Revista África e Africanidades – Ano XII – n. 32, nov.
2019 - ISSN 1983-2354
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Ìlé Alaketú Asé Omi T'Ògun: Etnografia e reflexões
sobre intolerância religiosa em um terreiro de
Candomblé em Vitória da Conquista – BA
Andreza Silva Prado1
RESUMO
A intolerância religiosa consiste em um dos maiores problemas na sociedade
contemporânea, já que é crime, ódio e fere a dignidade de suas vítimas, que por sua
vez são julgadas como “não iguais” por fanáticos religiosos que acreditam que sua
religião está acima de todos e é a única que dissemina uma verdade universal e
absoluta. Apesar de ser um direito assegurado por Lei no Brasil, a liberdade de crenças
e de práticas religiosas tem sido constantemente desrespeitada no Brasil. Em muitos
casos, as práticas discriminatórias e de violência contra templos religiosos de matriz
africana são estimuladas por membros de igrejas cristãs, sobretudo as neopentecostais.
Diante de tais circunstâncias, as reflexões contidas neste trabalho etnográfico,
concebido através de pesquisa de campo, têm como objetivo apresentar o ponto de
vista de líderes religiosos do Candomblé em relação à intolerância religiosa no Brasil
por meio de uma entrevista sobre o tema, bem como nos apresentar a origem do grupo
pesquisado e descrições do espaço físico do templo.
PALAVRAS-CHAVES: Candomblé; Intolerância; Respeito.
¹ Graduada em História (Licenciatura plena) pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
– UESB, Vitória da Conquista, BA, Brasil / E-mail:
[email protected].
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INTRODUÇÃO
Sabe-se que o tráfico negreiro no Brasil teve seu início no século XVI e
que nosso país recebeu o maior número de africanos escravizados. Mais de 5
milhões de escravos chegaram ao litoral brasileiro, de acordo com um banco de
dados chamado Slave Voyages criado pela Universidade de Emory, em Atlanta,
nos Estados Unidos (Figura 1). Além disso, o Brasil foi a nação americana que
mais tardou em abolir a escravidão, já que tal fato só viria a ocorrer em 1888,
com a assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel.
Ao chegarem no Brasil, os africanos eram então submetidos à cultura e
à religião portuguesas, simbolizadas principalmente pela catequização católica:
Eram então batizados e recebiam nomes cristãos, além de serem proibidos de
praticarem sua religiosidade e o culto aos seus deuses. Tais atos eram o início
do roubo de identidades dos africanos. Mesmo com o Cristianismo lhes sendo
imposto, os africanos escravizados tentaram manter vivas as suas crenças e
tradições religiosas e culturais através do sincretismo religioso, associando
dessa forma os santos católicos com os seus deuses e até mesmo com as
divindades indígenas. De modo que:
As religiões afro-brasileiras em suas origens são modalidades
religiosas organizadas no Brasil a partir da inserção de grupos
étnicos importados violentamente pelo lucrativo tráfico de
milhões de seres humanos. São religiões consideradas
mediúnicas, que se estruturaram no séc. XIX como religiões
étnicas dos escravos africanos e seus descendentes, mas com
o passar dos anos se tornaram multiétnicas ou universais (hoje
são religiões encontradas em todo o território nacional e no
exterior). (SILVA; SEREJO, p. 232, 2017).
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Figura 1: Tráfico Transatlântico de Escravos (Portugal/Brasil)2
Fonte: Slave Voyages (2015).
Pierre Verger (1981 apud. OLIVEIRA, 2008, p. 1), etnólogo franco-
brasileiro dedicado aos estudos da religiosidade africana no Novo Mundo, afirma
que os primeiros registros de cultos de origem africana no Brasil datam do ano
de 1680, com base nos escritos concebidos pelo Tribunal da Santa Inquisição
de Portugal, denotando que as práticas religiosas de matriz africana foram
descritas, em sua maior parte, por seus perseguidores, o que dificulta os estudos
acerca dos primórdios dos cultos afros no Brasil, já que essas descrições, por
serem feitas pelos perseguidores, estão carregadas de equívocos e
preconceitos. Sobre tal fato, Nágila Oliveira dos Santos, especialista em História,
Cultura e Literatura africanas e afro-brasileiras, aponta que:
Embora se tenha notícias de cultos africanos desde o século
XVII, pouco se sabe sobre os mesmos. Pouco se conhece sobre
a [...] história das religiões afro-brasileiras como um todo. Além
da história oral, os registros sobre a religiosidade dos negros
africanos e de seus descendentes no Brasil são constituídos
basicamente de duas fontes: os registros policiais e as notícias
de jornal. Diferente das outras religiões, como o Cristianismo,
por exemplo, onde parte da História foi escrita por líderes
2Os números referem-se apenas aos desembarcados em litoral brasileiro. Sem contar o total de
embarcados que por razões de insalubridade e doenças, morreram durante a viagem.
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religiosos, adeptos fervorosos, intelectuais convertidos ou
recém-convertidos, como é o caso dos cristãos novos nos
trópicos, a história das religiões afro-brasileiras foi escrita em
grande parte por seus perseguidores. Isso explica o grande
volume de informações incompletas, distorcidas e/ou
equivocadas (SANTOS, 2008, p. 2).
A partir daí, percebe-se que a intolerância religiosa não é um fenômeno
recente na história do Brasil e que esta encontra-se diretamente ligada ao
racismo e à marginalização dos negros em nossa sociedade ao longo da história
e que, sob a ótica de Silva e Soares (2015, p. 5), “[...] o que ora se apresenta
como um fenômeno de rejeição às religiões de matriz africana, corresponde à
negação da identidade negra no Brasil”.
Ao longo da História, os adeptos das religiões de matriz africana
percorreram (e ainda percorrem) um caminho de intolerância e resistência para
continuarem existindo e para que seu direito de liberdade religiosa seja
devidamente respeitado e, embora assegurada pela Constituição Federal
vigente em nosso país, os números de casos de intolerância religiosa contra as
religiões de matriz africana vêm crescendo de maneira alarmante no Brasil.
Em 2018, por exemplo, O Disque 100 recebeu 506 denúncias de
intolerância religiosa, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Mulher,
da Família e dos Direitos Humanos (2019). Segundo reportagem de William
Cardoso para a Folha de São Paulo (2019), um levantamento da Lei de Acesso
à Informação demonstra que a Polícia Civil recebeu 562 denúncias de
intolerância religiosa somente no período de janeiro a abril de 2019. Tais
demonstrações de discriminação consistem desde ofensas a profanações de
templos de Umbanda e Candomblé e até violência física.
Os religiosos adeptos de religiões de matriz africana ou afro-brasileiras,
a exemplo do Candomblé, Umbanda, Quimbanda, dentre outras, são vítimas
constantes de práticas intolerantes e discriminatórias que, em muitos casos, são
incitadas por membros de igrejas cristãs, com destaque para as
neopentecostais. “Ver esses ataques está ao alcance de qualquer um. Nada
parece ter mudado nas últimas décadas — só aumentou o número de
pentecostais e, com ele, o de ataques literais e simbólicos” (MARTON, 2019).
Vale elucidar que:
Claro que atribuir todos os focos de intolerância tendo como
protagonistas apenas os evangélicos consiste em uma
generalização, mas localizar e focalizar os fanáticos que utilizam
a má interpretação bíblica para disseminar ódio e ignorância
para com as pessoas devotas do Candomblé ou qualquer outro
tipo de seguimento afro-religioso se faz necessário. Com o
crescente número de igrejas de matriz evangélica ligadas ao
neopentecostalismo em território nacional, tem se materializado
cada vez mais no interior desta abordagem religiosa, um
entendimento de combate a cultos e posturas que vão de
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encontro com o pensamento destes setores, a força deles se faz
presente em vários espaços da sociedade, inclusive nas esferas
de decisão políticas como: câmara de vereadores e assembleias
legislativas, o que tem contribuído para que algumas discussões
em determinadas comissões tenha sido travadas e não
desenvolvidas pela pressão destes segmentos. O que se
materializa apenas em difusão do ódio, o desprezo e a tentativa
de conversão imediata de fiéis afro-religiosos (ARAÚJO;
ACIOLY, 2016, p. 570).
De acordo com dados obtidos através do último senso realizado pelo
IBGE (2010) e estimativas feitas para os anos posteriores, apesar de a religião
com maior número de adeptos ainda ser a católica (64,6% da população), o
Catolicismo vem perdendo adeptos ao longo dos anos, ao passo que o número
de evangélicos vem crescendo gradativamente (hoje o Brasil possui 22,2% da
população que se declara evangélica, enquanto que em 2000, 10,4% da
população brasileira era evangélica). Um dos fatos que explica tal crescimento
do número de evangélicos é o aumento da influência das igrejas
neopentecostais, cuja maior representante é a Igreja Universal do Reino de Deus
e a difusão da Teologia da Prosperidade, “que promete prosperidade, felicidade
e vitória terrenas” (MARIANO, 2007, p. 50). Sobre o fenômeno do
neopentecostalismo, SILVA (2007, p. 64) deixa claro que:
O neopentecostalismo, em consequência da crença de que é
preciso eliminar a presença e a ação do demônio no mundo, tem
como característica classificar as outras denominações
religiosas como pouco engajadas nessa batalha, ou até mesmo
como espaços privilegiados da ação dos demônios, os quais se
"disfarçariam" em divindades cultuadas nesses sistemas. É o
caso, sobretudo, das religiões afro-brasileiras, cujos deuses,
principalmente os exus e as pomba-gira, são vistos como
manifestações dos demônios. Uma outra face desse processo é,
paradoxalmente, a "incorporação" da liturgia afro-brasileira nas
práticas neopentecostais de algumas igrejas.
Pinezi e Chesnut (2019) ainda elucidam que:
[...] O discurso neopentecostal, calcado na Teologia da
Prosperidade e Saúde, tem como ênfase elementos de ataque a
outras religiões que lhes possa fazer concorrência, como o
catolicismo. No caso das religiões de matriz africana, o discurso
neopentecostal é ainda mais agressivo, alimentando fortemente
o imaginário brasileiro de que são religiões demoníacas,
associadas ao maligno, à magia negativa e que, portanto,
segundo essa visão, devem ser combatidas e destruídas. Os
membros da igreja se tornam, a partir desse discurso, agentes
divinais que devem destruir terreiros, imagens das divindades
das religiões afro-brasileiras.
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Diante de tais circunstâncias, percebe-se que os casos de intolerância
às religiões afro-brasileiras estão, em grande parte, ligados ao fanatismo de
evangélicos que propagam agressões e ofensas aos adeptos de cultos afros. Há
duas razões cruciais por trás de tamanha discriminação e intolerância. A primeira
é uma imposição demagógica da própria religião como a única detentora da
verdade absoluta e, portanto, correta; e a segunda é a falta de empatia e
predisposição para conhecerem verdadeiramente as práticas e crenças dos
adeptos das religiões de matriz africana.
Essas relações de alteridade existentes entre neopentecostais e adeptos
das religiões de matriz africana podem ser também analisadas sob as
concepções teóricas de Tvetzan Todorov, que em sua obra, “A Conquista da
América: A questão do outro”, aborda as relações que se estabelecem entre “o
eu e o outro” no processo de conquista da América no século XVI, que por sua
vez, se dá como resultado das diferenças culturais. Na ótica de Todorov,
“discursos morais e filosóficos em torno das diferenças culturais tendem a causar
um estranhamento e distanciamento ao que é do outro” (SILVA, 2012, p. 4).
Portanto:
Posso conceber os outros como uma abstração [...] outro ou
outrem em relação a mim. Ou então como um grupo social
concreto ao qual nós não pertencemos. Este grupo, por sua vez,
pode estar contido numa sociedade: as mulheres para os
homens, os ricos para os pobres, os loucos para os “normais”.
Ou pode ser exterior a ela, uma outra sociedade que,
dependendo do caso será próxima ou longínqua: seres que em
tudo se aproximam de nós, no plano cultural, moral e histórico,
ou desconhecidos, estrangeiros cuja língua e costumes não
compreendo, tão estrangeiros que chego a hesitar em
reconhecer que pertencemos a uma mesma espécie.
(TODOROV, 2010, p. 3 e 4).
Mediante a existência deste preconceito e total desconhecimento acerca
das práticas religiosas do “povo de santo”, o presente trabalho tem como
principais objetivos conceber uma descrição etnográfica do cotidiano de um
terreiro de Candomblé localizado em Vitória da Conquista – BA, além de
promover a reflexão acerca da intolerância religiosa sob a ótica dos iniciados
neste mesmo terreiro. A pesquisa que se segue inicia-se com descrições do
espaço físico do templo intercalados com alguns relatos sobre o cotidiano do
local, seguido de uma entrevista sobre intolerância religiosa com a Mãe de Santo
Viviane Sales de Oliveira e o depoimento do Babalorixá Flávio Rosa Silva sobre
a origem do Terreiro “Ìlé Alaketú Asé Omi T'ògun”, concedidos a mim, Andreza
Silva Prado.
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PRIMEIRAS IMPRESSÕES
A minha visita ao terreiro de Candomblé “Ìlé Alaketú Asé Omi T'ògun”
deu-se nos dias 13 e 14 de agosto de 2018. No dia 13 de agosto, fui recebida
pela senhora Viviane Sales Oliveira (Mãe Viviane, cujo posto é o de yoruba) e
em seguida pelo senhor Flávio Rosa Silva, o sacerdote do templo conhecido
como Pai Lôro.
Tanto a senhora Mãe Viviane quanto o senhor Pai Lôro me receberam
muito educadamente e a boa vontade deles me possibilitaram retornar no
mesmo dia, às 17 horas, para uma entrevista cujo tema foi a intolerância
religiosa.
No horário marcado, eu estava no templo. O local era grande, com
muitas árvores, motivo pelo qual os membros chamam o quintal de ‘’roça’’. Pude
notar logo na entrada que havia uma árvore adornada com tecidos coloridos,
vasos e uma estátua de coruja. Quando perguntei à mãe Viviane o porquê
daquela árvore estar tão adornada, ela me disse que a referida árvore
representava a feminilidade. Ainda na entrada, pude notar a existência de
construções, uns eram quartos fechados e outras lembravam “barraquinhas”
(Figura 2). Mãe Viviane me disse que um daqueles quartos era o ‘’Quarto de
Santo3’’ e que cada ‘’barraquinha’’ daquela era o assentamento de um orixá.
Figura 2: Casa e assentamento de Ogum.
3 Termo utilizado para designar o quarto onde são cultuados os Orixás.
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A casa também era muito grande, a cor das paredes era essencialmente
branca, enquanto portas e janelas eram azuis (Figura 3). Os presentes também
se vestiam de branco. Diante desse fato, a minha curiosidade foi maior e
questionei o motivo do branco ser tão recorrente ali. Mãe Viviane me disse que
eles usam outras cores também, mas o branco é uma cor simbólica porque
representa Oxalá4, e nos dias da semana dedicados a Oxalá eles usam a cor
branca como um sinal de respeito, uma homenagem a esta entidade.
Figura 3: Fachada da casa principal.
Ao entrar para os fundos, me deparei com a figura de um índio dentro de
um assentamento semelhante ao da figura 2, porém maior e arredondado, atrás
da estátua do índio havia uma bandeira do Brasil. Mãe Viviane me disse que
aquele era o Caboclo, então lhe perguntei o porquê daquela ode ao Caboclo.
Como resposta, ela me disse que era uma forma de enaltecimento ao que é
nosso, ao que é nacional, denotando o grande respeito pelo índio brasileiro.
Infelizmente, não tive autorização para fotografar a figura do Caboclo, o que foi
uma pena, pois a imagem exalava altivez e beleza.
Logo após, uma árvore bastante alta chamou minha atenção, ela
também estava adornada com vasos em sua base, pedi permissão para
fotografá-la, no entanto Mãe Viviane me negou essa permissão, alegando que
aquela árvore era sagrada.
Mãe Viviane me convidou a adentrar sua cozinha, sentamo-nos em volta
da mesa. Tudo ali me lembrava casarões antigos de fazendas. Neste momento,
Pai Lôro não se encontrava, então perguntei à mãe Viviane se ela mesma me
concederia uma entrevista sobre intolerância religiosa. Depois de hesitar um
pouco, o meu pedido foi atendido. Antes de darmos início a entrevista, notei um
4 No Candomblé, Oxalá é o primeiro filho de Olorum (maior entidade desta religião) e é
considerado o pai dos homens.
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objeto de ferro em cima da mesa em forma de um arco e flecha. Na parede
também havia um enfeite retratando a mesma figura, perguntei-lhe o que era.
Ela me disse que aquele objeto em forma de arco e flecha chamava-se Ofá
(Figura 4), e representava a ferramenta de caça utilizada pelo Orixá Oxóssi5.
Figura 4: Ofá.
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA: ATÉ QUANDO?
Entrevista: Viviane Sales Oliveira (Mãe Viviane)
Mãe Viviane diz que amar
é a única forma de acabar
com a discriminação.
- Sabemos que há uma demonização dos cultos afro-brasileiros,
principalmente por parte das religiões cristãs neopentecostais. E isso fica
bem claro na seguinte afirmação de Edir Macedo, líder e pastor da Igreja
Universal do Reino de Deus: ‘’Se o povo brasileiro tivesse os olhos bem
abertos contra a feitiçaria, a bruxaria e a magia, oficializadas pela
Umbanda, Quimbanda, Candomblé, Kardecismo e outros nomes, que
vivem destruindo as vidas e os lares, certamente seriam um país bem mais
desenvolvido’’ (2002, p. 62). O que a senhora, como adepta do Candomblé,
tem a dizer sobre isso?
5 Orixá que representa o conhecimento e as florestas, além de ser o protetor dos caçadores.
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Mãe Viviane - Essa demonização e generalização dos cultos afro-brasileiros
vêm desde quando os povos negros chegaram ao Brasil na condição de
escravos. Quando o processo de escravidão teve início, uma forma de justificar
a escravização dos africanos foi alegar que eles não tinham alma, por exemplo,
e que eles cultuavam o demônio. Então, a escravidão foi uma forma de tirá-los
dessa condição. Essa demonização dos cultos de matrizes africanas ficou no
consciente da população e o Cristianismo tem esse propósito de converter as
pessoas e de atribuir ao que é diferente de suas crenças, á tudo o que é diferente
da sociedade branca e cristã ao demônio. Principalmente aos cultos afro-
brasileiros, que é o caso do Candomblé e da Umbanda, que são os mais
conhecidos.
- Então na opinião da senhora, essa demonização é algo que está enraizado
em nossa sociedade?
Mãe Viviane – Exatamente, essa demonização está enraizada por conta de todo
esse processo histórico muito bem arquitetado principalmente pelo Estado que
instituiu esse modelo escravagista e isso (a demonização) foi repassado através
da educação. Diante disso, o que passamos hoje é resultado desse processo,
pois onde houve a escravidão negra, há o preconceito. E é justamente isso que
ocorre no Brasil. A demonização dos cultos afro-brasileiros não ocorre só por
parte dos cultos neopentecostais, mas em todas as igrejas cristãs. Hoje, os
neopentecostais nos atacam de forma mais aberta, mas o problema não é só
com eles, a Igreja Católica também e as demais crenças cristãs, pois o propósito
deles é evangelizar. E quem não aceita essa evangelização está condenado a
ser taxado de feiticeiro, de bruxo. O cristão, de modo geral, nos olha como
pessoas que não conhecem a luz. No entanto, os neopentecostais nos atacam
de forma mais abrangente, visível, até porque os templos neopentecostais estão
perto de nós, estão por toda parte, então o ataque é direto.
- Em sua opinião, a liberdade religiosa vigora plenamente no Brasil?
Mãe Viviane: Não. Pois apesar de vivermos em um Estado democrático e de
direito, a presença cristã dentro das instituições públicas é muito forte, de modo
que não há como nós exercermos nossa liberdade de crenças, com ataques
constantes aos templos de matrizes africanas, aos sacerdotes e aos adeptos. E
o poder público não sabe lidar com isso. Podemos dizer com toda a certeza que
não possuímos essa liberdade.
- Em seu ponto de vista, é possível que a tolerância coexista com a
discriminação?
Mãe Viviane: A tolerância já é uma forma de discriminação. Pois te toleram
porque sabem que você existe, mas em nenhum momento irão te respeitar de
maneira genuína. Então tolerância e discriminação coexistem sim, pois no fundo
são a mesma coisa. Eles só nos toleram porque sabem que não podem acabar
com nossa religião. Então, para eles, não resta outra saída que não seja nos
tolerar, nos suportar.
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- De onde vem a intolerância? Como ela nasce? Do ódio? Da falta de
conhecimento?
Mãe Viviane: A intolerância referente a qualquer segmento vem da ignorância.
Mas especificamente em relação a nós, vem de todo esse processo histórico de
escravidão, de demonização, de atribuir á cultura negra inferioridade em relação
à cultura branca (europeia), vem da ideia de que tudo o que está fora do
continente europeu é inferior, não é civilizado; E isso se une a ignorância, ao
medo do desconhecido e de abrir os olhos para ver o que está em sua frente, de
enxergar o outro e não desejar mudar o outro, mas sim aceitá-lo e amá-lo. Pois
todos nós somos iguais, porém nossa igualdade se dá na diferença, e a beleza
está justamente na diferença, na pluralidade. Então por que padronizar?
Padronizar a que? Que sociedade perfeita existe para podermos tomá-la como
um modelo?
- A senhora ou qualquer membro deste templo já sofreu algum tipo de
discriminação por conta da religião praticada por vocês?
Mãe Viviane: Sim. Na família temos pessoas que nos discriminam porque fazem
comentários maldosos como se cada problema que surgisse em nossa vida se
devesse ao fato de estarmos em determinada crença e não na crença que eles
consideram a certa. Comentários maldosos surgem também por causa de
nossas roupas e adornos. E toda essa discriminação é encarada como
brincadeira, mas não são apenas brincadeiras, são ataques ofensivos. Somos
diferentes em diversos aspectos, e essa nossa diferença não é vista como
normal.
- Sabemos que a violência é uma ação que vem crescendo de forma
assustadora. Vocês que prezam a paz entre os irmãos, o que tem a dizer
sobre os adeptos de diferentes religiões que desprezam e discriminam
outras religiões?
Mãe Viviane: A violência é pura ignorância. Eu espero que essas pessoas
reconheçam que o deus é único, que ele pode ser encontrado de diversas
formas, em diversos caminhos e que o diálogo e o desejo de conhecer o outro
são uma forma de amor. É tudo uma questão de amar mais. Pois da mesma
forma que eles almejam respeito e buscam esse respeito, nós também temos
direitos e estamos lutando por eles. Embora hoje os templos já sejam
reconhecidos como patrimônios, os cultos de matrizes africanas sejam
reconhecidos como religião, embora exista uma linha de políticas públicas que
nos protegem, muitas coisas ainda precisam ser feitas, já que a caminhada é
longa. Pois famílias e a própria escola reproduzem essa discriminação para as
crianças, os professores, por exemplo, recusam-se a trabalhar com temáticas
afro-brasileiras, mesmo sendo algo previsto em Lei.
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- Vocês aceitam o sincretismo religioso?
Mãe Viviane: Não. Pois o sincretismo religioso é uma forma de discriminação
também. Além do mais, nós sabemos muito bem quem cultuamos. Cultuamos
Oxalá, Iemanjá, e todos os nossos orixás. Santos católicos não tem nada a ver
com orixás, as histórias são completamente diferentes.
- Como pode ser tratada a questão da intolerância, se no íntimo de cada
religião ainda é preconceituoso o modo de ver as crenças alheias?
Mãe Viviane: Amar. Eu só posso deixar de discriminar meu próximo se eu
realmente amá-lo. E também reconhecer o sagrado que existe em mim, no outro,
independentemente de quem ele seja e também ter o meu sagrado reconhecido.
Só assim, colocando o nosso sagrado, o ser humano, acima de qualquer outra
coisa ou interesse.
- Estamos acostumados a apontar diferenças entre as religiões. Mas em
seu ponto de vista, há um ponto em comum que no fundo una todas as
religiões?
Mãe Viviane: A busca pela espiritualidade é o único ponto em comum entre
todas as religiões que eu consigo enxergar. Cada grupo religioso busca
compreender o mundo, a si mesmo e claro, ficar perto do que acredita.
ORIGEM: AS RAÍZES DO TERREIRO ILÊ ASÉ OMIN T´OGUN
Em 14 de agosto, às 17 horas, Pai Lôro me recebeu em seu terreiro
novamente para me contar sobre a origem do grupo e para que eu pudesse tirar
algumas fotografias do seu templo. Ele me convidou para entrar em uma
espaçosa sala de visitas e foi lá que ele me deu o seguinte depoimento:
‘’Meu nome é Flávio Rosa Silva, sou um sacerdote do
Candomblé conhecido como ’Pai Lôro’ e estou à frente do
terreiro de Candomblé ‘Ìlé Alaketú Asé Omi T'ògun, que
está situado na Avenida Itabuna, Bairro Brasil, em Vitória
da Conquista e que é um terreiro da nação Ketu. Tenho 42
anos de idade e há 23 anos fui iniciado no Candomblé.
Esse terreiro foi fundado a 16 anos em Vitória da
Conquista. Este é um terreiro de culto especialmente ao
orixá Oxanguian, que é o nome da casa e aqui prevalece a
nação Ketu6, nação Ioruba – Nagô. A fundação desse
templo foi uma missão designada pelos orixás, foi previsto
6As nações, no contexto candomblecista, são ramificações da religião nas quais a prática do
Candomblé ocorre de acordo com ritos específicos da origem do povo que o pratica a exemplo
da nação Ketu, a nação Jêje, a nação Efon, Angola e Kongo.
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desde minha iniciação que eu tinha o cargo de Babalorixá,
de pai de santo”.
Depoimento dado, Pai Lôro me acompanhou para que eu pudesse tirar
fotos do local. Antes de sair da sala, reparei que na parede havia um quadro
retratando Oxum (Figura 5), diante da beleza da pintura, pedi autorização para
fotografar. Penduradas na parede havia também máscaras africanas (Figura 6).
Figura 5: Pintura de Oxum7.
Figura 6: Máscaras africanas8
7Oxum é o orixá feminino dos rios, do ouro, deusa das riquezas materiais e espirituais, dona do
amor e da beleza, protege bebês e recém-nascidos.
8 Para os africanos, a máscara representava um disfarce místico com o qual poderiam absorver
forças mágicas dos espíritos e assim utilizá-las em benefício da comunidade, como por exemplo,
a cura de doenças (SOARES, 2009, s.p).
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Em seguida, Pai Lôro me levou a um enorme salão, onde acontecem
festas mensalmente. Ele me contou que apesar das festas ocorrerem apenas
mensalmente, sempre ocorriam rituais ali com uma relativa frequência.
O salão, como já dito, era enorme. Suas paredes eram brancas e as
portas azuis, padrão encontrado em todos os recantos do templo. Neste salão,
havia também espécies de arquibancadas. Pelo que eu pude perceber, quando
ocorre algum ritual ou festa ali, as mulheres sentam-se separadas dos homens,
já que logo acima de cada uma dessas arquibancadas, pode-se ler em letras
azuis, ‘’senhoras’’ e ‘’senhores’’. Logo à frente estava o altar (Figura 7), atrás
dele havia tambores usados nos rituais, estes estavam cobertos por um pano
branco, lá também ficava a cadeira do sacerdote (Figura 8).
Figura 7: Altar. Ao fundo, tambores cobertos por tecidos brancos.
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Figura 8: A cadeira do sacerdote.
Em seguida, reparei em uma figura de ferro usando um capacete de
prata (Figura 9), perguntei a Pai Lôro o que era aquilo, como resposta, ele me
disse que aquelas eram as ferramentas de Ogum.
Figura 9: Ferramentas de Ogum.
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Pai Lôro permitiu que eu fotografasse mais dois objetos dentro do salão.
Sendo eles o ‘’Pilão de duas bocas de Oxanguian9’’ (Figura 10) e o ‘’Axé da
Cumeeira’’ (Figura 11), que ficava pendurado na parte central do teto do salão.
Perguntei a Pai Loro o significado desse último objeto, ele me disse que o Axé
da Cumeeira representava a força, o ponto central de energia e um pilar de
sustentação da casa, servindo como uma ligação com o sagrado e que, portanto,
deveria ser muito bem cuidada para que nada de ruim acontecesse ao templo.
Figura 10: Pilão de Duas Bocas de Oxanguian.
9 Orixá filho de Oxalufã, é o responsável por prover coragem aos seus filhos nas superações de
lutas diárias. Na mitologia Yorubá, seu alimento favorito é inhame pilado, por isso o pilão é um
de seus símbolos.
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Figura 11: Axé da Comunheira
Fonte: Arquivo pessoal.
Logo após deixarmos o salão, pedi autorização para fotografar algumas
árvores, ele disse que no momento eu não poderia fotografar nenhuma delas.
Sendo assim, agradeci a atenção que recebi por parte dele e de Mãe Viviane e
desejei que um dia eles conseguissem definitivamente o respeito que tanto
almejam e merecem. Pai Lôro me agradeceu, e ao final despediu-se de mim
dizendo um caloroso “Axé”.
REFLEXÕES FINAIS
Ao longo dos séculos, a intolerância religiosa, intrinsecamente ligada ao
racismo enraizado (e institucionalizado) nas relações sociais do Brasil,
manifesta-se de variadas formas e nas mais diversas esferas da sociedade, seja
de caráter político, econômico, social e cultural, deixando elucidada a carga
ideológica herdada da mentalidade colonial que permeou por séculos a formação
da nossa sociedade.
A ignorância e a falta de capacidade de reconhecer o sagrado e os
valores culturais e identitários de cada grupo religioso, bem como de respeitar
os direitos e garantias fundamentais que todo ser humano possui de exercerem
(ou não) sua fé sem terem que ser alvos de discriminação ou violência, unidas a
um fundamentalismo religioso demagógico e cego que prega a soberania de uma
única crença (a Cristã) e uma verdade absoluta em detrimento de todas as outras
religiões existentes, são os principais fatores que fazem com que a intolerância
religiosa ainda exista e cause tanto sofrimento e injustiças em nosso país e no
mundo.
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Diante do que foi apresentado, conclui-se que a tolerância religiosa é
ainda muito pouco para que os adeptos das religiões de matrizes africanas sejam
respeitados de uma vez por todas, é necessário algo maior que isso: Só com o
respeito e o amor ao próximo poderemos acabar com o ódio, a violência e o
desrespeito causados pela intolerância religiosa. Sem essas virtudes e
sentimentos, nada poderá ser feito.
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Contra Afro-Religiosos: Conhecendo o candomblé dentro da sala de aula. XVII
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