A Árvore da Vida – Parte 5
A Árvore e os Deuses
Tendo falado do sefirot ao homem, agora aplicaremos a antiga máxima "Em cima
como embaixo", para estudar a árvore da vida em outra dimensão.
Tomando o céu como um mundo maior e usando o argumento de que aquilo que foi
livremente chamado macrocosmo é modelado no mesmo plano universal, os
cabalistas formularam a árvore em termos de deuses greco-romanos e
correspondentes planetas.
Isto permitiu à árvore ser vista de um modo mais vasto, com a ajuda dos mitos
gregos para descrever a Sefirot.
Além disso, o sistema solar foi disposto como um organismo, visto da Terra, a qual
está centrada apropriadamente em Malcut, a Sefira mais baixa.
Isso combinou com a concepção cosmogônica de Ptolomeu, que em oposição à
crença científica moderna, via o universo do ponto de vista do homem, o único de
que realmente dispomos.
O esquema geocêntrico combinado com a árvore foi uma das teorias mais remotas
da relatividade, levando em conta não apenas as posições físicas dos corpos
celestes, mas também suas relações fundamentais dentro do sistema solar.
Começando agora com Malcut, falaremos na Mãe Terra, ou a noiva, como é referida
em termos cabalísticos.
Situada na base da árvore, é o reinado dos elementos; em física concreta, trata-se
de uma bola rochosa de minérios e metais, coberta com uma capa de água,
cercada de uma atmosfera de ar e envolvida em longas vestes eletromagnéticas
que se distanciam no espaço.
Essa camada de mantos de radiação é o elemento fogo da Terra.
Juntos, esses vários estados de matéria — sólido, líquido, gás e radiação — formam
o corpo do planeta.
No fundo, ou perto da superfície, há uma fina camada conhecida por natureza, um
composto de flora e fauna, e uma estranha criatura chamada homem, o mais
sensível organismo da evolução natural.
Malcut é nosso ambiente físico.
Dentro dele, perdemos a possibilidade de vê-lo.
Como nossos corpos são compostos dele, esquecemos de que ele é feito de forma
temporária, através do qual os quatro estados elementares passam.
Na morte, o molde físico é partido e os elementos são dispersos, cada qual
procurando seu nível no planeta.
Malcut é a noiva, a grande Mãe terrestre reconhecida por todas as civilizações,
sejam elas agrícolas ou industriais.
Gaea, a Grande Mãe grega, era a grande protetora e alimentadora.
Sem ela os homens, os animais e as plantas não podiam viver, e ela devia ser
homenageada e estimulada pelos bens fornecidos.
Feminina por natureza, essa Sefira adapta e adota o caráter de influência
convergente, embora passiva e imóvel como é da natureza desse reino elemental,
ventre do espírito que renasce.
Malcut é o que a ciência chama física, e embora rude em relação à metafísica é o
fim elemental . de um imenso espectro cósmico.
Na mitologia grega que não a de Gaea, a Grande Mãe Terra nasceu de Urano, o céu
estrelado, e de sua união nasceram os titãs, um dos quais foi Cronos, conhecido
nosso em latim como Saturno — o deus do Tempo.
Perto da Terra, seu satélite Luna, a Lua, gira em órbita.
Embalada no campo gravitacional magnético dos planetas, a Lua não apenas
movimenta os mares da Terra mas drena todos os fluidos de todas as coisas vivas,
tal como a natureza reage num ritmo diário e mensal de fluxo e refluxo.
Na terra e no mar, os animais são afetados pelas flutuações lunares, seus hábitos
de caça e alimentação coincidindo com as fases da Lua.
Também o homem é influenciado; as estatísticas policiais nas grandes cidades
demonstram que o aumento e a diminuição da criminalidade tem relação com a
Lua.
O sangue coagula mais facilmente em certos períodos lunares e todos aqueles que
algum dia trabalharam em clínicas de doenças mentais sabem' dos períodos de
agitação dos pacientes, que coincidem com as fases de lua cheia.
A fábula conta que Selene, deusa da Lua, embora governante do reino de Pan,
amou Endimion, o pastor, que representa a humanidade.
Contudo, ela só podia amá-lo em seus sonhos, atingi-lo durante seu sono -- ou a
Sefira de Yesod.
Aqui também está presente o pêndulo do mecanismo da natureza; na humanidade,
a regulamentação dos ciclos das massas, e dos humores individuais.
Os mitos do nascimento e morte da Lua são mostrados em Diana, a caçadora e em
Artêmis, deusa de muitos seios.
Cada deidade descreve os pontos fundamentais do aparecimento lunar.
A constante mudança de aspecto da Lua deve-se ao seu movimento ao longo do
zodíaco, enquanto ela caminha, levantando-se e pondo-se no horizonte.
Além desses movimentos, ela se distancia e se aproxima da Terra no equador
celestial, numa mutação constante em seu sistema de revoluções.
Do ponto de vista cabalístico, vemos aqui o princípio da eterna mutação; a posição
da Lua em relação à Terra e ao Sol altera continuamente a máscara da reflexão.
Na mente do homem vemos o mesmo fenômeno — a imagem-tela percebida nunca
é a mesma, embora repita infinitamente suas variações.
Sob certas condições a Lua é evocativa de romance e de todas as outras
fascinantes situações referidas nas canções, nos poemas, nas histórias, ilusão que
só é partida quando uma criança é gerada e começam as complicações.
Os lunáticos, assim chamados com propriedade, vivem exclusivamente dentro
desse reino de imaginação, a Sefira de Yesod.
Em seus casos ela é deslocado, de Malcut, o mundo exterior.
Yesod, aqui representando a Lua, é também sexo e governa, já se disse, o ciclo
menstrual feminino.
Outro aspecto bruxaria, a aplicação da energia yesódica e a manipulação da
imaginação — é também simbolizado em Hecate, a deusa lunar do encantamento.
Há muitas facetas de Yesod nessa escala.
Para a Terra, nessa dimensão, o tempo é diferente.
Se tomarmos um ano, ou uma volta completa das estações, na mesma medida de
um suspiro para nosso planeta, então a órbita lunar aparecerá como uma pedra
girando em círculos vertiginosos ao nosso redor.
Comparadas ao resto do sistema solar, a Terra e sua grande Lua são irmãs gêmeas
— de fato, um só processo, ou um mesmo ser.
Para os outros planetas, a Terra tem um rosto lunar, como uma versão menor dos
anéis de Saturno ao redor dele, embora para a própria Terra isso parece um véu
tênue.
De fato uma gêmea celeste, a Lua, o corpo mais próximo da Terra, está realmente
tão perto que chega a atuar como um espelho entre nós e o resto do espaço.
Toda influência que nos chega ou que daqui parte, passa por essa barreira em
movimento.
Ela está na mesma posição da persona em relação ao homem, jazendo entre o Sol
e sua natureza essencial e entre a Terra e seu corpo.
Ponte e barreira, a Lua separa e une, sua pálida superfície refletindo aquilo que a
Terra não pode ver diretamente.
Em termos cabalísticos, Yesod, a Lua, está no eixo da consciência mas está
também no seu ponto mais baixo, na árvore, onde as influências passiva e ativa
dos planetas se cruzam.
Mercúrio, no Hod Sefira, é o mensageiro dos deuses.
Ele está, em termos astronômicos, mais próximo de Apolo, o Sol.
Em sua órbita os raios chegam antes de passarem por qualquer outro planeta.
Sua esfera é a da transmissão, não tendo porém força própria, dado seu diminuto
tamanho.
Considera-se que Mercúrio, no entanto, pode ampliar as qualidades dos demais
planetas com os quais ele entra em conjunção.
Seu talento está, já foi dito, em sua flexibilidade — sua natureza mercurial — o que
o qualifica para adaptar-se, modificar-se, adotar e impulsionar tudo aquilo que
penetre seu campo de ação.
Deus dos ladrões e dos comerciantes, dos golpes de mão, do escambo e do
comércio, Mercúrio esteve sempre relacionado, também, com a aquisição de
conhecimentos e a disposição para dispensá-los.
Engenhoso, astuto, elegante, de pés velozes, todas suas qualidades formam a
essência de Hod — reverberação ou esplendor.
Como nos processos voluntários no homem com seus sentidos, Mercúrio representa
a inteligência versátil que seleciona os dados, escolhe-os, transmite-os, e os
seleciona outra vez.
Possui a habilidade e os mecanismos do olho e do ouvido humanos.
Mercúrio, como eles, está sempre em movimento, recebendo e transmitindo
informações.
Com os deuses, ele atua da mesma forma, mantendo-os informados de tudo,
enquanto se entretém em jogos sem fim e em casos amorosos.
Desses casos, os mais célebres são Perséfone, um aspecto da Mãe Terra-Malcut;
Hecate, deusa lunar da feitiçaria e do parto-Yesod; e Afrodite, Vênus, deusa da
natureza-Netzah.
Essas três compõem a tríade da base da árvore da vida, com Mercúrio como o
sensor externo ou inteligência.
Mercúrio, além de ser o divino informante, é também o receptáculo do
conhecimento ordinário e extraordinário.
Devido a sua habilidade para voar a grande velocidade, ele sabe muita coisa de
tudo.
Isso inclui geografia, história, ciência, todas as matérias relacionadas com o estudo
— o reino de Hod.
Além disso, porque ele leva o caduceu, o bastão com duas serpentes entrelaçadas,
símbolo de seu trabalho, ele tem acesso a uni conhecimento acerca — repito —
"acerca" da metafísica.
O caduceu é uma variante da árvore da vida.
O bastão é o pilar do equilíbrio e cada serpente refere-se aos princípios ativo e
passivo.
No entanto, esse é um livro para ser lido e estudado como uma introdução, como
são todos os tratados sobre hermetismo (de Hermes, ou Mercúrio) e sua ciência.
Aqui examinamos o campo teórico, o conhecimento necessário antes de se passar à
prática.
Mercúrio tem muitas habilidades e qualidades mecânicas na manipulação das
idéias, todas adquiridas.
Ele é também um grande mentiroso e impostor, e o homem precisa estar atento
para que seus sentidos não o enganem quando um problema mercurial é
apresentado, corno urna ilusão de ótica.
Por isso Mercúrio e a Sefira de Hod são os deuses dos mágicos, dos cientistas e dos
charlatães.
Astronomicamente, Mercúrio quase nunca é visto, devido à sua velocidade e à sua
proximidade com o Sol.
Ainda sem sua presença ao lado da coroa solar, quem sabe o que significa o
profundo equilíbrio do sistema solar?
Como no mecanismo dos relógios, um cabelo metálico, embora leve e fino, pode
controlar, graças à sua posição crítica e à sua função especifica, o relógio inteiro.
No corpo do homem acontece a mesma coisa.
Um pequeno grão dessa ou daquela substância pode significar a diferença entre
saúde e loucura, e a Sefira Hod mantém seu equilíbrio em conjunção com Netzah.
Netzah é Vênus, nessa visão da árvore da vida.
Vênus é a deusa da beleza, do amor e do instinto.
Ela é representada como uma mulher nua, de formas adoráveis.
Nela estão contidos os poderes para pôr o desejo em movimento.
Ela é a deusa da natureza, da primavera, do crescimento.
Seu poder de excitar está centrado em sua graça — sua preocupação é com a
beleza, talvez devido ao seu casamento com o mais feio dos deuses do Olimpo,
Vulcano.
A história dos seus casos amorosos é infinita, um círculo contínuo de atração e
rejeição.
Essa pode ser urna chave para a designação cabalística de "eternidade".
Outra pode ser a, sempre renascente primavera, seu domínio particular.
Aqui tudo se renova, após o nadir do inverno.
Esse é o impulso vital na necessária cadeia sem fim que mantém a natureza.
Sem a corte não teria havido casamento, sem a união não haveria crianças para
repetir o ciclo das gerações.
A primavera é o período da beleza, a terra vestindo-se com o florir dos jardins e as
criaturas cantando e dançando num grande torneio de amor.
O homem é sujeito a esse impulso vital e muitas de suas artes são dedicadas a
esse assunto.
Vênus é o planeta e a deusa da Sefira Netzah, sua estrela da manhã e
da tarde, marcando a sístole e a diástole de um delicado ciclo que pulsa
eternamente através da natureza e do sistema solar.
No homem ele representa o processo involuntário, como o intestino, o coração.
Mas Netzah também define aquilo tudo que achamos atraente e repulsivo.
As aventuras amorosas de Vênus têm essa qualidade de sedução e rejeição.
Não há nunca a estável aceitação da situação.
Sua essência está relacionada com a languidez, a ausência de esforço.
O coração bate sem a ajuda de pensamentos, o estômago digere sem esforço de
persuasão, e quando um desses tem algum problema o organismo está — como a
palavra indica — doente (1).
Charme e graça são atributos de Vênus.
Dela vieram as artes da música e da pintura, como as da poesia.
Netzah é para as artes o que Hod é para as ciências.
No entanto, enquanto Hod observa, como o lado receptivo da árvore que é, Netzah
é criativo, e por isso, enquanto a ciência no século 20 é predominante, ela não
consegue rejeitar totalmente o poder das artes, o que testemunha sua força numa
comunidade.
Os grandes livros, quadros e músicas do mundo revelam com maior força o espírito
de determinada época do que qualquer máquina ou descoberta.
Vênus é o contrapeso de Mercúrio e vice-versa.
É o desejo de um nível de vida mais elevado que encoraja a ciência.
Vênus, ou o poder do amor, diz-se, faz o mundo girar.
Esse lugar-comum é mais verdadeiro do que geralmente se imagina.
Sem Netzah um homem não desejaria trabalhar: um novo carro, urna bela casa,
uma bonita mulher, não o atrairiam mais.
Essa força difere bastante da energia yesódica.
Ela é biológica, natural, enraizada na necessidade de dar e receber, o arranjo
recíproco que descobrimos na célula, no homem, na natureza como um todo.
Vênus sempre procura fazer do desejável algo distante do doloroso — seja ele fome
ou desconforto — e do agradável — seja ele um novo amor ou um antigo prazer —
uma eterna e graciosa peregrinação.
A posição de Tepheret no esquema cósmico é ocupado pelo Sol.
Tepheret no homem é definida como a natureza essencial ou o eu individual.
Isso é Apolo na posição central do homem e do sistema solar.
Todos os caminhos levam ao Sol, levando a ele energia e recebendo dele energia.
No homem essa mesma Sefira pode ser chamada o observador, sendo todos os
Sefirot observados, exceto Malcut.
Apolo era conhecido como o deus da Verdade pelos gregos, além do que era
célebre pela sua tímida beleza — tradução da palavra Tepheret.
Seu oráculo em Delfos foi famoso por suas respostas penetrantes, fato muito
compreensível para o deus da Luz.
Theperet é o Sol, quase impossível de ser olhado diretamente.
Tal era com o rosto de Apolo, para o qual bastava um olhar rápido para cegar o
despreparado curioso.
Visto do ponto de vista de um homem, isso pode simbolizar a compreensão, a
respeito de si mesmo, de mais do que a mente humana pode suportar.
Por isso muitos homens vivem em Yesod — sua própria lua — preferindo ver a luz
de sua real natureza cautelosamente refletida.
Astronomicamente, o Sol fica no centro do sistema solar. o núcleo em torno do qual
os planetas giram.
Os modernos cientistas nos dizem que ele não apenas irradia calor, luz, radiação
própria e partículas, como também absorve, suga, em vastas quantidades, gases
estelares, enquanto caminha através da Via Látea.
Isso pode ser visto como matéria positiva e negativa, proveniente das colunas da
esquerda e da direita da árvore para nutrir o ser corporificado no Sol astronômico e
psicológico.
O Sol não apenas ilumina todos os planetas mas também brilha sobre as pequenas
partículas que o olho humano pode perceber, tão sutis são seus raios.
Psicologicamente, o mesmo fenômeno ocorre com o homem que está em relação
com seu próprio ser, enfocado em Tepheret.
Isto é ele.
Na realidade, apenas uma miniatura em comparação com Kether, como nosso Sol
em relação à galáxia.
Este é Apolo, o deus que só conhece a verdade, cujo arco de prata pode atingir
todas as distâncias e ainda cuja lira de ouro pode deliciar todos os deuses.
Apoio tem um aspecto tímido.
Há nele um brilho atribuído em todos os tempos aos grandes homens.
Iluminação não é um termo usado ao acaso ou com finalidades poéticas.
Ë uma descrição precisa da natureza de Tepheret, o qual é o Sol do homem, o
ponto entre o céu e a Terra, Kether e Malcut, nele.
Aqui o espírito é meio prisioneiro da forma.
Ele participa das partes altas e baixas da árvore, exceto onde ela é protegida de
Yesod, no que ele pode contra a Terra, e de perder sua individualidade temporária
pelo portão invisível de Daat.
Apoio é a ligação direta entre deuses e homens.
Sua posição na árvore da vida e no sistema solar resume essa afirmação.
Através do deus Sol todo Sefirot pode ser obtido.
Num homem centrado em sua profunda natureza essencial, cada parte do seu ser
pode ser conhecida.
Esse é o Oráculo de Delfos em pessoa.
Faça uma pergunta correta e ele responderá — a simples verdade.
Essa é a voz que ocasionalmente fala por nós, de nossas profundezas.
Esse é o Sol interior — o Apolo que nos recusamos a olhar de frente, de medo de
seus olhos penetrantes.
Mercúrio, diz o mito, roubou de Apoio; mas por adivinhação, isto é, por percepção
direta, o ladrão foi descoberto.
Quanta astúcia, Netzah distraído com seus prazeres e Yesod com seus sonhos, mas
Tepheret fulminante, nem que seja no momento da morte.
Tepheret - Apolo — o Sol no eixo da consciência.
Através dele fluem quase todas as forças que percorrem a árvore e o sistema solar.
Atrás está o Sol do sol — Kether, a coroa, através do qual correm as emanações
divinas.
Gevura é simbolizada em Marte, o tradicional deus e planeta da guerra.
Esses símbolos, como veremos, eram escolhidos com muito cuidado pelo mundo
antigo, talvez com a mesma minúcia usada hoje por um computador ou por
qualquer máquina de precisão.
Se examinarmos cada símbolo e suas partes componentes veremos que eles não
eram feitos à base de vagas superstições acumuladas pelos feiticeiros gregos, mas
o produto de um pensamento altamente sofisticado, cada imagem um livro inteiro.
A diferença fundamental entre a maneira de ver da antiguidade e a de hoje nas
universidades é só uma questão de escala e linguagem.
Enquanto sabemos muito sobre tamanho, grande e pequeno, eles entendiam de
profundidade e dimensão.
Isso é visto claramente na metafísica do século 20 e toda sua confusão.
No símbolo de Marte há muitas idéias contidas.
Superficialmente parece significar apenas contenda, mas uma olhada mais
profunda nos lembra que uma disputa exige sempre a presença de pelo menos dois
contendores.
Aí surge o conceito dual de Deus, o sim e o não, o favor e o contra.
Essa é a qualidade essencial de Gevura.
A essa altura, na árvore, decisões são continuamente tomadas, comparações são
feitas, seleções são organizadas.
Em sua forma mais dramática, um campo de batalha é o lugar onde a contenda
termina.
No homem, suas faculdades emocionais do dia-a-dia são permanentemente postas
a prova, quer ele goste ou desgoste das pessoas, das idéias e das coisas.
Assim é Gevura, ou a espada de Marte, dividindo isso daquilo com um golpe rápido,
enquanto seu escudo apara os golpes e o equilibra.
Esse é o aspecto passivo de sua natureza.
Marte é também conhecido como impiedoso, mas ele é igualmente famoso por ter
fugido do campo de batalha gritando, como um covarde.
Isso aconteceu quando ele se defrontou com Palas Atenéia, a deusa da guerra cuja
coragem, frieza e inteligência, sempre levaram a melhor sobre Marte, o qual se
lançou sobre ela com ódio, o que o privou de sua capacidade de avaliação,
elemento vital numa batalha.
Aqui podemos fazer paralelos interessantes com o psiquismo do homem.
Marte tem igualmente um relacionamento especial com Vênus.
Casada com_ o feio Vulcano, ela entreteve relações adúlteras com o deus da
guerra.
Essa associação foi deliciosa por algum tempo mas ela finalmente levou Marte a
sofrer algumas humilhações diante dos demais deuses, quando Vulcano, com a
ajuda de laços quase invisíveis, prendeu os amantes e os expôs aos olhos do
Olimpo.
Essa foi uma lição para Marte, seus olhos espertos e sua ligeireza abrandados pelos
encantos de Vênus.
Netzah tolhendo Gevura.
A paixão cegou a capacidade de julgar e essa tentação encostou na parede mais do
que simples amantes envergonhados.
A armadura de Marte é muito interessante.
A função dessas placas de metal e de couro é prevenir ferimentos e proteger o
corpo.
Mas ela tolhe seu usuário, sem dúvida, criando uma barreira entre o mundo
exterior e a pele humana.
Os cabalistas afirmam que Gevura não apenas formula julgamentos severos, levada
por um piedoso Hesed, como confina a poderosa energia proveniente do lado
positivo da árvore.
Aqui o símbolo de Marte age como um controle, uma força paramilitar dentro de
uma comunidade regida por lei — Binah.
Marte é, no seu melhor aspecto, uma força policial, e no seu pior momento pode
ser uma gestapo.
No organismo humano ele representa aqueles processos que separam as várias
substâncias e energias a serem enviadas para onde elas são necessárias.
Marte é, como indica seu nome, marcial, uma força sob disciplina, com ordens que
não podem ser discutidas, mas que só operam bem sob constrangimento.
O soldado inteligente não precisa usar de violência, embora sua ação possa ser
decisiva.
Do planeta Marte só sabemos que seu movimento é irregular, às vezes chegando
perto da Terra, às vezes se distancian-do muito, sua face vermelha, como um
simples ponto fixo no céu.
Embora não se possa levar as analogias muito longe, é interessante lembrar que,
depois de Vênus, ou Netzah, Marte é o planeta mais próximo da Terra.
Júpiter ocupa a posição de Hesed na árvore da vida.
Esse é o ponto de expansão, de grande energia antes de ser controlada por
Gevura.
Também atribuídas à Sefira são as qualidades de magnificência, magnanimidade,
misericórdia, todas marcas de Júpiter, o deus benfeitor — embora um perigo,
quando não controlado, com seu tamanho desmesurado.
Isso é mostrado claramente na sucessão de mitos relacionados com seus amores.
Nessas histórias ele persegue mulheres mortais e deusas para propagar sua
semente, gerando numerosos semideuses e heróis.
Esse é o poder particular de Hesed.
Uma história revela, melhor que as outras, o poder de Hesed.
Semele, filha do rei Cadmo, pede para ver seu amante divino em toda sua glória.
Júpiter tenta dissuadi-la mas por fim cede a ela, arrancada da vida pelo seu
esplendor, como um floco de neve desaparece numa fornalha.
Júpiter era rei no Olimpo e em torno dele giravam os outros deuses.
Do ponto de vista do sistema solar isso pode ser encarado de várias maneiras.
O Sol parece a principal figura do sistema planetário mas se ele for visto como
apenas um polo terminal, com Plutão na outra ponta, tudo parece diferente.
Além disso, Júpiter não apenas está no meio da cadeia planetária como é o maior
de todos os planetas.
Isso é importante, uma vez que o tamanho de Júpiter é o maior atingido por um
corpo molecular antes que a geração espontânea de um processo atômico possa
começar.
O Sol está diminuindo, enquanto Júpiter, ao que tudo indica, está aumentando.
Ele também emite freqüências de rádio parecidas com as do Sol.
Além disso, esse planeta gigantesco tem uma rede de doze satélites, alguns tão
grandes quanto a nossa Lua.
É, na realidade, um sistema solar em miniatura, embora isso seja mera
especulação, apesar de interessante.
Como Deus, Júpiter gerou vários cultos menores, quase tanto quanto crianças.
Dionísio, um dos seus filhos, era famoso não somente por seus exuberantes
festivais de vinho mas também por sua loucura.
Também um outro exemplo de uso excessivo de um poder bondoso.
A posição de Hesed na árvore pode explicar bem o aspecto negativo de Júpiter.
Recebendo o relâmpago da divina energia de Binah, Júpiter senta também logo
abaixo de Hochma e recebe o impacto vertical da energia masculina que vem de
cima.
Essa Sefira, seja planeta ou pessoa, se bloqueada poderá ficar tão carregada de
força que pode ocorrer uma liberação ou uma explosão — daí a depravação de
Júpiter — ou em termos humanos, gênio e produtividade.
O pintor Van Gogh é um bom exemplo.
Conduzido pela energia positiva e descontrolada de Hochma e Hesed, ele tinha de
pintar ou enlouquecia, o que realmente aconteceu quando já não foi possível
controlar a força que passava por dentro dele.
O escritor Dostoievski, epilético, tinha o mesmo problema com sua visão frenética e
prolífica.
Júpiter pode parecer à primeira vista totalmente benéfico mas o deus não foi
sempre um agradável déspota.
Ele trazia consigo um raio que atirava nos mortais incautos, e sua pontaria não era
sempre das melhores.
Esse raio de largo alcance é característico de Júpiter e Gedulah, ou grandeza, esse
outro nome hebraico para Hesed.
Quando a proliferação dinâmica, a criação e a magnanimidade são necessárias, elas
podem ser disciplinadas — por Gevura.
Essa é a razão, talvez, pela qual Júpiter não pode jamais controlar sua mulher
Hera, com todo seu poder.
Recuando na árvore ao longo do relâmpago, atravessamos a Sefira invisível
conhecida como Daat — conhecimento — antes de alcançar Binah, ou Saturno,
nesse esquema planetário.
Alguns cabalistas modernos descrevem esse ponto de transição como a entrada no
que é conhecido como a tríade de Kether, Hochma e Binah, como atribuem essa
posição ao planeta Plutão, descoberto há relativamente pouco tempo.
Enquanto são hipotéticas todas as idéias a respeito, elas não deixam de ser úteis
como um modo de considerar essa Sefira intermediária.
O deus Plutão era irmão de Netuno e Júpiter.
Ele era rei do submundo ou para falar em termos cristãos, das trevas exteriores —
no sentido astronômico grosseiro, sua remota posição no sistema solar.
Além disso ele possuía uma famosa capa de invisibilidade.
Isso pode ser entendido em dois sentidos: de que ele era o monarca dos mortos, os
quais saíram de nossa dimensão visual; ou de que seu processo é tão lento (o
planeta tem uma órbita de duração longa, 247 anos terrestres), não sendo dado a
uma vida humana completar um dos seus anos.
Plutão é o rei da morte, o planeta de mais profundas transformações que um
homem pode testemunhar.
O evento vai e vem, nada pode predizê-lo ou preveni-lo; de repente um ser que
ocupa seu lugar na sociedade ou na família é varrido da existência, desaparece em
outro mundo, o reino das sombras.
O portão de Hades pode ser, na verdade, o começo do conhecimento; por isso se
diz que na morte tudo que foi aprendido é revisto, assim como a vida passada é
resumida diante dos olhos do moribundo como um relâmpago estático e ali está,
num segundo, todo prazer, toda dor, a ignorância e o conhecimento do tempo de
vida.
Aqui, na porta invisível, a experiência e a essência de um homem são destiladas,
enquanto o limitado ego se evapora para sempre no vazio do divino Pai e da Mãe,
ante a união final com o Criador.
Plutão tem sua órbita no limite máximo do sistema solar.
Além, está o reino das estrelas, espalhadas aos milhões e, contendo tudo isso, o
vasto braço galático da Via Láctea.
A estranha órbita de Plutão é a margem e a fronteira do mundo planetário — e
quem sabe que barreira ou ponte esse escuro e invisível planeta oferece?
O deus Plutão era muito temido na Terra; mas é preciso lembrar que sua mulher
Perséfone, uma filha da Terra, chegou até aqui do submundo, com a primavera.
Plutão é duplamente desconhecido: como planeta e como princípio cabalístico, mas
de uma coisa nós sabemos e isso é que Daat é um ponto de profunda
transformação enquanto se está viajando, para cima ou para baixo, na árvore da
vida.
A Sefira de Binah é preenchida pelo deus e pelo planeta Saturno.
De acordo com o mito, Saturno ou Crono, (nome grego) era um dos deuses mais
antigos, ou titãs, Júpiter era seu filho, o qual mais tarde o deslocou do lugar,
tornando-se rei.
Isso parece indicar uma clara diferença entre a tríade superior de Binah, Hochma e
Kether, e a tríade média de Hesed, Gevura e Tepheret.
Saturno, deus da forma, está na posição correta na árvore; é o primeiro princípio
passivo, a mãe cósmicia que muda a energia de Hochma em tempo.
O tempo é a primeira limitação, que revela mudança, e mudança significa o inter-
relacionamento de energia e forma.
Saturno é também relacionado com aquelas coisas que são antigas e provadas.
Ë o elemento conservador no que ele tem de pior e a percepção dos princípios
eternos no que ela tem de melhor.
No homem, Binah representa compreensão, isto é, o reconhecimento do que é.
Essa realização leva, talvez, três quartas partes do tempo de uma vida.
A velhice é considerada o período de Saturno.
É a época da contemplação quase no fechamento do ciclo da vida.
A repetição dos padrões já foi feita, a periodicidade dos eventos já foi verificada,
agora está completo o fluxo e o refluxo das forças da vida e da morte.
Saturno é o resumo disso tudo.
Ele é talvez o mais filosófico dos deuses, tendo experimentado tudo isso muitas
vezes na posição de pai do rei do Olimpo.
Para ele, na sua órbita muito mais distante que a de Júpiter e dos planetas
interiores, todos os eventos obedecem a um compasso mais lento, em seu ano
mais lento.
Ele não tem pressa, já viu tudo isso antes.
Representado na forma de um velho, magro e apoiado numa foice, ele é
freqüentemente associado com crueldade e melancolia.
Essa imagem comum esconde uma gravidade inteligente, uma mente penetrante.
Em sua longa visão, Saturno é inexcedível.
Ele é capaz de projetar uma imagem e conhecer seus resultados antes de todos os
demais deuses.
De Binah ou Saturno provém não apenas o passado recebido e transmitido num
impulso divino, como a forma, o conjunto de princípios segundo o qual o relâmpago
pode manifestar-se nos mundos mais baixos.
Em termos de arquitetura isso seria um esboço de uma nova cidade.
Os edifícios podem ir e vir mas o tipo de construção das casas, dos prédios, das
fábricas, será o mesmo até que o esquema básico seja mudado.
Isso é Saturno, o deus da conservação, bem como da forma.
Binah é também conhecida como mãe devido ao seu desempenho passivo contido
em Saturno.
Saturno é resistente à mudança.
Os outros planetas alteram rapidamente suas posições em relação ao Sol mas ele é
lento, carregando seus imensos anéis limitadores.
Esses anéis podem ser resultado de um evento ocorrido antes do surgimento da
vida orgânica na Terra, indicando uma mudança do equilíbrio do sistema solar -- o
que é mencionado em vários mitos antigos da origem do universo.
Do ponto de vista do homem, Saturno é o último planeta que pode ser visto a olho
nu.
Para o homem comum de todos os tempos, o sistema planetário acaba nele.
Os telescópios podem trazer a imagem do planeta seguinte, mas nada mais.
Para os antigos, ele era o limite, além do qual pouco era conhecido, exceto com a
ajuda da especulação ou da iluminação.
Em Binah isso pareceria correto; porque Hochma é quase tão indefinível quanto
Kether, enquanto Binah pelo menos permite de si um esboço razoável.
Essa é a essência de Saturno, a iniciação de Cronos — tempo e forma.
A Sefira de Hochma é tradicionalmente preenchida pelo Zodíaco.
Este é a curva do céu, centrado na senda do Sol.
Além de incluir as órbitas de todos os planetas, o Zodíaco define doze fases de um
contínuo processo cósmico.
A idéia é remota e se encontra, no nível humano, nas doze tribos de Israel e nos
discípulos de Cristo.
Nesse número todos os tipos humanos foram inseridos, formando assim um ciclo
completo da humanidade.
No reino da natureza, um processo similar pode ser encontrado nas doze fases do
ano natural.
Tomemos um exemplo.
O Sol, enquanto no signo do Touro, está presente no hemisfério norte da Terra
como primavera, a época da corte amorosa, do desenvolvimento, do nascimento.
Em oposição jaz Escorpião, o signo atravessado pelo Sol no outono.
Aqui vemos a queda das folhas e a diminuição da temperatura.
Os campos estão pardos e as aves do verão já desapareceram.
É um período de decadência, o começo do fim de uni ciclo natural quando as
energias vitais parecem gastas.
Por toda parte há um clima de morte e podridão — e ainda assim em cada fruto há
uma semente, em cada raiz uma renovação de vida que não vemos.
Touro e Escorpião são antípodas cósmicos: um é a entrada na vida física, o outro é
a partida para a morte física.
Apesar disso, cada um deles contém em seu intimo um pouco do outro, ambos são
espelhos, na natureza, da lei dos arquétipos — nisso está a essência de Hochma.
O Zodíaco em Hochma contém todas as possibilidades.
A força potencial dessa Sefira é imensa.
Antes de ser recebida e contida em Binah, todas as combinações são possíveis.
O Zodíaco descreve doze largas definições, mas cada uma delas é plena de
variedades em sua própria especialidade.
A potencialidade acumulada no signo de Capricórnio é vasta.
Aqui há estabilidade e força, ordem, hierarquia, paciência, tempo.
Em Aries temos a dinâmica da iniciativa, originalidade, coragem, perícia, sacrifício e
visão;, e essas são meras manifestações humanas desses princípios básicos!
Multiplicadas por doze, mais os vários níveis em que esses arquétipos atuam,
teremos o total com o qual uma árvore da vida pode-se desenvolver, trate-se de
um homem ou de um dos doze do Olimpo.
Desse ponto podemos ver como as emanações que saem de Kether são
modificadas ao passar através da Sefira, até que adquiram sua forma final em
Malcut.
De sua conversão até seu verdadeiro potencial pela ação de Hochma, as
emanações formuladas em princípios maiores por Binah são desenvolvidas e se
expandem dentro de seu contexto com a ajuda de Hesed, refinando-se então pela
discriminação de Gevura na entidade de Tepheret.
Netzah então deixa a coisa agir, enquanto Hod relata isso para o mundo exterior.
Yesod mantém seu equilíbrio e formula um resumo da questão. Malcut é o que nós
vemos em sua forma física quando a árvore está completa, tendo trazido à Terra o
processo criador.
Alguns cabalistas modernos inserem o planeta Urano na Sefira de Hochma.
Embora não universalmente aceita, a noção contém algumas idéias interessantes.
Urano é o pai de Saturno, que o destronou, logo que o universo foi feito.
Urano era filho de Gaea, a primitiva Mãe Deusa, aparecendo logo depois da Caos,
no começo da Criação.
Urano foi seu primeiro filho.
De seu relacionamento nasceu Saturno, o caçula, que foi posteriormente
destronado por Júpiter, seu próprio filho.
Fora um vago paralelo com a Bíblia, talvez o mais interessante seja o fato de que
Urano é o deus do cosmo estrelado — o leito do Zodíaco.
Urano foi também considerado pelos gregos como a divindade primordial, o qual,
junto com sua mãe, era tido como o avô do mundo.
Embora não correspondendo muito precisamente com a árvore da vida, há aqui
algum material para ser meditado — e no que respeita ao estudo da cabala esse
processo é infinito.
Como acontece na vida, cristalização significa atrofia e morte.
Os modernos cabalistas, como nos casos de Hochma e Daat, atribuem por razões
didáticas um deus e um planeta a Kether.
Ele é Netuno, irmão de Júpiter e deus do Mar.
Tão poderoso quanto Júpiter, ele assumiu o comando do mundo médio das águas;
com Júpiter acima, no céu e Plutão abaixo, no submundo.
Como um símbolo de seu poder, leva um tridente, talvez uma chave para as forças
divinas, ou trindade, criadoras do universo.
Outra qualidade de Netuno é que ele, como o. mar, é onipotente e onipresente —
uma presença como a água, em todas as partes do mundo.
Alguns cabalistas acham esse ponto relevante e especulam sobre a natureza desse
ser, referindo-se ao fato de que ele é o irmão mais velho de Júpiter.
Essas idéias, contudo, são meros fragmentos de um conhecimento agora perdido, e
no momento distorcido pelo tempo.
A Sefira de Kether é tradicionalmente descrita nessa escala como primum mobile —
o movimento primeiro.
O nome se explica a si próprio.
Mas o que se move e o que move essa coisa, essa é outra questão; porque há mais
do que uma esfera invisível, cantando enquanto giram os sete céus.
Ligada à idéia do primum mobile está o mesmo conceito com referência a Kether —
a coroa.
O que vem do alto da coroa é da mesma ordem daquilo que vive além do primum
mobile.
Talvez seja oportuno dizer aqui que acima do planetário, e acima mesmo do
movimento primeiro, nessa ordem, existem outros universos; três mais, ao todo.
De acordo com o pensamento cabalístico, exposto no capitulo seguinte, há quatro
grandes árvores da vida, cada uma delas parte de uma imensa cadeia que vai do
universo divino, passa através dos mundos da Criação e da forma e chega ao
reinado dos elementos e da ação — este em que vivemos.
Nessa escala, o sistema que estivemos examinando é, de fato, o mais baixo e
denso dos universos; e os planetas observados no céu são os mais mesquinhos e
insignificantes num vasto e fantástico conjunto.
Vemos o Sol como uma bola brilhante, mas na realidade vivemos dentro de seu
corpo radioso como vivemos dentro do cinto de radiações Van Allen e dentro da
atmosfera.
Nosso planeta não acaba senão bem adiante da Lua; e se podemos ver isso com
olhos cósmicos, tudo assumirá a forma de um grande sapo pulsante, com sua
cauda diáfana oscilante aos ventos solares, mais do que uma pequena e sólida
esfera azul e verde.
Esse é o mundo de Assiah — os elementos e a ação, o estágio final de Kether
quando, no fim do processo criador, ele se torna Malcut.
Aqui então está a árvore da vida mostrada nos termos dos velhos deuses e dentro
do 'simbolismo que lhes era próprio.
Combinando isso com o conhecimento correspondente e a experiência de Sefirot
presente em cada um, uma visão melhor de sua natureza pode ser obtida.
Essa é a aplicação prática do princípio "Em cima é como embaixo", tão citado na
velha filosofia.
Continua