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Legislação Pesqueira

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LEGISLAÇÃO PESQUEIRA

Regulamento geral da pesca (Moçambique)

Capitulo I disposições gerais

ARTIGO I

(Objecto)

O regulamento tem como objectivo regulamentar as deposições da Lei n o. 3/90, de 26 de


Setembro, Lei das pescas relativas a actividade da pesca marítima.

Acesso à atividade da pesca


Segundo o estabelecido na Lei de Pescas, nos Regulamentos de pesca marítima e em
águas do interior, bem como na legislação acessória, o acesso à exploração dos recursos
pesqueiros em Moçambique exige quatro elementos fundamentais:
 Registo da empresa ou armador;
 Concessão de direitos de pesca para cada pescaria a pessoas singulares ou
colectivas nacionais, com a duração de 20 anos;
 Atribuição de uma licença de pesca com validade anual;
 A atribuição de uma quota de pesca anual, estabelecendo a quantidade máxima a
capturar de cada recurso-alvo.

Actividades pesqueiras

As actividades pesqueiras classificam-se em:


1) Extractivas – as que têm por objectivo a captura, com ou sem processamento a
bordo, ou a apanha de recursos pesqueiros nas águas marítimas e continentais;
2) Aquícolas – as relativas à reprodução e/ou manutenção em cativeiro, com a
intervenção humana, de espécies aquáticas, (GOVERNO DE MOÇAMBIQUE,
2015).

Classificação da pesca
O Regulamento no seu artigo 4 classifica a pesca, de acordo com o meio aquático onde
é exercida e de acordo com a sua finalidade e meios empregues.

dr.Muatenlero, docente Agro-pecuário, 2022 1


1. A pesca, de acordo com o meio aquático onde é exercida:
 Pesca marítima – aquela que, independentemente dos meios empregues, é
exercida nas águas marítimas e oceânicas, sendo que, de acordo com a zona da
pesca, pode ser;
 Pesca local – aquela que é praticada até 3 milhas náuticas da costa utilizando
essencialmente meios artesanais, como embarcações de pesca de convés aberto e
desprovidas de meios mecânicos de propulsão;
 Pesca costeira – aquela que é praticada no intervalo de 3 à 12 milhas náuticas
da costa, podendo ser comercial ou recreativa e desportiva usando embarcações
de pesca de convés aberto ou fechado providas de meios mecânicos de
propulsão;
 Pesca do alto – aquela que é praticada para além das 12 milhas náuticas da costa
até o limite da Zona Económica Exclusivas (ZEE) utilizando embarcações de
pesca Semi-industrial e industrial;
 Pesca longínqua – aquela que praticada no alto mar ou em águas marítimas de
terceiros Estados, utilizando embarcações de pesca industriais.
 Pesca continental – aquela que, independentemente dos meios empregues, é
exercida nas águas interiores.
2. Pesca de acordo com a sua finalidade e meios empregue:
2.1. Pesca comercial – aquela que prossegue fins lucrativos, subdividindo-se em:
 Pesca artesanal – aquela que, para além de empregar essencialmente mão-de-obra
familiar, é geralmente praticada em fainas de pesca diárias, com recurso a artes de
pesca, tais como rede de cerco, emalhe, arrasto simples, arrasto duplo, aparelhos de
anzol, armadilhas e outras com ou sem embarcações de pesca, propulsionadas a
remos, à vela, por motores dentro/fora de bordo com pequena potência propulsora,
utilizando ou não gelo para a conservação do pescado a bordo;
 Pesca semi-industrial – aquela que é praticada com embarcações de pesca
propulsionadas a motor, utilizando, em regra, gelo ou outros meios de conservação
do pescado a bordo, usando artes de palangre ou linha de mão, emalhe de fundo,
arrasto, cerco e outras;
 Pesca industrial – aquela que é praticada com embarcações de pesca
propulsionadas a motor, processando a bordo e utilizando congelação, gelo ou
outros meios de conservação do pescado, com meios mecânicos de pesca que

dr.Muatenlero, docente Agro-pecuário, 2022 2


envolvem métodos tecnologicamente avançados e com autonomia para pescar em
águas marítimas de terceiros Estados, ou no alto mar.
Pesca não comercial – aquela que não prossegue fins lucrativos, subdividindo-se em:
 Pesca de subsistência – aquela que é praticada na margem ou próximo dela, com ou
sem embarcação, e com artes de pesca artesanais tais como a linha de mão e
armadilhas feitas com materiais elementares, constituindo uma actividade
secundária para quem a pratica, e produz para consumo próprio e só vendendo
esporadicamente a sua produção;
 Pesca de investigação científica – pesca ou cruzeiros com fins científicos com vista
a determinar, entre outros, a quantidade e a distribuição espacial dos recursos
pesqueiros;
 Pesca experimental – a que é realizada com o objectivo de experimentar artes de
pesca, métodos e embarcações de pesca, introduzir tecnologias, bem como
prospectar novos recursos ou zonas de pesca, também designada por pesca
demonstrativa;
 Pesca de treino e formação – a que é exercida com o objectivo de realizar aulas
práticas e tirocínios, no âmbito dos programas de formação constantes de cursos
ministrados em instituições nacionais de ensino; e
 Pesca recreativa e desportiva – a que é exercida por pescador amador, podendo ser
recreativa quando realizada fora dos concursos, ou desportiva quando realizada em
competição, de acordo com regras e regulamentos estabelecidos, tendo em vista a
obtenção de marcas desportivas, incluindo treino e aprendizagem.

Direitos de pesca
Segundo capitulo II, Secção I e art. 6 do Regulamento de pesca, os direitos de pesca
compreendem:
a) O direito de exercer a pesca, incluindo a propriedade das capturas, fauna
acompanhante e respectiva comercialização;
b) O direito de atribuição de uma quota de pesca nos termos regulamentares;
c) O acesso aos portos de pesca;
d) A livre navegação nas zonas de pesca previstas no título de concessão, com as
excepções decorrentes da lei;
e) O acesso privilegiado a uma área de pesca local, no caso da pesca artesanal;

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f) O acesso à informação relativa aos planos de desenvolvimento e aos planos de
gestão das pescarias.

Requisitos de concessão de direitos de pesca


O Regulamento de pesca no seu art. 14 considera requisitos para a concessão de direitos
de pesca o seguinte:
a) Ser pessoa singular ou colectiva nacional;
b) Apresentar um projecto;
c) Possuir ou prever a utilização de infra-estruturas em terra para o
processamento /conservação do pescado.
O disposto na alínea b) do n.º 1 do presente artigo não é extensivo à pesca artesanal e à
pesca recreativa e desportiva.

Título de direitos de pesca


Segundo o regulamento no seu art.16, o título de concessão de direitos de pesca deve
conter os seguintes elementos:
a) Identidade ou denominação social do titular de direitos de pesca;
b) Número Único de Identificação Tributária (NUIT);
c) Número de Bilhete de Identidade ou Número Único das Entidades Legais
(NUEL);
d) Domicílio habitual do titular de direitos de pesca;
e) Pescaria a que se referem os direitos de pesca;
f) Quantidade específica ou proporção do total admissível de captura/total
admissível de esforço ou o número de embarcações de pesca;
g) Artes de pesca a utilizar;
h) Indicação do número do estabelecimento de processamento, se aplicável;
i) Duração dos direitos de pesca;
j) Direitos e obrigações do titular de direitos de pesca, nos termos da legislação
aplicável;
k) Assinatura do titular do órgão competente para a concessão de direitos de pesca.

Obrigações dos titulares de direitos de pesca


De acordo o Artigo 17, os titulares de direitos de pesca têm, designadamente, as
seguintes obrigações:

dr.Muatenlero, docente Agro-pecuário, 2022 4


a) Cumprir a legislação pesqueira e demais legislação relevante para o exercício de
direitos de pesca;
b) Prestar as informações exigidas nos termos da legislação pesqueira aplicável ou
no título de concessão, nos prazos que forem estabelecidos;
c) Colaborar e cooperar com as entidades responsáveis pela investigação dos
recursos pesqueiros e controlo de qualidade do pescado;
d) Colaborar na monitorização das actividades de pesca e do seu ambiente, e
sujeitar-se à fiscalização pelas entidades competentes nos termos da legislação
pesqueira e demais legislação relevante para o exercício de direitos de pesca.

2. Os titulares de direitos de pesca comercial têm, em particular, as seguintes


obrigações:
a) Proceder ao pagamento das correspondentes taxas de direitos de pesca;
b) Cumprir as obrigações decorrentes do Projecto de Inves-timentos aprovado
aquando da concessão de direitos de pesca;
c) Comercializar os produtos em conformidade com o título de concessão;
d) Proceder ao processamento em terra dos produtos da pesca em território
nacional.

Transmissibilidade
Os direitos de pesca segundo o Artigo 18, transmitem-se por morte do seu titular, sendo
beneficiários:

a) O cônjuge sobrevivo, incluindo os que se encontravam em união de facto;


b) Os descendentes e adoptados;
c) Os ascendentes;
d) Os irmãos e seus descendentes;
e) Outros, admitidos nos termos gerais do Direito.

O novo titular dos direitos de pesca resultante do acto de transmissão, realizado nos
termos da Lei das Pescas e do presente regulamento, é investido nos mesmos direitos e
tem as mesmas obrigações e responsabilidades que o titular transmitente dos direitos de
pesca.

Suspensão dos direitos de pesca


São causas de suspensão dos direitos de pesca:

dr.Muatenlero, docente Agro-pecuário, 2022 5


a) Perigo comprovado de extinção ou não renovação dos recursos pesqueiros em zonas
de pesca a que os direitos de pesca se referem;
b) Comprovado perigo para a saúde humana ou para o ambiente, incluindo o que
resulta de poluição;
c) Em caso de força maior, definida nos termos gerais de direito, que perdure por
período superior a 6 (seis) meses;
d) A requerimento do titular dos direitos de pesca;
e) Não exercício dos direitos de pesca sem justificação por um período ininterrupto
superior a doze meses, podendo os mesmos ser objecto de oferta pública;
f) Existência de sanção aplicada ao titular dos direitos de pesca por infracção de pesca
muito grave ou grave.

Licenciamento da pesca
Tipos de licença de pesca
São aprovados os seguintes tipos de licença de pesca:
a) Para a pesca comercial:
i. Licença de pesca artesanal local;
ii. Licença de pesca artesanal costeira;
iii. Licença de pesca semi-industrial;
iv. Licença de pesca industrial;
b) Para a pesca não comercial:
i. Licença de pesca de investigação científica;
ii. Licença de pesca experimental;
iii. Licença de pesca para treino e formação;
iv. Licença de pesca recreativa e desportiva.
Período de validade e posse
De acordo o Artigo 40 do Regulamento de pesca, a licença de pesca é válida pelo
período de tempo que nela esteja definido, o qual tem a duração máxima de 12 meses e
caduca às 24 horas do dia 31 de Dezembro do ano para o qual foi concedida.

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Sessão II
Gestão Participante
ARTIGO 15
(Sistema de gestão participante)

1. O Ministro das pescas adoptara a gestão participativa como modelo


preferencial gerência para assegurar a gestão das pescarias.
2. O modelo da gestão participativa constitui um sistema que prossegue os
seguintes objectos principais:
a) Garantir uma gestão responsável das pescarias;
b) Assegurar o direito de acesso as pescarias das comunidades pesqueiras
tendo em vista a protecção e a promoção do seu bem-estar;
c) A remoção das participações das comunidades pesqueiras na
planificação das medidas de ordenamento pesqueiro;
d) O fomento de actividades de formação através da extensão pesqueira;
e) A criação de ambiente favorável a coexistência de pescadores artesanais,
armadores de pesca semi-industrial e da pesca industrial.

A comissão da administração pesqueira e o comité de Co-gestão são o fórum do sistema


de gestão participativa onde todos os grupos de interesse se encontram representados.

ARTIGO 18
(Comité de Co-gestão)

O comité de Co-gestão (CCG) é o fórum de gestão participativa de nível local, Distrital


e Provincial. É composto por: Autoridades locais de administração pesqueira,
representantes dos conselhos comunitários de pesca, de armadores de pesca, da
investigação pesqueira, da extensão pesqueira, da autoridade marítima local, dos
processadores de pescado e dos comerciantes de produtos da pesca. O CCG reger-se-á
por um regulamento aprovado pelo Ministro da pesca que estabelecera a sua
composição, o regimento das suas sessões bem como as formas de articulação com a
comissão de administração pesqueira e com os órgãos do Ministério das Pescas.

Conselho Comunitário na gestão pesqueira

O Conselho comunitário de pesca (CCP) é um órgão de empoderamento de uma ou


mais comunidades para que tenham uma voz e papel activos na defesa dos interesses
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que se prendem com o seu sustento económico e bem-estar social; Tal como é dirigido
por um presente escolhido palas comunidades.

O Comité de Co-gestão Distrital (CCG-D) é o órgão responsável pela consulta presidido


pelo administrador de Distrito, no qual participam os principais interessados nas
actividades de pesca artesanal e outros autores influentes do Distrito, destinado a
pronunciar-se sobre questões relevantes colocadas pela administração pesqueira ou
pelos seus membros, visados encontrar melhores soluções para as preocupações
existentes no sector e as formas para a sua implementação.

A gestão local vai desde o auto controlar individual, até a uma regulação comunitária
baseada em normas orais e consumarias que foram evoluindo com o tempo. Existe um
número de normas e controlo local de pescas, todos com o seu grau de aceitação e
sucesso, que tem sido descritos para as comunidades africanas e outras.

Associações de Pescadores
Organização Formal: os pescadores amadores estão geralmente organizados em clubes
de pesca. Por exemplo: Classe de pescadores profissionais (legalmente constituídos).

Organização Informal: é importante ressaltar que mesmo quando os pescadores não se


organizam formalmente, eles são capazes de criar instruções informais bem definidas e
bem-sucedidas e que são respeitadas pelos demais pescadores isto é, existe uma
capacidade local auto-organização.

Principais instituições ligadas a pesca e sua atribuição

A administração das pescas de Moçambique é constituída pelo conjunto de Ministros


das pescas e respectivos órgãos províncias das pescas e, ainda, instituições de nível
central e local.

Nível Central
Ministério das pescas (MP) é o órgão político, coordenador do sistema da
administração das pescas. As principais responsabilidades do MP referem se ao
estabelecimento de políticas de desenvolvimento das pescas, a sua concretização em
planos de desenvolvimento, assim como a coordenação da sua execução mediante um
controlo do desempenho: O Sistema de gestão das pescas é constituído pelas sequentes
instituições:

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 Instituto Nacional de Administração Pesqueira (IIP) compete zelar para que
o estado de exportação dos recursos se realize em bases sustentáveis.
 Direcção Nacional de Administração Pesqueira (DNAP) tem por objectivo
definir as condições com base nas quais os operadores de pesca poderão
aceder aos recursos pesqueiros e a fiscalização pesqueira (Responsabilidade
da DNAP) a qual visa assegurar que as actividades dos operadores de pesca
se realizem em conformidade com as leis e regulamentos sobre as referidas
condições de acesso aos recursos pesqueiros.
 Instituto nacional de inspecção pesqueira (INIP) tem como objectivo
assegurar que a qualidade dos produtos da pesca produzidos e exportados ou
importados para o consumo nacional estejam em conformidade com as
condições sanitárias estipuladas na legislação nacional e disposições
internacionais.

O Subsistema de promoções do desenvolvimento pesqueiro é constituído pelas


seguintes instituições:

 Instituto Nacional de desenvolvimento da pesca de pequena escala (IDPPE),


promove o desenvolvimento da pesca de pequenas escala, com particular
atenção para a redução dos níveis de pobreza e promoções do bem-estar nas
comunidades dos pescadores artesanais.
 Fundo de Fomento Pesqueiro (FFP), tem como objectivo o controlo dos recursos
financeiros aplicados em investimentos públicos no sector e a concessão de
créditos, destinados ao desenvolvimento.
 Instituto Nacional de desenvolvimento da Aquacultura (INAQQUA), tem como
objectivo a promoção da aquacultura.
 Escola de Pescas (EP), que realiza acções de formação de especialidades dos
níveis básicos e médios, requeridas para o desenvolvimento do sector.

Nível Local

A administração das pescas tem expressão local, ao nível da província e do Distrito. Nos
Níveis inferiores do Distrito (Posto administrativo e localidade) qualquer competência
em termos de administração pesqueira é exercida por delegação do administrador do
Distrito.Administração da pesca semi-industrializada e industrial é exercida pelo órgão

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provincial de administração pesqueira, integrado actualmente nas direcções províncias
de pesca (DPPS).

Portos de pesca de Moçambique.

Situação em Moçambique

Segundo EPADA, (2018) Moçambique apresenta uma extensa linha de costa, inúmeros
rios, lagos, e reservatórios de água, nomeadamente albufeiras de barragens, que
constituem um enorme potencial para o desenvolvimento da aquacultura no país.
Estas reservas de água aliadas a um clima tropical e subtropical, constituem as
condições básicas favoráveis para o desenvolvimento do sector, cujas
consequências não são apenas a de obtenção de divisas no caso das exportações,
mas que podem dar um grande contributo na melhoria das condições alimentares
das comunidades que vivem nas zonas do interior quer das que vivem na zona
costeira (PADA - Plano de Desenvolvimento da Aquacultura, 2018).
Infra-estruturas portuárias
No que diz respeito às infra-estruturas portuárias, Moçambique conta com três
grandes portos em Nacala-Velha, Beira e Maputo servidos por navios oceânicos,
conectados a corredores logísticos através de ferrovias que ligam ao interior da
região da África Austral. Estes portos têm limitações (principalmente o porto da
Beira) relacionadas com os respectivos canais de acesso que obrigam a
dragagens periódicas (ESPO,2005).
Complementarmente o Governo pretende revitalizar o tráfego de cabotagem marítima,
tendo em aprovação o quadro legal para a revitalização deste serviço que permitirá
aproveitar o potencial associado a uma costa com 2.700 km, para o transporte de
pessoas e bens entre o norte e sul do país, contribuindo para a redução dos preços de
transporte de mercadorias e consequente baixa dos preços dos produtos no seu destino,
para além da manutenção da coesão nacional, através da ligação Norte-Sul, que
actualmente se faz apenas por estrada.
Caracterização das Infra-estruturas Portuárias
Segundo GONZALEZ ett, AL (2008), Pela sua posição geográfica,
Moçambique sempre teve as suas actividades económicas ligadas ao mar, permitindo
um acesso aos países do interland, nomeadamente Suazilândia, Zimbabué, Zâmbia e
Malawi.

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Através de uma análise exclusivamente geográfica é possível perceber as vantagens ao
nível das distâncias dos portos de Moçambique às principais cidades/pólos geradores
dos países vizinhos. Em comparação com os países da África equatorial e a Sul do
Equador, Moçambique encontra-se comum nível de qualidade alto das suas infra-
estruturas portuárias, embora atrás de um dos países concorrentes (Tomas, 2008.p.234).
Este indicador tem uma amplitude de 1 a 7, sendo que o limite inferior corresponde a
um porto extremamente subdesenvolvido enquanto a classificação máxima significa que
o porto preenche todos os requisitos exigidos pelos padrões internacionais.
1. Porto da Beira

O porto de pesca de Beira é o maior, encontra-se presentemente inoperacional, em


preparação para a sua reabilitação. Está localizado na costa nascente do continente
africano, na margem esquerda do estuário do Pungué. A conexão com o interland faz-se
pelas linhas ferroviárias do Sena (ligação à província de Tete e ao Malawi) e de
Machipanda (ligação com o Zimbabwe e Zâmbia) e ainda através da estrada nacional nº
6, que permite a ligação ao Zimbabwe (por Machipanda, a uma distância de 319 km)e
ao Malawi, em articulação com a EN7 (cruzamento de Vaduz, a uma distância de 685
km).O porto da Beira tem 13 cais e possui um terminal de contentores e um terminal de
carga ambos operados pela concessionária Cornelder Moçambique, desde Outubro de
1998. Esta sociedade é constituída pela Cornelder Holanda (67%) e pela CFM (33%) e
o período de concessão até 2038 (IMO,2012).

2. Porto de Maputo
O Porto de Maputo, é o segundo maior porto de pesca, encontra-se localizado a sudoeste
do país, a sul do canal de Moçambique e está conectado ao seu interland pelas linhas
ferroviárias do Limpopo, Ressano e Goba. O Porto Índicos e a CFM são os consórcios
que constituem a concessionária.

3. Porto de Quelimane
O porto de pesca de Quelimane está integrado no tecido urbano da cidade de
Quelimane, na província da Zambézia, na margem esquerda do Rio dos Bons Sinais. O
acesso é feito por um canal perfeitamente balizado e permite a navegação a qualquer
hora. Actualmente a gestão do porto está assegurada pelos CFM, retomando-a da
Concessionária Cornelder Moçambique com uma rescisão antecipada por acordo mútuo
do contrato de concessão decidido pelo governo no final de 2017. O porto, composto só

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por um cais, tem o comprimento de 210 m e profundidade de 3,5 m. A capacidade de
manuseamento anual deste porto é de cerca de 650.000 toneladas. A área de
armazenamento coberta é de 5.417 m2.

Portos de menor tamanho


1. Porto de Nacala-Velha
O porto de Nacala-Velha, a operar formalmente desde Maio de 2017, é um porto de
águas profundas (sem necessidade de dragagens) que tem capacidade para armazenar
até 1 milhão de toneladas de carvão metalúrgico e térmico. Ao terminal de carvão
encontra-se associada a linha de caminho-de-ferro que liga às minas de Moatize (na
província de Tete), com uma extensão de 912 km, atravessando o Malawi num troço
central, com uma extensão de cerca de 220 km (FISHER,2009).
Segundo FAO (2007.p180) “Em Junho de 2016 a Vale Moçambique anunciou a
suspensão do transporte do carvão pela linha do Sena e passou a fazê-lo exclusivamente
através do Corredor Logístico do Norte” .
2. Porto de Mocímboa da Praia
Segundo Ministério das pescas (2005), O porto de Mocímboa da Praia, é um
pequeno porto que se localiza na baía do mesmo nome, na província de Cabo Delgado.
De cais único e com pouca capacidade, a sua actividade recente encontra-se associada à
logística da actividade de prospecção de hidrocarbonetos na bacia do Rovuma e à
exploração mineira na região, nomeadamente para manuseamento de contentores e de
equipamento e materiais de construção.
3. Porto de Pemba
O porto de Pemba localiza-se a Este da baía de Pemba, considerada a terceira
maior do mundo. O canal de acesso tem 5.400 m de comprimento e 1.800 m de largura
navegáveis e 50 m de profundidade na entrada. Neste momento, este porto está sob um
regime de concessão à empresa de capitais púbicos Sociedade Portos de Cabo Delgado.
Esta é uma parceria entre as empresas públicas Portos e Caminhos de Ferro de
Moçambique (CFM) e Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), com 50% cada,
tendo a concessão do terminal portuário e logístico de Pemba, por um período de 30
anos, sido aprovada em Dezembro de 2013.

Os principais estaleiros de construção e reparação naval.


Dois na cidade de Maputo, Um na Beira, Um em Quelimane e um em Pemba, existem

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vários outros pequenos estaleiros, maioritariamente informais, que se dedicam a
construção de pequenas embarcações de pesca.

Em geral, estes estaleiros encontram-se com dificuldades de operação, a nível de


equipamentos e de técnicos especializados, têm insuficiente capacidade instalada e
custos elevados nos serviços de reparação e manutenção. Os estaleiros navais de
Quelimane estão praticamente paralisados. Actualmente o sistema frigorifico não
funciona e, por falta de pagamento, à toda infra-estrutura foi cortado o consumo da
energia eléctrica da rede nacional. A única empresa industrial em Quelimane, a
Krustamoz, movimentou parte significativa da sua frota para Beira. As embarcações que
continuam em Quelimane realizam as descargas na ponte-cais da empresa. Neste
momento, fazem-se pequenas reparações de pequenas embarcações (não pesqueiras).
Parte das instalações desta Doca seca foram alugadas a uma empresa chinesa
especializada na extracção de areias pesadas, que a utiliza para o escoamento deste
minério.

Bibliografia

MINISTÉRIO DAS PESCAS- Moçambique, facilitando o acesso a informação sobre o


desenvolvimwnto do sector pesqueiro em Moçambique, Edição Fevereiro de 2004,
Maputo.
MINISTÉRIO DAS PESCAS- Moçambique, A Zona Económica e a Biodiversidade,
Edção 04 de Abril de 2005, Maputo.
LANDAU, M. Introduction to aquaculture.USA. John Wiley & Sons, Inc.

PILLA Y,T.Y.R. & PILLAY,J. Y. R. Aquaculture Development: Progress and Prospects.


USA. John Wiley&Sons. 1994.

TEIXEIRA FILHO, A.R. Piscicultura ao alcance de todos. Livraria Nobel S.A,1991.


MINISTÉRIO DAS PESCAS- Moçambique, Um Progecto que EncataArtezanais-
MozPesca, Edição 08 de Setembro de 2006 Maputo.
AVELAR TERESA & PITÉ ROCHA TERESA M. Ecologia das populações e das
comunidades- Uma abordagem evolutiva do estudo da biodiversidade, 1996.

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