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Emily Snow - Serie Devoured - #2 Consumed

Saga devoured 2 Consumed. Emily Snow
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
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Emily Snow

#2 Consumed
Série Devoured
Uma parceria entre
Pepper Girl e Eros Liber

Consumed Copyright © 2013 Emily Snow


AVISO
A tradução em tela foi efetivada pelo Grupo de Traduções Pepper Girl de forma a propiciar ao leitor
o acesso à obra, incentivando-o à aquisição integral da obra literária física ou em formato e-book. O
grupo tem como meta a seleção, tradução e disponibilização apenas de livros sem previsão de
publicação no Brasil, ausentes de qualquer forma de obtenção de lucro, direto ou indireto. No intuito de
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art. 184 do código penal e lei 9.610/1998.
SINOPSE

Agora que Lucas declarou seu amor por ela, Sienna está certa que o drama entre eles acabou.
Ela não tem medo da ex-mulher de Lucas ou o que seja o segredo que a outra mulher está segurando
sobre ele. Durante dois dias - o bem-aventurado restante do contrato de Sienna com Lucas - eles se
esconderam em uma casa nas montanhas no Tennessee, consumindo o outro. No final de sua estada, Lucas
faz a Sienna uma proposta: sua banda, Your Toxic Sequel, vai sair em turnê com Wicked Lambs, e ele
quer ela com ele o tempo todo. Sienna concorda em trabalhar como sua figurinista oficial.
A vida na estrada é diferente de tudo que Sienna já conheceu. Não só ela tem que lidar com os
membros da banda de Lucas, mas ela também é forçada a estar em torno de Cilla, a vocalista do Wicked
Lambs, que é claramente apaixonada por Lucas. Apesar de companheiros de banda com tesão e uma
deusa do rock linda persistente, determinada a afundar suas garras em Lucas, Sienna permanece ao seu
lado.
Em seguida, as ameaças começam.
A ex-mulher de Lucas, Sam, não está feliz que ele seguiu em frente, e Sam começa a assediar Sienna -
tudo, desde e-mails ameaçadores a chamadas telefônicas e até mesmo fazer contas falsas em fóruns do
Your Toxic Sequel para agredi-la e espalhar rumores maliciosos. Sienna aguenta isso por Lucas, já que
ela sabe o quão ruim é Sam para sua música.
Não é até que Sienna é atacada por um fã enlouquecido do YTS contratado por Sam, e Sam começa a
mirar suas ameaças verbais na avó de Sienna, e é aí que Lucas finalmente revela seu segredo. E é um
grande problema...
Prólogo
Lucas
Conduzo o meu Audi A8 para fora da estrada principal e para baixo em direção à entrada particular
que conduz à casa de Sienna, e deixo cair o meu olhar em frustração.
20:57.
Eu tenho cerca de três minutos até que o vídeo comece, e quatro minutos e 39 segundos depois disso
para eu saber se há ou não um futuro para nós dois. O relógio move-se para 20:58, e eu me sinto da
mesma maneira que me senti quando pisei no palco pela primeira vez: como a porra de uma bagunça
completa.
Está tudo escuro lá fora, mas alguém - estou apostando na avó de Sienna - instalou duas fileiras de
luzes solares Home Depot ao longo de todo o caminho, subindo até os degraus da frente. Eu começo a
dirigir, deixo o leve brilho das luzes do jardim me levarem até Sienna, mas então eu penso melhor.
Eu preciso surpreendê-la.
Eu estaciono o carro e desligo a ignição. Quando eu saio, silenciosamente fechando a porta para que
Sienna não me ouça, eu percebo que estou mais perto da estrada do que da cabana. Um pouco irônico,
considerando que há um tempo, toda esta propriedade maldita me pertencia. Cinco meses atrás, eu tinha
arranjado para ter Sienna perto de mim; ofereci-lhe uma chance de ganhar de volta a antiga casa de sua
avó e, em troca, ela trabalharia para mim por dez dias.
No final, eu perdi ambas por causa do medo e da estupidez.
— Idiota do caralho, — eu digo em voz alta.
Durante a minha viajem de três horas de carro de Gatlinburg -onde eu comprei outra casa de férias -
eu pensei em parar para comprar flores ou um presente, mas eu desisti dessa ideia rapidamente. Sienna
não é esse tipo de pessoa. Ela vai aceitar o meu pedido de desculpas, ou ela me vai mandar para o
caralho porque ela não quer o que o meu dinheiro pode comprar.
Ela não é como Samantha, minha ex-mulher.
Cerrando os punhos, subo os degraus da frente para me encostar contra a porta. Aqui fora, eu posso
ouvir o som da minha própria música - o meu primeiro projeto solo, a minha primeira tentativa real para
corrigir algo que eu estraguei em pedaços, desde o que eu chamei “os dias de Sam.” Enquanto espero que
a música pare, o meu peito parece como se eu tivesse ingerido um copo de ácido. Eu não sou um estranho
para dor - é tudo o que eu sinto quando vejo a minha ex, quando eu deixo ela me dizer o que fazer, sempre
que eu penso no que eu fiz - mas eu nunca esperei que os últimos cinco meses fossem ser assim tão ruins.
Mas eu nunca esperei me apaixonar tanto por Sienna.
A música finalmente dá lugar ao silêncio, e eu juro que eu a ouço tomar uma respiração profunda. Eu
sei que ela está esperando por mais, assim como eu quero que ela espere, e eu sei que eu tenho que ser o
único a dar-lhe isso. Cara a cara.
Eu já fiz shows na frente de milhares de pessoas, e ainda assim, eu estou nervoso pra caramba ao
bater na porta.
Ela leva algum tempo para responder - tanto tempo que eu sinto quase como se ela não fosse abrir.
Sienna é inteligente. Há uma boa chance de que ela já saiba que sou eu que estou aqui fora esperando por
ela. Ela sabe que para mim, se ela não abrir a porta, será um “vá se foder” maior do que se ela dissesse
as palavras diretamente na minha cara.
Mas, por fim, a porta range e abre alguns centímetros, em seguida, mais alguns até que eu possa ver o
seu rosto, e a adrenalina me obriga a terminar a canção que eu escrevi para ela. Eu propositadamente
deixei inacabada para que assim esta última parte possa pertencer a nós dois.
— Diga que o que aconteceu não é para nós, — eu respiro, correndo a mão ao longo da curva do
rosto de Sienna.
Ela treme, parecendo tão bonita como ela estava quando eu a deixei em Atlanta. Em vez de um
vestido colante que eu quero rasgar apenas para chegar ao centro dela, ela está usando shorts jeans
minúsculos que fazem suas pernas parecerem impossivelmente mais longas e um top branco. Seu longo
cabelo vermelho está puxado em um rabo de cavalo apertado no topo da sua cabeça e não solto, do jeito
que eu gosto.
A sua expressão é a mesma. Olhos azuis arregalados, bochechas coradas e dentes cerrados - ela tem
medo, e eu me sinto como um idiota por fazer isso com ela uma segunda vez.
Ela encolhe os ombros para longe do meu toque. — O que você está fazendo aqui, Lucas?
Estou aqui para te dizer que eu sinto muito. Eu quero dizer que eu te amo.
— Você ainda me deve dois dias, — eu digo.
Sua boca cai aberta e ela olha para mim como se tivesse um pau crescendo fora da minha testa. —
Você me demitiu.
É como se ela pensasse que eu me esqueci. Se ela soubesse que o momento em que a mandei para
longe de mim nunca sairá da minha mente, não importa quantos anos se passem ou quantas pessoas
passem na minha vida.
Esse momento tinha ido para a minha curta lista de arrependimentos bem antes de eu deixar a porta do
quarto do hotel bater atrás de mim. Sienna dá um passo para trás para dentro da casa, e eu sei que estou
perdendo isto. Perdendo-a. E isso é algo que não posso me dar ao luxo de fazer, porque eu preciso dela.
— Você assinou um contrato. — É um golpe baixo da minha parte, e ela balança a cabeça em
descrença. Amaciando o meu tom, acrescento: — E eu sou um fodido idiota.
Admitir que estou errado ajuda, não só porque o seu grande olhar azul levanta até ao meu e um ruído
sufocado vêm do fundo de sua garganta, mas porque ela faz um movimento hesitante em minha direção e
depois outro.
Um passo para trás e dois passos para frente.
Eu estou bem com isso, desde que isso signifique que ela vai finalmente estar perto de mim.
— Eu não vou desistir disto. — Eu a puxo para mim. Ela tem um cheiro bom, malditamente bom,
como o gel de banho que ela usava quando nos conhecemos. — Eu não vou desistir de você, — eu repito.
Porque eu sempre vou querê-la.
Uma ampla gama de emoções passa sobre o rosto dela. Luxúria e raiva, medo e dor. O meu peito
aperta de novo porque eu estou plenamente consciente de que eu sou o responsável por todos esses
sentimentos.
Ela solta um longo suspiro e depois fala: — O que você fez me magoou, Lucas. — Ela deixa cair o
queixo em seu peito, e eu vejo o topo do seu rabo de cavalo quanto ele se move um pouco. Ela está
contando. Assim que chega a cinco ela olha para cima. — Você queria que eu me entregasse apenas para
depois mandar eu me foder.
Esse não é o caso. Eu queria que ela se entregasse a mim para que eu pudesse mantê-la, eu era muito
egoísta e estava muito envolvido em estar com ela para me lembrar que Sam se recusou a me deixar
desfrutar de um pingo de felicidade. Essa ameaça da minha ex-esposa de me levar para baixo, e Sienna
junto comigo, era real.
Sienna limpa a garganta, rasgando os meus pensamentos para longe da minha ex e de volta para ela.
— E agora você me quer de novo? — Ela exige, com a voz embargada.
Eu aperto o meu domínio sobre ela, porque ela está tremendo, mas também porque eu também estou.
— Eu sempre quis você. Só me levou algum tempo para mandar a merda que estava me segurando se
foder.
— Sam?
Concordo com a cabeça. E quando eu disse a Sam que ela estava me impedindo de viver, ela chorou.
Ela implorou. E, finalmente, depois de meses de idas e vindas com ela, ela calmamente concordou em se
afastar, enquanto eu concordasse com os seus termos.
Eu mergulho meu rosto para baixo até que o meu nariz toca a ponta do nariz de Sienna, que está úmido
das lágrimas. — Se você estivesse comigo, ela ia tentar me arruinar. Ela ia tentar te arruinar, porque ela
sabe que eu te amo. Você tem que saber disso. Você tem que saber o que ela tem comigo...
Mas quando ela me corta, colocando os dedos sobre meus lábios, eu estou aliviado. O que diabos eu
ia dizer em seguida?
Você tem que saber que o que ela tem comigo me levaria para longe de você, de tudo. E eu não
acho que haveria qualquer volta.
— Maldito seja você, Lucas, — diz Sienna, mas ela está usando um sorriso suave. Sua mão desliza
da minha boca até a minha garganta, e eu viro a cabeça um pouco para beijar-lhe o pulso. Ela treme, mas
não me solta.
— Eu sei que você está com raiva, — eu digo. Ela provavelmente ficará assim por um longo tempo -
meses, talvez anos. — E eu sei que isso dará trabalho, mas eu só quero que você tente. Para pensar nas
minhas merdas junto comigo e nos darmos uma chance. Eu preciso saber que você pode se importar
comigo de novo.
No minuto mais longo da minha vida inteira, o rosto dela é uma máscara de emoção. Uma centena de
pensamentos - cada um mais fodido que o último - rolaram no meu cérebro antes que ela mova a cabeça
para cada lado, incrédula e murmura algo que soa como “idiota.” Ela deita a cabeça no meu ombro, e
suas lágrimas se infiltram através da minha camiseta.
— Muita coisa pode acontecer nos dois dias que te devo, — ela sussurra. — Mas você está certo.
Você é um idiota se você pensou que eu alguma vez deixei de te amar.
— Eu também te amo, Sienna, — eu rosno. Em seguida, minhas mãos estão por todas as partes dela
enquanto a trago para perto de mim. Seus lábios abrem de bom grado e a sua língua entra na minha boca.
Ela tem um gosto doce, e eu faço uma promessa a mim mesmo de que nunca mais vou perder o seu gosto
novamente.
Eu vou lutar para manter essa mulher ao meu lado.
Os seus olhos ainda estão fechados quando ela se afasta, mas quando eu aperto a mão dela contra o
meu pau, eles abrem e ela olha entre os nossos corpos antes de limpar a garganta. — Se não estivéssemos
na casa da sua avó, — eu digo, e ela se inclina para trás, esfregando a mão sobre o peito.
— Ela não está... — mas, então, ela balança a cabeça e corre as mãos nervosamente na frente de seus
shorts. — Há hotéis a apenas um par de quilômetros de distância...
— Venha comigo.
— O quê?
Faço um gesto para o meu carro estacionado. — Dois dias. Eu quero aqueles dois dias agora. — É
uma jogada ousada, mas ela não dispara imediatamente um fora.
Ela morde o lábio inferior. — Agora mesmo?
— Sim, — eu digo, acariciando com o meu polegar sobre os seus lábios para impedi-la de mordiscá-
los. Mantendo os olhos focados nos meus, ela morde a ponta do meu dedo em vez disso, e eu gemo de
frustração. Por que ela tem que fazer uma merda dessas? — Eu sinto muito, Si, e eu preciso de uma
chance para provar isso.
Ela volta para a casa, fazendo sinal para eu segui-la, mas eu permaneço na entrada. — Eu vou ter que
arrumar as minhas coisas. — Ela gesticula com o dedo por cima do ombro apontando para a escada. — E
eu tenho que ligar para minha avó - ela não está aqui. — Seu rosto está vermelho, e eu posso dizer que
ela está fazendo mentalmente uma lista de tudo o que precisa ser feito antes que ela possa vir comigo. —
Lucas, você não está vindo...
E lá está a dor em meu peito novamente. Ela não confia em mim, e isso me destrói. Mas o que posso
esperar?
— Nada vai acontecer com você enquanto você estiver comigo, — eu prometo. Então eu levanto
minhas sobrancelhas e acrescento: — Nada de ruim. Eu vou fazer o que eu deveria ter feito antes. Eu
preciso de você comigo, porque não há música sem você.
É essa promessa que me faz ganhá-la completamente de volta.
Ela me puxa para ela pela gola da minha camisa e o meu rosto entre as suas mãos. Os seus lábios são
ásperos e exigentes, fazendo-me reconsiderar o que ela começou a dizer mais cedo sobre os hotéis. Eu
me arrasto para longe dela, colocando uma boa quantidade de espaço entre nós.
— Sem mais disso ou eu irei fodê-la aqui nesta porta.
— Dê-me uma hora para ficar pronta, — Sienna sussurra, andando para trás para dentro da casa. —
Eu prometo que não vai demorar muito.
Ela leva apenas a metade do tempo. Depois de carregar a bagagem no porta-malas do meu carro, o
qual eu estacionei para mais perto da cabana enquanto esperava, ela desliza para o banco do passageiro
ao meu lado. Arrastando uma respiração instável, ela coloca a cabeça para trás contra o encosto de
cabeça de couro e então se vira para olhar para mim enquanto eu ligo o carro. — Eu amo você, Lucas.
— Eu também te amo.
Ela franze a testa quando eu piso no freio perto do topo da entrada, mas depois eu pego uma ampla
faixa vermelha de tecido a partir do console central. Os cantos de sua boca deslizam em um sorriso. —
Outro de seus exercícios de atenção, Lucas? — Ela questiona enquanto eu cubro os seus olhos com o
tecido.
— Não, mas as surpresas são as suas novas melhores amigas.
Pela primeira vez, ela não protesta.
Capítulo Um
Sienna

O carro de Lucas chega a uma parada lenta e ele desliga o motor, parando a música Cavo no meio. Ao
som da abertura e fechamento da sua porta, o ar voa para fora dos meus pulmões. Eu abraço este
momento de falta de ar, a súbita explosão de emoção incerta que cantarola através de mim.
Onde estamos, e no que eu me meti?
Agarrando a barra dos meus shorts, eu corro através de uma lista de lugares que ele poderia ter me
trazido. Eu descarto o hotel ou o aeroporto. Nós estivemos na estrada pelo que me pareceram horas, e a
casa da Vovó é apenas a poucos passos do aeroporto de Nashville.
Exasperação entra em ação, e eu trago minhas mãos para meus olhos vendados, mas a porta do
passageiro se abre. Lucas limpa a garganta. Embora eu não possa vê-lo, eu juro que eu posso sentir seus
olhos castanhos em chamas contra o lado do meu rosto.
— Nós estamos aqui, — ele anuncia.
— Eu imaginei. Onde exatamente é aqui?
Seus dedos calejados fecham em torno dos meus pulsos, e ele me puxa para fora do carro em direção
a ele. Eu tropeço um pouco, a frente de um dos meus chinelos dobra o suficiente para que o asfalto quente
escove as pontas dos meus dedos. Lucas me estabiliza, colocando a outra mão na curva do meu quadril.
Estamos peito a peito. A brisa noturna sussurra contra a nossa pele, mas eu não estou com frio. Não
enquanto ele está tão perto que eu posso praticamente sentir o gosto da hortelã em sua língua enquanto eu
respiro-o.
E não importa quantas vezes eu tentei me convencer do contrário, eu senti saudades de respirar este
homem.
— Lucas. — Minha voz é tensa. — Onde estamos?
Deixando de lado o meu pulso, ele move ambas as mãos para cima em meu corpo, sem parar, até que
toca cada lado do meu rosto. — Você faz tantas malditas perguntas, Sienna. — Ele trabalha os dedos por
baixo da venda de seda e mergulha sua boca no meu ouvido. — Apenas aproveite o momento.
— É difícil quando eu não posso ver porra... — eu começo, mas ele abaixa o tecido dos meus olhos.
— Você parece atordoada.
O que ele esperava depois de tudo o que aconteceu entre nós apenas nas últimas horas? — Eu duvido
que vá embora tão cedo.
Uma nova emoção passa sobre suas feições, uma que me deixa desconfortável, e eu desvio o olhar.
Sob a luz pálida do luar, não há nada, apenas montanhas e árvores exuberantes, tanto quanto eu posso ver.
A única casa ao redor é a que estamos estacionados em frente, uma enorme cabana de três andares – duas
vezes maior que a casa da minha avó, em Nashville, com janelas do chão ao teto no segundo andar.
— Ainda estamos no Tennessee? — Eu pergunto.
— Gatlinburg. Eu precisava de você só para mim, Si. Eu precisava destes dois dias, sem interrupção,
para conquistá-la de volta e compensá-la pelas minhas merdas da maneira certa.
— Toda para você, hein?
Algumas mechas de seu bagunçado cabelo escuro caem sobre os seus olhos castanhos quando ele
concorda. — A forma como eu deveria ter feito há meses. — Me girando em volta de modo que eu estou
ao seu lado, ele corre a mão por dentro do meu braço, entrelaçando nossos dedos juntos.
Eu seguro-o com força, não querendo que ele solte a minha mão, para me libertar.

Enquanto Lucas tira a nossa bagagem do seu carro, eu exploro o andar principal da cabana. Além da
lareira de pedra da altura do teto no centro da sala de estar, a casa não tem mais nada do charme rústico
de costume. Do sofá secional preto que envolve a lareira, para o mobiliário igualmente escuro, e até
mesmo as reluzentes bancadas negras na cozinha, algo mal-humorado e sexy pulsa através da atmosfera.
É definitivamente familiar.
Eu descanso as minhas costas contra a geladeira de aço inoxidável, os meus olhos digitalizam a
cozinha ultramoderna.
Em seguida, me bate: esta casa me lembra a de Lucas, em Los Angeles. Eu só estive lá uma vez, há
mais de dois anos atrás, quando ele me levou lá para o que tinha sido uma catástrofe de encontro, mas é
impossível de esquecer.
Eu volto para a sala, mas paro quando a porta da frente é fechada. Correndo os meus dedos na venda
ainda pendurada no meu pescoço, eu olho para Lucas, que está de pé no foyer. Ele está de costas para
mim, mas, mesmo sob as luzes suaves, eu sou capaz de admirá-lo, um cabelo escuro muito longo, muito
bagunçado; pele cor de oliva e os músculos que qualquer pessoa em sã consciência teria inveja; e as
tatuagens intrincadas que cobrem seu corpo.
Simplificando, Lucas Wolfe é lindo.
O som que faço ao empurrar as minhas mãos nos bolsos dos meus shorts chama a sua atenção. Ele
vira o rosto um pouco, me dando uma visão clara do seu perfil. — Está com fome?
— Não, — eu passo em sua direção. — Este lugar é absolutamente incrível. — Dois passos mais
perto, cada um mais amplo, cada um fazendo a boca do meu estômago apertar um pouco mais. — Eu
estou supondo que pertence a você.
Ele se vira na minha direção, assim que eu entro no foyer. Estou impressionada com a aparência
suave em seus olhos castanhos. Lucas Wolfe nunca foi do tipo que mostra as emoções, bem, nenhuma
exceto raiva, desinteresse e luxúria. Mas hoje à noite?
Hoje em sua mente está - foda-me.
— É para você, — diz ele.
— O quê?
Ele chega perto de mim. — Esta casa. Comprei-a para você. Eu... — Ele limpa a garganta e esfrega a
palma de sua mão sobre os ângulos de seu rosto lindo. — Eu perdi a minha última casa em uma aposta.
Portanto, esta é para nós, Sienna.
Para nós.
Aquelas palavras me pegam desprevenida - enrolam em torno de meu coração e dão-lhe um aperto
firme, mas ele não parece notar, porque ele volta a sua atenção para o sistema de alarme na parede ao
lado da porta da frente.
Apenas um dia atrás, se alguém tivesse perguntado se eu iria ver Lucas-Fodido-Wolfe novamente ou
não, eu teria rido da questão. Lucas e eu estávamos terminados; ele não me queria, pelo menos não o
suficiente para lutar por isso e, além disso, eu não tinha lugar no mundo de um astro do rock.
Lucas havia me mandado embora quando eu percebi que eu tinha me apaixonado por ele.
Agora, em pé dentro da casa que ele diz ser destinada a nós, eu penso que foi bom que ninguém nunca
me perguntou sobre o futuro de Lucas Wolfe e eu. A minha resposta estaria errada.
O alarme apita duas vezes. Suas sobrancelhas grossas se unem. — Você está bem, Si? — Pergunta
ele. Concordo com a cabeça, mas ele não parece convencido. — Porque você tem esse fodido olhar.
— Que olhar?
As solas dos seus Converse pretos guincham na madeira quando ele dá dois passos largos para
chegar a mim. Eu sou ridiculamente alta para uma mulher, - um metro e setenta e oito - mas ele é alguns
centímetros mais alto que eu. Eu tenho que inclinar a minha cabeça para trás para conseguir olhar para o
rosto dele.
— É aquele olhar de que você tem alguma coisa que quer dizer, — ele finalmente diz.
Eu cruzo os braços sobre o meu peito, mas ele agarra os meus dois pulsos, puxando meu corpo duro
contra o seu. Esta é a primeira vez que ele colocou as mãos em mim desde que ele me tirou a venda dos
olhos, e eu desejo mais do seu toque.
Menos de cinco horas com ele, e ele já é como uma droga para mim.
— Responda-me, Si.
Eu dou de ombros. — Eu estou chocada que você não tentou me foder no caminho para cá.
— Oh, eu queria foder você, mas o volante ficou no caminho, e desta vez eu quero fazer isto da
maneira certa. — Sem aviso, ele puxa o prendedor fora do meu rabo de cavalo alto, quebrando a
borracha com as pontas dos dedos. Ele diz algo baixinho quando o meu cabelo vermelho cai em ondas
emaranhadas ao redor dos meus ombros. Ele sempre teve uma coisa com o meu cabelo. — Você tem mais
alguma coisa a dizer?
— Não.
Ele coloca as pontas dos dedos ásperos sobre meus lábios, trabalhando a carne macia entre o polegar
e o indicador, antes de colocar as mãos nos lados do meu rosto. — Fale comigo.
Fechando os olhos, eu engulo e conto até cinco para organizar os meus pensamentos. A última coisa
que eu preciso fazer é divagar e sair parecendo uma idiota chorona. — Você cantou uma música sobre
mim, — eu começo hesitante. Seu cabelo grosso varre para cima e para baixo na minha testa quando ele
concorda. — Não me entenda mal, “Ten Days” foi a coisa mais ridiculamente romântica que alguém já
fez por mim. Mas então você aparece na casa da minha avó. Você me diz que eu devo-lhe dois dias e que
você tem um lugar para me levar. Você me trouxe aqui, para as montanhas.
— Sim.
— E você me disse que me ama. — as duas últimas palavras saem num sussurro feroz.
— Abra os olhos. — quando eu não obedeço imediatamente, as pontas dos seus dedos enfiam no meu
cabelo, puxando suavemente. Eletricidade percorre cada parte do meu corpo. — Abra os olhos.
Desta vez, eu escuto. Ele me dá um sorriso torto e desliza algumas mechas do meu cabelo entre os
seus dedos.
— Eu te trouxe aqui porque eu não tenho paciência para Los Angeles, onde eu deveria ter te levado
há meses atrás. Você está aqui porque eu pretendo aproveitar cada centímetro do seu corpo e te foder sem
palavras, sem interrupções. — sua boca está a apenas um mero centímetro de distância da minha. Eu
posso sentir o cheiro de hortelã do chiclete que ele mastigou enquanto ele estava dirigindo misturado com
o cheiro da colônia que ele usa. É inebriante e, de repente, minha boca está seca.
— Eu te trouxe aqui porque eu amo você. Porque eu pretendo te amar nos meus termos - pelo menos
pelos próximos dias. E você veio, Sienna. Nunca se esqueça disso.
Mas ele já me perdeu. O que exatamente ele quer dizer com em seus termos?
Eu me afasto dele e dou um passo para trás para colocar alguma distância entre nós e me dar
oportunidade de pensar com clareza. Eu paro quando o meu traseiro bate no corrimão. Ele inclina a
cabeça para o lado, e eu estico o braço atrás de mim, apertando a madeira para apoio.
— E os meus termos? — Eu pergunto com toda a calma possível. — Você não vai jogar um monte de
merda em mim de novo, Lucas. Você não vai me usar por dois dias, ou duas semanas, ou por mais tempo
e me ferrar de novo. Eu não vou deixar.
— Não, eu não vou.
— Porque, se você me disser para ir embora de novo, eu... — mas a minha voz quebra. Eu realmente
não sei o que vou fazer se Lucas repetir o que aconteceu em fevereiro. Ou o que aconteceu em Los
Angeles há dois anos.
O que eu sei é que eu prefiro não tê-lo se um ciclo repetitivo de rompimentos e reconciliações for a
amarga realidade do nosso relacionamento.
Ele vem até mim, prendendo minhas pernas entre as suas, por isso é impossível eu ir embora
novamente. Sem nenhum lugar para ir, eu enfrento o seu olhar.
— Eu estou com você agora. — Ele engancha os dedos indicadores sob o cós apertado do meu shorts
e pressiona o polegar contra a tira de pele pálida exposta logo acima deles. — Eu estou com você, — ele
repete, cada palavra um sussurro áspero.
Noventa por cento do meu corpo molda contra o dele, como se nós fossemos feitos para fazer isso um
com o outro e com mais ninguém, mas eu repouso firmemente a palma da minha mão contra o peito dele
para impedi-lo de reivindicar os meus lábios.
— Mas por quanto tempo?
— Eu vou ficar com você neste momento. Você é minha, Sienna.
Tirando a minha mão do seu peito, eu fecho o espaço restante entre nossos corpos. Sua língua é dura
enquanto abre os meus lábios. Eu lamento a forma como ele tem um gosto delicioso. Suas mãos exploram
meu corpo rudemente, possessivo, e eu agarro o algodão suave da sua camiseta.
— Eu não posso ter o suficiente de você, Sienna, e tenho certeza como o caralho que eu não quero
tentar parar, — diz ele, quando finalmente quebramos o beijo. Ele puxa o meu lábio inferior com os
dentes antes de liberá-lo e fazer um ruído baixo na parte de trás de sua garganta. — Você tem gosto de
pecado - o melhor tipo imaginável.
Esta não é a primeira vez que Lucas me diz isso, mas não a torna menos sexy. Agora, há um desespero
cru em sua voz. Isso só me faz quere-lo ainda mais. — Eu preciso de você. — Eu aponto meu olhar para
o topo da escada atrás de nós, e depois de volta para ele. — Agora.
— Devemos comer, — ele sussurra contra a coluna da minha garganta, enquanto sua mão aperta entre
as minhas pernas. — Há comida na geladeira. — Seus dedos deslizam sob a bainha dos meus shorts. —
Há... Foda-se, você está molhada.
Balançando a cabeça, eu respondo com uma voz profunda que não soa nada como eu, — Nada de
comida - não agora, ok? Apenas você. Apenas eu.
Isso faz a mágica. Seus olhos varrem-me algumas vezes, e então ele acena com a cabeça. — No andar
de cima.
Nossas bocas ainda estão conectadas, provando e explorando e relutantes em se separar enquanto
subimos as escadas. Quando chegamos ao topo, eu empurro-o contra a parede. Ele inclina a cabeça para
trás, olhando para mim, incrédulo enquanto eu puxo a parte inferior da sua camisa para cima.
— A paciência é uma coisa boa, — ele brinca.
Mas ele já está arrastando o algodão escuro sobre a sua cabeça, revelando um peito e uma barriga
que vêm de anos de dedicação rigorosa a academia. Eu o toco - traço com o meu dedo a tatuagem de um
coração com um punhal no centro do seu peito.
— Isso vem de um cara que não podia esperar até voltar para Los Angeles? — Eu raspo a minha unha
ao longo da última adaga. Antes de eu chegar ao final, ele agarra o meu dedo, deslizando-a em sua boca,
roçando os dentes retos ao longo da minha pele.
— Nunca afirmaram que eu tinha a fodida paciência, Ruiva. — Ele me leva pelo corredor para o
quarto principal. Tal como o resto da casa, este quarto é incrivelmente semelhante ao seu quarto em Los
Angeles - decorado com um contraste surpreendentemente erótico de vermelho e preto.
Ele apoia o seu ombro contra a porta e prende o seu olhar em mim. — Fique nua, — ele ordena. Ele
está sorrindo - um olhar faminto que me faz ranger os dentes. — E essa coisa com os dentes me deixa
fodidamente louco.
Rapidamente, eu desabotoo o meu short e o arrasto para baixo em torno dos meus quadris. Quando
eles caem no chão em volta dos meus pés, o seu peito visivelmente se contrai. — Você sabe quantas
vezes eu pensei em você, Sienna?
Faço uma pausa, esperando ele me dar uma resposta, mas ele faz um gesto para eu continuar a me
despir. Enquanto eu arrasto a minha blusa branca sobre a minha cabeça, eu ouço os seus passos se
aproximando. — Você sabe quantas vezes eu acordei precisando de você? — Ele se ajoelha na minha
frente e pressiona a boca no “V” de algodão da minha calcinha.
— Não, — eu sussurro.
A sua respiração quente suspira na minha pele quando ele continua. — Todos os dias desde que você
me deixou. — Ele desliza a mão por baixo do tecido rosa da minha calcinha e solta um grunhido
animalesco baixo quando eu tremo ao seu toque. — Então, não, eu não estou deixando você ir desta vez,
Sienna. Não há nem mesmo uma chance.
Concordo com a cabeça, incapaz de falar. Porque pela maneira como as suas mãos estão me
segurando como se eu fosse desaparecer, se ele sequer deixa eu me mexer, eu sei que não há nada no
inferno que vai manter Lucas Wolfe longe de mim.
Nem mesmo Samantha.
Minhas mãos apertam os meus lados, enquanto ele arrasta a minha calcinha pelos meus quadris. Não,
eu me recuso a pensar em sua louca ex, pelo menos por agora. Haverá tempo de sobra para ele me dar
respostas sobre ela mais tarde.
Agora somos só nós dois.
Correndo a língua em meus lábios secos, eu encontro a minha voz e pergunto provocativamente: — O
que? Você vai me amarrar à sua cama para me manter com você?
Lucas acaba de puxar a renda cor de rosa pelas minhas pernas antes de levantar os olhos para mim.
Eles estão cheios de luxúria e necessidade. — Mais tarde? — Ele pergunta, e eu aceno. Ele aponta para
eu sair da calcinha, e eu faço. — Foda-se, sim, eu vou amarrar você mais tarde.
Embora eu não acredite que seja possível, ainda sinto mais calor na boca do estômago. — Deus,
Lucas, -— eu começo, mas ele me arrasta para baixo para o chão com ele, fazendo-me suspirar. — O que
você está fazendo? — Eu me esforço para me levantar, mas ele coloca uma das mãos firmemente sobre o
meu umbigo para me parar.
— Relaxe. — Ele ajuda a afastar os meus joelhos com o seu corpo. — Eu vou te provar, Sienna.
Apesar de eu estar à espera disso, eu ainda empurro contra ele e agarro o seu cabelo no momento em
que a sua língua percorre o meu clitóris.
Seus dedos substituem a sua boca, espalhando as minhas escorregadias dobras enquanto ele olha para
mim com uma expressão de alerta em seu rosto. — Faça isso de novo, e eu vou amarrá-la na cama. —
Ele sacode a cabeça na direção da cama de dossel a alguns metros de distância, no centro do quarto preto
e vermelho que está completamente fora de lugar nesta casa e ao mesmo tempo tão Lucas.
Os meus pensamentos voltam instantaneamente vários meses atrás, a infame palheta vermelha de
guitarra que ele tinha raspado em meus seios quando eu rangia os dentes, e eu me deitei, cerrando os
punhos em bolas apertadas.
Lucas mergulha a cabeça e beija um rastro quente do meu estômago para a minha coxa e depois volta
novamente, parando apenas uma vez para tocar com a sua boca no meu centro. — Eu nunca terei o
suficiente do seu sabor, — ele sussurra contra minha carne.
— Lucas-— Eu quero responder, mas sou interrompida por um grito rouco que desliza pelos meus
lábios quando ele circula a língua em volta do meu clitóris com força.
— Faça esse barulho de novo, — diz ele. Quando eu faço, ele espalha as mãos sobre o interior das
minhas coxas, cavando seus dedos em minha pele macia. — Eu quero tudo de você.
Tudo.
Há uma parte de mim que quer dar a ele tudo o que ele pede sem fazer uma única pergunta, mas há um
alarme tocando na parte de trás da minha cabeça.
— O que você vai me dar de volta? — Eu cavo as minhas unhas nas palmas das minhas mãos um
pouco mais profundamente. Um pouco mais duro. Eu tremo com violência enquanto ele lentamente desliza
dois de seus longos dedos em meu corpo. — Tudo?
— Sempre, — diz ele, e eu sinto o meu coração bater ainda mais de forma irregular. — O que você
quiser. — Então ele abaixa a boca de volta para o meu clitóris, degustando e tocando até eu gritar e as
minhas costas arquearem. Sempre que eu ranjo os meus dentes, ele para, afastando-se por alguns
segundos, tirando os dedos completamente para longe do meu corpo, até eu conseguir me controlar.
É uma tortura, tanto prazer e dor.
— Eu quero você, — digo finalmente.
— Você vai ter que fazer melhor que isso.
— Foda-me, Lucas.
Os seus olhos castanhos olham para o meu corpo perversamente, e ele balança a cabeça. — Ainda
não.
— Por quê?
— Goze primeiro, — ele ordena, e quando tento protestar, ele chega até o meu corpo e cobre os meus
lábios com uma mão e meu peito com a outra enquanto sua língua pega velocidade. Eu posso provar a
mim mesma nos seus dedos, e as minhas próprias mãos passeiam até aos seus ombros. Eu arranho sua
carne em vez da minha, desta vez, cravando as minhas unhas em sua pele. Eu mal estou consciente que eu
emaranhei os meus dedos em seus cabelos novamente até que as suas mãos deixam a minha boca e seio
para prenderem em volta dos meus pulsos. Ele não os libera até que eu goze, até que eu esteja me
contorcendo e gemendo sob sua boca. Mesmo depois, eu ainda estou dizendo o seu nome uma e outra vez.
Lentamente, ele desliza o seu corpo por cima do meu. Ele não para até que estejamos de coração para
coração e olho-no-olho, e ele está sorrindo. — Por que você está me olhando assim? — Eu pergunto
quando eu recupero o fôlego. Eu corro os meus dedos ao longo do seu queixo, e ele pega a minha mão,
levando-a aos lábios.
— Porque, eu quero estar dentro de você. Agora mesmo.
Já era a fodida hora.
— Sim.
Ele senta-se de joelhos diante de mim enquanto puxa a venda de olhos para longe do meu pescoço.
Pendendo sobre a ponta do seu dedo por um momento, ele olha para mim e para ela como se estivesse
tentando decidir o que fazer. Finalmente, ele pega a minha mão na sua e começa a envolver o tecido
cuidadosamente ao redor do meu pulso. — E porque eu pretendo amarrá-la na cama antes de te foder.
— Ok, — eu concordo com a voz rouca.
Capítulo Dois
— Por que você me fez sair? — Pergunto a Lucas pouco mais de uma hora depois. Ele está a muitos
centímetros de mim na cama grande demais, a parte de trás dos dedos dele fazendo grandes círculos na
minha palma direita. É bom.
— Porque eu ainda fodo com tudo.
Cobrindo meus seios com o lençol preto macio, eu viro minha cabeça para olhar para ele. Está escuro
aqui, mas eu consigo ver facilmente suas sobrancelhas franzidas graças à luz passando pela fresta da
porta do banheiro. — Então, o que exatamente aconteceu?
— Isso importa agora?
Mordo meu lábio para parar minha resposta cortada. Como ele pode me perguntar se isso importa?
Em um minuto estamos fazendo planos que transformariam nosso arranjo temporário em algo permanente
quando voltássemos à Los Angeles juntos, e no outro ele estava me dizendo que eu tinha que ir embora.
— Ah sim, isso importa. — Eu digo.
— Porque eu congelei. Eu estava...
Quando entendo suas palavras, pergunto, — Com medo? — Ele não confirma nem nega, então eu
continuo. — Da Samantha?
Ele me corrige imediatamente. — Do que ela poderia fazer a você. — Como se fosse para reforçar
seu ponto, ele enrola uma mecha vermelha grossa do meu cabelo antes de colocar seus lábios nela. — Eu
não deixaria que ela aprontasse alguma coisa com você para me atingir.
Eu tento sentar, mas a venda carmesim ainda está amarrada em meu pulso esquerdo na cama. Lucas
usa essa oportunidade para escorregar mais perto de mim, puxando o lençol até minha cintura de novo.
Ele passa a língua ao redor do meu umbigo.
Eu não deixarei que ele faça isso para tirar minha mente de Atlanta.
— Você deveria ter me dado uma opção. Deveria ter me dado uma... — Eu tremo e cavo meus dedos
nos lençóis quando ele pressiona as pontas dos dedos numa parte sensível do meu quadril. — Deus, não
faça isso agora.
Dessa vez ele usa sua boca, mantendo os olhos nos meus o tempo todo. Eu suspiro. — A questão é
que sou uma garota grande, Lucas. — Eu digo.
— Mas Sam é louca.
— O que ela tem contra você?
Lucas sorri, provavelmente para me fazer sentir melhor sobre essa situação, mas seu sorriso não
reflete no seus olhos. — Nada.
Nada o caralho. Quando ele veio até mim na noite passada logo após eu assistir o clipe musical “Ten
Days,” eu tinha certeza que ele estava pronto para me contar o que Sam tinha contra ele.
E agora isso?
— Não me trate como idiota.
— Não estou. Sienna, você precisa entender.
— Você entenderá se eu decidir seguir meu próprio caminho? — limpo minha garganta. — Se, depois
que eu terminar os dois dias que eu te devo aqui, eu voltar para Nashville?
Sentando abruptamente, ele olha para mim, seus olhos cor de avelã se estreitam. Por um longo e
estranho momento, tudo que há entre nós é o som de respiração irritada.
Finalmente ele quebra, — Não faça essa merda. Isso é o que ela faria. Eu amo você, e eu farei tudo
que posso para manter você, mas não preciso que você faça o que ela já fez para mim.
Inspiro profundamente. Fechando meus olhos para parar a queimação nos cantos, eu expiro pela boca.
Eu não vou chorar de jeito nenhum porque isso não resolve nada.
— Desculpe. — Eu digo. Porque não quero fazer exigências e nem ser parecida com sua ex em nada,
e me sinto mal somente por ele ter feito essa conexão. Eu só estive com Samantha uma vez, na festa de
aniversário de Cilla, a vocalista do Wicked Lambs, mas eu aprendi tudo que eu poderia querer aprender
sobre a ex-esposa de Lucas durante aquele breve encontro.
Ao mesmo tempo, eu quero saber a verdade sobre porque ela tem tanto controle sobre ele. Eu preciso
de honestidade tanto quanto preciso de Lucas.
Ele traça os detalhes de meu rosto oval, estudando cada sarda e linha de expressão, cada cílio preto
longo e cada detalhe dos meus lábios. Finalmente, ele continua com a mão até o meu pulso e o desamarra.
Assim que minha mão está livre, ele abaixa seus lábios nos meus, correndo a língua pelo meio dos meus
lábios até que eu os separo e dou a ele o controle completo da minha boca.
Meu corpo reage ao dele imediatamente, e eu coloco meus braços ao redor do seu pescoço,
desesperada para tocar em alguma parte sua.
Apertá-lo por me fazer me sentir assim.
Quando ele se afasta, ele parece sentir dor. — Deixe-me lidar com Sam, com meu passado. Eu
prometo que vou mantê-la longe de você. Tudo que você precisa fazer é somente me deixar te amar.
Deus, se fosse assim tão fácil.
— Eu não quero que você se machuque. — Eu aperto seus ombros com mais força, pressionando
meus dedos no meio de uma tatuagem de estrela de cinco pontas preta e cinza. Ela combina com as
estrelas nos seus pulsos. — Você mesmo disse que ela tentará nos arruinar se estivermos juntos.
O olhar arrogante no rosto de Lucas é dolorosamente familiar, mas não posso evitar me perguntar se
ele não está fingindo agora. Se ele na verdade realmente está tão preocupado com Sam, — Eu disse que
ela tentaria, Ruiva. Eu não deixarei a maldita tocar você.
Por que ele tem que parecer tão confiante o tempo todo?
Eu ainda estou preocupada, mas murmuro. — Ok.
— Bom.
Ele se joga de volta no seu lado da cama, agarrando meus quadris e me puxando para cima dele. Eu
enterro meus joelhos no seu lado, o que só faz com que ele bata na minha bunda. Eu suspiro por causa da
dor rápida e, claro, ele sorri.
— Sienna?
— Hmmmmmm? — Eu traço as tatuagens confusas no seu antebraço, seguindo com os olhos o
caminho que meus dedos fazem. — O quê?
— Eu quero tudo de você.
— Você já me disse isso. — eu provoco enquanto ele enrola sua mão no cabelo na minha nuca. Calor
se espalha pelo meu corpo, do meu couro cabeludo até o meio das minhas pernas, e eu mexo meus
quadris.
Ele deixa escapar um rosnado baixo e se senta para que sua boca toque os ossos delicados da minha
garganta. — Não, eu quero dizer que quero que você trabalhe para mim.
Quando eu percebo que ele já disse essas mesmas palavras para mim antes, no dia que ele me
ofereceu a oportunidade de salvar a casa da minha avó trabalhando como sua assistente pessoal por dez
dias, eu olho com desdém e o empurro para longe para olhá-lo nos olhos. — Não estamos atuando,
estamos?
O fato de eu estar o afastando não o impede de me tocar; seus dedos ainda estão no meu cabelo, e ele
põe a outra mão na curva do meu quadril. — Apesar de ser muito quente, não, não estamos. YTS está
saindo em turnê em uma semana e meia.
YTS, Your Toxic Sequel, é a banda de Lucas. Eles são mais conhecidos pelas suas músicas
grosseiras, performances ao vivo de tirar o fôlego, e bem... por Lucas Wolfe mesmo. Eu tinha esquecido
que eles estariam em turnê nesse verão, apesar de falar frequentemente com a irmã de Lucas, Kylie.
Tirando a noite passada quando ela me disse para assistir o clipe que ele tinha dedicado a mim como um
pedido de desculpas, ela não tinha mencionado seu irmão, sua música ou a banda.
— Em turnê? — eu repito e ele concorda com a cabeça.
— Uma cidade diferente a cada duas noites, um ônibus grande para caralho, cheio de babacas
viciados. — Ele dá de ombros. — Você iria gostar.
Tenho certeza para onde essa conversa está indo, e de repente fico nervosa. Eu dou uma risada
tremida. — Você não está me pedindo para ser backing vocal, está? Porque eu seriamente não sei nada de
música.
Soltando meu cabelo e meu quadril, ele move as mãos e agarra minha bunda. — Eu não sei do que
você está falando. Nunca conheci alguém que toca piano como você. — Ele está tão ridiculamente sexy
agora que não consigo resistir a mover meu rosto para mais perto até que nossos lábios se toquem. —
Além disso, se eu quisesse você cantando, você cantaria. — Ele diz com uma voz baixa enquanto me dá
beijos.
— De jeito nenhum. — eu sussurro quando ele move sua ereção sobre mim.
Ele passa seus lábios pelo meu estômago fazendo movimentos bem executados. — Coloque suas
mãos contra a cabeceira. — Estou totalmente vulnerável a ele, completamente dele, e eu sinto a madeira
contra as pontas dos meus dedos quando ele põe um dedo dentro de mim. Eu choramingo.
— Venha para a turnê comigo, Sienna.
E aí está. Seis palavras não faladas em uma pergunta, mas em um comando, e cada palavra me deixa
totalmente assustada. Não passaram nem 24 horas desde que Lucas literalmente se forçou de volta na
minha vida. Desde quando ele fugiu de mim no começo desse ano, eu tenho uma lista inteira de novos
compromissos.
Eu ainda não falei com a minha avó para deixá-la saber que estou bem, eu apenas deixei um bilhete e
uma mensagem de voz na noite passada.
— Eu preciso de você comigo.
Eu olho para ele por cima do meu ombro. — Mas... — Eu começo a falar do meu trabalho, mas ele
desliza outro dedo dentro de mim, e eu estendo minhas mãos na cabeceira e fecho meus olhos. — Foda-
se! — Eu gemo, enterrando meu rosto no travesseiro.
— Ah não se preocupe, vou fazer isso, Sienna. Depois que você falar que sim. E antes que você
pergunte, você terá um emprego. — Ele diz e eu abro meus olhos para encará-lo. Seu sorriso aumenta. —
Eu preciso das suas dicas para roupas, mas não vou mentir e nem falar que minhas razões para querer
você comigo não são principalmente por gula.
A parte do meu cérebro que não está uma bagunça derretida por causa do que ele está fazendo com o
meu corpo percebe o quanto sua proposta faz sentido. Eu tenho trabalhado como uma consultora de moda
pessoal desde que voltei para Nashville, e trabalhei como figurinista freelancer para alguns músicos.
Além disso, a música de Lucas e meu trabalho são as razões pelas quais nos conhecemos há dois anos e
meio. Eu trabalhei no set de gravações do clipe de “All Over You,” e Lucas e eu tínhamos nos acertado
bem. Claramente, não deu certo, mas o tempo no set com a banda dele deixou uma impressão permanente
em mim.
— Não gosto de espaços apertados. — Eu falo.
— Eu gosto. — Ele sorri quando seus dedos pegam velocidade dentro de mim. Eu enfio as unhas nos
travesseiros, na cabeceira, em qualquer lugar que minhas mãos entram em contato, e ele esfrega o polegar
em volta do meu clitóris. — E não se preocupe, nós ficaremos mais em hotéis do que no ônibus.
Mas ainda estaríamos num ônibus. E apesar do que Lucas disse sobre querer me manter perto,
qualquer coisa poderia acontecer. Não percebo que comecei a trincar os dentes até que Lucas me toca.
Sempre foi um hábito nervoso meu e isso o enlouquece. — Por favor, não pare. — Sussurro.
— Venha para a turnê comigo.
Ele está pedindo muito, ele tem que saber disso. Não consigo dar uma resposta direta agora porque é
impossível. Como pode ser quando estou tremendo embaixo dele, e estou sentindo cada centímetro dele
pressionando meu quadril quando ele me toca?
Eu corro minha língua pelos seus lábios e concordo com a cabeça. — Eu prometo que vou pensar
sobre isso.
Os ombros dele relaxam um pouco, e eu solto um gemido satisfeito quando ele desliza sua ereção
dentro de mim. Ele leva seu tempo, indo agonizantemente devagar, até que ele está totalmente dentro de
mim e estou mordendo meu lábio para evitar que eu ranja os dentes. E ele suspira. Lucas-Fodido-Wolfe
realmente suspira. Por mim.
— Eu só terei que convencer você a ir. — ele rosna.
Capítulo Três
Durante o próximo par de dias, Lucas não me pergunta diretamente se eu vou com ele na turnê da
banda novamente. Em vez disso, ele usou sua boca, mãos e corpo, e sua música, para me convencer a ir
para a estrada com ele. Até o momento que ele me leva para o aeroporto de Knoxville na sexta-feira de
manhã, estou tentada a dizer-lhe que eu preciso de mais alguns dias para ser convencida, apesar do fato
de que eu tive uma quantidade muito limitada de sono nas últimas horas e meu corpo parece como se
tivesse passado dias sem fazer nada, a não ser pilates incondicional.
Então eu me lembro que eu fui contratada para fazer um trabalho neste fim de semana - o figurino para
uma sessão de fotos de uma cantora estreante no centro de Nashville. Eu tenho que voltar, mesmo que
seja apenas para cuidar de uma obrigação.
Meu voo de volta está planejado para sair às 10:45, e Lucas me leva ao aeroporto com uma hora de
antecedência. Quando eu verifico minha mala, eu posso sentir seus olhos em mim, e eu sei que ele está
me esperando para dar uma resposta sobre a turnê antes de eu sair.
— Quando você está viajando de volta para Los Angeles? — Eu pergunto enquanto ele anda comigo
até a segurança.
— Eu vou voando. Saio tarde esta noite, e Kylie vai dirigindo meu carro de volta depois que ela usar
a minha cabana neste fim de semana. — Ele me dá um sorriso distante. — Eu quero que você volte para
casa comigo, Sienna
Tenho certeza que se eu pudesse ver seus olhos, eu diria a ele tudo o que ele queria ouvir. Felizmente
ele está usando óculos escuros, os mesmos que ele colocou nas poucas vezes que deixou o seu lugar
durante as últimas 48 horas - mas qualquer um dos fãs obstinados do Your Toxic Sequel seria capaz de
reconhecê-lo a partir de uma milha de distância.
Ele é memorável, e as tatuagens não exatamente o ajudam a se misturar.
— Que porra é essa que você fez para mim? — Lucas me arrasta para ele, enterrando seu rosto em
meu cabelo, me inspirando. — Eu nunca me importei com despedidas e depois você vem e me faz
precisar de você.
Eu engulo, tentando empurrar para baixo a tensão se acumulando na minha garganta. Eu não quero ser
uma bebezona e chorar, especialmente desde que eu sei que isso não está entre nós. Ainda assim,
despedidas são dolorosas - te rasgam e acabam com você, não importa quanto tempo elas realmente
duram. — Eu te amo.
Ele me olha nos olhos. — Venha em turnê comigo, mesmo que seja apenas por algumas cidades?
E eu acho que é porque eu odeio tanto despedidas que eu aceno e digo: — Eu vou te dar uma resposta
até o final desta semana
Nós nos beijamos como se fosse pela última vez, no entanto, há uma boa chance de eu estar com ele
por quase dois meses na estrada. De qualquer maneira eu embarco no meu voo 45 minutos depois, mas
tenho uma sensação de mal estar na boca do estômago.
Nós não poderíamos durar nem 10 dias com foi antes.
Enquanto eu pego meu lugar perto do meio do avião, eu empurro os pensamentos negativos da minha
mente. Eu me recuso a deixar isso estragar a maneira que eu estou me sentindo depois do meu tempo com
Lucas.
Para minha surpresa, meu irmão, está, na verdade, no aeroporto a tempo para me pegar quando meu
voo aterrissa em Nashville. Seth me cumprimenta na esteira de bagagens sorrindo como um idiota,
vestido com seu traje habitual de bermudas cargo, brilhantes sapatos mocassins e camisa polo.
— Você parece surpresa, — diz ele.
1
— Você parece incrivelmente... Chuck Bass . — Quando ele me dá um olhar confuso, eu continuo, —
Não achei que você tinha recebido minha mensagem. — Eu lhe enviei uma mensagem nesta manhã
pedindo para me pegar, mas ele nunca respondeu.
Quatro anos e meio mais novo que eu, meu irmão de dezenove anos de idade é conhecido por não
atender ao telefone. — Eu já te decepcionei? — Seth pergunta.
Eu bufo e me inclino para pegar minha mala de grandes dimensões fora da esteira de bagagem, mas
ele imediatamente entra em cena e arranca minha bagagem das minhas mãos, jogando-a sobre os ombros.
Ele mexe as sobrancelhas de um tom castanho claro. — Eu estava ocupado quando você mandou a
mensagem, mas da próxima vez, eu vou ter certeza dar uma parada para que você saiba que eu estou a
caminho, combinado?
Meu nariz enruga com o pensamento — Sério? Você tem que me dizer isso? — Ele sorri porque eu
movo minha cabeça de um lado para o outro. — Obrigada por deixar a conversa totalmente estranha.
— Eu posso fazer coisas estranhas para você a qualquer hora, Si.
A caminhonete Dodge Ram de Seth esta surpreendentemente vazia do seu habitual acervo de sacos do
Burger King e e-mails antigos quando eu entro dez minutos depois no pequeno estacionamento. Eu respiro
alto algumas vezes. Um cheiro fresco de outono.
— Então... Ela é boa? — eu pergunto enquanto ele liga o motor. Ela deve ser, se ele tomou a
iniciativa de limpar seu carro.
— Boa o suficiente. Talvez eu, você sabe, a traga para conhecer você e a vovó se as coisas
funcionarem. — Ele entra na I-40. — Eu acho que você vai gostar dela.
Eu ligo o rádio, que está sintonizado numa estação que sei que ele odeia. O som das Pussycat Dolls
explode pela caminhonete por cerca de dez segundos antes de eu apertar outro botão, mudando para uma
estação de rock que está no meio de um anúncio para o Natal de uma concessionária de automóveis local.
— Isso é sério. Você deu a ela o controle de seu rádio?
— Não seja uma burra intrometida. — Depois que ele muda de faixa, ele olha para mim, os olhos
castanhos pesquisando. — Então... Você foi a uma viagem de trabalho para Knoxville? Por que você não
apenas dirigiu?
— Agora quem está sendo intrometido? — Eu me oponho. Seth não é exatamente o maior apoiador de
Lucas, principalmente por causa do dilema da casa da vovó, no início deste ano. Eu respiro fundo antes
de dizer em voz açucarada: — Mas sim, algo assim. O vocalista do Your Toxic Sequel me pediu para ser
sua figurinista pessoal durante a sua turnê nacional. — Minhas palavras soam tão profissionais e
ensaiadas que eu tenho certeza que minha expressão é tão surpresa quanto Seth.
— Nossa, isso é incrível, sua nova musica... — ele começa, mas depois ele faz uma pausa e franze a
testa. — Espere, essa é a banda de Wolfe, não é?
— Sim, é. E?
Curvando os lábios, Seth diz. — E esse filho da puta é o vocalista. Você disse para ele ir se foder,
certo?
— Não. — Minha voz exala uma confiança que é impossível de sentir neste momento. — Eu não
disse. Eu não lhe dei uma resposta, na verdade.
— Jesus, Sienna, você não... — ele começa, mas eu levanto a mão para interromper.
— Se você começar com a sua pregação, eu vou chutar o seu traseiro. Deixe-me cuidar de mim, ok?
— Quando ele começa a protestar novamente, eu continuo, — E, além disso, trabalhar para essa banda
seria o carro chefe do meu currículo.
Eu não acrescentei que ele já está no meu currículo a partir de quando eu trabalhei com eles dois anos
e meio atrás.
— Então, você definitivamente não disse sim ainda ou assinou qualquer contrato?
Eu tremo, pensando no último contrato que eu assinei para Lucas, e então eu balanço minha cabeça.
Seus olhos castanhos se tornam aliviados. — Bom. Eu não quero ele te ferrando.
Nem eu mesma, depois dos dias incríveis que passei com Lucas, nunca vou ser capaz de esquecer
toda a porcaria que aconteceu entre nós. Não completamente, pelo menos. Para meu irmão, porém, eu
sorrio brilhantemente e digo: — Se eu disser sim, eu vou ficar bem. Eu juro.
— Você vai dizer pra vovó?
Eu mordo o interior do meu lábio. — Eu tenho escolha? Se eu sair de casa por dois meses eu
provavelmente vou ter que dizer alguma coisa. — Além disso, eu faço questão de não mentir para ela.
Minha mãe fez o suficiente para vovó pelo tempo de uma vida.
Os lábios de Seth se contorcem. — E quanto a Tori?
Eu recuo. Minha ex-colega de quarto Tori é uma das minhas amigas mais próximas. Se Seth é o vice-
presidente do Fã Clube “Castradores de Lucas-Fodido-Wolfe”, então Tori é presidente, graças a quantas
vezes a merda atingiu o ventilador.
— Sim, — eu digo. — Quero dizer, são negócios, certo? Ela vai ficar bem.
Mas naquela noite, enquanto estou deitada no balanço da varanda na cabana da minha avó em
Nashville - a mesma casa que tinha trazido Lucas de volta para minha vida, quando ele comprou em um
leilão hipotecário - eu olho para o meu telefone. Disquei o número de Tori e estava pronta para ligar, mas
eu não fui capaz de fazer a ligação. Quando eu disse a vovó sobre a turnê, esta tarde, ela foi
cautelosamente otimista. Por mais que eu ame Tori, eu ainda estou muito animada dos últimos dois dias
passados com Lucas para lidar com ouvir qualquer tipo de “e se”.
Eu tenho o suficiente deles atravessando meu próprio cérebro, sem qualquer ajuda dos meus amigos.
Antes disso, eu me vejo chamando Kylie, a irmã de Lucas.
Ela atende quase imediatamente, e eu juro que posso ouvir o sorriso em seu rosto. — Então?
— Eu estou supondo que você sabia o que ele faria há algum tempo, hein?
— Não muito mais do que você, — ela me assegura. — E isso foi muito diferente de Lucas, por isso
que concordei em lhe pedir para vê-lo.
— Obrigada. Obrigada por me pedir para assistir. — Minha voz é instável, e há um momento de
silêncio entre nós. Eu aperto o balanço, para me equilibrar, mesmo que não haja nenhuma ameaça de
queda. — Parece que podemos estar vendo uma a outra em breve.
Quando ela responde, ela soa surpresa. — O quê?
— A turnê YTS...
— Ah, — ela murmura, a única palavra prolongada.
— Lucas não lhe disse que ele me convidou?
Ela solta um assobio. — Não, não é isso. Eu sabia que ele estava planejando tentar convencê-la a ir.
A coisa é... Eu não estarei saindo em turnê com os caras dessa vez.
Sento-me no balanço tão rápido que me deixa tonta. — Sério? —Kylie tem sido assistente pessoal de
Lucas há anos, então eu esperava que ela fosse com a banda a cada passo do caminho durante a turnê.
— Eu não posso estar em torno de Wyatt, não nesse tipo de ambiente, pelo menos. Não se vamos
continuar a fazer as coisas funcionarem.
Wyatt McCrae, baixista do Your Toxic Sequel.
Fazer as coisas funcionarem.
Isto é definitivamente novo.
— Você dispensou o cara novo? — Pelos últimos dois meses, cada vez que eu perguntei a ela sobre
sua vida amorosa, ela vagamente mencionou um cara que ela conheceu em uma premiação musical.
— Olha, Sienna, eu... — Kylie inicia e, em seguida, ela geme. — Foda-se, eu acho que eu poderia
muito bem dizer. Wyatt é o cara que eu tenho vivido em New Orleans.
E então ela me conta tudo. Como Wyatt tinha aparecido em New Orleans enquanto ela estava de
férias há vários meses. Como ele exigiu uma segunda chance. Como ele finalmente ferrou tudo.
O que acontecia com os caras do Your Toxic Sequel, estragando tudo e aparecendo nas portas das
casas das mulheres sem aviso prévio?
Kylie continua a sua história, mas enquanto ela me conta sobre a viagem que ela e Wyatt fizeram de
volta para Los Angles, minha porta se abre. — Espere, — eu digo enquanto vovó enfia a cabeça para
fora. Ela mexe com a boca que o jantar está pronto, e eu dou um polegar para cima. — Só um segundo,
vovó.
— Diga a ela, que eu disse olá, — Kylie pede, e eu faço. Uma vez que minha avó volta para a casa,
porém, reitero a Kylie quão confusa eu estou. Ela tem uma longa pausa antes de responder. — Nós
voltamos algumas semanas depois que eu saí de New Orleans em fevereiro.
— E o cara na premiação?
— Bem inferno, eu acho que você e Lucas não conversaram muito enquanto estiveram nas montanhas.
— Ela solta um som. — Sienna, é apenas a besteira que eu tenho dito a quase todos, então Wyatt e eu
podemos ter uma chance... De nos acertar.
Acertar? Minha respiração engata. — Kylie, você está grávida?
Capítulo Quatro
Kylie faz um barulho no fundo da garganta, que soa como um soluço.
— Você está bem?
— Não, — ela diz, e com isso percebo que o som que ela está fazendo não é choro e sim riso. —
Quero dizer, sim. Eu estou bem. E não para a questão gravidez. Eu não estou grávida. Deus, é a primeira
coisa que as pessoas dizem.
— Então você está...?
— Casada. Após a premiação no final de abril, — explica ela. — Bem, na manhã após a premiação.
Estamos muito tranquilos sobre isso, porque nós queremos que isso funcione. Inferno, eu preciso que isso
funcione.
Eu não sei muito sobre Wyatt McCrae - eu não passei tempo suficiente em torno da banda para formar
opiniões sólidas - mas eu sei que sua história com Kylie é tumultuada. Eu sei que a última vez que o vi,
em fevereiro e antes que ele fosse atrás da minha amiga, ele estava se esfregando com uma assistente no
estúdio onde a banda gravava as músicas para seu próximo álbum.
E agora - agora ele está casado com uma mulher que me importa tanto quanto a minha própria família.
Eu massageio a ponta do meu nariz entre meus dedos. — Parabéns.
Kylie dá um profundo suspiro. — Obrigada, isso significa muito para mim, que você não esteja
chateada que eu o mantive de... — eu ouço algo zumbindo alto e ela geme. Ela murmura algo sobre um
extintor de incêndio e jantar e me diz que já volta. Quando ela retorna para o telefone quase dois minutos
mais tarde, ela está fora do ar.
— Eu explodi a cozinha, — ela explica. — Estamos apenas começando agora a dizer para a maioria
das pessoas que estamos casados, por isso não acho que a mantive no escuro por muito tempo.
Eu só posso imaginar o jeito que ela deu a notícia ao irmão.
— Hoje você precisa chamar o chefe de sua gravadora. Ir para uma sessão de fotos as 14:30.
Comprar um presente de casamento para Wyatt e eu - oh, a propósito, Lucas, me casei com ele em
abril.
Eu mordo meu lábio para não rir. — Todo mundo está aceitando numa boa?
O silêncio que imediatamente toma a conversa é um bom indicador de que sua resposta será não. Eu
não a empurro para falar neste momento, mas depois de trinta segundos de um zumbido silencioso em seu
final, ela ri. — Quase. Lucas falou o inferno pra mim, mas ele é o mais favorável. Sinjin, por outro lado...
Só de ouvir o nome do baterista me deixa desconfortável. Ele havia me confrontado enquanto ele
estava chapado em fevereiro. Aquilo terminou mal, com Lucas furioso e Sinjin voltando para a
reabilitação.
— Ele vai ficar bem, — eu digo a Kylie, minha voz firme.
— Ele está preocupado que Wyatt estrague tudo e me machuque. Eu me preocupo demais - não me
leve a mal - mas eu quero que isso funcione. Eu não preciso das pessoas mais próximas a mim esperando
o pior.
Isso eu entendo completamente. A última coisa que eu quero é decidir ir para a estrada com Lucas e
depois ter a minha família e amigos me dizendo que sou idiota.
— O que importa é que você esteja feliz. — eu passo meu calcanhar entre duas das tábuas de madeira
da varanda e impulsiono o balanço. — Sinjin vai superar isso.
— Ele vai, — ela concorda. — Obrigada por me ouvir. E eu sei que ainda não faz sentido eu não
entrar em turnê com vocês, mas eu simplesmente não consigo. Ela vai causar muitos problemas e tem a
questão do ciúmes. É apenas melhor se eu ficar de fora.
— Você está fazendo parecer que eu já decidi ir. — e depois dessa conversa com Kylie, eu me
pergunto se eu deveria por um pé dentro daquele ônibus.
Quando eu digo a ela, ela puxa uma respiração. — Merda, querida. Por favor, ignore tudo que eu
disse.
— Ainda estou chocada que ele se expôs. Eu nem sei o que são, mas eu sei que eu não quero voltar
atrás só porque eu tenho que vê-lo em torno de um bando de groupies com tesão.
— Lucas não é assim, eu juro. Não quando ele está em um relacionamento, e isso é o que você tem
com ele agora. Você não tem absolutamente nada para se preocupar.
Há outra pausa constrangedora em nossa conversa, e mais uma vez, ela é a única a quebrá-la, dizendo
que ela tem que ir. Pela primeira vez desde que eu comecei a falar com Kylie regularmente, há alguns
meses, eu estou realmente ansiosa para desligar o telefone. Ela me deu muito para pensar em uma
conversa de 15 minutos, e não há nenhuma dúvida em minha mente que eu estarei acordada até tarde esta
noite, olhando para o meu teto, com centenas de pensamentos correndo pela minha cabeça.
— Eu vou falar com você em breve, ok?
— Tudo bem. Olhe, Sienna, pense bastante sobre a turnê, ok? — Ela faz uma pausa. — Ugh, eu a ouvi
bufar, sua cadela suja.
— Eu não fiz isso.
Desta vez, ela bufa. — Que seja. Mas, voltando ao que eu estava dizendo - eu juro que o ônibus não
se trata apenas de peitos e bundas. — Antes de eu ter a chance de falar sobre essa besteira, ela altera a
sua declaração: — Juro que a parte do meu irmão do ônibus, não é cheia de peitos e bundas. Melhor?
— Você não tem filtro, não é?
Ela ri. — Os filtros são para maricas.
— Boa noite, Kylie. E, sério, se cuide.
Ela promete me ligar nos próximos dias, depois que ela retornar de seu fim de semana na cabana, e
desliga. Eu permaneço no balanço por mais alguns minutos antes de eu entrar em casa, onde o aroma de
frango teriyaki imediatamente me cumprimenta. Minha avó já está na sala de jantar, então eu sento no
assento em frente a ela.
— A irmã dele ligou para falar com você sobre a turnê com a banda? — Ela pergunta.
Eu tiro alguns fios de cabelo dos meus olhos. — Ela não está indo. — Rugas aparecem na testa de
vovó ao mesmo tempo em que seus olhos azuis brilham em confusão, e eu acrescento: — Ela se casou
com o baixista há alguns meses e não quer estar na estrada mais.
Ela mastiga uma mordida enorme de frango e brócolis com cuidado, considerando o que dizer em
seguida. — Então, agora que você sabe que ela não irá, o que você acha que você vai fazer?
— Eu vou. — Mesmo que isto me assuste pra caralho. Se Kylie está disposta a dar a Wyatt McCrae
outra chance, eu posso lidar com estar em turnê com Lucas. — Pelo menos eu vou por um par de
semanas.
Eu ignoro a voz no fundo da minha cabeça me alertando de que algumas semanas pode ser tudo o que
é preciso para Lucas me dizer para ir me foder novamente. Eu a ignoro, porque se eu a escutar, eu nunca
serei feliz.
Vovó limpa os cantos da boca com o guardanapo. — Vai ser bom para a sua carreira. Bom para você,
também.
Dou-lhe um pequeno sorriso antes de eu enfiar uma garfada de legumes salteados em minha boca. —
Espero que sim.
Mais tarde, depois de vovó ir para o seu quarto, estou deitada na minha cama, me preocupando com o
trabalho de figurinista que eu tenho que fazer em menos de 10 horas, quando resolvo ligar para Lucas
para lhe dizer que eu concordo. Seu telefone vai para a caixa postal após alguns toques, então eu encerro
a chamada e coloco meu telefone virado para baixo próximo a mim na cama. É 01:19 da manhã aqui, o
que significa que são 23:19 em Los Angeles. Há uma chance (e é realmente pequena) que ele já esteja
dormindo ou que ele não tenha chegado em casa. Penso em mandar uma mensagem, mas depois eu decido
não fazer; isso é algo que eu preciso dizer a ele. Eu quero ouvir a sua voz, a sua reação.
Eu disco novamente o número dele para deixar uma mensagem de voz.
Desta vez, ele atende no segundo toque. No início tudo o que ouço é o som ensurdecedor de uma
música de rock ao fundo, mas depois sua voz surge na linha, um rosnado sexy sobre a música ao fundo. —
Não conseguiu ficar longe? — Ele pergunta, e eu rio com o nó se formando em minha garganta.
Meu Deus, como é que eu vou sobreviver estar em turnê com ele quando eu me transformo em uma
confusão emocional apenas por falar com ele?
— É um momento ruim? — Eu pergunto.
Há um som arranhado do outro lado, mas depois de alguns segundos some, e o som da música
praticamente desaparece. — Desculpe, não podia ouvir uma merda lá. Você já decidiu?
— Sim, eu... — eu começo, mas então ouço uma voz feminina rouca dizer algo a ele. O ruído
arranhado volta - reconheço facilmente que ele está cobrindo o receptor de seu telefone - e em seguida,
ele volta na linha. — Precisa que eu ligue daqui a pouco?
— Por que diabos eu iria querer isso? Eu preciso tanto de você quanto eu consigo.
— Você parece ocupado, — eu digo, cada palavra cortada.
— Ah Ruiva, não me diga que você já está deixando sua imaginação correr solta. Prometo que não há
nenhuma mulher amarrada a minha cama agora. — Eu faço um barulho - que não estou totalmente certa se
é alívio ou surpresa - e ele abaixa a voz. — Eu estou na festa de lançamento da Wicked Lambs.
Sentando, eu trago meus joelhos no meu peito. Se há uma mulher lá fora que me odeia tanto quanto a
ex de Lucas, é Cilla Craig, vocalista da banda Wicked Lambs. Ela conhece Lucas há anos e deixou claro
para mim no último inverno que ela está apaixonada por ele. Lucas havia deixado claro que Cilla é
apenas a mulher com quem ele cresceu - que ela nunca iria ser sua. Ainda assim, eu sou humana, e saber
que ela está por perto me incomoda.
— Você está aí? — pergunta ele.
— Sim, eu estou aqui. — mesmo que o calor de julho faça o andar do meu quarto um inferno, eu
arrasto meu velho edredom com estampa de hibiscos para cima e sobre os meus joelhos, colocando-o
debaixo do meu queixo. É reconfortante - a mesma coisa que eu fazia quando era criança depois que
minha mãe me assustava. Eu aperto meus olhos fechados. — Eu liguei para dizer sim.
Parece que ele arrasta um fôlego através de seus dentes, antes que ele diga, — Você está fodidamente
certa de que quer vir comigo?
É claro que eu não estou. Eu estou morrendo de medo das coisas que não trabalhamos. — Muito.
— Eu... — ele começa, mas depois o ruído de arranhar retorna. — Wyatt e Cilla querem que você
saiba que eles estão felizes que você recuperou os sentidos. — Ele cobre o telefone mais uma vez e eu
ofego. — Foda-se, eles estão me matando aqui. Eles disseram que vão vê-la em uma semana.
Meus lábios se abrem para responder a ele, mas depois eu paro e penso no que ele disse. — O que
quer dizer com eles vão me ver?
— Você... Você não sabe muito sobre a turnê, não é? — não há o menor tom de surpresa, para não
mencionar dor, em sua voz. Ele me pega de surpresa. Quando eu não respondo ou faço qualquer ruído
para o assunto, ele repete a pergunta, desta vez soando como o homem ridiculamente confiante que eu me
apaixonei. — Estou chocado, Ruiva. Você não pesquisou no Google antes de se meter nisso?
Após o incidente em Atlanta eu fiz o meu melhor para colocar Lucas Wolfe fora da minha mente. Eu
ignorei as revistas com ele na capa no supermercado. Mudei de canal quando algo do Your toxic Sequel
aparecia. E eu com certeza não procurei nada online.
— Não, aparentemente, o Google é o meu pior inimigo, — eu digo. — Lucas... Wicked Lambs está
em turnê com YTS, não está?
Já sei a resposta antes que ele confirme, mas isso não para o aperto que se espalha por todo o meu
peito quando ele diz, — Eu pensei que você soubesse.
Capítulo Cinco
Lucas
Para ser honesto, eu realmente acreditava que Sienna já estava ciente da presença de Cilla na nossa
turnê. Surpresa e irritação se manifestavam de formas diferentes para Si, no entanto. Ela está hesitante
agora, me dando respostas curtas ou cortadas. Sim. Não. Legal. Ok. Isso me deixa fodidamente insano,
mas eu controlo o desejo que tenho de ameaçar bater nela.
Haverá tempo suficiente para isso mais tarde.
Conversamos por mais alguns minutos antes dela soltar um bocejo fingido e me falar que amanhã teria
que fazer um figurino. — Eu ligo para você mais tarde neste final de semana, ok? — ela diz.
Cilla e Wyatt estão a poucos metros de mim fumando, mas eu não hesito em deter Sienna antes que ela
desligue na minha cara. — Espere! — Sua respiração se antecipa do outro lado da linha. Sento-me em um
dos bancos ao ar livre da boate. A poucos metros de distância, Cilla anda de um lado para o outro, com o
dedo médio e o indicador em um aperto tão restrito sobre o cigarro que essa porcaria estava bem perto
de partir em dois.
Não é segredo que eu não quero que Cilla venha em turnê com a gente, mais eu não quero magoá-la.
Eu abaixo a minha voz em um sussurro quando eu falo para Sienna, — Eu te amo. E eu estou muito feliz
que você estará comigo.
Sienna ri nervosamente. Eu quase posso imaginá-la balançando a cabeça rapidamente e roçando os
dentes no lábio inferior. — Eu sou a sua figurinista, lembra?
O jeito que ela fala figurinista - bem baixo e em uma voz profissional - faz o meu pau endurecer. Eu
começo a falar para ela que eu vou estar no primeiro voo para Nashville na parte da manhã, mas depois
eu lembro que eu já fiz planos de voar para Atlanta.
É uma viagem que não pode ser adiada, se eu não quiser perder a minha mente tão cedo.
— Eu sei exatamente o que você é, — eu digo. Eu pego a merda de um sorriso de Wyatt e eu viro o
meu corpo um pouco para que ele não possa ler os meus lábios quando adiciono, — e eu vou ter um
tempo do inferno com você dentro e fora desse guarda-roupa. Vou curvar você sobre...
Sua voz é tensa quando ela me interrompe, e eu sei que ela esqueceu tudo sobre a questão Cilla e
Wicked Lambs. Por enquanto, pelo menos. — Você não deveria falar assim, Lucas.
Não, eu não deveria. Porque agora, tudo o que eu serei capaz de pensar pelo resto da noite e durante
toda a manhã a caminho de Atlanta é no calor da sua pele sob a minha, as pequenas gotas de suor na parte
de baixo de suas costas e no doce aroma de maçã do seu corpo que impregna persistentemente entre as
suas omoplatas. Quando eu for dormir esta noite sozinho e com meu pau extremamente latejante eu vou
ser capaz de imaginar a forma como as suas mãos atadas chegam até mim para agarrar os meus quadris
para que ela possa me puxar mais profundo dentro dela.
Saber que ela pertence a mim e que eu não tenho que lutar por ela vale a pena passar uma centena de
noites sozinho. — Sienna?
— Sim?
— Mais tarde, quando você tocar a sua boceta - porque eu sei que você vai, e não existe nenhuma
merda que eu possa dizer para fazer você esperar por mim - eu quero que você faça isso com os olhos
vendados. Eu quero que você pense em mim dentro de você, degustando você. E depois que você acabar,
após você gritar meu nome em seu travesseiro e estiver tremendo, me avise.
— Você não sabe o quê... — ela começa, mas eu a corto com um ruído áspero que salta do fundo da
minha garganta.
— Não faça joguinhos.
Cilla acena para mim, e quando eu faço contato visual, ela se projeta com a cabeça na direção da
entrada do clube, onde a festa da sua banda está acontecendo e me dá um sorriso amargo. Ela se atrapalha
ao subir os degraus de tijolos com os seus saltos vermelhos com spikes e o segurança libera a sua
entrada. Seus ombros estão tremendo e eu olho para porta de metal preta do clube por muito tempo
depois que ela se fecha.
— Eu te amo, Lucas, — Sienna interrompe os meus pensamentos. Essa estranha sensação de calor
rasteja pelo meu corpo. — Eu vou falar com você amanhã.
— Não se esqueça do que eu disse.
— E se eu não fizer o que você está pensando?
— Você irá.
Por um momento, após a chamada terminar, estou em silêncio, alheio ao mundo, apesar do tráfego de
sexta-feira a noite a menos de 50 metros à frente do clube e ao som da mais nova música do Wicked
Lambs explodindo atrás de mim. Quando eu finalmente decido dar alguma atenção ao mundo ao meu
redor, percebo que Wyatt está sentado ao meu lado no banco.
— Você está cheirando a fumaça, — eu aponto e ele dá de ombros.
— Ela não leva Cilla bem, não é?
— Será que Kylie leva qualquer merda que você fez com ela bem também? — É um golpe baixo, mas
ele não parece ter se perturbado. Ele se estende para trás e começa a acender outro cigarro, mas ele sabe
que eu não suporto o cheiro de fumaça - pelo menos não a fumaça do cigarro. Eu dou a ele um olhar, e ele
geme e enfia o cigarro de volta na caixa verde e branca quase vazia.
— Eu acho que Cilla vai colocar para funcionar a sua boca bêbada e vai chamar Sienna de pimenta
ou vai contar quantas vezes você já transou com ela no passado e então ela vai ter a sua bunda chutada.
— Só para que fique claro aqui - quem irá conseguir o seu traseiro chutado?
— Cilla. Isso é o que eu espero que aconteça.
Nenhum de nós queria o Wicked Lambs na turnê - com Sinjin sendo o mais vocal - mas a turnê
conjunta era o que a nossa gravadora queria. E todos esses detalhes foram trabalhados muito antes de
Sienna voltar para a minha vida.
— Elas não irão brigar, — eu digo.
Mas mais tarde, depois que Cilla bebeu ainda mais, ela tropeça na minha mesa e se oferece para ir
para casa comigo na frente de todos - Cal, Wyatt, nosso empresário e seu próprio baterista. Eu tomo isso
como a minha deixa para ir embora, mas quando ela me segue, eu a puxo para um canto vazio próximo a
entrada do clube para poder pará-la com a maior facilidade que posso.
Essa merda não acontece.
— Eu não vou contar para a Pimenta, — ela argumenta. Seus lábios vermelhos esticam em um sorriso
lento. — Não que eu ligue para o que ela pense...
— Cilla. — Eu agarro os seus pulsos quando ela tenta passar as mãos pelo meu peito. — Nós não
vamos fazer isso, nós nunca mais vamos fazer isso. O nome dela é Sienna, e acredite em mim, eu me
importo muito sobre com o que ela pensa e com o que ela sente. Eu estou com ela, não existe nenhuma
chance de eu ficar com mais alguém.
Ela empurra para fora do meu alcance e tropeça para trás, seu cabelo preto caindo por todos os
lugares. — Deus, quem é você? Não é o meu Lucas. Não é alguém que eu conheço.
— Você está certa. — Eu zombo. — Contudo eu nunca fui o seu Lucas. Desta vez, Cilla, não venha
atrás de mim quando eu deixar o clube.
Meu motorista me leva para casa em tempo recorde e mais tarde eu estou deitado na minha cama - a
mesma que eu pretendo compartilhar com Sienna uma vez que a turnê acabe - eu verifico o meu telefone.
Eu não estou surpreso de encontrar uma mensagem dela, que tinha sido enviada a mais de uma hora, às
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3:22 do seu fuso horário. É a selfie enviada junto com ela que tira o ar dos meus pulmões.
A visão da venda improvisada cobrindo os olhos azuis de Sienna e o seu rosto corado virado para o
lado é coisa mais sexy que ela poderia ter me dado. O texto abaixo da foto é simples:
01:22 AM: eu precisava de mais.

Por causa de Sam eu evito ir para casa tanto quanto possível. Mas nessa manhã, após a sessão de
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autógrafos em LAX e a distribuição de sorrisos para algumas fotos com um grupo de meninas
universitárias da Nova Zelândia que afirmaram serem as maiores fãs de Your Toxic Sequels, eu embarco
em um voo forçado para Atlanta. Ao contrário da última vez que estive na cidade, esta não tem uma
limusine me esperando. Eu tinha alugado um Suburban para ir direto para a casa da minha ex.
Ela ainda está vivendo no mesmo apartamento caro em Peachtree Street e ainda dirige o mesmo
Mercedes que eu tinha dado a ela um ano e meio atrás. Isso era como se eu estivesse caminhando pelo
meu passado, eu quero chutar aquela lataria “eu que pago por essa maldita coisa”, mas eu mantenho os
meus pés no chão e vou direto para dentro do seu prédio. Ele não mudou tanto.
A única coisa que é diferente sobre esta visita é que Sam não está me esperando. Eu sei pelo jeito que
ela me olha quando abre a porta para mim.
A última vez que a vi foi na primavera e ela estava magra como o inferno. Agora, com um short curto
pendurado em seus quadris, seus seios quase inexistentes sob um top folgado e o seu cabelo curto preso,
com os fios flácidos e gordurosos ao redor do seu rosto, ela parece ter envelhecido uns fodidos cinco
anos em vez de ter passado cinco meses.
A flacidez do seu minúsculo corpo cai contra a parede do hall de entrada, ela olha para mim do meu
Converse preto até o topo da minha cabeça.
— Você está se escondendo de alguém? — Ela pergunta. É a minha costumeira forma de me vestir
quando eu viajo, mas Sam já sabe disso. Além disso, isso não me deixou muito confortável neste
momento. Estava quente pra caralho para cobrir os meus braços e as estrelas em meus pulsos, que foram
o resultado de uma aposta que eu perdi com Sinjin há sete anos, e que agora eram a minha marca
registrada. — Bem, o que você quer?
— Não, não estou me escondendo. Não mais.
— Eu avisei para que você viesse na outra semana, então por que diabos você está aqui? — Ela grita.
— Não ficou feliz em me ver? — Eu forço a abertura da porta da frente adentrando o apartamento,
que cheira como gim e vômito cobertos por um perfume caro. Sam não se preocupa em me impedir, mas
eu não espero por ela. Ela precisa do dinheiro demais para tentar qualquer coisa estúpida.
— Em razão de alguns acontecimentos, eu não fiquei. Estou... — E é neste momento que eu sintonizo
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e foco em todas as caixas do U-Haul que estão espalhados em sua sala de estar. A maioria está aberta,
com os seus conteúdos jogados de qualquer jeito, dando a impressão de que ela está com pressa para ir a
algum lugar.
— Mudança? — Eu me viro para encará-la e seus olhos cinzentos se arregalam de surpresa. São as
maiores malditas coisas em seu corpo inteiro.
— Por que você se importa? — Ela olha para uma queimadura de cigarro no chão de carvalho, mas
eu sei que ela está fervendo. Ela provavelmente já acabou com o dinheiro que eu lhe dei na ultima
primavera, e por isso não estou nem um pouco surpreso quando ela avisa em seguida. — Sim, eu estou
me mudando. Vou para um lugar menor, não que isso seja da sua conta. Eu disse que iria...
— Me poupe da besteira ‘você está me incomodando’. — Eu queria acabar logo com isso.
Inclinando-me sobre a mesa de café, que está coberta de cinzeiros cheios e pilhas de cartas, eu deixo cair
o envelope com o último cheque que ela vai receber de mim. Ele pousa em cima de um boleto da empresa
de energia elétrica marcada como Urgente. Ela não está apenas se mudando para um decadente
apartamento menor, ela está sendo despejada desse. — Salvei você de cometer um deslize.
Sam se arrasta em torno da mesa de café, não olhando nenhuma vez para o envelope que eu trouxe, até
que ela está do outro lado. Calmamente, ela se senta na borda do sofá e coloca seus braços em suas coxas
ósseas. — Então terminamos, — diz ela. — Eu disse que isso seria para mim e para você, e eu quis dizer
isso.
Eu dou alguns passos para trás, mas permaneço inexpressivo. Espero que ela grite. Ou fale que
mudou de ideia sobre me deixar em paz e que ela vai estar por perto para me foder até o dia da minha
morte. Ela não faz. Ela só fica ali, com os seus olhos cinzentos vazios, correndo as mãos sobre os joelhos
machucados.
— Estou indo embora.
— Diga a Shannon e Dan que eu disse um oi, — ela sussurra. — Tenho certeza que você vai visitá-
los depois que sair daqui e eu sei o quanto seus pais me adoram.
— Procure ajuda, Samantha, mas não me incomode novamente. — Eu estou no meio do caminho até a
porta antes dela me chamar, e quando eu olho para ela já estou preparado para o dilúvio, com ela
fisicamente me atacando.
Mas ela não se moveu do seu lugar no sofá de couro branco. — E eu sou a única má. — Seus lábios
pálidos curvam em um sorriso triste. — Eu sou uma fodida vadia sem coração.
— Você não fez com que isso fosse mais fácil, — eu rosno.
— Eu não fiz mal a ninguém, Lucas, — diz ela. — Eu apenas lembrei você do covarde maldito que
você é. — Suas palavras me perfuram como uma facada no estômago, mas eu mantenho a minha merda
junta. Eu não tenho outra escolha se eu quiser sair desse apartamento.
Quando eu não respondo, ela continua, — Ninguém nunca vai te amar pelo o que você realmente é...
Por causa do que você fez.
Eu forço o canto do meu lábio superior. — É justo.
Ela desliza para trás até que as suas omoplatas batem nas almofadas. Ela não olha para mim, mas ela
não tem uma razão para isso. Sam sabe exatamente o que precisa dizer para me cortar em pedaços e me
lembrar do que realmente eu sou. — Boa sorte na porra da sua turnê, Lucas.
— Tchau, Sam.
Ela não diz adeus, mas eu não espero por isso.
Capítulo Seis
Sienna
Nos próximos dias, eu me jogo completamente no meu trabalho. Desde que mudei de Los Angeles
para voltar para Nashville no final de abril, eu tenho sido capaz de fazer o meu nome por mim mesma.
Cuidando desse crédito que é importante para mim. Eu não quero voltar a ser uma assistente de figurino –
o tempo que trabalhava para Tomas, meu ex-chefe, no set de Echo Falls tinha sido inestimável e um
inferno tudo de uma vez só.
Na terça-feira à noite, não apenas eu e Lucas fizemos verbalmente um acordo de dois encontros e o
retorno para casa após os shows da turnê baseada em atribuições do meu trabalho, como eu pessoalmente
falei com todos os meus clientes para que eles saibam dos meus planos.
Gastei a maior parte da quarta-feira com a minha amiga Ashley, que me ajudou com os preparativos
para o meu voo para Los Angeles na manhã seguinte. Ash é uma fã incondicional do Your Toxic Sequel -
e seu namorado ocasional estava tocando em um grupo cover de YTS e ela viu a banda ao vivo em shows
algumas vezes. O tempo todo que nós arrumamos as minhas malas, ela jorra sobre os seus shows ao vivo
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e ainda faz uma pausa de quinze minutos para fazer uma lista de reprodução para mim no Spotify .
— As suas melhores preferida. Sempre, — ela avisa, com as suas sobrancelhas quase se tocando
quando ela se ajoelha na frente da minha mesa arrumada, concentrando-se na lista.
Eu dobro uma camiseta preta e coloco em um par de jeans cinza que já está dentro da nova mala
Samsonite que eu comprei especialmente para a turnê. Tinha percebido que eu precisava de algo mais
reforçado do que a minha bagagem velha, que literalmente, chegava a ter algumas costuras arrebentadas.
— Por que eu sinto que isso vai ter todas as músicas deles?
— Bem, não são todas músicas deles.
Quando chega a hora de ela ir embora, eu não deveria ficar surpresa quando ela abre a bolsa e me
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entrega uma lista digitada intitulada YTS Bucket List da Ashley , mas eu estou. O seu nome foi riscado
por uma série de X’s e, sobre isso, ela escreveu o meu nome - correção, Sienna-Fodida-Jensen – na sua
letra maluca em um rosa pink metálico.
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Enquanto eu faço uma varredura na lista, deslizo para sentar no balanço da varanda. — Body-shots
com Cal nos bastidores. Conseguir as baquetas de Sinjin autografadas. Acariciar o Kramer de Wyatt. —
Levantando uma sobrancelha, eu olho para ela.
Ela já desceu os degraus da varanda e está de pé no quintal de costas para mim, cavando ao redor de
sua bolsa esportiva roxa para achar as chaves do carro. Desde que nos reconectamos há alguns meses, eu
aprendi o suficiente sobre Ashley para saber que ela está esperando por mais do que uma reação minha
antes que ela responda.
— Eu estou supondo que “Kramer” seja uma guitarra e não um apelido para o seu pau, — eu digo
secamente.
Certo o bastante, ela gira para olhar para mim com um brilho malicioso em seus olhos. — Certo. —
Ela coloca as mãos na cintura, esticando o rosto de Jared Leto em sua camiseta do Thirty Seconds to
Mars. — Mas, eu não me importaria de acariciar ele...
— Então, eu estou supondo que você não me deu isso apenas por diversão?
Ela balança a cabeça, seu cabelo turquesa e rosa oscilando em volta do rosto. — Hum, não. — Ela
corre os degraus, cruzando a varanda e sentando no balanço ao meu lado. — Eu quero que você faça isso
para mim. Tire fotos e tudo o que eu possa viver por meio de você.
— Por que você não vem viver essa experiência indo no show que vai ter na cidade em setembro?
Dando a mim um longo olhar, Ashley libera um ruído exasperado. — Confie em mim, eu estarei lá, eu
comprei o meu bilhete há meses. Mas pense em quanta diversão você terá ao conhecer a banda fazendo
isso. — Ela gesticula dramaticamente para o papel que eu estou agarrando, me lembrando de um talk
show brega e melodramático. — Isto é um inferno de um quebra-gelo.
Não é como se ela estivesse implorando para eu me esgueirar pelos bastidores ou no ônibus. E, além
disso, o que ela está sugerindo realmente seria um grande quebra gelo - bem, em tudo, exceto pelo corpo.
Eu tinha passado, no máximo, um total de 24 horas com os outros membros da Your Toxic Sequel.
Isso implicava algumas cenas gravadas para um vídeo clipe do qual fui eventualmente demitida depois, e
em fevereiro passado, quando eu preenchi o cargo como assistente de Lucas. Ambas as situações foram
constrangedoras e o único membro da banda que parecia não ter desgostado de mim automaticamente era
Cal.
Eu dobro a lista de Ashley ao meio e a uso para golpear alguns mosquitos. — Eu duvido que
conseguirei as baquetas autografadas de Sinjin, mas tentarei o meu melhor. — Ele não é meu maior fã. Eu
não sou exatamente uma fã de Sinjin também, mas eu não digo isso a ela.
— Ele vai fazer isso e obrigada por fazer isso por mim. — Ela me dá um beijo rápido na minha
bochecha, sem dúvida manchando com o seu batom vermelho escuro toda a minha pele pálida. Ela se
levanta e começa a ir em direção ao seu carro novamente. — Só para você ficar sabendo, eu estou
extremamente com ciúmes de você.
Eu posso ouvir o sorriso em sua voz, então sorrio para ela de volta quando me levanto do balanço.
Dobro a lista mais uma vez, deslizando no bolso de trás da minha bermuda de cintura alta. — Eu vou me
certificar de marcar você em cada uma das fotos.
Ela não volta a me encarar, mas ela joga a cabeça para trás e ri. — Vejo você em algumas semanas e
não entre em muitos problemas, ok?
— Eu não vou, — eu prometo.
Mais tarde naquela noite, durante o jantar no restaurante favorito da vovó em Franklin, meu irmão
mais novo repete o mesmo aviso de Ashley para que eu fique longe dos problemas. Exceto que o seu
conselho não era uma brincadeira, e ele vai até mesmo um pouco além ao me dar um conselho para fazer
sexo seguro.
Eu engasgo.
No início, eu não tenho certeza se ele está brincando ou não, porque quando ele fala para fazer “o
idiota usar uma borracha,” meu irmão normalmente tenta ganhar apoio e desta vez estava com o olhar
mais relaxado que se possa imaginar em seu rosto. Além disso, minha avó estava sentada ao lado dele.
Quando eu não respondo, seus olhos castanhos jogam dardos entre vovó e eu.
— Você está olhando para mim como se eu fosse o idiota agora.
Os olhos azuis brilhantes de vovó se estreitam em um olhar que sempre corrigiu o nosso mal
comportamento quando éramos crianças. — Uma vez que você coloca isso dessa forma, meu filho, eu
acho que você passou dos limites e deu a ela o direito de pensar assim, — ela diz, com a sua voz suave
cheia de aço.
A testa de Seth forma um vinco. — Oh vamos lá, eu só não quero vê-la magoada, vovó. — Ele dá a
mim um olhar suplicante pedindo ajuda, mas eu pressiono os meus lábios em uma linha apertada. — Eu
vou filtrar o que eu disse: não deixe que ele ferre você de novo. Melhor?
Não, não realmente. Ainda assim, apesar de quão insensível e rude Seth é, eu sei que ele quer o meu
bem. A minha vó e eu somos as pessoas mais importantes em sua vida. Raramente vemos o nosso pai, que
vive em Maine com a sua segunda esposa e a minha mãe está na prisão nos últimos anos.
Eu mordo o interior da minha bochecha. Pensando em nossa mãe e eu meio que agradeço pela falta de
um filtro em Seth. Pelo menos ele não é de rodeios, utilizando da manipulação e a mentira para conseguir
atingir o seu objetivo, como ela sempre fazia.
Debruçando-me, eu passo pelos frascos de molho de carne e ketchup no centro da mesa e cubro a sua
mão com a minha. — Olha, Seth, eu amo você... — eu começo, e ele geme. Vovó acerta a parte de trás de
sua cabeça. Carrancudo, Seth faz um gesto para que eu continue. — Eu te amo e significa muito que você
esteja preocupado - confie em mim, isso realmente é muito importante, - mas eu vou ficar bem.
— Sienna merece fazer isso por si mesma, — Vovó acrescenta com um sorriso que é tão encorajador
e tão quente que eu caio de amor por ela mais uma vez.
Empurrando as minhas mãos, Seth ergue as suas defensivamente. — Droga, eu nunca disse que ela
não merece ser feliz. Ela merece isso. — Ele não fala novamente até que Vovó pede licença para ir ao
banheiro. No momento em que ela está fora do alcance da voz, ele diz, — Eu só quero que você seja
cuidadosa.
Eu pego um pedaço de bife, passando no molho para colocá-lo na minha boca, ignorando o fato de
que ele está frio e que é muito raro quando nós olhamos um para o outro. Eu faço uma contagem
regressiva até o dez para controlar o que vou dizer ao meu irmão, por que sei que vou me arrepender
mais tarde.
Assim que eu alcanço, limpo a minha garganta. — Eu prometo que vou ser cuidadosa, mas esta é a
última vez que eu quero falar sobre isso com você. Você está fazendo as coisas serem estranhas.
— Ah, Si, não...
Tomo um gole da minha Coca-Cola. — Seth, eu vou fazer exatamente assim. Você deixa com que eu
me preocupe comigo e você passa a se preocupar com você.
— Você se preocupa com todos, mais do que consigo mesma. Você pode até jurar pelo seu traseiro
que você não vai mais fazer isso, mas eu irei chamá-la na sua merda toda vez.
Eu coloco as palmas das minhas mãos sobre a mesa; era isso ou eu iria puxá-lo pelo pescoço pela da
sua camiseta. Eu estou tão frustrada com ele. — É claro que eu me preocupo com você e a vovó. Ela vai
completar 80 anos em novembro. E você - você está com apenas vinte anos. É o meu trabalho me
certificar de que você não está destruindo a sua vida.
— Não comece com isso... — ele inicia, mas com o canto do meu olho eu vejo vovó voltando.
— Podemos não arruinar completamente o resto da noite? — Rogo em um sussurro rouco. — Pelo
menos por ela?
Sua expressão é conflituosa - como se ele absolutamente quisesse passar a noite me dizendo o quão
estúpida ele pensa que eu sou por ir com Lucas, mas finalmente, no momento antes de Vovó deslizar de
volta em seu assento, ele passa os dedos pelo seu cabelo loiro e encolhe os ombros. — Só para constar,
Sienna, eu também te amo.
— Tudo vai ficar bem. Eu vou ficar bem. É uma turnê de uma banda e não um casamento.

Por passar a noite sem conseguir dormir, quase perco o meu voo. Quando sou verificada pelo
controle de segurança, eu tento me lembrar se estacionei meu velho sedan Mercury em um estacionamento
de curto ou longo prazo, e não é até que eu tenha embarcado no primeiro voo da manhã que eu me lembro
que tinha deixado a bolsa contendo a maioria dos meus sapatos no hall de entrada da casa da vovó.
Durante a minha escala em Phoenix, eu envio uma mensagem a Seth pedindo a ele para verificar o
meu carro (já que ele tem a chave reserva) e enviar os meus sapatos, e logo eu consigo uma boa conexão
para verificar os meus e-mails mais urgentes.
Enquanto eu espero por sua resposta, eu recebo um alerta no Facebook. É uma nova mensagem de
Tori, uma das minhas amigas mais próximas e a minha antiga companheira de quarto do tempo que morei
em Los Angeles.
Victoria Abrams: Espere, eu acabei de acordar para ler que o seu traseiro vai estar aqui esta
noite e amanhã? Eu estou gritando de antecipação, mas eu tenho que admitir que eu estou um pouco
preocupada. O que está acontecendo? Você não vai volta para o seu emprego na Echo Falls, não é?
Durante a minha insônia na noite passada, entrei em contato com Tori para que ela soubesse que eu
estaria na cidade pelas próximas 48 horas desde que a turnê da Your Toxic Sequel terá início em Pomona
amanhã à noite. Eu não mencionei Lucas ou o meu acordo de seguir com a banda, mas eu teria o meu
traseiro chutado se fosse para Los Angeles e não fosse visitá-la.
Tomo um gole do meu café macchiato de caramelo morno e escrevo uma mensagem de volta.
Sienna Jensen: Tudo está bem, eu prometo. Estou indo para a cidade para ver Lucas.
Assim como Kylie sempre faz quando estamos mandando mensagens, Tori leva uma eternidade para
responder. Quando a mensagem instantânea chega, é apenas uma frase que eu sei que ela escreveu e
reescreveu várias vezes.
Victoria Abrams: É sobre essa canção “Ten Days” que está tocando na rádio sem parar?
Eu torço os meus lábios para o lado. Claro, Tori já teria ouvido a canção - suas viagens diárias pelo
congestionamento da cidade eram cansativas, então ela explodia a música para manter a sua raiva
controlada. Antes que eu possa responder a sua pergunta, meu telefone toca.
— Bom dia, Victoria, — eu respondo.
Ela parece sem fôlego na linha. — Então, a canção era sobre você?
— Sim, era.
A mulher sentada ao meu lado grunhi e vacila em sua cadeira ruidosamente antes de cobrir o rosto
com um cobertor roxo e dourado da LSU. Eu dou a ela um olhar duro, embora ela provavelmente não vá
vê-lo.
— Espere um segundo, Tori. — Pegando a minha bolsa, que é uma bagagem de mão e o meu café frio,
eu caminho até uma entrada com menos pessoas. Uma vez que encontro um lugar isolado, eu largo as
minhas coisas em uma cadeira e coloco o telefone no meu ouvido. — Você ainda está aí?
— Não há nenhuma maneira que você vai se livrar de mim agora. — Ela ainda está sem fôlego, e
quando eu olho para relógio digital no celular, naquele momento não vejo a razão. São 08:05 em Los
Angeles, o que significa que ela está se preparando para o trabalho. Ela tem menos de uma hora antes de
estar dentro do seu cubículo. — Ok... Você está com Lucas Wolfe?
É franco e completamente aceitável, e eu quase posso até ouvir as palavras que não foram ditas: você
está de volta com Lucas depois da maneira como ele te tratou há cinco meses?
Curvando a minha cintura, eu coloco os meus braços sobre os meus joelhos e olho para baixo, para as
pontas arredondadas em minhas sapatilhas amarelas. — Nós vamos tentar mais uma vez, — digo
finalmente. Tori fica quieta e posso imaginar o que ela está fazendo agora: ela está seminua sentada no
sofá de micro-fibra no apartamento que outrora compartilhamos, balançando a cabeça (que está,
provavelmente, ainda molhada pela chuveirada) lentamente.
— Você vai se atrasar, se você não se levantar agora, — eu aviso.
— Eu não estou brava se é isso que você está pensando. E por mais que eu não compreenda, eu não
posso culpá-la por querer ele. Eu iria amolecer toda se Micah escrevesse uma música como essa para
mim. Mas eu juro por Deus, se você se machucar, eu vou incendiar a casa dele.
Eu mordo os meus lábios. Tori estava levando isso muito bem, considerando o desprezo
profundamente enraizado que ela mostrou por Lucas durante os últimos meses. Inferno, ela pirou quando
o seu namorado, Micah, colocou uma música do Your Toxic Sequel em uma festa que ele organizou.
— Eu te amo, você sabe disso, certo? — Eu pergunto.
Ela ri e depois resmunga algo sobre rímel e olhos de guaxinim. — Eu apoio tudo o que você faz,
mulher. Eu seria uma puta mesquinha se ficasse com raiva por você namorar alguém.
— Então, obrigada por não ser uma puta mesquinha, — eu digo, fazendo com que Tori bufe.
O clima da conversa subitamente se torna mais relaxado, o resto da nossa ligação corre bem. Nos
próximos 45 minutos, eu converso com Tori sobre tudo enquanto ela dirige para o trabalho, menos sobre
Lucas Wolfe. Depois de desligar, eu levo os meus pertences de volta para o portão 19, e uma hora mais
tarde estou embarcando em meu voo para Los Angeles.
Voltando para Lucas, esperando o completamente inesperado.
Capítulo Sete
Quando eu chego no LAX a primeira coisa que faço é ligar o meu telefone, e uma mensagem do meu
irmão aparece na minha tela. Seth promete ir até o aeroporto de Nashville para verificar o meu carro e
que vai enviar os meus sapatos.
Há também um texto de Lucas.
11:48: O motorista vai estar ai quando desembarcar a uma hora. Então você é minha.
Eu quase posso ouvir Lucas rosnando a última parte de sua mensagem bem no meu ouvido e os
pequenos pelos dos meus braços até a minha nuca se arrepiam. Ignorando as vibrações do meu estômago
deslizando em uma linha de dor e prazer, eu respondo a isso com foco no que é importante, e no momento
era fazer o meu caminho em direção à esteira de bagagens.
12:15: Eu acho que você passou ao motorista a hora errada. Eu já estou aqui.
Sua resposta é imediata.
12:16: Merda, você está falando sério, Ruiva? Fique firme.
— Boa jogada, Wolfe, — murmuro baixinho. Batendo o pé rapidamente contra o chão, espero pela
minha mala percorrer todo o caminho da esteira. Uma vez que eu a localizo, a arrasto para uma fileira de
cadeiras nas proximidades. Está muito quente para ficar esperando do lado de fora até algum motorista
vir me pegar.
Antes que o meu bumbum faça contato com o assento duro eu escuto trechos de uma conversa entre
duas mulheres, que estavam andando na direção da saída do táxi.
—... Eu tenho todos os CDs deles. Eu posso reconhecê-lo a uma milha de distância. Era
definitivamente ele, e você - você está me sufocando!
Que diabos?
Eu torço o pescoço para testemunhar a mulher mais baixa com o cabelo preto assimétrico estreitando
os seus olhos cor de chocolate para a alta, loira e de pernas longas. — E apenas ontem à noite que você
tinha falado que eles estavam em turnê. Então, qual é, Kate? Ele está em turnê ou o que ele estaria
fazendo jogando conversa fiada neste lugar?
— Ou talvez, — Kate assobia, — Lucas vai pegar um voo por causa de sua turnê.
Lucas está aqui?
Eu subo em meus pés, permitindo que a discussão entre Kate e a sua amiga desaparecesse no fundo
quando eu faço uma varredura com os meus olhos procurando por Lucas. Alguns casais se reuniram ao
redor de mim, no que parecia ser um ônibus lotado de pessoas segurando cartazes que diziam “Bem-
vinda a casa, Gloria,” mas sem nenhum sinal dele. Estou prestes a pegar as minhas coisas e ir procurar,
mas então eu o vejo. Vindo diretamente para mim. Seus passos estão um pouco mais rápidos do que
normalmente são, seu suave sorriso está totalmente confiante, seus olhos castanhos arrogantes ainda
cheios de necessidade.
Deus, aquele homem e aqueles olhos.
Ele está vestindo seu jeans rasgado e uma camiseta verde oliva que destaca as manchas verdes em
seus olhos. Seus braços musculosos estão relaxados ao seu lado, mas quando ele chega perto o suficiente
para eu respirar o aroma limpo e arejado da sua colônia, percebo que ele está remexendo algo entre o
polegar e o indicador da mão direita. Eu aperto os olhos para baixo quando ele encosta a ponta do seu
Converse em minhas sapatilhas.
— Bem, foda-se Sienna. Parece que você está mais interessada no que tenho em minhas mãos do que
em meu rosto. — Mas ele abre a palma da mão, mantendo-a as seis centímetros do meu rosto. Minha
garganta contrai quando percebo o que ele está segurando.
É uma palheta de guitarra.
Santo inferno.
— Você está rangendo os dentes. — O volume de sua voz é quase um sussurro e tão poderoso. — As
coisas que eu quero fazer com você por isso.
Arrastando o meu olhar até encontrar a sua expressão divertida, eu cruzo meus braços sobre meus
seios e balanço a ponta dos meus pés. — Quase sinto que você está se segurando apenas para que eu
possa assim fazer isso. — Ele dá de ombros evasivamente e eu corro a minha língua sobre os dentes. —
Eu pensei que você tinha dito que um motorista iria...
Ele me interrompe no meio da frase para me puxar contra ele. Eu suspiro, e sem nenhuma surpresa,
ele sorri. — Você realmente acha que eu iria enviar um motorista para buscá-la? Você realmente acha que
eu iria esquecer o exato momento da sua chegada, Sienna? — Ele move a ponta da palheta ao longo das
minhas costas, traçando o contorno do sutiã de renda através da minha camisa. — Eu vou lidar com
qualquer tipo de besteira que possa acontecer em um aeroporto apenas para chegar até você em primeiro
lugar.
— Puxa saco, — eu digo, olhando para ele. Ele desliza a palheta da guitarra em meus ombros, com
um olhar de pura satisfação em seu rosto quando as curvas do meu corpo se encaixam nos contornos do
seu. — Mas eu estou feliz que você fez isso, eu queria estrangulá-lo quando você enviou esse texto.
Ele responde mergulhando perigosamente a paleta para baixo, traçando-a ao longo da gola V da
minha blusa branca amarelada. — Você acabou de gritar?
Ele tentaria ferrar com a minha cabeça e com meu corpo bem no meio do maldito LAX. — Se você
for me beijar, então provavelmente deve fazê-lo agora, antes de atrair a atenção da multidão, — eu digo.
— Oh, eu não vou te beijar. — Ele se afasta e quando ele percebe o olhar de decepção e surpresa no
meu rosto, ele esfrega o polegar sobre os meus lábios entreabertos. — Quando eu te beijar, eu vou ser a
única coisa em sua mente. Não quando o pensamento de que está sendo beijada na frente de todo mundo é
a única coisa em sua mente, você entende?
— Sim, Sr. Wolfe.
— Espertinha. — Sorrindo, ele enfia a palheta no bolso de trás da calça jeans e examina a minha
bagagem. — Você embalou pouca coisa. — Ele pega as alças da minha bolsa e a carrega em uma das
suas grandes mãos. — Eu esperava que houvesse pelo menos mais uma desta. — Ele aponta para a mala
maior e eu dou risada.
— Deixei uma mala apenas com sapatos na vovó. Não se preocupe, é apenas uma bagagem de mão
pequena. — Embora, julgando o que ele me disse, ele não se importa com quantas malas eu trago para
essa turnê. Ele aponta com a cabeça para a esquerda de nós e eu o sigo rapidamente para o
estacionamento. Eu resisto à vontade de tirar o seu cabelo para longe do seu rosto. — Meu irmão vai
enviá-la assim que eu souber para onde estamos indo passar a nossa primeira... Noite de folga.
Lucas me dá uma olhada de soslaio. — Noite de folga?
— Eu não sou uma roqueira, — eu o lembro.
Eu seguro uma das portas duplas de vidro aberta para ele. Inesperadamente, ele para por um momento
para curvar a cabeça de encontro a minha. Ele mantém a sua palavra de não me beijar, mas murmura
contra os meus lábios: — Vá em frente e pode passar o meu endereço para ele. Se ele te mandar ainda
hoje, você vai tê-los antes de sairmos na manhã de sábado. Ou eu vou te que comprar novos. — Quando
eu pressiono os meus lábios e balanço a cabeça, ele ri e acrescenta, — e eu estou feliz que você não é
uma roqueira. Confie em mim, eu gosto mais do que você faz com as roupas.
Não, você gosta mais de mim sem roupa, eu acho, mas eu não falo isso, então eu o sigo em direção
ao estacionamento onde está um Jeep preto. É um enorme Wranglers com todos os utilitários, incluindo a
sua suspensão incrivelmente alta. Mesmo que eu seja anormalmente alta, preciso fazer algum esforço
para entrar. Ele vem ao meu redor antes que eu feche a porta do passageiro.
— E sobre aquele beijo? — Pela primeira vez, eu poderia me importar menos que a minha voz tinha
desaparecido.
— A paciência é uma coisa bonita, — diz o homem deixando absolutamente nada para ser falado. Ele
puxa os meus dedos para a sua boca, pressionando contra os seus lábios cheios, beijando cada uma das
pontas. Cada pequeno movimento de sua boca é delicado, sensual e atiça as chamas pelo o meu corpo. —
Vamos para casa.
Ele mantém os olhos grudados na estrada enquanto acelera pelas ruas que eu dirigi muitas vezes
antes, e outras eram as partes mais ricas na qual eu raramente estive. Quando passamos por um
condomínio de luxo que vividamente me lembro de ter visto uma única vez quando ele me trouxe para a
sua casa, eu libero um pequeno suspiro.
Isto chama a sua atenção. Ele vira ligeiramente a cabeça para mim, com uma sobrancelha levantada.
— O que aconteceu com o Maserati? — Pergunto.
— O quê?
— O carro azul que você me pegou naquela vez? Era essa marca, né?
Ele redireciona seu olhar para a estrada, e eu deslizo para mais perto dele para ver que ele estava
usando um pequeno sorriso. — Me lembro disso, apenas estou surpreso que você lembra. Vendi há um
ano e meio atrás. É... Não era para mim. — Ele vira à esquerda para uma rua que era quase a um
quilometro do seu condomínio fechado. — Algo mais?
— Tori, — eu digo, hesitante. — Minha amiga Tori ainda vive aqui e eu quero ir vê-la hoje à noite ou
amanhã, já que vamos cair na estrada cedo na manhã de sábado.
Suspirando, ele diminui a velocidade do Jeep até a entrada de segurança, mas não se apressa em rolar
para baixo a sua janela. Ele tira os óculos escuros, jogando-o no painel e se vira para mim, diretamente
com os seus olhos cor de avelã. — Eu não quero que você entenda mal o que isso é.
— Então, por favor, me conte. — O aço e incerteza absoluta atam a minha voz.
— Você é minha. Você está comigo agora, mas você não precisa ter a minha autorização para ir ver as
suas amigas. Convide-a para a droga do show e para festa depois se é isso que você quer. — Um sorriso
confiante inclina os cantos de seus lábios, enviando uma dor aguda no meu peito. Querido Deus, por que
ele tem que olhar para mim desse jeito? — Eu quero te possuir e não tratá-la como uma criança.
Nós dois ficamos em silêncio enquanto ele abaixa a janela para digitar o código do portão de acesso
e dirigir até a rua de sua casa. A única coisa que ele fala quando estaciona é que iríamos pegar a minha
bagagem depois. Quando entro, ele tranca a porta e então se vira para mim.
— Você se lembra de onde o quarto fica?
Eu olho para o alto da escada, antes de voltar o olhar para ele. — É possível esquecer?
— Você está corando, Ruiva, — ele ressalta. — É por isso que eu não vou levá-la até lá. Ainda não.
Sem aviso, ele chega entre os nossos corpos e coloca a mão em meu sexo através do meu jeans
skinny. Eu solto um suspiro rouco e agarro os seus braços. Enquanto ele esfrega ritmicamente os meus
jeans apertados em meus quadris, ele arrasta as pontas dos dedos pela minha pele, a sensação faz as
minhas pernas formigarem. Meus joelhos dobram.
— Lucas, eu vou... — Mas ele fica imóvel com as minhas palavras em minha boca, pressionando
asperamente seus lábios contra os meus, oferecendo-me aquele beijo que ele tinha prometido no
aeroporto, tirando todo o meu fôlego. Ele tem sabor doce, parecido com hortelã, atirando dardos com a
sua língua dentro e fora da minha boca, me provocando. Este é um jogo perigoso. Eu sei que é impossível
que eu vença, mas honestamente, quando se trata de Lucas, eu não quero.
Quando ele me afasta dele, deixando o meu mundo girando violentamente, ele acena com a cabeça
para o chão. — Aqui, Sienna. Agora mesmo.
No patamar da escada, eu adiciono silenciosamente. Com a luz do meio da tarde atravessando as
persianas no foyer, e a minha bagagem ainda esperando na parte traseira do seu Jeep – esta é a noite em
que nos reconectaríamos de novo. Em voz alta e trêmula, eu digo, — O que aconteceu com aquele mantra
a 'paciência é algo bom'?
— Foda-se a paciência, eu vou ter que tentar isso novamente mais tarde. Eu só preciso de você. —
Seus dedos continuam a arrastar o meu jeans pelas minhas pernas. — Eu não pensei em nada além de
você desde que você me enviou aquela imagem. Você trabalhou o seu caminho na minha maldita cabeça,
em minha alma e todo o resto. — Ele se afasta de mim por um momento para terminar de empurrar as
minhas calças para baixo em torno de meus tornozelos.
— Em sua cabeça, hein?
Confirmando a minha pergunta com um gesto lento, ele beija o meu joelho esquerdo e depois o outro
antes de se voltar para cima. — Eu já imaginava todas as maneiras que eu poderia desfrutar de seu corpo,
e acredite em mim, houve muitas. Não pense que estar naquele ônibus de turnê vai me deter de fazer
qualquer uma delas. — A forma como ele diz isso, com o rosnado que ele sempre usa quando canta,
envia eletricidade de formigamento através de cada veia do meu corpo.
— Pobre de seus colegas de banda, — eu brinco, sem fôlego.
— Eu quero você aqui, Sienna - em cima de mim, curvada, debaixo de mim. Eu quero você na minha
cama e na minha cozinha e na porra do banheiro, mas em primeiro lugar, eu quero você aqui.
Eu saio da minha calça jeans, chutando os meus sapatos no processo. — Você está certo. — Eu não
tenho vergonha de admitir que eu quero isso também. — Dane-se o quarto.
Mantendo os nossos corpos pressionados juntos, ele gira para ficar de frente para os degraus. Eu o
sigo quando ele se despe rapidamente – a cada passo lento, cada vez eu respiro mais pesado com
antecipação - até que ele para em frente da escada. Sua expressão é algo tão suave – que dói em meu
peito – quando ele sobe no segundo degrau.
— Venha aqui. — Ele diz me puxando para ele usando a primeira coisa que a sua mão entra em
contato, a minha calcinha. Quando eu deslizo para baixo na frente dele, ele circunda o meu rosto entre
suas mãos. — Eu quero que você use a sua boca, — diz ele.
— Você vai direito ao ponto.
— Sempre.
Ele envolve os dedos em torno de seu pau, apertando e movendo a minha mão fechada para cima e
para baixo do seu eixo até que ele fica muito duro. Quando eu curvo a cabeça para circundar a ponta com
a minha língua lentamente em torno de sua coroa, meu cabelo cai por toda parte, contra os lados do meu
rosto, no colo e em ambos os lados das suas coxas. Ele acaricia a minha nuca, e seu toque é encorajador,
então o lambo mais uma vez. E, novamente, ele murmura uma afiada maldição.
— Não provoque. — Sua voz é 75 por cento de comando e os outros 25 por cento é de súplica.
Eu envolvo os meus lábios em torno da sua ereção, mantendo meu olhar focado em seus olhos
castanhos quando começo a mover minha boca e dedos da cabeça de seu pênis até a base, levando-o
completamente em minha boca.
— Ah, merda, Sienna. — Sua voz é cheia de surpresa quando seus dedos se movem do meu pescoço
para a confusão do meu cabelo. — Faça isso de novo.
O meu “sim” não é nada mais do que um pequeno gemido que provoca uma vibração contra sua carne.
Eu arrasto a minha boca para trás do seu comprimento, correndo a ponta dura com a minha língua ao
longo dela e depois o levo profundamente em minha boca novamente.
Eu não quero perder este momento, mas quando eu começo a repetir, ele me interrompe puxando o
meu cabelo vermelho. — Ponha as mãos para baixo. — Seu tom é perigosamente baixo. — Sem as mãos.
Só a sua bela boca.
Suas palavras enviam um arrepio que percorre por mim, mas eu aceno com a cabeça, minha boca
balançando contra seu membro no processo. Eu desloco a minhas mãos espalmadas no último degrau,
meus movimentos lentos e um pouco exagerados, ganhando um leve sorriso de Lucas.
— Você é bonita, uma mulher inebriante. — Ele guia a minha cabeça, tanto quanto é possível e ele
está pressionando contra a parte de trás da minha garganta. Nós dois liberamos um gemido quebrado,
com segundos de diferença. — O que você está fazendo comigo? É tão bom. Você é tão boa.
Seja o que for que eu estou fazendo com ele, ele faz para mim duas vezes mais. Porque, quando uso a
minha língua e boca para levá-lo até o ponto de ruptura - e quando ele olha para mim com aquele olhar
que tem o poder de torcer a boca do meu estômago em um milhão de nós - eu sinto que eu sou a primeira
mulher que ele já encarou. A primeira mulher que faz isso com ele. A primeira mulher dele, em um longo
período.
— Você foi feita para mim, porra, Si. — Desta vez, após a minha língua traçar um caminho pelo o seu
pau, ele tira todo o caminho de volta, liberando o seu poder sobre o meu cabelo. — Eu vou te foder. —
Sua respiração está saindo com rajadas irregulares, mas a minha também.
— Lá em cima? — Eu pergunto, mas ele move sua cabeça de um lado para o outro.
Eu mal tenho tempo para reagir antes dele me orientar para ficar em pé. Estou tremendo quando ele
conecta as mãos atrás dos meus joelhos, estimulando-me para ele. Eu quase perco o fôlego quando ele
guia as minhas pernas para cada lado do seu corpo. E enquanto ele me puxa para baixo, com o seu
polegar deslizando na minha calcinha para empurrar o pedaço úmido de tecido da junção das minhas
coxas para o lado, eu grito. Porque eu não sei o que fazer com as minhas mãos, meu cérebro é apenas uma
massa agora, eu cavo os meus dedos em seus ombros tensos, enquanto ele pressiona a sua grossa ereção
contra mim.
— Eu não vou gozar em você a menos que seja seguro, — ele promete contra a curva do meu
pescoço. Acariciando o meu clitóris, uma vez, duas vezes. Sem aviso, ele levanta os quadris, flexionando
o seu pênis para o calor do meu corpo pouco a pouco, lentamente me enchendo. É angustiante. E um
êxtase. Arrastando as minhas unhas em seus ombros, eu o puxo por todo o caminho, me apertando em
torno dele. Ele estremece e murmura uma maldição. — Eu vou tirar se você disser a palavra.
Suas mãos estão segurando minha bunda agora, movendo o meu corpo para trás e para frente, para
cima e para baixo. A sensação é tão vertiginosa que leva um momento para eu limpar a minha cabeça o
suficiente para perceber o que ele está pedindo.
— A dose, — eu suspiro quando ele se enterra profundamente dentro de mim. — A última vez foi há
um mês. Nunca pulo uma.
— Porra, isso é bom de ouvir, — ele rosna.
Ele se inclina para trás contra os degraus, e eu sigo o exemplo, pressionando o meu rosto contra as
tatuagens em seu peito enquanto eu balanço os meus quadris contra ele.
— Olhe para mim, — diz ele. Quando eu gesticulo que não, balançando a cabeça, porque tenho a
sensação de que ele fodeu oficialmente com a minha cabeça, ele dá um tapa duro na minha bunda. —
Olhe para mim, Sienna.
Eu levanto a cabeça para olhar nos olhos dele. — Feliz? Você vê o que você fez... — Minha
respiração trava e seus lábios se movem em um sorriso. Ele entende. Ele sabe exatamente o que ele fez
comigo.
Ele circunda o polegar urgentemente em volta do meu clitóris, fazendo com que todo o meu corpo
pulse e eu grito. — Eu quero te ver quando você gozar. Eu quero que você esteja olhando para mim
quando eu gozar em você, — diz ele.
— Por favor, — eu sussurro, embora eu não tenha certeza do que estou pedindo. Ele está me dando
tudo que eu quero agora, tudo o que meu corpo anseia. — Deus, Lucas...
Ele se move mais rápido, mais forte, a mão livre, fazendo o contato áspero com a minha bunda mais
uma vez, quando eu aperto meus olhos simultaneamente. — Deixe-me vê-la, — ele repete, e eu aceno
com os fios umedecidos de suor do meu cabelo vermelho caindo em seu rosto.
— Eu quero... — eu começo, mas depois o orgasmo chega. Ele não foi construído lentamente para
que eu tenha tempo suficiente para avisá-lo. Rasga-me, me fazendo cerrar os dentes enquanto meu corpo
se aperta em torno dele. Eu mantenho meus olhos fixos nos seus quando as ondas de prazer enviam um
estremecimento doloroso pelo meu corpo. Ele solta um grunhido baixo, e eu sinto que ele goza. É a
primeira vez para mim, mas eu tenho certeza que ele já sabe disso, também.
Mais tarde, quando nós deitamos um contra o outro na parte inferior de sua escada, respirando
pesadamente com o suor de nossos corpos se misturando, ele finalmente diz que iremos para o andar de
cima.
Capítulo Oito
Depois que ele me leva para seu quarto preto e vermelho intenso no andar de cima e, como
prometido, para sua cozinha, onde ele realmente cozinha para mim, Lucas me leva para sua sala de
música. Assim como a “sala de piano” na sua casa em Nashville, este quarto fica no nível mais baixo da
casa. Mas com as suas paredes amarelas amanteigadas e piso de madeira claro, é um giro de 180º graus
completo em relação a decoração sexy e escura do resto da casa.
Enquanto ele fica dedilhando o seu violão no sofá, eu ando ao redor da sala, estudando a sua coleção
de guitarras acústicas e elétricas, penduradas nas paredes.
— Ideia da Kylie, — diz ele quando eu corro os meus dedos ao longo da superfície lisa de uma
Fender. Possui uma assinatura no seu corpo elegante, que não consigo identificar, nem mesmo quando eu
traço o meu dedo ao longo do rabisco descuidado. Ele muda o tom da música que está tocando. — Por
mim a parede ficaria malditamente nua. E deixaria que eles pintassem de preto, mas eu tenho que deixá-la
ganhar às vezes.
— Eu gosto das ideias dela. Será que as cores mais brilhantes ajudam você a escrever?
— Boa inspiração é o que me ajuda a escrever. — Ele pisca, e eu sinto a minha pele começando a se
aquecer. — As paredes estão apenas ai.
Eu faço o meu caminho até o piano e automaticamente o meu olhar se concentra no caderno em cima
dele. As músicas escritas por Lucas. Quando eu distraidamente bato em algumas teclas - que acaba
soando com a introdução de “You’re So Vain” - eu não consigo tirar os meus olhos para longe do
caderno.
A Gibson grita agudamente em voz alta e um momento depois eu sinto o corpo de Lucas contra o meu
traseiro. Eu achato os dedos sobre as teclas do piano, não me importando com um grito terrível que soa.
— Fique a vontade para dar uma olhadela nela. Você pode ficar com tudo o que tenho. Eu quero que você
saiba disso, Sienna.
— Eu sinto como se estivesse invadindo a sua privacidade, — eu digo. Ele roça os lábios sobre a
minha têmpora, indo e voltando, movendo-se para as mechas menores do meu cabelo por toda a minha
pele no processo. — Mesmo com você me dizendo que eu estou autorizada.
Mesmo assim eu não podia deixar de pensar sobre a sua ex e o poder que ela tem sobre ele. Eu não
evitar que uma parte de mim não acredite na promessa que Lucas fez para mim de que eu o tinha por
inteiro. Como eu posso quando ainda existe tanta coisa sobre este homem que é secreta?
Sua voz rouca rompe os meus pensamentos tóxicos. — Eu quero que você olhe. — Pegando a minha
mão e o caderno, ele me guia até o sofá. Por alguns minutos, eu continuo hesitante em olhar para as letras.
Apertando o caderno com força, eu o ouço começar a reproduzir a música que eu não tinha ouvido antes,
- provavelmente algo do Your Toxic Sequel ou seu novo álbum solo - mas no meio ele faz uma pausa. —
Abra o maldito caderno, Ruiva, — diz ele.
Olhando para ele por debaixo dos meus cílios, eu finalmente viro a capa para revelar uma página
inteira com a sua caligrafia. — Satisfeito? — Eu pergunto e ele concorda.
Muitas das canções de Lucas seguem o estilo atrevido, sexy e com letras inteligentes habituais do
Your Toxic Sequel que me fazem corar. Mas também há letras com tanta emoção que eu sinto as farpas
enferrujadas empurrando em meu peito. Estas palavras não são sobre sexo, mas sobre a dor e perda,
sobre corações partidos e traição.
E então, passando várias páginas do caderno, acho os rascunhos originais de “Ten Days”.
Essas letras vão do instável e escuro para francamente deprimente, mas leio todas elas e percebo que
ele estava sentindo que tinha estragado tudo, e tão só como eu estive durante o nosso tempo separados.
Quando eu chego na versão que eu já tinha escutado, sorrio baixinho.
— Estou contente por esta ser a única. — Eu esfrego o meu polegar sobre as palavras descuidadas na
página. Loucas, devastadoras e belas palavras escritas para mim.
— Eu também. É certo como o inferno que levou muito tempo para fazê-la. — Ele começa a tocar
outra música em sua guitarra - “Ten Days”. — Como você pode ver, foi difícil para mim.
— Lucas Wolfe admitindo que as coisas foram difíceis para ele? — Eu finjo surpresa quando eu viro
uma página para trás, para uma das versões iniciais. — Que bom que você continuou. As outras são tão
bonitas, não me leve a mal, mas eram um pouco...
— Dark? Emo? Foi disso que Kylie me chamou o tempo todo que você tinha ido embora. — Eu torço
o nariz e balanço a cabeça, mas ele ri. Ele inclina o queixo para baixo apontando para a página que eu
estou no momento, em um trecho que está falando de coração sangrando. — Eu, ah, escrevi essa em
particular depois de ver você certa noite.
Algo espreme dolorosamente em volta do meu coração. — O quê?
— No Sunny’s. Pequeno bar no centro. Cerveja barata e uma merda de iluminação.
Eu conheço o lugar, mas eu não me lembro da última vez que fui lá. Conscientemente, eu fecho o
caderno de Lucas colocando no sofá entre nós. — Quando?
— Cerca de um mês depois de Atlanta. Queria tirar você da minha mente e com a fodida certeza você
estava lá, naquele maldito bar.
E em vez de falar comigo, em vez de acabar com a nossa miséria com alguns meses de antecedência,
ele voltou aqui e escreveu sobre... Angústia?
Ele arranca um semitom e me dá um olhar sombrio. — Você estava com outro homem - e uma loira
filha da puta - e alguns dos seus amigos. E por mais que eu quisesse bater a merda fora dele
simplesmente por estar com você, ir atrás dele teria feito de mim um idiota. — Ele manuseia algumas
notas adicionais e, em seguida, levanta as sobrancelhas, um olhar que grita culpa. — Bem, um idiota
maior do que eu já era.
Um cara loiro? De frente para o piano, eu fecho meus olhos apertados. De que diabos ele está
falando? Os únicos homens que eu tive contato contínuo quem poderia ser perfeito para a vaga descrição
de Lucas seria meu irmão e o namorado da minha ex-companheira de quarto. Micah.
Claro.
Risos estouram como bolhas em meu peito. Antes de eu ter a chance de explicar, Lucas se inclina
para frente.
— E agora você está rindo de mim, Ruiva? — Pergunta ele. — Eu deveria levá-la sobre o meu joelho
agora.
Eu forço a falta de ar para baixo quando eu viro a minha cabeça para o lado, roçando meus lábios
contra os dele. — O loiro com quem você me viu é Micah. Namorado de Tori. E eu me lembro daquela
noite agora. Eles me estimularam a sair do apartamento porque eu passei a maior parte do mês
lastimando sobre Lucas. — Olhando para ele, eu digo, — Nós saímos em grupo. E eu com certeza não fui
para casa com Micah, e também nem dormi com ele.
Os cantos da boca de Lucas se transformam em um silencioso - ah, - quando ele se inclina para trás
no sofá e começa a pegar a sua guitarra novamente. Eu não posso negar a expressão de alívio e satisfação
no seu rosto bonito.
Enquanto o resto da nossa noite corre bem, com Lucas tocando para mim canção após canção em sua
Gibson, a manhã seguinte começa um pouco caótica. Ele me acorda depois do nascer do sol, vestindo
nada além de um par de shorts azul marinho de ginástica que penduram baixo em seus quadris. Ele está
suado pelo esforço e olha para mim com seu habitual sorriso arrogante.
— Levante-se, Sienna. Já é dia.
— O show não é até o final da noite de hoje, — eu indico, mas Lucas puxa os lençóis, que eu estou
tentando desesperadamente segurar, para fora da cama.
— Nós temos um monte de merda para fazer hoje.
Suas palavras me lembram do meu tempo de curta duração (oito dias no total) de trabalho como
assistente pessoal de Lucas. Ele tinha, e eu não estou brincando, determinado que estaria com ele às 7
horas da manhã a menos que ele tivesse me notificado do contrário.
Com certeza, quando eu viro para olhar para o relógio preto da Bose em seu criado-mudo, são
exatamente 07:03 da manhã. — Você deve estar de brincadeira comigo.
— Acostume-se com isso. — ele vai até a janela e abre as cortinas blackout, permitindo que a luz
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entre. — Nosso roadie fica em nossos traseiros muito mais cedo do que isso.
Gemendo, eu balanço as minhas pernas para o lado da cama e apoio os pés no chão. Quando eu estico
os braços sobre a cabeça e sacudo um pouco a rigidez dos meus músculos, pergunto a ele
sarcasticamente, — Eu vou ter que te chamar de Sr. Wolfe e senhor?
Ele não me dá uma resposta até que eu atravesso o quarto indo até o banheiro. — Só em particular,
Ruiva.
Tomo um banho rápido, perguntando se ele está falando sério sobre chamá-lo de Sr. Wolfe, que tinha
sido outra estipulação do contrato anterior. Uma vez que eu pego a toalha, volto para o quarto. Ele está
longe de ser encontrado, mas eu posso ouvir um chuveiro ligado no banheiro do corredor.
Cantarolando baixinho - uma versão incrivelmente fora do ritmo de “Rill Rill” de Sleigh Bells - eu
vasculho a minha mala. Desde que eu estou limitada em minhas escolhas pela falta dos meus sapatos,
visto um alegre vestido de verão multicolorido, que é a única peça de roupa que tenho que combina com
as minhas sapatilhas amarelas. No momento em que Lucas retorna, estou encostada em sua cômoda, meu
rosto está perto do espelho enquanto eu tento arrumar o meu cabelo em um coque bagunçado.
— Deixe-o solto. — Eu olho pelo reflexo, arrastando a visão para ele enquanto as gotas escorrem
pelo o seu peito musculoso. Ele sorri. — Você sabe o que isso faz comigo.
Eu sei. E apesar do fato de que ele apenas vai ficar no caminho, eu solto o meu cabelo, deixando-o
cair em um movimento rápido. Eu começo a remexer a minha mão através do emaranhado, mas Lucas
balança a cabeça.
— Deixe assim, para que eu possa pensar em transar com você enquanto eu passo pela merda o dia
todo.
A primeira prioridade de “merda” resulta em ser uma reunião aqui com o roadie da turnê da Your
Toxic Sequel - um pequeno cara loiro com aquele bronzeado que causa inveja. Vestido com uma pólo de
cor cítrica, Tyler parece que está preste a dirigir um escritório, em vez de uma turnê de rock. Primeiro,
ele me encara com curiosidade indisfarçável, tendo todas as oportunidades para me estudar quando
saímos da casa e caminhamos para o quintal. Uma vez que estamos no pátio com vista para a piscina,
Lucas me apresenta como sua namorada.
É certo que ao ouvir ele dizer isso eu enrubesço como uma aluna da sétima série, mas eu estendo a
minha mão para Tyler e digo que é um prazer conhecê-lo.
Em um intermitente e largo sorriso, Tyler segura a minha mão dando três apertadas duras. — Só
queria ter certeza de que você era a pessoa certa. — Ele se senta em uma das cadeiras ao ar livre que
estão situados em torno de uma fogueira circular.
Se houvesse um prêmio para a mais estranha apresentação, Tyler teria facilmente ganhado. Eu forço
um sorriso e cavo as unhas em minhas palmas. — Obrigada por ser cuidadoso, — eu digo com os dentes
cerrados.
Lucas bate no assento em frente a Tyler, se inclinado para frente, com os braços tatuados em suas
coxas. — Você sabe exatamente quem diabos ela é. — Ele olha por cima de seu empresário e eu sinto o
soco por trás de cada palavra. — E você também sabe como me sinto sobre esta turnê.
Tyler aperta a ponta de seu nariz sardento. — Ah inferno, eu não quis dizer isso... — inclinando a
cabeça, ele me dá uma rápida careta de desculpas. — Desculpe, Sienna.
Os olhos castanhos de Lucas silenciosamente desafiam o seu empresário por mais um instante e então
ele direciona o seu olhar para mim e a sua expressão está relaxada. — Eu tenho que verificar a venda de
ingressos e outras coisas dos negócios, você se importa...
— Eu preciso ligar para o meu irmão e para Tori. — Neste momento, eu estaria disposta a lidar com
uma ligação da minha mãe da prisão para sair desta tensão. — Vejo vocês daqui a pouco? — Ele balança
a cabeça e beija meu pulso antes que eu saia.
Quando eu vou embora, ouço seu empresário dizendo em voz baixa — Ela é com certeza mais
fodidamente bonita do que Cilla tinha falado.
Lucas replica frio e é a última coisa que eu escuto antes de passar pela porta. — Isso é porque Cilla é
uma vadia.
Ele não entra na casa por quase uma hora e nesse tempo eu consigo confirmar com Seth que os meus
sapatos irão chegar hoje, falo com Tori, que me promete que vai tentar vir me ver essa noite e faço para
mim um café da manhã - com pão de grãos integrais, algumas frutas e um copo grande de suco de laranja.
Quando ele entra na cozinha e me encontra comendo, Lucas pede desculpas imediatas sobre Tyler,
mas eu aceno e forço uma risada. — Quero dizer, eu não achava que você tinha sido um celibatário ou
qualquer coisa enquanto estávamos separados.
Ele desliza para o banco do bar ao meu lado no console central, o tecido da sua calça jeans roça
contra o meu joelho nu no processo. — Ele foi um idiota. Isso não vai acontecer na turnê, e se isso
acontecer, você fala para mim. Eu não vou deixá-lo jogar com a sua cabeça para causar problemas. Eu
não vou fazer esse tipo de merda só por causa das vendas e da divulgação da mídia.
— Será que isso realmente vende álbuns? — Eu pergunto quando ele toma um gole do meu suco de
laranja. — Você e eu envolvidos nele?
Ele tosse o suco, colocando o copo no balcão segurando meu queixo com a mão. — As pessoas
sempre dão maior atenção a você quando a sua vida está em ruínas; eu pensei que você soubesse disso,
Ruiva.
Oh, eu sabia. Eu aprendi em primeira mão depois que a minha mãe foi presa por tráfico de drogas
quando estava no colegial. Eu tinha ido de apenas mais um rosto no corredor para a menina mais falada
da escola. Ainda assim, isso não significava que eu tinha que aceitar como algumas pessoas poderiam ser
fodidas e cruéis.
Lucas olha para o relógio. — É um pouco depois das 10, nós precisamos ir.
Eu engulo o resto do meu suco e levo a minha louça suja até a máquina de lavar louça. — Por falar
nisso, como foi lá? Com o seu roadie, quero dizer. — Pela primeira vez desde que ele voltou para a casa,
percebo como desenhada a sua expressão está.
— Sinjin teve a porra de um momento, mas Tyler diz que está trabalhando nisso. — Ele desliza para
fora da banqueta quando eu venho ao redor do balcão e ele coloca sua mão na parte inferior das minhas
costas.
Embora eu não tenha muito certeza do que Sinjin tendo um momento envolve, é uma estúpida má
notícia para Sin e algo que poderia ser prejudicial para a turnê. Embora ele não mencione Sinjin
novamente enquanto nós cuidamos de detalhes de última hora ao redor da cidade, eu sei que tudo o que
está acontecendo com o baterista está incomodando Lucas.
Por volta das 16:30, a banda tem a sua passagem de som no local do show em Pomona, e até eu
mesma estou preocupada como uma louca sobre Sinjin, especialmente quando se torna claro que ele
provavelmente esqueceu do ensaio desta tarde. Ou, como Cal coloca, “ele está apenas limpando a
merda”. Enquanto Lucas e o resto da banda falam entre si nos bastidores em voz baixa e com raiva, eu
peço licença e vou visitar o local.
O lugar é menor do que o Staples Center, que é onde Your Toxic Sequel irá realizar o último show da
turnê, em setembro, 45 dias a partir de agora, mas Lucas tinha me dito anteriormente que tocar aqui era
uma obrigação. Era onde a banda tocou o seu primeiro “grande” show, por isso existia uma atração
sentimental. Além disso, com seu desenho intrincado e atmosfera artística explosiva, este lugar é
absolutamente lindo.
Estou no saguão olhando para os cartazes dos shows quando eu sinto uma mão em meu ombro. Com a
expectativa de ver Lucas, eu coloco o meu mais simpático sorriso antes de enfrentá-lo.
— Ele apareceu... — As palavras travam em minha garganta quando eu fico cara a cara com Sinjin.
Graças a Deus eu não tinha virado imediatamente tateando o seu pau. — Desculpe.
— Você não deve. — Ele parece melhor do que da última vez que o vi. Ainda magro, mas muito
melhor. Vestido com jeans escuro, uma camisa preta que diz Estranho (com benefícios), e um boné de
beisebol preto liso, ele não tem o olhar selvagem em seus olhos verdes. Sem desdém. Apenas diversão.
— Acho que eles estão esperando por mim?
Eu bato na tecla de iniciar do meu celular e verifico a hora. — Você está 20 minutos atrasado.
Ele retira o seu boné de beisebol, revelando uma confusão de cabelo preto curto, completamente
diferente do loiro que ele usava na última vez que o vi. — Não tenho certeza do que aqueles fodidos lá
disseram a você, mas eu estou sempre atrasado. Não consigo administrar o tempo nem que seja para
salvar a minha vida.
Espero que ele mostre qualquer sinal do que Lucas tinha aludido no carro, mas se ele está chapado,
eu não posso ver. E eu estive várias vezes com pessoas drogadas para ser capaz de ler os sinais. —
Então, eu estou supondo que Tyler irá reclamar do seu atraso e falar que não irá funcionar bem na turnê.
— Diga para Tyler ir procurar um pau.
Eu não estou surpresa de ouvi-lo dizer isso. — Tenho certeza que você vai dizer isso pessoalmente a
ele.
— Sem dúvida. — Enquanto ele se dirige na direção das portas duplas principais, ele grita para mim,
— Lucas quer que eu peça desculpas a você. A coisa é, eu não gosto de desculpas. É apenas uma palavra,
e ela não significa nada. Então, eu vou ter que descobrir uma maneira de fazer as pazes com você. — Ele
não olha para mim, mas eu gostaria que ele fizesse, assim eu poderia pelo menos ler a expressão em seu
rosto. — E eu não sei cantar, então isso pode levar algum tempo.
— Essa foi uma desculpa boa o suficiente, — eu digo baixinho, mas ele já tinha ido para o salão
principal.
Poucos minutos depois, quando ouço Cal, o guitarrista, rasgar o início de “Handcuffs” eu ando pelas
portas duplas também.
Capítulo Nove
— Isso é incrível, — Tori grita sobre o burburinho da multidão nos bastidores. Ela inclina a cabeça
para um lado, o envio de suas ondas escuras em cascata sobre a cinta larga que mantém seu pequeno
vestido preto para cima. — Não, isso é além de incrível. É uma loucura.
No início desta noite, quando eu tinha oferecido para levá-la comigo para o show ao invés de
sairmos para beber, ela aceitou o meu convite sem hesitação, cancelando em cima da hora seus planos de
ir a uma boate com um grupo de colegas de trabalho a caminho de Pomona.
— Só um pouco. — Eu me movo para fora do caminho de um cara do som que está muito ocupado
falando em um fone de ouvido para me notar. — Eu ainda estou tentando recuperar o fôlego. Eu tenho
estado assim desde a tarde quando fui apresentada novamente a cada membro da banda e vários roadies,
incluindo a equipe de figurinista, que consistia em uma mulher. Maggie veio logo me dizendo que vestir o
YTS para o show era a coisa mais fácil e descontraída que ela já tinha feito.
Lançando um olhar nervoso em minha direção, Tori mordisca o lábio inferior entre os dentes,
manchando o seu batom vermelho rubi ligeiramente. — Tem certeza que ele não se importa que eu estou
aqui?
— Eu juro que está tudo bem. Agora, pare, você está manchando todos os seus dentes de batom. —
Eu pressiono as minhas costas contra a parede para evitar um casal de mulheres passando rindo por nós.
O líquido espirra fora das garrafas perto de seus peitos e caindo no chão de concreto, deixando para trás
o cheiro de vodka. Uma vez que elas desaparecem em torno de um canto, eu proponho que Tori me siga.
— Eu tenho que admitir que nem mesmo o meu desejo de chutar as bolas do Lucas 95% do tempo
teria me impedido de ver esse show. — Ela me acompanha com o seu sapato de salto alto. — E eu nem
gosto de rock, — acrescenta ela em um sussurro baixo.
Para alguém que não gosta de rock, ela com certeza conhecia as letras da YTS bem o suficiente para
cantar em coro com todo mundo durante o show.
— Finalmente. — Eu aponto para a única porta do lugar com enxames de mulheres pouco vestidas e
alguns homens, todos se pendurando ao redor para entrar. — Esse tem que ser o lugar.
Há um guarda-costas - um cara enorme que cuida da segurança de Lucas, com toda a glória da sua
altura muscular, parecendo absolutamente normal - que guarda a entrada. Ele estava no meio de uma
discussão com uma mulher que dizia estar lá para ver Wyatt. Ela estava com o rosto vermelho fervilhante,
mas o guarda-costas não parecia perturbado.
— Que porra de lista que você está falando? — Ela exige. — Isto não é uma boate. Simplesmente
verifique - Violet Dawson. — Ela diz o seu nome lentamente, enfatizando todas as cinco sílabas.
Aguardo o guarda-costas dizer a ela para sair, mas ele parece completamente relaxado quando
responde. — Apenas a banda e os convidados estão lá agora. Press e Henley, os vencedores do Morning
Contest, devem chegar em meia hora. Você não está em nenhuma das listas.
Violet solta um suspiro de frustração. — Olha, eu saí com ele e Cal, após seu show aqui mesmo há
um ano e meio atrás. Ele vai querer me ver.
— A banda que toca junto... — Outra mulher que estava por perto inicia, mas Violet lhe atira um
olhar fulminante. O guarda-costas se inclina para dizer algo para Violet discretamente, e Tori faz um
gesto para mim me abaixar um pouco, também.
Uma vez que a sua boca está perto do meu ouvido, ela sussurra, — Só acho que quando o Sr. Guarda-
costas ali permitir efetivamente a sua entrada toda aquelas putas irão querer bater em você pra caralho.
— Obrigada por... — eu puxo Tori para fora do caminho antes que Violet pudesse acidentalmente lhe
dar um safanão com seu borrão de cabelos arrumados e perfume floral —... Fazer com que eu me sinta
melhor por estar sozinha pelo resto da turnê.
— Apenas estou afirmando o óbvio. — Ela dá um passo à frente de outra mulher e o seu namorado
para ficarmos na primeira linha da frente para falar com o homem de plantão na porta e aponta o dedo
indicador bem cuidado na minha direção. — Ela está na lista.
O guarda-costas me dá um longo olhar dos pés a cabeça, desde minhas sandálias pretas com franja,
para os meus jeans skinny preto rasgado, minha blusa preta larga e, finalmente, para os meus olhos azuis.
— Nome e identidade? — Pergunta ele. Ele levanta uma sobrancelha para Tori. — Se ela não estiver na
lista da banda, ela não vai entrar.
Abaixando a cabeça, inspeciono a minha bolsa para pegar a minha licença e falo o mais baixo o
possível, — Sienna Jensen, e verifique se na lista tem Victoria Abrams também. Ela deveria estar na
lista. — Mesmo assim, parece que toda a conversa em torno de mim parou. À medida que o guarda-
costas olha para o seu iPhone para confirmar, a porta atrás dele abre algumas polegadas. Sinjin aparece
colocando a cabeça para fora e os gritos ao nosso redor são ensurdecedores.
Ele pisca um olho verde para os seus fãs antes de abordar o guarda-costas. — Essas duas estão
dentro, David, — diz ele. O guarda-costas volta seu olhar para mim e Tori, seus lábios se curvam em um
sorriso sugestivo.
Eu sei o que ele está pensando. Inferno, é óbvio.
E eu sinto o meu sangue começar a ferver.
Estou prestes a abrir a minha boca para deixá-lo saber que não sou o que ele pensa que eu sou - e o
quão triste seria para ele pensar mal de mim mesmo se eu fosse esse tipo - mas Sin faz isso por mim. —
E apenas para que fique claro, a ruiva estará com a gente durante toda turnê. É a garota do Lucas, por isso
é uma forma rápida e real de você acabar sem o seu emprego.
Quando David se afasta para irmos para a sala, um feixe de arrepio passa pelo seu pescoço e vai até
o rosto dele, e ele murmura uma série de desculpas. Uma vez que estamos na sala, que está quase lotada
com os membros da equipe e o guitarrista e baterista da Wicked Lambs, dou a ele um sorriso
tranquilizador. Ele inclina a cabeça, envergonhado.
Mesmo antes que a porta se feche, as mulheres no corredor começam a sussurrar palavras como
“Lucas” e “puta” e “quero essa sorte” para mim. Meus dentes estão cerrados quando eu encontro o olhar
divertido de Sinjin.
— Você não tinha que fazer isso, — eu digo.
Ele dá de ombros, enxugando o suor dos curtos fios de seu cabelo preto para fora de sua testa com a
toalha listrada vermelha e preta sobre os ombros. — Poderia deixar claro para David que de agora em
diante era para olhar para você como mais do que uma gostosa que quer ver Lucas.
Se jogando para baixo em um sofá felpudo, entre duas mulheres vestidas com camisetas
personalizadas do Your Toxic Sequel (que era estrategicamente rasgada no decote para mostrar seus
peitos e barrigas lisas) e não muito mais. — Além disso, nenhuma de nossas convidadas deve ser tratada
como merda.
— Ele tem um ponto, — Tori sussurra ao meu lado, e eu reviro os olhos.
É claro que ele tem, mas eu não quero começar com o pé errado com qualquer um dos membros da
equipe, especialmente um dos guarda-costas. Acenando com a cabeça rigidamente a Sinjin, eu debato
sobre se eu deveria me afastar ou continuar aqui parada quando uma das mulheres – a ruiva que tinha um
corte de cabelo curto – abertamente desliza os dedos dentro da calça jeans dele. Ela pisca para mim.
Dane-se, não há nenhuma maneira que eu vou me afastar agora.
— Eu tenho certeza que vou ser capaz de lidar com isso por conta própria a partir de agora, mas
obrigada pela ajuda. — Eu começo a andar para longe, mas eu paro, ganhando um sorriso largo de Sinjin.
— Você sabe onde Lucas está?
Ele move a cabeça para a esquerda. — Lá dentro, mas ele está dando uma entrevista. Você pode
muito bem se servir um pouco de comida enquanto espera. — Ele inclina a cabeça para uma longa mesa
de refrescos e bebidas do outro lado da sala.
— Obrigada, — eu digo, dirigindo Tori para direita quando ela vai em direção à comida.
Encontramos Lucas em uma sala de estar separada. Ele está em um sofá de couro preto com Cilla,
sentada perto demais para o meu gosto, e conversando com um jornalista que eu tinha visto muitas vezes
no set durante os meus dias na Echo Falls. No lado oposto da sala, um cinegrafista está tirando fotos
rapidamente, assim eu volto para fora da sala.
— Quem ela pensa que é? — Tori sussurra, com as sobrancelhas franzidas enquanto ela olha para
Lucas e Cilla.
— Essa é Cilla. — Eu não posso manter a preocupação afastada da minha voz e Tori me dá uma
expressão simpática, que me faz rapidamente desviar o olhar. — Eu estava esperando isso...
Eu engulo em seco as minhas palavras quando alguém coloca o braço em volta do meu ombro. Eu
imediatamente reconheço os ganchos e as claves farpados no antebraço, assim quando eu viro a minha
cabeça, meus olhos se encontram com os olhos de Cal. Como Sinjin, ele é magro e muito perto de minha
altura, mas Cal também é bastante tonificado para um cara magro.
— Apreciando o circo? — Ele pergunta, olhando entre Tori e eu, ganhando acenos de nós duas. — Eu
sou Cal, a propósito, — ele diz para Tori, como se ela não soubesse.
Uma vez que são formalmente apresentados, e ela conta a ele sobre o seu colega de trabalho, Calvin
Romero, que tem um santuário sobre ele, Cal vira-se para mim, seus lábios se espalhando em um sorriso
fácil. — Que merda louca, hein?
Eu não tenho certeza se ele está falando do colega de trabalho de Tori ou disso – nós nos bastidores
de um show de rock – mas eu aceno a minha cabeça. Porque a dois metros de distância, Cilla está com a
palma da mão ainda parada na coxa de Lucas. Sua cabeça está inclinada para trás quando ela ri de algo
que o jornalista está dizendo e Lucas está sorrindo também. Sinjin está dois metros atrás de mim, e por
agora, há 50% de chance que ele tenha pedido para uma de suas fangirls (ou ambas) lhe dar um boquete.
Meus olhos azuis nunca quebram o contato com os olhos castanho escuro de Cal. — Sim, louco. —
Eu começo a me perguntar sobre o paradeiro de Wyatt, mas então eu balanço a minha cabeça. Agora, eu
não tenho certeza se quero saber. — Aquilo ali - eles sempre farão entrevistas após os shows assim?
Olhando para o outro salão, ele se encolhe. E, para minha mortificação, dá em meu ombro um
pequeno aperto, reconfortante. Quando ele responde, ele evita a minha pergunta, mas eu não posso culpá-
lo. — Tenho uma garrafa de Jager e Lucas de Red Bull. Fotos com fãs antes e a imprensa entra depois?
Embora Tori seja um tipo de menina que bebe licor de hortelã, ela concorda rapidamente, por isso
não tenho outra escolha senão segui-los. Mas, quando Cal nos guia para longe da porta da sala, eu não
posso deixar de dar mais um vislumbre em Cilla e Lucas. Eu não posso deixar de ver a facilidade com
que eles respondem um ao outro enquanto estão conversando sobre a turnê. E eu não posso afastar isso,
mas sinto uma pressão dolorosa em meu peito enquanto forço um sorriso para Sinjin, que se junta a nós
uma vez que Cal começa a distribuir o Jager e Red Bull.
As duas mulheres que estavam com ele desapareceram, e Sin não as mencionou enquanto se senta ao
meu lado. — Acostume-se com isso, — ele sussurra em meu ouvido.
Eu franzo as sobrancelhas em confusão, mas eu já sei sobre o que ele está falando. Eu não seria tão
ingênua. — O quê?
— Não se faça de boba. Você vai ter que segurar essa merda se você está indo com a gente para essa
turnê. Namoradas ciumentas e esposas irritadas não duram muito tempo. Porque você acha que Kylie não
está por perto? E por que a última namorada de Cal só durou alguns meses?
Ele não menciona Lucas ou a si mesmo, e eu não acho que ele vá, mesmo que eu insista no assunto. Eu
colo um sorriso em meu rosto que faz com o que eu sinta como se estivesse rachando e agarro a minha
bebida, segurando o copo com um pouco de força.
— E aqui estava eu pensando que você seria mais doce comigo.
— Não doce. — Ele pega o Jagerbomb da minha mão e o coloca para baixo, ignorando os meus
protestos. — Mas respeitoso. Honesto. No final do dia, quando tudo em torno dessa merda acaba,
honestidade é o que você vai querer mais do que qualquer coisa.

As palavras de Sinjin sobre honestidade ainda me incomodam após a entrevista de Lucas acabar. E
pelo resto da noite há pouco contato entre nós - na verdade, eu desapareço no fundo para passar um
tempo com Tori, enquanto ele cumprimenta a imprensa e seus fãs. Em um intervalo de minutos, seus olhos
castanhos levantam para longe de quem ele está falando para encontrar com os meus. Seu olhar é intenso,
como se eu fosse a única pessoa nesta pequena sala cheia de pessoas que adora ele e o resto da banda,
mas ele também está me questionando.
E nem mesmo o maior sorriso tranquilizador que eu consigo reunir é suficiente para mudar isso.
Nós não voltamos para a sua casa até perto das três horas da manhã, e desde que o ônibus estará indo
para estrada em apenas algumas horas, subimos imediatamente para a cama. Ele está em um silêncio tão
calmo por um período de tempo tão longo, que eu começo a pensar que ele está dormindo, então ele me
assusta quando finalmente fala.
— O que você achou?
— Do seu show? — Olho para ele no escuro para ver a sua cabeça balançando para cima e para
baixo. — Incrível. Mas por que não seria?
— Você parecia como se estivesse fora do ar nos bastidores.
Aperto os lençóis pretos com força. — Eu não vou dizer que não é esmagador, porque é, mas eu vou
começar a lidar com isso. Eventualmente.
— Você tem feito merda parecida com isso por um longo tempo, Sienna, — diz Lucas. — E eu vi
você fazendo essa cara antes. Não há nada, e eu quero dizer que não há absolutamente nada entre mim e
Cilla. Eu não vou mentir e dizer que nunca houve, mas posso dizer a você agora que nunca foi nada mais
do que sexo. E não acontece nada desde bem antes de você voltar à cena no início deste ano.
Se isso foi para me fazer sentir melhor, isso não aconteceu. — Desde que nós estamos sendo
honestos, me fale sobre Sam.
O silêncio volta com força total e a constrição na minha garganta só fica pior, apertando até que é
difícil de respirar e eu tenho que me sentar na cama. — É melhor você não saber.
— Eu diria a você.
Ele solta um riso amargo. — Eu duvido disso. Nós não vamos entrar nesta merda, Sienna. Eu... — sua
voz se quebra, mas eu sei que é algo importante, algo que vai queimar como o inferno.
— O quê? — Eu sussurro.
— Eu te amo pra caralho demais para te pedir para ir embora novamente, então apenas deixe pra lá.
Eu cuidei dela. Isso é tudo que você precisa saber.
— Então você deve saber que eu vou perguntar de novo.
— Eu tenho certeza que você vai.
— E depois? Nós vamos passar por isso? Você vai me dizer para esquecer isso? Vai ameaçar me
bater, se eu não deixar pra lá.
— Eu deveria. — A cama king-size guincha quando ele se inclina para perto de mim e coloca a mão
no meu joelho nu. — Eu deveria dizer um foda-se ao sono e passar as últimas horas na minha cama dentro
de você, em vez de discutir sobre a merda que eu não posso mudar. Ela fode com a minha cabeça o
bastante sem ter você para me lembrar.
Eu cubro a sua mão com a minha, entrelaçando nossos dedos enquanto ele dá ao ponto sensível no
meu joelho um pequeno aperto. — Eu não quero isso.
Mas quero a honestidade.
Ele puxa uma respiração profunda, e quando ele continua, sua voz é mais calma. — Eu sei que você
não quer. Tudo o que você precisa saber sobre Sam é que está acabado. Esse pensamento sobre ela é
ruim para a música. Ruim para esta turnê. E uma merda para mim.
Uma vez, ele tinha falado que eu era ruim para a sua música, mas eu entendo como a sua ex-esposa
pode estragar a sua produtividade. Mesmo que eu não entenda a razão por trás dele ser tão evasivo.
Afastando-me dele, eu deslizo para fora da borda da cama.
— Si... — ele começa, mas eu balanço a minha cabeça.
— Eu estou bem. — Eu ando pelo escuro e paro na porta do quarto e ligo o interruptor colocando
iluminação apenas o suficiente para dar uma boa olhada em seu rosto. Suas sobrancelhas escuras estão
puxadas firmemente juntas, e ele está arrastando a palma de sua mão sobre a tatuagem de coração cheio
de punhais cobrindo o peito. — Eu vou pegar um copo da água, precisa de alguma coisa?
Ele balança a cabeça, e quando vou para o corredor sua voz me congela. — Isso ainda é novo para
mim.
A tensão repuxa as minhas omoplatas. — Eu sei que é. Já volto.
Eu gasto mais do que alguns minutos lá embaixo, porque eu cometo o erro de pegar o meu laptop da
enorme pilha de malas esperando no hall de entrada de Lucas. Enquanto eu bebo uma garrafa de água, eu
verifico meu e-mail. Três alertas do Google tinham chegado à minha caixa de entrada desde a última vez
que verifiquei há várias horas.
Cada notificação tinha o link de um artigo que me conecta com Lucas Wolfe e Your Toxic Sequel.
— Designer de Nashville consome Wolfe, — eu sussurro, lendo um dos títulos de fofocas em voz
alta. Abaixo há uma foto - uma que eu não tinha percebido que tinha sido tirada, porque eu estava de
costas - de Lucas e eu mais cedo esta noite, em um dos nossos raros momentos sozinhos. Sua mão está
descansando na parte inferior das minhas costas e ele se inclina para perto de mim, seus lábios cheios
trabalhados em um sorriso sexy.
Porque eu não estou pronta para tomar um golpe enorme na minha confiança ao ler o que os fãs têm a
dizer sobre isso, eu saio do site em vez de rolar para baixo e ler os 87 comentários que já foram
postados.
Eu sabia que isso ia acontecer. Eventualmente. Eu só não tinha percebido que a imprensa iria cair em
cima tão cedo.
Eu começo a sair do meu e-mail, mas uma nova mensagem no topo da minha caixa de entrada chama a
minha atenção. É um formulário de consulta enviado diretamente do site que eu tinha pedido para um
amigo criar sobre a minha consultoria de figurinos. Eu clico sobre ele, esperando um pedido de cotação
de preços ou uma mensagem de um dos meus clientes.
Ao contrário, é uma mensagem curta que não tem absolutamente nada a ver com o meu trabalho. Três
frases, mas apenas o suficiente para fazer meu mundo girar.
Ele não perdeu tempo em voltar para você. Espero que aproveite, Sienna Jensen. Eu só quero
saber... Se você ainda assim irá querer ele quando eu terminar.
-SAMANTHA W.
Não há necessidade de investigar ou imaginar quem é Samantha, porque é óbvio. Falando no diabo
instável - o diabo que, pessoalmente, tinha me procurado em meu site de consultoria apenas para me
enviar uma mensagem agressiva. Com os dedos e mãos formigando, eu fecho o meu laptop, o colocando
de volta na bolsa, e o levando de volta para a sala. Eu vou na ponta dos pés para o andar de cima, onde
eu encontro Lucas de bruços, dormindo profundamente.
De pé sobre o meu lado da cama, afrouxo as minhas mãos, querendo acordá-lo, embora soubesse que
seria inútil. Dizer a ele que a sua ex me ameaçou por e-mail, por assim dizer, e que não tem nada que ele
possa fazer, apenas vai frustrá-lo. E, além disso, só vai parecer que eu não posso lidar com a minha
merda, exatamente como Sinjin tinha me alertado mais cedo.
Ele não se move quando me estico ao lado dele ou quando eu limpo a minha garganta.
— Quando tudo isso acabar, você, Lucas-Fodido-Wolfe, vai me contar tudo.
Capítulo Dez
Lucas
O toque estridente do meu telefone, e não o meu despertador, que me empurra para fora da cama.
Sienna está dormindo pacificamente na cama ao meu lado e o quarto está escuro, mas eu sei que estamos
atrasados. Aceito a ligação, sabendo muito bem quem está esperando do outro lado da linha sem olhar
para a tela.
— Acorde, — Kylie canta. — E não me venha com essa conversa de que já estava. Eu posso
praticamente ouvir o bocejo em sua respiração.
Eu ligo a lâmpada da cabeceira. — Por que diabos eu sinto que você estará fazendo isso mais do que
Tyler no próximo mês e meio?
Ela bufa. — Eu posso não ter saído em turnê, mas eu ainda sou sua assistente. É o meu trabalho
certificar que você está fazendo o que é certo. Incluindo acordar no horário e não perder o ônibus.
— Primeiro, eles não vão me deixar para trás, e dois, se você continuar reclamando na minha orelha,
eu nunca chegarei até eles. Eu vou te ligar assim que chegar lá. — Nós encerramos a chamada na mesma
nota, e quando eu finalmente olho para a tela, eu percebo que Kylie está me chamando do número local de
McCrae e não da sua casa em New Orleans.
Ela estar na cidade explica o porquê Wyatt estava longe de ser encontrado ontem à noite, e eu tenho
que admitir, é um alívio. Nada iria estragar essa turnê mais rápido do que isso.
— Acho que você não estava mentindo sobre essa coisa de manhã cedo, — diz Sienna, e eu olho para
trás para vê-la sentada, com o cabelo vermelho todo espalhado, parecendo como o melhor tipo de
confusão. — Tenho tempo para tomar banho ou estamos atrasados demais?
— Tyler vai ter que sobreviver a isso. — Eu roço a minha mão em um lado de seu rosto, e ela treme.
— E não existe nenhum fodido modo de que você vai para aquele banheiro sem mim.
Meia hora mais tarde, quando descemos, já tem um carro esperando na frente por nós - coisa de
Kylie, porque ela é a única pessoa além de mim e da minha empregada que tem o código para o portão.
Uma vez que Sienna e eu estamos em segurança, e o carro começa a se mover, eu afundo de volta no
assento de couro preto, espremendo os meus olhos fechados e deixo a minha cabeça cair para trás sobre
o encosto.
Esta é a primeira vez em meses que eu tinha dormido demais, mas não foi por um bom motivo. Eu
tinha uma filha da puta de uma dor de cabeça. E o pouco de sono que consegui ontem à noite foi
preenchido por sonhos de merda. O único lado bom foram os 20 minutos que passei no banheiro com
Sienna, com meu pau enterrado dentro dela e as suas unhas arranhando um padrão cruzado nas minhas
costas enquanto estávamos transando contra a parede de azulejo.
Mesmo assim, mesmo depois da sua liberação, ela ainda está tensa com a discussão sobre Sam na
noite passada.
Automaticamente, os músculos na parte de trás do meu pescoço ficam tensos. Que Samantha se foda.
Ela manteve a sua promessa de me deixar em paz e ainda assim ela está me causando problemas.
Sienna repousa a mão no meu peito. — Você está bem? — Sua voz está preocupada. Mesmo quando
ela está frustrada comigo - e com ninguém mais - minhas necessidades ainda vem em primeiro lugar para
ela.
Abro os olhos para apreciar a visão dela. — Quais das muitas das cidades da turnê você já esteve?
Suas sobrancelhas se unem sobre os seus olhos azuis. — Você sabe que você é o homem mais evasivo
e irritante que eu já conheci?
— Lá vai você de novo. — Eu roço o meu polegar sobre sua bochecha e seu ombro levanta um
pouco. — Responda a pergunta, Sienna. Quantas?
Ela segura a respiração e em seguida a deixa escapar. — Poucas — diz ela. Eu traço meu dedo ao
redor da gola da sua camiseta apertada e ela desprende o seu sexy cabelo ruivo. Olhando para as coxas,
ela continua, — Nós não tivemos muitas férias quando os meus pais ainda estavam juntos. Uma vez que
eles se divorciaram, as poucas viagens acabaram. A menos que você conte a tentativa meia-boca do meu
pai conseguir que eu e Seth fossemos morar em Maine.
Eu não sei muito sobre a infância de Sienna, mas as poucas vezes que ela mencionou isso, ela quase
que imediatamente mudou de assunto. Ouvindo a decepção em sua voz, só faz com que eu queira a
proteger ainda mais.
— Vou levá-la a todos os lugares comigo. — Para tentar fortificar as minhas palavras, eu tomo as
suas mãos, segurando os seus dedos longos e finos entre os meus. — Contanto que você não fique
cansada disso e me eu ir me foder.
Mergulhando a cabeça, ela pressiona os seus lábios no meu pulso mais próximo do seu rosto. — Eu
sou uma virgem de viagens. Eu não vou ficar cansada.
Olhando de relance para o motorista que continua com seus olhos presos no espelho retrovisor, eu
largo as sua mãos e toco com a minha boca em sua orelha. — Não se preocupe, eu vou... — eu começo,
mas então eu percebo que ela não está usando o seu usual perfume com aroma de maçã hoje, mas
qualquer outra coisa com um toque de cereja. — Porra, você cheira bem o suficiente para ser comida, —
eu sussurro.
— Boa sorte com isso no ônibus. — Ela inclina a cabeça para a visão dos cinco ônibus estacionados
próximos. — Puta merda... Você nunca disse que eram tantos.
— É uma grande turnê, Ruiva. Dois ônibus para nós, um para o Wicked Lambs e mais dois para a
equipe. Nós passamos muitos dias no ônibus de merda.
— Isso soa tão incrivelmente arrogante.
— Apenas estou sendo honesto. — Lamento essas palavras no momento em que falo. A irritação
passa rapidamente em seus olhos azuis, mas ela pisca, foi embora tão rápido quanto veio. Nosso
motorista desacelera o carro para um estacionamento, e assim que ele sai para pegar nossas coisas, eu
levo a conversa de volta para onde eu tinha a intenção de ir antes, quando o seu perfume tinha me fodido.
Para um lugar bem longe das palavras como passado, verdade e honestidade.
— Só para você saber, sua bunda é minha assim que eu entrar naquele ônibus e eu vou gastar meu
tempo aproveitando com você em cada nova cidade, — eu sussurro e ela corre a língua sobre os lábios.
Eu não consigo decidir se são apenas seus nervos ou uma tentativa de me testar.
— Acho que isso não tem nada a ver com fazer passeios turísticos, — ela diz quando o motorista
abre a porta para ela. Estou bem atrás dela, firmando o meu aperto nos seus quadris, para que ela não
caia de suas sandálias de salto anabela que fazem as suas pernas parecerem ainda mais longas. Quando
me levanto, meu pau roça contra a sua bunda, e ela empurra para frente, dando um suspiro agudo.
— Isso foi de propósito. — Wyatt está se aproximando de nós, eu sorrio e mantenho a minha voz
baixa o suficiente para só ela me ouvir. — Como eu disse lá, sua bunda é minha. — Sua boca se separara
quando ela vira a cabeça para olhar para mim. — Você pode levar isso como quiser, por enquanto.
— Honestamente, eu estou com medo de levar de qualquer maneira.
Nossa conversa é deixada para depois por causa de Wyatt, que me dá cerca de 10 desculpas sobre o
porquê ele sumiu após o show da noite passada, até que ele finalmente confessa e admite que Kylie voou
de New Orleans para passar a noite com ele. — Eu já sei onde você estava, — eu digo, quando ele
termina.
Quando ele olha para mim, ele está empurrando um cigarro na boca. — Então, por que diabos você
me deixou passar por tudo isso?
— Ao contrário da minha irmã, eu não sou contra ver você se fodendo em algum canto de vez em
quando. — Chegamos ao segundo ônibus preto com o logo da banda - um coração cheio de punhais -
estampada na lateral. Eu corro a minha mão para baixo do antebraço de Sienna e a olho. — Este é nosso.
Dê-me cinco minutos e eu vou estar lá logo.
— Só nosso?
— Isso não seria conveniente, — diz Wyatt sob sua respiração. Levando o punho à boca, ele limpa a
garganta e adiciona em voz alta, — você e Lucas. Qualquer que seja o motorista do ônibus na escala do
dia. Sinjin. Aquele fodido do Sin.
Os lábios rosados de Sienna arrastam um sorriso apertado, levando-me a debater se devo ou não
perfurar a boca de McCrae. — É bom ver você de novo, Wyatt, — diz ela logo antes de subir os degraus
do ônibus. Uma vez que eu ouço que ela está se apresentando para o motorista do ônibus, eu enfrento
Wyatt.
— Você sabe que eu sou maior do que você.
Enfiando as mãos nos bolsos, ele concorda. — Sim.
— E que você não precisa dos seus dentes para tocar sua guitarra maldita.
Ele bate no meu ombro, mas eu não me movo. — Eu estou com inveja de você. — Ele olha acima das
escadas do ônibus. — Nós todos estamos. Agora não foda nada e aprecie o que você tem. Mesmo que ela
esteja aqui para... — ele sorri largamente e limpa a garganta —... Trabalhar.
— Não vá foder tudo que tem uma boceta e talvez Kylie apareça. — No passado, eu joguei com
ignorância e não me meti em seu relacionamento. Isso mudou quando eles se casaram. — Não foda mais
com ela.
Wyatt continua em um atordoado silêncio enquanto eu entro no ônibus, mas fala antes que eu esteja
completamente fora do alcance da sua voz. Eu não ouço exatamente as suas palavras porque minha
atenção é atraída para Sinjin, que está dando a Sienna sua versão com ressaca de uma visita teleguiada
pelo ônibus, mas eu sei o que Wyatt está dizendo.
Preciso seguir o meu próprio conselho.

Eu não vou dizer besteira e que não é uma pouco difícil, mas os primeiros dias no ônibus não são
potencialmente tão confusos para o que eu me preparei que fossem. Sinjin não está andando por aí tão
bêbado que estaria fora de sua mente, por isso ele é uma companhia decente e Dave se mantém discreto
quando estamos seguros no interior. Porque nós não temos outra porra de escolha, nós caímos em uma
rápida rotina. Sienna concentra uma grande quantidade de atenção no figurino, enquanto Sinjin e eu
trabalhamos na música e Dave vai e vem depois dos shows, mantendo-se atento para impedir a entrada
furtiva de peitos e bundas que tentam encontrar o seu caminho para o ônibus.
Ainda assim, eu estou cansado do ônibus – com sua versão ampliada do box do chuveiro – no
momento em que entramos em nosso quarto no hotel em Denver no meio da tarde, no terceiro dia da turnê.
Sienna, obviamente, está pronta para uma pausa também. Mesmo antes que a porta da nossa suíte se
fechasse, ela já tinha caído na cama sorridente, enrolando os dedos dos pés nos lençóis brancos.
— Eu pensei que eu nunca iria querer ver um Four Seasons novamente, mas isso é celestial, — ela
suspira.
Foda-se.
Desde que eu estou do outro lado do quarto e seus olhos estão fechados, ela não pode ver os meus
músculos se contraindo com a menção do que aconteceu no hotel em Atlanta. Eu a tratei como uma merda.
No momento em que ela se senta, passando os dedos pelo cabelo, recupero o controle. Atravesso a sala
lentamente, permitindo-me um pequeno sorriso quando o seu peito sobe e desce mais e mais rápido com
cada um dos meus passos.
— A pausa é boa por causa dos batuques malditos do Sin, não é?
— O cara faz uma bateria em tudo o que vê. — Mas ela está sorrindo. Ela puxa os joelhos até o peito
e eu deixo o meu olhar seguir o caminho das suas unhas vermelhas pelas colchas, imaginando como elas
vão ficar sobre os meus ombros mais tarde. — Quanto tempo ficaremos aqui?
— Até amanhã pela manhã. A próxima cidade está apenas algumas horas de distância. — A
necessidade de estar dentro dela está superando tudo o que eu tenho planejado e eu sei que eu tenho que
sair deste quarto antes que isso aconteça. Eu já tinha falado para Tyler que eu iria para o seu hotel para
uma reunião e até agora não tirei o meu telefone do bolso. — Descanse um pouco. Eu tenho alguma merda
da banda para cuidar e, em seguida, eu sou seu.
Ela começa a protestar, mas eu levo o meu rosto para o dela cobrindo os seus lábios macios. — Aqui
estava eu pensando que tinha conseguido quebrar esse seu hábito irritante.
Ela demora um segundo para responder, e quando isso acontece, ela traça a sua língua em volta dos
meus lábios falando cada palavra. — Não é meu... — ela limpa a garganta quando continua, com a voz
mais baixa uma oitava —... Hábito de ser irritantemente condescendente com todos que atraiu você para
mim em primeiro lugar?
Ela começa a rotatividade de sua língua, mais uma vez, mas eu afasto a minha boca. Eu me inclino
para ela, minhas mãos colocadas em ambos os lados de sua cabeça. Ela geme baixinho, suplicante
quando as nossas bocas esmagam juntas. No momento em que seus dedos tocam a minha coxa, eu empurro
para longe.
— Descanse um pouco, — eu digo a ela novamente. O olhar que ela me dá é o suficiente para romper
a minha fina camada de controle, mas eu viro bruscamente para fazer uma saída rápida.
Porque Tyler tinha ficado em um hotel diferente, Wyatt e eu fomos andando com David severamente
atrás de nós. O Embassy Suites está cerca de cinco quarteirões de distância e o puto do Wyatt foi todos
os sete minutos da viagem falando em como Cal e uma das amigas da minha irmã o tinham mantido
acordado com suas conversas altas e inapropriadas por telefone.
— Eu apenas estava esperando por fetiches realmente muitos estranhos. Balões de besteira
estourando ou... — ele faz uma pausa quando uma mulher empurrando seus filhos em um carrinho duplo
se vira e o encara. — Eu sei o que você está pensando, — ele diz a mim com mais calma.
— Por que eu acho que você tem passado muito tempo com a sua mão?
— Foda-se, Lucas.
Eu vou para dentro do lobby do hotel, com a cabeça baixa. Mesmo que seja apenas um pouco depois
das duas, as mulheres já estão andando ao redor da entrada, ganhando olhares irritados da equipe do
hotel. Com um dos ônibus da turnê estupidamente estacionado ao lado do prédio não é preciso ser um
gênio maldito para descobrir porque elas estão aqui.
Felizmente para mim e Wyatt, Brady Callahan, o guitarrista do Wicked Lambs já está no saguão
autografando os peitos e covinhas traseiras - todas que ele conseguiu antes que elas fossem atiradas para
fora do prédio pela segurança do hotel.
Uma vez que estamos longe da desordem e quase chegando nos elevadores, falo para Wyatt baixinho,
— Se isso ajudar, eu vou comprar alguns tampões. Então você não será capaz de ouvir Cal e Heidi
falando sobre balões explodindo ou o que quer seja e eu não terei que ouvir você gemendo e reclamando
sobre isso.
Seus olhos estão baixos, em direção ao chão, mas quando eu dou uma olhada em sua direção, eu
posso dizer que ele está sorrindo.
— Não... Mas eu me sinto mal por Sin. É a porra de um golpe viver com o rei das cordas e algemas.
— Antes que eu possa responder, ele faz uma careta para a multidão que espera pelo elevador. — Vou
subir as escadas. Vejo você no topo seu fodido preguiçoso.
Quase imediatamente depois que ele vira uma das esquinas em direção às escadas, as portas do
elevador se abrem e a fila começa a diminuir. Eu espero até que não haja ninguém restando para pegar um
lugar.
No momento em que David e eu entramos no elevador, temos companhia.
Duas mulheres - ambas vestidas em pequenos shorts pretos e camisetas apertadas - que vem para
dentro. Elas se parecem com as que eu tinha visto há minutos atrás na fila na porta do hotel. Elas também
sabem quem eu sou. Isso é óbvio pela pele corada e pelo jeito desastrado que elas teclam nos telefones
celulares.
Foda-se.
— Eu já vi você em turnê quatro vezes. — A mulher que fala comigo é ruiva, - não era natural - mas é
próximo do tom de fogo de Sienna. Eu não posso evitar, mas me pergunto se ela tinha colorido de
propósito - como a minha ex-mulher tinha feito no início deste ano. — Eu amo sua música. Amo
“Handcuffs” e “Ten Days” e... — Ela se move para frente, mas David dá um passo entre ela e eu,
balançando a cabeça para cada lado.
— Minha senhora, você vai precisar dar um passo para trás.
Normalmente, eu não dou a mínima. Eu acho que me faz um idiota em admitir isso, mas eu não dou.
Gostaria de descer deste elevador no próximo andar e não haveria dúvida em minha mente que a ruiva e a
sua amiga ainda viriam ao meu show hoje à noite. Era uma coisa de controle.
Isso também era fodido.
Eu esfrego a ponta do meu polegar sobre meu queixo e encosto contra a parede do elevador. — Que
shows? — Eu pergunto. A sobrancelha de David empurra para cima, mas eu ignoro a sua surpresa.
A ruiva olha momentaneamente atordoada e sua boca fica aberta por um longo tempo. Finalmente, sua
amiga responde por ela. — Dois anos atrás. Los Angeles, Las Vegas e Salt Lake City. — A morena
estende os braços contra a grade que cerca o elevador e balança a cabeça. — Teresa segue tudo do YTS.
Eu não tenho nenhuma ideia do que porra tudo do YTS era, mas eu aceno e faço uma nota mental para
ir até o Google uma vez que acabar com Tyler. — Ok, então apenas três shows até agora. Mas eu estou
vendo você hoje à noite, — diz Teresa.
Ouvi-la falar faz com que percebamos porque não tínhamos saído do elevador ainda, apesar do fato
de eu já ter passado do andar onde estava Tyler. Essas mulheres não vieram até mim se oferecendo para
serem comidas no chão da primeira lavanderia a vista, ou até mesmo tinham falado comigo com algum
tom convidativo em suas vozes.
— Então acho que é melhor eu cantar bem pra caralho, hein? — Eu pergunto e Teresa bufa.
— Lucas Wolfe não decepciona. Nunca.
Ficamos no elevador por mais um minuto, e no momento em que saio, eu tiro uma foto com as duas
mulheres. David me dá um olhar engraçado quando finalmente sigo para a esquerda, para o quarto 708 de
Tyler.
Todos, menos Sinjin, estão aqui, e pouco tempo depois Cilla aparece cheirando a bebida e com os
olhos avermelhados; a importante reunião de Tyler leva cerca de 15 minutos. O Aniversário de Sin é em
uma semana e Tyler quer ter certeza de que estaremos na festa surpresa após o show em St. Louis, que é
uma noite depois de um dos nossos dias de folga. É algo que poderia ter sido feito por mensagem ou e-
mail e quando aviso Tyler que estou de saída, ele me dá um sorriso frio.
— Suponho que você não virá para a festa do Sin?
Seu tom de voz me irrita. Esta é a segunda visita que faço a Tyler, mas esta é a primeira vez que eu
bati a cabeça com ele. Eu fecho a porta e algumas das pinturas genéricas se mexem na parede, quando me
sento na cadeira em sua frente. — Na verdade, eu posso controlar o meu pau mais do que você me dá
crédito, então eu estarei lá.
Tyler abre o mini-bar. — Eu tenho escutado coisas boas sobre a sua menina de Maggie. — O fim da
sua declaração é enfatizado e eu sei o que ele quer discutir. E eu provavelmente não vou gostar. Ele
estende um Red Bull, que eu recuso. — Eu vou direto ao assunto aqui, Luke. Ela estar com você nessa
turnê está fazendo as coisas serem mais difíceis para Cilla.
Difíceis para Cilla?
— Sienna não vai a lugar algum, por isso Cilla aceita o fato ou pede para sair. Acho que você está se
esquecendo de que nenhum de nós queria Wicked Lambs nesta turnê, em primeiro lugar, porra.
Sinjin tinha ido ao ponto de ameaçar se retirar no dia do nosso primeiro show em Los Angeles. Ele
havia me dito que ela mexia de forma ruim com ele - que ela é “sua Sam”.
Tragando uma dose de vodca direto da garrafa Skyy em miniatura, Tyler abaixa o vidro para cima do
balcão e esfrega o queixo, pensativo. — Ela está bebendo muito.
Eu não estou surpreso, mas a minha respiração está saindo em rajadas pelas minhas narinas quando
eu comento. — Como eu disse, se Cilla tem um problema com Sienna ou com qualquer outra coisa, diga
para ela que eu estou saindo então.
Tyler ergue as mãos defensivamente. — Ei, acalme-se, certo? A última coisa que precisamos é que
você saia por ela e estrague as coisas. Eu pensei que fossemos... Amigos.
— E somos. — Fico de pé, dando passos largos até a porta. — Isso ainda não muda o fato de que
nenhum de nós queria sair em turnê com Cilla. — Tyler começa a protestar, mas eu não dou uma chance a
ele. — E a última coisa que eu preciso agora é você tentando me fazer sentir que sou o merda
responsável por ela.
Eu bato a porta atrás de mim com tanta força que David, que está esperando por mim no corredor,
pula. — Vamos sair deste lugar, — eu rosno.
Quando saio do elevador, a multidão no saguão multiplicou e eu posso ver o motivo. Cilla se juntou a
Brady, e ela está posando para fotos com seus fãs. Não leva muito tempo para perceberem a minha
presença. Apesar da exibição, - ela lança seu longo cabelo preto por cima do ombro antes de se inclinar
para dar um beijo na boca de um de seus fãs para uma foto - seus olhos estão suplicantes quando ela se
afasta indo para outra mulher.
— Chefe, — diz David, sacudindo a cabeça em direção à saída assinalada a três metros do elevador.
— Você não quer andar por essa multidão.
Não, eu não quero.
Meu humor é escuro à medida que caminhamos de volta para nosso hotel e a única coisa que ajuda é a
maneira como Sienna se molda contra mim segundos depois que eu abro a porta do nosso quarto.
Devido à nossa história. O passado dela com Sinjin. E o fato de que a última vez que nós entramos
em turnê em conjunto, vários anos atrás, a minha vida tinha se tornado uma merda.
Capítulo Onze
Sienna
Quando Lucas retorna, dando-me a notícia de que seu empresário está planejando uma festa surpresa
para o vigésimo nono aniversário de Sinjin na próxima semana, eu vejo além de suas narinas e os olhos
duros. Eu finjo que ele não está distante pelo resto do dia, depois de seu show naquela noite, e até mesmo
no dia seguinte. Mas quando escuto o sinal sonoro alto do ônibus estacionando, acordo no início da
sexta-feira de manhã frustrada e cansada. Uma vez que não tem nada a ver com estar atrasada para o
show da noite passada, eu relutantemente me convenço a fazer algumas perguntas.
Em vez de me aproximar de Lucas diretamente, ou ligar para Kylie para lhe incomodar, eu decido
perguntar a Sinjin. Ele é um homem de poucas palavras que são quase sempre sarcásticas e geralmente
ofensivas, mas ele percebe tudo.
Finalmente tenho a minha chance pouco antes do meio-dia, quando Lucas deixa o nosso ônibus
estacionado para ir falar com Tyler. Uma vez que ouço a porta da frente ser fechada, eu espero um par de
minutos e, em seguida, sigo o cheiro do que de Sinjin jura que são (porque ele deve confundir a minha
pessoa um pouco ingênua com uma incrivelmente estúpida). Ele me leva para o corredor acarpetado até a
cozinha, onde Sin está sentado à mesa, fumando e olhando para algo em seu computador. Ele está sem
camisa e descalço, vestindo apenas calças jeans, e seu cabelo preto ainda está úmido de um banho.
Timidamente, eu deslizo para o assento em frente a ele. — Como está indo?
Uma de suas sobrancelhas negras levanta. Ele faz mais uns clicks em seu notebook e depois me olha.
— Ou você tem uma pergunta sobre o seu namorado barulhento – yeah, eu fodidamente ouvi tudo esta
manhã, e eu sinceramente me senti bem familiarizado com a sua boceta – ou você decidiu que você não
pode resistir ao meu charme.
Será que ele realmente disse isso? Em um esforço para esconder as chamas subindo pelo meu rosto, e
direciono meus olhos para baixo, onde a bainha da minha camiseta cinza encontra o meu short preto e
branco. Meu silêncio se encontra com seu riso. — E eu fiz você ficar envergonhada, — ele brinca. —
Tudo bem, Sienna, fale o que você quer. Eu sou todo seu.
Forçando para longe o pensamento dele escutando o que havia acontecido no compartimento traseiro,
eu limpo minha garganta, levanto meus ombros, e olho do outro lado da mesa para ele. — Você sabe o
que está acontecendo com ele? Por que ele tem estado tão...
— Lucas? — Quando eu reviro os olhos, Sin sorri. — Faz com que eu sinta tudo por dentro morno e
distorcido que você está vindo para mim por respostas que quase todo mundo nessa turnê já sabe.
— Você está sendo um idiota.
— Então use seu cérebro, linda. Ele tem você aqui com ele. Ele tem Cilla sempre tentando pular no
seu pau. — Ele dá uma tragada em seu baseado e exala a fumaça na minha cara, e eu recuo, agitando-a
para longe. — Olha, a única pausa que o filho da puta está tendo é que Sam não tem aparecido com a
besteira que ela normalmente traz a cada turnê.
Sam. Ao ouvir o nome dela eu estou enfiando minhas unhas dolorosamente em minhas palmas. Sinjin
deve perceber isso porque ele inclina o corpo para frente e olha para as minhas mãos crispadas, os olhos
de repente pensativos. Eu salto para os meus pés e pego uma Coca-Cola da geladeira ao lado de nós.
Quando eu volto para o meu lugar, a expressão idiota cínico voltou ao seu rosto.
— Faça eu me sentir melhor sobre Cilla, — eu digo, abrindo a minha bebida. — Qual é o seu negócio
com ela?
Além do fato de que seu humor está em todo o lugar. Até agora ela alternava entre ser razoavelmente
cordial para mim, ignorar a minha existência e duas noites atrás, bêbada, discutindo com David nos
bastidores que eu definitivamente não estava na lista pós-show.
Sinjin suga as bochechas, fazendo seu rosto parecer ainda mais fino. — Você quer que eu te diga que
é complicado, não é?
— E é mesmo?
— Não realmente. Eu não dei a mínima para ela, ela perseguiu Lucas. — Ele pensa sobre isso por um
momento e depois bufa com desdém. — Correção, sua bunda ainda está perseguindo Lucas. E ela jura
que não é como as groupies, mas ela o deixaria fazer tudo com ela.
Ugh, por que ele parece tão absolutamente alegre quando ele me diz isso? Como se pudesse ler a
minha mente, ele pisca um olho verde para mim. — Você vai ficar bem. Mesmo que ela não fosse uma
cadela bêbada, Lucas ainda não gostaria dela. Não é o tipo dele. É você. — Ele fica em silêncio, e só
quando eu começo a pensar que ele terminou de falar, ele bate fechando o seu notebook. — Eu quero que
você tenha cuidado com ela. E pare de olhar para mim como se eu fosse um idiota – eu estou cuidando de
você.
Deixo escapar um riso grosseiro que queima o fundo da minha garganta. — Existe alguma mulher do
passado de Lucas que não devo me preocupar?
— Kylie. Ela é a única que não vai tentar te apunhalar pelas costas.
— Bom saber.
Felizmente, seu telefone começa a zumbir na mesa entre nós. Eu consigo ver o nome “Zoe,” antes que
ele me dê um olhar fulminante e pegue o iPhone na sua mão. Ele espreita em direção a sua seção do
ônibus - quatro beliches no meio, à direita, antes do compartimento que venho dividindo com Lucas -
deixando para trás o cheiro de fumaça misturada com sabonete Ivory.
Correndo o meu dedo ao redor da borda fria da minha bebida, eu fecho meus olhos e forço o meu
cérebro para resolver o problema com Cilla. Para ser honesta, eu não posso chegar a uma única solução
que não nos envolve entrando em uma briga verbal, ou o inferno, até mesmo uma briga física.
Ela me vê como uma ameaça. Eu só quero que ela deixe Lucas em paz.
Eu não percebo que eu já não estou mais sozinha até que eu ouço um homem limpando a garganta
lentamente. Abro os olhos, à espera de encontrar Sinjin ou até mesmo Lucas, mas o rosto bronzeado de
Wyatt está sorrindo para mim.
Vendo que ele tem a minha atenção, ele inclina seu corpo alto e magro de volta contra o balcão na
pequena cozinha atrás dele. — Você está bem?
Eu passo à mão pelo meu cabelo e levanto os ombros. — Eu estou ok. Você está por aqui para ver
Sinjin?
— O que posso dizer? Eu estava bem com um ônibus, mas Lucas gosta de seu espaço. Sin está por aí?
Eu aponto o dedo indicador para o outro lado do ônibus. — Ele está em uma ligação no momento.
— Ah, eu vejo. — Em vez de tomar a indisponibilidade de Sin como a deixa para sair, Wyatt puxa um
maço de cigarros do bolso de trás. Ele puxa um, mas, em seguida, faz uma pausa e me dá um olhar
interrogativo. — Você...
Eu balanço minha cabeça. — Não, eu não me importo. — Seus ombros cedem em alívio, e enquanto
ele acende o seu cigarro com seu isqueiro New Orleans Saints, meus pensamentos vão para Kylie. — Eu
estou supondo que você não pode esperar até o show de New Orleans.
Ele balança a cabeça rapidamente e murmura um — Uhuuum.
— Você acha que ela vai vir e mudar de ideia? — Após o show de hoje à noite, será um pouco menos
de 40 dias de turnê, mas eu estaria mentindo se não admitisse como em êxtase eu estaria se Kylie
estivesse por perto.
Wyatt solta um longo suspiro e revira os olhos azuis escuros em direção à iluminação embutida no
teto do ônibus. — Espero como a merda que sim, porra. Isso é... Difícil. — Ele me oferece um sorriso
tenso que eu tento retornar. Tudo o que posso pensar é o pouco da história de Kylie e Wyatt que eu
conhecia.
— Certo.
Se inclinando para frente, ele esmaga os restos de seu cigarro no cinzeiro de Sinjin e me lança um
olhar envergonhado. — Eu sei o que você está pensando.
— E eu juro que não é sobre a assistente naquele estúdio de gravação em fevereiro, — eu digo
docemente. Ele pega o peito como se ele estivesse ferido, e eu estreito meus olhos.
— Eu não quis transar com ela. — Liberando o peito, ele esfrega a palma de sua mão sobre a parte
superior da testa, bagunçando seu cabelo loiro escuro curto com os dedos tatuados. — O que eu a deixei
fazer não estava certo, especialmente desde que foi alimentado por eu estar chateado com Ky por ela não
vir para Nashville, mas eu não transei com ela.
— Você não tem que me explicar.
— Claro que eu tenho.
A poucos metros de distância de nós, Sinjin geme alto sobre como sentimentalismos reviram seu
estômago, e Wyatt e eu viramos para ele. Ele tirou uma camada de roupa - agora ele está vestindo apenas
boxers xadrez – e eu torço meus lábios para o lado para segurar qualquer tipo de reação. Embora ele
esteja olhando para Wyatt, as suas palavras são destinadas a mim. — Foda-se, Sienna, não é mesmo o
que você pensa que é.
Eu deslizo minha bunda do assento de couro da pequena sala de jantar e me seguro. — Eu não ia
dizer uma maldita palavra.
Sinjin ri - um daqueles raros, únicos e genuínos, que parecem estranhos vindos dele, enquanto eu
passo por Wyatt e tropeço para fora do ônibus. A luz solar do início de agosto bate contra meu rosto,
quente e ofuscante. Eu olho em volta para encontrar meus óculos de sol, mas depois eu decido deixá-lo.
Para começar, eu não quero interromper a conversa. E em segundo lugar, eu não necessariamente quero
ouvir o que quer que a conversa possa ser.
Descendo o degrau inferior do ônibus, eu puxo o meu telefone do meu bolso e ligo para vovó. Eu não
tenho falado com ela desde quarta-feira, e mesmo que eu a verei no final da próxima semana, quando eu
voltar para casa para um trabalho que eu já tinha confirmado, eu sinto falta dela.
Quando eu não a encontro em casa, eu tento o seu número de celular. Ela atende após alguns toques, e
eu posso ouvir o prazer em sua voz. É impossível não sorrir também. — Nós estávamos falando de você
esta manhã! Você está tendo um bom tempo?
Desde que eu supunha que “nós” refere-se a ela e meu irmão, eu digo, — É muito diferente...
— Não é o tipo ruim de diferente?
— Não, não, isso é bom, — eu a tranquilizo. — É claro que, quando eu me acostumar com tudo isso,
a turnê vai acabar.
— Você trabalha muito?
Segurando meu telefone entre a orelha e a curva do meu pescoço, eu esfrego as palmas das mãos na
frente dos meus shorts. Até agora, trabalhar como figurinista de Lucas consistiu em muito pouca
consultoria e figurino limitado. Literalmente. Sem dúvida vovó já está ciente disso. — Não tanto quanto
eu faria em casa. — Porque isso é uma resposta segura, certo?
— Bem, eu não posso esperar para ter você de volta aqui.
— Vai ser apenas por alguns dias. — A maioria dos quais serão gastos ajudando no set de um novo
reality show de Nashville. Melhor prepará-la agora para não me ver muito, então ela não estará
desapontada na próxima semana. — Há muito trabalho a ser feito enquanto eu estiver em casa.
Ela puxa o fôlego para falar, mas ela é cortada por algo que soa como um homem dizendo-lhe algo em
voz baixa, cortada. — Sienna, querida, eu vou ter que ligar de volta. Tenho um compromisso...
Desde que ela tem sido minha maior defensora durante o tempo que me lembro, protegendo a mim e
Seth de qualquer besteira que minha mãe jogou no nosso caminho, eu sempre protegia minha avó. Ao
ouvir a palavra “compromisso” de imediato, faz com que o cabelo na minha nuca se arrepie. — Está tudo
bem? Você não está doente, está?
— Acalme-se. — Ela solta uma risada trêmula. — Eu tenho uma consulta com um advogado.
E sem ter que perguntar, eu sei que isso tem algo a ver com a minha mãe. Eu trago minha mão de volta
para o meu telefone e o seguro com todas as minhas forças. — Eu espero que ela não esteja pedindo para
você gastar seu dinheiro em contratar alguém para ela.
— É apenas uma consulta. Eu posso prometer-lhe que eu não gastarei um centavo.
— Desculpe, eu só...
Quando ela me interrompe, sua voz é suave. — Eu sei, e eu te amo tanto por quem você é. Eu te ligo
quando eu chegar a casa, certo?
Encontro-me acenando; apesar do fato de que as únicas pessoas próximas são uns pares de roadies
andando, que estão em um acalorado debate sobre guitarras e baixos.
— Eu também te amo, — eu sussurro.
Depois que ela desliga, eu coloco o meu telefone no meu colo e olho para baixo, para o papel de
parede inspirado numa praia até que a tela fica preta. Há uma parte de mim que está morrendo de vontade
de saber por que minha mãe tem vovó indo para um advogado, mas a outra parte está completamente
desconfiada de qualquer um dos motivos da minha mãe sobre isso. Ela causou tanto desgosto, tanto
estresse para minha avó que eu mal posso pensar nela sem sentir um toque amargo na boca.
Eu começo a voltar para dentro do ônibus, mas então eu vejo Lucas e Cal parados do outro lado do
estacionamento. Os olhos castanhos de Lucas bloqueiam com os meus e seus lábios levantam um pouco.
Embora ele esteja absorvido na conversa com Cal, ele me faz um gesto me chamando. Levantando-me, eu
deslizo meu telefone de volta no meu bolso e ando em direção a eles.
Cal levanta seus lábios segurando um cigarro eletrônico em um sorriso, e quando eles se abaixam,
seus olhos escuros estão dançando com o riso. — Sinjin te assustou?
Movendo a cabeça de lado a lado, eu paro ao lado de Lucas. Sem olhar para mim, ele trabalha o
braço em volta da minha cintura, me puxando para o seu lado. Como sempre, seu toque é magnético, e eu
derreto contra ele, não me importando que ele esteja tão quente como as profundezas do inferno agora. —
Eu posso lidar com Sinjin. Mesmo que ele esteja sem calças no momento.
— Soa bem. — Cal me oferece um lampejo de seus dentes brancos alinhados. — Eu acho que isso
significa que ela está se convidando para o nosso ônibus.
— Só por cima do meu fodido cadáver. — Lucas sorri para mim, parecendo mais relaxado do que eu
o vi em alguns dias. — Sinjin é inofensivo, comparado com Cal.
— Wyatt me equilibra, — Cal argumenta. — Ele tem sido virgem como... — Ele dirige seu olhar para
mim antes de inclinar a cabeça para um lado. — Bem, merda, ele apenas está sendo virginal.
Eu mordo meu lábio para não sorrir. Há um som contra uma janela dentro do ônibus, e eu inclino
minha cabeça para trás para ver uma unha rosa bem cuidada tocando uma batida rítmica no vidro. — Eu
acho que você está sendo convocado.
Olhando para trás, Cal acena para a mulher dentro do ônibus antes de se voltar para Lucas e eu. —
Parece que eu estou. Deus, eu amo Houston. — Ele nos lança um sorriso malicioso enquanto se dirige até
o ônibus. Depois de entrar no interior, ele pega algo atrás da porta. Estou surpresa quando ele segura uma
guitarra para mim, balançando-a ao redor até que eu aceito.
— Aproveite, — Cal me diz. — Lucas-Fodido-Wolfe tem bom gosto.
Eu não tenho a chance de responder antes de a porta bater em meu rosto. Eu meu afasto de Lucas,
correndo os dedos ao longo do corpo da guitarra Gibson. É linda, - com a parte traseira e os lados de
mogno. — Você está pensando em me ensinar como tocar essa coisa? — Pergunto gentilmente, e ele
concorda.
— Eu faltei ao seu aniversário em junho. — Ele pega a guitarra das minhas mãos, segurando-a sem
esforço, enquanto ele me leva de volta para o nosso ônibus. — Pensei que se você pode tocar um piano
daquele jeito, eu posso ensinar isso para você, também.
Torcendo meu rosto, eu estudo sua expressão cuidadosamente, à procura de qualquer parte do stress
que esteve lá nos últimos dias. Não está lá, mas, novamente, Lucas é bom em esconder suas emoções. Eu
pressiono minha mão em seu peito duro, deixando a batida do seu coração tamborilar contra a minha
mão.
— É perfeito, — eu digo. Enquanto ele sobe os degraus do ônibus, eu enrolo meus dedos em sua
camiseta, impedindo-o de entrar.
— O que foi?
Eu aperto os meus lábios e depois relaxo minha boca. — Está tudo bem?
Ele me dá um daqueles olhares suaves que me despedaça, peça por peça. — Nunca estive melhor,
Ruiva.
Capítulo Doze
Uma coisa que eu percebi rapidamente sobre estar na estrada é o quanto eu prefiro os locais de
concertos ao ar livre. Claro que é a segunda semana de agosto, o que significa que está ridiculamente
quente e quase todas as minhas roupas agarram desconfortavelmente ao meu corpo - e o show em Dallas
na noite de domingo é apenas o segundo que eu já assisti fora - mas há algo de mágico sobre ouvir a
deliciosa marca de libertinagem do Your Toxic Sequel sob as estrelas. A descarga de adrenalina acelera
através de mim enquanto eu deixo o nosso ônibus para o backstage, um prédio cinza que fica logo atrás
do local.
Um cara musculoso vestindo um boné de beisebol e uma camiseta preta de Segurança que abraça seus
músculos grandes guarda a entrada do edifício. — Você tem um passe de equipe? — Ele pergunta,
deslizando os olhos em cima de mim quando eu caminho até ele. Eu levanto o meu pulso e mantenho-o
perto de seu rosto. Uma vez que ele examina minha pulseira preta e vermelha que se lê YTS VIP-12 de
agosto, ele me deixa entrar. — Tenha um bom dia, senhora.
— Você também. — Puxando uma respiração profunda, eu passo em frente para o caos que está nos
bastidores. Enquanto eu faço meu caminho através da equipe se movimentando ativamente nos corredores
largos, eu ouço uma voz feminina gritando meu nome.
Girando, eu uso a minha altura para digitalizar meus olhos sobre a multidão. Finalmente, eu identifico
Maggie, a responsável pelo figurino, colocando as mãos sobre os lábios perfurados. Percebendo que ela
minha chamou atenção, seus ombros caem um pouco.
Ela aponta um de seus dedos para mim. — Eu preciso de você, — ela diz antes de desaparecer dentro
do quarto em frente do qual ela estava. Eu sigo logo atrás dela, apenas passando por dois roadies
atarracados que estão carregando uma grande caixa preta de equipamento. Dentro do camarim, Maggie
está acompanhada de algumas outras pessoas que eu ainda não conheço. Ainda assim, está longe de ser
tão caótico aqui, então eu entro.
Assim que eu fecho a porta, pressionando meus ombros contra ela, eu levanto o meu olhar para
Maggie. Ela se inclina sobre a penteadeira, fazendo rabiscos apressados em uma prancheta rosa
brilhante.
— Por favor, me diga que você não está ocupada, — ela pergunta com a voz tensa.
Eu balanço para trás sobre os meus saltos. — Só se você precisa que eu esteja.
A cabeça dela aparece, e sob a iluminação da penteadeira, percebo quão sardenta ela é. — Ugh, onde
você esteve toda a minha vida? — Ela não espera que eu responda. — Os meninos concordaram em
deixar estas maravilhosas pessoas filmarem o show de hoje à noite. — Ela gesticula ao redor da sala, e,
pela primeira vez, percebo que um dos caras tem uma câmera gigante pendurada em seu ombro. Ele mexe
os dedos para mim, então eu inclino minha cabeça em reconhecimento.
— O que você precisa que eu faça? — Eu questiono Maggie.
Ela passa um de seus pulsos na testa, deixando um leve brilho de suor nas tatuagens pinup que se
estendem de seu pulso para o interior de seu cotovelo. — Eles querem fazer uma rápida entrevista
comigo. Deus sabe o porquê, mas tanto faz, certo? — Ela aponta para a prateleira de figurinos que está
contra a parede ao lado da sala. — E eu já estou um pouco atrasada porque eu tive que caçar uma meia
arrastão roxa para Cilla. Você pode terminar isso para mim para os meninos?
Eu vou a passos largos para a arara. — É claro. — Virando um pouco, eu reparo como ela parece
nervosa e lhe ofereço um sorriso encorajador. — Você vai se sair muito bem. Só não diga que este é o
trabalho mais fácil do mundo.
Ela passa as mãos pela curta confusão de cachos negros e loiros. — Eu vou manter isso em mente.
Obrigada, Sienna. — Ela se afasta, murmurando sobre seu ódio por todas as coisas relacionadas com
câmeras.
A equipe de filmagem segue logo nos calcanhares de suas sandálias gladiador.
Beliscando meu lábio inferior entre meus dentes, eu corro minhas mãos através da generosidade de
jeans e camisetas penduradas apenas alguns centímetros do meu rosto. Parece que já faz uma eternidade
desde que eu comecei a fazer o trabalho, mesmo que eu tenha vivido uma boa parte do meu tempo de
ônibus com foco em meu trabalho em Nashville. Claro, verificar e responder e-mails não têm
absolutamente nada a ver com a prática.
Chame-me de boba, mas ter Maggie me pedindo para ajudar neste momento me faz sentir um pouco
tonta.
Maggie já tinha ido longe, a ponto de separar tudo na prateleira com divisórias coloridas para cada
membro da banda, então a maioria do meu trabalho já foi feito. Porque eu posso ouvir passos correndo
através de set no palco, eu vou tão rápido quanto eu posso, cantarolando uma canção do Queens of the
Stone Age que Sinjin estava ouvindo esta manhã em nosso ônibus.
Menos de dez minutos depois, eu fiz seleções para a banda que é adequada para o clima seco do
Texas.
Eu carrego tudo em um carrinho guarda-roupa mais baixo que eu encontro no fundo do armário e, em
seguida, o rolo pelo corredor até o camarim do Your Toxic Sequel. Como este é um pequeno espaço, eles
estão compartilhando a mesma sala e David está de pé na frente. Seus braços estão cruzados sobre o
peito, fazendo-o parecer o guarda-costas durão. Assim que ele me vê, ele me oferece o mesmo olhar
inseguro – sorriso torto e um hesitante olhar castanho chocolate - que ele está enviando para mim desde
que Sinjin disse a ele que eu era a namorada de Lucas.
— Maggie a colocou para trabalhar?
— Finalmente. — Eu empurro minha cabeça em direção à sala fechada atrás dele, fazendo com que o
meu longo rabo de cavalo vermelho faça um movimento extenso em torno de um dos meus ombros. O
olhar de David segue o meu cabelo, onde ele permanece um pouco mais do que o necessário em meus
seios. Eu limpo minha garganta. — Hm, é seguro eu entrar?
Levantando seus olhos escuros até os meus, ele levanta os ombros e bate várias vezes na porta de
metal pesado. — Tão seguro quanto vai ficar. — A porta se abre, e David a mantém aberta para mim
enquanto eu enfio meu carrinho pela entrada. — Você está assistindo o show hoje à noite? — Ele
pergunta.
Eu olho para ele. — Você está brincando comigo? Os externos são os melhores.
Ele balança a cabeça em concordância antes de voltar para o corredor e deixar a porta tilintar
fechada.
Parando no centro da sala, a poucos metros de distância de uma mesa de bebidas, eu dou uma
respiração profunda, farejando o ar. E uma vez que os meu cérebro processa o quão bem este quarto
cheira, eu inalo novamente.
O aroma é de baunilha e algo cítrico. Avisto três velas, uma em cada uma das mesas laterais e a
última colocada no centro da mesa de café. Do outro lado da mesa, Tyler está no sofá ao lado de Cal. As
cabeças juntas, enquanto eles falam.
— Vocês colocam velas perfumadas estranhas? — Eu pergunto, esticando os braços para frente.
— As velas são coisas novas de Sin, — Wyatt responde. Eu olho em volta da arara para encontrá-lo
sentado em um banquinho no canto oposto da sala. Nenhuma surpresa, ele está fumando como um trem de
carga, mas, felizmente, a vela de Sinjin praticamente anula o odor. Eu enrugo o nariz enquanto Wyatt
apaga um e imediatamente acende outro. — Ajuda-o a relaxar.
Eu sigo o olhar de Wyatt até ele cair em Sinjin, que está estirado no sofá. Há um pano dobrado sobre
os seus olhos e uma garrafa de Southern Comfort dentro da distância de alcance no chão.
— Como está indo o relaxamento, Sin? — Eu provoco. Ele responde mostrando-me o dedo do meio.
Rindo, eu começo a distribuir tudo do meu carrinho. Quando eu chego a Wyatt, e ele levanta os cabides
dos meus braços, eu arqueio minhas sobrancelhas juntas. — Então, que coisas estranhas que você tem lá?
— Onde?
— Coisas estranhas no vestiário. Sin tem suas velas e bebidas. Eu nem sei se eu quero saber o que
Cal pediu. E quanto a você?
Wyatt joga suas roupas na parte de trás da poltrona que está mais próxima a ele. — Chiclete.
Cigarros. Bebidas energéticas. Sou simples como o inferno em comparação com o resto destes
desgraçados.
Cal bufa alto, arrastando a minha atenção de volta para ele e Tyler. — Você deveria dizer a ela como
todas as coisas estranhas sobre os menus de jantar e almoço pertencem a você. — Tyler permanece sem
palavras - ele literalmente disse um total de vinte palavras para mim desde que à turnê começou, mas ele
acena com a cabeça loira em diversão.
Wyatt muda de assunto. — Como as aulas de guitarra estão indo?
Eu movo minha mão de um lado para outro. Lucas tem me ensinado um pouco a cada dia desde que
ele me surpreendeu com a Gibson de mogno. Quando eu a toco com os poucos acordes que aprendi com
meu avô quando criança, eu sou mediana. — Vai levar algum tempo.
— Você vai aprender, — Wyatt diz coçando o cabelo cor de palha.
Ele não diz uma palavra sobre a comida estranha, e eu faço uma anotação mental para prestar mais
atenção ao que estamos sendo servidos durante o próximo par de dias. Virando-me, eu ando de volta para
arara, que está vazia, exceto por um par de jeans Diesel, uma camisa Henley preta de manga curta e
Converse preto e branco. Para Lucas. Que está longe de ser encontrado.
Esfregando as mãos para baixo na parte de trás dos meus apertados jeans skinny azul marinho, eu
olho em volta para o resto da banda. — Vocês sabem onde...?
— Não se preocupe, você vai tê-lo só para si depois do show, — diz Sinjin, sentado. Ele joga o pano
que estava sobre os seus olhos atrás dele, onde cai a poucos centímetros da vela na mesa lateral. — Mas
se isso te faz sentir melhor, ele está ao telefone no banheiro. — Ele aponta dois dedos para o banheiro na
parte de trás da sala. Com certeza a porta está fechada.
— Olhe para você cooperando, — eu digo sarcasticamente. — Isso foi tão difícil?
Cal se levanta do sofá, seu cabelo preto e liso balançando ao redor de seus ombros. — Ele está se
contorcendo por ter que ser um bom menino, — afirma secamente. — Oh, e é melhor sua bunda voltar
aqui hoje à noite após o show. — Ele pisca teatralmente. — Eu ouvi um boato de que você deveria fazer
body-shot. O que eu quero saber é se isso deveria ser comigo ou sem mim? Ou sem você? E como Lucas
se sente sobre isso?
Eu atiro um olhar de congelar o inferno para Sinjin, que é a única pessoa além de Lucas para quem eu
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mencionei a lista sobre YTS de Ashley. Ele sorri como o gato Cheshire e depois deita novamente no
sofá, rolando do lado para que seu rosto esteja voltado para longe de nós. Quando ele fala, sua voz é
baixa, mas é bastante tranquilo no vestiário para que todos possam ouvir o que ele está dizendo alto e
claro.
— Lucas vai quebrar a porra da garrafa sobre a cabeça dele se seus lábios sequer chegarem perto de
você.
Ignorando Sin, me dirijo a Wyatt. — Pode deixar que Lucas saiba que eu estou colocando seu figurino
para esta noite naquele armário ali? — Ele confirma que ele vai, e depois de eu tirar os pertences de
Lucas fora da arara e os pendurar ordenadamente no armário do vestiário, eu puxo meu carrinho em
direção à porta.
Antes de eu sair, eu paro.
Meus olhos voam para a porta do banheiro mais uma vez, e eu torço meus lábios para o lado. Eu tento
me convencer de que não é com Sam que ele está falando e que ela não tentou cobrar seu caminho de
volta para sua vida. Eu não tenho notícias dela desde a noite antes de sairmos, e eu quase me convenci a
acreditar que ela não vai enviar outra. Que ela queria retaliar contra Lucas depois de ler um artigo sobre
nós estarmos juntos e a maneira mais fácil dela fazer isso era chegar a mim.
Afastando o meu olhar da porta, eu digo à banda – menos a Sinjin, que se virou de volta e ainda tem
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um sorriso otimista. — Boa sorte. Ou quebrem uma perna .
Depois que eu volto do vestiário para o camarim, faço um terço do caminho até o palco antes de eu
ouvir mais uma voz gritando meu nome. Desta vez é um sem camisa Wyatt McCrae.
Eu o encontro no meio do caminho. — Sim? — Pergunto.
Ele esfrega a mão em seu ombro, puxando a minha atenção para a intensa tatuagem de pássaro azul
que vai para o centro de seu peito. — Você pode ficar por alguns minutos?
— Você precisa de mim para alguma coisa? — Eu começo a voltar ao camarim da banda, mas ele me
interrompe.
— Não, confie em mim, nós estamos bem. Mas Sin e eu achamos que seria uma boa ideia ter alguém
para acompanhá-la para o palco?
Cruzo os braços sobre o estômago. — Eu sei como encontrá-lo.
— Eu aposto que você sabe, mas você está em várias listas negras de mulheres, porque você está
com Lucas. Acredite em mim, eu faria a mesma coisa se Kylie estivesse aqui. — Quando eu tento ter uma
palavra, ele continua: — E ela não iria me dar merda sobre algo como isso. Dê a David dez minutos, ok?
— Ele vai comigo?
Wyatt revira os olhos azuis, obviamente irritado com todas as minhas perguntas, mas sua voz é
paciente quando ele responde: — Não, mas ele está chamando alguém no rádio para fazer isso por ele...
David acaba levando menos de cinco minutos para me encontrar um acompanhante. Ele se apresenta
como Aaron, mas depois disso ele fica em silêncio enquanto caminha comigo para fora do prédio dos
bastidores na direção de Cilla Craig gritando em um microfone. Aaron não sai até que a equipe de
segurança perto do palco me revista para entrar no pit e estou imersa no meio da multidão que está
balançando e gritando junto com Cilla.
Mesmo que esteja lotado aqui, com corpos suados se esfregando contra mim em todos os ângulos, eu
viro meu rosto para o palco e vejo quando Cilla anda ao redor e passa o refrão de uma das canções mais
populares do Wicked Lambs.
Não importa o quanto eu quero brigar com a mulher 95% do tempo, não há nenhuma maneira no
inferno que eu possa negar o quão talentosa ela é, ou quão incrível ela parece no palco em um top corset
rendado, minúsculos shorts pretos, meias arrastão roxas e botas de couro preto. Ela não parece notar as
groupies pressionando-se contra o palco, gritando o seu nome no topo de seus pulmões, ou como ao
redor há câmeras queimando enquanto elas batem foto após foto dela.
Quase no final da música, enquanto ela varre a multidão, seus olhos azul-esverdeados abaixam no
mar de gente e bloqueiam com os meus. Primeiro, há choque em sua expressão – esta é a primeira vez
que eu venho ver Wicked Lambs – mas, em seguida, um sorrisão arrasta em seu rosto. Ela pisca para mim
antes de lançar seu choque de cabelos negros para trás e cantar a última linha de “Let's Get Messy”.
A multidão vai à loucura. Enquanto ela recupera o fôlego, Cilla parece absorver tudo, divertindo-se
com a adoração. Uma vez que o estrondoso aplauso morre um pouco, ela traz o microfone até seus lábios.
— Uau, — ela suspira, sua voz profunda parecendo cheia de surpresa. Parece tão real que eu quase
acredito que ela está. — Posso apenas dizer que Dallas me faz tão estupidamente feliz...
— Eu te amo pra caralho, Cilla, — uma menina grita de perto, e Cilla sopra um beijo para ela antes
de puxar outro longo suspiro.
— Aqui é o que está acontecendo. — De olho na multidão com cuidado, ela começa a andar a largura
do palco. — Meu empresário vai ter a minha cabeça por esta merda, mas eu queria dar a vocês, pessoas
lindas, a oportunidade de ouvirem algo exclusivo que ainda não apareceu em nenhum dos nossos álbuns.
Mais uma vez o público entra em erupção. Um cara enorme que está de pé ao meu lado me faz bater
em duas loiras magras que me lançam olhares irritados antes de se reorientarem para o que Cilla tem a
dizer.
— Eu e Brady nos sentamos para escrever esta fodida coisa em... — Ela gira em torno apenas um
momento antes de enfrentar Brady, seu guitarrista, que sussurra “março.” — Em março. Eu tinha acabado
de terminar com o meu namorado enganador filho da puta...
De alguma forma, ouvir essas palavras de uma mulher que está se esgueirando por aí reclamando por
causa de um homem que está envolvido com outra mulher é irônico.
— Então, vamos sair com um estrondo. — Cilla amplia sua postura. — Esta aqui é chamada de
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Second Best .
Cruzando os braços sobre o peito, eu escuto enquanto Brady toca a abertura. A melodia está em
consonância com a maioria das baladas do Wicked Lambs, mas as letras são tão incisivas e cortantes
quanto a última canção.
Outra mulher que precisa cair fora; confere.
Um homem que a heroína despreza e absolutamente adora; confere.
Um versículo inteiro dedicado a como, eventualmente, ele vai rastejar de volta para ela?
Sim, essa porcaria está lá também.
Eu sei que a música é sobre Lucas - eu seria uma tola para não perceber isso, mas não é até que ela
canta a linha final que a minha ligeira irritação dá um salto gigante em cima da linha enfurecida. Seus
olhos cintilantes delineados localizam meus olhos azuis no meio da multidão de novo, e ela se inclina
para o microfone quase sedutoramente. — Eu fodi com ele primeiro, — Cilla canta.
Ela segura meu olhar por tanto tempo que o grandalhão ao meu lado olha para mim e recua, como se
me visse sob uma nova luz, uma luz que também transforma Cilla em uma vítima. Minha pele parece que
está formigando enquanto eu a vejo pegar um arco dramático.
Em seguida, ela franze seus lábios pintados de vermelho para seus fãs. — Obrigada, Dallas
Capítulo Treze
Eu sinto que estou em chamas durante a breve passagem do Wicked Lambs para o Your Toxic Sequel,
e eu mal consigo ouvir uma palavra que o apresentador diz.
Ao invés de sair e ir aos bastidores para cuidar do figurino, onde eu vou certamente encontrar Cilla,
eu fico por aqui na plateia para o show de Lucas, mas não sinto um pingo daquela magia excitada com a
qual eu estava tão animada mais cedo esta noite. Em vez disso, observo o ruim, o horrível. Como quando
uma menina de biquíni vermelho e preto bêbada é nocauteada no palco. Eu vacilo quando ela finalmente
consegue ficar em pé e toda a parte inferior do seu rosto está coberta de sangue. Ou quando dois homens
entram em um jogo de empurrar Deus sabe o que ou quem e o segurança têm que intervir e arrastá-los
para longe enquanto gritam um com o outro.
A banda não parece perturbada pelo pandemônio ou os seios nus, calcinhas fio dental e bundas
piscando em volta para eles.
Assim que última música do set acaba - que é uma das suas faixas mais recentes chamada Tumbles
Down - eu começo a sair da plateia para evitar a inundação de fãs saindo, o que vai acontecer em cerca
de 15 minutos.
Com isso levo duas vezes mais tempo para chegar aos bastidores, e eu encontro meu pulso batendo
mais do que o normal até que finalmente estou em segurança na área VIP, que é onde o Wicked Lambs e
Your Toxic Sequel darão entrevistas para a imprensa e, em seguida, um show acústico para um seleto
grupo de seus fãs.
Quando me empurro através da multidão para chegar à sala de espera, eu me convenço a não dizer
nada a Cilla. Em primeiro lugar, tive uma hora e meia para tirar um pouco da minha raiva da sua indireta
de “eu fodi com ele primeiro” do meu sistema. E em segundo lugar? Não é como se isso não fosse
verdade. Admitir isso faz com que meu estômago pareça que está engolindo meu peito.
Mas a minha vontade de ficar tranquila muda poucos segundos depois de eu entrar na sala lotada.
Cilla está sentada ao lado da poltrona que Brady está sentado, com um copo de plástico vermelho
inclinado em sua boca e seu rosto virado para a entrada da sala. Quando seu olhar pousa em sua presa,
eu, um brilho de satisfação rasteja em seus olhos. Ela murmura algo, mas é impossível para eu decifrá-lo
através da neblina.
Provavelmente é melhor que eu não saiba.
Eu nunca quis tanto bater em alguém.
Não, correção: eu nunca quis dar um soco na garganta de alguém tanto assim.
Seus lábios vermelhos se abrem quando eu espreito o outro lado da sala até ela. — Você gostou da
música?
— Oh, eu não sei — minha voz é mais aguda do que o normal, e eu rezo para que ela não perceba. —
Você gosta de parecer uma cadela desesperada?
Os lábios de Cilla se comprimem em um sorriso de escárnio. — Você realmente está vindo aqui com
essa besteira? — Ela olha para o lado, provavelmente para conseguir algum tipo de confirmação de
Brady, mas ele está olhando para uma mensagem inexistente em seu telefone. Grunhindo com nojo, ela
tira a bunda da cadeira. — Eu vou conseguir uma bebida.
Se ela acha que estou em qualquer lugar perto de ter terminado de falar com ela, está redondamente
enganada.
Estou bem atrás dela enquanto ela faz o caminho mais curto para o cômodo ao lado. Há um par de
funcionários aqui pegando comida, mas Cilla nem lhes dá atenção quando ela se esgueira através da mesa
de bebidas segurando uma garrafa. Ela pega um copo de plástico da pilha no canto e coloca a borda dele
contra seus lábios em diversão.
— Você está me seguindo, Pimenta? Eu acho que essa turnê não está completa sem que eu consiga um
novo perseguidor.
Somente Cilla diria algo tão arrogante.
— Confie em mim, você é a última pessoa que quero perseguir — eu digo com os dentes cerrados,
ganhando um beicinho dramático dela. — E se você acha que ser uma cadela, ou me avisar que fodeu
meu namorado no passado vai me fazer virar e ir para casa, então você deveria pensar melhor — Com
cada palavra, eu me aproximo dela até que estou de pé a menos de quinze centímetros do seu rosto. De
perto, posso ver que seus lábios estão tremendo.
Ela corre a língua sobre o centro deles. — Mmm, a submissa tem uma espinha dorsal. Você deve
levar Lucas até o limite com esse tipo de merda — ela pega uma garrafa de vodca do alto da prateleira,
mas eu a agarro antes. Ela ri friamente. — Só para você saber, não dou a mínima se você está aqui ou
não.
— Certo — eu inclino minha cabeça para o lado, avaliando-a dos saltos de suas botas pretas de
amarrar até os fios de cabelo escuro úmido contra sua testa — Tenho certeza que não. Mas só para você
saber, não vou a lugar nenhum a não ser que Lucas peça.
Ela ergue a garrafa de vodca da minha mão, derramando um pouco na frente da minha blusa tomara
que caia branca. — Bem, se é isso que você está esperando, acho que sabe exatamente o que vai
acontecer, então, não é?
A única coisa que me impede de vacilar é o quão forte aperto as unhas nas palmas das minhas mãos.
Cilla está me observando atentamente por uma reação, e eu me recuso a dar-lhe a satisfação de saber que
a lembrança amarga do que aconteceu no passado me atingiu. Eu não dou-lhe nada além de um sorriso
distante que só a confunde e faz seus ombros curvarem para a frente.
— Acho que nós duas sabemos o nosso papel — eu retruco.
Seu rosto cora e Cilla acaba despejando a bebida em movimentos espasmódicos cortantes. Assim que
ela o faz, levanta o copo de plástico em um brinde instável. — Aproveite o pós-festa, cadela.
Eu espero até que ela se afaste alguns centímetros. Minhas mãos estão completamente entorpecidas
quando pego uma garrafa miniatura de Coca-Cola de uma das mesas laterais. Todos os músculos do meu
corpo parecem tensos, e sou incapaz de manter meus dentes pressionados juntos. Por um longo tempo, eu
fico junto à mesa de refrescos, abrindo e fechando a mão ao torno do plástico frio, ignorando as idas e
vindas da banda e funcionários.
Finalmente, eu sinto um toque quente familiar e possessivo em meu quadril. Eu inspiro
profundamente, respirando Lucas, mas não querendo olhar para ele. — O show foi incrível — eu digo
sem rodeios.
— Foda-se o show, eu me importo mais em você esfaquear alguém com essa coisa — Ele arranca a
garrafa da minha mão e coloca-a sobre a mesa. — Olhe para mim, Sienna.
Eu estou relutante em encará-lo, mas ele me puxa de qualquer maneira. Seu olhar de preocupação
muda no momento em que ele é capaz de estudar o meu rosto. Erguendo a cabeça para o punhado de
pessoas que vêm para a sala, ele grita. — Caiam fora e fechem a porta.
Como sempre, eles fazem, correndo para longe para fazer a sua vontade.
E, como sempre, tenho um pouco de inveja de quanto controle Lucas tem.
Ele segura meu rosto entre os dedos longos e me dá um olhar demorado que faz com que a minha
garganta fique seca. — Diga-me o que diabos está acontecendo, Sienna.
Eu junto os meus dentes inferiores no canto do meu lábio. — Eu entendo por que Sinjin pensa que
Cilla é o diabo.
— Ela está ferrando com você?
— Aparentemente, eu sou sua nova perseguidora.
Soltando as mãos do meu rosto, ele recua alguns centímetros. Ele inspira e expira, até que exige. —
Ela disse isso?
— Oh, e ela escreveu uma canção sobre foder você — eu me desvio dele, porque não consigo pensar
claramente com ele me olhando assim. De costas para ele, acrescento: — Não tenho certeza se você já
ouviu isso, mas, sim, você é o tipo de um grande negócio.
Eu passo por ele, determinada a ir a qualquer lugar fora daqui, mas ele me interrompe antes que eu
possa sair da sala, prendendo-me contra a porta. — Você mantém todas suas namoradas presas?
— Só você. E confie em mim, Ruiva, isso não é aprisionar.
— Eu juro que eu estou bem, Lucas, — eu digo um pouco alto demais, porque na outra sala, Sinjin
grita algo sobre não ser perfeito e estar morrendo de sede.
— Não fique aí e tente me alimentar com besteira, — diz Lucas.
Ele tenta me atrair para ele novamente, mas eu pressiono as palmas das mãos contra o seu peito. Ele
as puxa sem esforço, segurando meus pulsos para os meus lados. — Você é a única coisa que importa
para mim, — ele rosna contra meus lábios, e eu aperto meus olhos com força. — Você é minha, e tudo o
que te machuca, fode comigo.
Tudo queima - meu peito, o interior dos meus olhos das lágrimas que eu estou tentando
desesperadamente segurar - mas eu aceno de qualquer maneira. — Você não tem ideia de como me faz
sentir ouvir isso. Mas, Lucas, eu também posso me defender sozinha.
Pressionando as pontas dos dedos para os cantos externos dos meus olhos, ele exala. — Eu sei que
você pode. E eu não vou dizer nada a Cilla.
— Isso é provavelmente o que ela quer, de qualquer maneira.
— Você é uma pequena perspicaz.
Mais uma vez ele me solta, e eu abro meus olhos a tempo de vê-lo beijando a ponta do seu dedo
polegar. Antes que eu possa reagir, ele se inclina para mim, a boca descendo na minha. Eu provo o sal
das lágrimas que ele apanhou, e eu me empurro mais contra ele, saboreando tudo sobre ele. A maneira
como ele me faz sentir. A maneira como ele soa deixando escapar um gemido áspero quando seus lábios
devoram os meus. A maneira como ele cheira - uma mistura sedutora de colônia e o suor ainda agarrado a
sua pele da apresentação.
— Oh, Sienna, — ele respira. — O que diabos eu vou fazer com você?
— Eu não farei sexo com você na sala de bebidas.
— Eu não quero fazer isso após o show de merda. — Ele acaricia as costas de seus dedos sobre a
curva da minha bochecha. — Eu quero ter você de volta no ônibus e passar todos os momentos daqui até
chegarmos a Chicago amanhã à noite no quarto dos fundos com você.
Eu balanço minha cabeça. — E Sin ouviria - e comentaria - sobre tudo o que ouve.
Ele dá um passo para trás e depois outro, oferecendo-me um sorriso forçado miserável. —
Exatamente. E ninguém mais vai nos dar um momento de paz também. — Como se reiterando o seu ponto,
alguém bate na porta. Gemendo, Lucas coloca sua testa contra a minha. — Quando tudo isso acabar, eu
vou te levar para casa comigo, e não vai existir uma maldita coisa que vai me fazer deixar você ir.
Ugh. Apenas Lucas poderia me confrontar enquanto eu estou com raiva, apaziguar a situação (por
enquanto) e terminar a conversa me deixando ansiosa em antecipação pelo nosso futuro.
— Você está ai? — Sinjin grita, e pela primeira vez, eu testemunho Lucas rangendo os dentes.
— Frustrado, Sr. Wolfe? — Eu chicoteio minha unha sobre seu mamilo, mas ele pega meu pulso,
sugando a ponta do meu dedo em sua boca.
— Você vai descobrir quando chegarmos a St. Louis quarta-feira.
Levantando minha sobrancelha, eu passo para o lado para que ele possa abrir a porta. Uma dúzia de
flashes e vozes parecem saudá-lo de uma vez, mas ele ainda é capaz de me ouvir quando eu pergunto: —
E sobre a festa de Sinjin?
Dando a multidão um sorriso arrogante, ele me responde em voz baixa. — Nós vamos. Depois que
fizermos o que nós precisamos fazer. Só sei que enquanto eu estou aqui fazendo isso hoje à noite, eu
estarei pensando em quantas maneiras eu vou transar com você. Como eu vou te mostrar por que é
impossível para mim pensar em outra mulher.
Com essas palavras, ele entra na sala de recepção, seu passo confiante e sexy. Eu fico onde estou por
mais alguns minutos para recuperar o fôlego. Uma vez que eu não estou mais nervosa, e meu rosto está
frio ao toque, eu saio depois de Lucas. Ele está no centro da sala, dando autógrafos e conversando com a
imprensa, então eu encontro um lugar no canto longe dos flashes.
Quando eu examino ao redor da sala, eu não estou chocada ao ver que Cilla partiu. Também não estou
surpresa que quando Sinjin e eu olhamos uma para o outro, ele está usando a expressão mais satisfeita
que eu vi ele usar durante esta excursão.

Pelas próximas 48 horas, Cilla fica longe de mim. O único encontro que temos é nos bastidores, em
Chicago, quando Maggie pede a minha ajuda novamente. Depois de escolher e entregar o figurino para
Your Toxic Sequel, ela me incumbiu em levar de uma caixa de colares vintage ao camarim de Cilla.
Eu temo fazer isso.
Eu detesto conflitos - presenciei discussões suficientes enquanto crescia para querer ter algo disso na
minha vida adulta. E pessoas como Samantha e Cilla - elas são do tipo que eu sempre evitei em todas as
circunstâncias.
Mas, surpreendentemente, quando Cilla abre a porta, ela é civilizada. Ela está vestindo nada além de
um sutiã sem alças de renda e cuequinhas femininas de renda e não tem nenhum problema mostrando seu
corpo quando ela posa na porta dando-me um olhar aguçado. — Sim? — ela fala lentamente.
Eu estendo a caixa para ela, e ela a olha com ceticismo. — Maggie queria que eu te entregasse isso.
Ela disse que você queria usá-los hoje à noite. — Assim que eu disse isso, ela tira a caixa das minhas
mãos, a abre e grita como uma menininha.
12
— Etsy é meu crack. — Ela me despede com um aceno de sua mão, mas antes que ela bata a porta
na minha cara, ela enfia a cabeça para fora e diz: — Diga à Maggie que eu disse obrigada, Pimenta.
— Sim, — eu murmuro. — De nada.
— Você sabe, — diz uma voz ao meu lado, e eu olho para Cal que está tomando uma bebida
energética. — Ela não é o padrão dos músicos do sexo feminino.
— Então, você está me dizendo que passivo-agressivo e alterações de humor loucas não são padrão?
— Só se você for Cilla Craig.
— Ouch! Você parece quase tão negativo como Sinjin quando se trata dela.
— Não, não é ser negativo. Mas há - honestamente - doenças que me atraem mais do que a Cilla.
Não é negativo o caralho.
— Nojento, — murmuro.
Abrindo a porta do camarim da banda, ele faz um gesto para eu entrar. — Eu não falo nada além da
verdade, — diz ele, seguindo atrás de mim. Ele para de repente assim que ele avista Lucas no sofá.
— Eu juro que se você ainda estiver enchendo ela sobre esse maldito body-shot... — Lucas rosna,
mas Cal desaparece rapidamente dentro do banheiro antes que ele possa terminar. Erguendo os olhos
castanhos para mim, Lucas empurra levemente a cabeça, fazendo sinal para que eu me aproximasse.
Assim que eu me aproximo, ele me puxa para o seu colo, para que estejamos de frente um para o outro, e
eu posso sentir sua pulsação batendo no meu peito.
— Sin e Wyatt podem entrar a qualquer momento, — eu indico. — E há Cal, também.
Ele dá ao ponto sensível em meus lados um aperto forte, e eu movo meus quadris contra ele. Ele
geme. — Deus, é melhor você estar pronta para St. Louis amanhã.
— Sem show, cama de hotel, e uma banheira gigante? Sim, eu estou.
— Lembra-se do que eu disse em Dallas? — Ele pressiona o polegar contra a lateral do meu seio. Eu
sugo um pouco a respiração entre os dentes. — Sobre os pensamentos correndo pela minha cabeça?
— Sim.
— Bom.
Levantando-me de cima dele, ele se levanta, e eu deslizo para trás contra as almofadas do sofá. Ele
caminha para fora da sala, cantando Handcuffs - uma das canções YTS que fui apresentada no início
deste ano. Lucas havia escrito a canção sobre o nosso primeiro encontro um com o outro. Estou feliz que
Cal está no banheiro, e Sinjin e Wyatt estão longe de serem encontrados, para que não possam ver o quão
quente meu rosto está.
Quando Lucas volta, ele está carregando um grande vaso de flores - lírios cor de rosa e rosas
vermelhas e brancas. — Engraçado. — Eu trago meus joelhos até meu peito. — Eu não acreditei que
você fosse o tipo de cara de flores e doces.
Ele coloca o vaso sobre a mesa de café na minha frente e, em seguida, se debruça sobre mim. O calor
se agrupa na boca do meu estômago, e eu aperto as almofadas do sofá que estou sentada quando ele traça
a ponta da língua sobre os meus lábios. Quando ele se afasta, ele está sorrindo, e mergulha seu olhar
entre as minhas pernas.
Ele sabe o quão molhada ele me deixou em um curto espaço de tempo.
Antes de sair da sala, ele esfrega seu polegar através do meu mamilo. — Enquanto eu adoraria o
crédito e a recompensa, as flores são de Kylie.
Fingindo que cada nervo do meu corpo não está pegando fogo, eu deslizo para frente no sofá e apanho
o grande envelope branco que tem o nome de Kylie McCrae no título do cartão. — Kylie, você é
absolutamente incrível.
Eu paro de falar, porém, no momento em que meus olhos aterrissam nas palavras confusas escritas em
tinta vermelha no cartão branco que eu encontro no interior do envelope.

Sienna,
Parabéns, você AINDA está com ele. Talvez você seja mais idiota do que eu
pensei que você fosse. No final do dia, ele vai estar sempre ligado a mim. É
apenas uma questão de tempo antes que ele quebre e você afunde com ele. Você
já perguntou a ele o que ele está escondendo de você? Será que ele se ofereceu
para lhe dizer?
S.W.
PS: Boa sorte com isso.

Diretamente ao lado da última palavra, há uma seta curvada desenhada, e eu sinto meu estômago se
apertar por um novo motivo, quando eu, tremendo viro o cartão. Escrito no verso da nota está um longo
endereço de um site, e eu passo os olhos atentamente sobre ele com cuidado, guardando-o na minha
memória.
É para um fórum de fãs YTS, e logo abaixo dele está escrito ESTE É MEU SITE FAVORITO em
letras maiúsculas e sublinhado várias vezes.
— Que cara é essa, Ruiva, — a voz de Lucas me assusta, e eu dobro o cartão de volta, deslizando-o
às pressas dentro do envelope. — Não acho que Kylie iria escrever algo profundo o suficiente para fazer
você parecer como isso.
— Não é... — eu começo, mas depois eu paro. De que adiantaria dar isso para Lucas ver? Se fosse
uma carta de qualquer outra louca que não fosse Sam, eu diria algo sobre isso. Mas o envelope no meu
colo? Isso só nos levaria vários passos para trás. Além de seus surtos habituais de mau humor, Lucas tem
estado na maior parte feliz nessa turnê. E isso significa que Sam não o tem enviado merda assim.
Segurando o envelope, eu limpo minha garganta.
— Não é necessariamente profundo, — eu minto. — Ela só fez uma piada sobre sexo realmente
estranha.
Ele parece ter acreditado nas minhas palavras, mas assim que Cal sai do banheiro molhado em nada
além de uma toalha, eu me tranco lá dentro. Eu rasgo a nota em pedaços mais ínfimos que meus dedos
permitem. Quando eu termino, eu jogo os pedaços no vaso sanitário, determinada a colocá-los fora da
minha mente.
Mas muito mais tarde, quando os pensamentos da mensagem secreta de Sam e suas flores
assustadoras me mantêm acordada horas depois de o ônibus deixar Chicago, eu levo meu laptop para a
cozinha do ônibus e digito no Google o fórum que Sam tinha mencionado.
Eu aguento um total de cinco minutos lendo mensagens em um fórum subintitulado de The Cunt
13
Toxic antes que eu fique mal do estômago. Quando Lucas me encontra ajoelhada sobre o vaso sanitário
no minúsculo banheiro arfando, ele abaixa no chão perto de mim, seu lindo rosto franzindo a testa em
preocupação.
— Sienna? — diz ele, mas eu empurro a palma da mão em seu peito e balanço a cabeça.
Pela segunda vez esta noite, eu tenho a chance de dizer a ele exatamente o que está acontecendo, mas
eu não posso fazer isso. Em vez disso, eu o deixo me ajudar a levantar e envolvo meus braços firmemente
em torno de seu pescoço quando ele me levanta em seus nus braços tatuados.
Ele me leva de volta para a nossa pequena cama, sussurrando na curva do meu pescoço, e eu não digo
nada.
Capítulo Catorze
No momento em que chegamos a St. Louis na parte da manhã, eu empurrei a nota da insana da Sam e a
descoberta de como ferozmente alguns dos fãs de Lucas me odeiam a um canto escuro na parte de trás da
minha mente. Por mais irônico que pareça, pensar em ambos é tóxico para mim, e se eu me concentrar
nisso, apenas ficarei doente de novo. Eu penso sobre este dia, e à noite, em vez disso.
Enquanto eu espio para fora das cortinas na cozinha, estou praticamente pulando sobre as pontas dos
pés na expectativa de sair do nosso ônibus. Dois dos outros motoristas já manobraram os ônibus no
estacionamento. Eu vejo quando o resto do Your Toxic Sequel, e o grupo de Cilla, começam a
descarregar. Há um ônibus de transporte branco estacionado entre eles, e Wyatt mergulha nele,
carregando uma mochila verde gigante.
Lucas desliza por trás de mim, fazendo cócegas no meu ombro com seus lábios carnudos. — Vamos
pegar o ônibus também?
— Nós não vamos nem mesmo ficar no mesmo hotel. Quando eu disse que queria você só para mim,
eu não tinha a intenção de fazer essa merda pela metade. — Sua voz desliza sobre mim como veludo. Eu
viro meu rosto para o lado, e ele acaricia o contorno do meu rosto antes de acenar para a outra
extremidade do estacionamento onde um lustroso BMW preto série 7 está estacionado. — Eu lidei com o
gerente da empresa de aluguel, - bem, Kylie o fez em meu nome - então mexeram alguns pauzinhos e
fizeram com que ele estivesse aqui para a minha chegada.
Nosso ônibus começa a emitir um sinal sonoro para indicar que estamos estacionados de forma
segura. No compartimento do centro, eu ouço um grande estrondo seguido de uma maldição ainda mais
alta de Sinjin. Assim que eu grito para perguntar-lhe se ele está bem e ele rosna que ele está, eu encontro
os olhos divertidos de Lucas. — Então, o que aconteceu com a chave? Mesmo Lucas-Fodido-Wolfe não
pode dirigir um carro sem chave.
Ele sorri. — Já que você tem que saber - eles a trouxeram para mim durante a noite. — Para provar
seu ponto, ele me puxa pelo pulso para fora no corredor do ônibus e balança um chaveiro no meu rosto.
Meus pensamentos mudam para algumas noites atrás, no show de Dallas quando ele tinha se trancado
no banheiro por causa de uma ligação telefônica. — Há quanto tempo você vem planejando isso?
— Um tempo.
Eu balanço minha cabeça, incrédula. — Você sempre tem que ser diferente?
— Sempre. — Ele me puxa contra ele, moendo seu pênis contra a frente do meu corpo. O movimento
é bruto, animalesco, e isso me faz sentir como se o ônibus estivesse girando. Eu tento tocá-lo, mas ele
ainda segura a minha mão. — Você tem que fazer tantas malditas perguntas?
Ofegante, eu aceno. — Sempre.
Nossas bocas estão próximas, mas assim que seus lábios começam a roçar os meus, Sinjin tosse alto.
Ele está com os olhos turvos, com seu cabelo preto curto todo espetado. — São seis horas da manhã, —
ele reclama, bocejando. — Tudo que eu quero é uma cama de verdade, não assistir vocês dois prestes a
foderem em cima da mesa na qual eu como.
A interrupção de Sin nos dá o impulso muito necessário para pegar nossas coisas, para que possamos
sair. Eu peguei uma bagagem de mão com roupas o suficiente para durar até amanhã à noite. É pequena
em comparação com a enorme bolsa de Lucas, mas ele carrega ambos para fora do ônibus. Eu carrego
minha bolsa junto com a minha guitarra Gibson e meu laptop, mas não tenho planos para a música ou
trabalho.
Ou verificar o que está sendo dito sobre mim na Internet.
Eu tremo. — Eu não vou pensar sobre essa merda durante este tempo, — eu repito enquanto eu ando
lentamente em frente ao estacionamento. — Eu não vou pensar em Sa...
— Se você bater seus calcanhares juntos, isso pode se tornar realidade, — a voz de provocação de
Sinjin próxima aos meus ouvidos me assusta, e eu grito.
Uma vez que o meu coração se acalmou o suficiente para falar, me viro e espeto-lhe no peito ossudo.
— Não. Faça. Isso.
Estremecendo, ele passa a mão em toda a área que meus dedos cutucaram. — Você é abusada, mas eu
tenho que dizer, eu sentirei sua falta, neste intervalo. — Pelo olhar em seu rosto, eu não acredito
exatamente nisso, mas eu dou-lhe um sorriso doce, no entanto.
— Você vai me ver amanhã à noite. E, além disso, eu tenho certeza que você tem planos para esta
noite.
— Dois, na verdade. Scarlet e Bella.
Meu braço começou a ficar dormente, então eu giro a guitarra para meu outro lado. — Você sabe que
a maneira como você acabou de dizer seus nomes faz soar como strippers.
— Você já parou para pensar que talvez elas sejam strippers? — Seu olhar desliza de mim para
Lucas, que está fechando o porta-malas do seu BMW alugado. Ele coloca as mãos em ambos os lados de
sua boca. — Não faça nada que eu não faria, — Sinjin grita, e Lucas grita para ele se foder. Quando ele
olha para mim de novo, ele parece satisfeito consigo mesmo.
— Tenha cuidado, Sinjin. E fique... Seguro. — Eu começo a caminhar em direção ao carro alugado,
mas ele coloca os dedos ao redor do meu ombro. Ele me cutuca para encará-lo, seus olhos verdes de
repente sérios e não mais provocantes. — Ok, você está me assustando, — eu digo.
— Então eu acho que eu vou cortar o papo furado e ir logo ao assunto. Eu não me farei de
desentendido como se eu não tivesse visto um pouco da merda que foi publicada on-line sobre você.
Arrastando meus pés no asfalto, eu libero uma risada que parece e soa como unhas irregulares sendo
raspadas sobre um quadro-negro. — Vasculhando os sites de fofocas para olhar sobre si mesmo?
Os cantos dos seus lábios se apertam. — Tentador, mas não. Você deixou seu computador aberto na
cozinha na noite passada. — Quando minha boca cai aberta, ele acrescenta: — Olha, isso é um convite
maldito para olhar e, além disso, eu não cliquei em nada.
Eu acredito nele quando ele diz isso. Ele provavelmente olhou para aquele site horrível em seu
próprio computador.
— Obrigado por me lembrar da minha merda, — eu estalo. Em frente ao estacionamento, Lucas toca a
buzina do BMW, e eu giro ao redor no meio do caminho para levantar meu dedo indicador. Sinjin
responde com um dedo inteiramente diferente. — Ok, então qual é o seu ponto? Você não é o único que
me disse que eu precisava engolir isso, porra?
— Eu te disse que você precisava engolir a porra do ciúme. Lidar com loucos fodidos é um jogo
inteiramente diferente. Sempre que temos uma mulher bonita por perto, sempre teremos os malucos atrás
dela. Um exemplo disso, o suposto perseguidor de Cilla há vários anos. — Ele não se prolonga sobre
Cilla, apenas enfia a mão profundamente no bolso. Quando ele retira, ele desliza algo longo e fino que se
parece como uma lanterna em miniatura na palma da minha mão.
— Cadelas são loucas. Especialmente cadelas que pensam que estão apaixonadas por Lucas-Fodido-
Wolfe, — diz ele.
Abrindo a minha mão, eu olho para baixo. — Você quer que eu espirre spray de pimenta em alguém?
Ele sorri serenamente. — Como eu disse, as cadelas são loucas. Elas sabem que Lucas está na cidade
e vão procurá-lo.
Agarrando o spray de pimenta, eu corro meus dentes por cima do meu lábio inferior. Isso... O
presente de Sinjin me diz duas coisas: que, apesar de ser altamente improvável, a merda que estão
falando nos fóruns YTS poderia sempre tomar um rumo desagradável na vida real. E que Sinjin, com
todos os seus olhares mal-humorados e comentários rudes, tem estado preocupado comigo.
Quando eu abro a minha boca para falar, eu escolho focar o último. — Eu estou emocionada.
Estreitando os olhos verdes, Sin bufa. — Se você começar a ficar toda sentimental comigo, eu vou
pular o hotel e tomar Scarlet e Bella no seu compartimento no ônibus.
— Ugh. — Eu deixo cair o spray de pimenta dentro do saco que está pendurado no meu ombro. —
Você é sujo. — Eu limpo minha garganta e com uma voz sincera acrescento: — Tenha um dia de folga
incrível, Sinjin.
Sua expressão relaxa e eu recuo em surpresa. — Vai ser a melhor véspera de aniversário que eu já
tive.
Enquanto eu me movo para a BMW, que Lucas traz mais perto de nós, não posso deixar de assistir Sin
quando ele volta para o ônibus pra pegar seus pertences. Estou tranquila conforme saímos do
estacionamento, mas depois de dirigir por alguns minutos, a mão de Lucas escorrega por toda a minha
coxa, parando para descansar entre as minhas pernas.
— Conte-me sobre Sinjin, — eu digo.
— O que tem ele?
— Por que ele é assim...
— Fodido? — Lucas pergunta.
Esfregando a mão sobre a coluna da minha garganta, eu aceno. — Eu acho que é a melhor maneira de
descrevê-lo.
Os cantos da boca de Lucas apertam. — Porque ele veio de uma família fodida. Um padrasto
abusivo. Uma mãe viciada em drogas. — Ele faz uma pausa, enquanto o painel do GPS diz-lhe para virar
à esquerda. — Ele não tem alguém como sua avó olhando por ele. Mesmo depois de terem perdido a
custódia, a merda não ficou um pouco melhor para ele ou suas irmãs.
— Zoe é uma de suas irmãs?
A cabeça de Lucas se vira, me assustando. — Por que você está perguntando isso? — Quando eu não
respondo imediatamente, ele balança a cabeça lentamente. — Ela é uma mulher que ele conheceu na
reabilitação.
Minha boca cai aberta em um silencioso “Oh”. — Ela ainda está lá, então?
Lucas agarra o volante até os nós dos dedos ficarem brancos. — Ela não é uma viciada em drogas, —
explica ele, em voz baixa. — Ela é a filha de 19 anos de seu terapeuta. Dizer que Sinjin está em conflito
sobre isso é um eufemismo. Mas, eu estou começando a pensar que é o melhor conflito maldito que ele já
enfrentou. Ele está limpo.
Mas ele também estava infeliz.
Descansando minhas costas contra o banco, eu viro a cabeça para o lado, olhando para o Gateway
Arch e os edifícios além dele até que todos eles se tornam um borrão enorme. Eu não falo de novo até
que Lucas puxa o carro alugado em frente do nosso hotel, e agradeço ao manobrista que segura a minha
porta aberta. Alguém da portaria nos recebe enquanto entramos e, em vez dos elevadores próximos do
lobby, somos direcionados para uma parte separada do hotel, para o elevador da cobertura.
— Se houver alguma coisa que eu, ou o resto do pessoal aqui no Avery, possamos fazer para tornar a
sua estadia ainda mais agradável do que a última vez, por favor, não hesite em deixar-nos saber, — o
homem baixo, meio calvo agindo como nossa escolta diz antes de Lucas e eu caminharmos para o
elevador.
Assim que a porta desliza fechada, eu me inclino para trás contra o canto, levantando uma
sobrancelha. — Mais agradável do que da última vez, — repito.
— Você sabe como você parece sexy quando faz essa cara? — ele pergunta, dando passos lentos na
minha direção. Eu envolvo meus dedos em torno da barra de metal frio por trás do meu corpo. — E antes
que sua linda cabeça comece a se perguntar, não. Nenhuma outra mulher jamais esteve dentro deste hotel
comigo.
— Eu não ia perguntar, — eu sussurro. Ele me prende contra a parede do elevador, e eu deixo
escapar um gemido de prazer quando ele desliza os dentes sobre minha orelha. — Quer dizer, eu não me
importo. E não devemos fazer isso aqui, há câmeras.
— Aí está você com a mentira de novo, — ele rosna. — E você acha que eu dou a mínima para as
câmeras? — Ele beija em todo o contorno do meu rosto até que ele encontra a carne sensível na minha
garganta, e eu engulo em seco. — Você tem um gosto tão bom. Tão doce. Tudo o que posso pensar é
degustar mais de você.
Sem aviso, ele coloca as mãos sob as minhas coxas e me levanta. Eu solto um grito e escarrancho
minhas pernas em volta de sua cintura. — É claro que você se preocupa com as câmeras, — eu sussurro,
quando ele desliza a língua sobre os delicados ossos de meus ombros. — Você deve se preocupar com
elas.
Minha cabeça está girando e se não fosse o barulho alto de alerta, eu não teria notado que o elevador
parou no andar superior do edifício.
— Quando eu te levar para este quarto, você será completamente minha, — diz ele. — Sem falar de
turnê, sem Cilla. Só eu e você.
Ele não menciona Sam, mas eu penso nela, e eu me comprometo a não deixar que o pouco de contato
que ela teve comigo estrague meu tempo com ele. Eu estarei em casa em Nashville neste fim de semana, e
eu quero saborear cada momento que tenho com ele a sós.
— Tudo bem. Eu prometo.
— Eu vou cobrar isso de você, Ruiva, — ele me diz em uma voz perigosa.
Ele me carrega para dentro da cobertura, não me abaixando até chegarmos ao grande sofá circular no
meio do quarto - de couro marrom seccional onde as peças deslizam em conjunto para fazer uma
superfície arredondada. Jogando-me de costas, eu olho ao redor, tentando conhecer melhor onde eu
ficarei pelas próximas 36 horas.
Há um esquema de cores neutras aqui – tons ricos de marrom e bronze. Do outro lado do sofá está um
bar com uma bancada de granito reluzente, e à esquerda de mim, portas francesas levam para o que eu
assumo que seja o quarto. À minha direita está um piano Steinway, e eu me lembro da noite em Nashville,
quando ele me inclinou sobre o mesmo modelo e agarrou o seu caminho pelos meus pensamentos.
— Por que isso me parece familiar? — Eu provoco.
— Porque é para ser. — Levando minhas mãos nas dele, ele me puxa para cima até que eu estou
sentada em meus joelhos e os nossos corpos estão se esfregando juntos. — Você vai tocar para mim,
Sienna.
— E se eu disser que não?
Prendendo meus braços sobre minha cabeça, ele cobre minha boca com a dele, me beijando duro,
áspero e rápido até que eu já não posso respirar. Eu tropeço contra as almofadas, uma vez que ele
permite que os meus braços se soltem, mas ele balança a cabeça. — Vire-se.
Eu poderia argumentar com ele. Eu poderia perguntar a ele por que, apenas para ver qual castigo que
ele vai inventar desta vez, mas eu não faço. Mantendo meus olhos fixos nos dele, eu obedeço, subo em
meus joelhos até que a frente do meu corpo está tocando no encosto do sofá.
— Sabe o que eu percebi? — Seus dedos deslizam sob o algodão macio da minha camisa, e eu
prendo a respiração quando ele me pede para levantar os braços para que ele possa retirá-la sobre a
minha cabeça. — Eu estava errado sobre o ônibus.
Eu olho para ele. — O quê?
— Eu não posso tocar em você como eu quero. Não posso deixá-la louca toda vez que você ranger
seus malditos dentes. — Ele gira os dedos em um movimento circular e eu viro ao redor para ficar de
frente para as janelas do chão ao teto que se estendem ao longo de toda a parede do fundo da nossa suíte.
— Eu vou passar toda essa porra de dia dentro de você, provando você, tocando em você. Você
entendeu?
Concordo com a cabeça, ofegante, um momento depois, quando ele abre meu sutiã com um movimento
bem manobrado de seus dedos. — Se você rasgar outro sutiã, eu terei o seu...
— Deus, você fala muito. — Quando ele vem atrás de mim no sofá, eu deslizo para frente até que
meus seios fiquem planos contra as almofadas. Ele enrola meu sutiã - que ainda está completamente
intacto - no encosto do sofá. — Veja, sem rasgos.
Ele empurra meu cabelo longe da minha nuca e corre o nariz ao longo da área sensível entre minhas
omoplatas. — Você tem um cheiro tão bom, tão certo. Você sabia? — Quando eu faço um movimento com
a cabeça que não é nem confirmação nem negação, ele ri na minha pele. — Eu vou terminar de despir
você agora.
— Sim, por favor.
Conforme ele remove o resto das minhas roupas, seu toque varia. Ele é gentil quando ele tira meus
shorts, as pontas dos dedos cuidadosos e suaves, correndo ao longo do interior da minha coxa, mas
quando ele chega a minha calcinha, ele é bruto. Ele a rasga em duas partes desiguais, logo que o polegar
faz contato com a umidade no centro.
Até o momento que eu estou nua, segurando a parte de trás do sofá duro, eu estou tremendo. Ele
desliza para fora do sofá, e quando eu tento ver o que ele está fazendo, ele dá um tapa duro na minha
bunda.
— Vire-se, Sienna.
Afundando meus dentes em meu lábio, eu chicoteio minha cabeça de volta ao redor, olhando pela
janela quando as primeiras gotas respingam do nascer do sol através do céu. Ele vasculha sua bagagem
por alguns minutos, e quando eu ouço o zíper sendo fechado, meu corpo se arrepia em antecipação.
Um momento depois, quando ele retorna, ele está nu. Ele deixa cair algo no sofá e toca meus ombros.
Suas mãos trilham pelos meus braços até que ele atinge meus pulsos e puxa minhas mãos atrás das minhas
costas.
Espero por ele amarrar minhas mãos.
Então ele me surpreende.
Liberando meus pulsos, ele agarra tudo o que ele trouxe de volta para o sofá. Quando ele me toca de
novo, couro frio envolve minha coxa direita. Olho para o meu corpo a tempo de vê-lo ligar o punho,
usando o fecho de metal encontrado no interior da minha coxa para alongá-lo e esticar através da minha
pele.
— O que é isso? — Eu suspiro, quando ele faz a mesma coisa com a minha perna esquerda.
— Estas, — ele começa, pegando meu pulso direito e colocando-o contra a lateral da minha coxa, —
são algemas de escravidão. — Para demonstrar, ele desvincula uma algema separada, menor, que está
fixada na parte externa do couro que está ligado a minha perna. Eu tento diminuir a minha respiração
irregular enquanto ele aperta ao redor do meu pulso e o segura. — Porque você não podia manter essas
suas fodidas mãos fora do meu cabelo da última vez que eu tive você para mim mesmo.
Eu dou a sua engenhoca de couro um teste tão logo ele tenha amarrado meu pulso esquerdo, e com
certeza, eu não posso mover meus braços.
Uma onda pesada de desejo rola através de mim, e quando eu abaixo minha cabeça para frente contra
o encosto do sofá, ele dá a minha bunda outro tapa.
— Levante-se, — ele ordena, se afastando de mim.
Cuidadosamente, eu deslizo para trás. Quando eu quase perco meu apoio para fora do sofá, ele chega
e me agarra. — Obrigada, — eu sussurro.
— Vire-se.
Viro-me complacentemente. Massageando seu polegar pela minha bochecha, ele segura meu peito
com a outra mão, esfregando meu mamilo sensível entre o polegar e o indicador até que meus seios estão
apertados e pesados. — Você é a coisa mais linda que eu já vi. A mais bela coisa que já me aconteceu.
— Assim é você pra mim, — eu sussurro, ganhando um pequeno sorriso dele e ele beija minha testa.
Quando ele se inclina para trás, ele me encara com firmeza.
— Primeiro, eu vou provar essa sua boceta doce. Eu vou lamber, e provar, e fodê-la com a minha
língua até que você esteja gritando.
Eu aperto minhas coxas bem juntas. — E depois?
Seus lábios se movem em um sorriso malicioso que sacode o meu núcleo. — E depois, eu quero você
em todos os lugares, em todos os sentidos. — A ênfase que ele coloca nessas duas últimas palavras me
faz engolir.
— Todos os sentidos, — repito, e ele caminha em volta de mim em um círculo lento, dando a minha
bunda um pequeno aperto quando ele faz isso.
— Eu sou o seu primeiro, — diz ele, e é mais uma afirmação do que uma pergunta. É claro que ele é.
Antes dele, eu nunca teria deixado o pensamento passar pela minha cabeça.
Mas agora...
— Sim, — eu respondo sem fôlego.
— Ótimo. — Quando ele surge na minha frente, passando a mão pela minha barriga lisa, ele me dá
um olhar sério. — Você tem que me dizer o que você quer. Não importa o que você decidir, eu quero
ouvir isso de você.
Isto é semelhante ao jogo que ele fez em fevereiro. Ele havia me seduzido ao ponto da loucura e a
única maneira que ele faria amor comigo era se eu lhe implorasse. Naquela época, eu tinha esperado
muito tempo, jogado muito duro, e não estou com disposição para qualquer um desses jogos hoje.
Eu mantenho meus olhos nos seus, muito abalada para arriscar um olhar para seu pênis, se eu fizer
isso, nunca vou ter a coragem de ir em frente com isso. — Eu quero que você me foda em todos os
lugares, — eu sussurro.
Ele corre a língua sobre os dentes retos. — Ouvindo você dizer isso me faz querer começar por aqui.
— Então você deve seguir adiante.
Ele balança a cabeça enquanto ele se ajoelha na minha frente, passando as mãos para baixo nas
laterais das minhas pernas até que ele atinja meus tornozelos e, em seguida, até o interior. Quando ele
chega ao couro amarrado a minhas coxas, ele cutuca minhas pernas para abri-las. Cada vez mais amplas,
tanto que tenho que arquear contra ele para me manter em pé.
Sem aviso, dois de seus longos dedos mergulham dentro de mim, testando minha umidade. Ele os
empurra para dentro e para fora, não parando até que eu estou tremendo e meu longo cabelo vermelho
está caindo sobre ambos os nossos rostos.
— Por favor, — eu grito, e ele vira o rosto para beijar a carne macia entre as minhas pernas. — Por
favor, Lucas.
Ele toca meu clitóris, trabalhando para dentro e para fora os dois dedos que estão dentro de mim. —
Você nunca esteve tão molhada.
Não, eu não estive, e eu sinto que estou em chamas quando ele me provoca ainda mais.
— Ah foda-se, — ele rosna finalmente. Em um movimento rápido, ele me tem nas minhas costas no
sofá. Urgente, ele desliza os pés para trás até que minhas pernas estão dobradas na altura dos joelhos. Ele
mergulha a cabeça entre as minhas pernas e me lambe duro. — Sua boceta me deixa louco, menina bonita.
Você tem gosto de... — Em vez de escolher uma palavra de elogio, ele usa sua boca, faminto,
mergulhando sua língua dentro de mim.
Um gemido de prazer rasga da parte de trás da minha garganta.
— Deus, Lucas. — Eu tremo quando ele substitui a língua por dois de seus dedos. Ele bombeia
freneticamente dentro e fora do meu corpo quando seus dentes encontram meu clitóris. Quando ele me
suga em sua boca, eu sacudo meus quadris freneticamente contra seu rosto.
Eu posso sentir o orgasmo se construir, posso sentir o frenesi se deslocando através de mim, e então
eu sinto algo novo. Respirando, eu começo a me sentar enquanto seu polegar pressiona contra a minha
bunda.
— Você ainda quer isso? — Ele pergunta mais ou menos, e eu aceno em frustração.
— Apenas... Por favor.
Eu grito de dor e prazer enquanto ele desliza seu dedo dentro de mim, e um momento depois, eu sinto
seu peito contra o meu e seu desgrenhado, cabelo escuro cai em meu rosto. Espalhando minhas
escorregadias dobras distantes com sua ereção, ele me enche, abafando meus gemidos com os lábios, a
sua língua, me deixando provar a mim mesma nele.
Eu encontro com cada um de seus golpes, balançando meus quadris contra ele, enquanto seus dedos e
pênis movem avidamente dentro de mim. Quando eu tento agarrar seus ombros, minhas mãos não se
movem e eu arranho a parte externa das minhas próprias coxas em vez disso.
— Seu filho da puta complicado, — eu suspiro, e ele ri contra a minha boca.
— Eu te amo, Sienna, — ele rosna. — Eu te amo mais do que amei qualquer coisa na porra da minha
vida.
Quando nos deixamos gozar juntos, ele puxa para fora de mim e solta as tiras ao redor minhas coxas,
eu envolvo meus braços ao redor de seus ombros e enterro meu rosto em seu pescoço. — Deus, eu
também te amo.
Capítulo Quinze
Lucas
É preciso uma grande dose de autocontrole para não acordar Sienna na manhã seguinte para que eu
possa senti-la mais uma vez antes de nossa passagem de som. Ontem e na noite passada não foi o
suficiente. Depois que eu tomei banho e me vesti, eu me sento ao lado dela na cama no quarto principal.
Ela está deitada de barriga para baixo, com as colchas envoltas desordenadamente ao redor de seu corpo
nu.
Eu toco a base de suas costas, deixando meus dedos vaguearem sobre sua pele macia. Ela sussurra
algo incoerente que me faz sorrir. Essa é uma das coisas sobre Sienna que a torna tão irresistível, tão
diferente de qualquer outra mulher que eu já estive. Ela sempre me faz sorrir. Ela me dá um pouco
daquele calor que eu ainda estou me acostumando. Ela me faz querer vir para a luz.
Encontrando uma caneta e um bloco de papel na gaveta do criado mudo, eu escrevo-lhe uma nota
rápida:
Passagem de som no local do show. Peça o que quiser. Eu te amo.
Em seguida, beijando seu ombro, eu me forço a deixá-la lá. Enquanto eu pego o elevador até o lobby,
faço uma promessa de gastar tanto desta tarde quanto possível na cama antes de eu ter que voltar para
estrada e ela ter que voar para casa em Nashville.
Para minha surpresa, eu sou a última pessoa a chegar ao local. Meus companheiros de banda me
oferecem um olhar de conhecimento conforme eu chego até o palco, e eu abaixo minha cabeça. — Se
vocês disserem uma maldita palavra, eu vou jogá-los lá em baixo, — eu ameaço, fazendo Wyatt bufar.
— Parece que sua noite não foi uma merda, — ele murmura enquanto puxa sua Kramer azul em para
frente do seu corpo. Suas narinas se abrem. — Conseguir com que sua irmã me dê um intervalo é como
falar com a porra de um tijolo na parede.
Eu jogo minha cabeça para trás e rio. Ele não sabe ainda, mas Kylie já decidiu reunir-se conosco em
algumas paradas. Eu falei com ela no final da semana passado, antes do show em Dallas, e consegui
convencê-la a vir. Ela alegou que era principalmente porque ela quer ver nossos pais quando tocássemos
em Atlanta, mas ela não está me enganando com qualquer uma dessas besteiras. Ela pode ver nossos pais
a qualquer momento.
Ela está atraída por tudo sobre estar nessa turnê - os locais, o ônibus lotado, Wyatt McCrae.
O medo de vir nesta turnê somente para ver Wyatt a traindo é o que a segurou em New Orleans, em
primeiro lugar. E agora que essa palavra tem voltado para ela por seus amigos da equipe de que McCrae
está conseguindo manter seu pau em suas calças, ela quer estar perto novamente.
Sinjin se arrasta entre Wyatt e eu, chicoteando um conjunto de suas baquetas para fora do bolso de
trás da calça jeans. — Vamos fazer essa merda para que eu possa voltar para o meu quarto.
— Noite difícil, filho da puta? — Eu pergunto, e ele torce em um círculo completo, dando de ombros.
— Gastei muito dinheiro em bebida e acabei chutando duas cadelas bêbadas para fora do meu quarto.
— Ele senta com um baque atrás da bateria e arranha um dos bastões em toda sua têmpora. Chama a
minha atenção para os olhos injetados de sangue. — Então, eu diria que foi uma merda.
Uma vez que estamos todos cansados e desesperados para voltar para os nossos hotéis, esta é a
primeira vez desde o início da turnê que uma das nossas passagens de som termina, sem um único
percalço. Assim que finalizamos e eu deixo Tyler saber que estarei nos bastidores para a festa de hoje à
noite de Sin, eu deixo o prédio com David arrastando alguns passos atrás de mim. Pouco antes de eu
chegar ao meu carro alugado no estacionamento, Wyatt grita para eu diminuir o inferno da velocidade.
Ele nunca foi de rodeios, então quando ele começa a conversa hesitante, eu sei que não está indo a
nenhum lugar bom. Por fim, ele diz, — Cal e eu falávamos sobre parar em Louisville, antes de ir para...
— Louisville não está na agenda de turnê, — eu digo. — No último minuto a merda nunca funciona.
Ele se senta na frente da BMW preta. — Você está brincando comigo? Tyler poderia ligar para
qualquer local neste país neste maldito minuto, e nós estaremos reservados antes que ele termine de falar.
Eu não tenho nenhuma dúvida em minha mente sobre isso. Ainda assim, eu não estou indo para
Louisville. Eu tinha ficado fodidamente longe daquele lugar a última vez que saímos em turnê, há dois
anos, e eu não tenho nenhuma intenção de fazer um esforço neste momento. — Então você, Cal e Tyler
vão. Eu não vou.
— Cilla estava totalmente nisso.
Ouvir isso não faz nada além de me fazer ver ainda mais vermelho. Ela passou a maior parte de seu
tempo bêbada então o porquê dela não se lembrar de nada do que aconteceu da última vez que estivemos
em Louisville. O que para mim, é patético, considerando que há um vídeo dela on-line de quatro anos
atrás, reclamando para o público no local que tocamos naquela noite. Wyatt move sua cabeça com
expectativa, e eu dou um sorriso apertado.
— Então, deixe-me reformular isso: você, Cal, e Tyler vão e levam a Wicked Lambs com vocês.
Não seria a primeira vez que ele e Cal saíam para fazer a merda com outra banda, e eu tenho certeza
que não será a última.
Wyatt levanta as mãos defensivamente. — Não é um grande negócio para foder com tudo.
Mas é. E eu preciso sair daqui, porque eu posso sentir minha cabeça começando a bater. Toda esta
conversa está prestes a destruir o resto do meu dia. Sem outra palavra, eu sigo ao redor da porta do
motorista da BMW.
Wyatt tem o bom senso de pular da frente do carro alugado e se afasta, enganchando as mãos atrás da
cabeça. Eu não o poupo uma segunda olhada quando eu acelero para fora do estacionamento.

Eu não conheço St. Louis, assim como eu conheço algumas das outras cidades que eu visitei, mas isso
não me impede de dirigir por aí com o GPS desligado. Eu não quero voltar para o Avery ainda porque
me recuso a tratar Sienna como uma merda só porque eu estou chateado, então eu dirijo pela cidade até
que eu estou o mais relaxado que estarei hoje. Por causa de um engarrafamento, eu volto para o Avery
mais tarde do que o planejado.
O porteiro me para no lobby para informar que eu perdi o check-out, assim eu assino a papelada para
autorizar outra noite de estadia no meu cartão de crédito (e assinar um autógrafo para o filho do
atendente) antes de tomar o elevador da cobertura até o piso superior.
— Estou de volta, — eu grito quando eu caminho até o quarto, mas ela não responde. Arrastando
minha camiseta sobre a minha cabeça, eu a lanço no topo do bar junto com as chaves do meu carro
alugado. — Sienna? — Quando ela ainda não responde, eu acho que ela está dormindo. Eu caminho
através da cobertura em silêncio, esperando que eu não vá incomodá-la.
Quando eu passo pela porta do quarto, eu congelo por causa do barulho vindo de dentro.
É o som de “All Over You” sendo meticulosamente dedilhado no violão. Abro a porta com cuidado
para encontrá-la nua. Ela está sentada contra a cabeceira com a guitarra no colo, cobrindo seu belo
corpo. Ela não percebe que eu estou aqui, e eu não estou pronto para deixá-la saber que eu estou, ainda.
Então, eu a assisto. O jeito que ela range os dentes em irritação quando ela tenta pegar um acorde
difícil. Como seu longo cabelo vermelho cai sobre o seu rosto e a parte da frente da Gibson quando ela
consegue tocar por mais de 15 segundos, sem cometer um erro. E a maneira como ela suspira e fecha os
olhos azuis diretamente antes que ela faça tudo de novo.
Eu a assisto, e eu sinto meu pau endurecer com a visão dessa criatura incrivelmente sexy nua na
minha cama temporária, tocando a guitarra que eu lhe tinha dado.
— Você sabia, — eu começo, e sua cabeça voa para cima. Seus olhos se arregalam com surpresa que
se transforma em timidez só um momento depois. Ela levanta a mão para o lado de seu rosto e escova de
volta pelos cabelos timidamente. — Que eu poderia ter o dia de merda e então quando chego perto a
única coisa que importa é você?
Ela passa rapidamente a ponta de sua língua pelos lábios cor de rosa. — Você está tendo um dia
ruim? Está tudo bem?
— Está perfeito agora. — Relaxando meus ombros, eu ando até a cama onde ela aperta a mão no meu
peito, raspando as unhas suavemente sobre a tatuagem no centro. — Wyatt quer tocar em uma cidade que
não está na turnê.
Ela coloca sua guitarra vermelha no criado-mudo ao lado de uma bandeja de alimentos comida pela
metade. — E você não quer ir...
— Louisville, — eu rosno, embora ela seja a última pessoa para quem eu queira trazer isso. A única
razão que eu digo a ela agora é porque ela pode facilmente perguntar a Cal ou Wyatt ou mesmo Sinjin, e
eles de bom grado lhe diriam que eu tenho evitado esse lugar como uma praga, uma vez que o visitamos
há vários anos. — E eu abso-fodida-lutamente não vou.
Abaixando sua cabeça, ela parece digerir isso por um momento, e então ela arremessa o cabelo para
trás para que eu possa ver claramente seu olhar interrogativo. — Por que não? Eu amo Louisville.
— Porque nós já temos o suficiente de cidades planejadas. — Minha voz é mais dura do que eu
pretendo que ela seja, e ela recua bruscamente. — A turnê está realmente me chateando, eu não quero
adicionar mais estresse a isso, — eu respondo, meu tom mais suave.
Sentado ao lado dela, eu corro o meu olhar até suas longas pernas nuas quando ela brinca com o
braço da guitarra. — O que na turnê está chateando você? — Ela finalmente pergunta hesitante.
Eu toco sua bochecha, e ela esfrega o rosto para frente e para trás através da palma da minha mão,
seu ligeiro movimento causando um choque no meu braço. — Não Chegar a fazer o que faríamos na noite
passada. — Um rubor aquece os seus seios, e eu pego a guitarra e a coloco de lado. Permito-me beber a
visão de seu delicioso corpo antes de dizer, — Estar naquele ônibus maldito.
— O ônibus é como uma casa de luxo sobre rodas, — ela me lembra.
— Uma casa de luxo sobre rodas que temos que compartilhar com alguém que tamborila em tudo o
que ele alcança, — acrescento eu. — Depois, há a comida de merda.
Ela vira a cabeça para o lado. — A maioria dos locais serve a vocês uma comida sensacional. —
Quando eu dou-lhe um olhar cético, ela dá de ombros. — Eu não disse todos, apenas a maioria. —
Empurrando seu corpo mais perto do meu para que eu seja capaz de sentir o cheiro doce do sabão que ela
usa, seus olhos procuram os meus. — É isso?
— Sim, isso é tudo.
É quase como se ela quisesse dizer algo a si mesma, e eu sinto uma dor aguda no meu peito, porque
eu acho que sei o que é. Sinjin me puxou de lado no outro dia sobre um pouco da merda que está sendo
escrita sobre ela online. Mais do que tudo, eu quero protegê-la disso e todas as outras coisas negativas
que vem com o que eu faço.
O que eu fiz.
Mas quando ela fala, sua voz baixou uma oitava e é sedutora, provocando. — Então me deixe te amar,
Lucas.

Depois do nosso show naquela noite, o novo recorde de Sinjin de ser pontual é baleado totalmente
para o inferno quando ele não se apresenta na festa de bastidores que Tyler e o diretor de publicidade do
local organizaram para o seu aniversário. Quase todo mundo está aqui, - ambas as bandas e maior parte
da equipe - e Tyler foi com tudo com um desses grandes bolos do caralho que me fazem pensar que uma
stripper vai saltar para fora a qualquer momento.
Conhecendo Sin, provavelmente seria uma stripper.
— Você deveria chamá-lo? — Sienna pergunta nervosamente depois que ela volta do banheiro. Eu sei
que ela está procurando por ele, e eu tenho que admitir que é um alívio que eles estão se dando bem. Ele
está tratando-a com a mesma ferocidade protetora que ele reserva à minha irmã desde após a primeira
semana, e eu não acho que isso tenha algo a ver comigo o ameaçando. — Eu devo chamá-lo?
— É Sin, — eu digo a ela, puxando-a para o meu colo. Seu rosto fica vermelho, e ela olha em volta
para ver se alguém está olhando para nós no sofá. Eu toco seu queixo trazendo seu olhar de volta para o
meu. — Relaxe. Todos eles sabem que você está comigo, e eu não dou a mínima para o que qualquer uma
dessas pessoas pensa. Sobre o que ninguém pensa. Deixe-os falar.
— Nós estávamos falando sobre Sinjin, — ressalta.
— Ele vai aparecer, — eu prometo.
Quando Sin chega uma meia hora mais tarde, - depois de Tyler lhe enviar inúmeras mensagens de
texto, - ele tem uma pequena loira bonita e de olhos marrons em seu braço, seu olhar correndo ao redor
ansiosamente. Ela parece familiar, mas eu não consigo identificá-la, e quando Sienna me pergunta se é
uma das mulheres que ele estava falando sobre levar para o hotel na noite passada, eu dou de ombros.
— Eu acho que as coisas foram para a merda com elas, mas isso não seria a primeira vez que ele
mudou de ideia.
Ele caminha ao redor da sala para falar com todos. Quando ele se aproxima de Cilla e Brody, que
estão a poucos metros de distância de nós falando com Maggie no camarim, Cilla interrompe a conversa.
Levantando sua mão, ela deixa escapar: — Então, quem é esta?
Percebendo seu erro, Sin tenta levar a loira para longe da situação. Ela encolhe os ombros fora de
seu aperto e enfrenta Cilla. — Sinto muito, o quê?
Cilla ergue a cabeça para o lado, avaliando a outra mulher. — Eu conheci você e sua companheira de
quarto no saguão ontem à noite, certo? — Ela bufa. — Não achei que você estaria em torno hoje à noite.
— Eu não acho que já nos conhecemos, — afirma a loira com uma voz fria. Seu peito está subindo e
descendo rapidamente, e ao lado dela, o rosto de Sin é ilegível. Ele está prestes a perder o controle. —
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Eu sou Zoe Whitlow - uma das amigas de Sinjin de back home .
Sienna suga uma afiada ingestão de ar logo que levanto da minha cadeira.
— Dê-me um segundo, — eu digo a Sienna. Ela está balançando a cabeça quando eu decolo em
direção a Sinjin, e quando eu os alcanço, em vez de falar com ele ou Zoe, eu coloco minha mão no meio
das costas de Cilla.
— O que você está fazendo? — Ela exige quando eu a levo a partir do quarto e no corredor.
— Impedindo-a de fazer de si mesma uma idiota ainda maior.
Ela se esforça para se apoiar contra mim, e eu estou surpreso quando eu não sinto qualquer tipo de
álcool em seu hálito. E eu estou decepcionado também. Ela sabia exatamente o que estava fazendo lá
atrás com Sin. — Perguntou a Pimenta se você poderia sair? — Ela pergunta quando eu aperto seus
ombros para mantê-la sob controle.
— Temo que não.
— Então o que diabos você quer? — Ela grita.
Eu me inclino para trás com raiva. Cilla não foi sempre assim, mas nos últimos anos ela tem piorado.
Amarga. Quando eu falo, eu moo as palavras. — Fique fodidamente longe de Sinjin hoje à noite.
Ela domina a arte de falar besteira tão bem que ela é capaz de bater rapidamente um olhar vazio em
seu rosto - de seus olhos verde-azulados vagos aos seus lábios entreabertos. — O quê? — Ela pisca
algumas vezes.
Eu não tenho a paciência de fazer essa merda com ela hoje.
— Eu terminei com você, — eu digo.
Eu deixo cair as minhas mãos longe de seus ombros e me viro para sair, mas ela escava os dedos na
minha camisa. — O que é que isso quer dizer?
Retirando sua mão, eu zombo dela. — Eu não sei como deixar isso mais claro. Pessoalmente.
Profissionalmente. Eu não posso fazer essa merda com você.
Ela engole em seco e arrasta as mãos sobre o rosto. — Tudo porque eu fiz uma brincadeira e ferrei ao
redor com a namoradinha de Sinjin?
— Porque, se todos os homens na sala que você já fodeu não se jogam aos seus pés, você fica toda
ofendida. Porque você gosta de miséria. Acho que essa é a pior parte, porque me lembra da minha ex-
esposa.
Lágrimas de juntam nos cantos internos dos seus olhos, mas eu não compro seu ato por um segundo.
— Olha, eu sinto muito.
— Não me diga isso. — Eu golpeio meu dedo em direção à entrada da sala. Mesmo a partir daqui, eu
posso ver Zoe não tão perto de Sinjin. Ele parece como se estivesse a apenas um momento de um colapso
que o faria voltar meses, anos. — Leve sua bunda destrutiva lá e diga isso para ele ou ela.
Ela me dá esse olhar arisco que ela sempre usa quando é confrontada, e eu quase acho que ela vai
fazer a coisa certa e falar com Sinjin para fazer tudo certo. Mas em vez disso, ela gira em torno sobre os
calcanhares e se arrasta na outra direção para o camarim que ela usou no início desta noite.
— Diga a Tyler para me enviar uma mensagem quando meu ônibus estiver pronto para partir, — ela
grita.
Capítulo Dezesseis
Sienna
— Ok, derrame, quanto dessa merda você já fez? — Minha amiga Ashley pergunta enquanto ela abre
uma cerveja com o abridor de garrafas em seu chaveiro.
É sábado à noite, e eu estava de volta em Nashville desde ontem à tarde. Ashley tinha me mandado
uma mensagem exatamente às 10:30, - enquanto eu estava no banho - para perguntar se eu queria vir à
noite de karaokê no bar de seus pais no centro da cidade, The Beacon. Desde que vovó tinha ido para a
cama uma hora antes, e eu não vi Ashley durante algumas semanas, eu aceitei imediatamente o convite.
Após o dia que eu tive, eu precisava fazer isso.
Eu tinha trabalhado por doze horas só para chegar em casa e descobrir que não só tinha a ex de Lucas
enviando uma carta contundente para a minha casa, mas eu também tinha um e-mail de um dos meus
clientes me pedindo para cancelar todos os seus compromissos futuros por tempo indeterminado .
— Sienna? — Diz Ashley, trazendo meus pensamentos longe da nota e de volta para o bar lotado.
— O que você quer saber dessa merda? — Eu pergunto, reunindo um sorriso provocante.
— Você sabe exatamente o que eu estou falando. — Quando eu não digo nada, ela geme e repousa o
queixo no punho. — Oh, vamos lá, não me diga que você não fez nenhuma delas.
Penso na lista que ela deu para mim antes que eu saísse de Nashville há algumas semanas e quantos
itens eu risquei até agora. — Eu tenho cerca de quatro ou cinco restantes - e não, eu não tirei fotos do
corpo de Cal. — Quando os lábios de Ashley franzem em uma pequena linha fina, decepcionada, eu
levanto minhas mãos em defesa. — Eu acho que vou encontrá-los antes da turnê acabar. Quero dizer,
daqui três semanas. E não se esqueça, eles estarão aqui em 12 dias.
Assim como eu espero, mencionar o próximo show do Your Toxic Sequel em Nashville muda a
conversa. Ashley me lança um sorriso animado. — Eu tenho uma contagem regressiva no meu telefone.
— Ela balança a cabeça. — Ugh, eu sei. Patético.
— E enquanto eles estão aqui, talvez você possa terminar a sua própria maldita lista de coisas para
fazer antes de morrer, — acrescento eu, em voz baixa.
Passando as mãos pelo cabelo multicolorido, ela revira os olhos dramaticamente. — Onde está a
graça nisso?
O meu telefone vibra no centro da mesa. Eu o viro para revelar uma mensagem de Lucas. Eu esperei
ele me enviar uma mensagem desde que cheguei em casa do meu trabalho, e meu sorriso deve me entregar
quando eu o abro. Ashley solta um assobio.
— Eu poderia fazer-lhe muitas perguntas, mas você já está vermelho brilhante, então eu vou
incomodá-la mais sobre o seu trabalho hoje. Mentes curiosas querem saber, será que este novo reality
15
show vale a pena assistir? É o Jersey Shore da música?
— Era... Maçante. Bem, o trabalho era. Eu não tenho certeza sobre como o show parecerá. — Eu não
disse nada sobre o cancelamento do meu outro cliente. Eu tenho trabalhado com essa mulher, esposa de
um político, desde que comecei a fazer consultoria de figurino aqui. Seu e-mail tinha sido de duas linhas,
principalmente afirmando que com o meu - outro trabalho aos olhos do público, - ela viu isso como uma
interrupção de sua associação comigo.
Doeu bastante e me sentei e fiquei olhando para tela do meu computador durante vários minutos
depois.
Eu tinha começado a responder uma mensagem de volta e perguntar se era por causa das centenas de
fotos de Lucas e eu circulando na Internet, ou se ela havia olhado nos diversos sites de fãs dos YTS que
manchavam meu nome com todas as mentiras que se possa imaginar.
Como uma idiota, eu havia dado uma olhada em um dos sites após o jantar hoje à noite para descobrir
que eu estava grávida. Tenho certeza de que, amanhã de manhã, aquilo terá mudado, e eu vou ter traído
Lucas com um aborto secreto. Ou que talvez o bebê passou a ser de Cal ou de Sin.
Se não fosse tão triste, e inegavelmente assustador, eu provavelmente iria rir.
— Deus, menina, você tem estado longe desde que você entrou aqui esta noite, — Ashley reclama. —
Eu só disse que maçante é bom, mas eu tenho certeza que não há nada disso acontecendo na estrada. —
Ela agita ansiosamente com a borda de sua garrafa de cerveja, e é óbvio que ela tem uma pergunta sobre
YTS e a viagem.
Desde que eu me sinto um lixo por ser tão horrível esta noite, eu espero até que um casal passe e lhe
digo: — Ok, atire.
Batendo pesadamente suas mãos sobre a mesa, ela se inclina. — Cilla Craig?
Considero minhas palavras com cuidado, mas então eu balanço minha cabeça. Foda-se ser agradável.
— O diabo em meia arrastão.
— Eu sabia. — Ashley se senta ereta e toma um gole de cerveja, franzindo o piercing de nariz com o
gesto. — Ugh, nunca pediremos essa merda novamente. — Ela desliza a garrafa quase cheia até a borda
da mesa. — Esta será a primeira vez que eu vejo realmente Lambs ao vivo porque eu estava com medo
que ela jogaria um microfone do palco ou alguma merda.
Quando minhas sobrancelhas se juntam e eu gesticulo para ela continuar falando, ela diz: — Há um
vídeo dela no YouTube em um show em Louisville, quando ela saiu em turnê com YTS alguns anos atrás.
Ela explodiu aquele público.
Eu tenho uma imagem vívida de Cilla gritando com Sinjin na frente de Zoe duas noites atrás, e a parte
de trás da minha garganta queima. — Porque não estou surpresa...
— De qualquer forma, eu... — Ashley é cortada quando Nick, um dos porteiros, para em nossa mesa
e sussurra algo em seu ouvido. — Merda, o filho de uma das bartenders está doente, então ela tem que
sair mais cedo. Dê-me vinte minutos, ok?
Mas eu balanço minha cabeça e fujo para fora da banqueta. — Eu preciso voltar para casa. Eu viajo
amanhã de manhã, e eu tenho um café da manhã com Seth e vovó.
Ashley pula de seu próprio assento. — Divirta-se, — ela diz alto o suficiente para abafar o som do
cara embriagado acabando com uma canção de Ke$ha no palco. Ela dá dois passos antes de chicotear de
volta, batendo o dedo contra seus lábios. — Antes que eu esqueça, quando você voltará?
— Cinco dias a partir de agora. Eu fico por aqui até que eles venham para a cidade porque fui
contratada para trabalhar mais com a equipe a partir de hoje. — E eu tenho um cliente particular, também,
mas quem sabe se isso vai evoluir.
Ashley me dá um pequeno gesto de comemoração inspirado nos anos 80. — Tudo bem, verei você,
então, e se a única coisa que resta nessa lista não envolver o umbigo de Cal... Então me ajude, Sienna.
Forçando uma risada, eu prometo que vou fazer o meu melhor.
Quinze minutos mais tarde, depois de entrar na casa de vovó e trancar a porta atrás de mim, algo me
bate com o que Ashley disse esta noite. Eu rastejo calmamente pelas escadas. Assim que eu mergulho no
meu quarto, eu vou direto para o meu computador e procuro no Google o discurso violento de Cilla em
Louisville.
É o segundo item que aparece no sistema de busca - diretamente depois de um artigo sobre um homem
que foi assaltado no estacionamento durante o show do Wicked Lambs em Louisville. Eu clico no vídeo.
Durante um total de cinco minutos e trinta e nove segundos, eu assisto com horror como Cilla soluça
seu caminho através de uma canção antes de dizer para o público ir se foder.
Isso deixa um gosto amargo na minha boca.
O som de uma mensagem recebida me assusta, e eu olho para cima em uma aba aberta no topo da
minha tela. Eu tenho uma nova mensagem no Facebook de Kylie, que finalmente mudou o sobrenome em
seu perfil de Wolfe para McCrae.
Kylie McCrae: Adivinha quem logo estará vendo você?
Empurrando minha língua contra o interior da minha bochecha, eu digito uma resposta.
Deixe-me adivinhar, ela é baixinha, maravilhosa, e ela tem o cabelo azul incrível?
Kylie McCrae: Sim, sim, mas NÃO. Eu o tingi novamente. Eu acho que eu amo isso.
Estremeço. Kylie tinha tentado platinado e vermelho cereja vários meses atrás, e parecia que uma
enfermeira impertinente vomitou em seus cabelos. Antes que eu possa perguntar de que cor ela estava
dessa vez, ela carrega uma foto de si mesma. Carrega lentamente, graças a nossa Internet muito lenta,
então eu sou capaz de ver um pouco de cada vez até que eu finalmente estou olhando para a imagem
completa: Kylie parecendo surpresa apontando para o topo de sua cabeça. Que é agora uma sombra
totalmente clara do castanho escuro.
Kylie McCrae: Já que você está muda (sem palavras?) eu posso dizer que você o ama. E para
responder a sua próxima pergunta, eu e meu cabelo normal estaremos no ônibus de Atlanta para New
Orleans.
Isso significa que ela estará ao redor no resto da turnê, com exceção de Phoenix e Los Angeles.
Quando pergunto por que ela não quer ir para os dois últimos shows, ela imediatamente responde que
isso está no ar.
Seja lá o que isso quer dizer.
Sorrindo para a tela do computador, eu começo a deixá-la saber que eu não posso esperar para vê-la,
mas então eu apago a mensagem. O vídeo de Cilla ainda está me incomodando, e qual a melhor pessoa
para perguntar do que Kylie, que estava, provavelmente, em torno do momento.
Ei, pergunta estranha, mas o que foi aquele negócio de Cilla naquele show em Louisville?
Pela primeira vez desde que começamos a conversar no Facebook meses atrás, ela me responde
quase que imediatamente.
Kylie McCrae: Ela achava que estava sendo perseguida. Alguém estava lhe enviando cartas e
presentes. Ela recebeu um diretamente antes do show e PERDEU a cabeça. Ok, eu odeio fazer isso,
querida, mas eu tenho que ir, estou exausta!
Cartas e presentes. Isso soa muito como a porcaria que Sam tem empurrado para mim que eu quero
vomitar. Também força algumas coisas em um foco claro. Como Cilla me chamando de sua mais nova
perseguidora. Ou por que Lucas quer evitar Louisville - o discurso ofensivo de Cilla tinha que ter vindo
com algum retrocesso negativo para o Your Toxic Sequel.
Ainda assim, eu realmente sinto muito por Cilla.
Apoiando os dedos de volta para o teclado, desta vez, eu realmente digo a Kylie que estou animada
para vê-la antes de fechar a tela do meu computador. Frustrada, eu subo na minha cama. Quando eu
localizo a carta que Sam tinha me enviado no meu criado-mudo, eu a chicoteio na lata de lixo do outro
lado da minha cama.
Cartas e presentes.
Não, absolutamente não ficaria surpresa se o “perseguidor” de Cilla fosse a ex-mulher de Lucas
apenas tentando ferrar com ela, mas isso ainda não a torna menos perturbadora.

Em vez de deixar meu carro no aeroporto de novo, e ter que enfrentar as taxas de estacionamento
ridículas de longo prazo no meu retorno em uma semana, vovó oferece para me deixar na manhã seguinte
para o meu voo para Carolina do Sul. Durante a viagem, eu finalmente trago a reunião com o advogado
que ela me disse há algumas semanas.
Eu tinha evitado trazer todas as coisas relacionadas com a minha mãe durante os dois últimos dias,
mas agora que estou indo embora, eu sinto que eu não tenho exatamente uma escolha.
Depois que eu pergunto a ela, vovó aperta os olhos para a estrada. — Rebecca está tentando uma
libertação antecipada, — explica ela.
Por bom comportamento, sem dúvida. Eu não digo nada sobre todas as lutas que minha mãe esteve
envolvida apenas no ano passado. — E esse advogado não fará isso de graça, não é? — Minha avó não é
uma mulher rica, e a última coisa que eu quero é que ela se coloque em uma situação ruim de novo apenas
porque ela quer ajudar a minha mãe.
Vovó fica em silêncio por alguns minutos, e o único som no carro é o assobio suave do ar
condicionado. Por fim, ela diz: — Nem perto disso, querida. — O canto do seu lábio treme, me deixando
acreditar que há algo que ela não está me dizendo.
Eu posso facilmente adivinhar o que é.
— Ela queria que você falasse comigo sobre pagar por isso?
— Ela sabe que você não pode fazer isso. Ela queria que você falasse com Lucas, — Vovó me
corrige, e eu estreito meus olhos.
— Como ela sabe sobre ele?
Minha avó balança a cabeça, o ar condicionado soprando os finos fios de seu cabelo grisalho ao
redor. — Eu não tenho certeza. Eu imaginei que isso estivesse em uma dessas revistas de entretenimento
que eles entregam. — Ela trilha pela área de embarque do aeroporto e coloca seu antigo sedã Mercedes
no estacionamento. — Eu disse a ela que eu não gostaria de lhe pedir.
E minha mãe deve ter ido como uma bala para cima dela, chamando-a de todos os nomes possíveis.
Meu corpo fica tenso, mas eu dou a vovó um sorriso que eu espero que diga a ela o quanto eu a adoro. —
Eu te amo. — Eu me inclino e beijo sua bochecha. — Eu te amo tanto.
— Eu também, Sienna.
Enquanto eu pego minhas coisas no banco de trás, eu acrescento: — E se a mamãe ligar novamente,
diga-lhe que, mesmo que a resposta seja não, ela poderia pelo menos ter a coragem de me perguntar por
si mesma. Na verdade, ela pode me ligar a qualquer hora e ter isso comigo.
Os olhos azuis de minha avó brilham em diversão. — Eu vou. Você cuide de si mesma. Vejo você em
uma semana, querida.
Ao contrário da última vez que eu voei para fora de Nashville, meu voo para Greenville é curto - um
total de três horas que inclui uma breve escala em Charlotte, onde eu pego um bagel de uma padaria.
Estou muito excitada para comer. Apesar do cancelamento do cliente e a carta de Sam, estou mais ansiosa
para encontrar a banda - não, para encontrar Lucas. Parte disso é aquela necessidade quase dolorosa de
estar perto dele e a outra parte é orgulho. Se eu ficar com ele, talvez provará um ponto.
Em vez de enviar alguém para me pegar, ele está me esperando no terminal quando o meu voo pousa
em Greenville. Antes que eu possa dizer uma única palavra, sua boca cobre a minha e ele me beija como
se estivéssemos separados por anos e não apenas dois dias. Eu fico tonta, com meus batimentos
cardíacos acelerados, quando ele me afasta dele.
— Eu não posso te dizer o quanto eu tenho pensado nisso desde que você partiu, — diz ele.
— Eu estive fora por dois dias, — eu indico, embora eu sinta o mesmo. Essa coisa entre nós é uma
loucura. Mesmo aqui nos faz quase alheios ao mundo ao nosso redor. Eu não noto as três mulheres a
poucos metros de distância de nós, antes que ele me deixa pegar minha bagagem. Elas têm os seus
telefones com câmera, tirando fotos de Lucas e eu quase posso garantir que eu também era o foco de seus
cliques apenas momentos antes.
Uma delas me dá um olhar que lança adagas em meu peito. Ela inclina-se para uma de suas amigas e
diz algo atrás de sua mão. Mas, enquanto Lucas chama meu nome, - e o vejo vindo em minha direção
segurando minha mochila com um olhar em seus olhos que grita desejo, amor e querer - eu poderia me
importar menos.
Deixe-as falar.
Capítulo Dezessete
Após o concerto em Greenville, em seguida vem Charlotte na terça-feira à noite, seguido de
Charlottesville na quarta-feira à noite. Mesmo que eu esteja exausta da caminhada no centro de
Charlottesville na noite anterior depois do show, eu me arrasto para fora do nosso compartimento quinta
de manhã, quando os ônibus estacionam na parte de trás do local em Virginia Beach.
Quando eu ando até a cozinha para pegar um copo de suco de laranja, estou surpresa ao descobrir que
Sinjin já está de pé. Ele está na sala de estar, jogando vídeo game e xingando a tela.
Enquanto eu derramo a minha bebida, ele olha para mim, correndo o olhar dos meus pés descalços
aos meus shorts e camiseta surrada e, finalmente, para o meu cabelo bagunçado. — Você parece uma
merda, — diz ele.
Deslizando para baixo no sofá ao lado dele, acabo com o resto do meu suco de laranja. — Sua
honestidade faz minha vida completa.
— Eu te disse, eu sempre vou te dizer a verdade. — Ele joga o controle entre nós e esfrega as mãos
sobre o rosto. — Deus, eu estou meio tentado a ir com você amanhã e pular esta merda por algum tempo.
Revirando os olhos, eu pego o controle e reinicio o seu jogo. Assim que eu consigo me matar, e
depois ser comida por um zumbi nos primeiros 30 segundos, ele puxa o controle das minhas mãos. — Se
você vier comigo, quem vai tocar os seus solos de bateria? — Eu pergunto docemente.
— Seu fodido namorado. — Ele sobrevive um pouco mais de tempo que eu - cerca de três minutos,
antes que Game Over pisque através da pequena tela plana.
— Que diabos você tem com essa coisa? — Eu pergunto quando ele me passa o controle novamente.
— Massacre.
Fazemos isso por uns bons 30 minutos, mantendo uma pequena conversa sobre jogos de vídeo game e
passando o controle de um para o outro assim que nos matamos. Por fim, pergunto-lhe sobre Zoe.
Seu rosto nubla-se, mas ele rapidamente o substitui com um olhar de indiferença. — Cilla a irritou,
mas ela disse que espera merda assim de mim, então eu não sei. — Eu não perco o jeito que sua voz
treme ou quão apertado ele está segurando o controle remoto. — A coisa mais fodida é que eu não transei
com qualquer uma dessas meninas.
— Você disse a ela isso? — Eu pergunto calmamente.
Ele levanta os ombros magros em um encolher de ombros. — Isso estava condenado desde o início.
Levantando meus joelhos até meu peito, eu envolvo meus braços em torno de minhas pernas. —
Então, talvez, isso significa que é suposto funcionar? Como todos esses romances épicos.
Ele me dá um olhar de soslaio, como se ele estivesse realmente considerando minhas palavras. —
Romances épicos são sempre fodidamente condenados.
O som de Lucas se arrastando ruidosamente pelo corredor do ônibus coloca um fim a nossa conversa
e Sinjin me entrega o controle finalmente. — Eu vou dormir um pouco antes da passagem de som. — Seus
olhos verdes piscam um aviso para Lucas. — Significa não me acorde com qualquer uma daquelas
besteiras antes disso.
Coçando a cabeça fazendo com que seu cabelo escuro desgrenhado caia em seus olhos, Lucas dá ao
seu colega de banda um sorriso arrogante. Ele vira aquele olhar em mim por um momento, e algo vibra na
boca do meu estômago. — Eu vou fazer o meu melhor, — Lucas promete.
Sinjin desaparece na parte de trás, mas poucos segundos depois, ele espreita a cabeça na sala de
estar. — Antes que eu me esqueça. — Ele levanta um conjunto de baquetas. Eu as pego, uma de cada vez,
quando ele as atira em minha direção. — Autografadas e todas essas coisas boas. — Antes que eu possa
oferecer-lhe uma palavra de agradecimento, ele se foi, e eu posso ouvir a música “Famous” de Puddle of
Mudd tocar bem alto dentro de seu compartimento.
— Ok, ele está me assustando. — Eu levanto o meu olhar para Lucas que está apoiado no balcão da
cozinha com um Red Bull na mão. — Você parece... Bem descansado.
Ele arranca o lacre de sua bebida energética. — Eu tive duas semanas para me ausentar da estrada.
Porra, sim, eu estou descansado. — Dando-me um sorriso animalesco, ele atira-se para o sofá comigo,
agarrando minha perna e me puxando para ele, para que eu me escarranche nele. Eu abafo meu grito de
prazer com a palma da minha mão, quando ele roça meus quadris contra seu pau e me inclina para trás
para que ele possa beijar meu peito através da minha camiseta. — Você se parece como...
O meu telefone vibra na mesa, interrompendo-o.
No início, eu não tenho nenhuma intenção de respondê-lo, mas então ele dá um aperto na minha coxa.
Esticando meu braço, eu a contragosto o agarro e o viro para revelar um número desconhecido. Uma
lasca de medo me envolve quando eu olho para a tela piscando porque o primeiro lugar que a minha
mente vai é Sam.
Até agora, ela só usou palavras para me ferrar. Por mais que eu odeio admitir isso, meu endereço era,
provavelmente, fácil de encontrar, porque eu tinha uma vez incluído na seção Fale Comigo no meu site.
Mas o pensamento de ela passar pelas etapas para encontrar o meu número de telefone?
Acalme-se, eu penso. Pare de se antecipar e apenas atenda a maldita coisa.
— Você só vai olhar para a tela? — Lucas rosna em meu ouvido.
Dando-lhe um balançar da minha cabeça, eu deslizo o dedo na parte inferior da tela para atender a
chamada. A pessoa do outro lado da linha já está falando antes de eu colocar meu ouvido no alto-falante,
e estou aliviada ao descobrir que a voz é automatizada.
Mais ou menos.
—... Chamada a cobrar de Rebecca Previn.
É a minha mãe.
Eu não sei quantas vezes eu recebi telefonemas semelhantes no passado, mas eles têm sido poucos e
distantes entre si ao longo do último ano. Eu tinha acabado de ficar sem condições de lhe ajudar, e isso
significava que eu não servia pra muita coisa.
Eu não tenho certeza se é raiva por ela ter enviado vovó para o escritório desse advogado ou meu
antigo desejo de fazer a minha mãe feliz que me leva a aceitar a chamada, mas eu faço. Ela não inicia a
conversa como normalmente faz, - com aquela voz suave e doce que ela usa sempre que quer alguma
coisa - ela já está avançada para cuspir fogo.
— Sua putinha, — ela sussurra. — Como você ousa tentar virar minha mãe contra mim?
Lutando para fora de colo de Lucas, eu freneticamente trabalho meu dedo sobre o botão de volume
para que a conversa não seja tão alta. Lucas já está inclinado para frente, trabalhando seus longos dedos
sobre seu lábio inferior em preocupação.
Virando as costas para ele para que ele não possa ver meu rosto, eu dou uma respiração profunda. —
Eu não sei o que você está falando.
Ela solta um rugido profundo na parte de trás de sua garganta. — Não tente isso comigo, Sienna, eu
vejo através de você. Sempre vejo. Você está tentando distorcer sua mente contra mim, e isso não é certo.
Eu aperto meus dedos sobre a ponta do meu nariz. Deixe isso para a minha mãe que me causa uma dor
de cabeça. — O que exatamente eu fiz? — Eu pergunto, em voz abafada.
— Ela me disse que tinha vergonha que eu queria que o seu namorado me ajudasse. Que ela nunca...
— Não, — eu balanço minha cabeça. — vovó não deve sentir um pingo de vergonha por isso. Você
deve. Você nem mesmo fala comigo, e a primeira coisa a fazer depois de ler algo um artigo de fofocas
sobre mim é me ligar exigindo...
Agora é a vez de minha mãe me cortar, e quando isso acontece, ela está gritando no telefone. — Você
me escreveu uma carta oferecendo.
— Mãe, — eu respiro, odiando o modo como meu peito arde quando eu a chamo assim. — Não faça
essa merda.
Há o som de papel do seu lado da linha, e em seguida, em poucas palavras e voz trêmula, ela lê a
carta em voz alta para mim. É curta e direta ao ponto, dizendo que eu faria Lucas pagar seu advogado se
ela aceitasse a minha oferta. Mesmo para a minha mãe compor algo sobre isso é um pouco exagerado.
Uma vez que ela fez a leitura, mamãe diz algo que envolve uma camada de gelo em volta do meu
coração. — Enviado há três semanas - carimbado de Atlanta - portanto não fique sentada aí e minta para
mim.
— Onde foi que você disse que veio?
Ela faz um barulho estrangulado. — Você é surda? Você me ouviu. Não se preocupe, eu não quero ou
preciso de você ou a ajuda de seu namorado. Mas se você alguma vez que seja tentar jogar minha mãe
contra mim de novo, vou espancar sua bunda no segundo que eu sair deste lugar.
Ela desliga em seguida, não me dando a chance de dizer outra palavra, mas realmente, o que diabos
eu diria depois de tudo o que ela me disse? Colocando o meu telefone na bancada, eu olho para baixo
fixamente até eu sentir braços fortes envolvendo em torno de mim.
— Sua mãe? — Ele pergunta, e eu aceno devagar, tentando recuperar o fôlego. — Você não a deixou
empurrá-la, Ruiva. Estou impressionado.
Mas tudo no que posso focar é no que ela tinha me dito. Que eu tinha enviado uma carta a partir de
Atlanta.
Atlanta.
Onde Samantha Wolfe vive.
Lucas me gira ao redor para olhar para ele, eu viro a cabeça para o lado para que ele possa examinar
a minha expressão. — Ela disse o que ela quer?
— Ela queria algo de mim que eu não posso lhe dar.
Porque ele sabe que o telefonema tinha pelo menos alguma coisa a ver com ele, ele segura meu rosto
entre suas mãos. — Você precisa da minha ajuda?
Uma bolha de riso histérico sobe no meu peito. — Não. Absolutamente... Nenhuma. Eu não quero dar
a minha mãe qualquer coisa.
Puxando-me com ele, ele me segura contra o seu peito por um longo tempo até que minha respiração
se acalma. Até o momento que ele me solta, e eu afundo no sofá, eu consegui recuperar alguma aparência
de controle.
Lucas se ajoelha na minha frente, massageando os polegares contra as costas das minhas panturrilhas.
— Eu tenho uma tarefa que preciso fazer com David, mas se precisar de mim...
Eu sacudo minha cabeça rapidamente. — Não, você faz o que você precisa fazer. Se eu me fechar
cada vez que minha mãe me arrasa, eu ainda estaria me contorcendo no chão.
Enquanto ele se veste, eu caminho pelo ônibus, ansiosa para ele sair. No momento em que ele se foi,
eu pego meu celular e vou para fora do ônibus para que Sin não possa me ouvir. Enquanto espero por
vovó atender minha ligação, eu envolvo meus braços firmemente em torno de mim, com medo de que, se
eu me soltar, eu caia.
— Isso é cedo para você, — Vovó responde calorosamente.
Puxando uma respiração dura, eu vou direto ao ponto. — Você recebeu alguma coisa estranha sobre
mim?
— Sienna, o que é isso?
— Você recebeu? Algumas cartas ou qualquer coisa desde que eu vim para cá nessa turnê?
O silêncio de Vovó parece ensurdecedor, e diz-me tudo o que eu quero saber. Eu sinto que a
respiração foi arrancada do meu peito. — Por que você não disse nada?
— Porque só chegou ontem, — diz ela, sua voz defensiva. Ela solta uma respiração trêmula antes de
continuar. — Eu rasguei esse lixo cruel um momento depois que eu li a primeira linha. Você acha que eu
vou te dizer quando alguém envia uma nota desagradável para me dizer o que eles pensam de você, só
porque não gostam de quem você está namorando?
— Eu... — Eu olho para baixo no asfalto, fuzilando um pedaço de vidro quebrado a poucos
centímetros dos meus pés. — Vovó, eu sinto muito que alguém enviou algo assim a você.
Não apenas alguém. Samantha. Eu tenho quase cem por cento de certeza de que ela está por trás da
nota que Vovó e minha mãe receberam.
Enquanto minha avó tenta me assegurar de que tudo vai ficar bem, eu chego a uma conclusão que me
enjoa.
Agora que minha família foi arrastada para essa bagunça com Sam, o meu plano para manter Lucas no
escuro voou pela janela.

Como Lucas fica fora até pouco antes da passagem de som da banda à tarde, eu decido esperar até
depois de seu show hoje à noite para dizer qualquer coisa. Mal posso focar no show - passo a maior
parte do meu tempo olhando nervosamente meu telefone, verificando para ver se Sam me mandou outra
mensagem e me perguntando se vovó vai ligar para dizer que ela recebeu outra nota.
Eu não estive tão nervosa - esse estômago enjoado - em um longo tempo.
Eu vi como Lucas reage quando sua ex-esposa é mencionada - inferno, eu pressionei essa reação.
Fazer perguntas sobre Samantha o faz automaticamente se calar.
Isso resultará no mesmo ou talvez ele finalmente tenha um ataque explosivo, como ele fez em nosso
quarto de hotel em Atlanta há alguns meses.
É perto de 01:00, quando tudo está dito e feito nos bastidores. Quando Tyler deixa a banda saber que
estamos enfrentando um ligeiro adiamento devido a um problema mecânico com um ônibus da equipe,
Wyatt sugere que levemos a festa de volta para o ônibus que ele compartilha com Cal.
O que coloca mais um atraso em minha conversa com Lucas.
À medida que caminhamos para o outro ônibus do YTS, Lucas se vira. Caminhando de costas, ele
diz: — Eu tenho que falar com Tyler por alguns minutos. — Seus lábios se curvam em um sorriso
relaxado. — Você pode ir em frente?
Empurrando o meu cabelo longe do meu rosto, eu aceno minha cabeça. — Mas Lucas? — Ele para de
andar e me encara, sua sobrancelha grossa inclinada enquanto ele espera que eu diga alguma coisa. Eu me
viro para ele, torcendo as mãos. — Eu realmente tenho que falar com você antes de ir para casa amanhã,
ok?
Ele escova os lábios macios sobre os meus, varrendo os dentes sobre meu lábio inferior antes de
recuar. — Bom. Há algumas coisas que eu preciso dizer para você, também.
Eu vejo quando ele corre para o ônibus da equipe que ainda está funcionando. Assim que ele entra, eu
subo os degraus que levam até o ônibus bem na minha frente. Sou imediatamente saudada pelo som do
Theory of a Deadman explodindo alto no sistema de som.
Esta é a primeira vez que eu pisei o pé dentro do ônibus de Cal e Wyatt, mas tem um layout
semelhante ao nosso.
— Espero que você esteja pronta para esse shot, — diz Cal da cozinha, seus olhos castanhos escuros
brilhando com diversão. Ele levanta duas garrafas, uma delas de vodka e a outra de rum e mergulha a
cabeça para a barra da minha camisa. — Você quer o shot agora ou vamos fazer isso depois?
— Em seus sonhos, Calvin.
Eu ando pelo corredor, passando pela pequena cozinha até que eu estou em pé na sala de estar.
Quando ele me vê de pé perto da mesa da cozinha com o meu nariz enrugado nas pilhas de roupa
cobrindo o sofá, Cal as chuta para baixo. — Você pode sentar-se. Eu juro que as pilhas de lixo não vão
mordê-la, — diz ele sarcasticamente.
Batendo um sutiã roxo rendado de lado, estatelo-me para baixo no sofá. — Eu nunca peguei um bojo
tamanho GG, Cal, — digo. Para minha surpresa, ele cora debaixo de sua pele bronzeada.
— A infame Heidi esteve aqui na semana passada. — Eu olho para cima para ver Wyatt saindo da
outra seção do ônibus. Heidi. Esse nome soa familiar. Quando eu torço meus lábios, tentando descobrir
onde eu ouvi isso, ele diz: — Ela foi com Kylie para New Orleans no início deste ano.
— Ah, me lembro. — Eu posso facilmente me lembrar de uma conversa que tive com Kylie na
varanda da frente da casa da minha avó em fevereiro. Ela veio me visitar para trazer uma oferta de paz
depois que ela ajudou Lucas a me enganar para jantar com ele e tinha mencionado Heidi. — Será que ela
virá junto com Kylie neste fim de semana em Atlanta? — Eu pergunto, e Wyatt articula com os lábios um
dramático “não”.
— Eu só posso lidar com Heidi em pequenas doses, — explica ele, sentando-se à mesa do outro lado
do corredor. — A partir de agora, eu tenho uma overdose dela este ano.
A porta do ônibus se abre, mas ao invés de Lucas, é Sinjin que entra. Quando ele pega o olhar em meu
rosto, ele para no meio do corredor. — Sim, feliz em ver o seu traseiro também. — Agarrando uma
cerveja na geladeira, ele ocupa um lugar ao meu lado, apoiando os pés em cima da mesa que Wyatt está
sentado.
16
— Você parecia um cervo maldito nos faróis a noite toda , — Sin aponta, e eu inclino minha cabeça
para ele.
Isso porque a ex do seu líder está brincando com a minha família.
Para Sinjin, eu digo — Me assusta que você esteve olhando para mim. — Ele murmura algo, mas
então eu percebo que ele mudou seu foco para Wyatt, com ele está agora discutindo em voz alta.
Deslizando um pouco mais longe de Sin, eu puxo meu celular do bolso. Há aviso de bateria de 5% na
tela, e eu gemo. Quando me levanto, eu me volto para Wyatt. — Se Lucas entrar, você pode dizer a ele
que eu fui para o outro ônibus?
Após Wyatt prometer que ele vai, eu vou lá fora. Hoje a noite está fria, e na hora que eu entro no
nosso ônibus, estou tremendo e me abraçando. Deixando meu telefone para carregar, eu passo pela minha
bagagem até encontrar a única jaqueta que eu trouxe comigo - uma Eco Falls que meu antigo patrão havia
me dado no Natal do ano passado.
Ao deixar o nosso quarto e andar pela seção de beliches de Sinjin, o som do farfalhar de colchas me
para na minha trajetória. Virando para trás, eu ligo a luz na porta. Quando eu vejo um corpo debaixo das
cobertas no beliche de Sinjin, deixo escapar um suspiro. — Será que você desistiu de Cal e Wyatt já? —
Eu provoco.
Quando o corpo rola, porém, longos cabelos negros caem para o lado da cama e olhos azul-
esverdeados olham para mim.
— Isso é onde ele está? — Cilla pergunta. Ela bate seus olhos inocentemente. — Então você deve ir
buscá-lo para mim, Pimenta. Ele e eu precisamos conversar.
Capítulo Dezoito
Olho para ela sem dizer uma palavra, tomando a visão desta mulher bêbada que deixou claro o quanto
ela não gosta de mim. Não é até que a minha visão começa a obscurecer que eu olho para longe do
edredom preto habilmente enfiado no beliche de Sinjin. Assim que eu consigo forçar uma respiração
profunda através do meu nariz, eu olho para baixo em Cilla.
— Que diabos você está fazendo na cama de Sin? — Eu exijo.
Plantando as mãos na borda da cama, ela empurra-se em uma posição sentada, lança sua cortina de
cabelos pretos sobre o ombro nu, e olha para mim de debaixo de seus cílios sujos de rímel. Mesmo
bêbada ela consegue fazer com que todos os seus movimentos pareçam sexy, e quando a imagem dela
esperando na cama de Lucas, em vez de Sinjin fazem o seu caminho em minha mente, eu golpeio a ponta
da minha língua na minha bochecha.
— Não é óbvio? — Ela pergunta com sua voz rouca. — Eu estou esperando que ele volte. Eu estou
pensando que eu pegarei uma carona no ônibus com todos vocês para Atlanta.
Eu balanço minha cabeça, incrédula. — Por que você está fazendo isso?
Assim, ele pode falar merda para você e reiterar o quanto ele deseja que sua banda nunca tivesse
vindo nessa turnê?
Apesar de eu não dizer essas palavras diretamente, eu sei que ela deve estar pensando a mesma
coisa, porque ela libera uma pequena risada que não reflete em seus olhos ou na maneira rígida que ela
arrasta as mãos pelos cabelos. — Confie em mim, ele não guarda rancor por muito tempo.
— Estou feliz por você estar tão segura de si mesma.
— Você está brincando comigo? Não pense que só porque você tem estado em torno dele por algumas
semanas, você sabe alguma coisa. — Ela tropeça em seus pés descalços e se inclina para perto de mim.
Seu cabelo e top fedem a vodka e vômito, levando-me a apertar a minha mão sobre a minha boca. —
Você não sabe nada sobre ele. Ou Lucas, no que diz respeito no assunto.
Afasto-me para longe dela, estreitando os olhos. — Eu sei que Sin esteve um tempo com você. Eu sei
que ele não é um último recurso. Sei que você...
Ela zomba. — Oh, querida, você não sabe nada sobre mim.
— Você tem problemas.
— E isso vem do capacho de Lucas? Legal.
Esta não é a primeira vez que ela diz algo assim para mim - e se eu terei que ficar perto dela por
causa da música de Lucas, essa com certeza não será a última, - mas isso não o torna melhor. Entre Cilla
e Sam, estou no fim da minha paciência.
— Engraçado, — eu digo, quando recuo para fora do espaço estreito. Cilla segue atrás de mim para a
sala principal. Cruzo os braços sobre o peito. — Que isso esteja vindo de quem não aceita um não como
resposta.
O vacilo de Cilla ecoa por todo seu corpo. Ela se afasta de mim um pouco e coloca as palmas das
mãos para baixo sobre a mesa da sala de estar para se manter de pé. Seus ombros começam a tremer, e
como eu ainda estou de pé, esperando por ela fazer seu próximo movimento, eu não posso dizer se ela
está rindo ou chorando. Quando ela finalmente endireita as costas e me encara, percebo que ela está
fazendo ambos.
— Você acha que eu quero me preocupar com ele? — Ela limpa os cantos de seus olhos com as
costas das mãos. Agarrando seus sapatos de tiras do sofá de couro, ela desliza passado por mim em
direção a saída. — Confie em mim, eu não quero. E a partir desta manhã, eu perdi toda a esperança que
ele apenas ficasse livre de você.
Esta manhã? Girando ao redor, eu agarro seu braço antes que ela possa tropeçar fora do ônibus. —
Que diabos você está falando?
Ela olha surpresa por um momento, mas então seus olhos se estreitam e um sorriso satisfeito levanta
os cantos dos seus lábios. — Bem, inferno, acho que ele está vindo. — Ela empurra para fora do meu
aperto, massageando sua outra mão sobre o local que meus dedos estavam. — Boa noite, Pimenta.
Em vez de voltar para o outro ônibus como eu inicialmente havia previsto, eu fico aqui atrás. No
momento em que Lucas vagueia me procurando, vestindo aquele sorriso egocêntrico que sempre vem de
ouvir o quão incrível ele é, eu estou furiosa.
— Você esteve com Cilla esta manhã? — Eu pergunto, olhando para ele do meu lugar na beira da
cama, enquanto ele entra no compartimento traseiro.
Seus ombros tencionam. — Ela te disse isso?
— Você esteve com ela?
Encostado à porta, ele concorda. — Mas não do jeito que você está pensando. Encontrei-me com
Tyler depois que David e eu terminarmos o que estávamos fazendo. Cilla estava com ele.
Soltando meus braços em minhas coxas, eu curvo minha cabeça para frente. Meu cabelo varre o chão,
mas agora, eu não me importo. — Ela fez parecer como... — minhas palavras agarram, e ele vem para
frente, segurando meu rosto entre suas mãos.
— Você está fazendo aquela coisa de novo, — ele rosna. — Que diabos foi que ela disse para você?
— Não foi nada. Eu estava nervosa. E ela estava aqui, bêbada, à espera de Sinjin.
Lucas solta uma risada áspera. — Então é bom que você veio antes dele. Ele não superou aquela
merda que ela fez com Zoe em seu aniversário.
— Não acho que ele fez.
Ele desliza para baixo ao meu lado na beira da cama de casal, seu corpo aquecendo o meu. — Eles
consertaram o ônibus, por isso devemos estar na estrada em breve, — ele me diz.
— Para a sua cidade natal. — e de Samantha, mas eu não menciono isso, enquanto eu o encaro.
O sorriso que ele está usando vacila. — Você disse que precisava falar comigo, — diz ele. — Então
me deixe entrar, Ruiva.
Eu libero um suspiro trêmulo. — Lucas... Sam entrou em contato comigo.
Pelo menos uma dúzia de emoções passam por suas feições - tudo desde confusão, choque, raiva. —
Hoje? — Sua voz é fria e plana, e quando eu balanço minha cabeça, ele rosna, — Quando?
— Desde que começamos esta turnê.
— E o que diabos é que ela disse?
— Nada que faça algum sentido. Tudo o que sei é que desde que ela entrou em contato comigo, eu sou
a fodida Yoko da Your Toxic Sequel, um dos meus clientes me chutou, e minha mãe me ligou ensandecida
sobre uma carta que recebeu e que eu nunca escrevi. E ela contatou a minha avó. — A última palavra é
gritada. Eu saio da cama, arrastando minhas mãos pelo meu cabelo. — Eu posso pegar qualquer coisa
que ela tem para atirar em mim, mas enviar uma carta à vovó?
Lucas interrompe o meu ritmo, agarrando o meu pulso. — Você nunca me disse nada disso. — Seu
tom é suave e perigoso, mas eu balanço minha cabeça.
— Por que eu iria? — Eu grito. — Pergunto-lhe uma e outra vez o que ela tem com você, e você me
responde que ela é ruim para a sua música. Então, por que diabos eu lhe diria?
Soltando-me, Lucas esfrega as mãos rudemente sobre o rosto. Quando ele para, ele está respirando
em rajadas fortes de curta duração. — Eu vou vê-la amanhã.
— E depois? Você decide me deixar porque ela estala seus dedos e mantém algo sobre sua cabeça?
Ele está de pé, pairando acima de mim antes que eu tenha tempo para reagir. — Não. Nunca mais. —
Ele balança a cabeça com força. — Eu não posso deixar você partir, você não entende isso? Eu
costumava rir quando eu ouvia essa besteira sobre alguém ser como o ar que respiro, mas porra, isso é o
que você é pra mim. Você é tudo que eu sempre precisei. — Deixando sair um baixo barulho animalesco
ele joga a cabeça para trás. — Deus, eu ia te pedir para...
— Me pedir o quê?
— É por isso que saí mais cedo. — Ele tira algo de seu bolso, e eu comprimo meus olhos fechados,
balançando a cabeça enquanto ele aperta-o em minha mão. Abrandando de volta para baixo na beira da
cama, eu esmago a pequena caixa até que os cantos quadrados estão picando minha pele. — Depois de
Sam, eu disse a mim mesmo que nunca mais. Eu nunca quis fazer isso para mim, mas com você é tudo que
eu consigo pensar. Eu quero que você se case comigo, Sienna.
Meu peito aperta, como se alguém estivesse puxando um cordão esticado, e cruzo os meus braços
sobre mim mesma. — Lucas, me diga o que ela tem em você. — Eu abro meus olhos, olhando para ele.
— Por favor. Apenas. Me. Diga.
Ele está tremendo quando ele balança a cabeça. — Eu não quero você olhando para mim como se eu
fosse um monstro.
Respirando fundo, eu olho para o meu colo, quando a enxurrada começa. As lágrimas são quentes e
parecem amargas contra a minha pele seca. Elas pousam na caixa no meu colo, escurecendo o cartão azul,
afogando o que poderia ter sido. — Então eu não posso, — eu sussurro.
Capítulo Dezenove
Estou sozinha na cama full-size que Lucas e eu temos compartilhado, quando eu abro os olhos na
manhã seguinte. Eu rolo sobre minhas costas, olhando para a iluminação embutida no teto do ônibus e me
pergunto se a noite passada não passava de um sonho. Não, correção: eu rezo para que tudo fosse um
sonho. Mas, então, o meu olhar pousa em minha guitarra Gibson, que está de pé ao lado da mesa da
cabeceira. E localizado em cima daquela estante repousa a pequena caixa azul que Lucas tentou me dar
ontem à noite.
Ele me pediu para casar com ele.
E eu tinha dito que não.
Eu me enrolo de lado, trazendo meus joelhos no meu peito. Fechando os olhos para manter a umidade
que ameaçava derramar. Pressiono a palma da minha mão contra o meu peito, mas não ajuda o aperto
diminuir, a agitação dolorosa acontecendo dentro da minha caixa torácica, ou a maneira que eu não
consigo respirar direito.
Eu disse não.
Eu fico assim, com centenas de pensamentos em espiral através do meu cérebro, até que eu sinto a
guinada do ônibus parando, e eu sei que finalmente chegamos em Atlanta. Há vozes se filtrando a partir
da frente do ônibus - Lucas e Sin e o que parece como Wyatt e eu sei que, eventualmente, eu vou ter que
me levantar e enfrentar todos eles. Hoje é o dia que eu volto para casa. E depois que eu terminar com o
trabalho que eu tive sorte o suficiente para garantir em Nashville, eu não tenho ideia do que vai
acontecer.
Porque eu lhe disse não.
Finalmente, eu saio da cama e me forço a me vestir. Minhas mãos e pernas estão tremendo
violentamente enquanto eu aliso o vestido plissado em estilo vintage que eu tinha comprado porque, na
época, usá-lo me fez sentir feliz e vibrante. Hoje, nenhum desses sentimentos me atingiu. Agora, há uma
frieza vazia circulando ao redor da boca do meu estômago.
Em vez de me fazer chegar a ele, Lucas vem para a parte de trás do ônibus quando eu termino de
embalar os meus pertences. Ele fica na porta, parecendo belo de jeans e uma de suas camisetas pretas
autografadas. Ele me dá um aceno de cabeça, seu cabelo escuro caindo em seus olhos. Eu deixei o
magnetismo entre nós me atrair para ele, e quando eu empurro o seu cabelo para trás com a lateral da
minha mão, eu sinto que estou morrendo.
Seus olhos cor de avelã estão torturados. Assombrados. Torturados, assombrados e tão cheios de
pesar.
— Eu vou me assegurar que ela a deixe em paz, — ele promete, em voz baixa.
Dou um passo para trás. Abaixando minha cabeça, eu olho para baixo para uma lasca do meu esmalte
rosa pálido. — Eu só quero que ela fique longe da minha família. E de você. — Cerrando os dentes, eu
sugo uma inspiração áspera antes de olhar para ele. — Estou preocupada com o que ela fará com você.
— Ela não fez nada até agora, Ruiva.
Mas isso não é verdade. Ela está aterrorizando sua vida. Ela exigiu seu dinheiro e seu tempo. Ela
tornou quase impossível para ele seguir em frente, lembrando-lhe... O que seja que ele fez. — Eu te amo.
Você sabe disso, né?
O piso do ônibus range quando ele caminha lentamente através dele. Suas mãos são suaves quando
vão até o centro das minhas costas. — Sim, eu sei. E eu sei por que você disse não. Mas eu sei que você
estará de volta.
Eu engulo a tensão se acumulando na minha garganta. — Eu não posso fazer isso se você não me quer
por perto.
Ele inclina sua cabeça contra a minha e sussurra em minha têmpora, — Eu não vou deixar de querer
você só por causa da noite passada. Eu não vou deixar você partir apenas por isso.
Eu levanto o meu rosto um pouco, meu nariz deslizando através do seu até que nossos olhos se
encontram. — Eu só não quero que haja segredos.
— E se o segredo me transformasse em um monstro? — É a mesma palavra que ele usou para
descrever a si mesmo na noite passada. Monstro. Faz cada osso, cada músculo, em meu corpo gritar de
medo. — O que acontece em seguida, caralho?
Eu perco as palavras por um momento enquanto eu estudo sua expressão. — Você não é um monstro.
Você nunca poderá ser isso para mim.
Seu sorriso é triste, e isso faz meu coração doer mais do que o olhar em seus olhos. — É melhor
levá-la ao aeroporto antes de perder o voo.

Como a última vez que eu voei de Atlanta para Nashville, este voo é deprimente, e eu estou mal do
estômago na hora que eu saio do avião. A náusea só piora à medida que eu verifico minhas mensagens de
texto enquanto me dirijo para a casa de vovó. Há uma de Tori e duas de Ashley. A mensagem de Tori é
otimista, deixando-me saber que ela não pode esperar para me ver em Los Angeles em breve, mas
quando leio o que escreveu Ashley, meu coração congela meia batida.
09:52: Por favor me diga que a banda realmente não está acabada?
09:54: Porque se eles estiverem, eu ainda amo você, mas isso é péssimo!
Estou tremendo quando digito Your Toxic Sequel no Google, e leva-me várias tentativas de escrever
de forma coerente o suficiente para pesquisar e produzir algo de valor. Depois que ele pesquisa, eu faço
a varredura dos artigos de fofocas mais recentes. Sleaze Cop, Buzz Online e Alternative Entertainment, -
todos eles dizem a mesma coisa: Your Toxic Sequel está anunciando que está acabada. E tudo por causa
17
de um relacionamento do membro da banda com uma ruiva da Music City .
Isso não pode estar acontecendo.
Assim que vovó e eu chegamos em casa, eu calmamente recuso sua oferta de almoçar na cozinha e
corro no andar de cima para o meu quarto. Segurando meu celular, eu chamo a primeira pessoa que eu
posso pensar para confirmar a notícia. Kylie responde alegremente, falando teatralmente em seu telefone,
— Olá linda! Estou tão chateada que eu perdi você esta manhã, e...
— A banda está acabada? — Eu deixo escapar.
Kylie permanece em silêncio por alguns segundos, mas depois ela lança uma gargalhada. — Por que
diabos você acha isso?
— Eu... — eu agarro a borda da minha mesa do computador e me sento na cadeira de rodinhas atrás
dela. — Foi em um site de fofocas, e uma das minhas amigas me perguntou sobre isso.
Kylie suspira. — Babe, — diz ela com uma voz grave, — Eu pensei que eu havia avisado sobre isso
há muito tempo. Nunca, nunca leia a porcaria que escrevem online. Está quase sempre errado, e deixará
você louca se você se preocupar com isso. Mas, para responder sua pergunta, não, a banda não está
absolutamente acabada.
— Graças a Deus, — eu digo em uma respiração apressada.
Ouço Wyatt sussurrando algo para ela em segundo plano, mas depois que ela diz a ele para dar-lhe
alguns minutos, ela volta na linha. — Tudo bem, me diga o que está acontecendo.
Depois que eu começo a falar, é quase como se para mim fosse impossível parar. Eu ando para trás e
para frente através do piso de madeira do meu quarto, dizendo à Kylie tudo, desde os problemas com
Sam nos fóruns de fãs da YTS. A única coisa que eu deixo de fora é a proposta de Lucas. Parece errado
trazer isso à tona quando as feridas da noite passada ainda estão tão frescas.
— Sinto muito, querida, — Kylie murmura uma vez que terminei de falar. — Deus, por que você não
disse nada?
Um grito doloroso rasga a partir do fundo da minha garganta e eu percebo que eu estou chorando. —
Eu... Eu não queria estragar a música de Lucas.
Kylie faz um barulho de nojo. — Foda-se a música de Lucas. Você - você é que importa. A música
nunca vai ser mais importante do que você.
Mesmo após Kylie desligar cinco minutos depois, essas palavras são o que ficam comigo.
Depois de enviar várias mensagens à Ashley para tranquilizá-la de que YTS definitivamente não está
acabada, eu passo resto do dia lavando minhas roupas e ajudando minha avó a limpar a cozinha. Porque
ela é tão observadora, eu faço um esforço extra para que ela não note quão rasgada eu estou. Mas após o
jantar - Seth vem apenas para comer e depois parte para uma festa da fraternidade, ela me diz da maneira
mais educada possível para eu sair.
Eu lanço um olhar de soslaio para onde ela está sentada em sua cadeira, com os pés apoiados
enquanto assiste um episódio de um de seus reality shows favoritos - aquele com rosas e pessoas
ridiculamente bonitas “à procura de um amor verdadeiro”.
— Você está tentando se livrar de mim, vovó? — Eu provoco.
Levantando os cantos de sua boca, ela faz um gesto com a cabeça em um movimento negativo. —
Não, eu estou dizendo que eu sou uma mulher de 80 anos de idade. Você parece que precisa um pouco de
boa companhia.
Retirando meus chinelos cor de rosa, deito-me no meu lado e sorrio para ela. — Você tem 79, Vovó.
E eu estou muito bem ficando aqui mesmo.
Mantendo a sua agenda, vovó vai para a cama um par de horas mais tarde. Sozinha, eu assisto TV até
que minha cabeça começa a doer. Quando eu subo os degraus, eu reconsidero a sugestão da minha avó
para sair. Puxando meu telefone, eu mando à Ashley uma mensagem perguntando o que está acontecendo
no bar de seus pais hoje à noite. Vinte minutos depois e ela me envia uma mensagem dizendo-me sobre a
banca cover Five Finger Death Punch, e alguns minutos depois, ela envia outra mensagem.
22:39: Eu espero que o silêncio signifique que você está se vestindo? Eu não estou trabalhando
hoje à noite, então sou todo sua.
Depois de me arrastar em um par de jeans e uma camiseta branca com os ombros de couro, eu dirijo
pelo centro da cidade. Eu dou voltas ao redor desta área duas vezes antes de me resignar a estacionar em
um estacionamento pago vários quarteirões de distância do The Beacon. Eu pago meu bilhete de
estacionamento na máquina automatizada, deslizo-o no painel e pego minha bolsa no banco da frente.
Eu não ouço ninguém vindo atrás de mim, então eu pulo quando eu viro para encontrar um cara alto e
magro de pé ao lado da frente do meu carro. Seu rosto está trabalhado em uma carranca comprimida,
irritada e, instintivamente, dou um passo para trás.
Suas narinas se abrem. — Você. Tem. Fodido. Tudo.
Dando mais alguns passos para trás, eu balanço minha cabeça rapidamente, lançando os olhos em
torno do estacionamento vazio em pânico. — Eu acho que você está equivocado...
— Sienna? A cadela que vai arruinar a vida de Lucas? Não, eu não estou equivocado. — Fervendo
de raiva, ele se move para mais perto de mim, pegando algo profundamente em seu bolso.
Meu peito aperta e eu me esforço para encontrar a minha voz. Quando eu consigo, é baixa, quase
inaudível. — Não, eu acho que você me confundiu com outra pessoa, eu...
— Eu a segui de sua casa, você está mentindo cadela, — ele grita. E isso, isso é, quando o
verdadeiro medo se instala. Tento decolar em outra direção, mas ele me joga no chão, batendo nas
minhas costas. Minha cabeça bate no chão com um baque nauseante, e o ar zumbi fora do meu corpo.
À medida que o homem se senta em cima de mim, eu me esforço para respirar. Para pensar. Para
lutar.
— Saia de cima de mim, — ofego.
Quando eu abro a minha boca para gritar, seus punhos batem no meu estômago, - uma, duas vezes. A
única coisa que impede o terceiro golpe é que eu seguro minha barriga com as mãos, e depois, o golpe
pega meu pulso. A dor ardente atira através do meu braço. A próxima vez que eu tento gritar, suas mãos
se aproximam ao redor do meu pescoço.
Esse cara poderia me matar.
Esse cara poderia me matar, e ele sabe onde eu moro.
Minhas mãos voam até seus braços, empurrando e arranhando. Eu raspo minhas unhas em sua pele,
arrastando-me com dificuldade quando a minha cabeça começa a girar e minha visão se torna turva. Ele
solta um uivo, movendo as mãos da minha garganta para os lados do meu rosto, onde ele aperta com
força.
É a pior dor física que eu já senti.
Mas não impede a minha capacidade de fazer um barulho.
Desta vez, quando eu grito, ele sai. Rouco. Quebrado. Gotejando medo.
Sua palma bate em meu rosto, me fazendo engasgar.
Estendendo a mão, eu arrasto os dedos sobre o chão enquanto eu tento encontrar algo, qualquer coisa
que possa me ajudar a lutar contra este homem. Quando meus dedos emaranham no meu chaveiro, eu o
agarro e o enfio no rosto do homem.
Minha chave do carro faz contato com seu rosto, e ele cai de cima de mim, com o sangue correndo
pelo rosto. Eu tropeço em meus pés, tentando me recompor apenas tempo suficiente para correr. Na
distância, eu posso ouvir alguém gritando, mas eu não tenho certeza de onde.
— Vem cá, cadela, — o homem rosna, se lançando sobre mim.
Eu não penso.
Eu ajo.
Meu polegar fecha no spray de pimenta que Sinjin me deu, e eu o seguro até que o homem desaba
sobre a terra, gritando e segurando seu rosto.
Eu não libero o gatilho até que dois homens vêm correndo para o estacionamento.
Porque quando eu solto, eu perco a consciência por completo.
Capítulo Vinte
Lucas
— Você está bebendo, Luke — arqueando as sobrancelhas, Kylie mexe com a ponta do dedo ao redor
da sua bebida – suco de cranberry e Sprite. — Muito. Você deve ligar para ela.
Eu viro o resto da minha cerveja, minha sétima ou oitava desde que cheguei ao backstage. — Jesus,
eu não senti falta da sua irritação — Eu digo. A boca de Kylie cai aberta, mas eu olho para frente, onde
Cal está sorrindo para fotos com Brady e uma morena baixinha. — Cinco minutos atrás você estava
dizendo o quão incrível achou o show.
Sentada com a bebida no chão, minha irmã repousa os cotovelos sobre os joelhos e ergue a cabeça,
seu cabelo escuro caindo para um lado. — Foi incrível. Mas agora você está ficando bêbado, e estou
ficando preocupada.
Ela está dizendo que estava preocupada desde que se encontrou com a gente em Atlanta nesta manhã.
Ela estava preocupada depois de conversar com Sienna esta manhã, e depois quando almoçamos com
nossos pais. E então, novamente, quando eu perdi a passagem de som no final desta tarde.
Ninguém tinha perguntado onde eu estava, mas minha irmã usava essa expressão de desapontamento
quando eu corri indo direto para os bastidores antes de entrar para tocar. Ela sabia que eu fui ver Sam,
mas eu não lhe disse que minha ex estava longe de ser encontrada ou que eu descobri que ela realmente
se mudou - havia novos ocupantes naquele extravagante apartamento que eu costumava pagar. E eu com
certeza pra caralho não contaria a Kylie que a razão pela qual fui ver Sam não tinha nada a ver com
dinheiro.
Depois de todo esse tempo, ela não teria entendido de qualquer jeito.
— Estou pronto para essa merda acabar — Eu digo, largando a cabeça para trás contra o sofá.
— A turnê?
A turnê. Esta mentira na qual me deixei arrastar mais profundo. — É — Eu solto um riso amargo. —
A turnê.
— Ugh. Há tantas coisas que eu quero dizer para você...
— Eu já isso ouvi antes?
Kylie está calma, e eu levanto a cabeça para desafiar seus olhos. Ela levanta os ombros e, em
seguida, os deixa cair. — Algumas delas, sim.
— Então não estou fodidamente interessado. Eu já sei. Eu sei onde eu fodi tudo.
— Lucas...
Aponto com a cabeça para Wyatt que está falando com duas mulheres repórteres e ignoro a forma
como o movimento rápido me dá dor de cabeça. — Você voou aqui para ver seu marido, e não tomar
conta de mim.
Suas bochechas são sugadas quando ela desliza para fora do sofá, e seus olhos castanhos estão duros
quando me olha fixamente. — Confie em mim, tomar conta de um idiota teimoso é a última coisa que
estava na minha agenda para hoje à noite — Ela sai e quando ela alcança Wyatt, ele olha por cima de sua
cabeça para mim com uma expressão sombria. Ele coloca a boca contra o topo de seu cabelo por alguns
momentos, e quando olha para trás de novo, ele articula os lábios. Uma ameaça.
Então eu faço a única coisa que faz sentido.
Eu pego outra bebida.

Pela primeira vez durante a turnê, eu não estou de pé às sete horas da manhã. Eu fico no meu
compartimento, na minha cama, deixando o que sobrou do doce perfume de Sienna torturar meus sonhos.
Ela está em todos os lugares e em lugar nenhum, e eu sei o quanto errei.
Eu deveria ter dito.
Isso teria feito tudo um inferno de muito mais fácil, e talvez, talvez eu fosse capaz de seguir em frente.
Meu celular vibra debaixo do travesseiro é o que finalmente arrasta minha bunda para fora da cama.
Eu balanço minhas pernas para o lado do colchão e estudo o desconhecido número de Nashville na tela
por alguns segundos antes de atender. Eu já ouvi a voz do outro lado da linha – o irmão de Sienna – e não
é a de alguém que eu quero que me acorde às 10h. Eu recebi essa merda dele antes e estou preparado
para fazê-lo novamente, mas depois paro e ouço o que ele está dizendo.
Sienna foi ferida. Muito.
Atacada.
Espancada em um estacionamento.
E por um dos meus fãs.
Quando a chamada termina, eu estou entorpecido. O sentimento volta pouco a pouco, e uma vez que
está tudo lá, eu finalmente percebo que o barulho quebrado ressoando através do ônibus pertence a mim.

Demora 20 minutos para fretar um helicóptero, que Kylie entra em cena para lidar, porque eu comecei
a gritar com todo mundo. Quando ela me entrega meu celular de volta, me dá um olhar determinado. —
Eu vou com você para Nashville.
Eu não recuso. Eu não posso. Minha mente está em um lugar, e só em um lugar e até eu chegar a
Sienna, não serei capaz de pensar com clareza.
Mas no final, sou grato por minha irmã. É Kylie que pensa à frente e garante que temos um carro
alugado esperando por nós quando chegamos a Nashville três horas depois, e é a minha irmã que dirige
para o hospital, me ignorando, ligando o rádio para explodir uma canção Aranda quando eu digo a ela
para se apressar.
Quando nós entramos no hospital, procuro o número do quarto que o irmão mais novo de Sienna me
mandou por mensagem mais cedo. Há uma agonizante apatia no centro do meu peito enquanto Kylie e eu
pegamos o elevador até o terceiro andar. Quando as portas se abrem, eu sigo a minha irmã lentamente
quando ela anda pelo corredor. Eu estava com tanta pressa para chegar a Nashville, e agora, aqui de pé
com o cheiro de água sanitária e medicina me batendo na cara, tudo o que eu sinto é medo.
Então eu espero fora da porta de Sienna, me recompondo, enquanto Kylie entra. Eu ouço a minha irmã
suspirar e um momento depois, ela murmura: — Oh Deus, querida.
Respirando fundo, eu empurro a porta e passo por ela. Mesmo que Sienna faça uma tentativa de
proteger o rosto, eu vejo tudo. Eu passo por uma mistura de emoções: medo, raiva, ódio e culpa. Por
enquanto, eu me centro na culpa. Culpa e raiva. Vou até a cama de hospital, cada passo fazendo com que o
zumbido nos meus ouvidos aumentasse. Quando eu a alcanço, ela abre a boca para dizer alguma coisa.
No início, eu me convenço de que ela está falando, e eu não consigo ouvir nada por causa do tinido
ensurdecedor em meus ouvidos, mas então eu percebo que ela está sem palavras.
E que está chorando. Ombros chacoalhando e peito arfando pelos soluços. Do canto do quarto, minha
irmã está chorando também.
Eu me sinto como a pior merda que já viveu.
E quero matar o filho da puta que fez isso com ela.
Estou com medo de tocá-la com medo de machucá-la, mas ela estende a mão para mim. Eu deslizo os
seus dedos pelos meus.
Assim que ela está calma o suficiente para falar, arrasta um longo suspiro. — Meu irmão é amigo de
uma menina que trabalha para o departamento de polícia — Seu olhar cai para seu colo, e ela aperta mais
a sua mão na minha. — Esse... Cara entra e sai da cadeia. Agressão. Roubo. Ele disse aos policiais que
conseguiu o meu endereço com alguém que ele conheceu em um chat da YTS. E me seguiu.
Eu solto um som áspero, mas ela continua. — Sua ex-mulher me mandou uma mensagem hoje de
manhã. Queria saber como eu estava me sentindo.
Antes que eu possa dizer qualquer coisa, minha irmã espreita do outro lado do quarto, com os cabelos
voando descontroladamente atrás dela. — Isso tudo é coisa sua — Ela sussurra, me cutucando com força
no peito com a ponta dos dedos. — Isso é com você. Corrija isso.
Eu começo a soltar a mão de Sienna, mas ela a mantém como se fosse impossível para ela me deixar
ir quando eu afundo na cadeira mais próxima à cama. — Deus, Sienna, eu não sei o que...
— Diga-me — Ela implora. Ela agarra o lençol branco em sua outra mão, torcendo o tecido
ansiosamente. — Deus, Lucas, por favor, me diga sobre o que é tudo isso — A última palavra é um
sussurro quebrado, uma súplica. Um aviso silencioso:
Diga-me ou vou embora. Diga-me o que você fez ou nós terminamos.
Se fosse em outro lugar, em qualquer lugar que não este maldito hospital com ela toda fodida por
minha causa, eu orientaria essa conversa para outro lugar. Mas eu sabia que isso ia acontecer, e sinto
como se eu já tivesse sido empurrado para uma cova e enterrado vivo - a pior parte de tudo isso é que a
cova fui eu que cavei para mim.
Inalo tão fundo que queima no meu peito, então olho para a minha irmã, a decepção evidente em seu
rosto, e depois volto para Sienna. Apesar da dor que ela tem de estar, ela consegue sentar-se. Mesmo
através das contusões e cortes, os círculos escuros sob seus grandes olhos azuis e a cara feia em seu
rosto, mesmo em meio a tudo, ela ainda é a coisa mais linda que eu já vi. A melhor coisa que eu já
possuí.
E mesmo que isso signifique perdê-la - talvez isso seja o que eu mereço pelo que fiz anos atrás - eu
devo-lhe muito mais do que ela recebeu até agora.
— Depois que tudo foi a merda entre Sam e eu, nós não paramos de nos ver — eu começo. Sienna
balança a cabeça com cuidado, sua cortina de cabelos vermelhos caindo sobre seu rosto machucado. —
Inferno, eu a via mais depois que nos separamos do que antes — admitir isso me faz sentir como o maior
idiota.
— Eu estraguei tudo — Eu sussurro duramente. — Eu fiz algo fodido e então eu disse à Samantha
sobre isso.
Sienna solta um suspiro. — Ok. O que é?
O quarto parece que está encolhendo em mim, então antes que isso possa terminar, eu murmuro —
Que eu matei um homem. Eu acabei com a vida de alguém.

Depois que eu cheguei em casa vindo de Louisville, eu não tinha intenção de ver Samantha. Eu não
queria enfrentá-la - ou qualquer pessoa, aliás - até que eu me recompusesse. Descobrir que porra que
eu precisava fazer para consertar a bagunça em que eu estava.
Em vez disso, Sam veio até mim.
Eu tropecei bêbado em minha casa e caí sobre o sofá. Tão destruído que não teria notado que
outra pessoa estava deslizando seu ombro nas minhas costas. Eu agarrei o braço com força, e
provocando, uma voz familiar sussurrou em meu ouvido: — Cuidado, Lucas, você pode me machucar.
Soltando Samantha, eu me empurrei para os meus pés. — O que diabos você está fazendo aqui? —
Eu rosnei.
Ela jogou seu cabelo comprido por cima do ombro e deslizou a língua sobre os lábios. — Senti sua
falta.
Eu passei por ela e subi as escadas, mas ela estava bem atrás de mim, falando sobre seu voo e
como estava cansada. Ela me seguiu até meu quarto, e quando eu comecei a tirar a roupa, ela se jogou
na cama e bocejou. — Saia, Sam.
Esticando os braços atrás dela para apoio, ela fez um beicinho. — Se você vai me chutar para
fora, poderia, pelo menos, parecer convincente — Ela inclinou a cabeça para trás, e quando olhou
para mim novamente, ela piscou. — Confie em mim, você me dá o que eu quero e vou cair fora.
— Isso não vai acontecer hoje à noite.
— Mas você está bêbado, e nós dois sabemos como você fica quando bebe demais — Quando eu
dou-lhe um olhar de advertência que diz a ela que não vou foder com ela, ela amplia seus olhos. — O
que diabos você fez com o meu Lucas?
— Eu não quero tocar em você — Eu me sentei na beira da minha cama, e ela tentou subir no meu
colo. Eu a empurrei para longe, cerrando os dentes. — Eu não posso tocar em você.
A única coisa que eu queria fazer era ir para a cama. Para esquecer o que eu tinha feito.
— Você está bêbado, baby — Ela me lembrou. — Mas eu te amo, então vou te perdoar.
Talvez fosse o álcool ou as palavras que ela havia dito naquele momento, ou ambos, mas a próxima
coisa que saiu da minha boca me condenou. — Porra, eu matei um homem em Louisville.
Ela ficou perfeitamente imóvel por quase um minuto e, em seguida, moveu-se com a cabeça para o
lado. — Não brinque, Lucas.
Eu a puxei para perto de mim, para que nossos narizes se tocassem. — Eu. Matei. Alguém.
Então eu disse a ela o que tinha acontecido. Sobre Cilla sendo perseguida por meses. Sobre o
homem a atacando no estacionamento do local onde estávamos tocando. Que eu fui atrás dele, cego de
raiva, atingindo-o uma e outra vez até que ele estava inconsciente.
— Eu levei Cilla para dentro — Eu arrastei minhas mãos pelo meu cabelo. — E quando voltei, ele
tinha ido embora. Ele estava morto.
Sam se inclinou para frente. — Você não chamou a polícia?
— Porra, eu entrei em pânico — Eu gritei. — Porra, entrei em pânico e o deixei ali. Eles estão
tratando disso como um assalto, Sam. Que porra eu faço agora?
Ela pensou sobre a minha pergunta, por um momento, mordendo com cuidado o lábio inferior.
Finalmente, ela deslizou em cima de mim, tomando meu rosto entre as mãos. — Nada. Você não faz
nada porque não fez nada até agora. Se isso cair sobre você seria o seu fim. Você sabe disso, não
sabe?
— Sim, sei.
Ela fez um som de aprovação que me fez lembrar de alguém oferecendo apoio a uma criança
pequena. — Será que Cilla sabe o que aconteceu?
Eu balancei minha cabeça. — Ela estava tão malditamente bêbada que ela não poderia dizer o
nome dela. Uma vez que a polícia começou a aparecer, eu a tirei de lá, levei-a de volta para o nosso
quarto de hotel — Eu balancei a cabeça mais uma vez. — Não, ela não sabe.
Quando olhei nos olhos cinzentos de Sam, notei o quanto eles haviam aceitado. Soltando o seu
olhar do meu, ela colocou os braços em volta dos meus ombros e enterrou o rosto na curva do meu
pescoço. — Bom — Ela sussurrou. — É bom que ela não saiba.
Três meses depois, minha ex-mulher me mandou a sua primeira exigência por dinheiro.
Quando eu termino, tanto a minha irmã como Sienna ficaram em um silêncio atordoado. Sienna não
está mais segurando a minha mão, e eu estou olhando para baixo, em uma ranhura no chão do hospital. —
Isso é o que Sam sabe de mim — Eu digo amargamente. — O nome dele era Bryce Roberts.
— Bryce Roberts — Minha irmã repete e eu fecho meus olhos. — Puta merda, Lucas.
Olho para Sienna para encontrá-la observando fixamente a parede.
Ela perguntou e eu dei a ela o que queria saber. E agora, eu arruinei as coisas com ela.
— Eu mandei dinheiro para sua família. Uma doação anônima — Eu digo, como se isso fosse ajudar
a situação. — Mas Deus, isso foi um acidente. Eu juro que não tive a intenção de matá-lo — Minha voz
está implorando e Sienna move a cabeça para cima e para baixo.
— Não, eu entendo.
Com o canto do meu olho, eu vejo Kylie deixar o quarto em silêncio. Assim que ela se vai eu me
levanto e me movo para a cabeceira de Sienna. Ela não recua, mas não olha para mim.
Porra.
— Eu te amo — Eu digo rudemente. — Mais do que qualquer coisa que já amei. E sinto muito que
isso aconteceu com você.
Por fim, ela vira o rosto para mim, me dando uma visão completa do dano que foi feito com ela. —
Eu sei que você ama. E eu também te amo - é impossível me parar — Ela fecha os olhos com força, e as
lágrimas descem dos cantos. — Eu só preciso pensar.
— Eu vou esperar você vir até mim — Eu digo.
Mas depois de todas as mentiras e besteiras e arrependimentos, eu ainda me sinto como se o mundo
fosse arrancado de debaixo de mim quando ela se afasta.
Porque eu sou um monstro.
Capítulo Vinte e Um
Sienna
Depois que Lucas e Kylie vão embora, eu finalmente peço por aqueles medicamentos para dor que a
equipe médica vinha tentando forçar goela abaixo desde que fui internada aqui. Lágrimas quentes estão
correndo pelo meu rosto, me escaldando enquanto pego o pequeno copo de plástico da enfermeira, e no
momento que eu bebo o gole de água que ela me deu, meus ombros estão tremendo.
A enfermeira fica na parte inferior da minha cama, com o rosto enrugado em uma máscara de
preocupação. — Você precisa chamar alguém para você, Srta. Jensen?
Quem ela poderia chamar para mim? Vovó, que já está preocupada com tudo isso? Seth, que passou
todos os momentos das últimas 24 horas detonando Lucas por não me proteger?
Ou Lucas? Lucas, o belo homem, tatuado que faz meu peito agarrar cada vez que eu o penso nele,
cada vez que ele entra em um quarto. O belo homem, cuja ex-mulher, provavelmente orquestrou o meu
ataque. O homem que, nem mesmo meia hora atrás, admitiu para mim que ele havia assassinado um
homem protegendo alguém há quatro anos.
Minha garganta de repente parece seca, e eu engulo com dificuldade, querendo me livrar de um pouco
da amargura antes de eu responder a enfermeira. — Não... — eu leio o seu crachá. — Obrigada, Nora.
Apenas estou cansada.
Ela franze os lábios com simpatia e dá um tapinha no meu cobertor ao lado de onde os meus dedos
estão enrolados nos lençóis. — Você já passou por muita coisa. Descanse um pouco, Srta. Jensen.
Depois que ela se vai, eu ligo a televisão. Ironicamente, o mais novo episódio de Echo Falls, o
programa de TV paranormal que eu costumava trabalhar no set está passando, então deixo os sons de um
amor não correspondido e frustração sexual me acalmarem até que as lágrimas se foram e meus olhos
parecem tão pesados que doem.
Durmo como merda.
Eu filtro dentro e fora da consciência - meu nebuloso e desperto pensamento foca em tudo, desde a
minha mãe até as minhas próprias inseguranças.
Mas, principalmente, é em Lucas que penso.
E no momento que sou capaz de me forçar a ter um sono decente e consistente, existem novas
lágrimas secas nos cantos externos dos meus olhos.
O barulho da porta se fechando me acorda na manhã seguinte, e eu me sento rapidamente, arrastando
uma respiração profunda que deixa meus pulmões em chamas. Meu peito sobe e desce quando eu olho ao
redor do quarto e, em seguida, meus olhos caem no meu irmão mais novo.
— Você me assustou pra caralho.
Sua boca fica em uma linha dura enquanto ele caminha entrando mais no meu quarto e afunda na
poltrona ao lado da minha cama. Colocando os antebraços nas coxas, ele se inclina para frente,
pressionando os lábios contra os punhos cerrados. Depois de alguns instantes de silêncio, ele me olha
por cima, começando no topo da minha cabeça e terminando em minhas mãos, que estão dobradas no meu
colo. — Eu nunca vi você assim.
Conscientemente, eu corro a mão pelo meu cabelo, fazendo uma careta pelo quão emaranhado meus
cachos vermelhos estão. — Claro, você...
Ele balança a cabeça. — Não as contusões, Sienna, ou o cabelo bagunçado. O olhar de terror
absoluto quando entrei.
— Você me acordou — Eu indico.
— Você nunca acordou assim antes.
— Como diabos você sabe disso?
Dando-me o mais próximo de um sorriso desde que fui internada aqui, ele se empurra para trás. — Eu
ouvi que Wolfe estava aqui ontem à noite.
— Você ligou para ele, não é? — Eu cruzo meus braços sobre o peito. — Você não esperava que ele
viesse?
E dentro de mim, eu tenho vergonha de admitir que odiei que Lucas tinha vindo. Eu me odeio por tê-
lo empurrado mais uma vez para descobrir o que é que ele estava escondendo de mim. E odeio isso
agora, saber tudo o que há sobre Lucas e perceber o quanto eu o amo e que estou em conflito.
— Você vai voltar em turnê com ele? — Seth pergunta baixinho, e eu olho para as minhas mãos. Há
uma contusão arroxeada no interior do meu pulso esquerdo, e eu massageio meu polegar direito sobre ela
com cuidado.
— Eu tenho um monte de trabalho a fazer aqui.
Seth parece considerar isso por um longo tempo antes de acenar com a cabeça uma vez. Ele olha para
o relógio. Gemendo, ele vem até a cama e se senta na borda. — Eu odeio a faculdade.
Eu sei o que ele está fazendo. E vindo de Seth, eu agradeço a distração porque ele não tem ideia do
que está acontecendo. Tudo o que ele sabe é que eu estou sofrendo.
— Não falte. Está muito no início do ano para você matar aula, portanto guarde essas faltas para
aqueles dias onde você... Faz o que diabos seja que você faz quando se recusa a ir para a faculdade —
Quando sua boca se alarga em um sorriso, ele separa os lábios para dizer algo, então pressiono minha
mão espalmada no seu peito. — Ugh, eu não estava pedindo para você me dar uma explicação de suas
atividades extracurriculares. Vá para a aula, Seth.
Seu lábio inferior se move ligeiramente quando ele morde o interior dele. Finalmente, ele desliza
para fora da minha cama. — Tudo bem — Inclinando-se, ele me beija na bochecha com a barba
desalinhada arranhando meu rosto. — Mas é melhor que você me ligue se acontecer alguma coisa.
Quando ele se afasta, minhas sobrancelhas estão levantadas. — Você está me dizendo que você – Seth
Jensen – vai realmente atender a minha ligação de telefone?
Ele revira os olhos castanhos enquanto caminha até a porta. — Você não me dá crédito suficiente,
mana.

Fiel à sua palavra, Lucas não retorna ao hospital, então eu tenho toda a manhã para tentar iniciar o
processo de separar os meus pensamentos. Depois que um dos médicos chega um pouco depois do meio-
dia, e uma enfermeira emite minha papelada de alta logo em seguida, estou atordoada ao descobrir que a
pessoa que chega para me pegar no hospital é Kylie.
Ela está sorrindo quando entra no meu quarto, mas seus lábios estão pálidos. E quando ela me abraça,
tomando o máximo de cuidado para ser gentil, posso sentir o quão violentamente os seus ombros estão
tremendo. — Eu liguei para sua avó e perguntei se eu poderia... — Ela começa a explicar, se afastando
de mim. Ela empurra seus óculos escuros no alto da cabeça e a minha documentação no peito, então vejo
que seus olhos castanhos estão inchados. — Eu espero que você não se importe.
— Não. Obrigada por ter vindo.
Mesmo que eu seja perfeitamente capaz de carregar isso sozinha, Kylie insiste em levar a pequena
mala que vovó deixou para mim ontem, saindo do hospital. Ela me leva a um carro, uma Expedition
alugada, que ela tem que praticamente fazer acrobacias para entrar, já que ela é muito baixa.
— Eles elevaram a fiança daquele merda em duzentos mil, — diz ela, quebrando o silêncio alguns
minutos depois que ela vira para fora do estacionamento do hospital. — Portanto, não há nenhuma
maneira no inferno que ele vá a algum lugar.
— Lucas fez isso?
Ela olha para o Mini Cooper a nossa frente. — Eu não tenho certeza.
— Você vai voltar para a banda hoje à noite? — Eu pergunto, mas a questão subjacente é óbvia: será
que Lucas já foi embora?
— Não se você não quiser que eu vá.
Optando por não responder a isso, eu foco minha atenção em ajustar a ventilação do ar condicionado,
brincando com o disco até que o ar frio está soprando no meu rosto. — Você sempre foi incrível para
mim, Kylie, mas estou supondo que você veio me pegar e não só para me dizer que o cara que me atacou
não vai sair da cadeia tão cedo.
Ela ri nervosamente. — Você é uma vaca perceptiva.
Foi engraçado, eu me lembro vividamente do seu irmão dizendo quase a mesma coisa para mim nos
bastidores depois do show em Dallas quando Cilla tinha estreado “Second Best”. Foi apenas algumas
semanas atrás, então por que diabos é que parece que uma vida inteira se passou desde então?
— O que você vai fazer com o meu irmão? — Kylie pergunta suavemente.
Viro a cabeça para a direita e olho para fora da janela. — O que ele fez não muda o que sinto por ele.
— Uma mecha do meu cabelo sopra fora do lugar, graças ao ar condicionado, e eu a coloco de volta atrás
da minha orelha, encolhendo-me quando meus dedos deslizam contra uma contusão ao longo do meu
maxilar. — Eu acredito quando ele diz que foi um acidente, mas por que ele não podia ter simp...
Quando minha voz para, Kylie vira a cabeça rapidamente em minha direção e seus cabelos castanhos
voam ao redor do seu rosto. — O quê? Ter dito a você? Sienna, eu estive na cola dele durante anos para
saber sobre isso, e nada poderia ter me preparado para o que ele disse naquele quarto de hospital ontem.
E eu acho que por um segundo, você não queria ouvir mais isso do que eu.
— Então, você nunca esperou que fosse isso?
Ela volta seu olhar para a estrada. — Eu deveria saber, certo? Quer dizer, os sinais estavam todos lá.
Cilla parou de reclamar sobre ter um perseguidor poucas semanas depois de Louisville, e então houve a
coisa toda com Lucas evitando o maldito lugar. Mas, honestamente, eu pensei que era porque ele não
queria que o estigma do discurso de Cilla ficasse ligado à banda — Ela vira para a Interestadual
acentuadamente, murmurando uma maldição quando alguém buzina para ela. — Eu não consegui dormir
esta noite, então pesquisei Bryce. As autoridades pensaram que era um assalto que deu errado, ele tinha
drogas com ele, e estava alto como uma pipa quando ele morreu. Se eu tivesse suspeitado disso...
Mas ela não consegue terminar a frase.
— Se você acha que pretendo dizer alguma coisa, eu não pretendo — Eu digo, e ela me dá um sorriso
triste.
— Se eu achasse isso, você não estaria nessa caminhonete comigo. Eu preciso saber o que você
planeja fazer. Meu irmão te ama, e se Sam vai empurrar alguma merda louca e usar a cabeça, querida -
nós duas sabemos que ela é - eu quero saber onde você está.
— Eu...
Onde diabos eu estou? Eu sei exatamente onde meu coração está, e é com Lucas, mas a minha cabeça?
— Porque não quero que meu irmão vá embora. Eu não quero que sua sobrinha ou sobrinho não o
conheça, e...
Parece como se o ar tivesse sido tirado com um soco dos meus pulmões. — Espere. Kylie, você está
grávida?
— Surpresa — Ela diz com uma voz plana. — Seis semanas, e acredite ou não, ninguém sabe, exceto
você e Lucas.
— Você está bem? Isso parece ser ruim para o bebê.
Kylie balança a cabeça. — Eu prometo que estou bem — ela pega a saída para a casa da vovó.
Quando ela atinge o sinal de parada, ela olha para mim. — Você está sentada aqui com o rosto todo
machucado, e a única coisa que pode pensar é em mim. Não me admira que o meu irmão seja apaixonado
por você.
Ela é calma o resto da viagem, mas quando eu roubo um olhar em sua direção a cada minuto ou algo
assim, eu vejo as lágrimas rolando pelo seu rosto. Quando ela vira a Expedition na calçada da minha avó,
estaciona o mais perto que pode da porta da frente. Ela desliga o motor e descansa as omoplatas para trás
contra o assento de couro.
— Eu não gosto de deixar as pessoas que amo e que me amam — Eu digo finalmente, olhando para a
porta da frente da casa até que a forma retangular da madeira fica embaçada. — É por isso que eu vim
aqui, sabe?
— Você é boa.
— Eu não sei como vou olhar para Lucas a partir de agora, mas uma coisa eu sei: eu o amo. Isso pode
me fazer estúpida ou fraca ou até mesmo ingênua. Eu não me importo. Mas não importa se vamos ficar
juntos ou não, eu não quero que a cadela da Sam faça isso com ele.
— Ela vai pedir mais dinheiro — Disse Kylie.
— Como você sabe disso?
Ela levanta os ombros. — É a única coisa que faz sentido. E ele vai continuar dando a ela apenas
para enterrar o que ele fez. O que me assusta mais é o que acontecerá quando não houver mais nada?
Quando ela tirar tudo dele, e não houver mais nada para apaziguá-la?
Eu vejo quando a porta da casa se abre, e minha avó sai com um sorriso no rosto. Mas aquele sorriso
derrete rapidamente quando ela vê Kylie e eu no interior do SUV. Lentamente, ela se vira para a casa e
fecha a porta atrás dela.
Eu aperto meus olhos fechados. — Não importa se eu ficar longe ou não?
— Ele amar você a irrita mais do que tudo, mas não é só isso que acontece. Ela vai continuar vindo
até ele.
Até que não haja mais nada para dar.
E quanto tempo vai levar?
Um ano?
Mais quatro anos?
Para o resto da vida de Lucas?
Alcançando atrás do seu banco, pego minha mala e a arrasto até a frente do carro. — Obrigada por
ter ido me pegar — Eu sussurro.
— Goste ou não, você está presa comigo.
— Eu sei que eu estou, mas, felizmente, eu gosto.
Quando eu saio do Expedition, eu dou uma verificada preocupada em Kylie, meus olhos parando
quando eles fixam em sua barriga lisa. Ela olha para baixo também. — Cuide-se, Kylie. E diga a Wyatt
sobre o bebê, certo? Você vai fazer o ano dele.
Pela primeira vez desde que ela me pegou meia hora atrás, ela me oferece um sorriso alegre,
daqueles que me atraiu para ela. — Não se preocupe, eu vou. E você, cuide-se, também, Sienna.
Concordo com a cabeça e bato a porta. — Eu ligo para você em breve.
Enquanto eu ando devagar pelos degraus da frente, ouço a janela automática deslizar para baixo. — O
que devo dizer a Lucas? — Ela questiona, e meus ombros ficam tensos.
— Que ele seria um idiota se achou que eu iria deixar de amá-lo.
Capítulo Vinte e Dois
Ao longo do próximo dia e meio, duas mensagens de Samantha aparecem na minha caixa de entrada –
uma me perguntando como eu estou me sentindo novamente e outra querendo saber se eu já tinha
conhecido o verdadeiro Lucas. Eu não respondo nem um e-mail, nem posso apagá-los, embora não tenho
ideia por que estou mantendo as malditas coisas. Tudo o que sei é que isso me deixa furiosa.
Eu não percebo que alguém está me seguindo até terça-feira à tarde, quando noto o carro preto que
estava estacionado na rua perto da parte de cima da minha calçada, na frente de uma caixa de correio
perto de The Beacon.
Quando eu corro para dentro do bar, estou sem fôlego e olhando atrás de mim. Eu bato em uma parede
de carne dura como pedra e solto um grito.
— Peguei você, garota — Nick, o porteiro ruivo, agarra meus ombros, me firmando. — Acalme-se.
Você está tremendo como uma vara.
Minha respiração está entrando e saindo rapidamente, mas consigo retardá-la o suficiente para deixar
escapar — Acho que quem quer que esteja naquele carro está me seguindo.
Nick estuda meu rosto com cuidado, e eu sinto grandes manchas de constrangimento aquecendo a
minha pele. Os músculos do seu pescoço apertam. — Que carro? — Ele exige.
Ele me acompanha até a porta de vidro e eu aponto para lá. — Você pode dar uma olhada, Nicky? —
Eu ouço Ashley perguntar atrás de nós. Eu giro, dando-lhe um olhar apreciativo que beira ao desespero.
— É isso.
Enquanto Nick vai para fora, Ashley agarra meu pulso e me leva até uma mesa dos fundos. — Você
não precisa ver isso — diz ela. — É plena luz do dia e Nicky lida com idiotas toda a noite. Ele pode
lidar com quem quer que seja esse idiota.
Descansando os cotovelos sobre a mesa, eu enterro o meu rosto nas mãos, inalando profundamente
antes de passá-la através do meu cabelo. — Eu sou uma bagunça do caralho.
As costas de Ashley endurecem. — Cara, você apanhou de um psicopata em um estacionamento a
menos de quatro dias. Você não é uma bagunça. Você é normal.
O sino soa na frente e nossas cabeças voam até ver Nick vindo em nossa direção com um rosto
familiar a tiracolo. David. Minha mão voa para o meu peito enquanto eu tropeço para os meus pés e os
dois param na minha frente.
— Diga a esse idiota que não estou perseguindo você — David rosna, e eu aceno com a cabeça
rapidamente para Nick.
— Não, está tudo bem! Este é um dos guardas costas do Your Toxic Sequel — Percebendo o olhar
questionador que eu atiro para David, Ashley toma isso como sua sugestão para sair. Ela sai da cadeira
que está sentada, e faz movimentos de sua cabeça para o fundo do bar.
— Vamos dar-lhes um pouco de espaço, Nicky — Ashley sugere, e Nick a contragosto segue em
direção ao balcão do bar, onde Ashley finge estar verificando os estoques, mantendo um olhar cauteloso
no que está acontecendo aqui entre David e eu.
— Lucas? — Eu pergunto e David responde com um grunhido.
— Ele disse que precisava de um tempo. Pediu-me para vir da turnê e manter um olho em você para
ele.
E ele provavelmente está pagando-lhe os braços e as pernas, mas eu não digo isso para David. —
Obrigada — Eu coloco minha mão em seu antebraço, dando-lhe um pequeno aperto. — Significa muito
para mim que você está garantindo minha segurança.
Os olhos castanho escuro de Davi são apologéticos e ele inclina a cabeça. — Eu deveria tê-la
avisado que era eu.
— Sim, provavelmente. Eu teria ficado menos apavorada.
A conversa estranha entre David e eu continua por mais alguns minutos antes de ele próprio se
desculpar e sai do bar, atirando um olhar sombrio para Nick enquanto abaixa a cabeça para sair pela
porta.
Ashley volta para a pista do bar, jogando um pano de prato por cima do ombro. Ela suspira e olha
para fora na frente do local. — Lucas-fodido-Wolfe e as merdas que ele faz por sua mulher — Ela
suspira, enviando um arrepio na minha espinha.
— Não brinca — Eu sussurro.

Mais uma vez, o carro preto estaciona no topo da minha entrada por uma noite, mas desta vez eu não
surto quando me sento na varanda da frente com as pernas esticadas no balanço.
O meu telefone vibra de onde eu o deixei em cima da mesa ao ar livre, e quando olho para a tela, eu
vejo que é Lucas.
Esta é a primeira vez que ele me liga desde que foi me visitar no hospital no sábado. Eu pego o
telefone, pesando-a na minha mão como se eu estivesse considerando minhas opções antes de engolir isso
e apertar o botão aceitar. Eu ouço seu suspiro de alívio quando coloco o receptor no meu ouvido.
— Eu sinto muito, Ruiva — Ele sussurra. — Eu deveria ter te avisado sobre David.
Eu envolvo meu braço em volta de mim, balançando a cabeça. — Não, é reconfortante que você...
Quando eu não continuo, ele respira. — Que eu não estou aí, esperando para matar a próxima pessoa
que tentar tocar em você?
Eu gemo. — Não, Lucas...
— O quê? Não admito que isso foi o que eu queria fazer com esse filho da puta por te machucar?
Que, desta vez, não teria sido um acidente?
— Onde está você? — Medo corta meu coração em pensar que ele poderia estar dizendo tudo isso na
frente de alguém. — Você não deveria falar assim?
— Eu estou no ônibus. Sozinho — Ele rosna. — A caminho de Nashville.
Ele estava vindo para cá. Lucas estava voltando. Então eu fecho meus olhos, é claro que ele está
vindo para cá. Ele tem um show para fazer daqui a 24 horas. — Onde está Sinjin?
— Com Zoe. Ele vai nos encontrar lá.
— Ah — Eu sussurro.
— Eu venho fazendo os shows que não conseguimos cancelar, mas tudo o que posso pensar é você. O
seu sabor e cheiro. A maneira como você ri. Eu não me importo se eu soo como um pau mandado por
admitir isso, mas estou fodido sem você, e não sei se alguma coisa pode corrigir isso neste momento.
— Eu só precisava de tempo para recuperar o fôlego — Eu aperto mais meus braços em volta do meu
corpo ainda dolorido, e a lembrança de levar um soco no estômago volta para mim com força total. — Eu
deveria ter dito antes a você sobre as ameaças de Sam.
Ele faz um barulho áspero. — Que porra que eu teria feito? Eu te disse que iria lidar com isso,
conversando com aquela vadia louca. Eu a arrastei com os olhos vendados para a situação mais fodida
possível.
— Eu o segui — Eu me levanto e começo a andar pelo vestíbulo, mordendo a ponta do meu polegar
enquanto ando. — Eu segui você, porque eu te amo, e eu ainda continuo te amando. Agora eu só sei um
pouco mais do que antes, quando eu entrei.
Muito, muito mais.
O longo e arrastado ruído vem do fundo de sua garganta. — E onde é que isso nos deixa?
Eu hesito. Onde é que isso nos deixa? — Eu não sei, mas acho que temos que descobrir.
— Eu preciso ver você — Ele engole em seco e então eu o ouço inspirar e expirar. — Nós estaremos
chegando daqui a mais ou menos cinco horas — Então ele me dá o local, que eu reconheço de imediato.
Quando ele termina, me pergunta em voz baixa: — Diga-me você vai estar lá, Sienna. Somente... Eu
preciso de você.
— Sempre.

A luz solar espreita no céu quando eu viro o meu carro para o estacionamento do local às seis horas
da manhã. Tal como disse Lucas, os ônibus foram recentemente estacionados e a agitação do início da
manhã já está acontecendo. Eu pego as chaves do meu velho sedan Mercury, empurro-as no meu bolso e
caminho até o ônibus que nós compartilhamos.
Um dos motoristas ainda está lá dentro, preenchendo o registro e quando ele abre a porta para mim,
me dá um sorriso simpático. — Bem vinda de volta.
Eu não tenho coragem de dizer a ele que não vou continuar na turnê, por isso dou-lhe um aceno
agradecido. — Lucas está lá atrás?
— Provavelmente dormindo, mas isso não importa se você está aqui.
Deixando as palavras do motorista rolarem na minha mente, eu caminho até o corredor e passo a
seção vazia de Sinjin até atingir o compartimento de trás. Encontro Lucas de bruços na grande cama que
nós compartilhamos, suas longas pernas saindo da borda e seus dedos se fechando nos lençóis do lado da
cama que eu dormia. Sento-me ao lado dele.
— Lucas, — eu sussurro. Ele não se move, então eu toco suas costas, correndo os dedos sobre as
tatuagens que cobrem sua pele. Mais de seis meses atrás, eu tinha decidido que a tatuagem de cronômetro
e rainha de copas eram as minhas favoritas, mas agora eu não posso olhar para elas sem meu estômago
revirar.
Isso representa Sam, aquela pessoa repugnante que fica em cima dele e eu odeio que ele teve de
passar por essa merda sozinho por tantos anos.
— Lucas. — Eu digo novamente, sacudindo seu ombro. Ele rola a cabeça para o lado, abrindo os
olhos castanhos e olha para mim. Eu deslizo para fora da cama e fico em pé sobre ele.
— Eu achei que você não viria.
Eu torço minhas mãos, esfregando cada dedo vigorosamente. — Você não deve me conhecer muito
bem.
Ele aperta as mãos nos olhos e solta um suspiro gigante. — Vem cá, Ruiva.
Estou hesitante no início, mas depois ele segura minha cintura em ambos os lados e me puxa para ele.
Subo na cama, um joelho de cada vez, deslizando meu corpo contra o dele enquanto descanso a lateral do
meu rosto no travesseiro ao lado dele. Ele desliza os dedos em todo o hematoma no meu queixo que eu
escondi com maquiagem. — Eu estou tão arrependido, Si.
— Eu sei que está.
— Não importa o que aconteça comigo, vou ter certeza de que ninguém tocará em você de novo —
Ele jura com os olhos duros.
Eu movo minha cabeça de lado a lado. — Você faz parecer que ela tentou fazer você se entregar. —
Quando ele não diz nada, eu me sento abruptamente e cravo os olhos nele. — Lucas? Ela tentou?
Ele levanta os ombros. — E nesse momento você acha que eu dou a mínima? Eu cuidei de mim
durante anos e aí você apareceu. Você me fez sentir coisas. E quando eu apareci aqui depois de ter visto
você machucada e quebrada por minha causa, eu percebi que parei de me importar com o que acontece
comigo.
Ao ouvi-lo dizer coisas como esta faz com que meu estômago endureça. Porque ele me faz sentir
como se isso fosse o começo do fim.
— Bem, eu me importo, — eu digo. — Eu não teria vindo aqui se não me importasse.
— Eu matei alguém. — Ele rosna. — E então, joguei dinheiro para sua família como se isso fosse
consertar as coisas.
— Ele estava perseguindo alguém que você se importava — eu acho que Cilla importava. Não
importa que tipo de conflito exista entre nós, eu nunca quero que ninguém tenha que passar pelo que
Lucas disse que Bryce estava prestes a fazer com ela. — Se Sam for até os policiais, a sua versão tem
que contar para alguma coisa.
Ele se senta ao meu lado. — Minha história tem quatro anos de atraso, Ruiva.
— Então nós vamos descobrir essa merda juntos.
Sua expressão suaviza. — Você vai ficar por aqui?
— Nesta turnê? Não. — Eu digo e ele sorri. — Mas com você? Sempre. Kylie não deu a minha
mensagem?
— Sim, mas eu estava convencido de que eram os analgésicos falando.
Capítulo Vinte e Três
Passei a maior parte da manhã trancada nos braços de Lucas. Há muito pouco para falar, e sem o ato
sexual, isso parece o mais íntimo que estivemos desde que o nosso relacionamento começou há dois anos
e meio atrás. Depois que ele adormece, eu me desembaraço do seu corpo e saio para longe do ônibus
para que eu possa ligar para vovó e avisá-la que estou bem. Provavelmente ela está acordada agora e,
tendo em conta os acontecimentos dos últimos dias, ela deve estar pirando.
Quando eu disco o seu número, outra ligação aparece e eu aceito acidentalmente. Eu não estou com
vontade de falar com ninguém além da vovó agora, e eu olho para a tela, querendo apenas desligar e
ignorar o autor da ligação se ele tentar de novo. Mas, novamente, não posso fazê-lo parar de tentar entrar
em contato comigo. Eu coloco o telefone na minha orelha.
— Alô?
— É Sienna? — A voz é suave, feminina. — Alô?
Eu limpo minha garganta. — Sim?
— Aqui é Sam. A mulher do meu ex-marido que você fodeu.
Como se ela precisasse dessa introdução. Eu a conheço bem e trituro meus dentes juntos.
Agarrando o meu telefone, eu sussurro asperamente: — Por que diabos você está me ligando? Você já
não fez o suficiente? E como diabos você conseguiu meu número de telefone?
Ela leva um momento para processar todas as minhas perguntas antes de falar. — É fácil encontrar
você. E você ainda não me respondeu. Eu queria ouvir sua voz antes... — Ela para. A risada que segue
consegue evocar todo medo e toda quantidade de desespero dentro de mim.
— Antes do quê?
Ela me responde depois de uma longa pausa e cada palavra é enfatizada. — Antes de eu colocar um
fim a tudo isso.
Deslizando para baixo, minha bunda bate no chão duro, mas eu nem sinto isso quando mantenho meus
cotovelos junto ao meu peito. — O que você pretende fazer?
— O que eu deveria ter feito há muito tempo.
Eu dobro o meu lábio superior e balanço a cabeça. — Você não pode fazer isso com ele. Não depois
de todo o dinheiro que ele lhe deu, — Minha voz soa estranha aos meus ouvidos, exótica. Nada como
alguma coisa que eu já tenha ouvido antes. — Não depois que você o colocou através de tanta merda.
Sam ri de novo, desta vez mais forçada. Mais fria. — Eu posso fazer tudo o que quiser, meu amor. A
bola está comigo. Tudo o que tenho a fazer é ir à polícia, e...
— Você não pode fazer isso — Eu repito.
— Me desculpe, mas não posso continuar com isso.
Por que ela está me ligando para dizer tudo isso? E por que ela está pedindo desculpas a mim?
Inclinando o meu rosto contra os joelhos, eu fecho meus olhos e penso na única vez que eu a encontrei
pessoalmente. Como havia algo muito fora em seus olhos cinzentos frios. Essa mulher é perigosa.
Perigosa e louca, e estou morrendo de medo dela.
— Por quê? — Eu pergunto com a minha voz rouca. — Por que você me fez passar por tanta merda,
simplesmente porque você pode fazer isso? Por que me colocar nisso?
Quando ela fala, suas palavras estão quebradas, e eu acho que ela está chorando. Samantha, que está
me ligando para causar estragos e arruinar a vida, está chorando. — Porque você o ama. Porque eu
queria que você conhecesse o verdadeiro Lucas antes que eu arrancasse tudo. E agora que você conhece?
— Isso não muda o que sinto por ele, — eu assobio. — Isso não muda o fato de que eu o amo. O que
aconteceu foi porque ele estava tentando proteger alguém.
— E ele é um covarde — Ela rosna. — Você se esqueceu disso.
— Não, — eu mantenho minha mão no peito, porque sinto como se fosse a única coisa que me vai me
fazer passar por isso. — Você queria que eu visse Lucas como ele realmente é, mas eu vi você também.
Se você queria tanto que a verdade sobre ele aparecesse, você o teria feito mostrar a muito tempo. Você é
uma covarde.
— Talvez eu seja. Eu acho que não muda nada, não é? — Ela ainda está chorando, e chora alto no
telefone por alguns segundos antes de dar uma respiração instável. — Isso acaba agora.
— Sam? Samantha? — Mas ela se foi. E mesmo que eu saiba que não deveria, eu tento ligar para ela,
mas ela não atende. Sou enviada diretamente para o seu correio de voz após os dois primeiros toques. Eu
quero pensar que não há nenhuma razão para que ela esteja ignorando-as, que esta ligação é apenas mais
um dos seus jogos.
Mas eu não posso. Isso parece diferente do que antes e o pânico incha dentro de mim.
Porque eu fiz uma promessa a mim mesma que não iria manter as coisas de Lucas por mais tempo, eu
imediatamente o acordo. Enquanto eu me sento no chão da sala conversando em voz baixa, ele caminha
de um lado para o outro pelo corredor com seu peito se movendo um pouco quando ele assimila tudo. E
ele aceita isso melhor do que eu imaginava. Seu rosto é uma máscara de pedra quando eu termino de
falar.
— Ela vai fazer o que quer, — ele para de se mover. — Mas eu não vou continuar correndo atrás
dela só para me manter limpo. Eu não posso mais fazer isso.
Essas foram as palavras exatas de Sam mais cedo e elas são ainda mais assustadoras quando elas
caem dos lábios dele. Eu aperto minhas mãos no meu cabelo, balançando a cabeça freneticamente.
— Tem que haver alguma coisa — Eu suspiro por ar, e uma vez que eu o encontro, digo — Você não
merece isso.
Ajoelhando-se na minha frente, ele inclina meu queixo para cima com a ponta do seu dedo indicador.
— Talvez eu não mereça, mas eu errei. Eu tenho vivido com o que eu fiz há quatro anos e nos últimos
dias, por você e Kylie saberem, tem sido o maldito tempo mais libertador que eu tive desde então. —
Massageando a minha bochecha com as costas do seu polegar, ele coloca a sua testa na minha. — Deixe
Sam vir atrás de mim. Ela já sabe que eu vou levá-la para baixo, também. Depois de toda a merda que
ela fez você passar – deixe-a vir.
Depois disso, ele se recusa a dizer ou ouvir alguma coisa sobre Samantha. Passamos o resto do dia,
até a passagem de som, com um silêncio ressaltado que ainda existe entre nós, e quando eu digo a ele que
tenho que ir para casa, ele me segue até meu carro.
— Você virá hoje à noite? — Ele pergunta, e eu só olho para ele. Eu quero gritar. Ou bater nele.
Perguntar a ele por que ele está deixando Sam ganhar.
Mas, finalmente, eu fecho meus olhos e faço os meus lábios se contorcerem em um sorriso. — Eu não
perderia por nada.
Ele me arrasta para ele, beijando-me até que um soluço constrói no meu peito e tenho que empurrá-lo
para longe. O olhar de medo e incerteza dentro dos seus olhos castanhos é surpreendente. Eu me viro e
meus ombros caem.
— Eu te amo, — ele diz simplesmente.
Eu conto até dez em voz baixa lentamente, esperando que isso vá ajudar a acalmar a minha respiração
antes mesmo que eu tente olhar para ele novamente. Assim que eu termino, eu me viro.
Ele já se foi.
No começo eu não tenho nenhum plano além de aparecer nos bastidores hoje à noite, mas depois que
Kylie me pede para vir, eu vou em frente e me visto com uma calça jeans, uma camisa de manga
comprida da Apparel Alternative que vai esconder os hematomas nos meus braços e sapatilhas. Eu
considero colocar meu cabelo para cima, mas quando eu me examino no espelho da cômoda, percebo que
algumas das manchas arroxeadas delineando meu rosto ainda são visíveis através da minha maquiagem,
então solto meus cabelos vermelhos ao redor dos meus ombros. Deixo a tiara na minha cômoda ao lado
de uma caixa de lenços.
E, tanto quanto odeio admitir isso, deixo a minha esperança em casa.
Uma hora mais tarde, caminho para o camarim de Your Toxic Sequel, e me encontro com um silêncio
constrangedor de Cal e Wyatt - apenas membros da banda estão aqui no momento - e só Kylie pode
quebrar isso. Encontrando-me na porta, ela pega a minha mão, entrelaçando seus dedos com os meus, e
me puxa para o sofá. Eu sei que é tudo um show. Isso é muito evidente em seus olhos castanhos escuros e
a maneira que as suas mãos tremem cada vez que ela empurra seu cabelo castanho curto atrás das orelhas.
— Nós estávamos pensando em ir ao bar que você está sempre falando depois do show — Ela me diz
em uma voz aguda. — The Bea...
— The Beacon?
— Eu acho que todos nós só precisamos divertir os nossos corações — ela pega sua garrafa de água,
mas bate com a mão no cigarro eletrônico de Cal em vez disso. Ela cai, e derrama o líquido ao longo das
bordas da mesa de centro e no chão. — Merda. — Então ela tenta limpar isso, eu balanço a minha
cabeça.
— Eu arrumo isso.
Eu me ajoelho, limpando o líquido com um maço de toalhas de papel que encontrei no banheiro e Cal
se inclina para perto de mim. — Então... Como você está indo? — Este é provavelmente o tom mais sério
que eu já ouvi em sua voz.
— Eu estou melhor. Ainda um pouco abalada, mas vou ficar bem, — eu minto.
Ele solta um suspiro áspero. — Nós estávamos preocupados com você. Todos nós, então não deixe
Sin dizer-lhe algo diferente.
— Obrigada — eu sussurro.
Dando a meu ombro um aperto preocupado, Cal se levanta. — E por falar em Sinjin, vou encontrá-lo.
Eu não vi esse idiota desde a passagem de som.
Assim que ele sai, Wyatt se voluntaria e sai também, usando como desculpa fumar antes do show. —
Se você precisar de mim, me chame, linda, — ele diz com firmeza a Kylie e seus olhos se estreitam.
— Eu vou avisá-lo no momento que eu tiver que fazer xixi — ela lhe responde, com um sorriso
irônico brincando nos cantos de sua boca. Quando ele fecha a porta atrás de si, Kylie despenca para
frente, afundando o rosto nas mãos. — Eu sou uma bagunça, — ela admite em voz abafada.
— Deus, eu estou aqui para você — Desde que saí do ônibus no início desta tarde, eu estava tentando
ligar para o número que Sam tinha me ligado. Eu esperava que, se eu conseguisse falar com ela de novo,
seria capaz de argumentar, mas eu não tive nenhuma sorte. Eu engulo um nó na garganta. — Você sabe
onde ele está agora?
Envolvendo os braços sobre sua barriga, ela balança a cabeça. — Disse que tinha algo para ver com
Tyler, mas quem sabe. Ele está tão irritantemente calmo hoje, que eu não consigo mais ficar perto dele.
Eu faço um punho ao redor da pilha bagunçada de toalhas de papel secas ao meu lado no chão. —
Estou com medo.
Ela passa a língua sobre os lábios em preparação para dizer alguma coisa, mas há uma batida pesada
na porta do camarim. Franzindo sua testa, ela grita: — Entre.
David coloca a cabeça na abertura estreita que ele fez na porta — Você viu Lucas?
— Eu sei tanto quanto você, — ela se vira de costas para a água e depois passa o dorso de sua mão
sobre sua boca. — Por que, o que está acontecendo?
Balançando a cabeça de lado a lado em confusão, as bordas dos lábios de David viram para baixo.
— Há dois homens aqui procurando por ele. Dizem que têm que encontrá-lo urgente.
Empurrando-me do chão, eu olho para David, esperando uma resposta, sentindo que assim que ele
falar, tudo vai mudar.
Eu descubro que a minha intuição está certa um momento depois, quando David passa a mão grande
sobre seu rosto.
— Eles são policiais, Kylie.
Quatro palavras e tudo muda de repente. Quatro palavras e meu mundo vai de estremecer a uma
parada dolorosa.
Capítulo Vinte e Quatro
Lucas
Nós cancelamos quase todas as datas restantes da turnê.
Durante a primeira semana ou duas depois que a merda pulou de cabeça no ventilador, encontro-me
atraído para o vídeo que Sam tinha feito para mim. A Samantha na tela não parece nada com a mulher que
eu vi no início deste verão, ou até mesmo a mulher de um ano atrás. Quando Kylie faz uma pequena
pesquisa sobre a história do arquivo, ela descobre que Sam fez o vídeo quase dois anos atrás.
Minha ex-mulher se sentou no meio daquele sofá branco imaculado que costumava estar na sala de
estar do seu apartamento em Atlanta. Suas pernas estavam cruzadas nos tornozelos, e ela arqueou o corpo
magro para frente. Diante da câmera, as marcas de agulha na parte interna dos braços não eram óbvias,
mas ela ainda tentou escondê-las com as mãos.
E embora na maioria do tempo ela evitasse fazer contato visual direto com a câmera, houve raros
momentos durante o vídeo em que ela fez isso. O olhar em seus olhos cinzentos era intenso, e sinto como
se estivessem olhando diretamente para mim, me dizendo tudo pessoalmente.
De certa forma, eu acho que ela está.
— Lucas, — ela começou. — Eu não posso fazer isso cara a cara, então esta é a única maneira que eu
poderia conseguir dizer o que eu quero — respirando fundo, ela moveu as mãos na frente do peito
enquanto tentava descobrir o que ia dizer a seguir. — A culpa é minha por Bryce Roberts ter morrido. Eu
fiz isso e sinto muito.
A primeira vez que eu assisti o vídeo de Sam, eu tinha olhado fixamente para a tela do computador,
me perguntando o que diabos ela estava falando, mas eu não parava de olhar. Continuava esperando.
— Eu o matei, — disse ela, apertando a ponta do nariz para tentar conter as lágrimas. Ela não teve
sucesso, e elas caíram livremente pelo seu rosto. — Eu o conheci através de um dos meus amigos. Mas
ele apenas... Ele não era você, sabe? E então eu descobri que você estava vendo Priscilla, e eu perdi a
cabeça. Eu perdi a cabeça e pedi a ele para mexer com ela. Sacudi-la um pouco.
Então ela se levantou do seu lugar e quando voltou, estava acendendo um cigarro.
— Eu estava com ele na noite em que você brigou no estacionamento. — Ela olhou diretamente para
a câmera. — E depois que você voltou para dentro daquele bar eu bati nele com a chave de roda da parte
traseira do seu carro.
Depois disso ela nunca explicou porque matou Bryce ou porque me deixou acreditar que fui eu quem
fez isso. Ela só diz que está arrependida. Que errou. E que ela iria consertar as coisas.
E no final, Sam fez o que disse que ia fazer quando ela se entregou. Ela deu sua declaração. Ela tinha
dado aos policiais a carteira que ela tinha tirado de Bryce Roberts na noite do seu assassinato. E então
ela tinha renunciado o seu direito a um advogado.
E quando eu descobri tudo isso bem antes do show de Nashville - porque eu era listado como seu
parente mais próximo - ela já tinha ido embora e eu fiquei reunindo as verdades das mentiras que ela
tinha me deixado acreditar.
Em vida, Sam tinha feito uma breve parte da história da banda - a mulher que foi casada com Lucas
Wolfe antes de ele atingir o auge. Mas, na morte, de alguma forma, ela ofuscou todas as mulheres com
quem eu já estive, incluindo Sienna.
Epílogo
Lucas
Novembro
Que porra é essa que você faz quando descobre que os segredos que você enterrou, as mentiras que
pagou para encobrir, eram apenas isso? Mentiras.
Você permanece no passado, mantendo esses arrependimentos fodidos, desejando que pudesse mudar
as coisas?
Ou você segue em frente?
Eu decidi fazer as duas coisas.
Não é Samantha que tem que viver com o que ela fez com Bryce – eu tenho que enfrentar que eu vivi
por quatro malditos anos pensando que eu era um monstro e afastando a mulher que queria me levar para
fora dessas sombras.
O fato de que ela está aqui comigo esta noite é um milagre.
— Você se parece como o pecado, Ruiva, — murmuro, olhando para o seu reflexo enquanto ela vem
atrás de mim. Ela está usando um pequeno vestido preto que eu acho que deveria estar no chão do meu
camarim, em vez de estar no corpo dela, e os saltos que deixam suas pernas mais longas.
— O melhor tipo — O seu cabelo cai ao meu redor quando ela enrola os braços nus sobre meus
ombros e envolve-me com força, como se ela não quisesse me deixar ir. — Último show. — Seus olhos
azuis claros encontram os meus no espelho e ela dá uma longa e profunda respiração. — Você está
pronto, Sr. Wolfe?
Alcanço as suas costas e enrolo seu cabelo ao redor dos meus dedos antes de eu virar minha cabeça e
encontrar sua boca. Eu a devoro. E ela me consome. Esta é a única maneira que vai funcionar.
Quando eu a empurro para longe, observando com assombro o jeito que ela está olhando para mim,
eu ofereço-lhe um sorriso. — Sinjin vai quebrar meus dedos com suas baquetas se eu não estiver pronto
— Supõe-se que Zoe apareça hoje à noite e é o inferno dobrado para impressioná-la.
— Então você provavelmente deve soltar meu cabelo — Sugere Sienna, e quando eu faço, ela
coloca-o sobre um dos ombros. — Eu pareço apresentável?
— Parece que você deve estar nua naquele sofá — Eu aponto com o dedo para o lugar estreito do
outro lado do camarim, mas, em seguida, aperto a minha cabeça. — Mas, sim, você é a melhor coisa que
eu já vi. A melhor coisa para mim, ponto final.
— E então você tem que dizer coisas assim. — Ela dá alguns passos para trás. — Eu o verei depois
do show. — Seu olhar permanece bloqueado com o meu enquanto ela sai do camarim e eu não me viro
até que ela já tenha desaparecido.
Eu olho para mim no espelho. Lucas-Fodido-Wolfe. Eu fico olhando para o homem que eu era e sou,
aquele que vai estar com ela. Então, eu me levanto e saio do camarim também.
Cal e Wyatt estão ponderando no corredor dos bastidores, com Wyatt falando merda sobre Heidi,
amiga da minha irmã, deixando Cal amarrado em algum lugar há uma semana. Quando Cal me vê, ele
passa a mão sobre o rosto de vergonha e direciona os olhos para o chão de concreto cinza.
— Você tem alguma coisa a acrescentar? — Ele finalmente desafia.
— Só que eu queria que ela tivesse deixado você assim em público. — Então ele abre a boca e
articula com os lábios um “foda-se” eu sorrio e dou de ombros. — Sin e eu apostamos 500 dólares em
quem vai sair dessa coisa com Heidi.
Conforme vou pelo corredor até a entrada do palco, Cal chama atrás de mim — Então, em qual de
nós você apostou?
— Meu dinheiro sempre foi de Heidi, — eu digo antes de mergulhar para a saída dos bastidores.
O que você faz quando todos os seus segredos vêm à luz, apenas para serem enterrados de novo?
Você se mantém fodidamente jogando.
Mesmo que o já remarcado show de Los Angeles esteja esgotado, ainda não há como negar a
maravilhosa satisfação de saber que milhares de pessoas arrastaram seus traseiros aqui esta noite para
ver minha banda. Ainda assim, através dos gritos e da música estridente ao meu redor e milhares de
rostos, apenas uma se destaca para mim no meio da multidão. Sienna está sentada entre minha irmã e sua
amiga Tori em um dos bancos do piso mais próximo do palco sorrindo para mim.
Quando Cal começa o show com “All Over You”, os lábios dela se movem. Eu não posso lê-los, mas
isso não me impede de murmurar ao microfone — Eu também te amo. — A multidão vai à loucura, e eu
dou-lhes um sorriso arrogante antes de abrir a boca para começar.
Duas horas depois, quando chegamos à segunda música do nosso bis e meus fãs estão começando a se
levantar de seus assentos, eu os impeço. — Eu não faço muita dessa merda acústica — Eu digo no
microfone quando dois membros da equipe de palco trazem um banquinho e meu violão. Um silêncio cai
sobre a multidão e então há uma confusão quando eles tentam voltar para onde estavam sentados. Eu
coloco o microfone no suporte e me inclino sobre ele. — E eu com uma certeza do caralho não costumo
fazer covers. Mas esta é a última etapa de uma turnê que parece se arrastar há meses.
Sentado no banco, eu começo a pegar o início de uma música lenta, esperando que o público capte o
que eu estou tocando. Dez segundos depois e os aplausos começam a entrar em erupção por todo o
estádio. É ensurdecedor, e isso me dá o empurrão que preciso para seguir em frente.
— Eu acho que não preciso explicar por que estou tocando essa música. Ela é apenas para a mulher
que eu fodidamente amo.
18
Seus olhos azuis nunca deixam os meus enquanto eu canto uma música da Tonic sobre fazer qualquer
coisa pelo amor e pela bela mulher de olhos azuis que eu faria tudo. Quando eu termino, o público está
gritando, então eu me inclino de volta para o microfone.
— Eu vou ser um idiota e deixá-la envergonhada, Ruiva — Eu resmungo. — Casa comigo?
Desta vez, quando seus lábios se movem, eu posso facilmente ler o que ela está tentando dizer.
— Sim.
Notas
[←1]
Um personagem do seriado Gossip Girl, sempre impecavelmente arrumado.

[←2]
É uma foto que a pessoa tira de si mesma.

[←3]
Aeroporto Internacional de Los Angeles.

[←4]
É uma empresa que faz mudanças.

[←5]
É um reprodutor de músicas online.

[←6]
Bucket List é uma lista de “coisas para fazer”. No caso, ela dá uma lista de coisas que ela quer que Sienna faça com a banda.

[←7]
Body-shots é uma brincadeira onde o corpo de uma pessoa é usado como apoio para outra beber. O modo mais comum é uma
mulher equilibrar um copinho (de shot) entre os seios e alguém beber dali.

[←8]
É a pessoa indispensável em uma turnê, cuidando de toda a pré-produção dos shows e viaja junto com a banda.

[←9]

[←10]
Um jeito de dizer boa sorte pra alguém que está prestes a subir no palco.

[←11]
Em tradução literal, “segunda melhor”.

[←12]
É um site e-commerce focado em artigos ou acessórios vintage.

[←13]
Algo como “A Boceta Tóxica”.

[←14]
Transição entre a saída da reabilitação e o mundo real.

[←15]
Foi um reality show produzido pela MTV norte-americana que segue oito pessoas que moram em uma mesma casa, seguindo seus
afazeres diários.
[←16]
Uma referência àquela expressão assustada que os cervos têm logo antes de serem atingidos por um carro na estrada.

[←17]
Em tradução literal, “Cidade da Música”, o apelido de Nashville nos EUA.

[←18]
Para quem tem curiosidade, essa é a música: https://www.youtube.com/watch?v=Sfg6-4mBs6Y.

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