Vigiar e Punir (Foucault)
Gabriel Bolaños e Larissa Macedo
1. ANÁLISE COMPARATIVA FRENTE AOS FINS DA PENA
1.1. Suplício
No início do livro, Foucault traz o relato da condenação de um parricida, ao qual
lhe foi dada a pena de tortura até a morte em público como exemplo de suplício.
A punição apresentada possui caráter unicamente retributivo, vinculando-se,
portanto, às teorias absolutas, onde não se vislumbra qualquer outro objeto a não ser o
de castigar o condenado.
Pela teoria absoluta ou retributiva, a pena apresenta a característica de
retribuição, de ameaça de um mal contra o autor de uma infração penal. A pena não
tem outro propósito que não seja o de recompensar o mal com outro mal. Logo,
objetivamente analisada, a pena na verdade não tem finalidade. É um fim em si
mesma. (SILVA, Haroldo Caetano da, Manual de Execução Penal, 2º edição, Ed.
Bookseller, Campinas, 2002: P. 35)
No sistema jurídico penal vigente, ainda que esse não adote a teoria absoluta, a
pena não perdeu o caráter retributivo, sendo a retributividade complemento para a
prevenção de novos crimes e para a ressocialização do criminoso. A pena possui, por
conseguinte, a característica de um castigo, no entanto, com um fim além de si mesma.
De acordo com o livro, percebeu-se, com o decorrer do tempo, a ineficácia do
suplício como punição na reeducação dos prisioneiros e na prevenção de novos crimes.
Ademais, apresentava uma violência descabida, onde apenas a dor e o sofrimento eram
os elementos constitutivos da pena.
Os elementos do suplício correlacionavam-se com os do crime, enquanto para o
condenado o suplício deveria ser marcante, para a justiça deveria ser ostentoso, sendo o
excesso visto como parte da glória que contribuía para a reafirmação do poder soberano
do rei. Logo, possuía muito mais conteúdo político do que jurídico, com viés irracional
e intolerante.
Outrossim, era caracterizado como um espetáculo público, orquestrado para
intimidar o povo para que não cometesse nenhum tipo de crime – findava que a
aplicação da pena ocorria de maneira heterogênea, além de custosa para o Estado.
Desloca-se, portanto, o objeto da ação punitiva do corpo para a alma, levando a
um novo sistema penal na qual o julgador deveria buscar uma maneira mais racional de
punir.
1.2. Punição
Foucault aborda os protestos que ocorreram contra os suplícios durante o século
XVIII, porquanto o povo percebeu que a justiça criminal deveria punir de outra forma
que não atribuída a uma ideia de vingança.
O cenário da época gerava uma grande insatisfação para a burguesia – para eles
não interessava que a pena fosse aplicada de forma espetaculosa, contudo era necessária
uma repressão funcional e eficiente, a fim de diminuir a prática destes delitos.
Portanto, buscou-se uma forma mais humanitária de aplicação da sanção penal,
abandonando o caráter cruel e irracional e trazendo, assim, uma maior
proporcionalidade entre o crime e a respectiva punição. Além disso, ele retira a
necessidade de retribuição física ao condenado e busca a possibilidade de sua
ressocialização.
Após o movimento humanitarista, surgiram os reformadores, que entendiam que
a extinção por completo do sistema penitenciário era o legítimo objetivo. A forma
correta de punição não seria por meio da privação de liberdade do indivíduo – já que a
manutenção dessa é economicamente custosa para o Estado – útil, seria, a imposição de
trabalhos forçados ao preso.
É possível correlacionar o conteúdo deste capítulo com a teoria relativa ou
preventiva da pena, onde essa visa impedir o delito com escopo na inibição causada aos
demais cidadãos, a fim de prevenir que a população cometa novos crimes e, inclusive,
na reeducação e ressocialização do criminoso.
A pena tem ainda uma finalidade de prevenção, que constitui a dimensão
social da sanção. Finalidade de prevenção especial: a pena visa à ressocialização do
autor da infração penal, procurando corrigi-lo. Finalidade de prevenção geral: o fim
intimidativo da pena dirige-se a todos os destinatários da norma penal, visando a
impedir que os membros da sociedade pratiquem crimes (SHITANTI, Tomaz M.,
Curso de Direito Penal, Parte Geral, 2º edição, Rio de Janeiro: Editora Forense,
1999, p. 184)
No nosso sistema jurídico penal, adotamos a teoria mista ou unificadora, na qual
a pena possui dupla função, a de punir o criminoso bem como a de prevenir a prática do
crime – seja pela sua readaptação, seja pela intimidação coletiva.
Hoje, no Brasil, a finalidade de ressocializar e reeducar o preso mostra-se
inatingível, dada a superlotação carcerária e as condições absolutamente inadequadas
de oferecer o suporte necessário para sua reeducação. A estrutura do sistema prisional
desenvolveu-se de maneira dubitável e inócua no que diz respeito a sua finalidade,
sendo apenas um componente sintomático do nosso corpo social.
Na prática, encontra-se em total desacordo com a Lei de Execução Penal
instituída, na qual prevê, em seu artigo 1º, que a execução penal tem por objetivo
efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para
a harmônica integração social do condenado e do internado.
1.3. Disciplina
No século XVIII, foi empregada uma nova perspectiva em relação ao corpo
como objeto e alvo de poder. A disciplina como mecanismo de dominação converge
para uma relação entre utilidade e obediência, exercendo uma força direta sobre seu
estado de submissão ante às normas.
Foucault estabelece que a disciplina fabrica assim corpos submissos e
exercitados, corpos “dóceis”. A disciplina aumenta as forças dos corpos (em termos
econômicos de utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de
obediência).
Assim, estabelece um vínculo econômico indissociável das instituições
disciplinares com a burguesia, já que a disciplina é utilizada como uma forma de
impedir que o condenado contrarie as normas sociais que favoreciam à classe
dominante da época: os burgueses.
Esta parte do livro é subdivida em três capítulos, sendo eles os corpos dóceis, os
recursos para o bom adestramento e o panoptismo. Na visão do autor, é dócil um corpo
que pode ser utilizado, no sentido de ser manipulável e controlável, ou seja,
disciplinado. Ele descreve quatro mecanismos disciplinares na formação de corpos
dóceis.
O primeiro é o chamado de arte das distribuições e determina que a produção de
um corpo dócil só é possível através de uma distribuição no espaço físico de modo
delimitado. O segundo mecanismo seria o controle das atividades, limitando os horários
de distração dos vigiados; a organização das gêneses estabelece que o indivíduo deva
passar por um processo baseado na repetição; e a composição das forças compreende
que todo treinamento combinado de diversos corpos converge para uma massa,
constituindo em princípio um aparelho eficiente – trata-se de uma individualidade
combinatória.
Por fim, Foucault disserta sobre o panoptismo, expressão que significa “o que
tudo vê”. Esse sistema acreditava na hierarquia e no constrangimento causado pela
estrutura prisional como estratégias para atingir o controle sobre as pessoas. Ele
provoca no indivíduo preso um estado consciente e permanente de visibilidade, o que
asseguraria o funcionamento automático do poder.
1.4. Prisão
A prisão deve ser um microcosmo de uma sociedade perfeita onde os
indivíduos estão isolados em sua existência moral, mas onde sua reunião se efetua
num enquadramento hierárquico estrito, sem relacionamento lateral, só se podendo
fazer comunicação no sentido vertical. [...] Antes uma submissão profunda que um
treinamento superficial; uma mudança de “moralidade” e não de atitude.
(FOUCAULT, p. 267)
Compreende-se que a prisão tem o papel de transformar o preso, devendo ser
uma pena caracterizada pelo intuito de civilizar o indivíduo. No entanto, possui como
um dos principais princípios o isolamento do condenado, tendo a solidão como
condição primeira da submissão total, criando uma adversidade ao escopo de
ressocialização, ao passo que essa se constitui na transferência do individual para o
coletivo.
Foucault problematiza também a questão do trabalho penal, que objetiva
transformar o prisioneiro violento em uma peça regular no sistema, apenas produzindo
indivíduos mecanizados que seguem normas gerais de uma sociedade industrial,
estreitando as relações de poder.
A utilidade do trabalho penal? Não é um lucro, nem mesmo a formação de
uma habilidade útil; mas a constituição de uma relação de poder, de uma forma
econômica vazia, de um esquema da submissão individual e de seu ajustamento a
um aparelho de produção. (FOUCAULT, p. 272)
A Constituição, no art. 5º, inciso XLVII, alínea “c”, não admite que o indivíduo
seja apenado com trabalho forçado, no entanto, a Lei de Execuções Penais (LEP), em
seu art. 28, estabelece o trabalho do condenado como dever social que terá finalidade
educativa e produtiva. O trabalho do preso tem em si a ideia de fomentar a
ressocialização do condenado, além de proporcionar em certa medida, qualificação e
experiência, habilitando-o em atividades que podem vir a ser desenvolvidas pelo
mesmo, quando este alcançar a liberdade.
Embora a Constituição Federal diga que o trabalho é condição da dignidade
humana (artigo 160, inciso II) e o trabalho apareça como direito-dever, é perceptível
que sua recompensa ocorra de forma profundamente injusta e extorsiva e é
substancialmente inútil para os efeitos de um suposto “tratamento”.
A realidade mostra que o trabalho prisional, que deveria ser visto como uma
forma de dar ao preso uma condição de dignidade humana dentro desse sistema, é
alcançado pela minoria, e apesar do grande benefício de ter a redução de um dia da sua
pena a cada três dias trabalhados, a remuneração obtida geralmente é extorsiva,
ganha-se pouco e trabalha-se muito.
O trabalho, segundo a Lei de Execução Penal (art. 31), é obrigatório, mas
não forçado. Deve trabalhar o condenado que almejar conseguir benefícios durante
o cumprimento da pena, tendo em vista que a sua recusa pode configurar falta grave
(art. 51, III, c/c. Art. 39, V da Lei de Execução Penal – 7.210/84) e,
consequentemente, o impedimento à progressão de regime e ao livramento
condicional. O trabalho forçado, vedado constitucionalmente (art. 5º, XLVII, c)
teria o condão de impelir o sentenciado à atividade laborativa, sob pena de sofrer
outras e mais severas sanções. Logo, a remição é um incentivo à laborterapia
(NUCCI, Guilherme de S., Manual de Direito Penal, 2ª ed., Editora Revista dos
Tribunais, 2006, p. 386)
Dito isso, dentre diversas outras controvérsias, é inquestionável a falência do
sistema carcerário vigente e muito ainda se discute acerca de sua real eficácia. Posto
que o combate à criminalidade não atua nas causas do crime, pois limita-se tão somente
na atenuação de suas consequências, remete-nos a uma realidade de total descontrole do
sistema prisional brasileiro, onde não se consegue punir efetivamente o indivíduo e
restaurá-lo à sociedade.
Por conseguinte, cria-se um ambiente de fomento à criminalidade, não sendo
raros os casos de pequenos infratores encontrarem amadurecimento delituoso dentro
destas instituições. Lamentavelmente, o sistema prisional atual não passa de um grande
amontoado de pessoas vivendo condições absolutamente precárias e desumanas.
Outrossim, a inadequação e a insuficiência do investimento econômico na
Segurança Pública, culmina na incapacidade dessa em manter a ordem e aplicar a lei
com rigor sem desrespeitar os Direitos Humanos dos apenados, bem como na
dificuldade em inibir as atividades do crime organizados.
Foucault explica o suposto fracasso da pena privativa de liberdade
estabelecendo um antagonismo na compreensão da função real e obscura da pena.
Segundo ele, a pena privativa de liberdade não tem como objetivo o combate à
criminalidade, e sim de buscar criá-la – produzindo uma espécie de delinquência
organizada.
A prisão fabrica também delinquentes impondo aos detentos limitações
violentas; ela se destina a aplicar leis, e a ensinar o respeito por elas; ora, todo o seu
funcionamento se desenrola no sentido do abuso de poder. (FOUCAULT, p. 293). O
autor comprova através de dados coletados que a detenção provoca a reincidência –
depois de sair da prisão, se tem mais chance que antes de voltar para ela – os
condenados são, em proporção considerável, antigos detentos.
Devido a esta crise do sistema prisional, criaram-se as penas alternativas,
formalizadas pelas Lei 9.099/95, buscando uma atenuação desta decadência. Da mesma
forma, cria-se também uma tolerância aos pequenos delitos e contravenções, pois não
há condições físicas que permitam a reclusão de todos estes indivíduos e,
consequentemente, gera uma falsa impressão de impunidade à sociedade.
De um modo geral, o autor conclui que a prisão, como meio central da punição
criminal, tornou-se uma instituição soberana que, ao invés de devolver à liberdade
indivíduos supostamente corrigidos, espalha na população delinquentes perigosos.
Ressalta, ainda, o equívoco econômico resultante desta técnica penitenciária,
diretamente pelo custo intrínseco de sua organização e indiretamente pelo custo da
delinquência que ela não reprime.
2. MODELOS PRISIONAIS
A narrativa de Foucault em Vigiar e Punir apresenta, também, uma nova
essência do modelo penal que inicia-se entre o final do século XVIII e o início do
século XIX: a prisão. Dessa forma, a pena já não era mais representada pela vingança
do soberano. A partir de então, conforme o autor, “uma nova legislação define o poder
de punir como uma função geral da sociedade que é exercida da mesma maneira sobre
todos os seus membros, e na qual cada um deles é igualmente representado” (2001, p.
195). Essa época marca a humanização da pena. Ao invés de sofrer o suplício, o
apenado seria privado de sua liberdade. O autor descreve a privação da liberdade como
um castigo igualitário, uma vez que a liberdade teria o mesmo valor para todos.
Foucault afirma que a prisão não é uma instituição imutável, ou seja, ela está em
constante mudança, não apenas em função do tempo, mas também do local. Portanto é
possível traçar um paralelo de semelhanças e diferenças entre o modelo de prisão
apresentado pelo autor e o vigente sistema penitenciário brasileiro.
Uma semelhança que pode ser notada entre esses dois sistemas é a
obrigatoriedade do trabalho. O artigo 31 da LEP assegura que o condenado à privativa
de liberdade é obrigado a trabalhar conforme suas aptidões e capacidades. No livro,
podemos verificar o trabalho na seguinte frase: “O trabalho que se alterna com as
refeições acompanha o detento até à oração da noite” (p. 201). É possível perceber o
quão fundamental era o trabalho e como ele interfere na rotina do preso naquele modelo
prisional. A partir dessa mesma frase pode-se observar uma diferença entre o sistema
abordado na obra e o brasileiro: a presença da religião. No §2° do artigo 24 da LEP
identifica-se que não há obrigatoriedade em participar de atividades religiosas.
Outra diferença que se faz saber entre os dois sistemas é a questão do
isolamento. Observa-se que no modelo da obra a solidão tem altíssimo valor como
princípio. O autor explica que quando o condenado encontra-se sozinho pode refletir
sobre sua atitude. Já no sistema penal brasileiro, o isolamento é uma sanção disciplinar,
conforme a LEP.
Faz-se presente na obra a citação de sete máximas universais para uma
penitenciária ser de boas condições: a) o princípio da correção - a pena deve
transformar o comportamento do indivíduo; b) princípio da classificação - os apenados
são isolados ou repartidos conforme a gravidade do crime, a idade, a disposição, a
técnica de correção e a fase da sua transformação; c) princípio da modulação das penas
- a pena pode ser modificada conforme a individualidade, o resultado obtido, os
progressos ou as recaídas; d) princípio do trabalho como obrigação e direito - o trabalho
atua na restauração do indivíduo; e) princípio da educação penitenciária - a educação é
indispensável e obrigatória; f) princípio do controle técnico da detenção - “O regime da
prisão deve ser, pelo menos em parte, controlado e assumido por um pessoal
especializado que possua as capacidades morais e técnicas de zelar pela boa formação
dos indivíduos” (p. 225) e g) princípio das instituições anexas - deve ser dado apoio e
assistência ao apenado durante e após a pena. Fazendo uma comparação destes sete
princípios, pode-se perceber que o sistema brasileiro os adota, pelo menos em partes.
Tendo em vista que as semelhanças são: o princípio da correção (com base no caráter
ressocializador da pena), o princípio da classificação (neste caso, o sistema prisional
brasileiro separa conforme o que está disposto entre os artigos 82 e 84 da LEP), o
princípio da modulação das penas (a LEP prevê o regime de progressão e regressão na
seção II, do capítulo I, do título V), o princípio do trabalho como obrigação e direito
(artigo 31 da LEP), princípio da educação penitenciária (artigos 17 a 21-A da LEP),
princípio do controle técnico da detenção (artigos 75 a 77 da LEP) e o princípio das
instituições anexas (artigos 22 a 27 da LEP).
Claramente as semelhanças vão além da execução penal, encontram-se também
em seus efeitos. O autor denuncia a realidade das prisões da época: a taxa de
criminalidade não diminui, há provocação da reincidência, fabrica delinquentes,
favorece a organização criminosa, as condições oferecidas aos libertados os condenam
à reincidência e fabrica indiretamente criminosos. É notório que a realidade descrita por
Foucault se faz presente no contemporâneo sistema prisional brasileiro. Segundo
Bitencourt (2017), os presos se encontram em situações degradantes. O autor também
cita que alguns apenados precisam dormir amarrados nas paredes por falta de espaço
para deitar. Nas palavras do autor a prisão fabrica marginais, de modo que não é
possível que alguém entre lá e saia uma pessoa melhor. Magliarelli (2014) esclarece
que o sistema penitenciário brasileiro não está fazendo o que deveria: ressocializar.
Mas, em vez disso, expõe o preso a situações degradantes – causando o aumento da
criminalidade.
REFERÊNCIAS
BITENCOURT, Cezar Roberto. Nas prisões brasileiras, o mínimo que se perde é
liberdade. Revista Consultor Jurídico, 6 jan. 2017. Disponível em: <
https://www.conjur.com.br/2017-jan-06/cezar-bitencourt-massacre-manaus-foi-tragedia
-anunciada>. Acesso em: 09 set. 2019.
BRASIL. Lei de Execução Penal (LEP): Lei 7.210 de 11 de Julho de 1984. Institui a
Lei de Execução Penal.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir, Petrópolis: Ed. Vozes, 2001.
MAGLIARELLI, Filipe Vergniano. Sistema prisional não regenera nem ressocializa o
indivíduo. Revista Consultor Jurídico, 22 jan. 2014. Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2014-jan-22/filipe-magliarelli-sistema-prisional-nao-regen
era-nem-ressocializa-individuo>. Acesso em 09 set. 2019.