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Estudo Geotécnico Caxias do Sul

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CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO DA ÁREA URBANA

DE CAXIAS DO SUL – RS

Porto Alegre, 2011


SAULO BORSATTO

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO DA ÁREA URBANA


DE CAXIAS DO SUL – RS

Trabalho de Conclusão do Curso de Geologia do Instituto de


Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Apresentado na forma de monografia, junto à disciplina Projeto
Temático em Geologia III, como requisito parcial para obtenção do
grau de Bacharel em Geologia.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Antônio Bressani


Supervisor: Prof. Dr. Nelson Amoretti Lisboa

Porto Alegre, 2011


Borsatto, Saulo
Contribuição ao estudo geológico-geotécnico da área urbana de
Caxias do Sul. / Saulo Borsatto. - Porto Alegre : IGEO/UFRGS, 2011.
[96 f]. il.

Trabalho de Conclusão do Curso de Geologia. - Universidade


Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Geociências. Porto Alegre, RS
- BR, 2011.
Orientação: Prof. Dr. Luiz Antônio Bressani

1. Caxias do Sul. 2. Geologia. 3. Geotécnica. 4. Mapeamento


geológico-geotécnico. I. Título.

_____________________________
Catalogação na Publicação
Biblioteca Geociências - UFRGS
Miriam Alves CRB 10/1947
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso


“CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO DA ÁREA URBANA
DE CAXIAS DO SUL – RS”, elaborado por SAULO BORSATTO, como requisito parcial
para obtenção do grau de Bacharel em Geologia.

Comissão Examinadora:

.
Prof. Dr. Clovis Gonzatti

.
Prof. Dr. Norberto Dani
À minha família.
AGRADECIMENTOS

Citar todas as pessoas que de uma forma ou de outra colaboraram para que fosse
possível a realização deste trabalho é um tanto difícil. Foram muitas pessoas que contribuíram
em diferentes momentos, mas a tentativa será feita.
Antes de tudo agradeço a Deus pelo dom da vida e aos meus pais, Aleixo e Maria
Roseli, e a minha irmã, Morgana, por todo amor, carinho, compreensão, apoio e dedicação
prestado ao longo de minha vida.
Meus mais sinceros agradecimentos ao meu orientador professor Dr. Luiz Antonio
Bressani, não só pela dedicação e competência profissional que demonstrou na orientação
deste trabalho, mas também pela confiança depositada de que eu conseguiria executar esse
trabalho com sucesso. Agradeço Também aos professores Dr. Nelson Amoretti Lisboa e Dr.
Norberto Dani, por todo apoio prestado e oferecido ao longo dessa pesquisa.
Agradeço ao grupo de professores do curso que me ensinaram passo a passo a
geologia, em especial aos professores coordenadores do Projeto Temático I, Projeto Temático
II e Projeto Temático III. Não posso deixar de agradecer ao professor Dr. Carlos Augusto
Sommer e a professora Dra. Tatiana Silva da Silva.
Também sou grato a Prefeitura Municipal de Caxias do Sul pelo suporte prestado, em
especial ao Geól. Felipe Faccioni e ao motorista Paulinho.
Agradeço ao pessoal do laboratório de Mecânica de Solos da Escola de Engenharia,
principalmente ao bolsista Marco Antonio Conte pela grande ajuda na execução dos ensaios
geotécnicos.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul por me oferecer o privilégio de cursar e
concluir um curso superior gratuito e de qualidade. Ao motorista do Instituto de Geociências
da UFRGS, Armando Mendicelli Neto pelo apoio prestado no campo.
Não poderia deixar de agradecer aos meus colegas de curso Renata Dillenburg Voss,
Jaques Soares Schmidt, Priscila do Santos Lourenzi, Karine da Rosa Arena, Luiz Gustavo
Rasera, Gabriel Kolbe Teixeira e Natalia Buckowski pelos momentos de amizade, trabalho,
conversa, risada, estudo etc. Vocês, certamente, ocupam um lugar muito especial no meu
coração. Ao Diego Oliveira pela grande ajuda na confecção do mapa geológico-geotécnico.
Também agradeço aos demais colegas do curso que foram a minha família nos vários campos.
Para terminar, a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, me ajudaram nesses
cinco anos de graduação, o meu mais sincero muito obrigado!
“Se você pensa que pode ou se pensa que não pode, de qualquer forma você está certo.”

Henry Ford
RESUMO

Caxias do Sul é um município do Rio Grande do Sul localizado na encosta superior nordeste do
estado, na superfície do Planalto dos Campos Gerais. A cidade apresenta alguns problemas com
escorregamentos de terra, principalmente em períodos de grande intensidade de chuvas, e problemas
de uso e ocupação do solo, decorrentes da dinâmica social, da geomorfologia e também devido às
características dos materiais que compõem o subsolo urbano. Devido ao seu crescimento, foi
necessária a ampliação dos seus limites urbanos. Para que ocorra uma ocupação segura dessas novas
áreas é imprescindível à realização de um estudo geológico-geotécnico. No município, afloram rochas
vulcânicas ácidas pertencentes à Formação Serra Geral e arenitos da Formação Botucatu, bem como
depósitos recentes de tálus e colúvios. O objetivo geral desse estudo é coletar novos dados de campo e
de escritório, reinterpretar dados de geologia, geomorfologia e geotécnicos existentes para melhor
compreender as propriedades e características do solo e subsolo urbano do município. Como objetivo
específico, insere-se a organização de todos dados adquiridos ao longo do desenvolvimento desse
trabalho na forma de um SIG. Para a obtenção de bons resultados, investiu-se em várias técnicas:
análise e interpretação de fotografias aéreas (fotointerpretação geomorfológica e geológica do local de
estudo); trabalho de campo para um mapeamento geológico-geotécnico; descrição de lâminas
petrográficas; análise química das rochas coletadas em campo; difratometria de raios X e ensaios
geotécnicos dos solos (análise granulométrica, limite de liquidez, limite de plasticidade e peso
específico real dos grãos). Três Unidades Geotécnicas foram identificadas nas novas áreas mapeadas,
semelhantes às identificadas nas áreas mais centrais da cidade. Estas unidades correspondem a grupos
de solos de comportamento semelhante entre si (granulometria e plasticidade) e que são originados da
mesma rocha. Os solos Caxias e Canyon apresentaram uma alta plasticidade, enquanto o solo Forqueta
uma média plasticidade.

Palavras-Chave: Caxias do Sul. Geologia. Geotécnica. Mapeamento geológico-geotécnico.


ABSTRACT

Caxias do Sul is a city in Rio Grande do Sul, located on the upper slopes northeast of the state on the
surface of the plateau of Campos Gerais. The city has some problems with landslides, in periods of
high density of rainfall, and problems of use and occupation of land, arising from social dynamics, and
due to the geomorphology characteristics of materials that make up the urban underground. Because of
its growth, it was necessary to expand their city limits. In order to have a safe occupation of these new
areas is essential to carry out a geological and geotechnical study. In the city, acidic volcanic rocks
outcrop that belong the Serra Geral formation and sandstones of the Botucatu Formation, as well as
recent deposits of talus and colluviums. The overall objective of this study is to collect new data from
field and office, reinterpreting data of geology; geomorphology and geotechnical existent for a better
understanding the properties and characteristics of the urban soil and subsoil of the city. As a specific
goal, inserted in the organization of all data acquired during the development of this work in the form
of a GIS. To obtain good results it has been invested in lots of techniques: analysis and interpretation
of aerial photographs (photo-interpretation of the geological and geomorphologic study site),
performance of a field for geological and geotechnical mapping, petrography description of blades;
chemical analysis of rocks collected in the field, X-ray diffraction and geotechnical testing of soils
(granulometric analysis, liquid limit, plastic limit and specific gravity of real grains). Three units were
identified in the geotechnical new mapped areas, similar to those identified in the most central areas of
the city. These units corresponding to groups of soils of similar behavior to each other (grain size and
plasticity) and originating from the same rock. The soils Caxias and Canyon had a high plasticity,
while the Forqueta soil had a fork plasticity.

Keywords: Geology Caxias do Sul. Geotechnical. Geological and geotechnical mapping.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1. A - DESLIZAMENTO DE TERRA NO CENTRO DE CAXIAS DO SUL (FONTE: RBS TV 10/2009); B - RUPTURA
EM ESCAVAÇÃO JUNTO À AVENIDA PERIMETRAL (FONTE: BRESSANI; FLORES; NUNES, 2005).........- 14 -
FIGURA 2. ILUSTRAÇÃO DO CRESCIMENTO DA ÁREA URBANA DE C AXIAS DO SUL (MODIFICADO DO SUI - SISTEMA
ÚNICO DE INFORMAÇÕES, DISPONÍVEL NO SITE HTTP://WWW.CAXIAS.RS.GOV.BR). .................................- 15 -
FIGURA 3. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E DISTRIBUIÇÃO DAS PRINCIPAIS UNIDADES GEOLÓGICAS
(MODIFICADO DE SIAGAS/CPRM)......................................................................................................- 17 -
FIGURA 4. FLUXOGRAMA PROJETUAL ELUCIDANDO AS ETAPAS DO PROJETO...................................................- 18 -
FIGURA 5. MAPA DE REGIÕES GEOMORFOLÓGICAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (MODIFICADO DE
RADAMBRASIL, 1986). ...................................................................................................................- 19 -
FIGURA 6. MAPA DE UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (MODIFICADO DE
RADAMBRASIL, 1986). ...................................................................................................................- 20 -
FIGURA 7. COLUNA DO ARCABOUÇO GEOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE CAXIAS DO SUL, COM INDICAÇÃO DA
ESPESSURA DE CADA UNIDADE VULCÂNICA E OS RESPECTIVOS SOLOS DERIVADOS DA ALTERAÇÃO DESTAS
ROCHAS (EXTRAÍDO DE BRESSANI; FLORES; NUNES, 2005). ..........................................................- 24 -
FIGURA 8. DIAGRAMA DE ROSETAS DOS LINEAMENTOS DA ÁREA URBANA DE CAXIAS DO SUL. .......................- 25 -
FIGURA 9. MAPA INDICANDO OS SOLOS QUE OCORREM NA ÁREA DE ESTUDO (MODIFICADO DE EMATER/DIT-
UFRGS/DEP. SOLOS). ......................................................................................................................- 27 -
FIGURA 10. MAPA ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS AÉREAS DA ÁREA URBANA DE CAXIAS DO SUL...........................- 30 -
FIGURA 11. FASES DE CONFECÇÃO DE UMA LÂMINA (FONTE: HTTP://WWW.DCT.UMINHO.PT/
RPMIC/INTERACTIVIDADE/ INDEX. HTML). ..............................................................................................- 32 -
FIGURA 12. DIFRATÔMETRO SIEMENS D5000 COM GONIÔMETRO Θ-Θ DO LABORATÓRIO DE DIFRATOMETRIA DE
RAIOS X, IGEO, UFRGS (FONTE: HTTP://WWW.CPGQ.UFRGS.BR/ARQUIVOS/LAB.HTM)...........................- 38 -
FIGURA 13. APARELHO DE CASAGRANDE COM A RANHURA ABERTA NA PASTA DE SOLO. ................................- 52 -
FIGURA 14. CILINDRO COM 3 MM DE DIÂMETRO E CERCA DE 100 MM DE COMPRIMENTO..................................- 54 -
FIGURA 15. DIAGRAMA TAS (ÁLCALIS TOTAIS X SÍLICA), (LE BAS ET AL. 1986). CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA DAS
ROCHAS VULCÂNICAS ENCONTRADAS NA ÁREA URBANA DE CAXIAS DO S UL. ........................................- 57 -
FIGURA 16. LÂMINA PTC 015 A; A – FENOCRISTAIS DE PLAGIOCLÁSIO E PIROXÊNIO; B – PORÇÃO SUPERIOR DA
IMAGEM COM MAIOR CRISTALIZAÇÃO E PORÇÃO SUPERIOR COM DESVITRIFICAÇÃO INCIPIENTE; C E D -
FRATURAS PARALELAS À ESTRUTURA DE FLUXO, PREENCHIDAS POR QUARTZO E COM ALTERAÇÃO AO LONGO
DE SUA EXTENSÃO...............................................................................................................................- 59 -
FIGURA 17. LÂMINA PTC 022 A; A E B - TEXTURA GLOMEROPORFIRÍTICA FORMADA POR FENOCRISTAIS DE
PLAGIOCLÁSIO E PIROXÊNIO; C – FENOCRISTAIS DE PLAGIOCLÁSIO EM UMA MATRIZ DE DESVITRIFICAÇÃO.... -
61 -
FIGURA 18. LÂMINA PTC 011 A; A E B – MATRIZ TEM TEXTURA FINA E É POSSÍVEL OBSERVAR A PRESENÇA DE
MICRÓLITOS RIPIDIFORMES DE PLAGIOCLÁSIO; C – RAROS FENOCRISTAIS. .............................................- 62 -
FIGURA 19. DIFRATOGRAMA DE RAIOS X, SOLO FORQUETA, AMOSTRA PTC 001 B, COTA 736 M. A – ROCHA
TOTAL; B – FRAÇÃO < 2 ΜM.................................................................................................................- 65 -
FIGURA 20. DIFRATOGRAMA DE RAIOS X, SOLO CAXIAS, AMOSTRA PTC 036 A. A – ROCHA TOTAL; B – FRAÇÃO <
2 ΜM. .................................................................................................................................................- 66 -
FIGURA 21. DIFRATOGRAMA DE RAIOS X, SOLO CAXIAS, AMOSTRA PTC 013 B, COTA 640 M. A – ROCHA TOTAL; B
– FRAÇÃO < 2 ΜM................................................................................................................................- 67 -
FIGURA 22. DIFRATOGRAMA DE RAIOS X, SOLO CANYON, AMOSTRA PTC 037 A. A – ROCHA TOTAL; B – FRAÇÃO
< 2 ΜM . ..............................................................................................................................................- 68 -
FIGURA 23. GRÁFICO DA DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DO SOLO FORQUETA, AMOSTRA PTC 001 B, COTA 736
M........................................................................................................................................................- 70 -
FIGURA 24. GRÁFICO DA DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DO SOLO CAXIAS, AMOSTRA PTC 013 B, COTA 640 M. -
72 -
FIGURA 25. GRÁFICO DA DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA DO SOLO C ANYON, AMOSTRA PTC 037 A. ...........- 74 -
FIGURA 26. GRÁFICO TEOR DE UMIDADE X LOG DE GOLPES (LIMITE DE LIQUIDEZ) DO SOLO SAPROLÍTICO
FORQUETA, AMOSTRA PTC 001 B, COTA 736 M. ...................................................................................- 77 -
FIGURA 27. GRÁFICO TEOR DE UMIDADE X LOG DE GOLPES (LIMITE DE LIQUIDEZ) DO SOLO SAPROLÍTICO CAXIAS,
AMOSTRA PTC 013 B, COTA 640 M. .....................................................................................................- 79 -
FIGURA 28. GRÁFICO TEOR DE UMIDADE X LOG DE GOLPES (LIMITE DE LIQUIDEZ) DO SOLO SAPROLÍTICO
CANYON, AMOSTRA PTC 037 A...........................................................................................................- 81 -
FIGURA 29. A – FOTOGRAFIA DO DACITO/VITRÓFIRO FORQUETA COM ESTRUTURA DE FLUXO, PONTO PTC 001; B –
CONTATO, AO LONGO DA VRS 834, ENTRE O DACITO/VITRÓFIRO FORQUETA E O SOLO, PONTO PTC 002. .- 83
-
FIGURA 30. A – CORTE EM ESTRADA VICINAL A VRS 834, NOTA-SE A COLORAÇÃO BRUNO-AVERMELHADO DO
SOLO F ORQUETA, PONTO PTC 001; B – SOLO F ORQUETA COM RESQUÍCIOS DA ESTRUTURA DE FLUXO, PONTO
PTC 001.............................................................................................................................................- 84 -
FIGURA 31. A – DACITO CAXIAS COM DISJUNÇÃO TABULAR VISÍVEL, PONTO PTC 013; B – VISTA GERAL DE UMA
ANTIGA PEDREIRA ONDE SE OBSERVA O CONTATO ENTRE O DACITO CAXIAS E O SOLO, PONTO PTC 013..- 85 -
FIGURA 32. DACITO CANYON COM COLORAÇÃO AVERMELHADA DEVIDO À ALTERAÇÃO, PONTO PTC 008. ......- 86 -
FIGURA 33. A - SOLO CANYON COM COLORAÇÃO BEM AVERMELHADA, PONTO PTC 007; B – DACITO CANYON
AFLORANDO NO LEITO DO ARROIO TEGA, PONTO PTC 007. ...................................................................- 87 -
LISTA DE TABELAS

TABELA 1. RESULTADOS DAS ANÁLISES QUÍMICAS DAS ROCHAS VULCÂNICAS ENCONTRADAS NA ÁREA URBANA DE
CAXIAS DO SUL...................................................................................................................................- 57 -
TABELA 2. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA POR SEDIMENTAÇÃO DO SOLO FORQUETA, AMOSTRA PTC 001 B, COTA
736 M. ................................................................................................................................................- 69 -
TABELA 3. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA POR PENEIRAMENTO DO SOLO FORQUETA, AMOSTRA PTC 001 B, COTA
736 M. ................................................................................................................................................- 70 -
TABELA 4. PORCENTAGEM DE FRAÇÃO DO MATERIAL PASSANTE DO SOLO FORQUETA, AMOSTRA PTC 001 B, COTA
736 M. ................................................................................................................................................- 71 -
TABELA 5. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA POR SEDIMENTAÇÃO DO SOLO CAXIAS, AMOSTRA PTC 013 B, COTA 640
M........................................................................................................................................................- 71 -
TABELA 6. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA POR PENEIRAMENTO DO SOLO CAXIAS, AMOSTRA PTC 013 B, COTA 640
M........................................................................................................................................................- 72 -
TABELA 7. PORCENTAGEM DE FRAÇÃO DO MATERIAL PASSANTE DO SOLO CAXIAS, AMOSTRA PTC 013 B, COTA
640 M. ................................................................................................................................................- 73 -
TABELA 8. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA POR SEDIMENTAÇÃO DO SOLO CANYON, AMOSTRA PTC 037 A..........- 73 -
TABELA 9. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA POR PENEIRAMENTO DO SOLO CANYON, AMOSTRA PTC 037 A. .........- 74 -
TABELA 10. PORCENTAGEM DE FRAÇÃO DO MATERIAL PASSANTE DO SOLO CANYON, AMOSTRA PTC 037 A. ..- 75 -
TABELA 11. ANÁLISE DO PESO ESPECÍFICO REAL DOS GRÃOS DO SOLO SAPROLÍTICO FORQUETA, AMOSTRA PTC
001 B, COTA 736 M..............................................................................................................................- 75 -
TABELA 12. ANÁLISE DO PESO ESPECÍFICO REAL DOS GRÃOS DO SOLO SAPROLÍTICO CAXIAS, AMOSTRA PTC 013
B, COTA 640 M. ...................................................................................................................................- 76 -
TABELA 13. ANÁLISE DO PESO ESPECÍFICO REAL DOS GRÃOS DO SOLO SAPROLÍTICO CANYON, AMOSTRA PTC 037
A........................................................................................................................................................- 76 -
TABELA 14. RESULTADO DO LIMITE DE LIQUIDEZ DO SOLO SAPROLÍTICO FORQUETA, AMOSTRA PTC 001 B, COTA
736 M. ................................................................................................................................................- 77 -
TABELA 15. RESULTADO DO LIMITE DE PLASTICIDADE DO SOLO SAPROLÍTICO FORQUETA, AMOSTRA PTC 001 B,
COTA 736 M. .......................................................................................................................................- 78 -
TABELA 16. RESULTADO DO ÍNDICE DE PLASTICIDADE DO SOLO SAPROLÍTICO FORQUETA, AMOSTRA PTC 001 B,
COTA 736 M. .......................................................................................................................................- 78 -
TABELA 17. RESULTADO DO LIMITE DE LIQUIDEZ DO SOLO SAPROLÍTICO CAXIAS, AMOSTRA PTC 013 B, COTA
640 M. ................................................................................................................................................- 78 -
TABELA 18. RESULTADO DO LIMITE DE PLASTICIDADE DO SOLO SAPROLÍTICO C AXIAS, AMOSTRA PTC 013 B,
COTA 640 M. .......................................................................................................................................- 79 -
TABELA 19. RESULTADO DO ÍNDICE DE PLASTICIDADE DO SOLO SAPROLÍTICO CAXIAS, AMOSTRA PTC 013 B,
COTA 640 M. .......................................................................................................................................- 80 -
TABELA 20. RESULTADO DO LIMITE DE LIQUIDEZ DO SOLO SAPROLÍTICO CANYON, AMOSTRA PTC 037 A. .....- 80 -
TABELA 21. RESULTADO DO LIMITE DE PLASTICIDADE DO SOLO SAPROLÍTICO C ANYON, AMOSTRA PTC 037 A.- 81
-
TABELA 22. RESULTADO DO ÍNDICE DE PLASTICIDADE DO SOLO SAPROLÍTICO CANYON, AMOSTRA PTC 037 A.- 81
-
TABELA 23. RESUMO DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS GEOTÉCNICOS DOS SOLOS ENCONTRADOS NESTE TRABALHO.
..........................................................................................................................................................- 88 -
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... - 13 -
1.1 PROBLEMA.....................................................................................................................................- 15 -
1.2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO........................................................................................- 16 -
1.3 OBJETIVOS .....................................................................................................................................- 17 -
1.4 FLUXOGRAMA PROJETUAL.........................................................................................................- 18 -
2 CONTEXTO GEOMORFOLÓGICO .................................................................................................. - 19 -
3 CONTEXTO GEOLÓGICO................................................................................................................. - 21 -
4 ANÁLISE ESTRUTURAL.................................................................................................................... - 25 -
5 PEDOLOGIA ........................................................................................................................................ - 26 -
6 METODOLOGIA.................................................................................................................................. - 28 -
6.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA .........................................................................................................- 28 -
6.2 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE IMAGENS ..............................................................................- 29 -
6.3 MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO ..............................................................................- 31 -
6.4 PETROGRAFIA ...............................................................................................................................- 31 -
6.5 ANÁLISE QUÍMICA POR FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X ..........................................................- 32 -
6.6 DIFRATOMETRIA POR RAIOS X...................................................................................................- 36 -
6.7 ENSAIOS GEOTÉCNICOS ..............................................................................................................- 39 -
6.7.1 Análise Granulométrica ............................................................................................................ - 39 -
6.7.2 Peso Específico Real dos Grãos ................................................................................................ - 44 -
6.7.3 Limite de Liquidez..................................................................................................................... - 49 -
6.7.4 Limite de Plasticidade............................................................................................................... - 53 -
7 RESULTADOS...................................................................................................................................... - 56 -
7.1 ANÁLISE QUÍMICA........................................................................................................................- 56 -
7.2 PETROGRAFIA ...............................................................................................................................- 58 -
7.2.1 Dacito Forqueta ....................................................................................................................... - 58 -
7.2.2 Dacito Caxias........................................................................................................................... - 59 -
7.2.3 Dacito Canyon.......................................................................................................................... - 61 -
7.3 DIFRATOMETRIA POR RAIOS X...................................................................................................- 63 -
7.4 ENSAIOS GEOTÉCNICOS ..............................................................................................................- 69 -
7.4.1 Granulometria por Sedimentação e Peneiramento..................................................................... - 69 -
7.4.2 Peso Específico Real dos Grãos ................................................................................................ - 75 -
7.4.3 Ensaios de Limite de Liquidez (LL) e Limite de Plasticidade (LP).............................................. - 76 -
8 DISCUSSÕES ........................................................................................................................................ - 82 -
8.1 SOLO FORQUETA ..........................................................................................................................- 82 -
8.2 SOLO CAXIAS.................................................................................................................................- 84 -
8.3 SOLO CANYON ..............................................................................................................................- 86 -
8.4 SOLO ANA RECH............................................................................................................................- 88 -
8.5 SOLO GALÓPOLIS..........................................................................................................................- 89 -
9 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................................. - 89 -
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... - 91 -
APÊNDICES ............................................................................................................................................ - 94 -
- 13 -

1 INTRODUÇÃO

O meio físico está constantemente sofrendo mudanças em suas configurações naturais


pela ação do homem. Tais mudanças acompanham os interesses pela utilização e ocupação do
solo que são cada vez maiores principalmente em áreas urbanas, onde o crescimento
populacional acelerado exige uma ocupação imediata de novas áreas. O crescimento
desordenado dos centros urbanos acarreta na redução da disponibilidade de terrenos em áreas
seguras, provocando um aumento populacional em áreas de risco, o que facilita a ocorrência
de desastres.
Estas condições representam um enorme desafio aos municípios que precisam
formular e implementar políticas públicas relacionadas a estas situações inadequadas de uso e
ocupação do solo. Sendo assim, estudos geológicos e geotécnicos constituem ótimos
instrumentos de análise do meio físico e, para Pejon & Rodrigues (1987, apud NORONHA,
2007) 1, a apresentação de seus resultados sob a forma cartográfica é a melhor maneira de
representação das informações adquiridas, pois facilitam os seus entendimentos e usos.
Para Pasqualetto (1999), Caxias do Sul tornou-se, gradativamente, um pólo
econômico, industrial e tecnológico de expressão nacional, com o desenvolvimento industrial
conquistado nos últimos tempos. Adquiriu também uma importância regional pela
comercialização e transporte de produtos, prestação de serviços em diversas áreas, pela
estrutura comercial e pela existência de órgãos de representatividade regional. A cidade
despertou novos olhares sobre o seu potencial econômico, atraindo, cada vez mais, novos
investimentos e pessoas em busca de melhores condições de vida.
Esses fatores de atração acentuaram ao longo dos anos o processo de urbanização e
hoje, o município, depois de Porto Alegre, é a segunda maior cidade gaúcha em números de
habitantes, ultrapassando os 435.400 habitantes, possui um PIB de R$ 8,1 bilhões, equivalente
a 5,68% do PIB estadual e uma renda per capita de R$ 20.485,00, o que representa 150,4% da
média do estado (Fonte: http://www.caxias.rs.gov.br, acessado em 17/05/2011).
Seguindo a linha das grandes cidades brasileiras, Caxias do Sul não teve um
planejamento urbano adequado à sua grande expansão demográfica. Segundo Nunes (2004), o
fato de a cidade estar situada na borda de uma região de topografia acentuada, e substrato
geológico em parte desfavorável ao assentamento urbano, gerou situações especiais, tais como
pequenos deslizamentos de moradias em áreas de risco, além de problemas como rupturas

1
Pejon, O. J. & Rodrigues, J. E. 1987. Análise geológico-geotécnico da região de Araraquara, SP. In: Congresso
Brasileiro de Geologia de Engenharia, 5. São Paulo, Anais, ABGE, v. 2, p. 279-290.
- 14 -

imprevisíveis em vias urbanas e em obras de engenharia de médio e grande porte (Fig. 1).
Principalmente a população de baixa renda passou a ocupar áreas sujeitas a processos de
dinâmica superficial desencadeadores de risco, como as margens e planícies de inundação das
drenagens e encostas de morros.

Figura 1. A - deslizamento de terra no centro de Caxias do Sul (Fonte: RBS TV 10/2009); B -


Ruptura em escavação junto à Avenida Perimetral (Fonte: BRESSANI; FLORES; NUNES, 2005).

Segundo Nunes (2004), o município localiza-se na região denominada Encosta


Superior do Nordeste e, em parte, na zona do Planalto dos Campos de Cima da Serra,
conhecido na bibliografia RADAMBRASIL (1986) como Planalto dos Campos Gerais. A
área do município situada na Encosta Superior do Nordeste é a maior (cerca de 70%) e a mais
importante, pois abriga a sede do município.
Principalmente em períodos com grande densidade de precipitação pluviométrica
(verão e inverno), Caxias do Sul sofre com problemas geotécnicos decorrentes da dinâmica
social, geomorfologia e também devido às características das rochas e estruturas geológicas
- 15 -

que compõem o subsolo urbano. Diante desta situação é imprescindível que a cidade tenha
um mapeamento geológico-geotécnico de toda sua área urbana.

1.1 PROBLEMA

A identificação de áreas mais suscetíveis a desastres e suas prováveis causas são de


fundamental importância para previsão de acidentes, auxílio na definição de prioridades e nas
tomadas de decisões ligadas a trabalhos de prevenção de desastres e de direcionamento de
recursos para os locais mais afetados.
Poucos estudos foram realizados para averiguar as condições do solo e subsolo da área
urbana. Com essa carência torna-se cada vez mais difícil realizar um planejamento e
gerenciamento municipal adequado que supram as novas necessidades em construção, seja
para fim habitacional ou não, do município, mediante o seu contínuo crescimento econômico
e social (Fig. 2).

Figura 2. Ilustração do crescimento da área urbana de Caxias do Sul (modificado do SUI - Sistema
Único de Informações, disponível no site http://www.caxias.rs.gov.br).
- 16 -

Em julho de 2010, quando o estado do Rio Grande do Sul foi atingido por uma
sucessão de ondas de frio e chuvas fortes, deslizamentos de terra atingiram moradias no
município. Abaixo trechos de matérias vinculadas em sites e jornais:
“...Pelo menos 20 pessoas precisaram deixar suas casas no bairro Fátima, em Caxias do
Sul. No começo da madrugada desta terça-feira, o risco de deslizamentos de terra
obrigou a ação do Corpo de Bombeiros em uma área de barranco na Rua Giácomo Zatti,
próximo ao posto Di Trento...” (Jornal “O Pioneiro”, 20/07/2010).

“...De acordo com o tenente Hamilton José Machado, coordenador da Regional de


Caxias do Sul da Defesa Civil, as casas são construções regulares, mas estão em uma
área de risco...” (portal “G1.com”, 20/07/2010).

Em anos anteriores esse tipo de ocorrência também teve destaque na imprensa, como o
ocorrido em fevereiro de 2003:
“...As chuvas intensas voltaram a transformar a madrugada de muitos caxienses em
tormenta. Equipes da Defesa Civil trabalharam a noite inteira, fazendo a retirada de 23
famílias de suas casas e contabilizando mais de 100 chamados de atendimento, em
quase 30 bairros e loteamentos. Além de problemas estruturais, os danos se agravaram
porque a quantidade de chuva registrada nas 24 horas entre as manhãs de quarta e
quinta-feira foi superior à média do mês...” (Jornal “O Pioneiro”, 21/02/2003).

1.2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área foco do estudo compreende a região urbana do município de Caxias do Sul que
está localizada na extremidade leste da encosta superior do nordeste do estado do Rio Grande
do Sul, no sul do Brasil (Fig. 3).
O município de Caxias do Sul ocupa uma área territorial de 1.648.60 km 2, que
corresponde a 0,55% da área total do Estado. Limita-se a noroeste com os municípios de
Flores da Cunha, São Marcos, Campestre da Serra e Monte Alegre dos Campos; a leste, com
São Francisco de Paula; a sudeste, com Gramado e Canela; a sul, com Nova Petrópolis e Vale
Real e a Oeste, com o município de Farroupilha. Os limites extremos do município
encontram-se delimitados entre os paralelos 28º 19’ e 29º 19' de latitude sul e entre os
meridianos 50º 46’ e 51º 91’ de longitude oeste de Greenwich. Caxias do Sul situa-se a 127
km de Porto Alegre, a capital gaúcha. As principais vias de acesso são a BR 116 e a RS 122.
- 17 -

Figura 3. Localização da área de estudo e distribuição das duas principais unidades geológicas
(modificado de SIAGAS/CPRM).

1.3 OBJETIVOS

A presente pesquisa visa coletar novos dados de campo e de escritório, e reinterpretar


dados de geologia, geomorfologia e geotécnica existentes, para melhor compreender as
propriedades e características do solo e subsolo urbano do município de Caxias do Sul.
O objetivo geral é o mapeamento geotécnico de novas regiões da cidade que hoje
fazem parte da área urbana do município, gerando um material com maiores informações e
detalhamento sobre o solo e subsolo. Como objetivo específico, insere-se a organização de
todos os dados adquiridos e reinterpretados ao longo do desenvolvimento desse trabalho na
forma de um SIG.
Esse estudo é de suma importância para as secretarias municipais de Planejamento
Urbano, Habitação, Meio Ambiente, Viação e Obras, assim como para as empresas de
engenharia que, por ventura, executarão obras na cidade, e demais órgãos interessados.
- 18 -

1.4 FLUXOGRAMA PROJETUAL

Para elucidar as fases de desenvolvimento do projeto, estimar o tempo de trabalho


necessário para cada tarefa e evitar má divisão das tarefas ao longo do ano, foi desenvolvido
um fluxograma projetual (Fig. 4).

Figura 4. Fluxograma projetual elucidando as etapas do projeto.


- 19 -

2 CONTEXTO GEOMORFOLÓGICO

De acordo com o mapa de Regiões Geomorfológicas do estado do Rio Grande do Sul


(Fig. 5) (RADAMBRASIL, 1986), a área estudada situa-se dentro da região geomorfológica
denominada Planalto das Araucárias. As características geomorfológicas dessa região são
bastante heterogêneas, com formas de relevo que variam desde amplas e aplainadas até níveis
mais profundos de entalhamento na área dos Aparados da Serra.

Figura 5. Mapa de Regiões Geomorfológicas do estado do Rio Grande do Sul (modificado de


RADAMBRASIL, 1986).

As formas de relevo do Planalto das Araucárias foram esculpidas em rochas efusivas


ácidas da Formação Serra Geral. Em algumas áreas restritas os modelados de dissecação se
desenvolvem em rochas efusivas básicas, resultando em relevos mais dissecados.
Alguns rios importantes atravessam essa região geomorfológica, como o rio Pelotas e
os pertencentes à bacia de drenagem do rio Jacuí (rio Taquari, rio das Antas, rio Caí e rio dos
Sinos).
- 20 -

Figura 6. Mapa de Unidades Geomorfológicas do estado do Rio Grande do Sul (modificado de


RADAMBRASIL, 1986).

Nessa região são identificadas quatro unidades geomorfológicas (Fig. 6): Planalto
Dissecado Rio Iguaçu-Rio Uruguai, Serra Geral, Patamares da Serra Geral e Planalto dos
Campos Gerais, onde está inserida a área de estudo. O Planalto dos Campos Gerais
caracteriza-se a oeste por um relevo relativamente plano e conservado. Desenvolveram-se por
extensas áreas interfluviais dos rios Caí e das Antas e deste com o rio Pelotas. As formas de
relevo revelam a existência de etapas evolutivas de dissecação, com áreas bastante
conservadas de morfologia planar, outras onde a erosão alargou vales, ocasionando muitas
vezes, rupturas de declive de pequenos desníveis, e em outras a erosão alargou os extensos
vales, deixando resíduos de antigas superfícies de aplainamento.
A leste essa unidade caracteriza-se por formas de relevo de dissecação diferencial,
profundos entalhamentos fluviais encaixados em linhas estruturais. A área de Caxias do Sul
possui formas de relevo mais conservadas, remanescentes de superfície de aplainamento
antiga retocada por processos erosivos atuantes na área, em meio a relevos dissecados.
- 21 -

3 CONTEXTO GEOLÓGICO

A área estudada situa-se na porção sudeste da Bacia do Paraná. A Bacia do Paraná é


uma grande bacia intracratônica, desenvolvida sobre crosta continental sendo preenchida por
rochas sedimentares e vulcânicas. Segundo Nardy, Machado e Oliveira (2008) durante o
Mesozóico, o supercontinente Gondwana foi palco de intensa atividade magmática fissural,
resultando extensos derrames em certas regiões desse continente. Posteriormente, por meio de
processos distensivos da litosfera deu-se a separação continental, com o aparecimento de
novas bacias oceânicas.
Destacam-se o surgimento das Províncias Magmáticas do Karoo (sul da África) e a de
Ferrar (abrangendo os continentes da Antártica, Tasmânia, e Austrália), cujos magmatismos
jurássicos precederam à formação do Oceano Índico. Já as províncias cretácicas do Paraná
(América do Sul) e do Etendeka (África) antecederam a formação da porção sul do Oceano
Atlântico (NARDY; MACHADO; OLIVEIRA, 2008).
O maior volume de derrames da Província do Paraná-Etendeka constitui a Formação
Serra Geral, que cobre praticamente toda a região meridional do Brasil, as áreas oriental do
Paraguai e ocidental do Uruguai (conhecida como Formação Arapey), e a do norte da
Argentina (conhecida como Membro Posadas da Formação Curuzú Cuatiá) (NARDY;
MACHADO; OLIVEIRA, 2008).
A área de exposição da Formação Serra Geral no Brasil é de 120.000 km2, 1.700.000
km2 em área total, e ocorre na região centro-sul, recobrindo aproximadamente 75% dos
constituintes sedimentares da Bacia do Paraná. Apresenta uma feição alongada com cerca de
1.700 km de extensão na direção nordeste-sudoeste e 900 km na direção leste-oeste. A
espessura máxima do pacote vulcânico atinge aproximadamente 1.500 metros superposto aos
arenitos eólicos jurássicos da Formação Botucatu (ROISENBERG; VIERO, 2000).
As rochas vulcânicas da Formação Serra Geral possuem propriedades geoquímicas
regionais distintas, o que permite uma divisão em três setores (ROISENBERG; VIERO,
2000):
a) O setor norte é representado por rochas vulcânicas básicas do tipo alto-TiO2 e P2O5>0,3%,
subordinadamente por intermediárias e ácidas.
b) Na porção central ocorrem rochas efusivas básicas alto- e baixo-TiO2 e basaltos
transicionais. São registradas também intercalações com derrames ácidos.
c) O setor sul é caracterizado por efusivas básicas do tipo baixo-TiO2. Ocorrem também
derrames ácidos e em menor abundância derrames intermediários.
- 22 -

As idades das rochas vulcânicas da província, obtidas por meio de datações 40Ar/39Ar,
revelam que o pico de atividade ígnea ocorreu num curto período, entre 133 e 130 Ma
(RENNE et al., 1996; TURNER el al., 1994). As idades das rochas vulcânicas na porção sul
da Bacia do Paraná situam-se entre 131,4±1,6 e 132,9 Ma (RENNE et al., 1992, apud
NARDY; MACHADO; OLIVEIRA, 2008)2 enquanto que as das regiões norte e central entre
129,9±0,1 Ma e 131,9±0,9 Ma (RENNE et al., 1992, apud NARDY; MACHADO;
OLIVEIRA, 2008)3.
No município de Caxias do Sul, afloram rochas vulcânicas pertencentes à Formação
Serra Geral e arenitos da Formação Botucatu, bem como depósitos recentes de tálus e
colúvios.
Baseados em estudos geoquímicos, as vulcânicas ácidas desta região foram
classificadas como do tipo Palmas, sendo estas predominantes na região do município de
Caxias do Sul e, as básicas, como do tipo Gramado (BELLIENI et al, 1986; PEATE et al,
1992).
Segundo Nardy et al. (2008), estudos preliminares de Bellieni et al. (1986), Peate et
al. (1992) e Garland et al. (1995) sobre a geoquímica das rochas ácidas do tipo Palmas
revelaram que elas não são homogêneas. Puderam-se reconhecer dois grandes grupos: (a) um
deles, com baixo teor em Ti (TiO2≤0,87%), é formado por dois subtipos distintos,
denominados Santa Maria (P2O5≤0,21%) e Clevelândia (0,21%<P2O5≤0,23%); (b) o outro
grupo, com alto teor em Ti (TiO2≥0,90%), é representado por três subtipos denominados
Caxias do Sul (0,91%<TiO2<1,03% e 0,25%<P2O5<0,28%), Anita Garibaldi
(1,06%<TiO2<1,25% e 0,32%<P2O5<0,36%) e Jacuí (1,05%<TiO2<1,16% e
0,28%<P2O5<0,31%). O subtipo Caxias do Sul foi inicialmente reconhecido por Peate et al.
(1992) e recobre uma área total de 16.000 km2 e ocupa um volume de 4.832 km3.
A análise estrutural realizada por Reginato (2003) identificou a presença de fraturas,
zonas de fraturas, fraturas com preenchimento, veios e diques na região de Caxias do Sul.
Segundo Reginato op. cit. na região ocorre um padrão aproximadamente ortogonal de fraturas
com uma orientação próxima a Norte-Sul e Leste-Oeste. Os veios e diques estariam alojados
em estruturas que diferem do padrão ortogonal, o que corresponderia, provavelmente, a
planos de cisalhamento.

2
Renne P., Ernesto M., Pacca I.G., Coe R.S., Glen J.M., Prevót M., Perrin M. 1992: The Age of Paraná Flood
Volcanism, Rifting of Gondwanaland, and the Jurassic- Cretaceous Boundary. Science, 258:975-979.
3
Renne P., Ernesto M., Pacca I.G., Nardy A.J.R., Coe R.S., Glen J.M., Prevót M., Perrin M. 1992. Age and
Duration of Paraná Flood Vocanism in Brazil. EOS-AGU, 27:531-532.
- 23 -

Bressani, Flores e Nunes (2005) compartimentaram a área urbana do município em 2


setores, dividindo-os internamente em 8 unidades morfoestruturais. Analisando
qualitativamente as formas do relevo e as características do solo de cada unidade puderam
avaliar a variação morfológica que ocorre na área estudada. As formas de relevo identificadas
foram: Planalto não dissecado, Planalto rebaixado, Mesas dissecadas e Relevo densamente
dissecado. Os lineamentos são abundantes nas unidades denominadas como: Matheo
Gianella-Ana Rech, São Victor, Nossa Sra. da Conceição e Galópolis.
Com resultados de campo realizado por Bressani, Flores e Nunes (2005) podem-se
definir as litologias que ocorrem no município de Caxias do Sul (Fig. 7), sendo a sequência
vulcânica, da base para o topo, a seguinte:
a) Dacitos Galópolis: originalmente 2 derrames que ocorrem de forma bem característica
na região de Galópolis, foram unificados em uma só unidade devido à declividade do local, o
que proporciona uma proximidade em planta baixa, e semelhança de comportamento dos
solos plásticos derivados.
b) Dacito Canyon: este material tem grande importância por ser altamente alterável e
ocorrer em algumas áreas da cidade. Caracteriza-se pelo predomínio de estruturas de fluxo
verticalizadas e granulação fina, o que favorece o desenvolvimento de um solo espesso. Seus
afloramentos mais importantes e característicos são no bairro Canyon (no entorno da cota 700
m), junto à entrada do Bairro Santa Corona (cota 680 m) e nos vales ao sul da cidade (em
direção a Galópolis e também ao sul do Desvio Rizzo).
c) Dacito Caxias (muitas vezes localmente denominado Carijó): é o de maior
abrangência na região, ocupando a parte central da cidade e grande parte da área ao sul do
centro. Geralmente encontra-se desde a cota 700 m até o contato com o Dacito Ana Rech
(variável).
d) Topo do Dacito Caxias: este material se constitui da porção de topo do derrame
anterior mas apresenta características vítreas tão importantes que poderia ser identificado
como Vitrófiro Forqueta. Sua presença mais característica é na região administrativa de
Forqueta, mas ocupa diversas áreas mais planificadas da cidade que são topos de erosão como
a região do aeroporto. Devido à origem, as cotas de ocorrência acompanham as do Dacito
Caxias.
e) Dacito Ana Rech: encontra-se na região administrativa de Ana Rech e grande parte da
área norte do cidade, geralmente nas cotas superiores na região (podendo atingir cota 900 m).
No mesmo trabalho foi realizado um mapeamento dos materiais geotécnicos. Foram
identificados os seguintes solos derivados das rochas acima descritas:
- 24 -

a) Solo Ana Rech: solos não-plásticos, de cor bruno-amarelado, originados do Dacito


Ana Rech. Incluem horizontes B incipientes e solos saprolíticos.
b) Solo Forqueta: solos plásticos, vermelhos com bandas de alteração, originados, na sua
maioria, da porção superior vítrea do Dacito Caxias.
c) Solo Caxias: solos saprolíticos pouco ou não-plásticos, cinza a levemente
avermelhados, com estruturas estratificadas horizontais geralmente bem visíveis, originados
da alteração da porção mediana do Dacito Caxias.
d) Solo Canyon: solos plásticos a muito plásticos, vermelhos a bruno-avermelhados,
podendo conter argilas expansivas, originados da decomposição da espessa porção superior
vítrea do Dacito Canyon.
e) Solos Galópolis: solos plásticos originados dos Dacitos Galópolis. Devido à
declividade das zonas de ocorrência, encontram-se geralmente misturados com materiais
transportados de cotas superiores. Em planta baixa observa-se a presença de solos do
horizonte B e solos saprolíticos em grande proximidade com depósitos de colúvios.

Figura 7. Coluna do arcabouço geológico do município de Caxias do Sul, com indicação da espessura
de cada unidade vulcânica e os respectivos solos derivados da alteração destas rochas (Extraído de
BRESSANI; FLORES; NUNES, 2005).

Segundo Nunes (2004), os solos encontrados tiveram características que permitiram


agrupá-los em duas classificações: solos plásticos e não-plásticos. Esses solos foram
- 25 -

separados em dois materiais: Material Geotécnico 1 e Material Geotécnico 2, cada um


representado uma das classificações, respectivamente.

4 ANÁLISE ESTRUTURAL

Realizou-se uma análise estrutural dos lineamentos da área urbana de Caxias do Sul
com base nas fotografias aéreas na escala 1:30.000 e 1:110.000. Esses lineamentos foram
traçados durante a etapa de fotointerpretação. A figura 8 traz o diagrama de rosetas obtido a
partir desses lineamentos. Nessa figura pode ser observada a ocorrência de lineamentos em
diversas direções, ocorrendo um pequeno predomínio dos lineamentos do quadrante nordeste,
com valores predominantes no intervalo N 60º - 80º E, e os lineamentos do quadrante
noroeste com valores predominantes no intervalo N 50º - 70º W.

Figura 8. Diagrama de Rosetas dos lineamentos da área urbana de Caxias do Sul.


- 26 -

5 PEDOLOGIA

A formação de um solo inicia-se com o intemperismo, físico e químco, que atuam


sobre a rocha originando um material residual não-consolidado conhecido por regolito
saprolítico, que forma o substrato pedogenético. Este material pode permanecer in situ
(residual ou autóctone) ou ser transportado (SALOMÃO & ANTUNES, 1998).
O substrato pedológico residual ou autóctone é formado diretamente no local em que
ocorre a desagregação da rocha que está abaixo do perfil de solo. O substrato pedológico
transportado ou alóctone recebe denominações distintas conforme o agente de transporte:
coluvionar (gravidade), aluvionar (águas correntes), glacial (geleiras) e eólico (vento).
Para a pedologia os solos são denominados conforme o seu processo pedogenético
(processo de formação), não considerando as características geotécnicas de comportamento
dos materiais.
Segundo Streck et al. (2008), na região onde está inserido o município de Caxias do
Sul, ocorrem solos pertencentes a três classes: Argissolos, Cambissolos e Neossolos.
Os Argissolos são normalmente profundos a muito profundos, apresentando um perfil
A-Bt-C ou A-E-Bt-C, sendo o horizonte Bt do tipo B textural (horizonte que apresenta um
incremento de argila em relação aos horizontes A ou E) (STRECK et al., 2008).
Os Cambissolos são rasos a profundos, possuindo no perfil uma sequência de
horizontes A-Bi-C ou O-A-Bi-C, sendo Bi do tipo B incipiente (horizonte B em formação
com fragmentos de rocha < 50% do volume e cor e estruturas diferentes dos horizontes A e C)
(STRECK et al., 2008).
Os Neossolos são solos rasos ou profundos, pouco desenvolvidos. Tem no perfil uma
seqüência de horizontes A-R, A-C, A-C-R, A-Cr-R, O-R ou H-C.
Na figura 9 estão indicados os solos que ocorrem no Rio Grande do Sul e a região do
município de Caxias do Sul encontra-se dentro do círculo verde.
- 27 -

Figura 9. Mapa indicando os solos que ocorrem na área de estudo (modificado de EMATER/DIT-
UFRGS/DEP. SOLOS).
- 28 -

6 METODOLOGIA

Para a obtenção de bons resultados em trabalhos de pesquisa são necessários


investimentos em várias técnicas que visam uma maior confiabilidade nos resultados. Nesse
projeto, a metodologia definida para a sua execução é detalhada abaixo:

6.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

O primeiro passo para a formulação do projeto foi a leitura de dois trabalhos de


mapeamento geológico-geotécnico realizados em Caxias do Sul:
- Nunes (2004) realizou o trabalho de conclusão do curso de geologia do Instituto de
Geociências – UFRGS, intitulado Mapeamento geotécnico preliminar da área urbana de
Caxias do Sul, RS. Este foi o primeiro trabalho que tratou do assunto, identificando os
diferentes solos encontrados e, por apresentarem características geotécnicas similares,
agrupando-os em duas classificações: solos plásticos e não-plásticos. Esses solos foram
separados em dois materiais: Material Geotécnico 1 e Material Geotécnico 2, cada um
representado uma das classificações, respectivamente.
- Bressani, Flores e Nunes (2005) produziram um Relatório final para a Prefeitura
Municipal de Caxias do Sul referente ao trabalho iniciado por Nunes (2004). Neste relatório,
foram definidas as litologias que ocorrem no município de Caxias do Sul, sendo a sequência
vulcânica, da base para o topo, a seguinte: Dacitos Galópolis, Dacito Canyon, Dacito Caxias,
topo do Dacito Caxias e Dacito Ana Rech. Realizaram um mapeamento dos materiais
geotécnicos, identificando os seguintes solos derivados das rochas acima citadas: solo Ana
Rech, solo Forqueta, solo Caxias/Carijó, solo Canyon e solos Galópolis. Artigos também
foram consultados para o melhor entendimento de alguns aspectos específicos sobre a
geologia da região onde se encontra Caxias do Sul.
O material disponível para a realização desse estudo contou, além das bibliografias
citadas, com duas cartas topográficas em papel na escala 1:50.000 – folhas Caxias do Sul (SH.
22-V-D-III-2) e Farroupilha (SH. 22-V-D-III-1) – cedidas pela 1ª DL; 1 Mapa Básico
Geológico-Geotécnico da Área Urbana do Município de Caxias do Sul, de setembro de 2005,
na escala 1:25.000, digital; 4 fotos aéreas na escala 1:110.000 resultantes de um vôo de maio
de 1975; 39 fotos aéreas na escala 1:30.000, resultantes de um vôo de maio de 1998.
- 29 -

6.2 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE IMAGENS

A técnica de interpretação de fotografias aéreas é de fundamental importância para


trabalhos de mapeamento geológico-geotécnico, por ser um método relativamente barato,
além de permitir um estudo das áreas de difícil acesso. Os estudos de fotografias aéreas
inicialmente se caracterizam pela identificação de elementos da imagem (fotoleitura), análise
de suas relações (fotoanálise) para finalmente chegar-se a avaliação do significado e função
dos fatos constatados (fotointerpretação) através de métodos indutivos, dedutivos e
comparativos dos mesmos. Quando o estudo de aerofotointerpretação envolve um número
relativamente grande de fotografias, é necessário antes de iniciá-lo, elaborar-se uma carta de
referência das fotos a serem utilizadas. Esta carta de referência constitui-se no Mapa Índice
(Fig. 10).
Na análise de fotografias em geologia são importantes os padrões ou critérios de foto
interpretação, os quais devem ser interrelacionados. São eles: formas fisiográficas,
tonalidades, formas de erosão, cobertura vegetal entre outros. A interpretação das fotografias
ocorre ao formarmos estereoscopia, que é obtida utilizando-se um equipamento adequado, o
estereoscópio. Esse equipamento permite o recobrimento entre duas fotografias aéreas
verticais sucessivas, que, quando corretamente orientadas, apresentam a ideia de relevo
apenas naquela área que é comum as duas fotografias justapostas lateralmente.
- 30 -

Figura 10. Mapa Índice das fotografias aéreas na escala 1:30.000 da área urbana de Caxias do Sul.

Com esta técnica identificaram-se os lineamentos de pequeno e médio porte que


ocorrem em toda região do município de Caxias do Sul, sendo esses lineamentos, vales e
escarpas. Por convenção os lineamentos de médio porte são denominados como sendo falhas
e os lineamentos de pequeno porte como fraturas.
Foram utilizadas primeiramente 4 fotografias com escala 1:110.000, que permitem a
identificação dos lineamentos de médio porte. Em seguida realizou-se a foto interpretação das
fotografias com escala 1:30.000, que permitiram a identificação dos lineamentos de pequeno
porte. Também foram traçados os contatos entre os solos identificados para a confecção de
um mapa geológico-geotécnico.
- 31 -

6.3 MAPEAMENTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO

Depois de realizar a interpretação das fotografias aéreas ocorreu a etapa de campo.


Foram duas inspeções, a primeira em maio de 2011 e a segunda em agosto, totalizando 5 dias
de campo. No mapeamento procurou-se cobrir toda a área para onde o limite urbano do
município foi ampliado. Para o deslocamento até Caxias do Sul e dentro da cidade foi
utilizado um veículo e motorista da Ufrgs na primeira inspeção e um veículo cedido pela
prefeitura de Caxias do Sul na segunda.
No campo realizaram-se pequenos perfis procurando afloramentos de rochas e perfis
de alteração em pedreiras, taludes naturais, cortes de encostas em obras civis, leitos de arroios
e valetas de estradas não pavimentadas. Foram coletadas amostras representativas de solos e
rochas para estudos laboratoriais.

6.4 PETROGRAFIA

Nesta etapa foram descritas as rochas encontradas na área mapeada.

Macroscopia
As amostras de mão são descritas com a utilização de uma lupa de mesa. Nesta etapa é
possível apenas identificar os aspectos macroscópicos da rocha, que podem ser observados a
olho nu. O principal objetivo nessa etapa é escolher as amostras mais adequadas para as
análises posteriores.

Microscopia
O estudo de rochas e minerais com a ajuda do microscópio petrográfico é um
procedimento obrigatório para quase todos os tipos de trabalho que o geólogo desenvolve.
Com este instrumento é possível observar aspectos que, devido à sua reduzida dimensão, não
podem ser observados nas amostras de mão.
O microscópio petrográfico de luz transmitida possui uma fonte de luz na parte inferior
do microscópio, sendo a luz conduzida por um sistema de lentes que, atravessando a amostra
de rocha, permite que esta seja observada. A imagem resultante deste processo é ampliada por
- 32 -

um sistema de objetivas e oculares. Desta forma são observadas as características das rochas e
minerais quando estes são atravessados pela luz.
Para os microscópios de luz transmitida a lâmina de rocha não pode ultrapassar os
0,03 mm, pois só assim se garante a transparência necessária à para as observações em
lâmina.
A amostra é sujeita a várias fases de confecção de uma lâmina para atingirem as
condições ideais para a microscopia. Na figua 11 estão representadas estas fases de confecção
da lâmina petrográfica.

Figura 11. Fases de confecção de uma lâmina (Fonte: http://www.dct.uminho.pt/


rpmic/interactividade/index.html).

A - Amostra de mão de onde foi cortada uma esquírola.


B - Esquírola de rocha (cerca de 0,5 cm de espessura) e lâmina de vidro onde vai ser colada a
esquírola.
C - Colagem da esquírola à lâmina de vidro.
D - Amostra já colada na lâmina de vidro.
E - Amostra já depois de ser desgastada.
F - Lâmina delgada já finalizada, depois de polida e com lamela de vidro já colada.
G - Lâmina polida já finalizada.

6.5 ANÁLISE QUÍMICA POR FLUORESCÊNCIA DE RAIOS X

A radiação eletromagnética é um conjunto de campos elétricos e magnéticos


oscilatórios que se propagam no espaço com velocidade da luz (300.000 km/s). Os raios X
- 33 -

são radiações eletromagnéticas, com comprimentos de ondas de 0,1-100 Å, podendo sofrer


difração em planos cristalinos. Compreendem um segmento do espectro de radiação com
propriedades específicas, como: penetram meios não transparentes à luz visível e interagem
com a matéria de forma diferenciada. Os raios X também se comportam como pequenas
partículas (dualidade onda-partícula), que contém uma quantidade precisa de energia, 0.1-100
keV, denominadas de fótons.
Na Fluorescência de Raios X a amostra é irradiada com um feixe de raios X
provenientes do tubo de raios X, excitando os elementos presentes na amostra pela absorção
do feixe primário e provocando a emissão de suas próprias linhas características de
fluorescência de raios X (HOLLER; SKOONG; CROUCH, 2009).
Essa irradiação interfere em toda a eletrosfera, desencadeando um fenômeno
importante para espectrometria de Fluorescência de Raios X que é a reorganização da
eletrosfera depois de os fótons de raios X incidentes terem arrancado um elétron da camada
mais interna. O espaço anteriormente ocupado pelo elétron interno é preenchido por um
elétron de camadas mais externas da eletrosfera, sobrando uma quantidade de energia que é
ejetada do átomo na forma de um fóton de raios X com energia característica daquele
elemento. O número de fótons característicos ejetados é proporcional à concentração daquele
elemento na amostra.
A fluorescência de raios X é uma técnica não destrutiva, adequada para determinações
rápidas e quantitativas de todos os elementos, exceto os mais leves. Pode ser utilizada para a
identificação qualitativa de elementos que possuem número atômico maior do que o oxigênio
e para análises quantitativas e semiquantitativas (HOLLER; SKOONG; CROUCH, 2009). A
sensibilidade de análise abrange desde concentrações maiores até traços (aproximadamente 1
ppm).
Os elementos de número atômico entre 15 (P) e 40 (Zr) possuem limites de
sensibilidade mais baixos, podendo ser detectados em concentrações inferiores a 10 ppm. Já
os elementos de número atômico acima de 40 e abaixo de 15 têm menor sensibilidade que os
demais elementos (DUTRA, 1984).
Na Fluorescência de Raios X utilizam-se os chamados “raios X duros”, que são
oriundos de elementos pesados (número atômico alto ou Z grande). Os fótons provenientes da
reposição de um elétron interno de um átomo pesado por um elétron mais externo têm
energias muito altas. Esses raios X não são absorvidos pelo ar, e são detectados por
contadores de cintilações depois de serem difratados em cristais.
- 34 -

Os raios X fluorescentes provenientes da amostra contém radiação de diversos


comprimentos de onda, correspondentes aos fótons das diversas transições eletrônicas que
ocorrem nos diferentes tipos de átomos contidos na amostra. Para poder distinguir as
diferentes energias e poder colocar as intensidades correspondentes a cada energia em um
gráfico (espectro), é necessário provocar uma dispersão no feixe de elétrons. A dispersão
ocorre através de um fenômeno chamado “Difração de Raios X” em um cristal analisador.
Quando um feixe incide sobre um cristal ocorre difração de raios X. O feixe é
“refletido” pelo cristal quando os comprimentos de onda e o ângulo de incidência obedecem a
uma determinada relação com os espaçamentos interplanares deste cristal. Este fenômeno está
formulado na “Lei de Bragg”, que se enuncia matematicamente como 2 d senθ = n l, onde d é
o espaçamento interplanar do cristal, θ é o ângulo de incidência do feixe, n é um número
inteiro e l é o comprimento de onda deste determinado fóton.
Na espectrometria de Fluorescência de Raios X o fenômeno da difração é utilizado
para dispersar os feixes de raios X por intermédio de cristais analisadores de distância
interplanar conhecida.
O equipamento de Fluorescência de Raios X consiste basicamente de um dispositivo
de excitação de amostra e de um dispositivo que analisa a resposta da amostra a esta
excitação. Na Fluorescência de Raios X a excitação origina-se de um tubo de raios X, que
fornece os fótons de alta energia que produzem o fenômeno de fluorescência dos raios X. A
análise é feita por um espectrômetro de dispersão em comprimento de onda, composto por um
conjunto cristal + detetor montados em um goniômetro do tipo θ-2θ.
Os raios X produzidos na fluorescência são gerados pelos átomos que se encontram na
superfície da amostra e logo abaixo dela. Essa condição exige que as radiações incidentes e
resultantes atravessem uma camada significativa da amostra podendo provocar um desvio da
intensidade esperada de radiação (HOLLER; SKOONG; CROUCH, 2009).
As maiores causas para o aparecimento de um efeito matriz são: as diferentes
profundidades de excitação, devido ao número atômico médio (Z); a absorção (A) pelos
elementos da matriz e o reforço de alguns elementos. A mineralogia e o tamanho dos grãos
afetam principalmente a quantificação de elementos leves.
Para compensar os problemas do efeito de matriz, é preciso calibrar o equipamento
com um conjunto de padrões (standard material). Utilizam-se padrões de rocha que tem sua
composição bem determinada, tanto os óxidos maiores como os elementos traço. Isso permite
determinar os coeficientes de correção de matriz para cada tipo de rocha e aplicar a correção
para as amostras desconhecidas.
- 35 -

As condições de análise das rochas devem seguir um protocolo de preparação das


amostras idêntico ao utilizado na preparação dos padrões. As rochas devem ser moídas para a
mesma finura, prensadas com a mesma quantidade de cera espectroscópica ou transformadas
em pastilhas vítreas com a mesma proporção de tetraborato de lítio (Li2B4O7). Estes métodos
são utilizados para análise de traços e maiores respectivamente.
Em seguida devem ser determinadas as condições analíticas, obtendo-se um espectro
da região da emissão dos raios X característicos do elemento de interesse e escolhem-se os
pontos de leitura do background.
Escolhidas as condições de análise de cada elemento faz-se a leitura do pico e dos dois
pontos de background de cada elemento para obter a intensidade resultante segundo a
equação:
Iresultante = Ipico – Ibackground.
A partir das intensidades de todos os elementos e de todos os padrões calculam-se as
correções de matriz. Depois desse procedimento, as intensidades dos picos de cada elemento
dos diferentes padrões formam uma reta de calibração quando graficadas contra os teores
desses elementos nos padrões.
Para a análise de elementos leves (maiores), os seguintes passos devem ser seguidos:
 Pesagem analítica de padrões e amostras;

 Fusão com Li2B4O7 (7:1 fundente: amostra) e obtenção das pastilhas vítreas de padrões e

amostras;
 Calibração com padrões vítreos;

 Cálculo dos coeficientes de interferência entre os óxidos maiores dos padrões (concentração

conhecida);
 Leitura das amostras desconhecidas;

 Cálculo iterativo das concentrações conforme os coeficientes calculados para os padrões, até

convergência dos valores.


Para a análise de elementos pesados (traços), os seguintes passos devem ser seguidos:
 Pesagem analítica de padrões e amostras;

 Prensagem de 10g de amostra com 1g de cera;

 Calibração com padrões prensados;

 Cálculo da correção de matriz para os padrões, através da altura do background e obtenção

da curva de calibração (Ip-Ibg)/Ibg = a C;


 Leitura das amostras desconhecidas;

 Correção da matriz pela intensidade do background;


- 36 -

 Interpolação do valor obtido na curva de calibração.

As análises foram realizadas pelo Laboratório Acme Labs Analytical Laboratories


Ltda., filial em Goiânia. As amostras de rocha foram previamente cominuídas ao tamanho <
200 mesh no Laboratório de Geoquímica do Instituto de Geociências da UFRGS.

6.6 DIFRATOMETRIA POR RAIOS X

A difração de raios X é um método que permite a identificação qualitativa de


compostos cristalinos. Este método é o único, dentre os analíticos, capaz de fornecer
informações qualitativas e quantitativas sobre os compostos presentes em uma amostra sólida
(HOLLER; SKOONG; CROUCH, 2009).
Os raios X podem se originar de transições eletrônicas na eletrosfera dos átomos
(radiação característica), ou da frenagem de cargas (elétrons ou íons) com alta velocidade
(radiação contínua de frenagem “Bremsstrahlung”).
Para os estudos analíticos de difração a amostra deve ser cominuída (grãos ~ 15 mm,
corresponde a uma peneira de sieve mesh 1000) e os grãos devem ficar dispostos
aleatoriamente no plano de foco do difratômetro. Assim, um número grande de cristais é
orientado em todas as possíveis direções, permitindo que quando um feixe de raios X passa
através do material um número significativo de partículas são orientadas de maneira a
preencher as condições da Lei de Bragg para a reflexão de cada espaço interplanar possível
(HOLLER; SKOONG; CROUCH, 2009).
A difração ocorre apenas quando a diferença entre o caminho óptico dos raios
refletidos for um número inteiro de comprimentos de onda, de modo que as ondas, ao se
sobreporem na saída, estejam perfeitamente em fase e sofram apenas interferência construtiva.
Só contribuem para a difração dos raios X os planos cristalográficos paralelos ao plano de
foco do difratômetro (normalmente coincidente com a superfície da amostra).
A identificação das fases cristalinas presentes na amostra é feita a partir da
comparação dos picos observados no difratograma gerado com um banco de dados,
denominado “Powder Diffraction File”, coletado pelo comitê internacional de espectrometria
de difração de pó (International Centre for Diffraction Data - ICDD).
Esse banco de dados consiste de fichas, que contém diversas informações sobre o
mineral, como as distâncias interplanares da fase, a simetria do cristal, a composição química,
a intensidade relativa dos picos referentes a diferentes famílias de planos, etc.
- 37 -

Alguns fatores podem influenciar na identificação dos picos, como:


 Deformação tetragonal e ortorrômbica: sistemas cristalinos do tipo isométrico (cúbico
simples, cfc, ccc e diamante) apresentam um conjunto de linhas relativamente pequeno no
difratograma. Sistemas cristalinos com simetria menor apresentam dubletos e tripletos no
difratograma;
 Alargamento de pico: a largura dos picos no difratograma está relacionada com o grau
de cristalinidade da amostra. Quanto maior o número de defeitos do cristal, maior será o
alargamento dos picos. Outro fator que contribui é a moagem excessiva (grão ~ 1 mm).
Materiais sujeitos a stress deformante (não isostático) apresentam também variações nas
distâncias interplanares: para menos (compressão) ou para mais (distensão), em torno da
distância média das regiões não deformadas;
 Deslocamento de picos: em alguns sistemas cristalinos a substituição de um elemento
por outro é possível em quantidades quaisquer e a substituição provoca apenas uma alteração
nos parâmetros de rede desse sistema. Nesses casos a quantidade de substituição pode ser
determinada, conhecendo-se a posição dos picos dos extremos puros e interpolando os valores
obtidos da amostra desconhecida nesse intervalo. A expansão de distâncias interplanares da
célula unitária da amostra, devido à expansão térmica ou à inclusão de moléculas maiores em
vãos de estrutura provoca o deslocamento do pico correspondente para ângulos menores, sem
alterar a largura do mesmo. A compressão isostática provoca a diminuição da célula unitária,
e, portanto, provoca o deslocamento dos picos para ângulos maiores;
 Texturização: é o fator que mais influi na modificação da intensidade relativa dos picos
da amostra. Ocorre quando os grãos da amostra não estão aleatoriamente orientados no plano
focal do difratômetro, de modo que os picos das famílias de planos estatisticamente sub-
representadas ficam com intensidade menor que a prevista pela ficha.
Os raios X monocromáticos utilizados para na Difração de Raios X são gerados no
interior de um tubo de raios X, junto com radiação contínua de frenagem. O tubo pode ser
constituído de quartzo ou de cerâmica, evacuado, em cujo interior se encontra um filamento
de tungstênio, aquecido por corrente elétrica. Entre o filamento e o anodo de cobre ou de
molibdênio (ou de outro metal conveniente) se aplica uma tensão de 40-100 kV, que acelera
os elétrons extraídos do filamento contra o alvo.
O detetor utilizado é composto por um cristal cintilador (NaI dopado com tálio)
acoplado a uma fotomultiplicadora e uma eletrônica de contagem que detectam e contam os
pulsos de luz provocados pela passagem de raios X no cintilador.
- 38 -

No difratômetro do tipo Bragg Brentano o feixe incidente (tubo) e o detetor se


deslocam simultaneamente por um ângulo θ (difratômetro θ - θ). O tubo e o detetor são
movimentados sobre um goniômetro de grande precisão angular com passos de alguns
centésimos de grau. Em cada passo é determinada a intensidade do feixe difratado nesse
ângulo, fazendo-se uma contagem por determinado tempo.
A radiação é Kθ em tubo de Cobre nas condições de 40kV e 25mA. A velocidade e o
intervalo de varredura do goniômetro para cada tipo de análise são:
 Amostra Orientada Natural: 2s para 0,02º de degrau do goniômetro de 2º a 28º 2 θ;
 Amostra Orientada Glicolada: 3s para 0,02º de degrau do goniômetro de 2º a 28º 2 θ;
 Amostra Orientada Calcinada: 2s para 0,02º de degrau do goniômetro de 2º a 28º 2θ.

Figura 12. Difratômetro SIEMENS D5000 com goniômetro θ-θ do Laboratório de Difratometria de
Raios X, IGeo, UFRGS (Fonte: http://www.cpgq.ufrgs.br/arquivos/lab.htm).

As amostras de solo foram analisadas no Laboratório de Difratometria de Raios X,


IGeo, UFRGS (Fig. 12), por dois métodos: o método do pó (rocha total) e o método da
separação da fração argila.
No método do pó pulveriza-se a amostra a menos de 200 mesh, para que os grãos
fiquem dispostos aleatoriamente no plano de foco do difratômetro, utilizando gral e pistilo de
ágata. Em seguida, a amostra é colocada em uma lâmina de vidro de centro côncavo, e então é
analisada no difratômetro.
No método da separação da fração argila extrai-se a fração <2 µm. A amostra é
colocada em um frasco com água deionizada, a qual é colocada em um orbitador durante vinte
- 39 -

e quatro horas para desagregar os constituintes da amostra. Em seguida, cada amostra é


colocada em uma proveta com acréscimo de água deionizada, até o volume de dois litros.
Deixa-se a amostra decantar por um período de tempo condizente com a temperatura da sala e
com o tamanho médio das partículas que serão separadas.
Passado esse período de tempo, utiliza-se um sifão para coletar a camada superior de
água da proveta em conjunto com o material que ficou em suspensão (material com o
diâmetro de partícula desejado). O material em suspensão é deixado para decantar num
Becker, para depois se retirar a água em excesso. Após o material é pipetado e depositado em
lâmina de vidro secando em 24-48 horas. Depois deste processo tem-se a fração < 2 µm
orientada.
Para verificar a existência ou não de argilominerais expansivos satura-se a amostra
orientada natural com etileno glicol. Os resultados obtidos são denominados de difratograma
de amostra orientada glicolada (G).
Para avaliar argilominerais sensíveis ao aquecimento (argilominerais do grupo das
caolinitas e das esmectitas, por exemplo) a amostra orientada é aquecida a 550ºC durante duas
horas. Esse processo auxilia na interpretação dos resultados, sendo resultados obtidos
denominados de difratograma de amostra orientada calcinada (C).

6.7 ENSAIOS GEOTÉCNICOS

Os ensaios dos materiais geotécnicos foram realizados no Laboratório de Mecânica


dos Solos da Escola de Engenharia/UFRGS.

6.7.1 Análise Granulométrica

A análise da distribuição das dimensões dos grãos, denominada análise


granulométrica, objetiva determinar os tamanhos dos diâmetros equivalentes das partículas
sólidas em conjunto com a proporção de cada fração constituinte do solo em relação ao peso
de solo seco. A representação gráfica das medidas realizadas é denominada de curva
granulométrica. Pelo fato de o solo geralmente apresentar partículas com diâmetros
equivalentes variando em uma ampla faixa, a curva granulométrica é normalmente
apresentada em um gráfico semi-log, com o diâmetro equivalente das partículas em uma
- 40 -

escala logarítmica e a percentagem de partículas com diâmetro inferior à abertura da peneira


considerada (percentagem que passa) em escala linear.
O ensaio de granulometria conjunta para o levantamento da curva granulométrica do
solo é realizado com base em dois procedimentos distintos:

- Sedimentação: os solos muito finos, com granulometria inferior a 0,074mm, são


tratados de forma diferenciada, através do ensaio de sedimentação desenvolvido por Arthur
Casagrande. Este ensaio se baseia na Lei de Stokes, segundo a qual a velocidade de queda, V,
de uma partícula esférica, em um meio viscoso infinito, é proporcional ao quadrado do
diâmetro da partícula. Sendo assim, as menores partículas se sedimentam mais lentamente que
as partículas maiores.
- Peneiramento: utilizado para a fração grossa do solo (grãos com até 0,074mm de
diâmetro equivalente), realiza-se pela passagem do solo por peneiras padronizadas e pesagem
das quantidades retidas em cada uma delas.
Os procedimentos são realizados segundo a norma técnica ABNT NBR 7181 (ABNT,
1984). Para facilitar os cálculos do ensaio, massas são expressas em g, pesos são expressos
em gf, mas os resultados finais são convertidos para o Sistema de Unidades Internacional.
Os equipamentos e materiais utilizados são listados a seguir:
 Jogo de peneiras, conforme a norma técnica ABNT NBR 5734 (ABNT, 1988), desde a
peneira de 50mm até a peneira de 0,075mm, com fundo e tampa;
 Balança eletrônica, com capacidade de 1500g e resolução de 0,001g;
 Provetas de vidro graduadas, com capacidade de 1000ml, na temperatura de referência de
20ºC, para leituras no intervalo entre 0,995 e 1,040, com resolução de 0,001;
 Termômetro graduado no intervalo entre 0ºC e 60ºC, com resolução de 0,1ºC;
 Dispersor, conforme norma técnica ABNT NBR 7181 (ABNT, 1984);
 Cronômetro;
 Aparelho de banho-maria, munido de sistemas automáticos de aquecimento e
refrigeração, com controle de temperatura por microprocessador;
 Estufa para secagem, para temperaturas entre 60ºC e 110ºC, com controle de temperatura
por microprocessador e circulação forçada de ar.
 Bandejas de alumínio para secagem do solo;
 Almofariz e mão de gral;
 Cápsulas de porcelana, cápsulas de alumínio, espátulas, funil de vidro, béquer, bisnaga
com água destilada e escova.
- 41 -

Procedimento do ensaio
1º Passo: A amostra é seca ao ar. A seguir, a amostra é destorroada com almofariz e mão de
gral, cuidando para não quebrar as partículas. Separa-se aproximadamente 1,5 kg do material
seco para o ensaio;

2º Passo: Passar a amostra a ser ensaiada pela peneira de 2,0 mm, desmanchando no almofariz
os torrões ainda existentes. Lavar o material retido nesta peneira, secar em estufa a 110ºC e
pesar com resolução de 0,01 g (Wg);

3º Passo: Do material passante na peneira 2,0 mm, determinar o teor de umidade (w),
selecionar cerca de 70 g de material para o ensaio por sedimentação, pesado com resolução de
0,01 g (Wt);

4º Passo: Colocar este material em um béquer e adicionar cerca de 125 ml de uma solução de
água destilada com um defloculante (em geral, hexametafosfato de sódio na concentração de
45,7 g de sal por 100 ml de solução). Homogeneizar a suspensão obtida e deixar em repouso
durante pelo menos 12 horas;

5º Passo: Derramar a suspensão no copo do dispersor, removendo com a bisnaga qualquer


material retido no béquer. Introduzir o conjunto de chicanas no copo, adicionar água destilada
até o nível da suspensão atingir cerca de 50 mm da borda do copo e colocá-lo no suporte do
dispersor. Ligar o dispersor e esperar até que a dispersão esteja completa (mínimo de 15
minutos de dispersão);

6º Passo: Colocar a suspensão na proveta graduada, removendo com a bisnaga qualquer


material retido no copo. Adicionar água destilada até atingir o volume total indicado de 1000
ml;

7º Passo: Colocar a proveta contendo a suspensão em um aparelho de banho-maria, para


manter constante a temperatura de 20 ºC. Esperar a homogeneização da temperatura da
suspensão, agitando-a regularmente;
- 42 -

8º Passo: Remover a proveta do aparelho de banho-maria, tampá-la e agitá-la manualmente


durante 1 minuto visando obter homogeneização adequada da suspensão. Recolocar
rapidamente a proveta no aparelho de banho-maria e acionar o cronômetro;

9º Passo: Colocar o densímetro lentamente na suspensão, cuidando para não agitá-la. Realizar
as leituras na parte superior do menisco adjacente à haste de densímetro, com resolução de
0,002, após os intervalos de tempo de 30 segundos, 1 minuto e 2 minutos, contados a partir do
acionamento do cronômetro;

10º Passo: Medir a temperatura de suspensão, com resolução de 0,1 ºC. Remover o
densímetro da suspensão, cuidando para não agitá-la, e deixá-lo imerso em uma proveta com
água destilada, também mantida sob temperatura constante de 20 ºC no aparelho banho-maria;

11º Passo: Fazer as leituras com o densímetro depois de decorridos os seguintes intervalos de
tempo, contados a partir do acionamento do cronômetro: 30 segundos, 1 minuto, 2 minutos, 5
minutos, 10 minutos, 20 minutos, 40 minutos, 80 minutos, 240 minutos e 1.440 minutos;

12º Passo: Após cada leitura, medir a temperatura da suspensão, com resolução de 0,1 ºC.
Entre as leituras, o densímetro e o termômetro são mantidos imersos na proveta auxiliar com
água destilada, a qual é mantida sob temperatura constante de 20 ºC no aparelho de banho-
maria;

13º Passo: Após a última leitura, lavar a suspensão através de peneira de 0,075 mm,
recolhendo o material passante em uma bandeja de alumínio. Simultaneamente remover com
a bisnaga qualquer material retido na proveta;

14º Passo: Levar a bandeja contendo a suspensão para a secagem em estufa, sob uma
temperatura constante de 110 ºC. Após a secagem da suspensão, pesá-la com resolução de
0,01 g;

15º Passo: Secar o material retido na peneira de 0,075 mm em uma estufa a 110 ºC e pesá-lo
com resolução de 0,01 g;
- 43 -

16º Passo: Passar o material obtido no passo anterior pelas peneiras de 1,2 mm, 0,6 mm, 0,42
mm, 0,25 mm, 0,15 mm e 0,075 mm, com fundo. Pesar o material retido em cada peneira e no
fundo, com resolução de 0,01 g;

17º Passo: Passar o material retido na peneira de 2,0 mm pelas peneiras de 50 mm, 38 mm, 25
mm, 19 mm, 9,5 mm, 4,8 mm e 2,0 mm. Pesar o material retido em cada peneira (Wi), com
resolução de 0,01 g.

Formulário
Peneiramento
Calcular o peso de solo seco ensaiado (Ws).

Calcular a porcentagem de material passante nas peneiras de 50 mm, 38 mm, 25 mm,


19 mm, 9,5 mm, 4,8 mm e 2,0 mm. ∑Wi é a soma dos pesos dos materiais retidos nas
peneiras de abertura igual ou maior que a peneira i.

Plotar, em gráfico semilogarítmico, a percentagem de material passante no eixo das


ordenadas (em escala natural) e a abertura de malha das peneiras no eixo das abscissas (em
escala logarítmica).
Para as leituras realizadas com o densímetro, os diâmetros equivalentes das partículas
em suspensão são calculados pela equação de Stokes:
- 44 -

Onde:
D - diâmetro equivalente de partícula;
µ - coeficiente de viscosidade cinética da água, em g seg/cm², obtida de tabelas em
função da temperatura;
γs - massa específica dos sólidos, em g/cm³;
γw - massa específica da água, que é função da temperatura, em g/cm³;
Z - altura de queda (isto é, a distância entre a superfície da suspensão e o centro de
volume do bulbo do densímetro), que é obtida a partir da curva de calibração do densímetro,
em cm;
t - tempo decorrido do início do ensaio até o instante da leitura considerada, em s.
As correspondentes percentagens de partículas com diâmetros menores do que o
diâmetro calculado, referentes ao peso total de amostra, são dadas por:

Onde:
V - volume da suspensão em cm³;
L - leitura do densímetro;
w - teor de umidade do solo ensaiado.

6.7.2 Peso Específico Real dos Grãos

A determinação do peso específico dos sólidos é necessária para o cálculo dos índices
físicos dos materiais. Os índices físicos são grandezas que medem relações entre pesos e
volumes das fases que compõem os solos. O procedimento descrito a seguir baseia-se na
norma técnica ABNT NBR 6508 (ABNT, 1984).
- 45 -

A aparelhagem usada é a listada da abaixo:


 Picnômetro com capacidade de 500 ml, calibrado a 20ºC;

 Termômetro graduado entre 0ºC e 60ºC, com resolução 0,1ºC;

 Balança eletrônica, com capacidade de 1500g e resolução de 0,01g;

 Destilador de água;

 Estufa para secagem, para temperaturas entre 60ºC e 110ºC, com controle de temperatura

por microprocessador e circulação forçada de ar;


 Bomba de vácuo contendo regulador de vácuo e vacuômetro, capaz de aplicar um vácuo de

88kPa;
 Cápsulas de alumínio, espátulas, funil de vidro, conta-gotas e bisnaga.

Procedimento do ensaio
a) Calibração do picnômetro
1º Passo: Verificar se o picnômetro está completamente seco;

2º Passo: Determinar o peso do picnômetro vazio e seco com resolução de 0,01g;

3º Passo: Colocar água destilada no picnômetro até a base do menisco atingir a marca de
referência do gargalo;

4º Passo: Colocar o picnômetro em um aparelho de banho-maria, com temperatura controlável


por microprocessador entre 10ºC e 50ºC;

5º Passo: Esperar a homogeneização da temperatura da água contida no banho-maria e no


picnômetro. Para esta verificação utilizar o termômetro;

6º Passo: Medir a temperatura da água no picnômetro, em três profundidades diferentes, com


resolução de 0,1ºC;

7º Passo: Pesar o picnômetro, nas condições acima, com resolução de 0,01g;

8º Passo: Tem-se assim, um par de valores de temperatura versus peso do picnômetro com
água;
- 46 -

9º Passo: Aquecer (ou esfriar) o picnômetro mais água, até uma temperatura 5ºC acima (ou
abaixo) da anterior e, repetindo o procedimento acima, obter diversos pares de valores de
temperatura versus peso do picnômetro com água (no mínimo 5 pontos);

10º Passo: Construir um gráfico das temperaturas de ensaio nas abscissas T(ºC) versus peso
do picnômetro com água Wpa nas ordenadas.

b) Solo coesivo
1º Passo: A amostra de solo coesivo, a ser utilizada na determinação do peso específico dos
sólidos, deve ser preparada conforme a norma técnica ABNT NBR 6457 (ABNT, 1986). A
preparação envolve secagem ao ar, destorroamento com almofariz e mão de gral, cuidando
para não quebrar as partículas. A amostra deve ser passada pela peneira de 4,8mm, e passada
no quarteador;

2º Passo: Selecionar uma amostra com peso seco mínimo de aproximadamente 50g;

3º Passo: Adicionar água destilada à amostra formando uma pasta fluida, visando facilitar a
sua introdução no picnômetro com funil. Preferivelmente, deixar esta amostra fechada em
saco plástico durante pelo menos 12 horas, para permitir sua hidratação;

4º Passo: Derramar a pasta fluida no copo do aparelho dispersor, tomando cuidado para não
haver perda de matéria. Dispersar durante pelo menos 15 minutos;

5º Passo: Transferir a pasta fluida para o picnômetro, com o auxílio do funil de vidro.
Introduzir no picnômetro um volume de solo + água destilada da ordem de 250ml;

6º Passo: Aquecer o picnômetro até a fervura, obtida a uma temperatura inferior a 100ºC pela
aplicação conjunta de aquecimento e vácuo (mínimo de 88kPa), em um aparelho de banho-
maria, agitando-o continuamente durante pelo menos 15 minutos para expelir o ar contido nos
vazios da amostra;

7º Passo: Completar com água destilada o picnômetro até sua marca de calibração. Ferver
novamente o picnômetro, conforme o 6º passo, por pelo menos 5 minutos;
- 47 -

8º Passo: Deixar o picnômetro esfriar, sob uma temperatura constante, no interior do banho-
maria até cerca de 40ºC;

9º Passo: Homogeneizar bem a temperatura por todo o líquido do picnômetro e com um


conta-gotas, completar o picnômetro com água destilada, até a base do menisco atingir a
marca de referência no gargalo;

10º Passo: Secar a superfície externa do picnômetro e, com um papel filtro, secar a superfície
interna acima da marca de referência;

11º Passo: Obter a medida da temperatura da água no picnômetro;

12º Passo: Determinar o peso do conjunto picnômetro + solo e água, Wpsa, com resolução de
0,01g;

13º Passo: Repetir os passos 9 até 12 para, no mínimo, outras três temperaturas, dentro do
intervalo de calibração do picnômetro;

14º Passo: Esvaziar completamente o conteúdo do picnômetro num recipiente de evaporação,


com o máximo de cuidado para que não haja perda de solo. Secar na estufa até a completa
evaporação da água;

15º Passo: Determinar o peso do solo seco Ws usado no ensaio, com resolução 0,01g.

c) Solo não coesivo


1º Passo: Introduzir no picnômetro um volume de água de aproximadamente 250ml com a
ajuda de um funil;

2º Passo: Pesar uma amostra de areia seca, da ordem de 60g, e introduzir no picnômetro;

3º Passo: Aquecer o picnômetro até a fervura, obtida a uma temperatura inferior a 100ºC pela
aplicação conjunta de aquecimento e vácuo (mínimo de 88kPa), em um aparelho de banho-
maria, agitando-o continuamente durante pelo menos 15 minutos para expelir o ar contido nos
vazios da amostra;
- 48 -

4º Passo: Completar com água destilada o picnômetro até sua marca de calibração. Ferver
novamente o picnômetro, conforme o 3º passo, por pelo menos 5 minutos;

5º Passo: Deixar o picnômetro esfriar, sob uma temperatura constante, no interior do banho-
maria até cerca de 40ºC;

6º Passo: Homogeneizar bem a temperatura por todo o líquido do picnômetro, e com um


conta-gotas, completar o picnômetro com água destilada, até a base do menisco atingir a
marca de referência no gargalo;

7º Passo: Secar a superfície externa do picnômetro e, com um papel filtro, secar a superfície
interna acima da marca de referência;

8º Passo: Obter a medida da temperatura da água no picnômetro;

9º Passo: Determinar o peso do conjunto picnômetro + solo e água, Wpsa, com resolução de
0,01g;

10º Passo: Repetir os passos 6 até 9 para, no mínimo, outras três temperaturas, dentro do
intervalo de calibração do picnômetro;

11º Passo: Esvaziar completamente o conteúdo do picnômetro num recipiente de evaporação,


com o máximo de cuidado para que não haja perda de solo. Secar na estufa até a completa
evaporação da água;

12º Passo: Determinar o peso do solo seco Ws usado no ensaio, com resolução 0,01g.

Formulário
O peso específico dos sólidos γs é o quociente entre o peso de sólidos Ws e o
correspondente volume de sólidos Vs.
- 49 -

O valor de γs no ensaio do picnômetro é determinado indiretamente com a equação


abaixo:
Onde γw é o peso específico da água, na temperatura T(ºC) do ensaio, obtida de

tabelas. O valor de Wpa é obtido da curva de calibração do picnômetro, também na


temperatura T(ºC) do ensaio.
Realizar no mínimo três ensaios para determinação de γs e obter sua média aritmética,
γsm:

Abandonar qualquer valor de γs que esteja fora do intervalo acima.

6.7.3 Limite de Liquidez

O ensaio de limite de liquidez é utilizado para a caracterização e classificação dos


limites de consistência das amostras de solo, portanto é o ensaio empregado neste trabalho. O
procedimento de ensaio descrito a seguir baseia-se na norma técnica ABNT NBR 6459
(ABNT, 1984). Entretanto, as seguintes observações são importantes:

a) O procedimento descrito na norma ABNT NBR 6459 (ABNT, 1984) é geralmente


realizado com secagem prévia da amostra de solo ao ar, conforme método de preparação
descrito na norma ABNT NBR 6457 (ABNT, 1986). Entretanto, a secagem prévia ao ar
não é atualmente recomendada para alguns solos, particularmente para argilas de alta
plasticidade e argilas orgânicas que nunca tenham sido secadas na natureza, pois suas
características podem ser consideravelmente alteradas pela secagem prévia. Neste caso, a
própria norma ABNT NBR 6457 (ABNT, 1986) sugere a realização do ensaio de limite de
liquidez sem proceder à secagem prévia da amostra ao ar. Realiza-se apenas uma secagem
parcial ao ar, até obter-se o teor de umidade correspondente ao primeiro ponto do ensaio
- 50 -

de limite de liquidez. Um procedimento alternativo de ensaio de limite de liquidez sem


secagem prévia da amostra de solo é descrito pelas normas americanas ASTM D-2217-85
(1993) e ASTM D-4318-95a (1995).

b) O procedimento de limite de liquidez descrito na norma ABNT NBR 6459 (ABNT, 1984)
baseia-se na utilização do aparelho de Casagrande. Um procedimento alternativo –
considerado mais prático para a determinação do limite de liquidez – baseia-se na
utilização do equipamento de cone de laboratório. Este método é descrito pela norma
inglesa BS 1377 (BSI, 1990).

c) A dispersão dos resultados deste ensaio é considerada reduzida caso seja permitida a
adequada homogeneização do teor de umidade da pasta antes de sua colocação na concha
do aparelho de Casagrande. Sugere-se um intervalo de tempo mínimo de 12 horas para
esta homogeneização, com pasta mantida em saco plástico fechado, para o primeiro ponto
do ensaio.

Equipamento
Aparelho e cinzel de Casagrande, gabarito do aparelho de Casagrande.
- Balança eletrônica, com capacidade de 1500 g e resolução de 0,001 g.
- Estufa para secagem, para temperaturas entre 60 ºC e 110 ºC, com controle de temperatura
por microprocessador e circulação forçada de ar.
- Cápsulas de porcelana, cápsulas de alumínio pequenas, espátula e água destilada.

Calibração do aparelho de Casagrande


Usando o gabarito do aparelho de Casagrande, com 10 mm de altura, verificar a altura
do ponto em que a concha deste aparelho bate na sua base. Com a manivela do aparelho,
situar a concha em sua posição mais elevada (observar que a altura mencionada não é a
correspondente ao ponto mais baixo da concha, mas aquele que bate na base). Se esta altura
não estiver correta, corrigi-la com o parafuso de ajuste do aparelho, apertando-o a seguir.

Verificação do aparelho de Casagrande


Os itens de verificação relacionados abaixo constam da norma técnica ABNT NBR
6459 (ABNT, 1984). Caso o aparelho de Casagrande não atenda a algum destes itens,
descartá-lo imediatamente para manutenção.
- 51 -

- Verificar se a massa do conjunto concha mais guia do excêntrico está entre 180 g e 220 g.
- Verificar se a forma do excêntrico, durante os últimos 3 mm de seu movimento, resulta em
variação insignificante da altura da concha em relação à base.
- Verificar se a marca do ponto da concha que bate na base está gasta.
- Verificar se os pés de borracha da base estão gastos.
- Verificar se a resiliência dinâmica do material da base está correta: esta é verificada com
uma esfera de aço de 8 mm de diâmetro, que é deixada cair de uma altura de 250 mm sobre a
base; a esfera deve elevar-se entre 185 e 230 mm após o impacto.
- Verificar se as dimensões do aparelho de Casagrande e do cinzel estão corretas.

Procedimento do ensaio
1º Passo: A amostra a ser ensaiada deve ser representativa (isto é, ter sido coletada em campo
preservando os seus constituintes minerais e estando tanto quanto possível em condições de
umidade idênticas as de campo). A preparação desta amostra para o ensaio de limite de
liquidez deve atender à norma técnica ABNT NBR 6457 (ABNT, 1986);

2º Passo: Se a amostra a ser ensaiada estiver com um teor de umidade que não permita seu
peneiramento, deixá-la secando ao ar;

3º Passo: Homogeneizar a amostra, triturando os agregados de solo em um almofariz com


mão de gral, evitando, no entanto fragmentar as partículas sólidas;

4º Passo: Peneirar a amostra na peneira de 0,42 mm, descartando o material retido na peneira;

5º Passo: Colocar em uma cápsula de porcelana cerca de 200 g do solo que passou pela
peneira de 0,42 mm;

6º Passo: Juntar água destilada à amostra, misturando-a com a espátula, de modo a formar
uma pasta uniforme, relativamente consistente. Colocar a pasta em um saco plástico e deixá-
lo pelo menos 12 horas na câmara úmida, visando obter a homogeneização da umidade;
- 52 -

7º Passo: Colocar a pasta de solo na concha do aparelho de Casagrande (Fig. 13),


regularizando a superfície da pasta com a espátula, de forma a obter uma espessura da ordem
de 10 mm na parte central;

8º Passo: Abrir uma ranhura na pasta ao longo do eixo de simetria da concha, utilizando o
cinzel de Casagrande. É importante cuidar para que este permaneça normal à concha nos
pontos de contato durante todo o movimento de abertura da ranhura;

Figura 13. Aparelho de Casagrande com a ranhura aberta na pasta de solo.

9º Passo: Girar a manivela do aparelho de Casagrande a duas rotações por segundo;

10º Passo: Anotar o número de golpes necessários para que as bordas da ranhura se unam ao
longo de um comprimento de 13 mm;

11º Passo: Colocar imediatamente cerca de 15 g de solo coletado junto às bordas que se
uniram para uma cápsula de alumínio pequena e determinar seu teor de umidade;

12º Passo: Remover o solo restante na concha, de volta para a cápsula de porcelana. Limpar e
secar a concha;

13º Passo: Com a espátula, homogeneizar a amostra de solo contida na cápsula de porcelana;

14º Passo: Adicionar água destilada à amostra e homogeneizar novamente a pasta formada;
- 53 -

15º Passo: Repetir os passos 6 a 12 até obter pelo menos 5 pares de valores de teor de
umidade versus o número de golpes do aparelho de Casagrande necessários para o
fechamento da ranhura (estes golpes devem estar situados entre 15 a 35, de preferência com
no mínimo 2 golpes abaixo e 2 golpes acima de 25);

16º Passo: Construir um gráfico com o número de golpes nas abscissas (em escala
logarítmica) e o teor de umidade nas ordenadas (em escala aritmética), traçando a reta que
melhor se ajuste aos pontos experimentais. O teor de umidade correspondente a 25 golpes,
obtido do gráfico construído por interpolação, é o limite de liquidez do solo. O solo é
considerado como não apresentando limite de liquidez caso seja impossível abrir a ranhura ou
conseguir seu fechamento com mais de 25 golpes.

6.7.4 Limite de Plasticidade

O ensaio de limite de plasticidade é utilizado para a caracterização e classificação de


amostras de solo. O procedimento de ensaio descrito a seguir baseia-se na norma técnica
ABNT NBR 7180 (ABNT, 1984). Entretanto, as seguintes observações são importantes:

a) O procedimento descrito na norma ABNT NBR 7180 (ABNT, 1984) é geralmente


realizado com secagem prévia da amostra de solo ao ar, conforme método de preparação
descrito na norma ABNT NBR 6457 (ABNT, 1986). Entretanto, a secagem prévia ao ar
não é atualmente recomendada para alguns solos, particularmente para argilas de alta
plasticidade e argilas orgânicas que nunca tenham sido secadas na natureza, pois suas
características podem ser consideravelmente alteradas pela secagem prévia. Neste caso, a
própria norma ABNT NBR 7180 (ABNT, 1984) sugere a realização do ensaio de limite de
plasticidade sem proceder à secagem prévia da amostra ao ar. Realiza-se apenas uma
secagem parcial ao ar, até obter-se o teor de umidade correspondente ao primeiro ponto do
ensaio de limite de plasticidade. Um procedimento alternativo de ensaio de limite de
plasticidade sem secagem prévia da amostra de solo é descrito pelas normas americanas
ASTM D-2217-85 (1993) e ASTM D-4318-95a (1995).

b) A dispersão dos resultados deste ensaio é considerada reduzida caso seja permitida a
adequada homogeneização do teor de umidade da pasta antes de sua colocação na concha
- 54 -

do aparelho de Casagrande. Sugere-se um intervalo de tempo mínimo de 12 horas para


esta homogeneização, com pasta mantida em saco plástico fechado, para o primeiro ponto
do ensaio.

Equipamento
- Placa de vidro esmerilhado.
- Balança eletrônica, com capacidade de 1500 g e resolução de 0,001 g.
- Estufa para secagem, para temperaturas entre 60 ºC e 110 ºC, com controle de temperatura
por microprocessador e circulação forçada de ar.
- Cápsulas de porcelana, cápsulas de alumínio pequenas, espátula e água destilada.

Procedimento do ensaio
1º ao 5º Passo: Estes passos (correspondentes à preparação da amostra) são idênticos ao
ensaio de limite de liquidez;

6º Passo: Homogeneizar cuidadosamente o solo com uma espátula, juntando água destilada se
necessário, formando uma pasta uniforme, relativamente consistente;

7º Passo: Formar um bola com cerca de 10 g de pasta e rotá-la com a mão sobre a placa de
vidro até formar um cilindro com 3 mm de diâmetro e cerca de 100 mm de comprimento (Fig.
14);

Figura 14. Cilindro com 3 mm de diâmetro e cerca de 100 mm de comprimento.


- 55 -

8º Passo: Repetir o item anterior até que o cilindro comece a apresentar as primeiras fissuras
nas dimensões especificadas acima (caso o cilindro comece a se fragmentar com um diâmetro
maior que 3 mm repetir os passos 6 e 7, após acrescentar mais água à pasta);

9º Passo: Colocar o trecho fissurado do cilindro em uma cápsula de alumínio pequena para a
determinação do teor de umidade;

10º Passo: Repetir os passos 6 a 9 para obter pelo menos três determinações de teor de
umidade;

11º Passo: Calcular a média aritmética wm dos teores de umidade obtidos:

12º Passo: Calcular o valor ∆w, correspondente a 5% do valor de teor médio de umidade
calculado:

13º Passo: Calcular os desvios ∆wi dos teores de umidade em relação a média calculada. Se
cada ∆wi ≤ ∆w, então o limite de plasticidade é considerado igual a wm;

14º Passo: Para qualquer ∆wi > ∆w, desprezar o teor de umidade wi correspondente:

Desprezado algum valor wi, recalcular a média dos teores de umidades wi (se i<3,
repetir o ensaio).
- 56 -

7 RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos com o emprego das diferentes
técnicas nos materiais, rocha e solo, verificados na área urbana do município de Caxias do
Sul.

7.1 ANÁLISE QUÍMICA

A seguir, apresenta-se a tabela 1 com a composição química das cinco amostras de


rocha sã analisadas em seus elementos maiores por Fluorescência de Raios X. Essas amostras
foram coletadas em locais e cotas da região urbana de Caxias do Sul. Como primeira
constatação pode-se observar uma uniformidade na composição química destas rochas, em
particular, no que tange aos teores de SiO2, Al2O3 e TiO2.
Na tabela 1 estão discriminados também os teores percentuais dos demais elementos
maiores. A classificação química dessas análises pode ser apreciada na figura 15, em que
nota-se que todas as amostras, segundo a classificação TAS, caem no campo dos Dacitos.
As rochas ácidas de Caxias do Sul apresentam conteúdos de SiO2 entre 63,4% e
68,1%, TiO2 entre 0,88% e 1,04% e P2O3 da ordem de 0,20% e 0,28%. Os valores são
semelhantes aos apresentados para as ácidas do tipo Palmas. Considerando-se os teores de
TiO2 e P2O3 podemos agrupar essas rochas como pertencentes ao subtipo Caxias do Sul.
Analisando o diagrama TAS podemos separar essas rochas ácidas em três tipos:
Dacito Caxias, representado por triângulos vermelhos no diagrama; Dacito Canyon,
representado por losangos verdes; e o Dacito Forqueta, representado pelo quadrado preto.
Essas rochas além de possuírem pequenas diferenças em suas composições químicas
apresentam características petrográficas distintas, as quais são descritas na seção 7.2.
- 57 -

PTC 016 A PTC 022 A PTC 012 A PTC 011 A PTC 015 A
SiO2 63,7 65,8 66,6 63,4 68,1
Al2O3 13,15 13,43 13,08 14,71 12,53
Fe2O3 7,08 6,29 6,02 7,20 5,78
MnO 0,13 0,11 0,10 0,07 0,09
MgO 1,53 1,52 1,27 0,62 1,13
CaO 3,05 3,42 2,48 0,73 2,63
Na2O 3,04 3,18 2,84 1,52 2,82
K2O 3,84 3,94 4,38 5,15 4,06
TiO2 1,04 0,96 0,95 1,00 0,88
P2O5 0,28 0,27 0,26 0,20 0,24
Cr2O3 0,001 <0.001 <0.001 0,002 0,006
Ba 0,11 0,07 0,08 0,09 0,07
LOI 2,83 1,55 2,61 6,01 2,15
Total 99,78 100,54 100,67 100,70 100,49

Tabela 1. Resultados das análises químicas das rochas vulcânicas encontradas na área urbana de
Caxias do Sul.

Figura 15. Diagrama TAS (Álcalis totais x Sílica), (Le Bas et al. 1986). Classificação química das
rochas vulcânicas encontradas na área urbana de Caxias do Sul. Dacito Caxias: triângulos vermelhos;
Dacito Canyon: losangos verdes; Dacito Forqueta: quadrado preto.
- 58 -

7.2 PETROGRAFIA

Nesta seção serão apresentados os dados referentes às análises macroscópicas e


microscópicas das rochas.

7.2.1 Dacito Forqueta

Nomeado por Bressani, Flores e Nunes (2005) como Vitrófiro Forqueta, neste trabalho
será tratado como Dacito Forqueta. É uma unidade litológica que ocorre, com seus aspectos
mais característicos, por toda a extensão territorial da Região Administrativa de Forqueta, em
cotas comumente superiores a 730 m.
O aspecto predominante observado em campo é a existência de uma sutil estrutura de
fluxo magmático, que define bandas com coloração que variam de cinza esverdeada a cinza
muito escura.

Lâmina PTC – 015 A e PTC 032 A

Em lâmina delgada observa-se uma estrutura de fluxo marcada pela orientação dos
micrólitos que constituem a matriz, evidenciada por forte alteração. A textura geral da rocha é
microporfirítica, e de forma muito localizada ocorrem agregados glomeroporfiríticos. É
constituída por uma matriz fina a semi-vítrea, em um estágio de desvitrificação que confere a
rocha uma textura granofírica (Fig. 16 B), composta de micrólitos ripidiformes de
plagioclásio e minerais opacos, por fenocristais de plagioclásio e piroxênio (Fig. 16 A).
Ocorrem fraturas paralelas à estrutura de fluxo, preenchidas por quartzo e com alteração ao
longo de sua extensão (Fig. 16 C e D).
A matriz é composta principalmente por micrólitos de plagioclásio com
intercrescimento com o quartzo devido ao processo de desvitrificação. Os fenocristais
ocorrem de forma disseminada na rocha, são constituídos principalmente por plagioclásio e
piroxênio, ocorrendo também alguns opacos. Os fenocristais de plagioclásio possuem em
média 0,5 – 1 mm, variam de subédricos a euédricos, e possuem hábito prismático e
comumente apresentam macla polissindética. Os fenocristais de piroxênio ocorrem de
maneira dispersa, possuem tamanho médio de 0,5 mm, são euédricos, de hábito prismático.
Muitas vezes ocorrem alterados, substituídos por clorita. Os opacos ocorrem principalmente
como pequenos cristais de hábito cúbico inclusos em alguns fenocristais de plagioclásio e
- 59 -

piroxênio. Ocorrem ainda, de forma mais rara, como fenocristais euédricos e fortemente
oxidados.

Figura 16. Lâmina PTC 015 A; A – fenocristais de plagioclásio e piroxênio; B – porção superior da
imagem com maior cristalização e porção superior com desvitrificação incipiente; C e D - fraturas
paralelas à estrutura de fluxo, preenchidas por quartzo e com alteração ao longo de sua extensão.

7.2.2 Dacito Caxias

O Dacito Caxias ocorre em cotas normalmente superiores a 640 m, sendo assim


nomeado por Bressani, Flores e Nunes (2005) por ocorrer em seus aspectos mais
característicos na região central da cidade. Essa denominação será mantida neste trabalho.
A rocha tem uma coloração predominantemente cinza oliva clara e granulação média.
São observadas ocorrências de estratos tabulares sub-horizontais na porção basal dessa
unidade com espessuras de 5 a 30 cm, que desenvolvem uma alteração esferoidal
característica desse derrame.
- 60 -

Lâmina PTC – 016 A e 022 A

A rocha tem uma textura equigranular com granulação fina a média e uma estrutura
dominantemente maciça e localmente é perceptível uma intercalação de porções de textura
granofírica com porções faneríticas, com as fases minerais bem diferenciadas. Ocorrem de
forma dispersa na rocha, alguns agregados constituídos principalmente por fenocristais de
plagioclásio e piroxênio, que caracterizam a textura do tipo glomeroporfirítica (Fig. 17 A e
B).
A textura dominante é microporfirítica e de forma localizada ocorre textura
glomeroporfirítica. Apresenta intensa alteração das fases máficas. A matriz é composta
principalmente por micrólitos de plagioclásio. Estes cristais possuem hábito prismático,
variam de subédricos a euédricos e possuem macla polissindética. Nos espaços intersticiais
existentes entre os cristais de plagioclásio que constituem a matriz, ocorrem minerais opacos
residuais de hábito dendróide originados da desvitrificação. Ocorrem também alguns minerais
opacos, piroxênios e plagioclásios de forma disseminada na matriz e poucos fenocristais de
plagioclásio e piroxênio. Os fenocristais de plagioclásio possuem aproximadamente 1 – 1,5
mm em média, variam de subédricos a euédricos, e possuem hábito prismático (Fig. 17 C).
Em muitos casos possuem uma grande alteração para mica branca. Ocorrem ainda como
fenocristais alguns piroxênios, que variam entre 1 - 2 mm, são euédricos e de hábito
prismático.
- 61 -

Figura 17. Lâmina PTC 022 A; A e B - textura glomeroporfirítica formada por fenocristais de
plagioclásio e piroxênio; C – fenocristais de plagioclásio em uma matriz de desvitrificação.

7.2.3 Dacito Canyon

O Dacito Canyon ocorre em cotas baixas (normalmente inferiores a 640 m), sendo
assim chamado por Bressani, Flores e Nunes (2005) devido ao fato de uma das principais e
mais características ocorrências dessa litologia ser encontrada no vale que define o bairro
Canyon. Essa denominação será mantida neste trabalho.
Esse derrame caracteriza-se pela presença de estruturas de fluxo subvertical, que
definem bandas com coloração que variam de cinza escura a marrom-avermelhada. A
diferença de coloração é relacionada ao estado de oxidação da rocha, sendo que na maior
parte das vezes ela aparece alterada, e quando sã tem cor cinza escura.

Lâmina PTC – 011 A

A rocha apresenta uma forte oxidação dos minerais opacos e máficos que a compõem,
adquirindo uma coloração geral avermelhada. A textura da rocha é porfirítica, podendo ser
chamada de felsofírica por se tratar de uma matriz formada pelo intercrescimento de
- 62 -

plagioclásio e quartzo. A matriz tem textura fina e é possível observar a presença de


micrólitos ripidiformes de plagioclásio, algum quartzo intersticial e minerais opacos residuais,
que estão totalmente oxidados (Fig. 18 A e B). Ocorrem poucos fenocristais, constituídos
principalmente por plagioclásio, e mais raramente piroxênio e opacos (Fig. 18 C).
A matriz é composta principalmente por micrólitos de plagioclásio. Nos espaços
intersticiais existentes entre os micrólitos ocorre algum quartzo residual, e principalmente
minerais opacos, que apresentam hábito dendróide a acicular, que estão totalmente oxidados,
e são responsáveis pela coloração avermelhada característica da rocha. Os fenocristais de
plagioclásio ocorrem de maneira disseminada na matriz e possuem em média 0,1 mm,
variando de subédricos a euédricos. Os fenocristais de piroxênio ocorrem pervasivamente
alterados, possuem tamanhos médios de 0,5 mm, são euédricos, de hábito prismático. Os
opacos ocorrem euédricos, medindo até 0,3 mm, totalmente oxidados.

Figura 18. Lâmina PTC 011 A; A e B – matriz tem textura fina e é possível observar a presença de
micrólitos ripidiformes de plagioclásio; C – raros fenocristais.
- 63 -

7.3 DIFRATOMETRIA POR RAIOS X

Na Difratometria por Raios X identificou-se a composição mineralógica dos solos. Os


minerais podem ser separados em minerais primários e minerais secundários, sendo o
conhecimento destes, importante, pois, a presença de micas, argilo-minerais e húmus
determinam à plasticidade de um solo.
Os minerais primários são representados por quartzo, que é praticamente inalterável;
os feldspatos, que permitem determinar um grau de evolução dos solos, quanto mais
feldspatos, menos evoluídos os solos; além de minerais ferromagnesianos (MACIEL FILHO,
C. L. 1997).
Os minerais secundários são os argilo-minerais, os silicatos não cristalinos, óxidos e
hidróxidos de ferro e alumínio e carbonato. Os de maior importância aqui encontrados são os
minerais de argila.
Os minerais de argila têm grande importância no solo devido ao fato de serem colóides
eletronegativos com capacidade de absorção, retenção de água e troca de cátions; suscetíveis
de dispersão e floculação; têm poder tamponizante e possuem propriedades de plasticidade,
adesividade, tenacidade no estado seco, variação do volume consoante ao teor de água
(MACIEL FILHO, C. L. 1997).
Os três principais grupos de minerais de argila encontrados nestes solos são as
caolinitas, esmectitas e ilitas.
A caolinita tem carga elétrica negativa e um fraco poder de retenção de água, quando
comparado com os demais grupos; por praticamente não apresentar expansibilidade não tem
grande importância e influência no comportamento geotécnico do solo.
A esmectita possui carga elétrica, alto poder de retenção de água e expansibilidade
elevada; por isso tem grande influência no comportamento dos solos. Caracteriazam-se por
apresentar em sua estrutura moléculas de água entre as unidades estruturais (2 : 1) e, como a
água penetra com grande facilidade entre essas camadas, as esmectitas são de fácil dispersão
na água, grande expansão e alta plasticidade.
As ilitas possuem sua unidade estrutural básica similar a das esmectitas, tendo os
átomos de silício das camadas de sílica parcialmente substituídos por alumínio e cátions de K
dispostos entre as unidades superpostas. Quando, nas ilitas, a substituição do silício for
pequena, as ligações entre as unidades superpostas proporcionadas pelos cátions K ficam
deficientes, permitindo a entrada de água, fazendo com que suas propriedades aproximem-se
- 64 -

as das esmectitas. A ilita tem propriedades intermediárias entre a caolinita e a esmectita,


adquirindo assim uma relativa importância no comportamento dos solos.
As vermiculitas também aparecem, embora sejam menos abundantes no solo, e tem
estrutura semelhante à biotita, porém são hidratadas. Têm como principal característica o fato
de sofrer expansão quando é submetida a temperaturas acima de 900 ºC. Nessa temperatura a
água de hidratação contida entre as suas lâminas (2 : 1) se transforma em vapor, expulsando-a,
formando flocos. A esfoliação (piroexpansão) provoca um aumento de até 30 vezes o volume
inicial.
A seguir são apresentados os difratogramas para os solos da área urbana de Caxias do
Sul, figuras 19 (solo Forqueta), 20 (solo Caxias), 21 (solo Caxias) e 22 (solo Canyon).
- 65 -

Figura 19. Difratograma de Raios X, solo Forqueta, amostra PTC 001 B, cota 736 m. A – rocha total;
B – fração < 2 µm.
- 66 -

Figura 20. Difratograma de Raios X, solo Caxias, amostra PTC 036 A. A – rocha total; B – fração <
2 µm.
- 67 -

Figura 21. Difratograma de Raios X, solo Caxias, amostra PTC 013 B, cota 640 m. A – rocha total; B
– fração < 2 µm.
- 68 -

Figura 22. Difratograma de Raios X, solo Canyon, amostra PTC 037 A. A – rocha total; B – fração <
2 µm.
- 69 -

7.4 ENSAIOS GEOTÉCNICOS

São apresentados aqui os resultados dos ensaios geotécnicos realizados sobre amostras
selecionadas e utilizados para classificação dos solos, conhecidos como ensaios de
caracterização (ensaios de granulometria, peso específico real dos grãos (γs), ensaios de limite
de liquidez (LL) e ensaios de limite de plasticidade (LP)).

7.4.1 Granulometria por Sedimentação e Peneiramento

As tabelas 2 e 3 apresentam os resultados dos ensaios granulométricos por


sedimentação e peneiramento, respectivamente, em amostra de solo saprolítico do Dacito
Forqueta.

UMIDADE
Amostra: PTC 001 B
Com defloculante Wc+s+w (gf) 65,05 65,05
Proveta 02- com defloculante: Wc+s (gf): 63,86 63,86
a = -185x + 201.83
(1as três leituras) Wc (gf): 21,48 21,48
a´ = -184.15x + 200.12
(demais leituras) w (%): 2,808 2,808
Densímetro 5842/05 - com defloculante: wmédia (%): 2,808 2,808
2
y = -5E-06x - 0.00002x + 1,0061
SEDIMENTAÇÃO
Peso seco
P. Espec. R. dos Grãos (g/cm3): 2,707 Peso úmido (gf): 77,72 (gf): 75,6
Tempo Altura
Temperatura Viscosidade Densidade Correção Queda Diâmetro (%)
Decorrido
(ºC) (g.s/cm2 ) L Ld (cm) (mm) < Diâmetro
45 s 26 8,93564E-06 1,044 1,0022 8,69 0,0427 87,29
1,08 min 26 8,93564E-06 1,0438 1,0022 8,73 0,0356 86,87
2 min 26 8,93564E-06 1,0432 1,0022 8,84 0,0263 85,62
5 min 26 8,93564E-06 1,0427 1,0022 8,11 0,016 84,57
10 min 26 8,93564E-06 1,0412 1,0022 8,38 0,0115 81,44
20 min 26 8,93564E-06 1,0405 1,0022 8,51 0,0082 79,98
40 min 26 8,93564E-06 1,0395 1,0022 8,7 0,0058 77,89
80 min 25,6 9,01594E-06 1,0386 1,00231 8,86 0,0042 75,78
240 min 25 9,13853E-06 1,0371 1,00248 9,14 0,0025 72,29
1444 min 25,5 9,0362E-06 1,0351 1,00234 9,51 0,001 68,41

Tabela 2. Análise granulométrica por sedimentação do solo Forqueta, amostra PTC 001 B, cota 736
m.
- 70 -

PENEIRAMENTO
Wt #10 (gf): 77,72 Wt #4 (gf): 784,41
Ws #10 (gf): 75,6 Ws #4 (gf): 762,99
Mat.
Peneiras Retido Material que passa (gf) (%)
Nº mm (gf) Parcial Total Passante
1 1/2" 38,1 0 0 100
1" 25,4 0 0 100
3/4" 19,1 0 0 100
3/8" 9,5 0 0 100
4 4,8 0,49 762,5 99,94
10 2 2,92 759,58 99,55
20 0,84 1,07 74,53 98,14
30 0,6 1,26 73,27 96,48
40 0,42 1,46 71,81 94,56
60 0,25 1,05 70,76 93,18
100 0,15 1,67 69,09 90,98
200 0,075 1,22 67,87 89,37

Tabela 3. Análise granulométrica por peneiramento do solo Forqueta, amostra PTC 001 B, cota 736
m.

Na figura 23 apresenta-se a curva de distribuição granulométrica obtida a partir dos


dados das tabelas 2 e 3. A curva de distribuição granulométrica revela o notório predomínio
da fração argila no solo Forqueta.

Figura 23. Gráfico da distribuição granulométrica do solo Forqueta, amostra PTC 001 B, cota 736 m.
- 71 -

A tabela 4 apresenta os valores das percentagens das frações do material passante do


solo Forqueta. Esta tabela foi obtida através da análise da curva de distribuição
granulométrica do material (Fig. 23).

(%) PASSANTE
Argila: 71,5
Silte: 17
Areia Fina: 3,5
Areia Média: 3
Areia Grossa: 4
Pedregulho: 1

Tabela 4. Porcentagem de fração do material passante do solo Forqueta, amostra PTC 001 B, cota
736 m.

As tabelas 5 e 6 apresentam os resultados dos ensaios granulométricos por


sedimentação e peneiramento, respectivamente, em amostra de solo saprolítico do Dacito
Caxias.

UMIDADE
Amostra: PTC 013 B
Com defloculante Wc+s+w (gf) 64,64 52,16
Proveta 02- com defloculante: Wc+s (gf): 62,94 50,01
a = -185x + 201.83
(1as três leituras) Wc (gf): 23,17 21,48
a´ = -184.15x + 200.12
(demais leituras) w (%): 4,275 7,536
Densímetro 5842/05 - com defloculante: wmédia (%): 4,275 7,536
2
y = -5E-06x - 0.00002x + 1,0061
SEDIMENTAÇÃO
Peso
P. Espec. R. dos Grãos (g/cm3): 2,637 Peso úmido (gf): 81,12 seco (gf): 77,79
Tempo Temperatura Viscosidade Densidade Correção Altura Queda Diâmetro (%)
<
2
Decorrido (ºC) (g.s/cm ) L Ld (cm) (mm) Diâmetro
40 s 26 8,936E-06 1,041 1,0022 9,25 0,0477 78,6
1 min 26 8,936E-06 1,04 1,0022 9,43 0,0393 76,58
2 min 26 8,936E-06 1,039 1,0022 9,62 0,0281 74,55
5 min 26 8,936E-06 1,0378 1,0022 9,01 0,0172 72,12
10 min 25,8 8,976E-06 1,037 1,00226 9,16 0,0123 70,38
20 min 25,8 8,976E-06 1,036 1,00226 9,34 0,0088 68,35
40 min 25,6 9,016E-06 1,0345 1,00231 9,62 0,0063 65,21
80 min 24,9 9,159E-06 1,0329 1,0025 9,91 0,0046 61,59
205 min 24 9,349E-06 1,031 1,00274 10,26 0,0029 57,25
1448 min 23,8 9,392E-06 1,0271 1,00279 10,98 0,0011 49,25

Tabela 5. Análise granulométrica por sedimentação do solo Caxias, amostra PTC 013 B, cota 640 m.
- 72 -

PENEIRAMENTO

Wt #10 (gf): 81,12 Wt #4 (gf): 923

Ws #10 (gf): 77,79 Ws #4 (gf): 858,32


Mat. Material que passa (gf)
Peneiras Retido (%)

Nº mm (gf) Parcial Total Passante

1 1/2" 38,1 100

1" 25,4 100

3/4" 19,1 100

3/8" 9,5 5,73 852,59 99,33

4 4,8 4,46 848,13 98,81

10 2 8,44 839,69 97,83

20 0,84 3,28 74,51 93,71

30 0,6 1,72 72,79 91,54

40 0,42 1,16 71,63 90,08

60 0,25 1,06 70,57 88,75

100 0,15 1,83 68,74 86,45

200 0,075 2,94 65,8 82,75

Tabela 6. Análise granulométrica por peneiramento do solo Caxias, amostra PTC 013 B, cota 640 m.

Na figura 24 apresenta-se a curva de distribuição granulométrica obtida a partir dos


dados das tabelas 5 e 6.

Figura 24. Gráfico da distribuição granulométrica do solo Caxias, amostra PTC 013 B, cota 640 m.
- 73 -

A tabela 7 apresenta os valores das percentagens das frações do material passante do


solo Caxias. Esta tabela foi obtida através da análise da curva de distribuição granulométrica
do material (Fig. 24).

(%) PASSANTE

Argila: 54

Silte: 27

Areia Fina: 7

Areia Média: 3

Areia Grossa: 7

Pedregulho: 2

Tabela 7. Porcentagem de fração do material passante do solo Caxias, amostra PTC 013 B, cota 640
m.

As tabelas 8 e 9 apresentam os resultados dos ensaios granulométricos por


sedimentação e peneiramento, respectivamente, em amostra de solo saprolítico do Dacito
Canyon.

UMIDADE
Amostra: PTC 037 A
Com defloculante Wc+s+w (gf) 67,12 57,99
Proveta 02- com defloculante: Wc+s (gf): 65,06 55,87
a = -185x + 201.83
(1as três leituras) Wc (gf): 33,58 22,47
a´ = -184.15x + 200.12
(demais leituras) w (%): 6,544 6,347
Densímetro 5842/05 - com defloculante: wmédia (%): 6,446
y = -5E-06x2 - 0.00002x + 1,0061
SEDIMENTAÇÃO
Peso
3
P. Espec. R. dos Grãos (g/cm ): 2,692 Peso úmido (gf): 78 seco (gf): 73,28
Tempo Altura
Temperatura Viscosidade Densidade Correção Queda Diâmetro (%)
Decorrido
(ºC) (g.s/cm2 ) L Ld (cm) (mm) < Diâmetro
60 s 27,5 8,64423E-06 1,0365 1,00177 10,08 0,0393 73,62
2 min 27,5 8,64423E-06 1,035 1,00177 10,36 0,0282 70,44
3 min 27,5 8,64423E-06 1,034 1,00177 10,54 0,0232 68,32
5 min 27,5 8,64423E-06 1,0325 1,00177 9,99 0,0175 65,14
10 min 27,2 8,70132E-06 1,0315 1,00186 10,17 0,0125 62,83
20 min 27,2 8,70132E-06 1,0305 1,00186 10,35 0,0089 60,71
40 min 27 8,7397E-06 1,029 1,00192 10,63 0,0064 57,4
80 min 26,8 8,77835E-06 1,0279 1,00197 10,83 0,0046 54,96
205 min 26,1 8,91574E-06 1,0263 1,00217 11,13 0,0029 51,15
1440 min 26 8,93564E-06 1,0234 1,0022 11,66 0,0011 44,94

Tabela 8. Análise granulométrica por sedimentação do solo Canyon, amostra PTC 037 A.
- 74 -

PENEIRAMENTO

Wt #10 (gf): 78 Wt #4 (gf): 623,26

Ws #10 (gf): 73,28 Ws #4 (gf): 585,52


Mat.
Peneiras Retido Material que passa (gf) (%)

Nº mm (gf) Parcial Total Passante

1 1/2" 38,1 100

1" 25,4 100

3/4" 19,1 100

3/8" 9,5 3,33 582,19 99,43

4 4,8 6,67 575,52 98,29

10 2 3,86 571,66 97,63

20 0,84 0,39 72,89 97,11

30 0,6 0,88 72,01 95,94

40 0,42 1,73 70,28 93,63

60 0,25 1,85 68,43 91,17

100 0,15 4,07 64,36 85,75

200 0,075 4,37 59,99 79,92

Tabela 9. Análise granulométrica por peneiramento do solo Canyon, amostra PTC 037 A.

Na figura 25 apresenta-se a curva de distribuição granulométrica obtida a partir dos


dados das tabelas 8 e 9.

Figura 25. Gráfico da distribuição granulométrica do solo Canyon, amostra PTC 037 A.
- 75 -

A tabela 10 apresenta os valores das percentagens das frações do material passante do


solo Canyon. Esta tabela foi obtida através da análise da curva de distribuição granulométrica
do material (Fig. 25).

(%) PASSANTE

Argila: 49

Silte: 29

Areia Fina: 11

Areia Média: 7

Areia Grossa: 1,5

Pedregulho: 2,5

Tabela 10. Porcentagem de fração do material passante do solo Canyon, amostra PTC 037 A.

7.4.2 Peso Específico Real dos Grãos

O ensaio de peso específico real dos grãos é uma etapa necessária para a determinação
da curva granulométrica dos solos (Fig. 23, 24 e 25). Nas tabelas 11, 12 e 13 são apresentados
os valores das leituras dos ensaios de determinação do peso específico em amostras dos solos
Forqueta, Caxias e Canyon, respectivamente.

Picnômetro No (1 ou 2) 2 2 2 2 2
o
Temperatura do Pic. + Solo + Água ( C) T 31,5 26,8 18 15,2 26
Solo Úmido (gf) Wh 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Picnômetro + Água (Calibração) (gf) Ww = f(T) 640,72 641,41 642,36 642,57 641,52
Picnômetro + Água + Solo (gf) Wws 675,61 676,43 677,57 677,87 676,59
Solo Seco (gf) Ws 55,58 55,58 55,58 55,58 55,58
Água Deslocada Ww + Ws -Wws 20,69 20,56 20,37 20,28 20,51
Peso Específico da água em T (g/cm3) 0,9953 0,9967 0,9987 0,9992 0,9969

Peso Específico Real dos Grãos (g/cm3 ) s= Ws* a/(Ww+Ws-WWS) 2,673 2,694 2,725 2,739 2,702
3
Média s (kN/m ) 26,54
Picnômetro 01 Picnômetro 02 2,707
y = -0.0028x2 + 0.0185x + 627.63 y =-0.0029x2 + 0.0222x + 642.9

Tabela 11. Análise do peso específico real dos grãos do solo saprolítico Forqueta, amostra PTC 001
B, cota 736 m.
- 76 -

Picnômetro No (1 ou 2) 2 2 2 2 2 2 2
Temperatura do Pic. + Solo + Água (oC) T 31,5 29 20,2 17,2 14,9 13,9 29,2
Solo Úmido (gf) Wh 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Picnômetro + Água (Calibração) (gf) Ww = f(T) 640,72 641,10 642,17 642,42 642,59 642,65 641,08
Picnômetro + Água + Solo (gf) Wws 673,28 673,81 674,76 675,23 675,33 675,45 673,97
Solo Seco (gf) Ws 52,65 52,65 52,65 52,65 52,65 52,65 52,65
Água Deslocada Ww + Ws -Wws 20,09 19,94 20,06 19,84 19,91 19,85 19,76
Peso Específico da água em T (g/cm3 ) 0,9953 0,9961 0,9983 0,9988 0,9992 0,9993 0,9960
3
Peso Específico Real dos Grãos (g/cm ) s= Ws* a/(Ww+Ws-WWS) 2,608 2,629 2,621 2,650 2,643 2,651 2,654
3
Média s (kN/m ) 25,85
Picnômetro 01 Picnômetro 02 2,637

y = -0.0028x2 + 0.0185x + 627.63 y =-0.0029x2 + 0.0222x + 642.9

Tabela 12. Análise do peso específico real dos grãos do solo saprolítico Caxias, amostra PTC 013 B,
cota 640 m.

Picnômetro No (2 OU 6) 6 6 6 6 6 6 6
Temperatura do Pic. + Solo + Água (oC) T 41,0 36,2 33 21,3 18,5 16,1 25,2
Solo Úmido (gf) Wh 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Picnômetro + Água (Calibração) (gf) Ww = f(T) 654,77 655,66 656,19 657,76 658,05 658,26 657,30
Picnômetro + Água + Solo (gf) Wws 686,29 687,28 687,75 689,27 689,63 689,87 688,84
Solo Seco (gf) Ws 50,14 50,14 50,14 50,14 50,14 50,14 50,14
Água Deslocada Ww + Ws -Wws 18,62 18,52 18,58 18,63 18,56 18,53 18,60
Peso Específico da água em T (g/cm3 ) 0,9919 0,9937 0,9948 0,9980 0,9986 0,9990 0,9971
Peso Específico Real dos Grãos (g/cm3) s= Ws* a/(Ww+Ws-WWS) 2,670 2,691 2,684 2,686 2,698 2,703 2,687

3
Média s (kN/m ) 26,39

Picnômetro 06 Picnômetro 02 2,692

y = -0.0022x2 - 0.0146x + 659.07 y =-0.0029x2 + 0.0222x + 642.9

Tabela 13. Análise do peso específico real dos grãos do solo saprolítico Canyon, amostra PTC 037 A.

7.4.3 Ensaios de Limite de Liquidez (LL) e Limite de Plasticidade (LP)

Nas tabelas 14 e 15 são apresentados os resultados dos ensaios de limite de liquidez


(LL) e limite de plasticidade (LP) em amostra do solo Forqueta. A figura 26 é a representação
gráfica dos valores especificados na tabela 14, em que se apresenta a reta que define a relação
entre os teores de umidade e o número de golpes necessários para o fechamento da ranhura no
solo no equipamento de Casagrande.
- 77 -

Limite de Liquidez

Nº de golpes 28 25 19 21 12
Nº da cápsula 64 104 17 74 8
Peso total úmido (gf) 44,46 36,82 37,44 37,52 34,25
Peso total seco (gf) 40,08 31,46 31,09 31,47 29,28
Peso da cápsula (gf) 33,58 23,73 22,45 23,16 22,96
Peso da água (gf) 4,38 5,36 6,35 6,05 4,97
Peso do solo seco (gf) 6,5 7,73 8,64 8,31 6,32
Umidade (%) 67,38 69,34 73,50 72,80 78,64

Tabela 14. Resultado do Limite de Liquidez do solo saprolítico Forqueta, amostra PTC 001 B, cota
736 m.

Figura 26. Gráfico Teor de Umidade x log de Golpes (Limite de Liquidez) do solo saprolítico
Forqueta, amostra PTC 001 B, cota 736 m.
- 78 -

Limite de Plasticidade

Nº da cápsula 6 64 8 74 75
Peso total úmido (gf) 24,65 34,65 24,13 24,29 34,73
Peso total seco (gf) 24,09 34,26 23,7 23,86 34,19
Peso da cápsula (gf) 23,17 33,58 22,96 23,16 33,28
Peso da água (gf) 0,56 0,39 0,43 0,43 0,54
Peso do solo seco (gf) 0,92 0,68 0,74 0,7 0,91
Teor de Umidade (%) 60,87 57,35 58,11 61,43 59,34
w média 59,42 w máximo 62,39
nº dados 5 w mínimo 56,45

Tabela 15. Resultado do Limite de Plasticidade do solo saprolítico Forqueta, amostra PTC 001 B,
cota 736 m.

A tabela 16 apresenta os valores do Índice de Plasticidade referente ao solo Forqueta,


obtidos a partir dos resultados alcançados nos Limites de Liquidez e Plasticidade.

Limite de Plasticidade (%) 59,4


Limite de Liquidez (%) 69,5
Índice de Plasticidade (%) 10,1

Tabela 16. Resultado do Índice de Plasticidade do solo saprolítico Forqueta, amostra PTC 001 B,
cota 736 m.

Nas tabelas 17 e 18 são apresentados os resultados dos ensaios de limite de liquidez


(LL) e limite de plasticidade (LP) em amostra do solo Caxias. A figura 27 é a representação
gráfica dos valores especificados na tabela 17, em que se apresenta a reta que define a relação
entre os teores de umidade e o número de golpes necessários para o fechamento da ranhura no
solo no equipamento de Casagrande.

Limite de Liquidez

Nº de golpes 32 29 28 25 22 16
Nº da cápsula 8 104 75 64 16 17
Peso total úmido (gf) 33,48 35,94 47,57 43,75 39,8 34,33
Peso total seco (gf) 29,63 31,44 42,27 39,94 34,93 29,71
Peso da cápsula (gf) 22,96 23,73 33,28 33,58 26,97 22,45
Peso da água (gf) 3,85 4,5 5,3 3,81 4,87 4,62
Peso do solo seco (gf) 6,67 7,71 8,99 6,36 7,96 7,26
Umidade (%) 57,72 58,37 58,95 59,91 61,18 63,64

Tabela 17. Resultado do Limite de Liquidez do solo saprolítico Caxias, amostra PTC 013 B, cota 640
m.
- 79 -

Figura 27. Gráfico Teor de Umidade x log de Golpes (Limite de Liquidez) do solo saprolítico Caxias,
amostra PTC 013 B, cota 640 m.

Limite de Plasticidade

Nº da cápsula 31 16 30 1
Peso total úmido (gf) 24,11 28,24 24,36 24,01
Peso total seco (gf) 23,71 27,92 23,99 23,73
Peso da cápsula (gf) 22,47 26,95 22,86 22,85
Peso da água (gf) 0,4 0,32 0,37 0,28
Peso do solo seco (gf) 1,24 0,97 1,13 0,88
Teor de Umidade (%) 32,26 32,99 32,74 31,82
w média 32,45 w máximo 34,07
nº dados 4 w mínimo 30,83

Tabela 18. Resultado do Limite de Plasticidade do solo saprolítico Caxias, amostra PTC 013 B, cota
640 m.

A tabela 19 apresenta os valores do Índice de Plasticidade referente ao solo Caxias,


obtidos a partir dos resultados alcançados nos Limites de Liquidez e Plasticidade.
- 80 -

Limite de Plasticidade (%) 32,5


Limite de Liquidez (%) 59,9
Índice de Plasticidade (%) 27,4

Tabela 19. Resultado do Índice de Plasticidade do solo saprolítico Caxias, amostra PTC 013 B, cota
640 m.

Nas tabelas 20 e 21 são apresentados os resultados dos ensaios de limite de liquidez


(LL) e limite de plasticidade (LP) em amostra do solo Canyon. A figura 28 é a representação
gráfica dos valores especificados na tabela 20, em que se apresenta a reta que define a relação
entre os teores de umidade e o número de golpes necessários para o fechamento da ranhura no
solo no equipamento de Casagrande.

Limite de Liquidez

Nº de golpes 33 32 28 24 20 16 14
Nº da cápsula 8 75 17 1 2A 104 64
Peso total úmido (gf) 35,47 42,25 31,78 35,79 33,94 35,24 46,31
Peso total seco (gf) 30,42 38,62 27,94 30,39 28,64 30,27 40,75
Peso da cápsula (gf) 22,96 33,28 22,45 22,85 21,4 23,7 33,58
Peso da água (gf) 5,05 3,63 3,84 5,4 5,3 4,97 5,56
Peso do solo seco (gf) 7,46 5,34 5,49 7,54 7,24 6,57 7,17
Umidade (%) 67,69 67,98 69,95 71,62 73,20 75,65 77,55

Tabela 20. Resultado do Limite de Liquidez do solo saprolítico Canyon, amostra PTC 037 A.
- 81 -

Figura 28. Gráfico Teor de Umidade x log de Golpes (Limite de Liquidez) do solo saprolítico
Canyon, amostra PTC 037 A.

Limite de Plasticidade

Nº da cápsula 30 31 74
Peso total úmido (gf) 24 23,57 24,32
Peso total seco (gf) 23,64 23,23 23,96
Peso da cápsula (gf) 22,86 22,47 23,16
Peso da água (gf) 0,36 0,34 0,36
Peso do solo seco (gf) 0,78 0,76 0,8
Teor de Umidade (%) 46,15 44,74 45,00
w média 45,30 w máximo 47,56
nº dados 3 w mínimo 43,03

Tabela 21. Resultado do Limite de Plasticidade do solo saprolítico Canyon, amostra PTC 037 A.

A tabela 22 apresenta os valores do Índice de Plasticidade referente ao solo Canyon,


obtidos a partir dos resultados alcançados nos Limites de Liquidez e Plasticidade.

Limite de Plasticidade (%) 45,3


Limite de Liquidez (%) 70,9
Índice de Plasticidade (%) 25,6

Tabela 22. Resultado do Índice de Plasticidade do solo saprolítico Canyon, amostra PTC 037 A.
- 82 -

8 DISCUSSÕES

Neste capítulo serão agrupados e discutidos os resultados expostos no capítulo anterior


de acordo com os solos identificados.

8.1 SOLO FORQUETA

O solo Forqueta ocorre em áreas mais planificadas da cidade, como a região do


aeroporto e na região administrativa de Forqueta, de onde saiu sua denominação pela sua
presença mais característica nessa localidade (BRESSANI, FLORES E NUNES, 2005). Esse
solo é originado da alteração do Dacito Forqueta, considerado como topo do Dacito Caxias
por Bressani, Flores e Nunes (2005), mas que nesse trabalho será tratado como um outro
derrame por apresentar diferenças texturais, estruturais e composicionais (capítulo 7)
importantes para a geotécnica.
O Dacito Forqueta apresenta uma estrutura de fluxo (Fig. 29) que causa uma
aceleração do intemperismo químico, alterando o material para um solo de coloração bruno-
avermelhado com bandas de alteração (Fig. 30). É composto mineralogicamente por quartzo,
hematita, caolinita e por argilo-minerais expansivos como a vermiculita (Fig. 19).
- 83 -

Figura 29. A – fotografia do Dacito Forqueta com estrutura de fluxo, ponto PTC 001; B – contato, ao
longo da VRS 834, entre o Dacito Forqueta e o solo, ponto PTC 002.
- 84 -

A curva de distribuição granulométrica do solo Forqueta (Fig. 23) revela o notório


predomínio da fração argila nesse material, com um percentual de cerca de 71,5% de material
de granulometria argila e apenas 17% de fração silte e 11,5% de fração maior ou igual a areia.
Em relação aos parâmetros de plasticidade se obteve para esse solo valores de 69,5% de limite
de liquidez e 59,4% de limite de plasticidade. Esses dados podem ser comparados na tabela
23.
O solo Forqueta é um solo argiloso e apresentou uma plasticidade média,
provavelmente devido à ocorrência dos argilo-minerais expansivos.

Figura 30. A – corte em estrada vicinal a VRS 834, nota-se a coloração bruno-avermelhado do solo
Forqueta, ponto PTC 001; B – solo Forqueta com resquícios da estrutura de fluxo, ponto PTC 001.

8.2 SOLO CAXIAS

O solo Caxias tem uma extensa área de ocorrência, recobrindo principalmente a região
central da cidade e grande parte da área ao sul do centro. Sua nomenclatura foi definida
anteriormente por Bressani, Flores e Nunes (2005) e será mantida neste trabalho.
Esse solo tem coloração que varia do cinza a levemente avermelhados, com estruturas
estratificadas horizontais geralmente visíveis. É originado da alteração da porção mediana do
Dacito Caxias, derrame que apresenta como características principais estratos tabulares sub-
horizontais na porção basal, que variam de 5 a 30 cm de espessura (Fig. 31), e, por vezes,
desenvolvem uma alteração esferoidal.
- 85 -

O solo Caxias é composto mineralogicamente por quartzo, plagioclásio, caolinita,


cristobalita e hematita além de argilo-minerais expansivos como esmectita, ilita e vermiculita
(Fig. 20 e 21).

Figura 31. A – Dacito Caxias com disjunção tabular visível, ponto PTC 013; B – vista geral de uma
antiga pedreira onde se observa o contato entre o Dacito Caxias e o solo, ponto PTC 013.

A curva de distribuição granulométrica do solo Caxias (Fig. 24) mostra que esse
material possui um percentual de cerca de 54% de material de granulometria argila e 27% de
fração silte e 19% de fração maior ou igual a areia. Em relação aos parâmetros de plasticidade
- 86 -

se obteve para esse solo valores de 59,9% de limite de liquidez e 32,5% de limite de
plasticidade. Esses dados podem ser comparados na tabela 23.
O solo Caxias é um solo argilo siltoso e apresentou uma plasticidade alta,
provavelmente devido à ocorrência dos argilo-minerais expansivos.

8.3 SOLO CANYON

O solo Canyon recobre uma área bastante extensa da região de Caxias do Sul. Sua
nomenclatura foi definida anteriormente por Bressani, Flores e Nunes (2005) em virtude de
seus afloramentos mais característicos ocorrerem na base do vale que define o bairro Canyon.
Este solo é originado da alteração do Dacito Canyon (Fig. 32).
O solo tem coloração que varia de vermelhos a bruno-avermelhados e um perfil de
solo característico espesso (5 a 8 metros) (Fig. 33). Pode conter em sua composição
mineralógica argilas expansivas como ilita e esmectita, além de caolinita, quartzo e hematita
(Fig. 22). A plasticidade deste solo está diretamente relacionada com a presença desses argilo-
minerais expansivos.

Figura 32. Dacito Canyon com coloração avermelhada devido à alteração, ponto PTC 008.

A curva de distribuição granulométrica do solo Canyon (Fig. 25) mostra que esse
material possui um percentual de cerca de 49% de material de granulometria argila e 29% de
fração silte e 11% de fração maior ou igual a areia. Em relação aos parâmetros de plasticidade
se obteve para esse solo valores de 70,9% de limite de liquidez e 45,3% de limite de
plasticidade. Esses dados podem ser comparados na tabela 23.
- 87 -

O solo Canyon é um solo argilo siltoso que apresentou uma alta plasticidade devido à
presença dessas argilas provavelmente originadas da alteração da porção vítrea superior do
Dacito Canyon. Esse solo tem grande importância para o mapeamento, pois diversos
acidentes geotécnicos já ocorreram em áreas recobertas por esse material.

Figura 33. A - Solo Canyon com coloração bem avermelhada, ponto PTC 007; B – Dacito Canyon
aflorando no leito do arroio Tega, ponto PTC 007.
- 88 -

GRANULOMETRIA (%) ÍNDICES DE PLASTICIDADE (%)


AMOSTRA IP/
(% argila)
ARGILA SILTE ≥ 0,06mm LL LP IP
Solo
71,5 17 11,5 69,5 59,5 10,0 0,10
Forqueta

Solo Caxias 54,0 27 19 60,0 32,5 27,5 0,51

Solo
49,0 29 22 71,0 45,5 25,5 0,52
Canyon

Tabela 23. Resumo dos resultados dos ensaios geotécnicos dos solos encontrados neste trabalho.

Segundo Bressani, Flores e Nunes (2005), outros dois tipos de solos são encontrados
na área urbana de Caxias do Sul (solos Ana Rech e Galópolis). Tais materiais não foram
abrangidos neste trabalho por encontrarem-se em cotas que não foram mapeadas nos trabalhos
de campo realizados.

8.4 SOLO ANA RECH

O solo Ana Rech ocorre em grande parte da área norte da cidade, principalmente em
regiões com cotas entre 780 m e 900 m. Seus afloramentos mais característicos ocorrem na
região administrativa de Ana Rech.
Esse solo é originado do Dacito Ana Rech e inclui a presença de horizontes B
incipientes e solos saprolíticos. Tem características arenosas a granulares grosseiros com
predominância da fração areia e silte. Por ocorrer em regiões aplainadas de cotas bastante
elevadas ocorre um favorecimento na oxidação do material, formando solos de cor Bruno-
amarelados com excelente resistência ao cisalhamento.
O solo Ana Rech tem comportamento não-plástico, apresentando problemas
geotécnicos somente nas transições com o solo Forqueta, posicionado abaixo na topografia.
Nesses locais a topografia torna-se ligeiramente íngreme ocorrendo risco geotécnico devido a
baixa resistência do material inferior.
- 89 -

8.5 SOLO GALÓPOLIS

Os solos Galópolis ocorrem em vales de cotas inferiores, entre 470 m e 600 m,


principalmente ao sul de Caxias do Sul. Sua ocorrência mais típica é na localidade de
Galópolis.
Esse solo é originado dos Dacitos Galópolis, e suas áreas de ocorrência são zonas de
grande declividade, encontrando-se geralmente misturado com materiais transportados de
cotas superiores. O solo Galópolis tem cor Bruno-avermelhado e comportamento plástico. Há
a presença de solos do horizonte B e solos saprolíticos próximos aos depósitos de colúvios.
Apresentam um grau de intemperismo acentuado, tanto por apresentarem uma mineralogia
especial quanto pelas condições favoráveis de umidade que ocorrem nestas regiões de cotas
baixas.

9 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O método de mapeamento de unidades geotécnicas, baseado no cruzamento dos dados


adquiridos com a análise qualitativa da geologia, geomorfologia e pedologia, mostrou-se
adequado para a área urbana de Caxias do Sul. Nesse trabalho foram mapeadas três Unidades
Geotécnicas, das cinco que ocorrem na área, que correspondem a grupos de solos de
comportamento semelhante entre si (granulometria e plasticidade) e originados da mesma
rocha.
Os contatos entre os materiais foram estabelecidos a partir da análise de fotografias
aéreas. Em campo pode-se observar alguns contatos bem nítidos entre os materiais de origem,
no entanto, observou-se alguns contatos transicionais por variação no intemperismo, o que
impediu uma definição clara do mesmo.
Os materiais de origem desses solos são rochas vulcânicas dacíticas com composições
químicas similares, que apresentam algumas importantes diferenças estruturais. O Dacito
Forqueta apresenta uma estrutura de fluxo bem marcada, evidenciada por bandas de diferente
coloração; o Dacito Caxias apresenta estratos tabulares sub-horizontais na sua porção basal; e
o Dacito Canyon é comumente encontrado com uma coloração avermelhada devido à
oxidação dos minerais opacos e quando não alterado pode-se observar uma estrutura de fluxo
subvertical, que definem bandas com coloração distinta.
- 90 -

Os solos observados e mapeados, originários desses dacitos, apresentaram resultados


bem definidos nos ensaios de limites de liquidez e plasticidade. Os solos Caxias e Canyon
apresentaram uma alta plasticidade, enquanto o solo Forqueta uma plasticidade baixa. Estas
diferenças têm reflexo direto no comportamento de engenharia dos solos, sendo importante
sua consideração na execução de obras de arrimo, escavações urbanas e fundações. Cabe
salientar que para se ter um estudo geológico-geotécnico profundo da área necessita-se de um
maior número possível de informações sobre o meio físico, tornando possível o controle sobre
as diversas variáveis que envolvem o processo de caracterização geotécnica dos materiais.
Assim, recomenda-se que sejam incorporadas a pesquisa apresentada, informações
referentes a estudos sobre parâmetros geotécnicos específicos como permeabilidade,
deformabilidade e resistência ao cisalhamento e estudos hidrogeológicos e pedológicos em
escalas compatíveis. Inspeções de campo, com uma maior coleta de amostras e análise desses
materiais por diferentes métodos, a fim de detalhar mais as suas composições e processos
atuantes sobre sua geração, associadas a uma detalhada investigação do subsolo, através de
métodos diretos e indiretos.
- 91 -

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Normas Técnicas, São Paulo.

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- 94 -

APÊNDICES

APÊNDICE 1 – TABELA DE PONTOS

PONTO UTM COTA ALTÍMETRO LITOLOGIA AMOSTRA


A (FORQUETA), B
PTC 001 472122 6772844 736 737 FORQUETA
(SOLO)

A (FORQUETA), B
PTC 002 472099 6773235 729 725 FORQUETA
(FORQUETA)

PTC 003 472033 6773519 715 714 FORQUETA A (FORQUETA)

PTC 004 472013 6773900 717 715 FORQUETA A (FORQUETA)

A (FORQUETA), B
PTC 005 473500 6775728 655 656 FORQUETA (FORQUETA), C
(FORQUETA)

473617 6775789 647 648 FORQUETA

A (CAXIAS,
PTC 006 473724 6775838 633 631 CAXIAS ROCHA
ALTERADA)
A (CANYON), B
PTC 007 474512 6776053 550 552 CANYON (SOLO), C
(CANYON)
PTC 040 473700 6775824 638 638
PTC 041 473925 6775894 614 614
PTC 042 473953 6775909 609 608 CAXIAS/CANYON
PTC 008 474005 6775929 600 601 CANYON A (CANYON)
PTC 009 474070 6776037 583 584 CANYON
PTC 010 475489 6775155 590 591 CANYON A (CANYON)
PTC 011 475103 6775674 570 569 CANYON A (CANYON)
PTC 012 480022 6779087 607 610 CAXIAS A (CAXIAS)
PTC 043 480024 6779064 640 642 CAXIAS
PTC 044 479806 6779185 627 629 CAXIAS
A (CAXIAS), B
PTC 013 479368 6779223 640 641 CAXIAS
(SOLO)
PTC 014 478873 6779783 612 612 CAXIAS/CANYON
PTC 015 478980 6779620 621 622 FORQUETA A (FORQUETA)
A (CAXIAS), B
PTC 016 489061 6777791 777 724 CAXIAS
(SOLO)
PTC 017 489730 6777515 741 730 CAXIAS A (CAXIAS)
PTC 018 490009 6777483 732 736 FORQUETA A (FORQUETA)
PTC 019 490166 6777491 733 732 FORQUETA A (FORQUETA)
PTC 020 490255 6777530 728 729 CAXIAS A (CAXIAS)
PTC 021 490304 6777584 727 726 CAXIAS A (CAXIAS)
PTC 022 491160 6777238 711 711 CAXIAS A (CAXIAS)
PTC 023 491014 6777074 696 696 CAXIAS A (CAXIAS)
PTC 024 491410 6776681 683 684 CAXIAS/CANYON
- 95 -

PTC 025 491356 6776539 674 675 CANYON A (CANYON)


A (CANYON), B
PTC 026 491406 6776293 657 656 CANYON
(SOLO)
PTC 027 487274 6769101 736 737 A (CAXIAS)
PTC 028 487216 6769763 746 746 B (CAXIAS)
PTC 029 486586 6771158 677 677 CAXIAS
PTC 030 475218 6770030 749 748 PC ESTRADA
PTC 031 475288 6770064 746 746 FORQUETA
PTC 032 475240 6769954 733 732 FORQUETA A (FORQUETA)
PTC 033 474668 6769061 752 753 FORQUETA
PTC 034 474156 6768666 755 755 PC ESTRADA
PTC 035 473647 6775806
CONTATO
PTC 036 473949 6775913 A (SOLO)
CAXIAS/CANYON
CONTATO
PTC 037 480471 6778273 A (SOLO)
CAXIAS/CANYON
PTC 038 481030 6768023 707 CAXIAS
CONTATO
PTC 039 479499 6763531 446 479
CAXIAS/CANYON
- 96 -
APÊNDICE 2 – MAPA DE UNIDADES GEOTÉCNICAS

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