Eu andei pelo chão, pisando nos ossos e olhos, com meus joelhos deslocados ainda dentro
de minha pele, e cada passo era uma dor tremenda de cada tendão tendo que suportar meu
peso com o vago auxílio de meus pés. Eram infinitas as vozes que ecoavam ao meu redor,
e os crânios ao qual pisava mordiam meus pés e os faziam sangrar, do que adiantava
chorar? pois quando eu chorava eram lacraias que saiam de meus olhos, e essas entravam
pelos meus ouvidos para voltar a comer meu cérebro e com um olho olhava pra dentro,
enquanto via sócrates ao meu lado cantando em alemão; quase me esquecia de meus
joelhos, ai ai ai de mim; e quando outra das malditas caveiras mordeu meu pé e bati com
violência naquele chão, e dele emergiram cabeças de cachorros que me morderam e
puxaram enquanto aqueles malditos esqueletos riam.
Sendo puxado para ali dentro senti o lado direito da minha mandíbula sendo arrancado e
me vi entrando dentro da minha própria boca, e como diriam as minhas boas e velhas e
más línguas, HAHAHAHA, uma velha e verdadeira viagem ao seu interior. Girei por espiral,
caindo pra dentro sendo apenas consciência agora? Saberia sim dizer se fosse também
existente, mas a verdade é que eu deveria estar contra uma existência, e eu mesmo gritava
por dentro da minha carne desesperado pra sair mas OH PROÇESSO DIVINO E SIM EU
SEI QUE NÃO TEM Ç. E riram então eu de mim (Perdão meu caro amor/leitor por tal
confusão), entrando um pouco mais e dissecando meu próprio inferno cai no meu
estômago, local ácido, cheio de palavras não ditas, escutei elas então lembrei de cada
passarato de minha antiga e boa boca não freudiana. E tocaram os sinos e quem por
demais poderia ser, oh grande tocador dos sinos, abra então pra mim a porta de um
coração amargo, SIM? e virei-me para trás, a eu o vi no meio do ácido e más digestões. A
imagem da minha própria mãe, meu pai, e meu padrasto, todos sequer olhavam pra mim, e
então sabia o desprezo de um coração frio, seu nome era Família, tal não era um demônio
e sim o simples fantasma do humano. Tenho de adentrar meu próprio coração, pois então
Família me disse.
- Com sua mão direita perfure os próprios olhos, e com a esquerda arranque sua pele.
Então com a mão direita, desça de sua traqueia ao pulmão, e pelo pulmão segure o coração
e o traga para fora pulsando. e se tiver a decência, ultrapasse antes que se cinze. Mas
arrogante como é, insignificante com contínua, e Defeituoso como pra sempre será; não
escapará do inferno de existir como é.
Estava chorando sem sentir, ah, e mais palavras surgiram no estômago, mas para família
era por deveras insignificante para ser algo.
Enfiei então minha mão direita pelo meu globo ocular, aproveitei minha mão lá dentro e
esmaguei meu cérebro junto as centopéias, ou eram lacraias? depois esmaguei meu
Socrates, desci pela minha garganta e senti o estômago tremer. mas quando senti o ar dos
pulmões, o ar faltou e empurrei minha mão pra frente, senti um fraco coração batendo e
puxei pra fora. E de dentro do meu olho tirei meu coração junto aos meus pulmões e
traqueia, mas era o de menos, só precisei separar meu coração e comer meu resto.
O coração era uma porta obscura que com os dentes rasguei uma entrada e pulei. Era
água negra e céu branco, uma mudança de ritmo. Ele não estava em paz, só cansado do
sofrimento que o resto de mim sentia. me despedi do céu branco que me convidava a
ignorar o breu e voltar a memória feliz de uma infância; mas, pulei no meio do mar negro, e
afundei tanto dentro de mim, passei dias me afogando, andando dentro do breu. Até que
achei aquilo, era amor, tentei segurar com meus dedos… mas escorreu… era o amor de
minha mãe, e aquele amor lembrou escuridão que tocou memórias, e uma massinha tomou
forma de mulher e me enforcando marcou meu pescoço com as marcas de teus dedos,
disse palavras que foram gravadas na minha alma; vi que ela era feita de amor, então
porque doía tanto? me largou ao chão virou-se com outras massas que eu não conhecia e
foi embora com elas tornou-se massa quase irreconhecível para mim e eu me senti só
novamente; mas havia mais para ver, também vale notar que escutava constantemente meu
padrasto me chamando de inútil, e duvidando de minhas capacidade enquanto andava, e
minha coxa esquerda queimava a cada palavra. Soltando palavrões e gritando pro escuro a
imagem de cadeiras no horizonte estavam enquanto arrancava e puxava meus cabelos. Vi
então um anjo que disse me amar, tal confusão eu merecia amor? Não e eu sabia, mas
peguei sua mão, e me tirou da escuridão que eu mesmo me enfiei. Quando subi os campos
eram verdes e bucólicos mesmo que eu ainda visse os mares de escuridão ao longe, e
seguia ao lado do anjo que mostrou-se também ferido; Porque não tentar me vestir de anjo
também? e tentei, tentei salvar, e pelo visto por um tempo deu certo e cada abraço era tão
gostoso. As vezes meu pescoço doía e via as sombras no horizonte mas o anjo me
abraçava e sumia tudo. Por fim, em dezembro meu deu uma carta que dizia pra sempre.
e cada vez subia mais próximo ao céu branco, mas o anjo ia mais rápido e pouco a pouco
começou a se afastar de mim… mais e mais, e eu nem via mais as sombras, apenas meu
amado e longe anjo que agora feria minha alma… Tentei correr atrás dele mas não
alcancei… então desisti… noto agora estar no meio do branco chorando pelo passado
enquanto tento desesperado de longe achar meu anjo de volta… mas meu próprio coração
cinza e busca não o atual anjo mas o que eu conheci no início. levantei e sai pra fora do
branco. Quando notei estava em um quarto vendo a mim mesmo gigantesco seguindo
enquanto eu fiquei para trás… estou aqui agora, preso a todo passado, de dia entrando em
meu corpo e volta e seguindo igual a ele, de noite caminhando ao inferno novamente. Mas
que vontade de sentar e sentir meu sofrimento. Um sofrer tão imaturo que me dá vontade
de arrancar mas finalmente um fruto depois de tanto tempo sem nada. Rir é o que sobra
sobre o próprio inferno.