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Eduardo Wagner - Construções Geométricas - Livro Teorico PT 1 (Desenho Geometrico) (1) OCR

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r Construções Geométricas

I
Construções Geométricas
Copyright © 2007, 2005, 2001, 2000, 1999, 1993, Eduardo Wagner
Direitos reservados pela Sociedade Brasileira de Matemática.

Coleção do Professor de Matemática


I Eduardo Wagner
Comitê Editorial I Com a colaboração de
Abdênago Alves de Barros
A bramo Hefez José Paulo Q. Carneiro
Djairo Guedes de Figueiredo
Helena J. Nussenzveig Lopes (Editora-Chefe)
José Alberto Cuminato
Sílvia Regina Costa Lopes

Capa
Ana Luisa Passos Videira sob projeto de Rodolfo Capeta

Sociedade Brasileira de Matemática


Presidente: Hilário Alencar
Vice-Presidente: Marcelo Miranda Viana da Silva
Primeiro Secretário: Maria Aparecida Soares Ruas
Segundo Secretário: Ronaldo Alves Garcia
Tesoureira: Nancy Garcia

Distribuição e vendas:
Sociedade Brasileira de Matemática
Estrada Dona Castorina, 110- Jardim Botânico
22460-320, Rio de Janeiro - RJ
Telefones: (21) 2529-5073 / 2529-5095
http:/ jwww.sbm.org.br

ISBN' 978-85-244-0084-1

FICHA CATALOGRÁFICA PREPARADA PELA SEÇÃO DE TRATAMENTO DA


INFORMAÇÃO DA BIBLIOTECA PROFESSOR ACHILLE BASSI - ICMC/USP

Wagner, Eduardo
W132c Construções geométricas I Eduardo Wagner com a
colaboração de José Paulo Q. Carneiro. - 6.ed. ".
Rio de Janeiro: SBM, 2007.

110 p. (Coleção do Professor de Matemática; 9)

ISBN 978-85-244-0084-1
6" edição

1. Construções geométricas. I. Carneiro, José Paulo


Q., colaborador. II. Título.

SBM
COLEÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA

~-----------------------------L
SBM
COLEÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA

• Logaritmos- E. L. Lima
• Análise Combinatória e Probabilidade com as soluções dos exercícios- A. C. Morgado,
J. B. Pitombeira, P. C. P. Carvalho e P. Fernandez
• Medida e Forma em Geometria (Comprimento, Área, Volume e Semell1ança) -
E. L. Lima
• Meu Professor de Matemática e outras Histórias - E. L. Lima
• Coordenadas no Plano com as soluções dos exercícios- E. L. Lima com a colaboração
de P. C. P. Carvalho
• Trigonometria, Números Complexos- M. P. do Carmo, A. C. Morgado, E. Wagner,
Notas Históricas de J. B. Pitombeira
• Coordenadas no Espaço - E. L. Lima
• Progressões e Matemática Financeira- A. C. Morgado, E. Wagner e S. C. Zani
• Construções Geométricas - E. Wagner com a colaboração de J. P. Q. Carneiro
• Introdução à Geometria Espacial- P. C. P. Carvalho
• Geometria Euclidiana Plana- J. L. M. Barbosa
• Isometrias- E. L. Lima
• A Matemática do Ensino Médio Vol. 1 - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e
A. C. Morgado
• A Matemática do Ensino Médio Vol. 2- E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e
A. C. Morgado
• A Matemática do Ensino Médio Vol. 3 - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e
A. C. Morgado
• Matemática e Ensino - E. L. Lima
• Temas e Problemas - E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C. Morgado
• Episódios da História Antiga da Matemática - A. Aaboe
• Exame de Textos: Análise de livros de Matemática - E. L. Lima
• Temas e Problemas Elementares- E. L. Lima, P. C. P. Carvalho, E. Wagner e A. C.
Morgado
• A Matemática do Ensino Médio: Soluções e Exercícios- E. L. Lima, P. C.P. Carvalho,
E. Wagner e A. C. Morgado
• Construções Geométriéás:' Exercícios e Soluções- S. Lima Netto

COLEÇÃO INICIAÇÃO CIENTÍFICA

• Números Irracionais e Transcendentes- D. G. de Figueiredo


• Primalidade em Tempo Polinomial - Uma Introdução ao Algoritmo AKS - S. C.
Coutinho

- - . . . , . . - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 1 . . . . _ _ __ _ -- ------
Prefácio

Este livro foi escrito para um curso de aperfeiçoamento de professores


secundários organizado pelo IMPA, Instituto de Matemática Pura e Aplicada
e patrocinado pela fundação VITAE.
Estando as Construções Geométricas cada vez mais ausentes dos
currículos escolares, esta publicação pretende ajudar a resgatar o assunto do
esquecimento e mostrar a sua importância como instrumento auxiliar no
aprendizado da Geometria. Os problemas de construção são motivadores, às
vezes intrigantes e freqüentemente conduzem à descoberta de novas
propriedades. São educativos no sentido que em cada um é necessária uma
análise da situação onde se faz o planejamento da construção, seguindo-se a
execução dessa construção, a posterior conclusão sobre o número de soluções
distintas e também sobre a compatibilidade dos dados.
O livro está dividido em cinco capítulos. O primeiro trata das
Construções Elementares, ou seja, da criação das primeiras ferramentas que
serão utilizadas na solução. dos problemas e o segundo trata das Expressões
Algébricas, onde se interpreta geometricamente algumas equações da
álgebra. O leitor perceberá imediatamente a enorme diferença entre as
formas de raciocinar nesses dois capítulos. Enquanto que num as construções
são executadas a partir das propriedades das figuras, no outro os problemas
são inicialmente resolvidos algebricamente sendo a construção executada a
partir do resultado obtido. O terceiro e o quarto capítulos tratam
respectivamente das Áreas e das Construções aproximadas que permitem
resolver (de forma aproximada), entre outros, os célebres problemas da
quadratura do círculo e da triseção do ângulo.
É oportuno dizer que quase todo o material contido nos quatro Quinhões Carneiro pela autoria do Apêndice e ao professor Jonas Miranda
primeiros capítulos já era conhecido há 2000 anos. Entretanto, é curioso pela diagramação e composição do livro e pela possibilidade de utilizar 0
verificar que as Construções Geométricas permaneceram imunes ao tempo computador como versão moderna da régua e do compasso. Desejo
(ao contrário de diversos outros tópicos da Matemática que foram igualmente agradecer a Canrobert Mac-Cormick Maia pela qualidade das
continuamente modificados) sendo tão útil hoje como em qualquer outra figuras que acompanham o texto.
época para a educação do jovem estudante de Matemática.
Rio de Janeiro, janeiro de 1993.
O quinto capítulo trata das construções sob o ponto de vida das
Transformações Geométricas. É a parte "moderna" do livro onde um novo Eduardo Wagner
elemento é introduzido: a noção de função. Associando a cada ponto do plano
um outro através de certas regras, as funções (ou transformações) dão
movimento às figuras. Essa nova idéia, desenvolvida (principalmente) no
século 19 tornou mais rica a antiga caixa de ferramentas que era até então
disponível, possibilitando soluções simples e elegantes de diversos problemas
que antes demandavam considerável esforço, ou que não tinham sido
resolvidos. Neste livro, só algumas transformações são abordadas e mesmo
assim de forma bastante breve, pretendendo-se apenas dar uma noção dessa
nova idéia e suas aplicações.
Uma lista de exercícios aparece no final de cada capítulo sendo os
primeiros naturalmente os mais fáceis. Raramente os enunciados são
acompanhados de figuras. O esboço de um desenho que contenha os dados
apresentados no problema é parte fundamental de sua solução. Muitos
enunciados podem parecer ao leitor um tanto vagos. Isto é proposital pois
obriga a esse leitor colocar no papel os dados de forma mais geral possível e ...
com isso antecipar uma outra parte importante da solução que é a da
verificação da compatibilidade dos dados.
Não se deve esquecer que não há método fácil para se aprender
Matemática (ou qualquer outra coisa). A segurança que se pode adquirir em
um assunto tem uma só origem: a prática, a experiência muitas vezes
repetida onde os insucessos têm tanto valor quanto os sucessos.
Desejo agradecer aos professores Elon Lages Lima e Paulo Cesar Pinto
de Carvalho pelas valiosas sugestões que recebi, ao professor José Paulo

'
rI
I
Nota
I
Conteúdo

Um segmento de reta de extremidades A e B é representado por AB. Se dois


Capítulo 1 -Construções Elementares 1
segmentos AB e CD são congruentes escrevemos AB = CD. Muitas vezes
1. Introdução 1
representamos um segmento por uma letra minúscula escrevendo então
2. Paralelas e perpendiculares 2
AB = a. Em todo o texto, os segmentos não estão explicitamente associados a
3. Amediatriz 4
números reais (os seus comprimentos). Entretanto se na notação AB = a o
4. A bissetriz 4
leitor interpretar a como a "medida" de AB em certa unidade, não há 5
5. O arco capaz
problema. A soma de segmentos e a diferença de segmentos são usadas sem 6. Divisão de um segmento em partes iguais 8
maiores formalidades. Também, quando a é um segmento e n é um natural, 7. Traçado das tangentes a um círculo 8
as expressões na e a;n possuem significado claro. Logo no início, o leitor Exercícios 21
encontrará expressões do tipo a> bonde a e b são segmentos. Nesses casos,
Capítulo 2 - Expressões Algébricas 29
acreditamos que a falta das definições não causará maiores dificuldades na
1. A 4 ª proporcional 29
compreensão do texto. Enfim, este pequeno curso está voltado para o lado
2. va2 ± b 2 32
prático e não formal.
3. aYn; n natural 34
4. A média geométrica 35
5. O segmento áureo' .· ' 40
1
6.-, a 2
a
eva 42

Exercícios 45

Capítulo 3 -Áreas 49
1. Equivalências 49
2. Partições 52
Exercícios 58

Capítulo 4 - Construções Aproximadas 60


Exercícios 68

l i
'
Capítulo 5 - Transformações Geométricas 70 1. Construções Elementares
1. Translações 71
2. Reflexões 73
3. Rotações 75
4. Homotetias 80
Exercícios 85
Apêndice A- Construções Possíveis Usando Régua
e Compasso 91 1. Introdução
1. Introdução 91 As construções com régua e compasso já aparecem no século V
2. As regras do jogo 92
aC, época dos pitagóricos, e tiveram enorme importância no de-
3. Formulação algébrica do problema 93 senvolvimento da Matemática grega. Na Grécia antiga, a palavra
4. O princípio básico da solução do problema 96 número era usada só para os inteiros e uma fração era considerada
5. Um critério de não-construtibilidade 99 apenas uma razão entre números. Estes conceitos, naturalmente,
6. O critério geral de construtibilidade 100 causavam dificuldades nas medidas das grandezas. A noção de
7. Solução dos célebres problemas gregos 101 número real estava ainda muito longe de ser concebida, mas, na
8. Polígonos regulares construtíveis 103 época de Euclides (século 111 aC) uma idéia nova apareceu. As
9. Outros tipos de construções 107 grandezas, no lugar de serem associadas a números, passaram a
Referências 109 ser associadas a segmentos de reta. Assim, o conjunto dos números
continuava discreto e o das grandezas contínuas passou a ser tra-
tado por métodos geométricos. Nasce então nesse período uma
nova álgebra, completamente geométrica onde a palavra resolver
era sinônimo de construir. Nessa álgebra, por exemplo, a equação
ax = b não tinha significado porque o lado esquerdo era associado
à área de um retângulo1 o lado direito a um segmento de reta e um
segmento não pode sér igual a uma área. Entretanto, resolver a
equação ax = bc significava encontrar a altura x de um retângulo
de base a que tivesse a mesma área de um retângulo de dimensões
b e c. Vamos mostrar, como primeiro exemplo, como esse problema
era resolvido na Grécia antiga.
Constrói-se o retângulo OADB com OA = a e OB = b (figura
1). Sobre o lado OA toma-se um ponto C tal que OC = c (se c > a,
C está no prolongamento de OA) e traça-se CE paralelo a OB que
intersecta OD em P. Traça-se então por P a paralela XY a OA e a
2 Construções Elementares
r Construções Elementares 3

solução é OX = x. ponto A na reta r; o segundo com centro em A, determinando um


ponto B na mesma reta e o terceiro com centro em B, determinando
Br---------------~E~----~~0
um ponto Q sobre o primeiro círculo (figura 3).

X~--------------7?~------iY

O
/ C

Fig. 1 -Resolvendo a equação ax = bc.


A

A justificativa é a seguinte. São congruentes os triângulos:


OAB e OBD, OCP e OXP e ainda PYD e PED. Portanto os retân-
gulos CAYP e XPEB têm mesma área e conseqüentemente OCEB Fig. 2- Traçando por Puma perpendicular a r.
e OAYX são também equivalentes. Daí, OC · OB = OA · OX ou
bc = ax. c,
Para executar a construção da figura 1, foi necessário o traça-
do de retas paralelas e perpendiculares. Como se sabe, a régua é c,
capaz apenas de traçar uma reta quando dois de seus pontos são - -p- - - - - - -
conhecidos e o compasso serve apenas para traçar um círculo de
centro e raio dados. Portanto, o traçado de paralelas e perpendi-
culares são os primeiros problemas que precisamos resolver. c,

B
2. Paralelas e perpendiculares
Para traçar por um ponto P uma perpendicular a uma reta r, " .
traçamos um círculo de centro P cortando a reta r em A e B (figura
Fig. 3- Traçando por Puma paralela a r.
2). Em seguida, traçamos círculos de mesmo raio com centros em
A e B obtendo Q, um dos pontos de interseção. A reta PQ é perpen- A reta PQ é paralela a r e a justificativa também é fácil. Da
dicular a AB e a justificativa é fácil. Como PA = PB e QA = QB, a forma como foi feita a construção, PABQ é um losango e portanto,
reta PQ é mediatriz de AB e portanto perpendicular a AB. seus lados PQ e AB são paralelos.
Para traçar por um ponto P uma paralela a uma reta r pode- Tendo resolvido os dois primeiros problemas podemos, na prá-
mos proceder da seguinte forma. Traçamos três círculos, sempre tica, permitir o uso de esquadros que tornam mais rápido o traçado
com mesmo raio: o primeiro com centro em P, determinando um de paralelas e perpendiculares, ficando claro que esses novos ins-

. ~·
4 Construções Elementares Construções Elementares 5

trumentos vão apenas simplificar as construções mas não são in- dois outros iguais. Para construir a bissetriz do ângulo AOB dado,
dispensáveis. traça-se um círculo de centro O determinando os pontos X e Y nos
Mostramos, a seguir, algumas construções que serão ferra- lados do ângulo (figura 5).
mentas úteis para a solução dos problemas. 8

3. A mediatriz
A mediatriz de um segmento AB é a reta perpendicular a AB que
y
contém o seu ponto médio. Para construir, traçamos dois círculos
de mesmo raio, com centros em A e B. Sejam P e Q os pontos de
interseção desses círculos (figura 4). A reta PQ é a mediatriz de
AB porque sendo APBQ um losango, suas diagonais são perpen-
diculares e cortam-se ao meio. É importante lembrar a seguinte
propriedade: o X A
A mediatriz de um segmento é o conjunto de todos os pontos
que equidistam dos extremos do segmento. ~

Fig. 5- A bissetriz de AOB.

I Em seguida, traçam-se dois círculos de mesmo raio com centros em


X e Y que possuem C como um dos pontos de interseção. A semi-
)f[ reta O C é a bissetriz do ângulo AOB. De fato, pela construção feita,
I os triângulos OXC e OYC são congruentes (caso LLL) e portanto
I
I XoC = WY. Lembremos ainda que:
A bissetriz de um ângulo é o conjunto de todos os pontos que
A I B
I equidistam dos lados do ângulo.
I
I
)r( 5. O arco capaz· ·
I
I
Consideremos dois pontos, A e B sobre um círculo. Para todo ponto
M sobre um dos arcos, o ângulo AMB =e é constante. Este arco
Fig. 4- A mediatriz de AB. chama-se arco capaz do ângulo e sobre o segmento AB (figura 6).
Um observador, portanto, que se mova sobre este arco, consegue
ver o segmento AB sempre sob mesmo ângulo. Naturalmente que
4. A bissetriz se um ponto N pertence ao outro arco, o ângulo ANB é também
A bissetriz de um ângulo AoB é a semi-reta OC tal que AoC = constante e igual a 180°- e.
WB. Costuma-se dizer que a bissetriz "divide" um ângulo em É ainda interessante notar que se M é qualquer ponto do
6 Construções Elementares Construções Elementares 7

círculo de diâmetro AB, o ângulo AME é reto (figura 7) e portanto construção, teremos r'A:Q' = PAQ = 8.
cada semi-círculo é também chamado de arco capaz de 90° sobre
AB. p

e
v ~L.:...----::Q:+-

Fig. 8- Transporte de um ângulo.

Fig. 6- O arco AM B é o arco capaz do ângulo 8 sobre o segmento AB.

Fig. 7- AMB é um arco capaz de 90° sobre AB.


Fig, 9- Construção do arco capaz.
Antes de construir o arco capaz de um ângulo dado sobre um
segmento dado, devemos mostrar como se transporta um ângulo o
Para construir a~co capaz procedemos da seguinte forma.
de um lugar para outro. Suponhamos então que um ângulo 8 de Dado o segmento AB (figura 9), traçamos a sua mediatriz e o
vértice V é dado e que desejamos construir um ângulo BAX = 8 ângulo BAX = 8 (dado). A perpendicular a AX traçada por A
sendo dada a semi-reta AB (figura 8). encontra a mediatriz de AB em O, centro do arco capaz. O arco de
Para resolver este problema, traçamos um círculo qualquer centro O e extremidades A e B situado em semi-plano oposto a X
de centro V, determinando os pontos P e Q nos lados do ângulo 8 (semi-planos relativos a AB) é o arco capaz do ângulo 8 sobre AB.
e um círculo de mesmo raio com centro em A determinando P' em Para justificar a construção ob~rve que se C é__<Ulonto m~ de AB
AB. Em seguida, com raio PQ, traçamos um círculo de centro P' então e se BAX = 8, teremos CAO = 90°-8,AOC = 8eAOB =28.
para determinar Q' sobre o primeiro círculo. É claro que, com essa Portanto, como a medida do ângulo inscrito é a metade da medida
8 Construções Elementares Construções Elementares 9

do ângulo central correspondente teremos para qualquer ponto M sobre PO (como vimos em 1.5). Determinamos então o ponto
do arco construído, AMB =e. médio de PO e traçamos o círculo de diâmetro-PO que determi-
nará sobre o círculo dado os pontos de tangência procurados
A e A' (figura 12).
6. Divisão de um segmento em partes iguais
Esta é uma construção muito fácil. Para dividir um segmento
AB, por exemplo, em 5 partes iguais, traçamos uma semi-reta
qualquer AX (figura 10) e sobre ela construímos, com o compasso, o
os segmentos iguais AA1,A1Az,AzA3,A3A4 e A4As. As parale-
las a As B traçadas pelos pontos A 1, Az, A3 e A4, determinarão no
segmento AB os pontos P1, Pz, ?3 e P4 que o dividirão em 5 partes
iguais.
o'

Fig. 11 -Tangente por um ponto do circulo.

Fig. 10 ·Divisão de AB em 5 partes iguais.

7. Traçado das tangentes a um círculo


a) A tangente a um círculo por um ponto P deste círculo é a reta
perpendicular em P ao raio OP. A construção pode ser a su-
gerida na figura 11 ou simplificada se o uso de esquadros for
permitido. t'

b) Para traçar as tangentes a um círculo por um ponto P exterior


devemos inicialmente obter os pontos de tangência. Se O é Fig. 12 ·As tangentes a um círculo por um ponto exterior.
o centro~ círculo e A é um dos pontos de tangência então o
ângulo PAO é reto. Logo, A pertence a um arco capaz de 90° Observação. Em Geometria, a expressão (antiga) lugar geomé-
1O Construções Elementares Construções Elementares 11

trico designa o conjunto de todos os pontos que possuem uma de- qualquer posição) e construir a semi-reta AX tal que BAX = e
terminada propriedade. Assim, dizemos que no plano, a mediatriz (figura 14). O vértice C será então um dos pontos de interseção da
é o lugar geométrico dos pontos que equidistam dos extremos de semi-reta AX com o círculo de centro B e raio a.
um segmento; o círculo é o lugar geométrico dos pontos que estão X
a uma distância dada de um ponto fixo, etc.
Devemos deixar claro que quando dizemos que uma figura F é
o lugar geométrico dos pontos que possuem a propriedade p, que-
remos dizer que todo ponto de F possui a propriedade p e nenhum
ponto fora de F possui a propriedade p.
Freqüentemente, nos exercícios deste capítulo, podemos repa-
rar que certo ponto da figura que deve ser construída possui duas
propriedades. Neste caso, ele será determinado pela interseção
dos lugares geométricos correspondentes. Vejamos alguns exem-
Fig. 14 ·Resolvendo o Exemplo 1.
plos. X
Exemplo 1. Construir o~triângulo ABC sendo dados os lados
AB =c, BC =a e o ângulo A= e.

c o a

Para resolver um problema de construção, é conveniente fazer


um esboço de uma figura supondo o problema resolvido (figura 13).
a

~
A c
B

Fig. 15 ·Se e, c e a são dados com a> c a solução é única.


A o B Com os dados apresentados, nosso problema teve duas solu-
ções. Os triângulos ABC1 e ABC 2 possuem os mesmos elementos
Fig. 13 ·Dados do Exemplo 1.
dados. Podemos observar que esse problema nem sempre possui
Observando essa figura, podemos planejar a solução, ou seja, solução. Se o lado BC = a for pequeno demais (a < c sen e), o
que dado deve ser colocado primeiro na folha de papel e que cons- círculo de centro B e raio a não cortará a semi-reta AX. Ainda,
truções devem ser realizadas para atingir a solução. Neste nosso essa construção mostra porque uma correspondência entre dois
exemplo, podemos decidir colocar o lado AB = a no papel (em triângulos do tipo All não é necessariamente uma congruência.
12 Construções Etementares
Construções Elementares 13

Os triângulos ABC 1 e ABC2 da figura 11 possuem o mesmo ângulo


também notar que nem sempre existe a solução. Se h for maior
Â, o mesmo lado AB = c e os lados BC1 = BC2 = a e não são que certo valor, a paralela a BC distando h de BC não cortará o
congruentes. Entretanto, com uma informação adicional, o caso
arco capaz. Os problemas de construção freqüentemente servem
All pode tornar-se uma congruência. Esse 4° caso de congruência
de motivação para interessantes problemas de Geometria como,
de triângulos pode ser enunciado da seguinte forma:
por exemplo este: determinar uma relação entre o lado a de um
Uma correspondência AL 1 L2 entre dois triângulos é uma con-
triângulo, a altura h relativa a esse lado e o ângulo  para garantir
gruência se Lz;;.LJ. a existência do triângulo(*).
A figura 15 mostra que se nos dados do exemplo 1 tivermos
a;;, c o problema possui uma e apenas uma solução.

Exemplo 2. Construir o triângulo ABC_sendo dados o lado BC, a


altura h relativa a esse lado e o ângulo A.
h

o h

Neste exemplo, podemos observar que colocando o lado BC no


papel (em qualquer posição), o vértice A relaciona-se com este lado
através de duas propriedades. Em primeiro lugar, a distância de A
à reta BC é conhecida (altura do triângulo) e portanto este vértice Fig. 16 ·Solução do Exemplo 2.
pertence a uma reta paralela a BC distando_h de BC. Em segundo
lugar, se o lado BC já está fixo e· o ângulo A é conhecido, então o O próximo exemplo também se refere à construção de triân-
gulos.
vértice A pertence a um arco capaz desse ângulo construído sobre
BC. A interseção desses "lugares geométricos" determina o vértice Exemplo 3. Construir otriângulo ABC sendo dadas as medianas
A do triângulo (figura 16) e o problema está resolvido. ma e mb e a altura ha.
Cabem ainda alguns comentários. Devemos observar em cada
problema o número de soluções distintas que podemos obter. No
nosso exemplo, a paralela a BC cortou o arco capaz nos pontos A e
A'. Ambos satisfazem aos dados do problema mas, neste caso, os
triângulos ABC e A'BC são congruentes porque um é imagem do
outro por uma simetria em relação à mediatriz de BC. Dizemos Na figura 17 mostramos um triângulo ABC com os elemen-
então que o nosso problema tem uma única solução. Devemos (*)A resposta é h( 1 c.~ A + ~).
14 Construções Elementares Construções Elementares 15

tos dados: AM = ma, BN = mb e AO = ha. Observando esta Uma vez realizado o plano da construção, passaremos a sua
figura com atenção descobrimos que o triângulo AOM pode ser execução. Na figura 18 fizemos PQ =ma e PR = mb e construímos
construído porque AoM é reto e os lados AO e AM são conheci- PQ' =~ma e PR' = ~mb que iremos precisar.
dos. Para obter uma conecção entre BN e o que já foi construído, Em seguida traçamos uma reta r, fixamos um ponto O sobre
lembremos que as medianas de um triângulo cortam-se em um ela e construímos a perpendicular AO com AO = ha. Com centro
ponto (baricentro) que divide cada uma delas na razão 2:1. Assim, em A traçamos um círculo de raio ma determinando um ponto M
observando ainda a figura 17, o ponto G pode ser determinado so- sobre r e o triângulo AOM está construído (figura 19). Podemos
bre AM porque AG = ~ma. Em seguida, poderemos determinar então assinalar o ponto G sobre AM tal que AG = ~ma = PQ'.
o ponto B na reta OM porque GB = ~mb e como C é simétrico Devemos agora obter um ponto B sobre r de forma que se tenha
de B em relação a M, o problema estará resolvido se os dados, GB = ~mb = PR'. Ora, isto pode ser feito de duas maneiras. Pode-
naturalmente, forem compatíveis. mos construir GB "para a esquerda" como na figura 19A ou "para
A a direita" como na figura 19B, obtendo duas soluções diferentes
para o problema.
Concluímos então que os dados apresentados não determinam
um único triângulo (ao contrário do Exemplo 2). As relações en-
tre os dados que tornam a construção possível é novamente um
interessante exercício.

Fig. 17

r
...
B

Fig. 18 ·Obtendo ~ de cada mediana. Fig. 19A


16 Construções Elementares Construções Elementares 17

A
Assim, as alturas relativas à AB são todas iguais e o ponto M, pé
da altura, percorre um círculo de centro O (figura 21).

r
B

Fig. 198 Fig. 21

Exemplo 4. São dados um círculo de centro O e um ponto P Em seguida, observemos todas as secantes ao círculo dado
desenhados no papel e ainda um segmento a. Pede-se traçar por que passam por P (figura 22). Sendo Mo ponto médio de qual-
P uma reta que determine no círculo uma corda igual a a. quer corda AB, temos OM sempre perpendicular a PB. O ponto M
Neste caso, dizemos que o problema tem dados em posição, ou pertence então ao arco capaz de 90° sobre PO.
seja, eles são apresentados como na figura 20.
/
/
-------- --."
/
I
I
I
a
I
I
•p •o p
\
\
\ "'
\
""-" ....._
Fig. 20 ·Dados do Exemplo 4. ------ / /

Fig. 22 ·Solução do Exemplo 4.


Vamos dividir a análise deste problema em duas partes.
Inicialmente observemos que em um círculo dado, todas as A construção pode então ser feita. Desenhamos no círculo
cordas de mesmo comprimento são tangentes a um outro círculo, dado uma corda qualquer igual a a e em seguida um círculo C de
concêntrico com o primeiro. De fato, para qualquer posição de AB centro O tangente a essa corda (figura 23). Construímos então o
os triângulos AOB são congruentes porque OA e OB são raios. círculo C' de diâmetro PO que intersecta C em M e M'. A reta PM
18 Construções Elementares Construções Elomontaros 19

(ou PM') é a solução do problema. bre r (figura 24). Construir um círculo C', tangente exteriormente
a C e tangente em A à reta r.

Fig. 23 A

Neste exemplo, descobrimos mais dois lugares geométricos;


Fig. 24 ·Dados do Exemplo 5.
o lugar geométrico das cordas de um círculo que possuem mesmo
comprimento e o lugar geométrico dos pontos médios das cordas de Novamente temos um problema onde os dados já aparecem
um círculo cujas retas suportes passam por um ponto fixo. O leitor em posição na folha de papel. Vamos analisar a situação, supondo
poderia ainda perguntar se, neste problema, o ponto P poderia ser o problema resolvido, como na figura 25. Sejam O o centro de C,
dado no interior do círculo. A resposta é sim e a análise é feita T o ponto de tangência entre C e C' e O' o centro de C'.
exatamente da mesma forma.
N
Nota. As Construções Geométricas devem, em nossa opinião,
acompanhar qualquer curso de Geometria na escola secundária. c
Os problemas são motivadores, às vezes intrigantes e freqüente-
mente conduzem à descoberta de novas propriedades. São edu-
cativos no sentido que em cada um é necessária uma análise da
situação onde se faz o planejamento da construção, seguindo-se a c'
execução dessa construÇão, a posterior conclusão sobre o número
de soluções distintas e também sobre a compatibilidade dos dados.
No nosso próximo exemplo, mostramos uma interessante situação
resolvida com a descoberta de uma propriedade que decorre ape-
nas da igualdade dos ângulos alternos internos nas retas parale-
las. Fig. 25

Exemplo 5. São dados um círculo C, uma reta r e um ponto A so- É sabido que 00' contém T e que O' A é perpendicular a r.

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