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MERCADO DE CAPITAIS - GAE 309

NOTAS DE AULA – I/2024


UNIDADE 2 - SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

2.1 - Introdução

Todo empreendimento tem momentos em que é deficitário, e outros em que é


superavitário. Isto decorre do seu o ciclo de produção, sazonalidade, maturação de
investimentos, estrutura de recebimentos e pagamentos e riscos naturais de mercado a
que está sujeito. Os responsáveis pelo empreendimento podem usar apenas recursos
próprios e assumir todos os riscos. Neste caso, seu crescimento fica estrito à sua
capacidade de acumular e de proteger-se dos riscos. Contudo, podem utilizar recursos de
terceiros, bem como transferir alguns riscos. Isso traz uma série de vantagens. Porém
encontrar parceiros com características complementares envolve um trabalho de pesquisa
demorado e oneroso, que demanda conhecimentos econômicos, financeiros,
empresariais e legais.

O setor financeiro realiza essa atividade em razão de:

 sua especialização;

 economias de escala; e

 vantagens regulamentatórias.

Ele é responsável por intermediar recursos entre unidades deficitárias e


superavitárias, e transformar e repassar alguns riscos existentes.
Todas as operações são realizadas com uma variedade de instrumentos
financeiros que apresentam características de risco, liquidez, rentabilidade e emitente que
os diferenciam. Essa variedade permite uma transferência de recursos e riscos mais
eficiente em toda a sociedade.
O sistema financeiro, de maneira simplificada, pode assumir três funções básicas
na economia:

 facilitar a designação temporal (e espacial) de recursos, permitindo que os agentes


transladem suas decisões de investimento e consumo entre distintos momentos de tempo
e áreas geográficas, aumentando possibilidades de eleição;

 permitir a canalização da poupança ao investimento, permitindo que a encontre seu uso


alternativo mais produtivo;

 proporcionar ferramenta para a redistribuição e diversificação dos riscos permitindo sua


gestão por parte dos agentes.

Pode-se dizer que as principais funções de um sistema financeiro na economia


são:
1
 promover a poupança;

 arrecadar e concentrar a poupança em grandes volumes;

 transformar a poupança em créditos especiais;

 encaminhar os créditos às atividades produtivas; e

 gerenciar as aplicações realizadas e manter um mercado para elas.

Dinâmica do sistema financeiro

SISTEMA FINANCEIRO

UNIDADES SUPERAVITÁRIAS UNIDADES DEFICITÁRIAS

 Governo  Governo
 Empresas  Empresas
 Famílias  Famílias

INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS

 Bancos e Caixas Econômicas


 Bancos de Investimento e Financeiras
 Fundos de Investimento
 Outros

MERCADOS FINANCEIROS ATIVOS FINANCEIROS

 Capitais  Ações
 Derivativos  Títulos privados
 Crédito  Divisas
 Divisas  Derivativos
 Outros  Títulos Públicos
 Outros

Fonte: Pinheiro (2009).


2
2.2 - Sistema Financeiro Nacional

 É o conjunto de instituições e instrumentos financeiros que possibilitam a transferência


de recursos dos ofertadores finais para os tomadores finais, e criam condições para que
os títulos e valores mobiliários tenham liquidez no mercado.

 Segundo foi definido pela Lei da Reforma Bancária, as instituições financeiras, para
efeito legal, são pessoas jurídicas, públicas ou privadas, que tenham como atividade
principal ou acessória, a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros,
próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de
propriedade de terceiros. Para efeitos desta lei, equiparam-se às instituições financeiras
as pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas de forma permanente
ou eventual.

 Histórico do Sistema Financeiro no Brasil

(Pinheiro, J.L. Sistema financeiro brasileiro In Mercado de capitais: fundamentos e


técnicas. 6ª Ed. São Paulo: Atlas, 2012, pags 56-59)

A origem do Sistema Financeiro Brasileiro está na criação em 1808, por alvará de


D. João VI, Príncipe Regente, do primeiro banco, denominado Banco do Brasil. Como
única instituição do gênero no país, ele passou a acumular, a partir de 1809, as funções
de banco de depósitos, descontos e emissão, gozando ainda o privilégio da venda dos
produtos comercializados pela coroa.
Ao final dos anos 20, foi criada a Inspetoria Geral de Bancos, que, junto à Carteira
de Redescontos do Banco do Brasil, serviriam de base para a criação, em 1945 da
Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC). Essa inspetoria seria a responsável
pela regulação e fiscalização das entidades bancárias.
O período que se seguiu foi marcado pela expansão da rede bancária. A Segunda
Guerra Mundial, além de criar estímulos ao processo industrial brasileiro, trouxe também
como consequência a nítida consciência de que um organismo como um Banco Central
era extremamente necessário. Assim, em 1945, constituiu-se a SUMOC.
No período de 1959 a 1961, proliferaram os bancos comerciais e o controle das
operações tornava-se cada dia mais deficitário.
Em 1965, é aprovado o projeto que criou o BANCO CENTRAL DO BRASIL, órgão
coordenador do Sistema Financeiro Nacional.
A evolução do Sistema Financeiro Nacional pode ser dividida em duas grandes
fases: antes e depois da Lei n0 4.595, de 31-12-1964, dispondo sobre a política monetária
e as instituições financeiras.
A Lei n0 4.595/64, após 20 anos de debates parlamentares, introduziu as diretrizes
para a reestruturação, o disciplinamento e o posterior desenvolvimento do Sistema
Financeiro Nacional, prevalecendo a tese de especialização das instituições por autuação,
tanto na captação como na aplicação de recursos; isso possibilitou ganhos de escala e
redução dos custos operacionais para que se criasse oferta de empréstimos a menores
taxas.
A partir de 1967, a evolução do sistema foi caracterizada pela concentração das
instituições financeiras, por meio de fusões e incorporações bancárias e de incentivos à
capitalização das empresas. Durante esse processo, no qual os bancos foram
incentivados pelos ganhos de escala, menores custos e menores taxas de juros, o

3
sistema bancário adquiriu maior segurança e o governo pode implantar sua estratégia de
internacionalização.
As décadas de 1970 e 1980 são marcadas pela reserva de mercado, com proibição
de cartas-patentes (1970) e o sistema de pontos (1985).
No período iniciado na década de 1980 e que alcança os dias atuais, verificou-se a
intensificação do papel dos bancos privados como financiadores do setor público (União,
Estados, Municípios e empresas estatais), inclusive em razão da redução da demanda
por empréstimos pelos demais agentes econômicos.
Em 21-12-1987, o Conselho Monetário Nacional, por meio da Resolução n 0 1.524,
permitiu que os intermediários financeiros se transformassem em bancos múltiplos, que
englobassem atividades até então segmentadas por instituições financeiras. Tal fato
permitiu grande mudança na estrutura das agências bancárias, que passaram a oferecer
maior diversidade de produtos financeiros, desaparecendo, portanto, o organograma
baseado na especialização.
No início dos anos 90, havia um número elevado de instituições financeiras, que
beneficiavam-se do ganho propiciado pelas transferências inflacionárias, o chamado
floating, para viabilizar suas operações no âmbito do mercado financeiro. Essa situação
foi resultante dos vários anos de inflação e desequilíbrios macroeconômicos, que levaram
a constituição desse modelo de Sistema Financeiro.
Também nesse período os bancos obtinham lucros exorbitantes com a chamada
“ciranda financeira”. Contavam com grande número de agências para captação de
recursos, já que, quanto maior era a inflação do mês, mais os correntistas depositavam o
seu dinheiro em fundos de investimento para que a desvalorização diária não corroesse
seu dinheiro. Os bancos lucravam com a aplicação desse dinheiro em forma de
empréstimos, já que os juros recebidos eram maiores que aqueles pagos aos correntistas
por seus investimentos.
Com a estabilização macroeconômica, o sistema financeiro brasileiro teve que
passar por várias mudanças. A estabilização dos preços fez com que a perda do float, ou
seja, o ganho obtido por meio das transferências inflacionárias para viabilização das
operações no mercado financeiro, para os bancos tanto privados como públicos, tenha
sido da ordem de quase R$ 9 bilhões ao ano, mostrando que os bancos teriam de se
adequar a uma nova era.
O grande número de agências que cada banco possui também se torna inviável
economicamente, já que agora não importa mais a abrangência, que era a grande
preocupação na década de 70, e sim a qualidade dos serviços que o banco presta, assim
como a automação dos serviços para que o cliente vá com menor frequência ao banco,
propiciando uma redução nos custos em relação à folha de pagamento dos funcionários e
uma diminuição do número de agências bancárias.
Com o processo de estabilização da economia, ocorreram medidas de restrições
de crédito ao consumidor, como também a elevação em 90% dos depósitos compulsórios
sobre os depósitos a vista, diminuindo o volume de dinheiro na praça. Em consequência,
ocorreu o aumento da inadimplência e um desajuste na carteira de crédito dos bancos,
tornando-os vulneráveis. Alguns bancos foram forçados a obter um redesconto com o
Banco Central, pois não conseguiam cobrir os rombos diários com seus próprios recursos.
Casos como o do Banco Econômico e o do Banco Nacional deram início à fase mais
delicada do ajustamento do sistema financeiro brasileiro.
Com a possibilidade de esse quadro agravar-se, foi mais do que necessária a
intervenção do governo por meio de medidas voltadas a reestruturar e fortalecer o
sistema financeiro, que deram origem ao PROER (Programa de Estímulo à
Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional). Essas medidas
foram:

4
 estabelecimento de incentivos fiscais para a incorporação de instituições
financeiras;
 instituição do PROER;
 aprovação do estatuto e regulamento do Fundo de Garantia de Crédito;
 criação de dificuldades à constituição de novas instituições financeiras e incentivo
para os processos de fusão, incorporação e transferência de controle acionário.

Após a definição das linhas básicas do Proer, o Banco Central passou a adotar um
conjunto de medidas para melhorar a fiscalização e a regulamentação bancária,
facilitando sua ação em caráter preventivo, destacando-se:

 aumento do poder de intervenção do Bacen nas instituições financeiras e


instituições de responsabilidade penal dos controladores, mesmo que esses não
participassem diretamente da administração;
 instituição da responsabilidade das empresas de auditoria contábil ou dos auditores
contábeis independentes em casos de irregularidades nas instituições financeiras;
 alteração da legislação que trata da abertura de dependências dos bancos no
exterior e consolidação das demonstrações financeiras dos bancos do Brasil com
suas participações no exterior.

A partir da metade da década de 1990, os movimentos de fusões deixaram de ser


apenas uma consequência das liquidações do Banco Central para se tornar uma
verdadeira “corrida às compras”. É possível verificar que as três maiores instituições do
mercado bancário adquiriram outras, aumentando suas parcelas de mercado.
Nesse mesmo período começou também a entrada de estrangeiros nesse setor. Isso
foi possível pela liberação do Banco Central, que antes limitava a presença do capital
externo nesse segmento da economia de acordo com a Constituição de 1988. A entrada
ou aumento de participação estrangeira no Brasil no setor bancário só era possível em
três casos: se fossem consideradas de interesse nacional, por reciprocidade a outro país
ou em função de acordos internacionais.
A partir de agosto de 1995, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, enviou ao presidente
um estudo sugerindo que qualquer investidor estrangeiro pudesse participar ou aumentar
sua participação no capital de bancos instalados no Brasil, em processos analisados caso
a caso, defendendo a necessidade de capitalização, atualização tecnológica e aumento
de competitividade do sistema financeiro nacional. A partir daí, ficou definido que o Banco
Central controlaria as entradas e o direcionamento do capital estrangeiro.
Os primeiros bancos estrangeiros a entrar no país seguiram uma estratégia do Banco
Central, pela qual era oferecida a instituição uma lista de instituições nacionais a serem
liquidadas extrajudicialmente, sob intervenção ou em Regime de Administração Especial
Temporária. Pode-se observar que a participação estrangeira nos ativos dos 20 maiores
bancos privados nacionais apresentou um aumento de quase 50% só de 1997 para 1998.
A concentração acabou sendo uma consequência dessas transformações. Com o
aparecimento de novos e fortes conglomerados, nacionais e estrangeiros, os outros
bancos viram a necessidade de investir os ganhos para garantir a participação no
crescimento. Dessa maneira, os grupos tornam-se cada vez maiores, o que caracteriza a
concentração de capital, demonstrando parcelas variáveis de participações no mercado.
A evolução da concentração nas cinco maiores instituições do setor bancário brasileiro
por patrimônio líquido em US$ mil pode ser vista na tabela a seguir:

5
Ano Patrimônio Líquido
1994 6.517.465
1995 9.066.481
1996 9.335.435
1997 13.093.652
1998 13.143.471
Fonte: Revista Suma Econômica.

2.3 - Estrutura do Sistema Financeiro Nacional


O Banco Central do Brasil propõe, conforme tabela a seguir, uma subdivisão do
sistema financeiro nacional em três níveis: órgãos normativos; entidades supervisoras
e operadores.

Fonte: http://www.bcb.gov.br/?SFNCOM

6
Os órgãos normativos são os responsáveis pela definição das políticas e
diretrizes gerais do sistema financeiro, sem funções executivas. São entidades
governamentais colegiadas, criadas por lei, com atribuições específicas. Em geral,
apoiam-se em estruturas técnicas de apoio para a tomada das decisões, que são
regulamentadas e fiscalizadas pelas entidades supervisoras. Atualmente, no Brasil,
funcionam como órgãos normativos:

 Conselho Monetário Nacional (CMN) – órgão supervisor do sistema financeiro nacional;

 Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) – responsável pelas diretrizes dos


segmentos de seguros, capitalização e previdência complementar;

 Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) – para definição das políticas


dos fundos de previdência complementar fechada (fundos de pensão).

As entidades supervisoras assumem diversas funções executivas, como a


fiscalização das instituições sob sua responsabilidade, assim como funções normativas,
com o intuito de regulamentar dispositivos legais ou normas editadas pelos órgãos
normativos. As entidades supervisoras do Sistema Financeiro Nacional são:

 Banco Central do Brasil (BCB ou BACEN);

 Comissão de Valores Mobiliários (CVM);

 Superintendência de Seguros Privados (SUSEP);

 Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC).

Os operadores, por outro lado, incluem as demais instituições, públicas ou


privadas, envolvidas diretamente, ou como instituições auxiliares, nas atividades de
captação, intermediação e aplicação de recursos no sistema financeiro nacional. É
comum, didaticamente, subdividi-los em instituições financeiras monetárias, órgãos
oficiais, demais instituições financeiras, outros intermediários financeiros, instituições
auxiliares e instituições dos segmentos de seguro e previdência.
A seguir serão apresentadas as principais características das principais instituições
componentes do sistema financeiro nacional.

7
2.3.1) Órgãos Normativos

Os órgãos normativos determinam regras gerais para o bom funcionamento do


Sistema Financeiro Nacional.

a) Conselho Monetário Nacional (CMN)

 É o órgão deliberativo máximo do Sistema Financeiro Nacional. Foi criado pela Lei
4595/64, conhecida como a Lei da Reforma Bancária, em substituição à extinta
Superintendência da Moeda e do Crédito, em uma década em que o sistema financeiro
passou por profundas mudanças estruturais e regulamentares.

 Conforme a lei, o CMN foi criado com a finalidade de formular a política da moeda e do
crédito, objetivando o progresso econômico e social do País. A política do CMN terá como
principais objetivos:

 adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia;


 regular o valor interno e externo da moeda e o equilíbrio do balanço de
pagamentos;
 orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras;
 propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros;
 zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;
 coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e da dívida pública
interna e externa.

 Membros:  Ministro de Estado da Fazenda (presidente do Conselho)


 Ministro de Estado do Planejamento e Orçamento
 Presidente do Banco Central do Brasil

MINISTRO DA FAZENDA
(PRESIDENTE)

Comissão da Moeda e do Crédito Comissões Consultivas

MINISTRO DO PLANEJAMENTO E PRESIDENTE


ORÇAMENTO DO BACEN

Conselho Monetário Nacional

 Em conjunto com o CMN funciona a Comissão Técnica da Moeda e do Crédito


(Comoc), que tem como atribuições o assessoramento técnico na formulação da política
da moeda e do crédito do País. As matérias aprovadas são regulamentadas por meio de
Resoluções, normativos de caráter público, sempre divulgadas no Diário Oficial da União
e na página de normativos do Banco Central do Brasil. Também funcionam junto ao CMN
comissões consultivas representantes dos principais setores do mercado.

 O Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN) julga em segunda e


última instância administrativa, os recursos interpostos das decisões relativas as
penalidades administrativas aplicadas pelo BACEN, pela CVM e pela Secretaria de
Comércio Exterior (SECEX).
8
b) Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)

 O Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP é órgão responsável por fixar as


diretrizes e normas da política de seguros privados.

 É composto por representantes do Ministério da Fazenda (Presidente), do Ministério da


Justiça, do Ministério da Previdência e Assistência Social, da Superintendência de
Seguros Privados, do Banco Central do Brasil e da Comissão de Valores Mobiliários.

 Cabe à Secretaria de Política Econômica - SPE, nos termos do Decreto nº 9.003, de 13


de março de 2017, assessorar o representante do Ministério da Fazenda no Conselho
Nacional de Seguros Privados – CNSP, órgão regulador dos setores de seguros,
resseguros, previdência complementar aberta e capitalização.

c) Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC)

 Tem a função de regular o regime de previdência complementar operado pelas


entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão).

 O Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) é presidido pelo Ministro


da Previdência Social, e composto por representantes da Superintendência Nacional de
Previdência Complementar (Previc), da Casa Civil da Presidência da República, do
Ministério da Fazenda (MF), Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos
(MGI), das entidades fechadas de previdência complementar, dos patrocinadores e
instituidores de planos de benefícios das entidades fechadas de previdência
complementar e dos participantes e assistidos de planos de benefícios das referidas
entidades.

MERCADO DE SEGUROS CAPITALIZAÇÃO E PREVIDÊNCIA

CNSP CNPC

CRSNSP CRPC

SUSEP PREVIC

SEGUROS PREVIDÊNCIA
PREVIDÊNCIA ABERTA FECHADA
CAPITALIZAÇÃO (FUNDOS DE PENSÃO)

MINISTÉRIO DA FAZENDA MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA


SOCIAL

9
2.3.2) Entidades Supervisoras

As entidades supervisoras trabalham para que os cidadãos e os integrantes do


sistema financeiro sigam as regras definidas pelos órgãos normativos.

a) Banco Central do Brasil (BACEN)

 A Lei n0 4.595/64 transformou a SUMOC em autarquia federal, com sede e foro na


capital da República, sob a denominação de Banco Central da República do Brasil
(atualmente, Banco Central do Brasil) com personalidade jurídica e patrimônio próprio.

 O Banco Central (BC) é o guardião dos valores do Brasil. O BC é uma autarquia de


natureza especial, criado pela Lei nº 4.595/1964 e com autonomia estabelecida pela Lei
Complementar nº 179/2021.

Em fevereiro de 2021, a autonomia técnica, operacional, administrativa e financeira do BC, bem


como a investidura a termo de seus dirigentes e a estabilidade durante seus mandatos foram
estabelecidas pela Lei Complementar nº 179/2021

 Lei Complementar nº 179/2021: tem como missão garantir a estabilidade do poder de


compra da moeda, zelar por um sistema financeiro sólido, eficiente e competitivo, e
fomentar o bem-estar econômico da sociedade. A instituição é responsável por executar a
estratégia estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para manter a inflação
sob controle e atua como secretaria executiva desse órgão.

 “Xerife” do mercado financeiro: acompanha, baixa normas, fiscaliza, enfim, comanda as


ações que são desencadeadas pelo Sistema Financeiro.

 Múltiplas atividades (https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/institucional)

As tarefas a cargo do Banco Central são bastante diversas. Entenda no detalhe:


Manter a inflação sob controle, ao redor da meta, é
Inflação baixa e estável objetivo fundamental do BC.

A estabilidade dos preços preserva o valor do


dinheiro, mantendo o poder de compra da moeda.
Para alcançar esse objetivo, o BC utiliza a política
monetária, política que se refere às ações do BC que
visam afetar o custo do dinheiro (taxas de juros) e a
quantidade de dinheiro (condições de liquidez) na
economia.
Sistema financeiro seguro e eficiente Faz parte da missão do BC assegurar que o sistema
financeiro seja sólido (tenha capital suficiente para
arcar com seus compromissos) e eficiente.
Banco do governo O BC detém as contas mais importantes do governo e
é o depositório das reservas internacionais do país.
Banco dos bancos As instituições financeiras precisam manter contas no
BC. Essas contas são monitoradas para que as
transações financeiras aconteçam com fluidez e para
que as próprias contas não fechem o dia com saldo
negativo.
Emissor do dinheiro O BC gerencia o meio circulante, que nada mais é do
que garantir, para a população, o fornecimento
adequado de dinheiro em espécie.

10
 Principais funções:

 Assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda nacional e a solidez do


Sistema Financeiro Nacional;
 Executar a política monetária mediante utilização de títulos do Tesouro Nacional;
 Fixar a taxa de referência para as operações compromissadas de um dia,
conhecida como taxa SELIC;
 Controlar as operações de crédito das instituições que compõem o Sistema
Financeiro Nacional;
 Formular, executar e acompanhar a política cambial e de relações financeiras com
o exterior;
 Fiscalizar as instituições financeiras e as clearings (câmaras de compensação);
 Emitir papel-moeda (a partir da Constituição de 1988, a emissão de moeda ficou a
cargo exclusivo do BCB);
 Executar os serviços do meio circulante para atender à demanda de dinheiro
necessária às atividades econômicas;
 Manter o nível de preços (inflação) sob controle;
 Manter sob controle a expansão da moeda e do crédito e a taxa de juros;
 Operar no mercado aberto, de recolhimento compulsório e de redesconto;
 Executar o sistema de metas para a inflação;
 Divulgar as decisões do Conselho Monetário Nacional;
 Manter ativos de ouro e de moedas estrangeiras para atuação nos mercados de
câmbio;
 Administrar as reservas internacionais brasileiras;
 Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras nacionais;

 O presidente do BCB e os seus diretores são nomeados pelo Presidente da República


após a aprovação prévia do Senado Federal, que é feita por uma arguição pública e
posterior votação secreta.

 Sua sede é em Brasília e possui representações regionais em Belém, Belo Horizonte,


Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Elas estão
espalhadas por todas as regiões do país e auxiliam no fornecimento de dinheiro em
cédulas e moedas, estudam a conjuntura regional, fiscalizam instituições financeiras,
como bancos, e prestam atendimento direto aos cidadãos que não podem comparecer à
sede em Brasília.

Comitê de Política Monetária (Copom)


É o órgão decisório da política monetária do Banco Central do Brasil (BCB),
responsável por estabelecer a meta para a taxa básica de juros, que no Brasil é a taxa
Over-Selic, ou taxa Selic. Foi constituído em junho de 1996, e, com isso, tornou-se
possível estabelecer ritual adequado ao processo decisório de política monetária e
aprimorar sua transparência. No regime de metas para a inflação, implementado no Brasil
em 1999, os principais objetivos do Copom são: (i) estabelecer as diretrizes da política
monetária e (ii) definir a meta para a taxa básica de juros no Brasil e seu eventual viés.
Pautado nesses objetivos, o BCB busca, por meio de operações de mercado aberto,
manter a taxa Selic diária próxima à meta.

11
b) Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

 A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) foi criada em 07/12/1976 pela Lei 6.385/76,
com o objetivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores
mobiliários no Brasil.

 É uma entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da Fazenda,


com personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de autoridade administrativa
independente, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus
dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária.

 Objetivos:

 emissão e distribuição de valores mobiliários no mercado;


 negociação e intermediação no mercado de valores mobiliários;
 organização, funcionamento e operações das bolsas de valores;
 administração de carteiras e custódia de valores mobiliários;
 auditoria das companhias abertas; e
 serviços de consultor e analista de valores mobiliários.

 Atribuições:

 estimular a formação de poupança e sua aplicação em valores mobiliários;


 promover a expansão e o funcionamento eficiente e regular do mercado de
ações e estimular as aplicações permanentes em ações do capital social de companhias
abertas sob controle de capitais privados nacionais;
 assegurar o funcionamento eficiente e regular dos mercados da bolsa e do
balcão;
 proteger os titulares de valores mobiliários e os investidores do mercado contra:
- emissões irregulares de valores mobiliários;
- atos ilegais de administradores de carteira de valore mobiliários negociados
no mercado;
 evitar ou coibir modalidades de fraude e manipulação destinada a criar
condições artificiais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários negociados no
mercado;
 assegurar o acesso do público a informações sobre os valores mobiliários
negociados e as companhias que os tenham emitido;
 assegurar a observância de práticas comerciais equitativas no mercado de
valores mobiliários;
 assegurar a observância, no mercado, das condições de utilização de crédito
fixadas pelo CMN.

 O fortalecimento do mercado de ações é o objetivo final da CVM.

c) Superintendência de Seguros Privados (SUSEP)

 Órgão responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência


privada aberta, capitalização e resseguro.

 Autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda foi criada pelo Decreto-lei n0 73, de 21 de


novembro de 1966.
12
d) Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC)

 A PREVIC é uma autarquia de natureza especial, dotada de autonomia administrativa e


financeira e patrimônio próprio, vinculada ao Ministério da Previdência Social, responsável
por fiscalizar as atividades das entidades fechadas de previdência complementar (fundos
de pensão).

 A PREVIC atua como entidade de fiscalização e de supervisão das atividades das


entidades fechadas de previdência complementar e de execução das políticas para o
regime de previdência complementar operado pelas entidades fechadas de previdência
complementar, observando, inclusive, as diretrizes estabelecidas pelo Conselho
Monetário Nacional e pelo Conselho Nacional de Previdência Complementar.

2.3.3 – Operadores

Os operadores são as instituições que lidam diretamente com o público, no papel


de intermediário financeiro.

Instituições Financeiras Banco do Brasil


de Natureza Especial Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
Caixa Econômica federal
Instituições Financeiras Bancos Múltiplos com Carteira Comercial
Captadoras de Depósitos Bancos Comerciais
à Vistas Caixas Econômicas
Cooperativas de Crédito
Agências de Fomento
Associações de Poupança e Empréstimo
Bancos Múltiplos sem Carteira Comercial
Demais Instituições Banco de Câmbio
Financeiras Bancos de Desenvolvimento
Bancos de Investimento
Companhias Hipotecárias
Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento
Sociedades de Crédito Imobiliário
Sociedades de Crédito ao Microempreendedor
Administradoras de Consórcios
Bolsas de Mercadorias e de Futuros
Outros intermediários ou Bolsas de Valores
auxiliares financeiros Sociedades Corretoras de Câmbio
Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários
Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários
Sociedades de Arrendamento Mercantil
Representações de Instituições Financeiras Estrangeiras
Entidades
Administradoras de Fundos Mútuos
Recursos de Terceiros Clubes de Investimento

Entidades Ligadas aos Entidades Fechadas de Previdência Privada


Sistemas de Previdência Entidades Abertas de Previdência Privada
e Seguros Sociedades Seguradoras
Sociedades de Capitalização
Sociedades Administradoras de Seguro-Saúde
Sistemas de Liquidação e Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC
Custódia Central de Custódia de Liquidação Financeira de Títulos - CETIP
Caixas de Liquidação e Custódia
Fintechs Sociedade de Crédito Direto (SCD)
Sociedade de Empréstimo entre pessoas (SEP)

13
Instituições Financeiras de Natureza Especial

Instituições
Financeiras de
Natureza Especial

Banco Nacional de
Banco do Brasil Desenvolvimento Caixa Econômica
Econômico Social Federal

a) Banco do Brasil

 O Banco do Brasil é o mais antigo banco comercial do Brasil e foi criado em 12 de


outubro de 1808 pelo príncipe regente D. João.

 É uma sociedade de economia mista de capitais públicos e privados. É também uma


empresa aberta que possui ações cotadas na Bolsa de Valores Brasil, Bolsa Balcão [B]3.

 O Banco do Brasil opera como agente financeiro do Governo Federal e é o principal


executor das políticas de crédito rural e industrial.

 A cada dia mais tem se ajustado a um perfil de banco múltiplo tradicional.

b) Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

 Fundado em 1952 o BNDES é uma empresa pública federal vinculada ao Ministério do


Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, sendo o principal instrumento do
Governo Federal, único acionista, para financiamento de longo prazo e investimento nos
diversos segmentos da economia brasileira.

 Por ser uma empresa pública e não um banco comercial, o BNDES avalia a concessão
do apoio com foco no impacto socioambiental e econômico no Brasil. Incentivar a
inovação, o desenvolvimento regional e o desenvolvimento socioambiental são
prioridades para a instituição.

 Com o objetivo de fortalecer a estrutura de capital das empresas privadas e


desenvolvimento do mercado de capitais, o BNDES conta com linhas de apoio para
financiamentos de longo prazo a custos competitivos, para o desenvolvimento de projetos
de investimentos e para a comercialização de máquinas e equipamentos novos,
fabricados no país, bem como para o incremento das exportações brasileiras.

 Os financiamentos são feitos com recursos próprios, empréstimos e doações de


entidades nacionais e estrangeiras e de organismos internacionais, como o BID. Também
recebe recursos do PIS e PASEP.

 Conta com duas subsidiárias integrais, a FINAME (Agência Especial de Financiamento


Industrial) e a BNDESPAR (BNDES Participações), criadas com o objetivo,
respectivamente, de financiar a comercialização de máquinas e equipamentos; e de
possibilitar a subscrição de valores mobiliários no mercado de capitais brasileiro. As três
empresas, juntas, compreendem o chamado “Sistema BNDES”.
14
c) Caixa Econômica Federal

 Criada em 12 de janeiro de 1861 por Dom Pedro II com o propósito de incentivar a


poupança e de conceder empréstimos sob penhor, a Caixa é uma empresa pública
vinculada ao Ministério da Economia.

 É a instituição financeira responsável pela operacionalização das políticas do Governo


Federal para habitação popular e saneamento básico.

 Além das atividades comuns de um banco comercial, a CEF também atende aos
trabalhadores formais, por meio do pagamento do FGTS, PIS e seguro-desemprego, e
aos beneficiários de programas sociais e apostadores das loterias.

 As ações da Caixa priorizam setores como habitação, saneamento básico, infraestrutura


e prestação de serviços.

Instituições Financeiras Monetárias


(captadoras de depósitos à vista)

As instituições financeiras monetárias, ou bancárias, são aquelas autorizadas a


captar depósitos à vista do público. Atualmente, apenas os Bancos Comerciais, a Caixa
Econômica Federal, as Cooperativas de Crédito e os Bancos Múltiplos com carteira
comercial possuem essa autorização.

Instituições
Financeiras
Bancárias

Bancos Bancos
Caixas Comerciais/ Cooperativas Múltiplos (com
Econômicas Bancos de Crédito Carteira
Comerciais Comercial)
Cooperativos

a) Caixa Econômica Federal

 Vide item 2.3.3 letra C

15
b) Bancos Comerciais

 Os Bancos Comerciais são as instituições financeiras mais tradicionais, que operam


uma rede de agências, captam depósitos à vista, de livre movimentação, depósitos a
prazo e disponibilizam recursos para financiar, a curto e médio prazo, as pessoas físicas e
as empresas.

 Podem ser instituições públicas ou privadas. Devem ser constituídos sob a forma de
sociedade anônima (sociedade por ações) e na sua denominação social deve constar a
expressão “Banco” (Resolução CMN 2099, de 1994).

c) Cooperativas de Crédito

 As sociedades cooperativas são uma forma societária, conforme previsto na Lei


5764/71, em que as pessoas que dela participam comprometem-se a contribuir com bens
ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem
objetivo de lucro.

 As cooperativas de crédito, portanto, exploram serviços financeiros a elas permitidos.


Dividem-se em: singulares, que prestam serviços financeiros de captação e de crédito
apenas aos respectivos associados, podendo receber repasses de outras instituições
financeiras e realizar aplicações no mercado financeiro; centrais de cooperativas ou
federações de cooperativas, que prestam serviços às singulares filiadas, e são também
responsáveis auxiliares por sua supervisão; e confederações de cooperativas centrais,
que prestam serviços a centrais e suas filiadas.

 As cooperativas de crédito equiparam-se a uma instituição financeira e, portanto estão


sujeitas à legislação e às normas gerais aplicáveis ao sistema financeiro, como também à
Lei Complementar nº 130, de 17 de abril de 2009, que instituiu o Sistema Nacional de
Crédito Cooperativo, à Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que instituiu o regime
jurídico das sociedades cooperativas, e à Resolução nº 3.859, de 27 de maio de 2010,
que disciplina sua constituição e funcionamento.

c) Bancos Múltiplos com carteira comercial

 Os bancos múltiplos são instituições financeiras autorizadas a se constituir com no


mínimo duas dentre as carteiras comercial, de investimento ou desenvolvimento, de
crédito imobiliário, de crédito financiamento e investimento e de arrendamento mercantil,
sendo que uma delas deve ser obrigatoriamente comercial ou de investimento.

 As atividades realizadas pelos bancos múltiplos estão sujeitas às mesmas normas


legais e regulamentares aplicáveis às instituições singulares correspondentes às suas
carteiras, inclusive no que diz respeito às operações ativas, passivas e acessórias.

 Somente bancos públicos podem operar a carteira de desenvolvimento. É vedado ao


banco múltiplo emitir debêntures. Salvo os casos previstos em legislação e
regulamentação específicas, não há vinculação entre as fontes de recursos captados e as
aplicações do banco múltiplo.

 Os bancos múltiplos com carteira comercial podem captar depósitos à vista.

16
Demais Instituições Financeiras

Incluem as instituições financeiras não autorizadas a receber depósitos à vista.


Desenvolvem as operações típicas de um intermediário financeiro, como captação de
recursos e empréstimo, além da prestação de serviços financeiros. Dividem-se em
categorias, a depender do foco principal de atuação, das formas permitidas de captação e
aplicação dos recursos e da composição e controle societário. Entre elas, podemos citar:

 Agências de Fomento
 Bancos de Câmbio
 Bancos de Desenvolvimento
 Bancos de Investimento
Exemplos de Demais  Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento
Instituições Financeiras  Sociedades de Crédito ao Microempreendedor e à Empresa
de Pequeno Porte
 Companhias Hipotecárias
 Associação de Poupança e Empréstimo Ramo Imobiliário
 Sociedade de Crédito Imobiliário

a) Agências de Fomento

 As agências de fomento têm como objeto social a concessão de financiamento de


capital fixo e de giro associado a projetos na Unidade da Federação onde tenham sede.
Devem ser constituídas sob a forma de sociedade anônima de capital fechado e estar sob
o controle de Unidade da Federação, sendo que cada Unidade só pode constituir uma
agência.

 Tais entidades têm status de instituição financeira, mas não podem captar recursos
junto ao público, recorrer ao redesconto, ter conta de reserva no Banco Central, contratar
depósitos interfinanceiros na qualidade de depositante ou de depositária e nem ter
participação societária em outras instituições financeiras.

 De sua denominação social deve constar a expressão "Agência de Fomento" acrescida


da indicação da Unidade da Federação Controladora. É vedada a sua transformação em
qualquer outro tipo de instituição integrante do Sistema Financeiro Nacional.

 As agências de fomento devem constituir e manter, permanentemente, fundo de liquidez


equivalente, no mínimo, a 10% do valor de suas obrigações, a ser integralmente aplicado
em títulos públicos federais. (Resolução CMN 2.828, de 2001).

b) Bancos de Câmbio

 Os bancos de câmbio são instituições financeiras autorizadas a realizar, sem restrições,


operações de câmbio e operações de crédito vinculadas às de câmbio, como
financiamentos à exportação e importação e adiantamentos sobre contratos de câmbio, e
ainda a receber depósitos em contas sem remuneração, não movimentáveis por cheque
ou por meio eletrônico pelo titular, cujos recursos sejam destinados à realização das
operações acima citadas. Na denominação dessas instituições deve constar a expressão
"Banco de Câmbio" (Res. CMN 3.426, de 2006).

17
c) Bancos de Desenvolvimento

 Os bancos de desenvolvimento são instituições financeiras públicas não federais,


constituídas sob a forma de sociedade por ações, com sede na capital do Estado da
Federação que detiver seu controle acionário.

 Em sua denominação deve constar obrigatoriamente a expressão “Banco de


Desenvolvimento”, seguida do nome do Estado em que tenham sede.

 Os Bancos de Desenvolvimento têm como objetivo proporcionar os recursos


necessários ao financiamento, a médio e longo prazo, de programas e projetos que visem
a promover o desenvolvimento econômico e social dos respectivos Estados da Federação
onde tenham sede.
 As principais operações ativas são empréstimos e financiamentos, investimentos e
arrendamento mercantil, direcionados prioritariamente ao setor privado.

 Podem captar recursos de terceiros provenientes de depósitos a prazo, empréstimos


externos, emissão ou endosso de cédulas hipotecárias, emissão de cédulas pignoratícias
de debêntures e de Títulos de Desenvolvimento Econômico.

 No Brasil hoje temos: Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S/A (BDMG) com
sede em Belo Horizonte-MG, Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo S/A com sede
em Vitória-ES, Banco de Desenvolvimento Regional do Extremo Sul com sede em Porto
Alegre e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES com sede no
Rio de Janeiro.

d) Bancos de Investimento (BI)

 São instituições financeiras privadas especializadas em operações de participação


societária de caráter temporário, de financiamento da atividade produtiva para suprimento
de capital fixo e de giro e de administração de recursos de terceiros.

 Devem ser constituídos sob a forma de sociedade anônima e adotar, obrigatoriamente,


em sua denominação social, a expressão "Banco de Investimento".

 Não possuem contas correntes e captam recursos via:


- depósitos a prazo (CDB e RDB);
- repasses de recursos externos/internos;
- venda de cotas de fundos de investimento por eles administrados.

 As principais operações ativas são financiamento de capital de giro e capital fixo,


subscrição ou aquisição de títulos e valores mobiliários, depósitos interfinanceiros e
repasses de empréstimos externos (Resolução CMN 2.624, de 1999).

 Exemplos de atuação: reestruturação de empresas, fusões, aquisições, abertura de


capital na bolsa de valores e outros.

18
e) Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento (“Financeiras”)

São instituições privadas, constituídas na forma de sociedades anônimas, que têm por
objetivo o financiamento ao consumo (crédito direto ao consumidor e financiamento de
vendas).

 Além de recursos próprios gerados em suas operações, a principal fonte de recursos


dessas instituições consiste no aceite e na colocação de letras de câmbio no mercado
(emitidas pelos mutuários, e recebem, através de aceite, a co-obrigação da "Financeira".
Os recursos captados são transferidos aos mutuários que pode ser um consumidor ou
empresa comercial).

f) Sociedades de Crédito ao Microempreendedor e à Empresa de Pequeno Porte

 São instituições que têm como objeto social a concessão de financiamentos a pessoas
físicas, a microempresas e a empresas de pequeno porte, com vistas à viabilização de
empreendimentos de natureza profissional, comercial ou industrial.

 Foram criadas pela Lei 10.194, de 14 de fevereiro de 2001.

 São impedidas de captar, sob qualquer forma, recursos junto ao público, bem como
emitir títulos e valores mobiliários destinados à colocação e oferta públicas.

 Devem ser constituídas sob a forma de companhia fechada ou de sociedade por quotas
de responsabilidade limitada e devem adotar em sua denominação social a expressão
“Sociedade de Crédito ao Microempreendedor e à Empresa de Pequeno Porte”, vedado o
emprego da palavra “banco” (Resolução CMN 2.874, de 2001).

g) Sociedade de Crédito Imobiliário

 É um tipo de instituição financeira especializada no financiamento habitacional,


integrante do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Constituída na forma de sociedade
anônima é supervisionada pelo Banco Central. Deve constar de sua denominação social a
expressão crédito imobiliário.

19
 O foco da SCI consiste no financiamento para construção de habitações, na abertura de
crédito para compra ou construção de casa própria e no financiamento de capital de giro a
empresas incorporadoras, produtoras e distribuidoras de material de construção.
Atualmente, em decorrência da sua condição de repassadora, as SCIs têm atuado de
forma mais limitada, voltando-se para operações específicas, como o programa “Minha
Casa, Minha Vida”.

 Ao longo dos anos 80, diante da necessidade de se criar mecanismos para que essas
instituições pudessem obter melhores condições de permanência no Sistema Financeiro
de Habitação (SFH), o Conselho Monetário Nacional possibilitou a transformação de SCI
em instituições repassadoras de recursos do SFH, mediante a assunção do compromisso
de abster-se de captar recursos do público, bem como de transferência de suas
captações de depósitos de poupança para outras instituições do Sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimo.

h) Companhias Hipotecárias

 Companhia hipotecária (CH) tem por objetivo a concessão de financiamentos


imobiliários residenciais ou comerciais, empréstimos garantidos por hipotecas ou
alienação fiduciária de imóveis e repasses de recursos relacionados a programas
imobiliários, além da administração de fundos de investimento imobiliário.

 Foi criada pela Resolução 2.122, de 30 de novembro de 1994, para fomentar o


financiamento imobiliário além dos limites do Sistema Financeiro de Habitação (SFH).
Com a publicação da Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009, que instituiu o Programa Minha
Casa, Minha Vida, a Companhia Hipotecária passou a fazer parte do SFH.

 A CH não recebe depósitos de poupança. Seus recursos provêm, entre outros, de letras
hipotecárias, debêntures, empréstimos, financiamentos no País e no Exterior e letras de
crédito imobiliário (LCI).

 Considerada instituição financeira, a CH é autorizada e supervisionada pelo Banco


Central e regulada não só por esta autarquia, como também pelo Conselho Monetário
Nacional. Deve ser constituída sob a forma de sociedade anônima e a expressão
“Companhia Hipotecária” deve constar de sua denominação social.

i) Associações de Poupança e Empréstimo (APE)

 É uma instituição criada para facilitar aos associados a aquisição da casa própria e
captar, incentivar e disseminar a poupança. Os depositantes tornam-se associados da
instituição.

 Os associados podem participar da APE de duas formas básicas: ao adquirir


financiamento imobiliário ou ao depositar seu dinheiro para formar poupança.

 Suas operações ativas são, basicamente, direcionadas ao mercado imobiliário, inclusive


ao Sistema Financeiro de Habitação – SFH. Já as operações passivas, além dos
depósitos de poupança, são constituídas de: letras hipotecárias; repasses e
refinanciamentos contraídos no País; empréstimos e financiamentos contraídos no
exterior; letras de crédito imobiliário, letra financeira e depósitos interfinanceiros.

20
Outros Intermediários Financeiros

São também intermediários do Sistema Financeiro Nacional.

 Administradoras de Consórcios
 Sociedades de Arrendamento Mercantil
Exemplos de Outros  Sociedades Corretoras de Câmbio
Intermediários Financeiros e  Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários
Administradores de Recursos de  Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários
Terceiros  Instituições Auxiliares
 Fundos Mútuos de Investimento
 Clubes de Investimento

a) Administradoras de Consórcios

 As administradoras de consórcio são pessoas jurídicas prestadoras de serviços relativos


à formação, organização e administração de grupos de consórcio.

 O grupo de consórcio é uma sociedade não personificada, que tem como objetivo a
captação de poupança, em um sistema de autofinanciamento, que permite aos
consorciados a aquisição de bens e serviços.

b) Sociedade de Arrendamento Mercantil (“Leasing”)

 Tem sua origem no reconhecimento de que o lucro de uma atividade produtiva poderia
advir da simples utilização do equipamento e não de sua propriedade.

 A operação de leasing se assemelha a uma locação, tendo o cliente, ao final do


contrato, as opções de renová-la, de adquirir o equipamento pelo valor residual fixado em
contrato ou de devolvê-lo à empresa.

 Captação de recursos: principalmente por meio de emissões de debêntures e


empréstimos no país e exterior.
 Os principais tipos de leasing são:

- leasing operacional: assemelha-se a um aluguel, e é efetuado geralmente pelas


próprias empresas fabricantes dos bens;

- leasing financeiro: é realizado por algumas instituições financeiras, como bancos


múltiplos e Sociedades de Arrendamento Mercantil. A arrendadora adquire o bem
selecionado de um fornecedor e o entrega para uso da arrendatária. Ao final do prazo
pactuado, a arrendatária poderá ou não exercer seu direito de comprar o bem por um
valor residual garantido estabelecido previamente;

- lease-back: ocorre quando uma empresa vende determinado bem de sua propriedade
e o aluga imediatamente, sem perder sua posse. Essa modalidade é demandada
principalmente por empresas que necessitam de reforço de capital de giro.

21
c) Sociedades Corretoras de Câmbio

 As sociedades corretoras de câmbio são constituídas sob a forma de sociedade


anônima ou por quotas de responsabilidade limitada, devendo constar na sua
denominação social a expressão "Corretora de Câmbio". Têm por objeto social exclusivo
a intermediação em operações de câmbio e a prática de operações no mercado de
câmbio de taxas flutuantes. São supervisionadas pelo Banco Central do Brasil (Resolução
CMN 1.770, de 1990).

d) Sociedades Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários

 As corretoras de títulos e valores mobiliários (CTVM) e as distribuidoras de títulos e


valores mobiliários (DTVM) atuam nos mercados financeiro e de capitais e no mercado
cambial intermediando a negociação de títulos e valores mobiliários entre investidores e
tomadores de recursos.

 As corretoras e distribuidoras, na atividade de intermediação, oferecem serviços como


plataformas de investimento pela internet (home broker), consultoria financeira, clubes de
investimentos, financiamento para compra de ações (conta margem) e administração e
custódia de títulos e valores mobiliários dos clientes. Na remuneração pelos serviços,
essas instituições podem cobrar comissões e taxas.

 As corretoras e as distribuidoras devem ser constituídas sob a forma de sociedade


anônima ou por quotas de responsabilidade limitada. São supervisionadas tanto pelo
Banco Central quanto pela Comissão de Valores Mobiliários.

Diferença entre corretoras e distribuidoras


Com a Decisão Conjunta 17/2009, que autorizou as distribuidoras a
operar diretamente nos ambientes e sistemas de negociação dos mercados
organizados de bolsa de valores, eliminou-se a principal diferença entre as
corretoras e as distribuidoras de títulos e valores mobiliários, que hoje pode
realizar praticamente as mesmas operações.

 Principais atividades das corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários:

- compra e venda de títulos e valores mobiliários por conta própria e de terceiros;

- operar em bolsas de mercadorias e futuros por conta própria e de terceiros;

- intermediar a oferta pública e distribuição de títulos e valores mobiliários no mercado;

- operar em bolsas de valores;

- administrar carteiras e custodiar títulos e valores mobiliários;

- subscrever emissões de títulos e valores mobiliários;

- exercer funções de agende fiduciário;

- instituir, organizar e administrar fundos e clubes de investimentos;

22
- intermediar operações de compra e venda de moeda estrangeira, além de outras
operações no mercado de câmbio;

- praticar operações de compra e venda de metais preciosos, no mercado físico, por conta
própria e de terceiros;

- realizar operações compromissadas;

- praticar operações de conta margem;

- prestar serviços de intermediação e de assessoria ou assistência técnica, em operações


e atividades nos mercados financeiro e de capitais.

e) Instituições Auxiliares

 Também compõem o Sistema Financeiro Nacional, como operadores auxiliares, as


entidades administradoras de mercados organizados de valores mobiliários, como Bolsas
de Valores, Mercadorias e Futuros, de Balcão Organizado.

f) Fundos Mútuos de Investimentos

 São constituídos sob a forma de condomínio aberto e representam a reunião de


recursos de poupança, destinados à aplicação em carteira diversificada de títulos e
valores mobiliários, com o objetivo de proporcionar aos seus condôminos valorização de
cotas, a um custo global mais baixo, ao mesmo tempo que tais recursos se constituem em
fonte de recursos para investimento em capital permanente das empresas.

g) Clubes de Investimento

 Difere-se dos fundos mútuos pelo limite de participantes – máximo de 150.

Instituições do Segmento de seguros, capitalização e previdência

Além das entidades já relacionadas, também integram o SFN as sociedades


seguradoras, as sociedades de capitalização, as entidades abertas de previdência
complementar e os fundos de pensão.

a) Sociedades Seguradoras

 Constituídas como sociedades anônimas, são empresas administradoras de riscos, com


obrigação de pagar indenizações se ocorrerem perdas e danos nos bens segurados.
Operam os seguintes ramos básicos:

 ramos elementares: garantem perdas e danos provenientes de incêndios,


transportes, acidentes pessoais e eventos que possam afetar pessoas e bens,
responsabilidades, obrigações, garantias e direitos.

 ramo vida: garantem benefícios ou rendas tendo em vista a duração da vida


humana.

 ramo saúde: garantem assistência médica em caso de doenças.


23
 Suas atividades são reguladas e controladas pelo Conselho Nacional de Seguros
Privados, e a execução de suas funções é fiscalizada pela Superintendência de Seguros
Privados (SUSEP). Sujeitam-se a normas emanadas do CMN.

 Estão consideradas no sistema financeiro nacional por terem a obrigação de aplicar


parte se suas reservas técnicas no mercado de capitais.

b) Sociedades de capitalização

 São entidades, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, que negociam


contratos (títulos de capitalização) que têm por objeto o depósito periódico de prestações
pecuniárias pelo contratante, o qual terá, depois de cumprido o prazo contratado, o direito
de resgatar parte dos valores depositados corrigidos por uma taxa de juros estabelecida
contratualmente; conferindo, ainda, quando previsto, o direito de concorrer a sorteios de
prêmios em dinheiro.

c) Entidades abertas de previdência complementar

 São entidades constituídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas e têm por
objetivo instituir e operar planos de benefícios de caráter previdenciário concedidos em
forma de renda continuada ou pagamento único, acessíveis a quaisquer pessoas físicas.
São regidas pelo Decreto-Lei 73, de 21 de novembro de 1966, e pela Lei Complementar
109, de 29 de maio de 2001. As funções do órgão regulador e do órgão fiscalizador são
exercidas pelo Ministério da Fazenda, por intermédio do Conselho Nacional de Seguros
Privados (CNSP) e da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).

d) Entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão)

 São organizadas sob a forma de fundação ou sociedade civil, sem fins lucrativos e são
acessíveis, exclusivamente, aos empregados de uma empresa ou grupo de empresas ou
aos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, entes
denominados patrocinadores ou aos associados ou membros de pessoas jurídicas de
caráter profissional, classista ou setorial, denominadas instituidores. As entidades de
previdência fechada devem seguir as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetário
Nacional, por meio da Resolução 3.121, de 25 de setembro de 2003, no que tange à
aplicação dos recursos dos planos de benefícios. Também são regidas pela Lei
Complementar 109, de 29 de maio de 2001.

24
PREVIC – Superintendência Nacional de Previdência Complementar
Informe Estatístico Trimestral Setembro 2023

25
Sistema de Liquidação e Custódia

a) Caixas de Liquidação (clearing)

 Atuam nos pregões e têm por função básica registrar, liquidar e compensar as várias
operações processadas no âmbito das bolsas de valores.

 Também recebem e guardam valores dados como margem de garantia nas operações
feitas no pregão, emitem certificados, realizam os desdobramentos e conversões e fazem
as transferências de títulos negociados.

 Podem estabelecer-se juridicamente como empresas controladas das bolsas de valores


ou, se autorizado pelas sociedades corretoras membros das bolsas, de forma
independente.

b) Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC

 O Selic é o depositário central dos títulos emitidos pelo Tesouro Nacional e pelo Banco
Central do Brasil e nessa condição processa, relativamente a esses títulos, a emissão, o
resgate, o pagamento dos juros e a custódia. Todos os títulos são escriturais, isto é,
emitidos exclusivamente na forma eletrônica.

c) Cetip S.A. Balcão Organizado de Ativos e Derivativos

 A CETIP é a maior depositária de títulos privados de renda fixa e derivativos de toda


América Latina. É nela que as instituições participantes fazem o registro, custódia,
negociação e liquidação de títulos e valores mobiliários, além de fazer o processamento
de TEDs, liquidação de DOCs e liquidação de boletos bancários. Por isso ela é chamada
de integradora do mercado financeiro. Lembrando que os serviços que a CETIP oferece
não incluem os títulos públicos federais (Tesouro Direto), que são de responsabilidade do
SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia).

 Criada por demanda do próprio mercado financeiro, por meio da constituição de uma
entidade sem fins lucrativos envolvendo participantes do mercado de renda fixa privada
com o apoio do Banco Central, a CETIP foi instituída em 1984, começando a operar em
1986.

 A desmutualização da CETIP Associação foi aprovada em maio de 2008 tornando-se


efetiva em 1º de julho de 2008. Com isso, a companhia deixou de ser uma instituição sem
fins lucrativos para se tornar uma sociedade por ações com fins lucrativos. Após a
desmutualização e reorganização, a CETIP abriu capital em outubro de 2009.

 Em março de 2017, foi aprovada a combinação dos negócios da BM&FBOVESPA e da


CETIP pelos órgãos regulatórios competentes: Banco Central, Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) e Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A fusão das
duas empresas resultou no nascimento da B3 (Brasil, Bolsa e Balcão).

26
Desmutualização
É um processo no qual as bolsas estão deixando de ser clubes de membros sem
fins lucrativos, passando a ser sociedades de capital fechado ou aberto, podendo ter
ações negociadas na própria bolsa e, tendo fins lucrativos. A questão central da
desmutualização concentra-se na estrutura proprietária da bolsa. A função primária deste
processo consiste em transformar a estrutura mutualista (uma associação de membros
organizados de maneira cooperativa) em uma companhia com capital acionário aberto,
favorecendo assim a entrada de participantes do mercado no capital da bolsa que não
são os intermediários e antigos membros.

Instituições Prestadoras de Serviços Financeiros não regulamentados

Não são instituições financeiras, apesar de desenvolverem atividades tipicamente


financeiras:

a) Factoring (Fomento Comercial)

 Atividade de prestação de serviços ligada à compra de direitos creditórios, originados de


um contrato de venda mercantil, desenvolvido por uma empresa comercial.

 É uma atividade essencialmente mercantil, em que o pré-requisito é o registro na junta


comercial, NÃO sendo fiscalizada pela CVM ou BACEN.

 A operação consiste basicamente em um sacador (pessoa que vende seus ativos) e


uma casa compradora (factor), que fornecerá o dinheiro ao sacador mediante deságio
sobre o valor de face desse ativo (normalmente uma duplicata).

 As empresas passam a ter mais capital de giro, já que as instituições que operam
factoring adiantam os valores das duplicatas.

 É um sistema adotado sobretudo como um serviço a pequenas e médias empresas (que


normalmente encontram dificuldades de obter recursos junto aos bancos).

 Tipos de serviços oferecidos pelas Factorings:

- Transação com duplicatas: envolve a compra de duplicatas a vencer e cheques


pré-datados;

- Maturity: consiste na assunção de todo e qualquer crédito do sacador pela


factoring, assumindo com isto, todos os riscos;

- Over-Advanced: adiantamento pela factoring para o sacador comprar mercadorias


e insumos;

- Trustee: a factoring assume a administração financeira e o gerenciamento das


atividades produtivas do sacador, ou seja, ela é uma prestadora de serviços de
administração financeira.

27
BANCO FACTORING

É instituição financeira Não é instituição financeira

Capta recursos e empresta dinheiro Capta recursos através de emissões de


Faz intermediação debêntures e commercial papers e
empréstimos junto aos bancos

Empresta dinheiro Compra direitos creditórios

Cobra juros Compra à vista, mediante deságio

Desconta títulos e faz intermediação Não desconta. Compra títulos de crédito e


direitos

O devedor é seu cliente Seu devedor é a empresa sacada

Impostos: IOF e IR Impostos: ISS, IOF, IR

b) Sociedades Administradoras de Cartões de Crédito

 Não são instituições financeiras e não estão legalmente subordinadas a qualquer órgão
público. No entanto, quando a emissão desses cartões é exercida por instituições
financeiras, a atividade está sujeita à ação normativa e fiscalizadora do BACEN.

 Deve-se levar em conta a advertência do BACEN de que devem ser consultadas a


Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça, ou as suas representações nos
estado (PROCON ou DECON).

Fintechs
(https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/fintechs)

Fintechs são empresas que introduzem inovações nos mercados financeiros por
meio do uso intenso de tecnologia, com potencial para criar novos modelos de negócios.
Atuam por meio de plataformas online e oferecem serviços digitais inovadores
relacionados ao setor.
No Brasil, há várias categorias de fintechs: de crédito, de pagamento, gestão
financeira, empréstimo, investimento, financiamento, seguro, negociação de dívidas,
câmbio, e multisserviços.
Podem ser autorizadas a funcionar no país dois tipos de fintechs de crédito –
para intermediação entre credores e devedores por meio de negociações realizadas em
meio eletrônico: a Sociedade de Crédito Direto (SDC) e a Sociedade de Empréstimo
entre Pessoas (SEP), cujas operações constarão do Sistema de Informações de Créditos
(SCR).
28
 Sociedade de Crédito Direto (SCD)

O modelo de negócio da SCD caracteriza-se pela realização de operações de


crédito, por meio de plataforma eletrônica, com recursos próprios. Ou seja, esse tipo de
instituição não pode fazer captação de recursos do público.
Seus potenciais clientes devem ser selecionados com base em critérios
consistentes, verificáveis e transparentes, contemplando aspectos relevantes para
avaliação do risco de crédito, como situação econômico-financeira, grau de
endividamento, capacidade de geração de resultados ou de fluxos de caixa, pontualidade
e atrasos nos pagamentos, setor de atividade econômica e limite de crédito.
Além de realizar operações de crédito, as SCDs podem prestar os seguintes
serviços: análise de crédito para terceiros; cobrança de crédito de terceiros; distribuição
de seguro relacionado com as operações por ela concedidas por meio de plataforma
eletrônica e emissão de moeda eletrônica.

 Sociedade de Empréstimo entre pessoas (SEP)

A SEP realiza operações de crédito entre pessoas, conhecidas no mercado como


peer-to-peer lending. Nessas operações eletrônicas, a fintech se interpõe na relação entre
credor e devedor, realizando uma clássica operação de intermediação financeira, pelos
quais podem cobrar tarifas. Ao contrário da SCD, a SEP pode fazer captação de recursos
do público, desde que eles estejam inteira e exclusivamente vinculados à operação de
empréstimo.
Neste caso, a fintech atua apenas como intermediária dos contratos realizados
entre os credores e os tomadores de crédito. Os recursos são de terceiros que apenas
utilizam a infraestrutura proporcionada pela SEP para conectar credor e tomador. Nesse
tipo de operação, a exposição de um credor, por SEP, deve ser de no máximo R$ 15 mil.
Adicionalmente, a SEP pode prestar outros serviços como análise e cobrança de
crédito para clientes e terceiros, e emissão de moeda eletrônica.
Os potenciais destinatários dos empréstimos devem ser selecionados com base
em critérios como situação econômico-financeira, grau de endividamento, setor de
atividade econômica e pontualidade e atrasos nos pagamentos, entre outros.

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 Benefícios das fintechs

- Aumento da eficiência e concorrência no mercado de crédito;

- Rapidez e celeridade nas transações;

- Diminuição da burocracia no acesso ao crédito;

- Criação de condições para redução do custo do crédito;

- Inovação;

- Acesso ao Sistema Financeiro Nacional.

 Autorização

Para entrar em operação, as fintechs que quiserem operar como SCD ou SEP
devem solicitar autorização ao Banco Central.
Além de obter informações sobre os proprietários, o BC precisa: comprovar a
origem e da respectiva movimentação financeira dos recursos utilizados no
empreendimento pelos controladores e verificar se há compatibilidade da capacidade
econômico-financeira com o porte, a natureza e o objetivo do empreendimento.
No Brasil, as fintechs estão regulamentadas desde abril de 2018 pelo Conselho
Monetário Nacional (CMN) – Resoluções 4.656 e 4.657.

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2.3.6 – Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) (https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/spb)

Um sistema de pagamentos é um conjunto de regras e mecanismos utilizados para


transferir recursos e liquidar operações financeiras entre governos, empresas e agentes
econômicos.
O Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) compreende as entidades, os sistemas
e os procedimentos relacionados com o processamento e a liquidação de operações de
transferência de fundos, de operações com moeda estrangeira ou com ativos financeiros
e valores mobiliários, chamados, coletivamente, de entidades operadoras de
Infraestruturas do Mercado Financeiro (IMF). Além das IMF, os arranjos e as instituições
de pagamento também integram o SPB.
Zelar pelo funcionamento normal, seguro e eficiente do sistema de pagamentos é
função essencial de um banco central. Tal função tem como objetivo primordial garantir a
eficiência e a segurança no uso de instrumentos de pagamento por meio dos quais a
moeda é movimentada.
Como forma de atingir esses objetivos, o BC tem as competências de regulamentar
e exercer a vigilância e a supervisão sobre os sistemas de compensação e de liquidação,
os arranjos e as instituições de pagamento.
As IMF desempenham um papel fundamental para o sistema financeiro e para a
economia de uma forma geral. É importante que os mercados financeiros confiem na
qualidade e na continuidade dos serviços prestados pelas IMF. Seu funcionamento
adequado é essencial para a estabilidade financeira e condição necessária para
salvaguardar os canais de transmissão da política monetária. Assim, cumpre ao BC atuar
no sentido de promover sua solidez, seu normal funcionamento e seu contínuo
aperfeiçoamento.
No caso dos pagamentos de varejo, o BC direciona suas ações no sentido de
promover a interoperabilidade, a inovação, a solidez, a eficiência, a competição, o acesso
não discriminatório aos serviços e às infraestruturas, o atendimento às necessidades dos
usuários finais e a inclusão financeira.

https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/evolucaosfnmes/202306%20-%20Quadro%2001%20-
%20Quantitativo%20de%20institui%C3%A7%C3%B5es%20por%20segmento.pdf
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