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Direito Administrativo Aula 1 - Tse

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CONCEITO ALFA
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TSE UNIFICADO – 2024


Cargo 18: AJAJ

DIREITO ADMINISTRATIVO
Aula 1

Profª Andréa Azevêdo

Transformando Pessoas em Estrelas!


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CONCEITO ALFA
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DISCIPLINA - DIREITO ADMINISTRATIVO

Profª Andréa Azevêdo.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DIREITO ADMINISTRATIVO

1 Estado, governo e administração pública. 1.1 Conceitos.


2 Direito administrativo. 2.1 Conceito. 2.2 Objeto. 2.3 Fontes.
3 Ato administrativo. 3.1 Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies. 3.2 Extinção do ato
administrativo. 3.2.1 Cassação, anulação, revogação e convalidação. 3.3 Decadência administrativa.
4 Agentes públicos. 4.1 Conceito. 4.2 Espécies. 4.3 Cargo, emprego e função pública. 4.3.1 Provimento. 4.3.2
Vacância. 4.3.3 Efetividade, estabilidade e vitaliciedade. 4.4 Remuneração. 4.5 Direitos e deveres. 4.6
Responsabilidade. 4.7 Processo administrativo disciplinar. 4.8 Disposições constitucionais aplicáveis – arts. 37 a
41, CF/88.
5 Poderes da administração pública. 5.1 Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia. 5.2 Uso e abuso de
poder.
6 Regime jurídico-administrativo. 6.1 Conceito. 6.2 Princípios expressos e implícitos da administração pública.
7 Responsabilidade civil do Estado. 7.1 Evolução histórica. 7.2 Responsabilidade por ato comissivo do Estado. 7.3
Responsabilidade por omissão do Estado. 7.4 Requisitos para a demonstração da responsabilidade do Estado.
7.5 Causas excludentes e atenuantes da responsabilidade do Estado. 7.6 Reparação do dano. 7.7 Direito de
regresso.
8 Serviços públicos. 8.1 Conceito. 8.2 Elementos constitutivos. 8.3 Formas de prestação e meios de execução. 8.4
Delegação. 8.4.1 Concessão, permissão e autorização. 8.5 Classificação. 8.6 Princípios – Lei nº 8.987/95 – art. 1º
a 47.
9 Organização administrativa. 9.1 Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. 9.2
Entidades paraestatais e terceiro setor. 9.2.1 Serviços sociais autônomos, entidades de apoio, organizações
sociais, organizações da sociedade civil de interesse público. – Lei nº 9.637/98 – arts. 1º a 25 + Lei nº 9.790/99 –
arts. 1º a 20.
10 Controle da administração pública. 10.1 Controle exercido pela administração pública. 10.2 Controle judicial.
10.3 Controle legislativo. 10.4 Lei nº 8.429/1992 e suas alterações (improbidade administrativa) – arts. 1º a 25.
(IDEM EM PROCCIVIL).
11 Lei nº 9.784/1999 e suas alterações (processo administrativo) – arts. 1º a 70.
12 Licitações e contratos administrativos. 12.1 Lei nº 14.133/2021 e suas alterações – arts. 1º a 194.

 SÚMULAS IMPORTANTES:
- SV: 3 ,4, 5, 6, 12, 13, 15, 16, 19, 21, 27, 33, 37, 41, 42, 43, 44, 55.

Obs.: estudar súmulas e jurisprudências para complementar o conteúdo.

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TEMA 1 Estado, governo e administração pública.


1.1 Conceitos.
TEMA 2 Direito administrativo.
2.1 Conceito. 2.2 Objeto. 2.3 Fontes.

ORIGEM DO DIREITO ADMINISTRATIVO


• O Direito Administrativo tem origem na França após a revolução Francesa. Ele nasce junto com o
Estado de Direito.
• Até a revolução burguesa de 1789, regia a lógica do Estado Absolutista, no qual o Monarca, enquanto
rei absoluto, não era responsabilizado pelos seus atos. O rei estava acima do Direito.
• Como sistema jurídico de normas e princípios, somente foi criado com a instituição do Estado de
Direito, tendo nascido a partir dos movimentos constitucionalistas do final do século XVIII (em oposição
às monarquias absolutas).

• Começa a ser desenvolvido jurisprudencialmente, por meio das decisões do Conselho de estado
francês. Tal conselho, instituído em 1799, possui exatamente a função de dirimir as controvérsias
surgidas entre a Administração Pública e os seus administrados.
• O Direito Administrativo nasce, portanto, para disciplinar as relações entre os administradores e os
administrados, já que agora estão todos submissos à mesma ordem jurídica.
• Por meio do novo sistema, já no século XIX, o Estado passava a ter órgãos específicos para o exercício
da administração pública e, por consequência, foi necessário o desenvolvimento do quadro normativo
disciplinador das relações internas da Administração e das relações entre esta e os administrados. Assim,
o Direito Administrativo se tornou ramo autônomo dentre as matérias jurídicas

Segundo Maria Sylvia Zanela Di Pietro, o Direito Administrativo brasileiro herdou do direito alemão a inspiração
para aplicação do princípio da segurança jurídica, especialmente sob o aspecto subjetivo da proteção à
confiança.

CF/88, Art. 5º, XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO


• É o ramo do direito público interno dedicado à análise da ATIVIDADE ADMINISTRATIVA do Estado e
de seus integrantes, sendo que sua META é a sistematização dos fins desejados pelo Estado.
• Tem, pois, por OBJETO de estudo a Administração Pública, seja entendida como função administrativa
ou como organização administrativa, órgãos públicos, pessoas jurídicas; ou seja, toda essa estrutura
administrativa, a qual é voltada para a satisfação dos interesses públicos. Ela compreende diversas
atividades, como: serviços públicos, poder de polícia, fomento, intervenção, etc.

Vale ressaltar que: o Direito Administrativo não se encontra consolidado em um documento único, vide a
infinidade de leis espalhadas pelo ordenamento jurídico, como por exemplo, a lei de licitações, a lei do processo
administrativo, a lei da parceria público-privada ....

Assim, o estudo do Direito Administrativo pressupõe o domínio de alguns temas, mais precisamente as
concepções de Estado, Governo e Administração Pública.

FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO:


✓ Leis ✓ Jurisprudências ✓ Doutrina ✓ Princípios Gerais ✓ Costumes ✓ Tratados Internacionais.

- Fonte primária: Como fonte primária, principal, tem-se a LEI, em seu sentido genérico (latu sensu), que
inclui, além da Constituição Federal, as leis ordinárias, complementares, delegadas, medidas provisórias, atos
normativos com força de lei, e alguns decretos-lei ainda vigente no país, entre outros. Em geral, é ela abstrata e
impessoal.
- Fontes secundárias: jurisprudência, doutrina, costumes (praeter legem (além da lei) e secundum legem (de
acordo com a lei).

Se liga!!! Jurisprudência
- decisão sem efeito vinculante ---> fonte secundária.
- decisão com efeito vinculante --> fonte primária.

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ESCOLAS E CRITÉRIOS DE ESTUDO DO DIREITO ADMINISTRATIVO:


 Critério da escola do serviço público: Ramo que estuda a gestão dos serviços públicos. Foca nos atos
de gestão;
 Critério da escola da Puissance Publique ou Potestade Pública (autoridade pública): Distinção entre
atividades de autoridade e atividades de gestão. Foca nos atos de império.
 Critério do poder executivo: Se esgota nos atos praticados pelo poder executivo (exclui os atos do poder
legislativo e do judiciário no exercício da atividade administrativa); é aquele que se resume (restringe) ao
conjunto de legislação voltada ao Poder Executivo. É um desdobramento do critério legalista.
 Critério negativista ou residual: Reza por questões não pertencentes a nenhum outro ramo jurídico. A
atividade administrativa é típica, não se confundindo com a função legislativa e jurisdicional
 Critério das atividades jurídicas: Administração Pública é o conjunto de princípios sociais do Estado:
Direito que regula a atividade jurídica não contenciosa do Estado e a constituição dos órgãos e meios de
sua atuação em geral;
 Critério de administração pública: Conjunto de princípios que envolvem a administração
pública; considerando as atividades, os órgãos e entidades, sua organização e as relações com os
administrados. Hely Lopes.
 Critério da escola francesa/legalista/exegética/empírica/caótica: Viés positivista. Baseada
predominantemente no direito positivo; conjunto de diplomas normativos e legais que regulamentam e
disciplinam a atividade estatal. Limita o estudo do Direito Administrativo ao direito positivo com pitadas do
estudo jurisprudencial, inclusive jurisprudencial administrativo.
 Critério teleológico ou finalístico: regula as atividades do Estado no cumprimento de sua finalidade
pública (atendimento ao interesse coletivo).
 Critério técnico-científico: congloba os demais critérios. Para essa teoria, há uma sistematização entre a
lei, os princípios e os valores morais de uma sociedade, cujo intento finalístico é o atendimento ao
interesse público, notadamente no exercício da sua atividade pública quando exercida pelo Estado.
 Critério das relações jurídicas: é o conjunto de regras que regem as relações entre a Administração e
os administrados.

ESTADO
Tradicionalmente, o Estado é como uma instituição organizada social, jurídica e politicamente, detentora de
personalidade jurídica de direito público e de poder soberano para, através de suas instituições e de um
GOVERNO, dentro de um TERRITÓRIO, gerir os interesses de um POVO.

Consolidou-se o entendimento clássico de que o Estado possui três FUNÇÕES: administrativa, legislativa e
jurisdicional; realizadas por seus “poderes”: Executivo, Legislativo e Judiciário de forma típica e atípica.
(Sistema de Freios e Contrapesos - Vide art. 2º, CF + Teoria Tripartite do poder de Montesquieu).

Entretanto, não há exclusividade no exercício das funções pelos Poderes, mas uma preponderância.

Vale lembrar que: Das Funções Essenciais à Justiça.


- Do Ministério Público
- Da Advocacia Pública
- Da Advocacia e da Defensoria Pública
Autônomo em relação aos outros três poderes anteriores.
Sistema de controle.
São funções imprescindíveis para o equilíbrio harmonia dos Poderes estatais.

Tome nota: O Poder Executivo não exerce com exclusividade a função administrativa do estado. A divisão dos
poderes não gera absoluta divisão das funções, mas sim, distribuição de três funções estatais precípuas.

GOVERNO
É o elemento formador do estado, não se confundindo com ele.
É a cúpula diretiva do Estado que se organiza sob uma ordem jurídica por ele posta, a qual consiste no complexo
de regras de direito baseadas e fundadas na Constituição Federal; ou seja, é o conjunto de poderes e órgãos
constitucionais responsáveis pela função política do Estado.

 sentido subjetivo é elemento do estado, por meio da soberania; é a cúpula diretiva do Estado;
 sentido objetivo (material) é a própria atividade do Estado.

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ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
É a faceta organizacional do Estado voltada para o atendimento das necessidades coletivas, no desempenho de
sua função administrativa.

A expressão pode ser compreendida em dois sentidos:


- Sentido Objetivo (administração pública): consiste na própria atividade administrativa exercida pelos
órgãos e entes estatais.
O que faz?

- Sentido Subjetivo (Administração Pública): consiste no conjunto de órgãos, entidades e agentes que
tenham atribuição de exercer a função administrativa.
Quem faz?

DICA:
- Sentido amplo: órgãos governamentais (funções políticas) + órgãos administrativos (função administrativa,
exercendo os planos governamentais).
- Sentido estrito: apenas os órgãos administrativos (função administrativa).
- Sentido formal, subjetivo ou orgânico - (sujeito) Quem desempenha funções na Administração?
- Sentido material, objetivo ou funcional - (objeto) O que faz a Administração?

Ainda sobre a Administração Pública, a doutrina aponta como essenciais quatro tarefas:
■ Poder de Polícia: limitação da liberdade e propriedade privadas em favor do interesse público, prevista no art.
78 do CTN.
■ Prestação de serviços públicos: função positiva do Estado, na prestação de serviços públicos de forma a
efetivar direitos básicos.
■ Regulação de atividades de interesse público e fomento: incentivo a atividades exercidas por particulares,
além de regular atividades anteriormente desenvolvidas pelo Estado (via agências reguladoras);
■ Controle de atuação do Estado: poder-dever de verificar a atividade Estatal, presente em todos os Poderes.

Se liga!!!
Quanto à abrangência, a função administrativa pode ser dividida em:

AP EXTROVERSA (função externa)


- Envolve a relação existente entre a Administração e os administrados (atividade fim).
- É finalística.
AP INTROVERSA (função interna)
- Envolve a relação entre os próprios entes públicos (atividade meio).
- É instrumental.

LOGO, não confunda...


- Administração Pública: responsável pelo exercício da função administrativa do Estado.
- Poder Executivo: conjunto de órgãos e entidades estatais que compõem um dos Poderes da República.
- Poder Público: é o exercício coercitivo das funções estatais (por vezes, se confunde com a própria noção de
Estado, em sentido subjetivo).
- Governo x AP: Os conceitos de governo e administração não se equiparam; o primeiro refere-se a uma
atividade essencialmente política, ao passo que o segundo, a uma atividade eminentemente técnica.

Sistemas de Controle
Em todo mundo, adotam-se diferentes sistemas (ou modelos) para correção dos atos administrativos ilegais ou
ilegítimos praticados pelo Poder Público. São eles:

- Sistema do Contencioso Administrativo (Sistema Francês – dualidade de jurisdição) – restringe o


controle dos atos da administração pelo Poder Judiciário. É formado por órgãos da Administração Pública.

- Sistema Judiciário (Sistema Inglês - unicidade de jurisdição) – permite que o controle de todos os atos
da administração seja feito pelo Poder Judiciário. É o sistema adotado pelo Brasil (vide art. 5º, XXXV da
CF/88 – princípio da inafastabilidade da jurisdição).

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Vale lembrar que o Sistema Inglês admite algumas exceções:


- Justiça desportiva – art. 217, § 1º da CF/88.
- Habeas data – Súmula 2 do STJ.
- Súmulas Vinculantes – Lei nº 11.417/2006.
- Mandado de Segurança – art. 5º, I da Lei nº 12.016/2009.
- Benefício Previdenciário – STF Informativo 757.

Vale ressaltar que essas exceções são aparentes, porque não afastam a apreciação do Poder Judiciário, apenas
a transferem para momento posterior.

OLHA A PROVA!!!
- (VUNESP/Procurador do Município de Jundiaí-SP) foi considerada correta a seguinte assertiva: O direito
administrativo pátrio recebeu grande contribuição do sistema francês, tendo adotado vários dos seus institutos
jurídicos, exceto quanto ao contencioso administrativo.
Tendo sido considerada correta as seguintes alternativas:
- (FCC/SEFAZ-SC) As relações e negócios jurídicos celebrados pela Administração pública são regidos pelo
direito público no que se refere ao exercício de suas funções típicas e prestação de serviços públicos, direta ou
indiretamente, o que não se aplica à atividade-fim para sociedades de economia mista exploradoras de atividade
econômica, que atuam em regular competição no mercado.
- (CESPE/TCE-MG) As tarefas precípuas da administração pública incluem a realização de atividades de fomento
e a prestação de serviços públicos.
- Na prova do MPE-SC (Ano: 2016, Banca: MPE-SC), foi considerada errada a seguinte afirmação: Sinônimo de
função de governo para a doutrina brasileira, a função administrativa consiste primordialmente na defesa dos
interesses públicos, atendendo às necessidades da população, inclusive mediante intervenção na economia.

COMO ISSO FOI COBRADO EM PROVA?

Q1 (CESPE/TCE-MG) Considerando a origem, a natureza jurídica, o objeto e os diferentes critérios adotados para
a conceituação do direito administrativo, assinale a opção correta.
A) No direito administrativo, adota-se o modelo francês de jurisdição como forma de controle da administração.
B) O direito administrativo disciplina direitos consolidados e estáveis.
C) O objeto do direito administrativo é o estudo da função administrativa.
D) O direito administrativo é ramo recente do direito e a aplicabilidade da legislação a ele pertinente restringe-se
ao Poder Executivo.
E) As leis e normas do direito administrativo encontram-se consolidadas em código específico.

Q2 A discussão teórica sobre o conceito de Direito Administrativo se estabeleceu, a partir do debate acadêmico
europeu do Século XIX, em torno de determinados traços distintivos da disciplina. Dentre as escolas que então se
formaram, aquela que enfatizava a importância da distinção entre “atos de império” e “atos de gestão”, para fins de
definição do campo científico jusadministrativo, é a escola: da puissance publique ou potestade pública.

Q3 Do ponto de vista normativo, o direito administrativo abrange as normas que regem a administração pública,
razão pela qual mantém relações importantes com outros ramos do direito.

Q4 Em virtude do princípio da legalidade, é uníssono na doutrina o entendimento segundo o qual todas as leis são
fontes do direito administrativo.

Q5. Prova: CESPE / CEBRASPE - 2022 - INSS - Técnico do Seguro Social. A lei é considerada a fonte primordial
do direito administrativo brasileiro, razão por que esse ramo do direito público nacional se encontra codificado, ou
seja, as normas administrativas estão reunidas em um só corpo de leis.

Q6. Provas: CESPE / CEBRASPE - 2022 - SECONT-ES - Auditor do Estado. Dada a origem francesa do direito
administrativo pátrio, a jurisprudência, no Brasil, assim como ocorre na França, revela-se a principal fonte do
direito administrativo.

Q7. Provas: CESPE / CEBRASPE - 2022 - SECONT-ES - Auditor do Estado. Segundo o critério teleológico, o
direito administrativo é definido como o sistema dos princípios jurídicos que regulam a atividade do Estado para o
cumprimento de seus fins.

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Q8. Provas: CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-PB - Técnico em Perícia. Os costumes são práticas reiteradas da
autoridade administrativa, capazes de estabelecer padrões de comportamento e fazer que os administrados
esperem aquele modo de agir.

Q9. Provas: CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-PB - Técnico em Perícia. Os normativos e a jurisprudência
constituem fontes primárias, ou seja, veículos habilitados para criar direitos e obrigações.

Q10. Prova: CESPE / CEBRASPE - 2022 - DPE-RO - Analista da Defensoria Pública – Jurídica. O Estado é
formado pela junção de três elementos originários e indissociáveis, que são autonomia, povo e governo.

Q11 Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - PGE-SE - Procurador do Estado. Leis que são fonte do direito
administrativo não necessariamente têm aplicabilidade em todo o território nacional.

Q12 Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - PGE-SE - Procurador do Estado. A jurisprudência somente é fonte do
direito administrativo nos países que adotam o sistema de contencioso administrativo.

Q13 Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-SC - Titular de Serviços de Notas e de Registros. A expressão the
king can do no wrong (em português, o rei não pode errar) traduz um fundamento do Estado de direito que
remonta à origem do direito administrativo.

Q14 Prova: CESPE / CEBRASPE – 2023. A administração pública pode ser conceituada como o conjunto de
órgãos e entidades destinados à execução das atividades públicas. Nesse sentido, a administração pública é
entendida sob o aspecto objetivo

Q15 Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário. Conforme a doutrina majoritária, os
costumes não são fonte do direito administrativo brasileiro, porquanto a administração pública deve obedecer
estritamente ao princípio da legalidade.

Gabarito: 1C 2C 3 C 4E 5E 6E 7C 8C 9E 10E // 11C 12E 13E 14E 15E.

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TEMA 3. Ato administrativo.


3.1 Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies. 3.2 Extinção do ato administrativo. 3.2.1 Cassação,
anulação, revogação e convalidação. 3.3 Decadência administrativa.

CONCEITO
Atos administrativos são espécies do gênero ato jurídico. Assim, os atos jurídicos são qualquer manifestação
unilateral humana voluntária que tenha a finalidade de produzir determinada alteração jurídica.

Diferentemente dos contratos administrativos, os atos administrativos são UNILATERAIS e dependem apenas
da vontade da administração pública ou dos particulares que estejam exercendo prerrogativas públicas. Além
disso, eles têm o condão de gerar efeitos jurídicos, independentemente de qualquer interpelação e estão sujeitos
ao controle do Poder Judiciário. Eles também possuem como finalidade o interesse público e se sujeitam ao
regime jurídico de direito público.

Para Hely Lopes Meirelles, o conceito de ato administrativo leva em consideração o conceito de ato fornecido
pela teoria geral do direito, acrescentando-se, no entanto, a finalidade pública. Para o autor, ato administrativo é
"toda manifestação unilateral da Administração que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato
adquirir, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si
própria".

Não confunda!!!

Obs.: A disciplina dos atos administrativos depende quase que exclusivamente da doutrina, com a considerável
exceção da bem formulada Lei nº 9.784/99, que lhes dedica alguns dispositivos. (LEIA!!!)

OLHA A PROVA!!!
Na prova da PC-ES (Ano: 2022 Banca: CESPE), foi considerada correta a seguinte afirmação: Ato administrativo é
a declaração do Estado, ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei,
sob regime jurídico de direito público e sujeito a controle pelo Poder Judiciário

Atenção!!!
SILÊNCIO ADMINISTRATIVO – Regra: o silêncio não é ato administrativo, pois inexiste manifestação formal de
vontade da Administração.
Exceção: Representará a manifestação de vontade administrativa quando houver previsão legal expressa nesse
sentido (ex.: art. 26, § 3º, da Lei 9.478/1997: Decorrido o prazo estipulado no parágrafo anterior sem que haja
manifestação da ANP (Agência Nacional de Petróleo), os planos e projetos considerar-se-ão automaticamente
aprovados.

Caso uma lei estabeleça que a administração pública possui o prazo de 5 anos para anular um ato administrativo
e não ocorra, no prazo determinado, a anulação, teremos a aprovação do ato administrativo, que não poderá, em
momento posterior, ser anulado.

Nestes casos, o silêncio da administração acarretou a aprovação.


Claro que, se houver má-fé não há que se falar em prazo!

Vale ressaltar que: O silêncio por parte da administração significa um NADA JURÍDICO, salvo quando a lei der
ao silêncio um efeito, ou seja, quando a lei expressamente atribuir o efeito.
Mas o administrado poderá impetrar MS, alegando lesão ao direito líquido e certo de petição (direito de pedir e de
obter uma resposta). O juiz não pode substituir o administrador, ele vai dar um prazo para que a administração
pratique o ato, sob pena de crime de responsabilidade, multa diária etc.

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INÉRCIA - Hely Lopes Meirelles aduz que a inércia do Poder Público caracteriza abuso de poder, corrigível pela
via judicial, ponderando que “o silencio não é ato administrativo”, de maneira que “não cabe ao Judiciário praticar
o ato omitido pela Administração, mas, sim impor sua prática”.

OMISSÃO - A omissão específica caracteriza a abuso de poder em virtude do poder-dever de agir da


Administração Pública quando a lei assim o determina, podendo ou não a lei prever o prazo para tanto (neste
último caso, deve-se considerar o que a doutrina chama de "prazo razoável"). Ressalte-se que a omissão não é
ato administrativo, mas sim a ausência de manifestação de vontade do poder público.
 Caso se trate de ato vinculado, o Poder Judiciário suprirá a omissão administrativa concedendo o que
fora postulado, se for caso de julgamento procedente, isso no entendimento de Celso Antônio Bandeira de
Melo;
 Na hipótese de ato discricionário, o Poder Judiciário tão somente poderá formalizar a mora do
administrador, mas jamais coagi-lo a tomar a decisão. Nesta hipótese, Celso Antônio Bandeira de Melo
prega ser possível ao juiz conferir um prazo para que a autoridade administrativa tome uma decisão, sob
pena de multa diária.

REQUISITOS (Elementos)

Os requisitos, também chamados de ELEMENTOS do ato administrativo são aqueles que constituem sua
formação. São as condições necessárias à constituição do ato administrativo, aquelas que se relacionam com a
existência do ato. Tais elementos são retirados do art. 2º da lei que regulamenta a Ação Popular (Lei nº
4.717/65).

Se liga!!!
Elementos do ato administrativo: COMPETÊNCIA, FORMA, FINALIDADE, MOTIVO E OBJETO.
Requisitos para fins de eficácia: Publicidade, Mérito administrativo e Procedimento administrativo.

A) COMPETÊNCIA
A competência, também chamada de SUJEITO, é o elemento que indica quem é a autoridade administrativa
que pode produzir (assinar) o ato administrativo.

É a condição primeira de sua validade; nenhum ato - discricionário ou vinculado - pode ser realizado validamente
sem que o agente disponha de poder legal para praticá-lo; sendo um requisito de ordem pública, é intransferível
e improrrogável pela vontade dos interessados, podendo ser delegada e avocada.

Sua delimitação ocorre em razão: da matéria, do território, da hierarquia e do tempo.

VIDE - Arts. 11 a 17 da Lei nº 9.784/99 (leitura obrigatória).

A Lei n° 9.784/99 em seu art. 12, no entanto, admite a delegação de competência de um órgão administrativo ou
de seu titular para outros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados, ....

A Lei n° 9.784/99 em seu art. 13, veda, expressamente, a possibilidade de delegação da competência nas
seguintes situações: Importante!!!
a) Casos de edição de atos de caráter normativo;
b) Decisão de recursos; e.
c) Matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Conceitos:
- A delegação é a atribuição para terceiro, com ou sem hierarquia, do exercício de atribuição do delegante. Pode
ser realizada, exceto se houver vedação legal. Por exemplo, não pode haver delegação de: ato de competência
exclusiva, atos normativos e recursos administrativos.
- Já a avocação é atrair para si competência de subordinado. Logo, existe hierarquia. Além disso, em regra, não
pode ser realizado, exceto se for excepcional, por motivos relevantes e justificados e for temporária.

Complemento: Avocação de competência.


Diante de motivos relevantes devidamente justificados, o art. 15 da Lei nº 9.784/99 permite que a autoridade
hierarquicamente superior chame para si a competência de um órgão ou agente subordinado. Esse movimento

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centrípeto é a chamada avocação de competência, medida excepcional e temporária pela qual determinada
competência administrativa é convocada pela autoridade superior.
Ao contrário da delegação, a avocação só pode ser realizada dentro de uma mesma linha hierárquica,
denominando-se avocação vertical. Não existe, no direito brasileiro, avocação horizontal, que é aquela realizada
entre órgãos ou agentes dispostos sem subordinação hierárquica.

MEIOS DE SANAR OS VÍCIOS DE COMPETÊNCIA:


 Também conhecida como sanatória (ou aperfeiçoamento), é a correção do vício existente no ato
administrativo.
 O ato que convalida tem efeitos ex tunc, uma vez que retroage, em seus efeitos, ao momento em que foi
praticado o ato originário.
 A convalidação decorre do princípio da segurança jurídica – Di Pietro.

Requisitos:
 Não causar lesão ao interesse público.
 Não causar prejuízo a terceiros.
 Vício tem que ser sanável (vício de competência ou forma). Salvo, competência exclusiva e vício de
forma, se faltar alguma formalidade indispensável para a validade do ato. A forma for essencial.

É importante destacar que parte da doutrina (dentre os quais José dos Santos Carvalho Filho) entende que a
CONVALIDAÇÃO se divide em TRÊS DIFERENTES HIPÓTESES, a saber:

• RATIFICAÇÃO: na ratificação, um servidor ou autoridade corrige os vícios sanáveis inicialmente apresentados,


com efeitos retroativos. É o saneamento de vícios de competência (se não for competência exclusiva) ou de
forma (se não for essencial ao ato). Trata-se do modo mais comum de ser realizada a convalidação.
CORRIGE O VÍCIO.
Memorizar: é a convalidação do ato admi7nistrativo que apresenta vícios de competência ou de forma.

Ex.: ato editado verbalmente, de forma irregular, pode ser posteriormente ratificado pela forma escrita; ato editado
por agente público incompetente pode ser ratificado pela autoridade competente.

• REFORMA: na reforma, o processo de convalidação é realizado por meio da edição de um novo ato. Este ato,
ao mesmo tempo, suprime a parte inválida (ilegal) e mantém a parte válida do ato anterior.
REMOVE O VÍCIO.
Memorizar: é a convalidação do ato administrativo que apresenta vício em um dos objetos.

Ex.: ato que concede dois benefícios remuneratórios para determinado servidor que, em verdade, fazia jus a
apenas um deles.

• CONVERSÃO: na conversão ocorre de forma semelhante à reforma. No entanto, após o novo ato retirar a parte
inválida, compete à Administração Pública substituir, por meio de um ato chamado de aproveitamento, a parte
retirada. Substitui parte ilegal do ato por uma parte legal; ou seja, reforma o ato com o acréscimo de novo objeto
SUBSTITUI O VÍCIO.
Memorizar: é a convalidação do ato administrativo que apresenta vício em um dos objetos.

Ex.: ato que nomeia três servidores para atuarem em determinada comissão disciplinar. Constatado que um dos
nomeados era irmão do agente que seria investigado, a autoridade competente exclui o integrante da comissão,
substituindo-o por outro agente e mantém os demais nomeados.

Se liga!!!
A COMPETÊNCIA só admite a convalidação se NÃO for exclusiva.
A FORMA só admite convalidação se NÃO for essencial à validade do ato.
O OBJETO só admite convalidação se NÃO for único.

Logo, ...
SANÁVEIS -> competência, forma e objeto (plúrimo, ou seja, quando há mais de um objeto).
INSANÁVEIS -> motivo, objeto (quando único), finalidade + falta de congruência entre o motivo e o resultado do
ato administrativo.

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CONCEITO ALFA
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B) FORMA
A forma é o modelo determinado pela lei para a exteriorização do ato administrativo e para que o este exista
validamente sua forma deve ser a prevista em lei. Via de regra, o ato administrativo deve ser escrito, em
obediência ao princípio da documentação, podendo a lei estabelecer uma forma mais solene.
Vale lembrar que: permitem-se atos verbais (urgência e irrelevância), forma gestual ou por meio de sinais
sonoros.

Fique atento!!! A irregularidade na forma do ato administrativo admite convalidação (salvo quando a forma
for considerada essencial para a validade do ato), mas a inexistência de forma significa a inexistência do
próprio ato, o que impossibilita qualquer tipo de convalidação.

C) FINALIDADE
É o resultado (mediato) que a Administração pretende alcançar com o ato administrativo.

Todo ato administrativo possui uma finalidade em sentido amplo – interesse público – e a finalidade especial,
própria do ato. Para que este ato seja considerado válido, ambas as finalidades (ampla e estrita) devem ser
respeitadas.

Exemplo: remoção de ofício do servidor.

D) MOTIVO
É o pressuposto de fato e de direito que justifica a prática do ato administrativo.

A lei pode ou não determinar expressamente os motivos, o que significa que esse elemento, ao contrário dos
anteriores (competência, finalidade e forma), pode ser vinculado ou discricionário.

Observação: Ainda que o motivo seja discricionário, a lei irá prever, pelo menos de forma abstrata, o que se
costuma chamar de "motivo legal".

Ex.: a lei proíbe a prática de atos públicos contrários à moral.

Se liga!!! Não existe uma pacificação na doutrina com relação ao dever de motivar, mas é importante ressaltar
que ela deve ser: prévia ou contemporânea à prática do ato, devendo ser explícita e clara.
E é possível que a motivação consista em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que ente, caso, serão parte integrante do ato (ver art. 50, § 1º da Lei nº
9.784/99).

DICA: LEIA com atenção o art. 50 da Lei nº 9.784/99.

MEGA IMPORTANTE!!! Teoria dos Motivos Determinantes


O motivo invocado para a prática do ato condiciona a sua validade; deve ser VERDADEIRO E LEGAL. Em
sendo o motivo falso ou inexistente o ato será inválido. Dessa forma, o ato discricionário, uma vez motivado,
passa a se vincular aos motivos indicados pela Administração Pública como justificadores de sua prática. Assim,
motivado o ato, o motivo se vincula a ele.

Exemplo: os cargos em comissão são considerados de livre nomeação e exoneração, de forma que os seus
ocupantes podem ser exonerados sem a necessidade de motivação para a prática do ato. Caso, entretanto, a
autoridade superior exonere um servidor ocupante de cargo em comissão motivando o ato com a alegação de
contenção de despesas, ficará vinculada ao motivo alegado. Nesta hipótese, caso a administração, em um curto
espaço de tempo, nomeie outra pessoa para ocupar o cargo em comissão, haverá dissonância com o motivo
alegado, devendo o ato de exoneração ser considerado nulo.

E) OBJETO
É o resultado (imediato) prático do ato administrativo, é a alteração no mundo jurídico que ocorre com a prática
deste ato. É aquilo que o ato enumera, dispõe, declara, enuncia, certifica, extingue, autoriza, modifica. A doutrina
costuma usar a expressão “é o efeito jurídico do ato”.

O objeto ou o conteúdo do ato pode ou não vir fixado em lei (vinculado ou discricionário). Quando deixado a
critério do administrador, não pode ser substituído pelo julgador na sua análise jurídica.

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Fique atento!!! O objeto pode ser dividido em:


a) objeto natural – é o efeito jurídico que o ato produz sem necessidade de expressa menção. É uma
consequência natural do ato.
b) objeto acidental – é o efeito jurídico que o ato produz em decorrência de cláusulas acessórias apostas ao ato
pelo sujeito que o pratica.

Atenção!!! Constituem o objeto acidental o termo (indicação do dia de início ou de término da eficácia do
ato), o modo ou encargo (ônus imposto ao destinatário do ato administrativo) e a condição (subordinação do
efeito do ato a evento futuro e incerto. Divide-se em suspensiva e resolutiva).

RESUMINDO...
• O ato administrativo deve respeitar os seguintes requisitos (ou elementos): competência (o autor do ato
deve estar investido nas atribuições necessárias para sua produção), objeto (conteúdo em conformidade
com a lei), forma (revestimento externo do ato), finalidade (resultados pretendidos) e motivo (situação
concreta que autoriza a sua prática).
• O ato administrativo será considerado perfeito quando houverem sido completadas todas as fases
necessárias a sua formação. Será válido quando estiver em consonância com as exigências do
ordenamento jurídico. E será eficaz quando estiver apto a produzir seus efeitos típicos.

PARA FIXAR:
Elementos Ato Vinculado Ato Discricionário
Competência Sim Sim
Forma Sim Sim
Finalidade Sim Sim
Motivo Sim Não
Objeto Sim Não

Logo,
- Competência, Forma e Finalidade são elementos vinculados de todos os atos administrativos: vinculado ou
discricionário.
- Motivo e Objeto é o mérito do ato administrativo discricionário.

Compreendendo:

Se liga!!! Motivação Falsa X Ausência de Motivo


Importante se faz a distinção entre motivação falsa do ato administrativo e a ausência de motivo, posto que se
constituem em vícios em elementos diferentes do ato. Explico, a motivação falsa constitui-se em vício no elemento
motivo, sendo, portanto, insanável – Teoria dos Motivos Determinantes.

Já a ausência de motivo, constitui-se em vício na forma, sendo consequentemente, vício sanável.

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ATRIBUTOS (Características)

Também chamados de CARACTERÍSTICAS do ato administrativo, são as qualidades que os diferenciam dos
demais atos. A exemplo do que ocorre no caso dos elementos que compõem o ato administrativo, a doutrina
também não está pacificada no caso dos atributos, vejamos:

- Hely Lopes Meirelles: Presunção de Legitimidade, Imperatividade e Auto-executoriedade.


- Celso Antônio B. de Mello: Presunção de Legitimidade, Imperatividade, Exigibilidade e Executoriedade.
- Maria Sylvia Zanella Di Pietro: Presunção de Legitimidade e Veracidade, Imperatividade, Auto-executoriedade
e Tipicidade.

A) TIPICIDADE
Os atos administrativos devem corresponder a figurar previamente estabelecidas em lei como aptas a
produzir determinados resultados.

Trata-se de decorrência do princípio da legalidade que afasta a possibilidade de a Administração praticar atos
inominados, diferentemente do particular. Aqui temos uma garantia ao administrado.
Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro para cada finalidade que a Administração pretende alcançar existe um ato
definido em lei.

B) PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE E VERACIDADE


Todos os atos administrativos nascem com ela, decorre do princípio da legalidade da Administração.

Os atos administrativos são presumidamente verdadeiros (reais), legais e legítimos (respeitam, além da lei, a
moralidade).

Trata-se de uma presunção relativa (juris tantum), portanto, admite prova em contrário a cargo de quem alega a
ilegitimidade.

Este requisito autoriza, portanto, a imediata execução de um ato administrativo, mesmo se eivado de vícios,
enquanto não declarada sua nulidade pela própria Administração ou pelo Judiciário.

Não confunda!!! Presunção de legitimidade X Presunção de veracidade:


A primeira seria a presunção de que o ato praticado pela Administração estaria de acordo com a lei, enquanto a
segunda diz respeito aos fatos, presumindo que estes são verdadeiros quando alegados pela Administração,
como nos casos das certidões, atestados, declarações, vez que dotadas de fé-pública.

Cuidado!!! Ordem Ilegal - A exceção ao princípio da presunção de legitimidade dos atos administrativos é a
ordem manifestamente ilegal dada a servidor público, que admite a resistência sem prévio recurso ao Poder
Judiciário visando a declaração de ilegalidade.

C) IMPERATIVIDADE
“É a qualidade pela qual os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente de sua
concordância".

Este atributo não se encontra presente em todos os atos emanados pela Administração, mas caracteriza os que
emitirem uma ordem, um comando ao particular.

Assim, é o atributo do ato administrativo que impõe a coercibilidade para seu cumprimento ou execução, está
presente nos atos que consubstanciam um provimento ou uma ordem administrativa (normativos, ordinatórios,
punitivos), com a força impositiva própria do Poder Público.

Fique atento!!! Pela imperatividade os atos administrativos serão impostos a terceiros, independentemente da
concordância ou não destes. A imperatividade constitui o particular em obrigação de forma unilateral. É o
chamado poder extroverso do Estado.

Não confunda!!!
• Poder extroverso ou imperatividade também denominado coercibilidade ou "jus impere" - Decorre da
necessidade de imposição dos atos administrativos a terceiros independentemente de sua concordância.

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Ex.: a cobrança e fiscalização dos impostos, a polícia, a previdência social básica, a fiscalização do cumprimento
de normas sanitárias, o serviço de trânsito.
• Poder introverso - materializando-se pelos atos administrativos realizados entre os Entes Políticos
(União, Estado, Municípios e DF), entre esses e os órgãos da Administração Direta e entre esses entre si.

D) AUTO-EXECUTORIEDADE
É o atributo do ato administrativo que permite que o mesmo seja executado sem a necessidade de a
Administração se socorrer do Poder Judiciário.

Lembrando que tal atributo não afasta a apreciação judicial do ato, apenas dispensa a Administração de obter
autorização judicial prévia para sua prática.

Só será possível quando a lei expressamente a previr ou quando se tratar de medida urgente, sem a qual haverá
grave comprometimento do interesse público. Mas não confunda! Isso não significa que não pode haver controle
judicial do ato.

Atenção!!! Para o Prof. Celso Antônio B. de Mello, este atributo apresenta dois aspectos: exigibilidade e
executoriedade.
• A exigibilidade se utiliza de meios indiretos de coerção, como multa ou outras penalidades
administrativas, enquanto na executoriedade a Administração faz uso de meios diretos de coerção,
utilizando, até mesmo, força física para dar efetividade às suas decisões.

E) EXIGIBILIDADE
Alguns autores, como Marçal Justen Filho, referem-se à exigibilidade como sinônimo de imperatividade.

Celso Antônio Bandeira de Mello, é no sentido de que a exigibilidade é atributo autônomo do ato administrativo
e não se confunde com a imperatividade, pois este atributo apenas impõe uma obrigação, enquanto aquele exige
a obediência a uma obrigação já imposta pela Administração, por meio de instrumentos indiretos de coação, sem
a necessidade de prévia autorização do Poder Judiciário.

Por fim, ...


A presunção de legitimidade é um atributo previsto em todo ato administrativo, assim como a tipicidade. J
á a imperatividade e a autoexecutoriedade estão previstos em alguns deles.

Super RESUMO:

CLASSIFICAÇÃO

A) Quanto à margem de liberdade, os atos administrativos podem ser:


 Vinculados: Não há margem de liberdade. O agente, então, apenas executa a vontade da lei;
 Discricionários: Há certa margem de liberdade resguardada pela lei ao agente público.

DICA: Como descobrir se o ato é VINCULADO OU DISCRICIONÁRIO? R: DICA DO “R”.

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(1) ATOS QUE SÃO DISCRICIONÁRIOS = AQUELES QUE POSSUEM A LETRA ''R'' EM SEU NOME:
EX: AUTORIZAÇÃO / APROVAÇÃO / PERMISSÃO / RENÚNCIA

(2) ATOS QUE SÃO VINCULADOS = AQUELES QUE NÃO POSSUEM A LETRA ''R'' EM SEU NOME:
EX: LICENÇA / ADMISSÃO / HOMOLOGAÇÃO / VISTO / DISPENSA ...

Licença - É um ato administrativo unilateral e vinculado por meio do qual a administração faculta ao particular a
realização de determinada atividade desde que preenchidos os requisitos da lei. Ex.: Licença para dirigir/construir.
Obs.: licença ambiental (há divergência).

Autorização - Autorização é ato administrativo discricionário, mediante o qual é delegada a um particular, em


caráter precário, a prestação de serviço público que não exija elevado grau de especialização técnica nem vultoso
aporte de capital(...) sendo o seu beneficiário exclusivo ou principal o próprio particular autorizado.

B) Quanto à vontade, os atos administrativos podem ser:


 Simples: Depende da vontade de um único órgão (singular ou colegiado) para existir;
 Complexos: Depende da vontade de 2 (dois) órgãos para existir. Tais vontades se fundem, de modo
que, enquanto a segunda vontade não surge, o ato também não nasce.
 Compostos: são os atos formados pela vontade de um órgão, mas sujeito à aprovação de outro órgão
ou autoridade. Tal aprovação é condição de exequibilidade do ato.

C) Quanto aos destinatários, os atos administrativos podem ser:


 Gerais: São atos administrativos com destinatários indetermináveis. Em razão da indeterminação dos
destinatários, a publicidade, neste caso, se faz por meio de publicação no Diário Oficial. Por exemplo,
edital de concurso público.
 Coletivos: São atos administrativos destinados a um grupo específico de pessoas.
 Individuais: São atos administrativos voltados a um destinatário certo. Neste caso, a publicidade se faz
por meio da comunicação do destinatário.

D) Quando à estrutura, os atos administrativos podem ser:


 Abstratos: Também denominados Atos Normativos, possuem aplicação continuada, pois não se
esgotam na primeira aplicação. A competência para expedir ato normativo/ abstrato é indelegável
 Concretos: Esgotam-se após a primeira aplicação.

E) Quanto ao objeto, os atos administrativos podem ser:


 Ato de Império: é o ato administrativo praticado pela Administração em posição de superioridade (ou
verticalidade). Isso ocorre quando o Estado atua na defesa do interesse público propriamente dito
(interesse público primário), logo, não há ato de império frente ao ato que defende interesse patrimonial
da administração (interesse público secundário);
 Ato de Gestão: é o ato administrativo praticado pela Administração em posição de igualdade (ou
horizontalidade). Os atos, aqui, são regidos pelo Direito Privado. Note que, em verdade, o ato de
gestão não é um ato administrativo, mas um ato da administração, uma vez que é regido pelo Direito
Privado.
 Ato de Expediente: é o ato que dá andamento ao processo administrativo.

E) Quanto ao conteúdo, os atos administrativos podem ser:


 Constitutivos: criam uma nova situação jurídica, ou seja, passa a existir um direito para os
administrados ou para a própria Administração Pública. Ex.: posse, pela qual passa a existir para o
beneficiário a situação jurídica de servidor.
 Abdicativos: aqueles em que o titular abre mão de um direito. São incondicionais, irretratáveis,
imodificáveis e irreversíveis. Formalizam-se por meio de renúncia. Administração Pública somente pode
renunciar a direito se houver autorização legislativa, decorre do princípio da indisponibilidade do interesse
público pela AP.
 Desconstitutivos ou extintivos: extinguem determinada situação jurídica. Ex.: revogação, que faz
desaparecer um ato administrativo lícito e eficaz.
 Declaratório: reconhecem uma situação jurídica anterior, possibilitando que ela tenha efeitos. Ex.:
anulação de um ato administrativo, que reconhece sua nulidade, ou seja, sua incompatibilidade com a lei;
declaração de prescrição de uma ação ou de decadência de um direito.

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 Alienativos: transfere bens ou direitos de um titular a outro. Em determinados casos, requer


autorização legislativa, como na alienação de bens imóveis da Administração Direta e das autarquias e
fundações.
 Modificativos: alteram situações preexistentes, sem extinguir direitos nem obrigações. Ex.: mudança
do horário de uma reunião.

ESPÉCIES

O estudo das espécies dos atos administrativos implica, basicamente, no conhecimento de cada uma das
espécies e dos principais atos que compõem cada uma delas.

Dessa forma, são espécies de atos administrativos apontados pela doutrina:

A) PUNITIVOS - Atos administrativos punitivos (ou sancionatórios) são aqueles que contêm uma sanção aos que
descumprirem normas legais ou administrativas. Conforme seus destinatários, os atos punitivos podem ser
classificados como de atuação externa ou de atuação interna. Exige-se, em todo e qualquer caso, o respeito à
ampla defesa e ao contraditório na edição de atos punitivos (art. 5º, LV, da CRFB), bem como que as sanções
administrativas tenham previsão legal expressa (princípio da legalidade).

Exemplo: Os atos de atuação interna são as penalidades previstas no regulamento de cada categoria de
servidores, tais como a demissão, a advertência e a suspensão. Já os atos de atuação externa são aqueles
direcionados para pessoas que não integram a estrutura interna da administração, tendo como principais
exemplos a interdição de um estabelecimento e a multa por descumprimento de determinada norma.

B) ENUNCIATIVOS – Atos administrativos enunciativos são todos aqueles em que a administração se limita a
certificar ou a atestar um fato, ou emitir opinião sobre determinado assunto, sem se vincular ao seu
enunciado; ou seja, expressam opiniões ou que certificam fatos no âmbito da Administração Pública. São atos
que não contêm uma manifestação de vontade por parte da administração, se limitando apenas em atestar uma
situação preexistente. São chamados de meros atos administrativos, pois seus efeitos decorrentes são
estabelecidos em lei.
Exemplo: certidões, atestados, pareceres, apostilamentos - CAPA.

C) ORDINATÓRIOS - Atos ordinatórios nada mais são do que manifestações internas da administração quando
da utilização do seu poder hierárquico. Ordem interna. É por meio dos atos ordinatórios que a administração
disciplina o comportamento dos seus servidores. Por isso mesmo, tal espécie de ato não pode ser utilizada para
regular o comportamento de particulares sem vínculo com a administração.
Exemplo: instruções internas, as circulares, os avisos, as portarias, os memorandos e os ofícios.

D) NORMATIVOS - Os atos normativos são aqueles que contêm comandos gerais e abstratos, servindo para
regulamentar e detalhar as disposições da lei, cujo objetivo é a fiel execução da lei. Tais atos não possuem
destinatários certos, motivo pelo qual se assemelham, em muitos aspectos, às leis. A diferença entre as duas
espécies normativas é que as leis possuem a característica de inovar no ordenamento jurídico, ao passo que os
atos normativos apenas podem ser editados dentro dos limites legalmente previstos.
Exemplo: Decreto Regulamentar (art. 84, IV, CF), instruções normativas, regimentos, resoluções, portarias de
conteúdo genérico e as deliberações.

E) NEGOCIAIS - Os atos administrativos negociais (ou de consentimentos) são aqueles em que a vontade da
administração pública coincide com o interesse do administrado; ou seja, são aqueles editados a pedido do
particular, viabilizando o exercício de determinada atividade e a utilização de bens públicos e podem resultar em
atos discricionários ou vinculados e precários ou definitivos. Editados a pedido do particular!
Exemplo: licença e autorização, permissão, aprovação, admissão, visto, homologação, dispensa, renúncia,
protocolo administrativo, utilização de bem público.

Atenção 1!!! A licença pode ser definida como o ato administrativo vinculado e definitivo, cuja função é
conferir direitos ao particular que preencheu todos os requisitos legais. Dessa forma, se o particular atendeu a
todos os requisitos impostos pela lei, a administração deve, obrigatoriamente, conceder a licença. Por isso
mesmo, costuma-se falar que se trata a licença de um direito subjetivo do particular, desde, claro, que todos os
requisitos sejam atendidos.

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Atenção 2!!! A autorização trata-se de ato administrativo unilateral, discricionário e precário por meio do
qual a administração pública possibilita ao particular o exercício de determinada atividade ou serviço ou a
utilização de determinados bens. Por possuir caráter precário e discricionário, possibilita que a administração o
reveja sempre que necessário. Fazem parte dos atos negociais, ainda, a concessão e a permissão, institutos
intimamente relacionados com os serviços públicos. Além disso, são considerados atos negociais, ainda que
pouco exigidos em provas, a homologação, o visto, a admissão e a aprovação.

Atenção 3!!! A permissão é ato administrativo discricionário e precário.


Atenção 4!!! A concessão é contrato administrativo bilateral.

EXTINÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO


O estudo da invalidação e do controle judicial dos atos administrativos refere-se às diversas formas com que os
atos administrativos podem ser retirados do universo jurídico.
(AUTOTUTELA – é princípio!!!)

A) ANULAÇÃO
A anulação trata-se da forma de desfazimento dos atos administrativos nas situações onde são verificadas
ilegalidades. Como o vício encontrado agride uma norma e, como consequência, todo o ordenamento jurídico,
os efeitos da anulação são retroativos e com eficácia ex tunc.

Assim, nenhum dos efeitos produzidos pelos atos anulados devem, como regra, ser mantidos em nosso
ordenamento. Em caráter de exceção, os terceiros de boa-fé devem ter os seus direitos adquiridos preservados,
sob pena de violação do princípio da segurança jurídica.
Neste sentido, merece destaque o teor da Súmula 473 do STF.

STJ: A Administração, à luz do princípio da autotutela, tem o poder de rever e anular seus próprios atos, quando
detectada a sua ilegalidade, consoante reza a Súmula 473/STF. Todavia, quando os referidos atos implicam
invasão da esfera jurídica dos interesses individuais de seus administrados, é obrigatória a instauração de prévio
processo administrativo, no qual seja observado o devido processo legal e os corolários da ampla defesa e do
contraditório. (STJ. 1a Turma. AgInt no AgRg no AREsp 760.681/SC, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
julgado em 03.06.2019)

A anulação pode ser realizada tanto pela administração pública que praticou o ato quanto pelo Poder Judiciário,
exigindo-se, neste último caso, a provocação do referido Poder, em plena consonância com o princípio da
inafastabilidade de jurisdição.

Salienta-se, no entanto, que a atividade administrativa não é exclusividade do Poder Executivo, de forma que
os demais Poderes podem, no exercício de suas funções atípicas, praticar atos administrativos. Nestes casos, um
ato administrativo editado pelo Poder Legislativo pode perfeitamente ser anulado pelo mencionado Poder, sem
haver a necessidade de provocação do Poder Judiciário.

Dessa forma, quando a própria administração é quem anula o ato administrativo, está ela fazendo uso do
princípio da autotutela, segundo o qual o ato administrativo pode ser tanto revogado quanto anulado pela própria
administração que o praticou.
Para que a autotutela seja exercida sem nenhum vício, faz-se necessário que sejam observados o contraditório e
a ampla defesa sempre que a anulação ou a revogação implicar em prejuízo a um direito individual.

Se liga!!!
Regra: 5 anos, contados da data em que o ato foi praticado (art. 54, Lei 9.784/99).
Exceções: se comprovada má-fé, não há prazo para anulação (art. 54, Lei 9.784/99); em caso de afronta direta à
CF (construção jurisprudencial).

Vale lembrar que: É necessário procedimento administrativo, com ampla defesa e contraditório, para anular atos
que repercutam na esfera de interesses individuais do administrado. Vide art. 5º, LIV e LV, da CF.

B) REVOGAÇÃO
A revogação, por outro lado, é o desfazimento de um ato válido, sem vício algum, mas que, por vontade da
administração pública que o produziu, deve ser retirado do universo jurídico.

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A revogação, dessa forma, possui um sentido completamente diferente da anulação. Enquanto na anulação temos
um ato administrativo com vício de ilegalidade, na revogação o ato não apresenta vícios, estando em sintonia com
o ordenamento jurídico e produzindo todos os efeitos para os quais foi editado.
No entanto, a administração, por considerar que o ato é inconveniente ou inoportuno, opta por retirar o ato do
ordenamento. Por isso mesmo, costuma-se afirmar que a revogação incide diretamente sobre o mérito
administrativo, que implica em um juízo de conveniência e oportunidade.
E como a análise do mérito administrativo é privativa da administração que editou o ato, apenas esta pode
realizar a revogação do ato administrativo, não sendo tal providência possível ao Poder Judiciário.

Com base nisso, chegamos a importantes conclusões sobre a revogação:


• a revogação apenas incide sobre os atos discricionários (pois apenas estes possuem mérito administrativo);
• o próprio ato de revogação é um ato discricionário (A administração poderia ter deixado o ato em vigor,
produzindo todos os seus efeitos, mas optou por revogá-lo);
• enquanto a administração pública pode tanto anular quanto revogar os atos administrativos, o Poder Judiciário
pode apenas anular os atos produzidos pela administração, e, ainda assim, desde que provocado.

Salienta-se que os efeitos da revogação não retroagem, sendo prospectivos e produzindo efeitos ex nunc, ou
seja, a partir da própria revogação. Com isso, os efeitos produzidos até a revogação são mantidos, após a qual o
ato deixa de produzir efeitos perante terceiros.

Anulação e Revogação – para fixar:


-- Anulação Revogação

Fundamento Razões de Razões de


Ilegalidade Conveniência e
Oportunidade
Competência Administração Pública e Administração Pública
Judiciário
Efeitos Ex-tunc Ex-nunc

Atenção!
1) O PODER JUDICIÁRIO pode controlar atos discricionários e atos vinculados, desde que este controle seja
sobre a legalidade de tais atos. O Judiciário não pode entrar no chamado mérito administrativo. Caso o motivo
seja falso ou inexistente, NULO será o ato e então o Judiciário poderá apreciar o mérito do ato administrativo.
2) De acordo com o art. 54 da Lei nº 9.784/99, o direito da Administração de anular os atos administrativos de que
decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada má-fé. No entanto, é possível que esta ilegalidade seja revista, a qualquer
momento, pelo Judiciário.

3) Quanto à REVOGAÇÃO, como não há previsão legal quanto ao prazo nem quanto às situações em que esta
seria permitida, a doutrina se encarregou de lhe impor alguns limites, proibindo a REVOGAÇÃO nos seguintes
casos:
(IMPORTANTE)
• os atos vinculados, pois a revogação está relacionada com o mérito administrativo;
• os atos já consumados, uma vez que se os efeitos para os quais o ato administrativo foi editado já se esgotaram,
não há como revogar o que ocorreu no passado;
• os atos que já geraram direito adquirido; (art. 5º, XXXVI, da CF/88);
• os atos que integram um procedimento administrativo, pois a cada nova fase do procedimento o ato anterior
deixa de produzir efeitos;
• os atos denominados como “meros atos administrativos”, que apenas declaram situações que já existem, como a
certidão.
• atos enunciativos (certidão, atestado, parecer e apostila); e
• atos complexos, composto e inválidos (ou ilegais).

OBS: NÃO HÁ PRAZO PARA REVOGAÇÃO !!!

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4) Merece destaque, ainda, entendimento de que a REVOGAÇÃO de atos complexos (os quais resultam da
formação das vontades de dois ou mais órgãos), por questão de simetria, depende, novamente, da manifestação
de ambos os órgãos. Ou seja, a revogação de ato complexo é também um ato complexo.

PARE. PENSE. FIXE:


P1 - O Poder Judiciário pode controlar atos discricionários e atos vinculados da Administração Pública?
Resposta: Sim, desde que este controle seja sobre a legalidade de tais atos. O Judiciário não pode entrar no
chamado mérito administrativo. Caso o motivo seja falso ou inexistente, NULO será o ato e então o Judiciário
poderá apreciar o mérito do ato administrativo (Teoria dos Motivos Determinantes).

P2 - Atos que decorram efeitos favoráveis para o administrado podem ser anulados a qualquer tempo pela
AP?
Resposta: Não. De acordo com o art. 54 da Lei nº 9.784/99, o direito da Administração de anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data
em que foram praticados, salvo comprovada má-fé (princípio da segurança jurídica). No entanto, é possível que
esta ilegalidade seja revista, a qualquer momento, pelo Judiciário.

C) CASSAÇÃO
Trata-se a cassação da extinção do ato administrativo quando o beneficiário deixa de atender aos requisitos
com os quais anteriormente se obrigara. A cassação é, na imensa maioria das vezes, considerada uma sanção
pela doutrina, devido ao seu caráter de desfazimento com base em um não cumprimento de obrigação pelo
particular.

Exemplo: uma pessoa física adquire a permissão para montar um quiosque em uma praça pública, com a
condição de não desmatar a plantação existente na praça. Caso, posteriormente, seja verificado que o particular
descumpriu os requisitos para a manutenção da permissão, esta será cassada pela autoridade que anteriormente
a concedeu.

D) CADUCIDADE
Temos a caducidade quando uma legislação posterior à edição do ato administrativo deixa aquele ato em
desconformidade com o ordenamento jurídico. Trata-se, assim, de uma legislação superveniente que deixa o
ato sem a possibilidade de produzir novos efeitos.

Exemplo: a administração municipal concede uma permissão para que o particular utilize uma praça pública.
Posteriormente, o Município edita uma lei proibindo a realização de concessões e permissões aos particulares.
Nesta situação, estamos diante da caducidade do ato administrativo que concedeu a permissão, uma vez que
legislação posterior o deixou em desconformidade com o ordenamento jurídico.

E) CONTRAPOSIÇÃO
Teremos a contraposição quando um ato posterior extingue o ato anterior, ainda que não faça menção direta
neste sentido. Na contraposição, os efeitos do ato posterior são diametralmente opostos aos efeitos do ato
anterior.

Exemplo: o exemplo utilizado pela doutrina é a exoneração de servidor, ato que se contrapõe ao ato
anteriormente praticado de nomeação. Assim, ainda que a exoneração não declare que o ato de nomeação estará
extinto, trata-se tal efeito de uma consequência lógica.

F) EXTINÇÃO NATURAL
A extinção natural é a ordem natural do ato administrativo. Após o seu nascimento, ele cumpre os seus efeitos e,
por não ser mais utilizável, exaure-se.

Exemplo: o ato administrativo de concessão de licença paternidade a um servidor público extingue-se


naturalmente com o gozo, pelo servidor, da referida licença.

Se liga!!!! A diferença entre a caducidade e a contraposição é que a caducidade é com base em nova LEI e
a contraposição com base em novo ATO.

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Resumindo ...
• Elementos: Competência, Forma, Finalidade, Motivo e Objeto.
• Atributos: Presunção de Legitimidade, Imperatividade, Auto-executoriedade e Tipicidade.
• Não confunda: Ato de Império x Ato de Gestão x Ato de Expediente.

Atos de império ou de autoridade: são os que a Administração pratica usando sua supremacia sobre o
administrado ou servidor, impondo-lhe obrigatório atendimento.
Atos de gestão: são todos aqueles que a Administração pratica sem usar de sua supremacia sobre os
destinatários. Ocorre em atos de administração dos bens e serviços públicos e nos atos negociais com os
particulares que não exigem coerção sobre os interessados.
Atos de expediente: são os que se destinam a dar andamento aos processos e papéis que tramitam nas
repartições públicas, preparando-os para a decisão de mérito a ser proferido pela autoridade. São atos de rotina
interna, normalmente praticados por servidores, sem competência decisória.

COMO ISSO FOI COBRADO EM PROVA?

1. Prova: CESPE / CEBRASPE – 2024. A homologação, o parecer, o visto e a licença são atos administrativos
negociais.

2. Prova: CESPE / CEBRASPE - 2024 - DPE-AC - Defensor Público. No que se refere à anulação de ato
administrativo com efeitos patrimoniais contínuos que beneficiam os destinatários, assinale a opção correta.
A) O prazo para a anulação é de cinco anos, tem natureza decadencial e deve ser contado a partir do primeiro
pagamento, salvo se comprovada a má-fé do beneficiário.
B) O prazo para a anulação é de cinco anos, tem natureza decadencial e deve ser contado a partir do último ato,
pois há renovação do prazo a cada pagamento, já que não atinge o fundo do direito.
C) O prazo para a anulação é de cinco anos, tem natureza decadencial e deve ser contado a partir do primeiro
pagamento, mesmo se evidenciada a má-fé do beneficiário.
D) A administração pública pode anular esse tipo de ato a qualquer tempo, independentemente de prazo.
E) Há prazo prescricional de cinco anos para a administração pública anular esse tipo de ato, o qual será
suspenso com a instauração de procedimento de averiguação da legalidade do ato.

3. Prova: CESPE / CEBRASPE – 2024. João, secretário municipal de saúde, celebrou, em nome da secretaria,
contratação direta por dispensa de licitação, visando adquirir material da única empresa que fornece o respectivo
produto na cidade. Após a contratação, um terceiro interessado apresentou recurso ao chefe de João, a fim de
impugnar o certame. Diante da presunção de legitimidade, o chefe reputou correta a decisão de João.
Com base na situação hipotética precedente, julgue o item seguinte.
A presunção de legitimidade é atributo de todo ato administrativo e significa que, em princípio, o ato é considerado
válido até que se prove o contrário.

4. Prova: CESPE / CEBRASPE – 2024.Os efeitos da anulação de um ato administrativo, como regra, retroagem
ao momento do surgimento do ato.

5. Prova: CESPE / CEBRASPE – 2024.Entre os atributos dos atos administrativos está o da autoexecutoriedade,
que consiste na obrigação de a administração pública utilizar-se da supremacia do interesse público sobre o
privado para criar, unilateralmente, obrigações para si e para o particular, sem necessitar da anuência deste.

6. Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - TC-DF - Auditor de Controle Externo. É legítimo ao Poder Judiciário,
observando a teoria dos motivos determinantes, declarar a nulidade de ato administrativo caso verificada falsidade
ou inexistência de motivo.

7. Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - TC-DF. Em razão do atributo da presunção de legitimidade, os atos
administrativos são considerados válidos e eficazes até que pessoa interessada inicie ação judicial contra eles.

8. Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - TC-DF. Ocorre cassação de ato administrativo quando este esgota os
efeitos a que se destinava.

9. Prova: CESPE / CEBRASPE – 2023. A administração pública tem a prerrogativa de revogar os próprios atos, por
razões de conveniência ou oportunidade, até mesmo nos casos em que haja uma decisão judicial transitada em
julgado.

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10. Prova: CESPE / CEBRASPE – 2023. O ato de avocação materializa-se quando a autoridade que detém
posição hierárquica superior centraliza em si a responsabilidade de tomar decisões que, originalmente, seriam da
competência de um agente de menor hierarquia.

Gabarito: 1E 2A 3C 4C 5E 6C 7E 8E 9E 10C.

11. Prova: CESPE / CEBRASPE – 2023. A cassação é uma forma de extinção do ato administrativo na qual os
efeitos jurídicos do ato são perdidos devido a uma superveniente norma jurídica contrária àquela que
fundamentava a prática do ato.

12. Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 – DATAPREV. Nos atos administrativos complexos, há vontade de mais
de um órgão, sem qualquer subordinação entre eles, o que diferencia aqueles atos dos atos compostos, os quai s
dependem da verificação ou aprovação de outro agente.

13. Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 – DATAPREV. Haja vista o interesse público, os atos administrativos têm
presunção absoluta de legitimidade, de maneira que somente o Poder Judiciário pode afastar sua aplicação.

14. Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - CNMP - Analista do CNMP. É vedada a revogação de ato administrativo
que tenha gerado direitos adquiridos.

15. Provas: CESPE / CEBRASPE – 2023. Os atos administrativos são produzidos exclusivamente pelo Poder
Executivo, uma vez que o Poder Judiciário é exclusivamente responsável por aplicar a lei e o Poder Legislativo por
fazer os atos normativos.

Gabarito: 11E 12C 13E 14C 15E.

COMPLEMENTO:
P: É possível no Brasil contrato administrativo verbal?
R: Verdadeiro (a regra é escrita. A exceção se encontra na hipótese de pagamento e recebimento na hora
(PRONTA ENTREGA e Pronto PAGAMENTO), até o limite previsto no art. 95, §2º, Lei 14.133/2021.

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REFERÊNCIAS

MANUAL DE DIREITO ADMINISTRATIVO (2023)


17ª edição, 2023.
Autor: Fernanda Marinela.

SINOPSE PARA CONCURSOS – v. 9 DIREITO ADMINISTRATIVO (2024)


14ª Edição, 2023.
Autor: Ronny Charles Lopes de Torres, Fernando Ferreira Baltar Neto.

CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO (2024)


22ª edição, 2024.
Autor: Dirley da Cunha Júnior.

CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO (2023)


11ª edição, 2022.
Autor: Matheus Carvalho.

CURSO DE DIREITO ADMINISTRATIVO (2023)


11ª edição, 2023.
Autor: Rafael Carvalho Rezende Oliveira.

Pesquisas em sites
https://www.buscadordizerodireito.com.br/
https://legislacaodestacada.com.br
https://www.qconcursos.com/

Mais a legislação pertinente e anotações pessoais.

Elaboração: Andréa Azevêdo.


Campo Grande - MS, 25jun24, às 04h54’.

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