Linguística Aplicada ao ensino de Língua
Portuguesa: a oralidade em sala de aula
Sendo assim, são nas aulas de Língua Portuguesa que os alunos, praticam a
norma padrão culta da língua e adquirem, progressivamente, competências em
relação à linguagemque lhes dêem condições de resolver problemas de sua
vida cotidiana, ter acesso a cultura e participarem plenamente do mundo
letrado.A escola faz parte da vida do aluno e é nela que ele vivencia uma das
partes maisimportantes de sua história de vida. Então, ela precisa ser um lugar
onde esse sujeito sintavontade de estar nela. A sala de aula tem que ser um
espaço onde o aprendizado seja prazeroso e faça toda a diferença na vida do
educando. Para tanto, é necessário que o professor esteja constantemente
buscando metodologias para que esse momento deaprendizagem desperte no
aluno o interesse em aprender, sem que o ensino seja cansativo
edesestimulante.O ensino da Língua Portuguesa, por conter muitas regras e
prescrições, pode por si sócausar o desinteresse e falta de estímulo à
aprendizagem. Portanto, cabe ao professor trazer para dentro da sala de aula
recursos didáticos diferenciados para ensinar os conteúdos programáticos com
estratégias didático-pedagógicas interessantes aos alunos.Muitas pesquisas
comprovam que a escola ainda preconiza a linguagem fora do seucontexto
social. O Ensino de língua materna carrega o peso da tradição gramatical,
preocupando-se com atividades mecânicas, descontextualizadas, transformando
o uso do textocomo pretexto para práticas vazias de significação.
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Wélia Leão de Sousa
lúdica e dinâmica e fazer com que as aulas de Língua Portuguesa saiam do
tradicionalismo,que tornam as aulas maçantes e sem atrativos para o
aprendizado do aluno.
3 A LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Como já foi citado acima temos presenciado, constantemente, discussões
envolvendo aquestão do insuficiente desempenho no contexto da sala de aula,
sobretudo em relação àleitura e produção de textos em Língua Materna e este é
um problema que vem refletindo norendimento escolar do aluno de modo
geral. Ultimamente, é comum ver professor que nãoconsegue obter respostas
positivas e alunos que não conseguem acompanhar e assimilar amatéria e,
assim, as aulas de Língua Portuguesa estão se tornando motivo de
preocupação, pois a comunicação entre discentes e docentes anda meio
atropelada.
O ensino de língua materna, desde as primeiras letras até o estudo da nossa
tradiçãoliterária, tem sido alvo de preocupação de especialistas das mais
variadas áreas.Assim, o ensino de linguagem, de um modo geral, vem sendo há
algum tempo temade discussão de gramáticos, pedagogos, psicólogos etc. que,
evidentemente,centraram seus estudos e críticas segundo pressupostos e
pontos de vista próprios àssuas áreas de conhecimento. (FARACO; CASTRO,
2008, p. única).
Conforme vimos, não temos como fingir que não está acontecendo um
enormeconfronto entre teoria e prática e o professor compreende essa
dificuldade na teoria, mas na prática tem dificuldade para lidar com essas
situações problema.Segundo um trabalho de pesquisa, chamado
Diários: Projetos de Trabalho
, feito a professores no exercício da profissão e a diretores de escolas públicas
pela TV Escola,Mingues e Aratangy (1998, p. 49) dizem:
Torna-se cada vez mais evidente que é preciso preocupar-se com a qualidade
do quese propõe às crianças, para que elas possam desenvolver com maior
competência suacapacidade leitora e escritora, bem como seu papel de
estudante. A escolha dosmodelos oferecidos é de fundamental importância no
resultado de suas produções[...] É necessário uma atuação explícita do professor
para que as crianças avancem,aprendam e desenvolvam uma boa competência
leitora e escritora.
Se levarmos em consideração as várias pesquisas feitas em relação ao ensino-
aprendizagem, chegaremos à conclusão de que as aulas de Língua Portuguesa
precisam, namaioria dos casos, de uma renovação, pois mesmo com os avanços
tecnológicos muitos professores ficam ainda presos ao tradicionalismo,
ministrando aulas monótonas e abrindomão de recursos que podem, talvez,
fazer a grande diferença dentro da sala de aula.
A LINGUÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA...- Página 603
É sabido que é através do lúdico e de metodologias diferenciadas que
professores terão maiores chances de tornar suas aulas dinâmicas e atrativas e,
assim, certamente seus alunos terão maior interesse pela aprendizagem. O
professor precisa sair da rotina, deixar de lado paradigmas tradicionais e
usufruir de meios que o leve ao êxito dentro da sala de aula. E estáaí a
importância de professores estarem constantemente buscando inovar e
aprimorar suas metodologias dentro da sala de aula para que seus alunos
possam tomar o gosto pelaaprendizagem e, principalmente, consigam
desenvolver com qualidade suas habilidades para aleitura e escrita,
apreendendo, aos poucos, o padrão culto da Língua Materna. Segundo os
Parâmetros Curriculares Nacionais (2001, p. 21)
O domínio da língua, oral e escrita, é fundamental para a participação social
efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à
informação, expressa defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de
mundo, produzconhecimento. Por isso, ao ensiná-la, a escola tem a
responsabilidade de garantir atodos os seus alunos o acesso aos saberes
lingüísticos, necessários para o exercícioda cidadania, direito inalienável de
todos.
É a linguagem que interpreta o mundo e só tendo o domínio dela teremos
alunos preparados para enfrentarem a demanda do novo milênio. Está na hora
de nossas escolasacordarem. O professor precisa sentir a necessidade de instruir
os seus alunos a seremleitores assíduos
Hoje em dia, ouvimos muito falar em Linguística Aplicada. tem como objeto de
estudo a linguagem como prática social no contexto de aprendizagem da língua
materna ou em outros contextos em que se aborde o uso da linguagem.
Atualmente podemos destacar três direções para a LA: ensino e aprendizagem,
aplicação de linguagem e investigações aplicadas sobre estudos de linguagem
como prática social.
formação dos “linguistas aplicados” de vários estados brasileiros e pelo
desenvolvimento de pesquisa, em conjunto com a produção de muitas outras
universidades brasileiras, que criaram áreas de concentração em LA em seus
programas de pós-graduação em Letras ou Linguística.
Linguística teórica X Linguística Aplicada
A LA é entendida como a utilização de conteúdos linguísticos para aprimorar a
prática nas disciplinas que usam a linguagem.
Ela faz uso de resultados de estudos teóricos. O "linguista aplicado" é um
usuário, não um produtor de teorias. De acordo com essa perspectiva, a LA se
transformaria numa simples tecnologia,
A Linguística Aplicada ao ensino de Língua Portuguesa
A escola deve incentivar o aluno a atingir seu desenvolvimento linguístico; no
entanto, ela divide o ensino em leitura e compreensão, história da literatura,
gramática e produção textual. A fragmentação não permite aos alunos refletir e
agir sobre a linguagem. O que eles fazem inicialmente é decodificar e,
posteriormente, analisar a língua, atividades realizadas em momentos distintos
que não os levam a desenvolver satisfatoriamente a capacidade linguística.
O professor deve lembrar-se de que o ensino da língua não se baseia apenas na
gramática. O papel dos professores de Língua Portuguesa não é fazer com que
os alunos adquiram somente uma variante da língua, mas levá-los a ampliar
seus conhecimentos com variantes regionais e outros níveis de formalidade de
uso dessa língua. Dessa forma, o ensino gramatical eficaz deve tomar como
base conteúdos apresentados por textos dos próprios alunos e de autores
diversos, de diferentes regiões do Brasil, que permitam ao aluno identificar
essas variantes.
Os estudos gramaticais precisam ser desenvolvidos de forma a ampliar a
capacidade comunicativa do aluno. O professor deve partir da produção e
recepção de textos de diferentes variedades linguísticas, utilizando o contexto
em sua aplicação. Neste caso, é possível perceber a gramática como uma
prática textual, discursiva e de uso, ampliando o ensino de língua para além da
gramática normativa.
A LA mostra que o ensino amplo de língua materna deve partir da valorização
da língua falada, já que é a modalidade de língua que as pessoas aprendem
naturalmente desde a infância e que está em constante mutação. Não podemos
mais desconsiderar as evoluções linguísticas na sala de aula e viver na
concepção da gramática tradicional, sob o domínio da língua escrita. É
importante mostrar que a língua falada possui especificidades que precisam ser
trabalhadas.
Os PCN enfatizam que o ensino de gramática não pode ser desarticulado da
leitura e da produção de textos, uma vez que estes configuram a totalidade.
Quando for necessário fazer recortes para facilitar o estudo, eles devem estar
relacionados a outros elementos do processo. Por isso, as unidades de
gramática, texto e produção de textos devem estar sempre articuladas.
O trabalho com a oralidade na sala de aula
Muitos alunos demonstram dificuldade para escrever e reproduzem a língua
oral nas tarefas de produção de textos. Eles escrevem como falam. É importante
que a escola trabalhe a oralidade, mostrando as diferenças e semelhanças entre
estas duas modalidades linguísticas, fala e escrita.
O estudante precisa saber que não existe uma gramática pronta para a língua
falada e que há diferenças léxicas na constituição de textos falados e de textos
escritos, uma vez que, na escrita, deve-se utilizar vocabulário mais amplo,
construções sintáticas diferentes das usadas na língua oral, menos interjeições e
outras diferenças.
Além disso, o professor deve reforçar com os alunos a noção de que a interação
da fala se dá pessoalmente, face a face, e a da escrita não. Por isso, a fala não é
previamente planejada e a escrita, sim. A escrita pode ser revisada, mas a fala
não admite recriação;
É importante esclarecer que os estudos gramaticais não devem ficar em
segundo plano. Pelo contrário, precisam ser trabalhados de forma a ampliar a
capacidade comunicativa do aluno. Para isso, o professor deve partir da
produção e da recepção de textos, porque é no texto que as palavras ganham
sentido. Além disso, o texto permite ao aluno ter um panorama geral da língua
em funcionamento, e não apenas um panorama fragmentado.
A visão corrente em relação à concordância verbal é de que quem não a
domina não domina o padrão culto da língua. Entretanto, até pessoas cultas, ao
falar, deixam de empregar por vezes regras de concordância verbal. Como já foi
dito, o aluno precisa reconhecer que há diferença entre a fala e a escrita e que a
falta de concordância verbal nem sempre é aceita, principalmente na escrita.
Todavia, o conhecimento da gramática teórica é sempre importante, já que
permite ao aluno conhecer a língua como uma instituição social.
1. Observe a letra da música Inútil, do conjunto Ultraje a rigor, e responda
às questões abaixo:
Inútil
Roger Moreira
A gente não sabemos escolher presidente
A gente não sabemos tomar conta da gente
A gente não sabemos nem escovar os dente
Tem gringo pensando que nóis é indigente
(Refrão)
Inútil
A gente somos inútil
A gente faz carro e não sabe guiar
A gente faz trilho e não tem trem pra botar
A gente faz filho e não consegue criar
A gente pede grana e não consegue pagar
(Refrão)
A gente faz música e não consegue gravar
A gente escreve livro e não consegue publicar
A gente escreve peça e não consegue encena
1.4 Perguntas de Pesquisa
Enquanto aprendizes de línguas e professores em formação ou formadores, qual consideram
ser o papel da língua materna no processo de ensino/aprendizagem da língua estrangeira?
Os alunos e os professores do curso de Letras expressam acreditar que é recomendável ou
não o uso da língua materna no ambiente da sala de aula de língua estrangeira?
Há momentos, situações ou atividades em que o uso da língua materna é mais ou menos
recomendável?
Na visão dos estudantes e dos docentes, o que motiva o benefício ou o prejuízo do uso da
língua materna?
É possível perceber diferenças nas respostas dadas quando se considera o adiantamento dos
alunos no curso de Letras, demonstrando que dão maior ou menor preferência ao uso da LM
em níveis mais básicos ou mais avançados? Quais ideologias linguísticas podem ser
percebidas embasando as respostas