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Unidade Iv - Análise de Curto-Circuito

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SISTEMAS DE POTÊNCIA

UNIDADE IV
ANÁLISE DE CURTO-CIRCUITO
Elaboração
Rafaela Filomena Alves Guimarães

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

UNIDADE IV
ANÁLISE DE CURTO-CIRCUITO....................................................................................................5

CAPÍTULO 1
CÁLCULO DOS VALORES DE CURTO-CIRCUITO..................................................................... 5
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................45

APÊNDICES E ANEXOS...........................................................................................................48
ANÁLISE
DE CURTO-CIRCUITO
UNIDADE IV

Capítulo 1
CÁLCULO DOS VALORES DE CURTO-CIRCUITO

1.1. Curto-circuito
Iremos começar nossa análise de curtos-circuitos pelos curtos-circuitos trifásicos. Zanetta
no seu livro Fundamentos de Sistemas Elétricos de Potência define:

o cálculo da corrente de curto-circuito é necessário para a especificação


dos equipamentos de um sistema elétrico. Durante o curto-circuito,
altas correntes são estabelecidas, com a elevação de temperaturas e
solicitações térmicas, além dos esforços mecânicos e deformações de
materiais (2006, p. 165).

Esse cálculo é fundamental para a definição dos parâmetros do sistema de proteção


como a atuação coordenada dos relés de proteção e dos disjuntores.

1.2. Análise de curto-circuito trifásico


Vamos começar nosso estudo de curto trifásico por meio da definição das condições
pré-falta. Para isso, vamos considerar uma rede elétrica simples, formada por 2 unidades
geradoras chamadas de E1 e E2 e 2 impedâncias chamadas de Z1 e Z2 conforme está
desenhado na figura 78. Estas redes se conectam através do ponto P que possui uma
tensão Ep. Esse esquema pode representar desde 2 sistemas complexos, com cada
sistema sendo representado pelo seu sistema equivalente de Thèvenin até mesmo um
esquema mais simples como a conexão de um gerador e uma carga.

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UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

Figura 78. Circuito de uma rede elétrica simples formada por duas unidades geradoras: E1 e
E2.

Fonte: Zanetta (2006, p. 171).

Vamos adotar as tensões E1 e E2 como sendo iguais a

E1 = ∠ d1
(Equação 415)
E2 = ∠ d2

Vamos considerar que a rede terá duas configurações diferentes: uma na condição
chamada de pré-falta e outra na condição de falta. Estas condições acontecerão de
acordo com o princípio da superposição, ou seja, vamos considerar uma condição
(com a rede funcionando normalmente) e depois a outra condição (com a rede
em falta). Neste caso teremos as correntes Ipf chamada de corrente de carga ou de
corrente pré-falta, a If chamada de corrente de falta e as correntes e chamadas
de parcelas de corrente de falta devido à contribuição das redes 1 e 2. Deste modo
a corrente I será a corrente de curto-circuito considerando a superposição e as
correntes I1 e I2 serão as contribuições da corrente de curto-circuito das redes 1 e 2,
respectivamente.

Para a condição de pré-falta vamos encontrar os sistemas 1 e 2 operando de forma


interligada, sendo que a corrente Ipf será dada por:

(Equação 416)
Ipf =

Agora vamos analisar o ponto P. Nesse ponto a tensão pré-falta será dada por:

=E1 – Ipf Z1 = E1 - Z1 (Equação 417)

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Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

Agora se considerarmos somente a fonte de tensão E1 como ligada, o ponto P pode


ser considerado um divisor de tensão que resulta em:

EP1= (Equação 418)

E, quando somente a fonte E2 estiver ligada, teremos:

EP2= (Equação 419)

Esse circuito pode ser representado por meio da figura 79.

Figura 79. Circuito de uma rede elétrica simples formada por duas unidades geradoras: E1 e
E2 com uma falta no ponto P.

Fonte: Zanetta (2006, p. 171).

Agora vamos analisar a tensão no ponto P, ou seja, vamos superpor, no ponto P o efeito
das 2 tensões o que resultará em
= EP1 + EP2 (Equação 420)

Agora vamos supor a ocorrência de um curto-circuito no ponto P, onde a tensão antes


da falta é igual a . Nesse caso, podemos calcular o valor da corrente de curto-circuito
dada por I por meio do método de análise de malhas (método 1) e por meio da resolução
pelo circuito equivalente de Thèvenin (método 2). Vamos começar resolvendo nosso
circuito pelo método 1. Nesse método, a corrente de curto-circuito pode ser calculada
por:
I = I 1 + I2
(Equação 421)
I1 = e I2 =

O que resulta em:

I= + (Equação 422)

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UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

As correntes I1 e I2 muitas vezes são chamadas de correntes superpostas.

Agora vamos calcular a corrente de curto-circuito I por meio do circuito equivalente de


Thèvenin, representado pela figura 80.

Figura 80. Circuito equivalente de Thèvenin com uma falta localizada no ponto P.

Fonte: Zanetta (2006, p. 171).

Por meio do teorema de Thèvenin, podemos calcular a corrente de curto-circuito I dada


pela fórmula:

I= (Equação 423)

sendo que:

» ETh = que é a tensão de pré-falta calculada para o ponto P

A impedância equivalente de Thèvenin pode ser calculada por meio da fórmula:

ZTh = Z1 // Z2 = (Equação 424)

Agora podemos calcular o valor de I que será igual a:

I= = + (Equação 425)

Como podemos imaginar, as equações (422) e (425) são iguais. Geralmente utilizamos o
método de Thèvenin porque para este método precisamos conhecer somente a tensão
no ponto da falta. Deste modo podemos representar a corrente de curto-circuito como
um gerador de corrente que segue do ponto para a terra. Para realizarmos o estudo do
impacto de uma falta na rede elétrica, precisamos conhecer a carga. Existem três formas
de simularmos a carga em Sistemas Elétricos de potência, a saber:

» impedância constante dado por Z constante;

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Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

» corrente constante dado por I constante;

» potência constante: dado por P + j Q constante.

Essas formas de representação da carga estão retratadas na figura 81.

Figura 81. Modelos de carga, sendo que em a) é representado o modelo da impedância Z


constante, em b) é representado o modelo da corrente I constante e em c) é representado o
modelo da Potência dada por P + j Q constante.

Fonte: Zanetta (2006, p. 179).

Na maioria das vezes, o estudo de carga é feito após o cálculo do fluxo de potência
da rede, ou seja, primeiro simulamos a rede elétrica em situação normal e depois
determinamos as condições em que a falta irá acontecer. Por isso, vamos simular uma
situação em que já conhecemos a tensão e a potência em uma barra i representada
pela figura 82.

Figura 82. Representação de uma carga na barra i.

Fonte: Zanetta (2006, p. 180).

Nesse caso, conhecemos a tensão na barra i dada por Vi ∠ 0 º e a potência na barra i


dada por Pi + j Qi. Vamos considerar essa barra i interligada a uma barra j, conforme
ilustra a figura 83.

Figura 83. Fluxo de potência.

Fonte: Zanetta (2006, p. 180).

Como conhecemos as tensões nas barras i e j, podemos calcular a corrente que está
circulando entre estas barras chamadas de corrente Iij dada por:
(Equação 426)
Iij =

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UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

Podemos calcular o fluxo de potência por fase e o fluxo de potência trifásico por meio
das fórmulas:

Sij = Vi (potência por fase)


(Equação 427)
Sij = 3 Vi (potência trifásica)

sendo que é chamado de conjugado da corrente Iij (esta corrente possui a mesma
magnitude da corrente Iij mas o ângulo está expresso com o sinal invertido).

Se uma impedância formada por uma resistência e um indutor conectados em série


estiver conectada nesse circuito, ou seja, uma carga com uma impedância constante
dada por Z = R + j XL (pu) temos que a potência complexa dessa carga será dada por:
s = pi + j qi

vi = z i i i (Equação 428)

pi + j qi = vi

E, nesse caso, a impedância será obtida pela fórmula:


(Equação 429)
zi = =

Se o valor da tensão vi for igual a 1 ∠ 0º


(Equação 430)
zi = ou yi = =

Agora, se essa carga fosse ligada em paralelo, teríamos:


(Equação 431)
rip = e xip =

Finalmente vamos analisar um curto-circuito trifásico por meio do circuito ilustrado pela
figura 84, em que as três fases estão acessíveis por meio da barra k do sistema.

Figura 84. Curto trifásico.

Fonte: Zanetta (2006, p. 180).

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Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

Na ocorrência de uma falta trifásica, as impedâncias Zg terão o mesmo valor, ou seja,


é como se a rede estivesse ligada a uma carga equilibrada ligada em Y (podendo ser
aterrada ou não). Essa rede pode ser representada por meio da sequência positiva das
componentes simétricas representado pelo circuito da figura 85.

Figura 85. Curto-circuito trifásico representado utilizando a componente simétrica de


sequência positiva.

Fonte: Zanetta (2006, p. 182).

Como essa rede é equilibrada, o curto-circuito poderá ocorrer com a ligação para a
terra (e neste caso será chamado de aterrado) ou não (e, neste caso, será chamado de
isolado), sendo que, como a carga é ligada em Y a presença do aterramento não irá
influenciar na nossa análise uma vez que ia + ib + ic = 0 no neutro (já que as correntes
e tensões estão defasadas entre si de 120 º).

Vamos considerar que as grandezas e, i e z sejam a representação em valores por


unidade (pu) das grandezas fasoriais E, I e Z. Podemos calcular a corrente i1 (em pu)
por meio da fórmula:
(Equação 432)
i1 =

Para muitos casos de faltas trifásicas, podemos considerar o valor de zg = 0, o que


resulta em:
(Equação 433)
i1 =

Esta corrente i1 é chamada de corrente de curto-circuito trifásica e representada por


i3f. O valor de z1 é obtido do cálculo da impedância equivalente de Thèvenin da barra.

As linhas de transmissão e de distribuição são os equipamentos elétricos mais


afetados pelas descargas atmosféricas no Brasil, por serem muitas vezes o ponto
mais alto do lugar atingido, por serem fabricadas de metais (que atraem os raios)

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UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

e também devido ao seu tamanho. Em tempestades de vento, esses equipamentos


também são atingidos por galhos de árvores ou até mesmo por árvores inteiras
que caem em sua estrutura arrancando muitas torres de energia ou postes de
distribuição. Todo ano essas descargas atmosféricas causam um enorme prejuízo
aos sistemas elétricos de potência. Como podemos envidar esforços para diminuir
este prejuízo e reparar a rede de maneira mais eficiente de maneira a reduzir o
tempo que os consumidores ficam sem energia elétrica?

Fonte: Resende et al. (2016, pp. 58-63).

Agora que você estudou a teoria e a formulação matemática de um curto-circuito


trifásico, vamos simular um Sistema Elétrico de Potência (SEP) com um curto-circuito
trifásico na barra 2.

Exemplo no 17: um conjunto de 10 motores com potência de 5 MVA cada é representado


pela sua potência equivalente. Esse conjunto é conectado a um sistema elétrico por meio
de uma linha de transmissão de 69 kV, com extensão de 60 km de comprimento, e as
respectivas transformações de tensão no início e no fim da linha estão ilustradas na figura
86. São dadas as potências de curto-circuito trifásico e monofásica e os parâmetros de
sequência positiva e zero da linha de transmissão, assim como são fornecidos os valores
nominais e as reatâncias dos transformadores. Se o conjunto de motores operar com
uma tensão nominal na barra 4, consumindo uma potência de 50 MW e possuindo um
fator de potência unitário, pedimos que se calcule a corrente de curto-circuito trifásico
na barra 2.

Figura 86. Sistema de alimentação de 10 motores com potência de 5 MVA cada.

Fonte: Autora.

Se considerarmos um curto-circuito trifásico na barra 2, para obtermos o valor da


corrente de curto-circuito teremos que calcular primeiro as correntes de fase no primário
e no secundário do transformador T1, supondo a superposição com as correntes de
pré-falta. Vamos adotar a potência de base como sendo igual a 100 MVA.

O valor da tensão de base será adotado como sendo igual a 69 kV.

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Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

Desse modo, podemos calcular a impedância de base por meio da fórmula:

Zb = = = 47,61 Ω

Desse modo, podemos calcular o valor da reatância da linha de 60 km que será dada por:

x1 = j = j 0,553 pu

As reatâncias dos transformadores T1 e T2 serão obtidas por meio de:

xt1 = 0,12 = j 0,2 pu

xt2 = 0,10 = j 0,2 pu

Agora vamos obter as reatâncias dos geradores que serão obtidas por:

s3f = 500 MVA


Em valores pu teremos:
s3f = = j 5 pu
Logo:

X1 = = 0,2 pu

Portanto o circuito de sequência positiva será dado, lembrando que a defasagem de


30º é devido a configuração D - Y de T1 e T2 (os sentidos de defasagem estão indicados
na figura 87).

Figura 87. Circuito de sequência positiva para o sistema de alimentação de 10 motores com
potência de 5 MVA cada.

Fonte: Autora.

Agora vamos calcular as condições de pré-falta dos motores que será dada por:

s = v i*

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UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

Por isso, o valor de P em pu pode ser calculado por:

p= = 0,50 pu que será o valor de s na carga

Como a tensão na carga foi adotada como v = 1 ∠ 0ºpu, temos que:

i = 0,5 pu

A tensão na barra 4 possui valor 1 o que nos permite calcular a tensão na barra 2 (e
neste caso temos que considerar o ângulo dos transformadores.

A impedância é calculada por (j 0,2 + j 0,553) = j 0,753, ou seja, a soma das impedâncias
do transformador e da linha. Este cálculo resulta em:

= (1 + j 0,753) x 0,50 (1 ∠ 30º) = 1,0685 ∠ 50,6314º

O valor das correntes no primário e no secundário do transformador T1 serão dadas por:

Barra 1 - = 50 ∠ 0º e na

Barra 2 - = 50 ∠ 30º

Portanto, a rede escrita nas condições de pré-falta é dada pela figura 88.

Figura 88. Rede na condição de pré-falta para o sistema de alimentação de 10 motores com
potência de 5 MVA cada.

Fonte: Autora.

Desse modo, o circuito equivalente de Thèvenin de sequência positiva será dado por:

zth1 = j 0,4 // j 1,113 = j 0,294

E o valor da corrente de falta pode ser calculado por meio da fórmula:

if = = 3,6344 ∠ -39,3686º pu

O valor original dessa corrente será dado por:

if = 3,6344 ∠ -39,3686º = 5,2672 ∠ -39,3686º kA

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Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

Vamos utilizar o software PowerWorld para desenhar o circuito representado pela figura
89, que é o mesmo circuito analisado no exemplo n. 17.

Figura 89. Sistema de alimentação de 10 motores com potência de 5 MVA cada.

Fonte: Autora.

Vamos começar nossa simulação pela inserção das barras 1, 2, 3 e 4 na parte reservada
ao desenho. Para isso, vamos selecionar a opção Draw (Desenhar) e selecionar a opção
bus (Barramento), conforme ilustra a figura 90.

Figura 90. Tela com a inserção das barras 1, 2, 3 e 4 através da aba Draw (Desenhar) e da
opção bus (Barramento).

Fonte: Elaborada pela autora. PowerWorld (2022). Disponível em: https://www.powerworld.com/. Acesso
em: 21 nov. 2022.

Após a inserção das barras 1, 2, 3 e 4, vamos alterar a tensão dessas barras para 13,8
kV na barra 1, 69 kV nas barras 2 e 3 e 13,8 kV na barra 4. Também devemos escolher
a barra 1 como a barra de referência do nosso cálculo por meio de um click em System
Slack Bus. Todas as tensões das nossas barras têm que estar configuradas como 1 ∠ 0o
pu, por meio dos parâmetros tensão (Voltage em pu) e de ângulo (Angle - em graus -
degrees) disponíveis na aba Bus Information, conforme ilustra a figura 91.

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UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

Figura 91. Tela para a configuração dos valores da tensão nominal (13,8 kV) e em pu (1 ∠ 0º)
pu e seleção da barra 1 como referência (System Slack Bus).

Fonte: Elaborada pela autora. PowerWorld (2022). Disponível em: https://www.powerworld.com/. Acesso em: 21 nov. 2022

Depois disso vamos inserir a impedância da linha dada por (x1 = j 0,4388 Ω/km e x0
= j 1,1053 Ω/km). Esta rede possui 60 km de comprimento. Para isto devemos clicar
em Transmission Line e clicar nas barras 2 e 3. O software irá abrir uma aba para que
possamos inserir o valor da impedância. Dentro desta aba devemos clicar em Calculate
Impedances e inserir o valor de 0,4388 no campo X (Ohms/km) e o valor de 60 km no
campo Line Length, conforme ilustra a figura 92.

Figura 92. Tela para a configuração da reatância X (Ohms/km) no item Actual Impedance and
Current Limits. O valor de 0,4388 foi digitado no parâmetro X (Ohms/km) e o valor de 60 foi
digitado no item Line Length que é medido em km.

Fonte: Elaborada pela autora. PowerWorld (2022). Disponível em: https://www.powerworld.com/. Acesso
em: 21 nov. 2022

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Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

O valor da reatância de sequência zero x0 = j 1,1053 Ω/km deve ser inserido na aba Fault
Info na coluna correspondente a Zero Sequence Impedance conforme ilustra a figura 93.

Figura 93. Tela para a configuração da reatância X de sequência zero no item Zero Sequence
Impedance por meio do preenchimento do valor 1,1053 no campo X da aba Fault Info.

Fonte: Elaborada pela autora. PowerWorld (2022). Disponível em: https://www.powerworld.com/. Acesso em: 21 nov. 2022.

Posteriormente a esse procedimento, vamos inserir um gerador antes da barra 1. Faremos


isso selecionando a opção Generator em Draw e clicando na barra 1. Para que o software
aceite a inserção do gerador, precisamos preencher o valor de 500 no parâmetro MW
Setpoint no campo Power Control, conforme está ilustrado pela figura 94.

Figura 94. Tela com a inserção do gerador e preenchimento do valor 500 no parâmetro MW
Setpoint no campo Power Control.

Fonte: Elaborada pela autora. PowerWorld (2022). Disponível em: https://www.powerworld.com/. Acesso em: 21 nov. 2022.

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UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

Agora vamos inserir a carga na barra 4 por meio da opção Load em Draw. Devemos
preencher o valor de 50 MW na coluna de Constant Power que aparecerá na janela de
parametrização fornecida pelo software conforme ilustra a figura 95.

Figura 95. Tela para a configuração da carga 50 MW. O valor 50 foi digitado no parâmetro
Constant Power na linha de MW Value.

Fonte: Elaborada pela autora. PowerWorld (2022). Disponível em: https://www.powerworld.com/. Acesso em: 21 nov. 2022.

Depois disso, vamos aumentar a precisão dos valores de potência ativa e reativa que
aparecem no nosso circuito por meio de um duplo clique no valor 0 MW e na alteração
do valor de 0 para 3 no campo Digits to Right of Decimal. Devemos repetir o mesmo
procedimento para o valor 0 MVAr, conforme está ilustrado pela figura 96.

Figura 96. Tela para a configuração da precisão do software PowerWorld no cálculo das
potências ativa e reativa, alterando o valor 0 no campo Digits to Right of Decimel para 3.

Fonte: Elaborada pela autora. PowerWorld (2022). Disponível em: https://www.powerworld.com/. Acesso
em: 21 nov. 2022.

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Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

Agora vamos inserir o transformador T1 entre as barras 1 e 2 e o transformador T2 entre


as barras 3 e 4. Como a reatância do transformador 1 é igual a x = 12%, devemos inserir
o valor de 0,12 no parâmetro Series Reactance (X), conforme ilustra a figura 97. Para o
transformador T2, devemos inserir o valor de x = 10%.

Figura 97. Tela para a configuração do transformador T1 no software PowerWorld com os


dados da reatância do transformador alterado para XT1 = 0,12 pu.

Fonte: Elaborada pela autora. PowerWorld (2022). Disponível em: https://www.powerworld.com/. Acesso em: 21 nov. 2022.

A configuração D - Y aterrado é feita por meio da inserção do valor - 30º no parâmetro Phase
Shift na aba Transformer Control conforme ilustra a figura 98. Já para configuração Y aterrado
- D, devemos inserir o valor de 30º no parâmetro Phase Shift na aba Transformer Control.

Figura 98. Tela para a configuração do transformador T1 conectado em D - Y aterrado da


inserção do valor de - 30º no parâmetro Phase Shift (degrees).

Fonte: Elaborada pela autora. PowerWorld (2022). Disponível em: https://www.powerworld.com/. Acesso em: 21 nov. 2022.

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UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

O circuito final desenhado pelo software possui o formato ilustrado pela figura 99.

Figura 99. Configuração do circuito ilustrado pela figura 89 para simulação no software
PowerWorld.

Fonte: Elaborada pela autora. PowerWorld (2022). Disponível em: https://www.powerworld.com/. Acesso
em: 21 nov. 2022.

Para que o software PowerWorld simule essa linha, precisamos alterar o modo de
configuração de Edit Mode para Run Mode e, dentro do ícone Tools (Ferramentas),
devemos clicar na seta verde (Play), conforme ilustra a figura 100.

Figura 100. Ícone para a simulação do circuito da figura 99.

Fonte: Elaborada pela autora. PowerWorld (2022). Disponível em: https://www.powerworld.com/. Acesso
em: 21 nov. 2022.

O resultado da simulação de uma linha curta está representado na figura 101.

Figura 101. Resultado da simulação do circuito apresentado na figura 89 pelo software


PowerWorld.

Fonte: Elaborada pela autora. PowerWorld (2022). Disponível em: https://www.powerworld.com/. Acesso
em: 21 nov. 2022.

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Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

1.2.1. Cálculo da corrente de curto-circuito monofásico

Vamos analisar o circuito da figura 102 que representa um curto-circuito monofásico.

Figura 102. Curto-circuito monofásico (entre a fase a e o terra).

Fonte: Zanetta (2006, p. 183).

O circuito da figura 102 representa uma rede de energia trifásica que está submetida
a um curto-circuito monofásico, ou seja, entre uma fase e a terra, seja porque essa
fase está caída no chão ou porque um raio a atingiu. Temos as seguintes condições de
contorno no momento do curto:
i b = ic = 0
(Equação 434)
va = zg ia

Vamos utilizar essas condições de contorno para obtermos as componentes simétricas


da rede ilustrada pela figura 95. Desse modo, se as correntes de ia, ib e ic forem escritas
em termos das componentes simétricas, serão iguais a:

= x (Equação 435)

Como as correntes ib e ic são iguais a zero, temos que:

(Equação 436)
= x =

As tensões da linha são dadas por va, vb e vc e podem ser escritas em termos das
componentes simétricas, o que nos leva a:

21
UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

= x
(Equação 437)

= x

Da equação (436) temos que:

i 0 = i1 = i2 = ia (Equação 438)

Portanto:

i a = 3 i0 (Equação 439)

Considerando a 1ª linha da equação (437) e as equações (434) e (439), podemos escrever


então que:
v0 + v1 +v2 = va = 3 zg i0 (Equação 440)

Se adotarmos zg = 0, podemos conectar em série os diagramas das impedâncias de


sequência zero, positiva e negativa conforme ilustra a figura 103. Devemos nos atentar para
o fato de que as impedâncias de sequência positiva e negativa possuem o mesmo valor.

Figura 103. Ligação em série do diagrama das impedâncias de sequência zero, positiva e
negativa em um curto-circuito monofásico.

Fonte: Zanetta (2006, p. 185).

22
Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

Analisando o circuito da figura 103, podemos escrever que:

i0 = (Equação 441)

Sendo que e1 = vTh1, porque essa tensão é obtida a partir da tensão de sequência
positiva por meio do cálculo do circuito equivalente de Thévenin no ponto de falta. Já
as impedâncias equivalentes de Thèvenin de sequência negativa e de sequência zero
são dadas por z2 = vTh2 e z0 = vTh0, respectivamente. Como estamos adotando zg = 0 e
sabemos que:

i 0 = i1 = i2 = (Equação 442)

Vamos adotar também que z1 = z2, então podemos escrever que:


(Equação 443)
i0, 1, 2 =

Ou seja, os três diagramas representados pela figura 96 podem ser colocados em série
e depois em curto-circuito. Desse modo, temos que a corrente ia pode ser calculada
por meio da fórmula:
(Equação 444)
ia =

Essa corrente ia é chamada de corrente de curto-circuito monofásica e é representada


pela sigla i1f, ou seja:

(Equação 445)
i1f =

Agora vamos calcular as tensões v0, v1 e v2. A tensão v0 será obtida por meio da fórmula:

(Equação 446)
v0 = =

Como v0 + v1 + v2 = 0, temos que o valor da tensão v1 será dado por:

(Equação 447)
v1 =

Podemos verificar que o valor de v1 também pode ser obtido por meio do divisor de
tensão, aplicado no circuito com relação a e1. O mesmo princípio é válido para as tensões
v0 e v2, com a diferença das polaridades neste caso estarem trocadas.

Podemos obter os componentes de fase das tensões vb e vc, por meio da fórmula:

= x (Equação 448)

23
UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

Lembrando que:
(Equação 449)
i1 =

Podemos calcular a tensão na fase b por meio da fórmula:

vb = [ -z0 + a2 (z1 + z0) - a z1]

vb = [z0 (a2 – 1) + z1 (a2 - a)] (Equação 450)

vb =

E na fase c temos:

vc = [z0 (-1 + a) z1 (a - a2)]


(Equação 451)
vc =

Agora, se desprezarmos os valores das resistências das linhas e considerarmos apenas


os valores das reatâncias, ou seja, se fizermos z= j XL, poderemos obter valores iguais
(em módulo) para as tensões vb e vc das fases b e c.

Podemos definir o valor de sobretensão como “a relação mais elevada entre a tensão e uma
fase sã, vb ou vc, durante o curto, pela tensão preenxistente, antes do curto, correspondente
à tensão do circuito equivalente de Thèvenin e1” (ZANETA Jr., 2005, p. 187).

Desse modo, o fator de sobretensão pode ser calculado para a fase b como:
(Equação 452)
fst =

Para simplificarmos nossos cálculos a partir de agora, vamos considerar que:


(Equação 453)
k=

Nas equações (450 e 451), vamos aproximar esse número complexo k para um número
real, adotando que as impedâncias de sequência positiva e zero possuem fases
aproximadamente iguais. Desse modo, teremos:
(Equação 454)
vb = e1

Se desenvolvermos o número complexo teremos:

(Equação 455)

Se lembrarmos que k passa a ser um número real, obteremos:


(Equação 456)
= = =

24
Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

Se calcularmos o módulo da equação (456), vamos obter:

= (Equação 457)

O que irá resultar no módulo do fator de sobretensão que será igual a:


(Equação 458)
fst =

Se os valores das impedâncias de sequência zero e positiva forem iguais, ou seja, se z0


= z1 teremos k = 1 e o fator de sobretensão será unitário.

Agora vamos provocar um curto-circuito no circuito que simulamos a partir da figura 89.
Para isso, após simularmos o circuito e ainda no modo de operação Run Mode vamos
escolher a opção Fault Analysis (Análise de Falta) e, nessa aba, vamos abrir a opção
Single Fault (Falta Simples) conforme está ilustrado pela figura 104.

Figura 104. Tela para a configuração da análise de curto-circuito monofásico, bifásico ou


trifásico da rede elétrica.

Fonte: Elaborada pela autora. PowerWorld (2022). Disponível em: https://www.powerworld.com/. Acesso
em: 21 nov. 2022

Essa opção vai permitir que simulemos um curto-circuito monofásico por meio da
opção Single-Line-to-Ground (Curto-circuito monofásico para a terra), um curto-circuito
bifásico entre linhas (opção Line-to-Line), um curto-circuito bifásico com a terra (opção
Double Line-to-Ground) ou um curto trifásico (3 Phase Balanced) em qualquer uma
das barras 1, 2, 3 ou 4 do nosso circuito. Vamos escolher a opção 3 Phase Balanced
(Curto-Circuito Trifásico) na barra 2 e clicar em Calculate (Calcular), conforme ilustra
a figura 105.

25
UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

Figura 105. Resultado da simulação de um curto-circuito trifásico na barra 2 de 69 kV.

Fonte: Elaborada pela autora. PowerWorld (2022). Disponível em: https://www.powerworld.com/. Acesso
em: 21 nov. 2022.

Essa opção vai mostrar que um curto-circuito trifásico na linha 2 ocasionará uma corrente
de curto igual a If = 1,191 ∠- 37,98 º pu na fase A.

Agora vamos simular um curto-circuito monofásico na barra 4 da figura 89 para verificar


o que acontece com o circuito representado no PowerWorld.

A nossa simulação irá encontrar o resultado ilustrado pela figura 106 na simulação de
um curto-circuito monofásico na barra 4.

Figura 106. Resultado da simulação de um curto-circuito monofásico na barra 4.

Fonte: Elaborada pela autora. PowerWorld (2022). Disponível em: https://www.powerworld.com/. Acesso
em: 21 nov. 2022.

26
Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

O valor calculado é para a corrente de falta If = 1,0971 ∠ - 69,69 º A.

1.2.2. Operação ótima e segura do sistema elétrico de


potência

Nos estágios iniciais dos estudos de engenharia elétrica, os sistemas de potência eram
formados por geradores isolados que forneciam energia a um número reduzido de
cargas locais. Essas configurações, relativamente fáceis de controlar e supervisionar,
deram lugar aos sistemas de potência atuais, constituídos de múltiplos geradores e
carga, conectados a uma rede de transmissão de alta tensão. Consequentemente, devido
a sua topologia malhada e pela multiplicidade dos equipamentos, o planejamento e a
operação dos sistemas de potência se tornaram muito complexos.

O crescimento da complexidade dos sistemas de potência, com uma clara tendência


ao incremento das interconexões com sistemas adjacentes, é devido, principalmente,
à importância da diminuição dos custos da eletricidade e à melhoria da confiabilidade
no seu fornecimento. Além disso, a progressiva liberalização das restrições realça a
participação em diferentes atividades para facilitar a competição no mercado elétrico,
e, com isso, adiciona maior complexidade na operação dos sistemas de potência.

Como resultado, atualmente, é obrigatório projetar um gerenciamento adequado dos


sistemas de energia (da sigla em inglês EMS – Energy Management Systems) nos quais
são coletadas as informações disponíveis e são levadas a cabo as tarefas, tais como a
supervisão e o controle. Por esse motivo, é também necessário pessoal qualificado em
planejamento e operação para assegurar o fornecimento da energia elétrica.

Esse item apresenta os conceitos inerentes, as atividades e as ferramentas para a


operação de sistemas de potência no moderno contexto do EMS.

Alguns autores propuseram o uso de fatores de distribuição para detectar problemas


de tensão anormal. Contudo, a característica fortemente não linear do problema, que
relaciona tensões e potência reativa, permite questionar os resultados obtidos usando
essa técnica. Esse fato, além de mascarar problemas inerentes ao uso de índices de
ordenamento, justifica o desenvolvimento de um segundo grupo de técnicas para
detectar contingências problemáticas, conhecidas como filtragem de contingência. As
técnicas de filtragem de contingência encontram o estado aproximado do sistema de
potência após uma contingência usando apenas um ou duas iterações de um algoritmo
de fluxo de carga que é inicializado a partir do estado de pré-contingência, seguido
de uma verificação dos ramos que estão sobrecarregados e das tensões fora de seus
limites. Caso sejam verificados problemas, então se encontra o estado pós-contingência
exato para confirmar as suspeitas.

27
UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

Em redes de transmissão, é possível usar um modelo linear aproximado que considera


somente fluxos de potência ativa, o fluxo de carga CC. O fluxo de carga CC fornece
uma relação linear entre a injeção de potência ativa e os ângulos de fase das tensões
nas barras:
(Equação 459)
Pi = = sen qij ≈

em que xij é a reatância do ramo entre as barras i e j.

A equação anterior pode ser escrita na forma matricial como P = B q. Então, os ângulos
de fase podem ser removidos para obter uma relação linear entre os fluxos de potência,
P1, e as potências injetadas nas barras P,

(Equação 460)
⇒ Pf = [X-1 AT B-1] P = Sf P

em que: A é a matriz de incidência ramo-nó reduzida (retirando a barra de folga), X é


matriz de reatância diagonal dos elementos dos ramos, e Sf é a matriz de sensibilidade
entre fluxos de potência dos ramos e as potências injetadas. Como se está analisando
um sistema linear, o princípio de superposição pode ser aplicado, e, consequentemente,
os fluxos de potência, após uma mudança nas potências injetadas, podem ser calculados
como:

Pf = Sf [P + DP] = + Sf DP = DPf = Sf DP (Equação 461)

Os fatores de distribuição da injeção são definidos como o incremento do fluxo em um


dado elemento (linha ou transformador), localizado entre as barras, m e n, após um
incremento unitário da potência injetada na barra i:

(Equação 462)
= = = Smn,i

Ressaltamos que os fatores de distribuição dependem somente da topologia da rede;


consequentemente, eles podem ser calculados off-line usando técnicas de solução de
matrizes esparsas.

O incremento de fluxo em um elemento de ramo, DPmn, após a saída de um gerador na


barra i, pode ser encontrado da seguinte forma:

» Se a geração perdida é assumida pela barra de folga:


(Equação 463)
DPmn = DPi

em que DPi = - , isto é, a geração de potência ativa antes da contingência.

28
Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

» Se a geração perdida é compartilhada entre os geradores restantes para modelar


a resposta do controle automático de geração (CAG), os fatores de partilha
devem ser usados:

DPmn = DPi - DPi = DPi (Equação 464)

com =1

No caso de contingências devido à saída de uma linha ou transformador, os fluxos


pós-contingências podem ser encontrados usando o teorema da compensação para
sistemas lineares, como descrito na figura 107. Dessa forma, as mudanças de fluxo pela
saída de um ramo entre as barras i e j, transportando um fluxo de potência ativa
antes da saída, são encontradas como:

Pf = + + DPi (Equação 465)

em que a matriz é encontrada modificando o modelo original para eliminar a saída


do ramo ij.

= (X’)-1 (A’)T (B’)-1 (Equação 466)

e DPi contém apenas na barra i e - na barra j,

DPf = DPi (Equação 467)

D = [0 - 0] (Equação 468)

Figura 107. Aplicando o teorema de compensação para a saída de um ramo.

Fonte: Gómez-Expósito et al. (2015, p. 184).

Consequentemente, o fator de distribuição, correspondente ao elemento de ramo


localizado entre as barras m e n, é encontrado da seguinte forma:
(Equação 469)
= = -

29
UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

Uma alternativa ao uso do teorema da compensação para encontrar os fatores de


distribuição está baseada no modelo de saída do ramo, usando duas injeções fictícias
em ambas as extremidades do ramo. Esta técnica permite evitar a refatoração da matriz
B para encontrar . As injeções fictícias devem coincidir com o fluxo de potência após
a saída (figura 108):

Pij = + Sij,i DPi + Sij,j DPj = + (Sij,i – Sij,j) Pij (Equação 470)

Figura 108. Modelagem de saída usando injeções fictícias.

Fonte: Gómez-Expósito et al. (2015, p. 184).

A equação anterior produz:


(Equação 471)
DPi = -DPj =

Então, o fluxo por meio do ramo mn, após a saída do ramo ij, é encontrado por:

Pmn = + Smn,i DPi + Smn,j DPj = + (Smn,i – Smn,j) DPi (Equação 472)

e o correspondente fator de distribuição, ,


(Equação 473)
= =

ser encontrados fatores de distribuição para contingências múltiplas, resolvendo um


sistema linear de equações para calcular as injeções fictícias nos extremos dos ramos
sob contingência, levando em conta as interações entre as saídas dos ramos.

Obviamente, ambos os métodos são equivalentes e fornecem fatores de distribuição


idênticos.

O método comumente usado para detectar contingências críticas está baseado na


determinação de um ordenamento de contingências em ordem decrescente de
severidade. Um índice de ordenamento é usado para quantificar o nível de carregamento
do sistema após uma contingência dada, por exemplo:

30
Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

(Equação 474)
RI =

em que: é o fluxo de ramo do elemento k, de um total de b linhas e transformadores,


encontrado, aproximadamente, usando fatores de distribuição. Nesse caso, o índice de
ordenamento é apenas a taxa média de linhas e de transformadores.

Na prática, foram propostos vários índices de ordenamento, incluindo fatores de


ponderação para dar maior importância aos elementos relevantes.

Uma vez encontrados os índices de ordenamento para todas as possíveis contingências,


elas são classificadas em ordem decrescente. Dessa forma, a análise começa a priori com
a contingência mais crítica, descendo na lista até que uma contingência não problemática
seja encontrada (figura 109).

Figura 109. Análise de contingências baseada no índice de ordenamento.

Fonte: Gómez-Expósito et al. (2015, p. 186).

Os principais inconvenientes do método baseado no índice de ordenamento são


os erros inerentes aos fatores de distribuição e a possibilidade do mascaramento
de uma contingência problemática, como resultado da condensação das taxas de
carregamento de todos os elementos do tipo ramo em apenas um valor, isto é, a
técnica de ordenamento poderia dar prioridade a uma contingência que resulta em

31
UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

sobrecargas ligeiras em vários elementos em vez de uma contingência crítica em termos


da magnitude da sobrecarga.

Como discutido antes, o uso de fatores de distribuição fornece uma precisão razoável
para análise de sobrecargas após uma contingência. Contudo, os fatores de distribuição
não podem ser usados para análise de tensão anormal a qual pode aparecer após uma
contingência, devido a forte não linearidade do problema de tensão.

Uma técnica comum para detectar problemas de tensão pós-contingência é usar o


programa de fluxo de carga desacoplado rápido, devido à sua velocidade de resposta
para encontrar, aproximadamente, o estado de pós-contingência. As tensões complexas
pré-contingência são usadas para inicializar a solução do fluxo de carga, e somente uma
iteração completa é executada.

O método é baseado na verificação de sobrecargas e de problemas de tensão no


estado aproximado obtido após a primeira iteração do problema de fluxo de carga.
Caso sejam detectados problemas, o algoritmo iterativo continua até a convergência,
verificando a existência de sobrecargas ou violações de limites de tensão no estado
exato pós-contingência.

As técnicas de filtragem de contingência, baseadas no fluxo de carga desacoplado (figura


110), são usualmente chamadas algoritmos 1P – 1Q, devido à solução sequencial das
equações de potência ativa e reativa.

Figura 110. Contingência de barreira usando o fluxo de carga desacoplado rápido.

Fonte: Gómez-Expósito et al. (2015, p. 187).

32
Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

Obviamente, a principal vantagem das técnicas de barreira em relação às técnicas de


ordenamento está no fato de que todas as contingências são analisadas, mesmo que
aproximadamente, sem fazer nenhuma seleção prévia. Contudo, podem aparecer erros
de identificação, já que os fluxos e tensões são valores aproximados, encontrados após
somente uma iteração do algoritmo de fluxo de carga.

Várias técnicas foram propostas baseadas no cálculo de apenas um subconjunto de


variáveis par cada contingência. As técnicas de fronteira podem ser incorporadas não
somente para ordenamento de contingências, mas também no algoritmo de fluxo de
carga para analisar as contingências críticas.

1.2.3. Controle de tensão e frequência

A principal razão para o controle de frequência e tensão é a variação da carga. Gómez-


Expósito et al. (2015, p. 299) afirmam que “a frequência não pode ser mantida dentro dos
limites desejados, sem controle, mas também a tensão é influenciada pelo carregamento
do sistema”. Esse controle também é usado para otimizar o desempenho econômico
do sistema e as perdas. Esse controle também mantém a qualidade, a segurança e a
economia do sistema elétrico de potência.

Um dos principais resultados da privatização que ocorreu nas últimas décadas no


setor de energia elétrica é a segmentação (chamada algumas vezes de separação) dos
vários serviços associados com a geração, a transmissão e a distribuição de energia
elétrica. Nesse contexto Gómez-Expósito et al. (2015, p. 301) definem os serviços
ancilares como "serviços auxiliares necessários para manter a transmissão de energia
elétrica segura dos provedores aos usuários". A partir dessa definição, fica evidente
que os controle de tensão e frequência pertencem a essa categoria e, portanto,
estão diretamente associados e afetados por regras e mecanismos particulares
usados para o gerenciamento e a fixação de preços desses serviços em um mercado
supercompetitivo.

O controle da frequência é influenciado pela produção de energia e potência ativa (MW/


MWh) e neste caso possuem preços fixados. De forma oposta, os serviços de controle
de tensão estão atualmente subdesenvolvidos por estarem associados com a potência
reativa (MVAr), isto é, o gerenciamento da potência reativa, cujo preço não pode ser
facilmente fixado.

Gómez-Expósito et al. (2015, p. 302) afirmam que "o controle de tensão está diretamente
associado com o controle de potência reativa", logo o gerenciamento e o mecanismo
de pagamento para a provisão de serviços de potência reativa produzem um efeito
direto no desempenho do controle de tensão.

33
UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

Os Sistemas Elétricos de Potência (conhecidos pela sigla SEP) compreendem os


subsistemas:

» geração de eletricidade;

» transmissão;

» distribuição e consumo (muitas vezes chamado de Carga).

E o controle desse sistema tem uma estrutura hierárquica. Isso significa que o controle do
sistema consiste em um número de laços de controle aninhados que controlam diferentes
quantidades no sistema. Geralmente os laços de controle nos níveis mais baixos do sistema
(por exemplo, controle local em um dado gerador) são caracterizados por constantes de
tempo menores que as dos laços de controle nos níveis mais altos. Por exemplo, o regulador
automático de tensão (chamado de AVR), que regula a tensão dos terminais do gerador
para o valor de referência (geralmente dado por uma posição), responde tipicamente em
uma escala de tempo de segundo ou menos, enquanto o controle secundário de tensão,
que determina os valores de referência dos dispositivos controladores de tensão (entre
os quais estão os geradores) opera em uma escala de tempo de dezenas de segundos ou
minutos. Portanto, esses laços estão virtualmente desacoplados um do outro. Por causa
disso, podemos utilizar o método da teoria de controle para analisar estes controladores.

O trabalho dos diferentes sistemas de controle de um sistema de potência é manter o


sistema dentro dos limites aceitáveis de operação, de tal maneira que a segurança seja
mantida e a qualidade de fornecimento em quesitos como a magnitude das tensões e
frequências, se encontre dentro dos limites especificados. Além disso, devemos operar
o sistema de forma que ele tenha eficiência econômica.

Como a manutenção da frequência é um requisito operacional básico devido ao fato de


que a maioria das cargas são sensíveis ao comportamento e aos desvios de frequência,
como os relógios, equipamentos de controle etc., um rigoroso controle de frequência é
necessário para manter um balanço adequado entre a potência ativa gerada e a potência
ativa consumida em um sistema de potência.

O desempenho global das interações potência-ângulo (e frequência) indica que o


desequilíbrio em potência ativa é detectado, depois de alguns segundos na frequência
em todo o sistema. É importante sabermos que pode acontecer uma mudança no
mecanismo QV (por exemplo, mudanças na geração de potência reativa em uma barra
do sistema produzem uma mudança significativa na magnitude de tensão em algumas
barras) e, dependendo da sensibilidade da carga com relação à tensão, podem acontecer
mudanças significativas no balanço de potência ativa e reativa, levando à necessidade
de ajustes necessários em algumas variáveis de controle.

34
Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

Os principais meios de controle do balanço de potência ativa e dos fluxos de potência


em um SEP são a geração primária de energia nos geradores que podem ser controlados
(principalmente as turbinas a vapor e hidráulica) e a demanda da carga, que pode
ser interrompida (corte de carga). Essa, quando afeta as cargas não previstas para
participarem das ações de controle de frequência secundário ou terciário associadas
com, por exemplo, o gerenciamento de demanda ou programas de respostas, é apenas
considerada em condições de emergência para salvar o sistema e evitar que o mesmo
entre em colapso. Outra forma de influenciar o balanço de potência ativa no sistema
e pelo redirecionamento dos fluxos nas linhas de transmissão, por meio de ações de
chaveamento das linhas, transformadores defasadores e controladores de Sistemas
Flexíveis de Transmissão AC (conhecidos pela sigla Facts). Isso afeta as perdas do sistema,
e consequentemente, o balanço de potência ativa.

O controle de frequência abordado neste item vai tratar do controle que é realizado em
operação normal, isto é, quando os desvios de frequência são muito pequenos (< 1% da
frequência nominal). Sob essas condições, isto é, análise de pequenas perturbações, pode
ser considerada a hipótese de comportamento linear e modelos lineares dos elementos
do sistema. Desse modo, o controle de frequência será realizado em três passos:

» primário (respostas locais dos geradores;

» secundário (no nível de controle da área); e

» terciário (no nível do sistema).

A resposta primária corresponde ao controle realizado localmente no gerador, para


estabilizar a frequência do sistema (velocidade do gerador) depois de uma perturbação
no balanço de potência. Os tempos típicos de reações para esse controle primário são
da ordem de alguns segundos (normalmente de 2 a 20 segundos). Esse controle não é
responsável pela restauração do valor da frequência de referência do sistema.

O controle secundário, que interagem com os geradores despachados na área de


controle, é projetado para manter o balanço de potência ativa nesta área assim como
para ajudar a manter a frequência do sistema. Esse controle atua em um intervalo de
tempo de alguns segundos a minutos (normalmente de 20 a 2 minutos).

Finalmente, no topo da hierarquia, o nível de controle terciário é responsável, em


um horizonte temporal de minutos (um valor típico é de 15 minutos), para modificar
os pontos de ajuste da potência ativa nos geradores para alcançar uma estratégia
operacional global desejada para o sistema de potência. Nesse caso, devemos considerar
não somente os controles de frequência e de potência ativa, como também os controles
de tensão e de potência reativa.

35
UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

A existência dessa necessidade significa que o controle do balanço de potência ativa no


sistema deve ser considerado durante o processo de planejamento do sistema, ante a
disponibilidade de meios adequados para confiabilidade e segurança operacional, sob
todas as condições realistas de operação.

O gerador é o principal elemento para o balanço da frequência e da potência ativa em


um SEP. Portanto, ele é capaz de modificar continuamente e de modo controlado as
potências ativas e reativa que fornece para a rede. A potência ativa pode ser modificada
pela regulação da fonte primária (água, vapor etc.) que movimenta a turbina, enquanto
a potência reativa pode ser alterada pela modificação da corrente de campo, e portanto,
da tensão primária induzida. Esses controles são mostrados na figura 111.

Figura 111. Contingência de barreira usando o fluxo de carga desacoplado rápido.

Fonte: Mohan (2016, 174).

A principal variável na operação do gerador síncrono é a potência ativa gerada, chamada


de Pelec, que corresponde instantaneamente à potência eletromagnética que está
sendo transferida a partir do rotor, em que o enrolamento de campo normalmente
está localizado, para o estator, onde geralmente se encontram os enrolamentos de
armadura. Essa potência é balanceada em estado estacionário com a potência mecânica,
chamada de Pm suprida pela turbina que movimenta o gerador. Essas duas potências
estão relacionadas com o torque elétrico (Telec) e o torque mecânico (Tmec) por meio da
velocidade angular, chamada de w que é proporcional à frequência f da tensão gerada.
A corrente circulante na armadura de campo e a velocidade de rotação induzem uma
forma eletromotriz sem carga na armadura chamada de Ea.

O acoplamento da rede e do gerador pode ser forte ou fraco, dependendo do nível de


curto-circuito da rede no ponto de conexão. Um acoplamento fraco, que é atualmente
o caso da maioria dos geradores comprometidos com o controle de frequência, não
produz grandes incrementos nas variáveis do gerador.

36
Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

O objetivo para o controle aplicado à entrada de energia primária do gerador, que afeta
o torque mecânico no eixo do gerador, é duplo: primeiro, manter a velocidade de rotação
do gerador tão próxima quanto possível à velocidade nominal (síncrono); segundo,
modificar a potência ativa de saída. Como a velocidade do gerador é intimamente
ligada a frequência do sistema, a recuperação da velocidade depois de uma perturbação
deve ser compartilhada de modo coordenado por todos os geradores do sistema
comprometidos com o controle da frequência.

Um gerador controlado reage a uma mudança na velocidade de rotação pela modificação


da sua potência de entrada. Uma redução na velocidade leva o sistema de controle
frequência-potência primária, chamado de Pf, a incrementar a potência de entrada na
turbina de condução. Isto é tradicionalmente implementado por meio da sensibilidade
do desvio da velocidade em um regulador centrífugo de Watt, dentro de um sistema
de controle mecânico. Os novos esquemas de controles baseados na mais avançada
tecnologia digital estão em uso hoje para realizar este controle mais precisamente.

Três sistemas coexistem no ambiente gerador que influenciam no desempenho do


controle primário Pf: o sistema mecânico turbina-gerador, ou elementos responsáveis
pela transformação de energia primária em torque mecânico no eixo do gerador; o
sistema elétrico do gerador, em que a interação de um conjunto de enrolamentos é
responsável pela conversão de energia mecânica em energia elétrica; e, finalmente, o
sistema de controle, projetado para reagir às mudanças na velocidade do gerador ou
nas configurações da potência de referência.

O sistema turbina-gerador é responsável pela conversão de potência primária em


potência mecânica no eixo do gerador. A descrição da função para os propósitos de
controle com um incremento na potência mecânica no eixo, chamado de DPm, devido
a um incremento no valor de entrada ou água, pela mudança na válvula de entrada,
chamado de DPvál. O comportamento do sistema é modelado mediante a função de
transferência GT(s) mostrada na figura 112 e que depende do tipo de turbina.

Figura 112. Função de transferência turbina-gerador.

Fonte: Gómez-Expósito et al. (2015, p. 307).

Embora os processos físicos no conjunto turbina-gerador sejam usualmente complexos,


é possível usarmos, sem perdas significativas de precisão, modelos mais simples para

37
UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

analisar sua resposta dinâmica. Esse comportamento depende da fonte primária de


geração, como o combustível que alimenta o gerador que pode ser água, gás ou
vapor. Adicionalmente, é também importante sabermos como esses geradores são
controlados por meio da variável Pvál. Por exemplo, em unidades térmicas a vapor, o
fluxo de vapor que entra na turbina pode ser controlado de duas formas diferentes. A
primeira opção é controlarmos diretamente as válvulas que regulam a entrada de vapor
na turbina (controle direto da turbina). Uma resposta muito rápida pode ser obtida
pela implementação desse controle, com tempos de resposta da ordem de segundos
para pequenas variações na potência de saída (< 5%), porém mais lento para grandes
variações. A segunda opção é que podemos implementar o controle direto da entrada
de combustível para a caldeira (chamado de controle direto de caldeira), para grandes e
pequenas variações de potência. Esse controle é mais lento que o anterior. Normalmente,
esses dois meios de controle são implementados de forma complementar.

Para uma única turbina a vapor sem nenhum sistema de reaquecimento, as seguintes
funções de primeira ordem podem ser assumidas:
(Equação 475)
GT(s) =

em que a constante de tempo TT pode variar entre 100 e 50 ms (300 ms é um valor


típico).

Turbinas multiestágios requerem funções de transferência mais complicadas com várias


constantes de tempo. Assim, normalmente, a máxima energia para a geração de potência
a partir do vapor pode ser obtida utilizando vários estágios de turbina, na qual o vapor
é usado em diferentes condições de temperatura e pressão. Nesse caso, diferentes
turbinas (estágios) são posicionadas no mesmo eixo com o gerador, com um volume
de alta pressão (chamado de HP) a ser alimentado diretamente da caldeira principal.
O vapor de saída desse estágio, com a temperatura e pressão degradadas, é então
injetado depois de ser previamente reaquecido em outra caldeira ou aquecedor, em
uma turbina de baixa pressão (LP). A resposta dinâmica articulada depende muito da
relação da potência nominal entre as duas turbinas. Devido ao reaquecedor, um novo
atraso é introduzido e pode ser modelado através da função de transferência dada por:

(Equação 476)
GT(s) =

em que α é a potência nominal em HP dividida pela potência total e TRH é a constante


de tempo do reaquecedor, cujo valor está no intervalo de 4 a 11 segundos. É comum
também encontrar unidades com uma terceira turbina com pressão intermediária (IP)
entre os estágios HP e LP. Isto adiciona uma nova constante de tempo (TIP) com valores
no intervalor de 0,3 a 0,5 segundos.

38
Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

A resposta para turbinas hidráulicas é diferente, dependendo do tipo de turbina, isto é,


Pelton, Francis ou Kaplan. Todavia, todas elas podem ser essencialmente representadas
usando a função de transferência dada por:

(Equação 477)
GT(s) =

1.2.4. Estabilidade angular e frequência

Antes de definirmos os principais conceitos associados com a estabilidade do sistema de


potência, é importante fazer uma breve revisão de alguns conceitos básicos e gerais de
estabilidade para sistemas não lineares que serão utilizados aqui. Para isso, o exemplo
de uma bola rolante, ilustrado pela figura 113, é bastante útil, pois permite entender
intuitivamente alguns aspectos importantes que, de outra forma, poderiam ser difícies.
Vamos observar que o sistema da bola rolante tem dois tipos de pontos de equilíbrio,
ou estados de repouso, que correspondem aos estados do sistema nos quais a bola
não se moverá se sua velocidade form zero, isto é, se a bola não for empurrada ou
perturbada. Esses estados são:

» Um ponto de equilíbrio estável (ponto C) que corresponde à base da curva e para o


qual a bola de massa m retornará após algumas perturbações pequenas e grandes.

» Dois pontos de equilíbrio instáveis (B) e (A), que correspondem aos topos da curva
que delimitam as bordas do vale e de onde a bola se moverá se for levemente
perturbada.

Figura 113. Estabilidade de uma bola rolante.

Fonte: Woudloper, Commons Wikimedia. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/


File:Thermodynamic_stability_EN.svg. Acesso em: 5 dez. 2022.

A estabilidade da bola é, portanto, definidida como a habilidade da bola de retornar


ao seu estado de repouso permanente ou ao seu ponto de operação normal após uma

39
UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

perturbação grande ou pequena, isto é, depois de empurrarmos a bola para que c e


h ≠ 0. O sistema é estável se a bola retornar ao seu estado de repouso depois de ser
empurrada e é instável se a bola ultrapassar o ponto C e atingir um outro pico ou vale.

Gómez-Expósito (2015, p. 337) define a estabilidade do sistema de potência como “a


habilidade da rede de voltar à sua condição normal de operação após ter sido submetida
a uma perturbação”. Para isso, o sistema deve ter os ângulos, os valores de tensão e a
frequência dentro de valores aceitáveis. Essa estabilidade pode ser classificada como
mostra a figura 114. Essa estabilidade é classificada segundo as principais variáveis do
sistema: ângulo do rotor do gerador, magninutes das tensões nas barras e a frequência
do sistema.

Figura 114. Classificação da estabilidade de um sistema de potência.

Fonte: Gómez-Expósito (2015, p. 338).

A estabilidade do ângulo do rotor refere-se à habilidade das máquinas síncronas da


rede de permanecerem em sincronismo após perturbações grandes ou pequenas e
que põem estar associadas, diretamente, em manter ou restaurar o equilíbrio entre o
torque eletromagnético e o torque mecânico de cada uma das máquinas no sistema.
Nesse caso, os problemas de estabilidade tornam-se evidentes, principalmente por
meio de oscilações de potência e frequência em alguns geradores devido às perdas de
sincronismo.

Considere o caso de um gerador conectado a uma barra infinita por meio de um


transformador elevador e uma linha de transmissão como ilustrado pela figura 115.
Neste caso tanto o transformador como a linha podem ser modelados simplesmente
como indutâncias. Estamos interessados em analisar a estabilidade do gerador quando,

40
Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

inicialmente, acontece uma falta trifásica em qualquer ponto ao longo da linha, e que
depois é eliminada pela abertura e religamento da linha (a falta não é permanente).
O processo tem as três etapas sequenciais distintas:

1. Ocorre uma falta trifásica na linha de transmissão.

2. A linha é então rapidamente desligada em ambas as extremidades, o que resulta


na extinção da falta.

3. Finalmente, a linha é ligada novamente.

Figura 115. Circuito equivalente de um gerador conectado a uma barra infinita por meio de
um transformador elevado e uma linha de transmissão.

Fonte: Mohan (2016, p. 179).

Nesse caso, a análise de estabilidade às grandes perturbações consiste em determinar


quanto tempo essa falta pode ser mantida e a linha de transmissão manter-se aberta,
de modo que o gerador não perca o sincronismo, uma vez que a linha é novamente
fechada. O gerador perde sincronismo devido à energia adquirida durante a aceleração
do rotor no período em que a falta está ativa e quando a linha permanece aberta,
quando a potência elétrica é aplicada ao rotor pelo gerador está sendo zero, enquanto a
potência mecânica fornecida pelo motor primário permanece constante e não pode ser
absorvida quando a linha é ligada novamnte. O equilíbrio de energia entre aceleração
e desaceleração se avalia por meio do chamado CAI.

Se assumirmos que o fator de amortecimento é zero, a equação de oscilação será dada por:

(Equação 478)
= Pm – Pe = Pd – Pe = Pace

Em que Pm é a potência aplicada ao motor primário, Pd é a demanda do sistema (Pm =


Pd para garantir que w = w0 em estado estável e Pace é a potência de aceleração. Nesse
caso, em concordância com o circuito da figura 116, a potência elétrica fornecida ao
gerador é dada por:
(Equação 479)
Pe = sen d

Em que Xe é a reatância equivalente entre a fonte atrás da reatância transitória e a


tensão da barra infinita. Podemos notar que o ângulo do rotor d é o ângulo da tensão

41
UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

fasorial atrás da reatância transitória e' em relação à tensão fasorial da barra infinita
(imaginemos que a barra 2 tenha tensão E2 ∠ d2 = V∞ ∠ 0º.

Se a equação (478) for multiplicada por dd, teremos:

(Equação 480)
dd = Pace dd

Essa equação pode ser escrita como:


(Equação 481)
dw = Pace dd

Ou
(Equação 482)
(w - w0) dw= Pace dd

Se a equação (482) é integrável entre d0 e d, que correspone a 0 e Dw, respectivamente,


na integral de Dw temos o seguinte:

(Equação 483)
d Dw = dd

produz:

(Equação 484)
Dw2 = dd

O gerador é estável se a integral do desvio da velocidade no tempo t → ∞ for zero.


Nesse caso, a equação (484) pode ser escrita como:

dd= dd
(Equação 485)

Aace = Ades

Na qual:

dclr é o ângulo no momento da eliminação da falta;

dmáx é o ângulo máximo do rotor;

Pdes é a potência de desaceleração;

Aace é a área de aceleração;

Ades é a área de desaceleração.

A equação (485) indica que o gerador é estável se o ângulo de compensação do rotor


é tal que a área de aceleração é igual à área de desaceleração. Isso se conhece como
o CAI. A figura 116 representa este critério na análise de estabilidade de um gerador
quando a falta foi extinta a um ângulo do rotor dclr.

42
Análise de curto-circuito | UNIDADE IV

Figura 116. Critério das áreas iguais para o exemplo máquina barra infinita.

Fonte: Mohan (2016, p. 165).

Portanto:

dd= dd (Equação 486)

Se substituírmos as equações de potência de aceleração e desaceleração na (486),


teremos:

dd = dd (Equação 487)

Se a equação (479), que define a potência elétrica for substituída na equação (487) e se
integrarmos a equação resultante e como a potência mecânica fornecida pelo motor
primário é constante durante todo o processo transitório, teremos:

Pm ( – 2 d0) = (cos dcri + cos d0) (Equação 488)

Se levarmos em consideração que a potência mecânica é igual à potência elétrica, no


ponto de equilíbrio original temos o seguinte:
(Equação 489)
Pm = Ed = sen d0

Nesse caso, uma expressão analítica do ângulo crítico de abertura pode ser obtida por
meio da fórmula:
dcri = arc cos [(sen ( – 2 d0) – cos d0 (Equação 490)

Podemos notar que na prática, quando o amortecimento não é zero, o ângulo crítico
tem um valor muito grande.

A potência elétrica é zero quando acontece uma falta trifásica ou quando a linha está
aberta. Portanto, já que também foi assumido que a potência mecânica fornecida pelo

43
UNIDADE IV | Análise de curto-circuito

motor primário é constante, a aceleração também será constante. Nesse caso, uma
função da variação na velocidade angular com o tempo pode ser facilmente obtida
integrando a equação (478) entre 0 e r. Assim:

= dt (Equação 491)

Que resulta em:

w - w0 = Pace t (Equação 492)

A equação (492) mostra que o desvio da velocidade varia linearmente com o tempo.
Além disso, se desvio da velocidade (w - w0) é substituído na equação (492) pela derivada
do ângulo em relação ao tempo dd/dt e se integrarmos entre 0 e t essa equação, o
resultado será:

= t dt (Equação 493)

Que se torna:
(Equação 494)
d - d0 = Pace t2

Essa equação mostra que o ângulo varia quadraticamente com o tempo. Assim, o tempo
de abertura de falta tclr pode ser obtido, uma vez que o ângulo de abertura é conhecido
por meio de:
(Equação 495)
Tclr =

O CAI é basicamente um critério de estabilidade de Lyapunov, que pode ser visto como
uma técnica de análise de equilíbrio de energia geral.

44
REFERÊNCIAS

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Referências

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Vídeos
CANAL AZUL FILMES. 2ª Temporada – Episódio 3 – A transmissão de energia elétrica. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=lYzFltFiQ18. Acesso em: 3 abr. 2023.

EMANUELLI, L. C. Fluxo de Potência no PowerWorld – Aula 01. Disponível em: https://www.youtube.


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INGRESSO.COM. A Batalha das Correntes – Trailer Legendado. Disponível em: https://www.youtube.


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Softwares
2023 NATIONAL INSTRUMENTS CORP. Software de simulação online de circuitos elétricos Multisim
Live. Disponível em: https://www.multisim.com/. Acesso em: 3 abr. 2023.

ANVICA SOFTWARE DEVELOPMENT 2002 – 2023. Conversor de unidades: Converta unidades de


medidas facilmente! Disponível em: https://www.translatorscafe.com/unit-converter/pt-BR/calculator/
complex-phasor/. Acesso em: 3 abr. 2023.

POWERWORLD CORPORATION. Formulário PowerWorld Simulator Version 23 Demo. Disponível em:


https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSf6HudeBL_ASNBDsnW7rSSc5MBQFeg9i1JXtPSk_D7G3TImog/
viewform. Acesso em: 3 abr. 2023.

Legenda: referências inseridas conforme comentários

47
APÊNDICES E ANEXOS

Números complexos e representação de componentes


elétricos
Os números complexos ou imaginários são a forma mais fácil e eficiente de
representarmos os indutores e os capacitores em circuitos elétricos. O número
complexo é definido como a raiz quadrada de -1, matematicamente podemos escrever
e é representado pelas letras i ou j. Na Engenharia Elétrica, como representamos
a corrente por i, só utilizamos a letra j para representar o número complexo . Esse
número não existe fisicamente, por isto também é chamado de número imaginário
(por só existir na nossa imaginação). Se você possui uma calculadora científica tipo
Casio modelo fx-82 MS ou similar, esta calculadora pode não resolver a operação
. Para testar se sua calculadora resolve ou não essa operação, digite e
veja se ela apresenta a resposta (0, i). Se ela der como resposta ERROR ela não irá
resolver operações com números complexos. Somente calculadoras gráficas como
a HP 48 G ou superior realizam as operações matemáticas envolvendo os números
complexos.

Definição matemática dos números complexos

Os números complexos podem ser escritos em dois formatos:

» forma polar; e

» forma retangular.

Essas formas são equivalentes, é como se escrevêssemos um número, por exemplo


o número 1 ou a letra a em letra de forma ou à mão, ambas as representações
têm o mesmo significado. Então, na forma retangular, o número complexo é escrito
como
z=x+yj (Equação 496)

O número complexo z é representado por uma parte x (chamada de parte real) e uma
parte imaginária y (chamada de parte imaginária). Para diferenciarmos a parte real da
parte imaginária, multiplicamos a parte imaginária por j que representa a , por
essa razão não podemos somar x e y. Quando o número complexo está representado
com a letra j dizemos que ele está representado na forma retangular que pode ser
escrita através do sistema de coordenadas x e y. Essa representação é retratada na
figura 117.

48
Apêndices e Anexos

Figura 117. Representação do número complexo na forma retangular.

Fonte: Wolfkeeper, Commons Wikimedia. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/


File:Complex_number_illustration.svg. Acesso em: 20 nov. 2022.

Na forma polar, esse número é representado por um vetor e um ângulo, normalmente


chamado de q (letra grega teta minúscula). Na forma polar, o número complexo z é
representado por
z = r ∠ qº (Equação 497)

O símbolo ∠ representa o ângulo. Esse ângulo na Engenharia Elétrica é sempre dado em º


(graus). A letra r representa o raio do vetor z e o ângulo q representa sua inclinação em graus.

Um número complexo z qualquer escrito na forma retangular é como se tivesse sido


desenhado por meio das suas coordenadas x e y. Esse mesmo número z escrito na forma
polar seria representado por um vetor de tamanho r com inclinação q. Agora imagine que
esse vetor fosse o planeja Terra, o raio do planeta Terra seria o valor de r, a inclinação q
seria a inclinação do planeta. Já a forma polar seria o mapa mundi do planeta, e os eixos
x e y seriam os paralelos e os meridianos, respectivamente, ou as latitudes e longitudes.

Podemos converter os números complexos escritos na forma polar para a forma


retangular e vice-versa com o auxílio das relações dadas pelo Teorema de Pitágoras e
de um triângulo retângulo, conforme ilustra a figura 118.

Figura 118. Representação das fórmulas para transformar um número complexo escrito na
forma retangular em polar e vice-versa.

Fonte: TimAZR Commons Wikimedia. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/


File:Complexos.png Acesso em: 20 nov. 2022.

49
Apêndices e Anexos

Para passarmos z do modo retangular para o modo polar utilizamos a relação que
calcula a hipotenusa do triângulo retângulo.

(Equação 498)
r= e q = arc tg =

Agora para convertemos z do modo polar para o retangular utilizamos as relações de


seno e cosseno.
x = r cos q e y = r sen q (Equação 499)

Essas operações podem ser feitas facilmente em uma calculadora tipo a Casio fx-82 MX,
muito utilizada pelos (as) estudantes por meio das teclas Pol (abreviação para polar) e
tan (abreviação de tangente). As teclas utilizadas nessa conversão estão ilustradas na
figura 119.

Figura 119. Calculadora Casio fx-82 MS com os comandos utilizados nesta conversão
assinalados em vermelho.

Fonte: Ken123, Commons Wikimedia. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Casio_fx-


82MS.jpg. Acesso em: 20 nov. 2022.

Para alterar um número complexo da forma retangular para polar, devemos pressionar
a tecla Pol e, para a operação inversa, as teclas SHIFT Pol. Quando pressionarmos a
tecla Pol, a calculadora mostra no visor a palavra POL seguida de um parêntese aberto.

Exemplo no 18: Vamos converter o número complexo z = 3 + 4 j para a forma polar.

Logo digitamos Pol (3 vírgula – essa vírgula é uma vírgula bem grande que se localiza acima
do comando DEL na calculadora e o número 4 seguido de igual (=). O parêntese não precisa
ser fechado. A calculadora irá mostrar o resultado 5. Esse resultado está certo porque:

z = 3 + 4 j, temos x = 3 e y = 4. Logo r = = =

Sem alterarmos nada depois que a calculadora fornecer o valor 5, devemos digitar RCL
(esse comando fica em cima do número 7) tan. Se a calculadora estiver configurada para
º (graus), ela informará a resposta 53.13º que também está certo porque:

50
Apêndices e Anexos

q = arc tg = arc tg (1,33 ) = 53,13º

Para executarmos a operação inversa, digitamos SHIFT Pol. Quando pressionarmos a


tecla SHIFT Pol, a calculadora irá mostrar no visor a palavra Rec (de rectangular) seguida
de um parêntese aberto.

Exemplo no 19: vamos converter o número complexo Z = 5 ∠53,13º para a forma


retangular.

Logo, digitamos SHIFT Pol e o visor mostrará Rec (, digitamos 5 seguido da vírgula grande
localizada em cima do comando DEL e 53.13 igual (=). O visor mostrará o número 3.
Sem alterarmos nada depois que a calculadora fornecer o valor 3, devemos digitar RCL
(este comando fica em cima do número 7) tan. A calculadora fornecerá o número 3.9
que equivale a 4. Vamos conferir nossa digitação por meio do cálculo:

x = r cos (53,13º) = 5 x 0,6 = 3

y = r sen (53,13º) = 5 x 0,8 = 4

Um site que converte números complexos de uma forma para outra pode ser
acessado por meio do link: https://www.translatorscafe.com/unit-converter/pt-
BR/calculator/complex-phasor/. Acesso em: 20 nov. 2022. Nesse site, você deve
preencher o valor de r e do ângulo (pelo site chamado de fi - j) e clicar em
converter, ou vice-versa. Lembrando que esse site é de origem inglesa então
devemos utilizar o ponto no lugar da vírgula, ou seja, não podemos escrever 53,13º,
ao contrário devemos escrever 53.13º. O site está ilustrado na figura 120.

Figura 120. Imagem de um site de conversão retangular – polar de números complexos (ou
vice-versa).

Fonte: Elaborada pela autora. Phasor Conversion: Rectangular-Polar. Disponível em: https://www.
translatorscafe.com/unit-converter/pt-BR/calculator/complex-phasor/. Acesso em: 20 nov. 2022.

51
Apêndices e Anexos

Operações matemáticas com os números complexos

Os números complexos podem ser somados, subtraídos, multiplicados e divididos como


todos os outros números reais. Mas essas operações só podem ser feitas em calculadoras
gráficas. As calculadoras que apresentam a mensagem de ERROR ao digitarmos a fórmula
não realizam essas operações.

Vamos começar estudando a adição e a subtração de números complexos. Essas duas


operações só podem ser feitas na forma retangular. Se um número z1 qualquer estiver
escrito na forma polar, ele deve ser convertido para a forma retangular para que possa
ser somado. Então, se tivermos os números complexos dados por z1 = x1 + j y1 e z2 = x2
+ j y2, podemos somar esses números parte por parte, ou seja, somamos a parte real x1
com a parte real x2 e as partes imaginárias y1 e y2, obtendo:

z1 = x1 + j y1 + z2 = x2 + j y2
(Equação 500)
z1 + z2 = (x1 + x2) + j (y1 + y2)

Como você já deve ter reparado, a ordem que escrevemos j y ou y j não tem importância
devido a propriedade comutativa da multiplicação que afirma que 3 x 2 = 2 x 3.

Do mesmo modo, podemos realizar a operação de subtração de dois números complexos


dados por z1 e z2 como:

z1 = x1 + j y1 + z2 = x2 + j y2
(Equação 501)
z1 - z2 = (x1 - x2) + j (y1 - y2)

Agora vamos estudar as operações de multiplicação e divisão dos números complexos.


Diferentemente da adição e subtração que só pode acontecer quando os números
z1 e z2 estiverem escritos na forma retangular, a multiplicação e a divisão exigem
que os números complexos z1 e z2 estejam escritos na forma polar. Para obtermos a
multiplicação dos números complexos z1 e z2 temos que multiplicar os raios e somar
os ângulos por meio de:

z1 = r1 ∠ q1 e z2 = r2 ∠ q2
(Equação 502)
z1 x z2 = (r1 * r2) ∠ (q1 + q2)

Já na divisão entre os números complexos z1 e z2, temos que dividir os raios e subtrair
os ângulos por meio da fórmula expressa por:

z1 = r1 ∠ q1 e z2 = r2 ∠ q2
(Equação 503)
= ∠(q1 - q2)

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Apêndices e Anexos

Desse modo, podemos calcular as quatro operações fundamentais utilizando os números


complexos.

Números complexos segundo a Engenharia Elétrica

Matematicamente os números complexos podem assumir valores negativos em x e y


e não representam um fenômeno físico. O fasor é um número complexo utilizado para
representar um fenômeno físico, como a tensão, a corrente ou o resultado da interligação
dos resistores, indutores e capacitores (podendo esta interligação acontecer por meio
de circuitos série, paralelos ou mistos).

O fasor é a representação de uma grandeza senoidal por meio de um número complexo,


por um ponto em cima da letra. Por exemplo, se tomarmos uma tensão senoidal dada
por V o fasor será igual a = r ∠ q, em que o r é a amplitude da senoide e q é a fase
da senoide, conforme ilustra a figura 121. As tensões e correntes são representadas
sempre na forma polar.

Figura 121. Imagem da representação de um fasor em a) e da sua forma de onda variando


no tempo em b).

Fonte: Sadiku et al. (2014, p. 306).

Para as impedâncias, que são o resultado da interligação de resistores, indutores e


capacitores temos que esta grandeza é representada sempre na sua forma retangular,
sendo que o resistor (sempre positivo) é representado pela parte real do número
complexo z = x + j y. Já a parte imaginária dos números complexos utilizados na
Engenharia Elétrica pode ser positiva, e, nesse caso, essa parte imaginária representa
uma reatância indutiva dada por + j XL ou essa mesma parte imaginária pode ser
negativa e representar um capacitor por meio de uma reatância capacitiva dada por - j
XC. Na verdade, a Lei de Ohm é dada em termos de impedância e a resistência, estudada
anteriormente é uma simplificação da Lei de Ohm, que pode ser enunciada por meio de
uma impedância é igual ao resultado da tensão fasorial dividida pela corrente fasorial,
ou seja:

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Apêndices e Anexos

(Equação 504)
Z=

Onde Z é a impedância dada em Ohms (W).

A figura 122 mostra a representação de um circuito RLC em série. O valor de z terá a parte
imaginária representada pelo sinal de positivo (+) se o valor da reatância indutiva for
maior do que o valor da reatância capacitiva, caso contrário este valor será negativo (-).

Figura 122. Circuito RLC.

Fonte: Gussow (2007, p. 406).

Dizemos que o ângulo q é atrasado quando o valor de j X for positivo e que esse
mesmo ângulo q está adiantado quando o valor da reatância j X for negativo. O ângulo
q geralmente representa a diferença de fase entre a tensão e a corrente.

Exemplos de circuitos RLC

Exemplo no 20: queremos calcular a corrente do circuito série representado na figura 127.

Figura 123. Circuito para o exemplo n. 20.

Fonte: Elaborada pela autora. Multisim (2022). Disponível em: https://www.multisim.com/. Acesso em: 20
de nov. 2022.

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Apêndices e Anexos

Primeiro precisamos encontrar o valor da impedância desse circuito, para isso precisamos
calcular o valor da reatância indutiva dada por XL por meio da fórmula:

XL = 2 f L = 2 x 3,14 x 1 k x 193 m = 2 x 3,14 x 1 x 103 x 193 x 10-3 = 1.212,65 j W

A reatância capacitiva é dada por XC e pode ser obtida pelo seguinte cálculo:

XC = = = 4,08 j W

Não podíamos somar o indutor (dado em Henrys) com o capacitor (dado em


Faradays), mas podemos somar as reatâncias indutiva e capacitiva, o que vai
resultar em:

X = 1.212,65 W - 4,08 j W = 1.208,57 j W

Portanto a impedância desse circuito será dada por:

Z = 61 + 1.208,57 j W

Como a tensão também é dada, podemos calcular a corrente. Quando o ângulo da


tensão não for especificado é que seu valor é q = 0º. Portanto podemos escrever o fasor
de tensão como sendo igual a:

= 1 ∠ 0º

Pela Lei de Ohm, podemos obter o valor da corrente, mas, para executarmos esse cálculo,
temos que converter a impedância que está escrita na forma retangular para a forma
polar, o que faremos por meio do site on-line, obtendo o valor de:

Z = 61 + 1.208,57 j W = 1210,11 ∠ + 87,11º

Logo, podemos calcular I por:

I= = = (0º – (87,11º) = 0,83 ∠ - 87,11º mA

A corrente é atrasada em relação ao ângulo da tensão porque esse circuito é


predominantemente indutivo.

Potência complexa e conta de energia elétrica

O Sistema Elétrico de Potência é considerado o sistema mais robusto e eficiente


projetado pela humanidade. Ele transporta energia por milhares de quilômetros sem
apresentar grandes falhas. A energia perdida com o transporte é a menor parcela de
energia perdida de todas as outras fontes energéticas possíveis. Desse modo, a energia
pode ser gerada perto das fontes de energia, em 13,8 kV. Depois, essa energia tem

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Apêndices e Anexos

a sua tensão elevada para altíssimas tensões como 230, 440, 550, 600, 750, 800 kV,
atualmente existem tensões de até 1 MV. As altas tensões fazem com que as correntes
sejam diminuídas assim como as perdas ôhmicas.

Como o sistema elétrico de potência (chamado de SEP) é trifásico, com as tensões


elétricas equilibradas (de mesmo valor de magnitude e simétricas (defasadas entre si de
120º) costumamos representar as tensões e correntes por números complexos escritos
na forma polar. A multiplicação fasorial da tensão pela corrente resulta na potência
complexa, que pode ser definida por:

= * =S∠j (Equação 505)

Sendo:

» a potência aparente dada em VA (Volts-Ampère).

» – a tensão fasorial dada em Volts (V).

» – a corrente fasorial dada em Ampères (A).

» S é o módulo ou a amplitude de dado em VA.

» O j - é o ângulo, chamado de fi (o nome desta letra grega minúscula é fi).

O cos j é chamado de fator de potência e é uma grandeza adimensional (sem unidade).

Quando escrevemos a potência complexa, muitas vezes chamada de potência aparente


na forma retangular ela se altera para a forma

= S cos j + j S sen j = P + j Q

P = S cos j (Equação 506)

Q = S sem j

Sendo:

» P é a potência ativa dada em Watts (W);

» Q é a potência reativa dada em Volt-Ampère reativo (VAr).

A unidade que vem acompanhada com a potência define o tipo de potência que está
sendo tratado. Para entendermos melhor as definições entre uma potência e outra vamos
comparar estas potências a um copo de chopp. O copo – recipiente onde o chopp é
colocado é a potência aparente, a energia gerada pelo Sistema Elétrico de Potência (SEP),
a energia produzida pelas usinas geradoras. A parte líquida em amarelo é a potência
ativa, a parte efetivamente transformada em trabalho a partir da energia elétrica. Já a

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Apêndices e Anexos

espuma a parte branca é a potência reativa, a energia necessária para manter o campo
girante das máquinas em funcionamento que está presente em toda a transformação da
energia elétrica em outra forma de energia como em calor, como acontece no chuveiro
elétrico, em força como ocorre no elevador que nos transporta de um andar ao outro
ou em vento como no ventilador elétrico. Essa associação está retratada na figura 124.

Figura 124. Associação para melhor assimilação da potência complexa com um copo de
chopp.

Fonte: Adaptado de DelloBatista, Pixabay. Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/cerveja-


bebida-vidro-refresco-3622242/. Acesso em: 20 nov. 2022.

Mas, ao contrário dos (as) proprietários (as) de bares, que geralmente costumam servir os
copos de chopp com muita espuma (o popular colarinho), o SEP não pode permitir que
a energia elétrica gerada na usina seja desperdiçada. Por isso, a quantidade de espuma
é regulada. Essa quantidade de espuma permitida é chamada de fator de potência e é
calculada por:

Fator de potência = cos (j) (Equação 507)

Por ser o cosseno, essa grandeza é adimensional e, no Brasil, é regulada em 0,92, ou seja:

Fator de potência ≥ cos (j) = 0,92 (Equação 508)

Quando o fator de potência é inferior a 0,92 a instalação elétrica paga multa por
"Excesso de reativos". Se o fator de potência for capacitivo em alguns horários da
madrugada, a instalação elétrica também paga multa. Por enquanto, no Brasil, essa
multa é aplicada a consumidores industriais e comerciais, não sendo aplicada a
consumidores residenciais.

Os antigos medidores de energia, com cinco relógios que giram em velocidades


diferentes, ilustrado por meio figura 125, muito empregados nas residências do nosso
país não estão aptos a medir a potência complexa e o fator de potência.

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Apêndices e Anexos

Figura 125. Medidor analógico antigo – este medidor só mede potência ativa (kWh)

Fonte: NellieBly, Commons Wikimedia. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Electric_


meter.jpg. Acesso em: 20 nov. 2022.

Já os atuais medidores, chamados de "Smart Meter" (do inglês Medidores Inteligentes),


com um exemplo ilustrado na figura 126, pode medir a potência complexa, calcular
o fator de potência e muito mais. Atualmente esses medidores são instalados nas
residências e em locais com suspeita de furto de energia, temos que a concessionária
também instala um destes medidores no poste de distribuição para comparar se a
energia que sai do seu sistema de distribuição é igual a energia consumida pelas casas,
caso contrário ela envia uma equipe para investigar possíveis casos de furtos de energia,
que são puníveis por meio da legislação penal brasileira (são qualificados como crimes).

Figura 126. Smart Meter que pode medir a potência complexa.

Fonte: EVB Energy Ltd, Commons Wikimedia. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/


File:Intelligenter_zaehler-_Smart_meter.jpg. Acesso em: 20 nov. 2022.

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Apêndices e Anexos

Como você já percebeu, a potência complexa pode também ser representada pelo
triângulo de Pitágoras, conforme está ilustrado pela figura 127, com as relações entre
as potências dadas por:

= = S ∠ j = tg

S cos j + j S sen j = P + j Q
(Equação 509)
P = S cos j

Q = S sen j

j = cos

Figura 127. Triângulo de potência complexa.

Fonte: elaborada pela autora.

Com base na potência complexa, os consumidores são separados em grupos e tarifados


conforme seu consumo (potência ativa) para consumidores residenciais e comerciais e
também por sua demanda (para consumidores industriais).

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