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Ensino Colonial em Moçambique: 1845-1974

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i

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE


Instituto de Educação a Distância

Nome: Virgínia Fernando Beve Mize


Código do Estudante: 708224528

Disciplina: História das Sociedades III


Código da Disciplina:
Ano de frequência: 3° ano
Docente:

O ensino colonial em Moçambique (1845 - 1974)


(Licenciatura em Ensino de História)

Maputo
Maio de 2024
ii

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Categorias Indicadores Padrões Pontuação do Subtotal
máxima
tutor

 Capa 0.5
 Índice 0.5

Aspectos  Introdução 0.5


Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao 2.0
objecto do trabalho
 Articulação e
domínio do
discurso académico
(expressão escrita 2.0
Conteúdo cuidada,
coerência / coesão
textual)
Análise e
 Revisão
discussão
bibliográfica
nacional e
2.
internacionais
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos
Conclusão 2.0
teóricos práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação parágrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA  Rigor e coerência
Referências
6ª edição em das 4.0
Bibliográficas
citações e citações/referências
iii

bibliografia bibliográficas
Folha para Recomendações de Melhoria
iv

ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................5

1.1. Objectivos........................................................................................................................5

1.1.1. Geral..........................................................................................................................5

1.1.2. Específicos................................................................................................................5

1.2. Metodologia.....................................................................................................................5

2. Contextualização histórica do Ensino colonial em Moçambique..........................................6

3. Estrutura social de Moçambique e a educação no período entre 1845-1974.........................7

4. Tipos de ensino colonial em Moçambique.............................................................................9

5. Objectivos dos tipos de ensino colonial em Moçambique...................................................10

6. Aspectos negativos e positivos da educação colonial..........................................................11

6.1. Aspectos Negativos.......................................................................................................12

6.2. Aspectos Positivos.........................................................................................................13

7. CONCLUSÃO.....................................................................................................................14

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................15
v

1. INTRODUÇÃO

O tema desta pesquisa é: O ensino colonial em Moçambique (1845 - 1974). O período


colonial em Moçambique, sob o domínio português, deixou um legado profundo e duradouro
que se estendeu por séculos e influenciou diversas esferas da sociedade moçambicana. Entre
as várias instituições que moldaram a vida dos moçambicanos durante esse período, o sistema
educacional colonial desempenhou um papel central na transmissão de valores,
conhecimentos e relações de poder. Do século XIX ao século XX, as políticas educacionais
implementadas pelas autoridades coloniais portuguesas reflectiram não apenas a busca pela
dominação política e econômica, mas também a tentativa de controlar a cultura, a identidade
e o pensamento dos moçambicanos. Nesta pesquisa, examinar-se-á de forma abrangente o
ensino colonial em Moçambique, concentrando-nos no período que se estende de 1845 a
1974. A pesquisa tem como problema de pesquisa: Como o sistema de ensino colonial em
Moçambique, no período de 1845 a 1974, influenciou as dinâmicas sociais, políticas e
culturais do país?

1.1. Objectivos
1.1.1. Geral
 Compreender o ensino colonial em Moçambique.

1.1.2. Específicos
a) Contextualizar o ensino colonial em Moçambique;
b) Discutir a estrutura social no período colonial em Moçambique;
c) Descrever os tipos de ensino colonial em Moçambique;
d) Mencionar os objectivos dos tipos de ensino colonial em Moçambique;
e) Caracterizar com aspectos negativos e positivos o ensino colonial destinado aos
moçambicanos.

1.2. Metodologia

A metodologia adoptada neste trabalho combina a pesquisa bibliográfica, para a identificação


e análise de fontes relevantes, com a técnica hermenêutica, para a interpretação e
compreensão dos textos estudados.
vi

2. Contextualização histórica do Ensino colonial em Moçambique

Para contextualizar historicamente o ensino colonial em Moçambique, é preciso antes


mergulhar nas dinâmicas sociais, políticas e educacionais que moldaram esse período
significativo da história do país.

De acordo com Ngoenha e Castiano (2013: 21) o início do ensino “formal” em Moçambique
remonta ao período colonial, quando o país era uma colônia portuguesa. A chegada dos
portugueses à região, no final do século XV, marcou o início de uma era de exploração,
colonização e, eventualmente, de estabelecimento de sistemas de educação controlados pela
metrópole. Durante os primeiros séculos da colonização, a educação em Moçambique era
bastante limitada e voltada principalmente para os filhos de colonos portugueses e alguns
poucos africanos assimilados pela cultura dominante. As escolas eram escassas e muitas
vezes concentradas em áreas urbanas, servindo principalmente aos interesses da
administração colonial e da Igreja Católica, que desempenhava um papel central na
propagação da fé e na educação.

No entanto, como explicam os autores, ao longo dos séculos, houve uma mudança gradual
nas políticas educacionais coloniais. No final do século XIX e início do século XX, com o
aumento da pressão por parte de movimentos sociais e intelectuais em Portugal e em outras
partes do mundo, houve uma maior preocupação com a educação em suas colônias africanas.
Isso se reflectiu na implementação de políticas educacionais mais amplas em Moçambique
(Cfr. NGOENHA e CASTIANO, 2013). Durante a primeira metade do século XX, houve um
aumento no número de escolas primárias em todo o país, embora a qualidade e o acesso à
educação ainda fossem altamente desiguais. As escolas continuaram a ser controladas
principalmente pela administração colonial e pela Igreja Católica, que muitas vezes usava a
educação como uma ferramenta de assimilação cultural e de manutenção do status quo
colonial.

A década de 1950 foi um período de agitação política e social em Moçambique, com o


surgimento de movimentos nacionalistas que buscavam a independência do domínio colonial
português. Esses movimentos, como a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique),
viam a educação como uma ferramenta crucial na luta pela independência e na construção de
uma sociedade mais justa e igualitária. Com a independência de Moçambique em 1975,
vii

houve uma reforma radical no sistema educacional do país. O novo governo procurou criar
um sistema de educação que fosse verdadeiramente moçambicano e que reflectisse os valores
e as necessidades da nação recém-independente. Isso incluiu a expansão massiva da educação
primária e secundária, a promoção do ensino técnico e profissionalizante e a ênfase na
educação em línguas locais, em oposição ao domínio exclusivo do português, legado do
colonialismo.

No entanto, apesar desses esforços, o sistema educacional moçambicano enfrentou uma série
de desafios ao longo das décadas seguintes, incluindo a falta de recursos, infraestrutura
precária, falta de professores qualificados e desigualdades regionais e socioeconômicas no
acesso à educação. Nos últimos anos, o governo moçambicano tem trabalhado para enfrentar
esses desafios e melhorar a qualidade e o alcance da educação em todo o país. Isso inclui
investimentos em infraestrutura escolar, programas de capacitação de professores e políticas
destinadas a promover a igualdade de gênero e a inclusão de grupos marginalizados.

O ensino colonial em Moçambique foi caracterizado por um sistema educacional controlado


pela metrópole portuguesa, com acesso limitado e desigualdades profundas. Após a
independência, houve esforços para reformar e democratizar o sistema educacional, mas
muitos desafios ainda persistem. A história do ensino em Moçambique é, portanto, uma
narrativa complexa de dominação colonial, luta pela independência e busca por uma
educação que seja verdadeiramente inclusiva e capacitadora para todos os moçambicanos.

3. Estrutura social de Moçambique e a educação no período entre 1845-1974

Quando os exploradores portugueses desembarcaram nas terras de Moçambique, encontraram


sociedades já estabelecidas, cada uma com sua própria estrutura social, valores culturais e
sistemas educacionais autônomos. No entanto, a administração colonial portuguesa não tinha
interesse em preservar essas formas de educação nativa, pois seu objectivo era reconfigurar a
sociedade moçambicana de acordo com os padrões e interesses da metrópole portuguesa.
Essa postura é exemplificada de maneira clara na carta Pastoral do Cardeal Gouveia, datada
de 1960, conforme citado por Rego (1964:56) ao afirmar que:
viii

Tentamos atingir a população nativa em extensão e profundidade para os


ensinar a ler, escrever e a contar, não para os fazer 'doutores'. Educá-los e
instruí-los de modo a fazer deles prisioneiros da terra e protegê-los da atração
das cidades, o caminho que os missionários católicos escolheram com
devoção e coragem, o caminho do bom senso e da segurança política e social
para a província. As escolas são necessárias, sim, mas escolas onde
ensinemos aos nativos o caminho da dignidade humana e a grandeza da
nação que os protege (REGO, 1964: 56).

O texto expressa a abordagem dos missionários católicos, que buscavam instruir os nativos
em habilidades básicas como leitura, escrita e matemática, não para capacitá-los
intelectualmente, mas sim para mantê-los ligados à terra e protegê-los da influência das
cidades. As escolas eram vistas como ferramentas para promover a submissão e a lealdade ao
poder colonial, em vez de cultivar uma massa crítica de pensadores independentes. Durante
esse período, o acesso à educação para os moçambicanos era estritamente controlado e
limitado, com o objectivo explícito de manter a população nativa em um estado de
dependência e servidão. Qualquer tentativa de ascensão social ou intelectual era
desencorajada e até mesmo impedida por meio de estratégias elaboradas, visando perpetuar a
hegemonia do colonizador e minar qualquer ameaça à sua autoridade.

As escolas secundárias, por exemplo, surgiram principalmente nas áreas urbanas, recfletindo
uma clara preferência por atender à população não nativa, que predominantemente residia
nessas regiões. Exemplos incluem os liceus oficiais como o de António Enes Salazar (hoje
Samora Machel) e Dona Ana da Costa Portugal em Lourenço Marques, e o Liceu Pêro de
Anaia na cidade da Beira, que, em 1963/64, contava com 1256 alunos e em 1964/65 com
1397 alunos. Além disso, o Liceu Nacional de Quelimane, hoje Escola Secundária 25 de
Setembro, fundado em 1960, era frequentado principalmente por uma minoria colonial e seus
colaboradores, com uma média de 15 a 25 alunos por turma. Em Nampula, numerosos
colégios e externatos, localizados nas principais cidades e vilas da província, atendiam a uma
população de 9541 alunos em 1967/68 (Cfr. NGOENHA e CASTIANO, 2013: 27-31).

Ora, como explica Paixão (1949: 131), sem o apoio da Igreja Católica e do governo colonial
português, algumas escolas privadas surgiram nas cidades, principalmente iniciativas de
igrejas protestantes, oferecendo novas oportunidades para os moçambicanos nativos
interessados em continuar seus estudos. Apesar dos desafios impostos pelo governo colonial,
algumas escolas técnicas persistiram, proporcionando aos moçambicanos acesso ao ensino
secundário.
ix

No ensino superior, os Estudos Gerais e Universitários operavam em Lourenço Marques


desde 1963/64, oferecendo uma gama de cursos como medicina, engenharia, veterinária,
agronomia e ciências pedagógicas, como extensões da universidade portuguesa. A criação
desses centros respondia tanto a pressões internacionais quanto à intenção do governo
colonial português de manter o controle sobre Moçambique, garantindo que a maioria dos
estudantes fossem filhos dos colonos residentes. Embora os Estudos Gerais Universitários
fossem considerados um avanço no acesso à educação, o sistema educacional português
permanecia excludente para muitos moçambicanos. Paixão (1949) defende que os conteúdos
educacionais privilegiavam temas como a língua portuguesa, história das descobertas
portuguesas, moral cristã e trabalhos manuais, reforçando a visão de Portugal como uma
potência dominante. Assuntos relacionados à cultura, história e geografia africana, incluindo
a história local de Moçambique, eram desvalorizados, reflectindo uma tentativa de suprimir
os costumes e tradições locais em favor da hegemonia colonial.

4. Tipos de ensino colonial em Moçambique

No capítulo sobre “Politica e Administração Colonial e Educação”, Ngoenha e Castiano


(2013) defendem que durante a colonização predominaram diversos tipos de ensino,
entretanto são os autores destacam como sendo os mais relevantes os seguintes:

a) Educação Missionária: Uma das formas mais proeminentes de ensino colonial em


Moçambique foi através das missões religiosas, principalmente da Igreja Católica. As
missões estabeleceram escolas primárias e secundárias em áreas urbanas e rurais, onde
ensinavam às crianças moçambicanas sobre a fé cristã, bem como habilidades básicas de
leitura, escrita e aritmética. O principal objectivo da educação missionária era a conversão
religiosa e a assimilação cultural dos moçambicanos ao modelo europeu. As escolas
missionárias também serviam como instrumentos de controle social, promovendo valores e
comportamentos considerados adequados pelo colonizador;

b) Educação Colonial Oficial: O governo colonial português estabeleceu escolas oficiais em


Moçambique, principalmente nas áreas urbanas e entre os filhos dos colonos portugueses e
x

assimilados. Essas escolas ofereciam um currículo eurocêntrico, que enfatizava a língua


portuguesa, história e cultura de Portugal;
c) O acesso à educação colonial oficial era altamente restrito para a população nativa, com
poucas oportunidades para os moçambicanos além de servirem em papéis subalternos na
sociedade colonial;

c) Educação Tradicional Africana: Apesar da dominação colonial, algumas formas de


educação tradicional africana persistiram em comunidades rurais. Isso incluía a transmissão
oral de conhecimentos, rituais de iniciação e práticas de aprendizagem centradas na
comunidade. No entanto, a influência da educação tradicional africana foi significativamente
diminuída pela imposição do sistema educacional colonial e pela disseminação da cultura e
língua portuguesa.
Educação Vocacional e Profissionalizante:

Em algumas áreas, foram estabelecidas escolas técnicas e profissionais para fornecer


habilidades práticas aos moçambicanos, principalmente para trabalhar em sectores como
agricultura, mineração e construção. Essas escolas, embora limitadas em número e acesso,
visavam atender às necessidades da economia colonial, fornecendo mão de obra qualificada
para sustentar a exploração econômica das colônias portuguesas.

5. Objectivos dos tipos de ensino colonial em Moçambique

De acordo com Lima (1908: 173) os objetivos dos diferentes tipos de ensino colonial em
Moçambique variavam de acordo com o período histórico, as políticas governamentais e as
necessidades percebidas pelos colonizadores. No entanto, o autor considera algumas
características gerais que podem ser resumidas em;

a) Ensino Primário:
i. Alfabetização e instrução básica para a população nativa;
ii. Incutir valores e ideais que promovam a submissão ao domínio colonial;
iii. Treinar a mão de obra para realizar trabalhos agrícolas e outras tarefas consideradas
úteis para a economia colonial;
xi

iv. Estabelecer uma base mínima de conhecimento necessária para a administração


colonial e para servir aos interesses econômicos dos colonizadores.

b) Ensino Secundário:
i. Proporcionar educação adicional para uma elite nativa selectivamente escolhida;
ii. Formar uma classe de funcionários públicos, colaboradores e intermediários que
pudessem ajudar na administração colonial;
iii. Transmitir valores culturais, sociais e políticos que promovessem a identificação com
o domínio colonial e a elite colonial;
iv. Preparar os indivíduos para ocupar cargos de responsabilidade dentro da estrutura
colonial, como comerciantes, profissionais ou burocratas.

c) Ensino Técnico e Profissional:


i. Treinar a população nativa em habilidades práticas que fossem úteis para a economia
colonial, como carpintaria, agricultura, mecânica, entre outros;
ii. Fornecer uma mão de obra especializada para trabalhar em áreas específicas da
economia colonial, como mineração, plantações, construção, etc;
iii. Desenvolver uma classe de trabalhadores qualificados que pudesse contribuir para a
produção econômica do país sem ameaçar os interesses dos colonizadores;

d) Ensino Superior:
i. Oferecer oportunidades limitadas de educação superior para uma elite nativa
selecionada;
ii. Formar profissionais em áreas específicas que fossem úteis para a administração
colonial e para os interesses econômicos dos colonizadores, como medicina, direito,
engenharia, etc;
iii. Criar uma classe educada e assimilada que pudesse servir como intermediária entre a
população nativa e os colonizadores, ajudando a manter a ordem e a estabilidade do
sistema colonial.

6. Aspectos negativos e positivos da educação colonial


xii

O ensino colonial destinado aos moçambicanos foi caracterizado por uma série de aspectos
negativos e positivos, que moldaram profundamente a sociedade moçambicana durante o
período colonial. A partir de Ngoenha e Castiano (2013) e Jorge (1982: 14-17) considere-se
os seguintes elementos
6.1. Aspectos Negativos

a) Assimilação Cultural Forçada:


i. Um dos aspectos mais negativos do ensino colonial foi a imposição da cultura e
valores europeus sobre os moçambicanos, resultando na perda de identidade cultural e
na alienação das tradições africanas;
ii. A ênfase na língua portuguesa e na educação religiosa cristã levou à supressão dos
idiomas locais e crenças tradicionais, minando a diversidade cultural e promovendo
uma visão de mundo eurocêntrica.

b) Acesso Desigual à Educação:


i. O sistema educacional colonial favorecia a elite colonial e assimilada, negando o
acesso à educação para a maioria da população moçambicana;
ii. As escolas eram predominantemente localizadas em áreas urbanas e reservadas para
os filhos dos colonos e assimilados, perpectuando desigualdades socioeconômicas e
limitando as oportunidades de ascensão social para os moçambicanos;

c) Conteúdo Eurocêntrico e Alienante:


i. O currículo educacional colonial enfatizava a glorificação da história e cultura
europeias, enquanto desvalorizava ou ignorava a história e cultura locais de
Moçambique;
ii. Isso resultava em uma educação que não apenas marginalizava a identidade
moçambicana, mas também promovia uma visão distorcida e inferiorizada da própria
história e cultura do país.

d) Instrumento de Controle e Subjugação:


i. O ensino colonial era usado como uma ferramenta de controle social e política,
destinada a manter a população moçambicana subjugada ao domínio colonial
português;
xiii

ii. A educação era projectada para produzir uma classe de moçambicanos educados, mas
subservientes, que serviriam aos interesses coloniais e perpetuariam o status quo
colonial.

6.2. Aspectos Positivos

a) Acesso Limitado, mas Oportunidades de Mobilidade Social:


i. Apesar das desigualdades no acesso à educação, algumas crianças moçambicanas
conseguiram frequentar escolas coloniais, oferecendo-lhes a oportunidade de adquirir
habilidades básicas de leitura, escrita e aritmética;
ii. Para alguns moçambicanos privilegiados, a educação colonial proporcionou uma via
para ascensão social, permitindo-lhes obter empregos melhores e uma posição mais
elevada na sociedade colonial.

b) Desenvolvimento de Habilidades Técnicas e Profissionais:


i. O estabelecimento de escolas técnicas e profissionalizantes em algumas áreas
proporcionou aos moçambicanos a oportunidade de adquirir habilidades práticas
necessárias para trabalhar em sectores como agricultura, construção e mineração;
ii. Isso contribuiu para o desenvolvimento de uma mão-de-obra qualificada dentro de
Moçambique, embora em uma escala limitada e muitas vezes em benefício dos
interesses coloniais.

c) Conscientização Política e Nacionalista:


i. O ensino colonial, paradoxalmente, contribuiu para a conscientização política e
nacionalista entre os moçambicanos. A marginalização e a injustiça do sistema
colonial inspiraram movimentos de resistência e luta pela independência, levando à
mobilização política e à busca por uma identidade nacional moçambicana.
xiv

7. CONCLUSÃO

O estudo do ensino colonial em Moçambique durante o período de 1845 a 1974 revela uma
narrativa complexa de dominação, resistência e transformação. Durante esse longo período,
as políticas educacionais implementadas pelas autoridades coloniais portuguesas foram
marcadas por uma série de aspectos negativos, incluindo a assimilação cultural forçada, a
desigualdade de oportunidades e a exploração econômica das comunidades nativas. O sistema
educacional colonial foi projectado para servir aos interesses da metrópole, promovendo a
dominação política e a manutenção do status quo colonial.

No entanto, apesar dos obstáculos e injustiças enfrentados pelos moçambicanos, o ensino


colonial também teve alguns aspectos positivos, como o acesso limitado à educação formal, o
desenvolvimento de infraestrutura educacional e a conscientização política e nacionalista
entre a população nativa. Esses pequenos pontos positivos desempenharam um papel
importante na resistência e mobilização contra o domínio colonial, contribuindo para o
movimento pela independência e a busca por uma sociedade mais justa e igualitária.

À medida que Moçambique avançava em direção à independência em 1975, o legado do


ensino colonial continuava a influenciar o sistema educacional do país. A nova nação
independente enfrentava desafios significativos na reconstrução de um sistema educacional
que reflectisse verdadeiramente as necessidades e aspirações de seu povo. No entanto, o
estudo do ensino colonial em Moçambique serve como um lembrete vívido das injustiças do
passado e da importância de aprender com essas experiências para construir um futuro mais
inclusivo e equitativo para todos os moçambicanos.
xv

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JORGE, Celestino. (1982). Educação no Colonialismo. Testemunhos e Números c/e uma Época. In: Tempo
Nr.615 de 25 de julho. Maputo.

LIMA, Adolpho G. A. (1908). Educação Colonial: Lisboa, Typographia da Livraria Ferin.

PAIXÃO, Braga. (1949). Novo Aspecto do Problema Missionário Português In: Portugal em Moçambique,
Ano 6, 2.a Série, n.º 33. Lisboa (130-140).

PAIXÃO, Víctor Manuel Braga: Ensino dos Indígenas Obra de Civilização. In: Boletim da Sociedade de
Estudos da Colónia de Moçambique, Ano 8, n.0 39. Lourenço Marques, 1939. (141-143).

NGOENHA, S; e CASTIANO, J. (2013). A longa marcha duma Educação para todos em


Moçambique. 3.ed., Maputo: Publifix.

REGO, A. da Silva: Considerações sobre o Ensino Missionário. In: Ultramar, vol. 5, n.º 18 (1964).

REGO, A. da Silva: O Ensino Missionário no Ultramar. In: Estudos Ultramarinos n.º 1 (1961), (17-28).
mapa.

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