Análise Financeira Resumo
Análise Financeira Resumo
As demonstrações financeiras
São quatro documentos principais que atendem a apresentar a informação financeira da
empresa e que, individualmente vão dar resposta às seguintes questões específicas:
• Qual o valor da riqueza acumulada por uma empresa no final de um determinado período -
Balanço (abordagem estritamente financeira: receitas e despesas)
• Qual o valor da riqueza criada por uma empresa durante um determinado período -
Demonstração dos Resultados e Demonstração de alterações do capital próprio (abordagem
económica: rendimentos e gastos)
• Qual o montante de recebimentos e pagamentos efetuados por uma empresa durante um
determinado período - Demonstração dos fluxos de caixa (abordagem monetária:
recebimentos e pagamentos)
O Balanço
• A principal função é mostrar a situação da empresa num determinado momento, como se
tratasse de uma “fotografia” à sua posição
• É um mapa patrimonial, ou seja, espelha a composição e o valor do património de uma
empresa num determinado momento. O conceito de património traduz-se em bens e direitos
de uma empresa sobre terceiros (elementos ativos) ou em obrigações da empresa para com
outras entidades (elementos passivos). A diferença entre estes dois conjuntos de elementos
designa-se por capital próprio.
É nesta relação entre ativo, passivo e capital próprio que assenta a denominada igualdade do balanço.
Ativo= Capital Próprio + Passivo
Balanço patrimonial cuja primeira apresentação decorre do Balanço elaborado de acordo com o
Sistema de Normalização Contabilísticas (Balanço Contabilístico) Grau de exigibilidade
Grau de Liquidez
Capital Próprio
Ativo
Passivo = Capital
Alheio
• Ativo não corrente: Elementos detidos com o objetivo de gerar riqueza, ou seja, permitir à
empresa desenvolver a sua atividade. Podemos categorizar este conjunto em ativo tangível,
ativo intangível, investimentos financeiros de longo prazo e as dividas a receber que sejam
recuperáveis num prazo superior a um ano.
• Ativo corrente: Elementos ativos que, com maior liquidez. Avultam nesta categoria os
inventários, as dividas a receber e as disponibilidades.
Nota: No lado esquerdo a aplicação de fundos e do lado direito a origem de fundos
O passivo
Os elementos passivos surgem ordenados por grau crescente de exigibilidade, isto é, de acordo com
o grau de necessidade de se cumprirem as obrigações.
• Passivo não corrente: São os elementos menos exigíveis, ou seja, apresentam prazos para o
vencimento mais alargados.
• Passivo corrente: Contemplam as obrigações cujo prazo para o vencimento é mais curto.
O Capital Próprio
Corresponde às obrigações financeiras da empresa para com os seus sócios ou acionistas. Traduz-se
nos direitos que os sócios/acionistas têm sobre os ativos da empresa após serem liquidadas todas as
obrigações.
Fazem parte o capital realizado, as reservas e resultados transitados e o resultado líquido. Por capital
entende-se que o capital que foi investido pelos sócios/acionistas aquando da constituição da
sociedade. As restantes componentes correspondem aos resultados, isto é, à riqueza gerada no
período (resultado líquido) ou em períodos anteriores e que não tenham sido distribuídos (as reservas
e resultados transitados).
A Demonstração de Resultados
É a demonstração financeira que mede o valor da riqueza criada durante um determinado período de
tempo, coincidindo este intervalo, com o período entre as datas dos balanços consecutivos.
O conceito fundamental é o resultado, qualquer que seja a sua natureza, entende-se sempre como a
diferença entre duas grandezas, os rendimentos e os gastos.
Resultado – Rendimentos – Gastos
Temos três grandes grupos na demonstração de resultados:
- Resultado operacional
- Resultado financeiro
- Resultado líquido
Rendimentos e Gastos Período N
Vendas
Custo das Mercadorias Vendidas e das Matérias Consumidas
Fornecimento e serviços externos
Gastos com o pessoal
Outros rendimentos e ganhos
Outros gastos e perdas
EBITDA - MLB
Resultados financeiros
EBITDA (Earning before interest, taxes, depreciation and amortization): Está relacionado com
as atividades que constituem o objetivo principal da empresa excetuando os gastos/reversões
associadas às amortizações e depreciações de ativos
EBIT (Earning before interest, taxes): Para além dos rendimentos e gastos considerados
anteriormente, considera o efeito dos gastos/reversões das amortizações e depreciações dos
ativos
EBT (Earning before taxes): Concorre para a sua formação o resultado operacional e o
resultado da função financeira
RL (Resultado líquido): Corresponde ao RAI após corrigido do efeito fiscal decorrente da
tributação do rendimento.
Nota: EBT e RL são consequências do EBIT
A natureza dos resultados que dão origem a um determinado resultado líquido pode constituir
um bom indicador da sustentabilidade desse mesmo resultado. Veja-se o exemplo das empresas A e
B, que apesar de apresentarem um resultado líquido equivalente, apresentam resultados operacionais
diferentes.
Empresa A Empresa B
Resultados operacionais 250 000 -50 000
Rendimentos financeiros 50 000 200 000
Gastos financeiros -200 000 -50 000
Resultado antes impostos 100 000 100 000
Imposto s/ rendimento -30 000 -30 000
Resultado líquido 70 000 70 000
A demonstração das alterações no capital próprio
• Oferece uma visão global da situação inicial do capital próprio da entidade e dos seus
componentes, assim como a demonstração das variações ocorridas em cada uma delas no
decorrer do exercício, mostrando igualmente, a situação do capital próprio no final do
período.
• A alteração global do capital próprio durante um período representa a quantia total dos
rendimentos e gastos, incluindo ganhos e perdas, geradas pelas atividades da entidade
durante esse período, quer esses itens de rendimentos e gastos sejam reconhecidos nos
resultados ou diretamente como alteração do capital próprio.
A demonstração dos fluxos de caixa
Tem como principal objetivo elucidar os utentes da informação financeira sobre o modo como a
empresa gera e utiliza dinheiro num determinado período (normalmente anual), em termos dos fluxos
gerados pelas atividades desenvolvidas.
• A demonstração de resultados é um documento síntese dos fluxos económicos, ou seja, dos
gastos e rendimentos, não permitindo determinar os movimentos monetários, ou seja, os
recebimentos e pagamentos. Nem sempre os gastos correspondem ou coincidem com saídas
de dinheiro (pagamentos), nem os rendimentos com a entrada (recebimentos).
• A demonstração dos fluxos de caixa é a demonstração financeira que tem por objetivo
mostrar qual a posição da empresa, em termos de disponibilidades, no início e no fim do
período em analise, assim como explicar a sua variação, ou seja, de que forma foi gerado e
utilizado o dinheiro durante esse tempo.
• É uma síntese dos pagamentos e recebimentos efetuados, classificados de acordo com as
atividades da empresa que lhe deram origem:
- Fluxos das atividades operacionais – gerados pelas operações normais da empresa
- Fluxos das atividades investimento – inclui pagamentos que decorrem essencialmente
da aquisição e alienação de ativos não corrente
- Fluxos das atividades financiamento – compreende as diferentes formas de obtenção e
reembolso de fundos externos à empresa
Fluxos – Ligados ao Ciclo de Exploração
No desenvolvimento da sua atividade económica a empresa estabelece relações, umas orientadas
para os aspetos internos, outras para o exterior.
Estas relações traduzem-se por fluxos de bens e serviços, aos quais correspondem em regra fluxos
monetários de sentido inverso, pelo que importa distinguir duas categorias de fluxos: reais (bens e
serviços) e os financeiros (meios monetários)
Fornecedores
(materiais e mão Compras Pagamento a
Gasto fornecedores
de obra)
Produção
Recebimento
Clientes Vendas Rendimento Clientes
Fluxos Económicos, Fluxos Financeiros e Fluxos de Tesouraria
Económico Financeiros Tesouraria
(Financeiro em sentido lato) (Financeiros em sentido restrito)
↓ ↓ ↓
Rendimento Receita Recebimento
Gasto Despesa Pagamento
Aplicações Recursos
Instrumentos de base da análise financeira
1. Introdução
Um rácio/indicador não é mais que uma relação entre duas grandezas significativas, que pde ser
expresso em valor absoluto ou percentagem.
O cálculo dos rácios/indicador tem por objetivo permitir uma indicação rápida sobre um determinado
aspeto da gestão financeira da empresa. A sua utilização generalizada resulta essencialmente de:
- Facilidade e rapidez de calculo
- Comparabilidade intra e interempresas
- Utilização de informação acessível
- Possibilita indicações ou conclusões de forma imediata
No entanto, a sua utilização requer alguns cuidados:
• Os elementos contabilísticos devem ser consistentes de um exercício para o outro;
• O seu cálculo deve abranger vários exercícios (com referência de um mínimo de 3 anos). A
comparabilidade no tempo produz conclusões muito mais sustentadas;
• Utilizar, sempre que possível o benchmarking, seja em termos de médias setoriais ou de
empresas que se considerem comparáveis e de referência.
Na análise financeira das empresas, o método dos rácios serve nomeadamente, para analisar:
• A evolução da estrutura das aplicações e das origens de fundos;
• O equilíbrio entre os prazos de liquidez das aplicações e da exigibilidade das rigens de fundos;
• A evolução da atividade;
• A eficiência da gestão.
• Atividade comercial:
Duração média de mercadorias:
(Stock de mercadorias/ Custo das mercadorias vendidas) x 365
• Atividade industrial:
Duração média de matérias-primas:
(Stock de matérias-primas/Custo das merc. Consumidas) x 365
Duração média de produtos acabados:
(Stock de produtos acabados/ Custo de vendas) x 365
Duração média de produtos em curso:
(Stock de produto em curso/ Custo de prod. x % de acabamento) x365
• Atividade agrícola:
Duração média de ativos biológicos:
(Ativos biológicos/ Custo de imputados à produção) x 365
2.2. Rácios de atividade de médio e longo prazo
Rotação do ativo total = Volume de negócios/ Ativo total
→ Mede o nível de vendas gerado pelo investimento realizado (aplicações de fundos) e, na prática,
representa o nº de unidades vendidas por cada unidade monetária investida.
3. Rácio e indicadores de liquidez
O conceito de liquidez está relacionado com a capacidade de um determinado ativo ser
transformado em meios líquidos. Os rácios e os indicadores de liquidez têm como objetivo avaliar a
capacidade de uma empresa cumprir as suas responsabilidades correntes.
Duração do ciclo operacional (DCO) = DMI + PMR --> Indica o número de dias necessários até que os
inventários se vendam e se convertem em meios monetários, representado tempo de duração do ciclo
de exploração.
Duração do ciclo financeiro (DCF) = DCO – PMP --> Indica o número de dias em que os meios
monetários estão imobilizados no ciclo operacional.
Liquidez geral = Ativo corrente/ Passivo corrente
→ Aprecia o equilíbrio entre recursos e obrigações de curto prazo, avaliando a aptidão da
empresa para fazer face aos seus compromissos de curto prazo.
Liquidez reduzida = Ativo corrente - (Inventário + Ativo biológico) / Passivo corrente
→ Permite verificar a capacidade em solver os compromissos de curto prazo através da
transformação dos ativos correntes em meios monetários, excluindo aqueles que apresentam
menor grau de liquidez.
Liquidez imediata = Meios financeiros líquidos/Passivo corrente
→ Reflete apenas o valor imediatamente disponível para fazer face ao passivo corrente.
4. Rácios financeiros de médio e longo prazo
Para analisar o equilíbrio financeiro de médio e longo prazo (MLP) é comum o recurso a rácios
de estrutura de capital e de solvabilidade que, por um lado, permitem conhecer a combinação das
diferentes origens de capitais a que a empresa recorre para financiar os seus ativos e, por outro,
possibilitam avaliar a capacidade da empresa solver os seus compromissos de MLP.
Rácio da autonomia financeira = Capital próprio / Ativo total
→ Determina a Independência da empresa fase ao capital alheio e representa a proporção do
ativo total que é financiada com a capital próprio. É um indicador particularmente valorizado
pelos analistas de créditos.
Rácio da solvabilidade = Capital próprio/ Passivo
→ Determina o grau de cobertura do passivo por capital próprio, avaliando a capacidade da
empresa para fazer face aos seus compromissos, o que acaba por refletir o risco que os
credores correm.
Rácio da estrutura de capital = Passivo não corrente / Capital próprio
→ Também denominado Debt to Equity, aprecia o equilíbrio das massas patrimoniais
constituintes dos recursos estáveis, avaliando se o elemento predominante é o passivo não
corrente ou o capital próprio.
Rácio da estabilidade do financiamento = Recursos estáveis/ Investimentos
→ Avalia em que medida os recursos estáveis financiam o investimento, ou seja, afere a
estabilidade e a constância do financiamento.
Rácio da estrutura do passivo = Passivo corrente / Passivo não corrente
→ Indica qual o elemento predominante do passivo, isto é, se é o corrente ou se é o passivo
exigível a MLP, o que permite medir a temporalidade do endividamento.
Rácio cobertura gastos Financiamento = (EBIT + Rendimento Financeiro) / Gastos financeiros
→ Mede a extensão na qual existem resultados disponíveis para suportar os encargos
financeiros.
Gestão de tesouraria
1. Estudo do Fundo de Maneio
• O que é o equilíbrio financeiro e qual a sua importância?
A análise do equilíbrio financeiro permite identificar a estrutura de financiamento da empresa
e se existe uma adequação entre Origens e Aplicações de Fundos que permita otimizar o desempenho
empresarial. (Se a exigibilidade das Origens de Fundos se adequa à liquidez das Aplicações de Fundo)
Esta análise assenta essencialmente no estudo dos balanços da empresa, que deverão ser
previamente preparados para o efeito. Pretende-se, que o balanço traduza o mais fielmente possível
a situação real de valorização de ativos e passivos, o que implica a correta classificação das rubricas
patrimoniais face às expectativas de temporalidade, da liquidez (no caso dos ativos) e da exigibilidade
(no caso dos passivos).
Refira-se que nesta perspetiva o que distingue os Capitais Próprios do Passivo é o seu grau de
exigibilidade. É nulo ou praticamente nulo ou praticamente nulo para os Capitais Próprios e de
exigibilidade diferenciada no caso do Passivo - elevada no Passivo de corrente e reduzida no Passivo
não corrente.
A base da partida para o estudo do Fundo de Maneio é o Balanço Patrimonial cuja primeira
apresentação decorre do Balanço elaborado de acordo com o Sistema de Normalização Contabilística
(Balanço Contabilístico)
Grau de exigibilidade
Grau de Liquidez
Capital Próprio
Ativo
Passivo = Capital
Alheio
A figura corresponde à situação em que os AC são iguais aos PC e, portanto, o FM é nulo. Não
existe nem excedente nem défice de liquidez prevista face às exigibilidades previstas a curto prazo.
Ao nível de solvabilidade a situação é de equilíbrio, havendo, no entanto, o risco de a realização efetiva
dos elementos ativos correntes ser retardada face às expectativas iniciais, conduzindo a uma situação
deficitária.
• 3º Situação:
• No valor do crédito obtido junto dos fornecedores resultante das condições previamente
negociadas;
• Nos valores dos créditos obtidos do Estado e Outros Entes Públicos, definidos pelas obrigações
fiscais e sociais decorrentes da atividade operacional;
• Nos valores dos adiantamentos de clientes que decorrem das condições usuais praticadas pela
empresa ou pelo setor.
Para além das Necessidades e dos Recursos Cíclicos podem existir necessidades e recursos de
caracter mais ocasional designados de Extraexploração, como por exemplo: i) Outras Contas a Receber
e a Pagar Diferimentos (NCEE), ii) Pfafonds de créditos, contas correntes caucionadas (RCEE).
É frequente a sobreposição dos ciclos de exploração (pelo facto de se iniciar um ciclo de produção
de um produto ainda antes de concluído(s) o(s) anterior(es), o que lhe confere um caracter de
permanência.
À diferença entre as Necessidades Cíclicas de Exploração (NCE) e os Recursos Cíclicos de
Exploração (RCE) corresponde ao Fundo de Maneio Necessário de Exploração (FMNE) e representa
as necessidades de financiamento líquidas decorrentes do ciclo de exploração das empresas:
• FMNE = NCE – RCE
O FMNE pode ser positivo ou negativo (face à prevalência das NCE ou dos RCE), sendo o seu nível
influenciado, pelo setor de atividade em que a empresa opera, pelas práticas de gestão operacional,
pela tecnologia, pela evolução do negócio, etc.
Para além do FMNE, identifica-se também o Fundo de Maneio Necessário Extraexploração
(FMNEE), que corresponde à diferença entre as Necessidades Cíclicas Extraexploração (NCEE) e os
Recursos Cíclicos Extraexploração (RCEE):
FM = CP – AF
Fm = AC – PC
Políticas Operacionais (Exploração) FMN = NA – PN
T = FM – FMN
ou
T = EAT - EPT
Idêntico raciocínio poderia ser feito para contemplar situações de tesouraria deficitária:
T< 0 FM – FMN <0
Nesta situação há necessidade de implementar medidas corretivas, de forma a assegurar o equilíbrio
financeiro de curto prazo.
Balanço Esquemático
Balanço Económico
Fundo
Capital permanente Maneio Ativo não corrente Capital
Permanente
Ativo não corrente
Fundo de Maneio
Fundo Necessário Tesouraria
Necessidades Cíclicas Maneio
Necessário
Recursos
Cíclicos
EAT Tesouraria
EPT
Capital alheio
Ativo corrente Ativo corrente Passivo corrente
• Capital Permanente
• Ativo não corrente Ativo não corrente Capital
• Necessidades Cíclicas Permanente
• Recursos Cíclicos
• Tesouraria Fundo de Maneio
Necessário Tesouraria
Rendibilidade e Crescimento
1. Introdução
Tanto na análise financeira como na análise económica, os elementos de base são fornecidos pela
contabilidade da empresa. Apesar da interligação evidente que existe entre as diferenças peças
contabilísticas, para o estudo da situação financeira baseamo-nos na análise do balanço, enquanto
que para a análise económica socorremo-nos principalmente da demonstração de resultados.
O estudo da situação económica da empresa permite determinar em que medida os recursos
postos à sua disposição são eficientemente utilizados de forma a atingir os seus objetivos
fundamentais: sobrevivência, crescimento, satisfação dos interesses das pessoas e entidades com que
se relaciona ou que nela participem (stakeholders).
O que é a Rendibilidade?
É a expressão monetária da eficiência dos recursos postos à disposição da empresa e, exprime-se
pela relação “Resultados Obtidos/ Meios Utilizados”.
2. Os Principais Indicadores Económicos
O estudo da situação económica e a necessidade de medir a eficiência da empresa a
diferentes níveis obriga à agregação dos resultados de acordo com o objetivo a atingir.
Os Meios Libertos Brutos (MLB) são compostos pelos Resultados Operacionais (RO) e pelos
gastos suportados no exercício que não originam pagamentos (Depreciações / Amortizações e
Imparidades do Exercício, …)
Verifica-se, assim, que a empresa pode aumentar a sua rendibilidade operacional por duas
vias: incrementado os resultados operacionais por unidade vendida (RO/V) e/ou aumentado a rotação
do ativo (V/A).
A rotação do ativo (V/A), é uma medida de eficiência, na medida em que permite aferir até
que ponto o conjunto de recursos afetos à atividade estão a conseguir materializar-se em vendas ou
prestação de serviços (rendimentos operacionais). O ótimo será, então, que com o menor
investimento possível em valores ativos da empresa consiga maximizar os valores dos rendimentos
gerados por esses mesmo recursos.
No que respeita à rendibilidade dos capitais próprios, a análise DuPont permite evidenciar
dois modelos:
• Modelo multiplicativo
• Modelo aditivo
RO RO CA
RCP = [ +( − i) ] x (1 − t)
A A CP
• Quando o ROA for superior ao custo dos Capitais Alheios (i) a Rendibilidade dos Capitais
Próprios (RC’P) será uma função crescente do nível de endividamento (CA/C’P)
• Quando o ROA for igual ao i, o recurso ao endividamento não terá qualquer influencia sobre
a rendibilidade dos Capitais Próprios;
• Quando a ROA for inferior ao custo dos Capitais Alheios (i) a Rendibilidade dos Capitais
Próprios (RC’P) será uma função decrescente do nível de endividamento (CA/C’P).
O efeito de alavanca manifesta-se sempre que ocorram gastos financeiros de financiamento e
pode atuar num outro sentido (positivo ou negativo).
O efeito financeiro de alavanca permite analisar a capacidade da empresa, através do recurso ao
crédito, maximizar a rendibilidade dos Capitais Próprios.
Uma melhoria da Rendibilidade Financeira poderá, pois, ser conseguida através de uma utilização
mais adequada dos Capitais Alheios, nomeadamente de empréstimos Médio e Longo prazo.
No entanto, com o aumento do recurso aos Capitais Alheios, diminui a Autonomia Financeira
(C’P/ALT) da empresa e aumentará necessariamente o peso dos encargos financeiros, o que conduz à
diminuição do segundo termo do fator de alavanca.
No que respeita à análise da RCP, destaca-se o efeito de alavanca financeiro, o qual se concretiza
n impacto que a estrutura financeira da empresa, no que diz respeito ao mix dos capitais
alheios/capitais próprios, pode ter na RCP.
Cada unidade do ativo pode ser financiada por capitais próprios ou alheios. Se a rendibilidade
gerada pelo ativo (ROA) for superior a custo médio dos capitais alheios (i), então o recurso ao
endividamento majora a rendibilidade dos capitais próprios (RCP), na medida em que o excesso
gerado (ROA – i) CA/CP, acresce ao ROA.
A expressão (ROA – i) CA/CP é habitualmente designada por efeito financeiro de alavanca
(financial leverage). Representa um incremento na RCP, sempre que, sendo ROA> i, se incrementa o
nível de endividamento (registando-se o fenómeno contrário caso ROA< i).
EVA- Econmic Value Added
Payout rácio
Indica a percentagem de resultado que é
Dividendos
POR = distribuída aos investidores via dividendos
Resultado liquido
Dividend yield
Reflete o rendimento da ação via dividendos.
Dividendo por ação Um valor elevado está associado a uma política
DY =
Cotação da ação de distribuição de dividendos elevados
E(re) – Rendibilidade exigida pelos acionistas ou custo de oportunidade dos capitais próprios
Rf - Taxa de juros sem risco (ex: Títulos do tesouro)
Βe – Índice de risco do ativo financeiro - representa a sensibilidade do rendimento do ativo em relação
ao mercado
E (rm) – Rendibilidade do mercado esperada a médio/longo prazo
E (rm) – rf – Prémio do risco moderado
𝐶𝑜𝑣 (𝑟𝑒 𝑟𝑚 )
Βe =
𝑉𝑎𝑟 (𝑟𝑚 )
Este modelo tem uma aplicação restrita porque só serve para empresas cotadas. A
consciencialização deste inconveniente levou a alguns autores a estimar a sensibilidade dos resultados
da empresa face às variações de um agregado económico de todas as empresas (variação dos
resultados da empresa/variação dos resultados agregados)
2. A Teoria do Custo Volume Resultado (CVR)
Vamos efetuar a análise do risco económico (operacional) da empresa, utilizando as
aplicações práticas da teoria Custo Volume Resultado.
Objetivo: O estudo da rendibilidade da empresa através da análise dos Rendimentos, dos Gastos
Operacionais e das relações estabelecidas entre eles, estreita ligação com o nível de Atividade.
Os gastos das empresas evoluem no tempo sob a influência de múltiplas variáveis: umas de
origem interna (eficiência de mão de obra, organização da produção, grau de mecanização, custos
unitários dos fatores produtivos e também do nível de atividade) e outras de origem externa (medidas
sociais, fiscais, económicas, etc)
A todos estes fatores, a teoria do CVR, atende exclusivamente a um – nível de atividade
(volume), que pode ser expresso tanto em unidades monetárias (Volume de Vendas), como em
unidades fiscais (Quantidades)
Tendo presente esta variável (nível de atividade) podemos distinguir os gastos em:
• Gastos Fixos: São independentes do nível de atividade durante o período em analise
• Gastos Variáveis: Encontram-se ligados ao nível de atividade
A teoria do CVR é de formulação teórica simples, no entanto, a separação prática entre gastos
fixos e os variáveis, nem sempre é fácil de efetuar, atendendo ao facto que existem gastos que se
podem designar como mistos (semifixos ou semi-variáveis), normalmente de difícil separação e
quantificação pratica.
Seja:
Grau operacional (Económico) de Alavanca → Indica-nos em que medida uma dada variação nas
Quantidades Vendidas afeta o Resultado Operacional. O GOA pode ser definido como a variação
percentual ocorrida no Resultado Operacional, que resulta de uma variação percentual das vendas.
MB RO MB
GCA = GOA x GFA = x =
RO RAI RAI
Análise de Fluxos
1. Introdução
A análise baseada nos fluxos visa ultrapassar algumas das limitações da análise tradicional e a
necessidade deste tipo de abordagem está bem patente na rapidez com que se introduziu no mercado
financeiro a obrigatoriedade de elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa. Em sede de SNC, a
NCRF 2 veio tornar esta demonstração financeira de elaboração obrigatória para a generalidade das
organizações (executam-se as pequenas e micro entidades e as instituições sem fins lucrativos) tendo
por objetivo exigir informação sobre as alterações de caixa e seus equivalentes.
O apuramento dos resultados do exercício pode-se efetuar através da aplicação de alguns
princípios que se podem resumir em:
Princípios Apuramento dos Resultados Demonstração Financeiras
Especialidade Económica Rendimento – Gastos Demonstração Resultados
Regime de caixa Recebimento - Pagamentos Fluxos de caixa
O SNC estabelece o princípio da especialização económica dos exercícios para o apuramento dos
resultados, considerando-se neste capítulo que a avaliação dos resultados deve antes efetuar-se com
base nos fluxos gerados na atividade, pois o desempenho das empresas pode ser medido pela
diferença entre os Recebimentos e os Pagamentos, ou seja pelo regime de caixa atrás referido.
Enquanto o princípio da especialização económica dos exercícios permite o apuramento dos
resultados económicos já não permite obter informações sobre a capacidade financeira da empresa
para cumprir com os seus compromissos.
Os resultados económicos são independentes dos fluxos financeiros, podendo a empresa in
extremis ter resultados económicos positivos e cash-flows (diferença entre as entradas e as saídas de
caixa) de tal forma negativos que comprometam a sua sobrevivência.
Para colmatar esta insuficiência os analistas, quando não utilizam esta metodologia, servem-se de
indicadores que permitem a determinação aproximada do Cash-Flow. É o caso do autofinanciamento
(Resultados Retidos + Imparidades/Provisões do exercício + Depreciações/amortizações do exercício)
que possibilita a determinação da capacidade de gerar meios próprios, mas não determina os meios
efetivamente gerados num determinado período.
Enquanto o princípio da especialização económica dos exercícios permite o apuramento dos
resultados económicos já não permite obter informações sobre a capacidade financeira da empresa.
O cálculo dos resultados de acordo com o SNC evidencia a capacidade de a empresa gerar meios
próprios e a Demonstração de fluxos de caixa determina os meios financeiros gerados num
determinado período, porque para além da atividade operacional há a atividade de investimento e
financiamento.
A metodologia seguia até ao momento separou as questões financeiras (avaliação da capacidade
das organizações de satisfazer os compromissos assumidos) das questões de natureza económica
(avaliação da eficiência da utilização dos meios colocados à disposição da empresa), pelo que se torna
necessário uma análise integrada baseada na análise de fluxos, efetuada com base na articulação das
diferenças peças contabilísticas.
Classificação dos Fluxos Financeiros em função das implicações temporais que lhe
estão associadas
Sendo deste modo possível agregar os Ciclos Financeiros em função das diferentes atividades que
estão na sua origem:
Diminuição de Ativo
Origens de Fundos Aumento de Passivo
Aumento de Capital Próprio
Aumento de Ativo
Aplicação de Fundos Diminuição de Passivo
Diminuição de Capital Próprio
2. A Demonstração do Fluxo de Caixa
Normalização da Demonstração do Fluxo de Caixa instituída através da NCRF2
Recebimento de clientes
Pagamento a Fornecedores
Fluxo da Atividade Pagamento ao Pessoal
Operacional Fluxos relativos ao imposto sobre o rendimento
Fluxos relativos a contratos detidos para negócio
Outros fluxos operacionais
A diretriz prevê a possibilidade de elaboração da DFC pelo Método Direto e o Método Indireto. A
diferença de apresentação dos referidos métodos respeita, exclusivamente à forma de determinação
dos Fluxos das Atividades Operacionais. Nos dois métodos são iguais a determinação dos fluxos das
Atividades de Investimentos e das Atividades de Financiamento.
Método Direto: O Fluxo da Atividade Operacional, determina-se a partir do fluxo gerado pelas
operações (recebimento de clientes, pagamentos a fornecedores e ao pessoal) a que são adicionados
os fluxos relativos ao imposto sobre o rendimento, e outras atividades operacionais.
Método Indireto: O Fluxo de Atividade Operacional é determinado a partir do Resultado Liquido (?)
ao qual é feito um conjunto de ajustamentos.
Método Indireto
• Atividade Operacional
O Fluxo de Atividade Operacional é um indicador da capacidade da empresa gerar meios
disponiveis para aplicações estratégicas, ou seja, suscetiveis de aplicação por força das decisões que
decorrem das politicas de investimento e financiamento.
É também um elemento central na análise da performance económica, na medida em que
indica de forma clara os recebimentos e pagamentos operacionais.
• Atividade de investimento
Os recebimentos provenientes das atividades de investimento são determinados na base do preço
de venda dos ativos não correntes alienadas no exercicio, a que se acresce os montantes recebidos
provenientes dos subsidios de investimento, juros e proveitos similares e dos dividendos. Os
pagamentos têm origem nos investimentos realizados.