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Catecumenato: Inspiração e Estrutura na Catequese

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Ana Rodrigues
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‭MATERIAL DE APROFUNDAMENTO DA ESCOLA DA FÉ (POSTERIOR AO CURSO)‬

“‭ Desejaria que todos e cada um de nós pudéssemos visitar, pelos menos em espírito, a própria‬
‭pia batismal, mergulhar nela a nossa cabeça e descobrir a missionariedade do próprio‬
‭batismo… Então, devo ser missionário.‬
‭“Se eu não sou missionário, então não sou cristão.” (Dom Pedro Casaldáliga)‬

I‭NTRODUÇÃO‬‭– Quatro termos para ter clareza:‬‭catecumenato, Evangelização‬


‭querigmática, Catequese, Escola da Fé, Catecumenato‬
‭Catecumenato –‬
‭O catecumenato, fonte de inspiração para a catequese: ( DO Novo Diretório do Catequista , nn.‬
‭61 a 65):‬
‭O texto responde: O que é o catecumenato?‬
‭Por que é fonte de inspiração para a catequese ontem, hoje e sempre?‬
‭Quanto tempo é o catecumenato?‬
‭Quem é o público-alvo do catecumenato?‬
‭Quais são as suas etapas?‬
‭61. A exigência de‬‭«não dar por suposto que os nossos interlocutores conhecem o‬
‭horizonte completo daquilo que dizemos, ou que eles podem relacionar o nosso‬
‭discurso com o núcleo essencial do Evangelho»‬‭9 é razão quer para afirmar a natureza‬
‭querigmática da catequese, quer para considerar a sua inspiração catecumenal. O‬
‭catecumenato é uma prática eclesial antiga, restaurada depois do Concílio Vaticano II (cf. SC‬
‭64 a 66; CD 14; AG 14), oferecida aos convertidos não batizados. Tem, portanto, uma explícita‬
‭intenção missionária e estrutura-se como um complexo orgânico e gradual para iniciar à fé e à‬
‭vida cristã. Precisamente pelo seu carácter missionário, o catecumenato pode também inspirar‬
‭a catequese daqueles que, apesar de já terem recebido o dom da graça batismal, não‬
‭saboreiam efetivamente a sua riqueza 10: neste sentido, fala-se de inspiração catecumenal da‬
‭catequese ou de catecumenato pós-batismal ou de catequese de iniciação à vida cristã 11.‬
‭Esta inspiração não esquece que os batizados‬‭«já foram introduzidos na Igreja e se‬
‭tornaram filhos de Deus pelo Batismo».‬
‭5 Entre as numerosas fórmulas do querigma, a título de exemplo, cf. as seguintes:‬‭«Jesus é o‬
‭Filho de Deus, o Emanuel, o Deus conosco»‬‭(cf. Mt 1,23);‬‭«O Reino de Deus está aqui:‬
‭convertei vos e acreditai no Evangelho»‬‭(Mc 1,15);‬‭«Deus amou tanto o mundo que lhe‬
‭deu o Filho unigênito, para que todo aquele que acredita n’Ele não se perca, mas tenha a‬
‭vida eterna»‬‭(Jo 3,16);‬‭«Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância»‬‭(Jo‬
‭10,10);‬‭«Jesus de Nazaré passou fazendo o bem e curando a todos»‬‭(At 10,38);‬‭«Jesus,‬
‭Nosso Senhor, ressuscitou para nossa justificação»‬‭(Rm 4,25);‬‭«Jesus é Senhor»‬‭(1Cor‬
‭12,3);‬‭«Cristo morreu pelos nossos pecados»‬‭(1Cor 15,3);‬‭«O Filho de Deus amou me e‬
‭entregou Se a Si mesmo por mim»‬‭(Gal 2,20). 6 EG 164. 7 EG 165. 8 EG 177. 9 EG 34. 10‬
‭Estas pessoas podem ser chamadas quase catecúmenos: cf. CT 44. 11 Cf. CCE 1231 e V‬
‭CONFERÊNCIA GERAL DO EPISCOPADO DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE, Documento‬
‭de Aparecida (30 de maio de 2007), 286 a 288. 26‬‭A sua conversão fundamenta se,‬
‭portanto, no Batismo que já receberam e cuja força de vida eles devem fazer‬
‭desabrochar»12.‬
‭ úblico – Alvo -‬
P
‭62. Por referência aos sujeitos, pode-se se falar de três propostas catecumenais: - um‬
‭catecumenato em sentido estrito para os não batizados, quer sejam jovens e adultos, quer‬
‭sejam crianças em idade escolar e adolescentes;‬
‭- um catecumenato em sentido analógico para os batizados que não completaram os‬
‭sacramentos da iniciação cristã;‬
‭- uma catequese de inspiração catecumenal para todos os que receberam os sacramentos da‬
‭iniciação, mas ainda não estão suficientemente evangelizados ou catequizados, ou para todos‬
‭os que desejam retomar o caminho da fé.‬
‭Catecumenato – retorno ao antigo e renovação hoje e sempre, tenha claro ao que é senão‬
‭ficará distante de sua atitude catequética.‬
‭Processo estruturado em quatros tempos ou períodos‬
‭63. A restauração do catecumenato, favorecido pelo Concílio Vaticano II, foi feita através da‬
‭publicação do Ritual da iniciação cristã dos adultos. O catecumenato,‬‭«uma verdadeira‬
‭formação de toda a vida cristã»‬‭(AG 14), é um processo estruturado em quatro tempos ou‬
‭períodos, com o objetivo de guiar o catecúmeno para o encontro pleno com o mistério de Cristo‬
‭na vida da comunidade, e é, portanto, considerado um lugar típico de iniciação, catequese e‬
‭mistagogia.‬
‭Os ritos de passagem 13 entre os períodos evidenciam a gradualidade do itinerário formativo‬
‭do catecúmeno:‬
‭- no pré catecumenato tem lugar a primeira evangelização em ordem à conversão e‬
‭explicita-se o querigma do primeiro anúncio;‬
‭- o tempo do catecumenato, propriamente dito, destina se à catequese integral; acedesse a ele‬
‭com o Rito da admissão, no qual pode ter lugar a “entrega dos Evangelhos”14;‬
‭- O tempo da purificação e iluminação fornece uma preparação mais intensa para os‬
‭sacramentos de iniciação. Este período, no qual se entra pelo Rito da eleição ou da inscrição‬
‭do nome, prevê a “tradição do Símbolo” e a “tradição da oração dominical” 15;‬
‭- com a Celebração dos sacramentos de iniciação, na Vigília pascal, abre-se o tempo da‬
‭mistagogia, caracterizado por uma experiência cada vez mais profunda dos mistérios da fé e da‬
‭inserção na vida da comunidade 16.‬
‭Significado de inspiração catecumental, elementos a seguir:‬
‭64. A inspiração catecumenal da catequese não significa reproduzir de maneira servil o‬
‭catecumenato, mas assumir o seu estilo e o seu dinamismo formativo, respondendo também à‬
‭«necessidade duma renovação mistagógica, que poderia assumir formas muito‬
‭diferentes de acordo com o discernimento de cada comunidade educativa»‬‭17. O‬
‭catecumenato tem um tom missionário conatural que, com o tempo, se foi enfraquecendo na‬
‭catequese. São propostos os elementos de base do catecumenato que, depois do necessário‬
‭discernimento, devem ser hoje compreendidos de novo, valorizados e atualizados com‬
‭coragem e criatividade, num esforço de verdadeira inculturação. Esses elementos são:‬
‭A: O carácter pascal:‬‭no catecumenato, tudo se orienta para o mistério da paixão, morte e‬
‭ressurreição de Cristo. A catequese comunica o coração da fé de maneira essencial e‬
‭existencialmente compreensível, colocando cada pessoa em contacto com o Ressuscitado,‬
‭ajudando a reler e a viver os momentos mais intensos da sua vida como passagens pascais;‬
‭ : O carácter iniciático:‬‭o catecumenato é uma iniciação à fé que leva os catecúmenos a‬
B
‭descobrir o mistério de Cristo e da Igreja. A catequese introduz a todas as dimensões da vida‬
‭cristã, ajudando cada pessoa a iniciar, na comunidade, o seu caminho pessoal de resposta a‬
‭Deus que a procurou;‬
‭12 RICA 295. 13 RICA 6:‬‭«Temos assim três degraus, passos ou portas, que devem ser‬
‭tidos como momentos maiores ou mais densos da iniciação. Estes degraus são‬
‭assinalados por três ritos litúrgicos: o primeiro pelo rito da instituição dos catecúmenos;‬
‭o segundo pela eleição; e o terceiro pela celebração dos sacramentos»‬‭. 14 Este tempo‬
‭prevê celebrações da Palavra de Deus, exorcismos, bênçãos e outros ritos. Cf. RICA 68 a 132.‬
‭15 Juntamente com as tradições referidas, durante este período o catecúmeno vive os‬
‭escrutínios e outros ritos de preparação imediata para a celebração dos sacramentos. Cf. RICA‬
‭133 a 207. 16 Cf. RICA 208 a 239. 17 EG 166. 27‬
‭C: O carácter litúrgico‬‭, ritual e simbólico: o catecumenato está cheio de símbolos, ritos e‬
‭celebrações, que tocam os sentidos e os afetos. Precisamente graças ao‬‭«uso de símbolos‬
‭eloquentes»‬‭e através de uma‬‭«renovada valorização dos sinais litúrgicos»‬‭18 , a‬
‭catequese pode responder deste modo às exigências do homem contemporâneo, que‬
‭habitualmente considera significativas somente as experiências que o tocam na sua‬
‭corporeidade e afetividade;‬
‭D: O carácter comunitário:‬‭o catecumenato é um processo que se realiza numa comunidade‬
‭concreta, que faz experiência da comunhão oferecida por Deus e que, portanto, está‬
‭consciente da sua responsabilidade em relação ao anúncio da fé. A catequese inspirada no‬
‭catecumenato integra o contributo de diversos carismas e ministérios (catequistas, agentes da‬
‭liturgia e da caridade, responsáveis dos grupos eclesiais, juntamente com os ministros‬
‭ordenados…), mostrando que o seio que gera para a fé é toda a comunidade; e. o carácter de‬
‭conversão permanente e de testemunho: o catecumenato, no seu todo, é imaginado como um‬
‭caminho de conversão e de purificação gradual, enriquecido por ritos que marcam a aquisição‬
‭de um novo modo de existir e de pensar. Consciente de que a conversão nunca está‬
‭plenamente realizada, mas que dura toda a vida, a catequese educa para descobrir que somos‬
‭pecadores perdoados e, valorizando o rico património da Igreja, prepara também itinerários‬
‭penitenciais e formativos apropriados, que favoreçam a conversão do coração e da mente num‬
‭novo estilo de vida, que seja percetível, mesmo a partir do exterior;‬
‭E: O caráter de progressividade da experiência formativa 19:‬‭o catecumenato é um‬
‭processo dinâmico estruturado em períodos que se sucedem de forma gradual e progressiva.‬
‭Este carácter evolutivo corresponde à própria biografia da pessoa, que cresce e amadurece no‬
‭tempo. Acompanhando com paciência e respeitando os tempos reais do amadurecimento dos‬
‭seus filhos, a Igreja manifesta a sua maternidade através desta atenção.‬
‭65. A catequese em chave querigmática e missionária requer que se realize uma pedagogia de‬
‭iniciação inspirada no itinerário catecumenal, respondendo com sabedoria pastoral à‬
‭pluralidade de situações. Por outras palavras, segundo uma escolha amadurecida em diversas‬
‭Igrejas, trata-se da catequese de iniciação à vida cristã. É um itinerário pedagógico oferecido‬
‭na comunidade eclesial que conduz o crente ao encontro pessoal com Jesus Cristo através da‬
‭Palavra de Deus, da ação litúrgica e da caridade, integrando todas as dimensões da pessoa,‬
‭para que esta cresça na mentalidade de fé e seja testemunha de vida nova no mundo‬
‭ em o querigma é impossível crer e crescer na fé ( Do Novo Diretório da Catequese, nn 57‬
S
‭Qual a relação entre o Querigma e a Catequese? o querigma faz nascer de novo e a catequese‬
‭crescer na fé e viver na vida.‬
‭Relação íntima entre querigma e catequese, casamento feliz e para sempre‬
‭Que significa dizer que a catequese deverá ser essencialmente querigmática‬
‭57. Esta exigência, à qual a Igreja deve responder no tempo presente, coloca em evidência a‬
‭necessidade de uma catequese que, de modo coerente, pode ser definida como querigmática:‬
‭uma catequese que seja um‬‭«aprofundamento do querigma que, cada vez mais e melhor,‬
‭se vai fazendo carne»‬‭2. A catequese, que nem sempre se pode distinguir do primeiro anúncio,‬
‭é chamada a ser, antes de mais, um anúncio da fé e não deve remeter para outras ações‬
‭eclesiais a tarefa de ajudar a descobrir a beleza do Evangelho. É importante que cada pessoa‬
‭descubra, precisamente através da catequese, que vale a pena acreditar. Deste modo, ela já‬
‭não se limita a ser um mero momento de crescimento mais harmonioso da fé, mas contribui‬
‭para gerar a própria fé e permite que se descubra a sua grandeza e a sua credibilidade.‬
‭Portanto, o anúncio já não pode ser considerado simplesmente como a primeira etapa da fé,‬
‭prévia à catequese, mas como a dimensão constitutiva de cada momento da catequese.‬
‭58. O querigma,‬‭«fogo do Espírito que se dá sob a forma de línguas e nos faz acreditar em‬
‭Jesus Cristo, que, com a sua morte e ressurreição, nos revela e comunica a misericórdia‬
‭infinita do Pai»‬‭3 , é simultaneamente um ato de anúncio e o próprio conteúdo do anúncio, que‬
‭desvela e torna presente o Evangelho 4. No querigma, o sujeito da ação é o Senhor Jesus que‬
‭se manifesta no testemunho de quem o anuncia. A vida da testemunha que experimentou a‬
‭salvação torna-se, portanto, aquilo que toca e 1 O verbo grego katechein significa «ressoar»,‬
‭«fazer ressoar»‬‭. 2 EG 165. 3 EG 164. 4 Sobre o termo‬‭«Evangelho»:‬‭cf. BENTO XVI,‬
‭Meditação durante a primeira Congregação Geral do Sínodo dos Bispos (8 de outubro de‬
‭2012):‬‭«Evangelho significa: Deus interrompeu o seu silêncio, Deus falou, Deus existe.‬
‭Este facto enquanto tal é salvação: Deus nos conhece, Deus nos ama, entrou na história.‬
‭Jesus é a sua Palavra, o Deus connosco, o Deus que nos mostra que nos ama, que sofre‬
‭conosco até à morte e ressuscita. Este é o próprio Evangelho. Deus falou, já não é o‬
‭maior desconhecido, mas mostrou-se a si mesmo e isto é salvação»‬‭. 25 move o‬
‭interlocutor. No Novo Testamento estão presentes diversas formulações do querigma 5 que‬
‭correspondem às várias compreensões da salvação, que ressoa com acentos particulares nas‬
‭várias culturas e para pessoas diversas. De igual modo, a Igreja deve poder encarnar o‬
‭querigma para as exigências dos seus contemporâneos, favorecendo e incentivando que, nos‬
‭lábios dos catequistas (cf. Rm 10,8 - 10), da abundância do seu coração (cf. Mt 12,34), numa‬
‭dinâmica recíproca de escuta e diálogo (cf. Lc 24,13 - 35), floresçam anúncios credíveis,‬
‭confissões de fé vitais, novos hinos cristológicos para narrar a cada um a boa nova:‬‭«Jesus‬
‭Cristo ama te, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias para te‬
‭iluminar, fortalecer, libertar»‬‭6.‬
‭59. Desta centralidade do querigma para o anúncio derivam alguns sublinhados também para a‬
‭catequese:‬‭«que exprima o amor salvífico de Deus como prévio à obrigação moral e‬
‭religiosa, que não imponha a verdade, mas faça apelo à liberdade, que seja pautado pela‬
‭alegria, o estímulo, a vitalidade e uma integralidade harmoniosa que não reduza a‬
‭pregação a poucas doutrinas, por vezes mais filosóficas que evangélicas»‬‭7.‬
‭ s elementos que a catequese, como eco do querigma, é convidada a valorizar são: o‬
O
‭carácter de proposta; a qualidade narrativa, afetiva e existencial; a dimensão de‬
‭testemunho da fé; a atitude relacional; a tonalidade salvífica‬‭. Na verdade, tudo isto‬
‭interroga a própria Igreja, chamada a ser a primeira a redescobrir o Evangelho que anuncia: o‬
‭novo anúncio do Evangelho pede à Igreja uma escuta renovada do Evangelho, juntamente com‬
‭os seus interlocutores.‬
‭60. Uma vez que‬‭«o querigma possui um conteúdo inevitavelmente social»8‬‭, é importante‬
‭que se exponha inequivocamente a dimensão social da evangelização de modo a captar a sua‬
‭abertura sobre toda a existência. Isto quer dizer que a eficácia da catequese é visível não‬
‭apenas através do anúncio direto da Páscoa do Senhor, mas também mostrando que nova‬
‭visão da vida, do homem, da justiça, da vivência social e de todo o cosmos emerge da fé,‬
‭mesmo através da realização de sinais concretos. Por esta razão, a apresentação da luz com a‬
‭qual o Evangelho ilumina a sociedade não é um segundo momento cronologicamente distinto‬
‭do anúncio da fé em si mesmo. A catequese é um anúncio da fé, que deve forçosamente‬
‭causar interesse, ainda que em germe, em todas as dimensões da vida humana.‬

(‭ EXORTAÇÃO APOSTÓLICA«CATECHESI TRADENDAE»DE SUA SANTIDADE PAPA‬


‭JOÃO PAULO II)‬
‭Cristo que ensina, ordena os apostolos “fazer discípulos” e “ensinar”‬
‭7. Além disso, esta doutrina não é um corpo de verdades abstractas: é a comunicação do‬
‭Mistério vivo de Deus. A qualidade d'Aquele que ensina no Evangelho e a natureza dos seus‬
‭ensinamentos ultrapassam de todas as maneiras as dos‬‭«mestres»‬‭em Israel, em virtude‬
‭daquela ligação única que existe entre aquilo que Ele diz, aquilo que Ele faz e aquilo que Ele é.‬
‭Contudo, permanece o facto de os Evangelhos nos relatam claramente momentos em que‬
‭Jesus‬‭«ensina». «Jesus foi fazendo e ensinando» (15)‬‭. nestes dois verbos que introduzem o‬
‭livro dos Atos dos Apóstolos, São Lucas une e distingue ao mesmo tempo os dois pólos da‬
‭missão de Cristo.‬
‭Jesus ensinou. É esse o testemunho que Ele dá de Si mesmo :‬‭«Eu estava todos os dias‬
‭sentado no Templo a ensinar» (16)‬‭. É essa também a observação que fazem cheios de‬
‭admiração os Evangelistas, surpreendidos por O verem ensinar sempre e em qualquer lugar, e‬
‭fazê-lo de uma maneira e com uma autoridade desconhecidas até então.‬‭«De novo concorreu‬
‭a Ele muita gente e, como de costume, pôs-se outra vez a ensiná-la (17); «E‬
‭maravilhavam-se por causa da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem‬
‭autoridade» (18)‬‭. O mesmo atestam os seus adversários, para daí tirarem motivo de acusação‬
‭e de condenação:‬‭«Ele subleva o povo, ensinando por toda a Judeia, a começar da‬
‭Galileia até aqui» (19).‬
‭O único‬‭«Mestre»‬
‭8. Aquele que ensina deste modo merece por uma razão que é única o nome de‬‭«Mestre»‬‭.‬
‭Quantas vezes, ao longo do novo Testamento, e especialmente nos Evangelhos, é atribuído a‬
‭Cristo esse título de Mestre (20)! Aí se refere claramente que os Doze, os outros discípulos e‬
‭as multidões de ouvintes Lhe chamam‬‭«Mestre»‬‭, com uma entoação ao mesmo tempo de‬
‭admiração, de confiança e de ternura (21). E até mesmo os Fariseus e os Saduceus, os‬
‭Doutores da Lei e os Judeus em geral Lhe não recusam essa designação:‬‭«Mestre,‬
‭queríamos ver-te fazer um prodígio» (22)‬‭;‬‭«Mestre, que devo fazer para obter a vida‬
‭ terna?» (23)‬‭. Mas é sobretudo o. próprio Jesus, em momentos particularmente solenes e‬
e
‭muito significativos, que se denomina Mestre:‬‭«Vós chamais-me Mestre e Senhor, e dizeis‬
‭bem, visto que o sou» (24)‬‭; e proclama a singularidade e o carácter único da sua condição de‬
‭Mestre:‬‭«... um só é o vosso Mestre» (25)‬‭, Cristo. Assim se compreende que, no decorrer de‬
‭dois mil anos, em todas as línguas da terra, homens de todas as condições, raças e nações‬
‭Lhe tenham dado este título, com veneração, repetindo à sua maneira a exclamação de‬
‭Nicodemos:‬‭«Sabemos que vieste como Mestre da parte de Deus» (26)‬‭.‬
‭Esta imagem de Cristo a ensinar, a um tempo majestosa e familiar, impressionante e‬
‭tranquilizadora, imagem desenhada pela pena dos Evangelistas e com frequência evocada‬
‭depois pela iconografia desde os primeiros séculos da era paleo-cristã (27), tão atraente ela se‬
‭apresentava, é-me grato também a mim evocá-la no início destas considerações sobre a‬
‭catequese no mundo contemporâneo.‬
‭Cristo ensina com toda a sua vida‬
‭9. Ao fazer esta evocação, não esqueço que a Majestade de Cristo quando ensinava, a‬
‭coerência e a força persuasiva únicas do seu ensino, não se conseguem explicar senão porque‬
‭as suas palavras, parábolas e raciocínios nunca são separáveis da sua vida e do seu próprio‬
‭ser. Neste sentido, toda a vida de Cristo foi um ensinar contínuo: os seus silêncios, os seus‬
‭milagres, os seus gestos, a sua oração, o seu amor pelo homem, a sua predileção pelos‬
‭pequeninos e pelos pobres, a aceitação do sacrifício total na cruz pela redenção do mundo e a‬
‭sua ressurreição, são o actuar-se da sua palavra e o realizar-se da sua revelação. De modo‬
‭que, para os cristãos, o Crucifixo é uma das imagens mais sublimes e mais populares do Jesus‬
‭que ensina.‬
‭Oxalá todas estas considerações, que se situam na esteira das grandes tradições da Igreja,‬
‭consolida em nós o fervor para com Cristo, o Mestre que revela Deus aos homens e revela o‬
‭homem a si mesmo; o Mestre que salva, santifica e guia, que está vivo e que fala, desperta,‬
‭comove, corrige, julga, perdoa e caminha todos os dias connosco pelos caminhos da história; o‬
‭Mestre que vem e que há-de vir na glória.‬
‭É somente em profunda comunhão com Ele que os catequistas encontrarão luz e força para‬
‭uma desejável renovação autêntica da catequese.‬
‭Notas. 12. Cf. Jo. 14, 6.‬
‭13. Jo. 7,16. Está enunciado nesta passagem um tema frequente no quarto Evangelho: cf. Jo.‬
‭3,34; 8,28; 12,49 s.; 14,24; 17,8.14.‬
‭14. 1 Cor. 11,23: A palavra‬‭«transmitir»‬‭, empregada nesta passagem por São Paulo, foi‬
‭repetida com idêntico sentido e frequentemente na Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi ,‬
‭para descrever a atividade evangelizadora da Igreja, por exemplo nos nn. 4,15,78,79.‬
‭15. Act. 1,1.‬
‭16. Mt. 26,55; cf. Jo. 18,20.‬
‭17. Mc. 10,1.‬
‭18. Mc. 1,22; cf. também Mt. 5,2; 11,1; 13,54; 22,16; Mc. 2,13; 4,1; 6,2.6; Lc. 5,3.17; Jo. 7,14;‬
‭8,2, etc.‬
‭19 Lc. 23,5.‬
‭20. Em cerca de cinquenta passagens dos quatro Evangelhos, este título—herdado de toda a‬
‭Tradição judaica, mas revestindo-se aqui de um significado novo, que o próprio Cristo procura‬
‭muitas vezes pôr em evidência — é atribuído a Jesus.‬
‭ 1. Cf.; entre outras passagens: Mt. 8,19; Mc. 4,38; 9,38; 10,33; 13,1; Jo. 11,28.22. Mt. 12,38.‬
2
‭23. Lc. 10,25; Mt. 22,16.‬
‭24. Jo. 13,13 s.; cf. também Mt. 10,25; 26,18; e paralelos.‬
‭25. Mt. 23,8. Santo Inácio de Antioquia aduz esta afirmação e comenta-a nos seguintes termos:‬
‭«Nós recebemos a fé; e é por isso que resistimos, a fim de sermos reconhecidos como‬
‭discípulos de Jesus Cristo, nosso único Mestre» (Epistola ad Magnesios, IX, 1: FUNK‬
‭1,239)‬‭.‬
‭26. Jo. 3,2.‬

‭ EMA 1:‬‭Organização do ministério ou pastoral‬


T
‭Um importante texto bíblico para entender ministério é a carta de Paulo 1Cor 12, ajuda você a‬
‭saber o que é um ministério para Jesus e para a sua Igreja?‬
‭Uma boa coisa é procurar saber quantos ministérios existem na comunidade do Dom Avelar,‬
‭quantos membros atuantes e membros não atuantes.‬
‭E ainda, outra é saber que ministérios faltam na comunidade de Dom Avelar e padre Cícero/‬
‭investir no essencial, uma grande de ministério da catequese. Vamos então nós!‬
‭Lendo o texto, responda de quem é o dever e a missão de servir na catequese?‬
‭Se a resposta é de todos, ela é coerente com a realidade das comunidades, todos se sentem‬
‭responsáveis pela catequese evangelizadora?‬
‭Como multiplicar os servidores de Jesus ?‬
‭( Do Documento de Aparecida,201 a 201)‬
‭A renovação da paróquia exige atitudes novas dos párocos e dos sacerdotes que estão a‬
‭serviço dela. A primeira exigência é que o pároco seja um autêntico discípulo de Jesus Cristo,‬
‭porque só um sacerdote enamorado do Senhor pode renovar uma paróquia. Mas ao mesmo‬
‭tempo, deve ser um ardoroso missionário que vive o constante desejo de buscar os afastados e‬
‭não se contenta com a simples administração.‬
‭202. Mas, sem dúvida, não basta a entrega generosa do sacerdote e das comunidades de‬
‭religiosos. Requer-se que todos os leigos se sintam co-responsáveis na formação dos‬
‭discípulos e na missão. Isto supõe que os párocos sejam promotores e animadores da‬
‭diversidade missionária e que dediquem tempo generosamente ao sacramento da‬
‭reconciliação. Uma paróquia renovada multiplica as pessoas que realizam serviços e‬
‭acrescenta os ministérios. Igualmente, neste campo, se requer imaginação para encontrar‬
‭resposta aos muitos e sempre mutáveis desafios que a realidade coloca, exigindo novos‬
‭serviços e ministérios. A integração de todos eles na unidade de um único projeto‬
‭evangelizador é essencial para assegurar uma comunhão missionária.‬
‭203. Uma paróquia, comunidade de discípulos missionários, requer organismos que superem‬
‭qualquer tipo de burocracia. Os Conselhos pastorais paroquiais terão que estar formados por‬
‭discípulos missionários constantemente preocupados em chegar a todos. O Conselho de‬
‭assuntos Econômicos junto a toda a comunidade paroquial, trabalhará para obter os recursos‬
‭necessários, de maneira que a missão avance e se faça realidade em‬
‭todos os ambientes. Estes e todos os organismos precisam estar animados por uma‬
‭espiritualidade de comunhão missionária:‬‭“Sem este caminho espiritual de pouco serviriam‬
‭os instrumentos externos da comunhão. Mais do que modos de expressão e de‬
‭crescimento,‬
‭ sses instrumentos se tornaram meios sem alma, máscaras de comunhão”104.‬
E
‭209. Os fieis leigos são os cristãos que estão incorporados a Cristo pelo batismo, que formam o‬
‭povo de Deus e participam das funções de Cristo: sacerdote, profeta e rei. Elesrealizam,‬
‭segundo sua condição, a missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo 108. São‬
‭“homens da Igreja no coração do mundo, e homens do mundo no coração da Igreja”109.‬
‭53. 210. Sua missão própria e específica se realiza no mundo, de tal modo que, com seu‬
‭testemunho e sua atividade, eles contribuam para a transformação das realidades e para a‬
‭criação de estruturas justas segundo os critérios do Evangelho.‬‭“O espaço próprio de sua‬
‭atividade evangelizadora é o mundo vasto e complexo da política, da realidade social e‬
‭da economia, como também o da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional,‬
‭dos„‬‭mass media‬‭‟, e outras realidades abertas à evangelização, como são o amor, a‬
‭família, a educação das crianças e adolescentes, o trabalho profissional e o‬
‭sofrimento”110‬‭. Além disso, eles têm o dever de fazer crível a fé que professam, mostrando a‬
‭autenticidade e coerência em sua conduta.‬
‭211. Os leigos também são chamados a participar na ação pastoral da Igreja, primeiro como‬
‭testemunho de sua vida e, em segundo lugar, com ações no campo da evangelização, da vida‬
‭litúrgica e outras formas de apostolado segundo as necessidades locais sob a orientação de‬
‭seus pastores. Eles estarão dispostos a abrir para eles espaços de participação e a confiar‬
‭ministérios e responsabilidades em uma Igreja onde todos vivam de maneira responsável seu‬
‭compromisso cristão. Aos catequistas, delegados da Palavra e animadores de comunidades‬
‭que cumprem uma magnífica tarefa dentro da Igreja 111,reconhecemos e animamos a‬
‭continuarem o compromisso que adquiriram no batismo e confirmação.‬
‭212. Para cumprir sua missão com responsabilidade pessoal, os leigos necessitam de uma‬
‭sólida formação doutrinal, pastoral, espiritual e um adequado acompanhamento para darem‬
‭testemunho de Cristo e dos valores do reino no âmbito da vida social, econômica, política e‬
‭cultural.‬

‭ .‬‭CONTEÚDO DA CATEQUESE – O CONTEÚDO ACOMPANHA‬


3
‭A CRIANÇAS QUE NASCEU TEM QUE CRESCER EM TUDO, IDADE, CONHECIMENTO E‬
‭MATURIDADE PSICOLÓGICA....A MESMA CRIANÇA QUE NASCEU NO ESPÍRITO ( Jo 3,5)‬
‭é chamada a crescer na fé, conhecer e aderir a Jesus, celebrar a fé, viver a fé e orar o que‬
‭crê! a fé é como a semente que um dia se torna árvore cheia de frutos... ( Jo 15,5).‬
‭Exercite:‬‭Fazer uma comparação de quanto tempo a criança passa na escola, o que aprende,‬
‭como aprende e para que aprende....se aprende com quem aprende, quem ensina...como‬
‭ensina...e na comunidade cristã fazer o mesmo exercício, leia os parágrafos do Diretório Novo‬
‭da Catequese que oriente com excelência o seu caminho de aprender‬
‭O Desenvolvimento das idades‬
‭70. Os sacramentos da iniciação cristã constituem uma unidade porque‬‭«lançam os alicerces‬
‭da vida cristã: os fieis, renascidos pelo Batismo, são fortalecidos pela Confirmação e‬
‭alimentados pela Eucaristia»25‬‭. De facto, há que reiterar que‬‭«somos batizados e‬
‭crismados em ordem à Eucaristia. Este dado implica o compromisso de favorecer na‬
‭ação pastoral uma compreensão mais unitária do percurso de iniciação cristã»26.‬‭Assim,‬
‭é oportuno que se avalie e se considere a ordem teológica dos sacramentos – Batismo,‬
‭Confirmação, Eucaristia – para‬‭«verificar qual será a prática que melhor pode,‬
‭ fetivamente, ajudar os fieis a colocarem no centro o sacramento da Eucaristia, como‬
e
‭realidade para a qual tende toda a iniciação»27‬‭. É desejável que nos lugares onde se fazem‬
‭experiências, estas não sejam casos isolados, mas fruto de uma reflexão de toda a‬
‭Conferência episcopal que confirma as escolhas de ação para todo o território da sua‬
‭competência.‬
‭71. A catequese de iniciação cristã é uma formação de base, essencial, orgânica, sistemática e‬
‭integral da fé: a de base é essencial, enquanto aprofundamento inicial do querigma que‬
‭explicita os mistérios fundamentais da fé e dos valores evangélicos de base.‬‭«A catequese‬
‭lança os fundamentos do edifício espiritual do cristão, alimenta as raízes da sua vida de‬
‭fé, habilitando ao receber o sucessivo alimento sólido, na vida ordinária da comunidade‬
‭cristã»28‬‭; orgânica, enquanto coerente e bem ordenada; sistemática, ou seja, não improvisada‬
‭ou ocasional. A exposição orgânica e sistemática do mistério cristão distingue a catequese das‬
‭outras formas de anúncio da Palavra de Deus; c. integral, por ser uma aprendizagem aberta a‬
‭todas as componentes da vida cristã.‬
‭A catequese 21 EG 164. 22 BENTO XVI, Carta encíclica Deus caritas est (25 de dezembro de‬
‭2005), 1. 23 DGC 66. 24 CCE 1122. 25 COMPÊNDIO DO CATECISMO DA IGREJA‬
‭CATÓLICA, 251. 26 BENTO XVI, Exortação apostólica pós sinodal Sacramentum caritatis (22‬
‭de fevereiro de 2007), 17. 27 Ibidem, 18. 28 DGC 67. 29 favorece gradualmente a‬
‭interiorização e a integração destes componentes, provocando uma transformação do homem‬
‭velho e a formação de uma mentalidade cristã. 72. Estas características da catequese de‬
‭iniciação estão expressas de forma exemplar nas sínteses da fé elaboradas já pela Escritura‬
‭(como a tríade fé, esperança e caridade) e depois na Tradição (a fé acreditada, celebrada,‬
‭vivida e rezada). Estas sínteses são um modo de compreender de forma harmoniosa a vida e a‬
‭história, porque não enunciam posições teológicas interessantes, mas sempre parciais, mas‬
‭proclamam a própria fé da Igreja.‬
‭Catequese da Infância, veja o‬
‭.‬‭CATEQUESE COM AS CRIANÇAS 236.‬‭«Esta fase de idade, tradicionalmente dividida‬
‭em primeira infância ou idade pré -escolar e infância, aos olhos da fé e da própria razão,‬
‭tem como própria a graça do início da vida»16‬‭caracterizada pela simplicidade e pela‬
‭gratuidade do acolhimento. Já Santo Agostinho indicava a primeira infância e a infância‬
‭propriamente dita como tempos em que se aprende o diálogo com o Mestre que fala no íntimo.‬
‭Desde tenra idade que a criança deve ser ajudada a perceber e a desenvolver o sentido de‬
‭Deus e a intuição natural da sua existência (cf. GE 3). Com efeito, a antropologia e a pedagogia‬
‭confirmam que a criança é capaz de Deus e que as suas perguntas acerca do sentido da vida‬
‭nascem também nos lugares onde os pais estão pouco atentos à educação religiosa. As‬
‭crianças têm a capacidade de colocar questões de sentido a respeito da criação, da identidade‬
‭de Deus, do porquê do bem e do mal e são capazes de manifestar alegria diante do mistério da‬
‭vida e do amor. 237. Os estudos realizados pelas ciências sócio psico pedagógicas e da‬
‭comunicação são uma grande ajuda na hora de delinear a fisionomia concreta das crianças,‬
‭que têm situações de vida muito variadas nos diversos contextos geográficos. Com efeito, as‬
‭variáveis sociais e culturais influenciam em muito a condição das crianças (da primeira e da‬
‭segunda infância), a perceção das suas necessidades por parte dos adultos, os modos de‬
‭entender e viver as dinâmicas familiares, a experiência escolar, a relação com a sociedade e a‬
‭relação com a fé. Tenha Se particularmente em conta a condição de nativos digitais que‬
‭ aracteriza grande parte das crianças no mundo. É um fenómeno à escala global, cujas‬
c
‭consequências ainda não são claramente perceptíveis, mas que está sem dúvida a modificar‬
‭as modalidades cognitivas e relacionais das novas gerações, influenciando de certa forma‬
‭também o impulso natural para a experiência religiosa.‬
‭CRIANÇAS DA PRIMEIRA INFÂNCIA‬
‭238. É também importante considerar que são as muitas crianças (da primeira e da segunda‬
‭infância) que sentem fortemente o efeito da fragilidade dos laços no interior das famílias,‬
‭mesmo em situações de bem estar económico; outras, pelo contrário, vivem ainda hoje em‬
‭condições ambientais fortemente marcadas pela pobreza, pela violência e pela instabilidade. A‬
‭estas crianças que, por diversos motivos, sofrem com a falta de referências seguras para a‬
‭vida, muitas vezes também lhes é reduzida a possibilidade de conhecer e amar a Deus.‬
‭Quando tal é possível, a comunidade eclesial deve saber dialogar com os pais, apoiandoaos na‬
‭sua função de educar; além disso, procure tornar se presente e disponível para demonstrar‬
‭sempre zelo materno e cuidados concretos: este será o primeiro e fundamental anúncio da‬
‭bondade providente de Deus. 13 AL 78. 14 AL 297. 15 EG 160. 16 DGC 177. 75 239. A‬
‭primeira infância, ou idade pré-escolar, é um tempo decisivo de descoberta da realidade‬
‭religiosa, em que dos pais e do ambiente de vida se apreende uma atitude de abertura e de‬
‭acolhimento, ou de aversão e fechamento a Deus. Apreende Se também os primeiros‬
‭conhecimentos da fé: uma primeira descoberta do Pai que está nos céus, bom e providente,‬
‭para o qual voltar o coração e a quem dirigir um gesto de afeto e veneração; o nome de Jesus‬
‭e de Maria e algumas histórias dos momentos principais da vida do Senhor Jesus; sinais,‬
‭símbolos e gestos religiosos. Não se deve subestimar, neste contexto, a valorização das‬
‭principais festividades do ano litúrgico, por exemplo, com a construção do presépio nas‬
‭famílias, na preparação para o Natal 17 , que pode permitir que a criança viva uma forma de‬
‭catequese através de uma participação direta no mistério da encarnação. Quando, desde‬
‭pequena, em família ou noutros ambientes de crescimento, a criança está em contacto com os‬
‭diversos aspetos da vida cristã, aprende e interioriza uma primeira forma de socialização‬
‭religiosa propedêutica em relação às seguintes e ao desenvolvimento da consciência moral‬
‭cristã. Mais que catequese em sentido próprio, nestas idades trata se de uma primeira‬
‭evangelização e anúncio da fé numa forma eminentemente educativa, atenta a desenvolver o‬
‭sentido da confiança, da gratuidade, do dom de si, da invocação e da participação, como‬
‭condição humana na qual se enxerta a força salvífica da fé.‬
‭240. A idade escolar (6 a 10 anos), de acordo com uma tradição consolidada em muitos países,‬
‭é o período em que se completa na paróquia a iniciação cristã começada com o Batismo. O‬
‭itinerário global de iniciação cristã tem como finalidade dar a conhecer os acontecimentos‬
‭principais da história da salvação que serão objeto de reflexão mais aprofundada nas idades‬
‭sucessivas e a levar a tomar gradualmente consciência da sua identidade de batizado. Com a‬
‭catequese de iniciação cristã temas em vista o primeiro conhecimento da fé (primeiro anúncio)‬
‭e com o processo de iniciação introduza se a criança em idade escolar na vida da Igreja e na‬
‭celebração dos sacramentos. A catequese, não fragmentária, mas articulada ao longo de um‬
‭itinerário que propõe de forma essencial todos os mistérios da vida cristã e a forma como‬
‭incidem na consciência moral, está também atenta às condições existenciais das crianças‬
‭desta fase e às suas interrogações de sentido. Ao longo do itinerário de iniciação, está previsto,‬
‭de facto, o ensino das verdades da fé, que se reforça com o testemunho da comunidade, a‬
‭ articipação na liturgia, o encontro com a palavra de Jesus na Sagrada Escritura, o início do‬
p
‭exercício da caridade. Compete às Conferências episcopais estabelecer a duração e as‬
‭modalidades para realizar o itinerário de iniciação à vida cristã e a administração dos‬
‭sacramentos. 241.‬
‭Segunda Infância.‬
‭A segunda infância é também a fase da entrada no mundo da escola primária. A criança em‬
‭idade pré escolar, e depois em idade escolar, entra numa comunidade maior que a família,‬
‭onde tem a possibilidade de desenvolver as suas capacidades intelectuais, afetivas,‬
‭relacionais. Com efeito, em muitos países do mundo, é ministrado ensino religioso específico‬
‭na escola e, nalguns casos, há também a possibilidade de se dar na escola a catequese de‬
‭iniciação à vida cristã e aos sacramentos, de acordo com as indicações e as disposições do‬
‭Bispo local. Nesses contextos, a colaboração entre os catequistas e os professores torna-se‬
‭um significativo recurso educativo e é uma ocasião favorável para dar visibilidade a uma‬
‭comunidade de testemunhas adultas da fé. 242. A necessidade de fazer do processo de‬
‭iniciação cristã uma autêntica introdução experiencial à globalidade da vida de fé leva a olhar‬
‭para o catecumenato como uma imprescindível fonte de inspiração. Torna-se muito oportuna‬
‭uma iniciação cristã configurada segundo o modelo formativo do catecumenato, mas com‬
‭critérios, conteúdos e metodologias adequados às crianças desta fase. A articulação do‬
‭desenvolvimento do processo de iniciação cristã para crianças em idade escolar, inspirado no‬
‭catecumenato, prevê tempos, ritos de passagem e a participação ativa na mesa eucarística que‬
‭constitui o cume do processo de iniciação. Na sua realização, os catequistas estão‬
‭comprometidos em inverter a visão tradicional, que vê a criança em idade escolar‬
‭principalmente como objeto de cuidados e atenções pastorais da comunidade, e em assumir a‬
‭perspetiva que o educa 17 Cf. FRANCISCO, Carta apostólica Admirabile signum (1 de‬
‭dezembro de 2019). 76 progressivamente, de acordo com as suas capacidades, para ser‬
‭sujeito ativo dentro e fora da comunidade. A inspiração catecumenal permite, além disso, que‬
‭se reconsidere o papel primordial da família e de toda a comunidade em relação aos mais‬
‭pequenos, dando lugar a processos de evangelização recíproca entre os diversos sujeitos‬
‭eclesiais envolvidos. 243. Cada Igreja local, mediante os secretariados e organismos‬
‭preestabelecidos, é solicitada a avaliar a situação em que vivem as crianças da segunda‬
‭infância e a estudar as modalidades e os itinerários de iniciação e de catequese que sejam‬
‭mais adequados para os tornar conscientes de serem filhos de Deus e membros da Igreja,‬
‭família de Deus, que se reúne para celebrar a Páscoa no dia dedicado ao Senhor‬

‭ .‬‭CATEQUESE NA REALIDADE JUVENIL 244.‬‭Existe uma profunda ligação entre a‬


3
‭possibilidade de uma renovada proposta de fé aos jovens e a disponibilidade da Igreja para‬
‭rejuvenescer, ou seja, para se manter num processo de conversão espiritual, pastoral e‬
‭missionária.‬‭«A capacidade [dos jovens] de renovar, reclamar, exigir coerência e‬
‭testemunho, voltar a sonhar e reinventar»18‬‭pode ajudar a comunidade eclesial a dar-se‬
‭conta das transformações culturais do nosso tempo e a fazer crescer a confiança e a‬
‭esperança. Toda a comunidade tem o dever de transmitir a fé e de testemunhar a possibilidade‬
‭de caminhar na vida com Cristo. A proximidade do Senhor Jesus com os dois discípulos de‬
‭Emaús, o facto de caminhar com eles, dialogando, acompanhando e ajudando a abrir os olhos‬
‭é fonte de inspiração para caminhar com os jovens. É dentro destas dinâmicas que se deve‬
‭ nunciar o Evangelho ao mundo juvenil com coragem e criatividade, propor a vida sacramental‬
a
‭e o acompanhamento espiritual. Graças à mediação eclesial, os jovens poderão descobrir o‬
‭amor pessoal do Pai e a companhia de Jesus Cristo e viver esta etapa da vida, particularmente‬
‭«adequada aos grandes ideais, aos generosos heroísmos, às coerentes exigências de‬
‭pensamento e de ação».19‬
‭245.‬‭A catequese no mundo juvenil‬‭deve ser constantemente renovada, reforçada e‬
‭realizada no contexto mais vasto da pastoral juvenil. Precisa de se caracterizar por dinâmicas‬
‭pastorais e relacionais de escuta, reciprocidade, com responsabilidade e reconhecimento do‬
‭protagonismo juvenil. Embora não haja fronteiras definidas e sejam as abordagens típicas de‬
‭cada cultura que são determinantes, é útil especificar a idade juvenil entre pré- adolescentes,‬
‭adolescentes, jovens e jovens adultos. É decisivo que se aprofunde o estudo do mundo juvenil,‬
‭valendo se dos contributos da investigação científica e tendo em conta a situação nos diversos‬
‭países. Uma consideração de carácter geral diz respeito à questão da linguagem dos jovens.‬
‭Geralmente, as novas gerações estão bastante marcadas pelas redes sociais e pelo chamado‬
‭mundo virtual. Isto dá oportunidades que as gerações anteriores não tinham, mas ao mesmo‬
‭tempo comporta alguns riscos. É muito importante considerar de que forma a experiência de‬
‭relações tecnologicamente mediadas estrutura a conceção do mundo, da realidade e das‬
‭relações interpessoais. Insiste Se, por isso, na necessidade que a pastoral tem de uma‬
‭adaptação da catequese com os jovens, sabendo traduzir na sua linguagem a mensagem de‬
‭Jesus. Catequese com os pré adolescentes 246. São muitos os sinais que levam a olhar para a‬
‭pré-adolescência 20 como uma etapa da vida caracterizada pela dinâmica da passagem de‬
‭uma situação conhecida e segura para algo de novo e inexplorado. Por um lado, isto pode‬
‭suscitar impulso e entusiasmo, mas por outro lado provoca um 18 ChV 100. 19 PAULO VI,‬
‭Alocução para a beatificação de Nunzio Sulpizio (1 de dezembro de 1963). 20 O termo‬
‭pré-adolescência assume significados diferentes nas diversas culturas. Aqui indica o tempo que‬
‭começa com a puberdade e que vai aproximadamente dos 10 aos 14 anos. Noutros lugares,‬
‭este momento é indicado como primeira adolescência (early adolescence), ao passo que o‬
‭termo pré adolescência indica o último estádio da infância (9a10 anos). 77 sentimento de‬
‭confusão e de perda. A pré adolescência caracteriza-se precisamente por esta mistura de‬
‭emoções contraditórias e oscilantes que, na verdade, nascem da necessidade de rivalizar,‬
‭experimentar, pôr se à prova, para redefinir – como protagonistas e autonomamente – uma‬
‭identidade que quer renascer. De facto, neste período, acompanhado por um forte‬
‭desenvolvimento da dimensão física e emocional, começa a tomar forma o processo lento e‬
‭laborioso de personalização do indivíduo. 247.‬
‭A pré adolescência é também o tempo em que se reelabora a imagem de Deus recebida na‬
‭infância: para isso, é importante que a catequese acompanhe com cuidado esta passagem‬
‭delicada devido aos seus possíveis desenvolvimentos futuros, mesmo recorrendo a‬
‭investigações e a instrumentos das ciências humanas. Sem medo de apontar para a essencial,‬
‭a proposta de fé aos pré adolescentes há de preocupar se por semear nos seus corações os‬
‭germes de uma visão de Deus que, em seguida, poderá amadurecer: o querigma falará‬
‭especialmente do Senhor Jesus como irmão que ama, como amigo que ajuda a viver as‬
‭relações da melhor maneira, não julga, é fiel, valoriza os recursos e os sonhos, realizando os‬
‭desejos de beleza e de bem. Além disso, a catequese é convidada a reconhecer o‬
‭protagonismo dos pré-adolescentes, a criar um contexto de relações significativas de grupo, a‬
‭ ar espaço à experiência, a criar um clima em que se acolhem as questões fazendo as interagir‬
d
‭com a proposta do Evangelho. O préaadolescente pode entrar mais facilmente no mundo da‬
‭experiência cristã, descobrindo que o Evangelho toca precisamente as dinâmicas relacionais e‬
‭afetivas às quais ele é particularmente sensível. O catequista, capaz de confiar e esperar,‬
‭levará a sério as dúvidas e as inquietudes do préaadolescente, fazendo se seu companheiro‬
‭discreto, mas presente. Catequese com os adolescentes 248. A adolescência é uma época da‬
‭vida que vai aproximadamente dos 14 aos 21 anos e que, por vezes, perdura mesmo muito‬
‭para além disso. Caracteriza Se pelo impulso para a independência e, ao mesmo tempo, pelo‬
‭medo de começar a distanciar se do contexto familiar; esta determina contínuas agitações‬
‭entre impulsos de entusiasmo e retrocessos.‬‭«Os adolescentes estão a caminho, em‬
‭trânsito. […] Vivem exatamente esta tensão, antes de tudo em si mesmos e depois com‬
‭quantos os circundam»‬‭, mas‬‭«a adolescência não é uma patologia que devemos‬
‭combater. Faz parte do crescimento normal e natural da vida dos nossos‬
‭adolescentes»21‬‭. Portanto, a comunidade e o catequista deverão ter o cuidado de‬
‭desenvolver o espaço interior para perceber e acolher sem julgar e com sincera paixão‬
‭educativa, esta procura da liberdade dos adolescentes, começando a canalizáala para um‬
‭projeto de vida aberto e ousado. 249. No seu caminho de fé, os adolescentes precisam de ter‬
‭ao seu lado testemunhas convictas e envolventes. Um dos desafios da catequese é justamente‬
‭aquele que se refere ao escasso testemunho de fé vivida no interior das famílias e dos âmbitos‬
‭de socialização dos quais eles provêm. Além disso, o afastamento da frequência da Igreja que,‬
‭muitas vezes, tem lugar na idade da adolescência não depende tanto da qualidade daquilo que‬
‭foi proposto nos anos da infância – por muito que tudo isto seja importante – mas sobretudo‬
‭pela existência de uma proposta alegre e significativa para a idade juvenil. Ao mesmo tempo,‬
‭os adolescentes colocam duramente à prova a autenticidade das figuras adultas e precisam de‬
‭presbíteros, de adultos e de jovens mais velhos nos quais vejam uma fé vivida com alegria e‬
‭coerência. A comunidade terá o cuidado de identificar para este serviço de catequese aquelas‬
‭pessoas que se mostrarem mais disponíveis para sintonizar com o mundo deles, iluminandoao‬
‭com a luz e a alegria da fé. É importante que a catequese se realize dentro da pastoral juvenil e‬
‭com uma conotação fortemente educativa e vocacional, no contexto da comunidade cristã e‬
‭dos outros ambientes de vida dos adolescentes...‬

‭ .‬‭REUNIÃO SEMANAL ACOMPANHAMENTO DAS CRIANÇAS‬


4
‭O Capítulo VII Novo Diretório Nacional da Catequese trata da‬‭“Metodologia na catequese”‬
‭com excelência. Escolhi alguns parágrafos para o seu aprofundamento. Temos que considerar‬
‭sempre a idade, o conteúdo, o modo de transmitir a fé com fidelidade à Palavra de Deus e ao‬
‭ensino de Jesus, nosso Mestre e Salvador.‬
‭194. O mistério da encarnação inspira a pedagogia catequética. Isto tem implicações também‬
‭para a metodologia da catequese que deve ter como referência a Palavra de Deus e, ao‬
‭mesmo tempo, assumir as instâncias autênticas da experiência humana. Trata-se de viver a‬
‭fidelidade a Deus e ao homem para evitar qualquer tipo de contraposição ou separação ou‬
‭neutralidade entre método e conteúdo. O conteúdo da catequese, sendo objeto de fé, não pode‬
‭ser submetido indiscriminadamente a qualquer método, mas requer que este reflita a natureza‬
‭da mensagem evangélica com as suas fontes e também tenha em conta as circunstâncias‬
‭ oncretas da comunidade eclesial e de cada um dos batizados. É importante ter presente que a‬
c
‭finalidade educativa da catequese determina as escolhas metodológicas.‬
‭A pluralidade dos métodos 195. Mesmo mantendo vivo o primado da graça, a Igreja sente com‬
‭responsabilidade e sincera paixão educativa a atenção aos processos catequéticos e ao‬
‭método. A catequese não tem um método único, mas está aberta a valorizar métodos diversos,‬
‭confrontando se com a pedagogia e a didática, e deixando se guiar pelo Evangelho, necessário‬
‭para reconhecer a verdade do homem. Ao longo da história da Igreja, muitos carismas de‬
‭serviço da Palavra de Deus geraram diferentes percursos metodológicos, sinal de vitalidade e‬
‭de riqueza.‬‭«A idade e o desenvolvimento intelectual dos cristãos, bem como o seu grau‬
‭de maturidade eclesial e espiritual e muitas outras circunstâncias pessoais exigem que a‬
‭catequese adote métodos muito diversos»1‬‭. A comunicação da fé na catequese, que passa‬
‭também através de mediações humanas, continua a ser, contudo, um acontecimento de graça,‬
‭realizado pelo encontro da Palavra de Deus com a experiência da pessoa. O apóstolo Paulo‬
‭declara que «a cada um de nós foi concedida a graça, na medida em que recebeu o dom de‬
‭Cristo» (Ef 4,7). Portanto, a graça exprime- se tanto através de sinais sensíveis que abrem ao‬
‭mistério, como por outros caminhos desconhecidos do homem.‬
‭Valorizar mais metodologias focadas mais nos fatos da vida ou orientados para a mensagem da‬
‭fé, mas nunca divorciados, fé e vida, vida e fé.‬
‭196. Uma vez que a Igreja não tem um método próprio para anunciar o Evangelho, é‬
‭necessário um exercício de discernimento para poder examinar tudo e reter o que é bom (cf.‬
‭1Ts 5,21). Tal como se fez várias vezes na história, na catequese podem valorizar e percursos‬
‭metodológicos mais centrados nos factos da vida ou mais orientados para a mensagem da fé.‬
‭Isso depende das situações concretas dos sujeitos da catequese. Tanto num como noutro‬
‭caso, é importante um princípio de correlação, que coloque os dois aspetos em relação. Os‬
‭acontecimentos pessoais e sociais da vida e da história encontram no conteúdo de fé uma luz‬
‭interpretativa; por outro lado, este deve ser apresentado sempre de modo a fazer entrever as‬
‭implicações que possui para a vida. Este procedimento supõe uma capacidade hermenêutica:‬
‭se a existência for interpretada em relação com o anúncio cristão, manifesta se na sua‬
‭verdade; por outro lado, o querigma tem sempre um valor salvífico e de plenitude de vida.‬
‭198. No seu anúncio do Reino, Jesus procura, encontra e acolhe as pessoas nas situações‬
‭concretas das suas vidas. Também quando ensina, parte da observação de acontecimentos da‬
‭vida e da história, que relê numa ótica sapiencial. A assunção da experiência por parte de‬
‭Jesus tem algo de espontâneo que 1 CT 51.‬
‭65 transparece sobretudo nas parábolas. Estás, partindo da constatação de factos e‬
‭experiências conhecidas por todos, incentivam os interlocutores a questionarem se e a‬
‭iniciarem um processo interior de reflexão. De facto, as parábolas não são apenas exemplos‬
‭para compreender uma mensagem, mas apelos a posicionar se na vida com disponibilidade e‬
‭em sintonia com a obra de Deus. Jesus ajudou a viver as experiências humanas reconhecendo‬
‭nelas a presença e o chamamento de Deus‬

‭ .‬‭PRIMEIRA EUCARISTIA‬
5
‭Acontecimento importante no processo da catequese querigmática, a comunhão eucarística‬
‭dos que se prepararam na Escola da Fé. Nunca mais nossa vida sem Jesus e nem Jesus sem‬
‭nós. Catequista atento para ajudar na catequese a manifestar um grande amor a Jesus‬
‭ ucarístico. Você tem consciência que o querigma, nunca sairá da boca, do coração e da vida‬
E
‭do catequista....toda a catequese que inicia tem cume no sacramento da Eucaristia...‬
‭Papa Francisco‬‭«Voltamos a descobrir que também na catequese tem um papel‬
‭fundamental o primeiro anúncio ou querigma, que deve ocupar o centro da atividade‬
‭evangelizadora e de toda a tentativa de renovação eclesial‬‭. […] Ao designar se como‬
‭«primeiro»‬‭este anúncio, não significa que o mesmo se situa no início e que, em seguida, se‬
‭esquece ou substitui por outros conteúdos que o superam; é o primeiro em sentido qualitativo,‬
‭porque é o anúncio principal, aquele que sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes‬
‭maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar, de uma forma ou de outra, durante‬
‭a catequese, em todas as suas etapas e momentos. […] Não se deve pensar que, na‬
‭catequese, o querigma é deixado de lado em favor duma formação supostamente mais‬
‭«sólida»‬‭. Nada há de mais sólido, mais profundo, mais seguro, mais consistente e mais sábio‬
‭que esse anúncio. Toda a formação cristã é, primariamente, o aprofundamento do querigma‬
‭que se vai, cada vez mais e melhor, fazendo carne, que nunca deixa de iluminar a tarefa‬
‭catequética, e permite compreender adequadamente o sentido de qualquer tema que se‬
‭desenvolve na catequese.‬‭É o anúncio que dá resposta ao anseio de infinito que existe em‬
‭todo o coração humano»‬‭Eucaristia, plenitude da iniciação cristã.‬

‭ 7. Se verdadeiramente a Eucaristia é fonte e ápice da vida e da missão da Igreja, temos de‬


1
‭concluir antes de mais que o caminho de iniciação cristã tem como ponto de referência tornar‬
‭possível o acesso a tal sacramento. A propósito, devemos interrogar-nos — como sugeriram os‬
‭padres sinodais — se as nossas comunidades cristãs têm suficiente noção do vínculo estreito‬
‭que há entre Baptismo, Confirmação e Eucaristia; (46) de facto, é preciso não esquecer jamais‬
‭que somos baptizados e crismados em ordem à Eucaristia. Este dado implica o compromisso‬
‭de favorecer na ação pastoral uma compreensão mais unitária do percurso de iniciação cristã.‬
‭O sacramento do Baptismo, pelo qual somos configurados a Cristo,(47) incorporados na Igreja‬
‭e feitos filhos de Deus, constitui a porta de acesso a todos os sacramentos; através dele,‬
‭somos inseridos no único corpo de Cristo (1 Cor 12, 13), povo sacerdotal. Mas é a participação‬
‭no sacrifício eucarístico que aperfeiçoa, em nós, o que recebemos no Baptismo. Também os‬
‭dons do Espírito são concedidos para a edificação do corpo de Cristo (1 Cor 12) e o‬
‭crescimento do testemunho evangélico no mundo.(48) Portanto, a santíssima Eucaristia leva à‬
‭plenitude a iniciação cristã e coloca-se como centro e termo de toda a vida sacramental.(49)‬
‭iniciação, comunidade eclesial e família‬
‭19. É preciso ter sempre presente que toda a iniciação cristã é caminho de conversão que há‬
‭de ser realizada com a ajuda de Deus e em constante referimento à comunidade eclesial, quer‬
‭quando é o adulto que pede para entrar na Igreja, como acontece nos lugares de primeira‬
‭evangelização e em muitas zonas secularizadas, quer quando são os pais a pedir os‬
‭sacramentos para seus filhos. A este respeito, desejo chamar a atenção sobretudo para a‬
‭relação entre iniciação cristã e família; na ação pastoral, sempre se deve associar a família‬
‭cristã ao itinerário de iniciação. Receber o Baptismo, a Confirmação e abeirar-se pela primeira‬
‭vez da Eucaristia são momentos decisivos não só para a pessoa que os recebe mas também‬
‭para toda a sua família; esta deve ser sustentada, na sua tarefa educativa, pela comunidade‬
‭eclesial em suas diversas componentes.(53) Quero sublinhar aqui a relevância da Primeira‬
‭Comunhão; para inúmeros fiéis, este dia permanece, justamente, gravado na memória como o‬
‭ rimeiro momento em que se percebeu, embora de forma ainda inicial, a importância do‬
p
‭encontro pessoal com Jesus. A pastoral paroquial deve valorizar adequadamente esta ocasião‬
‭tão significativa.‬

‭ .‬‭TRABALHO COM OS CATEQUISTAS‬


6
‭Perguntas para refletir e buscar respostas: Tenho consciência de que o ser catequista é um‬
‭chamado de Deus, uma resposta “eis-me , aqui, envia-me” é uma graça do céu. Vocação para‬
‭a missão, missão de testemunhar Jesus Cristo e cumprir o seu mandato,‬‭“Ide fazei discípulos‬
‭meus todos “ (Mt 28,19)‬‭. A resposta é pessoal, mas tem implicação eclesial.‬
‭Assim, O capítulo III,(parágrafos 110 a 129), do Diretório da Catequese apresenta a‬
‭“Identidade do catequista”‬ ‭e quem são os catequistas,‬‭‘os ministros ordenados , bispos,‬
‭presbíteros, diáconos”, “ religiosas consagradas”, “famílias”‬‭, vamos focar nos parágrafos‬
‭sobre a missão do leigo catequista. Destaque o que significa ser catequista, que formação é‬
‭necessário para ser catequista,‬

.‭‬‭OS LEIGOS CATEQUISTAS‬‭121. Mediante a sua inserção no mundo, os leigos prestam um‬
‭precioso serviço à evangelização: o próprio fato de viverem como discípulos de Cristo é uma‬
‭forma de anúncio do Evangelho. Eles partilham todas as formas de compromisso com os‬
‭outros homens, impregnando as realidades temporais com o espírito do Evangelho: a‬
‭evangelização‬‭«adquire um certo carácter específico e uma particular eficácia por se‬
‭realizar nas condições ordinárias da vida no mundo»‬‭(LG 35). Testemunhando o Evangelho‬
‭em diversos contextos, os leigos têm a oportunidade de interpretar de modo cristão os‬
‭acontecimentos da vida, de falar de Cristo e dos valores cristãos, de dar razão das suas‬
‭escolhas. Esta catequese, por assim dizer espontânea e ocasional, é de grande importância‬
‭porque está imediatamente relacionada com o testemunho de vida.‬
‭122. A vocação ao ministério da catequese brota do sacramento do Batismo e é fortalecida‬
‭pela Confirmação, sacramentos mediante os quais o leigo participa no múnus sacerdotal,‬
‭profético e real de Cristo. Além da vocação comum ao apostolado, alguns fieis sentem-se‬
‭chamados por Deus a assumir o papel de catequistas na comunidade cristã, ao serviço de uma‬
‭catequese mais orgânica e estruturada. Este chamamento pessoal de Jesus Cristo e a relação‬
‭com Ele são o verdadeiro motor da ação do catequista:‬‭«Deste conhecimento amoroso de‬
‭Cristo brota o desejo de O anunciar, de evangelizar e levar os outros ao sim da fé em‬
‭Jesus Cristo»15‬‭. A Igreja suscita e discernir esta vocação divina e confere a missão de‬
‭catequizar. 123.‬‭«Sentirase chamado a ser catequista e a receber da parte da Igreja a‬
‭missão para o fazer pode adquirir, efetivamente, diversos graus de dedicação, segundo‬
‭as características de cada um‬‭. Às vezes, o catequista pode colaborar com o serviço da‬
‭catequese por um período limitado da sua vida, ou até mesmo simplesmente de maneira‬
‭ocasional; apesar disso, trata sempre de um serviço e de uma colaboração preciosos. A‬
‭importância do ministério da catequese, todavia, aconselha a que, na diocese, exista um certo‬
‭número de religiosos e de leigos estável e generosamente dedicados à catequese, 13 JOÃO‬
‭PAULO II, Exortação apostólica Vita consecrata (25 de março de 1996), 20. 14 DGC 229. 15‬
‭CCE 429. 43‬‭reconhecidos publicamente, os quais, em comunhão com os sacerdotes e o‬
‭Bispo, contribuem para dar a este serviço diocesano a configuração eclesial que lhe é‬
‭própria»16‬
‭ .‬‭TRABALHO COM OS PAIS‬
7
‭Pare um pouco, refletia como cristão, buscar a resposta ao problema de ontem , de hoje e‬
‭poderá ser de sempre:‬
‭Os pais e/ou responsáveis pelas crianças cumprem o que prometeram quando um dia se‬
‭casaram, receber os filhos que Deus confia e educá-los na fé lei de Cristo e na fé da Igreja?‬
‭Se você catequista percebe que não, mas por que não cumpre esta missão?‬
‭As famílias dos catequizandos onde estão?‬
‭(a sua situação) Como estão?‬
‭Como vai a família de cada uma?‬
‭O que juntos podemos fazer para engajar mais os pais no compromisso da evangelização e da‬
‭catequese dos filhos?‬
‭Você conhece a família de seu catequizando?‬
‭Veja alguns parágrafos do Diretório que falam desta realidade, destaque o que lhe chamou‬
‭atenção? socialize.‬

‭ s pais, sujeitos ativos da catequese‬


O
‭124.‬‭«Para os pais cristãos, a missão educativa, radicada na sua participação na obra‬
‭criadora de Deus, tem uma fonte nova e específica no sacramento do Matrimónio, que os‬
‭consagra para a educação propriamente cristã dos filhos»17‬‭. Pelo seu exemplo de vida‬
‭quotidiana, os pais crentes têm a capacidade mais envolvente de transmitir aos seus filhos a‬
‭beleza da fé cristã.‬‭«Para que as famílias possam ser cada vez mais sujeitos ativos da‬
‭pastoral familiar, requerem um esforço evangelizador e catequético dirigido à família,‬
‭que a encaminhe nesta direção»18.‬‭O desafio maior é, neste caso, que os casais, as mães e‬
‭os pais, sujeitos ativos da catequese, superem a mentalidade tão comum de delegação,‬
‭segundo a qual a fé está reservada aos especialistas da educação religiosa. Esta mentalidade,‬
‭por vezes, é favorecida pela própria comunidade que tem dificuldade de organizar a catequese‬
‭num estilo de família e a partir das próprias famílias.‬‭«A Igreja é chamada a colaborar, com‬
‭uma ação pastoral adequada, para que os próprios pais possam cumprir a sua missão‬
‭educativa»19‬‭, tornando-se principalmente nos primeiros catequistas para os seus filhos.‬
‭Padrinhos e madrinhas, colaboradores dos pais 125.‬
‭No percurso de iniciação à vida cristã, a Igreja convida a repensar a identidade e a missão do‬
‭padrinho e da madrinha, enquanto apoio ao compromisso educativo dos pais. A sua tarefa é‬
‭«mostrar ao catecúmeno, de modo familiar, a prática do evangelho na vida individual e‬
‭na convivência social, ajudá lo nas suas dúvidas e inquietações, dar testemunho acerca‬
‭dele e velar pelo crescimento da sua vida batismal»‬
‭20. Estamos conscientes de que, muitas vezes, a escolha dos padrinhos não é motivada pela‬
‭fé, mas se baseia em costumes familiares ou sociais: isto contribuiu significativamente para a‬
‭depreciação destas figuras educativas. Em vista da responsabilidade que este papel comporta,‬
‭a comunidade cristã deve indicar percursos de catequese aos padrinhos com discernimento e‬
‭espírito criativo, que os ajudem a redescobrir o dom da fé e da pertença eclesial. Aqueles que‬
‭são indicados para desempenhar este papel, muitas vezes, sentem-se provocados a despertar‬
‭a fé batismal e a iniciar um renovado caminho de compromisso e testemunho. A eventualidade‬
‭de recusar que alguém desempenhe esse encargo poderia ter para eles consequências que é‬
‭ ecessário avaliar com muita atenção pastoral. Nos casos em que não existam as condições‬
n
‭objetivas 21 para que uma pessoa possa exercer esta tarefa, condições que é forçoso‬
‭apresentar no diálogo que precede a escolha, de acordo com as famílias e conforme o‬
‭discernimento dos pastores, poderá encontrar e padrinhos mesmo entre os agentes de pastoral‬
‭(catequistas, educadores, animadores), que sejam testemunhas de fé e presença eclesial.‬
‭O serviço dos avós para a transmissão da fé 126. São os avós que, juntamente com os pais,‬
‭sobretudo em determinadas culturas, desempenham um papel particular na transmissão da fé‬
‭aos mais jovens aos 22. Também a Escritura relata a fé dos avós como testemunho para os‬
‭netos (cf. 2Tm 1,5).‬‭«A Igreja sempre teve em relação aos avós uma atenção particular,‬
‭reconhecendo-lhes uma grande riqueza sob o perfil humano e social, assim como sob o‬
‭religioso e espiritual»23‬‭. Diante da crise das famílias, os avós, que muitas vezes têm um‬
‭maior enraizamento na fé cristã e um passado rico em experiências, tornam- se importantes‬
‭pontos de referência. Com efeito, não raro muitas pessoas devem precisamente aos avós a‬
‭sua iniciação na vida cristã. O contributo dos avós é importante na catequese seja pelo maior‬
‭espaço de tempo que podem 16 DGC 231. 17 JOÃO PAULO II, Exortação apostólica pós‬
‭sinodal Familiaris consortio (22 de novembro de 1981), 38. 18 AL 200. 19 AL 85. 20 RICA 43.‬
‭21 Cf. CIC c. 874; CCEO c. 685. 22 Cf. FRANCISCO, Audiência geral (4 e 11 de março de‬
‭2015). 23 BENTO XVI, Discurso aos participantes na Assembleia Plenária do Conselho‬
‭Pontifício para a Família (5 de abril de 2008). 44 dedicado, seja pela sua capacidade de‬
‭encorajar as jovens gerações com a sua carga afetiva. A sua sabedoria é, muitas vezes,‬
‭decisiva para o crescimento da fé. A oração de súplica e o canto de louvor dos avós apoia a‬
‭comunidade que trabalha e luta na vida‬

‭ .‬‭MISSÃO DE CRIANÇAS E EVENTOS ESPECIAIS‬


8
‭Criança evangeliza criança. Na Pia batismal nasce um missionário, é preciso cultivar esta‬
‭graça...fazer as crianças crescer nesta dimensão. Batismo é fonte da vocação e da missão...de‬
‭todo cristão.‬
‭“Desejaria que todos e cada um de nós pudéssemos visitar, pelos menos em espírito, a‬
‭própria pia batismal, mergulhar nela a nossa cabeça e descobrir a missionariedade do‬
‭próprio batismo… Então, devo ser missionário. Se eu não sou missionário, então não‬
‭sou cristão.” (Dom Pedro Casaldáliga)..‬
‭A catequese de iniciação cristã une a ação missionária, que chama à fé, à ação pastoral, que a‬
‭alimenta continuamente. A catequese é parte integrante da iniciação cristã e está estreitamente‬
‭unida com os sacramentos da iniciação, especialmente com o Batismo.‬‭«O elo que une a‬
‭catequese com o Batismo é a profissão de fé que é, ao mesmo tempo, o elemento‬
‭interior a este sacramento e a meta da catequese»23. «A missão de batizar, portanto a‬
‭missão sacramental, está implicada na missão de evangelizar»24‬‭; por isso, não se pode‬
‭separar a missão sacramental do processo da evangelização. De facto, o itinerário ritual da‬
‭iniciação cristã é uma forma consumada da doutrina que não só se realiza na Igreja, mas a‬
‭constitui. Na iniciação cristã não nos limitamos a uma enunciação, mas realizamos o‬
‭Evangelho.‬

‭Escolhidos os textos por Pe. José Humberto Ferreira- Pároco‬

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