Curso EAD de Biologia Celular
Curso EAD de Biologia Celular
Continuada a Distância
Curso de
BIOLOGIA CELULAR
Aluno:
MÓDULO I
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mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos nas Referências Bibliográficas.
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SUMÁRIO
MÓDULO I
1. Origem e Evolução da Célula
2. Como teriam surgido as células eucariontes?
3. A invenção do Microscópio e a Descoberta da Célula
3.1 Microscópio Óptico ou Microscópio de Luz
4. Vírus
4.1 A capa externa de um vírus pode ser um capsídeo proteico ou um envelope de
membrana
5. Tipos de Células
5.1 Células Procariontes
5.1.1 As células procariontes são estruturalmente simples e bioquimicamente
multiformes
5.2 Células Eucariontes
5.2.1 Citoplasma
5.2.2 Membrana Plasmática
5.2.3 Mitocôndrias
5.2.4 Retículo Endoplasmático
5.2.5 Aparelho de Golgi
5.2.6 Lisossomos
5.2.7 Peroxissomos
5.2.8 Citoesqueleto
5.2.9 Centríolos
5.2.10 Plastídios
5.3 Diferenças entre as células eucarióticas vegetais e animais
6 Núcleo
6.1 Cromatina
6.2 Nucléolo
6.3 Retículo Nucleoplasmático
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MÓDULO II
7. Bases Macromoleculares da Constituição Celular
7.1 Componentes químicos da célula
7.2 As células utilizam quatro tipos básicos de pequenas moléculas
7.3 Os açúcares são moléculas de alimento da célula
7.4 Ácidos Graxos são componentes das membranas celulares
7.5 Aminoácidos constituem as subunidades de proteínas
7.6 Nucleotídeos são as subunidades do DNA e do RNA
7.7 Ácidos Nucleicos
7.8 DNA: Ácido Desoxirribonucleico
7.9 RNA: Ácido Ribonucleico
7.9.1 RNA de transferência
MÓDULO III
8. Divisão, controle e morte celular
8.1 Cromossomos
8.2 Divisão Celular
8.2.1 Interfase ou Fase S
8.3 Mitose
8.3.1 Prófase
8.3.2 Metáfase
8.3.3 Anáfase
8.3.4 Telófase
8.4 Citocinese
8.4.1 Citocinese em célula animal
8.4.2 Citocinese em célula vegetal
8.5 Controle do ciclo celular
8.6 Regulação do ciclo celular
8.7 Meiose
8.7.1 Meiose I ou divisão reducional
8.7.2 Meiose II
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8.8 Meiose e fecundação como fontes de variabilidade
8.9 Meiose e recombinação genética
9. Morte celular
10. Câncer
11. Apoptose
12. Necrose
MÓDULO IV
13. Diversidade e diferenciação celular
14. Embriogênese
15. Células-tronco
15.1 Células-tronco e a Medicina
16. Diferenciação celular
16.1 Controle da diferenciação celular
17. Tecidos
17.1 Tecido Epitelial
17.2 Tecido Muscular
17.3 Tecido Conjuntivo
17.4 Tecido Nervoso
17.4.1 Atuação dos neurotransmissores
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MÓDULO I
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1) A enorme extensão do planeta, com uma ampla variedade de
ambientes heterogêneos, onde provavelmente surgiram moléculas que
permaneceram próximas umas às outras e, provavelmente, distintas estruturalmente
em relação às existentes em outros locais;
2) O longo período em que ocorreu a síntese prebiótica no caldo
primordial, estimado em mais de 2 bilhões de anos;
3) O fato de não existir oxigênio na atmosfera, o que fez com que as
moléculas recém-formadas não fossem imediatamente destruídas pela oxidação.
Figura 1: Aparelho criado por Stanley L. Miller para demonstrar a síntese de moléculas
orgânicas, sem a participação de seres vivos (síntese prebiótica), nas condições da atmosfera
terrestre há cerca de 4 bilhões de anos. O aparelho continha vapor d’água proveniente do balão
inferior (A). Pela torneira superior esquerda (B) introduziam-se na coluna metano, amônia, hidrogênio
e gás carbônico. Ao passar pelo balão superior direito (C), a mistura era submetida a centelhas
elétricas. A mistura tornava-se líquida no condensador (D) e era recolhida pela torneira inferior (E).
Observou-se que esse líquido continha diversas moléculas de compostos de carbono (orgânicas),
inclusive aminoácidos.
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Levando em consideração as características atuais da atmosfera, com
elevada concentração de oxigênio, seria impossível a síntese prebiótica acontecer. É
provável que no caldo primordial tenha surgido polímeros de aminoácidos e de
nucleotídeos, tendo assim se formado as primeiras moléculas de ácidos nucleicos e
de proteínas. Todavia, somente os ácidos nucleicos possuem a capacidade de se
duplicar, o que juntamente com as recentes demonstrações em laboratório, de que
as moléculas de RNA simples estruturalmente são capazes de originar moléculas
mais complexas, sem qualquer auxílio de proteínas enzimáticas, nos faz pensar que
o processo de evolução das moléculas mais complexas iniciou com moléculas de
RNA.
Uma vez surgidas as moléculas de RNA com capacidade de se
multiplicarem e de evoluir, o caminho para o surgimento das primeiras células estava
traçado. Porém, era muito importante que este sistema capaz de se autoduplicar
ficasse isolado, evitando que as moléculas se dispersassem no líquido prebiótico.
Assim, acredita-se que moléculas de fosfolipídios tenham surgido ao acaso,
espontaneamente, e que passaram a constituir as primeiras bicamadas
fosfolipídicas, passando estas então a envolver um conjunto de moléculas de RNA
(ácido ribonucleico), nucleotídeos, proteínas e outras moléculas. Nascia assim a
primeira célula, com sua membrana fosfolipídica.
Caracteristicamente os fosfolipídios são moléculas alongadas, com uma
extremidade hidrofílica e duas cadeias hidrofóbicas. Uma vez dissolvidos em água,
estas moléculas se prendem por interação hidrofóbica de suas cadeias e acabam
constituindo bicamadas espontaneamente, sem necessidade de energia.
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Os dados atualmente disponíveis permitem supor que, após o surgimento do
RNA (ácido ribonucleico), provavelmente deva ter surgido o DNA (ácido
desoxirribonucleico, originado a partir da polimerização de nucleotídeos sobre um
molde de RNA, e a partir de então, estes dois ácidos nucleicos passaram a
determinar quais os tipos de proteínas a serem sintetizadas. Considerando que
existe uma grande variedade de proteínas celulares, formadas pela combinação de
20 aminoácidos diferentes, acredita-se que seja pouco provável que todas estas
proteínas tenham se originado por acaso. A síntese de proteínas deve ter sido
dirigida pelo RNA e DNA, sendo eliminadas ao longo da evolução aquelas proteínas
consideradas “inúteis”.
Com as evidências que atualmente existem, é realmente provável que a
primeira célula tenha apresentado uma estrutura simples, sendo provavelmente uma
procarionte heterotrófica, e, também, que antes do surgimento desta célula
precedeu-se a formação de agregados de RNA, DNA e proteínas, envoltos por uma
camada dupla de fosfolipídios. O processo evolutivo continuou com estes agregados
originados pelas moléculas de ácido ribonucleico (RNA), dando origem às primeiras
células, que por sua vez devem ter sido procariontes estruturalmente simples.
Uma vez que estas células não possuíam a capacidade de sintetizar seu
próprio alimento (heterotróficas), o processo evolutivo sofreu uma interrupção devido
ao esgotamento de compostos de carbono formados pelo processo prebiótico, nos
locais onde as células primordiais surgiram. Outro aspecto interessante é que estas
células, além de serem heterotróficas e procariontes, eram também anaeróbias, uma
vez que na atmosfera não existia oxigênio. Teria sido muito complicado sustentar o
processo evolutivo destas células primitivas se elas permanecessem dependendo
das moléculas energéticas formadas no caldo primordial, para a sua nutrição.
Foi então que o surgimento das células autotróficas, capazes de sintetizar
seu próprio alimento, proporcionou a manutenção da vida na Terra. Estas células
autotróficas eram capazes de sintetizar moléculas mais complexas a partir de
substâncias muito simples e da energia solar. Dessa forma, se aceita que deva ter
surgido nas células procariontes um sistema com capacidade de utilizar a energia
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solar, armazenando-a em ligações químicas, sintetizando alimento e liberando
oxigênio.
Esse novo tipo de célula seria muito semelhante às cianofíceas ou “algas
azuis”, que são bactérias ainda hoje viventes. Dessa forma, teve início um dos
processos mais importantes da natureza, a fotossíntese, que ocorreu devido ao
aparecimento de certos pigmentos, nas células, como a clorofila, capaz de captar as
radiações azul e vermelha da luz do Sol, utilizando essa energia para a ativação de
processos de síntese.
Com o surgimento das células autotróficas
foram ocorrendo também mudanças na atmosfera, já
que o aumento da concentração de oxigênio liberado
pela fotossíntese intensificou-se. As moléculas de
oxigênio (O2) acabaram se difundindo para as partes
mais elevadas da atmosfera, onde, sob ação da
radiação ultravioleta, romperam-se originando átomos
de oxigênio.
Alguns desses átomos recombinaram-se e
constituíram moléculas de ozônio (O3), que possuem
grande capacidade de retenção de radiação
ultravioleta. Assim, de maneira contínua, originou-se
uma camada de ozônio, transparente aos
comprimentos de onda visíveis, mas protege a
superfície do planeta contra a radiação ultravioleta.
Sem dúvida, o início da fotossíntese e as grandes alterações da atmosfera
contribuíram marcadamente para o processo evolutivo das células e de todas as
formas de vida existentes no planeta. Somente com o surgimento da fotossíntese,
ocorreu o aparecimento do oxigênio na atmosfera e dessa forma verificou-se o
surgimento de células aeróbias, ao mesmo passo que se observou o surgimento da
camada protetora de ozônio. As bactérias anaeróbias restringiram-se a nichos
especiais, caracterizados pela ausência de oxigênio.
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O próximo passo do processo evolutivo, após o aparecimento das células
procariontes autotróficas, foi o surgimento das células eucariontes. Existem fortes
indicativos de que as células eucariontes, caracteristicamente apresentando um
elaborado sistema de membranas, originaram-se a partir de procariontes, por
invaginações da membrana plasmática, provavelmente puxadas por proteínas
contráteis existentes no citoplasma (Fig. 2).
Uma forte evidência dessa hipótese é de que as membranas intracelulares
apresentam uma assimetria similar à observada na membrana plasmática. A face da
membrana plasmática voltada para o citosol assemelha-se à sua equivalente nas
membranas intracelulares, sendo o mesmo observado com a face externa da
membrana plasmática, que se assemelha com a face voltada para o interior dos
compartimentos intracelulares.
Observa-se que foi de fundamental importância para a evolução das células
eucariontes o processo de interiorização da membrana, processo tal que originou
uma série de compartimentos intracelulares, como os lisossomos, complexo de
Golgi, retículo endoplasmático que podem ser considerados microrregiões, com
composição enzimática típica e funcionalidade específica. Os processos celulares
tornaram-se mais eficientes diante desta separação molecular e funcional.
Sugestivas evidências apontam para o fato de que
organelas responsáveis por processos ligados às
transformações energéticas, como as mitocôndrias e os
cloroplastos, surgiram a partir de bactérias que foram
fagocitadas, de alguma maneira escaparam da digestão
intracelular, e se estabeleceram como endossimbiontes
nestas células eucariontes hospedeiras, constituindo um
relacionamento benéfico e que com o passar dos anos
acabou se tornando irreversível. As principais evidências a
favor dessa hipótese são as seguintes:
Assim como as bactérias, as mitocôndrias e os cloroplastos possuem
DNA circular;
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Ambas as organelas possuem duas membranas, sendo a interna
semelhante, em sua composição, às membranas das bactérias. Já as membranas
externas, que seriam a parede do vacúolo fagocitário, é muito semelhante à
membrana plasmática das células eucariontes hospedeiras.
Outro aspecto a ser ressalto é o de que simbiose entre células eucariontes e
bactérias continua acontecendo, sendo possível observar diversos casos existentes
atualmente. Durante o processo evolutivo, as mitocôndrias e cloroplastos foram
perdendo parte de seu genoma par ao núcleo da célula hospedeira, tornando-se em
parte dependentes do DNA das células hospedeiras. Grande parte das proteínas
dos cloroplastos e das mitocôndrias é codificada por RNA mensageiro do núcleo
celular, sendo posteriormente sintetizadas na matriz citoplasmáticas por
polirribossomos e, em seguida, transferidas para dentro dos cloroplastos e
mitocôndrias.
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Outro aspecto a ser ressalto é o de que simbiose entre células eucariontes e
bactérias continua acontecendo, sendo possível observar diversos casos existentes
atualmente. Durante o processo evolutivo, as mitocôndrias e cloroplastos foram
perdendo parte de seu genoma par ao núcleo da célula hospedeira, tornando-se em
parte dependentes do DNA das células hospedeiras. Grande parte das proteínas
dos cloroplastos e das mitocôndrias é codificada por RNA mensageiro do núcleo
celular, sendo posteriormente sintetizadas na matriz citoplasmática por
polirribossomos e, em seguida, transferidas para dentro dos cloroplastos e
mitocôndrias.
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Posteriormente, algumas dessas invaginações teriam se desprendido da
membrana plasmática, originando vesículas membranosas que deram origem ao
sistema lisossômico, às vesículas que antecederam o retículo endoplasmático,
levando ainda para a parte mais profunda da célula o material genético (DNA) que
estava preso à membrana plasmática.
Uma vez já estando a atmosfera tomada pela presença de oxigênio (O 2), os
peroxissomos devem ter surgido, justamente para proporcionar às células defesa
contra a ação danosa dos radicais livres contendo oxigênio. Houve um aumento na
molécula de DNA, ao mesmo passo em que se observou uma crescente
complexidade celular, e esse DNA, organizado em longas fitas, foi concentrado em
cromossomos, que por sua vez foram segregados dentro de um núcleo já delimitado
por um envoltório nuclear com aspecto membranoso, originado a partir do material
de mesma característica vindo da superfície celular. Da mesma forma se observou o
desenvolvimento do citoesqueleto, com o surgimento de microtúbulos e um
incremento na quantidade de microfilamentos.
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Figura 3: Desenho esquemático demonstrando a teoria da origem bacteriana das
mitocôndrias, por endossimbiose. Fonte: Adaptado de Junqueira & Carneiro (2005).
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possuía a capacidade de aumentar o tamanho das imagens, permitindo dessa forma
que objetos pequenos, invisíveis a olho nu, fossem observados de forma detalhada.
Entretanto, Hans e Zacharias Janssen não utilizaram sua invenção para fins
científicos. Foi o também holandês Antonie von Leeuwenhoek, que viveu entre os
anos de 1632 e 1723 na cidade holandesa de Delft, quem primeiro registrou suas
observações utilizando microscópios. Utilizando um microscópio de fabricação
própria, Leeuwenhoek foi o primeiro a observar e descrever as fibras musculares,
espermatozoides e bactérias.
Leeuwenhoek relatou todas as suas experiências para Robert Hook,
membro da Royal Society of London. Como falava somente Dutch (holandês),
Robert Hooke traduziu os seus trabalhos, que posteriormente foram publicados pela
entidade. Acerca de suas observações com o microscópio, Leeuwenhoek descreveu
originalmente a seguinte frase: “Não há prazer maior quando meu olhar encontra
milhares de criaturas vivas em apenas uma gota de água”. Entretanto, a
“descoberta” da célula é atribuída a Robert Hooke. Em 1665 Hooke publicou seu
livro intitulado Micrographie contendo observações microscópicas e telescópicas e
algumas observações originais em Biologia.
Buscando compreender por quais razões a
cortiça era tão leve, Hooke estudou fatias finíssimas
deste material. Foi então que, utilizando seu
microscópio composto, Hooke observou que a baixa
densidade deste material era devida à existência de
pequenos compartimentos, até então vazios. A estes
pequenos compartimentos Hooke deu o nome de
“cell”, que em inglês significa cavidade ou cela.
Na verdade estes compartimentos não
estavam vazios, mas por se tratar de um tecido
vegetal morto, o que Hooke observara não era a
célula completa em si, mas sim compartimentos
delimitados pela parede celular.
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Um grande número de pesquisadores passou
a estudar as diversas partes dos vegetais e
posteriormente dos animais. Assim, não demorou
muito tempo para que o citoplasma, uma substância
de aspecto gelatinoso, fosse descoberto. Robert
Brown, botânico escocês que viveu de 1773 a 1858,
constatou em 1833 que a maior parte das células
apresentava em seu interior uma estrutura de forma
esférica, a qual chamou núcleo. Nesta mesma época
observações e descobertas revelaram ainda a
existência da membrana plasmática e da parede
celular presente nas células vegetais.
A realização de diversos estudos microscópios permitiu que os cientistas
alemães, Theodor Schwann e Mathias Schleiden postulassem a Teoria Celular. No
final da década de 1830, após a realização de diversos estudos microscópicos,
Schwann e Schleiden reuniram-se para discutir suas ideias acerca da organização
dos seres vivos. Schleiden era botânico e tinha certeza que todas as plantas eram
constituídas por células, sendo o mesmo verdadeiro para os animais, segundo as
observações de Schwann. Dessa forma, Schwann e Schleiden sintetizaram as ideias
sobre os aspectos estruturais dos seres vivos da seguinte maneira:
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Todos os conhecimentos envolvendo a Biologia Celular progrediram
concomitantemente ao desenvolvimento de novos métodos de investigação. Em um
primeiro momento, conforme vimos, a microscopia óptica, também chamada de
microscopia de luz, possibilitou o descobrimento das células e a elaboração da
Teoria Celular (Junqueira & Carneiro, 2005). Posteriormente, técnicas citoquímicas
foram desenvolvidas, o que facilitou a identificação e localização de diversas
moléculas integrantes das células. Com o desenvolvimento dos microscópios
eletrônicos, que apresentam um grande poder de resolução, foram desvendados
aspectos mínimos das células, que não poderiam ser feitos com a microscopia
óptica.
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Figura 4: Microscópio óptico: A – Oculares; B – Objetivas; C – Platina e D – Condensador.
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Figura 5: As principais unidades de medida utilizadas na biologia celular são o nanômetro
(nm) e o micrômetro (µm). A figura acima mostra a equivalência entre essas unidades, comparando-
as também com o milímetro. As setas indicam os limites aproximados de resolução do microscópio
eletrônico, microscópio óptico e olho humano.
4. Vírus
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potencialmente podem ser parasitadas, facilitando ainda o
acesso para o interior da célula.
Um aspecto importante a ser ressaltado diz respeito ao material genético:
um vírus possui os dois tipos de ácido nucleico, ou seja, ou apresenta RNA ou
possui DNA em seu interior. Recentemente foi descoberto um vírus que possuí
ambas (citomegalovírus).
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Figura 6: Estrutura do HIV, mostrando a membrana lipídica e o RNA como genoma.
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Figura 7: O mais simples mecanismo de vida dos vírus, adaptado a partir de Alberts et al.
(2005).
Hoje em dia, sabe-se que estas ideias simplificam a diversidade dos ciclos
de vida dos vírus. O capsídeo (proteína da capa) que circunda o material genético,
por exemplo, contém mais do que um tipo de cadeia polipeptídica, geralmente
organizada em várias camadas. Além disso, como é comum em muitos vírus e já
reportado em nosso curso, a proteína do capsídeo é circundada por uma bicamada
lipídica que contém também proteínas.
5. Tipos de Células
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de célula característico das bactérias, incluindo neste grupo as algas azuis ou
cianofíceas, também consideradas bactérias.
Lembre-se que quando falávamos sobre a evolução das células abordamos
o assunto de que as primeiras procariontes autotróficas a se desenvolverem
deveriam ser muito parecidas com as cianofíceas atualmente viventes (Fig. 8).
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cromossomos praticamente idênticos, com formato circular, ocupando regiões
denominadas nucleoides e na maior parte das vezes presos a diferentes pontos da
membrana plasmática. Cada cromossomo bacteriano é constituído de DNA não
associado a histonas, que são as proteínas que compõem a cromatina dos
eucariontes. Apresentam espessura de aproximadamente 2 nm e 1,2 mm de
comprimento. As células procariontes não se dividem por mitose, sendo que seus
filamentos de DNA não passam pelo processo de condensação que leva à formação
de cromossomos visíveis em microscopia óptica, durante o processo de divisão
celular.
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Outra diferença marcante entre a célula procarionte e a eucarionte refere-se
à ausência de citoesqueleto nas células procariontes. Conforme veremos mais para
frente em nosso curso, o citoesqueleto é responsável pela forma e pelo movimento
das células, salientando ainda que as células possuem formas variadas e
complexas, citando como exemplo os neurônios. De forma geral, uma célula
procarionte possui a forma de um pequeno bastão ou a forma esférica, sendo que a
manutenção desta forma é proporcionada pela parede extracelular rígida, produzida
na matriz citoplasmática e agregada externamente em relação à membrana
plasmática (Fig. 10).
Além desta função, a parede extracelular fornece proteção às células
bacterianas. As bactérias podem ser encontradas habitando os mais variados
ambientes na natureza, sendo que alguns desses ambientes somente podem ser
habitados devido à proteção oferecida pela parede extracelular, já que muitos destes
lugares são extremamente agressivos e nenhuma outra forma de vida consegue
sobreviver sob tais condições.
Além desta função, a parede extracelular fornece proteção às células
bacterianas. As bactérias podem ser encontradas habitando os mais variados
ambientes na natureza, sendo que alguns somente podem ser habitados devido à
proteção oferecida pela parede extracelular, já que muitos destes ambientes são
extremamente agressivos e nenhuma outra forma de vida consegue sobreviver sob
tais condições.
Entretanto, a diferença mais significativa entre as células eucariontes e as
células procariontes é a pobreza de membranas nas células procariontes.
Diferentemente do que veremos para as células eucariontes, o citoplasma dos
procariotas não se encontra subdividido em compartimentos.
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Figura 10: Estrutura geral de um procarionte - A: membrana plasmática; B: parede
extracelular rígida; C: polirribossomo; D: mesossomo e E: DNA
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(N2). Mesmo diante de sua simplicidade, as bactérias são os seres mais antigos de
nosso planeta e inda hoje os mais abundantes em praticamente todos os
ecossistemas.
5.2.1 Citoplasma
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intracelulares presentes em todas as células e que desempenham funções
específicas, mesmo que não existam membranas delimitando-as, como é o caso dos
centrossomos.
Além das organelas, também se observa no citoplasma a presença de
depósitos de substâncias diversas, como gotículas lipídicas e grânulos de glicogênio.
O glicogênio é um polissacarídeo, sendo a forma sob a qual os animais armazenam
glicose. O restante do espaço é preenchido pela matriz citoplasmática, conhecida
também como citosol. O citosol contém água, aminoácidos precursores dos ácidos
nucleicos, íons diversos e numerosas enzimas. No citosol ainda podem ser
encontradas microfibrilas, constituídas basicamente de actina, e os microtúbulos,
formados de tubulina, sendo estas duas estruturas constituintes do citoesqueleto.
Quando despolimerizadas (separadas), as moléculas de proteínas actina e tubulina
conferem maior fluidez ao citosol (Junqueira & Carneiro, 2005). Quando
polimerizadas em microtúbulos e microfibrilas, estas conferem à região
citoplasmática a consistência de gel onde se encontram.
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Carneiro, 2005). Algumas moléculas de colesterol também são partes constituintes
da membrana plasmática.
A porção externa da bicamada lipídica apresenta muitas moléculas de
glicolipídios, com as porções glicídicas voltadas para o exterior da célula. Às porções
glicídicas dos glicolipídios se juntam porções glicídicas das proteínas constituintes
da própria membrana. Juntamente com as glicoproteínas e proteoglicanas
sintetizadas, que são adsorvidas pela superfície celular, as porções glicídicas dos
glicolipídios e das proteínas formam um conjunto denominado glicocálice. Assim, ao
contrário do que se pensava há até poucos anos atrás, o glicocálice é uma projeção
da parte mais externa da membrana, com apenas algumas moléculas adsorvidas, e
não uma camada inteiramente extracelular (Junqueira & Carneiro, 2005).
5.2.3 Mitocôndrias
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por duas unidades de membrana. Segundo a teoria da endossimbiose, abordada no
tópico 2 de nosso curso, a membrana interna das mitocôndrias teria origem na
bactéria precursora e a externa da célula eucarionte que estava em formação (Fig.
12).
O tamanho das mitocôndrias pode variar de 0,2 a 1,0 μm de diâmetro e de 1
a 4 μm de comprimento. A quantidade de mitocôndrias também podem variar nos
diferentes tipos celulares e isto está relacionado à maior ou menor quantidade de
energia gasta pela célula. Assim, células do rim têm em torno de 300 mitocôndrias,
já espermatozoides possuem cerca de 25 e algumas algas chegam a ter apenas
uma mitocôndria.
Figura 12: Estrutura básica de uma mitocôndria. Repare nas dobras da membrana interna,
formando as cristas mitocondriais.
A membrana interna das mitocôndrias se apresenta toda pregueada,
originando dobras em forma de prateleira ou de túbulos. A principal função das
mitocôndrias é liberar gradualmente energia das moléculas de glicose e ácidos
graxos, provenientes dos alimentos, produzindo moléculas de ATP (adenosina-
trifosfato) e calor. A energia armazenada sob a forma de ATP é utilizada pelas
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células para a manutenção de seu metabolismo, realizando as diversas atividades,
entre as quais movimentação, secreção e divisão mitótica.
Além disso, as mitocôndrias estão envolvidas em diversos outros processos
do metabolismo celular (denominado neste caso metabolismo o conjunto de
processos químicos de degradação e síntese de moléculas), variáveis de acordo
com a especificidade de célula.
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Figura 13: Retículo endoplasmático rugoso, (A) estrutura geral e (B) eletromicrografia
eletrônica a 0,5 µm.
Uma vez que diversos ribossomos se associam ao filamento único de RNA
mensageiro (mRNA) estes constituem os polirribossomos que estão presos à
superfície externa do retículo rugoso ou dispersos no citosol. Estas estruturas
desempenham importante papel na síntese de proteínas. Dessa forma, uma das
principais funções do retículo endoplasmático rugoso está relacionada com a síntese
e transporte de proteínas no interior das células.
Já o retículo endoplasmático liso caracteriza-se como túbulos
anastomosados (Fig. 14). Em algumas células, é possível observar um retículo
endoplasmático liso amplamente desenvolvido, como é o caso das células que
secretam hormônios esteroides, células da glândula adrenal e células hepáticas.
Basicamente as funções do retículo endoplasmático liso estão relacionadas
com a síntese de esteroides, fosfolipídios e outros lipídios. Atua também na
degradação do etanol ingerido em bebidas alcoólicas, atuando na desintoxicação do
organismo, já que também promovem a degradação de medicamentos ingeridos
pelo organismo, como as substâncias anestésicas (barbitúricos) e antibióticos
(Wikipédia, 2009).
33
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Figura 14: Aspecto geral do retículo endoplasmático liso e em detalhe, mostrando retículo
liso em células hepáticas.
5.2.5 Aparelho de Golgi
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Figura 15: Ilustração demonstrando recebimento de proteínas vindas do R. E. (retículo
endoplasmático) pelo aparelho de Golgi. Ao lado, eletromicrografia mostrando Golgi em sua
ocorrência natural.
5.2.6 Lisossomos
35
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Figura 16: Lisossomos (estruturas escuras) observados em microscopia eletrônica.
5.2.7 Peroxissomos
RH2 + O2 → R + H2O2
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Não contém em seu interior ribossomos nem DNA próprio e são envolvidos por
apenas uma membrana. Uma vez que não possuem genoma próprio todas as suas
proteínas, (sem exceção) devem necessariamente ser importadas. Segundo Alberts
et al. (1997) os peroxissomos são semelhantes ao retículo endoplasmático por
estarem envoltas por uma membrana que se autorreplicam sem possuírem genomas
próprios.
Quando observados ao microscópio eletrônico, os peroxissomos apresentam
uma matriz glandular envolta por uma membrana, variando seu tamanho entre 0,3 e
1 µm (Fig. 17). Os peroxissomos catalisam a degradação dos ácidos graxos,
produzindo a acetil-CoA, que pode penetrar nas mitocôndrias, participando assim da
síntese de ATP por meio do Ciclo de Krebs (Ciclo do ácido cítrico). Além disso, as
moléculas de acetil-CoA podem ser utilizadas em outros compartimentos
citoplasmáticos, em processos de síntese de moléculas diversas. As estimativas
apontam para cerca de 30% dos ácidos graxos sejam oxidados em acetil-CoA nos
peroxissomos.
37
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Dica de estudo: A sí ndrome cérebro-
peroxissomos?
5.2.8 Citoesqueleto
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Figura 18: Componentes do citoesqueleto: A – Microtúbulo; B – Filamento de Actina e C –
Filamento Intermediário.
5.2.9 Centríolos
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Os centríolos são feixes de microtúbulos dispersos no citoplasma. Podem
ser encontrados em células eucariontes (no caos das plantas somente encontrados
nas angiospermas) e ausentes em células procariontes. Na maior parte dos casos as
células apresentam um par de centríolos, paralelo ou perpendicularmente
posicionados entre si. Os centríolos são constituídos por nove túbulos triplos
interligados, formando uma estrutura semelhante a um cilindro (Fig. 19).
Figura 19: Estrutura básica de um centríolo, apresentando forma similar a um cilindro, sendo
composto por nove túbulos triplos.
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que estes desempenhem outras funções durante a intérfase.
5.2.10 Plastídios
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sistema de tilacoides, apresentando-se em pilhas de tilacoides discoides, de certa
forma semelhantes a uma pilha de moedas, os grana (plural de grânulo) e tilacoides
de estroma.
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frequência, vacúolos citoplasmáticos muitas vezes maiores que os vacúolos
observados nas células animais. Os vacúolos das células vegetais muitas vezes
ocupam a maior parte do volume celular, sendo que o citoplasma funcional, nestes
casos, está reduzido a uma delgada faixa na zona periférica da célula.
Figura 21: Imagem mostrando a localização dos plasmodesmos, estabelecendo canais que
conectam células vizinhas.
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Tabela 1: Organelas e demais estruturas presentes em célula animal e
vegetal, com base em Alberts et al. (1997) e Junqueira & Carneiro (2005).
6. Núcleo
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no citoplasma (Junqueira & Carneiro, 2005). A membrana externa do núcleo
apresenta uma infinidade de polirribossomos aderidos, sendo estes constituintes do
retículo endoplasmático. Basicamente o núcleo é composto pela cromatina, nucléolo
e retículo nucleoplasmático, além do envoltório nuclear (Fig. 22).
6.1 Cromatina
6.2 Nucléolo
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O nucléolo é uma estrutura encontrada apenas em células eucarióticas,
atuando principalmente na coordenação do processo de reprodução das células,
mesmo desaparecendo logo no início do processo de divisão celular. Atua também
controlando os processos celulares básicos, pelo fato de conter trechos específicos
de DNA, além de uma infinidade de proteínas associadas ou não ao RNA
ribossômico (rRNA).
Apresentam forma arredondada com aspecto esponjoso, estando
diretamente mergulhados no nucleoplasma, não apresentando membrana
envolvente. Basicamente, o nucléolo atua na organização dos ribossomos, sendo
que quanto maior o seu tamanho mais intensa a síntese de proteínas na célula.
Centralmente, o nucléolo apresenta uma porção fibrilar formada por rRNA e
proteínas ribossomais. A porção periférica é denominada granular, sendo constituída
por subunidades ribossômicas em processo de formação.
46
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MÓDULO II
_____________
1
Neste caso são considerados seres inanimados as rochas e minerais, principalmente.
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Quase todas as moléculas encontradas na célula apresentam carbono em sua
constituição. O carbono é um elemento essencial, de excepcional importância entre todos
os elementos do planeta, uma vez que possui habilidade para a constituição de grandes
moléculas, sendo que o silício possui propriedades semelhantes, embora a importância
do carbono seja reconhecida em primeiro lugar.
Figura 23: Abundância relativa de elementos químicos encontrados na crosta terrestre (mundo não
vivo), comparado ao de tecidos de organismos vivos.
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7.2 As células utilizam quatro tipos básicos de pequenas moléculas
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Tabela 2: Composição química aproximada de uma célula bacteriana, segundo
Alberts et al. (1997).
Porcentagem do Número de tipos de
peso total da célula cada molécula
Água 70 1
Íons inorgânicos 1 20
Açúcares e precursores 1 250
Aminoácidos e precursores 0,4 100
Nucleotídeos e precursores 0,4 100
Ácidos graxos e precursores 1 50
Outras pequenas moléculas 0,2 ~300
Macromoléculas (proteínas, ácidos 26 ~3000
nucleicos e polissacarídeos)
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Primeiramente, podem reagir com o grupo hidroxil (OH) para convertê-la em um
anel. No anel, o carbono do grupo cetona ou aldeído original pode acabar sendo
reconhecido como o único ligado a dois oxigênios. Uma vez formado o anel, este carbono
pode ligar-se a outro carbono unido a um grupo hidroxil de outra molécula de açúcar,
constituindo assim um dissacarídeo (Alberts et al. 1997). Um dos dissacarídeos mais
conhecido é a lactose, cuja fórmula estrutural pode ser observada na figura 25.
Figura 25: Estrutura da lactose, mostrando carbono original do aldeído (vermelho) ligado a dois
oxigênios (azul), propriedade que permite a formação deste dissacarídeo.
Como cada monossacarídeo apresenta vários grupos hidroxil (OH), que por sua
vez possuem a capacidade de se ligar a outros monossacarídeos. O número de
polissacarídeos é extremamente variável. A glicose constitui-se na principal fonte de
alimento para muitas células. A partir desta hexose, a realização de diversas reações
oxidativas forma vários açúcares derivados pequenos e eventualmente como resultado
desta reação também o CO 2 e a H 2 O. A reação envolvendo a glicose pode ser descrita
através da seguinte fórmula:
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C 6 H 12 O 6 + 6 O 2 ------->6 CO 2 + 6 H 2 O + ENERGIA
Uma molécula de ácido graxo apresenta duas regiões distintas: uma extremidade
hidrofóbica, não muito reativa, quimicamente e insolúvel em água, e o grupo carboxílico, o
qual é ionizado em solução (COO-), extremamente hidrofílico (solúvel em água) e capaz
de reagir prontamente com o grupo hidroxil ou amino em uma segunda molécula para
formar ésteres e aminas.
Quase todas as moléculas de ácido graxo em uma célula são covalentemente
ligadas a outras moléculas através de seu grupo ácido carboxílico (Fig. 26). Os variados
tipos de ácidos graxos existentes nas células diferem no comprimento de suas cadeias de
hidrocarbono e na posição e número de ligações duplas de carbono-carbono que
possuem (Alberts et al. 1997).
Os ácidos graxos constituem-se em valiosas fontes de alimento, uma vez que ao
serem quebrados podem produzir mais que o dobro de energia utilizável, quando
comparado peso por peso com a glicose.
____________
2
polímeros lineares formados por unidades dissacarídicas ligadas a uma molécula peptídica.
3
glicolipídios atuam na formação da dupla camada lipídica das membranas celulares.
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Os ácidos graxos ficam armazenados no citoplasma na forma de triglicerídeos,
que consistem de três cadeias de ácidos graxos, estando cada uma unida a uma
molécula de glicerol. Quando requisitadas para a produção de energia, as cadeias de
ácidos graxos podem ser liberadas dos triglicerídeos e “quebradas” em unidades de dois
carbonos. Essas unidades conhecidas como acetilCoA, são posteriormente degradadas
em várias reações produtoras de energia.
Entretanto, a função mais importante dos ácidos graxos está na constituição das
membranas celulares. As membranas que envolvem todas as células, separando suas
organelas internas do meio extracelular, são compostas de fosfolipídeos. Os fosfolipídeos
caracterizam-se como sendo pequenas moléculas semelhantes aos triglicerídeos, uma
vez que são compostos basicamente por glicerol e ácidos graxos. Entretanto,
diferentemente dos triglicerídeos, nos fosfolipídeos o glicerol ETA é unido a duas cadeias
de ácidos graxos e não a três. O sítio restante está diretamente ligado a um grupamento
fosfato negativamente carregado, resultando daí o nome, fosfolipídeos.
As moléculas de fosfolipídeos apresentam uma cauda hidrofóbica (formada por
duas cadeias de ácidos graxos) e uma extremidade polar, onde está localizado o grupo
fosfato. As camadas lipídicas podem combinar-se cauda a cauda na água, formando uma
bicamada lipídica, que por sua vez constitui-se em uma importante montagem, que
estruturalmente constitui a base estrutural de todas as membranas celulares (Fig. 27).
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Figura 27: Dupla camada lipídica encontrada nas membranas celulares
Figura 28: Estrutura não-ionizada do aminoácido alanina, destacando os grupamentos amina e ac.
carboxílico.
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Os aminoácidos servem como subunidades na síntese de proteínas, que por sua
vez se caracterizam como polímeros longos e lineares de aminoácidos unidos cabeça a
cauda por ligações peptídicas entre o grupo amina de um com o grupo carboxílico de
outro. Embora existam muitos aminoácidos possíveis, somente cerca de 20 são comuns
em proteínas, cada um apresentando um cadeia lateral diferente ligada ao carbono-α. Em
uma mesma proteína os aminoácidos podem se repetir várias vezes, incluindo as
proteínas que são produzidas pelas bactérias, animais e plantas.
Embora acredita-se que a escolha desses 20 aminoácidos em particular,
provavelmente, tenha ocorrido ao acaso durante o processo evolutivo, a versatilidade
química que fornecem é vitalmente importante. Por exemplo, 5 dos 20 aminoácidos
possuem cadeias laterais que podem apresentar uma certa carga, enquanto que outros
não são carregados, mas reativos de um maneira específica (Alberts et al. 1997).
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Os nucleotídeos podem atuar como moléculas carregadoras de energia química.
A ATP (éster trifosfato de adenina), acima de todos, participa na transferência de energia
de centenas de reações celulares individuais. Seu fosfato terminal é adicionado utilizando
energia da oxidação de alimentos, e este fosfato pode ser dividido prontamente por
hidrólise para liberar energia, a qual aciona reações biossintéticas energicamente não
favoráveis em outro local da célula.
O significado especial dos nucleotídeos está no armazenamento da informação
biológica. Nucleotídeos servem como blocos de construção para a produção de ácidos
nucleicos, longos polímeros, nos quais as subunidades de nucleotídeos estão
covalentemente ligadas pela formação de um éster fosfato entre o grupo 3’-hidroxil do
resíduo de açúcar de um nucleotídeo e o grupo 5’ do nucleotídeo adjacente. Existem dois
tipos principais de ácidos nucleicos, que diferem no tipo de açúcar que forma o seu
esqueleto polimérico, que veremos em detalhe a seguir.
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O processo utilizado pelo pesquisador era fazer o produto retirado das células ser
assimilado por uma enzima digestiva chamada de pepsina. Em seguida, através de
centrifugações e outros processos de separação e filtragem observou o aparecimento de
uma substância química até então desconhecida e rica em fósforo. Inicialmente esta
substância foi chamada de nucleína. Ao submetê-la à verificação do PH, descobriu que
esta substância era bastante ácida. Em função desta descoberta, Miescher mudou o
nome do produto para “Ácido Nucleico”.
Os ácidos nucleicos são compostos químicos que apresentam elevada massa
molecular, sendo formada por açúcares, bases pirimidínicas e purínicas e ácido fosfórico,
dessa forma consideradas macromoléculas constituídas por nucleotídeos. Todas as
células vivas apresentam ácidos nucleicos, sendo que a principal função que
desempenham está associada com a transmissão da informação genética e com o
processo de tradução, que resulta na síntese de proteínas.
As proteínas sintetizadas no núcleo celular são responsáveis pelo controle das
atividades de diversas organelas celulares. Podemos considerar os ácidos nucleicos as
biomoléculas mais importantes do controle celular, pois carregam toda a informação
genética. São conhecidos dois tipos de ácidos nucleicos, conforme já anteriormente
reportado: O DNA - ácido desoxirribonucleico e o RNA - ácido ribonucleico.
Os ácidos nucleicos são formados basicamente por três elementos constituintes
principais:
1) Ácido fosfórico - confere aos ácidos nucleicos as suas características ácidas.
Faz as ligações entre nucleotídeos de uma mesma cadeia. Está presente tanto no DNA
quanto no RNA.
2) Base nitrogenada - há cinco bases azotadas diferentes, divididas em dois
grupos:
Bases de anel duplo (puricas) - adenina (A) e guanina (G);
Bases de anel simples (pirimidicas)- timina (T), citosina (C) e uracila (U).
3) Pentoses - como o próprio nome descreve, é um açúcar formado por cinco
carbonos. Ocorrem dois tipos: a desoxirribose e a ribose.
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O DNA (ácido desoxirribonucleico) é o responsável por armazenar e transmitir a
informação genética para as células-filhas. Está concentrado principalmente nos
cromossomos, e em menor quantidade, nos cloroplastos e mitocôndrias. Nos
cromossomos das células eucarióticas o DNA está associado a proteínas básicas, entre
as quais as histonas.
Estruturalmente a molécula de DNA é formada por duas cadeias de nucleotídeos,
dispostas helicoidalmente (em forma de hélice) em torno de um eixo. O sentido destas
hélices sobre o eixo se dá no sentido da esquerda para a direita. A direção das ligações 3’
e 5’ diéster-fosfato de uma das cadeias é inverso em relação à da outra cadeia, sendo
que os especialistas definem estas cadeias polinucleotídicas como antiparalelas (Fig. 29).
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
semelhante a degraus de uma escada (Junqueira & Carneiro, 2005). Em cada plano ou
degrau da escada as bases das cadeias formam pares entre si. Devido às dimensões das
moléculas das bases, o pareamento só tem lugar entre guanina (G) e citosina (C) e timina
(T) e adenina (A) das cadeias complementares. Dessa forma, levando em consideração
os dois polinucleotídeos constituintes da molécula de DNA, as bases estão sempre
pareadas na sequência G-C e T-A. Esta combinação explica a existência no DNA, de um
igual número de moléculas de T e A e G e C.
Quando estruturadas na forma da dupla hélice, as bases estão unidas através de
pontes de hidrogênio, que são as ligações responsáveis, principalmente, por manter a
estabilidade da hélice. Quando as pontes de hidrogênio são rompidas os dois filamentos
polinucleotídicos da hélice sofrem desnaturação, separando-se. Um fator que pode fazer
com que as pontes de hidrogênio se rompam é o aquecimento do DNA em solução.
Quando a temperatura baixa novamente, as pontes de hidrogênio reassumem sua
condição, unindo-se novamente.
O processo de desnaturação do DNA, através do rompimento das pontes de
hidrogênio, pode ser parcial ou total. O processo de desnaturação ocorre primeiramente
nas ligações AT, que possuem apenas duas pontes de hidrogênio. As ligações CG são
mais intensas, uma vez que estas bases estão unidas por três pontes de hidrogênio.
Através do processo de desnaturação parcial é possível identificar as zonas ricas em AT e
as zonas ricas em CG, já que estes últimos segmentos são mais resistentes à
desnaturação. No caso dos bacteriófagos que possuem moléculas de DNA mais simples,
através do processo de desnaturação, é possível localizar as zonas com frequências
diferentes de nucleotídeos ao longo do filamento de DNA.
Existe uma distância que se mantém de certa forma constante entre as bases ao
longo da molécula de DNA. Esta distância observada entre as bases é de 0,34 nm, sendo
que cada volta completa da hélice apresenta 10 nucleotídeos. A dupla hélice possui um
diâmetro aproximado de 2 nm, apresentando em sua superfície dois sulcos, um dos quais
mais acentuado do que o outro.
Estruturalmente, as bases que não possuem afinidade com a água (hidrofóbicas),
situam-se dentro da hélice, estando os resíduos de desoxirribose (hidrofílicos = afinidade
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
com a água) e de ácido fosfórico (hidrofílico e ionizado) situados na periferia, em contato
com a água intracelular (Fig. 30).
Figura 30: Disposição das bases (C, G, T, A) na molécula de DNA, situadas na porção interna da
hélice. Reparar que entre AT existem apenas duas pontes de hidrogênio, enquanto que entre CG existem
três pontes de hidrogênio.
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Ainda hoje existe uma grande dificuldade em se determinar o tamanho exato das
moléculas de DNA, em virtude de sua fragilidade e enorme comprimento. Alguns
exemplos, como no caso da molécula de DNA do bacteriófago lambda, que infecta a
bactéria Escherichia coli, tem um peso de 32 milhões de dáltons e comprimento de 17,2
µm. No caso da E. coli, a molécula de DNA é composta por um cromossomo, com
comprimento de 1,2 mm e peso molecular de aproximadamente 3 trilhões de dáltons
(Junqueira & Carneiro, 2005).
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longo das cadeias polipeptídicas, em formação nos complexos de mRNA (RNA
mensageiro – que veremos logo a seguir) e nos complexos dos ribossomos.
Para tanto, o RNA de transferência apresenta a propriedade de se recombinar
com aminoácidos, sendo capaz de reconhecer determinados locais nas moléculas de
RNA mensageiro formados por uma sequência de três bases, sendo que essas
sequências típicas para cada aminoácido são denominadas códon. Por sua vez, a
sequência de três bases na molécula de RNA de transferência denomina-se anticódon,
sendo que para cada aminoácido existe pelo menos um tRNA.
A molécula de tRNA é um filamento com uma extremidade sempre terminando na
sequência CCA, ou seja, pelo ácido adenílico (A) sempre precedido por duas moléculas
de ácido citidílico (C). Devido às pontes de hidrogênio que são estabelecidas entre as
bases constituintes, todos os tRNAs possuem segmentos das moléculas formados por
uma hélice dupla (Junqueira & Carneiro 2005). A representação plana da molécula de
tRNA possui um aspecto semelhante a uma folha de trevo, possuindo o anticódon em um
de seus lados (Fig.31).
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Além das bases guanina, adenina, uracila e citosina, comumente observadas no
RNA, o RNA de transferência contém outras bases que não aparecem em outros tipos de
ácido ribonucleico. Entre estas bases exclusivas do tRNA estão, por exemplo, a
metilcitosina e a hipoxantina. Ainda é possível encontrar no tRNA o ácido ribotimidílico,
que constitui-se em um nucleotídeo formado por ribose, timina e ácido fosfórico.
Estas regiões do RNA de transferência onde se situam as bases não-habituais
talvez desempenhem importante papel na determinação do formato da molécula, uma vez
que nestes pontos não se formam as pontas de hidrogênio entre as bases constituintes.
Inicialmente, os tRNAs são sintetizados sobre os filamentos de DNA, como
moléculas maiores que passam por um processamento tornando-se maiores antes de
migrarem para o citoplasma, sendo este processo conhecido como splicing. Basicamente
o processo de splicing caracteriza-se na remoção de determinados segmentos da
molécula maior e o religamento (soldagem) dos fragmentos que constituirão a molécula
final do RNA de transferência.
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molécula longa de RNA mensageiro pode ser traduzida a partir de diferentes pontos,
originando proteínas distintas, variando de acordo com o ponto onde o processo de
tradução foi iniciado.
Cada molécula de mRNA apresenta um prolongamento de poli-A que ainda no
interior do núcleo celular é adicionado, logo após ocorrido o processo de transcrição da
molécula de mRNA. Portanto, esse segmento do mRNA não está codificado no DNA. Na
extremidade 5’ (a outra extremidade) é adicionado um pequeno capuz nucleotídico por
outras enzimas.
Fica claro que nas células eucariontes o ácido desoxirribonucleico (DNA), que
transcreve os RNAs mensageiros, é constituído por partes que vão ser traduzidas em
proteínas (éxons) e em partes que apenas separam os éxons. Essas partes “silenciosas”
são denominadas íntrons.
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Os ribossomos das células procariontes são exatamente iguais aos das
mitocôndrias e dos cloroplastos, o que vem novamente a corroborar com a teoria da
endossimbiose (já estudada no item 2 – Como teriam surgido as células eucariontes). Até
o presente momento foram identificadas cerca de 50 variedades de proteínas nos
ribossomos, constituindo metade da massa molecular desses corpúsculos.
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MÓDULO III
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Figura 33 – Estágios do ciclo celular. Mitose; fase S (síntese de DNA); G1: o primeiro intervalo após a
mitose e antes da síntese (S); G2: segundo intervalo, após a síntese e antes da próxima mitose.
8.1 Cromossomos
São longas sequências de DNA que contêm vários genes, além de outras
sequências de nucleotídeos com funções específicas nas células. Nos organismos
eucariontes, os cromossomos apresentam uma forma ordenada dentro do núcleo celular,
agregados às proteínas estruturais denominadas de histonas. O DNA associado a essas
histonas recebe o nome de cromatina. Já os procariontes não possuem histonas e nem
núcleo definido, apenas o conteúdo genético disperso no celular. Entretanto, conforme já
estudado no módulo I de nosso curso, existem outras características que diferenciam as
70
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células procariontes das células eucariontes, como a carência de organelas
membranosas nas células procariontes.
Há cinco classes de histonas e elas têm a
função de compactar o DNA, permitindo que os
genomas eucarióticos de grandes dimensões caibam
dentro do núcleo das células. Durante a fase de mitose
os cromossomos encontram-se condensados e
recebem o nome de cromossomos metafásicos. O
cromossomo metafásico representa o estado máximo
de condensação da cromatina, que ocorre além da
divisão mitótica na meiótica também. O grau de
condensação é máximo na metáfase, razão pela qual
os estudos da estrutura cromossômica utilizam
cromossomos metafásicos (Junqueira & carneiro,
2005).
Figura 34: Cromossomos observados em microscópio óptico durante momento máximo de condensação
(Objetiva 100 x).
71
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Esta representação, na qual é possível observar todos os cromossomos de um
indivíduo durante a metáfase, recebe o nome de cariótipo. Dessa forma, entendemos
como cariótipo o número total de cromossomos observado em uma célula. Vejamos a
seguir o cariótipo completo de um ser humano do sexo masculino (Fig. 35), apresentando
23 pares de cromossomos, dos quais dois são considerados os cromossomos sexuais.
Figura 35: Cariótipo de um ser humano do sexo masculino. Reparar os cromossomos sexuais XY.
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Vejamos na tabela a seguir (Tab. 3) exemplos do número de cromossomos em
diferentes espécies:
73
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Figura 36: Representação de um cromossomo, mostrando suas regiões principais.
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Figura 37: Representação dos principais tipos de cromossomos, conforme a posição do centrômero.
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- G1: É o primeiro período, começando ao final da divisão celular anterior e se
estendendo até o início da duplicação do DNA. Nesse período ocorre o crescimento da
célula.
8.3 Mitose
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8.3.2 - Metáfase: Os cromossomos atingem o estado de condensação máxima e a partir
deste momento é possível observar as duas cromátides com o auxílio de um microscópio
óptico. O fuso mitótico se forma e os microtúbulos formadores do fuso ligam-se aos
cinetócoros dos cromossomos, que então, começam a migrar para a região central da
célula. Os cromossomos estão todos alinhados na região central da célula. Nessa etapa,
ocorre a checagem para ver se todos os cromossomos estão realmente ligados aos
microtúbulos do fuso mitótico e alinhados na região central.
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Figura 38: Esquema demonstrando etapas da mitose. O resultado final do processo são duas células
idênticas à célula mãe.
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formação da carioteca, que irá circundar os cromossomos que estão se descondensando.
Lembrando que a carioteca é a membrana nuclear, com características similares à
membrana plasmática, conforme já visto no primeiro módulo de nosso curso.
Além da distribuição do material genético contido nos cromossomos, durante a
mitose também ocorre a separação do conteúdo citoplasmático entre as células-filhas, de
forma que ambas tenham a mesma quantidade de DNA e citoplasma. O comportamento
dos centríolos que coordenam a formação e movimentação do fuso mitótico é bem
conhecido. Os centríolos se duplicam durante a prófase e migram para os polos da célula.
Quando ocorre a divisão, cada célula-filha fica com um dos pares de centríolos. Na figura
39 observamos uma célula com seus centríolos já duplicados e migrados para os polos
opostos da célula e os fusos que se ligam aos centrômeros de cada cromossomo.
Figura 39: Esquema mostrando centríolos já duplicados e dispostos nos polos opostos da célula.
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8.4 Citocinese
Nas células animais, que não apresentam parede celular, forma-se na região
central da célula um anel contrátil de filamentos protéicos, nos quais se contraem
puxando a membrana para dentro e levando de início ao aparecimento de um sulco de
clivagem que vai estrangulando o citoplasma, até se separem as duas células-filhas (Fig.
41).
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Figura 41: Representação do processo de citocinese em célula animal. Esse processo de separação das
células-filhas ocorre por estrangulamento da célula-mãe.
Nas células vegetais que se caracterizam por apresentar uma parede celular
rígida, a citocinese não ocorre por estrangulamento. Devido à rigidez da parede celular,
um conjunto de vesículas derivadas do Complexo de Golgi vai alinhar-se na região
central, que após a fusão irá formar a membrana plasmática, que por sua vez leva à
formação da lamela mediana entre as células-filhas. Posteriormente ocorre a formação
das paredes celulares de cada nova célula, que cresce da parte central para a periferia.
Um modelo esquemático de citocinese em célula vegetal pode ser visualizado na
figura a seguir (Fig. 43).
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Observe na figura 43 que a presença da parede celular impede que ocorra o
processo de estrangulamento da célula, como se dá na célula animal. Após a citocinese,
agora temos duas células-filhas que são idênticas à célula-mãe, tanto em informações
genéticas trazidas pelo DNA quanto estruturalmente, com quantidades iguais de
componentes celulares.
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duplicar-se, no chamado estado G0 (G zero). Existem dois momentos em que os
mecanismos de regulação atuam:
- Na fase G1: Ao final desta fase, há células que não iniciam um novo ciclo ou que
não estão em condições de fazê-lo; essas células permanecem num estado denominado
G0. Isso ocorre ou por não haver mais nutrientes suficientes ou por não ter atingido o
tamanho necessário, ou simplesmente porque elas devem parar nesse estágio.
Estudamos a mitose, que é um tipo de divisão celular que ocorre para as células
somáticas, enquanto a meiose é uma divisão que ocorre para as células germinativas.
Para entendermos melhor, as células somáticas referem-se a quaisquer células do corpo
que formem tecidos ou órgãos do corpo, tal como as células epiteliais que formam o
tecido epitelial (pele). Já as células germinativas correspondem aos gametas
(espermatozoides e óvulos).
As células somáticas são sempre diploides (2n) e apresentam o número total de
cromossomos de um organismo. Por exemplo, na espécie humana cada célula somática
possui 46 cromossomos. E as células germinativas são haploides (n) e, portanto,
apresentam metade da quantidade de cromossomos do organismo, já que os gametas se
fundem na fecundação e então passam a ter o número total; assim, na espécie humana,
cada célula germinativa deve apresentar 23 cromossomos.
8.7 Meiose
Refere-se ao processo de divisão celular através do qual uma célula tem o seu
número de cromossomos reduzido pela metade. Por este processo são formados
gametas e esporos (plantas). A meiose consiste em duas divisões consecutivas,
denominadas de Meiose I e Meiose II. Ambas são subdivididas em quatro fases (Fig. 44),
que têm o mesmo nome da mitose.
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Prófase I
Metáfase I
MEIOSE I Anáfase I
Telófase I
MEIOSE
Prófase II
MEIOSE II Metáfase II
Anáfase II
Telófase II
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8.7.1 Meiose I ou divisão reducional
Ocorre a separação dos cromossomos ditos homólogos, ou seja, aqueles que são
iguais entre si e que juntos formam um par. Esse ciclo é dito reducional ou meiose I, pois
ao final temos células com metade da quantidade de cromossomos da célula-mãe. Como
é chamada meiose I, todos os nomes das fases desse ciclo carregam esse número junto
com o nome da fase para identificá-las.
Nesse ciclo temos as seguintes fases:
- Prófase I: fase de grande duração devido aos fenômenos que nela ocorrem. Os
cromossomos tornam-se mais condensados e os cromossomos homólogos emparelham-
se lado a lado, formando o que chamamos de um Bivalente, que tem 4 cromátides-irmãs
unidas. Podem surgir pontos de cruzamento entre as cromátides dos cromossomos
homólogos denominadas de quiasmas, onde pode ocorrer a quebra dessas cromátides,
levando à troca de segmentos dos Bivalentes – crossing-over. Desaparece o núcleo e
forma-se o fuso meiótico.
A prófase I é dividida em cinco subdivisões: leptóteno, zigóteno, paquíteno,
diplóteno e diacinese, que podem ser visualizadas na figura a seguir (Fig. 45). Analisando
a figura a seguir, vamos entender o que ocorre em cada uma das fases da prófase I da
meiose:
- Leptóteno: os cromossomos tornam-se visíveis como se fossem fios finos que
começam a se condensar. As duas cromátides de cada cromossomo homólogo estão
alinhadas de maneira que não são distinguíveis.
- Zigóteno: os cromossomos homólogos começam a se emparelhar em toda sua
extensão.
- Paquíteno: os cromossomos tornam-se mais espiralados e o pareamento é
completo, sendo que cada par de homólogos aparece como um bivalente. É nesse
estágio que temos o crossing-over, ou seja, a troca de segmentos homólogos entre
cromátides não-irmãs de um par de cromossomos homólogos.
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- Diplóteno: ocorre o afastamento dos cromossomos homólogos que constituem
os bivalentes. Os dois homólogos de cada bivalente mantêm-se unidos apenas nos
pontos denominados quiasmas (cruzes).
- Diacinese: os cromossomos atingem a condensação máxima.
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- Telófase I: os cromossomos após atingirem os polos do fuso tornam-se mais
finos e forma-se em torno deles um núcleo.
Figura 46: Representação esquemática do processo de crossing-over que ocorre na prófase I da meiose,
mais especificamente na fase do paquíteno.
8.7.2 Meiose II
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- Telófase II: os cromossomos descondensam-se e surge de novo em torno de
cada conjunto um núcleo formando quatro células haploides.
Figura 47: Esquema demonstrando etapas da meiose I e II. Ao final do processo são formadas quatro
células-filhas com metade da carga de cromossomos da célula mãe.
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Como resumo do que ocorre no processo de meiose, podemos observar a tabela
abaixo (Tab. 4), que mostra um quadro comparativo do que ocorre, tanto na mitose
quanto na meiose.
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cromossomos é aleatória. Cada par de homólogos orienta-se independentemente da
orientação dos outros pares.
O número de combinações possíveis de cromossomos nas células haploides
depende do número de cromossomos da célula diploide, que é igual a 2n (em que n é o
número de pares de homólogos). Se levarmos em conta que ainda pode ocorrer crossing-
over formando cromossomos com associações de genes completamente novas, então a
possibilidade de combinações genéticas é extraordinariamente alta. Logo, a meiose
permite novas recombinações genéticas e comporta aumentar a variabilidade das
características da espécie.
Além disso, o encontro dos gametas é completamente aleatório, permitindo uma
variada associação de genes, o que é extremamente importante para a sobrevivência das
espécies (por exemplo, devido a mudanças ambientais). Embora até agora tenhamos
falado sobre os diversos mecanismos de divisão celular para a geração de novas células,
temos que discutir a seguir como essas células deixam de cumprir suas funções e fecham
assim seu ciclo de nascimento, crescimento, reprodução e morte celular.
9 - Morte celular
10 - Câncer
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Há diversos tipos de câncer que estão associados aos vários tipos de células do
corpo. Por exemplo, existem diversos tipos de câncer de pele, porque a pele é formada de
mais de um tipo celular. As formas principais de câncer são:
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- Neoplasia hematopoiética e linfoide: corresponde às leucemias e linfomas.
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A seguir abordaremos alguns aspectos desses dois processos de morte celular
programada.
11 - Apoptose
Existem muitos agentes que podem induzir o processo apoptótico, dentre eles
podemos citar os fatores fisiológicos como: crescimento, neurotransmissores, cálcio e
outros. Fatores ambientais também podem atuar como, por exemplo, os choques de
temperatura, toxinas bacterianas, radicais livres, agentes oxidantes, agentes genéticos,
dentre outros. Muitos agentes farmacológicos também podem induzir à apoptose, como
os quimioterápicos, antibióticos, radiações e o etanol entre outros.
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12 - Necrose
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Morfologia: Enrugamento, projeções Tumefação celular, perda
digitiformes da membrana da integridade da
Célula celular e formação de membrana e posterior
corpos apoptóticos. desintegração.
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MÓDULO IV
14. Embriogênese
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Espermatozoides
Óvulo
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mais periférica, podendo ser observado o surgimento de uma cavidade, denominada
blastocele. A partir deste momento a estrutura deixa de se chamar mórula e passa a se
chamar blastocisto.
Pode-se observar nesta estrutura duas partes distintas: o embrioblasto, que
representa um conjunto de células que faz saliência com o interior da cavidade e o
trofoblasto, representado por uma camada de células achatadas (Fig. 54).
Figura 54: Blastocisto (blástula) mostrando o trofoblasto, embrioblasto, a cavidade preenchida com fluidos
da cavidade uterina (blastocele) e a zona pelúcida.
Observe na figura acima que a blástula possui uma cavidade interna (blastocele)
preenchida por líquidos em seu interior. A partir da blástula, o embrião passa por muitas
transformações até o aparecimento de três linhagens celulares distintas: o endoderma, o
mesoderma e o ectoderma. O aparecimento dessas três linhagens define o estágio de
gástrula. Abaixo, na figura a seguir (Fig. 55), há uma representação do estágio de
gástrula, mostrando as três diferentes linhagens.
Observe na figura que o endoderma corresponde à camada mais interna de
células, da qual se desenvolvem as células pancreáticas, pulmonares e da tireoide, entre
outras; já o mesoderma é a região mediana que dará origem às hemácias, células do
túbulo renal e miócitos, entre outras; o ectoderma corresponde à camada mais externa de
células e originará posteriormente os melanócitos, sistema nervoso central e periférico,
epiderme e anexos, entre outras.
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Blastocele
Blastocele
Endoderme
Ectoderme
Arquêntero
Blastóporo
Figura 55: Representação de uma célula em estágio de gástrula, mostrando as três linhagens distintas de
células.
Note também na figura 55 que a região mais interna da gástrula recebe o nome
de arquêntero; essa cavidade interna liga-se com o meio externo através do blastóporo.
Na gastrulação ocorrem intensos movimentos morfogenéticos onde há intensa migração
celular. Têm-se interações teciduais através das quais se formam novas células. Isso leva
à diferenciação e agrupamento de células, que passam a se organizar em tecidos e
órgãos, processo denominado de organogênese.
É importante saber que a diferenciação celular refere-se ao grau de
especialização das células, já a potencialidade é a capacidade de uma célula originar
outros tipos celulares. Portanto não podemos deixar de falar um pouquinho a respeito das
células-tronco, que estão sendo muito estudadas e têm uma grande importância médica,
por serem células capazes de originar outras células.
15. Células-tronco
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Para qualquer célula, quanto maior for a potencialidade, menor a diferenciação e
vice-versa. Assim, as totipotentes, como possuem grau de diferenciação zero,
apresentam 100% de potencialidade, daí seu nome totipotente (com total potencialidade).
Em oposição a essas células, temos, por exemplo, os neurônios e as células do músculo
cardíaco, que perderam a capacidade de se dividir mitoticamente e não podem originar
novas células. Nesse caso temos células com 100% de diferenciação e zero de
potencialidade.
Estudos sobre as células-tronco demonstraram que elas são indiferenciadas e
possuem a capacidade de gerar não só novas células-tronco, como grande variedade de
células diferenciadas funcionais. Mas para realizarem essa dupla tarefa de replicação e
diferenciação, elas podem seguir dois modelos básicos de divisão:
- Determinístico: no qual sua divisão gera sempre uma nova célula-tronco e uma
diferenciada;
- Aleatório: no qual algumas células-tronco geram somente novas células-tronco e
outras geram apenas células diferenciadas.
Na figura a seguir (Fig. 56) podemos observar os dois modelos de divisão
apresentados pelas células-tronco. As células-tronco mais conhecidas são as
embrionárias, responsáveis pela produção de todas as demais células de um organismo.
Mas hoje sabemos também que os tecidos já diferenciados de organismos adultos
conservam suas células precursoras.
(A) (B)
Figura 56: Representação dos modelos de divisão das células-tronco. Em (A) temos uma representação do
modelo determinístico de divisão das células-tronco e em (B) o modelo aleatório.
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Agora que sabemos que as células-tronco são capazes de originar qualquer
célula do nosso corpo, podemos relacioná-la aos avanços na medicina, não esquecendo
que isso envolve uma série de questões bioéticas.
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alguns dos muitos trabalhos feitos com células-tronco e que contribuíram muito para o
que hoje é conhecido.
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Foi mostrado anteriormente que um gene possui regiões de íntrons e éxons. Na
montagem do mRNA (RNA mensageiro) os éxons expressam determinadas proteínas e
esse processo de montagem do mRNA é denominado de splicing. Mas podemos ter
organismos que apresentam splicing alternativo, ou seja, possuem os mesmos éxons,
porém a ordem de montagem desses éxons no mRNA pode ser alterada. Assim, um
mesmo genoma pode expressar muitos genes diferentes. Na figura a seguir (Fig. 57)
temos um esquema de um splicing e um splicing alternativo, mostrando como duas
proteínas distintas podem ser formadas a partir de um mesmo gene, sendo que esses
genes expressam produtos diferentes.
A maioria dos genes que controlam a diferenciação celular é bastante conservada
evolutivamente e a grande maioria deles foi descoberta através de estudos com
Drosophila (mosca das frutas). É interessante observar que quase todos os genes que
controlam o desenvolvimento na mosca de frutas possuem um gene equivalente em
mamíferos (camundongo ou humanos). Tanto que experimentos de biologia molecular
que promovem a troca de um desses genes de Drosophila com o de camundongo ou
humanos não acarretam prejuízos no desenvolvimento.
Splicing alternativo
Proteína A Proteína B
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Além disso, há um grande número de moléculas que sinalizam atuando no
embrião e contribuem para a formação dos padrões do corpo do animal adulto. Essas
moléculas recebem o nome de morfógenos.
17. Tecidos
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- Pseudoestratificado: apresenta os núcleos das células que o compõe em
diferentes alturas, o que tem um aspecto de ser estratificado, porém todas as células
desses epitélios repousam sobre a lâmina basal, sendo, portanto, um epitélio simples.
Esse tipo de epitélio está presente na traqueia e epidídimo.
Abaixo, na figura 58, temos uma representação dos três tipos de epitélios quanto
ao número de camadas.
Figura 58: Representação esquemática dos três tipos de epitélio quanto à quantidade de camadas
celulares que apresentam.
Em relação ao formato das células, elas são classificadas em:
- Pavimentosas ou escamosas: as células são achatadas como escamas;
- Cúbicas: quando as células têm forma de cubos;
- Prismático cilíndrico ou colunar: células são alongadas em forma de colunas.
Na figura 59 podemos visualizar cada um dos tipos de formato celular presente no
tecido epitelial.
Figura 59: Representação dos diferentes tipos de epitélios mostrando os tipos de células presentes quanto
às formas apresentadas e também quanto à camada de células.
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Temos o epitélio denominado de Epitélio de Transição, que apresenta células que
mudam sua forma. Ex.: células da bexiga urinária têm forma cúbica, mas tornam-se
achatadas quando submetidas ao estiramento causado pela dilatação do órgão, devido ao
acúmulo da urina. Na figura 60 temos uma representação do epitélio de transição.
Figura 60 – Representação esquemática do epitélio de transição. Observe que há células cúbicas na porção
inferior e células mais achatadas na porção superior.
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micro-organismos patogênicos conferindo proteção; evita também o ressecamento do
organismo e ameniza a ação de choques mecânicos. Está presente nos órgãos e é ele
que recobre todas as cavidades.
Esse tipo de tecido apresenta certas especializações celulares, como os:
- Microvilos: são prolongamentos que aumentam a superfície. Estão presentes
nos intestinos e túbulos renais;
- Cílios: prolongamentos celulares móveis que batem em ritmo ondular e
sincrônicos. Presente na traqueia e tubas uterinas;
- Estereocílios: prolongamentos extremamente longos e imóveis que podem ser
vistos em microscopia óptica. Estão presentes no canal deferente, epidídimo e células
pilosas do ouvido.
Apenas para conhecimento, o epitélio que recobre a parede do vaso sanguíneo é
denominado de endotélio. Esses tipos de células com especializações que estão
presentes no epitélio de revestimento podem ser visualizadas na figura 61.
O tecido epitelial glandular é formado por um conjunto de células especializadas
que têm a função de produzir e liberar secreções. As moléculas que são secretadas são
armazenadas nas células em pequenas vesículas envolvidas por uma membrana,
chamadas de grânulos de secreção. As células epiteliais glandulares podem sintetizar,
armazenar e secretar substâncias; no caso do pâncreas essas substâncias são as
proteínas, no caso das glândulas sebáceas, os lipídios. Já as glândulas mamárias
secretam todos os três tipos de substâncias (carboidratos, lipídios e proteínas).
O termo glândula é normalmente usado para designar agregados maiores e mais
complexos de células epiteliais glandulares. As glândulas são sempre formadas a partir
de epitélios de revestimento, cujas células proliferam e invadem o tecido conjuntivo
subjacente, após o que sofrem diferenciação adicional. Quanto ao local de secreção elas
podem ser:
- Exócrinas: mantêm sua conexão com o epitélio do qual se originaram. Esta
conexão toma a forma de ductos formados por células epiteliais através dos quais as
secreções são eliminadas, chegando à superfície do corpo ou uma cavidade. Este tipo de
glândula tem uma porção secretora, constituída pelas células responsáveis pelo processo
secretório, e ductos que transportam a secreção eliminada das células.
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- Endócrinas: não há conexão com o epitélio e, portanto, não têm ductos; suas
secreções são lançadas no sangue e transportadas para o seu local de ação, pela
circulação. Na figura 62 há uma representação do epitélio glandular.
Figura 61 - Representação de células que apresentam as especializações (A) microvilos, (B) cílios da
traqueia e (C) estereocílios observados no epididimo, que fazem parte do epitélio de revestimento.
Figura 62 - Representação do epitélio glandular mostrando como é o formato desse tipo de tecido.
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17.2 Tecido Muscular
Figura 63: Representação dos tipos de fibras musculares presentes em diferentes estruturas e regiões do
corpo, compondo diferentes tecidos musculares.
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17.3 Tecido conjuntivo
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osteócitos e osteoclastos. Na figura 64 há uma imagem do tecido adiposo e do tecido
conjuntivo denso, que mostram as diferenças.
Fibra colágena
A B
Figura 64 – Imagens de um fragmento do tecido adiposo (B) e do tecido conjuntivo denso (A).
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Dendritos Núcleo
Axônio
Corpo celular
Em toda sua extensão o axônio é envolvido por células que se dispõem em torno
de sua superfície, formando um envoltório espiralado que constitui a chamada bainha de
Schwann. As células de Schwann determinam a formação de um invólucro membranoso,
denominado bainha de mielina, que atua como isolante elétrico e contribui para o
aumento da velocidade de propagação do impulso nervoso ao longo do axônio.
Há também fibras nervosas que são formadas pelos prolongamentos dos
neurônios (dendritos ou axônios) e seus envoltórios. As fibras nervosas organizam-se em
feixes, sendo que vários feixes agrupados paralelamente formam um nervo. Os nervos
não contêm os corpos celulares dos neurônios; esses corpos celulares localizam-se no
sistema nervoso central.
Quando partem do encéfalo, os nervos são chamados de cranianos; quando
partem da medula espinhal denominam-se raquidianos. Os neurônios realizam sinapses,
onde temos a conexão química estabelecida entre um neurônio e outro, ou entre um
neurônio e uma fibra muscular, ou entre um neurônio e uma célula glandular. O espaço
onde ocorrem as sinapses é denominado de espaço sináptico, no qual um neurônio
transmite o impulso nervoso para outro, através da ação de mediadores químicos ou
neurotransmissores.
Os neurotransmissores mais comuns são as acetilcolinas e a adrenalina. A
acetilcolina é responsável por causar os seguintes efeitos no organismo humano:
broncoconstrição, dilatação de esfíncteres no trato gastrointestinal, sudorese, aumento de
salivação, entre outros. Já a adrenalina prepara o organismo para grandes esforços
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físicos, estimula o coração, eleva a pressão arterial, relaxa certos músculos e contrai
outros.
A B
Figura 66: Representação da atuação dos neurotransmissores na passagem do impulso de uma célula para
outra. Em (A) temos a propagação de impulsos entre dois neurônios e em (B) a liberação de
neurotransmissores com a chegada do impulso.
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Observe na imagem acima que há a propagação dos impulsos nervosos entre
dois neurônios no sentido unidirecional. Além disso, note que com a chegada do impulso
nervoso surge um potencial de ação que promove a liberação dos neurotransmissores
que estavam dentro de vesículas.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBERTS, B., BRAY, D., LEWIS, J., et al. Biologia Molecular da Célula. 3. ed. [S. I.]:
Artes Médicas, 1997. 1294 p.
-----------------FIM DO CURSO!------------------
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