelos reduzidos em escala adequada, tendo em vista que o equipamento - TV atende aos
quesitos técnicos indicados na literatura específica.
36
CONCLUSÃO
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise e a projecção túnel de vento,
que pode melhorar a apuração dos resultados das disciplinas de Mecânica dos Fluidos e
Fenômenos dos Transportes. Além disso, permitiu uma pesquisa de campo para obter dados
mais consistentes sobre as etapas do processo, como os cálculos das dimensões, o qual
possibilitou analisar a eficiência do túnel, dividido em três partes para facilitar sua construção
e a montagem. Poderão adquirir novos conhecimentos aliando a teoria à prática, determinando
a resistência dos materiais, visualizando as camadas do escoamento e, obtendo maior segurança
e economia na produção de produtos.
No primeiro capítulo fez-se um fundamento teórico através da revisão de literaturas para aferir
o grau de conhecimento sobre a unidade temática, isto é, estabelecendo vários conceitos, tipos,
princípio de funcionamento, aplicações e sua importância no processo do ensino e
aprendizagem.
No segundo capítulo procedeu-se com a caracterização do local de implantação, aplicações de
metodologias e pesquisas para alcançar os objectivos pré-definidos.
No Terceiro capítulo começou-se em analisar os resultados obtidos para a sua discussão,
visando certificar a veracidade do projecto face ao panorama actual. Sendo assim, através dados
obtidos verificou-se que: com o projecto e construção do túnel de vento surge na Faculdade de
Engenharias e Tecnologias do Namibe, uma nova forma de estudo, análise e obtenção de dados
no que diz respeito a escoamento sobre perfis aerodinâmicos e fenômenos atmosféricos.
37
RECOMENDAÇÕES
O túnel de vento é um equipamento de grande potencial de estudo, tanto em nível acadêmico
quanto industrial, logo tem-se algumas sugestões para ampliar esta gama de possibilidades de
trabalho.
1- Inversor de frequência: O inversor de frequência possibilitaria o controle da velocidade de
funcionamento do motor elétrico acoplado ao exaustor, logo assim poderíamos variar a sua
vazão e em consequência disto à velocidade do ar na seção de teste.
2- Medidor de pressão de entrada: A inclusão de um instrumento de medição de pressão à
entrada do túnel nos possibilitaria a medição da velocidade na seção de entrada e termos como
compara – la com a velocidade na seção de teste, tendo assim uma possibilidade de medirmos
perda de carga.
O medidor de velocidade sugerido obedece o seguinte diagrama esquemático
3- Perfil com tomada de pressão: A utilização de perfil com tomada de pressão aumenta a gama
de experimentos no que diz respeito a força de arrasto e de sustentação, já que através de
equacionamento e levantamento de dados pode-se obter os valores dessas forças e assim, fazer
uma comparação com a variação do ângulo de ataque.
38
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NEXOS
Anexo 1. Componentes de um mini túnel de vento de circuito aberto