EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS NA FORMAÇÃO POLICIAL MILITAR
James Jácio Ferreira1
Waldenir Soares Paraense Sobrinho2
RESUMO
Este artigo consiste na apresentação de um estudo descrito, com abordagem
qualitativa sobre a educação em direitos humanos na formação do policial militar, o
ponto de observação é o curso de formação de oficiais da polícia militar do Estado de
Mato Grosso. O objetivo principal é investigar e apresentar os instrumentos teóricos
metodológicos da educação em direitos humanos dos policiais militares. Para tanto,
empregamos a análise documental e verificamos que o currículo do curso apresenta a
interdisciplinaridade e a transversalidade como dimensões metodológicas da
educação em direitos humanos.
Palavras-chave: Educação em Direitos Humanos - Formação Policial Militar - Dimensões
Metodológicas - Transversalidade e Interdisciplinaridade.
ABSTRACT
This paper consists in the presentation of a descriptive study with qualitative
approach about the Education of the Human Rights in the formation of the military
police. The point of observation is the formation course of the officers of the military
police of the State of Mato Grosso. The main aim is to investigate and present the
theoretical methodological instruments of education in human rights of the military
police. Therefore, we applied documents analysis and verified that the curriculum of
the course presents the interdisciplinary and the transversality as methodological
dimensions of the education in human rights.
Keywords: Education in Human Rights - Military Police Formation - Methodological
Dimensions - Transversality and Interdisciplinary.
1Tenente Coronel da PMMT. Mestre em Educação e Especialista em Políticas de Segurança Pública e
Direitos Humanos (UFMT).
2 Tenente Coronel da PMMT. Especialista em Políticas de Segurança Pública e Direitos Humanos
(UFMT) e bacharel em Direito (Universidade Cruzeiro do Sul).
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS NA FORMAÇÃO POLICIAL MILITAR
INTRODUÇÃO
A compreensão de que todo ser humano é dotado de dignidade e respeito
incondicional é recente na história da humanidade. No Brasil, está expresso na
Constituição Federal, a importância de se garantir a dignidade de cada ser humano,
consta do artigo 1º, inciso III, como princípio fundamental da República brasileira,
tem valor supremo, portanto, não pode ser mitigado ou relativizado.
Todavia, somente a lei não é suficiente para a garantia dos direitos, pois,
quando refletimos sobre a realidade dos direitos humanos no Brasil percebemos que
são marcados por violações e ausência de cidadania.
A recente literatura sobre Direitos Humanos já consolidou que atualmente
o desafio está em encontrar as condições mais amplas possíveis para que estes
direitos sejam postos em prática. Bobbio (1992), afirma que é necessário a
conscientização de diversos agentes sociais para que haja efetividade dos direitos
humanos.
Aduzimos então que há luz no fim do túnel, ela surge exatamente na
promessa transformadora da educação, por meio de um novo elemento educativo,
Educação em Direitos Humanos, uma proposta jovem, apresentada em normas
orientadoras mundiais a partir do ano de 1993, no Brasil, o Plano Nacional de
Educação em Direitos Humanos surge no ano de 2003.
Autores como Balestreri (1998), ao refletir que existe uma dimensão
pedagógica no agir policial, a qual designa de “Policial: Pedagogo da Cidadania”, nos
inspira que o policial militar é um agente público protagonista na defesa e promoção
dos direitos humanos, portanto, é fundamental que a formação desses profissionais
tenha políticas públicas sólidas que propiciem uma atuação fundada na dignidade de
cada ser. A conjectura que temos é que essa competência deve ser desenvolvida a
partir da formação deste profissional consubstanciada nos direitos humanos.
Assim, temos o nosso problema de pesquisa: Quais são os instrumentos
teóricos metodológicos de educação em direitos humanos empregados na formação
do oficial da polícia militar do estado de Mato Grosso?
O presente trabalho, com fins descritivos e de abordagem qualitativa,
objetiva investigar e apresentar os instrumentos teóricos metodológicos da educação
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em direitos humanos para os policiais militares. Nossa hipótese é de que existem
políticas públicas instituindo os instrumentos teóricos metodológicos de educação
em direitos humanos para os profissionais de segurança pública no Brasil, então a
formação dos oficiais policiais militares de Mato Grosso está fundada nestas
orientações.
O estudo emprega a análise documental e centra no currículo do curso de
formação de oficiais, especificamente da 19º turma, aquela que realizou o curso nos
anos de 2013 a 2015.
Então, estudamos o projeto político pedagógico e o plano de
desenvolvimento institucional da Academia de Polícia Militar Costa Verde, bem
como as ementas dos três anos do curso de formação de oficiais e, o plano de ensino
da disciplina de Direitos Humanos, na busca dos instrumentos teóricos
metodológicos que orientam a educação em direitos humanos na formação do
policial militar.
A CONSTRUÇÃO DA NOÇÃO DE PESSOA E DE DIREITOS HUMANOS
O entendimento que se tem sobre a noção de direitos humanos atualmente
é o de que nenhum ser humano pode ser considerado inferior a outrem, e, portanto
passível de violência e discriminação baseadas em elementos como cor, raça, religião,
gênero, classe social entre outros; bem como, o fato de que, apesar de todas essas
diferenças, o ser humano é o único ser capaz de modificar a si mesmo e seu meio, de
descobrir a verdade e a beleza, e que, portanto é possuidor de dignidade e respeito
incondicional é uma realidade recente na história da humanidade.
Este processo não se fez de uma vez só, ou simplesmente partiu de
conjunto de conhecimentos ou doutrinas específicas a uma região, corrente religiosa
ou filosófica. Aconteceu e vem acontecendo simultaneamente e de formas diferentes
ao longo do processo de evolução do ser humano e suas sociedades (COMPARATO,
2010, p. 13).
O aprofundado estudo de Comparato (2010), sobre a evolução dos direitos
humanos, remonta sua origem ao período axial, compreendido entre os séculos VIII e
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II a.C, com o monoteísmo estabelecido entre os hebreus. Já no século V a.C. vê
despontar a filosofia, então, tanto na Ásia quanto na Grécia o homem passa a exercer
suas faculdades críticas e racionais para questionar o mundo e a si mesmo,
explicações míticas e tradicionais vão cedendo espaço para a lógica e a razão.
Neste processo o próprio local do ser humano muda em relação ao
conhecimento, a fé e a verdade. Ele passa a ocupar um lugar central nas discussões e
fenômenos que compõem estas dimensões. Ao mesmo tempo em que começam a se
criar entre as diferentes nações e culturas da época, relações de trocas conhecimentos
e visões de mundo.
É por meio deste processo, conforme afirma Comparato (2010, p. 22), que
as bases para o estabelecimento de um entendimento do ser humano enquanto
dotado de liberdade, razão e dignidade intrínsecas a sua condição humana são
estabelecidas. Impulsionavam-se assim os fundamentos para o estabelecimento da
noção de Pessoa Humana e seus direitos.
Um momento distinguível neste processo é o inaugurado por Kant que
apresenta uma formulação do que caracteriza a dignidade humana: “Age de tal
forma que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer
outro, sempre também como fim e nunca unicamente como um meio”. (KANT, 1993,
p. 133).
Os postulados filosóficos de Kant redimensionaram as relações entre as
pessoas, mediadas pelo estado, e entre pessoas e coisas, ao inserir os direitos
humanos na dimensão ética, principiada pelo reconhecimento da capacidade
exclusivamente humana de exercer sua vontade, e mais importante, de se guiar
segundo os parâmetros por si mesmo estabelecidos.
Como consequências ao discurso kantiano, explica Comparato (2010, p.
34), inúmeras formas de aviltamento da dignidade humana passaram a ser
reconhecidas e questionadas, e mais, com o autor se desenvolve também o
compromisso individual com a felicidade alheia, pois se sou responsável por minhas
ações, e não devo jamais aceitar que ajam comigo enquanto objeto, tenho o dever
ético de agir igualmente e visando a felicidade de outrem.
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A partir deste momento, resulta o reconhecimento do ser humano
enquanto orientado por valores socialmente construídos e hierarquizados, e de que
esta hierarquização encontra equivalência no corpo jurídico, ainda que muitas vezes
há dissonâncias Estado e sociedade. (COMPARATO, 2010, p. 39).
As reflexões contemporâneas, marcadamente o Existencialismo, vêm
corroborar estes pressupostos, juntamente com os avanços científicos que além de
comprovar a teoria evolutiva cada vez mais se aproxima da noção de Ser Humano
desenvolvida pelo pensamento existencial: a do homem enquanto devir, ou seja,
eternamente se construindo e nunca acabado, bem como suas criações como os
direitos humanos.
POLÍCIA E DIREITOS HUMANOS NO BRASIL
A Carta Magna de 1988 é nossa maior aspiração por direitos humanos. As
normas constitucionais, com direitos, garantias fundamentais e os remédios jurídicos
oferecidos pelo Estado, com vistas a garantir a vida e a integridade física dos
cidadãos são reveladoras desse anseio.
Nela, o Estado brasileiro compromete-se a dar garantias individuais e
coletivas aos cidadãos e aos estrangeiros residentes no país, como a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
Porém, mesmo com esses fundamentos legais, abusos e violações
permaneciam no cotidiano. Eis que em 1996 foi lançado o Programa Nacional de
Direitos Humanos (PNDH), que visava assegurar também o direito de ir e vir sem
ser molestado; o direito de ser tratado pelos agentes do Estado com respeito e
dignidade, mesmo tendo cometido uma infração; o direito de ser acusado dentro de
um processo legal e legítimo, onde as provas sejam conseguidas dentro da boa
técnica e do bom direito, sem estar sujeito a torturas ou maus tratos; dentre outros
direitos o plano determinava também que os violadores dos direitos humanos
deveriam ser responsabilizados e punidos dentro da lei.
Após o lançamento do PNDH, Araújo, Fernandes e Costa (1998, p. 46),
destacam que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos divulgou um
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Relatório sobre a situação dos Direitos Humanos no Brasil, onde ficou destacada a
violência policial. No capítulo dedicado a este tema, a polícia no Brasil foi
repetidamente acusada de violar de maneira sistemática o direito das pessoas. Essas
violações, de acordo com a comissão, já faziam parte de um contexto histórico.
Ainda reflexo do período de exceção, quando a polícia foi o braço forte do
regime ditatorial militar instalado. Os anseios trazidos na Carta Magna não
produziram as transformações desejadas. Sobre isto são interessantes as
considerações de Balesterri (1998), que afirma ser o antagonismo entre polícia e
direitos humanos um resultado do período ditatorial vivido no país.
Deste antagonismo surgiram conceitos errôneos como o de que a polícia
não fizesse parte da sociedade, pois era a essência da repressão antidemocrática, a
imagem da truculência e do conservadorismo. Outro conceito errôneo fruto daquela
proposta era o de que o de Direitos Humanos, como militância, fora entendido como
defesa de bandidos. (BALESTRERI, 1998).
As considerações de Balestreri sobre polícia e direitos humanos são de
convocação aos policiais por um novo modelo de polícia fundamentado na
cidadania. Propõe uma instituição policial voltada para a proteção dos direitos
humanos e da cidadania, e tem como premissa que o policial atue como protagonista
na promoção e proteção dos Direitos Humanos e da Cidadania.
Sempre tenho repetido que não devemos esperar da polícia apenas “respeito” aos
Direitos Humanos, uma vez que essa me parece uma perspectiva muito pobre diante de
uma missão tão rica. Espero — e tenho tido o privilégio de testemunhar o desencadear
desse processo — uma polícia “protagonista” de direitos e de cidadania. É animador
perceber que essa consciência de importância está crescendo cada vez mais nas
corporações policiais e também nas organizações não-governamentais. (BALESTRERI,
1998, p. 4 e 5).
No pensar de Balestreri o policial é o legitimo defensor, promotor e
garantidor dos direitos humanos, todavia, autores renomados conjecturam que os
direitos humanos não são efetivos. Neste sentido Santos (2014, p.15), expõe que: “A
hegemonia dos direitos humanos como linguagem de dignidade humana é hoje
incontestável. No entanto, esta hegemonia convive com uma realidade perturbadora.
A grande maioria da população mundial não é sujeito de direitos humanos”.
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Já Bobbio (1992, p. 24) afirma que: "o problema fundamental em relação
aos direitos do homem, hoje, não é tanto o de justificá-los, mas o de protegê-los.
Trata-se de um problema não filosófico, mas político". Para o autor, apenas através
do comprometimento de diversos agentes sociais que a efetividade dos direitos
humanos pode ser plenamente realizada.
Dentre esses agentes se destaca o policial militar, que é um dos agentes
públicos mais próximo a sociedade, pois, será no cotidiano social, aquela autoridade
mais comumente encontrada.
Portanto, este agente necessita de aguçada formação profissional para
despertar a consciência destes acerca da realidade dos direitos humanos, e de sua
implicação como agente promotor, defensor e garantidor, esse comprometimento só
poderá ser revelado por meio da educação, educação em direitos humanos.
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
A Educação em Direitos Humanos é um tema novo no panorama
mundial, para Cançado Trindade (1993), ela remonta a meados do final da década de
1940 do século XX, na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH):
A Educação em Direitos Humanos tem seu início oficial com a proclamação da Carta das
Nações Unidas e com a aprovação da DUDH, em 10 de dezembro de 1948. A partir desse
momento a declaração se tornou um instrumento pedagógico de conscientização dos
valores fundamentais da democracia e dos direitos humanos (CANÇADO TRINDADE,
1993).
Essa afirmação encontra ressonância na Revista do Prêmio Nacional de
Educação em Direitos Humanos (2008), que também apresenta a DUDH como
referência em preocupação com a Educação em Direitos Humanos e assim explica:
Ela estabelece, como objetivo comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações,
que cada indivíduo e cada órgão da sociedade se esforce, por meio do ensino e da
educação, para promover o respeito aos direitos humanos proclamados, e pela adoção de
medidas progressivas de caráter nacional e internacional, assegurando sua observância
universal e efetiva. (RPNEDH, 2008, p. 2).
Já Zenaide (2007, p. 15), nos apresenta como embrião da Educação em
Direitos Humanos O Congresso Internacional sobre Educação em Prol dos Direitos
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Humanos e da Democracia realizado pela ONU em março de 1993, quando foi
instituído o Plano Mundial de Ação para a Educação em Direitos Humanos, que foi
referendado, meses depois, na Conferência Mundial de Viena de 1993, visando
promover, estimular e orientar compromissos em prol da educação em defesa da
paz, da democracia, da tolerância e do respeito à dignidade da pessoa humana.
A Conferência de Viena e sua Declaração indicou aos Estados e
instituições a educação, a capacitação e a informação pública em matéria de direitos
humanos, de modo a ser incluído em todas as instituições de ensino dos setores
formal e não-formal, assim como da necessidade em promover a realização de
programas e estratégias educativas visando ampliar o máximo a educação em
direitos humanos. Então no ano seguinte a ONU estabeleceu a década da Educação
em Direitos Humanos. (ZENAIDE, 2007, p. 15 e 16).
No plano político-institucional brasileiro, ainda de acordo com Zenaide
(2007), a partir de 1996 o Estado Brasileiro criou o Programa Nacional de Direitos
Humanos (PNDH), que estabeleceu em suas linhas de ação a implementação do
Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH), mas, somente foi
criado em 2003, tardiamente, pois, estávamos há pouco mais de um ano para acabar a
Década da Educação em Direitos Humanos instituída pelo ONU em dezembro de
1994!
O PNEDH teve sua versão final publicada no ano de 2006, respaldado em
documentos internacionais, como o Programa Mundial de Educação em Direitos
Humanos, está constituído de cinco eixos: educação básica; educação superior;
educação não formal; educação dos profissionais de Justiça e Segurança e; educação e
mídia.
Dentre as ações de fomento a Educação em Direitos Humanos destaca-se a
iniciativa implementada no ano de 2008, quando foi instituído o Prêmio Nacional de
Educação em Direitos Humanos.
No ano em que se comemoram os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, o Ministério da Educação, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República e a Organização dos Estados Iberoamericanos criam o Prêmio
Nacional de Educação em Direitos Humanos, com patrocínio e execução da Fundação
SM. (RPNEDH, 2008, p. 1).
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Como se vê, o Prêmio nasceu em comemoração aos 60 anos da Declaração
Universal dos Direitos Humanos. O objetivo deste prêmio é conhecer, estimular e
fortalecer as práticas educativas brasileiras em direitos humanos, tem como foco as
práticas realizadas nas instituições de educação.
Ainda na esteira da linha temporal temos a terceira edição do Plano
Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3), lançado em 2010, onde se destaca o eixo 5,
que trata da Educação e da Cultura em Direitos Humanos, conforme a apresentação
do Caderno de Educação em Direitos Humanos (BRASIL, 2013), está em consonância
com o PNEDH, portanto, deve ser referência para a política nacional de Educação e
Cultura em Direitos Humanos.
Já no ano de 2012, o Ministério da Educação aprovou as Diretrizes
Nacionais para a Educação em Direitos Humanos (DNEDH) com os seguintes
princípios: a dignidade humana; a igualdade de direitos; o reconhecimento e a
valorização das diferenças e das diversidades; a laicidade do Estado; a democracia na
educação; a transversalidade, a vivência e a globalidade e; a sustentabilidade
socioambiental.
Desta breve evolução histórica apresentada fica a certeza que a Educação
em Direitos Humanos é um tema novo no cenário mundial, tendo como marco o ano
de 1993. No cenário nacional é mais jovem ainda. O primeiro PNEDH surgiu em 2003
em resposta a uma exigência da ONU no âmbito da Década das Nações Unidas para
a Educação em Direitos Humanos, é como se estivesse saindo da infância e entrando
na adolescência.
Porque e Como Educar em Direitos Humanos
Após termos apresentado o marco da Educação em Direitos Humanos
(EDH), recorremos a Tavares (2007), para entender o porquê a Educação em Direitos
Humanos é, na atualidade, um dos mais importantes instrumentos dentro das
formas de combate às violações de direitos humanos, já que educa na tolerância, na
valorização da dignidade e nos princípios democráticos.
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Corrobora desta importância Candau (1998) ao destacar o aspecto sócio
crítico da EDH: “A Educação em Direitos Humanos potencializa uma atitude
questionadora, desvela a necessidade de introduzir mudanças, tanto no currículo
explícito, quanto no currículo oculto, afetando assim a cultura escolar e a cultura da
escola”. (CANDAU, 1998, p. 36).
Conforme ensina Tavares (2007), a inserção da EDH nos vários âmbitos do
saber requer a compreensão do seu significado e das suas práxis, ou seja, é preciso se
apoderar da importância da EDH para então propagá-la. No campo da educação
formal, ainda na esteira de Tavares (2007, p. 487), é igualmente necessário estar
atento às metodologias que lhe são compatíveis e às possibilidades de que ela possa
permear os conteúdos de todas as disciplinas, dentro de uma visão interdisciplinar.
Já sobre a finalidade principal da Educação em Direitos Humanos, ainda
conforme Tavares (2007), que nos ensina:
A finalidade maior da EDH, portanto, é a de atuar na formação da pessoa em todas as
suas dimensões a fim de contribuir ao desenvolvimento de sua condição de cidadão e
cidadã, ativos na luta por seus direitos, no cumprimento de seus deveres e na fomentação
de sua humanidade. Dessa forma, uma pessoa que goza de uma educação neste âmbito, é
capaz de atuar frente às injustiças e desigualdades, reconhecendo-se como sujeito
autônomo e, ademais, reconhecendo o outro com iguais direitos, dentro dos preceitos de
diversidade e tolerância, valorizando assim a convivência harmoniosa, o respeito mútuo
e a solidariedade. (TAVARES, 2007, p. 488).
Então, conforme Tavares (2007), a EDH busca promover processos
educativos que sejam críticos e ativos, que propiciem o despertar da consciência das
pessoas para as suas responsabilidades como cidadão/cidadã e respeitar o ser
humano. Sobre os processos educativos críticos, pontua a autora:
Educar dentro de um processo crítico-ativo significa modificar as atitudes, as condutas e
as convicções, mas não pela imposição dos valores e sim por meios democráticos de
construção e de participação que busquem possibilitar a experiência cotidiana desses
direitos. (TAVARES, 2007, p. 491).
Morgado (2001) apud Tavares (2007), adverte aqueles que desejam
navegar pelos desafiantes caminhos da EDH: é necessário um conjunto de saberes
específicos do educador em direitos humanos, mas este saber deve se relacionar com
outros três, o saber curricular, o saber pedagógico e o saber experiencial.
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EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS NA FORMAÇÃO POLICIAL MILITAR
Essa autora coloca a necessidade de que se tenha uma metodologia que
articule esses três níveis e uma prática pedagógica que possibilite a percepção da
realidade, sua análise e uma postura crítica frente ela, com o ainda desafio de incluir
duas dimensões essenciais ao aprendizado em direitos humanos: a emancipadora e a
transformadora, pois de acordo com a autora, através delas, é possível sensibilizar,
indignar-se, atuar e comprometer-se. Ao final, expõe Tavares (2007):
Em síntese, a EDH requer uma metodologia, com a seleção e organização dos conteúdos e
atividades, materiais e recursos didáticos, que sejam condizentes com a finalidade de um
processo educativo em direitos humanos. Estes requisitos são essenciais para que a
prática pedagógica facilite a formação de uma consciência crítica e de um compromisso
social com as questões relacionadas à problemática dos direitos humanos. (TAVARES,
2007, p. 491 e 492).
Verifica-se que, apesar de ser recente, a Educação em Direitos Humanos,
há considerável suporte às práticas educativas em direitos humanos, quer seja a
educação formal ou a informal. Resta-nos o desafio, neste trabalho, de apresentar
como se dá a Educação em Direitos Humanos para os policiais militares do curso de
formação de oficiais.
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS PARA POLICIAIS
Até meados de 2000 a expressão do artigo 144 da Constituição Federal,
“segurança pública, dever do estado”, era interpretado que a segurança pública nos
estados federados não deveria ter o apoio do governo central, essa situação apresenta
mudanças quando é elaborado o plano nacional de segurança pública e surge a
Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), na estrutura do Ministério da
Justiça, ente governamental que ganha notável influência no modo de pensar e agir
da segurança pública, pois ao ser o indutor de políticas públicas o fazia através de
investimentos financeiros nos estados que adotassem as normativas do órgão central.
Especificamente a educação dos profissionais de segurança pública
ganhou destacada atenção, eis que no ano de 2003, a Senasp lança em nível nacional
a Matriz Curricular Nacional (MCN), comumente designada de Matriz, a qual se
caracteriza por ser um referencial teórico-metodológico para orientar as ações
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EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS NA FORMAÇÃO POLICIAL MILITAR
formativas dos profissionais da área de segurança pública, portanto, esta é a política
pública que orienta as práticas formativas dos policiais.
No período de 2005 a 2007, a Senasp, em parceria com o Comitê
Internacional da Cruz Vermelha (CICV), realizou seis seminários regionais,
denominados Matriz Curricular em Movimento, destinados à equipe técnica e aos
docentes das academias e centros de formação de profissionais de segurança pública.
Esses seminários possibilitaram a apresentação dos fundamentos didático-
metodológicos presentes na Matriz, a discussão sobre as disciplinas da Malha
Curricular e a Transversalidade dos Direitos Humanos, bem como reflexões sobre a
prática pedagógica e sobre o papel intencional do planejamento e execução das
Ações Formativas.
O projeto do CICV foi realizado com a capacitação de policiais militares de
todas as unidades da federação e consistia na difusão das normas de direitos
humanos e princípios humanitários. Ação prevista na política do Comitê em
propiciar conhecimentos a grupos portadores de armas, com atenção voltada
particularmente às forças de polícia em contexto de conflito armado ou de outras
situações de violência (CORDEIRO e SILVA, 2005, p. 07).
Diante desta empreitada do CICV e visando auxiliar os docentes do ensino
policial no Brasil, no acesso a metodologias de integração transversal e
interdisciplinar dos direitos humanos, na prática educativas dos policiais, os
colaboradores Cordeiro e Silva elaboraram, no ano de 2005, a obra: Direitos
Humanos: Uma perspectiva interdisciplinar e transversal. Referencial prático para
docentes do ensino policial.
Na interpretação da obra acima e da MCN constatamos que, a proposta
educativa para as ações formativas dos profissionais da área de segurança pública
exige um delineamento pedagógico diferenciado apoiado nas interações
enriquecedoras, a partir da interdisciplinaridade e da transversalidade entre os
diferentes componentes curriculares.
Nos debates atuais referentes à qualidade do ensino com enfoque na construção do
conhecimento a partir de uma base ética e cidadã, as questões curriculares assim como as
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EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS NA FORMAÇÃO POLICIAL MILITAR
práticas tem na TRANSVERSALIDADE e INTERDISCIPLINARIEDADE ferramentas
eficazes para construção de uma visão sistêmica e crítica sobre a realidade que os cerca.
(CORDEIRO e SILVA, 2005, p. 09).
Conforme se extrai da Matriz, a consideração das relações existentes entre
os diversos campos de conhecimento, através da interdisciplinaridade e da
transversalidade, contribuirá para uma visão mais ampla da realidade e para a busca
de soluções significativas para os problemas enfrentados no âmbito profissional.
(SENASP, 2009, p. 29).
Convém destacar que a Matriz foi revisada em meados de 2011 e 2012,
sendo publicada a atual versão no ano de 2014, a qual permanece estruturada na
dinâmica de quatro eixos articuladores, de oito áreas temáticas e da orientação
pedagógica, e conta com novos pontos, como: nova malha curricular e carga horária
recomendada para as disciplinas.
Dimensões Metodológicas da Educação Em Direitos Humanos dos Policiais
Conforme aludimos, as práticas educativas dos policiais em Educação de
Direitos Humanos se estrutura na interdisciplinaridade e na transversalidade,
convém que apresentemos essas duas dimensões metodológicas da educação.
A interdisciplinaridade articula conhecimentos dentro do currículo,
favorece o diálogo entre as diversas áreas, rompe as fronteiras entre as disciplinas,
visando eliminar a fragmentação e falência do conhecimento e buscando a totalidade
do ensino. Podemos afirmar que “a interdisciplinaridade não se ensina, não se
aprende, apenas vive-se, exerce-se e por isso exige uma nova pedagogia, a da
comunicação”. (FAZENDA, 1996, p. 18).
Encontramos em Weil (1993) apud Cordeiro e Silva (2005, p. 31), uma
mobilização integradora no conceito de interdisciplinaridade:
Consequência de uma visão integradora do universo e do conhecimento humano, que
tende a reunir em conjuntos cada vez mais abrangentes o que foi dissociado pela mente
humana. A interdisciplinaridade trata da síntese ou correlação de duas ou várias
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EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS NA FORMAÇÃO POLICIAL MILITAR
disciplinas, instaurando um novo nível de discurso, caracterizado por uma nova
linguagem descritiva e novas relações estruturais.
De acordo com Cordeiro e Silva (2005, p. 31), a interdisciplinaridade
questiona o conhecimento fechado em compartimentos ou grades, ao contrário,
possibilita uma relação epistemológica entre as disciplinas, ou seja, uma interrelação
existente entre os diversos campos do conhecimento frente ao mesmo objeto de
estudo.
Há que se lembrar que a interdisciplinaridade é também um movimento
ininterrupto e por este motivo persiste como um desafio aos educadores, pois sua
prática deve ser desenvolvida através de projetos exigindo uma nova atitude frente
ao conhecimento.
Segundo Santomé (1998, p. 66): “a interdisciplinaridade é um objetivo
nunca completamente alcançado e por isso deve ser permanentemente buscado. Não
é apenas uma proposta teórica, mas, sobretudo uma prática”.
Já a transversalidade consiste em interação, organização cooperativa e
coordenada do ensino, um trabalho feito em comum. Ela é um Intercâmbio entre as
disciplinas. Trata de problemáticas sociais atuais e urgentes e seus temas, por
estarem contidos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e por não terem
ligação com nenhuma matéria, são comuns a todas elas. É a transversalidade que
leva à prática a concepção de formação integral.
Segundo Cordeiro e Silva (2005, p. 32), a transversalidade refere-se a temas
sociais que permeiam os conteúdos das diferentes disciplinas, exigindo uma
abordagem ampla e diversificada, não se esgotando num único campo de
conhecimento. Os temas transversais não devem constituir uma única disciplina, mas
permear todo o trabalho educativo, assim deve ser os direitos humanos nas práticas
formativas dos policiais.
Conforme a Matriz, para a efetivação da interdisciplinaridade e da
transversalidade pretendida, aqueles que promoverem as ações formativas
precisarão planejá-las a partir da análise crítica das ações pedagógicas, da cultura
organizacional e das contradições constatadas em relação à problemática do mundo
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EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS NA FORMAÇÃO POLICIAL MILITAR
profissional e sociocultural, ou seja, entre teoria e prática, entre formação e demandas
da sociedade.
Interdisciplinaridade e transversalidade são duas dimensões metodológicas – modo de se
trabalhar conhecimento – em torno das quais o professor pode trabalhar o currículo
diferentemente do modelo tradicional, contribuindo assim para excelência humana e para
excelência acadêmica das situações de ensino e de aprendizagem. (SENASP, 2009, p. 13).
Encontramos ainda na Matriz que o CICV recomenda que nos currículos
dos cursos de segurança pública ocorra abordagem transversal das Normas de
Direito Internacional dos Direitos Humanos, a seguir relacionadas: Declaração
Universal dos Direitos Humanos; Convenção americana sobre direitos humanos;
Pacto internacional sobre os direitos civis e políticos; Convenção contra a tortura e
outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes; Código de conduta
para os funcionários encarregados da aplicação da lei (código de conduta); Princípios
orientadores para aplicação efetiva do código de conduta para os funcionários
responsáveis pela aplicação da lei; Princípios básicos sobre a utilização da força e
arma de fogo pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei; Conjunto de
princípios para a proteção de todas as pessoas sujeitas a qualquer forma de detenção
ou prisão. (SENASP, 2014. p. 58).
Esses instrumentos deram base para que, somente em dezembro do ano
de 2010, o governo brasileiro estabelecesse as Diretrizes sobre o uso da força por
agentes de segurança pública (Portaria Interministerial Nº 4.226 de 31/12/2010). Essa
diretriz federal visa reduzir a letalidade das ações policiais no Brasil.
Portanto, esses instrumentos são importantíssimos na construção de
saberes dos profissionais de segurança pública sobre os direitos humanos, pois,
abordam questões éticas, legais e operativas dos policiais.
Didática e Técnicas de Ensino
O paradigma pedagógico das práticas formativas dos policiais, orientado
pela Matriz Curricular Nacional, se funda no desenvolvimento de competências
profissionais. Perrenoud (2002) apud Cordeiro e Silva (2005, p. 42), explicam que:
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denomina-se Competências Profissionais o conjunto de conhecimentos, habilidades e
atitudes necessárias para garantir sua atuação profissional.
O desenvolvimento de competências engloba conhecimentos, habilidades
e atitudes, cabe ao professor favorecer a aquisição dessas competências, para tanto, o
trabalho educacional deve ser mais significativo e produtivo, mobilizando saberes
teóricos e práticos.
Cordeiro e Silva (2005), apresentam orientações didáticas para o
desenvolvimento das aulas de direitos humanos orientando que, para o
desenvolvimento de competências, o professor deve criar ambiente significativos de
aprendizagem para além da sala de aula e utilizar de problemas reais que possibilite
ao aluno a reflexão antes, durante e após a ação.
Para cada tipo de conteúdo do desenvolvimento de competências, há um
conjunto de técnicas de ensino que são mais favoráveis, Cordeiro e Silva (2005, p. 73-
76), colocam que as técnicas que favorecem o ensino de conteúdos conceituais são:
Apresentação e Discussão; Painel de discussão; Grupos de trabalho; Debate Cruzado;
Discussões em Mesa Redonda e; Pergunta Circular.
Como técnicas que favorecem o ensino de conteúdos procedimentais
apresentam: Dramatização; Estudo de Casos; Jogos; Role – Playing; Demonstração ou
aula Prática; Grupo de Vivência ou Verbalização e Grupo de Observação; Job Aids ou
Lista de Tarefas. Já as técnicas que favorecem o ensino de conteúdos atitudinais são:
Brainstorming ou Brainwriting; Dinâmicas de Grupo. (CORDEIRO e SILVA, 2005, p.
76-85).
Descritas as dimensões metodológicas e as técnicas de ensino para a
Educação em Direitos Humanos dos profissionais da segurança pública, passemos
então, em analisar os instrumentos que orientam a formação dos Oficiais policiais
militares na Academia de Polícia Militar Costa Verde.
A FORMAÇÃO DOS OFICIAIS DA PMMT
Com base na Lei de Diretrizes Básicas da Educação Nacional, a Polícia
Militar do Estado de Mato Grosso (PMMT), possui sistema próprio de ensino, com a
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finalidade de proporcionar ao respectivo pessoal a capacitação para o exercício dos
cargos e funções previstos na organização.
A Academia de Polícia Militar Costa Verde (APMCV), é a unidade de
ensino superior da PMMT que forma os Oficiais Policiais Militares, por meio do
Curso de Formação de Oficiais (CFO). É um curso de grau superior com três anos de
duração, com o título de bacharel em Segurança Pública, capacita seus concluintes
para o desempenho de funções privativas de Oficiais do posto de Tenente e Capitão.
A APMCV foi criada em 06 de julho de 1993, até a presente data já foram formadas
20 (vinte) turmas de oficiais.
O ponto de observação do fenômeno pesquisado foi o CFO que ocorreu no
período de 2013 a 2015, Turma Pascoal Moreira Cabral, solicitamos a APMCV todos
os documentos pedagógicos que orientaram a formação desta turma, instrumentos
que foram analisados e os resultados são apresentados na seção seguinte.
CONHECENDO A POLITICA EDUCACIONAL DA APMCV
Na busca dos instrumentos teóricos metodológicos da educação em
direitos humanos dos policiais militares formados no CFO 13/15, empregamos a
análise documental. Solicitamos à APMCV acesso a todos os documentos e
instrumentos teóricos, pedagógicos e metodológicos do CFO.
Tivemos acesso ao Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), Projeto
Político Pedagógico (PPP), ementas das disciplinas do CFO 13/15 e o plano de ensino
da disciplina de Direitos Humanos.
Entendemos que esses documentos disponibilizados para análise
compõem o currículo do CFO, pois, o objetivo educativo de uma escola é definido
por seu currículo. Ele deve orientar as atividades escolares e a ação dos professores
bem como a sequência dos conteúdos. Convém ressaltar que o currículo pode tanto
denotar o conteúdo de um assunto ou área de estudo, quanto o programa total de
uma instituição de ensino.
Longe de aprofundarmos no caloroso debate sobre currículo, mas
caminhando para a definição, recorremos a Silva (1999, p. 147), que afirmam: “O
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currículo é uma questão de saber, identidade e poder. É uma invenção social como
qualquer outra: o Estado, a nação, a religião, o futebol... Ele é o resultado de um
processo histórico”. Mais adiante, o mesmo autor afirma:
O currículo tem significados que vão muito além daqueles aos quais as teorias
tradicionais nos confinaram. O currículo é lugar, espaço, território. O currículo é relação
de poder. O currículo é trajetória, viagem, percurso. O currículo é autobiografia, nossa
vida, curriculum vitae: no currículo se forma a nossa identidade. O currículo é texto,
discurso, documento. O currículo é documento de identidade. (SILVA, 1999, p. 150).
Estudando os documentos apresentados verificamos que o projeto político
pedagógico orienta a execução do CFO, onde encontramos a malha curricular do
curso. O PPP tem forte sustentação na política pública nacional de formação, pois,
apresenta como base as orientações técnico pedagógicas da Matriz Curricular
Nacional de Formação dos Profissionais da Segurança Pública.
O Projeto Político Pedagógico do curso é um documento extenso, além de
toda programação do CFO e ementas das disciplinas, conta com sete anexos, pois
orienta também os outros cursos previstos na APMCV. Identificamos que o CFO não
possui um Projeto Pedagógico especifico, esperávamos analisar um Projeto
Pedagógico de Curso (PPC) do CFO.
Da análise identificamos que direitos humanos estão estruturados na
concepção curricular do PPP da APMCV, elaboramos o quadro 1, onde apresentamos
alguns tópicos identificados no PPP que abordam direitos humanos.
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Quadro 01 – Direitos Humanos no PPP/APMCV
Tópicos onde constam abordagens sobre Direitos Humanos Pagina
- Histórico da PM 16
- Dos princípios pedagógicos 28
- Princípios pedagógicos da APMCV 29
- Missão da ESFO 33
- Filosofia da ESFO 33
- Proposta pedagógica do curso de formação, adaptação e 41
habilitação de oficiais
- Organização curricular, princípios norteadores 50
- Temas transversais 54
- Do curso de aperfeiçoamento de oficiais 67
- Do curso de aperfeiçoamento de oficiais 68
- Metodologia Curso de Aperfeiçoamento de Oficial 70
- Curso Superior de Polícia 74
- Curso Superior de Polícia 76
- Matriz curricular CFO 88
- Matriz curricular CAO 97
- Matriz curricular CHOA 106
Fonte: Elaboração própria.
Desta análise direitos humanos se destacou na seleção dos temas
transversais que devem orientar as teorias e práticas educacionais da APMCV.
Temos que o PPP considerou a proposta das Bases Curriculares do Ministério da
Justiça, primeira versão da Matriz Curricular Nacional. O PPP apresenta que:
[...] podem ser considerados temas transversais aqueles voltados à compreensão e à
construção da realidade social e dos direitos e responsabilidades relacionadas com a vida
pessoal e coletiva e com a afirmação do princípio da participação política.
O objetivo dos temas transversais é nortear as teorias e práticas abordadas nas disciplinas
dos cursos de formação, perpassando todos os conteúdos, servindo de eixos para a
problematização dos objetos de estudo e de contexto para informações, possibilitando
que o aprendiz desenvolva as capacidades cognoscitivas e aja de forma condizente com
as exigências que a sociedade impõe hoje. (PPP/APMCV, 2013, p. 53).
Após essa breve reflexão pedagógica sobre os critérios de seleção dos
temas transversais, o PPP apresenta o tema transversal Direitos Humanos:
Direitos Humanos, princípios fundamentais que regem os padrões mínimos para o
tratamento de cidadãos pelos governos. O policial militar deve ter como pano de fundo
de suas ações a Declaração Universal dos Direitos Humanos possibilitando que seus atos
possam corresponder aos princípios ético, legal e técnico na promoção e proteção dos
direitos fundamentais do cidadão, mediante alternativas que busquem a negociação,
mediação, persuasão e resolução de conflitos, sem a extrema necessidade do uso da força
ou de armas de fogo. (PPP/APMCV, 2013, p. 54).
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Assim restou comprovado que no Projeto Político Pedagógico da
Academia tem base e orienta a Educação em Direitos Humanos para os alunos do
CFO. Passamos então a analisarmos o Plano de Desenvolvimento Institucional,
elaboramos também um quadro para simplificar a apresentação dos resultados da
análise do PDI:
Quadro 02 – Direitos Humanos no PDI/APMCV
Tópicos onde constam abordagens sobre Direitos Humanos Pagina
Dos Princípios 52
Princípios Pedagógicos 54
Metas- Objetivo 1 79
Metas- Objetivo 1 80
Metas- Objetivo 3 81
Fonte: Elaboração própria.
Estes foram os tópicos onde evidenciamos abordagem aos Direitos
Humanos no PDI, na análise verificamos que também estão detalhados no PDI sob
forte orientação da Matriz Curricular Nacional, como destacamos pelo recorte do
Princípio Pedagógico:
As propostas pedagógicas da APMCV deverão se basear nos princípios pedagógicos e
nas dimensões do conhecimento constantes na Matriz Curricular Nacional do Ministério
da Justiça.
[...].
A escola deve fazer a mediação entre as demandas da sociedade e as práticas policiais
militares institucionalizadas, fundamentando suas ações no respeito às leis, no respeito à
dignidade da pessoa humana e no respeito e na proteção dos direitos humanos no trato
com a sociedade; (PDI/APMCV, 2012, p. 53 e 54).
Portanto, temos que, o PPP e o PDI fazem uma abordagem a respeito do
tema Direitos Humanos, todavia, apesar de ter inserido a questão dos Direitos
Humanos ao longo dos citados documentos, notamos que é pouco explorado tanto
no PDI, bem como no PPP, passando a ideia que foram inseridos nos citados
documentos com a finalidade de cumprir as exigências da Matriz curricular
Nacional.
O Projeto Político Pedagógico da Academia de Polícia Militar Costa Verde,
traz em seu corpo a Malha Curricular do Curso de Formação de Oficiais, ao olharmos
o seu final temos totalizado uma carga horária de 4.635 h/a (quatro mil seiscentas e
trinta e cinco horas aulas).
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Detalhando a malha verificamos que ao longo dos três anos o aluno
frequenta 100 (cem) disciplinas, sendo: 37 no primeiro ano, 36 no segundo ano e, 26
no terceiro ano, o que totaliza 3.825 h/a (três mil e oitocentas e vinte e cinco horas
aulas). As demais 810 h/a (oitocentas e dez horas aula) são destinadas ao estagio,
pesquisa, atividades complementares e optativas. Analisamos as ementas das
disciplinas das cem disciplinas.
A análise das ementas das disciplinas do CFO, iniciamos pela de Direitos
Humanos, a qual está destinada 30 horas/aula e foi ministrada no primeiro ano do
curso. A ementa está estruturada em sete quadros, o primeiro se destina a apresentar
o mapa de competências que se pretende desenvolver, assim, verificamos que o
currículo se estrutura na pedagogia da competência, exigindo a articulação de
aspectos conceituais, procedimentais e atitudinais.
O segundo quadro da ementa apresenta o objetivo de aprendizagem da
disciplina, composto pelos verbos: Proporcionar, identificar, explicar, compreender e
reconhecer. O terceiro quadro apresenta o conteúdo programático com vertente
abrangente de aspectos históricos, cultural, social, ético filosófico que devem permitir
ao professor desenvolver as competências pretendidas.
O quarto quadro apresenta os procedimentos de ensino; o quinto trata dos
meios auxiliares; o sexto da avaliação de aprendizagem e; o sétimo indica as
referências bibliográficas, são apresentadas seis referencias e quatro autores, nossa
análise é de que as referências são mínimas diante do conteúdo programático do
terceiro quadro.
Outras 99 ementas de disciplinas foram analisadas e, em sete
especificamente identificamos que atendem a recomendação do CICV, contida na
MCN, de que nos currículos dos cursos de formação da segurança pública, oito
normas de Direito Internacional dos Direitos Humanos devem ser abordadas de
forma transversal. (SENASP, 2014, p. 58).
Em outras sete identificamos termos recorrentes, como cidadania e
dignidade humana, que remetem aos Direitos Humanos, assim as disciplinas que
permitem uma abordagem transversal e interdisciplinar dos direitos humanos na
formação dos Oficiais policiais militares de Mato Grosso são: Ciências Políticas,
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EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS NA FORMAÇÃO POLICIAL MILITAR
Direito Constitucional, Formação de Liderança, História da Polícia Militar, Direito
Penal I e II, Gerenciamento de Crise e Eventos Críticos.
No conjunto das ementas analisadas identificamos que três áreas se
destacam, as disciplinas de cunho jurídicas, as tecnicistas profissionais e outras
relacionadas à gestão, aspecto destacável, mas não surpresa, em virtude das
competências que devem ser desenvolvidas para que o concluinte esteja apto a
realizar as funções privativas de Tenente e Capitão.
Percebemos que às ementas do CFO analisadas em detalhes, de modo
geral estão aquém na abordagem interdisciplinar e transversal na temática de
Direitos Humanos conforme recomenda a MCN e o Comitê Internacional da Cruz
Vermelha, onde das cem disciplinas, apenas oito integram em suas ementas as
normas de Direito Internacional dos Direitos Humanos, da quais, podemos destacar:
Técnicas não Letais, Uso Diferenciado da Força, Teoria da Polícia e Sociologia do
Crime e da Violência.
O último documento analisado foi o plano de ensino da disciplina Direitos
Humanos, coerente com a ementa da disciplina, nos chamou a atenção as técnicas de
ensino previstas, são elas: Exposição Oral, Discussões Dirigidas, Pesquisa em Grupo
e Estudo de Caso.
Não foi possível identificar qual conteúdo o professor abordou ou qual
competência visou desenvolver, pois, não tivemos acesso ao plano de aula da
disciplina. Cabe destacar as orientações de Tavares (2007, p. 491), de que aqueles
desejam navegar pelos desafiantes caminhos da Educação em Direitos Humanos,
além dos saberes específicos do tema, deve relacionar este com outros três: o saber
curricular, o saber pedagógico e o saber experiencial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Indubitavelmente a educação carrega um grande fardo, o de ser o agente
de transformação social, não há como prosperar sem o conhecimento, sem escola e
sem mestres, é fundamental na evolução do ser humano que participe de processos
de ensino e aprendizagem. Nossa assertiva imputa grande responsabilidade aos
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valorosos profissionais que se arriscam por águas não tão cristalinas como é a seara
educacional.
Percebemos, que com relativa frequência, diante do erro de um
profissional de segurança pública, quando apresentado na mídia televisiva, que a
primeira crítica do apresentador venha na popular expressão: despreparados. Portanto,
a responsabilidade por um erro profissional, recai sobre o seu processo de formação,
é culpa da educação quando o profissional de segurança pública erra.
Balestreri (1998), ao refletir sobre a importância da formação e do trabalho
policial, já asseverava:
O agente de Segurança Pública é, contudo, um cidadão qualificado: emblematiza o
Estado, em seu contato mais imediato com a população. Sendo a autoridade mais
comumente encontrada tem, portanto, a missão de ser uma espécie de “porta voz”
popular do conjunto de autoridades das diversas áreas do poder. Além disso, porta a
singular permissão para o uso da força e das armas, no âmbito da lei, o que lhe confere
natural e destacada autoridade para a construção social ou para sua devastação. O
impacto sobre a vida de indivíduos e comunidades, exercido por esse cidadão qualificado
é, pois, sempre um impacto extremado e simbolicamente referencial para o bem ou para o
mal-estar da sociedade.
Essa reflexão foi indutora para o nosso problema de pesquisa e pudemos
compreender que a Matriz Curricular Nacional para as ações formativas dos
profissionais da área de segurança pública é a política pública que trás os
instrumentos teóricos metodológicos de educação em direitos humanos para
policiais. Estes instrumentos se apresentam pelos pressupostos pedagógicos da
Interdisciplinaridade e Transversalidade.
Analisando os documentos que compõem o currículo do curso de
formação de oficiais identificamos que eles sofrem forte influência da Matriz
Nacional. Na análise verificamos que direitos humanos estão como princípios, eixo
transversal e de abordagem interdisciplinar. Todavia, ainda de maneira incipiente
diante das possibilidades que a Educação em Direitos Humanos idealiza. Afinal, um
profissional com essa formação atua frente às injustiças e desigualdades, reconhece o
outro com iguais direitos, dentro dos preceitos de diversidade e Tolerância,
valorizando a convivência harmoniosa, o respeito mútuo e a solidariedade.
(TAVARES, 2007, p. 488).
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EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS NA FORMAÇÃO POLICIAL MILITAR
Concluímos que a prática pedagógica, dos centros formativos dos
profissionais de segurança, as relações e inter-relações proporcionadas pelas
abordagens metodológicas de interdisciplinaridade e transversalidade, tendo
Direitos Humanos como protagonista, devem ser orientadas por meio de encontros,
formações ou reuniões pedagógicas com todos os professores responsáveis em
conduzir determinada disciplina do curso de formação.
Professores e corpo técnico pedagógico devem saber que Direitos
Humanos são a espinha dorsal da formação, capacitação e aperfeiçoamento dos
profissionais de segurança pública. Entre as consequências previstas a partir da
adoção dessa medida, prevemos o maior ou total respeito ao cidadão em formação.
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EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS NA FORMAÇÃO POLICIAL MILITAR
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