Índice
Introdução
No presente trabalho pretendo abordar acerca do Desenvolvimento da Criança Segundo
Piaget, Freud e Erickson, trazendo deste modo algumas das suas abordagens e contribuições
que criaram um forte impacto no estudo da Psicologia Infanti, que partem desde os seus
estágios às suas críticas e limitações.
Desenvolvimento da Criança na Perspectiva de Piaget
Jean Piaget, um renomado psicólogo suíço, desenvolveu uma teoria abrangente sobre o
desenvolvimento cognitivo das crianças. Ele acreditava que o desenvolvimento cognitivo
ocorre através de uma série de estágios sequenciais, cada um caracterizado por mudanças
qualitativas na maneira como a criança pensa e compreende o mundo. Aqui está uma visão
detalhada dos estágios do desenvolvimento cognitivo segundo Piaget:
1. Estágio Sensório-Motor (0-2 anos)
Neste estágio, o desenvolvimento cognitivo da criança é baseado em interações físicas com o
ambiente.
- Características Principais:
- Reflexos Inatos: Inicialmente, os comportamentos são baseados em reflexos.
- Desenvolvimento da Permanência do Objeto: Por volta dos 8-12 meses, a criança
começa a entender que os objetos continuam a existir mesmo quando não estão visíveis.
- Exploração Sensorial e Motora: Crianças aprendem sobre o mundo através de suas ações
e sensações.
2. Estágio Pré-Operacional (2-7 anos)
Neste estágio, as crianças começam a usar símbolos para representar objetos e eventos.
- Características Principais:
- Pensamento Simbólico: Desenvolvimento da linguagem e capacidade de usar
símbolos.
- Egocentrismo: As crianças têm dificuldade em ver o mundo da perspectiva dos
outros.
- Pensamento Animista: Atribuição de vida e intenções a objetos inanimados.
- Falta de Conservação: Incapacidade de entender que certas propriedades de um objeto
permanecem inalteradas, mesmo quando sua aparência muda (por exemplo, quantidade de
líquido em diferentes recipientes).
3. Estágio das Operações Concretas (7-11 anos)
Neste estágio, as crianças começam a desenvolver um pensamento lógico mais organizado e
coerente, mas ainda aplicável apenas a situações concretas.
- Características Principais:
- Conservação: Compreensão de que quantidade, volume e número permanecem os
mesmos, apesar de mudanças na aparência.
- Classificação: Capacidade de agrupar objetos com base em características comuns.
- Sérieção: Habilidade de ordenar objetos em uma sequência lógica, como por tamanho ou
cor.
- Pensamento Lógico Concreto: Capacidade de realizar operações mentais, mas apenas
com objetos e situações reais e tangíveis.
4. Estágio das Operações Formais (12 anos em diante)
Neste estágio, o desenvolvimento cognitivo atinge sua forma mais avançada com a
capacidade de pensar abstratamente e logicamente.
- Características Principais:
- Pensamento Abstrato: Capacidade de pensar sobre conceitos que não estão diretamente
presentes.
- Raciocínio Hipotético-Dedutivo: Capacidade de formular hipóteses e pensar de forma
lógica sobre possibilidades.
- Resolução de Problemas: Habilidade de resolver problemas complexos de maneira
sistemática e lógica.
Contribuições e Implicações Educacionais
A teoria de Piaget tem várias implicações importantes para a educação:
- Aprendizagem Ativa: Piaget enfatizou a importância da aprendizagem ativa, onde as
crianças constroem conhecimento através da exploração e descoberta.
- Ambientes Educacionais: Ambientes que incentivam a exploração e a interação com
materiais concretos são essenciais.
- Avaliação do Desenvolvimento: A avaliação deve ser contínua e baseada na observação
das interações das crianças com o ambiente.
Críticas e Limitações
Embora a teoria de Piaget tenha sido extremamente influente, ela não está isenta de críticas:
- Subestimação das Capacidades Infantis: Pesquisas subsequentes mostraram que crianças
podem demonstrar habilidades cognitivas mais avançadas do que Piaget propôs,
especialmente se testadas em contextos diferentes.
- Variabilidade Cultural: A teoria de Piaget não considera suficientemente as influências
culturais no desenvolvimento cognitivo.
Jean Piaget proporcionou uma estrutura crucial para entender o desenvolvimento cognitivo
infantil, destacando como as crianças constroem conhecimento ao longo de diferentes
estágios. Embora sua teoria tenha limitações, continua a ser uma base importante para
estudos e práticas educacionais.
Ao compreender esses estágios, educadores e pais podem criar ambientes de aprendizagem
mais eficazes e suportar o desenvolvimento cognitivo das crianças de forma mais adequada e
sensível às suas necessidades específicas em cada fase do crescimento.
Desenvolvimento da Criança na Perspectiva de Freud
Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, desenvolveu uma teoria sobre o desenvolvimento
infantil conhecida como as fases do desenvolvimento psicosssexual. Segundo Freud, a
personalidade e o comportamento de um indivíduo são moldados pelas experiências e
conflitos enfrentados durante a infância. Sua teoria se concentra nas energias libidinais
(sexuais) que se deslocam para diferentes zonas erógenas do corpo em etapas específicas da
infância. As principais fases do desenvolvimento psicosssexual são:
1. Fase Oral (0-1 ano):
- Durante essa fase, a boca é a principal zona erógena. A criança obtém prazer através de
atividades como sucção e morder. Segundo Freud, a forma como as necessidades orais da
criança são satisfeitas pode influenciar aspectos da personalidade futura, como a dependência
ou a agressividade.
2. Fase Anal (1-3 anos):
- A zona erógena se desloca para o ânus. A criança começa a obter prazer a partir da
retenção e expulsão das fezes. Freud sugeriu que as atitudes dos pais em relação ao
treinamento do toalete podem levar a diferentes traços de personalidade. Uma abordagem
muito rigorosa pode resultar em uma personalidade obsessiva e controladora, enquanto uma
abordagem mais relaxada pode resultar em uma personalidade mais desorganizada e
generosa.
3. Fase Fálica (3-6 anos):
- A atenção da criança se volta para os órgãos genitais. Freud identificou o complexo de
Édipo (nos meninos) e o complexo de Electra (nas meninas), onde a criança desenvolve uma
atração pelo pai do sexo oposto e rivaliza com o pai do mesmo sexo. A resolução bem-
sucedida desses complexos resulta na identificação com o pai do mesmo sexo e na
internalização dos valores e normas sociais.
4. Fase de Latência (6 anos até a puberdade):
- Durante essa fase, a energia libidinal é suprimida e canalizada para atividades socialmente
aceitáveis, como a escola, hobbies e amizades. É um período de desenvolvimento social e
cognitivo, onde a sexualidade não é o foco principal.
5. Fase Genital (da puberdade em diante):
- A última fase do desenvolvimento psicosssexual é marcada pelo renascimento dos
impulsos sexuais e pela busca de relações heterossexuais maduras. Nesta fase, o indivíduo
está preparado para criar relações íntimas e formar uma identidade sexual estável e saudável.
Freud acreditava que se um indivíduo não resolvesse os conflitos e as fixações em qualquer
uma dessas fases, isso poderia levar a problemas psicológicos e comportamentais na vida
adulta. Sua teoria, embora controversa e criticada por falta de base empírica, influenciou
profundamente a psicologia e a compreensão do desenvolvimento infantil.
Desenvolvimento da Criança na Perspectiva de Erickson
Erik Erikson, um psicólogo e psicanalista alemão-americano, é conhecido por sua teoria do
desenvolvimento psicossocial, que amplia e modifica algumas das ideias de Freud. Erikson
propôs que o desenvolvimento humano ocorre em oito estágios ao longo da vida, cada um
caracterizado por um conflito central que o indivíduo precisa resolver para desenvolver uma
personalidade saudável. Os primeiros cinco estágios focam no desenvolvimento da criança.
Abaixo estão os estágios de desenvolvimento infantil segundo Erikson:
1. Confiança vs. Desconfiança (0-1 ano):
- Conflito principal: O desenvolvimento da confiança ocorre quando os bebês recebem
cuidados consistentes e responsivos. Se os cuidadores atendem adequadamente às
necessidades do bebê, este desenvolve uma sensação de confiança no mundo e em si mesmo.
Caso contrário, pode desenvolver desconfiança em relação ao ambiente e às pessoas.
2. Autonomia vs. Vergonha e Dúvida (1-3 anos):
- Conflito principal: Durante essa fase, as crianças começam a desenvolver independência.
Se os pais encorajam a exploração e apoiam a criança em suas tentativas de fazer coisas
sozinha, ela desenvolve um senso de autonomia. No entanto, se os pais são excessivamente
críticos ou controladores, a criança pode desenvolver sentimentos de vergonha e dúvida sobre
suas habilidades.
3. Iniciativa vs. Culpa (3-6 anos):
- Conflito principal: As crianças nesta fase começam a planejar atividades, fazer jogos e
iniciar projetos. Se os pais apoiam essa iniciativa, a criança desenvolve um senso de
propósito. Caso contrário, se os pais criticam ou restringem a iniciativa da criança, ela pode
sentir culpa por suas necessidades de autoiniciativa.
4. Indústria vs. Inferioridade (6-12 anos):
- Conflito principal: A fase escolar é crucial para o desenvolvimento de habilidades e
competências. Se a criança é encorajada e elogiada por seus esforços, desenvolve um senso
de indústria e competência. No entanto, se encontra fracasso repetidamente ou é
desencorajada, pode desenvolver um senso de inferioridade.
5. Identidade vs. Confusão de Papéis (adolescência):
- Conflito principal: Durante a adolescência, os jovens trabalham na formação de sua
identidade pessoal e social. Eles exploram diferentes papéis e ideias para entender quem são.
O sucesso leva a um forte senso de identidade, enquanto o fracasso pode resultar em confusão
sobre o próprio papel na sociedade e falta de direção.
Erikson acreditava que a resolução positiva de cada conflito leva a uma força básica que
contribui para o desenvolvimento saudável da personalidade. Além disso, ele enfatizou que
esses estágios não são rígidos e que os indivíduos podem enfrentar esses conflitos em
diferentes momentos da vida. Sua teoria é valorizada por integrar aspectos sociais e culturais
ao desenvolvimento psicossocial, oferecendo uma visão mais abrangente e contínua do
desenvolvimento humano em comparação com a teoria de Freud.
Conclusão
Em conclusão, posso afirmar que Piaget e Freud foram uns dos grandes estudiosos da
Psicologia infantil, pois, trouxeram abordagens que possibilitaram os estudos feitos por
parte de Erickson, que posteriormente ampliou e modificou as abordagens de Freud.