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Desafios das Drogas Ilícitas na Sociedade Atual

O documento discute o tema das drogas ilícitas e os desafios que elas representam para a sociedade contemporânea. Apresenta uma visão geral do assunto, abordando a classificação de drogas, paradigmas de tratamento e políticas públicas. Também destaca a relação entre tráfico de drogas e crime organizado global, assim como a influência das drogas no aumento da violência.

Enviado por

Jacson Fonseca
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Desafios das Drogas Ilícitas na Sociedade Atual

O documento discute o tema das drogas ilícitas e os desafios que elas representam para a sociedade contemporânea. Apresenta uma visão geral do assunto, abordando a classificação de drogas, paradigmas de tratamento e políticas públicas. Também destaca a relação entre tráfico de drogas e crime organizado global, assim como a influência das drogas no aumento da violência.

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TEMA 4 – UM GRANDE DESAFIO: A CIVILIZAÇÃO

CONTEMPORÂNEA FRENTE ÀS DROGAS ILÍCITAS

PANORAMA GERAL SOBRE O TEMA

O uso de substâncias psicoativas remonta à própria existência da


sociedade. Nas civilizações antigas, o uso era voltado para cura,
recreação e até como um ato de religiosidade.

Atualmente, a questão do consumo de drogas envolve princípios


que permeiam a moralidade, a educação, a saúde, a segurança pública e
a justiça.

Além disso, as drogas têm relação direta com a ascensão do


capitalismo, tendo em vista que estão incorporadas à lógica
consumista.

A grande discussão sobre o uso está relacionada a uma


contradição: por que algumas drogas são proibidas e demonizadas
enquanto o consumo de outras é até mesmo incentivado?

Segundo o Glossário de Álcool e Drogas, publicado, inicialmente,


pela OMS, em 1994, a palavra droga1 possui diversos usos. Para a
medicina, se refere a “qualquer substância com o potencial de prevenir ou
curar doenças ou aumentar o bem-estar físico ou mental”; para a
farmacologia é um agente químico que altera processos bioquímicos ou
fisiológicos dos tecidos ou dos organismos, e para o senso comum, são
substâncias psicoativas, que se restringem às drogas ilícitas, ou seja,
álcool, tabaco e cafeína não são contabilizadas.

As drogas podem ser depressoras (álcool, calmantes, solventes),


estimulantes (anfetaminas, cafeína, cocaína) ou perturbadoras
(maconha, esctasy, LSD). Essa classificação leva em conta o modo como
a droga afeta o sistema nervoso central.

Além disso, segundo a Classificação Internacional de Doenças


(CID-10) e o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais
(DSM-IV), o uso pode se dividir em: intoxicação, abuso/uso nocivo, e
dependência.

1
http://www.campinas.sp.gov.br/governo/assistencia-social seguranca-
alimentar/prevencao-as-drogas/glossario.pdf (p. 57).
Essa classificação leva em conta a frequência e a quantidade, além
de aspectos comportamentais, cognitivos e fisiológicos. Dentre os
prejuízos sociais e biológicos, pode-se citar a dificuldade em
suspender o uso, o desinteresse em outras atividades e a
tolerância que o corpo desenvolve ao se sentir satisfeito apenas
com uma dosagem muito maior.

Aliado a isso, existem dois paradigmas: o da abstinência e o da


redução de danos. Por abstinência, podemos entender como o controle
de consumo por meio da internação em clínicas (maneira profissional e
responsável) ou por internação em manicômios (maneira desumana), já
que consiste, basicamente, em retirar o indivíduo, isolá-lo e tratá-lo
seguindo uma intervenção medicamentosa.

Por redução de danos, pode-se definir como uma minimização das


“consequências adversas de natureza biológica, social e econômica do
consumo de drogas, sem que haja a necessidade de o sujeito parar ou
mesmo diminuir a frequência do uso de drogas” 2.

O professor e antropólogo social, Eduardo Viana Vargas, ajuda a


pensar sobre o motivo da contradição apresentada no primeiro parágrafo:
Há cerca de um século praticamente nenhuma droga, de uso
medicamentoso ou não, era objeto de controle, quanto mais
sujeita à criminalização. No entanto, ao longo do século XX,
praticamente todos os países do mundo viriam a implementar
políticas mais ou menos repressivas em torno do uso de certas
drogas (VARGAS, 2008, p. 54)3.

Por fim, temos a Política de Atenção Integral a Usuários de


Álcool e Outras Drogas, lançada pelo Ministério da Saúde. Essa política
preza pela saúde biopsicossocial, ou seja, um tratamento
multidisciplinar e descentralizado, com a participação do usuário, família,
amigos e vizinhos.

Pensando nisso, foram criados os Centros de Atenção


Psicossocial para usuários de álcool e outras drogas (CAPS ad).
Esses centros são pontos estratégicos, abertos e comunitários, com
atendimento a todas as faixas etárias, voltados para quem passa por crises

2
A maioria das informações foi retirada da tese Sem passado e sem futuro: o consumo de
drogas na sociedade contemporânea, de Fernando Reis. Disponível em:
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-07082015-
162922/publico/reis_me.pdf.

3
VARGAS, E.V. Fármacos e outros objetos sociotécnicos: notas para uma genealogia
das drogas. In: LABATE, B.C. et al (orgs). Drogas e cultura: novas perspectivas.
Salvador: EDUFBA, 2008.
ou até mesmo pela reabilitação, porém, não são asilos.

Além dos CAPS, existem a Rede de Atenção à Saúde, os


Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), e a Estratégia
Consultório na Rua, para pessoas que se encontram em situação de
vulnerabilidade social e com vínculos familiares interrompidos ou
fragilizados.

ASPECTO 1 - DROGAS ILÍCITAS E CRIME ORGANIZADO GLOBAL

Aqui, a banca espera que você contextualize o aspecto, explicando,


por exemplo, o que são as drogas ilícitas, como funciona o crime
organizado global e qual a relação entre os dois. Ou seja, que você
relacione como as drogas ilícitas contribuem significativamente para o
aumento e a manutenção do crime organizado global.

I. Argumentos que você pode utilizar:

A base administrativa e financeira das organizações criminosas é a


lavagem de dinheiro e a evasão de divisas.

 LAVAGEM DE DINHEIRO: segundo a Lei 9.613/19984, lavagem de


dinheiro é “ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização,
disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores
provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal”. Ou seja, toda
movimentação financeira de dinheiro, bens, propriedades oriundas de
práticas ilegais é considerada lavagem de dinheiro.

 EVASÃO DE DIVISAS: segundo o art. 22 da Lei 7.492/1986, é


desfalcar os cofres públicos por meio de transações para outro país, sem
declaração da repartição federal.

II. O que é o crime organizado global

Segundo o Decreto 5.015/20045, é considerado como "grupo


criminoso organizado – [um] grupo estruturado de três ou mais pessoas,
existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito
de cometer uma ou mais infrações graves ou enunciadas na presente
Convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um
benefício econômico ou outro benefício material”.

4
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9613.htm

5
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2004/decreto/d5015.htm
 O narcotráfico é um subproduto da globalização: remete ao
que foi explicado no panorama, sobre a relação entre as drogas e o
capitalismo, e a facilidade de comercialização por meio da globalização dos
mercados. O narcotráfico é uma indústria transnacional que produz,
distribui e comercializa todo tipo de droga. É por meio da lavagem de
dinheiro que o dinheiro ilícito entra na economia, mas consegue ser
“reciclado”, até passar a ser considerado legal.

DADOS IMPORTANTES

(2014):

As drogas são uma ameaça internacional que movimenta US$ 320


bilhões ao ano (R$ 750 bilhões), um mercado que não diminuiu nos
últimos cinco anos, alertou a ONU na abertura da Comissão de
Narcóticos das Nações Unidas, que defendeu o respeito aos direitos
humanos dentro desta questão. O narcotráfico é um negócio
multimilionário que alimenta as redes criminosas a um ponto que
não podemos compreender bem ainda. As drogas ilegais geram ao
redor de US$ 320 bilhões anuais, e isto é um número em baixa
(perspectiva)", declarou o subsecretário-geral da ONU Jan
Eliasson6.

O Brasil perdeu, em média, o equivalente a 1,5% do Produto Interno


Bruto (PIB) ao ano entre 1960 e 2012 com a entrada e a saída de
dinheiro do país de maneira ilegal, de acordo com o estudo ‘Brasil:
Fuga de Capitais, Fluxos Ilícitos e Crises Macroeconômicas, 1960-
2012’, que será divulgado neste domingo pela Global Financial
Integrity (GFI), organização de pesquisa e consultoria sediada em
Washington. Os autores do trabalho chamam a atenção para o fato
de os dados serem considerados extremamente conservadores, já
que quase a totalidade (92,7%) do fluxo ilegal estimado é oriundo
do comércio de bens7.

ASPECTO 2 - RELAÇÃO ENTRE TRÁFICO DE DROGAS E VIOLÊNCIA

Nesse aspecto, você pode reforçar a ideia de que as drogas afetam


todas as classes sociais e colaboram para o aumento da violência.

Possíveis argumentos:

 Outros crimes relacionados ao narcotráfico: tráfico de armas e


crimes como roubo, extorsão, tráfico de pessoas, assassinatos;

6
Disponível em: https://m.folha.uol.com.br/mundo/2014/03/1424768- drogas-sao-
ameaca-que-movimentam-r-750-bi-por-ano-diz-onu.shtml

7
Disponível em: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2014/09/07/brasil perde-
15-do-pib-ao-ano-com-sonegacao-no-comercio-exterior.ghtml
 A política do “proibicionismo”: mesmo com medidas coercitivas,
os usuários buscam a substância. A criminalização pode levar à
marginalização dos usuários e consequentemente a chance de contrair e
transmitir doenças, como hepatites e HIV;

 A dependência química;

 A violência presente nos centros urbanos e nas comunidades;

 Repressão policial e diferenciação no tratamento entre


“traficantes” (não necessariamente quem trafica, mas jovens negros e
de baixa renda) e “usuários” (jovens de classe média/alta):

[...] os jovens trabalhadores do tráfico de drogas são


considerados, com o empenho da indústria cultural, os
responsáveis pela violência, embora sejam, a um só tempo, as
principais vítimas das mortes violentas nas estatísticas policiais.
Esses jovens são um apêndice, ora indispensáveis, ora
descartáveis, nas conexões internacionais da ‘indústria’ do tráfico
de drogas e ocultam os reais beneficiados com esse, que é um dos
setores mais lucrativos da economia mundial. Esses jovens são o
que Arendt denomina de ‘população supérflua’. Os jovens e
adolescentes pobres fazem parte do elo mais frágil das correntes
do narcotráfico, e é neles que se materializa a imagem do perigo,
da ameaça e da violência. Urge conhecer a realidade destes
adolescentes e jovens que estão envolvidos na rede do tráfico de
drogas, no intuito de, a partir destes discursos, contribuir para a
construção de políticas públicas que vão ao encontro das
necessidades destes adolescentes e jovens8.

DADOS COMPLEMENTARES

I. Conforme o II Levantamento domiciliar sobre uso de drogas


psicotrópicas no Brasil (2006), dos 7.939 entrevistados, de 108 cidades
brasileiras com mais de 200 mil habitantes (valores representados de
acordo com o uso durante a vida – ano –mês, respectivamente):

Maconha: 8,8%; 2.6% ;1,9%.

Solventes: 6,1%; 1,2%; 0,4%.

Benzodiazepínicos: 5,6%; 2,1 %; 1,3%.

8
Disponível em: p. 159
http://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/05/996732/drogas_sociedade_persp
ectivas_livro_completo.pdf
Álcool: 74,6%; 49,8%; 38,3%.

Tabaco: 44,0%; 19,2%; 18,4%.

Crack: 0,7%; 0,1%; 0,1%.

- 22,8% da população, entre 12 e 65 anos, já experimentou drogas


psicotrópicas, desconsiderando álcool e tabaco.

II. Levantamento nacional sobre o consumo de drogas psicotrópicas entre


estudantes do ensino fundamental e médio das redes públicas e
privada de ensino das 27 capitais brasileiras (2010): dos 50.890
entrevistados (valores representados de acordo com o uso durante a vida
– ano – mês, respectivamente):

Maconha: 5,7%; 3,7%; 2,0%.

Cocaína: 2,5%; 1,8%; 1,0%.

Crack: 0,6%; 0,4%; 0,3%.

Álcool: 60,5%; 43,4%; 21,1%.

- 25% dos entrevistados já experimentou drogas psicotrópicas,


desconsiderando álcool e tabaco. Ainda existe os casos de morte por
acidentes provocados por motoristas embriagados e os assassinatos que
tenham relação com o narcotráfico, no que diz respeito ao combate por
meio de forças de repressão.

ASPECTO 3 - ALTERNATIVAS À DENOMINADA GUERRA ÀS DROGAS

Nesse aspecto, espera-se que sejam abordadas alternativas que


abranjam desde como tratar o usuário até como solucionar o
tráfico de drogas.

Possíveis argumentos:

I. Fortalecimento das fronteiras/fiscalização de aduanas e alfândegas;

II. Programas:

 “Crack, é Possível Vencer”: é um programa que busca a


prevenção (são disseminadas informações sobre crack e outras drogas), o
cuidado (tratamento adequado aos dependentes químicos por meio de
serviços de saúde) e autoridade (intervenção policial por parte da
cooperação entre Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e polícias
estaduais).
 Centros de Atenção Psicossocial para usuários de álcool e
outras drogas (CAPS ad);

 Rede de Atenção à Saúde;

 Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF);

 Estratégia Consultório na Rua.

Ou você pode se posicionar quanto às políticas de descriminalização:

I. Encarar o consumo de drogas ilícitas como uma questão de


saúde pública;

II. Fracasso nas políticas de repressão: esse tipo de política acarreta


valorização do tráfico, estimulação do consumo, maiores custos com
policiamento e sistema prisional. Ou seja, não reduz o tráfico e nem o
número de usuários.

De acordo com os dados disponíveis e estimados pelo


Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, de 2014, o gasto com prisões
relacionadas ao tráfico de entorpecentes no Brasil foram de R$ 3,32
bilhões9.

Segundo o Relatório Brasileiro sobre Drogas, de 2009, “Em


2007, 1,1% do número total de crimes praticados no Brasil estavam
relacionados com a posse para uso de drogas ilegais. O percentual de
crimes de tráfico de drogas, por seu turno, foi, em 2007, 1% do total de
crimes no Brasil. Ambos os crimes contam, assim, por 2,1% do total de
crimes praticados no Brasil. Com essas informações, estimou-se que R$
409,5 milhões foram as despesas com repressão policial relacionadas ao
combate às drogas em 201410”.

I. Descriminalização: as drogas deixam de ser ilícitas do ponto de vista


penal, mas ainda podem acarretar sanções administrativas (multas,

9
Disponível em: https://www2.camara.leg.br/atividade legislativa/estudos-e-notas-
tecnicas/publicacoes-da-consultoria legislativa/areas-da-conle/tema10/impacto-
economico-da-legalizacao-das drogas-no-
brasil#:~:text=3%20LSE%20(2014).&text=Estudo%20norte-
americano4%2C%20de%202010,governo%20para%20o%20seu%20comba te.
(p.30).
10
Ibidem, p. 33
prestações de serviços).

II. Legalização: pode ser alternativa à economia e à saúde (tributação e


receitas de impostos adequadas, criação de empregos, redução da evasão
de divisas, enfraquecimento do mercado ilegal, redução de gastos com o
policiamento e encarceramento, controle da qualidade).

Um estudo norte-americano (Miron & Waldock – 2010) “estimou o


impacto econômico da legalização de drogas, em geral, e da maconha, em
particular. Segundo a pesquisa, a legalização das drogas economizaria
aproximadamente US$ 41,3 bilhões por ano em gastos do governo para o
seu combate. Por sua vez, as receitas anuais da taxação das drogas, de
forma semelhante ao álcool e o tabaco, foram projetadas em US$ 46,7
bilhões11”.

Obs.: o texto a seguir leva em consideração o posicionamento da banca


CEBRASPE quanto ao tema (Historicamente, a instituição se posiciona
contrariamente ao modo como é feito o combate às drogas ilícitas no
Brasil).

EXEMPLO DE REDAÇÃO NOTA 10 – TEMA 4

O problema das drogas ilícitas na civilização contemporânea


perpassa pela expansão do comércio e do consumo de entorpecentes,
propiciados pelo crime organizado global. É necessário buscar alternativas
à denominada guerra às drogas, no intuito de reduzir a relação entre o
tráfico de drogas e a violência.

Atualmente, são consideradas drogas ilícitas as substâncias que têm


efeito psicoativo e que são proibidas por lei. Nesse sentido, o comércio
desse tipo de substância é uma das principais fontes de renda e lucro do
crime organizado, que se estrutura por meio da lavagem de dinheiro e da
evasão de divisas. Outrossim, a demanda por substâncias ilícitas faz com
que o narcotráfico se expanda a ponto de se tornar um subproduto da
globalização. Certamente, é possível criar rota de interligação entre os
principais mercados, o que permite que os entorpecentes passem por
vários países até chegar ao seu consumidor final.
No que se refere especificamente ao tráfico de drogas e à violência
por trás dessa prática, existem inúmeros responsáveis. Isso porque ela
pode ser constatada tanto internamente — advinda da luta de facções e
de outros crimes decorrentes do tráfico de drogas, como roubo, extorsão,
assassinatos — como também da violência policial. Além disso, devido à

11
Ibidem, p.6.
política “proibicionista”, as drogas ilícitas são produzidas e comercializadas
de forma clandestina, sem o controle da produção. Efetivamente, muitas
pessoas colocam a vida em risco para manterem o vício.

Assim, o consumo de drogas ilícitas deve ser visto como uma


questão de saúde pública. Portanto, as possíveis alternativas precisam
passar por medidas que reavaliem a guerra às drogas no sentido de reduzir
os gastos absurdos na repressão policial e os custos prisionais, já que a
criminalização não reflete necessariamente a diminuição do uso e comércio
de drogas ilícitas. Dessa forma, podem ser pensadas medidas que visem
a descriminalização do uso, para controle de produção e de consumo, o
enfraquecimento do mercado ilegal e a redução de danos causados aos
usuários e aos dependentes.

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