O sociólogo espanhol Manuel Castells é uma das maiores autoridades acadêmicas mundiais
quando o assunto é o impacto das tecnologias da informação na sociedade. Nascido em 9 de
fevereiro na cidade de Hellín, o pesquisador iniciou seus estudos em Direito na Universidade
de Barcelona em 1958, até ser exilado pela ditadura de Francisco Franco. Foi então para Paris,
onde virou pupilo do sociólogo francês Alain Touraine. Em 1966, aos 24 anos, tornou-se o
professor mais jovem da Universidade de Paris.
Manuel Castells
Manuel Castells é um sociólogo e professor universitário nascido a 9 de Fevereiro de 1942 em
Espanha, licenciou-se em Direito e Economia na universidade de Barcelona e fez a sua pós
graduação em Estudos em Sociologia na universidade de Paris.
Em 1966 inicio a sua carreira de docente na universidade de Paris, mais tarde em 1979 tornou-
se professor de sociologia e planeamento urbano e reginal na universidade de Berkely na
California, onde trabalhou até 2003. Exerceu o cargo de Ministro das Universidades entre
janeiro de 2020 e dezembro de 2021.
As suas principais obras são “A era da informação” uma trilogia lancada na década de 1990
que é composta por “A sociedade em rede”, “O poder da identidade” e “Fim do milénio”. Esta
trilogia é considerada uma das mais influentes no estudo da sociedade contemporânea. As
suas áreas de pesquisa são a sociologia urbana, estudos de comunicação, sociedade da
informação, globalização e poder e identidade.
A era da informação
Sociedade em rede nesta obra Castells examina como ocorrem as transformações sociais,
económicas e culturais e de que forma afetam a sociedade.
Neste primeiro livro castells dá a conhecer o conceito TICs, tecnologias de informação e
comunicação e de que forma estas estão a redefinir as estruturas sociais, económicas e
culturais na sociedade contemporânea. Ele afirma que estamos a viver numa era social
caracterizada pelo uso das redes como principal forma de produção e gestão das relações
sociais. Nos seus livros Castells explica como a economia global é agora caracterizada pela
troca de informações tanto capital quanto cultural. Reflete como esta troca de informação
condiciona tanto o consumo como a produção, pois as redes refletem e criam culturas
distintas. Segundo Castells a nossa dependência dos novos meios de comunicação dá
aqueles que os controlam um enorme poder para nos controlarem também.
conclusão do volume I para uma elaboração do conceito de rede sociedade
a conclusão do volume II para uma análise das relações entre identidade cultural, movimentos
sociais e política.
Na sua conclusão “Depreendendo nosso mundo” Castells afirma que o mundo esta a tomar
uma forma no fim do milénio algo que originou-se por coincidência durante três processos
históricos é o caso da revolução tecnológica da informação, a crise económica do capitalismo
e estatismo e a restruturação entre ambos e também o desencadear de movimentos sociais
como direitos humanos, feminismo, ambientalismo e liberalismo. Estes processos fizeram
com que surgir-se uma nova estrutura social, a sociedade em rede que vinha com uma nova
cultura a da virtualidade real e uma nova economia a informacional/global.
A revolução da tecnologia da informação fez com que surgir-se o informacionalismo como
base material da nova sociedade, neste informacionalismo a riqueza, o poder e a criação de
códigos culturais passaram a depender das capacidades tecnológicas dos indivíduos e da
sociedade, esta tecnologia tornou-se fundamental para a implementação de processos de
restruturação socioeconómica. (p:372)
A crise de modelos de desenvolvimento económico do capitalismo e do estatismo deram
origem á sua reestruturação a partir de 1970. Uma nova forma de capitalismo for
apresentada esta surgir de medidas e politicas estabelecidas pelas economias capitalista, por
empresas e por governos.
Este novo capitalismo tinha características como globalização das principais atividades
económicas, a flexibilidade organizacional e um maior poder para os patrões nas suas
relações com os trabalhadores. As tecnologias tiveram um papel fundamental no surgimento
deste novo capitalismo, pois porposionaram ferramentas para a criação de redes,
comunicação á distância, armazenamento e processamento de informação e concetraçao e
descentralização simultâneas do processo decisório.
O surgimento de uma poderosa e competitiva economia e os novos processos de
industrialização e expansão de mercado ampliaram a escala da economia global assim
estabelecendo uma base multicultural de interdependência económica. Devido á tecnologia
redes como capital, de trabalho, de informação e de mercados conectaram funções, pessoas
e locais valiosos por todo o mundo. (p:373)
A sociedade estatista predominante era a união soviética, esta não foi capaz de assimilar o
informacionalismo o que fez com que o crescimento económico fosse bloqueado e
enfraqueceu o aparato bélico que era fonte de poder do regime estatista. Estes eventos
levaram ao súbito colapso do comunismo soviético, com ele o imperio soviético também
desmoronou, o que significou o fim da guerra fria entre o capitalismo e estatismo. (p:374)
Apos o fim do estatismo o capitalismo prospera no mundo, o que faz com pela primeira vez
na historia todo o planeta está organizado com base em um conjunto de regras económicas
que em grande parte eram comuns. Este capitalismo é diferente, tem objetivos mais firmes,
mas os meios eram mais flexíveis que qualquer um dos seus predecessores.
Este capitalismo esta inserido na cultura e é equipado pela tecnologia, tanto a tecnologia
como a cultura dependem da capacidade de conhecimentos e informação agirem sobre
conhecimentos e informação em uma rede recorrente de intercâmbios conectados em
âmbito global.
Segundo Castells as sociedades não são apenas o resultado da transformação tecnológica e
económica e a mudança social não pode ficar limita a crises de adaptações institucionais.
Mais ou menos ao mesmo tempo começaram a ocorrer movimentos sociais importantes,
castells participava nesse movimentos e presenciava o seu liberalismo. Estes movimentos
eram essencialmente culturais que não queriam poder mas sim mudar a sua vida.
Manuel Castells e "A Era da Informação"
Introdução
Manuel Castells é um dos mais proeminentes sociólogos contemporâneos, cujas contribuições
ao estudo da comunicação, tecnologia e sociedade têm sido fundamentais para a
compreensão das mudanças estruturais na era digital. Sua trilogia "A Era da Informação:
Economia, Sociedade e Cultura" (1996-1998) é considerada uma obra seminal que analisa a
transformação da sociedade em uma era dominada pela tecnologia da informação.
Contexto e Objetivos da Obra
A trilogia de Castells é composta por três volumes: "A Sociedade em Rede" (1996), "O Poder da
Identidade" (1997) e "Fim de Milênio" (1998) . Nestas obras, Castells explora como a revolução
digital e a globalização estão reconfigurando a estrutura econômica, política e social do mundo
contemporâneo.
Volume 1: A Sociedade em Rede
No primeiro volume, "A Sociedade em Rede", Castells apresenta o conceito de sociedade em
rede. Ele argumenta que as novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) criaram uma
nova forma de organização social e econômica onde as redes, e não as instituições
hierárquicas, se tornaram a principal estrutura de organização . Castells analisa o impacto das
TIC na economia global, destacando a emergência de uma economia informacional que se
baseia no processamento e na troca de informações.
“The information technology revolution induced the rise of the network society because it
provided the material basis for its pervasive expansion throughout the entire social structure”
(Castells, 1996, p. 37).
Volume 2: O Poder da Identidade
No segundo volume, "O Poder da Identidade", Castells foca nas questões de identidade em um
mundo globalizado. Ele examina como a globalização e a tecnologia da informação afetam as
culturas e identidades locais. Castells discute a resistência cultural e os movimentos sociais que
surgem em resposta à globalização, utilizando exemplos como o Movimento Zapatista no
México e o ressurgimento do nacionalismo em várias partes do mundo .
“Our world and our lives are being shaped by the conflicting trends of globalization and
identity” (Castells, 1997, p. 1).
Volume 3: Fim de Milênio
O terceiro volume, "Fim de Milênio", aborda as mudanças políticas e sociais na virada do
milênio. Castells analisa a crise dos Estados-nação e a ascensão de novas formas de
governança global. Ele também examina as desigualdades sociais exacerbadas pela
globalização e pelo desenvolvimento desigual da tecnologia da informação .
“The promise of the Information Age is in stark contrast with the grim reality of a planet split
by the bipolar opposition between valuable and devalued humanity” (Castells, 1998, p. 71).
Principais Conceitos
Sociedade em Rede
A principal contribuição de Castells é o conceito de sociedade em rede, que descreve uma
estrutura social onde as redes digitais permitem a comunicação e a organização flexível e
descentralizada. Isso contrasta com as estruturas hierárquicas tradicionais, permitindo uma
nova dinâmica de interação social e econômica .
“A network-based social structure is a highly dynamic, open system, susceptible to innovating
without threatening its balance” (Castells, 2000, p. 501).
Economia Informacional
Castells introduz a ideia de economia informacional, onde o valor econômico é gerado
principalmente através do processamento de informação e do conhecimento. Ele argumenta
que, na economia informacional, a produtividade e a competitividade dependem da
capacidade de gerar, processar e aplicar a informação eficientemente .
“Productivity, competitiveness, and the capacity for generating new knowledge and processing
information efficiently are the key factors for economic success” (Castells, 1996, p. 66).
Poder e Identidade
A obra de Castells também explora como o poder é reconfigurado na era da informação. Ele
argumenta que o poder é exercido através do controle das redes de informação e
comunicação. Além disso, Castells discute como as identidades culturais e sociais são formadas
e transformadas na sociedade em rede .
“The battle over the control of communication networks is a fundamental source of power in
the network society” (Castells, 2009, p. 47).
Inteligência Artificial e a Era da Informação
IA e a Sociedade em Rede
A inteligência artificial (IA) é uma extensão natural da sociedade em rede descrita por Castells.
A IA aprimora a capacidade das redes de processar grandes volumes de dados e tomar
decisões com base em análises complexas. Isso amplia a eficiência e a velocidade das
comunicações e operações dentro dessas redes, consolidando ainda mais a estrutura de rede
como a espinha dorsal da organização social e econômica moderna .
“AI technologies will enhance the capabilities of the network society, reinforcing the role of
information as a key resource” (Brynjolfsson & McAfee, 2014, p. 23).
IA e a Economia Informacional
Na economia informacional de Castells, a informação é a principal fonte de valor. A IA
potencializa esse valor ao permitir a análise de big data e a automação de processos de
conhecimento. Ferramentas de IA podem identificar padrões, prever tendências de mercado e
otimizar cadeias de suprimentos, aumentando significativamente a produtividade e a
competitividade das empresas. Isso fortalece ainda mais a importância da informação e da
tecnologia na economia contemporânea .
“The real business of AI is not the technology itself, but the data that drives it” (Schwab, 2017,
p. 89).
IA e o Poder
A inteligência artificial também reconfigura as dinâmicas de poder na sociedade em rede.
Aquelas entidades que controlam as tecnologias de IA e os dados subjacentes têm um poder
significativo sobre a economia e a sociedade. Governos e corporações que possuem acesso
exclusivo a ferramentas avançadas de IA podem exercer influência desproporcional,
exacerbando as desigualdades sociais e econômicas que Castells já identificava como uma
preocupação central na era da informação .
“Power in the network society is largely exercised through the control of networks of
information and communication” (Castells, 2009, p. 47).
IA e a Identidade
Finalmente, a IA tem um impacto profundo na identidade e na cultura, um tema central no
segundo volume de Castells. Ferramentas de IA, como algoritmos de recomendação em redes
sociais, moldam as experiências de informação e entretenimento das pessoas, influenciando
suas identidades culturais e sociais. Além disso, a IA levanta questões sobre privacidade e
controle de dados pessoais, desafiando a noção de identidade individual na era digital .
“In the digital age, identity is often shaped and reshaped by the algorithms that curate our
online experiences” (Zuboff, 2019, p. 147).
Impacto e Relevância
A trilogia "A Era da Informação" de Manuel Castells é amplamente reconhecida como uma
análise profunda e abrangente das mudanças estruturais causadas pela revolução digital. A
inclusão da inteligência artificial no panorama tecnológico amplia e aprofunda os insights de
Castells, destacando a contínua relevância de suas teorias para a compreensão das dinâmicas
contemporâneas em um mundo cada vez mais conectado e interdependente .
Conclusão
Manuel Castells, através de "A Era da Informação", oferece uma visão perspicaz sobre as
transformações sociais, econômicas e culturais na era digital. Sua análise da sociedade em
rede, da economia informacional e do poder da identidade continua a ser uma referência
essencial para a compreensão das dinâmicas contemporâneas. A incorporação da inteligência
artificial intensifica essas dinâmicas, trazendo novos desafios e oportunidades que devem ser
compreendidos à luz das ideias de Castells. Em um mundo onde a tecnologia continua a evoluir
rapidamente, as ideias de Castells são mais relevantes do que nunca para entender os desafios
e oportunidades que enfrentamos.
Referências
Castells, M. (1996). The Rise of the Network Society. The Information Age: Economy, Society,
and Culture Vol. I. Cambridge, MA; Oxford, UK: Blackwell.
Castells, M. (1997). The Power of Identity. The Information Age: Economy, Society, and Culture
Vol. II. Cambridge, MA; Oxford, UK: Blackwell.
Castells, M. (1998). End of Millennium. The Information Age: Economy, Society, and Culture
Vol. III. Cambridge, MA; Oxford, UK: Blackwell.
Castells, M. (2000). Materials for an Exploratory Theory of the Network Society. British Journal
of Sociology, 51(1), 5-24.
Castells, M. (2009). Communication Power. Oxford, UK: Oxford University Press.
Brynjolfsson, E., & McAfee, A. (2014). The Second Machine Age: Work, Progress, and
Prosperity in a Time of Brilliant Technologies. New York, NY: W.W. Norton & Company.
Schwab, K. (2017). The Fourth Industrial Revolution. New York, NY: Crown Publishing Group.
Zuboff, S. (2019). The Age of Surveillance Capitalism: The Fight for a Human Future at the New
Frontier of Power. New York, NY: PublicAffairs.
Qual é a teoria de Manuel Castells?
Para Castells, toda rede é uma estrutura complexa: os vários nós existentes estão
interconectados e interagindo de múltiplas formas, inclusive com outras redes. E estão sempre
em mudança: se reconfigurando, aumentando ou diminuindo. Adaptam-se também a diversos
contextos sem perder as características iniciais
A teoria central de Manuel Castells gira em torno do conceito de “sociedade em rede”. Ele
argumenta que a revolução da tecnologia da informação transformou a estrutura social,
econômica e política, levando à formação de uma sociedade global interconectada por redes.
Nesta sociedade, a informação flui livremente, redefinindo o poder, a cultura e a comunicação.
Castells também explora como as identidades individuais e coletivas são formadas e
transformadas na era digital.
Procura entender as relações sociais e as relações de poder dentro desse meio. (internet)
A obra “La Era de la Información”, tripartida em “La Sociedad Red” (1996), “El Poder de la
Identidad” (1997) e “Fin de Milenio” (1998); revê qual o papel da informação na sociedade,
Define sociedade de informação com um período histórico caracterizado por uma revolução
tecnológica que foi movida pelas tecnologias de comunicação e pelas tecnologias digitais.
Castells afirma que o funcionamento da sociedade da informação advem de uma estrutura
social em rede