Curso Básico de Formação Policial-Militar 2022-2023
CADERNO Curso Básico de Formação
TEMATICO Policial-Militar 2022-2023
POLÍCIA OSTENSIVA I
03 Doutrina e Legislação aplicada à função
(60 h/a)
OBJETIVOS GERAIS
Ao finalizar esta disciplina, espera-se que o aluno-soldado tenha
alcançado os seguintes objetivos:
• Conhecer os fundamentos das atividades de policiamento ostensivo;
• Reconhecer a importância da integração entre a Brigada Militar e a
comunidade para a execução do policiamento ostensivo voltado à
segurança do cidadão na atividade-fim;
• Reconhecer os compromissos éticos do policial militar em prol das
atividades de segurança pública, voltados para os direitos humanos;
• Conhecer os aspectos legais e doutrinários para o emprego das técnicas
usuais no policiamento ostensivo;
• Conhecer as formas de empenho nos diversos tipos de ocorrências
policiais;
• Desenvolver a percepção dos aspectos básicos do Direito Processual Penal
Comum e Militar, aliando conceitos teóricos à atividade prática que irá
desempenhar durante sua vida profissional;
• Possibilitar a construção do conhecimento necessário para compreender as
regras processuais e procedimentos de Polícia Judiciária Comum e Militar
que estão direta ou indiretamente afetos às suas carreiras;
• Compreender as peculiaridades dos crimes militares e seu processamento
pré-processual, pelo exercício da atribuição de polícia judiciária militar,
exercidas pelas autoridades militares, e processual, pela competência e
jurisdição exercido pela Justiça Militar, bem como as peculiaridades
legislativas militares;
• Analisar alguns casos concretos de situações relevantes na atividade
policial militar com relação a violação de domicílio e acesso a dados
telefônicos.
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1. FUNDAMENTOS DO POLICIAMENTO OSTENSIVO
1.1 Introdução
A Diretriz Geral da Brigada Militar nº 027/BM/EMBM/2013 estabelece os
conceitos básicos, princípios e características, fundamentais para o exercício
da atividade de polícia ostensiva e da preservação da ordem pública pela
Brigada Militar. Da mesma forma, o Caderno Técnico – Abordagem Policial
de Pessoas a Pé estabelece conceitos básicos, necessários à abordagem
policial.
1.2 Importância da Diretriz Geral da Brigada Militar nº
027/BM/EMBM/2013
a. Estabelece os conceitos, princípios e características do policiamento
ostensivo, que se constituem em suporte doutrinário, tanto para o
planejamento quanto para a execução; e
b. possibilita a uniformização de vocabulário técnico, que deve ser
empregado por todos os profissionais da BM, contribuindo para o
aperfeiçoamento da atividade de policiamento ostensivo.
Os conceitos estabelecidos nesta Diretriz foram extraídos da doutrina e
legislação correntes sobre o tema e, portanto, não têm a pretensão de esgotar
o assunto, mas apenas de servir como um guia conceitual sintético aos
policiais militares.
1.3 Conceitos básicos
1) Abordagem - é o ato pelo qual o policial militar se aproxima e interpela
qualquer pessoa, a pé ou em veículo, a fim de identificá-la e/ou proceder à
busca pessoal no caso de fundada suspeita, na forma do art. 244 do Código de
Processo Penal. Deste ato poderão ou não resultar outras ações decorrentes,
como orientação, advertência, prisão, notificação por infração de trânsito,
apreensão de coisas ou outras que a situação determine. Para a realização da
abordagem, o policial deve utilizar-se de técnicas, táticas e meios apropriados
que deverão variar de acordo com as circunstâncias e com a avaliação de
risco.
2) Ação de presença - manifestação que proporciona a sensação de
tranquilidade à comunidade, pela expectativa de atendimento policial-militar.
Ação de presença real que consiste na presença física do policial no local.
Ação de presença potencial é a capacidade do policiamento ostensivo, num
espaço de tempo mínimo, acorrer ao local onde a ocorrência seja iminente ou
já tenha surgido.
3) Ação policial-militar - o desempenho isolado de fração elementar ou
constituída, com autonomia para cumprir missões rotineiras.
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4) Advertência - consiste no ato de admoestar verbalmente pessoa
encontrada em conduta inconveniente, buscando a mudança de atitude, a fim
de evitar o afloramento de infração. Constitui conduta inconveniente aquele
comportamento que ainda não se configura como delito, porém está na
iminência de sê-lo.
5) Apuração de infrações penais - a atividade apuratória da autoria e
materialidade em relação a infrações penais já ocorridas, para o que são
empregadas técnicas de investigação criminal próprias.
6) Área - Espaço físico atribuído à responsabilidade de uma unidade -
Batalhão de Polícia Militar (BPM) ou Regimento de Polícia Montada
(RPMon).
7) Boletim de ocorrência / BO - documento operacional destinado ao
registro dos termos circunstanciados e das comunicações de ocorrências
policiais.
8) Busca - é a diligência destinada a encontrar pessoa ou coisa a que se
procura. Pode ocorrer a qualquer momento, desde que as circunstâncias
autorizem o policial a realizar tal procedimento.
9) Busca ocular - é o ato pelo qual o policial solicita que o cidadão lhe
mostre o conteúdo de um objeto (uma mala, por exemplo).
10) Busca manual - é o ato pelo qual existe contato físico entre o policial e o
abordado ou entre aquele.
11) Busca mecânica - é realizada por meio de aparelhos específicos, como
por exemplo, os detectores de metais e raios-x, utilizados em aeroportos.
12) Busca pessoal - é aquela realizada no corpo da pessoa. Abrange também
as vestes e os demais objetos que com ela estiverem (bolsa, carteira, mala,
veículo, entre outros). Da mesma forma também é relevante o conceito
doutrinário de outra polícia militar da Federação sobre o mesmo tema, a
saber:
Busca Pessoal é uma técnica policial utilizada para fins preventivos
ou repressivos, que visa à procura de produtos de crime, objetos
ilícitos ou lícitos que possam ser utilizados para a prática de delitos
que estejam de posse da pessoa abordada em situação de suspeição.
Será realizada no corpo, nas vestimentas e pertences do abordado,
observando-se todos os aspectos legais, técnicos e éticos
necessários.
Sua base legal está descrita no art. 244 do Código de Processo Penal.
13) Comunicação de ocorrência policial / BO-COP - boletim lavrado pelo
policial militar que atender à ocorrência, em que devem ser registrados os
dados essenciais do fato, nas infrações penais de menor ou maior potencial
ofensivo, desde que ausentes os elementos do flagrante delito.
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14) Condução Coercitiva - consiste no ato de encaminhar, com base no
poder de polícia, pessoa envolvida em ocorrência policial ao órgão
competente, para as devidas providências.
15) Consentimento de polícia - atividade de análise que o Estado efetua, ao
verificar se o particular que deseja, desempenhando determinada atividade ou
direito, satisfaz os requisitos previstos em lei para tanto. É nesse contexto que
se encontram os atos administrativos negociais de licença, autorização e
permissão.
16) Controle operacional - estabelecimento de padrões de desempenho e na
fiscalização de seu alcance. São instrumentos de controle operacional: a
presença pessoal dos diversos escalões de supervisão; o quadro de
produtividade individual e coletiva da fração e o controle de qualidade sobre
o serviço prestado. Deve ser realizado em todos os níveis de execução das
operações e tarefas.
17) Criminoso - pessoa que tenha ocasionalmente cometido infração penal,
sem revelar reiteração de comportamento delitivo.
18) Delinquente - pessoa que reiteradamente comete infrações penais,
revelando contumácia ou reiteração de comportamento delitivo.
19) Estado de prontidão - trata-se de uma predisposição biopsicológica do
policial militar representada por um gradiente de cores, que irá variar de
acordo com o estímulo necessário ao enfrentamento de uma situação
concreta. Faz parte do autoconhecimento do agente policial no tocante a estar
preparado para enfrentar os mais diversos graus de risco da atividade
cotidiana.
Os estados de prontidão classificam-se em cores, iniciando pelo branco,
passando pelo amarelo, laranja, vermelho e preto, sendo gradativos, partindo
de um estado de total desatenção e culminando em um estado de fadiga e
estresse extremos, não indicado para o desenvolvimento de qualquer
atividade profissional, demonstrado na figura abaixo.
20) Estratégia policial-militar - processo de tomada de decisões que
determina um conjunto integrado de ações destinadas a viabilizar os objetivos
institucionais, ou seja, as metas de médio e longo prazos da Instituição.
21) Estudo de situação - ferramenta de coleta e análise de dados utilizada
pelos comandos com o objetivo de interpretar os fatores intervenientes e
fornecer subsídios para melhor instruir o processo decisório.
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22) Fiscalização de polícia - no exercício da fiscalização, a Administração
realiza atividade concreta de vigilância sobre os indivíduos a fim de constatar
se estão, ou não, observando as normas de polícia administrativa. Tem-se
aqui uma sucessão de acontecimentos materiais (fatos administrativos) que
evidenciam a atuação preventiva do poder público na verificação quanto ao
cumprimento dos mandamentos jurídicos.
23) Fração constituída - tropa com efetivo mínimo de 01 (um) GPM.
24) Fração elementar - fração de tropa, de até cinco policiais militares (PM),
que não constitua GPM, para emprego coordenado.
25) Fundada Suspeita - trata-se de uma exigência legal para realização da
busca pessoal, totalmente vinculada à conduta e não à pessoa. A suspeita
recai sobre a atitude do cidadão, é a forma como ele age que leva você,
policial, a suspeitar de uma possível situação ilegal, merecedora de
verificação. Jamais se pode dizer que “a pessoa é suspeita”, o cidadão por si
só não carrega essa característica. Sem dúvidas, a adjetivação de suspeita
deve recair sobre condutas.
26) Identificação - tem por objetivo obter dados que singularizem o
indivíduo, o veículo ou estabelecimento, nos sistemas de registros sociais.
Compreende os procedimentos necessários para obter uma descrição
conclusiva do abordado, pela rápida coleta de dados, efetuada junto a um
sistema de informações, testemunhas, vítima ou pessoa abordada,
compreendendo os seguintes dados: aspectos físicos gerais (sexo, cor, altura,
peso, idade aparente, etc); aspectos físicos específicos (cabeça, olhos, nariz,
boca, orelhas, testa, cabelos, face, corpo, pescoço, etc); caracteres distintivos
(vestuário, adornos, adereços, pastas, sotaques, gírias, alcunhas, etc) e dados
de qualificação (nome, idade, identidade civil, identidade profissional,
filiação, endereço residencial, endereço profissional, profissão, subemprego,
grau de instrução, data de nascimento, nacionalidade, naturalidade, etc.).
27) Investigação policial-criminal - processo de produção de conhecimento
que dá suporte às atividades operacionais de apuração de infrações penais,
quer em ocorrência, quer já ocorridas, assim como à gestão de elementos
operacionais, através da determinação de padrões e tendências criminais num
determinado espaço geográfico-temporal.
28) Investigação policial flagrancial - O conjunto de procedimentos
realizados a partir de situação de flagrância delitiva. Consiste na realização de
diligências, no curso do atendimento do fato, voltadas à arrecadação dos
elementos e circunstâncias ligadas ao delito, tais como a identificação e
descrição de evidências, a reunião de elementos de prova, o estabelecimento
da cadeia de custódia da prova e a coleta de informações específicas ou
genéricas que tenham relevância na posterior fixação da autoria,
circunstâncias e materialidade do delito flagrado.
29) Investigação policial não delitual - processo de produção de
conhecimentos indispensáveis à gestão policial em torno de eventos de
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repercussão social ou comunitária, com previsibilidade de impactação à
ordem pública, desvinculados de imputação criminal, tais como a preparação
para eventos, o enfrentamento de calamidades ou emergências, ou a simples
adoção de medidas de ordem administrativa em geral. É característica da
atividade de preservação da ordem pública estrito senso, uma vez que é
realizada com o fito último de evitar que atividades comuns de indivíduos ou
da sociedade possam evoluir para situações atentatórias à paz pública, com
reflexos na norma penal.
30) Investigação policial pré-delitual - processo de produção de
conhecimentos ligados a fatores criminogênicos tais como a atuação de
delinquentes conhecidos, o funcionamento de empreendimentos suspeitos ou
outras ações ligadas direta ou indiretamente à prática de delitos, incluindo-se
os atos preparatórios, integrantes do iter criminis, cuja intervenção e
monitoramento pela polícia militar são fundamentados na atribuição da
preservação da ordem estrito senso, com o desiderato de impedir ou
minimizar a execução de delitos, ou de permitir o restabelecimento
qualificado da ordem pública.
31) Itinerário - trajeto que interliga pontos-base no posto, percorrido
obrigatoriamente pela fração.
32) Local de risco - qualquer local que, por suas características, apresente
probabilidade de ocorrência policial-militar.
33) Níveis de Risco - São graduações dos riscos existentes na atividade
policial-militar, a fim de caracterizar os mais diversos tipos de abordagem na
busca de correlação com um estado de prontidão compatível com a eficiente
execução da missão. Na atividade policial-militar, os riscos devem ser
graduados, inicialmente, em amarelo e, conclusivamente, em vermelho, pois
tanto o estado totalmente relaxado (branco) como o extremamente estressado
(preto) são incompatíveis com a atividade policial militar e com as
abordagens policiais.
Todas as ações dos Policiais Militares serão balizadas pelo nível de risco
imposto por sua atividade e correspondente estado de prontidão exigido, o
que pode, em fração de segundos, migrar do mais brando para o mais tenso, o
que determinará uma conduta técnica diferenciada no emprego da força
policial.
34) Ocorrência policial-militar – todo o ato ou fato, criminal ou não, que
exija intervenção policial-militar, por intermédio de ações ou operações.
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35) Operação policial-militar - é a conjugação de ações, que exige
planejamento específico, realizadas por frações de tropa constituída, podendo,
inclusive, contar com a participação de outros órgãos, públicos ou privados.
36) Ordem de operações - documento elaborado a partir de um evento
previsto ou presumido, que estabeleça a conduta policial-militar nas
circunstâncias ordinárias e especiais, tendo por abrangência, no mínimo, dois
níveis de execução.
37) Ordem de polícia ostensiva - documento elaborado pelo comando da
Corporação e desdobrado pelas instâncias de execução, abrangendo as rotinas
das áreas de inteligência, operações, instrução e administração, visando a
orientar as frações subordinadas, garantindo a eficiência e eficácia no
exercício da polícia ostensiva e de preservação da ordem pública.
38) Ordenamento de polícia - fase do exercício da polícia administrativa
voltada à preservação da ordem pública em que a autoridade ordena, ou seja,
estabelece os requisitos necessários à execução de qualquer empreendimento
ou atividade, pública ou privada, por pessoa física ou jurídica, que possa
impactar a ordem pública.
39) Ordem pública - estado de serenidade, apaziguamento e tranquilidade
pública, em consonância com as leis, os preceitos e os costumes que regulam
a convivência em sociedade. A preservação deste direito do cidadão só será
ampla se o conceito de segurança pública for aplicado.
40) Planejamento estratégico - processo de identificação e seleção dos
objetivos institucionais de médio e longo prazos, realizado pela instância de
direção da BM, e a determinação das políticas e programas dirigidos a atingi-
los.
41) Planejamento operacional - planejamento realizado na instância de
Execução da Brigada Militar, que visa à solução de demandas pontuais na
preservação da ordem pública, bem como à efetividade dos planos táticos e
estratégicos da Instituição.
42) Planejamento tático - metodologia realizada pela instância de gestão da
BM, integrando as ações operacionais da Instituição aos objetivos
estratégicos, atuando em curto e médio alcances.
43) Plano - modelo teórico para o desenvolvimento de uma ação ou operação,
ou de um conjunto de ações ou operações determinadas, com o fim de atingir
um objetivo específico.
44) Plano de operações - modelo teórico de execução, dirigido a um
resultado desejado, estabelecendo os recursos disponíveis e/ou necessários,
assim como a forma de atuação de cada uma das partes e setores envolvidos.
45) Poder de polícia - considera-se poder de polícia a atividade da
administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou
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liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do poder público, à tranquilidade
pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
46) Polícia administrativa - a primeira diferença existente entre a polícia
administrativa e a judiciária é o fato de a primeira atuar preventivamente e a
segunda repressivamente. Assim, a polícia administrativa teria como objetivo
impedir a conduta antissocial ao passo que a judiciária teria como objetivo
apurar os fatos já ocorridos. Todavia, essa diferenciação carece de precisão,
na medida em que a polícia administrativa também exerce atividade
repressiva ao impor, por exemplo, multas, advertências e suspender
atividades. Por outro lado, a polícia judiciária exerce atividades preventivas,
como, por exemplo, inibir crimes. O art. 144, § 1º da CF/88 preconiza que
cabe à polícia federal atuar na prevenção do tráfico de entorpecentes. Essa
seria uma hipótese prevista em lei, no sentido da imprecisão em diferenciar
polícia administrativa de polícia judiciária, utilizando apenas os critérios de
repressão e prevenção.
47) Polícia judiciária - uma função dos órgãos de segurança do Estado que
tem como principal atividade apurar as infrações penais, civis e militares, e
sua autoria por meio da investigação policial, instrumentalizado pelo
inquérito policial, que é um procedimento administrativo com característica
inquisitiva, servindo, em regra, de base à pretensão punitiva do Estado
formulada pelo Ministério Público civil ou militar, titular da ação penal de
iniciativa pública.
48) Polícia Ostensiva - atividade de vigilância da conduta normal da
sociedade e de intervenção naquilo que se apresente como anormal,
independentemente da ocorrência ou não de ilícito penal. A atuação assume
caráter preventivo na medida em que, por meio do policiamento ostensivo,
busca inibir práticas infracionais; ou repressivo, na razão de sua pronta
resposta a fatos criminais em situação de flagrância, caracterizando a
repressão penal imediata. Atua nas quatro fases da atividade estatal policial: o
ordenamento de polícia, o consentimento de polícia, a fiscalização de polícia
e a sanção de polícia, tendo, portanto, suas atribuições preventivas e de
repressão penal imediata, alcance pleno.
49) Policiamento ostensivo - é de competência da polícia militar e, como o
nome evidencia, deve ser o mais visível possível. São todos os meios e
formas de emprego da polícia militar, onde o policial é facilmente
identificado pela farda que ostenta, como principal aspecto, e pelos
equipamentos, aprestos, armamento e meio de locomoção empregado para a
preservação da ordem pública, observando critérios técnicos, táticos,
variáveis e princípios próprios da atividade, visando à tranquilidade e bem-
estar da população.
O policiamento ostensivo se constitui em medidas preventivas e de
segurança, que tem a função principal de realizar a prevenção dos crimes,
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contravenções penais e violações de normas administrativas em áreas
específicas, como o trânsito, meio ambiente, poluição sonora, entre outras.
O principal objetivo do policiamento ostensivo é atuar na eliminação da
crença de que a oportunidade faz o ladrão. Se não existir oportunidade de
delinquir, então o crime também não existirá. Nunca será possível eliminar
todas as oportunidades de delinquir, mas pela atuação eficaz da polícia
ostensiva, com policiamento ostensivo bem planejado e executado, estas
podem ser extremamente minimizadas, muito mais pela sensação de presença
do que pela presença real.
50) Posto - é o espaço físico atribuído à responsabilidade de fração elementar
ou constituída, atuando em permanência e/ou patrulhamento.
51) Preservação da ordem pública - entende-se como a manutenção da
ordem do Estado e do bem social, por meio de ações coativas, objetivando
coibir as ameaças à convivência pacífica em sociedade. Estas ações coativas
estão presentes em instrumentos judiciais, policiais, prisionais e promotorias
públicas, atribuídas amplamente aos órgãos que se destinam a tal fim,
definidos no artigo 144 da Constituição Federal.
52) Prevenção criminal primária - caracteriza-se pela implementação de
medidas indiretas de prevenção, consistentes em evitar que fatores exógenos
sirvam de estímulo à prática delituosa. Trata-se, normalmente, de medidas
sociais por meio das quais o Estado garante acesso ao emprego e aos direitos
sociais, como segurança e moradia. Diante da complexidade que as
caracteriza, dessas ações não decorrem efeitos positivos imediatos.
53) Prevenção criminal secundária - incide não sobre indivíduos, mas sobre
grupos sociais que, segundo os fatores criminógenos, indicam certa propensão
ao crime (aqueles grupos e subgrupos que mostram maior risco de padecer ou
protagonizar o problema criminal). A prevenção secundária conecta-se com a
política legislativa penal e com a ação policial, fortemente polarizada pelos
interesses de prevenção geral. Programas de prevenção policial, de controle
dos meios de comunicação, de ordenação urbana e utilização do desenho
arquitetônico como instrumento de autoproteção, desenvolvidos em bairros de
classes menos favorecidas, são exemplos de prevenção secundária.
54) Prevenção criminal terciária - representa outra forma de prevenção
indireta, agora voltada à pessoa do delinquente, para prevenir a reincidência.
É implementada por meio das medidas de punição e ressocialização do
processo de execução penal.
55) Região - espaço físico atribuído à responsabilidade de um Comando
Regional de Polícia Ostensiva.
56) Salubridade pública - estado higiênico e de sanidade de um lugar cujas
condições se mostram favoráveis ao atingimento de um satisfatório grau de
qualidade de vida, garantido por meio de ações preventivas e repressivas da
alçada do poder público.
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57) Sanção de polícia – por meio da sanção o Estado exerce o poder de
coação psicológica ou física sobre os administrados que resistem ao
cumprimento das normas jurídicas, aplicando-lhes medidas restritivas
socioeducativas. Nessa categoria é que se encontram as sanções de multa,
fechamento de estabelecimento comercial, destruição de produtos impróprios
ao consumo, cassação de licença, demolição de obras irregulares.
58) Segurança pública – é a garantia que o Estado proporciona de
preservação da ordem pública diante de toda espécie de violação que não
contenha conotação ideológica. É o conjunto de processos políticos e
jurídicos destinados a garantir a ordem pública na convivência de homens em
sociedade. Trata-se de função pertinente aos órgãos estatais e à comunidade
como um todo, realizada com o fito de proteger a cidadania, prevenindo e
controlando manifestações de criminalidade e violência, efetivas ou
potenciais, bem como garantindo o exercício pleno da cidadania nos limites
da lei.
59) Setor - espaço físico atribuído à responsabilidade de um Pelotão de
Polícia Militar (Pel PM).
60) Sistema de segurança pública - conjunto de atribuições destinadas a
assegurar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio,
exercidas harmonicamente pelo Estado, por meio dos órgãos definidos no art.
144 da Constituição Federal, pelos demais órgãos e poderes que têm
responsabilidade sobre a ordem pública e pela sociedade.
61) Subárea - espaço físico atribuído à responsabilidade de uma Companhia
de Polícia Militar (Cia PM) ou Esquadrão de Polícia Montada (Esqd P Mon).
62) Subsetor - espaço físico atribuído à responsabilidade de um Grupo
Policial-Militar (GPM).
63) Suspeito fundado - é a pessoa que reúne determinadas características ou
é encontrada em situação ou em conduta ou, ainda, com objetos que induzam
o agente policial a visualizá-la como sendo, potencial ou efetivamente, autor
de delito, proporcionando uma coincidência de semelhanças ou uma relação
de quase certeza de que a pessoa abordada é o infrator.
64) Suspeito intuído - é aquela pessoa que, em razão das circunstâncias de
conduta, tempo e/ou lugar, desperta no policial uma presunção de ameaça à
tranquilidade pública, embora tal desconfiança não possua relação direta com
determinado delito.
Alterado pelo parecer da Corregedoria Geral da BM, 25/05/22
65) Tática policial-militar - conjunto de métodos utilizados para atingir um
objetivo. Quase sempre os conceitos de tática e de estratégia costumam ser
confundidos, porque há uma linha muito sutil de separação entre ambas. Para
utilizá-los corretamente, é importante saber que a estratégia envolve uma ação
mais específica, por exemplo, as instâncias de um enfretamento militar,
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reduzindo a zero as forças militares rivais; e a tática é a ação realizada em um
lugar determinado, um ataque surpresa às instalações militares, entre outros.
66) Técnica policial-militar - conjunto de métodos e procedimentos usados
para a execução eficiente das atribuições policiais-militares.
67) Termo circunstanciado / BO-TC - boletim lavrado pelo policial militar
no atendimento às ocorrências decorrentes de infrações penais de menor
potencial ofensivo, no qual devem ser registrados os dados essenciais do fato,
desde que presentes os elementos do flagrante delito e que o autor do fato
assuma o compromisso de comparecer ao Juizado Especial Criminal, na data
estabelecida pelo policial, ou quando for regularmente intimado.
68) Tranquilidade pública - estado de segurança, ordem e repouso no seio
da coletividade social, que resulta da ação eficiente da polícia administrativa
ou preventiva.
1.4 Os princípios e características da atividade policial-militar
1.4.1 Princípios do policiamento ostensivo
São preceitos essenciais considerados no planejamento e na execução,
visando à eficiência e à eficácia operacional, compreendendo:
1) Universalidade - a polícia ostensiva, atribuição exclusiva das polícias
militares, e a polícia de preservação da ordem pública, atribuição – estrito
senso – acometida às mesmas, determina que seus integrantes estejam
capacitados a intervir no amplo espectro de situações direta ou
potencialmente turbadoras da ordem. Eventual especialização de alguns
setores da Instituição não desonera o policial militar de dar o atendimento
imediato, pleno ou preliminar – com as limitações do possível e do adequado,
aos diversos tipos de ocorrências com que se depare ou para cuja intervenção
seja demandado.
2) Responsabilidade territorial - os elementos em comando, com tropa
desdobrada no terreno, são responsáveis pela preservação da ordem pública
na circunscrição territorial que lhe estiver afeta, especialmente pelo que
decorre do exercício da polícia ostensiva, cabendo-lhes a iniciativa de todas
as providências legais e regulamentares para ajustar os meios que a
Corporação aloca para o cumprimento da missão.
3) Eficiência - a atividade de polícia militar deve pautar-se pela eficiência,
exteriorizada nos princípios da qualificação permanente, atualização,
evolução tecnológica e participação comunitária.
4) Continuidade - a polícia ostensiva, efetivada pelas ações de policiamento,
é atividade imprescindível, de caráter absolutamente operacional e será
exercida diuturnamente.
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5) Aplicação - a pronta identificação do policial militar em serviço,
proporcionada pelo uso da farda e equipamentos, impõe atenção e atuação
ativas de seus executores, de forma a promover a segurança pública, pela
atuação preventiva e repressiva. A omissão, o desinteresse e a apatia são
fatores geradores de descrédito e desconfiança, e revelam falta de preparo
individual e de espírito de corpo.
6) Isenção - no exercício de sua função, o policial militar deve assegurar o
tratamento igualitário à pessoa, garantindo o gozo dos direitos individuais,
sociais e coletivos, e impondo o cumprimento dos deveres legais, pautando
suas intervenções pela imparcialidade e impessoalidade.
.
7) Respeito - as atividades de polícia ostensiva e de preservação da ordem
pública devem ser fundamentadas nos princípios gerais de direitos humanos,
com o objetivo de garantir o bem de todos, sem qualquer forma de
discriminação.
8) Emprego Lógico - a disposição de meios, para o exercício da polícia
ostensiva e de preservação da ordem pública, deve ser o resultado de
julgamento criterioso das necessidades, escalonadas em prioridades de
atendimento, da dosagem do efetivo e do material, compreendendo o uso
racional do que estiver disponível, bem como de um conceito de operação
bem claro e definido, consolidado em esquemas exequíveis.
9) Antecipação - ao exercício da polícia ostensiva e de preservação da ordem
pública é imprescindível a proatividade na tomada e proposição de medidas
estratégicas, táticas e técnicas, voltadas à manutenção, restabelecimento e
aperfeiçoamento da ordem pública.
10) Profundidade - a cobertura de locais de risco não ocupados e/ou o
reforço a pessoal empenhado devem ser efetivados ordenadamente, seja pelo
judicioso emprego da reserva, seja pelo remanejamento dos recursos
imediatos, ou mesmo, se necessário, pelo progressivo e crescente reforço ou
apoio, que assegure o pleno exercício da atividade, dirigida por eficientes
instrumentos de supervisão (fiscalização e controle) e coordenada por oficiais
e graduados.
11) Unidade de comando - em eventos específicos, que exijam emprego de
diferentes frações, a missão é mais bem cumprida quando se designa um só
comandante para a operação, o que possibilita a unidade de esforço, pela
aplicação coordenada de todos os meios.
12) Objetivo - a função de polícia ostensiva e de preservação da ordem
pública visa à obtenção e conservação da tranquilidade pública pelo
desencadeamento de ações e operações, isoladas ou integradas, com
propósitos particulares definidos.
1.4.2 Características do policiamento ostensivo
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São aspectos gerais que revestem a atividade policial-militar, identificam o
campo de atuação e as razões de seu desencadeamento, que são:
1) Identificação - polícia ostensiva é a atividade de preservação da ordem
pública em cujo emprego a fração é identificada de relance pela farda. O
armamento, equipamento, viatura e aprestos se constituem em formas
complementares de reconhecimento.
2) Ação pública - objetiva alcançar o interesse geral da sociedade,
resguardando o bem comum em sua maior amplitude. Não se confunde com
zeladoria, atividade de vigilância particular de bens ou áreas privadas e
públicas, nem com a segurança pessoal de indivíduos sob ameaça. A atuação
eventual nessas situações ocorre por conta das excepcionalidades e não como
regra de observância imperativa.
3) Totalidade - a preservação da ordem pública tem origem na necessidade
comum de segurança da comunidade, permitindo-lhe viver em tranquilidade.
É desenvolvida sob os aspectos preventivo e repressivo, consoante seus
elementos motivadores, assim considerados os atos que possam se contrapor
ou se contraponham à ordem pública e consolida-se por uma sucessão de
iniciativas de planejamento e execução ou em razão de clamor público. Deve
fazer frente a toda e qualquer ocorrência, quer por iniciativa própria, quer por
solicitação, quer em razão de determinação, dando-lhe a solução definitiva ou
promovendo-se o encaminhamento às respectivas instâncias de atendimento.
4) Dinâmica - o desempenho da função de polícia ostensiva e de preservação
da ordem far-se-á, com prioridade, no cumprimento e no aperfeiçoamento dos
planos de rotina, com o fim de manter continuado e íntimo engajamento da
fração com sua circunscrição, para obter o conhecimento detalhado do local
de atuação e dos hábitos da população, a fim de melhor servi-la. O esforço é
feito para a manutenção dos efetivos e dos meios na execução daqueles
planos que conterão o rol de prioridades pela presença continuada,
objetivando criar e manter a sensação de tranquilidade, objetivo final da
preservação da ordem pública. As operações policiais-militares, destinadas a
suprir exigências não atendidas pelo policiamento ostensivo em determinados
locais, poderão ser executadas esporadicamente, em caráter supletivo, pela
saturação/concentração maciça de pessoal e material, para fazer frente à
inquietante situação temporária, sem prejuízo para a ordem de polícia
ostensiva (OPO).
1.5 Variáveis que influem e orientam a atividade de policiamento
ostensivo
1.5.1 Finalidade da DGBM 03
Adotar, para fins de planejamento na BM, variáveis de policiamento
ostensivo. Nenhum critério em si pode ser tomado como a melhor indicação
ou a mais eficaz, já que o pleno rendimento operacional será obtido pela
associação das variáveis.
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1.5.2 Variáveis de policiamento ostensivo
São critérios identificadores e norteadores das ações e operações de polícia
ostensiva.
1.5.2.1 Tipos - são qualificadores de ações e operações de policiamento
ostensivo.
1) Policiamento geral - tipo de policiamento ostensivo exercido, com
exclusividade, pela BM que visa a satisfazer as necessidades basilares de
segurança inerentes a qualquer comunidade ou cidadão.
2) Policiamento de trânsito - tipo específico de policiamento ostensivo
exercido pela BM com o objetivo de prevenir e reprimir atos relacionados à
segurança pública, e garantir a obediência às normas relativas à segurança de
trânsito, assegurando a livre circulação e evitando acidentes.
3) Policiamento rodoviário - tipo específico de policiamento ostensivo
exercido pela BM em rodovias estaduais e, mediante convênio, em rodovias
federais, visando a prevenir e reprimir atos relacionados à segurança pública.
4) Policiamento ambiental - tipo específico de policiamento ostensivo,
exercido pela BM, que visa a preservar, pela educação ambiental, e reprimir
os crimes e infrações ambientais, buscando assim garantir a proteção da
fauna, recursos florestais, recursos hídricos, o combate à caça, pesca ilegal ou
à poluição em todas as suas formas.
5) Policiamento de guarda - tipo específico de policiamento ostensivo,
exercido pela BM, que visa à guarda de aquartelamento e à segurança externa
de estabelecimentos penais e sedes dos poderes estaduais.
1.5.2.2. Processos - são estabelecidos de acordo com os meios de locomoção
utilizados. Podem ser:
1) a pé;
2) motorizado;
3) montado;
4) aéreo;
5) em embarcações;
6) em bicicletas.
1.5.2.3 Modalidades - são modos peculiares de execução do policiamento
ostensivo.
1) Patrulhamento - atividade móvel de observação, fiscalização,
reconhecimento, proteção ou mesmo de emprego de força desempenhada pelo
PM no posto.
2) Permanência - atividade predominantemente estática de observação,
fiscalização, reconhecimento, proteção, emprego de força ou custódia,
desempenhada pelo PM no posto.
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3) Diligência - atividade que compreende a busca de pessoas, animais ou
coisas; a captura de pessoas ou animais; a apreensão de animais ou coisas; e o
resgate de vítimas.
4) Escolta - atividade destinada à custódia de pessoas ou bens, em
deslocamento.
1.5.2.4 Circunstâncias - são condições que dizem respeito à frequência com
que se torna exigido o policiamento ostensivo.
1) Ordinário - emprego rotineiro de meios operacionais em obediência à
ordem de polícia ostensiva (OPO), que contém a ordem de prioridades.
2) Extraordinário - emprego eventual e temporário de meios operacionais
em consequência de acontecimento imprevisto, que exige manobra de
recursos.
3) Especial - emprego temporário de meios operacionais, em eventos
previsíveis que exijam esforço específico.
1.5.2.5 Lugar - espaço geográfico em que se emprega o policiamento
ostensivo.
1) Urbano - policiamento exercido nas áreas de edificação intensiva dos
municípios, caracterizado no plano diretor destes.
2) Rural - policiamento exercido em áreas que se caracterizam pela ocupação
extensiva, fora dos limites urbanizados dos municípios, conforme o plano
diretor destes.
1.5.2.6 Efetivo - fração empenhada em uma ação ou operação.
1) Fração elementar – de 01 a 05 policiais militares.
2) Fração constituída - tropa com efetivo mínimo de 01 GPM.
1.5.2.7 Forma - disposição da tropa no terreno, com atribuições e
responsabilidades, para a execução do policiamento ostensivo.
1) Desdobramento - constitui a distribuição dos comandos regionais e OPM
especiais no terreno, devidamente articuladas até nível de GPM, com limites
de responsabilidade perfeitamente definidos.
2) Escalonamento - o grau de responsabilidade dos sucessivos e distintos
níveis da cadeia de comando no seu espaço geográfico.
1.5.2.8 Duração - o tempo de empenho diário do policial militar no
policiamento ostensivo.
1) Jornada - o período de tempo, nas 24 horas do dia, em que o PM
desenvolve a atividade policial-militar.
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2) Turno - fracionamento da jornada por um período de tempo previamente
determinado.
1.5.2.9 Suplementação - recursos adicionais que aumentam a capacidade
operacional em ações ou operações rotineiras e/ou específicas:
1) cão;
2) rádio transceptor;
3) telefone celular;
4) armamento e equipamento peculiares;
5) outros.
1.5.2.10 Desempenho - particularização do emprego do PM para o
cumprimento da atividade-fim no policiamento ostensivo.
1) Atividade de linha - emprego diretamente relacionado com o público.
2) Atividade auxiliar - emprego em apoio imediato ao PM em atividade de
linha. Não deve ser confundida com o apoio mediato, próprio da atividade-
meio.
1.5.2.11 Fatores intervenientes básicos - são os fatores que
obrigatoriamente devem ser levados em consideração por ocasião dos
planejamentos operacionais e dividem-se conforme descrito a seguir.
1) Fatores determinantes - caracterizam-se pela tipicidade, gravidade e
incidência de ocorrências policiais-militares, presumíveis ou existentes.
2) Fatores componentes - caracterizam-se pelos custos, espaços a serem
cobertos; mobilidade, possibilidade de contato direto, objetivando o
conhecimento do local de atuação e relacionamento; autonomia; facilidade de
supervisão e coordenação; flexibilidade; proteção ao PM.
3) Fatores condicionantes - caracterizam-se pelo local de atuação,
características físicas e psicossociais; clima; dia da semana; horário;
disponibilidade de recursos.
2. ASPECTOS LEGAIS
2.1 Legislação
2.1.1 Constituição Federal, de 05 de outubro de 1988
A Constituição Federal estabelece, em seu artigo 5º, os direitos e deveres
individuais e coletivos, conforme segue:
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
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no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos
termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano
ou degradante;
[...]
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de
flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
dia, por determinação judicial;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no
último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução;
[...]
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz,
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar,
permanecer ou dele sair com seus bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais
abertos ao público, independentemente de autorização, desde que
não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo
local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade;
[...]
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e
liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
[...]
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
[...]
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo
nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar,
definidos em lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do
preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e
de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua
prisão ou por seu interrogatório policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade
judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei
admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
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LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável
pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
alimentícia e a do depositário infiel;
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua
liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
A origem e os princípios que regem o policiamento ostensivo preventivo
encontram amparo legal no artigo 144 do texto Constitucional, vejamos:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
seguintes órgãos:
[...]
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
[...]
§ 5º - Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a
preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares,
além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de
atividades de defesa civil.
2.1.2 Decreto-Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940 (Código Penal
Brasileiro)
Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e
iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui
crime mais grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a
exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do
transporte de pessoas para a prestação de serviços em
estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as
normas legais. (alterado pela Lei nº 9.777/29.12.98)
[...]
Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou grave
ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio,
a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a
fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Aumento de pena
§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando,
para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há
emprego de armas.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à
violência.
§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do
paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente
perigo de vida;
II - a coação exercida para impedir suicídio.
[...]
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Art. 150. Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou
contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa
alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
§ 1º Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou
com o emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais
pessoas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena
correspondente à violência.
§ 2º Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por
funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância
das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso do poder.
§ 3º Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia
ou em suas dependências:
I - durante o dia, com observância das formalidades legais, para
efetuar prisão ou outra diligência;
II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está
sendo ali praticado ou na iminência de o ser.
§ 4º A expressão "casa" compreende:
I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce
profissão ou atividade.
§ 5º Não se compreendem na expressão "casa":
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva,
enquanto aberta, salvo a restrição do nº II do parágrafo anterior;
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
2.1.3 Decreto-Lei nº 3.688, de 03 de outubro de 1941 (Lei das
Contravenções Penais)
Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta justificadamente
solicitados ou exigidos dados ou indicações concernentes à própria
identidade, estado, profissão, domicílio e residência:
Pena - multa.
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de um a seis
meses, e multa, se o fato não constitui infração penal mais grave,
quem, nas mesmas circunstâncias, faz declarações inverídicas a
respeito de sua identidade pessoal, estado, profissão, domicílio e
residência.
2.1.4 Decreto-Lei nº 3.689, de 03 de outubro de 1941 (Código de Processo
Penal)
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.
§ 1º Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a
autorizarem, para:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e
objetos falsificados ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática
de crime ou destinados a fim delituoso;
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e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do
réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em
seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu
conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.
§ 2º Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita
de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos
mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a
realizar pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida da
expedição de mandado.
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a
requerimento de qualquer das partes.
Art. 243. O mandado de busca deverá:
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será
realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou
morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá
de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;
II - mencionar o motivo e os fins da diligência;
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o
fizer expedir.
§ 1º Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do
mandado de busca.
§ 2º Não será permitida a apreensão de documento em poder do
defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de
delito.
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de
prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na
posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam
corpo de delito, ou quando a medida for determinada no curso de
busca domiciliar.
Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o
morador consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem
na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou
a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.
§ 1º Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua
qualidade e o objeto da diligência.
§ 2º Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a
entrada.
§ 3º Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força
contra coisas existentes no interior da casa, para o descobrimento
do que se procura.
§ 4º Observar-se-á o disposto nos §§ 2º e 3º, quando ausentes os
moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência
qualquer vizinho, se houver e estiver presente.
§ 5º Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o
morador será intimado a mostrá-la.
§ 6º Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será
imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de
seus agentes.
§ 7º Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado,
assinando-o com duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do
disposto no § 4º.
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Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior,
quando se tiver de proceder a busca em compartimento habitado ou
em aposento ocupado de habitação coletiva ou em compartimento
não aberto ao público, onde alguém exercer profissão ou atividade.
Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os
motivos da diligência serão comunicados a quem tiver sofrido a
busca, se o requerer.
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não
moleste os moradores mais do que o indispensável para o êxito da
diligência.
Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não
importar retardamento ou prejuízo da diligência.
[...]
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus
agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em
flagrante delito.
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por
qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da
infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos
ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em
flagrante delito enquanto não cessar a permanência.
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta
o condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este
cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá
à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório
do acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada
oitiva, suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o
auto.
§ 1º Resultando das respostas fundada a suspeita contra o
conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no
caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos
do inquérito ou processo, se para isso for competente; se não o for,
enviará os autos à autoridade que o seja.
§ 2º A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de
prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão
assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado a
apresentação do preso à autoridade.
§ 3º Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não
puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas
testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste.
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa
designada pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o
compromisso legal.
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família
do preso ou à pessoa por ele indicada.
§ 1º Dentro em 24h (vinte e quatro horas) depois da prisão, será
encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante
acompanhado de todas as oitivas colhidas e, caso o autuado não
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informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria
Pública.
§ 2º No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a
nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o
nome do condutor e das testemunhas.
Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade,
ou contra esta, no exercício de suas funções, constarão do auto a
narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o
preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela
autoridade, pelo preso e pelas testemunhas e remetido
imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato
delituoso, se não o for a autoridade que houver presidido o auto.
Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver
efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do lugar mais
próximo.
Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade,
depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.
Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá
fundamentadamente:
I – relaxar a prisão ilegal; ou
II – converter a prisão em flagrante em preventiva, quando
presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se
revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares
diversas da prisão; ou
III – conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em
flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes dos
incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 – Código Penal, poderá, fundamentadamente,
conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de
comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de
revogação.
2.1.5 Lei nº 13.869, de 05 de setembro de 2019 (Abuso de Autoridade)
Dispõe sobre os crimes de abuso de autoridade; altera a Lei nº 7.960, de 21 de
dezembro de 1989, a Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, a Lei nº 8.069, de
13 de julho de 1990, e a Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994; e revoga a Lei nº
4.898, de 9 de dezembro de 1965, e dispositivos do Decreto-Lei nº 2.848, de
7 de dezembro de 1940 (Código Penal).
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta
desconformidade com as hipóteses legais:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária
que, dentro de prazo razoável, deixar de:
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de
conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível;
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando
manifestamente cabível.
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou
investigado manifestamente descabida ou sem prévia intimação de
comparecimento ao juízo:
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Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em
flagrante à autoridade judiciária no prazo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão
temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a decretou;
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer
pessoa e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela
indicada;
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro)
horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da
prisão e os nomes do condutor e das testemunhas;
IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão
temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou de
internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de
executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de
promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou
legal.
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência,
grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a:
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade
pública;
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não
autorizado em lei;
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo
da pena cominada à violência.
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que,
em razão de função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar
segredo ou resguardar sigilo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o
interrogatório:
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou
defensor público, sem a presença de seu patrono.
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao
preso por ocasião de sua captura ou quando deva fazê-lo durante
sua detenção ou prisão
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável
por interrogatório em sede de procedimento investigatório de
infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si
mesmo falsa identidade, cargo ou função.
Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o
período de repouso noturno, salvo se capturado em flagrante delito
ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito
de preso à autoridade judiciária competente para a apreciação da
legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente
do impedimento ou da demora, deixa de tomar as providências
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tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a
prisão, deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja.
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada
do preso com seu advogado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o
réu solto ou o investigado de entrevistar-se pessoal e
reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável,
antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele
comunicar-se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório
ou no caso de audiência realizada por videoconferência.
Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou
espaço de confinamento:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma
cela, criança ou adolescente na companhia de maior de idade ou em
ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13
de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à
revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas
dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem
determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste
artigo, quem:
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-
lhe o acesso a imóvel ou suas dependências;
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h
(vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas).
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou
quando houver fundados indícios que indiquem a necessidade do
ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre.
Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de
investigação ou de processo, o estado de lugar, de coisa ou de
pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de
responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a
responsabilidade:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta
com o intuito de:
I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por
excesso praticado no curso de diligência;
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações
incompletos para desviar o curso da investigação, da diligência ou
do processo.
Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário
ou empregado de instituição hospitalar pública ou privada a admitir
para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim de
alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de
investigação ou fiscalização, por meio manifestamente ilícito:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
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Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova,
em desfavor do investigado ou fiscalizado, com prévio
conhecimento de sua ilicitude.
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento
investigatório de infração penal ou administrativa, em desfavor de
alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito
funcional ou de infração administrativa:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou
investigação preliminar sumária, devidamente justificada.
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com
a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida
privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial,
policial, fiscal ou administrativo com o fim de prejudicar interesse
de investigado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou
administrativa sem justa causa fundamentada ou contra quem sabe
inocente:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 31.Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-
a em prejuízo do investigado ou fiscalizado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo
para execução ou conclusão de procedimento, o estende de forma
imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do
fiscalizado.
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso
aos autos de investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao
inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de
infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a
obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a
diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências
futuras, cujo sigilo seja imprescindível:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive
o dever de fazer ou de não fazer, sem expresso amparo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo
ou função pública ou invoca a condição de agente público para se
eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio
indevido.
Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de
ativos financeiros em quantia que extrapole exacerbadamente o
valor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a
demonstração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de
corrigi-la:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de
processo de que tenha requerido vista em órgão colegiado, com o
intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
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Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de
comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes de
concluídas as apurações e formalizada a acusação:
(Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
2.1.6 Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional)
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração
pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou
liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do
Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade
e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato
Complementar nº 31, de 1966)
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de
polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites
da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se
de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou
desvio de poder.
2.1.7 Lei nº 8.069, 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente)
Art. 232 - Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade,
guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.
2.1.8 Súmula Vinculante nº 11 do STF
Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia,
por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade
por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal
do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato
processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil
do Estado.
3. NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL COMUM
PARA A ATIVIDADE POLICIAL MILITAR
3.1 Definição de Polícia ostensiva e polícia judiciária
Para que possamos entender como funciona a persecução penal, é
imprescindível que, inicialmente, saibamos qual é a polícia responsável pela
realização da referida persecução no âmbito civil. Para tanto, é salutar que se
faça a diferenciação de polícia ostensiva e polícia investigativa/judiciária.
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A polícia ostensiva é a que exerce o policiamento ostensivo, à mostra,
visivelmente perceptível pela população pelo uso de viaturas caracterizadas e
fardamento/uniforme, de modo que a comunidade e os indivíduos que tenham
a intenção de delinquir possam notar a sua presença. A atividade da polícia
ostensiva, em suma, consiste em observar e fiscalizar os comportamentos dos
cidadãos, com a finalidade precípua de prevenir a prática de infrações penais.
De acordo com a Constituição da República, a polícia militar é a polícia
ostensiva, pois, em seu art. 144, § 5º, dispõe que às polícias militares cabem a
polícia ostensiva e a preservação da ordem pública.
A polícia judiciária, por sua vez, é a polícia que atua repressivamente, depois
de ocorrida a infração penal, de modo a realizar a investigação criminal para a
colheita de elementos e provas para a futura condenação do criminoso em
juízo. A polícia judiciária, de acordo com o art. 144, §§ 1º e 4º, da CRFB/88,
incumbe às polícias federal e civil, as quais, em resumo, possuem atribuição
de apurar as infrações penais, exceto as infrações militares.
Diante disso, nota-se que, não se tratando do cometimento de crimes
militares, as policias que terão a atribuição de realizar a persecução penal
serão a polícia federal ou a polícia civil.
3.2 Atribuição da polícia investigativa considerando a natureza da
infração penal e a competência para julgamento
Com base no que foi dito no tópico acima se pode inferir que a natureza da
infração penal ajudará a determinar qual será a polícia com atribuição para a
realização da investigação. No entanto, isso não basta. A competência para o
julgamento é também determinante para sabermos a polícia que deverá atuar
na investigação após o cometimento de um crime.
Em regra, se o crime for de competência da Justiça Militar da União, será
investigado pelas Forças Armadas (Marinha, Exército ou Aeronáutica).
Se o crime for de competência da Justiça Militar Estadual, quem investiga o
delito é a polícia militar, por meio de um inquérito policial-militar (IPM) e
tendo à frente um encarregado.
Se o crime for de competência da Justiça Federal ou da Justiça Eleitoral, será
investigado pela Polícia Federal.
Se o crime for de competência da Justiça Estadual, quem investiga é a Polícia
Civil. Mas a Polícia Federal também pode investigar delitos que sejam de
competência da Justiça Estadual, desde que o crime tenha repercussão
interestadual ou internacional.
A polícia federal também pode investigar crimes de competência da Justiça
Estadual. O melhor exemplo são essas quadrilhas especializadas em
clonagem de cartão. Como elas operam em vários Estados da Federação, a
Polícia Federal acaba investigando. Mas a competência é da Justiça Estadual.
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Crimes eleitorais, com interesse da União, são investigados pela Polícia
Federal. TSE entende que nas localidades em que não há polícia federal,
crimes eleitorais podem ser investigados pela polícia civil.
Se o crime é investigado pela polícia errada, isso não impede o oferecimento
da denúncia. Futuramente se verá que o inquérito é apenas um procedimento
administrativo.
3.3 Providências em local de crime
O Código de Processo Penal, no inciso I do art. 6º, dispõe que a autoridade
policial deverá se dirigir ao local do cometimento da infração penal, logo que
tiver conhecimento da sua prática, providenciando para que não sejam
alterados o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos
criminais.
O art. 169 do CPP também nos demonstra que, para o efeito de exame do
local onde houver sido praticada a infração, a autoridade providenciará
imediatamente para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos
peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou
esquemas elucidativos.
Considerando as disposições legais e como na maioria das vezes é o policial
militar que chega primeiro à cena de crime, é importante que saiba o
procedimento adequado para não destruir as provas que poderão ajudar na
apuração da infração penal. O policial que primeiro chegar ao local deverá
isolá-lo com o meio que tiver a sua disposição. Para tanto, vejamos as etapas
do procedimento:
1º - verifique o local, primeiramente se preocupando com a sua
segurança, dada a possibilidade de que ali esteja o autor do delito e
poderá oferecer risco aos agentes policiais ou terceiros;
2º - se houver, verifique se a vítima está com vida;
3º - desloque em linha reta até a vítima. se não for possível, escolha
o menor trajeto;
4º - se a vítima estiver com vida, em primeiro lugar socorrê-la, em
segundo lugar preservar o local;
5º - se a vítima estiver morta, não mexer em nenhuma hipótese;
toda observação deve ser visual, procurando não se movimentar,
evitando interferir na cena do crime;
6º - ao sair do local, adotar o mesmo trajeto de entrada, observando
toda a área, procurando vestígios, a fim de saber o limite da área a
ser isolada, olhando atentamente onde está pisando para não
comprometer a cena do crime;
7º - posicionar-se em ponto distante para que possa observar e
decidir o limite da área a ser isolada; quanto maior a área isolada
melhores resultados poderão ser obtidos pela equipe da perícia;
8º - se verificar outros vestígios nas áreas adjacentes, deverá
ampliar o limite do isolamento;
9º - ninguém mais poderá entrar no local isolado, nem mesmo o
policial que isolou a área, até que os peritos realizem os exames ou
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até o momento em que a polícia judiciária chegue ao local para
assumir a ocorrência.
Este procedimento é aplicável em qualquer local de crime. É importante
lembrar que o policial militar também pode ajudar identificando testemunhas
do fato antes que elas deixem o local e informar à polícia judiciária, o que
auxiliará no trabalho investigativo de elucidação do crime.
3.4 Inquérito policial, suas características, prazo e finalidade
O meio mais comum, embora não exclusivo, para colheita dos elementos
mínimos probatórios que indiquem a ocorrência de uma infração penal ou de
sua autoria, é o inquérito policial que, nos termos do art. 4° do Código de
Processo Penal, cabe à polícia judiciária.
À soma dessa atividade investigatória com a ação penal promovida pelo
Ministério Público ou ofendido se dá o nome de persecução penal, que torna
efetivo o jus puniendi resultante da prática do crime, a fim de se impor ao seu
autor a sanção penal cabível.
Ainda que exista previsão constitucional (art. 144, § 4°) atribuindo às polícias
civis as funções de polícia judiciária, não existe exclusividade no exercício
dessas, conforme se verifica nas ressalvas do próprio artigo (competência da
União e infrações penais militares), na legitimidade do Ministério Público de
proceder investigações e diligências, na previsão do inquérito judicial (Lei de
Falências) e das comissões parlamentares de inquérito (CPI).
Segundo Renato Brasileiro de Lima, inquérito policial é o procedimento
administrativo inquisitivo e preparatório, presidido pela autoridade policial,
que consistente em um conjunto de diligências realizadas pela polícia
investigativa objetivando a identificação das fontes de prova e a colheita de
elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração penal, a
fim de possibilitar que o titular da ação penal possa ingressar em juízo.
Trata-se de procedimento de natureza administrativa. Não sendo, processo
judicial, tampouco processo administrativo, dele não decorre a imposição de
sanção de forma direta.
Logo, como o inquérito policial é mera peça informativa, eventuais vícios
resultantes, não contaminam o processo penal a que der origem.
3.4.1 Características
a. É uma peça escrita - Os atos de polícia judiciária são, de regra, reduzidos
a termo e rubricados pela autoridade. Hoje, temos uma novidade muito
interessante: o art. 405, § 1º. O CPP sofreu uma alteração (Redação dada pela
Lei nº 11.719, de 2008):
Art. 405, § 1o Sempre que possível, o registro dos depoimentos do
investigado, indiciado, ofendido e testemunhas será feito pelos meios ou
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recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar,
inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das informações.
b. É instrumental - Em regra, o inquérito é o instrumento utilizado pelo
Estado para colher elementos de informação quanto à autoria e materialidade
do crime. O IP é filtro. A investigação preliminar realiza, ainda, uma
verdadeira filtragem daquilo que, efetivamente, aportará no Poder Judiciário.
c. É obrigatório - O inquérito é obrigatório nos crimes de ação penal pública
incondicionada, pelo que se depreende da dicção do art. 5º, caput, CPP.
Pergunta-se: Se a vítima faz um requerimento ao delegado e o delegado
indefere. Cabe recurso? Sim! Cabe recurso inominado administrativo para o
chefe de polícia.
d. É dispensável (prescindível) - O inquérito policial é obrigatório para o
delegado, mas não é imprescindível para dar início a uma ação penal. Se o
titular da ação penal contar com peças de informação, com provas do crime e
de sua autoria, poderá dispensar o inquérito policial, o que ocorre, por
exemplo, com o PIC (procedimento de investigação criminal).
e. É substituível pelo TC - No caso das infrações de menor potencial
ofensivo, cujo conceito se extrai do artigo 61 da Lei n.º 9.099/95, o inquérito
policial é substituído pelo termo circunstanciado, previsto no artigo 69 da
mesma Lei, salvo em caso de crime com violência doméstica e familiar contra
a mulher (art. 41, Lei 11.340/06) e de lesão corporal culposa de trânsito
decorrente de embriaguez ao volante, participação em racha e quando o
agente estiver em velocidade de 50 km/h acima da máxima permitida (art.
291, Lei 9.503/97).
f. É oficial - A característica da oficialidade decorre da conjugação do art. 4º
do CPP com o art. 144, §§ 1.º, IV, 4.º, da CRFB, dos quais se depreende que
a investigação criminal no Brasil é monopólio estatal, ou seja, desenvolvida
pela polícia judiciária, atribuição exclusiva da polícia federal e das polícias
civis estaduais.
g. É oficioso - Em caso de crime de ação penal de iniciativa pública
incondicionada, a autoridade policial deve instaurar o inquérito policial de
ofício, ou seja, por iniciativa própria, independentemente de qualquer
provocação (art. 5.º, inc. I, do CPP).
h. É sigiloso - Apesar do sigilo, quem tem acesso aos autos? O juiz e o MP.
Advogado tem acesso aos autos de IP? O estatuo da OAB, no art. 7º, XIV, diz
que ao advogado é assegurado o acesso aos autos. Esse acesso é irrestrito? Se
o delegado já juntou aos autos o exame de corpo de delito, se já ouviu uma
testemunha, o advogado tem acesso. Se a diligência está em andamento, não
haverá acesso, sob pena de ver-se frustrada a investigação em uma
interceptação telefônica, em uma quebra de sigilo de dados bancários, etc.
Isso é feito em autos apartados.
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Então, de acordo com a Súmula Vinculante 14, que trata sobre o tema, temos
que: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao
exercício do direito de defesa‖.
3.4.2 Instauração do inquérito policial
É com a notícia do crime que se instaura o inquérito policial, mas a lei
processual disciplina a matéria prevendo formas específicas de comunicação
para o início do inquérito de acordo com a espécie de iniciativa da ação penal
exigida para o fato criminoso.
Nos crimes de ação pública o inquérito pode ser iniciado: de ofício, mediante
requisição, requerimento ou delação e por auto de prisão em flagrante delito
(art. 5°, inc. I e II, e §§ 1° a 3 do CPP).
Tendo conhecimento da existência de um crime que se apura mediante ação
penal pública por qualquer das formas mencionadas, a autoridade policial tem
o dever de instaurá-lo. O inquérito, entretanto, não deve ser instaurado na
hipótese de fato atípico, no caso de estar extinta a punibilidade, na hipótese de
ser a autoridade incompetente para a instauração, por fato sob investigação
em inquérito, já denunciado, já sentenciado e quando não forem fornecidos os
elementos indispensáveis para se proceder às investigações. Nos crimes de
ação pública condicionada à representação o inquérito não pode ser iniciado
sem representação (art. 5, § 4° e art. 24 do CPP). Nos crimes de ação privada
o inquérito só poderá ser instaurado mediante a iniciativa da vítima (art. 3, §
5°, e art. 30, 31 e 34 do CPP).
3.4.3 Instrução
Não há ordem preestabelecida para que os envolvidos sejam ouvidos, porém,
há uma ordem lógica:
1° vítima (via de regra tem o maior número de informações),
2° testemunhas (podem comprovar ou não a versão da vítima), e
3° acusado (colhidas e analisadas as informações, será questionado
sobre as acusações que lhe são imputadas, podendo falar ou não).
A autoridade policial deve proceder (art. 6, inc. VI do CPP), quando
necessário, o reconhecimento de pessoas e coisas (art. 226 a 228 do CPP) e a
acareações (art. 229 e 230 do CPP). Deve ainda determinar que se proceda o
exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias (art. 6°, inc. VII e art.
158 a 184 do CPP).
Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de
determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução
simulada dos fatos desde que esta não prejudique a moralidade ou a ordem
pública (art. 7° do CPP). O acusado não está obrigado a participar da
reconstituição (art. 5°, inc. LXIII da CF/88).
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3.4.4 Indiciamento
Verificado, após concluídas as investigações, que há indício da autoria de
crime, deve a autoridade policial providenciar no indiciamento em relatório.
Convém observar que antes do término das investigações não se tem um
indiciado, mas sim um acusado ou suspeito.
Deve ainda a autoridade policial ordenar a identificação do indiciado ―pelo
processo dactiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de
antecedentes (art. 6°, inc. VIII do CPP). A identificação é o processo usado
para se estabelecer a identidade, conjunto de dados e sinais que caracterizam
o indivíduo (art. 259 do CPP).
Importante frisar, contudo, o que preceitua o art. 4° da lei 12.037: quando
houver necessidade de identificação criminal, a autoridade encarregada
tomará as providências necessárias para evitar o constrangimento do
identificado. Com essa norma, objetivou o legislador em proibir a submissão
do identificado a situações vexatórias ou humilhantes por ocasião da
identificação como, por exemplo, permitir que seja filmado ou fotografado
pela imprensa.
3.4.5 Encerramento
Concluídas as investigações, a autoridade policial deve fazer minucioso
relatório do que tiver sido apurado no inquérito policial (art. 10, §1°, 1° parte,
CPP).
Quando da instauração do inquérito, a autoridade já deve classificar o crime.
Após a conclusão das investigações, se os elementos colhidos indicam ter
ocorrido outra infração penal que não a mencionada na peça de origem, a
classificação deve ser alterada.
De qualquer forma, tal classificação é provisória e não vincula o Ministério
Público para o oferecimento da denúncia ou o querelante para a propositura
da queixa. Os autos serão enviados ao juiz competente (art. 10, § 1° do CPP).
3.4.6 Prazo para a conclusão
O prazo para conclusão do inquérito policial é de 30 dias, se o acusado estiver
solto, contado da data do recebimento pela autoridade policial da requisição
ou requerimento ou, em geral, da portaria expedida quando da notícia do
crime. Estando o acusado preso, o prazo é de 10 dias, contado da data da
prisão (em flagrante ou decorrente do cumprimento de mandado de prisão
preventiva).
Dispõe, porém, o art. 10 em seu § 3°, sobre a possibilidade de prorrogação do
prazo do inquérito quando o acusado estiver solto. Não obstante seja prevista
tal dilação de prazo nos casos de difícil elucidação, essa tem sido deferida
ordinariamente.
3.4.7 Finalidade do inquérito
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Trata-se de um instrumento utilizado pelo Estado que tem por finalidade a
colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade, com o
fito de auxiliar o membro do Ministério Público no oferecimento da ação
penal.
3.5 Termo Circunstanciado, características e finalidade
3.5.1 Termo Circunstanciado / BO-TC
Boletim lavrado pelo policial militar no atendimento às ocorrências
decorrentes de infrações penais de menor potencial ofensivo, no qual devem
ser registrados os dados essenciais do fato, desde que presentes os elementos
do flagrante delito e que o autor do fato assuma o compromisso de
comparecer ao Juizado Especial Criminal, na data estabelecida pelo policial,
ou quando for regularmente intimado.
3.5.2 Previsão legal: Lei nº 9.099/95
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará
termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o
autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames
periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele
comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em
caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de
cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a
vítima.
3.5.3 Conceito do TC
É o substituto do IP, nas infrações de menor potencial ofensivo, sendo uma
apuração resumida da infração penal. Segundo o art. 61 da Lei nº 9099/95,
consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos
desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena
máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa‖.
3.5.4 Inaplicabilidade do TC
a) Lesão corporal de trânsito com embriaguez, racha ou 50 km/h acima da
máxima permitida (art. 291, § 2º, L. 9.503/97);
b) Violência doméstica e familiar contra a mulher (art. 41, L. 11.340/06)
3.5.5 Atribuição para lavratura de TC
a) Art. 69, L. 9.099/95: autoridade policial
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b) No âmbito do RS: qualquer policial – Brigada Militar – Port. Nº 172/2000
– SJS/RS
c) Outros Estados: Tem crescido o número de Estados onde a PM tem
competência para a confecção do TC
d) Autor do fato: nome que se dá para quem praticou o fato.
e) Liberação condicional em caso de flagrante: art. 69, parágrafo único, L.
9.099/95.
f) Usuário de drogas: art. 48, § 2º, L. 11.343/06 (não será preso em flagrante).
A finalidade do TC é apurar a autoria e a materialidade das infrações de
menor potencial ofensivo.
3.6 Direitos do preso e do investigado
O preso e o investigado possuem alguns direitos previstos no art. 5º da
CRFB/88, tais como:
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e
moral;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do
preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e
de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua
prisão ou por seu interrogatório policial;
Diante disso, quando o policial militar realizar a prisão em flagrante delito
deverá providenciar, imediatamente, a comunicação legal dos direitos
constitucionais ao preso, conforme segue:
a) graduação/posto e o nome do responsável pela prisão (identificação do
responsável pela prisão);
b) o motivo da prisão em flagrante delito (o delito cometido);
c) o direito de permanecer calado;
d) será assegurado o direito à assistência da família e de advogado, na
delegacia de polícia; para qual delegacia de polícia que está sendo conduzido.
3.7 Direitos do advogado na assistência de presos e investigados
Atenção para as novidades do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil,
incluídas em 2016: Art. 7º, São direitos do advogado:
[...] XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por
conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e
de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento,
ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar
apontamentos, em meio físico ou digital;
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[...]
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de
infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo
interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os
elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou
derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da
respectiva apuração: a) apresentar razões e quesitos.
[...]
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar
procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV.
§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente
poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova
relacionados a diligências em andamento e ainda não
documentados nos autos, quando houver risco de
comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das
diligências.
§ 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o
fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em
que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo
implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de
autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com
o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do
direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz
competente.
O policial militar deverá cuidar para não violar o direito do preso, pois isto
poderá gerar nulidade processual e, posteriormente, anular todo o processo.
De modo geral, o advogado somente acompanhará o flagrante na lavratura e
formalização. Não há vedação legal do advogado formular perguntas durante
a lavratura do flagrante, desde que sejam formuladas na presença da
autoridade policial encarregada.
O advogado formulando perguntas na lavratura do flagrante poderá
corroborar com a validade do flagrante e garantir a qualidade do trabalho
policial. Não há possibilidade do defensor técnico interromper o depoimento
do condutor ou testemunha da ocorrência, mas é assegurado o direito de
formular perguntas ao final e não podendo perturbar o depoimento.
3.8 Diligências investigatórias preliminares
O Código de Processo Penal descreve uma série de procedimentos que podem
ser adotados na investigação policial. O art. 6.º, denominado doutrinariamente
de cartilha do delegado de polícia, determina que logo que tiver
conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá
realizar tais diligências. Embora o dispositivo adote a forma imperativa
deverá, os procedimentos nele elencados formam um roteiro de atuação da
autoridade policial. São, portanto, diligências que serão, discricionariamente,
eleitas pela autoridade policial na condução do inquérito.
Fora do Código de Processo Penal, ou seja, em legislação penal e processual
penal extravagante, são encontrados diversos procedimentos investigatórios,
cuja análise não é objeto deste estudo.
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I – Dirigir se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
O policial deve preservar os vestígios deixados pela infração penal. Vestígio é
sinônimo de corpo de delito. Exceção: em caso de acidente de trânsito, a
autoridade ou agente policial que primeiro tomar conhecimento do fato
poderá autorizar, independentemente de exame do local, a imediata remoção
das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos veículos nele
envolvidos, se estiverem no leito da via pública e prejudicarem o tráfego.
Para autorizar a remoção, a autoridade ou agente policial lavrará boletim da
ocorrência, nele consignado o fato, as testemunhas que o presenciaram e
todas as demais circunstâncias necessárias ao esclarecimento da verdade (Lei
nº 5.970/73).
II - Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados
pelos peritos criminais;
Feita a apreensão, lavra-se o chamado auto de apreensão. Quando alguém é
preso em flagrante, a autoridade policial faz o auto de apreensão
discriminando todos os objetos que estavam com a pessoa.
III - Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e
suas circunstâncias;
Trata-se de formulação genérica que autoriza a autoridade policial a adotar as
medidas necessárias para a coleta dos elementos indiciários, como, por
exemplo, a oitiva das testemunhas e informantes.
IV - Ouvir o ofendido (e das testemunhas);
Após decisão recente do STF, não é mais possível a condução coercitiva
daqueles que, sem justo motivo, desatenderem ao chamamento da autoridade
policial, que é formalizado pelo mandado de intimação (princípio da
autoritariedade – artigos 201, § 1.º, e 218, do CPP). Ademais, antes da
decisão do Supremo, aquele que não atendesse ao mandado de intimação
poderia ser responsabilizado pelo crime de desobediência (art. 219 do CPP e
art. 330 do CP).
V – ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no
Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser
assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;
Deverão ser adotadas as disposições dos artigos 185 a 196 do CPP, no que
couber, respeitada a inquisitividade do inquérito policial. Da mesma forma
como ocorre na instrução criminal, o interrogatório policial é formado de
duas fases, uma sobre a pessoa e, outra, sobre o fato. Detalhes atinentes aos
direitos do indiciado são examinados em item próprio.
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O termo de declarações deve ser assinado por duas testemunhas que lhe
tenham ouvido a leitura. Melhor seria se o CPP tivesse determinado a
assinatura de testemunhas que tivessem assistido ao interrogatório, sob pena
de abalizarem confissões extorquidas por tortura (física ou psicológica).
- Indiciado menor de vinte e um anos – a questão do curador: o art. 15 do
CPP que determinava a nomeação de curador para indiciado menor de 21 e
maior de 18 anos perdeu sua aplicação quando o Código Civil equiparou a
maioridade civil à penal. De recordar que o art. 194 do CPP, que também o
exigia no interrogatório judicial, foi revogado pela Lei n.º 10.792/03.
- Incomunicabilidade do indiciado (art. 21 do CPP): para a doutrina
majoritária este dispositivo perdeu sua aplicação em face do disposto no art.
136, § 3.º, inc. IV, da CRFB, que veda a incomunicabilidade do preso durante
o estado de defesa. O argumento é que se a incomunicabilidade é proibida nos
casos excepcionais, com maior razão, não deve ser admitida em situação de
normalidade.
VI – proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
O reconhecimento serve para esclarecer dúvidas quanto aos sujeitos ou aos
objetos do crime, adotando-se os procedimentos previstos nos artigos 226 a
228 do CPP. Mesmo que não haja previsão legal, tem-se admitido o
reconhecimento fotográfico, desde que observadas as formalidades do
reconhecimento pessoal.
A acareação serve para dirimir divergências sobre fatos ou circunstâncias
relevantes, sendo adotado o regramento dos artigos 229 e 230 do CPP. Podem
ser acarreados os investigados, as testemunhas e as vítimas. A acareação pode
ser direta, que ocorre com a confrontação pessoal (cara a cara) dos que
prestaram as declarações conflitantes, ou indireta, que se dá por carta
precatória, situação em que a autoridade deprecante envia as declarações
conflitantes à autoridade deprecada, para que ela as esclareça junto a outra
pessoa.
VII – determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a
quaisquer outras perícias;
Será indispensável o exame de corpo de delito sempre que a infração deixar
vestígios (infração não transeunte), nos termos do art. 159 do CPP.
O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito
oficial, portador de diploma de curso superior. Na falta de perito oficial, o
exame será realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de diploma de
curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem
habilitação técnica relacionada com a natureza do exame (art. 160, CPP).
No caso específico de drogas, para efeito da lavratura do auto de prisão em
flagrante e estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de
constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou,
na falta deste, por pessoa idônea (art. 50, § 1º, da Lei nº 11.343/06).
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VIII – ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se
possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
A identificação criminal é o procedimento pelo qual o indiciado ou acusado é
individualizado pelo processo datiloscópico e fotográfico, ou seja, mediante
coleta de impressões digitais e de fotografia. A CRFB determina que o
civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas
hipóteses previstas em lei (art. 5.º, inc. LVIII). Atualmente, o tema está
disciplinado pela Lei nº 12.037/09. Assim, a identificação criminal só é
possível nas hipóteses previstas na referida lei. Fora delas, a medida constitui
constrangimento ilegal.
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista
individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado
de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros
elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e
caráter.
A medida serve para averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de
vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e
estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros
elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.
Normalmente, essa diligência ocorre imediatamente após o interrogatório do
indiciado e se dá com o preenchimento de um formulário padronizado da
polícia judiciária. A crítica que se faz com respeito a esse documento é que
ele é colhido de forma parcial, ou seja, na maioria das vezes diretamente com
o indiciado, estando as informações por ele prestadas carentes de
credibilidade. O ideal seria que a autoridade policial diligenciasse nas
informações em pesquisas a diversos setores, como na vizinhança do
indiciado, em seu local de trabalho, com sua família, etc.
X - Colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se
possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável
pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.”.
Ao final do inquérito policial, procedimento inquisitório e que, em regra, não
tem o crivo do contraditório e ampla defesa, a autoridade policial remeterá os
autos ao juiz competente, que dará vistas ao Ministério Público que
denunciará o investigado, e aí surge o devido processo legal, ou irá requerer o
arquivamento, que pode ser aceito ou não pelo juiz competente (Ato
complexo).
4 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR
PARA A ATIVIDADE POLICIAL MILITAR
4.1 Definição de Polícia Judiciária Militar
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Preliminarmente é indispensável analisar o conceito de polícia judiciária,
qual seja, a de polícia repressiva, pois atua após o surgimento do ilícito penal
funcionando como auxiliar da justiça, estando também vinculada ao
Ministério Público. Constituída por um órgão do Poder Executivo, como tal
se enquadra como atividade da Administração Pública e, muito embora
auxiliar do Judiciário, os procedimentos por ela produzidos são
procedimentos administrativos. A polícia judiciária, portanto, tem o objetivo
de indicar a verdade dos fatos e de esclarecer autoria e materialidade,
facilitando, o exercício do jus puniendi (direito de punir).
Diante disso, podemos conceituar a polícia judiciária militar como
aquela que realiza um complexo de atividades voltadas à repressão das
infrações penais militares, exercendo seu poder de polícia, como a
realização de investigações, dos inquéritos policiais-militares, dos autos de
prisão em flagrante de delito, da instrução provisória de deserção ou de
insubmissão, e assim atuando como auxiliar da Justiça Militar.
4.2 Atribuição para o exercício da polícia judiciária militar
A polícia judiciária militar está implicitamente prevista no Art. 144, § 4º,
da Carta Magna, quando assevera que “às polícias civis, dirigidas por
delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da
União, as funções de polícia judiciária e a apuração das infrações penais,
exceto as militares”. Nesse sentido, portanto, há vedação constitucional do
exercício da polícia judiciária pela Polícia Civil em casos de infrações penais
de competência da União e aquelas afetas à vida castrense, os crimes
militares.
A polícia judiciária militar é exercida no âmbito estadual pelas polícias
militares (Brigada Militar, no RS) ou corpos de bombeiros militares,
enquanto no âmbito federal é exercida pelas Forças Armadas (Exército,
Marinha e Aeronáutica).
A atribuição para o exercício está vinculada ao cargo/função
desempenhada pelos integrantes da Corporação, sendo possível mencionar,
regra geral, a existência de autoridade de polícia judiciária militar originária e
delegada.
4.3 Autoridade de polícia judiciária militar originária
Aquela que exerce as atribuições de polícia judiciária militar por
destinação legal, originariamente, uma vez que exercem o munus de
comando. Nos termos do art. 7º do CPPM, é exercida pelas seguintes
autoridades:
a) Pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em
todo o território nacional e fora dele, em relação às forças e órgãos
que constituem seus Ministérios, bem como a militares que, neste
caráter, desempenhem missão oficial, permanente ou transitória,
em país estrangeiro;
b) Pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a
entidades que, por disposição legal, estejam sob sua jurisdição;
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c) Pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da
Marinha, nos órgãos, forças e unidades que lhes são subordinados;
d) Pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da
Esquadra, nos órgãos, forças e unidades compreendidos no âmbito
da respectiva ação de comando;
e) Pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona
Aérea, nos órgãos e unidades dos respectivos territórios;
f) Pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de
Gabinete do Ministério da Aeronáutica, nos órgãos e serviços que
lhes são subordinados;
g) Pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos
ou serviços previstos nas leis de organização básica da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica;
h) Pelos comandantes de forças, unidades ou navios;
Destaca-se que para eventuais mudanças na estrutura das Forças
Armadas que alterem o disposto do supracitado deve-se fazer o exercício de
buscar a autoridade militar correlata.
No âmbito das polícias militares e corpos de bombeiros militares, esse
paralelismo também deve ser procurado, sendo a autoridade originariamente
competente para a medida de polícia judiciária militar, exemplificativamente,
o comandante-geral, o subcomandante-geral, os comandantes de Comandos
Regionais, comandantes de OPM, diretores dos Departamentos e chefes de
OPM, podendo ser incluídos, como é o caso da Brigada Militar, o chefe do
Estado-Maior, o corregedor-geral entre outras autoridades que exerçam a
função de comando. Conforme se depreende da Portaria nº 063/EMBM/1999,
que regula o exercício de polícia judiciária militar no âmbito da Brigada
Militar:
Art. 1º - São autoridades de polícia judiciária militar, de acordo
com a Lei de Organização Básica da Brigada Militar e para os
efeitos do art. 7º do Código de Processo Penal Militar:
I – O comandante-geral, em todo o território do Estado e fora dele,
em relação a todos os órgãos que constituem a estrutura da Brigada
Militar, bem como em relação a servidores militares estaduais que,
nesse caráter, estejam no desempenho de missão oficial,
permanente ou transitória, no país ou no exterior;
II – O subcomandante-geral, em relação aos órgãos da estrutura da
Brigada Militar que lhe são subordinados;
III – O chefe do Estado-Maior, em relação ao Estado-Maior da
Brigada Militar;
IV – O corregedor-Geral, em relação à Corregedoria-Geral;
V – O ajudante-geral em relação à Ajudância-Geral;
VI – O chefe de gabinete, em relação ao Gabinete do Comandante-
Geral;
VII – Os diretores, em relação aos respectivos Departamentos;
VIII – Os comandantes Regionais, em relação aos respectivos
Comandos Regionais e aos OPM de Polícia Ostensiva ou de
Bombeiros das respectivas circunscrições territoriais;
IX – Os comandantes de OPM de Polícia Ostensiva e de
Bombeiros, com autonomia administrativa;
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X – Os comandantes, diretores e chefes de OPM de Ensino, de
Logística, de Saúde e Especiais.
Assim, tais autoridades podem instaurar IPM presidindo diretamente a
coleta de provas. Mas, por outro lado, tais autoridades podem delegar a
instauração e/ou a instrução do IPM a outros oficiais da ativa.
O certo é que a polícia judiciária militar não pode ser exercida por
praças, mesmo com estabilidade, mas tão somente por oficiais detentores de
atribuição originária ou os demais por força de delegação.
4.4 Autoridade de polícia judiciária militar por delegação
Não sendo razoável exigir-se que as autoridades detentoras das
atribuições de PJM originárias, se mantivessem inteiramente disponíveis às
atividades de polícia judiciária, priorizando-as em detrimento, no caso das
PM/BM, do planejamento, execução e fiscalização do emprego, preparo e
manutenção da atividade de polícia ostensiva, responsáveis pela preservação
da ordem pública, previu o legislador a possibilidade da delegação do
exercício do poder de polícia judiciária militar, desde que observados alguns
princípios e requisitos indicados pela lei.
Assim, o próprio CPPM, no art. 7º, §§ 1º a 5º, dispõe como pode ocorrer
a delegação:
Delegação do exercício
§1º Obedecidas as normas regulamentares de jurisdição, hierarquia
e comando, as atribuições enumeradas neste artigo poderão ser
delegadas a oficiais da ativa, para fins especificados e por tempo
limitado.
§2º Em se tratando de delegação para instauração de inquérito
policial militar, deverá aquela recair em oficial de posto superior
ao do indiciado, seja este oficial da ativa, da reserva, remunerada
ou não, ou reformado.
§3º Não sendo possível a designação de oficial de posto superior ao
do indiciado, poderá ser feita a de oficial do mesmo posto, desde
que mais antigo.
§4º Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, não prevalece,
para a delegação, a antiguidade de posto.
Designação de delegado e avocamento de inquérito pelo
ministro
§5º Se o posto e a antiguidade de oficial da ativa excluírem, de
modo absoluto, a existência de outro oficial da ativa nas condições
do § 3º, caberá ao ministro competente a designação de oficial da
reserva de posto mais elevado para a instauração do inquérito
policial militar; e, se este estiver iniciado, avocá-lo, para tomar
essa providência.
No âmbito da Brigada Militar a Portaria nº 063/EMBM/1999,
regulamentou a determinação legal. Em seu art. 2º, relativamente à delegação
prevista no art. 7º CPPM, assim dispôs:
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“Art. 2º - Nas hipóteses de delegação do exercício da polícia
judiciária militar a que aludem os parágrafos 1º e 2º do art. 7º do
Código de Processo Penal Militar, esta deverá recair em oficial
pertencente ao Quadro de Oficiais de Estado-Maior (QOEM) e em
Oficial do Quadro Especial de Oficiais da Brigada Militar em
Extinção (QEOBMEx), enquanto existir. ”
Ou seja, a Corporação regulou que somente os oficiais do Quadro de
Oficiais de Estado-Maior capitães, majores, tenentes-coronéis e coronéis,
podem receber a delegação da autoridade possuidora das atribuições de PJM
originária e exercer a atribuições a eles conferidas. Cabe lembrar que, na
ativa, não existem mais oficiais do referido quadro em extinção aludido na
Portaria.
4.5 Conflito de atribuição nos crimes dolosos contra a vida de civil
Em caso de ocorrência de crimes dolosos contra a vida – art. 205
(homicídio), art. 207 (instigação, induzimento ou auxílio ao suicídio), e art.
208 (genocídio) do CPM, tentados ou consumados – cometidos por policiais
militares contra civis, nas circunstâncias enunciadas no art. 9º do CPM, a
competência para a apuração é da Brigada Militar, eis que a Lei Federal n. º
9.299/96, que alterou o CPM e CPPM, apenas deslocou a competência para a
justiça comum do seu processamento e julgamento. Tais delitos, todavia, não
deixaram, de acordo com a própria topologia do parágrafo único em relação
ao art. 9º e, ainda, de ser abarcados pelo conceito de crime militar. Disso
decorre, com efeito, que tais crimes, sendo militares, continuam sendo
apuráveis de acordo com o estabelecido na legislação processual penal
militar, ou seja, pela PJM.
Além do previsto no art. 144, § 4º da Constituição Federal a Lei Federal
n. º 9.299/96, o art. art. 82, § 2º, do CPPM, preconiza, in verbis, que “nos
crimes dolosos contra a vida, praticado contra civil, a Justiça Militar
encaminhará os autos do inquérito policial-militar à Justiça Comum”.
A Lei que alterou para a Justiça comum o julgamento dos crimes dolosos
contra a vida não transmudou a qualidade de policial militar, atribuindo-lhe a
condição de civil. Persiste, assim, à polícia judiciária militar a apuração dos
crimes dolosos contra a vida, cometidos contra civis, imputados aos militares
estaduais.
4.6 Atividades de polícia judiciária militar
Após compreender as atribuições de polícia judiciária militar, muito
embora o CPPM use a expressão “competência”, e conhecidas as autoridades
que podem exercê-las, se faz necessário saber quais as atividades e atos estão
incluídos em seu exercício.
Diante disso, o CPPM em seu art. 8º, estabelece o rol de atividades que a
autoridade de polícia judiciária militar pode desenvolver.
Portanto, as atividades de polícia judiciária militar dizem respeito tanto à
busca pela apuração de fatos delituosos e sua autoria quanto ao auxílio da
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Justiça Militar e Ministério Público, está legalmente autorizada a solicitar
medidas a outros órgãos e ser requisitada.
4.7 Atividades atípicas de polícia judiciária militar
Alguns autores da doutrina penal militar, dentre eles Cícero Robson
Coimbra Neves, entendem que o rol do art. 8º, representa um rol
exemplificativo de atividade de polícia judiciária militar, por força de sua
alínea “a”, que refere a apuração de ilícito penal militar. O autor cita pelo
menos cinco atuações de polícia judiciária militar atípicas ao CPPM, sendo
elas: representar pela receptação telefônica, representar pela prisão
temporária, adoção de medidas correlatas a Lei Maria da Penha, medidas
afetas à Lei do Crime Organizado e à Lei de Proteção a testemunhas.
4.8 Procedimento de Polícia Judiciária Militar
4.8.1 Das providências (ou medidas) preliminares ao IPM
As medidas ou providências preliminares ao inquérito são tratadas já nos
dispositivos processuais relativos ao IPM, conforme dispõe art. 12 do CPPM.
Muito embora já estejam no bojo legal relativo ao inquérito, existem
medidas/providências iniciais que antecedem ao inquérito policial militar que
devem ser adotadas pela autoridade de polícia judiciária militar, para bem ser
desenvolvido o procedimento investigatório a ser instaurado.
Destaca-se que, como as medidas preliminares não estão afetas ao
procedimento, podemos considerá-las como medidas preliminares de polícia
judiciária militar. Trata-se de uma investigação preliminar e se traduz por um
conjunto de atos ou ações imediatas ao acontecimento do ilícito penal militar,
que visam a garantir a correta tomada de decisão, bem como a assegurar a
produção de provas imediatas que possam, por outras ações, ser atingidas ou
danificadas ao ponto de não mais servir para o competente procedimento.
Ressalta-se que as providências preliminares de polícia judiciária militar
são de suma importância não tão somente para o exercício de polícia
judiciária militar, quanto também para o exercício de polícia judiciária
comum, pois se das providências adotadas, após a correta avaliação de todos
os elementos que circundam o fato, pode-se se chegar à conclusão de tratar-se
de um Crime de natureza comum.
As providências ou medidas preliminares ao IPM, previstas no art. 12 do
CPPM, compreendem:
a. Dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o
estado e a situação das coisas, enquanto necessário;
b. Apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham
relação com o fato;
c. Efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244
(relativamente a prisão em flagrante delito)
d. Colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do
fato e suas circunstâncias.
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Portanto, as medidas preliminares refletem a ideia de medidas imediatas
em que a autoridade de polícia judiciária deve se fazer imediatamente
presente para assegurar o bom andamento das ações.
No tocante ao local de crime, observa-se que o primeiro Policial Militar
que chegar, será o responsável preliminar para que, até a chegada do
responsável do inquérito (ou qualquer dos mencionados no art. 10, §2º) possa
tomar as devidas providências de polícia judiciária militar.
Em tempo, pode-se conceituar o local de crime como sendo o espaço
físico delimitado, onde tenha ocorrido ou não, um crime. Assim, o agente
deve preservar na forma fiel ao status quo encontrado após o fato delituoso.
4.9 Inquérito policial-militar (CPPM, artigos 9º a 28)
4.9.1 Conceito: é o procedimento administrativo que visa à apuração sumária
de fato que, em termos legais, configure crime militar, e de sua autoria (art. 9º
CPPM). Trata-se de um conjunto de diligências que tem por objetivo apurar a
infração penal militar, buscando sua materialidade e apontando sua autoria.
Somente é procedido quando o fato praticado por civil ou militar estiver
contido no CPM. Deduz-se então que o IPM se destina a apurar fatos que
serão apreciados pela Justiça Castrense e a Justiça comum, neste último caso,
quando do cometimento de crimes dolosos contra a vida, praticados contra
civil, por agente militar.
4.9.2 Finalidade: o IPM tem caráter de instrução provisória cuja finalidade é
fornecer elementos de convicção necessários para que o promotor da Justiça
Militar, titular da ação penal militar (2ª parte do art. 9º CPPM), possa efetuar
a denúncia ou requerer o arquivamento do IPM. São instrutórias da ação
penal os exames, perícias e avaliações realizadas regularmente no curso do
IPM, por peritos idôneos e com obediência às formalidades legais.
4.9.3 Indiciado: nome dado à pessoa objeto da investigação militar; é a
denominação dada ao sujeito da prática de um fato tipicamente militar
(infração penal militar). O indiciado será ouvido a respeito da infração penal
militar, após a oitiva do condutor, do ofendido e das testemunhas, pois é
nesse momento que o oficial encarregado disporá de maior do maior número
de provas. O indiciado não é obrigado a responder às perguntas formuladas
pelo encarregado (direito assegurado pelo art. 5º, LXIII da CF/88). O
encarregado deverá atentar para as testemunhas ouvidas (art. 346 CPM).
4.9.4 Atos iniciais: IPM é iniciado mediante Portaria, após o conhecimento
da notitia criminis (art. 10 do CPPM, letras “a” a “f”). Importante salientar
que uma sindicância policial-militar confeccionada em âmbito da jurisdição
militar, havendo elementos à propositura da ação penal militar (art. 9º
CPPM), pode ser convertida em IPM, ou seja, a sindicância policial-militar.
Conforme os termos do art.2º da Instrução Complementar nº 001/Cor-
G/2014, sindicância policial-militar é:
O procedimento formal e escrito que tem por objetivo a apuração de fato que
nos termos legais configure, em tese, transgressão disciplinar militar e sua
autoria, tendo o caráter de instrução provisória, cuja finalidade precípua é a
de ministrar elementos necessários à instauração de processo administrativo
disciplinar militar (PADM).
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Por outro lado, o comandante pode, concordando com o parecer do
encarregado da sindicância policial-militar, determinar a abertura de IPM,
antes de encaminhá-la à JME, o que de regra não costuma ocorrer, em virtude
do previsto na letra “a” do art. 28 CPPM: “Art. 28. O inquérito poderá ser
dispensado, sem prejuízo de diligência requisitada pelo Ministério Público: a)
quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou
outras provas materiais”.
Ressalta-se que toda a Sindicância que chega à JME/RS recebe um
número de IPM, para assim, seguir rito processual.
4.9.5 Encarregado: é autoridade que conduz as investigações, zelando pela
busca do esclarecimento do fato apurado, de forma imparcial, dando ao feito
o impulso oficial necessário. Evidentemente que a própria autoridade de
polícia judiciária militar originária poderá conduzir as investigações.
Entretanto, dentro da conveniência e da razoabilidade, ele poderá delegar suas
atribuições a outros oficiais. De acordo com o art. 15 do CPPM, o
encarregado do inquérito policial-militar deverá ser, sempre que possível, um
oficial de posto não inferior à de capitão ou capitão-tenente. No âmbito da
Brigada Militar essa questão foi regulada pela Portaria nº 063/EMBM/1999,
art. 2º, que determina que a delegação das atribuições e atividades previstas
no art. 7º e 8º do CPPM deverão recair sobre oficiais do Quadro de Oficiais
de Estado-Maior (QOEM), compreendendo os postos de capitão, major,
tenente-coronel e coronel.
4.9.6 Escrivão: o encarregado do procedimento é auxiliado pelo escrivão que
pode ser designado pela própria autoridade que instaurou o IPM ou pelo
encarregado quando do recebimento dos autos. Nos termos do art. 11 do
CPPM, a função recairá sobre oficial subalterno (tenente), quando o indiciado
for oficial, e sobre um sargento, subtenente ou suboficial nos demais casos. O
escrivão deverá prestar compromisso legal de manter sigilo sobre o inquérito
e de cumprir, fielmente as determinações constantes do CPPM.
4.9.7 Relatório e solução do IPM:
Relatório
Conforme o artigo 22 do CPPM, o inquérito será encerrado com minucioso
relatório, em que o seu encarregado mencionará as diligências feitas, as
pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com indicação do dia, hora e lugar
onde ocorreu o fato delituoso. Em conclusão, dirá se há infração disciplinar a
punir ou indício de crime, pronunciando-se, neste último caso,
justificadamente, sobre a conveniência da prisão preventiva do indiciado, nos
termos legais.
O relatório feito pelo encarregado é semelhante ao relatório do PP
Comum. Contudo, o IPM relatado não irá diretamente para a Justiça Militar,
tendo em vista que será encaminhado ao comandante.
Após o relatório, o comandante dará a solução. É possível que o
comandante discorde do relatório ou até mesmo avoque tal atribuição. De
acordo com o CPPM:
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Solução
§1º No caso de ter sido delegada a atribuição para a abertura do
inquérito, o seu encarregado enviá-lo-á à autoridade de que recebeu
a delegação, para que lhe homologue ou não a solução, aplique
penalidade, no caso de ter sido apurada infração disciplinar, ou
determine novas diligências, se as julgar necessárias.
Avocação
§2º Discordando da solução dada ao inquérito, a autoridade que o
delegou poderá avocá-lo e dar solução diferente.
Remessa do inquérito à Auditoria da Circunscrição
Conforme o artigo 23 do CPPM, os autos do inquérito serão remetidos ao
auditor da Circunscrição Judiciária Militar onde ocorreu a infração penal,
acompanhados dos instrumentos desta, bem como dos objetos que interessem
à sua prova, onde poderá ser arquivado ou dar início ao devido processo legal.
Remessa a Auditorias Especializadas
§1º Na Circunscrição onde houver Auditorias Especializadas da
Marinha, do Exército e da Aeronáutica, atender-se-á, para a
remessa, à especialização de cada uma. Onde houver mais de uma
na mesma sede, especializada ou não, a remessa será feita à
primeira Auditoria, para a respectiva distribuição. Os incidentes
ocorridos no curso do inquérito serão resolvidos pelo juiz a que
couber tomar conhecimento do inquérito, por distribuição.
§2º Os autos de inquérito instaurado fora do território nacional
serão remetidos à 1ª Auditoria da Circunscrição com sede na
Capital da União, atendida, contudo, a especialização referida no
1º.
4.9.8 Arquivamento dos autos do IPM:
Conforme o artigo 24 do CPPM, a autoridade militar não poderá mandar
arquivar os autos do IPM, embora conclusivo da inexistência de crime ou de
imputabilidade penal do indiciado. Logo, é proibido ao comandante mandar
arquivar autos do IPM, sendo seu único destino a JME. Só quem pode
requerer arquivamento ao Judiciário é o Ministério Público Militar com a
devida justificativa. É o princípio da indisponibilidade do processo, galgado
no princípio da motivação e fundamentação. É um ato complexo, assim não
pode o MP arquivar de forma unilateral e nem o juiz arquivar de ofício (casos
em que cabe correição parcial).
Pedido do MPM + decisão judicial favorável = arquivamento
4.9.9 Dispensa do IPM: conforme art. 28 do CCPM:
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O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência
requisitada pelo Ministério Público:
a) Quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por
documentos ou outras provas materiais;
b) Nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou
publicação, cujo autor esteja identificado;
c) Nos crimes previstos nos arts.341 e 349 do Código Penal
Militar
No que se refere à letra “a”, são exemplos típicos a sindicância policial-
militar, o auto de prisão em flagrante (APF), o auto de deserção e o de
insubmissão.
4.9.10 Prazos do IPM:
O IPM deverá terminar dentro de 20 (vinte) dias, se o indiciado estiver
preso, contados a partir do dia em que se executar a ordem de prisão (voz de
prisão). Caso o indiciado esteja solto, o IPM deverá terminar no prazo de 40
(quarenta) dias, contados da data em que for instaurado (art. 20 CPPM),
prorrogáveis por mais 20 (vinte) dias pela autoridade militar superior
(art. 20, § único).
4.9.11 Características do IPM:
a. Discricionariedade: a autoridade define o rumo da investigação, defere
ou não eventuais pedidos de diligências. Discricionariedade é diferente de
arbitrariedade.
b. Autoexecutoriedade: independe de autorização judicial para sua
concretização (art. 12 CPPM);
c. Escrito: destina-se a fornecer elementos para a propositura da ação penal
militar, por isso deve ser composto de um caderno onde são reunidas todas as
informações por escrito (oitivas, certidões, diligências, relatórios,
documentos, fotos, vídeos, etc).
d. Sigiloso: a finalidade do IPM é de levar a efeito uma investigação e
determinar sua autoria e materialidade dos ilícitos penais. Dispõe o art. 16 do
CPPM que o IPM é sigiloso e pode o advogado do indiciado tomar
conhecimento. Conhecimento é diferente de contraditório
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e. Indisponível: não pode ser arquivado pela autoridade policial e nem pelo
MP, somente a Justiça Militar poderá arquivá-lo (art. 24 CPPM).
f. Informativo: constitui peça meramente informativa, por isso a existência
da dispensabilidade à propositura da ação penal militar, prevista no art. 28 do
CPPM.
g. Oficialidade: necessariamente é conduzido por órgãos oficiais com
atribuição para o exercício da polícia judiciária militar, não podendo, por
exemplo ser exercido por particulares ou órgãos estranhos à polícia judiciária
militar.
h. Oficiosidade: o curso procedimental, desde a sua instauração, deve ser
conduzido e encerrado em face da notícia de existência de crime militar, ou
seja, o IPM é instaurado em função de um delito militar.
4.10 Questões especiais
a. Valor probatório do IPM: os elementos colhidos no IPM possuem valor
probatório.
b. Incomunicabilidade: não se admite a incomunicabilidade do indiciado,
preso ou solto, no IPM. O art. 17 do CPPM não foi recepcionado na parte que
prevê a incomunicabilidade – “Art. 17. O encarregado do inquérito poderá
manter incomunicável o indiciado, que estiver legalmente preso, por três dias
no máximo”.
c. Recursos: não cabe recurso contra a não instauração do IPM, bem como
não cabe recurso contra decisão judicial de arquivamento de inquisa militar.
d. Detenção do indiciado
Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar
detido, durante as investigações policiais pela prática de crime militar próprio
(leitura de acordo com a CF), até trinta dias, comunicando-se a detenção à
autoridade judiciária competente. Esse prazo poderá ser prorrogado, por mais
vinte dias, pelo comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea,
mediante solicitação fundamentada do encarregado do inquérito e por via
hierárquica.
Parágrafo único. Se entender necessário, o encarregado do inquérito
solicitará, dentro do mesmo prazo ou sua prorrogação, justificando-a, a
decretação da prisão preventiva ou de menagem, do indiciado.
A prisão cautelar do art. 18 não exige ordem judicial, bem como não é
caso de prisão em flagrante. Como se observa pela leitura do artigo, não há
ressalvas, as quais são encontradas na CF (art. 5º, LXI). “Art. 5º, LXI -
ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; ”.
O indiciado poderá ficar preso, independentemente de flagrante, por até
30 dias por ordem do encarregado do IPM. O prazo poderá ser prorrogado por
mais 20 dias, depende de autorização de um dos comandantes mencionados.
Destaca-se que não há no art. 18 do CPPM referência ao tipo de crime
(próprio ou impróprio) ou ao agente (militar ou civil). Contudo, deve ser
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interpretado à luz da restrição da CF, a qual limita a crime propriamente
militar. Assim, o art. 18 foi recepcionado pela CF, desde que se aplique
apenas aos crimes propriamente militares. Após, poderá ser decretada a prisão
preventiva.
4.11 Do Auto de Prisão em Flagrante Delito
4.11.1 Conceito:
É o procedimento administrativo instaurando para investigar um crime
militar quando o agente estiver em situação de flagrância, independente do
agente (civil ou militar, ativa ou na reserva), salvo nos casos de deserção e
insubmissão. Não há lavratura de termo circunstanciado, bem como não se
aplicam os institutos da Lei nº 9.099/95, nos termos do art. 90-A da própria
lei, vejamos: “Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito
da Justiça Militar”.
4.11.2 Corpo do auto:
Deverão ser adotadas as providências ao art. 245 do CPPM, sendo
necessária a oitiva do condutor, das testemunhas e do indiciado dos fatos a ele
imputados, e a juntada de todos os documentos em um único corpo
documental, que deverá ser assinado por todos, que pode ser iniciado por
autuação de uma portaria, devendo ser assegurados todos os direitos
constitucionais previstos no art. 5º XLIX, LXI, LXII, LXIII, LXIV, LXV e
LXVI.
4.11.3 Escrivão:
A autoridade de PJM deverá ser auxiliada por um escrivão, devendo ser
lavrado termo próprio de designação e compromisso. Se o indiciado preso for
oficial, o escrivão deverá ser um capitão, capitão-tenente, primeiro ou
segundo-tenente. Nos demais casos, se for praça ou mesmo um civil (no
âmbito federal), poderá ser um subtenente, suboficial ou sargento.
4.11.4 Nota de culpa:
O Art. 247 do CPPM consigna que a nota de culpa deverá ser fornecida
ao preso 24 horas após a prisão. Inicia-se o prazo da voz de prisão do
indiciado. Devem constar: os nomes do condutor, das testemunhas, o motivo
da prisão e a assinatura da autoridade de PJM; e o preso deve dar recebimento
em uma das vias e, caso se recuse, devem ser utilizadas duas testemunhas.
4.11.5 Relatório:
Conforme art. 27 do CPPM, o auto de prisão em flagrante delito deve ser
remetido à autoridade judiciária com um breve relatório acerca dos fatos, não
havendo a necessidade de homologação de autoridade de PJM superior uma
vez que se trata de medida urgente e precisa passar pela análise da Justiça
Militar.
4.11.6 Remessa dos autos:
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De acordo com o art. 251 do CPPM, o auto de prisão em flagrante deve
ser remetido à Justiça Militar, imediatamente após sua conclusão.
4.11.7 Entrega do preso:
Após a lavratura do auto de prisão em flagrante delito, o preso passa à
custódia do Poder Judiciário, devendo ser entregue à autoridade responsável
pelo seu confinamento, depois de passar por exame de corpo de delito, com
fulcro na demonstração de sua condição física quando da prisão. No âmbito
da Brigada Militar, os praças presos são encaminhados ao presídio militar, em
que atua o Batalhão de Polícia e Guarda. Os oficiais ficarão em local
diferenciado, no 4º Regimento de Polícia Montada, com o objetivo de se
manter íntegras as bases das instituições militares, que são a hierarquia e
disciplina.
No decurso do tempo, momento em que o Policial Militar estiver em
cumprimento de pena, pode ser que ocorra em perder sua função pública,
observados os artigos 103 e 104 do CPM.
Nota-se que, há casos em que o Policial Militar esteja cumprindo
sentença condenatória, sem perda da função, e seja condenado por outro
crime com a perda da função, ou até mesmo, esteja em cumprimento de
prisão administrativa (no caso de detenção) no quartel ou sob a administração
militar. Assim, o agente (ou ex-militar) deve ser transferido para penitenciária
comum (observado trâmite, responsáveis, VEC etc.).
4.12 Justiça Militar Estadual:
Definida no artigo 125 da Constituição Federal. A competência da Justiça
militar dos Estados é em razão da pessoa, ou seja, somente militares
estaduais, compreendidos policiais militares e bombeiros militares, referente
a crimes militares definidos em lei.
4.12.1 Composição da Justiça Militar do RS:
a. Primeira Instância (1º grau)
➢ Conselho Especial: composto para julgar os oficiais da Brigada Militar
ou do Corpo de Bombeiro Militar, ou as praças, quando denunciadas
juntamente com oficiais pela mesma falta, integrada por cinco membros: um
juiz de Direito (bacharel em Direito nomeado após concurso público pelo
Tribunal de Justiça Militar do Estado) e quatro oficiais superiores, sob a
Presidência daquele; é formado especificamente para cada processo.
➢ Conselho Permanente: composto para julgar as praças da Brigada
Militar. Também composto por cinco membros: um Juiz de Direito (bacharel
em Direito e concursado), presidente do Conselho; um oficial superior e três
capitães. Funciona para todos os processos, por três meses consecutivos.
➢ Juiz Singular: julga monocraticamente os crimes militares cometidos
contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares.
➢ Auditorias: são dirigidas pelo juiz de Direito titular e contam ainda com
um juiz substituto. As auditorias correspondem às varas ou aos juízos da
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Justiça Comum e seus respectivos cartórios e são divididas por território. No
Rio Grande do Sul existem quatro auditorias: duas em Porto Alegre, uma em
Santa Maria e uma em Passo Fundo.
➢ Julgamento: os julgamentos em primeiro grau são realizados pelos
Conselhos de Justiça, com a participação do promotor de Justiça e de um
advogado indicado pelo réu ou um defensor público, se não quiser ou não
puder constituir advogado.
➢ Recurso: realizado o julgamento pelo primeiro grau, tanto a defesa
quanto a acusação poderão recorrer da decisão da Auditoria para o Tribunal
de Justiça Militar do Estado do Rio Grande do Sul.
b. Segunda instância - (2º Grau):
➢ O Tribunal de Justiça Militar do Estado do Rio Grande do Sul é o
órgão recursal da Justiça Militar estadual, constituído por sete juízes: quatro
militares, oficiais combatentes do mais alto posto da Brigada Militar
(coronéis), nomeados pelo governador; três Juízes civis, todos os bacharéis
em Direito, sendo um magistrado de carreira, promovido pelo Tribunal de
Justiça Militar, um representante do Ministério Público e um representante da
OAB, ambos nomeados pelo Governador (Art. 104, § 1º, 2º e 3º da CE/89).
Nos julgamentos do Tribunal funcionam um Procurador de Justiça, designado
pela Procuradoria-Geral de Justiça, e os advogados indicados pelas partes, ou,
no lugar destes, o Defensor Público, quando as partes não puderem ou não
quiserem contratar um advogado.
5 FORMAS DE EMPENHO NAS DIVERSAS OCORRÊNCIAS
POLICIAIS (TEORIA E PRÁTICA)
5.1 Conceito
No desempenho do policiamento ostensivo são inúmeras as situações com
as quais o policial militar irá se deparar, entretanto existem comportamentos
padronizados que proporcionam as condições elementares para o exercício
das atribuições policiais-militares, dentre os quais:
5.2 Averiguação
É o empenho do policial militar visando à constatação do grau de
tranquilidade desejável e/ou à tomada de dados e exame de indícios que
poderão conduzir a providências subsequentes. A averiguação normalmente
se processa para esclarecimento de comportamento incomum ou inadequado e
de alteração na disposição de objetos e instalações. Merecem atenção especial
do policial militar eventos tais como:
a. pessoas encostadas em carros, altas horas da noite;
b. pessoa esgueirando-se, furtivamente, por ruas mal iluminadas;
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c. estabelecimentos comerciais às escuras, quando normalmente
permanecem iluminados ou vice-versa;
d. aglomeração em torno de pessoa caída na via pública.
5.3 Orientação
É o ato de transmitir instruções procedimentais em relação à determinada
situação, com o intuito de fazer com que determinada pessoa tenha condições
de portar-se adequadamente em ocasiões futuras.
5.4 Advertência
Sendo a prevenção das infrações a principal meta do policiamento
ostensivo, o policial militar intervirá, advertindo quem se encontre em atitude
antissocial, que possa ser sanada.
Advertir não significa ameaçar ou proferir lição de educação moral. A
advertência é, antes de tudo, uma interpelação feita pelo policial militar para
que alguém mude de atitude e compreende apenas:
a. dizer que aquilo que o indivíduo está fazendo poderá se
constituir em infração;
b. solicitar que o advertido adote conduta conveniente.
Jamais o policial militar dirá o que pode fazer, como por exemplo: “Posso
prendê-lo por isso”, ou “Se eu quisesse, poderia prendê-lo”.
As advertências serão feitas em tom de voz compatível, em atitudes
profissionais e impessoais. Deve ser considerado que ninguém recebe uma
advertência sem argumentar, alegando sempre ter razão.
A inabilidade do policial militar poderá transformar uma simples
advertência em ocorrência mais grave. Em tais tipos de contato é importante a
forma de abordagem, a qual poderá ser realizada da seguinte maneira:
a. dirigir-se ao infrator com naturalidade, sem qualquer gesto ou
atitude que denuncie exaltação de ânimo;
b. manter a cabeça erguida e os ombros eretos, o que reflete uma
atitude de firmeza;
c. não empunhar talão de notificação, caneta ou bastão, antes da
interpelação, pois isso demonstra uma conduta preconcebida da
parte do policial militar;
d. lembrar sempre que firmeza com serenidade desencoraja a
reação. Nada poderá ser alegado contra sua conduta se a mesma for
de cortesia e firmeza ao fazer cumprir a lei.
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5.5 Prisão
É o ato de privar da liberdade a pessoa encontrada em flagrante delito ou
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, na
forma do art. 5º, LXI da Constituição Federal de 1988.
A prisão pode ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, desde que
respeitadas as restrições relativas à inviolabilidade do domicílio. Para efetuar
a prisão, é admissível que o policial militar empregue força física, sempre
sem violência arbitrária ou abuso de poder, nos casos de:
a. resistência;
b. agressão;
c. desacato;
d. desobediência; e
e. tentativa de fuga.
É necessário, portanto, que o policial militar, ao efetuar a prisão, adote
cautelas apropriadas, não se excedendo no emprego de força, mesmo
provocado.
Prendendo alguém, o policial militar é responsável pela preservação de sua
integridade física e moral.
A inexistência de testemunhas não impedirá que uma prisão seja feita.
Havendo testemunhas, serão relacionadas entre as que se apresentarem
espontaneamente, ou arroladas compulsoriamente entre as que assistirem ao
fato.
Diante de anormalidade ou irregularidade que o policial não possa
solucionar, deverá solicitar a presença de seu superior ou, excepcionalmente,
conduzir o cidadão à delegacia para esclarecimento dos fatos, resguardando o
interesse social e evitando um mal maior, se estiver apoiado em fundadas
suspeitas de responsabilidade em crime ou contravenção, isto é, quando os
elementos de convicção forem suficientes e necessários para estabelecer nexo
entre o suspeito e o fato ocorrido.
O policial militar que primeiro intervier em uma ocorrência deverá, em
princípio, fazer o seu atendimento completo e será seu dever a execução da
lei com seu esforço e sob sua responsabilidade. A participação de outros
policiais militares numa ocorrência, iniciada por um elemento, far-se-á ou
para prestar o apoio necessário para que ele a conduza a bom termo ou para
corrigir distorção ilegal de sua conduta profissional.
5.5.1 Espécies de prisão
5.5.2 Prisão pena é aquela que decorre de sentença transitada em julgado.
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5.5.3 Prisão processual é aquela decretada antes do trânsito em julgado de
sentença condenatória e pode ser:
a. prisão em flagrante (artigos 302 a 310 do CPP);
b. prisão preventiva (artigos 311 a 316 do CPP);
c. prisão temporária (Lei nº 7.960/89);
d. prisão por sentença condenatória recorrível (artigos 282 e 408,
1º do CPP.);
e. prisão por pronúncia.
5.5.4 Apreensão de adolescente infrator
Com a promulgação da Lei 8.069/90, o Estatuto da Criança e do
Adolescente entrou em vigor e a privação da liberdade de crianças e
adolescentes ficou restrita somente aos casos em que há flagrante de ato
infracional, ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente, conforme os artigos 106 e 112, VI da referida Lei.
O Estatuto da Criança e do Adolescente contém dispositivos necessários
para guiar as ações dos policiais militares ou civis em suas importantes
atribuições constitucionais. Nesses momentos, as perguntas mais frequentes
são as seguintes:
a. Em quais situações intervir?
b. Para onde encaminhar o adolescente infrator?
c. Como conduzi-los?
De acordo com o estabelecido no artigo 301 e seguintes do Código Penal,
os policiais militares deverão intervir sempre que ocorrer flagrante delito,
procedendo a prisão de seu autor ou autores. Afora esse amparo legal, os
demais casos de prisão somente poderão ocorrer quando houver ordem
judicial escrita, ou seja, mandado de prisão para maiores de 18 anos e
mandado de busca e apreensão para menores de 18 anos.
Com relação aos menores de 18 anos, os requisitos do flagrante são os
mesmos e se caracteriza quando a criança ou o adolescente:
a. estiver cometendo ato descrito como crime ou contravenção
penal;
b. acabar de cometê-lo;
c. cometeu o ato e, sendo perseguido, é apanhado; e
d. for encontrado, logo após o cometimento do ato, com armas e/ou
objetos que levem a crer ser ele o autor do ato infracional.
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O apreensor deverá ter o cuidado de:
a. recolher toda e qualquer prova material (arma do crime, objetos
utilizados, objeto do furto ou do roubo, entre outros);
b. preservar o local do crime, quando for o caso de perícia, o que
ocorrerá normalmente em ocorrências de homicídio, furto e roubo
qualificado, e danos;
c. arrolar testemunhas com seus dados de qualificação e endereço;
d. identificar a (s) vítima (s) com seus dados para localização;
e. conduzir imediatamente a criança ou o adolescente à autoridade
competente, não cabendo sua condução para outro lugar.
Se a apreensão for realizada por policial militar, este deverá elaborar o
boletim de atendimento com todos os dados acima descritos, o qual será o
documento que comprovará o encaminhamento do infrator à autoridade
competente (Delegacia, Conselho Tutelar, FASE ou Juiz da Infância e da
Juventude) e as condições com que foi feita a apreensão, especialmente com
relação a existência de lesões corporais e objetos apreendidos. Esse boletim
de ocorrência servirá, também, como recibo de entrega da criança ou do
adolescente e objetos ao órgão de destino, devendo ser assinado pelo policial
civil, conselheiro tutelar ou oficial de proteção, quando receber o infrator e
objetos.
Por ocasião da apreensão do menor de 18 anos, seja em flagrante ou por
determinação judicial, este terá o direito à identificação dos responsáveis pelo
ato. A condução da criança ou do adolescente apreendido deverá ser realizada
em condições dignas, porém, sem descuidar da segurança do policial.
Em circunstâncias extremas, de maior gravidade, onde o adolescente esteja
colocando em risco sua própria vida ou de terceiros, é admissível que seja
algemado. Preferencialmente não se fará a condução de adolescente em
compartimento xadrez de viatura policial, exceto em circunstância de extrema
gravidade e que a segurança do adolescente assim o exija, devendo ser
tomados todos os cuidados para a preservação de sua integridade física.
Quando a apresentação de criança ou adolescente se der em razão de ordem
judicial, esta deverá ser encaminhada à autoridade judiciária que expediu a
ordem ou a quem essa autoridade determinar. Ex.: Conselho Tutelar, FASE,
Delegacia.
Tratando-se de testemunha que presenciou o delito, essa não está
obrigada a acompanhar o policial até a delegacia. O policial militar deverá,
então, anotar seus dados e endereço para que, se a autoridade policial,
judiciária ou o Ministério Público entender necessário, possa ser intimada
para depor oportunamente, quando, então, não poderá recusar-se a fazê-lo.
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5.6 Busca e Apreensão
A busca consiste na diligência cujo objetivo é o de encontrar objetos ou
pessoas. A apreensão deve ser tida como medida de constrição, colocando sob
custódia determinado objeto ou pessoa. Não é de todo impossível que ocorra
busca sem apreensão e vice-versa. Deveras, pode restar frustrada uma
diligência de busca, não se logrando êxito na localização do que se procurava.
De seu turno, nada impede que uma apreensão seja realizada sem prévia
medida de busca, quando, por exemplo, o objeto é entregue de maneira
voluntária à autoridade policial.
O procedimento da busca e apreensão deverá observar o disposto do
artigo 240 do CPP e ainda, os princípios constitucionais, especialmente
quando tratar-se de busca domiciliar, visto que o domicílio é asilo inviolável,
nos termos do artigo 5º, XI da CF “a casa é asilo inviolável do indivíduo,
ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial”.
Veja-se a regra do CPP:
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.
§ 1º Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões
a autorizarem, para:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e
objetos falsificados ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na
prática de crime ou destinados a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à
defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou
em seu poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu
conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada
suspeita de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos
mencionados nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária
não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser
precedida da expedição de mandado.
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a
requerimento de qualquer das partes.
Art. 243. O mandado de busca deverá:
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será
realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou
morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá
de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;
II - mencionar o motivo e os fins da diligência;
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III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que
o fizer expedir.
§ 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do
mandado de busca.
§ 2o Não será permitida a apreensão de documento em poder
do defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo
de delito.
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso
de prisão ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa
esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que
constituam corpo de delito, ou quando a medida for determinada
no curso de busca domiciliar.
Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia,
salvo se o morador consentir que se realizem à noite, e, antes de
penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao
morador, ou a quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir
a porta.
§ 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará
previamente sua qualidade e o objeto da diligência.
§ 2o Em caso de desobediência, será arrombada a porta e
forçada a entrada.
§ 3o Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de
força contra coisas existentes no interior da casa, para o
descobrimento do que se procura.
§ 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando ausentes
os moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir à
diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente.
§ 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o
morador será intimado a mostrá-la.
§ 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será
imediatamente apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de
seus agentes.
§ 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto
circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas presenciais,
sem prejuízo do disposto no § 4º.
Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior,
quando se tiver de proceder a busca em compartimento habitado ou
em aposento ocupado de habitação coletiva ou em compartimento
não aberto ao público, onde alguém exercer profissão ou atividade.
Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada,
os motivos da diligência serão comunicados a quem tiver sofrido a
busca, se o requerer.
Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que
não moleste os moradores mais do que o indispensável para o êxito
da diligência.
Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se
não importar retardamento ou prejuízo da diligência.
Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no
território de jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, quando,
para o fim de apreensão, forem no seguimento de pessoa ou coisa,
devendo apresentar-se à competente autoridade local, antes da
diligência ou após, conforme a urgência desta.
§ 1o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em
seguimento da pessoa ou coisa, quando:
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a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a
seguirem sem interrupção, embora depois a percam de vista;
b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por
informações fidedignas ou circunstâncias indiciárias, que está
sendo removida ou transportada em determinada direção, forem ao
seu encalço.
§ 2º Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para
duvidar da legitimidade das pessoas que, nas referidas diligências,
entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade dos mandados que
apresentarem, poderão exigir as provas dessa legitimidade, mas de
modo que não se frustre a diligência.
Em suma, a busca é uma medida instrumental cuja finalidade é encontrar
objetos, documentos, cartas, armas, nos termos do art. 240, com utilidade
probatória. Encontrado, é o objeto apreendido, para, uma vez acautelado,
atender sua função probatória no processo. A busca (que pode ser domiciliar
ou pessoal) encontra-se em constante tensão com a: inviolabilidade do
domicílio; dignidade da pessoa humana; intimidade e a vida privada e
incolumidade física e moral do indivíduo.
Recentemente o STJ decidiu que os agentes policiais, caso precisem
entrar em uma residência para investigar a ocorrência de crime e não tenham
mandado judicial, devem registrar a autorização do morador em vídeo e
áudio, como forma de não deixar dúvidas sobre o seu consentimento. A
permissão para o ingresso dos policiais no imóvel também deve ser
registrada, sempre que possível, por escrito.
O colegiado estabeleceu o prazo de um ano para o aparelhamento das
polícias, o treinamento dos agentes e demais providências necessárias para
evitar futuras situações de ilicitude que possam, entre outros efeitos, resultar
em responsabilização administrativa, civil e penal dos policiais, além da
anulação das provas colhidas nas investigações.
5.7 Assistência
É todo auxílio essencial ao público, prestado pelo policial militar de forma
preliminar, eventual e não compulsória.
Existem órgãos públicos e particulares incumbidos e especializados em
prestar assistências diversas. Contudo, há circunstâncias que exigem imediato
auxílio, a fim de evitar ou minimizar riscos e danos à comunidade. Nesses
casos, o policial militar acorrerá por iniciativa própria ou atendendo a
chamados.
A assistência é prestada no interesse da segurança e do bem-estar públicos e
deve contribuir para melhorar a imagem da Corporação junto ao público
externo. Gestos de civilidade e elegância repercutem favoravelmente e devem
ser praticados, embora não seja um dever legal.
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Deve haver a precaução de não vulgarizar esses atos, evitando-se
atendimentos supérfluos que criam dependência na comunidade por não ser,
prioritária e rotineiramente, encargo da polícia militar.
5.8 Autuação
É o registro escrito da participação do policial militar em ocorrência,
retratando aspectos essenciais, para fins legais e estatísticos, normalmente
feito em ficha ou talão. Os indicativos dos problemas de ordem policial-
militar (incidência, localização, horário, tipicidade), estarão contidos nas
autuações. Estas, por certo envolverão interesses, podendo se constituir em
peças importantes nas esferas judiciárias. Por essas razões, ao fazê-las, o
policial militar deve primar por revesti-las de exação que se impõe.
A quantidade de ocorrências não é, necessariamente, medida de eficiência
operacional. Porém, conteúdo e fidedignidade possibilitam tornar mais ágil o
mecanismo de retroalimentação nos planejamentos, permitindo correções e
aprimoramento do policiamento ostensivo. Citados registros se prestam,
ainda, a uma mensuração reativa de desempenho individual, de frações ou de
unidades, bem como para identificar soluções heterogêneas em face de um
mesmo tipo de problema.
5.9 Casos concretos de ocorrências policiais militares
5.9.1 É legítimo o ingresso no domicílio alheio em razão de denúncia de
disparo de arma de fogo dentro da casa.
Caso concreto: Os policiais militares realizavam patrulhamento quando
foram informados a respeito de um disparo de arma de fogo e de seu autor,
motivo pelo qual se dirigiram ao imóvel e lá encontraram drogas, munições,
balança de precisão e uma quantia em dinheiro.
Comentários: O disparo de arma de fogo, por si só, é crime previsto na Lei
n. 10.826/03.
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar
habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a
ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de
outro crime: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
O fato de se escutar um disparo de arma de fogo dentro de uma residência
legitima o ingresso da polícia, pois é imprescindível que se verifique se há
feridos e pessoas que precisam de socorro imediato. A não prestação de
socorro imediato pode resultar na morte de eventual ferido.
O disparo da arma significa que o crime acabara de ser praticado e poderia ser
tanto um homicídio, quanto apenas o disparo de arma de fogo, o que constitui
justa causa suficiente para o ingresso e que será possível de ser verificado
somente após o ingresso.
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Nestes casos o policial ingressa na residência por estar autorizado
constitucionalmente por haver flagrante delito e para verificar a necessidade
de se prestar socorro (art. 5º, XI, da CF).
Em se tratando da prestação de socorro, a sua real necessidade somente se
verifica após o ingresso na residência e um disparo de arma de fogo é motivo
idôneo suficiente para legitimar o ingresso, dada a alta probabilidade de haver
ferido.
5.9.2 Denúncia anônima, associada à fuga e descarte de droga autorizam
o ingresso forçado.
Caso concreto: Após denúncia anônima de ocorrência de tráfico de drogas,
os policiais se dirigiram ao local onde se encontrava um indivíduo que tentou
empreender fuga e, no ato, descartou sacola plástica sobre a laje da casa, na
qual continha substâncias entorpecentes.
Comentários: Neste caso há um fator relevante, consistente no fato de que,
naquele momento, o agente estava na posse de drogas, pois as arremessou
sobre a laje, o que concedeu maior segurança jurídica para a atuação policial,
ainda que sem autorização judicial.
5.9.3 Denúncia anônima isolada, desacompanhada de outros elementos
indicativos da ocorrência de crime, não legitima o ingresso de policiais no
domicílio
Caso Concreto: Policiais militares realizavam patrulhamento rotineiro e por
meio de denúncias populares de que determinado indivíduo traficava drogas
em sua residência, chegaram ao local e lá adentraram forçadamente, ocasião
na qual foram apreendidos dois quilos de crack.
Comentários: Os policiais militares realizavam patrulhamento de rotina na
região quando tomaram conhecimento da prática da atividade de traficância
no domicílio, em razão de denúncia de populares, que foi considerada
denúncia anônima, o que os conduziu ao ingresso na casa.
As denúncias não identificadas, seja via Sala de Operações, pessoalmente por
escrito ou por qualquer meio são denúncias anônimas.
É certo que muitas investigações se iniciam com base em denúncias anônimas
e a jurisprudência dos tribunais superiores admitem que não há ilegalidade em
iniciar investigações preliminares com base em denúncia anônima.
Da mesma forma que se exige investigações preliminares para fundamentar a
instauração de inquérito policial, o policial deve levantar informações sólidas
no sentido de que dentro da residência ocorre situação de flagrante delito.
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Logo, não houve fundadas razões para o ingresso do domicílio. A
jurisprudência dos Tribunais Superiores cada vez mais tem se consolidado
pela impossibilidade da polícia ingressar na residência se não houver
investigação policial prévia que forneça elementos concretos da prática de
crime dentro da residência, como filmagens e campanas de movimentação
atípica na residência (venda de drogas), audição de testemunhas, abordagem
de um usuário que confirme ter comprado drogas em determinada residência
(o que é difícil de afirmar, em razão do medo do traficante), dentre outras.
Diante desse contexto, é importante que quando as guarnições receberem
denúncia anônima e não conseguir obter maiores informações que
demonstrem concretamente haver a prática de crime dentro da residência,
compartilhe a denúncia anônima com a Agência de Inteligência Local e
Polícia Civil para que realize a investigação policial.
Por óbvio há casos e casos e se o flagrante dentro da residência estiver bem
caracterizado a Brigada Militar deve atuar prontamente, sob pena de fulminar
o princípio da oportunidade e todo objeto ilegal, como armas e drogas que
seriam apreendidas, não serem mais encontrados.
5.9.4 A “fama” de traficante, por já ter se envolvido com tráfico de
drogas, não justifica, por si só, o ingresso na casa sem mandado.
Caso concreto: Determinado agente foi abordado na rua por policiais
militares pelo fato de já ser conhecido entre os agentes de segurança pública
como traficante. Após abordagem nada foi encontrado em sua posse, ocasião
em que foi conduzido pelos policiais até sua barbearia, local onde foram
encontradas 9,97 gramas de cocaína. Na sequência, os policiais dirigiram-se à
residência dos pais do agente, local em que foi encontrada uma balança de
precisão, dois comprimidos e saquinhos plásticos.
Comentários: Depreende-se desse julgado a preocupação dos tribunais
superiores quanto à criminalização do agente e não da conduta, o que se
denomina direito penal do autor, de modo que não é legítima a abordagem de
um indivíduo, submetendo-lhe à revista pessoal e ingresso forçado em
residência ou local de trabalho pelo simples fato de ter conhecimento de que
ele possui registros por crimes ou antecedentes criminais.
A investigação deve se iniciar com base em elementos concretos, de modo
que a ficha do acusado não seja o único fator pelo qual a polícia lhe
investigue.
A justa causa deve corresponder a indicativos de autoria e de materialidade,
não com o mesmo grau de rigor para o oferecimento de uma denúncia
criminal. Caso os policiais tivessem obtido informações de que o agente tinha
voltado à prática criminosa e guardava as substâncias no seu local de trabalho
ou residência e, ainda, realizado monitoramento no local que pudesse
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conduzir ao entendimento da possibilidade de traficância, o ingresso seria
legítimo.
Enfim, o fato do agente possuir histórico criminoso e ter fama de traficante no
meio policial, por si só, não constitui justa causa suficiente para o ingresso em
domicílio. Deve haver outros elementos concretos que demonstrem fatos
atuais e não somente pretéritos.
5.9.5 A abordagem do agente, em local conhecido como ponto de tráfico,
ainda que com ele encontre drogas, não autoriza o ingresso na residência.
Caso concreto: Os policiais militares receberam a notícia de que um
indivíduo estava traficando drogas em frente a um bar conhecido como
“ponto de tráfico”, para onde se dirigiram quando avistaram o agente
conversando com uma pessoa que estava dentro de um veículo. Ao avistarem
o policial, a pessoa que estava no veículo evadiu-se. O agente foi abordado e
revistado, sendo localizado em sua posse um pino de cocaína e a quantia de
R$ 29,00 em dinheiro. Diante da notícia de que o agente buscava a droga na
sua casa, que ficava próximo ao ponto de venda, os policiais se dirigiram até
a residência e, com apoio de um cão farejador, encontraram substâncias
entorpecentes.
Comentários: O fato de um agente ser flagrado pela Brigada Militar em um
ponto de tráfico e com drogas não legitima o ingresso na residência, ainda
que o agente com drogas a trafique em frente à sua própria casa, conforme já
decidiu os tribunais superiores.
A prática e experiência policial demonstram que o agente que trafica em
frente a própria residência armazena e guarda as drogas dentro da casa. A
residência serve como um verdadeiro depósito de drogas para buscar e vender
na porta da casa, até porque o traficante não vai montar uma mesa e colocar
as drogas expostas à venda, em local de acesso público, para todos verem.
Não se pretende afirmar que todos que traficam na rua estão guardando
drogas em casa, porém, se a análise do caso indicar essa possibilidade,
sobretudo por haver informações do tráfico por parte de usuários, há
fundamentos para afastar a proteção constitucional da inviolabilidade
domiciliar. Diferente seria a situação em que o agente é abordado na rua,
distante de sua residência, vendendo drogas e a polícia resolve ingressar em
seu domicílio por presumir o depósito da substância no local. Nesse caso o
ingresso é ilegal, pois não houve busca de informações que pudessem sugerir
que o agente estivesse guardando a substância em seu domicílio.
De qualquer forma, é bom que fique registrado o julgado do Superior
Tribunal de Justiça que não admite o ingresso da polícia na residência na
hipótese em que o agente é abordado com drogas fora de sua residência,
sendo possível afirmar que o fator distância da residência do local da
abordagem é indiferente, pois o ingresso será ilícito de qualquer forma.
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5.9.6 Prisão e flagrante e acesso aos dados do aparelho celular exigem
ordem judicial?
Os dados e informações obtidas por acesso a aparelho de telefonia celular e
conversas em aplicativos de mensagens eletrônicas só serão lícitos quando
houver ordem judicial ou consentimento do proprietário, nos termos da Lei nº
9.296/96.
O sigilo das informações pessoais também é garantido pela Constituição
Federal de 1988, e, por isso, todas as informações ou provas obtidas em razão
do acesso não autorizado do policial ao aparelho celular, mesmo que pertença
a infrator da lei, não possuirão valor probatório, além de incorrer em crime o
policial militar que o faz.
Também são consideradas provas ilícitas as informações colhidas por
conversa telefônica ouvida pelo policial com recurso do viva-voz, sem que
haja consentimento do proprietário do aparelho.
O procedimento adequado, quando houver suspeita de que o aparelho
contenha informações importantes à elucidação do crime, é a sua apreensão
junto ao DP para que seja periciado durante a fase investigatória.
Contudo, a Identificação Internacional de Equipamento Móvel (IMEI) não é
considerada dado pessoal, mas sim do aparelho, sendo possível, portanto,
extrair o número correspondente sem a necessidade de prévia autorização
judicial. Nesse aspecto, cabe lembrar que o detentor do aparelho não é
obrigado a fornecer sua senha de acesso.
5.9.7 Excesso doloso e lesão corporal dolosa praticado por policial militar
A abordagem policial deve ser orientada, sobretudo, pelo respeito à
dignidade da pessoa humana, legalidade, proporcionalidade, necessidade e
conveniência. Diante das diversas ocorrências policiais, com prisões de
suspeitos de crimes, alguns policiais militares se excedem com o uso da força,
lesionando o indivíduo abordado com chutos, socos e pontapés. Diante disso,
a suposta vítima das agressões realiza a denúncia no Batalhão da área,
Corregedoria-Geral da BM ou Ministério Público que, posteriormente, resulta
na instauração de IPM para elucidar o fato. Após a devida investigação,
havendo indício de autoria e prova da materialidade, o policial militar poderá
ser denunciado e condenado na Justiça Militar Estadual pelo crime de Lesão
corporal – Art. 209 do CPM.
5.9.8 Ocorrências policiais com reféns
Refém é a pessoa tomada e mantida cativa, sob ameaça ou violência, como
segurança para o preenchimento de certos termos, e representa um valor real
ao seu tomador.
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Ocorrências com reféns são complexas e imprevisíveis, apresentam
compressão de tempo (urgência) para as medidas iniciais, entre outras
características peculiares.
Por isso devem receber tratamento diferenciado por parte da Brigada Militar
com o objetivo de preservar as vidas das pessoas envolvidas (policiais
militares, reféns e infratores), bem como promover a aplicação da lei e o
restabelecimento da normalidade.
A ocorrência com reféns pode ser provocada por 3 principais tipos de
causadores:
a. criminoso profissional: criminalmente motivado, toma o refém
quando tem o roubo frustrado, em geral, pelo cerco policial;
b. emocionalmente perturbado: indivíduo que pode não
apresentar conduta criminosa até então, mas em razão de ter
experimentado forte estresse, causa uma crise, em geral, contra a
pessoa que seja, em sua concepção, a causadora de seus problemas;
c. terrorista: pode possuir motivação política, étnica, social ou
religiosa, pretendendo dar publicidade à sua causa com o ato.
Ao atender uma ocorrência com refém, o patrulheiro deve atentar para três
medidas a serem adotadas no primeiro momento. São elas:
a. Conter. Consiste em evitar que a crise se alastre, impedindo
que o causador tome mais reféns, tenha acesso a mais armas ou
aumente a área de seu domínio. O ato é realizado pelos
primeiros policiais militares que acessam o local da ocorrência;
b. Isolar. Ato determinado pelos policiais militares que chegam
logo em seguida, sob coordenação do Oficial de serviço ou
responsável. Consiste em estabelecer o perímetro de atuação
para os policiais envolvidos na operação, delimitando o que é
ponto crítico, perímetro interno e externo, além da área de
imprensa. Nesse momento, a organização é fundamental. Não
se deve permitir que pessoas ou mesmo policiais estranhos à
operação permaneçam no perímetro interno, sob pena de
influenciar a tomada de decisões;
c. Iniciar a primeira intervenção. Realizada por policial militar
escolhido pelo gerente da crise, terá como missão estabelecer
comunicação com o causador, sem fazer concessões. Esta fase
não consiste, ainda, na chamada negociação, que terá início
somente quando estiver presente o negociador do BOPE, que
possui capacitação e habilitação para tal.
O atendimento de ocorrências com reféns será de competência da Brigada
Militar, quando o fato decorrer da atividade de polícia ostensiva e
preservação da ordem pública, como, por exemplo, cerco policial em
consequência ao atendimento de ocorrência despachada pela sala de
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operações. Nos casos de tomada de reféns em decorrência de atuação de
polícia judiciária, como a execução de mandado de prisão levada a efeito pela
Polícia Civil, a competência é conferida àquela instituição, podendo receber o
suporte do BOPE.
Incumbe ao BOPE o gerenciamento de ocorrências com reféns nos casos em
que o atendimento couber à Brigada Militar. No entanto, o sucesso das
operações está atrelado, diretamente, à eficiência dos atos de conter, isolar e
iniciar a primeira intervenção.
5.9.9 Ocorrências policiais com artefatos explosivos
Ao localizar um artefato explosivo, ou objeto que se presuma ser uma bomba,
o policial militar deve tomar todas as medidas antibomba (ou preliminares),
uma vez que a origem do objeto e a pessoa que o transportou são
desconhecidos.
As ações policiais militares antibomba são os procedimentos de caráter
preventivo, para atender a uma ameaça ou suspeita da existência de artefato
explosivo, ou ainda de reação imediata a um atentado, quando o artefato é
deflagrado.
Assim, desocupar o local de modo ordeiro e isolá-lo de acordo com sua
potencialidade lesiva são as primeiras medidas a serem tomadas pelos
policiais militares patrulheiros, além de acionar o BOPE, que é um Batalhão
da Brigada Militar com treinamento e equipamento apropriado para as ações
contra bomba (ou efetivas).
As ações antibomba são os procedimentos de reação ao objeto danoso,
incluindo sua identificação, remoção, desativação e neutralização. Por serem
procedimentos extremamente técnicos e com alto risco à vida e integridade
física dos policiais militares, somente poderão ser realizadas por equipe do
BOPE da Brigada Militar.
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