1
“Aqui começa a Força Pública de Minas!”:
História Academia de Polícia Militar do Prado Mineiro
Francis Albert Cotta, Maj PM
Doutor em História Social da Cultura (UFMG). Mestre em Educação (UFMG).
Especialista em Metodologia de Ensino (FCHPL).
Licenciado em Pedagogia e em História (PUC Minas)
A expressão “Aqui começa a Força Pública de Minas” foi cunhada pelo Coronel
Eugênio da Cunha Valadares, Comandante da Academia de Polícia Militar de Minas
Gerais (de fevereiro de 2022 a março de 2024) e congrega dimensões educacionais,
operacionais e históricas. Ela remete aos elementos materiais da cultura que se
mostram nas edificações, fardas, equipamentos e armamentos, e aos elementos
imateriais como os ritos, cerimônias, tradições e dispositivos que compõe o universo
castrense mineiro, por meio das práticas educativas e da disciplina militar.
O conceito de “Força Pública” transcende a denominação específica atribuída
legalmente ao corpo militar responsável pelas atividades de polícia em Minas na
primeira metade do século XX, uma vez que esse termo emerge com a
institucionalização da polícia contemporânea, nos moldes gendarmes, na
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789). Em seu artigo 12 º, afirma:
“A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública;
essa força é, portanto, instituída para benefício de todos, e não para utilidade
particular daqueles a quem é confiada.”1 A dimensão de defesa dos direitos e a
perspectiva republicana é a base da Força Pública e deve permanecer no século
XXI.
A história da educação dos corpos militares responsáveis pelas atividades policiais
em Minas Gerais tem seu início no século XVIII com a criação do Regimento
Regular de Cavalaria de Minas, em 1775. Ele surge em meio ao processo de
racionalização administrativa e das reformas militares e pedagógicas ocorridas na
1
La garantie des droits de l'homme et du citoyen nécessite une force publique ; cette force est donc
instituée pour l'avantage de tous, et non pour l'utilité particulière de ceux à qui elle est confiée.
Disponível em: https://www.elysee.fr/la-presidence/la-declaration-des-droits-de-l-homme-et-du-
citoyen.
2
Europa. Para a educação e a instrução do efetivo da Cavalaria de Minas, em termos
técnicos, táticos e estratégicos, foram utilizados os manuais mais atualizados da
época, produzidos pelo oficial anglo-germânico a serviço de Portugal, Conde de
Lippe (1724-1777) (Cotta, 2021). A Figura 1 apresenta alguns dos manuais
produzidos em meados do século XVIII. Eles marcaram o início da educação e da
instrução militares em Minas Gerais, que ocorreu no quartel do Regimento Regular
de Cavalaria de Minas, localizado em Cachoeira do Campo, Ouro Preto.
Figura 1– Manuais militares utilizados na instrução do RRCM. Minas Gerais. 1775
Fonte: Obras raras. Acervo da Biblioteca FAC. Minas Gerais. 2024.
Após a Independência do Brasil (1822), os manuais do Conde de Lippe continuaram
a ser utilizados pelo corpo militar responsável pelas atividades de policiamento em
Minas Gerais. Durante o período da Regência (1831-1840) criou-se, em 1831, o
Corpo de Guardas Permanentes, que em 1835 transformou-se em Corpo Policial de
Minas.2 Para ele migrou parte do efetivo da Cavalaria de Minas, uma vez que não
perdeu sua condição de tropa militar. Para além das instruções militares, recebeu
orientações específicas destinadas à realização das rondas e patrulhas. Os
exercícios e inspeções eram de responsabilidade do Major Comandante do Corpo
Policial. Com essa denominação permaneceu durante todo o Império (Carvalho,
2014; Cotta, 2014).
2
Lei Provincial de Minas Gerais nº 8, de 28 de março de 1835. Regulamento n.º 6, trata do Corpo
Policial da Província de Minas Gerais. Livro da Lei Mineira, 1835. Tomo I, parte 2, fl. 6.
3
Com a Proclamação da República (1889) ocorreram mudanças estruturais na
administração pública de Minas Gerais, de Província a Estado. Entre as
transformações estava a transferência da sede do governo do Estado da cidade de
Ouro Preto para Belo Horizonte, bem como a transformação da então Brigada
Policial em Força Pública.3 Na Figura 2 se observa, ao centro, o Major Lopes, militar
afrodescendente num período histórico de pós-abolição. Ele foi o primeiro
Comandante e Delegado de Polícia da Capital. Permaneceu em Belo Horizonte de
1894 a 1915.
Figura 2 – Major Lopes, da Brigada Policial de Minas, junto aos integrantes da
Comissão Construtora de Belo Horizonte. 1894.
Fonte: Arquivo Público da Cidade de Belo Horizonte. Coleção: BH. Notação: BH.ALB.02-015. 1894
A Brigada Policial de Minas e posteriormente, Brigada Policial, recebeu em seus
quadros trabalhadores que ajudaram a construir a nova capital. Como se pode
observar no Livro de Assentamentos de Praças do 1º Batalhão. Constata-se no
3
Decreto n.º 3.603, de 12 de junho de 1912, contém o Regulamento de Força Pública de Minas
Gerais.
4
referido livro, referente ao ano de 1913, que 90% dos que iniciaram a carreira como
soldados exerciam atividades como: lavrador, fogueteiro, pedreiro, servente de
pedreiro, carapina, sapateiro, alfaiate, carpinteiro, cabelereiro, operário, ajudante de
ferreiro, lustrador, pintor, carpinteiro, marceneiro, carroceiro, padeiro, ferreiro,
garimpeiro. A maioria dos soldados não possuía escolarização e 70% eram
classificados como sendo da cor preta, parda e mestiça (clara ou escura). A Figura 3
mostra a composição pluriétnica da Força Pública de Minas.
Figura 3 – Composição Pluriétnica da Força Pública de Minas no início do século XX
Fonte: Acervo iconográfico do Museu dos Militares Mineiros. Belo Horizonte. Minas Gerais.
As novas exigências sociais, decorrentes da construção de Belo Horizonte e do
aumento populacional impulsionaram o governo de Minas à contratação, em 1912,
de um instrutor do exército suíço, comissionado no posto de Tenente-Coronel, para
realizar uma reforma na instrução militar.4 Em decorrências das atividades
pedagógicas, de matriz prussiana, desenvolvidas pelo Tenente Coronel Robert
Drexler, organizou-se a Escola de Instrução, composta pela Escola de Graduados,
Escola de Recrutas e Escola de Tática, com atividades realizadas no bairro Prado,
em Belo Horizonte (Cotta, 2014).5 Na Figura 4 observam-se sargentos da Força
Pública que em 1914 participaram da Escola de Graduados.
4
Drexler foi contratado em 24 de dezembro de 1912, sendo “[...] um oficial de educação esmerada,
perfeito conhecedor do seu ofício [...]” (Almeida, 2020, p. 151).
5
Figura 4 – Sargentos da 2ª Companhia da Escola de Graduados N.º 2, em 1914
Fonte: Acervo iconográfico do Museu dos Militares Mineiros.
Em 1927, criou-se o Corpo Escola, destinado ao preparo técnico dos oficiais e
praças da Força Pública, por meio de instruções teóricas e práticas. Nessa mesma
época foram aprimoradas as Escolas Regimentais, que funcionavam anexas aos
batalhões desde o início da década. Institucionalizou-se a Escola de Sargentos, cujo
curso teria a duração de dois anos, sendo seu corpo docente composto por civis e
militares. Esse curso habilitaria o graduado à promoção ao posto de tenente (FIG.
5).6
Figura 5 – Discentes da Escola de Sargentos. 1927
5
Decreto n.º 4.380, de 11 de maio de 1915, contém as disposições reguladoras da instrução na
Força Pública do Estado.
6
Decreto n.º 7.712, de 16 de junho de 1927.
6
Fonte: Acervo Iconográfico do Museu dos Militares Mineiros.
A Escola de Sargentos possibilitou o acesso pluriétnico e meriocrático de praças ao
oficialato, após um período de formação de dois anos. Esse processo de mobilidade
social por meio da escolarização e inserção na carreira militar pode ser observado
com a criação das Escolas Regimentais nas décadas de 1920 e 1930 (Quadro 1).
Quadro 1 – Escolas Regimentais da Força Pública de Minas Gerais.
Localidade Unidade Militar Data de instalação
25 de maio de 1925
5º Batalhão
Belo Horizonte 10 de novembro de 1925
1º Batalhão 10 de novembro de 1925
Uberaba 4º Batalhão 18 de março de 1928
Corpo Escola 04 de junho de 1928
Belo Horizonte
Corpo de Cavalaria 11 de junho de 1928
Ouro Preto 10º Batalhão 18 de março de 1929
6º Batalhão 07 de abril de 1930
Belo Horizonte
Serviço Auxiliar 14 de fevereiro de 1931
Juiz de Fora 2º Batalhão 18 de junho de 1932
Fonte: 5ª Seção da Secretaria da Educação e Saúde Pública. Inspetoria Geral da Instrução. Belo
Horizonte, 27/10/1932.
As Escolas Regimentais foram instaladas no Batalhões da Força Pública e
obedeciam ao programa estabelecido para as escolas primárias noturnas. O seu
curso compreenderia: 1.º) leitura escrita, língua pátria, quatro operações
fundamentais da aritmética e as decimais, generalidades acerca do mundo e
7
rudimentos de chorografia do Brasil, história sumária de Minas Gerais, noções de
educação moral e cívica, noções de higiene individual e urbanidade; 2.º) duas vezes
por semana, preleções sobre o serviço policial.
Em 1930 com a eclosão da revolução que levou Getúlio Vargas ao poder, as
transformações políticas e mudanças na Força Pública fizeram com que, em 1931, o
Corpo Escola se transformasse em Batalhão Escola e o curso da Escola de
Sargentos em Curso de Educação Militar7 (FIG. 5).
Figura 5 – Treinamento da Força Pública no Prado Mineiro. 1930
Fonte: Acervo Iconográfico do Museu dos Militares Mineiros.
O treinamento militar nas primeiras décadas de 1930 permaneceu com a matriz
prussiana, o que pode ser percebido na mudança do modelo e da cor do
fardamento, bem como no tipo de evoluções militares. Após a participação dos
militares mineiros nas revoluções de 1930 e 1932, e por influência de oficiais que
nelas participaram, em especial do Coronel José Vargas, Coronel Edmundo Lery e
Major Ernesto Dorneles, do Exército Nacional, o interventor federal em Minas Gerais
criou, em 1934, o Departamento de Instrução, com sede no Prado Mineiro, em Belo
Horizonte.8 A Figura 6 mostra os prédios utilizados na administração na década de
1930 e 1940.
Figura 6 – Prédios da Administração do Departamento de Instrução.
Década de 1930
7
Decreto n.º 9. 867, de 1931.
8
Decreto nº 11.252, de 3 de março de 1934.
8
Fonte: Acervo do Museu dos Militares Mineiros.
O Departamento de Instrução destinava-se à formação, especialização e
aperfeiçoamento dos quadros da Força Pública. Ele era composto pelo Instituto
Propedêutico e pelo Centro de Educação Física. O Instituto Propedêutico ofertava: o
Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, com um ano de duração; o Curso de
Formação de Oficiais, com três anos; o Curso de Formação de Sargentos e o Curso
de Aperfeiçoamento de Sargentos, ambos com um ano letivo (Braga; Cotta, 2020).
Professores civis e instrutores militares integravam o corpo docente do
Departamento de Instrução. Todas as ações pedagógicas eram acompanhadas pela
Missão Militar Instrutora do Exército, que permaneceu de 1934 a 1961. A Figura 7
apresenta uma sala de aula com seus recursos, discentes, instrutores militares e um
professor civil.9
Figura 7 – Sala de aula do Departamento de Instrução. Década de 1930
9
Capítulo III – Do Corpo Docente. Art. 13 da Lei nº 553, de 23 de dezembro de 1949. Integraram o
professores civis como: Olavo Bilac Pinto, José Lourenço de Oliveira, Nivaldo Reis, Jurandir
Navarro, Yago Pimentel e Oswaldo Carvalho Monteiro (ALMEIDA, 2022).
9
Fonte: Acervo iconográfico do Museu dos Militares Mineiros.
Com o fim do Estado-Novo (1937-1945), o processo de democratização do Brasil
impactou as instituições estatais. Em decorrência da nova Constituição (1946), as
forças públicas foram transformadas em polícias militares, designação que
permanece até os dias atuais. O Departamento de Instrução da Polícia Militar foi
reorganizado. O corpo docente permaneceu composto por militares e por
professores civis, esses nomeados pelo governo do Estado, agora mediante
concurso de títulos e de provas, com vencimentos e demais vantagens do posto de
capitão.
Na década de 1940, o Departamento de Instrução ampliou suas ofertas de cursos.
Além do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, dos cursos de formação de oficiais e
de sargentos, foram criados: o Curso de Formação de Cabos e os cursos de
especialização de Oficiais de Administração (para aspirantes ou tenentes), de
instrutores de educação física (para aspirantes ou tenentes), monitores de educação
física (para os praças), Administração e de especialista. Os candidatos seriam
10
submetidos aos concursos de admissão que compreendiam: exame médico, exame
físico, exame intelectual, de suficiência ou de seleção.
O Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais possuía a duração de uma ano escolar e
faziam parte do ensino a instrução militar e a policial, contemplando disciplinas
como: noções gerais de Direito, Sociologia, Psicologia e Criminologia. Além desses
conhecimentos, os programas de ensino poderiam prever “conferências sobre
questões de interesse para a cultura geral dos oficiais, mediante convite a militares e
civis de reconhecida competência.”10
Na década de 1950, a Polícia Militar, alinhada ao contexto sócio-político-econômico-
cultural, iniciou o processo de profissionalização policial de seus militares, de
maneira mais incisiva como a criação do Programa Padrão de Instrução Policial –
Período de Qualificação – realizado no Departamento de Instrução (Cotta, 2007). A
Figura 8 mostra os policiais militares egressos do Departamento de Instrução no
final da década de 1950, sob a égide da profissionalização policial.
Figura 8 – Egressos do Departamento de Instrução. Finais da década de 1950
Fonte: Acervo iconográfico do Museu dos Militares Mineiros.
Nos finais da década de 1950, o órgão gestor do ensino era a Diretoria Geral de
Ensino, comandado por oficial superior do Exército, a ela estavam subordinadas a
10
Capítulo VIII – Do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais. Art. 83 da Lei nº 553, de 23 de dezembro
de 1949.
11
Secretaria Técnica de Ensino, a Seção de Meios Auxiliares de Ensino e quatro
diretorias: Diretoria de Ensino Militar, Diretoria de Ensino Fundamental, Diretoria de
Educação Física e Diretoria de Ensino Policial (Almeida, 2022).
Destaca-se que no período aproximado entre 1934 a 1960 a coordenação do
Sistema de Educação do Departamento de Instrução, era a cargo da denominada
"Missão Militar Instrutora", exercida por Oficiais do Exército. O cargo de Diretor de
Ensino do DI era ocupado por um Tenente-Coronel do Exército Brasileiro. Em
meados de 1960, o então Major PM Georgino Jorge de Souza, assumiu a função
correspondente a de Coordenador de Educação, tornando-se assim o primeiro oficial
responsável pelo Sistema de Educação do DI, após as intervenções do Exército
Brasileiro.
Em 1961, os oficiais do Exército Nacional deixaram a direção da Diretoria Geral de
Ensino, que foi assumida por um Major da Polícia Militar com vasta experiência
operacional. Nesse momento, a Diretoria de Ensino Policial assumiu a primazia no
processo formativo. A Figura 9 é um flagrante de uma instrução militar, realizada em
1961, de orientação em campanha, ministrada por um cadete do Departamento de
Instrução a alunos do Curso de Formação de Sargentos.
Figura 9 – Instrução de Orientação em Campanha. 1961
Fonte: Almeida, 2022, p. 71.
12
O processo de profissionalização policial, iniciado nos finais da década de 1950 e
início de 1961, se estendeu ao Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, que em 1969
possuía os seguintes componentes curriculares: Direito Penal e Processual Penal,
Direito Constitucional, Direito Administrativo, Criminologia, Administração e
Planejamento Estratégico, Psicologia da Personalidade, Psicologia Social,
Sociologia, Ciência Política e História Militar (Almeida, 2022).
Em 1971, a lei federal que estabeleceu as diretrizes e bases para o ensino orientou
que o ensino ministrado nos estabelecimentos militares seria regulado por legislação
específica.11 Em decorrência, em 1973 instituiu-se o Sistema de Ensino da Polícia
Militar, com atribuições de planejamento, coordenação, controle, execução e
avaliação do ensino profissional e do ensino de 1º e 2º graus.12
De acordo com o Sistema de Ensino da Polícia Militar de Minas Gerais, o ensino
profissional seria ministrado pelo Departamento de Instrução, Batalhão Escola,
Centros de Aperfeiçoamento Profissional das Organizações Policiais Militares e por
outros órgãos de ensino da Corporação. O ensino dividia-se em três graus: o básico,
com os cursos de soldados e cabos e a instrução da tropa; o intermediário, com os
cursos de formação e aperfeiçoamento de sargentos e de cursos de especialização;
o superior, que se destinava aos oficiais: o primeiro, à formação e especialização; o
segundo, ao Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais; e o terceiro, ao Curso Superior
de Polícia.13
Em 1975, a lei que tratou da organização básica da PMMG previu a Diretoria de
Ensino, como órgão de direção setorial do Sistema de Ensino, incumbindo-lhe o
planejamento, coordenação, fiscalização e controle das atividades de formação,
aperfeiçoamento e especialização de oficiais e praças, inclusive dos Colégios
Tiradentes da Polícia Militar. Compunham os órgãos de apoio de ensino: a Escola
de Formação e Aperfeiçoamento de Oficiais (EsFAO), Centro de Formação e
11
Art. 68 da Lei federal n.º 5.692, de 11 de agosto de 1971.
12
Lei estadual n.º 6.260, de 13 de dezembro de 1973.
13
Lei estadual nº 6.260, de 13 de dezembro de 1973. Os ensinos de 1º e 2º graus eram ministrados
nos Colégios Tiradentes da Polícia Militar (cuja primeira unidade foi criada em 1949). Eles tinham
por objetivo assegurar assistência educacional permanente aos servidores da Corporação, bem
como aos seus dependentes e aos dependentes dos civis.
13
Aperfeiçoamento de Praças (CFAP) e Colégios Tiradentes da Polícia Militar
(CTPM).14
Em 1979, criou-se a Academia de Polícia Militar (APM), extinguindo-se a EsFAO e o
CFAP. Na estrutura da nova escola funcionavam um corpo para a formação de
oficiais (1º Corpo de Alunos) e outro para a de sargentos (2º Corpo de Alunos). 15 No
ano seguinte, a Fundação João Pinheiro ministrou aos oficiais da PMMG o primeiro
Curso de Planejamento Estratégico. Iniciava-se a necessária aproximação com os
centros de pesquisa e instituições universitárias.
Como reflexo do processo de adequação do ensino policial-militar ao sistema civil de
ensino, no ano de 1983, por meio do Processo n.º 233 e Parecer n.º 237, de 16 de
março, o Conselho Federal de Educação emitiu o reconhecimento da equivalência
do Curso de Formação de Oficiais a curso de terceiro grau, para os que ingressaram
no referido curso a partir de 1970. Ainda, em 1983, na busca de sistematização de
saberes policiais, foi lançada a Revista O Alferes, que atualmente, alinhada às
diretrizes da Qualis Capes, lançou sua 83ª edição e busca tornar-se um periódico
científico de referência para a comunidade acadêmica.
Em 1985 a PMMG, por meio da Academia de Polícia, formalizou novo convênio com
a Fundação João Pinheiro (FJP), com o objetivo de estabelecer programas de
formação e especialização para os policiais militares (FIG. 10). Em decorrência, o
Curso Superior de Polícia (CSP), criado em 2 de julho de 1969 e destinado aos
Oficiais Superiores (Majores e Tenentes-Coronéis), passou a ser ministrado no
Centro de Desenvolvimento em Administração da FJP. O curso possuía uma carga
horária de 829 h/a e tinha como foco aprimorar conhecimentos e desenvolver
habilidades para a gestão dos negócios de Estado no campo da Segurança Pública,
especialmente aquelas necessárias às funções gerenciais de nível estratégico da
Organização.
14
Lei estadual nº 6.624, de 18 de julho de 1975. Dispõe sobre a organização básica da Polícia Militar
do Estado de Minas Gerais e dá outras providências.
15
Lei estadual nº 7.625, de 21 de dezembro de 1979. No início da década de 1990 separou-se,
novamente, a formação. Decreto nº 32.438, de 10 de janeiro de 1991. Em 1992, funcionou no
Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Sargentos (CFAS).
14
Figura 10 – Assinatura do convênio entre PMMG e FJP. 1985
Fonte: Fundação João Pinheiro. Belo Horizonte.
Posteriormente, a FJP atuou sob a coordenação da Academia de Polícia Militar na
gestão pedagógica do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO), destinado aos
Oficiais Intermediários (capitães). Esse curso fornece conhecimentos sobre
processos organizacionais e desenvolve habilidades para capacitar seu egresso às
funções de assessoria na Organização.
Dando continuidade ao diálogo com a universidade, em 1990 foi ofertada à PMMG
pela Universidade Federal de Uberlândia, por meio do Departamento de Psicologia,
a Pós-Graduação Lato Sensu em Trânsito. A primeira de muitas parcerias que se
desenvolveria ao longo dos anos (Braga, 2021).
Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 16 deu novo formato à
educação brasileira e, em particular, ao ensino profissionalizante. Em seu art. 83
estabelece que “o ensino militar é regulado em lei específica, admitida a
equivalência de estudos, de acordo com as normas fixadas pelos sistemas de
ensino.” No ano seguinte, o Comando-Geral da PMMG designou uma comissão para
rever os processos de ensino em vigor na Instituição. Em decorrência, em parceria
com a Escola de Governo Paulo Neves de Carvalho, da Fundação João Pinheiro, a
partir de 1999, o Curso Superior de Polícia e o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais
foram transformados, respectivamente, em Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em
16
Lei federal n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
15
Gestão Estratégica de Segurança Pública e Curso de Pós-Graduação Lato Sensu
em Segurança Pública.
Em 1999, o Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Segurança
Pública (Senasp), elaborou documento intitulado Bases Curriculares para a
Formação do Profissional de Segurança Pública com o objetivo de nortear a
formação dos operadores de segurança pública, tendo como fundamentação o
Estado Democrático de Direito e modernas concepções de aprendizagem (FIG. 11).
As diretrizes norteadoras para a formação em segurança pública, emanadas pelo
Governo Federal, desdobram-se, no estado de Minas Gerais, em políticas de
modernização da Educação de Polícia Militar, consolidadas em um documento
oriundo do Estado-Maior da PMMG, no ano de 2000, definindo a execução de
diversos projetos a serem desenvolvidos por comissões de policiais com a finalidade
de adequar a formação profissional à visão de polícia orientada para a sociedade
(Lunardi, 2002; Cotta, 2022).
Figura 11 – Áreas temáticas e eixos articuladores para ações formativas de
profissionais de segurança pública. SENASP. 1999.
Fonte: https://posticsenasp.ufsc.br/files/2014/02/2009MatrizCurricular.pdf
As Normas para o Planejamento e Conduta do Ensino (NPCE) vigoraram até 1998,
sendo transformadas em 1999 em Diretrizes da Educação de Polícia Militar. As
significativas alterações na legislação de ensino da PMMG ocorreram com a
16
publicação e entrada em vigor da Resolução n.º 3.510, de 10 de novembro de 1999,
que exigia o ensino médio aos candidatos dos cursos de formação de soldados,
cabos e sargentos e titulação mínima de graduação aos professores dos cursos de
nível técnico, mudanças nas condições de frequência dos alunos e no processo de
avaliação, entre outras (Hamada; Cotta, 2019).
Em 24 de outubro de 2001, a Resolução n.º 3 628 estabeleceu uma nova estrutura
de ensino a partir da criação do Instituto de Educação de Segurança Pública (IESP).
Na composição do IESP congregavam-se os seguintes centros: Centro de Ensino
Técnico (CET), responsável pela formação das praças; Centro de Ensino de
Graduação (CEG), responsável pela formação dos oficiais; Centro de Pesquisa e
Pós-Graduação (CPP), responsável pelos cursos de especialização lato-sensu;
Centro de Treinamento Policial (CTP), responsável pela educação continuada e o
Centro de Administração do Ensino (CAE), com a responsabilidade de dar subsídios
ao desenvolvimento do ensino nos demais centros, desonerando os Comandantes e
Chefes de deliberações sobre questões logísticas e financeiras para manter o foco
permanente na gestão da educação nas respectivas unidades de execução.
Em 2003, a Resolução n.º 3 726 de 3 de julho, retornou o nome Academia de Polícia
Militar, extinguindo-se o IESP, mas manteve a estrutura e organização do ensino
conforme disposto na Resolução n.º 3 628. A referida alteração deveu-se ao fato de
o nome “Instituto” não ser adequado à formação de profissionais de segurança
pública, restringindo-se à formação docente. Na prática, o retorno ao nome
“Academia de Polícia Militar” não trouxe alterações ao seu organograma.
Em 2004, o Conselho Estadual de Educação reconheceu a equivalência em nível de
pós-graduação lato sensu do Curso Superior de Polícia e do Curso de
Aperfeiçoamento de Polícia, realizados no período de 1994 e 1998. Entre 1994 e
2021, o Curso de Gestão Estratégica em Segurança Pública formou 780 Oficiais
Superiores (majores e tenentes-coronéis) e o Curso de Pós-Graduação Lato Sensu
em Segurança Pública, 1848 Oficiais Intermediários (capitães).
Como resultado de discussões internas com foco na modernização do ensino na
PMMG e no intercâmbio da Educação de Polícia Militar com o sistema civil de
17
educação, em 2005 a Academia de Polícia Militar foi credenciada como Instituição
de Ensino Superior, por meio do Decreto s/n, de 29 de novembro de 2005. O
Decreto s/n, de 30 de janeiro de 2008, subsidiado no Parecer n.º 1 369, de 28 de
novembro de 2007, do Conselho Estadual de Educação, reconheceu o Curso de
Bacharelado em Ciências Militares, área de Defesa Social, por um período de cinco
anos, de acordo com os parâmetros previstos na Resolução CEE/MG n.º 450, de 26
de março de 2003.
Buscando novos avanços na formação e aperfeiçoamento do policial militar, em
2010, a Lei Complementar n.º 115 alterou o Estatuto dos Militares do Estado de
Minas Gerais, tornando o curso superior uma exigência para ingresso na
Corporação. Dessa forma, a partir do ano de 2012, o nível intelectual mínimo exigido
para preenchimento das vagas à graduação de soldado passou a ser o 3º grau, em
qualquer área de conhecimento, e, para concorrer a uma vaga ao Curso de
Formação de Oficiais, o candidato deveria possuir o título de bacharel em Direito. A
formação do sargento, embora permaneça com a exigência do ensino médio como
requisito para preenchimento das vagas, passou a ser feita por meio de um curso
reconhecido como tecnológico, realizado na Escola de Formação e Aperfeiçoamento
de Sargentos (EFAS), incorporado à estrutura da APM em 2010 . A Lei
Complementar n.º 115 ensejou, ainda, a reformulação geral das matrizes
curriculares dos cursos de formação e aperfeiçoamento na PMMG, com vistas a sua
17
adequação ao novo perfil de ingresso do candidato à carreira policial-militar.
Na busca de ampliação dos diálogos com a comunidade e aprimoramento dos
talentos humanos da Corporação, a partir de 2012 foram oferecidos pela Academia
de Policia Militar, por meio do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação, cursos de pós-
graduações lato sensu, abertas à participação do público civil. 18
A partir de 2012, o Sistema de Ensino da PMMG passou a ser composto pela
Academia de Polícia Militar e os Colégios Tiradentes. De acordo com a legislação,
os cursos ofertados no Sistema de Ensino da PMMG foram categorizados em cursos
de educação superior, educação profissional e extensão. Os ensinos fundamental e
17
Resolução nº 4.210, de 23 de abril de 2012.
18
Resolução nº 4.184, de 16 de dezembro de 2011.
18
médio, oferecidos pelos Colégios Tiradentes, foram integrados em caráter
complementar ao Sistema de Ensino da PMMG (Hamada, Cotta, 2019).19
Nesse contexto, ocorreu a reformulação do modelo de gestão educacional. Criou-se
a Coordenadoria dos Sistemas de Qualidade da Educação de Polícia Militar
(CSQEPM), constituída por sete departamentos: Departamento de Gestão da
Qualidade da Política Pedagógica, Departamento de Gestão da Qualidade do
Ensino, Departamento de Gestão da Qualidade do Treinamento, Departamento de
Gestão da Qualidade da Extensão e Pesquisa, Departamento de Coordenação
Pedagógica, Departamento de Gestão do Desenvolvimento Organizacional e
Departamento de Gestão da Tecnologia da Informação.20
Em 2012 foram alteradas as denominações das unidades de ensino da Academia: o
Centro de Ensino de Graduação passou a denominar-se Escola de Formação de
Oficiais, o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Sargentos passou a
denominar-se Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Sargentos e o Centro de
Ensino Técnico passou a denominar-se Escola de Formação de Soldados.
Em 2012 criou-se o Centro de Atividades Musicais (CAM) que pertenceu à
Academia até 2014, quando passou a fazer parte da Diretoria de Comunicação
Organizacional. Nesse mesmo ano foi criado o Centro de Educação Física e
Desportos, unidade responsável por coordenar, controlar e fiscalizar as atividades
de Educação Física no âmbito da PMMG, fomentar atividades desportivas junto ao
público interno da Corporação, além de promover ações conjuntas com os
profissionais de saúde para prevenção de lesões decorrentes da prática desportiva e
promoção da saúde e qualidade de vida do policial militar, com foco na atividade
operacional.
Na busca pela internacionalização acadêmica, no ano de 2011, diante dos Grandes
Eventos planejados para ocorrem em Minas Gerais, 23 discentes do Curso de Pós-
Graduação Lato Sensu em Gestão Estratégica de Segurança Pública (CEGESP),
19
A Lei Estadual nº 20.010, de 05 de janeiro de 2012, dispõe sobre o Sistema de Ensino da Polícia
Militar do Estado de Minas Gerais e dá outras providências. Ela revogou a Lei Estadual n.º
6.260/73.
20
Resolução n.º 4.194, 23 de fevereiro de 2012.
19
oferecido pelo Centro de Pesquisa e Pós-Graduação da Academia de Polícia Militar,
realizaram intercâmbios e pesquisas sobre o sistema de segurança nos jogos, às
Forças Policiais que atuam em eventos esportivos de grande magnitude. Assim, os
pesquisadores policiais, por meio da modalidade Estágio Técnico-Científico no
Exterior, com bolsas concedidas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
de Minas Gerais (Fapemig), deslocaram-se para polícias de Lisboa, Madrid, Paris,
Roma, Londres e Berlim.
A adesão ao Programa de Capacitação de Recursos Humanos (PCRH) da
FAPEMIG, em 2012, proporcionou o pagamento de bolsas de mestrado, doutorado e
demais benefícios concedidos pela Fapemig.21
Em 2012, 11 discentes do CEGESP deslocaram para a Polícia Federal Argentina,
em Buenos Aires; 10 discentes do CEGESP deslocaram para Montevidéu, no
Uruguai, para intercâmbio com a Polícia Nacional do Uruguai; 10 discentes do
CEGESP realizaram intercâmbio com os Carabineros de Chile, em Santiago, no
Chile.
Em 2013, a Fapemig concedeu 33 bolsas aos discentes do CEGESP para
realização de intercâmbios por meio de Estágio Técnico-Científico no Exterior, no
Instituto Superior de Ciências Policiais de Segurança Interna, da Polícia de
Segurança Pública de Portugal e a Guarda Nacional Republicana.
Em 2014, 35 discentes do CEGESP realizaram novo intercâmbio por meio de bolsas
da FAPEMIG, na modalidade Estágio Técnico-Científico no Exterior. Discentes do
Curso de Especialização em Segurança Pública e do Curso de Especialização em
Gestão Estratégica em Segurança Pública reallizaram intercâmbios nas polícias
militares do Rio de Janeiro, São Paulo, Rondônia, Maranhão, Ceará, Rio Grande do
Sul, Brasília e Bahia.
Em 2018, 32 discentes do CEGESP realizaram intercâmbio na Guarda Nacional
Repubicana e na Polícia de Segurança Pública, ambas em Lisboa, Portugal. Nesse
21
Termo de Cooperação Técnica nº 9.38/12, assinado entre a PMMG, FAPEMIG e FUNDEP, para
fomento à pesquisa por meio de bolsas.
20
mesmo ano, 18 egressos do Curso de Bacharelado em Ciências Militares, ênfase
em Defesa Social, realizaram intercâmbio na Escuela de Carabineros de Chile, em
Santiago. Em 2019, 112 discentes do Curso Superior de Tecnologia em Gestão de
Segurança Pública realizaram intercâmbios na Polícia Nacional do Uruguai e Polícia
Federal da Argentina, em Buenos Aires.
Retornando à reestruturação do modelo de gestão da Academia de Polícia Militar,
em 2015, ocorreu alterações nas nomenclaturas, que passaram a denominaram-se:
Coordenadoria Geral de Educação, Departamento de Política Pedagógica,
Departamento de Ensino, Departamento de Treinamento, Departamento de
Pesquisa e Extensão, Departamento de Desenvolvimento Organizacional e
Departamento de Tecnologia da Informação.
Em 2017, alterou-se novamente a estrutura da Academia, criando a Seção de
Desportos na Divisão de Ensino, extinguindo o Departamento de Tecnologia da
Informação e alterando as seguintes denominações: a Coordenadoria Geral de
Educação passou a denominar-se Divisão de Ensino; o Departamento de Política
Pedagógica passou a denominar-se Seção de Política Pedagógica; o Departamento
de Ensino passou a denominar-se Seção de Ensino; o Departamento de
Treinamento passou a denominar-se Seção de Treinamento; Departamento de
Extensão e Pesquisa passou a denominar-se Seção de Pesquisa e Extensão; o
Departamento de Desenvolvimento Organizacional passou a denominar-se Seção
de Desenvolvimento Organizacional.22
Desde 2005, a Academia de Polícia Militar passou por vários recredenciamentos
como Instituição de Ensino Superior.23 Em 2021, a Secretaria de Estado de
Educação de Minas Gerais manifestou-se favoravelmente à renovação do
recredenciamento da Academia de Polícia Militar de Minas Gerais pelo prazo de
cinco anos.24
22
Resolução n.º 4.580, de 13 de julho de 2017.
23
Resolução n.º 18, da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SECTES),
de 2 de fevereiro de 2016. Resolução nº 459/2013, do Conselho Estadual de Educação do Estado
de Minas Gerais. Em 2016, ocorreu o reconhecimento do Curso Superior de Tecnologia em
Atividades de Segurança Pública /Curso de Formação de Soldados. Resolução nº 43, SECTES, de
24 de agosto de 2016, o referido curso foi reconhecido pelo prazo de cinco anos.
24
Resolução n.º 4.586, SEE, de 1º de julho de 2021.
21
O diálogo da Academia de Polícia Miltiar com outras Instituições de Ensino Superior
prosseguiram e em 2020 foi assinado Termo de Cooperação Técnica com o Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais
(IFSULDEMINAS) para realização de cursos de pós-graduação lato sensu, na
modalidade de ensino a distância, nas áreas de Gestão Estratégica em Saúde,
Gestão do Meio Ambiente e Docência no Ensino Superior (FIG. 12). As
especializações tiveram como público alvo os oficiais e praças da Polícia Militar,
Corpo de Bombeiros Militar, servidores do Instituto de Previdência dos Servidores
Militares, docentes dos Colégios Tiradentes e funcionários civis da PMMG.
Figura 12 – Elaboração do Termo de Cooperação Técnica entre PMMG e
IFSULDEMINAS. Centro de Pesquisa e Pós-Graduação. 2020
Fonte: Academia de Polícia Militar de Minas Gerais.
Nesse mesmo ano foi assinado Termo de Cooperação Técnica com a Universidade
Estadual de Montes Claros (FIG. 13). Entre as atribuições comuns às duas
instituições, se encontram: desenvolver intercâmbios para publicações de materiais
científicos, técnicos e didáticos; desenvolver cursos de pós-graduação lato sensu e
cursos de extensão em áreas de interesse comum; promover ações de extensão
junto às comunidades de forma conjunta com objetivo de informar, esclarecer e
conscientizar sobre direitos fundamentais, políticas públicas inclusiva, preservação
do meio ambiente e segurança pública; apoiar e desenvolver conjuntamente projetos
de pesquisa e extensão, atividades de ensino e formação continuada com vistas à
promoção de direitos humanos fundamentais, especialmente relativos à igualdade
de gênero, às populações tradicionais, a inclusão social e a direitos ético-raciais, e
que colaborem para o enfrentamento da violência e violanção de direitos humanos.
22
Figura 13 – Assinatura do Termo de Cooperação entre PMMG e Unimontes. 2020
Fonte: Academia de Polícia Miltiar de Minas Gerais.
Em decorrência das ações realizadas em virtude do Termo de Cooperação Técnica
com a Unimontes foi consolidado e institucionalizado o Núcleo de Pesquisas em
Ciências Policiais e Segurança Pública. O Grupo de Pesquisa está devidamente
cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (FIG. 14).
Figura 14 – Símbolo do Núcleo de Pesquisas em Ciências Policiais e Segurança
Pública da Academia de Polícia Militar de Minas Gerais e Unimontes
Fonte: Centro de Pesquisa e Pós-Graduação da Academia de Polícia Militar.
O Núcleo é um espaço para o desenvolvimento de estudos e pesquisas de discentes
e docentes vinculados aos cursos de pós-graduação lato e stricto sensu oferecidos
pelo CPP e Unimontes, bem como para os pesquisadores nacionais e internacionais
que se interessam pela temática. Ele se orienta a partir de três linhas de pesquisa:
1) Gestão Estratégica, Inteligência de Segurança Pública e Tecnologias Inovadoras;
2) Ciências Policiais, Educação, Segurança Cidadã e Tecnologias Inovadoras;
3) Saúde nas Organizações Militares Estaduais e Inovação.
Tendo como base o tripé ensino-pesquisa-extensão, o Núcleo tem o compromisso
de promover a formação de novos pesquisadores, em um ambiente integrador de
conhecimentos e investigações das Ciências Policiais com vistas a apresentar
23
soluções diante das demandas sociais e institucionais. Por sua natureza
multidisciplinar, as discussões propostas pelo Núcleo perpassam todos os
componentes curriculares dos cursos de pós-graduação ofertados pelo Centro de
Pesquisa e Pós-Graduação, atualmente as especializações em: Segurança Pública,
Gestão Estratégica de Segurança Pública; Gestão Estratégica em Saúde; Gestão
Ambiental, Docência no Ensino Superior e Inteligência de Segurança Pública.
Com vistas à internacionalização da Academia de Polícia Militar, em 2020 o
Comandante a Academia de Polícia Militar assinou termo de vinculação à Red de
Internacionalización Educativa Policial (RINEP). A Rede conta com 42 corpos de
polícia na América Latina e Europa, três Organismos Multilaterais e quatro
Instituições de Ensino Superior (Universidad Nebrija, Espanha; Universidad Ciencias
de la Seguridad, México e Universidad para la Paz de Naciones Unidas) (FIG. 15).
Figura 15 – Símbolo da Red de Internacionalización Educativa Policial. 2024
Fonte: RINEP.
A RINEP tem como missão promover atividades educacionais de internacionalização
entre os sistemas de ensino policial, gerando projetos de cooperação acadêmica
internacional e interinstitucional, a fim de garantir a qualidade dessas organizações,
contribuindo para a perspectiva de convivência e segurança cidadã de cada país.
Tem como objetivos, entre outros: divulgar programas e projetos de educação
policial entre os integrantes da Rede, contando com as novas tecnologias; incentivar
a mobilidade acadêmica dual-track de discentes, docentes, gestores e
pesquisadores das forças policiais; promover a visibilidade acadêmica internacional
dos sistemas de educação policial por meio de carteiras de cooperação na área de
24
educação; promover o desenvolvimento de pesquisas conjuntas entre pares das
instituições.
Para a realização das pesquisas, observados os preceitos éticos e legais, protocolos
e procedimentos, a Polícia Militar de Minas Gerais, por meio do Centro de Pesquisa
e Pós-Graduação da Academia de Polícia Militar criou um Comitê de Ética em
Pesquisa, interdisciplinar e independente, seguindo todas as diretrizes emanadas
pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), que por sua vez, integra a
estrutura do Conselho Nacional de Saúde (FIG.16).
Figura 16 – Símbolo do Comitê de Ética e Pesquisa da Polícia Militar de Minas
Gerais
Fonte: Centro de Pesquisa e Pós-Graduação da Academia de Polícia Militar.
Como forma de fortalecer o intercâmbio da produção científica, a Academia de
Polícia Militar criou, em 2020, a Editora Academia do Prado Mineiro, sediada no
Centro de Pesquisa e Pós-Graduação, para publicação de produções acadêmicas,
além de gerenciar dois periódicos científicos, nomeadamente, O Alferes e Saúde
Militar ambos estruturados nos padrões Qualis Periódicos. Os conselhos editoriais
contam com a cooperação de pesquisadores doutores vinculados a universidades e
academias de polícia militar de diversos estados da Federação.
Potencializando os esforços para o aprimoramento da pesquisa e inovação, em maio
de 2021 a PMMG, por meio de sua Diretoria de Tecnologia e Sistemas e da
Academia de Polícia Militar, e a Universidade Federal de Minas Gerais, por meio do
Departamento de Ciência da Computação, celebraram um Memorando de
Entedimentos (MoU). Tal instrumento tem por objeto a promoção e intercâmbio de
conhecimento e informações com o objetivo de viabilizar a transferência de
tecnologia entre os participantes, abrangendo plataformas, ferramentas e métodos
25
relacionados ao estado a arte de Inteligência Artificial (IA), voltados para Segurança
Pública, sob a responsabilidade da PMMG.
Dessa forma, ocorreram nos últimos anos diversos esforços de cooperação que
proporcionam as bases para o desenvolvimento do Programa de Pós-Graduação em
Ciências Policiais e Tecnologias Inovadoras, capitaneados pela Academia de Polícia
Militar em associação com a Unimontes. A Unimontes, tendo como base um dos
papéis fundamentais da universidade pública, tais como contribuir para os processos
de mudança das realidades sociais, aprimoramento das instituições democráticas,
construção da cidadania e, em especial, para a inclusão social, se apresenta como
uma grande parceira da Academia de Polícia Militar.
Em 2022, foi institucionalizado na estrutura da Academia, o Núcleo de Inovação
Tecnológica (NIT), gerido pelo Centro de Pesquisa e Pós-Graduação e com a
finalidade de realizar a gestão de política institucional de inovação. Para ele é
convergido o capital intelectual, que é o conhecimento acumulado pelos policiais
militares, passível de aplicação em projetos de pesquisa, desenvolvimento e
inovação. Dessa forma, a Academia se lança a novos desafios, sendo protagonista
de sua história no campo de uma educação profissional de qualidade.
26
REFERÊNCIAS
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