Super Resumão
Clínica Médica de Pequenos Animais II
Tabatha Kalenski
IFC 2023
Urinário
Doença do trato urinário inferior dos felinos
Série de manifestações clínicas relacionadas à
inflamação da bexiga urinária e/ou da uretra,
independentemente da causa.
J Am Vet Med Assoc. 1991;199(2):211-16
Causas de DTUIF
Cistite idiopática felina
Urólitos
Distúrbios neurológicos
Obesidade, sedentarismo, dor
Cistite bacteriana
Malformações
Neoplasias
Cistite idiopática felina
Inflamação sem causa identificada
Diagnóstico de exclusão
65% dos casos
Sistema urinário + neuroendócrino + ambiente
SÍNDROME
DE
PANDORA
• Manifestações clínicas referentes à DTUIF e a outros
sistemas
• Manifestações clínicas recorrentes associadas a
eventos estressores
• Melhora ou resolução dos sintomas após manejo
ambiental apropriado.
Considerações finais
A despeito de diferentes etiologias, a DTUIF se apresenta com sinais
clínicos semelhantes, referentes à inflamação da bexiga e da uretra;
As infecções de urina não são frequentes nos felinos;
A investigação da causa de base da DTUIF é importante para um
tratamento assertivo;
Um paciente com a forma obstrutiva da DTUIF deve ser estabilizado
prontamente;
Alterações no ambiente e estilo de vida dos felinos fazem parte do
plano para evitar recidivas.
A- Redução do estresse
Não punir o gato
Enriquecer o ambiente (escalar, arranhar, dormir…)
Disponibilizar esconderijos seguros
Estimular brincadeiras de caça e atividades físicas
Aumentar a interação com o tutor (o gato gosta de ser acariciado?)
A- Redução do estresse
Identificar e solucionar problemas de interação (colônias)
Localização e distanciamento das caixas sanitárias, ração e agua
Regra N+1
Caixa sanitária, água e alimento em locais calmos, que não sejam de passagem
Manter a caixa sanitária limpa e sem odores
A- Redução do estresse
Análogos sintéticos de feromônio facial felino (FFF)
Viagens, introdução de novos animais ou moradores na propriedade, participações
em exposições e até mesmo mudanças climáticas
Mudanças graduais
B- Dieta e estímulo de ingestão hídrica
Mais recipientes de água
Recipientes com superfície ampla e rasos
Água corrente
Ração úmida (11 x 39% de recidiva em 1 ano)
Correção da desidratação
A: Déficit = peso (kg) x % desidratação x 10
B: Manutenção: 50mL / kg / dia
C: Perdas durante o dia (estimar, 40 – 60mL / kg/ dia)
Repor em 24h = A + B + C
Correção da desidratação
A: Déficit = peso (kg) x % desidratação x 10
B: Manutenção: 50mL / kg / dia
C: Perdas durante o dia (estimar, 40 – 60mL / kg/ dia)
Repor em 24h = A + B + C
Doença renal crônica – Fisiopatologia
Hipovolemia Ativação do SRAA Angiotensina II
Dilatação dos poros Hipertensão
Proteinúria de filtração
glomerular
glomerular
Ureia e creatinina
elevadas sem sinais
clínicos = presença
de doença renal,
certo?
Ureia e creatinina
normais = ausência
de doença renal,
certo?
Ureia e creatinina são biomarcadores de
função renal e não de lesão renal
Portanto, é possível ter doença renal sem aumento de ureia e creatinina!
Suspeitar quando:
NA AUSÊNCIA DE COMORBIDADES
Tratamento
1 Objetivos
Retardar a progressão da doença
e aliviar os sinais clínicos
Sintomático 2
Antieméticos, protetores de mucosa
intestinal, estimulantes de appetite
3 Fluidoterapia
Para manter a hidratação
Controles 4
Hipertensão, hiperfosfatemia,
hipocalemia, hipocalcemia, Dieta
proteinúria, anemia e acidose
metabólica Acompanhamento
Bacteriúria não deve ser tratada
E se tiver neutrófilos na urina?
E se tiver carga bacteriana elevada?
E se a bactéria for multirresistente? EXCEÇÕES
E se tiver neoplasia vesical
Bactérias produtoras de urease (predispõem a cálculos de estruvita)
Cistite enfisematosa
Presença de fatores predisponentes (avaliação individual: penectomizado,
DM, cálculos, ...)
Infecção relacionada ao cateter uretral
• Evitar o uso de antibiótico em animais com cateter uretral
• Contaminação ascendente
• Formação de biofilme ao redor do cateter
• Para animais sondados e sintomáticos
• Trocar a sonda
• Colher urina para cultura e antibiograma da nova sonda descartando os 3 a 5
primeiros mililitros
• Não colher da bolsa coletora ou extensor
• Nunca deixar o sistema aberto
Prevenção de recidivas – todos os urólitos
Tratar a causa de base
• Dieta (acidificar p/ estruvita, alcalinizar p/ os demais)
• Estratégias para aumentar a ingestão de hídrica
PACOTE DA
• Meta: densidade urinária <1,020 no cão e <1,030 no gato UROLITÍASE
• Controle da infecção
• Pode ser causa ou consequência da urolitíase
• Cultura do urólito
Hidronefrose & hidroureter
• Visualizado ao ultrassom
• Radiografia para pesquisa de mais urólitos
• Urólitos não visualizados não descartam obstrução – estenose
ureteral presente em 25% dos gatos
• Descompressão de emergência!
• SUB / Stent são 1ª escolha
• Cirurgia tradicional
• Cirurgião experiente (ou acompanhado deste)
• Penectomia e uretrostomia devem ser desencorajadas
• Estenose
• Incontinência
• Infecções recorrentes
• hemorragias
Respiratório
Recapitulando...
Síndrome dos braquicefálicos
• 3 alterações anatômicas (estenose narina, prolongamento palato
mole, hipoplasia traqueal)
• Complicações: digestivas, cardíacas, inflamatórias pulmonares,
controle da temperatura corpórea
• Tratamento da doença aguda, crônica e cirúrgico
Recapitulando...
Doença brônquica felina e canina
• Provável alérgeno + inflamação (muco, espessamento, represamento de ar)
• Sinais e evolução
• Cão velho e gato jovem / meia idade
• Diagnóstico = exclusão + resposta à terapia
• RX, hemograma e bioquímico, copro, ECO, urina
• Tratamento da doença aguda x crônica
Tratamento da crise de doença brônquica
1. Imediato: 3. Ainda resposta pobre:
• Oxigênio • Intubar e ventilar
• Controle da ansiedade
• Broncodilatador
• Terbutalina IV; Albuterol inalatório
2. Resposta pobre:
• Dexametasona IV
• 2º broncodilatador IV: aminofilina
• Epinefrina (se doença terminal ou doença cardíaca excluída)
Tratamento crônico da doença brônquica
• Reduzir alérgenos ambientais Se suspeita de infecção
• Umidificar bacteriana secundária:
• Controle de peso doxiciclina (cuidado com
esofagite nos gatos)
• Medicações (se + de 2 semanas com tosse):
Corticóide
• Prednisolona ou
• Fluticasona (inalatória, leva 14 dias p/ agir)
Se possível, avaliar 1º a
Broncodilatador
resposta com corticóide
• Teofilina ou
• Albuterol / salmeterol (inalatório, espaçador) (bronquite eosinofilica canina?)
Sildenafil
• Hipertensão pulmonar documentada por ECO em cão
Espaçador chique Espaçador adaptado
Colapso de traqueia
• Deformidade que piora com inflamação e compressão
• Esforço respiratório -> inflamação, muco, insuficiência do
aparato mucociliar -> extensão da doença em direção aos
brônquios
• Histórico e exame físico
• Paramos no diagnóstico...
Tratamento da crise de colapso de traqueia
• Oxigênio
• Ambiente frio
• Controle da ansiedade
• Dexametasona (inflamação e edema por esforço)
• Broncodilatador
• Terbutalina IV; Albuterol inalatório
• Se necessário, intubar
Tratamento da doença crônica
• Umidificar
• Controle de peso, coleira peitoral
• Ambiente fresco, evitar passeios no calor e deixar no carro sem ar
condicionado
• Corticóide por período curto (5-7 dias)
• Prednisolona 0,5 mg/kg BID
• Broncodilatador
• Teofilina ou
• Albuterol / salmeterol (inalatório, espaçador)
• Antitussígeno (na ausência de infecção; inflamação controlada)
• Codeína 0,25 mg/kg TIB a SID, reduzir até a menor frequência
Tratamento da doença crônica
Tratamento cirúrgico: colocação de stent por fluoroscopia ou endoscopia
Complicações possíveis
• Tosse, traqueíte bacteriana
• Espasmo de larínge
• Perfuração de mucosa traqueal
• Formação de tecido de granulação obstrutivo
• Fratura de anéis
• Migração do stent
Demais técnicas com complicações ainda mais graves (necrose da traqueia)
Pneumonia
• Inflamação pulmonar que leva à hipoxemia
• Indequada relação V:Q (efeito shunt)
• Presença de muco e broncoconstrição
• Comum no cão
• Pouco comum no gato
EFEITO SHUNT
• Oxigênio
“Inflamação pulmonar que leva à hipoxemia”
• Fluidoterapia
• Desidratação
• Hipoperfusão
• Distúrbio eletrolítico
• Distúrbio ácido-básico
• Fluidificar secreções
• Manter o funcionamento do aparato mucociliar
• Cuidado com hiper hidratação: fluidoterapia de manutenção
• > permeabilidade capilar pulmonar -> edema
Antibioticoterapia
• Cefalexina 20 – 40mg/kg TID
• Amoxicilina + clavulanato 22mg/kg TID
Casos graves: IV!!
• Doxiciclina 5mg/kg BID
• Azitromicina 5 -10mg/kg SID
Tempo de terapia
Avaliar evolução clínica + RX a
• Filhotes: 7 dias cada 2 semanas ou ao afim do
• Adultos: 14 dias ou + tratamento
Nebulização
• Pouco efeito no desidratado
• Expectorante -> conforto
• Salina 10 – 15mL, > 15 – 20 minutos, BID a TID
• Via para medicações
• Gentamicina 50mg em 5mL de salina BID
• Albuterol antes para constrição brônquica
Fisioterapia e manejo
• Tapotagem
• Mobiliza secreções
• Estimula a tosse
• Trocar decúbito a cada 1 -2h (atelectasia)
Controversos...
Broncodilatadores
• Albuterol inalatório ou teofilina VO
N-acetilcisteína
• Fluidificante
• 5mg/kg TID
• Sem evidências na veterinária
• NÃO USAR VIA INALATÓRIA: broncoconstrição
Contraindicados
• Diuréticos
• Supressores da tosse
• Corticóides
A ventilação mecânica
está indicada se não for
possível garantir a
pressão parcial de
oxigênio e/ou saturação
adequadas
Pneumonias virais
• Contagiosas Agentes:
• Cão: cinomose,
• Animais jovens
parainfluenza, adenovírus
• Aglomerações
• Gato: herpes e calicivirus
• Ausência de vacinas
(90% dos casos)
Fisiopatogenia
• Trombo na circulação venosa -> TEP:
• Hipertensão pulmonar
• Indequada relação V:Q (efeito espaço morto)
• ↑ da pós carga do VD -> dilatação e ICC
• do enchimento do coração esquerdo
• do débito cardíaco
Manifestações clínicas
• Início súbito dos sinais
• Taquipnéia / dispnéia
• do nível de consciência
• Tosse, hemoptise
• Cianose
• Choque e morte súbita
Ao exame físico
• Sons pulmonares anormais
• Edema, hemorragia, broncoconstrição
• Hipofonese (efusão pleural)
• Asuculta cardíaca: 3ª bulha
• Hipertensão pulmonar -> dilatação VE
• Distensão jugular, ascite (ICC direita)
• Pulso fraco, palidez, TPC > 2 segundos (ICC esquerda)
Diagnóstico - desafiador!
• Alterações respiratórias de início súbito sem doença respiratória prévia
• Doença de base que cause hipercoagulabilidade
• Cirurgia extensa (mastectomia, p. ex.)
• Hipoxemia com baixa resposta à oxigenioterapia
• RX sem alterações ou qualquer padrão (inespecífico)
Tratamento
• Oxigenioterapia
• Vasodilatação pulmonar -> hipertensão pulmonar
• Melhor função do VD ( pós carga)
• Teofilina
• Broncodilatador, vasodilatador -> fadiga do diafragma
• Sildenafil
• Vasodilata a. pulmonar
Tratamento - Anticoagulantes
Heparina não fracionada
• 1ª escolha
• 80 a 100 U/kg IV seguida de 18U/kg/hora
• Acompanhar e titular dose pelo tempo de protrombina
Heparina de baixo peso molecular (deltaparina e enoxaparina)
• Mais segura quanto a causar hemorragias
• Cão: 150U/kg TID a BID SC
• Gato: 100U/kg TID SC
Tratamento - Antiplaquetários
Ácido acetilsalicílico
• Cão: 0,5mg/kg SID
• Gato: 5-10mg/kg a cada 3 dias
Clopidogrel
• Cão e gato: 1-3mg/kg VO SID
Rivaroxabana
Prevenção
• Heparinas (ambiente hospitalar)
• Rivaroxabana (domicílio)
• Clopidogrel (domicílio)
Paralisia de laringe
• Cão velho, porte grande, estridor
• Cirurgia de emergência (traqueostomia / fixação lateral de laringe
unilateral)
Oncologia
• Conduta geral para atendimento de pet com neoplasia (dissertativa)
• Tumores específicos (objetiva)
• Controle de dor (dissertativa)
• Nutrição oncológica (objetiva)
• Síndrome paraneoplásica (objetiva)
Conceito de dor total
DOR FÍSICA DOR SOCIAL DOR EMOCIONAL DOR ESPIRITUAL
Sinal clínico Terapia
Dor Anti-inflamatórios, opioides, gabapentina, adjuvantes,
células-tronco, anticorpo monoclonal, acupuntura...
Náusea Ondansetrona, maropitant
Falta de apetite Ciproeptadina e cobamamida, mirtazapina, sonda
esofágica
Tosse Codeína
Feridas Gel com metronidazol, carvão ativado...
Constipação Laxantes a base de lactulose, supositórios de glicerina
Falta de mobilidade Colchão “casca de ovo”, fisioterapia, acupuntura,
massagens
Que os
envolvidos
tenham a
oportunidade
de amar, se
sentirem
amados e dizer
tchau
O que é
qualidade de
vida
para cada
paciente?
Desenvolver a escuta
Faz parte dos
Cuidados Dominar a comunicação
Paliativos
Dar suporte ao luto
Entendimento sobre as
fases da doença
Faz parte dos
Cuidados Plano de cuidado
Paliativos
Acompanhamento contínuo
Distanásia: prolongamento artificial da vida e do
sofrimento. Ex. reanimar paciente com câncer estágio
terminal.
Eutanásia: morte antecipada para dar fim ao sofrimento de
doentes terminais. Ex. paciente com dor forte e intratável
mesmo com associação de diversas técnicas analgésicas.
Ortotanásia: permitir a morte natural. Podemos usar
analgésicos ou outros recursos para amenizar o
sofrimento.