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ENGENHARIA CIVIL
GEOTECNIA
?
DANIEL TEIXEIRA LEITE
Engenheiro Civil
-Coordenador
ii
rever. Fluxo= caudal. Os piezómetros não medem
caudal
eficaz na promoção da resiliência da estrutura.
Nosso desafio é prover e integrar novas tecnologias, as quais trabalhando em con-
junto possibilitem um diagnóstico preciso e rápido quanto ao desempenho geotécnico e
estrutural, visando a segurança de barragens de aterro.
Conforme abordaremos mais adiante, as principais anomalias apresentadas em bar-
ragens de aterro, se manifestam na superfície e zona a jusante da barragem. Assim, esta
tese apresentará a aplicação do mapeamento integrado Termográfico Espacial e Magné-
tico (miTEM) para a deteção destas anomalias.
O mapeamento termográfico é uma técnica de medição de temperatura sem contacto
que utiliza câmaras termográficas para captar imagens térmicas. Esta técnica permite ob-
ter informações sobre a temperatura de um objeto ou superfície, indicando as áreas onde
há perda de energia. O mapeamento termográfico é frequentemente utilizado em edifí-
cios, equipamentos e sistemas de energia, permitindo identificar possíveis falhas e pon-
tos críticos que possam afetar a eficiência energética e a segurança das instalações. Nossa
missão neste trabalho é aplicar o mapeamento termográfico a partir de câmaras térmicas
acoplada em Veículos Aéreos Não Tripulado (VANT), para o diagnóstico de anomalias
em barragens de aterro.
Já o mapeamento espacial pode ser obtido através da aerofotogrametria, uma técnica
que utiliza imagens aéreas para mapear áreas e objetos em três dimensões. Através da
aerofotogrametria, é possível obter modelos digitais de superfície, modelos digitais de
terreno e ortofotomapas, que são representações cartográficas georreferenciadas. Essas
representações fornecem informações detalhadas sobre a topografia do terreno, o uso do
solo e as características físicas de uma área. Nosso objetivo nesta tese é aplicar a técnica
de aerofotogrametria, utilizando VANT para obtenção de dados geoespaciais de alta qua-
lidade, visando o diagnóstico de anomalias em barragens de aterro.
Por fim o mapeamento magnético é uma técnica que utiliza magnetômetros para me-
dir e representar as variações magnéticas em uma determinada área. O objetivo do ma-
peamento magnético é obter informações sobre a distribuição e intensidade de campos
magnéticos na superfície da Terra, o que pode ser útil em diversas aplicações, como a
na área em
estudo prospeção mineral, estudos geológicos, arqueologia, meio ambiente e geofísica aplicada.
A técnica é baseada no princípio de que diferentes materiais apresentam diferentes pro-
priedades magnéticas, e essas propriedades afetam o campo magnético da Terra de ma-
neira diferente. Visando a deteção de anomalia em barragens de aterro, demonstraremos
demonstrar
a aplicação do mapeamento magnético induzindo correntes elétricas no corpo da barra- -se-á
gem para a deteção de fluxos no corpo de barragens.
Conforme apresentaremos a seguir, a miTEM demonstra-se uma ferramenta impor-
tante para a monitorização, deteção de anomalias precoce, visando a manutenção regular
e a adoção de medidas preventivas para garantir a segurança de barragens.
iii
ABSTRACT
Dams play a pivotal role in society, considering the vital benefits and resources they can
provide, such as creating reservoirs for water supply and hydroelectric power generation,
regulating rainfall runoff to prevent flooding, and storing waste for mineral extraction,
among other advantages.
However, dam accidents can pose significant dangers with devastating effects. Flood-
ing, landslides, and environmental pollution are just a few potential consequences of a
dam failure. Additionally, such accidents can result in loss of human lives and have a
severe impact on local communities and ecosystems.
It is essential to ensure that dams are constructed and maintained safely, with ade-
quate monitoring and maintenance measures in place to minimize the risks of accidents.
In terms of monitoring the structural and geotechnical performance of earth-fill dams,
it is common to supervise deformations and flows within the dam body and its founda-
tion. Deformations are often tracked using surface markers, inclinometers, and exten-
someters, while flows are monitored through piezometers and flow meters. Additionally,
visual inspections are conducted to assess the structural integrity and identify anomalies
such as resurgences, outcrops, cracks, and subsidence.
Many dams have limited, outdated, or non-functioning observation devices, espe-
cially in older structures. It should be noted that pathologies in dams, when detected
early, are generally manageable. However, due to the lack of proper monitoring, these
issues can go unnoticed and rapidly escalate into emergency situations.
In emergency situations, when observation devices prove inefficient, there may not
be sufficient time or conditions for their installation, hindering the essential diagnostics
required for an effective intervention to enhance the structure’s resilience.
Our challenge is to provide and integrate new technologies that, working together,
allow for precise and rapid diagnostics of geotechnical and structural performance, with
a focus on earth-fill dams’ safety.
As we will address further, the primary anomalies in earth-fill dams often manifest
on the surface and downstream of the dam. Therefore, this thesis will present the appli-
cation of integrated thermal, spatial, and magnetic mapping (miTEM) for detecting these
iv
anomalies.
Thermal mapping is a non-contact temperature measurement technique that employs
thermal cameras to capture thermal images. This technique provides information about
an object or surface’s temperature, indicating areas with energy loss. Thermal mapping is
commonly used in buildings, equipment, and energy systems to identify potential faults
and critical points that may affect energy efficiency and facility safety. Our challenge in
this work is to apply thermal mapping using thermal cameras mounted on Unmanned
Aerial Vehicles (UAVs) for diagnosing anomalies in earth-fill dams.
Spatial mapping can be obtained through photogrammetry, a technique that uses
aerial images to map areas and objects in three dimensions. Through photogrammetry,
it is possible to generate digital surface models, digital terrain models, and orthophotos,
which are georeferenced cartographic representations. These representations offer de-
tailed information about terrain topography, land use, and physical characteristics of an
area. Our objective in this thesis is to apply the photogrammetry technique using UAVs
to obtain high-quality geospatial data for diagnosing anomalies in earth-fill dams.
Lastly, magnetic mapping is a technique that utilizes magnetometers to measure and
represent magnetic variations in a specific area. The goal of magnetic mapping is to gather
information about the distribution and intensity of magnetic fields on the Earth’s surface,
which can be useful in various applications, including mineral prospecting, geological
studies, archaeology, environmental monitoring, and applied geophysics. The technique
is based on the principle that different materials exhibit varying magnetic properties,
which affect the Earth’s magnetic field differently. To detect anomalies in earth-fill dams,
we will demonstrate the application of magnetic mapping by inducing electric currents
within the dam’s body to detect flows within the dam body.
As we will illustrate in the following sections, miTEM proves to be an essential tool
for monitoring, early anomaly detection, regular maintenance, and the adoption of pre-
ventive measures to ensure dam safety.
v
ÍNDICE
Índice de Figuras ix
Siglas xiv
1 Introdução 1
1.1 Considerações gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2.1 Modelação espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2.2 Modelação termográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2.3 Modelação magnética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2.4 Análise integrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3 Estrutura da tese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2 Segurança Hidráulico-Estrutural 9
2.1 Anomalias associadas a erosão interna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.1.1 Carreamento de partículas em aterros . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.1.2 Carreamento de partículas em fundações . . . . . . . . . . . . . . 20
2.1.3 Fissuras e caminhos preferenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.1.4 Gradientes elevados no contacto entre solo-estrutura . . . . . . . 26
2.1.5 Solos dispersivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.1.6 Sufusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.1.7 Levantamento ou Heave . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.2 Anomalias associadas ao movimento de grandes massas . . . . . . . . . 50
2.2.1 Instabilidade por excesso de pressão intersticial . . . . . . . . . . 52
2.2.2 Instabilidade devido ao esvaziamento rápido da albufeira . . . . 57
2.2.3 Instabilidade nos maciços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
2.2.4 Instabilidade por corte da fundação . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
2.2.5 Instabilidade por perda de folga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
vi
2.2.6 Fraturação hidráulica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
2.2.7 Liquefação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
2.2.8 Instabilidade por sismos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
2.3 Dispositivos de controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
2.4 Inspeções visuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
2.5 Análise do comportamento e avaliação da segurança . . . . . . . . . . . . 84
vii
7.3 Estudo de Caso 02 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
7.4 Estudo de Caso 03 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
8 Conclusões 90
Bibliografia 91
viii
ÍNDICE DE FIGURAS
ix
2.25 PCH Bocaiúva, vista panorâmica do circuito hidráulico
(fonte: https://www.silea.com.br/pchs/pch-bocaiuva em 11/11/2023) . . . . . . . . 29
2.26 Rotura das barragens da PCHs em 18/01/2023 - [8], [24] e [25] . . . . . . . . 30
2.27 Feições típicas na ocorrência de solos dispersivos, adaptado de Cruz [31] . . 32
2.28 Piping em argilas dispersivas junto a galeria da descarga de fundo [32] . . . 32
2.29 Secção de maior altura da barragem Tınaztepe (adaptado de ASDSO [33]) . 33
2.30 Barragem Tınaztepe, vista do talude de jusante (fonte: ASDSO [33]) . . . . . 34
2.31 Vazão das infiltrações vs. Rebaixamento da albufeira ao longo do tempo (fonte:
ASDSO [33]) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.32 Sinkhole no talude de jusante próximo ao coroamento (fonte: ASDSO [33]) . 35
2.33 Evidencias geológico-geotécnicas em solos dispersivos. . . . . . . . . . . . . 37
2.34 Solos potencialmente suscetíveis à Sufusão (adaptado de Fell [23]) . . . . . . 38
2.35 Solos potencialmente suscetíveis à sufusão (adaptado de Fell [23]) . . . . . . 39
2.36 Ilustração de um modo de falha por sufusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.37 Barragem Brodhead, Pensilvânia (Fonte: Google Earth, 2016) . . . . . . . . . 41
2.38 Barragem Brodhead, implantação e locação de sikhole [37] . . . . . . . . . . . 42
2.39 Ocorrência de sinkhole no talude de jusante [38] . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.40 Caracterização granulométrica dos aterros e drenos [38] . . . . . . . . . . . . 43
2.41 Ocorrência de sinkhole em aterro, devido a sufusão [38] . . . . . . . . . . . . 44
2.42 Ilustração do processo de heave (Adaptado de Civil Engineering RWTH Aa-
chen University [39]) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.43 Ilustração do processo de heave a jusante de uma barragem [36] . . . . . . . 46
2.44 Modo de falha por heave (adaptado de Robbins [41]) . . . . . . . . . . . . . . 47
2.45 BLE, zona de ocorrência das anomalias (adaptado de Bandeira [42]) . . . . . 48
2.46 BLE, secção típca (adaptado de Bandeira [42]) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2.47 BLE vista de jusante, berma e drenos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
2.48 Estudo de percolação simulando a condição de piezometrias correspondentes
a N.A. de montante de 96,50 m [42] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
2.49 Exemplos de desmoronamentos (adaptado de Guerra [43]) . . . . . . . . . . 50
2.50 Exemplos de escorregamentos (adaptado de Guerra [43]) . . . . . . . . . . . 50
2.51 Efeitos do acréscimo de pressão intersticial no solo . . . . . . . . . . . . . . . 52
2.52 Modo de falha por excesso de pressão intersticial . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.53 Arranjo geral da barragem Açu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.54 Barragem Açu - Secção típica original [8] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.55 Barragem Açu - vista da trincheira corta águas [46] . . . . . . . . . . . . . . . 55
2.56 Barragem Açu - Rotura da barragem [47] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
2.57 Barragem Açu - Inspeção na coroamento pós rotura [8] . . . . . . . . . . . . 56
2.58 Barragem Açu - Secção da barragem após o rompimento [8] . . . . . . . . . 57
2.59 Esvaziamento rápido da albufeira (adaptado de Narita [48]) . . . . . . . . . 57
2.60 Modo de falha por esvaziamento rápido da albufeira . . . . . . . . . . . . . 58
2.61 Barragem Walter Bouldin, vista de jusante, antes e depois da rotura [49] . . 59
x
2.62 Barragem Walter Bouldin, arranjo geral da casa de força e diques [49] . . . . 59
2.63 Pormenor da zona de abertura de brecha [49] . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
2.64 Secção do dique na zona de rotura [49] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
2.65 Secção do dique na zona de rotura [51] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
2.66 Barragem Walter Bouldin, análise de estabilidade [51] . . . . . . . . . . . . . 61
2.67 Anomalias associadas ao esvaziamento rápido . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
2.68 Inabilidade por elevação do nível freático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
2.69 Arranjo geral da UHE Santa Branca (Google Earth 29/01/2024) . . . . . . . 64
2.70 Barragem Santa Branca - Secção típica [11] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
2.71 Barragem Santa Branca - Solução adotada [11] . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
2.72 Exemplo de anomalias associadas a instabilidade nos maciços [53] [54] . . . 66
2.73 Barragem Trieu Thuong 2 - Implantação (fonte Google Eath 2024) . . . . . . 67
2.74 Barragem Trieu Thuong 2 - Secção tipo (adaptado de Vu [55]) . . . . . . . . 67
2.75 Barragem Trieu Thuong 2 - Secção após alargamento da crista (adaptado de
Vu [55]) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
2.76 Barragem Trieu Thuong 2 - Escorregamentos de talude (adaptado de Vu [55]) 69
2.77 Barragem Trieu Thuong 2 - Modelo numérico [55] . . . . . . . . . . . . . . . 70
2.78 Barragem Trieu Thuong 2 - Escorregamentos de talude (adaptado de Vu [55]) 70
2.79 Rotura da barragem Carsington [52] . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
2.80 Fissuras logitudinais em barragens de aterro (adaptado de Buerau [61][62]) 72
2.81 Fissuras transversais em barragens de aterro (adaptado de Buerau [61][62]) 73
2.82 Arranjo geral da barragem Beliche (fonte: Google Earth 2024) . . . . . . . . 73
2.83 Barragem Beliche - Secção Tipo (adaptado de Marcelino [60]) . . . . . . . . . 74
2.84 Barragem Beliche - Fendas longitudinais junto à guarda de montante [60] . 75
2.85 Barragem Emborcação, secção tipo e fissuras (adaptado de Cruz [11][8]) . . 76
2.86 Arranjo geral da barragem Buffalo (fonte: Google Earth 07/04/2024) . . . . 76
2.87 Esquema das fissuras encontradas na barragem Buffalo [67][23] . . . . . . . 77
2.88 Barragem Buffalo fissura transversal no encontro esquerdo [67][23] . . . . . 77
2.89 Mecanismo de formação de fraturas hidráulicas em barragens de aterro (adap-
tado de Fell [23]) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
2.90 Situações em que o recalque diferencial entre vales pode levar a fissuras ou
deformações laterais e zonas de baixa tensão sujeitas a fraturação hidráulica.
(adaptado de Fell [23]) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
2.91 Fraturação hidráulica - Vale com secção íngreme. (adaptado de Fell [23]) . . 79
2.92 Fraturação hidráulica - Vale com secção íngreme com berma. (adaptado de
Fell [23]) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
2.93 Secção do vale da barragem Mud Mountain mostrando zonas soltas, moles e
de baixa tensão. (adaptado de Fell [23]) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
2.94 Barragem Wister (fonte: Google Earth) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
2.95 Barragem Wister, secção típica e locação da zona de fraturação / piping (adap-
tado de Sherard [70]) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
xi
2.96 Barragem Wister, secção típica e locação da zona de fraturação / piping (adap-
tado de Bureau [18]) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
2.97 Barragem Wister, perfil longitudinal (adaptado de Sherard [70]) . . . . . . . 83
xii
ÍNDICE DOS QUADROS
xiii
SIGLAS
xiv
1
INTRODUÇÃO
A temática da segurança de barragens tem ganhado relevância nos tempos atuais, sobre-
tudo em virtude dos desastres o ocorridos no Brasil nas barragens em Mariana (novembro
de 2015) e em Brumadinho (janeiro de 2019). Estes eventos, infelizmente, culminaram em
significativas perdas de vidas e impactos ambientais incalculáveis.
É indubitável que esses acidentes não apenas afetaram indivíduos e o ambiente, mas
também reverberaram profundamente na disciplina da engenharia de barragens e em
todos os agentes associados a esta esfera.
Particularmente no contexto brasileiro, sob uma nova perspetiva, observou-se uma
drástica alteração legislativa em prol da segurança de barragens. Implementou-se uma
política renovada e foram adotadas medidas substanciais, como a descomissionamento
de rejeitados de barragens, com enfoque especial nas alteadas por montante.
Centenas de barragens com tais características foram descaracterizadas, sujeitas a re-
moção ou modificações substanciais, com o intuito primordial de salvaguardar a segu-
rança das barragens. sua
Neste período, assistiu-se à implementação de inúmeros planos de segurança, e os
operadores de barragens tiveram que adequar-se a este novo contexto, movimentando
significativamente a dinâmica do mercado relacionado com a segurança de barragens.
A segurança de barragens é um tema de caráter multidisciplinar que abrange diver-
sas áreas do conhecimento, tais como engenharia geológico-geotécnica, engenharia de
concreto, engenharia eletromecânica, hidrologia e hidráulica, bem como disciplinas rela-
cionadas a questões políticas, jurídicas, socioambientais e outros campos de estudo.
No que diz respeito à definição do conceito de segurança de barragens, é evidente que
esse conceito pode variar conforme o prisma, contexto ou área de estudo a que se destina.
No entanto, a legislação brasileira de segurança de barragens, Lei 12.334, estabelece ”se-
gurança de barragens”como uma condição que visa a manter a integridade estrutural
e operacional da barragem, além de preservar a vida, a saúde, a propriedade e o meio
ambiente [1].
1
talvez seja de indicar algo na introdução que se irá fazer referência
especial à legislação brasileira e justificar.
o conceito de segurança de barragens no Brasil é
vista de forma integrada,
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
De acordo com o Comité Brasileiro de Grandes Barragens (CBDB) em seu Guia Básico
de Segurança de Barragens [2], afirma que uma barragem segura é aquela cujo desem-
penho garanta um nível aceitável de proteção contra rotura, ou galgamento sem rotura,
conforme os critérios de segurança utilizados pelo meio técnico.
De um modo geral, a segurança de barragem brasileira é entendida como a capacidade
das barragens manterem-se seguras e integras durante a sua vida útil. Contudo, a legis-
lação portuguesa aborda a segurança sobre quatro prismas, nomeadamente a segurança
estrutural, hidráulica, operacional e ambiental.
Conforme o artigo 4º do Regulamento de Segurança de Barragens (RSB) [3], a se-
gurança de barragens como a capacidade da barragem para satisfazer as exigências de
comportamento relativas a aspetos estruturais, hidráulico-operacionais e ambientais, de
modo a evitar a ocorrência de acidentes ¹ e incidentes ² ou minorar as suas consequências
ao longo da vida da obra.
Estes aspetos, também são enfatizados no manual do Curso de Exploração de Barra-
gens [4], ministrado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA):
• No que se refere aos aspetos hidráulicos, observa-se que é crucial assegurar que os
sistemas de impermeabilização, filtragem e drenagem estejam aptos a cumprir os
objetivos do projeto, prevenindo problemas relacionados ao fluxo interno na barra-
gem e áreas circundantes. Isso envolve a avaliação dos caudais, levando em conside-
ração as necessidades ao longo do tempo, bem como o cálculo dos hidrogramas de
cheia para dimensionar os sistemas de segurança da barragem, garantindo proteção
contra galgamentos e erosões externas.
• Por fim, no que diz respeito aos aspetos estruturais, a APA destaca a necessidade
de garantir que o projeto, construção e manutenção da barragem sejam executados
¹Entende-se como ”acidente”como a ocorrência excecional cuja evolução não controlada é suscetível de
originar uma onda de inundação.
²Entende-se como ”incidente”como uma anomalia suscetível de afetar, a curto ou longo prazo, a funci-
onalidade da obra e que implica a tomada de medidas corretivas ( RSB, artigo 4º).
2
1.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
com o devido zelo. Isso envolve a utilização de critérios de projeto adequados, ma-
teriais apropriados e manutenção adequada, a fim de evitar problemas estruturais,
deslizamentos e assentamentos que possam comprometer a segurança da barragem.
Portanto, verifica-se que a segurança de barragens como a uma condições em que uma
barragem é capaz de manter sua integridade hidráulico-operacional e estrutural, de modo
a evitar acidentes que possam causar danos à vida, à saúde, à propriedade e ao meio
ambiente.
No que diz respeito ao foco principal desta tese, a segurança estrutural e hidráulica
estarão em primeiro plano, visto que a metodologia miTEM, visa a identificação de ano-
malias em termos de fluxos e assentamentos em barragens de aterro.
Segundo o Comité Internacional de Grandes Barragens (ICOLD), em 2023 há cerca de
ref?
36 mil grandes barragens cadastrada em seu banco de dados (World Register of Dams),
com cerca de 300 casos de acidentes reportados, correspondendo a aproximadamente
0,8 % de casos de acidentes em grandes barragens.
No que se refere as estatísticas de acidentes com barragens, em 1995 o ICOLD apre-
senta no Boletin nº 99 [5] um importante trabalho sobre os modos de falha. Este trabalho
posteriormente foi atualizado no ano de 2019 [6], cujo Quadro 1.1 apresenta um resumo
quantitativo dos números de casos para os diversos tipo de barragens.
30000
25000 75,64%
Quantidade de barragens cadastradas
20000
15000
10000
21,95%
5000
2,92%
0
Aterro Betão Outros
4,00% 3,81%
3,50%
3,00%
Insidência de acidente (%)
2,50% 2,35%
2,00%
1,50% 1,39%
0,95%
1,00% 0,83% 0,70%
0,67%
0,50%
0,00% 0,00%
Figura 1.2: Análise comparativa dos números de casos de acidente por tipo de barragem
4
1.2. OBJETIVOS
• Barragem Big Bay Lake (Mississippi, EUA): Rompeu em 12 de março de 2004, após
13 anos de operação. A causa da rotura foi devido a problemas na fundação, consti-
tuída principalmente de areia siltosa altamente erodível e materiais de lodo arenoso.
O tempo decorrido entre a deteção anomalias e a rotura foi de cerca de 20 horas [9].
A barragem foi construída com
• Barragem B1 (Brumadinho, Brasil): Rompeu em 25 de janeiro de 2019, após 43 anos
de operação, com diversas fases de alteamento, estando fora de operação na altura
do rompimento. Apesar da rotura por liquefação ter ocorrido de maneira quase que
instantânea, a barragem apresentava problemas no sistema de drenagem a 24 anos,
e mantinha os níveis freáticos muito elevados na altura da rotura [10].
1.2 Objetivos
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma metodologia que integra novas tecno-
logias aplicadas na segurança de barragens de aterro, explorando a modelação espacial,
termográfica e magnética como ferramentas para deteção de anomalias.
5
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
Camaras
1.2.2 Modelação termográfica
A termografia é uma técnica que permite medir a radiação infravermelha emitida por
objetos, fornecendo informações sobre a sua temperatura superficial. Esta técnica tem
diversas aplicações em vários domínios, tais como inspeções industriais, monitorização
ambiental, busca e resgate, agricultura de precisão e muitas outras.
A presente tese de doutoramento visa explorar o potencial das imagens termográficas
na deteção de anomalias em barragens de aterro. Serão utilizadas termográficas embar-
instaladas cadas em VANT para sobrevoar e inspecionar barragens de aterro. Através da aquisição
de imagens termográficas, pretende-se desenvolver uma modelação térmica da superfície
de barragens, bem como um mapeamento detalhado de anomalias.
As anomalias em barragens de aterro podem incluir ressurgências de água, variações
na vegetação, erosões, ou outras alterações térmicas significativas, que possibilite a dete-
ção precoce destas anomalias. m
6
1.3. ESTRUTURA DA TESE
O procedimento
Este estudo visa a realização de uma análise integrada, que combina as abordagens de
modelação espacial, termográfica e eletromagnética, para complementar as análises con-
vencionais realizadas por dispositivos de observação tradicionais na deteção precoce de
anomalias em barragens de aterro.
permitirá obter / proporcionará
A integração destas diferentes técnicas proporciona uma visão mais completa e pre-
cisa das condições das barragens, permitindo uma identificação mais eficaz de potenciais
problemas. e,
Por fim, este estudo tem por objetivo a aplicação de técnicas de inteligência artificial
para analisar e interpretar os dados coletados, através do treino de algoritmos de apren-
dizado de máquina, pretende-se desenvolver um sistema capaz de reconhecer padrões
aprendizagem
de anomalias em barragens de aterro.
O resultado final será uma ferramenta avançada que não só detetará de forma eficaz e
precoce anomalias, como também terá a capacidade de alertar automaticamente para po-
tenciais problemas. Isso contribuirá significativamente para a segurança das barragens de
aterro, permitindo a adoção de medidas corretivas antes que ocorram situações críticas.
7
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
8
2
SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
subtítulo?
As barragens são estruturas projetadas com objetivo principal da retenção e armazena-
mento de água ou resíduos. Dizer que uma barragem é segura, em termos hidráulicos-
estruturais é dizer que os fluxos percolados pelo conjunto corpo da barragem e fundação,
ocorrem de forma controlada e segura, de modo a preservar a integridade estrutural deste
conjunto. falta a estabilidade mecânica pura e
simples
No que concerne ao controlo do fluxo, Cruz[11] refere que a zona a montante da bar-
ragem deve operar de modo a reter ou reduzir a passagem do fluxo, ao passo que a zona
a jusante deve desempenhar uma função de drenagem, visando facilitar a passagem con-
de aterro com
trolada do fluxo. núcleo central
A Figura 2.1 ilustra o comportamento adequado de uma barragem, em termos de flu-
xos, representados pela linha a azul, em que o núcleo, vala corta-águas e cortina de inje-
ção, desempenham o papel de vedação ou retenção do fluxo, enquanto os filtros, tapete
drenante e dreno de pé desempenham o papel de drenagem e condução do fluxo para
jusante, de maneira controlada.
Tapete drenante
Dreno de pé
Superficie do terreno
Cortina de injeção
ZONA VEDANTE ZONA DRENANTE
0 20 40 m
9
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
• Erosão interna:
Conforme apresenta-se na Figura 2.2, referente aos dados estatísticos do Boletim 99 [6]
da ICOLD, as principais causas de incidentes em barragens de aterro são galgamento,
erosão interna e falhas estruturais.
1,20%
1,01%
1,00%
Incidência de acidentes
Entocamento Terra
e
Figura 2.2: Incidência dos modos de falhas em barragens de Enrocamento vs. Terra[6]
Verifica-se que incidência de acidentes por galgamento é mais frequente nas barragens
de enrocamento do que nas barragens de terra, com cerca de 1,0 % e 0,4 % respetivamente,
já os caso de erosão interna, são menos frequentes nas barragens de enrocamento dos que
nas barragens de terra, com cerca de 0,2 % e 0.4 %. Relativamente às falhas estruturas,
verifica-se que as barragens de enrocamento são mais resistentes, apresentando menor
frequência de incidentes que as de terra, cerca de 0,1 % e 0,2 respetivamente.
Relativamente à limitação da metodologia miTEM, no que se refere a ocorrência de
falhas por galgamento, as quais podem estar intrinsecamente associada a aspetos hidro-
lógicos e operacionais, que por este motivo não apresentam anomalias nos aterros ou
fundação, não sendo assim passíveis de deteção por essa metodologia.
Porém, em casos de galgamento resultantes de assentamentos excessivos, anomalias
passíveis de deteção nos aterros podem ser detetados pela metodologia miTEM.
Por outro lado, as questões relativas à erosão interna e as falhas estruturais frequen-
temente revelam anomalias que serão o cerne desta tese.
No que diz respeito a segurança da barragem, é relevante notar que, em geral, as bar-
ragens de aterro apresentam anomalias antes da ocorrência de uma rotura.
A erosão interna, também conhecida como erosão regressiva ou piping, representa a se-
gunda causa mais frequente de roturas em barragens e pode ocorrer devido à migração
de partículas do solo, causada pelas forças de percolação, resultando no desenvolvimento
de canais ou tubos no maciço da barragem, ou na sua fundação, os quais tende a se conec-
rever tam ao reservatório, provocando um fluxo concentrado que se não tratado pode provocar
o colapso da barragem. contido?
Contudo, a definição do termo piping, pode englobar diversos fenómenos físicos e
químicos, conforme apresentado no artigo Critical appraisal of piping phenomena in earth
dams[13]. por "fulano []"
Essa visão do piping é o estilo clássico de erosão regressiva, que geralmente ocorre numa
zona do solo potencialmente erosivo, permite a abertura de uma ponte de ligação erosiva,
em que a força de tração, gerada pelo fluxo, está diretamente relacionada com à velocidade
deste fluxo. escoamento com a
Terzaghi [14], Lane [15] e Sherard [16], aprestam um modelo de erosão interna no qual
as partículas de um solo são progressivamente deslocadas da matriz de origem, devido às
forças de tração resultantes da infiltração da água entre os grãos. Estas forças de tração,
por sua vez mobilizam as forças de equilíbrio e resistência ao cisalhamento dos grãos,
assim como pelo peso das partículas do solo e pela capacidade de percolação.
Neste modelo, as forças erosivas são mais intensas onde o fluxo se concentra em um num
ponto de saída e, uma vez que as partículas do solo são removidas pela erosão, a magni-
tude das forças erosivas aumenta devido à maior concentração do fluxo.
12
cisalhamento ->
não sei se corte
percebo movimento?
2.1. ANOMALIAS ASSOCIADAS A EROSÃO INTERNA
b) Aumento do carreamento de
partículas, evolução da erosão
regressiva
0 20 40 m
Estudo de caso: em barragens de aterro, este modo de falha pode estar associado a
falhas no sistema de drenagem e filtragem, como ocorrido na barragem da Pambulha em
13
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Bélo Horizonte, no dia 20 de abril de 1954. Conforme relatado no livro Lições aprendidas
com acidentes e incidentes em barragens e obras anexas no Brasil[8] (ver Figura 2.4).
14
2.1. ANOMALIAS ASSOCIADAS A EROSÃO INTERNA
A primeira fase abrange a secção montante do corpo da barragem, erguida com uma al-
tura inicial de 11,50 m, compreendendo o período de 1936 a 1938. Posteriormente, em
1940, iniciou-se a expansão da barragem, elevando a sua altura total para 16,50 m. Este
processo resultou na criação de uma barragem com 330 m de extensão, apresentando um
talude de montante com uma relação de 1V:2H, e um talude de jusante que variava entre
1V:2,5H e 1V:3H, conforme Figura 2.5.
Destaca-se que uma laje, apoiada ao longo do talude de montante, constituiu uma
cortina monolítica, caracterizada pela ausência de juntas de dilatação. A espessura da
laje variava desde 19,5 cm na sua base até 8 cm no topo, e esta se prolongava na fundação
da barragem por meio de um muro intercetor de concreto armado. O mencionado muro
uma
possuía uma espessura de 30 cm e atingia profundidade variando de 3 a 5 m na porção
mais elevada da barragem. Importa realçar que a betonagem deste muro ocorreu por
o que
meio do método de vala aberta, sendo posteriormente preenchida com argila.
é? No que concerne as deteções das anomalias, no dia anterior ao acidente, identificou-
se uma ressurgência, a jusante da barragem, mas o fato não aparentava ter natureza alar-
mante, provavelmente ao estágio (a) da Figura 2.3. No entanto, notou-se uma rápida evo-
lução do processo de piping, evoluiu num intervalo de aproximadamente 24 horas para
que,
um estágio semelhante ao (c).
terá atingido
da figura 2.3
correspondendo,
Figura 2.6: Inspeção Visual realizada pelo prefeito Américo Renné e governador JK, ins-
tantes antes da rotura da barragem[8]
Na manhã do dia 16 (data do acidente), foi observada um jorro de água nas proximi-
dades do pé de jusante da barragem, adjacente à boca de lobo existente no revestimento
15
colocar depois
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
em cimento que cobria o muro de pé. A Figura 2.6 apresenta uma inspeção visual de auto
risco realizada por técnicos e autoridades no local da ressurgência, sendo este procedi-
mento conduzido sob elevado risco devido à iminência da rotura da barragem, que se
concretizou no próprio dia desta visita.
No que se refere as causas do acidente, conforme relatado [8], os estudos realizados
et al. por Vargas e colaboradores em 1954, a ruptura da barragem de Pampulha ocorreu devido
a um processo de erosão interna, que se desenvolveu através do corpo da barragem. Isso
resultou de um sistema de drenagem interna inadequado, que permitiu a formação de
gradientes excessivamente elevados em certos segmentos, agravados pela ausência de
filtros de proteção.
A fina laje de concreto que se encontrava apoiada sobre o talude de montante da barra-
terá tido fissuras gem apresentou fissuras e ruturas em algum momento, devido às deformações no corpo
e roturas do aterro, resultando em tensões de tração superiores à resistência do concreto da laje. O
fluxo de água que se estabeleceu no interior do corpo da barragem não foi controlado por
um sistema de drenagem eficiente, o que propiciou o surgimento do fenómeno de erosão
interna, a partir do pé de jusante, através da erosão interna do aterro. Não se pode excluir
a possibilidade de que esse mesmo processo tenha afetado o material da fundação. também
Por fim, é relevante mencionar que a comporta de fundo da torre do vertedouro, a qual
não havia sido operada por um longo período, não pôde ser aberta de forma apropriada.
Caso o mecanismo de acionamento da comporta estivesse funcionando corretamente, o
colapso da barragem poderia ter sido evitado. eventualmente
16
2.1. ANOMALIAS ASSOCIADAS A EROSÃO INTERNA
Nível da albufeira
Res
urg
ênc
ias
Superficie do terreno
0 20 40 m
17
em água ou apenas
humidade
Vegetação viçosa
Salienta-se que a erosão interna, como descrita aqui, envolve o carreamento de partí-
culas finas, que muitas vezes pode resultar na turbidez da água, ou mesmo no acumulo de
material oriundo dos drenos ou filtros, quando esses inicialmente se deterioram devido
a ocorrência de piping.
Especialmente em barragens de enrocamento, a observação de zonas húmidas ou res-
surgências tornam-se mais limitada, visto que a água ao infiltrar pelo núcleo vedante da
barragem, acaba por se dissipar sob o enrocamento, não sendo possível a identificação
visual dos locais por onde as humidades ou ressurgências estão a ocorrer. Contudo, em
estágios mais avançados, a erosão interna acaba por ocasionar o carreamento de partícu-
las finas, que normalmente altera a coloração da água, deixando-a turva. Este fenómeno
pode ser observado nos medidores de caldais ou em zonas mais baixas a jusante da bar-
ragem, onde ocorre a passagem de água por gravidade (Figura 2.10).
Em enrocamento, a observação de zonas húmidas ou ressurgências torna-se nota-
velmente restrita, uma vez que a água, ao infiltrar-se pelo núcleo vedante da barragem,
dispersa-se sob o enrocamento, impossibilitando a identificação visual dos pontos espe-
cíficos onde as humidades ou ressurgências estão a manifestar-se, conforme ilustrado na
Figura 2.10(a).
Salienta-se que a erosão interna, conforme delineada neste contexto, implica o trans-
porte de partículas finas, frequentemente culminando na turvação da água ou no acu-
mulo de material proveniente dos aterros, drenos ou filtros, especialmente quando estes
sofrem deterioração devido ao processo de erosão regressiva,conforme ilustrado na Fi-
gura 2.10(b).
18
2.1. ANOMALIAS ASSOCIADAS A EROSÃO INTERNA
Linha freática
Água turva, devido o
carreamento de finos
(indício de piping)
2
1
Legenda
0 10 20 m 1 - Núcleo argiloso
2 - Enrocamento
(a) Escorrência sob taludes de enrocamento (b) Água turva em medidor de caudal [18]
indicar
Figura 2.10: Ressurgências em taludes de aterro razão
Ocorrência de assentamentos
e fissuras circulares
Num estágio seguinte, caso o processo de erosão interna não seja saneado, a evolu-
ção das cavidades internas tendem a aumentar provocando a ocorrência de dolinas ou
sinkhole, conforme ilustrado na Figura 2.12. Importa ressaltar que estes eventos podem
representar um risco iminente de rotura da barragem.
19
traduzem, normalmente, uma situação de rotura iminente da barragem.
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Dolina, Cavidade
ou "Sinkhole"
Escorregamento
20
2.1. ANOMALIAS ASSOCIADAS A EROSÃO INTERNA
Barragem Barragem
Fissuras Colapso
"Piping"
que 21
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Rip-rap
Local do incidente
Dreno
1= ? 3m
de pé
2= ?
36,7 m
76,2 m 9,1 m Vala de
Areia siltosa
drenagem
Argila siltosa SEM ESCALA
Assentamentos, princípio
de colapso da barragem
Aparecimento de fissuras Novos pontos de sand boils
Ressurgência e
ocorrência de sinkholes
22
verificar!!!!
é o mesmo dia da
anterior????
2.1. ANOMALIAS ASSOCIADAS A EROSÃO INTERNA
(Figura 2.17 a), bem como a presença de sand boils (Figura 2.17 b).
Num período de aproximadamente 02 dias (dia 13 de novembro), verificou-se um au-
mento na infiltração, bem como uma deposição de argila escura na vala de drenagem a
jusante. Observou-se sand boils junto ao pé do talude (Figura 2.17 c), bem como escorre-
gamentos e assentamentos (Figura 2.17 d).
Por fim, observou-se fissuras transversais no coroamentos (Figura 2.17 d) e uma fissura
longitudinal no talude de jusante, em virtude dos assentamentos observados nesta zona
(Figura 2.17 e).
(c) Grande sand boil junto ao pé do talude (d) Escorregamentos a jusante da barragem
23
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
com início no
Modo de falha: em alguns casos, este processo de fissuração do aterro ou fundação
pode ser induzido por fraturas hidráulicas devido a perfurações com injeção de água ou
ar, também pode ocorrer por assentamentos diferenciais cujas deformações resultam em
fissuras por tração ou cisalhamento do aterro. A Figura 2.18 apresenta uma ilustração do
modo de falha da barragem.
Piping
Fissuras devido
Subsidência
Falha
geológica
Falha
geológica
Maciços Estabilizadores
Vedação asfaltica
0 100 200 m
na
Estudo de caso: um exemplo deste tipo de falha é o acidente ocorrido na barragem
de Baldwin Hills em California. Trata-se de uma barragem de secção homogénea com
aproximada mente 70 m de altura, com revestimento asfáltico a montante de espessura
entre 1,5 e 3 m, construida em 1951 e veio a romper cerca de 12 anos após a sua construção.
Conforme relatado no artigo Analysis and design of embankment dams for foundation fault
rupture[21], uma das principais causas do acidente foi o assentamento da barragem ao
24
2.1. ANOMALIAS ASSOCIADAS A EROSÃO INTERNA
Figura 2.19: Ilustração das falhas geológicas transversais a barragem Baldwin Hills [21]
25
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Figura 2.20: Barragem Baldwin Hills, início da abertura da brecha em 14/12/1963 [22]
em betão 26
nas interfaces entre materiais distintos
zona. No que se refere a compactação, teores de humidade mais elevados, uso de equi-
pamentos especiais, entre outras medidas podem ser necessárias, visando garantir uma
boa compactação na zona vedante da barragem, contudo na zona drenante, recomenda-
se medidas que proporcione uma drenagem mais elevada e uma retenção de finos mais
sei o que quer dizer, mas não
eficiente.
está explicado
No que se refere a geometria da estrutura, segundo Fell [23], paredes de betão, bem
projetadas com inclinações de talude superiores a 0,25H:1V provavelmente evitarão o
aparecimento de fissuras ou trincas nos aterros. Porém, paredes em betão sub-verticais
ou fundadas em zonas imediatamente elevadas, onde a fundação do aterro é relativa-
não se
mente mais inclinada que da estrutura, provavelmente apresentarão fissuras ou trincas. percebe. referir
figura?
Modo de falha: a Figura 2.22 (a), apresenta um exemplo onde a inclinação sub-
vertical da parede de uma tomada de água, em que a inclinação da fundação favorecem o
e potencia descolamento do aterro potencializa o aparecimento de trincas e fissuras. Já a Figura 2.22
(b), mostra outro exemplo que a mudança abrupta na inclinação do paramento favorece
o deslocamento da parta superior do talude na zona do contacto, potencializando o apa-
recimento de fissuras e favorecendo a ocorrência de erosão interna nestas zonas.
Estudo de caso: relativamente aos casos de erosão interna na zona de contacto entre
solo-estrutura, que pelos motivos acima explicitados, torna-se uma zona de fraqueza da
rever barragem, havendo inúmeros registos de ocorrência de incidentes e acidente, onde fre-
quentemente ocorrem logo no início da operação, como nos casos das barragens da PCH
Bocaiúva e PCH Inxu, ambas no Mato Grosso.
Os dois casos assemelham-se no tipo de estrutura, modo de falha por erosão interna
na zona do contacto solo estrutura, ambas situadas na bacia do Parecis, geologicamente
rever
constituída por arenitos finos e friáveis e romperam no início da operação (ver Figura 2.23)
No que se refere as informações disponíveis sobre os acidentes, infelizmente são muito
sucintas, por esse motivo apresenta-se o caso da PCH Bocaiúva, pois dispões-se um pouco
27
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
(a) Bocaiúva, acidente ocorrido em 18/01/2010 (b) PCH Inxu, acidente ocorrido em 05/06/2015
Em português PT, dito desta forma
parece que não há certeza quanto à
informação. Figura 2.23: Rotura das barragens das PCHs Bocaiúva e Inxu no Mato Grosso [8]
Tomada de água
Subestação
Acesso
0 50 100m
Barragem
Figura 2.24: Circuito hidráulico da PCH Bocaiúva (fonte: Imagem obtida no Google Earth)
Verifica-se na Figura 2.23(a), que a barragem é protegida por manta de PEAD em toda
28
2.1. ANOMALIAS ASSOCIADAS A EROSÃO INTERNA
29
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Figura 2.26: Rotura das barragens da PCHs em 18/01/2023 - [8], [24] e [25]
30
não são as paredes que têm deformações &
assentamentos desagregação
2.1. ANOMALIAS ASSOCIADAS A EROSÃO INTERNA
apenas o solo do aterro foi suscetível à erosão interna, mas também a própria fundação,
dada a sua composição por solos resultantes da desintegração dos arenitos locais. Estes
solos, embora demonstrem características de suporte adequadas para as estruturas, ca-
recem de resistência frente a gradientes hidráulicos elevados, tornando-se suscetíveis à
erosão e lixiviação.
Contudo, é pertinente salientar que as estruturas em betão armado, da tomada de
água e condutos, exibem uma geometria aparentemente inadequada para a aderência
do aterro em contacto com estas estruturas. As Figuras 2.26 (g) e 2.23 (a) apresentam
semi-verticais paredes semi-vertical, cujas deformações e assentamentos, nessas condições, podem ter
contribuído para o surgimento de fissuras, ou mesmo para o descolamento do aterro na
zona em questão, podendo ter contribuído significativamente para a ocorrência da erosão
interna.
Salienta-se ainda, que barragens ou aterros construidos em contactos com estruturas
em betão, devem dispor de drenos e filtros na zona drenante e a jusante, em toda extensão
do contacto com a estrutura, os drenos visam a redução dos gradientes e os filtros a re-
tenção de finos, visando impedir a erosão interna. Entretanto pelas imagens disponíveis
não é possível observar se estas medidas foram dotadas neste projeto.
e
2.1.5 Solos dispersivos
O fenómeno de erosao interna pode ocorrer em solos dispersivos, cuja a natureza físico-
química se caracteriza por ter a alta concentração de ions de sódio, que ao entrar em iões
dissolução ?
contacto com a água, ocorre segregação das partículas (dispersão em suspensão), sendo
facilmente carreadas pelas forças de percolação, favorecendo a ocorrência de erosão in-
terna [26] [27]. Este fenómeno é diferente de outros solos altamente erodíveis, como lodo o lodo é
erodível
e areia, que sofrem erosão pela ação física da água que flui através ou sobre o solo. ?
Segundo Fell [23], no que se refere a mineralogia dos solos dispersivos, solos com uma
alta percentagem de sódio, como a montmorilonita, tendem a ser dispersivos, enquanto
a caulinita e minerais relacionados (halloysita) não são dispersivos. Já os solos com pre-
sença de illita tendem a ser moderadamente dispersivos.
Outro fator importante, refere-se a plasticidade das argilas, Mitchell [28] indica que
algumas falhas em barragens de aterro ocorreram principalmente em argilas de plasti-
cidade baixa a média (CL e CL-CH) que continham montmorilonita. Bell e Maud [29]
concordam com essa visão. A experiência dos autores é semelhante, ou seja, os solos
mais suscetíveis não são aqueles com alta plasticidade, mas sim aqueles com frações de
argila limitadas, suficientes apenas para conferir uma plasticidade baixa a média.
No entanto, Sherard [30] testaram alguns solos como dispersivos no teste de pinhole
com % de passagem de 0,005mm superior a 50%. O melhor desempenho das argilas de
maior plasticidade provavelmente está relacionado à maior resistência à erosão e maior
probabilidade de fechamento de fissuras à medida que o solo incha. Indica ainda que,
com base em seus testes, solos com menos de 10% de material mais fino que 0,005mm
explicar melhor 31
este
Modo de falha: no que se refere ao modo de falha em barragens por erosão interna
em solos dispersivos, de certo modo assemelha-se aos modos de falha estudados anteri-
ormente nos itens de 2.1.1 a 2.1.4, porém o piping se desenvolverá com maior facilidade
nas zonas onde há maior concentração de fluxo. Ressalta-se que este tipo de erosão in-
terna pode ocorrer tantos nos aterros como nas fundações, conforme apresenta-se na Fi-
gura 2.27 um perfil geológico típico em sítio com presença de solos dispersivos, onde é
possível observar a ocorrência de depressões e a formação de sinkholes na fronteira do solo
dispersivo com a barreira impermeável, observa-se ainda a presença de material deposi-
tado a jusante, semelhante a ocorrência de sand boils.
CHUVA
Depressão
Afundamentos superficiais
Ocorrência de sinkholes
Sand boils
Ocorrência de piping
Figura 2.27: Feições típicas na ocorrência de solos dispersivos, adaptado de Cruz [31]
Figura 2.28: Piping em argilas dispersivas junto a galeria da descarga de fundo [32]
32
da
Estudo de caso: no que se refere aos casos de erosão interna em solos dispersivos,
normalmente estão associados a ausência de ensaios visando a verificação do potencial
de dispersividade nos solos dos aterros e da fundação, manifestando-se os normalmente
logo no primeiro enchimento, porem em alguns casos porem apresentar as anomalias
mais evidentes relacionadas a erosão interna após alguns anos de operação, como no
caso ocorrido na Turquia nos anos 2000 na barragem Tınaztepe, que operou normalmente
durante 7 anos até manifestar as anomalias mais evidentes relacionadas ao piping.
Conforme relatado no artigo Internal erosion resulted from dispersive soils in earthfill dams
and a case study [33], a barragem Tınaztepe possui 36,6 m de altura e 324 m de compri-
mento. Trata-se de uma barragem com secção zonada, possuindo um núcleo argiloso e
vedante (Zona 1), protegido por filtro vertical a montante e a jusante (Zona 2), os maci-
ços estabilizadores são de solo semi-impermeável (Zona 3), protegidos por um rip-rap a
montante e enrocamento de proteção a jusante. Junto ao pé a barragem possui um dreno
que interliga-se com o tapete drenante (Figura 2.29).
Rip-rap
3 2,5
1 1
NA. Min. 1136.5 m 3 2 1 2 3
Superficie do terreno
1
Solo aluvionar Legenda
1 - Núcleo argiloso
0 10 20 m El. 1151,6 m 2 - Filtros e drenos
Vala corta-águas 3 - Maciços estabilizadors
Figura 2.29: Secção de maior altura da barragem Tınaztepe (adaptado de ASDSO [33])
assente ou fundada
No que se refere a geologia, a barragem está assentada sobre um aluvião de idade qua-
ternária, composto por areia, cascalho, silte e argila. A espessura máxima desta unidade
é de cerca de 16 m, mas reduz para 0,5 m nos flancos do vale. Sob o aluvião encontra-se encontram-se
rochas sedimentares jovens, conglomerados e argilas. As análise do DAMHA, que é um
programa de risco de barragens da Turquia, indica que o local da barragem estará sujeito
a um pico de aceleração do solo de 0,08g com terremoto máximo de projeto de 6,8.
O acidente veio a ocorrer em abril de 2000, e as anomalias iniciais identificada pelos
engenheiros foram elevadas ressurgências, além de várias depressões de pequena dimen-
são na superfície a jusante da barragem (Figura 2.30).
Durante esta observação, o nível da água encontrava-se no nível máximo no final do in-
verno rigoroso e chuvoso. A vazão incidentalmente registada oriunda das ressurgências e
infiltrações a jusante foi de 163 L/s. Entretanto uma vez acionado o plano de emergência
da barragem, buscou-se rebaixar o nível da albufeira, através do descarregador de fundo,
com uma vazão de 250 L/s. Conforme observa-se na Figura 2.31, após 5 dias a vazão das
33
melhorar
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Figura 2.30: Barragem Tınaztepe, vista do talude de jusante (fonte: ASDSO [33])
Descarga
(450 L/s)
Descarga
Volume de água do reservatório x103(m3)
Volume do
reservatório
Descarga Descarga
Descarga (450 L/s) (450 L/s)
(250 L/s)
Vazão das
infiltrações
0 2 4 6 8 10 12 14 16 (dias)
Figura 2.31: Vazão das infiltrações vs. Rebaixamento da albufeira ao longo do tempo
(fonte: ASDSO [33])
34
2.1. ANOMALIAS ASSOCIADAS A EROSÃO INTERNA
infiltrações atingiu um pico de 212 L/s e de seguida ocorreu uma redução abrupta para
188 L/s, provavelmente por colapsos internos devido ao processo do piping, junto a zona
do conduto do descarregador de fundo, pelo qual observo-se escorregamentos no talude
a jusante, junto a saída do descarregador de fundo, além do aumento dos assentamentos
no talude de jusante com a presença de sinkholes, como o observado nas proximidades do
coroamento da barragem com diâmetros de aproximadamente 7,5 m e profundidade da
ordem dos 4 m (Figura 2.32).
Figura 2.32: Sinkhole no talude de jusante próximo ao coroamento (fonte: ASDSO [33])
35
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Segundo ASDSO [33], numa segunda etapa, realizou-se ensaio de Pinhole, o qual re-
gistou um valor de 34,7%, classificado como dispersivo, realizou-se ensaio de Crumb, o
qual também classificou o solo como dispersivo, por fim realizou-se ensio de Double hy-
drometer o qual indicou um valor intermediário. Esses resultados evidenciam a natureza
dispersiva do material do núcleo argiloso, representando um alto risco para a estabilidade
da barragem de aterro.
Ressalta-se ainda, que os solos empregados em aterros de barragem devem ser sub-
metidos a ensaios para avaliação do potencial de dispersividade, sendo sua utilização
desaconselhada em casos afirmativos. Entretanto, no que se refere a identificação de
anomalias, é relevante observar as feições geológicas dos solos dispersivos normalmente
apresentam algumas manifestações podem fornecer indícios acerca da sua presença. em túneis? ou
que através de
Normalmente os solos dispersivos apresentam o desenvolvimento da erosão de tú- túveis?
neis, em zonas onde ocorre a concentração de fluxos, conforme ilustrado nas Figuras 2.33 (a)
e (b), estes eventos se desenvolve com maior facilidade na ocorrência de chuvas inten-
sas, ou mediante a remoção de camadas superficiais de proteção do solo, favorecendo
desenvolvem-se
o carreamento do material de solo disperso, resultando no aparecimento de cavidades.
Eventualmente, as cavidades se conectam formando um sistema de túneis contínuo no
qual a água fluindo na base do túnel, escava ainda mais as paredes laterais, resultando
em deslizamentos e aumento do tamanho do túnel.
Uma vez que os solo subsolo tenham se dispersado, o desenvolvimento da erosão in-
rever. confuso
e um pouco terna tende a evoluir, a depender da permeabilidade do solo para permitir que o material
repetido do disperso seja carreado através de fissuras e poros no solo. Esse movimento pode pro-
que está antes
mover a conexão dos túneis de erosão, formando um sistema de túneis contínuo no qual
a água fluindo na base do túnel, escava ainda mais as paredes laterais, resultando em
deslizamentos e colapsos do solo conforme ilustrado na Figura 2.33 (c). Em alguns casos
a evolução do processo de erosão pode resultar em ravinas de grande porte, conforme
ilustrado na ilustrado na Figura 2.33 (d).
Os solos dispersivos tendem a erodir com facilidade e devido a este facto nas escava-
ções de taludes podem evidenciar a existência de solos dispersivos, que conforme ilus-
trado nas Figuras 2.33 (e) e (f), podem apresentar sucos de erosão com a presenção de
túneis de erosão.
Uma outra evidência é a presença de sinkholes, conforme ilustrado nas Figuras 2.33 (g)
e (h), onde á possível observar as cavidades destes eventos a se desenvolver no processo
de piping.
36
explicar melhor
2.1. ANOMALIAS ASSOCIADAS A EROSÃO INTERNA
como???
(a) Ocorrência de túneis de erosão devido a dis- (b) Início da erosão do interna causada pela re-
solução do solo dispersivo [34]. moção da camada superficial do solo [34].
(c) Ocorrência de fissuras, escorregamentos e co- (d) Desenvolvimento de erosões de grande porte
lápsos em solos dispersivos [34]. e formação de ravinas [35].
(e) Formação de túneis de erosão e sucos de ero- (f) Ocorrência de sucos de erosão e túneis de ero-
são em taludes de escavação [34]. são em drenagem pluvial [34].
(g) Sinkhole em solos dispersivos [34]. (h) Depressão e ocorrência de sinkholes [35].
2.1.6 Sufusão
percolação
Solos mal graduados e não coesivos, desprovidos da capacidade de retenção das próprias
partículas finas durante a ocorrência de fluxos, são propensos à erosão interna por sufu-
são. Os aluviões, assim como os colúvios em leitos de rios, solos de origem glaciais, ou
mesmo filtros de barragens que possuam distribuição granulométrica mal graduada ou
que apresentem um excesso de finos são alguns exemplos de solos suscetíveis a Sufusão.
A sufusão constitui um processo de erosão interna que envolve a migração seletiva
de partículas finas de um solo cuja distribuição granulométrica não satisfaz as condições
de auto-filtragem. As partículas mais finas são suficientemente pequenas para serem re-
movidas através das constrições entre as partículas maiores e pelo fluxo, deixando para
trás um esqueleto de solo íntegro formado pelas partículas mais grosseiras [36] [37], como
ilustrado na Figura 2.34.
Estes solos, são conhecido com internamente instáveis, pois nestas condições, em que
as tensões efetivas são transferidas para a matriz formada pelas partículas mais grossas,
poderá ocorrer o colapso interno do solo, caso as partículas de maior dimensão não su-
porte as tensões transferidas.
Estágio 1 Estágio 2
Mecanismo de sufusão em
solos suscetíveis
38
2.1. ANOMALIAS ASSOCIADAS A EROSÃO INTERNA
100
90 Areia e Silte Areia Pedregulho
80
70 Fração de finos
% que passa
60
39
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Maciço homogéneo
Superfície do terreno
Tapete drenate
Cavidades
internas
Superfície do terreno
Tapete drenate
Superfície do terreno
Tapete drenate
Rotura do maciço
40
2.1. ANOMALIAS ASSOCIADAS A EROSÃO INTERNA
Estudo de Caso: os casos de erosão interna por sufusão em barragens de aterro não
são frequentes na atualidade, graças aos critérios de filtragem atualmente implementados
na engenharia geotécnica. No entanto, é importante mencionar um incidente ocorrido em
1984 na barragem Brodhead, localizada na Pensilvânia, Estados Unidos.
Conforme relatado no artigo Evaluation and Monitoring of Seepage and Internal Ero-
sion [37], a Barragem PA 463 do Serviço de Conservação do Solo dos Estados Unidos (atu-
almente NRCS) também conhecida como Barragem Leavitt Branch ou Barragem Brodhead,
foi construida em 1976 para o controlo de cheias, com cerca de 259 m de comprimento e
27 m de altura, com uma largura de crista aproximada de 8 m, conforme apresentado na
Figura 2.37.
No que se refere ao projeto original da barragem, esta foi concebida com uma secção
homogénea, os aterros foram construídos a partir de solos silto-arenosos amplamente
graduado, não plástico, contendo cascalhos, seixos e blocos. A barragem foi construida
sobre uma fundação composta por xistos e silte-xistosos. Além disso, foi projetado um
sistema interno de drenagem, o qual abrange um tapete drenante localizado a jusante,
uma trincheira drenante posicionada a dois terços da distância entre a linha central e a
extremidade de jusante. Ambas as estruturas de drenagem interligadas por tubos drenan-
tes, envoltos por manta geotextl, visando conduzir os fluxos provenientes das drenagens
até a extremidade de jusante, conforme ilustrado na Figura 2.38.
Após 16 dias da ocorrência de um evento de amortecimento de cheia extraordinária,
em 4 de maio 1984, registou-se a ocorrência de um sinkhole com cerca de 3,6 m de diâme-
tro e aproximadamente 1 m de profundidade, localizado junto ao PK 4+13, na ombreira
41
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Tapete drenante
Locação de sinkhole
Tubo drenante
42
2.1. ANOMALIAS ASSOCIADAS A EROSÃO INTERNA
3/4"
3/8"
#80
#40
#20
#10
#60
#4
1"
2"
3"
Sedimentação Peneiração 4"
100
Drenos
Percentagem de material passado (%)
90
80
70
60 Maciços estabilizadores
50
40
Finos não plástico Faixa de distribuição
30 granulométrica de partícula
20 de solos grosseiros e de
classificação ampla,
10 suscetíveis a sufusão.
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
Diâmetro das partículas (mm)
Fina Média Gros.
ASTM Argila Silte Cascalho Pedregulho Bloco
Areia
43
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
(a) Wsolo = F água (b) Wsolo < F água (c) Solo instável
Figura 2.42: Ilustração do processo de heave (Adaptado de Civil Engineering RWTH Aa-
chen University [39])
45
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Terzaghi [40], que desenvolveu uma equação para avaliar o ”heave”em cortinas auto-
portantes. A falha por heave geralmente ocorre em uma fundação de solos com baixa
coesão e relativamente permeáveis.
Quando os solos superficiais a jusante de uma barragem é relativamente menos per-
meável, contrastando com os solos subjacentes, de modo a reter a saída dos fluxos, provo-
cando a elevação das tensões efetivas e favorecendo o artesianismo e a ocorrência de fluxo
acedente nesta zona. A medida em que as forças de percolação aumentam e se tornam
maior que a força do peso efetivo e da coesão do solo, o processo de heave se iniciará. Este
fenómeno é frequentemente caracterizada pela presença de sand boils, conforme apresen-
tado na Figura 2.43
Princípio de piping
Modo de falha: de modo semelhante aos casos de erosão interna por carreamento
de partículas em fundações, apresentado no item 2.1.2, a erosão interna associada ao pro-
cesso de heaving ocorrerá, porém este processo se dará em virtude das forças de percolação
acedente a jusante da barragem.
Neste sentido, nas zonas a jusante, nas proximidades da barragem, nos cenários em
que se verifica um contraste de permeabilidade entre o solo superficial e os estratos subja-
centes, é prática comum a implementação de medidas para aliviar as pressões ascenden-
tes resultantes dos fluxos presentes nas camadas mais permeáveis. Tais medidas incluem
a instalação de valas drenantes, poços de alívio, entre outras medidas pertinentes.
Caso as medidas de alívio não sejam implementadas, os fluxos acedentes poderão
provocar o fenómeno de heave, como mostrado na Figura2.44(a).
Conforme ocorre o processo de heaveing, ocorrerá o aparecimento de ressurgência e
sand boil, Tal como ilustrado nas Figuras2.44(b) e (c). Consequentemente, o desenvolvi-
mento do piping se iniciará podendo provocar o aparecimento de fissuras, assentamentos,
sinkholes, ou mesmo a instabilização do talude, como apresentado nas Figuras2.44(e) e (f).
Por fim, caso medidas mitigadoras ou para o saneamento das anomalias sejam tomas,
ocorrerá a rotura da barragem (Figura2.44(g)).
46
2.1. ANOMALIAS ASSOCIADAS A EROSÃO INTERNA
(e) Desenvolvimento
(b) Ressurgência da erosão
(g) Rotura
47
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Barragem
Lateral Esquerda
Loca da intervenção
Figura 2.45: BLE, zona de ocorrência das anomalias (adaptado de Bandeira [42])
LEGENDA
Solo residual de tremolitito
1C – Solo compactado
Tremolitito 3C – Areia compactada
5D – Enrocamento de proteção
6A – Rip-rap
48
2.1. ANOMALIAS ASSOCIADAS A EROSÃO INTERNA
(a) Vista da berma a jusante da BLE [42] (b) Drenos a jusante da berma [42]
permeável (solo residual de tremolitito), permitindo que a água percolace sem maiores
perdas de carga até a fronteira de jusante (aluvião argiloso), resultando num contraste
de permeabilidade elevado, conforme apresentado nos estudos de percolação, conforme
apresentado na Figura 2.48, o contraste de permeabilidade entre o aluvião argilo-siltoso
superior eo solo residual de tremolitito subjacente, teria que ser de aproximadamente 100
vezes.
89
90
91.5
91
49
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Argila
Marga Marga
Depósito
de vertente
Argila
Substrato
Argila
Estrada Estrada
(a) (b)
50
2.2. ANOMALIAS ASSOCIADAS AO MOVIMENTO DE GRANDES MASSAS
Causas Descrição
Externas São devidas a ações externas que alteram o estado de tensão atuante
sobre o maciço. Esta alteração resulta num acréscimo das tensões
de corte, que, igualando ou superando a resistência intrínseca do
solo, leva o maciço à condição de rotura, por exemplo, aumento da
inclinação do talude, deposição de material ao longo da crista do
talude, efeitos sísmicos.
Internas São aquelas que atuam reduzindo a resistência ao corte do solo
constituinte do talude, sem ferir o aspeto geométrico visível, po-
dendo ser: aumento de pressão na água intersticial; decréscimo da
coesão.
Intermediárias Efeitos da água subterrânea, efeitos de resfriamento, intemperismo
das rochas, mudanças na cobertura vegetal dos taludes.
51
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
52
2.2. ANOMALIAS ASSOCIADAS AO MOVIMENTO DE GRANDES MASSAS
Modo de Falha: à medida que ocorre o alteamento dos aterros, é crucial prestar es-
pecial atenção à zona vedante no núcleo (Figura 2.52(a)). Como previamente mencionado,
o excesso de pressão intersticial tende a desenvolver-se nas zonas de menor permeabili-
dade da fundação do aterro, podendo manifestar-se tanto na zona a montante quanto na
de jusante da barragem.
Conforme ilustrado na Figura 2.52(b), se o alteamento dos aterros ”saturados”ocorrer
de forma relativamente rápida, poderá surgir fissuras na superfície da zona vedante. Es-
tas fissuras tenderão aumentar à medida que os alteamentos dos aterros progridem e as
pressões nas zonas inferiores são acrescentadas (Figura 2.52(c)).
Por fim, a rotura ocorrerá caso as condições de drenagem não favoreçam a redução
das pressões intersticiais (Figura 2.52(d)).
(a) (b)
Fissuras Rotura
Cunha de rotura
(c) (d)
53
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Descarregador
de cheias
Casa de
força
Barragem Tomada de
do Açu água
arenosos (IC) situados no leito do rio, caracterizados por granulometria média a grossa.
O material rochoso foi extraído de uma pedreira de granito localizada na margem es-
querda.
54
2.2. ANOMALIAS ASSOCIADAS AO MOVIMENTO DE GRANDES MASSAS
(a) Vista geral e cortina corta águas a montante (b) Pormenor da escavação da cortina corta águas
55
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
56
2.2. ANOMALIAS ASSOCIADAS AO MOVIMENTO DE GRANDES MASSAS
O esvaziamento rápido da albufeira pode representar uma condição de carga crítica que
afeta a estabilidade do talude de montante das barragens de aterro e encostas adjacentes,
devido a diminuição da pressão hidrostática estabilizadora da albufeira e variações de
pressão intersticial no corpo do solo.
Durante a fase de exploração, normalmente são estabelecidos os caminhos de perco-
lação nas barragens e encostas adjacentes, contudo, se o nível da albufeira for reduzido
subitamente ou de forma rápida, de modo que a linha de saturação venha a permanecer
relativamente mais elevada que o nível da albufeira, devido o tempo de drenagem do solo
saturado, associada a redução do efeito estabilizador da água nos taludes a montante.
Netas condições a instabilidade do talude poderá surgir à medida que as tensões to-
tais devido a impulsão da água sob a face de montante, provocará o desequilíbrio das
forças atuantes e a ocorrência da pressão intersticial, associado ao peso próprio do solo,
favorecendo a ocorrência das tensões de corte na zona da cunha de rotura no interior do
solo, conforme ilustrado na Figura 2.59 [48][45].
Linha de saturação
Linha de Excesso de
NA inicial saturação Peso do solo pressão intersticial
Cunha de rotura
Δh
NA final
Solo saturado
Solo saturado
Pressão
Condição inicial hidrostática Esvaziamento rápido
57
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Superfície de
Linha de saturação escorregamento Linha de saturação
Nível de Pleno
Armazenamento (NPA) Projeção do NPA
Esvaziamento rápido
(a) (b)
Linha de saturação
Escorregamento
parcial Colapso total da barragem
Elevação do NA.
Esvaziamento
rápido
(c) (d)
58
2.2. ANOMALIAS ASSOCIADAS AO MOVIMENTO DE GRANDES MASSAS
Figura 2.61: Barragem Walter Bouldin, vista de jusante, antes e depois da rotura [49]
Canal de Dique
adução
Figura 2.62: Barragem Walter Bouldin, arranjo geral da casa de força e diques [49]
59
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Local da brecha
Fluxo
Cortina de
Grouting
Aterro compactado
60
2.2. ANOMALIAS ASSOCIADAS AO MOVIMENTO DE GRANDES MASSAS
Cascalho Argilo-Arenoso
22,0 0 0
Distância (pés)
Distância (pés)
61
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
(a)
(b) (c)
62
2.2. ANOMALIAS ASSOCIADAS AO MOVIMENTO DE GRANDES MASSAS
Modo de falha: como exemplificado na Figura 2.68(a), quando uma barragem opera
conforme o esperado, com o sistema de drenagem funcionando adequadamente e a linha
freática seguindo um padrão que conduz os fluxos através do sistema de drenagem, o
fator de segurança permanece elevado (Fs = 1,44). No entanto, caso ocorram problemas no
sistema de drenagem, resultando em uma elevação da linha freática, o fator de segurança
é reduzido (Fs = 0,98), conforme ilustrado na Figura 2.68(b).
1,452
0,980
Estudo de caso: faz-se referencia ao caso da barragem Santa Branca, cujos parâme-
tros serviam para a análise de estabilidade apresentada na Figura 2.68. Trata-se de uma
barragem de secção homogénea construida no rio Paraíba do Sul, município de Jacareí, no
estado de São Paulo, construida em 1962 para geração hidroelétrica (Figura 2.70) [8][11].
A barragem possui 320 m de comprimento e altura de 55 m, com taludes de montante
e jusante variados. O sistema de drenagem interna da barragem consiste em um filtro
vertical de areia conectado a um tapete drenante de espessura variável, composto por
areia compactada. Nas zonas dos encontros, situadas acima da curva de nível de 580 m,
o tapete drenante é descontinuado. A capacidade do tapete drenante de areia é reforçada
por um conjunto de tubos de ferro, com diâmetro variando entre 200 e 250 mm, os quais
conduzem as águas coletadas até o pé de jusante da barragem, conforme ilustrado na
Figura 2.70.
O sistema de drenagem é complementado por 71 poços de alívio, os quais possuem
diâmetro de 100 mm e alcançam uma profundidade de 6 m, sendo perfurados na rocha
decomposta da fundação. Estes poços estão alinhados com o filtro vertical, ao longo da
extensão longitudinal correspondente ao dreno horizontal. Contudo, a cortina de poços
63
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Descarregador Tomada
de cheias de água
Casa de força
Subestação Barragem
Santa Branca
Figura 2.69: Arranjo geral da UHE Santa Branca (Google Earth 29/01/2024)
Solo compactado
Filtro vertical
Solo compactado
Poço drenante
Poços de alívio Rocha decomposta
Cortina de injeção 0 20 40
64
2.2. ANOMALIAS ASSOCIADAS AO MOVIMENTO DE GRANDES MASSAS
Linha de saturação
admitida no cálculo
Filtro de
Filtro de areia
areia
Drenagem interna
inoperante
Rocha decomposta
0 10 20 30
65
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Figura 2.72: Exemplo de anomalias associadas a instabilidade nos maciços [53] [54]
Modo de falha: No que se refere a ocorreria de solos moles, com baixa resistência
ao corte e baixa coesão, caso a barragem não seja devidamente projetada para distribuir
as cargas sob esta fundação, o colapso pode ocorrer devido o estado limite do solo ser
atingido.
66
2.2. ANOMALIAS ASSOCIADAS AO MOVIMENTO DE GRANDES MASSAS
Figura 2.73: Barragem Trieu Thuong 2 - Implantação (fonte Google Eath 2024)
3,0 12,6
10,8
1a
Filtro
1b
2a 2d 2
2b 6
0 10 20 m
• (1b) - Silte misturado com areia e cascalho fino, cor castanha-avermelhada a amarelo-
acastanhada;
• (2) - Argila misturada com areia e matéria orgânica. Encontra-se num estado líquido-
plástico, com alta compressibilidade e uma cor cinza escura;
• (2a) - Argila misturada com limo e areia, num estado sólido-plástico, com compres-
sibilidade média e uma cor de cinza a amarelo-acinzentada;
• (2b) - Areia fina misturada com silte argiloso. Tem uma estrutura solta, um estado
poroso e uma cor de cinza a amarelo-acinzentada;
67
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
• (2d) - Argila com alta plasticidade, de cor cinza-escuro a preto, e contém muitos
detritos de madeira em decomposição. O solo tem uma estrutura pobre, maleável,
saturado de água, e é de origem aluvial.
1a Filtro
5,5
1b 2,3
2a 2d 2
2b 6
0 10 20 m
Figura 2.75: Barragem Trieu Thuong 2 - Secção após alargamento da crista (adaptado de
Vu [55])
68
2.2. ANOMALIAS ASSOCIADAS AO MOVIMENTO DE GRANDES MASSAS
(0,6 – 0,8 m)
(a) (b)
(0,8 – 1,2 m)
(c)
elevação +2,0 m até a elevação +10,0 m. A área de deslizamento totalizou cerca de 2000
m2, conforme ilustrado na Figura2.76c.
𝛾sat 𝑘 Coesão 𝜑 E
Material
( 𝒌𝑵
𝒎3
) ( 𝒎𝒔 ) ( 𝒌𝑵
𝒎2
) ◦
( ) ( 𝒌𝑵
𝒎2
)
69
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
(a) (b)
(a) (b)
FS (3) = 1,01
(c)
Como pode ser observado, para o Caso 1, o qual representa a condição da barragem
antes da execução do aterro, o valor do FS é de 1,05 (Figura 2.78a). Verifica-se que antes
das intervenções realizada na barragem o Fator de Segurança já era baixo, provavelmente
devido os solos com baixa resistência e alta deformabilidade aprestado pelo material 2.
Entretanto com a execução do aterro para o alargamento do coroamento, (Caso 2)
verificou-se inicialmente uma leve melhora no fator de segurança (FS = 1,06), conforme
apresentado na Figura 2.78(a).
70
2.2. ANOMALIAS ASSOCIADAS AO MOVIMENTO DE GRANDES MASSAS
Argila
amarela
(a) (b)
71
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Rocha Secção 2
Fissuras
Fissuras longitudinais
Planta Planta
(a) (b)
72
2.2. ANOMALIAS ASSOCIADAS AO MOVIMENTO DE GRANDES MASSAS
a Figura 2.81(b) mostra outro exemplo em que a zona central da barragem se apresenta
mais rígida do que as zonas laterais, e as fissuras tendem a aparecer na zona central da
barragem.
Assentamentos Assentamentos
no coroamento Fissuras no coroamento
Aterro
Fissuras
Rocha
Aterro Aluvião
Secção longitudinal compactado
Secção longitudinal
Fissuras
Fissuras
Planta Planta
(a) (b)
Barragem
Beliche
Descarregador
de cheias
Figura 2.82: Arranjo geral da barragem Beliche (fonte: Google Earth 2024)
73
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Conforme ilustrado na Figura 2.83, o núcleo da barragem está assente sobre rocha-mãe
composta por xistos moderadamente intemperizados. Foram construídas encadeiraras
de a montante e a jusante para permitir que o trabalho na área do núcleo fosse realizado
a seco. A encadeirara de montante dispõem de uma parede moldada corta águas que
interseta o aluvião. No que se refere aos tratamentos de fundação, realizou-se injeção de
calda de cimento na região de contacto do núcleo, além de uma cortina de injeção de calda
de cimento com penetração até uma profundidade máxima de 20 m [66].
LEGENDA
(1) - TRANSIÇÃO
(2) - ENROCAMENTO
55,0 (3) - NÚCLEO ARGILOSO
NPA: 52,0 (4) - FUNDAÇÃO ALUVIONAR
(5) - FILTROS
(6) - PAREDE MOLDADA
CORTA ÁGUAS
5 5
3 1
20,0
2 1 1 2
3
0,0 4
2 1 4
6 0 20 40 60 80 100 m
74
2.2. ANOMALIAS ASSOCIADAS AO MOVIMENTO DE GRANDES MASSAS
Figura 2.84: Barragem Beliche - Fendas longitudinais junto à guarda de montante [60]
No que se refere aos relatos de anomalias, no que diz respeito a perda da folga, evi-
dentemente as deformações, assentamentos e fissuras são as principais registadas em bar-
ragens de aterro, contudo, o aparecimento de fissuras longitudinais é mais frequente em
barragens de secção mista, devido o contraste nas deformações dos materiais dos maciços,
filtros e núcleo, como o caso ocorrido na barragem Emborcação no Brasil.
Durante o processo de enchimento do reservatório, foi observada a ocorrência inicial
de fissuras longitudinais ao longo do coroamento, quando o nível da água se situava apro-
ximadamente a 60 metros abaixo do nível normal. Num primeiro momento, identificou-se
uma fissura na zona de transição a jusante do núcleo, com uma extensão de cerca de 130
metros, uma profundidade de 0,6 metros e uma abertura de aproximadamente 7 milíme-
tros. Cerca de uma semana após este evento, surgiram trincas longitudinais dispersas na
região do núcleo, com comprimentos não excedendo os 50 metros e uma abertura má-
xima de 5 centímetros. Tentativas de mitigação foram realizadas através do revestimento
das fissuras com pavimentação asfáltica, no entanto, estas reapareceram em dimensões
superiores logo após [11][8].
Refere-se ainda o caso da barragem Buffalo, localizada no Rio Buffalo, no Nordeste de
Victoria, Austrália, construída em 1965. Trata-se de uma barragem composta dua secções
tipo, homogénea e secção mista, separadas por um vertedouro constituído por uma ogiva
de concreto com três comportas de elevação vertical. O aterro do encontro esquerdo (prin-
cipal) possui um núcleo central de argila zonada e enrocamento, com 120 m de compri-
mento e altura máxima de cerca de 33 m. O aterro do encontro direito (secundário) é uma
secção homogénea de aterro de terra com proteção de enrocamento a montante, com 490
75
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
2B
2A 2B 2A
1 3
1 6
Fissura Longitudinal
7
Transição Grosseira
Enrocamento Compactado - 0,6 m Filtro de Areia
Enrocamento Compactado - 1,2 m Núcleo Impermeável
Enrocamento Compactado - 0,9 m Material Impermeável
Blocos de Rocha Transição de Jusante
Transição de Montante Transição Fina
Transição Fina Transição Grosseira
Figura 2.85: Barragem Emborcação, secção tipo e fissuras (adaptado de Cruz [11][8])
Figura 2.86: Arranjo geral da barragem Buffalo (fonte: Google Earth 07/04/2024)
76
2.2. ANOMALIAS ASSOCIADAS AO MOVIMENTO DE GRANDES MASSAS
Fissura transversal
Fissura diagonal
Berma
Fissura longitudinal
Fissura diagonal Zona de movimento com
aproximadamente 11 m
Fissura longitudinal de profundidade
Enrocamento
não compactado
Núcleo
Enrocamento
não compactado
Parede do descarregador
77
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
A fraturação hidráulica é geralmente descrita como o processo pelo qual fissuras são in-
duzidas em solos ou rochas e posteriormente propagadas pela pressão da água [68]. A
ocorrência de fraturação hidráulica numa barragem de aterro pode sugerir dois cenários
distintos, durante o enchimento e esvaziamento (causado pelo alívio de tensões devido
a assentamentos diferenciais) ou por excesso de pressões (induzido pelo reservatório em
zonas mal compactadas ou por equipamentos mecânicos) [69].
78
2.2. ANOMALIAS ASSOCIADAS AO MOVIMENTO DE GRANDES MASSAS
íngremes e/ou apresentam degraus no perfil, como ilustrado na Figura 2.90, ocorrem as-
sentamentos diferenciais devido às variações na altura do aterro, os quais podem levar à
formação de zonas de tração ou baixa tensão, propícias ao surgimento de fissuras [23].
Encontro Encontro
íngreme Provável ocorrência de fissuras íngreme
Provável
ocorrência
de fissuras
Figura 2.90: Situações em que o recalque diferencial entre vales pode levar a fissuras ou
deformações laterais e zonas de baixa tensão sujeitas a fraturação hidráulica. (adaptado
de Fell [23])
As Figuras 2.91 e 2.92 apresentam exemplos das tensões calculadas para secções de
vale sem e com berma no perfil de base na fundação. São também apresentados os deslo-
camentos laterais (como uma proporção da altura do aterro) que causam as zonas de baixa
tensão. Deve ser salientado que as magnitudes das tensões de tração não são modeladas
com precisão, mas a extensão das baixas tensões é uma representação razoável [23].
Figura 2.91: Fraturação hidráulica - Vale com secção íngreme. (adaptado de Fell [23])
Se o vale onde a barragem está construída for estreito e íngreme, pode ocorrer arque-
amento transversal do vale, levando à transferência das tensões verticais para os lados
do vale, o que pode resultar em fratura hidráulica. Fell [23] sugerem que o arqueamento
transversal do vale é mais provável se a largura da base do vale for inferior a um quarto
79
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Figura 2.92: Fraturação hidráulica - Vale com secção íngreme com berma. (adaptado de
Fell [23])
da altura da barragem e os lados do vale forem mais íngremes do que cerca de 60 graus.
É improvável que seja um problema se a largura da base do vale for maior do que três
quartos da altura da barragem e os lados do vale forem mais planos do que 45 graus. A
Figura 2.93b mostra os resultados da modelagem numérica transversal do vale da bar-
ragem Mud Mountain, com 120 m de altura, que sofreu erosão interna devido à fratura
hidráulica, resultando em zonas soltas e moles, como mostrado na Figura 2.93a. A mode-
lagem estima tensões principais menores muito inferiores às tensões calculadas a partir
da profundidade de preenchimento e inferiores às tensões efetivas que se desenvolvem
à medida que o reservatório é preenchido, prevendo-se assim a ocorrência de fratura hi-
dráulica, consistente com o comportamento de campo.
Figura 2.93: Secção do vale da barragem Mud Mountain mostrando zonas soltas, moles e
de baixa tensão. (adaptado de Fell [23])
80
2.2. ANOMALIAS ASSOCIADAS AO MOVIMENTO DE GRANDES MASSAS
Barragem Wister
NA antes
da rotura Berma de
Berma de
Solo argiloso jusante
montante
Figura 2.95: Barragem Wister, secção típica e locação da zona de fraturação / piping
(adaptado de Sherard [70])
Principais anomalias: em janeiro de 1949, uma grande tempestade fez com que o
nível da albufeira subisse rapidamente pela primeira vez, atingindo uma profundidade
máxima de cerca de 18 m em 28 de janeiro de 1949. Posteriormente, com as comportas
do descarregador de fundo abertas, o nível da água do reservatório começou a baixar
81
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
Figura 2.96: Barragem Wister, secção típica e locação da zona de fraturação / piping
(adaptado de Bureau [18])
82
2.2. ANOMALIAS ASSOCIADAS AO MOVIMENTO DE GRANDES MASSAS
Arqueamento devido
a secção fechada no
Escala vertical
leito do rio
Fundação
Ocorrência de aluvionar Superfície do
piping topo rochoso
Leito do rio
Assentamento máximo medido
(~25 cm)
zonas com baixas tensões em especial as tensões efetivas menores evitando a ocorrência
de fraturação hidráulica.
No que concerne ao registos de anomalias no caso de fraturação hidráulica, verifica-
se que a presença de assentamentos, fissuras e ressurgências podem ser registadas. No
entanto, durante as fases de projeto e construção da barragem, devem ser adotados cuida-
dos especiais para evitar a formação de zonas com características propensas à ocorrência
de fraturação hidráulica.
Nesse sentido, é crucial evitar a criação de zonas com declives muito íngremes, vales
estreitos, degraus e protuberâncias. Essas características topográficas podem gerar con-
trastes nas deformações dos aterros e favorecer a formação de áreas com baixas tensões,
especialmente tensões efetivas menores, aumentando assim o risco de fraturação hidráu-
lica.
2.2.7 Liquefação
Modo de falha:
Estudo de caso:
Principais anomalias:
Estudo de caso:
Principais anomalias:
83
CAPÍTULO 2. SEGURANÇA HIDRÁULICO-ESTRUTURAL
84
3
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE NOVAS
TECNOLOGIAS APLICADAS NA DETEÇÃO DE
ANOMALIAS EM BARRAGENS DE ATERRO
This Chapter aims at exemplifying how to do common stuff with LATEX. We also show
some stuff which is not that common! ;)
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4
MODELAÇÃO ESPACIAL APLICADA NA DETEÇÃO
DE ANOMALIAS EM BARRAGENS DE ATERRO
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5
ANÁLISE TERMOGRÁFICA APLICADA NA DETEÇÃO
DE ANOMALIAS EM BARRAGENS DE ATERRO
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6
MODELAÇÃO MAGNÉTICA APLICADA NA DETEÇÃO
DE ANOMALIAS EM BARRAGENS DE ATERRO
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7
AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA DE BARRAGENS DE
ATERRO ATRAVÉS DA MITEM
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8
CONCLUSÕES
90
BIBLIOGRAFIA
[1] Brasil. «Politica nacional de segurança de barragens, lei nº 12.334». Em: Diário Oficial
da União 1 (2010) (ver p. 1).
[2] C. B. de Grandes Barragens (CBDB). «Guia básico de segurança de barragens». Em:
São Paulo, SP (2001) (ver p. 2).
[3] Portugal. «Regulamento de segurança de barragens». Em: Diário da Republica (2018)
(ver pp. 2, 62).
[4] A. C. Quintela et al. Curso de exploração e segurança de barragens. Agência Portuguesa
do Ambiente, 2001 (ver pp. 2, 51).
[5] I. C. o. L. D. ICOLD. Bulletin 99: Dam Failures-Statistical Analysis. 1995 (ver p. 3).
[6] I. C. o. L. D. ICOLD. Bulletin 99 update: Dam Failures–Statistical Analysis. 2019 (ver
pp. 3, 11).
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Department of the Interior e State Of Idaho, 1976 (ver p. 5).
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dentes em barragens e obras anexas no Brasil. 2021 (ver pp. 5, 14–16, 28–30, 53, 54, 56,
57, 63, 75, 76).
[9] C. E. Anderson. Reexamination of the Requirements to Detect the Failure Wave Velocity
in SiC Using Penetration Experiments. Rel. téc. 2004. DOI: 10.1063/1.1780336 (ver
p. 5).
[10] C. I. de Assoreamento Extraordinário de Apuração. Sumário executivo do relatório da
investigação sobre o rompimento da Barragem 1 da mina do Córrego do Feijão. Rel. téc.
CIAEA, 2020 (ver p. 5).
[11] P. T. d. Cruz. «100 barragens brasileiras: casos históricos, materiais de construção,
projeto». Em: (1996) (ver pp. 9, 10, 63–65, 75, 76).
[12] L. M. M. S. Caldeira. Análise de risco em geotecnica, aplicação a barragens de aterro. Rel.
téc. Lisboa: Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), 2008 (ver p. 10).
91
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92
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93
BIBLIOGRAFIA
94
BIBLIOGRAFIA
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mento estrutural de barragens de aterro». Em: Geotecnia 152 (2021), pp. 309–317.
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(ver p. 73).
[64] A. V. PINTO e M. J. HENRIQUES. «CONTRIBUTION OF GEODETIC POSITIO-
NING TO PREVENTING INCIDENTS IN FILL WORKS AND MITIGATION OF
THEIR EFFECTS». Em: 13th FIG Symposium on Deformation Measurement and Analy-
sis and 4th IAG Symposium on Geodesy for Geotechnical and Structural Engineering (2008).
URL: https://www.researchgate.net/publication/237541503_CONTRIBUTION_
OF_GEODETIC_POSITIONING_TO_PREVENTING_INCIDENTS_IN_FILL_WORKS_AND_
MITIGATION_OF_THEIR_EFFECTS (ver p. 73).
[65] D. Naylor et al. «A back-analysis of Beliche Dam». Em: Geotechnique 47.2 (1997),
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[66] D. Naylor et al. «Prediction of construction performance of Beliche dam». Em: Ge-
otechnique 36.3 (1986), pp. 359–376. URL: https://www.icevirtuallibrary.com/
doi/abs/10.1680/geot.1986.36.3.359 (ver pp. 73, 74).
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ment dams». Em: Computers and Geotechnics 132 (2021), p. 104028. DOI: https : / /
doi.org/10.1016/j.compgeo.2021.104028. URL: https://www.sciencedirect.
com/science/article/pii/S0266352X21000318#b0260 (ver pp. 76, 77).
[68] H. F. Carneiro. «Erosões internas no aterro da barragem Granjeiro: estudo de caso».
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[69] P. Talukdar e A. Dey. «Finite element analysis for identifying locations of cracking
and hydraulic fracturing in homogeneous earthen dams». Em: International Journal
of Geo-Engineering 12 (2021), pp. 1–26. URL: https://link.springer.com/article/
10.1186/s40703-020-00139-8 (ver p. 78).
[70] J. L. Sherard. «Hydraulic fracturing in embankment dams». Em: Journal of Geote-
chnical Engineering 112.10 (1986), pp. 905–927. DOI: https : / / doi . org / 10 . 1061
/(ASCE)0733-9410(1986)112:10(905) (ver pp. 78, 81–83).
[71] D. Q. Tran et al. «Risk of embankment dam failure from viewpoint of hydraulic
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[1] J. M. Lourenço. The NOVAthesis LATEX Template User’s Manual. NOVA University Lisbon. 2021. URL: https://github.com/joaomlourenco/novathesis/raw/master/template.pdf(ver p. 96).
96