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Deficiência Visual E Aee: Aprendizagem em Foco

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WBA0215_v2.

APRENDIZAGEM EM FOCO

DEFICIÊNCIA VISUAL E AEE


APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Nancy Capretz Batista da Silva

A disciplina Deficiência visual e AEE apresenta as principais


características da deficiência visual (cegueira e baixa visão)
e surdocegueira. São analisadas as políticas inclusivas que
fundamentam o processo de ensino e a aprendizagem de alunos
com deficiência visual, os recursos e tecnologias assistivas para
o Atendimento Educacional Especializado (AEE) de alunos com
deficiência visual e os com surdocegueira. Ainda, abordam-se as
principais diretrizes para a orientação e mobilidade de alunos com
deficiência visual e surdocegueira. São apresentados exemplos de
materiais adaptados que podem ser confeccionados na própria
escola e de recursos de acessibilidade encontrados em softwares
acessíveis e em aparelhos de telefonia móvel com sistema
operacional Android.

A disciplina tem como principais objetivos:

• Entender as definições de deficiência visual, causas e aspectos


relativos ao desenvolvimento da linguagem, orientação e
mobilidade.

• Compreender as necessidades dos indivíduos com deficiência


visual como decorrentes de processos específicos e singulares
de desenvolvimento, em relação aos estímulos ambientais
em que vivem e identificar os obstáculos existentes para a
aprendizagem.

• Conhecer e ser capaz de utilizar e planejar as formas de


comunicação e recursos assistivos para o processo de

2
ensino e aprendizagem de alunos com deficiência visual no
Atendimento Educacional Especializado.

Venha aprender mais sobre esse interessante assunto!

INTRODUÇÃO

Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira


direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática
abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar
reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática
profissional. Vem conosco!

3
TEMA 1

Deficiência visual e surdocegueira:


principais definições
______________________________________________________________
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Nancy Capretz Batista da Silva
DIRETO AO PONTO

A deficiência visual engloba as condições de cegueira parcial e total e


de visão subnormal ou baixa visão.

A cegueira é definida como uma alteração parcial ou total, que


acomete a capacidade de percepção da cores, tamanhos, distâncias,
formas, posições e/ou movimentos.

A cegueira parcial engloba os casos em que ainda resta a capacidade


dos indivíduos em enxergar, podendo, por exemplo, contar dedos a
uma pequena distância e/ou de visualizar vultos.

A cegueira total (ou amaurose) significa a perda completa de visão.


A visão é nula, ou seja, não há nem a capacidade de percepção
luminosa.

A baixa visão possui subtipos e intensidades de comprometimentos


nas funções visuais, desde a percepção de luz até a redução da
acuidade e do campo visual, como nistagmo, que é o movimento
rápido e involuntário dos olhos e que leva à fadiga no ato da leitura.

Há, ainda, os casos em que a perda da visão leva à extirpação


do globo ocular e ao uso de próteses oculares em um dos olhos
ou em ambos e essa ausência da visão poderá afetar um dos
olhos, chamada de visão monocular, que, geralmente, não causa
transtornos no uso eficiente da função visão (BRASIL, 2007).

Alunos com baixa visão apresentam dificuldades para ver detalhes,


como as feições das outras pessoas e, em sala de aula, conseguem
enxergar a lousa, mas não serão capazes de discriminar as letras.

A pessoa com baixa visão pode demonstrar oscilação na condição


visual, de acordo com seu estado emocional, com as circunstâncias e

5
a posição espacial em que se encontra e as condições de iluminação
natural ou artificial (BRASIL, 2007).

As causas da deficiência visual são classificadas em causas


adquiridas ou congênitas.

Figura 1 – Causa das deficiências visuais adquiridas e congênitas

Fonte: elaborada pela autora

Já a condição de surdocegueira ocorre quando há perdas


auditivas e visuais simultâneas e variados graus, determinando
o desenvolvimento de formas alternativas de comunicação,
compreensão do mundo e de interação social (LUNA, 2021).

A surdocegueira congênita ocorre quando o indivíduo nasce com


deficiência visual e auditiva e dependerá do nível de perda auditiva
ou visual e outros fatores, mas as causas das deficiências de
origem congênitas são pouco conhecidas, sabendo-se que existem
fatores genéticos e ambientais relacionados e que aumentam o
risco da surdocegueira. A surdocegueira adquirida ocorre quando
o indivíduo apresenta perda visual e auditiva em períodos tardios

6
como doenças, acidentes ou devido ao envelhecimento (LUNA,
2021).

Com relação ao desenvolvimento psicológico, cognitivo, emocional


e social dos alunos com deficiência visual, as diferentes formas de
cegueira e baixa visão podem levar a conflitos que influenciarão a
aprendizagem, pois a visão é o sentido predominante na hierarquia
das percepções.

O desenvolvimento das informações tátil, auditiva, sinestésica


e olfativas são maiores nas pessoas cegas devido ao uso mais
frequente desses sentidos para a decodificação e armazenamento
das informações na memória.

A falta ou redução de uso da visão, leva a mudança na forma como


as informações são recebidas pelos outros sentidos, levando a um
desenvolvimento complementar e não compensatório da audição,
do tato, do olfato e do paladar (BRASIL, 2007).

Um dos desafios para o desenvolvimento das crianças com


deficiência visual é a aquisição da linguagem e a elaboração
do pensamento, pois estabelecerão o contato com o ambiente
mediante os outros sentidos, pelas informações das pessoas e dos
recursos assistivos.

A aprendizagem das informações pelas outras pessoas pode gerar


dificuldades para as crianças cegas na compreensão e elaboração da
linguagem, assim como no desenvolvimento do pensamento, já que
a visão é fundamental na formação das imagens que compõem esse
processo.

Assim, as crianças cegas desenvolvem a linguagem e o pensamento


com experiências sensoriais diferentes daquelas de uma criança
sem deficiência visual.

7
Referências bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Atendimento
Educacional Especializado - Deficiência Visual. Brasília: MEC, 2007.
LUNA, T. N. de. A Surdocegueira. 2021.

PARA SABER MAIS

Helen Adams Keller (1880-1968) foi uma escritora, conferencista e


ativista social norte-americana e a primeira pessoa surdocega da
história a conquistar um bacharelado.

Antes de completar dois anos de idade, estava cega e surda, devido


à escarlatina e permaneceu em reclusão no escuro e no silêncio,
sem a chance de aprender qualquer tipo de comunicação.

A única pessoa que se arriscava a se comunicar com ela era a filha


da cozinheira, de seis anos, que passava o dia levando puxões e
empurrões, pois, aos seis anos de idade, Helen era uma criança
violenta, pois não entendia sua condição.

Seus pais decidiram buscar ajuda e, apesar da precariedade da


época, foram encaminhados para uma escola especializada, que
entregou seu caso para uma de suas ex-alunas, chamada Anne
Sullivan, com vinte anos e baixa visão.

Anne, como sua professora, conseguiu romper o isolamento


imposto pela quase total falta de comunicação, permitindo seu
desenvolvimento, aprendizagem e comunicação.

Anne ensinou Helen a ouvir, colocando seus dedos sobre sua


garganta, lábios e nariz e associando as vibrações e palavras.

8
O seu tato se desenvolveu de forma que pudesse diferenciar as
informações do ambiente e ela se tornou proficiente no Sistema
Braille e em linguagem de sinais na palma da mão.

Aos vinte anos, Helen escreveu uma autobiografia à mão e ingressou


no ensino formal, sendo a primeira surdocega a se graduar em uma
universidade.

Helen Keller se tornou uma escritora, filósofa e conferencista, e é


uma personagem famosa pelo seu trabalho em prol das pessoas
com deficiência.

Foi condecorada pelo presidente dos Estados Unidos, com a


medalha da liberdade, o maior reconhecimento que um pessoa civil
pode receber naquele país.

Referências bibliográficas
BRENNER, W. A incrível história de Hellen Keller e Anne Sullivan. 2021.

TEORIA EM PRÁTICA

Imagine que você é o (a) profissional de educação especial em uma


escola municipal de educação básica, que receberá, pela primeira
vez, um aluno de nove anos, chamado Pedro, com deficiência visual,
para frequentar a terceira série do ensino fundamental. O aluno
possui uma acuidade visual inferior a 20/60, contando com a visão
dos dois olhos. A escola já possui outros alunos com deficiências,
mas não com deficiência visual, na Sala de Recursos Multifuncionais
no Atendimento Educacional Especializado.

Caberá a você, é responsável pelo AEE da escola, recepcionar Pedro


e seus familiares. Como deve ser sua postura como profissional

9
de educação especial nesta recepção, e o que deve ser explicando
a eles, em um primeiro momento, sobre a adaptação da escola às
necessidades de Pedro?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

A obra indicada aborda as barreiras que prejudicam a inserção e a


integração social de pessoas com deficiência, como a desigualdade
e o preconceito contra as diferenças, investiga o conceito de
10
acessibilidade universal e discute as implicações sociais do que se
entende como normal.

TESKE, O. et al. Sociologia da acessibilidade. Curitiba: InterSaberes, 2017.

Indicação 2

A obra indicada chama a atenção para a educação dos deficientes


visuais, e propõe o debate, aprendizagem e a análise dos caminhos
para que as escolas trabalhem as diferenças em sala de aula.
Também propõe alternativas para que o aprimoramento do
processo de ensino-aprendizagem do deficiente visual, o acesso ao
conhecimento e à cidadania.

MOSQUERA, C. F. F. Deficiência Visual na Escola Inclusiva. Série Inclusão


Escola. Curitiba: Intersaberes, 2012.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

11
1. Denomina-se como deficiência visual, as condições de baixa visão
e de cegueira parcial e total.

Sobre a capacidade de visão na cegueira parcial, assinale a


alternativa correta:

a. Há a percepção da iluminação e o delineamento de algumas


formas.
b. A visão é insuficiente para aprender a ler em tinta e utiliza
outros sentidos além da visão.
c. Há incapacidade para a exploração do entorno e
conhecimento do mundo.
d. Ainda há a capacidade de contar dedos a uma pequena
distância e/ou de visualizar vultos.
e. É nula, ou seja, não há a capacidade de percepção luminosa.

2. A visão é o sentido soberano na hierarquia sensorial


e ocupa uma posição predominante no que se refere
à percepção e integração de formas, dos contornos,
tamanhos, cores e das imagens.

Sobre as capacidades proporcionadas pela visão, assinale a


alternativa correta.

a. Estabelece a interação com o ambiente interno.


b. Permite a imitação de gestos e/ou comportamentos.
c. Impossibilita a exploração de espaços circunscritos.
d. Possibilita a dissociação entre som e imagem.
e. Possibilita o manuseio dos objetos ao redor.

12
GABARITO

Questão 1 - Resposta D
Resolução: Na cegueira parcial, a capacidade de visão é aquela
em que ainda há a capacidade de contar dedos a uma pequena
distância e/ou de visualizar vultos. A percepção da iluminação
e o delineamento de algumas formas; a visão insuficiente
para aprender a ler em tinta e necessidade de utilizar outros
sentidos além da visão; a incapacidade para a exploração do
entorno e de conhecimento do mundo e a incapacidade de
visão, ou seja, não há a capacidade de percepção luminosa, se
aplicam à definição de cegueira total.
Questão 2 - Resposta B
Resolução: A visão é a capacidade sensorial que faz a
interligação com as outras capacidades e possibilita a imitação
de gestos e/ou comportamentos. Estabelece uma interação
com o ambiente interno, é alternativa incorreta, pois a visão
estabelece uma interação com o ambiente externo. Permite
a dissociação entre som e imagem, é alternativa incorreta,
pois permite a associação entre som e imagem. Impossibilita
a exploração de espaços circunscritos, é alternativa incorreta,
pois possibilita a exploração de espaços circunscrito; e é usada
para o manuseio dos objetos ao redor, é alternativa incorreta,
pois é usada para a visualização dos objetos ao redor.

13
TEMA 2

Deficiência visual e surdocegueira:


inclusão, comunicação e recursos
assistivos
______________________________________________________________
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Nancy Capretz Batista da Silva
DIRETO AO PONTO

O Atendimento Educacional Especializado (AEE) é o serviço destinado


aos alunos que fazem parte da população-alvo da Educação Especial,
como as pessoas com deficiência, com transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. O AEE deve
organizar as atividades, implantá-las e utilizar recursos pedagógicos
e assistivos, a fim de complementar e/ou suplementar o processo de
escolaridade dessa população (BRASIL, 2008).

No caso de alunos com deficiência visual e surdocegueira, é


necessária a utilização no AEE de recursos assistivos que possam
atender às necessidades de comunicação e auxiliem no processo
educativo e de desenvolvimento dos alunos da população-alvo.

As formas de comunicação utilizadas com alunos com deficiência


visual são variadas, e as mais utilizadas são:

• O sistema Braille: que é a combinação de 63 pontos, que


representam todas as letras do alfabeto, os números e outros
símbolos gráficos, feita por meio da disposição dos seis pontos
básicos dispostos em duas colunas verticais, com três pontos à
direita e três à esquerda, em um espaço chamado por cela”.

• A escrita em Braille: realizada por meio do reglete e da punção.

• A máquina de escrever e as impressoras em Braille.

No caso de alunos surdocegos, o guia-intérprete é a pessoa que


realiza o trabalho de transmissão da informação visual como
comunicação para a pessoa surdocega.

As formas de comunicação com os alunos surdocegos também


são variadas e as mais usadas são o Braille digital, o Tadoma, e o
Alfabeto manual tátil ou dactilológico. Consiste na realização do
15
sistema de signos sobre a palma da pessoa surdocega. Os códigos
adotados são variados, mas a forma mais usada é a que cada letra é
representada por diferentes posições dos dedos e da mão.

• Braille digital: é o uso Braille adaptado para ser percebido com


o sentido do tato; os dedos indicador e médio de uma das
mãos representam a cela Braille e cada falange, o espaço de
marcação dos pontos, o que viabiliza a escritas das palavras
nos dedos dos que dominam essa técnica.

• Tadoma: é a técnica em que a pessoa surdocega toca, com


uma ou duas mãos, o rosto (maxilar, boca e bochecha) ou
pescoço do interlocutor, a fim de realizar a percepção tátil da
língua oral emitida, por meio das vibrações e dos movimentos
fonoarticulatórios realizados para produzir a fala.

• Alfabeto manual tátil ou dactilológico: realização do sistema de


signos sobre a palma da mão da pessoa surdocega.

Os recursos assistivos óticos são classificados para longe e para


perto. Os recursos para longe são: o telescópio, usado para leitura
no quadro negro; telessistemas; telelupas; e as lunetas.

Os recursos óticos para perto são os óculos com lentes de aumento


(óculos bifocais, lentes esferoprismáticas, lentes monofocais
esféricas, sistemas telemicroscópicos). Há as lupas manuais, lupas
de mesa e de apoio para ampliação do tamanho de fontes para a
leitura, dimensões de mapas, gráficos, diagramas e figuras (BRASIL,
2007).

Os recursos não-óticos podem ser vistos a seguir:

16
Figura 1 – Recursos não-óticos para o AEE de pessoas com
deficiência visual

Fonte: elaborada pela autora.

Um dos softwares acessíveis para pessoas com deficiência visual


mais conhecidos e difundidos, no Brasil, é o DOSVOX, do Núcleo de
Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
que oferece ferramentas e aplicativos próprios.

Referências bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes
Operacionais da Educação Especial para o Atendimento Educacional
Especializado na Educação Básica. Brasília, 2008.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Atendimento
Educacional Especializado - Deficiência Visual. Brasília, 2007.

17
PARA SABER MAIS

Vamos relembrar algumas das legislações nacionais que


promoveram a educação inclusiva e garantiram o atendimento a
pessoas com deficiências nas últimas décadas dos séculos XX e XXI.

Constituição Federal (1988): o artigo 208, que trata da Educação


Básica obrigatória e gratuita dos quatro aos dezessete anos,
afirma que é dever do Estado garantir o atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente
na rede regular de ensino. Nos artigos 205 e 206, afirma-se
que a Educação é um direito de todos e deve garantir o pleno
desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação
para o trabalho, assim como a igualdade de condições de acesso e
permanência na escola.

Lei n. 7.853 (1989): dispõe sobre a integração social das pessoas


com deficiência e, na área da Educação, determina a criação de
escolas especiais, privadas e públicas e a oferta, obrigatória e
gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de
ensino.

Lei n. 9.394 (1996): a Lei de Diretrizes e Bases da Educação


(LDB) afirma que o atendimento educacional do público-alvo da
Educação Especial deverá ser feito em classes, escolas ou serviços
especializados, em função das condições específicas dos alunos,
quando não for possível a integração nas classes comuns de
ensino regular. Trata da formação dos professores e de currículos,
métodos, técnicas e recursos para atender às necessidades das
crianças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação.

Plano de Desenvolvimento da Educação (2007): no que se refere à


educação inclusiva, o PDE trabalha com a questão da infraestrutura
18
das escolas, abordando a acessibilidade das edificações escolares,
da formação docente e das salas de recursos multifuncionais.

Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação


Inclusiva (2008): diretrizes que embasam as políticas públicas de
promoção de uma educação de qualidade para todos os alunos.

Decreto n. 6.571 (2008): dispõe sobre o atendimento educacional


especializado (AEE) na Educação Básica e obriga a União a prestar
apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino, no
oferecimento da modalidade. Além disso, reforça que o AEE deve
estar integrado ao projeto pedagógico da escola.

Plano Nacional de Educação - PNE (2014): a meta que trata do tema


da educação inclusiva, a n. 4, dispõe sobre a universalização, para a
população de quatro a dezessete anos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
do acesso à educação básica e ao atendimento educacional
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino em
salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços
especializados, públicos ou conveniados.

TEORIA EM PRÁTICA

Uma escola estadual de educação básica, em que você atua como


profissional de educação especial, recebe a matrícula de Mara, uma
aluna surdocega, de 15 anos, na primeira série do ensino médio.

Mara é surdocega congênita, com cegueira total e surdez parcial


e se comunica com o uso de Tadoma, do alfabeto manual tátil ou
dactilológico e do Sistema Braille. Ela será acompanhada nas aulas
por uma guia-intérprete.

19
A escola ainda não havia atendido alunos com surdocegueira no
Atendimento Educacional Especializado e pede que você prepare a
equipe escolar para entender as particularidades do caso de Mara,
de forma a acolhê-la adequadamente.

O que seria necessário explicar sobre as particularidades da


condição de Mara à equipe escolar, de modo a oferecer um
acolhimento adequado a essa aluna nesse contexto educacional?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

20
Indicação 1

A coleção Saberes e Práticas da Inclusão – Educação Infantil traz


temas específicos sobre o atendimento educacional de crianças com
necessidades educacionais especiais, do nascimento aos seis anos
de idade, e esse volume é destinado à formação de educadores
para o trabalho com alunos com surdocegueira/ múltipla deficiência
sensorial.

BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Saberes e Práticas da inclusão:


dificuldades de comunicação e sinalização: surdocegueira/múltipla deficiência
sensorial – PARTE II – Abordagens teóricas sobre a surdocegueira. MEC/SEESP,
2. ed. Brasília: MEC/SEESP, 2003.

Indicação 2

A obra indicada analisa a recriação e reinvenção da escola diante


da diversidade e reflete sobre a formação de professores como
uma ação contínua, produzida no cotidiano da escola, a partir do
questionamento das concepções sobre as deficiências e a sua
relação com a prática educativa.

DINIZ, M. Inclusão de pessoas com deficiência e/ou necessidades


específicas: avanços e desafios. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco

21
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. A cegueira total (ou amaurose) significa a perda completa de


visão. A visão é nula, ou seja, não há a capacidade de percepção
luminosa.

Assinale a alternativa que apresenta os recursos adequados


para o atendimento educacional especializado de pessoas
cegas totais:

a. Sistema Braille, Soroban e lupa.


b. Sistema Braille, Soroban e softwares acessíveis.
c. Telescópio, Sistema Braille e softwares acessíveis.
d. Sistema Braille, LIBRAS e tipos ampliados.
e. Sistema Braille, plano inclinado e luneta.

2. O DOSVOX é um recurso assistivo de tipo software


desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica,
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que contém
ferramentas e aplicativos próprios para auxiliar alunos com
deficiência visual.

Sobre os recursos como os softwares leitores de tela, assinale


a alternativa correta:

a. Possibilitam o uso de aplicativos por comandos de teclado


sem uso de mouses.
b. Possibilitam a navegação em alguns sites da Internet.
c. Permitem o uso de processadores de textos por comandos de
voz e uso de mouses.

22
d. Permitem o uso de aplicativos para todos os tipos de
deficiência.
e. Possibilitam processar textos com o auxílio de lentes
ampliadoras.

GABARITO

Questão 1 - Resposta B
Resolução: Os recursos adequados para o AEE de pessoas
cegas são o sistema Braille, Soroban e os softwares acessíveis,
como o DOSVOX, pois não implicam o uso de visão. O sistema
Braille, plano inclinado e luneta, não são recursos adequados
porque implicam o uso de visão. O sistema Braille, Soroban
e lupa é incorreto porque a lupa implica o uso de visão. O
telescópio, sistema Braille e softwares acessíveis é alternativa
incorreta, pois o telescópio implica o uso de visão. O sistema
Braille, LIBRAS e tipos ampliados é alternativa incorreta, pois
a LIBRAS é adequada ao AEE de deficiência auditiva e os tipos
ampliados implicam o uso de visão.
Questão 2 - Resposta A
Resolução: Os recursos como os softwares leitores de tela
“possibilitam usar aplicativos por meio de comandos de
teclado sem uso de mouse”. A alternativa que afirma que os
recursos como os softwares leitores de tela “possibilitam a
navegação em alguns sites da Internet” é incorreta, pois tais
recursos possibilitam a navegação na Internet sem restrições,
em todos os sites. A alternativa que afirma que os recursos
como os softwares leitores de tela “possibilitam usar planilhas
e processar textos por meio de comandos de voz e uso de
mouse” é incorreta, pois para usar planilhas e processar
textos permitem comandos de teclado sem uso de mouse.
23
A alternativa que afirma que os recursos como os softwares
leitores de tela “possibilitam usar ferramentas e aplicativos para
todos os tipos de deficiência” é incorreta, pois o uso dessas
ferramentas e aplicativos é projetado para a deficiência visual.
A alternativa que afirma que os recursos como os softwares
leitores de tela “possibilitam processar textos com o auxílio de
lentes ampliadoras” é incorreta, pois processam textos com o
uso de comandos de teclado.

24
TEMA 3

Deficiência visual: objetos de


aprendizagem e Comunicação
Alternativa
______________________________________________________________
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Nancy Capretz Batista da Silva
DIRETO AO PONTO

Os recursos para o Atendimento Educacional Especializado de


alunos com deficiência visual devem estar baseados em situações
cotidianas e estimular a exploração e o desenvolvimento dos
sentidos remanescentes desses alunos.

Esses recursos podem ser confeccionados pelos professores,


sempre utilizando critérios de eficiência a representação da
forma mais próxima possível do modelo original que está sendo
reproduzido, com sucatas e materiais de papelaria.

Um exemplo, é a cela Braille, confeccionada com caixas de papelão,


frascos de desodorantes e embalagem de ovos.

Figura 1 - Cela Braille

Fonte: DREZZA (2019, p. 6).

Outro exemplo são os modelos de cela Braille vazada,


confeccionadas em vários tamanhos com acetatos usados em
radiografias e que podem ser feitas em papelão.

26
Figura 2 - Cela Braille vazada

Fonte: Brasil (2007, [n. p.]).

Para os alunos com surdocegueira, devem ser utilizados os objetos


de referência cujo objetivo é a representação de pessoas e conceitos
e de antecipação das atividades de orientação e mobilidade (como
é o caso do boné, que representa a atividade ao ar livre, a xícara ou
caneca, que representa a hora do lanche).

A Comunicação Alternativa se refere aos meios de comunicação


que suplementam ou substituem as possibilidades de linguagem
por meio da verbalização e/ou da escrita de indivíduos com a
comunicação comprometida de forma total ou parcial, como as
pessoas com dificuldades motoras, cognitivas, emocionais ou outros
fatores que impedem a comunicação convencional. Além disso,
procura valorizar as formas de expressão mais usuais das pessoas
com dificuldades de linguagem.

Alunos com deficiência visual também podem apresentar


dificuldades para a realização da leitura de forma convencional e, na
surdocegueira, podem apresentar dificuldades na linguagem oral.

Os impedimentos na comunicação oral e escrita dificultam a


expressão dos alunos e o compartilhamento de seus conhecimentos
27
na escola, como no caso de alunos com surdocegueira e/ou com
deficiências múltiplas, que apresentam limitações severas para se
comunicarem e podem se tornar isolados e muito dependentes.

A limitação de comunicação e expressão de pensamentos,


sentimentos e necessidades pode gerar agressividade, frustração
e/ou rejeição para atividades de ensino e aprendizagem, pois as
pessoas que não conseguem se comunicar podem ficai irritadas e se
isolarem.

Os professores do AEE devem conhecer as alternativas de


comunicação, a fim de adaptar as atividades para os alunos
com dificuldades de linguagem participarem das atividades que
envolvem a fala e a escrita. Podem construir cartões e pranchas de
comunicação, pranchas alfabéticas e de palavras, usar vocalizadores
e/ou o próprio computador como uma ferramenta de voz e
comunicação.

Os softwares leitores de tela em computadores e aparelhos


celulares permitem que os usuários com deficiência visual leiam
textos exibidos na tela do computador, por meio de um sintetizador
de voz ou um display em Braille.

Referências bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Atendimento
Educacional Especializado - Deficiência Visual. Brasília: MEC, 2007.

PARA SABER MAIS

Os dispositivos móveis, como os smartphones, possuem vários


recursos de acessibilidade para que podem variar de acordo com o
tipo e a versão do sistema operacional do aparelho.

28
O sistema operacional Android está presente nos aparelhos
smartphones mais acessíveis e possui configurações de
acessibilidade, como o TalkBack, aumento do tamanho da fonte,
criação de tema escuro e outras que você pode conferir a seguir.

Figura 1 – A acessibilidade em smartphones (sistema Android)

Fonte: Brasil (2007, [n. p.]).

A conversão de texto em voz é um dos recursos de acessibilidade


mais conhecidos dos smartphones que usam o sistema Android e,
para ativar o recurso, é preciso fazer o download do pacote para a
Língua Portuguesa para, depois, procurar os aplicativos compatíveis,
solicitando a leitura em voz, que pode ter o tom e a velocidade
ajustadas de acordo com a necessidade do usuário.

29
Figura 2 – Conversão de texto em voz

Fonte: acervo pessoal da autora.

TEORIA EM PRÁTICA

Na escola municipal de Educação Básica X, onde você trabalha como


professor (a) do Atendimento Educacional Especializado, há um
aluno com deficiência visual chamado Marcelo, de dez anos, que
apresenta baixa visão e faz uso de lupa e luneta para a visualização
de materiais impressos.

Ele ainda não utiliza tecnologias de Comunicação Alternativa, como


os softwares leitores de tela e manifesta a você o interesse em
aprender a usar esses recursos.

Como você, enquanto profissional de educação especial e professor


do AEE, deve proceder para auxiliar Marcelo a utilizar essa
tecnologia de Comunicação Alternativa?

Quais etapas devem ser elaboradas para planejar o uso do leitor de


tela para este aluno?
30
Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,
acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

Indicação 1

A obra indicada explora o papel social das tecnologias assistivas


e tenta compreender como essas ferramentas contribuem para
promover a inclusão social, especialmente no contexto escolar e
de trabalho. Discute-se os processos de concessão e aquisição da

31
tecnologia assistiva e as demandas de formação, suporte, serviços e
políticas públicas nessa área.

COSTA, M. T. A. Tecnologia Assistiva: uma prática para a promoção dos


direitos humanos. Série Pressupostos da Educação Especial. Curitiba:
InterSaberes, 2020.

Indicação 2

O site indicado, Acessibilidade na Prática, foi criado por Frederico


Rios, médico veterinário de animais de grande porte, mestre em
Produção e Gestão Agroindustrial e que, após sofrer um acidente de
moto em agosto de 2008, tornou-se tetraplégico devido a uma lesão
medular na altura da vértebra C5. O site que ele administra possui
um conteúdo muito diversificado e várias descrições de auxílios
óticos para pessoas com deficiência visual.

ACESSIBILIDADE NA PRÁTICA. Gestão Ativa, 2011.

QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

32
1. Sobre os softwares leitores de tela, é possível afirmar que:

a. Podem ser usados em computadores e aparelhos celulares e


ampliam a função comunicativa.
b. Se restringem às pranchas de comunicação padronizadas, que
podem ser confeccionadas na escola.
c. Seu uso é pouco viável em computadores em contextos como
a escola.
d. Trazem como vantagem o acesso rápido a um número
limitado de mensagens gravadas.
e. São padronizados e possuem a mesma portabilidade e custo.

2. Sobre a Comunicação Alternativa, é possível afirmar que:

a. Suplementa a comunicação convencional de pessoas sem


prejuízos de fala.
b. É restrita a pessoas com deficiência visual sem uso da fala.
c. Suplementa a comunicação de pessoas com fala e/ou escrita
comprometidas.
d. É restrita a pessoas surdocegas sem o uso da escrita Braille.
e. Desvaloriza a expressão de pessoas com dificuldades de
linguagem.

GABARITO

Questão 1 - Resposta A
Resolução: Os softwares leitores de tela permitem que os
usuários com deficiência visual leiam os textos exibidos
em computadores e aparelhos celulares, por meio de um
sintetizador de voz ou um display em Braille e podem ser
usados para ampliar a função comunicativa. É incorreto dizer
33
que se restringem às pranchas de comunicação padronizadas,
que podem ser confeccionadas na escola, pois esses são
recursos diferentes. Podem ser utilizados em computadores
de contextos institucionais, como na escola, pois esses podem
e devem ser usados nesse contexto. Tem como vantagem o
acesso rápido a um número indeterminado de mensagens
gravadas com variadas opções de acessibilidade e diferem em
relação à portabilidade e custo.
Questão 2 - Resposta C
Resolução: A Comunicação Alternativa se refere aos meios
de comunicação que têm como objetivos suplementar ou
substituir as habilidades de comunicação que se encontram
comprometidos nas pessoas com dificuldades visuais, motoras,
cognitivas, emocionais ou fatores que impedem a comunicação
convencional. É incorreto afirmar que a Comunicação
Alternativa suplementa a comunicação convencional de
pessoas sem prejuízos de fala, pois seu objetivo é justamente
suplementar a comunicação das pessoas com prejuízos de fala.
É incorreto dizer que a Comunicação Alternativa e Aumentativa
se restringe a pessoas com deficiência visual sem uso da fala,
apesar da CA incluir essa população, não se aplica somente
a esses indivíduos, assim como não se restringe a pessoas
surdocegas. É errado dizer que a CA desvaloriza as formas de
expressão usuais das pessoas com dificuldades de linguagem,
pois essas formas de expressão são valorizadas nas forma de
Comunicação Alternativa.

34
TEMA 4

O AEE na Sala de Recursos para a


deficiência visual
______________________________________________________________
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Leitura crítica: Nancy Capretz Batista da Silva
DIRETO AO PONTO

Destacaremos alguns aspectos relativos ao AEE realizado na sala


de recursos multifuncionais para alunos com deficiência visual,
especialmente, os alunos cegos e com surdocegueira.

O AEE para alunos com deficiência visual se caracteriza pela


configuração do espaço físico na escola, a orientação da mobilidade
e a disposição do mobiliário que deve ser estável, com espaço para
a disposição dos recursos utilizados pelos alunos com deficiência
visual.

A comunicação com os alunos cegos desperta curiosidade e


inquietações para as pessoas videntes, levando a uma abordagem
pouco espontânea às pessoas cegas no contexto educacional. A
abordagem a esses alunos, assim como no caso dos surdocegos,
deve ser isenta de tabus, acolhedora, sem o uso de comunicação
gestual e visual, sem atitudes superprotetoras e discriminatórias.

A alfabetização de alunos cegos e surdocegos deve ser realizada


com as formas adequadas de comunicação, como o Sistema Braille.
É necessário que o aluno com deficiência visual tenha acesso aos
símbolos gráficos em recursos com relevo, por meio da promoção
de situações reais de leitura e escrita para a aprendizagem dos sons
das palavras.

As atividades didáticas devem ser adaptadas com antecedência,


evitando atividades predominantemente visuais e, se forem
realizadas, devem ser descritas com informações táteis, auditivas,
olfativas ou outros elementos.

No caso de utilização de vídeos, usar o recurso da dublagem


em português e da descrição oral das imagens e cenas mudas.

36
Esquemas, símbolos e diagramas devem ser descritos oralmente. Os
desenhos, os gráficos e as ilustrações devem ser representados em
relevo.

Os instrumentos de avaliação devem ser adaptados para a


apresentações orais e em relevo e a transcrição de provas, exercícios
e textos para o Sistema Braille devem ser realizadas em salas
multimeios ou em centros de apoio pedagógico.

Alunos com surdocegueira podem ter dificuldade para observar,


compreender e imitar o comportamento de outras pessoas
em função de suas perdas visuais e auditivas. Para facilitar sua
aprendizagem, existem as técnicas mão-sobre-mão e mão-sob-mão,
que estabelecem a comunicação, especialmente a criança.

A comunicação e o posicionamento do professor são aspectos


importantes para a organização do trabalho com alunos surdocegos.
O professor deve ficar atento ao ambiente para compreender o
que o aluno quer comunicar. O posicionamento do aluno deve ser
confortável e possibilitar que use gestos ou movimentos para se
comunicar e realizar as atividades.

O aluno com surdocegueira deve interagir com o ambiente, o que


pode ser prejudicado quando a organização do esquema corporal
não está adequada.

A interface do professor do AEE com a escola comum deve focar o


compartilhamento de informações, de orientações e a realização
de avaliações das necessidades e adequações para os alunos com
surdocegueira e com deficiência múltipla.

Na participação de alunos com surdocegueira em atividades em


grupos, a interação com os colegas videntes e ouvintes deve ser

37
modificada para que os alunos surdocegos acessem as informações,
através de um dos alunos, o guia-intérprete ou o professor.

Em relação às adequações visuais, a iluminação deve proporcionar


maior nível de contraste possível entre materiais de leitura e o
ambiente para facilitar a visão dos alunos com surdocegueira com
baixa visão.

Sobre a posição e a distância, as adequações dependerão da


avaliação da visão residual do aluno e os alunos com perdas
auditivas e visuais devem se sentar próximos do professor para
acessar as informações mais facilmente.

O professor deve adequar o ambiente usando murais com fundo


de cor contrastante com a cor do material exposto, que deve ser de
cor neutra e não usar cores e materiais brilhantes e reflexivos. Evitar
poluição visual em murais e lousa para não afetar a visão residual

Figura 1 – Materiais e recursos para o AEE de alunos surdocegos

Fonte: adaptada de Bosco, Mesquita e Maia (2010).

38
Referências bibliográficas
BOSCO, I. C. M. G; MESQUITA, S. R. S. H.; MAIA, S. R. A educação especial
na perspectiva da inclusão escolar: surdocegueira e deficiência múltipla.
Brasília. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, MEC/SEESP, 2010.

PARA SABER MAIS

Vamos saber mais sobre as pistas e objetos de referência nas


rotinas do AEE de alunos com surdocegueira, de acordo com Cader-
Nascimento (2006).

O estabelecimento de rotinas auxilia o aluno na compreensão do


que ocorre ao seu redor, por meio do uso das pistas e objetos de
referência nos contextos significativos.

As pistas de imagem devem ser feitas por meio dos contornos


de objetos, de desenhos e fotografias e podem ser usadas para
representar um objeto, uma pessoa, um lugar e uma atividade.
Por exemplo, o desenho de uma chave pode significar ir para casa
(CADER-NASCIMENTO, 2006).

As pistas de contexto natural são os elementos que fazem parte do


ambiente natural, como o barulho da água escorrendo da torneira, o
barulho do telefone ao tocar, o cheiro da comida.

As pistas concretas ocorrem durante as atividades e possibilitam


que o surdocego saiba o que acontecerá.

Já as pistas táteis são todos os estímulos táteis realizados no corpo


da criança para indicar o que acontecerá, como levar a mão da
criança à boca para indicar a hora da refeição.

39
O aluno pode responder a essas pistas fazendo a ação esperada
ou se recusando a realizá-la. Os toques devem ser diferentes uns
dos outros para facilitar sua identificação e as pistas devem ser as
mesmas, em casa e na escola.

Os objetos de referências, por sua vez, são utilizados diariamente


em diferentes atividades e têm a função de indicar o que acontecerá
ou o que está acontecendo naquele momento, representando
pessoas, atividades ou lugares. Criam as possibilidades de
comunicação com o mundo exterior e facilitam a interação com
os outros. Permitem a compreensão do aluno sobre o que se
passa a sua volta, tornam os conceitos mais fáceis de serem
apreendidos e possibilitam relembrar acontecimentos. São
relevantes especialmente quando uma atividade vai demorar a se
iniciar. Auxiliam a antecipar acontecimentos, tornando o aluno mais
confiante, o que os auxilia a não recorrer a comportamentos não
aceitos socialmente, como se agitar, se debater ou gritar.

Referências bibliográficas
CADER-NASCIMENTO, F. A. A. A. Saberes e práticas da inclusão: dificuldades
de comunicação e sinalização: surdocegueira/múltipla deficiência sensorial.
Universidade Federal de São Carlos (UFSC/SP). Associação Educacional para a
Múltipla Deficiência (AHIMSA). Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial,
2006.

TEORIA EM PRÁTICA

Ana é uma aluna surdocega, quatorze anos, com visão parcial,


que precisa ser incentivada a interagir com seus colegas videntes
e ouvintes do quarto ano do ensino fundamental no AEE, a fim de
promover maior autonomia e independência no contexto escolar.

40
Ela é acompanhada por sua guia-intérprete nas aulas e se comunica
com Libras tátil, Tadoma e escrita na palma da mão.

O que você, como especialista em Educação Especial, pode fazer


para esclarecer os colegas, tanto na sala de aula regular como no
AEE, sobre a importância da interação com Ana?

Como você pode incrementar a participação de Ana nas atividades


em grupo durante as aulas na sala de aula regular e no AEE?

Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor,


acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de
aprendizagem.

LEITURA FUNDAMENTAL
Indicações de leitura

Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis


em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o log
in por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em
sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições
públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou
periódicos científicos, todos acessíveis pela internet.

Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de


autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos
que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve,
portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na
construção da sua carreira profissional.

Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da


nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso!

41
Indicação 1

No artigo indicado, as autoras analisam práticas pedagógicas


empregadas no processo de reabilitação de alunos com
surdocegueira do Instituto Benjamin Constant (IBC). Sendo a
surdocegueira uma deficiência que compromete os principais
sentidos de recepção de informação, os professores devem utilizar
práticas distintas das usadas com os demais alunos com deficiência
visual e devem existir diferenças nos atendimentos de alunos que
apresentam distinto período de aquisição da deficiência e de graus
de perda da audição e da visão.

BIGATE, T. F.; LIMA, N. R. W. Práticas Pedagógicas no processo de reabilitação


de alunos com surdocegueira. Revista Educação Especial, v. 32. Santa Maria,
2019.

Indicação 2

A coleção Inclusão Educacional da Bicho Esperto é repleta de histórias


simples e de fácil entendimento e traz uma visão de como é possível
transformar a inclusão de alunos com necessidades especiais
em uma realidade alegre, divertida e muito saudável. A obra é
apresentada no formato de história em quadrinhos e mostra a
inclusão escolar do aluno cego Carlos, pelo aluno cego José, que
já está incluído na escola. São esclarecidas várias questões sobre
a deficiência visual e o cotidiano da sala de aula com alunos com
cegueira, como o uso do Braille e do Soroban.

MACHADO, R. E. S. Eu tenho uma deficiência visual. Escola para todos:


inclusão educacional. Coleção Inclusão Educacional Bicho Esperto. Rideel, [s.
d.].

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QUIZ

Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a


verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber
Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste
Aprendizagem em Foco.

Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão


elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco
e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de
questões de interpretação com embasamento no cabeçalho
da questão.

1. Sobre os aspectos referentes ao AEE para alunos com deficiência


visual e surdocegueira, assinale a alternativa correta:

a. A comunicação com os alunos cegos tende a ser espontânea e


natural, no contexto educacional.
b. A alfabetização de alunos com deficiência visual deve
promover situações reais de leitura e escrita para a
aprendizagem dos sons das palavras.
c. Deve-se evitar a utilização de vídeos devido à presença de
imagens e cenas mudas.
d. As atividades em grupos, com alunos surdocegos, devem
ser substituídas pelas atividades individuais para evitar
constrangimentos.
e. Deve-se usar murais com cores e materiais brilhantes e
reflexivos para facilitar a leitura.

2. Sobre as pistas usadas no AEE, de alunos com surdocegueira,


assinale a alternativa correta:

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a. Pistas de contexto ambiental são os elementos que fazem
parte da natureza, como o barulho do vento.
b. Pistas concretas são as que ocorreram no decorrer das
atividades e possibilitaram que o surdocego tenha entendido
o que aconteceu na aula.
c. Pistas táteis são os estímulos que a criança sente no ambiente,
como as texturas dos materiais.
d. Os toques referentes às pistas devem ser iguais uns aos
outros para facilitar a identificação.
e. Pistas de imagem são feitas por meio dos contornos de
objetos e representam objetos, lugares e atividades.

GABARITO

Questão 1 - Resposta B
Resolução: A alfabetização de alunos com deficiência visual,
especialmente, os cegos e surdocegos, deve ser realizada por
meio da promoção de situações reais de leitura e escrita para a
aprendizagem dos sons das palavras. Em geral, a comunicação
com os alunos cegos tende a ser pouco espontânea e natural
no contexto educacional. A utilização de vídeos pode ser
realizada desde que as imagens e cenas mudas sejam descritas
oralmente. As atividades em grupos com alunos surdocegos
devem ser estimuladas e não substituídas pelas atividades
individuais. Deve-se usar murais com cores e materiais não
brilhantes e pouco reflexivos para não prejudicar a leitura.
Questão 2 - Resposta E
Resolução: As pistas de imagem devem ser feitas através dos
contornos de objetos, de desenhos e fotografias e podem ser
usadas para representar um objeto, uma pessoa, um lugar
e uma atividade. O desenho de uma chave pode significar ir
44
para casa. Pistas de contexto natural são os elementos que
fazem parte do ambiente da escola, como o barulho da água
saindo da torneira e do telefone tocando. Pistas concretas
são as que ocorrem no decorrer das atividades e possibilitam
que o surdocego entenda o que acontecerá na aula. Pistas
táteis são os estímulos táteis realizados no corpo da criança
para indicar o que acontecerá, como levar a mão da criança
à boca para indicar a hora da refeição. Os toques referentes
às pistas devem ser diferentes uns aos outros para facilitar a
identificação e as pistas devem sempre as mesmas em todos os
ambientes, ou seja, em casa e na escola.

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BONS ESTUDOS!

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