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Xango Orixa Da Vitoria e Da Justica - APOSTILA

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Xangô: Orixá da Vitória e da Justiia 2

Bàbá King
Prof. Dr. Síkírù Sàlámi
_________________

APOSTILA

_________________

Xangô: Orixá da Vitória e da Justiia

Tradiião Iorubá Como Ensinada na África há Milhares de Anos

_________________

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Este material conta com apoio de nove videoaulas do Bàbá King com descrição detalhada do conteúdo, ditados, rezas e cantigas em iorubá e imagens da
devoção a Xangô na África como parte do curso Xangô: Orixá da Vitória e da Justiça. Mais informações em: oduduwacursos.com.br

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Xangô: Orixá da Vitória e da Justiia 3
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Índice

Aula 1 - Xangô: Valores e Virtudes


● Introdução 5
● Xangô: Orixá da Vitória e da Justiça 5
● A Resistência Física de Xangô 6
● Xangô: Axé Único para Liderar 7
● Xangô: Nobreza, Riqueza e Prosperidade 7
● Xangô: A Verdade como Caminho para a Vitória 7
● Xangô: Poder, Influência e Invencibilidade 8

Aula 2 - Mitologia de Xangô


● A Mitologia dos Orixás 9
● Xangô: Um Ancestral Deificado 10
● Fogo pelos Olhos e pela Boca: O Aspecto Físico de Xangô 11
● Narrativa de Mito de Xangô 12

Aula 3 - Símbolos de Xangô


● Símbolos de Xangô: Armas Poderosas 13
● O Machado de Xangô 13
● Ẹdun Àrá: A Pedra do Raio 13
● O Pilão 14
● Instrumentos: ?ẹ̀rẹ̀, Bàtá e Gángan 14
● O Fogo 14
● Ère ?àngó 15
● A Rocha 15
● Bayànnì: A Coroa de Xangô 15
● Tranças 16
● A Roupa de Xangô 16
● A Tartaruga 16
● Làbà: A Bolsa de Xangô 17
● Alibé 17
● Pote Sagrado de Xangô 17
● Kele 17
● As Cores de Xangô 18

Aula 4 - Culto a Xangô


● Ẹ̀ bi e àre: O Errado Não se Torna o Certo 19
● Poder Espiritual x Força Física 20
● A Hierarquia do Culto de Xangô 20
● Compromisso com a Verdade: O Preço da Vitória 21

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Xangô: Orixá da Vitória e da Justiia 4
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Aula 5 - Peculiaridades de Xangô
● Pequenas Injustiças, Grandes Consequências 22
● Xangô: 200 Soluções para um Problema 22
● Fidelidade e Lealdade 23
● Vigor Sexual e Fertilidade 23
● Nomes em Homenagem a Xangô 24
● Relação de Xangô com os Abikus 24

Aula 6 - Oferenda a Xangô


● A Relação do Sagrado com a Comida 25
● Comidas Oferecidas a Xangô 26
● A Relação de Xangô com Obi e Orobô 27
● Como Proceder para Realizar a Oferenda a Xangô 27

Aula 7 - Folhas e Outros Elementos


● Folhas de Xangô 28
● Significado dos Animais 28
● Oferenda com Búzios para Atrair Prosperidade 29
● Oferenda com Ẹdun Àrá para Coragem e Autoconfiança 29

Aula 8 - Aproveitamento do Axé de Xangô


● Carisma: A Chave do Sucesso 30
● Como Manter o Axé de Xangô Consigo 30
● Xangô: O Patrono daqueles que Defendem a Justiça 31
● Orixás Cultuados com Xangô 32

Aula 9 - Evocaiões e Cantigas de Xangô


● Oríkì Sàngó - Evocação a Xangô 33
● Orin Sàngó - Cantiga de Xangô 35
● Ìbà Sàngó - Saudação a Xangô 38
● Encerramento 39

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Xangô: Orixá da Vitória e da Justiia 5
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AULA 1 - XANGÔ: VALORES E VIRTUDES

Introdução
Kábíyèsí, Zàngó!
Mojúbà
Ìbà Akọ́ dà
Ìbà A?ẹ̀ dá
Vossa majestade, Xangô! Eu o saúdo!
Saúdo a todos. Saúdo você.
Saúdo os primórdios da
existência.
Saúdo as energias da mãe natureza.

Neste curso o sacerdote e pesquisador iorubá Babá King tem por objetivo transmitir
ensinamentos sobre Xangô segundo conceitos do culto tradicional aos orixás na África. Professor
Doutor pela Universidade de São Paulo (USP), Síkírù Sàlámì, conhecido como Babá King ou
Professor King, é fundador do Centro Cultural Oduduwa, da Editora Oduduwa e do Oduduwa Templo
dos Orixás, que tem unidades no Brasil, África e Europa. Iniciado em Xangô, Babá King desenvolve
pesquisa sobre este orixá há mais de trinta anos. Em 1990, publicou pela Editora Oduduwa conteúdo
sobre Xangô em A Mitologia dos Orixás Africanos.

Xangô: Orixá da Vitória e da Justiça


Há muitas informações sobre Xangô, orixá que influencia as vidas de todos, iniciados nele ou
não, pois qualquer pessoa diferencia o que é justo do que é injusto. Este orixá personifica muitas
virtudes. Patrono da justiça, da defesa, da proteção e da prosperidade, ele torna seus devotos intocáveis
pelo mal.

Narram os mitos que Xangô é ọmọ olómi tí njẹ́ Yemọja (grande filho de Iemanjá), e isso indica
que podemos alcançar o equilíbrio com seu axé. Aquele que o cultua deve

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entender a justiça como uma questão de direito e não de vingança. Este orixá nos ensina que a verdade
e a justiça andam juntas, mas são relativas, pois o que é verdadeiro para um, pode não ser para outro.
Deixar a justiça nas mãos de Xangô é pedir a ele que coloque ordem na desordem e equilíbrio nas
relações.

As oferendas a Xangô visam recuperar, manter ou conquistar o que é nosso por direito. Xangô
é, ainda, patrono da nobreza. Como ele foi o quarto Aláàfin Ọ̀ yọ́ (rei de Oyó), todos os seus filhos
carregam uma coroa. Quem pede auxílio a Xangô pede a sua coroa e quem tem a sua coroa precisa
desenvolver a sua nobreza. A nobreza de Xangô nos preenche com saúde, prosperidade, defesa e tudo
de bom.

Conforme relatos míticos, Xangô lutou muito para vencer. Quem o cultua pedindo vitória
encontrará em si os recursos necessários para realizar o que pretende. Cultuamos Xangô para que
nosso esforço não seja vão. As questões que exigem vitória podem ter origem em desentendimentos
no trabalho, nos relacionamentos e na família, mas as oferendas trazem harmonia a esses ambientes. A
harmonia e a vitória andam juntas.

A Resistência Física de Xangô


Durante sua vida Xangô foi um ser poderoso, forte, resistente e bom. Ter a habilidade de
praticar o bem significa fazer tudo de bom para si e para os outros e, como benfeitor, alcançar bons
resultados. Xangô nos torna benfeitores e deixa nítida a importância do esforço para a conquista da
vitória e do bem-estar, que ocorrem na vida de uma pessoa na medida do bem que pratica.

No âmbito biológico, primeira instância de nossa defesa, o equilíbrio e o bem-estar podem


diminuir, permanecer estáveis ou aumentar. A devoção a Xangô ajuda a manter e a elevar a boa
condição física. Há oferendas específicas para ajudar aqueles que se sentem inseguros, são medrosos,
têm síndrome do pânico ou têm fragilidade emocional a desenvolverem as defesas e a autoconfiança
necessárias para caminhar. A certeza de estar sendo defendido, de conter em si a rocha de Xangô
implantada no Ori por meio de oferendas, aumenta o sentimento de segurança física, mental,
emocional e espiritual.

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Xangô: Axé Único para Liderar


Cultuamos Xangô para termos a benção da liderança. Símbolos de Xangô como o raio, o
machado, o ẹdun àrá (pedra de raio), o raio solar e o fogo são elementos únicos, incomparáveis. Da
mesma forma o axé de um líder é único e original. Todo ser humano tem potencial para gerenciar a
própria vida, dada a liderança de seu Ori, mas somente quem consegue liderar a si mesmo é capaz de
liderar outras pessoas.

Cultuamos Xangô para que ele nos dê axé para guiarmos nossos caminhos com autoconfiança,
autoestima elevada e segurança física, emocional, mental e espiritual. Quem lidera está no caminho da
riqueza, da prosperidade, da vitória e do sucesso. Ninguém é bem-sucedido ou vitorioso sem liderar e
é nossa capacidade de liderança que determina o alcance de nosso sucesso. É possível materializar o
potencial de liderança por meio da devoção a Xangô.

Xangô: Nobreza, Riqueza e Prosperidade


Xangô tem também uma forte relação com a riqueza e abençoa o ser humano com frutos do
seu trabalho e o torna próspero. Quando o cultuamos pedindo prosperidade podemos evocar também
Ajê, orixá da riqueza, pedindo que nosso esforço não seja vão. É importante saber que Ajê só abençoa
o esforçado e que a coroa de Xangô só repousa sobre Oris nobres.

Nos mitos, Xangô é considerado próspero, rico, bem-sucedido e influente. Como a riqueza é
contagiosa, um Ori abençoado, rico e próspero influencia outros. Há cantos que abordam
especificamente a relação de Xangô com a prosperidade e que devem ser entoadas quando se deseja
pedir progresso a esse orixá, como a segunda cantiga apresentada ao final desta apostila (Ọba Kòso,
Oníbàntẹ́ owó jingbẹ́nẹ́: ‘o Rei de Kòso, o dono do manto feito de dinheiro’).

Xangô: A Verdade como Caminho para a Vitória


A verdade não pode ser deixada de lado quando se fala de Xangô. O apreço pela verdade é
uma das virtudes de Xangô e seria impossível alcançarmos os valores deste orixá

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sem a prática da verdade, que passa por aquilo que é óbvio, sensato, ponderável, admissível, aceitável,
de bom senso. Ninguém conquista a vitória sem saber e sem falar a verdade.

Xangô abomina a mentira. Cada um diz o que bem entende, mas as inverdades não sobrevivem
por muito tempo. Quem quer prosperar no trabalho tem que ser verdadeiro, justo, correto, entender a
dinâmica e o que é esperado do seu trabalho e agir de modo correspondente. Quanto mais
transmitimos a verdade a nossos parceiros, mais eles gostam de nosso trabalho e mais desejam ficar
conosco. Xangô aprecia quem trabalha de forma correta, de modo aceitável, e abençoa seus devotos e
aquilo que fazem para que possam ser vistos e apreciados, lembrando sempre que apenas a verdade
leva à vitória.

Reconhecer a superioridade do adversário é caminho de vitória. Quando temos um adversário


muito bom no trabalho não adianta dizer que ele é ruim, pois quanto mais renegamos sua supremacia,
competência e superioridade, mais ele nos vence. Xangô abre nossos olhos para vermos as coisas
como são. Quando admitimos que nosso adversário é melhor que nós, podemos buscar as forças
necessárias para superá-lo, mas dizer que ele é inferior seria mentir.

Xangô: Poder, Influência e Invencibilidade


Falar de Xangô é falar do poder, assunto que fascina qualquer um. Quem cultua Xangô pode se
tornar invencível, intocável, vitorioso. Quanto mais sabemos da verdade mais aproveitamos o poder
de Xangô e mais influentes podemos nos tornar.

Ao cultuar Xangô adquirimos o poder de influenciar nossa vida e a das pessoas que integram
nosso universo. Quem tem poder conquista uma das qualidades mais importantes para vencer: a
respeitabilidade. Quem é respeitável é respeitado, admirado, apreciado. As qualidades humanas são
notórias; apreciá-las pode se transformar em trabalho, dinheiro e prestígio. Todos querem se associar a
pessoas respeitáveis e prestigiadas, mas boas associações são uma questão de poder.

A força pode ser física, emocional, mental ou espiritual. Quando fazemos uma oferenda para
Xangô ele reforça a modalidade de força da qual precisamos. Cabe lembrar que ninguém consegue
alcançar vitória, riqueza e sucesso sem pressões. Esta é uma das razões pelas quais fazemos oferendas
a Xangô: para podermos resistir às pressões.

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AULA 2 - MITOLOGIA DE XANGÔ

A Mitologia dos Orixás


Os mitos dos orixás, narrativas de tempos remotos, têm simbolismo difícil de interpretar e por
vezes apresentam informações divergentes. O Xangô mitológico foi o quarto Aláàfin Ọ̀ yọ́ (rei de Oyó)
e teve autoridade absoluta em seu reinado, ficando abaixo apenas de Elédùnmarè ou Olódùnmarè (o
Ser Supremo) e dos orixás primordiais. A mitologia iorubá mostra a crença na existência dos orixás,
fenômenos naturais e da ancestralidade. Os orixás primordiais deram origem a orixás deificados, seres
humanos com força sobrenatural, que nasceram especialmente para contribuir para o desenvolvimento
humano.

Entre os orixás primordiais estão Exu, Ifá, Ogum e Oxalá. Cada um deles teve uma
incumbência na criação do planeta e de seus habitantes, incluindo homens, animais, vegetais e
minerais. Eles também atuaram no processo civilizatório e na transmissão do conhecimento. Ifá era
responsável pelas informações e pelo conhecimento. Ogum, pela organização e pela capacidade de
desvendar os mistérios da terra. Oxalá, pela criatividade necessária para descobrir a utilidade dos
recursos naturais, incluindo os de nossos talentos; tudo o que se constrói tem origem na inspiração e,
graças à criatividade regida por Oxalá, o progresso humano é notório.

Exu, o grande maestro de tudo, tem a incumbência de possibilitar a realização dos trabalhos e
de auxiliar os demais orixás na manutenção da ordem e do equilíbrio entre os homens e deles com
tudo o que integra a existência. Ori também é um orixá primordial, pois deu origem a tudo aquilo que
Elédùnmarè criou e nada existe sem uma origem.

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A devoção aos orixás é um caminho de conhecimento, vitalidade, sobrevivência, poder, força e
bem-estar. Cada um deles tem sua particularidade, sua energia vital e sua importância. Para
compreendê-los podemos observar a anatomia do corpo humano, que tem a cabeça, os olhos, o nariz,
os braços, as pernas, o fígado, o coração e os pulmões. O que um braço faz uma perna não é capaz de
fazer, o que a boca faz os olhos não são capazes de fazer. Os orixás são assim. O papel da Xangô é
diferente dos papéis de Ogum, Obaluaiê e Oxum. Alguns devotos acreditam que por serem filhos de
Xangô não precisam do apoio de outros orixás, mas o que Oxum faz em nossas vidas Xangô não faz.
Os orixás foram criados para serem forças complementares, com grande interação entre si.

Xangô: Um Ancestral Deificado


Xangô é um ancestral deificado. Em vários relatos míticos ele é descrito como filho de
Oraniyan, que por sua vez é filho de Oduduwa, o grande guerreiro e patriarca do povo iorubá. O pai e
o avô do rei Xangô eram reis e a realeza sempre fez parte da sua genealogia. Alguns mitos narram que
Xangô foi filho de Iemanjá, rainha e mãe de todas as águas. Iemanjá, mãe de Xangô, é rainha
cuidadora, zeladora do Ori do ser humano. Seja pela herança materna, seja pela paterna, Xangô
também cuida do Ori do ser humano e promove sua melhora. Nós sabemos da importância das águas e
Iemanjá para a vida e, quando a louvamos, dizemos da seguinte forma:

Yemọja, awo mi mo foríbalẹ̀


Yemọja, ìyá mi mo foríbalẹ̀
Iemanjá, minha mãe venerável,
Toco o meu Ori na terra para te Reverenciar.

Em alguns mitos Xangô é chamado de Olúkòso. Olú é o prenome do divino, do superior e da


realeza, e Kòso significa “não se enforcar”, não desistir, não se deixar vencer. Obakòso significa “o rei
não se enforcou”.

Xangô teve a missão de civilizar as pessoas e ensinou muito ao povo durante seu reinado em
Oyó. Embora ele fosse similar aos demais na aparência física, nasceu com energia divina e era
incomum: narram os mitos que saíam labaredas de fogo da sua boca, o que evidencia que ele não era
apenas mais um.

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Os mitos sugerem que Xangô foi usado pelo povo. Enquanto ele foi provedor, todos queriam
ser seus amigos, mas em dado momento ele já havia cumprido sua missão e já havia ensinado tudo o
que podia, e o povo virou as costas para ele. Isso acontece com todos os orixás na mitologia: eles
surgem, servem o povo, produzem mestres capazes de transmitir informações para as gerações
seguintes e deixam o mundo quando não são mais necessários para a sociedade. Mas a rejeição do
corpo físico favorece o reconhecimento mitológico, divino e espiritual. Para ser divinizado e venerado
Xangô não poderia mais estar fisicamente presente. Daí a necessidade de ele se retirar da sociedade
para dar lugar à veneração popular.

Fogo pelos Olhos e pela Boca: O Aspecto Físico de Xangô


Os epítetos dele dizem Ojú Órógbó (comparando seus olhos arredondados às sementes de
orogbô) e Iná Lanu (alusão ao fato de ele lançar fogo pela boca). Seus olhos eram tão eletrizantes que
pareciam um vulcão em erupção: fisicamente ele já carregava um poder respeitável e temível. Apesar
da sua aparência biológica comum, Xangô tinha um aspecto único. Por este motivo que as pessoas o
admiravam, apreciavam e amavam, embora o temessem.

As necessidades de Xangô eram similares às do povo e ele tinha sentimentos e


comportamentos humanos, como se ofender, ficar com raiva e brigar, mesmo porque, se ele não
tivesse esse aspecto humano, ficaria muito difícil cumprir sua missão em Oyó. Esta incluía ensinar os
conceitos de justiça, vitória, defesa, poder, força, sucesso, riqueza, coragem, segurança e autoestima.
Além disso, ensinou a seus ministros as artes da medicina e da magia e transmitiu conhecimentos
sobre a natureza para que eles pudessem proteger o reino de Oyó durante sua ausência.

As pessoas se incomodavam com o fato de Xangô ser bravo e briguento, mas ele tinha que
discipliná-las. Dadas as suas qualidades, todos o queriam como rei, mas o criticavam justamente por
possuir tais qualidades. Quando a presença de Xangô deixou de fazer sentido, ele começou a usar seu
poder e conhecimentos de forma prejudicial e as pessoas começaram a pressioná-lo para que se
retirasse do trono.

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Narrativa de Mito de Xangô


De acordo com a mitologia, Xangô tinha dezesseis esposas. As três mais notórias eram Oyá,
Oxum e Obá, que estavam junto dele durante a crise política do reino. Em dado momento Xangô
reconheceu que sua presença se tornara desnecessária e se retirou do palácio. Dirigiu-se então a uma
floresta próxima a Oyó, hoje chamada de Kòso, na qual entrou e desapareceu.

No percurso até a floresta, Obá e depois Oxum desistiram de acompanhá-lo porque o esforço
era exaustivo; apenas Oyá seguiu em sua companhia. Mas Xangô tinha a missão de sair da Mãe Terra
para transformar o próprio corpo em um elemento venerável. Como Oyá não poderia presenciar essa
transformação, Xangô usou todo o poder mágico que detinha para dominar os fenômenos da natureza
e entrou na floresta, desaparecendo diante de Oyá. Nesse momento ouviu-se o estrondo do trovão e o
som da chuva.

O povo de Oyó, então, começou a se indagar sobre o desaparecimento de Xangô. Como ele
estava aborrecido quando desapareceu, seus oponentes, que haviam recebido dele tudo o que possuíam
de poder e conhecimentos, começaram a dizer que ele havia se enforcado: Ọba so! Os inimigos de
Xangô foram à floresta, onde supostamente ele teria se enforcado, mas não o encontraram. Quando
retornaram a Oyó encontraram os amigos e o povo dizendo Ọba kòso! : “o Rei não se enforcou!” Por
isso cantamos:

Ọba Kòso! Ọba Kòso!


Oníbàntẹ́ ajé jingbéné
Ọba Kòso!
Zàngó re o owó jingbéné
Ọba Kòso!
Oníbàntẹ́ ajé jingbéné
Ọba Kòso!

Essa cantiga louva o rei incansável, o rei que não desiste, o rei que persevera. Diz que ele está
mais vivo do que nunca e é o rei da coroa do dinheiro e da riqueza. Desta forma Xangô passou a ser
venerado por amigos e inimigos, por todos os cidadãos da cidade de Oyó, em reconhecimento do
processo civilizatório trazido por ele ao povo. Até hoje o próprio rei de Oyó tem que venerá-lo.

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AULA 3 - SÍMBOLOS DE XANGÔ

Símbolos de Xangô: Armas Poderosas


Os símbolos de Xangô são armas poderosas para vencer qualquer mal ou inimigo. Como ele
venceu todas as batalhas durante sua permanência no trono, é associado à vitória e à invencibilidade.
Nós usamos os símbolos de Xangô para adquirirmos essas forças de invencibilidade, para nos
tornarmos insuperáveis para nossos inimigos e adversários.

O Machado de Xangô
Entre os seus símbolos incluem-se o o?é Zàngó (machado de Xangô), geralmente esculpido em
madeira. O machado de Xangô tem dois lados, que representam o certo e o errado, a correção do que
está errado e a manutenção e aperfeiçoamento do que está certo. O o?é Zàngó simboliza a resistência,
a segurança, a firmeza e a defesa. Esse machado tem o poder do controle atmosférico. Os Bàbá
Mọgbà, grandes sacerdotes e ẹlẹ́ gún de Xangô, o utilizam para chamar a chuva e o trovão e para
transmitir o axé de Xangô para as pessoas, apontando esse machado em sua direção.

Ẹdun Àrá: a Pedra do Raio


Raios, trovões e relâmpagos, forças de Xangô, podem derrubar casas e árvores e lançam ẹdun
àrá, pedras de raio, capazes de abrir paredes. A pedra de raio é ọ́ ta Zàngó, usada nos assentamentos do
orixá, e tem inúmeros recursos ligados à magia desse orixá.

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O Pilão
Xangô era um ser incomum, dotado de força física, mental e espiritual incomparável, tão forte
a nível energético que seu corpo chegava a ficar cem vezes mais pesado. Seu trono foi feito no odó,
pilão de madeira ultra resistente, porque toda vez em que ele sentava todo o seu poder mágico e toda a
sua vitalidade espiritual caíam sobre o assento. É por isso que Xangô é assentado no pilão, em geral
com a boca invertida. O pilão é usado em iniciações e oferendas para que o devoto ganhe resistência,
vitalidade e força.

Instrumentos: Ṣ ẹ̀ rẹ̀ , Bàtá e Gángan


Alguns instrumentos musicais estão entre os símbolos de Xangô. O sẹ̀rẹ̀, (xeré ou maracá) atrai
as virtudes e as bênçãos de Xangô. Usado para que ele possa nos ouvir e para que possamos ouvi-lo e
reconhecer suas benesses, é uma extensão do seu poder que atrai coragem, elevação da autoestima,
vitória, dinheiro, realeza e tudo o que Xangô representa de bom. Narram os mitos que Xangô adora
dançar ao som do bàtá e do gángan, dois dos tambores usados para evocá-lo.

O Fogo
Xangô domina iná, o fogo, com o qual impede a vinda do mal. A fogueira de Xangô libera seu
axé de defesa e nos torna intocáveis por inimigos humanos e, espirituais. Ele nos defende de ataques
mágicos, feitiços, pragas e qualquer outro mal que alguém possa nos desejar. Até mesmo uma
lamparina pode ser acesa com a finalidade de nos defender. O fogo atualiza o tempo em que Xangô
ensinava ao povo de Oyó como utilizar a capacidade mágica de transcender aspectos físicos da
condição humana.

Quando Xangô falava algo muito impactante o fogo saía de sua boca como uma assinatura
espiritual que autenticava a profundidade, a grandeza, a seriedade e o impacto de suas palavras.
Trabalhar com o fogo de Xangô significa usar o seu axé para transformar tudo em uma verdade
incontestável.

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Ère Ṣ àngó
Ère Zàngó são estátuas feitas em homenagem a Xangô. Há figuras masculinas e femininas
segurando o o?é e o ?ẹ̀ rẹ̀ , que mobilizam o axé de Xangô. A estátua sacralizada serve de instrumento
de defesa, propiciando coragem para vencer o medo, a insegurança e a síndrome de pânico. Desde os
tempos primordiais Xangô usa o machado, o fogo e essas estátuas para curar enfermidades de cunho
emocional. Nas festividades em sua homenagem os ọmọ Zàngó, os Bàbá Mọgbà, as Ìyá Mọgbà e os
ẹlẹ́ gùn Zàngó carregam os símbolos de Xangô e os utilizam para transmitir axé aos presentes.

A Rocha
Àpáta, a rocha, é outro símbolo de Xangô, senhor das pedras, especialmente, das rochas
monumentais, gigantescas e pré-históricas. Algumas delas têm superfícies cavadas pela ação das
chuvas. A água empoçada sobre elas é ideal para banhos, que desenvolvem a intuição nata para tomar
decisões e escolher direções. Xangô orienta quanto aos caminhos de defesa e segurança. Quando
tocamos uma rocha com nosso Ori e chamamos por Xangô, ou quando nos banhamos na água lá
empoçada, buscamos saber que rumo seguir.

Bayànnì: A Coroa de Xangô


Como Xangô é um rei, a coroa Bayànnì, que leva o nome de sua irmã mais nova, é um de seus
símbolos. Quando ele desapareceu Bayànnì se tornou rainha e governou com muita tristeza, angústia e
desconforto por ter perdido seu irmão. Ela foi uma das pessoas mais fiéis a Xangô e também
desapareceu após cumprir sua missão. Depois de seu desaparecimento os devotos de Xangô foram
buscar sua coroa, feita de miçangas coloridas e búzios, para homenageá-lo. Xangô é chamado de
Aládé Owó, dono da coroa da riqueza e do dinheiro, porque durante o seu reinado e mesmo depois
dele, todos os que buscavam o seu axé tornavam-se prósperos, notórios, influentes e importantes. A
coroa de Xangô realça o Ori de seus devotos.

Este material conta com apoio de nove videoaulas do Bàbá King com descrição detalhada do conteúdo, ditados, rezas e cantigas em iorubá e imagens da
devoção a Xangô na África como parte do curso Xangô: Orixá da Vitória e da Justiça. Mais informações em: oduduwacursos.com.br

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Tranças
Durante seu reinado Xangô foi um rei exemplar por sua força, prestígio e poder de influência.
Seu aspecto físico era único: os mitos narram que ele era tão bonito que as pessoas se impressionavam
com sua beleza e seu Ori era tão forte que era necessário trançar e trabalhar o seu cabelo. É comum até
hoje os Bàbá Mọgbà, sacerdotes de Xangô, trançarem seus cabelos. Esse poder extraordinário é
transmitido aos seus devotos por meio da iniciação.

A Roupa de Xangô
As roupas de Xangô eram enfeitadas com adornos como búzios, que na época representavam o
dinheiro: ele era tão rico que se vestia com dinheiro. Seu corpo era tão forte que para cobri-lo era
preciso usar roupas de couro vermelho para que não rasgassem. Ele costumava usar saias, vestimentas
em geral destinadas a mulheres na sociedade iorubá, como recurso para acomodar sua enorme
vitalidade. Esta é a origem do a?ọ Zàngó, vestuário usado até hoje por seus devotos, que inclui batas
decoradas com búzios e miçangas vermelhas e brancas e saias. A roupa de Xangô integra os elementos
de seu assentamento e somente pode ser vestida por iniciados, Pode-se fazer oferendas diretamente
diante dessa roupa.

A Tartaruga
Xangô simboliza a vida e tudo o que se refere a ele é muito vivo. Um de seus símbolos é ìjàpá,
a tartaruga, animal longevo, dinâmico e organizado. A tartaruga tem seu próprio dinamismo, assim
como Xangô, que tem seu ritmo e pode conferir longevidade a seus devotos. A saúde, a realeza, a
riqueza, a coragem, a segurança, a autoestima e o bem-estar devem ser longevos. A adoção da
tartaruga no culto a Xangô é justamente para que tudo de bom perdure em nossas vidas.

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Làbà: A Bolsa de Xangô


O poder de Xangô é tão grande que quando os Bàbá Mọgbà, as Ìyá Mọgbà e os ẹlẹ́ gùn Zàngó
vão buscar ẹdun àrá, eles guardam essas pedras na bolsa làbà, feita de couro ou de miçangas para
carregar os elementos medicinais e mágicos que ele usava quando estava na Terra. O làbà simboliza a
magia e a medicina de Xangô e é um dos itens indispensáveis para manter junto ao assentamento.

Alibé
Há uma semente muito usada no culto a Xangô, conhecida como agba, em iorubá, e como
alibé, em português. Depois de sacralizada ela atrai coragem e segurança, promovendo a defesa para
que tudo corra bem e para que não haja acidentes ou incidentes desagradáveis no caminho.

Pote Sagrado de Xangô


Xangô tem dois lados: onde está a vitalidade do fogo está o equilíbrio da água. O pote de barro
conhecido como awẹ́ Zàngó ou ìkòkò Zàngó pode ser sacralizado, lavado com folhas e colocado ao
lado do assentamento. Nele o sacerdote coloca água que será bebida pelos devotos em busca de cura
para males como medo, insegurança, receio de sofrer derrotas, sentimento de incapacidade e síndrome
do pânico. Quem bebe essa água coloca dentro de si a vitalidade e as virtudes de Xangô.

Kele
O kele de Xangô é um colar de miçangas pequenas vermelhas e brancas. Depois de sacralizado
com as folhas e com um dos animais do orixá ele pode ser usado por seus iniciados e por devotos que
enfrentam dificuldades, perseguições, problema com sonhos, feitiços e insegurança.

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As Cores de Xangô
As cores de Xangô são o vermelho e o branco. O vermelho simboliza o fogo, a vida, o sangue,
as ações, a coragem, a determinação, o pragmatismo e a verdade única, certa, sem dúvida e
incontestável; esta cor representa o que é original, único e incomparável em um ser humano. O branco
simboliza o ponto de equilíbrio, o ẹ̀ rọ̀ , a harmonia.

Xangô age de modo intenso, mas busca o ponto de equilíbrio para que os seus conhecimentos
possam ser facilmente absorvidos. Ele é cultuado para que o seu axé equilibre a vitalidade e a força
humana e para que as pessoas aprendam a usar corretamente os próprios recursos. O vermelho e o
branco em conjunto, como o fogo e a água, formam o axé de Xangô.

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AULA 4 - CULTO A XANGÔ

Ẹ̀ bi e Àre: O Errado Não se Torna o Certo


Xangô é o orixá da Justiça. Se cultuamos Xangô e a justiça não prevalece em nossa vida, algo
está errado. Não podemos querer transformar o injusto em justo. É comum que as pessoas com
problemas judiciais busquem Xangô e peçam para vencer seus adversários. Mas quando alguém está
errado e pede justiça a Xangô acaba perdendo a causa: é melhor pedir a Xangô o axé necessário para
superar a situação na qual se encontra.

Xangô trabalha com os conceitos de ẹ̀ bi, o infrator, o injusto, aquele que está errado e perde
causa de forma justa, e àre, a vítima, o correto, aquele que está certo e ganha causa de forma justa.
Uma pessoa errada não pode pedir justiça, mas pode pedir suas bênçãos para que as consequências dos
erros cometidos não sejam drásticas. Uma pessoa correta pode pedir justiça para Xangô.

A vida é feita de vitórias e derrotas; na lei humana nem sempre o mais justo vence, mas com a
benção de Xangô o injusto não vence o justo, o errado não vence o certo e o mal feito não vence o que
foi bem feito. A justiça de Xangô faz valer a verdade absoluta, mas não transforma o certo em errado,
nem o errado em certo. Xangô é um orixá temperamental, justo e verdadeiro: não castiga pelo erro
porque o próprio erro castiga a quem errou. No entanto, ele castiga a quem nega o erro.

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Poder Espiritual x Força Física


Há momentos em que a força física, mental e espiritual não basta e é preciso incorporar o axé
dos orixás para superar as dificuldades. Uma pessoa perseguida, roubada, injustiçada, caluniada ou
sabotada injustamente pode ser defendida por Xangô, que tem o axé da defesa.

O dinheiro compra muitas coisas por corrupção, mas o poder, o prestígio e a força fazem o que
o dinheiro não pode fazer. Às vezes nosso adversário tem uma situação de prestígio social ou
condições materiais necessárias para praticar injustiças como se nada tivesse acontecido. Xangô
combate situações como essa porque ele próprio não é corrupto nem traidor.

Xangô trabalha com situações que envolvem os poderes físico e espiritual. O poder espiritual é
adquirido por meio de oferendas e se sobrepõe a qualquer tipo de sofrimento, dominando a força dos
oponentes. O poder espiritual de Xangô pode se transformar em força física, que ninguém conseguirá
roubar. Quem busca superar seus adversários precisa materializar as bênçãos de Xangô, que traz o
poder espiritual necessário para vencer. Ao cultuá-lo nos tornamos fisicamente mais fortes,
inquebráveis, intocáveis e incontestáveis, ficando mais próximos das verdades que nos levarão a todas
as nossas vitórias.

A Hierarquia do Culto de Xangô


Há uma hierarquia no culto a Xangô. O iniciado é o ado?u, pois durante o rito iniciático recebe
ò?ù em seu Ori: esta é a primeira qualificação no culto a esse orixá. Ọmọ Zàngó é o nome dado ao
iniciado que integra a sociedade dos cultuadores de Xangô. Com o passar do tempo, depois de vários
processos complementares e de muita devoção, ele poderá conquistar o status de ẹlẹ́ gùn, aquele que
incorpora Xangô em nível mais profundo e elevado. Outros cargos importantes são os de Ìyá Mọgbà e
Bàbá Mọgbà, sacerdotes supremos que possuem a autoridade máxima no culto a Xangô. Todos os
iniciados em Xangô são bem protegidos e desenvolvem foco, seriedade, perseverança, busca por
conhecimento, persistência, honestidade e disciplina, que contribuem para o progresso e para a vitória.

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Compromisso com a Verdade: O Preço da Vitória


Devemos sempre nos lembrar que não temos somente inimigos externos. Nossos inimigos
internos incluem a preguiça, a insegurança, o medo e todas as sensações capazes de limitar nosso
progresso. A vitória tem preço e o compromisso com a verdade é indispensável para conquistá-la. É
fundamental reconhecermos a realidade em que vivemos e evitarmos mentir para os outros e para nós
mesmos. Quando reconhecemos erros, falhas e inverdades dentro de nós podemos nos empenhar para
neutralizá-los. Diz uma cantiga que Xangô esfrega a boca do mentiroso na terra. Isto significa que a
consequência de não admitirmos a verdade é a derrota, pois o derrotado fica prostrado no chão.

A ausência da verdade faz a pessoa tombar e sua presença a faz sobreviver a tempestades
porque a prática da verdade possibilita discernir entre o certo e o errado e ter clareza quanto ao rumo a
seguir. Xangô abomina a mentira, a falsidade e a inverdade. Esta questão tem a ver com a
sobrevivência: só conseguimos sobreviver se enxergamos as coisas como elas são, formos leais
conosco e fizermos as coisas como devem ser feitas. Xangô orienta a fazer as coisas como se deve.

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AULA 5 - PECULIARIDADES DE XANGÔ

Pequenas Injustiças, Grandes Consequências


Cultuamos Xangô para vencer a timidez, abrir os olhos, erguer a cabeça e lapidar o axé do
nosso Ori. Fazer oferendas e lavar o Ori de uma pessoa tímida em frente ao assentamento de Xangô a
ajuda a superar sua timidez.

Nos mitos os injustiçados buscavam refúgio em Xangô. É por isso que seus iniciados adquirem
o axé necessário para defender injustiçados e dominar dificuldades e ameaças. Uma pessoa que
trabalha e é mal remunerada, sendo, pois, injustiçada, ao realizar oferendas a Xangô pode ter essa
injustiça corrigida.

É muito comum em nossa sociedade que as pessoas falem mal umas das outras. Quando
inventamos algo sobre alguém ou repetimos uma inverdade que ouvimos a seu respeito estamos
praticando uma injustiça que pode destruir a sua vida. Recorremos a Xangô para ele nos defender
contra as injustiças que são frutos de línguas venenosas e afetam o progresso e o bem-estar. O devoto
de Xangô é um articulador que usa o seu axé para abençoar aqueles que sofreram qualquer tipo de
injustiça.

Xangô: 200 Soluções para um Problema


Diz a cantiga que Xangô é o dono de duzentas ọ́ ta (pedras) e as atira onde considera mais
necessário. Isso significa que Xangô pode prover duzentas possibilidades de solução para qualquer
tipo de problema e é impossível ficar sem solução. É importante que o sacerdote, intermediário entre
os homens e os orixás, apresente a verdade para Xangô e peça a ele que auxilie a encontrar solução
para o problema.

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Fidelidade e Lealdade
A fidelidade e a lealdade são virtudes raras, que os devotos de Xangô devem cultivar. Narram
os mitos que dezesseis rainhas eram esposas de Xangô, sendo Oyá a principal. Um dos símbolos de
Oyá é a lealdade e, como Xangô é apaixonado pela lealdade, Oyá o conquistou. Ela foi a única esposa
de Xangô que o acompanhou até o último momento da sua permanência na terra. Os dois têm
similaridade energética, com predomínio do elemento fogo: Xangô é a força dos raios, trovões e
relâmpagos e Oyá, a força dos ventos e tempestades. Uma louvação a Oyá a chama de “A poderosa
que tem sabedoria e coragem para andar pelo fogo sem se queimar”. A sabedoria de Oyá ajudava
muito Xangô e o que os unia era a lealdade. Diz uma cantiga:

Quem se atreveria a desafiar a força desse


casal? Xangô com seu osé em punho e Oyá com sua espada
em punho. Quem se atreveria a desafiar esses dois axés
reunidos?

Vigor Sexual e Fertilidade


Xangô é associado ao vigor sexual. Um oríkì compara sua virilidade à de um elefante. Se ele
era tão forte fisicamente que não poderia vestir qualquer roupa ou se sentar em qualquer cadeira, uma
figura feminina qualquer não seria capaz de conviver com ele.

Xangô é invocado para que o ser humano recupere sua libido, pois a falta de desejo sexual é
uma enfermidade. Não podemos ter vergonha de tratar deste assunto e não é impureza abordar a
sexualidade no meio sagrado, pois o ser humano é fruto dela.

É frequente nos depararmos com vários orixás que cuidam da sexualidade humana. Cultuamos
Xangô para recuperar a vontade de viver, o desejo de sentir o corpo como ele deve ser sentido em cada
momento. Xangô é associado à sexualidade, à libido, ao desejo sexual e à fertilidade. Homens e
mulheres estéreis, com impotência sexual ou dificuldade para conceber recorrem a ele para conseguir
ter filhos. Seu axé, assim como o de Oxum e de Iemanjá, aumenta a fertilidade biológica e material
daqueles que recorrem a ele.

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Nomes em Homenagem a Xangô


Entre os nomes em homenagem a Xangô destacamos:

Zàngótunbí Xangô me fez renascer


Zàngóyọmi Xangô me salvou
Zàngódáisi Xangô o reteve (o manteve vivo na terra)
Zàngógbàmi Xangô me acolheu Zàngógbèmi
Xangô me dá apoio
Zàngótimilẹyin Xangô me escora com seu axé
Zàngótosìn Xangô é louvável, venerável
Zàngódìmimú Xangô segurou minhas mãos para dar longevidade (nome para criança abiku)

Relação de Xangô com os Abikus


Alguns desses nomes indicam que Xangô lida com o fenômeno àbíkú, que ocorre quando uma
mulher tem sucessivos abortos ou quando ocorrem mortes prematuras de crianças e jovens. Xangô
interrompe a ação àbíkú para que a pessoa que sofre com isso possa viver bastante tempo na terra.
Xangô cura enfermidades, evita abortos espontâneos e mortes de crianças e jovens.

Chamamos Xangô de Bàbá Ọlọ́ mọ Èwe, “Pai das crianças e dos jovens”. Seu interesse pela
vida teve início nos tempos primordiais, quando era sempre acompanhado por milhares e milhares de
pessoas. Xangô adorava crianças e seres humanos em geral, adorava a família e o amor e tinha uma
paixão imensa pela vida. Ele se dizia o pai de todos e é por este motivo que nós o invocamos e
trabalhamos com o seu axé para quebrar o pacto que os àbíkú têm com seu Ẹgbẹ́ no Ọ̀ run.

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AULA 6 - OFERENDA A XANGÔ

A Relação do Sagrado com a Comida


As bocas dos seres humanos são as bocas dos orixás. Os orixás se alimentam também pelas
bocas dos seres humanos. A relação entre o sagrado e a comida é inestimável e encontra sentido no
verbo bọ, que significa tanto venerar quanto alimentar. A devoção aos orixás conta com vários
processos litúrgicos, culturais e espirituais e inclui a recitação de oríkì (evocações), àdúrà (rezas), orin
(cantigas), ìbà (invocações) e ìtàn (narrativas míticas). O ato de oferecer comida é central nas
manifestações devocionais e isso não é diferente em relação a Xangô.

Xangô foi um rei exigente, caprichoso, rico, próspero e notável. Foi líder, pai, amigo e
provedor de soluções. Cultuamos Xangô com vários objetivos, mas precisamos de mensageiros que
conduzam a ele os nossos pedidos. Toda oferenda é um intermediário entre o ser humano e o orixá. A
comida que integra todo ritual é um elemento de troca.

O alimento tem minérios da terra e água da chuva e passa pelos processos de germinação e
maturação. Ele é plantado com o axé de Ogum, de Oko e de outros orixás da agricultura e da terra;
depois é colhido, lavado, processado e cozido. Esses processos envolvem a água, que lava e prepara o
alimento, o fogo, que o transforma e o trabalho - suor, dedicação e devoção – de quem o prepara.
Oferecemos comida para os orixás porque os axés de todas as pessoas que participam de seu preparo
se unem e vêm a ser elementos de diálogo com o divino. A comida que oferecemos aos orixás é
símbolo espiritual de todo o esforço que garante a nossa sobrevivência. A oferenda é um meio de
colocarmos nossa vitalidade a serviço dos nossos sonhos.

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Comidas Oferecidas a Xangô


Algumas comidas de Xangô permitem transcender o plano físico e alcançar a força vital que
precisamos para resolver nossos problemas. O àmàlà (amalá), prato tradicional feito com farinha de
inhame, tem origem em Oyó, terra de Xangô. O inhame é descascado, cortado e colocado em água
quente; após quatro ou cinco dias é retirado da água e colocado para secar ao sol; depois de bem seco
é triturado no moinho e peneirado para retirada da impureza da farinha. Neste ponto do processo
temos o èlùbọ́ , farinha de inhame processada, que pode ser feita também com o cará da taioba ou
mandioca seguindo o mesmo processo. Para o preparo do àmàlà coloca-se água no fogo e quando ela
estiver fervendo despeja-se a farinha e mexe sem parar até produzir uma massa consistente. Essa
massa é servida com molho de feijão ou de quiabo.

O àkàsà (acaçá) é preparado com farinha de milho branco que, depois de cozida como se fosse
uma polenta, é despejado num alguidar ou numa gamela.

O iyán (inhame), depois de descascado, cortado em pedaços e cozido com pouca água para não
encharcar, é pilado até virar uma massa úmida que lembra o purê. Pode-se fazer doze bolinhas com
essa massa, colocá-las num alguidar ou numa gamela e depois colocar molho de feijão ou de quiabo
por cima.

Há outros dois pratos principais a serem oferecidos a Xangô. Um deles é a sopa gbẹgiri,
preparada com feijão fradinho descascado e cozido até desmanchar por completo, depois temperado
com peixe e azeite de dendê. Se as pessoas gostarem e quiserem, podem acrescentar pimenta e
pedaços de carne.

Podemos colocar uma pedra ẹdun àrá no gbẹgiri para transferir a coragem, a invencibilidade, a
perseverança, a resistência, a realeza, a fortaleza e a grandeza de Xangô a todos os participantes da
oferenda. Quando a sopa esfriar, o ẹdun àrá é retirado. Qualquer pessoa com medo, insegurança,
síndrome do pânico ou problemas de autoestima pode lamber essa pedra para ingerir o axé de Xangô
e, se repetir esse procedimento várias vezes, perderá o medo. O dono do ẹdun àrá poderá lavá-lo com
folhas de taioba ou de pèrègún, colocá-lo em um pires ou em um alguidar com um pouco de dendê
sobre ele, e ele já estará pronto para o próximo uso. O ẹdun àrá pode ser mantido dentro do
assentamento de Xangô.

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Outra oferenda é o quiabo cortado, cozido e temperado com azeite de dendê, peixe, camarão e
todo tipo de tempero para ficar bem gostoso. Esse molho à base de quiabo é jogado sobre as massas
citadas acima.

A Relação de Xangô com Obi e Orobô


Algumas pessoas dizem que não se oferece obi para Xangô, mas isso não é verdade. Ocorre
que, pela associação mitológica entre o orobô e os olhos de Xangô, este fruto é tradicionalmente mais
oferecido. O obi é oferecido a todos os orixás para equilibrar e acalmar as pessoas e neutralizar o mal.
A quantidade de orobô e de obi a ser oferecida depende das condições econômicas do ofertante; se
tivermos doze de cada para oferecer, já que este é o número sagrado de Xangô, ótimo; se tivermos
menos o axé será o mesmo.

Como Proceder para Realizar Oferenda a Xangô


Quando a comida estiver fria ela é entregue a Xangô. Quem deve levá-la para o assentamento
depende das circunstâncias da oferenda. Se for um ọ̀ sẹ̀ , uma oferenda cíclica, é possível montar um
rodízio entre os filhos de Xangô da casa. Quando a oferenda é realizada como parte de um ebó, o
próprio ofertante a entrega, acompanhado pelo sacerdote ou pela sacerdotisa.

Chegando ao assentamento de Xangô, o ofertante o saúda três vezes: Kábíyèsí! Kábíyèsí!


Kábíyèsí! Depois, toca a oferenda no chão de três a doze vezes. Como o número sagrado de Xangô é o
doze, porque no jogo de búzios o odu de Xangô, Èjìila-Asẹbọra, tem o número doze, recomenda-se
que se toque a comida no chão doze vezes. Depois disso a oferenda é deixada no chão, diante do
assentamento. O sacerdote joga um pouco de água de um copo no chão e no assentamento e, com o
sẹ̀ kẹ̀ rẹ̀ na mão, evoca Xangô. Durante a evocação o sacerdote e o ofertante vão pedindo a Xangô a
qualidade de axé que eles desejam obter.

Quando se evoca qualquer orixá durante a entrega das oferendas os Oris dos presentes
despertam para receber o seu axé. É importante expressar os objetivos que se deseja alcançar,
incluindo a capacidade de reconhecer e aceitar as bênçãos recebidas. Munida desta capacidade a
pessoa consegue obter resultados positivos.

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AULA 7 - FOLHAS E OUTROS ELEMENTOS

Folhas de Xangô
Xangô trabalha com o axé de algumas folhas. O ojúoró (vitória-régia) e o ò?íbàtà (lótus) são
plantas aquáticas que atraem a vitória e tornam a pessoa intocável, neutralizando todo o mal enviado
para ela. O tẹ̀ tẹ̀ (bredo, caruru) confere perseverança e se alguém tentar sabotar o filho de Xangô, o
uso dessa planta o defenderá porque esse axé possibilita superar barreiras e vencer inimigos. O rẹnrẹn
(língua-de-sapo) e o Orìrì (oriri-de-Oxum) trazem equilíbrio, tranquilidade, paz e harmonia. A
abamọda (folha-da-fortuna) atrai sorte, progresso e riqueza e transforma sonhos e desejos em
realidade. O pèrègún (dracena) recompensa o esforço e a luta. O yèyé (cajá-mirim) fornece axé para
sobreviver a pressões, dificuldades e limitações e para que um indivíduo consiga tornar-se o número
um.

O akòkò (acocô) torna o Ori venerável e manifesta sua realeza, sua grandeza, seu potencial
nato; essa folha é tão importante que entre os iorubás ninguém assume uma situação hierárquica
notável sem banhar seu Ori com akòkò. O kókò (folha de taioba) amplia os horizontes para que tudo
em que se esteja trabalhando seja grandioso. O ewé ìlasa (folha de quiabo) aumenta a sorte, o
magnetismo e o poder atrativo.

Significado dos Animais


No reino animal a tartaruga é o ser mais sagrado de Xangô, tem longevidade, foco,
concentração, ritmo, frequência, constância, organização e disciplina. O carneiro representa

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a vitória e adia a data da morte. A galinha d’angola harmoniza, reduz tensões e desarticula pressões,
ajuda a resolver problemas e superar dificuldades.

O frango e o galo trocam as desgraças e o mal pelo bem, o azar pela sorte, o
sofrimento pelo alívio, as lágrimas por sorrisos, a tristeza pela alegria e a derrota pela vitória. O
pombo dá domínio sobre dificuldades e sofrimentos. O igbin amortece tudo, para que o devoto de
Xangô resista ao impacto das adversidades; também neutraliza sofrimentos, tensões e os
aborrecimentos. Diz o ditado iorubá que “o mugido do boi é grande”, e o boi também simboliza
Xangô porque tudo em Xangô é grandioso.

Oferenda com Búzios para Atrair Prosperidade


Xangô traz soluções para várias dificuldades, senão para todas. Cultuá-lo traz riqueza: é
comum ouvirmos a evocação Olówó Orí Mi (‘Senhor da riqueza do meu Ori’). Para que o trabalho de
um devoto de Xangô gere riqueza o sacerdote deve preparar uma oferenda com as comidas de Xangô e
búzios. O sacerdote pega doze búzios, ou muitos búzios, passa no corpo da pessoa, os coloca junto à
comida a ser oferecida e, estando diante do assentamento, vai dizendo “Zàngó, Olówó Orí (nome
da pessoa)”, sempre repetindo o nome da pessoa.

Oferenda com Ẹdun Àrá para Coragem e Autoconfiança


Oferendas para Xangô trazem coragem, curam o medo, a insegurança e a timidez, tão
prejudiciais ao progresso e à sobrevivência. Para ter coragem, deve-se pegar a pedra ẹdun àrá, levá-la
ao fogo, deixar esquentar bastante, tirá-la do fogo, colocá-la em água potável, esperar que esfrie dentro
da água, tirá-la dali, colocá-la em um pires ou alguidar e colocar uma gota de dendê sobre ela. A água
deve ser ingerida.

Essa terapia cura insegurança, medo, síndrome do pânico e problemas de autoestima e


autoconfiança. A água pode ser bebida aos poucos pelo devoto para complementar a oferenda e
promover o axé necessário para que lide com questões emocionais e dificuldades, que seu trabalho
seja reconhecido e seus sonhos se transformem em realidade. O devoto que realiza essa prática sente
em si a força e a realeza de Xangô, que envia mensagens a seu Ori dizendo que ele é forte.

Este material conta com apoio de nove videoaulas do Bàbá King com descrição detalhada do conteúdo, ditados, rezas e cantigas em iorubá e imagens da
devoção a Xangô na África como parte do curso Xangô: Orixá da Vitória e da Justiça. Mais informações em: oduduwacursos.com.br

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AULA 8 - APROVEITAMENTO DO A

Carisma: A Chave do Sucesso


Para uma pessoa ser bem-sucedida no que faz o primeiro passo é o reconhecimento. Xangô
eleva o carisma da pessoa, colocando-a em evidência, e lapida o brilho de seu Ori, de modo que ela
brilhe no trabalho e alcance sucesso e, consequentemente, riqueza. Oferendas para Xangô destinadas a
esse fim são acompanhadas de cantos que trabalham em favor do progresso e da prosperidade, como a
cantiga apresentada a seguir:

Ọba Kòso! Ọba Kòso!


Oníbàntẹ́ ajé jingbéné

Como Manter o Axé de Xangô Consigo


Para beneficiar os profissionais que lidam com muitas pessoas o sacerdote pode sacralizar um
ẹdun àrá pequeno para que o devoto possa carregar consigo e ter sempre o magnetismo de Xangô
emanando para ele. Quem tem essa simpatia carrega o axé da liderança e da notoriedade de Xangô e
tem seu esforço e sua importância vistos pela sociedade. Para sacralizar o ẹdun àrá o sacerdote o lava
com as folhas de Xangô maceradas, sem sapatos e sem fumar, em ambiente tranquilo. Depois o coloca
dentro do assentamento junto com uma oferenda preparada com um dos animais preferidos do orixá.
Depois de três dias o ẹdun àrá é retirado do assentamento, lavado novamente com as folhas e já estará
pronto para o uso.

Xangô oferece a solução contra as perseguições. O machado de Xangô pode ser sacralizado e
guardado na casa ou na empresa da pessoa perseguida. Qualquer pessoa que sofra algum tipo de
perseguição, injustiça ou sabotagem pode ter em seu poder esse

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machado, alcançar vitória e ficar protegido de maldades, feitiços, pragas, raiva, ódio e rejeição social.

Tudo o que ocorre de bom na vida do ser humano depende das ações do seu Ori. Ẹlẹ́dạ́ é, em
si, um axé pronto e detém o poder máximo sobre a vida, mas nem sempre a consciência dos seres
consegue alcançar as mensagens e a grandeza do próprio Ori. Xangô ajuda o Ori do seu devoto a
despertar e a se interessar mais por situações e circunstâncias que poderão levá-lo à vitória. Xangô
colabora muito com o crescimento do ser humano por meio de seu diálogo com Ori.

Xangô: o Patrono daqueles que Defendem a Justiça


Todas as profissões têm orixás como patronos. Ogum é o patrono dos caçadores, dos policiais
e dos guerreiros, Iemanjá, dos pescadores e Oxossi, dos caçadores e dos guerreiros. Xangô é patrono
daqueles que defendem a justiça, incluindo advogados, promotores e juízes, e dos homens de bem, que
desejam um mundo mais justo.

Xangô era tão justo que transmitiu todos os seus conhecimentos ao povo para que as pessoas
pudessem sobreviver em sua ausência. Hoje a injustiça ocorre por diversos fatores, como incapacidade
dos seres humanos, egoísmo, ignorância e egocentrismo, entre muitos outros. Quando cultuamos
Xangô pedimos justiça e vitória sobre a injustiça e sobre as dificuldades. A solução para alguns
problemas está em nós. Como Xangô é o orixá da justiça, ele nos ajuda a vencermos também as
injustiças que praticamos contra os outros e contra nossas próprias vidas.

Há pessoas a quem os outros boicotam ou de quem falam mal e reclamam sem necessidade.
Xangô abomina a maldade e adora trabalhar com as questões sociais. Por isso se diz: “O grande sábio
Xangô, que esfrega a boca dos maldosos na terra”. Lamentavelmente a maldade faz parte da natureza
humana, mas Xangô nos disciplina e faz valer os direitos que cada um de nós tem para estarmos todos
bem e para impedir que outros sejam sabotadores do nosso bem-estar, da nossa felicidade e da nossa
glória na vida.

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Orixás Cultuados com Xangô


Alguns orixás fazem parte da vida de Xangô, a começar por suas dezesseis esposas. Por sua
importância, vitalidade e coragem, Oyá pode ser assentada ao lado de Xangô. Por sua doçura,
sensualidade e companheirismo, Oxum também pode ser assentada ao lado de Xangô. Por sua calma e
gentileza, Obá pode ser assentada ao lado de Xangô. A devoção a todos esses orixás não é obrigatória,
mas possibilita materializar todas as qualidades de Xangô em nossas vidas.

Xangô foi o quarto Aláàfin Ọ̀yọ́ (rei de Oyó). Era filho de Oduduwa e irmão de Bayànnì e
Dada; conta-se que foi este irmão de Xangô quem deu origem às crianças que nascem com os cabelos
encaracolados. É comum os iniciados em Xangô serem iniciados também em Bayànnì e Dada.

Como Xangô equilibra as relações entre os seres humanos e os àbíkú, é comum ser assentado
junto a Ẹgbẹ́ , que também desempenha essa função.

Narram os mitos que Jàkúta era o orixá que originalmente manipulava as pedras, sendo depois
essa tarefa assumida por Xangô. Algumas pessoas os confundem, mas eles são deuses distintos.
Cultuamos Jàkúta para desenvolver poderes defensivos, e muitas vezes para complementar o grande
axé de Xangô.

Se não tivermos os assentamentos de todos esses orixás não há problema. O importante é


sabermos que no momento de nos dirigirmos a Xangô podemos pedir também que Oyá, Oxum, Obá,
Ẹgbẹ́, Bayànnì, Dada e Jàkúta nos abençoem juntamente com ele.

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AULA 9 - EVOCAÇÕES E CANTIGAS DE XANGÔ


Partes dos textos a seguir foram traduzidos pelo seu simbolismo.
Devido à complexidade de seu conteúdo, muitas vezes não é possível uma tradução literal.

Oríkì Ṣ àngó - Evocação a Xangô

IORUBÁ TRADUÇÃO
Oríkì Sàngó 1 Evocação a Xangô 1
1 Káábíyèsí Sàngó! Xangô, Vossa Majestade, eu te saúdo!

2 Iná l’ójú De seus olhos salta o fogo

3 Iná l’ẹ́nu De sua boca sai o fogo

4 Olúkòso O Rei não se enforcou (Epíteto de Xangô)

5 Àyàran iná O poderoso fogo com o poder de queimar tudo

6 Àkàtà yẹrì yẹrì O fogo indomável que se espalha

7 Ògíri-ẹkùn Leopardo feroz (Epíteto de Xangô)

8 Onímú ựsímú Cada um diz o que quer

9 Èké nsá E os mentirosos fogem com medo de serem punidos

10 A tú wọn ká Ele que desune o que está unido

11 Ní ibi tí wọ́ n gbé ndá iná irọ́ Onde os malfeitores se unem para fazer o mal

O sábio poderoso que esfrega a boca do mentiroso no chão


12 Ọlọ́ ọ̀lọ̀ tí nfẹnu ìkà lọlẹ́

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13 Ò sọ ògiri kàà kà kàà Cujo poder, através do raio, racha paredes

14 Ki igba ẹdùn bọ́ ọ̀ àrá E enche essas paredes com centenas de ẹdùn àrá

15 Káábíyèsí bàbá mi Meu pai, eu te saúdo

16 Káábíyèsí olówó orí mi Senhor do meu Orí, eu te saúdo

17 Káábíyèsí Sàngó! Xangô, Vossa Majestade, eu te saúdo!

IORUBÁ TRADUÇÃO
Oríkì Sàngó 2 Evocação a Xangô 2
1 Káábíyèsí ò! (3x) Vossa Majestade, eu te saúdo! (3x)
2 Sàngó Olúkòso O rei não se enforcou (Epíteto de Xangô)
3 Àkàtà yẹrì yẹrì O fogo indomável que se espalha
4 A tú wọn ká Ele que desune o que está unido
5 Ní ibi tí wọ́ n gbé ndá iná irọ́ Onde os malfeitores se unem para fazer o mal
O sábio poderoso que esfrega A
6 Ọlọ́ ọ̀lọ̀ tí nfẹnu ìkà lọlẹ́
boca do mentiroso no chão
7 A-waápọn-mọ̀rí Que se preocupa em resolver todos os casos difíceis
Ele, que por ter seu poder desafiado, Fez
8 Ó torí ijà dáko sẹ́bàá ọ̀nà
sua horta onde todos pudessem vê-la
Se aqueles que passam por sua horta não o saúdam, Ele
9 Sàngó ní bó ò kí ládòbò, ijà ni
protesta
10 Bó o si kí ládòbò, ọ̀ràn Quando é saudado, observa a forma como é saudado
11 Sẹ́ẹ́rẹ́jọbí ọmọ Àrìrà O poder do ?ẹ́ rẹ́ que une as pessoas
Alànà tóóró kan ayé, Ele que tem o poder de abrir conexão
12
Alànà tóóró k’ọ̀run Entre o mundo físico e o espiritual através do raio

13 Jagunjagun, Ẹsin rógun jà Guerreiro que enfrenta todos os desafios

Ẹranko bí ọ̀bọ ò sí Lóko, Não há animal que se assemelhe ao chimpanzé na


14
káábíyèsí! floresta
O poderoso feiticeiro que detém conhecimento
15 Afijimere tí n pe àrá rẹ̀ Lólóógùn
Sobre a magia e a medicina

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Xangô: Orixá da Vitória e da Justiia 35
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16 Eréku elemele ọkọ Ọya O dinâmico companheiro fiel de Oyá

17 Àyàran iná Forte e rápido como o fogo

Xangô, cujo corpo é quente como ?apala


18 Sàngó gboná bi sapala
(pamonha feita com pimenta de dendê)
Irọ́ ni òrìsà kékerè n pa lẹ́yìn
19 Nenhum outro orixá consegue contestá-lo
Sàngó

20 Ti Sàngó ni n ó se Eu seguirei o axé de Xangô

21 Káábíyèsí! Vossa Majestade, eu te saúdo!

IORUBÁ TRADUÇÃO
Oríkì Sàngó 3 Evocação a Xangô 3
1 Sàngó o jẹ ọka ogun ọdun Xangô, que come comida feita há 20 anos

2 Sàngó o jẹ gbẹgiri osu mẹwa Xangô, que come gbẹgiri feito há 10 meses

3 Sàngó iyan ọdun mẹta ngobona Xangô, que faz o iyan se manter quente por três anos

4 Okunrin Alagbara inu iná O homem (deus) poderoso que sobrevive dentro do fogo

5 Sàngó, bàbá mi, Olúkòso Xangô, meu pai (minha divindade)

6 Káábíyèsí Vossa Majestade, eu te saúdo!

Orin Ṣ àngó - Cantiga de Xangô

IORUBÁ TRADUÇÃO
Orin Sàngó 1 Cantiga de Xangô 1
1 Àlàdó fọwọ́ ranú o Aladó seja paciente e tolerante comigo

2 Àlàdó fọwọ́ ranú o Aladó seja paciente e tolerante comigo

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Xangô: Orixá da Vitória e da Justiia 36
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3 Sàngó fọwọ́ ranú o Xangô seja paciente e tolerante comigo

4 Sàngó fọwọ́ ranú o Xangô seja paciente e tolerante comigo

Se eu transgredir involuntariamente seus


5 Bàbá bí èmì bá sẹ̀ ẹ
princípios ético e morais
Não me puna se eu transgredir seus princípios ético e
6 Kí o má se já o
morais

7 Àlàdó fọwọ́ ranú o Aladó seja paciente e tolerante comigo!

IORUBÁ TRADUÇÃO
Orin Sàngó 2 Cantiga de Xangô 2
1 Ọba kòso, ọba kòso O rei de Kòso

2 Oníbàntẹ́ owó jingbẹ́nẹ́ Aquele que tem seu manto feito de dinheiro

3 Ọba kòso O rei de Kòso

4 Oníbàntẹ́ ajé jingbẹ́nẹ́ Aquele que tem dinheiro e prosperidade

5 Ọba kòso O rei de Kòso

6 Oníbàntẹ́ adé jingbẹ́nẹ́ Aquele que tem a coroa da prosperidade

7 Ọba kòso O rei de Kòso

8 Oníbàntẹ́ ọlà jingbẹ́nẹ́ Aquele que tem o manto da riqueza

9 Ọba kòso O rei de Kòso

IORUBÁ TRADUÇÃO
Orin Sàngó 3 Cantiga de Xangô 3
10 Bàbá tani yíò dúró Quem se atreverá a desafiar a força do meu pai Xangô

2 Bàbá tani yíò dúró Quem se atreverá a desafiar a força do meu pai Xangô

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Xangô: Orixá da Vitória e da Justiia 37
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3 Kí Sàngó yọ́ osé o Quando Xangô se manifestar com seu o?é em punho

4 Kí Ọya yọ́ idà Quando Oyá se manifestar com sua espada

5 Bàbá tani yíò dúró Quem se atreverá a desafiar a força do meu pai Xangô

IORUBÁ TRADUÇÃO
Orin Sàngó 4 Cantiga de Xangô 4
1 Olúkòso Aládó Olúkòso Aládó1

2 Ọkọ Ọya O marido e protetor de Oyá

3 Olúkòso Aládó Olúkòso Aládó

4 Ọkọ Ọya O marido e protetor de Oyá

5 A rù òkúta Aquele que levanta uma rocha

6 A rù òkúta Aquele que levanta uma rocha

7 Lái ni osuka Sem o menor esforço

8 Olúkòso Aládó Olúkòso Aládó

9 Ọba Ire O rei da sorte e do bem estar

10 A rù òkúta Aquele que levanta uma rocha

11 A rù òkúta Aquele que levanta uma rocha

12 Lái ni osuka Sem o menor esforço

13 Olúkòso Aládó Olúkòso Aládó

1
Epítetos de Xangô que significam, respectivamente, “O rei não se enforcou” e “aquele que racha o pilão”.

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Xangô: Orixá da Vitória e da Justiia 38
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Ìbà Ṣ àngó - Saudação a Xangô

IORUBÁ TRADUÇÃO
1 Sàngó jẹ́ njay é pẹ́ẹ́ pẹ́ẹ́ o Xangô, permita que eu viva por muitos e muitos anos

2 Ibà fún bàbá mi Eu saúdo meu pai

3 A ké kàrà Cujo grito é estrondoso

4 A ke kòrò Cujo grito gera punições

5 Ó j’ọkà Que come comida

6 Ogún ọdún Feita há 20 anos

7 Ó jẹ gbẹgiri osù mẹ̀wà Que come gbẹgiri feito há dez anos

8 Káábíyèsí ò! Vossa Majestade, eu te saúdo!

9 Sàngó òòsà mí Xangô, meu grande orixá

10 Ibà rẹ o láàlú Eu te saúdo, ó famoso

11 Bàbá mi Meu grande pai

12 O s’ọkọ fún olè Que pune os mentirosos e os ladrões

13 Ibà rẹ ò, Sàngó Eu te saúdo, Xangô

14 Má s’ọkọ fún mi o Não me puna

15 Mo wá nfọ̀ wípé É o que eu sempre peço

16 Ibà a sángiri Eu saúdo aquele que tem força para rachar a parede

17 Ọba tó tó, káábíyèsí ò! Grande rei, Vossa Majestade, eu te saúdo!

18 Sàngó ọba Xangô, o rei

19 Jẹ́ kí gbogbo ọjọ́ ayé mi ó yẹmí o Permita que eu seja feliz todos os dias da minha vida

20 Imalẹ̀ gbogbo, ibà yín o Todas as divindades, eu as saúdo

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Xangô: Orixá da Vitória e da Justiia 39
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Encerramento
É impossível um ser humano conseguir resumir a grandeza e importância dos orixás. Xangô é
orixá da civilização, que ensinou ao homem o conhecimento da magia, da liderança, do senso de
defesa, a autoestima, autoconfiança, segurança pessoal, força, resistência. É um orixá que ensinou o
homem a trabalhar suas emoções para chegar à vitória, ao sucesso e ao bem estar. Espero que você
tenha aprendido e gostado e que consiga assimilar para o seu dia-a-dia todas as riquezas de Xangô,
para que o seu Ori possa ser o seu maior guerreiro.

Káábíyèsí ?àngó!

Axé!

Bàbá King

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