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Sistemas de Produção 09.documento

Produção

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calogina

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1.0-O conceito de sistema de produção


Várias definições podem ser encontradas na literatura para os sistemas de
produção. Desde as definições mais complexas, referentes a sistemas de
produção agrários em que co-existem vários sub-sistemas, desde o pecuário, o
agrícola, a exploração dos recursos naturais (caça, recolecção, e florestas), os
factores sociais (culturais, políticos, religiosos, etc) e económicos (financeiros,
mercados internos e externos, etc).

Estas interacções podem ainda ser analisadas dentro e fora da unidade familiar,
ou seja ao nível das comunidades rurais, regiões, nações, e outros níveis de
magnitude.

Para efeitos da Disciplina de Zootecnia de Ruminantes, considerando estar em


vista analisar os sub-sistemas pecuários ou agro-pecuários e considerando
ainda que o tipo de explorações de bovinos e pequenos ruminantes serão
aqueles de maior enfoque, os sistemas de produção podem ser definidos como:

Actividade produtiva em que as condições ambientais, animais, sócio-


económicas e os objectivos de produção se combinam de forma óptima.
Ou
Um conjunto de produções (vegetais e animais) e de factores de produção
(terra, trabalho, consumo intermediário, capital), que o agricultor gera de
forma a satisfazer os objectivos sócio-económicos e culturais, ao nível da
sua exploração.

O sistema de produção é portanto uma combinação de sistemas elementares de


culturas, criação, colheita etc, e constitui como um instrumento metodológico
que permite a análise e funcionamento dos elementos interdependentes que
determinam a actividade do produtor agrário.

Considera-se um sistema pastoril, aquele em que 50% do produto bruto (o


valor da subsistência mais a produção comercializada) ou em que cerca de 20%
da energia alimentar do agregado familiar provém directamente dos animais ou
de actividades com eles relacionados.

Considera-se um sistema de produção agro-pastoril, aquele em que de 10 a


50% do produto bruto provém dos animais, ou por outras palavras, 50% ou mais
do produto bruto, provém da agricultura. Neste sistema, a agricultura é a
componente principal, e a principal espécie criada é a bovina, utilizada
frequentemente para tracção animal.

Nas áreas suceptíveis de serem irrigadas, a produção animal está ligada à


pastagem de inundação, tendo já a produção agrícola um papel mais importante,
e os bovinos são a espécie principal.

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Nas regiões semi-áridas, a produção animal está associada com a cultura de


sequeiro da mexoeira, fundamentalmente a nível de subsistência.

Nas áreas sub-húmidas, a produção animal é uma componente menor,


associada com culturas quer de rendimento, quer de subsistência, sendo as
principais culturas a mexoeira, mapira e amendoim.

Nas áreas irrigadas, os produtores criam animais, sendo a principal cultura, o


arroz e, em algumas regiões o algodão.

Considera-se um sistema agrícola, aquele em que os produtos de origem


animal contribuem para menos de 10% do produto.

1.1-O sistema de produção está submetido à influência de outros sistemas


tais como:

a)-Sistemas de recursos naturais:


-solos,
-água,
-clima,
-vegetação

b)-Sistema social
-apropriação dos meios de produção
-divisão social do trabalho e dos seus resultados
-níveis de decisão, demografia etc.

c)-Sistemas de estados
-estratégia de desenvolvimento adaptado
-programas de curso e meios utilizados
-serviços prestados

d)-Sistemas de relações com o exterior


-funcionamento dos mercados
-sistemas de preços
-circulação de bens e serviços
-migrações

É necessário estudar os diversos factores internos e externos que determinam a


escolha dum sistema de produção, assim como as diversas ligações funcionais
existentes entre eles. O objectivo é determinar a viabilidade dos sistemas de
produção mais intensivos. Trata-se de analisar os efeitos sobre os diversos
elementos do sistema, da introdução de novas técnicas, e de tentar
compatibilizá-los.

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Para tornar este método de trabalho mais operacional, é possível, depois de um


diagnóstico preliminar simples e eficaz, definir as principais linhas de trabalho no
âmbito da extensão da investigação, acompanhadas de estudos
complementares (monitoria) para avaliação dos resultados, a fim de prever a
tempo, reajustamentos necessários.

1.2-Os principais componentes de um sistema de produção

Os sistemas de produção distinguem-se uns dos outros pelos seguintes


componentes:

-espécies animais,
-recursos financeiros do criador,
-natureza da organização social e cultural,
-recursos naturais disponíveis,
-nível de conhecimento técnico,
-objectivos de produção.

A alimentação contudo, pode ser considerada nos sistemas de exploração


pecuários como o factor básico de distinção, variando não só nos tipos de
alimentos disponíveis, como na sua quantidade e qualidade ao longo das
diferentes épocas do ano.

Os sistemas de produção pecuária nos trópicos e sub-tropicos surge associada


á maior ou menor utilização dos pastos espontâneos ou a outras formas de
produção agrícola.

II-FACTORES DE DISTINÇÃO ENTRE OS


SISTEMAS DE PRODUÇÃO

2.1.Recursos alimentares, maneio, natureza e produtividade das


espécies predominantes

Recursos alimentares

A criação de ruminantes e aproveitamento das suas qualidades produtivas pode


fazer-se de formas muito variadas, que têm por base as características
ecológicas da região e as necessidades e costumes das populações existentes.

A nível mundial há assim uma grande variedade de tecnologias e que vão, no


campo alimentar, desde o aproveitamento dos pastos espontâneos em
condições nómadas até formas mais sofisticadas, em que as espécies naturais
da região foram substituídas por outras de que se tira a máxima produtividade
por adubações ou regas compensadoras, ou em que o animal não dispõe de
qualquer área de pastoreio e tudo lhe é trazido à manjedoura.

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Pode-se considerar a alimentação como um dos elementos básicos na distinção


dos diferentes sistemas de exploração, em que os animais têm à sua disposição
diferentes tipos de alimentos, acessíveis num ou noutro período do ano e com
níveis qualitativos ou quantitativos diversos.

Há assim sistemas de aproveitamento em que os animais são mantidos


exclusivamente em pastos espontâneos e outros em que a criação de bovinos,
associada ou não a caprinos, ovinos e búfalos, aproveita outras formas de
produção agrícola, umas vezes beneficiando da mesma, pelos produtos que
esta lhes proporciona, outras vezes ressentindo-se da expansão desta pelas
limitações das áreas de pastoreio que lhe são impostas.

É também a alimentação que determina o tipo de produto que é apresentado ao


mercado, seja carne dum animal jovem ou de um animal adulto, leite durante
todo ano ou só na época das chuvas.

Estima-se que em Moçambique existe 44 milhões de ha que, por razões de


clima, topografia ou solos, não podem ser aproveitadas eficientemente para a
produção agrícola. Assim. A sua utilização para a alimentação humana passa
necessariamente pelo Ruminante

As pastagens são e serão por muito tempo, a fonte mais económica e principal
para a produção de carne mediante a sua utilização pelos rumunantes.

A criação de gado bovino de uma fonte extensiva tradicional é o método mais


importante da actividade animal em Moçambique. Estima-se que 76% do gado
encontra-se no sector familiar e 72% encontra-se na área relativamente livre de
Tsé-Tsé a Sul do Save. Todo este gado cresce em pastagens naturais em
suplementação e com utilização de alguns resíduos de culturas. Dos restantes
24%, a maioria encontrava-se nos sectores estatal e privado que se desenvolve
também à base de pastagens naturais, mas geralmente com um maior controle
do sobrepastoreio.

Uma grande parte de Moçambique, com cerca de 800 mm de pluviosidade


anual, está ocupada por tipos de vegetação tais como savana (extracto
herbâceo sempre contínuo com menos 20% de árvores e coberta por arbustos)
e, uma grande parte desta área pode ser considerada como potencial de
pastagens naturais ou ranchos como se chama em muitos outros paises.

Estas áreas representam um enorme recurso natural que se pode ser convertido
relativamente ao baixo custo em proteínas comestíveis.

Considerando o reduzido efectivo pecuário do País, os recursos alimentares


disponíveis são vastos desde que se façam os investimentos necessários na
produção, na investigação e extensão.

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Calcula-se que a capacidade de carga da Província de Maputo possa ser de


470.000 bovinos, isto é, 40.000 mais animais do que existiam em 1981.

A Província de Gaza pode suportar 550.000 cabeças isto é, 105.000 mais que
em 1981. No caso das áreas dos Libombos, distrito de Namaacha e Matutuine, a
capacidade potencial de 45.000 kilópmetros quadrados de pastagem a 6 ha/UA
(1UA=1 animal de 450 kg) é de 120,000 cabeças, mais do que o dobro do
efectivo existente em 1983. Nesta zona, a maior limitante à produção de gado é
a fraca existência de fontes de água.

Quando áreas ainda são utilizadas e com bom potencial para a produção de
gado em regime extensivo estão identificadas: urrongas (norte de Inhambane), o
Vale do Rio Buzi, o norte de Sofala até ao rio Zambeze e o Sudoeste de Tete

Estas áreas tem bons solos e apropriada vegetação para o pastoreio mas a sua
maioria tem problemas de Tsé-Tsé e de água.

Para produções mais intensivas têm sido utilizadas culturas forrageiras


melhoradas. A utilização mais comum é a forrageira verde para silagem para o
gado leiteiro. Leguminosas como Siratro e Glycine foram usadas com bons
resultados para o reforço de pastagens. Presentemente a maior limitante para
aumentar a produção de forragem é o relativo alto input necessário (maquinaria,
combustível, fertilizantes, sementes) e o nível de maneio. As forragens têm de
ser tratadas como culturas e este facto na maior parte dos casos é competitivo
para bons solos e outros factores que podem ser usados para culturas
alimentares.

O País dispõe de uma série de resíduos que resultam do processamento


industrial de produtos agrícolas e que podem ser usados para alimentação
animal: bagaço de copra, sêmeas e farelos. Melaço etc que são em geral ricos
em proteína e energia

2.1.1-Do exposto, no campo alimentar podem distinguir-se os sistemas


seguintes:

a)-Sistemas dependentes principalmente dos recursos naturais

Estes sistemas baseados no aproveitamento das pastagens espontâneas


podem ser móveis ou fixos, considerando o grau de deslocação das manadas,
durante o pastoreio, com as suas formas de nomadismo e semi-nomadismo, ou
fixas com a utilização de áreas abertas ou vedadas.

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b)-Sistemas associados as produções agrícolas

As associações podem efectuar-se pelo aproveitamento das áreas clareadas em


que se desenvolvem os pastos espontâneos, após a deslocação das culturas
para novas áreas, pelo aproveitamento de resíduos ou sub-produtos, na época
seca provenientes de culturas sedentárias ou perenes, em regimes de sequeiro
ou regadio, ou mesmo pelo aproveitamento de pousios que se cultivaram.

c)-Sistemas baseados no melhoramento dos pastos espontâneos

O melhoramento das áreas de pastos espontâneos, em aspectos qualitativos ou


quantitativos, pode ser efectuado pelo reforço das áreas de pastoreio com outras
espécies ou pela substituição integral por espécies cultivadas.

d)-Sistemas baseados em produtos ou sub-produtos de origem comercial

Nestes casos os alimentos proporcionados aos animais são provenientes de


indústrias alimentares ou outras zonas e administrados em regimes de
confinamento.

Verifica-se, portanto, que são muitos os sistemas que podem ser utilizados na
exploração de ruminantes, e na bovinocultura em particular, e que terão de estar
adaptados aos diferentes ambientes que lhes podem ser proporcionados. Um
princípio deverá ser seguido na exploração das qualidades produtivas da
espécie-o máximo aproveitamento dos recursos naturais na estação própria. E
assim surgem sistemas em que o aproveitamento dos pastos espontâneos é
acompanhado de alguma produção de pastos melhorados e de alimentação
suplementar mineral ou proteica, ou por forragens em conservação.

lll-O aproveitamento das pastagens espontâneas

As chuvas caídas numa região constituem um dos principais factores que


determinam os níveis de mobilidade (o pastoreio itinerante) ao sedentarismo,
este último com as suas modalidades em áreas vedadas e áreas abertas.

Consideram-se, no aproveitamento dos pastos espontâneos, os seguintes


sistemas:

a)-O nomadismo
b)-O semi-nomadismo
c)-A produção de ruminantes sedentária, ou fixa, em pastos abertos
d)-A produção de ruminantes sedentária, ou fixa, em áreas vedadas ou ranchos

A produtividade das áreas de pastoreio, condicionada pelas chuvas caídas,


através da quantidade de massa forrageira disponível, constitui o principal factor

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a determinar o maior ou menor grau de fixação dos gados e das populações


com hábitos dominantemente pastoris.

a)-O nomadismo

Nómada:
que vagueia sem residência fixa.

O pastoreio de tipo nómada consiste na deslocação dos animais duma região


para outra, acompanhando o desenvolvimento dos capins provocado pelas
chuvas. Estas deslocações têm que se efectuar porque não há água nem pasto
suficientes para os animais poderem manter-se no mesmo local. Este tipo de
pastoreio é usado nas regiões de climas bastante secos e com pouca
população, onde a queda pluvial é insuficiente para as culturas, tais como as
zonas marginais do Sahara, regiões semi-áridas da Austrália, África Austral e
Ocidental. O nomadismo encontra-se principalmente, associado às zonas mais
áridas do globo, isto é, marginais às regiões desérticas.

Nas zonas mais húmidas, o nomadismo pode também ser praticado, mas em
zonas de baixa densidade populacional, como em Madagáscar e várias partes
da América Latina.

As espécies dos nómadas têm que ter um certo número de qualidades.


Tais são:

a)-Grande facilidade de deslocação, suportando longas caminhadas;


b)-Tolerância a períodos longos sem beber;
c)-Tolerância a faltas temporárias de alimentos;
d)-Tolerância ao calor, frio e a doenças.

Os camelos têm a capacidade de aproveitar rebentos de árvores, pastos


grosseiros e plantas salgadas. Fornecem carne, leite e lã.

a.1)-As produções das espécies dos povos nómadas

As espécies mantidas nestes sistemas de pastoreio produzem leite, carne e, por


vezes, sangue para o consumo familiar, peles e lã, fezes, para combustível e
fazem transportes entre os oásis, onde há tâmaras, e as regiões dos povos
agricultores, onde se encontra o grão, mercadorias essas que juntamente com a
carne e as peles são comercializadas, entre umas regiões e outras. Na
alimentação dos povos nómadas entram também os frutos que apanham, bem
como a caça. A tribo “boran” próximo da fronteira do Quénia, vive de leite
acidificado, frutos silvestres e obtém os cereais por troca de gado, manteiga e
sal.

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a.2)-O maneio seguido pelos nómadas

O nómada não muda a sua tenda todos os dias. Pode estar 3 ou 4 dias no
mesmo local ou mesmo períodos mais longos. O nomadismo não implica que o
gado esteja permanentemente em movimento, mas há mudanças frequentes, e
as suas deslocações durante o ano, no caso dos nómadas com camelos, podem
atingir 500 km e, nalguns anos extremamente maus, 700 a 800 km. As
deslocações a partir dos pontos de abeberamento podem ser de 4 a 8 km, no
caso dos bovinos e até 80 km no caso dos camelos.

Na estação quente, bovinos devem beber duas vezes por dia, os camelos
podem beber só de dois em dois dias ou de 3 em 3 dias, espaço de tempo este
que pode ser utilizado para bovinos na estação húmida. Na estação fria, os
camelos podem permanecer sem beber de 2 a 3 semanas.
Os caprinos são também espécies com capacidade para maiores períodos sem
abeberamento, se comparados aos bovinos.

Algumas espécies podem pastar em liberdade. É o caso dos bovinos e dos


camelos, onde não haja perigo de roubos. Outras têm que ser guardadas por
pastores durante o dia encurraladas à noite, como sucede com os cabritos e
carneiros, que não se defendem tão bem dos predadores.

a.3)-Distinguem-se 2 tipos de nomadismo:

1)-Horizontal:

-quando se utilizam pastos de áreas mantidas ao mesmo nível, como sucede


com alguns povos árabes do Sudão. Na estação seca, movem-se para o sul até
à zona infestada pela glossina e, na estação húmida, voltam para o norte, para
as proximidades do deserto do Sahara, fugindo aquele insecto e dos terrenos
lamacentos. Neste tipo de nomadismo usa-se em geral, bovino e camelos.

2)-Vertical:

-As deslocações fazem-se entre regiões de altitudes diferentes, como sucede


em algumas populações da Etiópia e da África Oriental, que, durante a estação
das chuvas mantêm os seus animais em zonas semi-áridas e baixas e, durante
a época seca vão para as zonas de altitude. Este tipo de nomadismo é bastante
utilizado com carneiros e cabras, sendo as deslocações mais curtas.

b)-O semi-nomadismo ou transumante

O pastoreio de tipo semi-nómada ou transumante, consiste na deslocação


“estacional” da manada da sua base, para outras zonas com disponibilidade de
água e de pastos, voltando depois à base. Neste caso há uma sede onde vivem
os criadores de gado e fazem também as suas culturas, durante a época das

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chuvas. São em geral constituídas por culturas adaptadas a baixos graus de


pluviosidade, como a mexoeira e a mapira. É uma forma de pastoreio associada
às zonas semi-áridas com fraca pluviosidade e reduzidas disponibilidades para
abeberamento, na transição das zonas predominantemente pastoris para as
zonas de produção agrícola.

Constituem razões para a transumância, a falta de água nas regiões onde fazem
as culturas, durante o período seco, e ainda o aparecimento de doenças,
procurando fugir ao seu alastramento, casos de morte de pessoas adultas que
levam a mudanças de local, em certas regiões, e as culturas itinerantes
procurando terras mais fértéis, ao fim de alguns anos no mesmo local. Nestes
casos as manadas podem regressar aos locais iniciais, ao fim de alguns anos,
podendo classificar-se este tipo de pastoreio como semi-sedentário ou de
transição para os tipos fixos.

As espécies:

-Os animais mantidos nestas condições são, em geral, de raças locais, menos
desenvolvidas que animais de raças melhoradas e com produções que reflectem
o regime alimentar a que estão submetidos.

c)-A produção de ruminantes sedentária, ou fixa, em pastos abertos

O regime de curral (vantagens e inconvenientes):

Os terrenos são, em geral de tipo comunal e aproveitados pelo gado de vários


criadores, porém, em certas zonas de mais fraca densidade populacional, áreas
podem ser aproveitadas pelo gado de um só criador, camponês ou de tipo
empresarial.

As espécies:

-Os animais mantidos em regime de curral, com períodos de pastoreio


reduzidos, reflectem no seu desenvolvimento e produtividade as deficiências de
ordem nutritiva, sobretudo na época seca, a que estão sujeitos. Nestas
condições, o aumento das manadas é reduzido e as saídas para o mercado são
pequenas.

O Maneio:
-Nestes regimes, podem verificar-se algumas situações que prejudicam os
animais e as áreas em que são mantidos. Tais inconvenientes são:

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a)-Períodos insuficientes de pastoreio

Saídas tardias e regresso cedo ao curral não permitem aos animais a satisfação
das suas necessidades, sobretudo quando o pasto começa a rarear e têm que
se deslocaar a pontos bem afastados dos locais de recolha.

b)-Aproveitamento desordenado das áreas de pastoreio

As áreas de pastoreio estão sujeitas a um aproveitamento não ordenado, com


excessos de pressão em certas zonas, sobretudo quando os locais de
abeberamento se vão reduzindo, à medida que os rios vão secando depois das
chuvas. As zonas de pastoreio à volta dos bebedouros e locais de concentração
dos animais no regime de curral podem caracterizar-se pelos resultados de
diversas pressões a que estão sujeitas.

Na primeira zona à volta dos pontos de abeberamento, acaba por desaparecer o


pasto, ficando o terreno nu ou com plantas daninhas e arbustos.

A segunda zona, também sobre-pastoreada e com plantas daninhas, pode ter


pasto composto por gramíneas, mas sobretudo na época das chuvas.

Numa terceira zona, envolvendo a anterior, os pastos são constituídos por


espécies anuais.

As boas espécies encontram-se na quarta zona mesmo na época seca.


Externamente a esta última zona, por vezes, a 5 a 8 Km, do ponto de
abeberamento, o pastoreio é já reduzido e utilizado, em caso de faltas.

c)-Abeberamento condicionado

O abeberamento está dependente do pastor que desloca os animais aos


respectivos locais, podendo realizar-se apenas uma vez por dia, ou ser de tal
modo apressado que o gado não disponha de tempo suficiente para se abeberar
convenientemente.

Além deste inconveniente pode ainda verificar-se maiores possibilidades de


contágio, quando os animais de diferentes criadores são abeberados no mesmo
local, dificuldades de utilização de épocas de cobrição e de condicionamento do
início das cobrições.

O regime de curral tem também vantagens e torna-se conveniente usá-lo em


certas condições, assim:

a)-Há menores possibilidades de extravio, desde que os pastores sejam


responsáveis;
b)-Há maiores possibilidades de defesa contra feras;

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c)-As estruturas são em geral menos dispendiosas e conseguidas com materiais


locais.

D)-A produção de ruminantes sedentária, ou fixa, em areas vedadas ou


ranchos
Caracterização geral do regime de rancho:

Este sistema de pastoreio caracteriza-se pela manutenção dos animais em


áreas de pastos cercados, onde os animais permanecem ou podem permanecer
dia e noite. O pastor foi substituído pela vedação no controlo do gado em
determinada zona. No entanto, não se torna dispensável, face à necessidade de
ter que levar os animais ao banho e vigiar o seu estado sanitário.

Nas regiões de criação do arietino da raça Caracul ou de outros tipos de


carneiros, as vedações têm que ser à prova do chacal ou do dingo, mais vulgar
na Austrália.

Pode-se considerar este sistema como uma forma avançada de aproveitamento


dos recursos naturais, em que os animais são confinados, pelo menos com uma
vedação perimetral, dispõem de pontos de abeberamento nas áreas de
pastoreio, as manadas são divididas por idades, sexos ou raças, há controle de
parasitas e elementos predadores, das espécies prejudiciais nas áreas de
pastoreio, como o fogo, por exemplo, faz-se algum maneio de pastos, e a
economia da exploração é baseada na venda da produção das manadas.

A criação nestas condições diz-se em regime de ranchos, de herdades ou de


fazendas. Estas herdades ou fazendas podem dedicar-se à criação, recria e
acabamento ou dedicar-se apenas a uma ou duas dessas fases ou ainda à
produção de leite. É um sistema já vulgarizado em regiões desenvolvidas e com
terras disponíveis e propícias para a pecuária. Tem estado a ser introduzido em
regiões menos desenvolvidas, onde os problemas são mais de ordem sócio-
económica do que propriamente técnica.

As Espécies :
-A produtividade dos animais pode ser maior do que no regime de curral pois
dispõem de maior número de horas de pastoreio, o que é importante, sobretudo
na época seca e no caso de pretender-se trabalhar com efectivos de raças
melhoradas mais exigentes. Tem-se verificado diferenças no desenvolvimento
dos animais mantidos em regime de curral e de cercados.

Novilhas em cercados, após o desmame, atingiram os 226 quilos de peso vivo 8


meses mais cedo do que as mantidas em regime de curral.

As próprias vacas podem apresentar diferenças nos dois regimes. Na África do


Sul, verificam-se perdas de peso de 18 quilos com a mudança do cercado para
curral, ao fim de um mês e em melhores pastos, perdas essas que foram quase

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recuperadas na totalidade com o regresso ao primeiro regime. Nestas condições


há possibilidade dos animais saírem mais cedo para o mercado.

O Maneio:
A manutenção dos animais em áreas vedadas apresenta, portanto, algumas
vantagens.

a)-Pastoreio e abeberamento não condicionados pelo pastor

Este sistema dá a possibilidade de os animais aproveitarem o pasto onde e


quando lhes convenha, podendo mesmo modificar o seu ritmo de pastoreio.
Normalmente, o animal aproveita a pastagem também de noite, podendo
verificar-se períodos de 65% das horas de pastoreio durante o dia e 35% a noite.
Nas regiões tropicais e em regime de cercados os animais modificam o regime
de aproveitamento dos pastos, aumentando o tempo de pastoreio nocturno. No
regime de cercados, o abeberamento está sempre disponível.

b)-Maior equilíbrio alimento-gado

O sistema permite equilibrar melhor o número de animais com possibilidades


das áreas de pascigo sem excessos de pressão em determinadas zonas com
fontes de abeberamento.

c)-Maiores possibilidades de maneio e de defesa dos pastos

A existência de cercados permite o aproveitamento das áreas de pastoreio em


regime de rotação, o controle da vegetação arbustiva através das queimadas
assim como também a possibilidade de defender os pastos contra queimadas
acidentais.
Como inconveniente em relação ao regime de curral, citam-se:

a)-Maiores possibilidades de roubo:


b)-Menores possibilidades de vigilância em caso de doenças;
c)-Maiores investimentos nas construções.

lV-Sistemas Baseados na Substituição ou Reforço dos Pastos


Espontâneos

As culturas forrageiras podem fazer parte dos sistemas referidos anteriormente,


ou podem fazer parte dum sistema de produção em que a área se encontra
especializada com fins pecuários, engorda ou leite, por exemplo e onde se
produzem forragens destinadas a silagem, substituindo-se os pastos
espontâneos por cultivados ou reforçando-se os espontâneos.

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São sistemas em que se procura alongar o período útil para a produção dos
pastos espontâneos, pelo seu reforço da área, com maior número de animais,
utilizando-se espécies mais produtivas.

São sistemas com um maior grau de intensificação do aproveitamento das terras


e em que se conseguem maiores produções e ligados a zonas com tecnologias
mais desenvolvidas.

Nos sistemas Sedentários ou Fixos podem destinguir-se ainda, outras variantes


ás formas de aproveitamento dos recursos alimentares.

V-Sistemas de exploração associadas a produções agrícolas

Nestes casos a existência de efectivos de bovinos, caprinos ou ovinos, é uma


consequência de culturas prévias efectuadas que abriram a floresta e permitiram
o desenvolvimento pascigoso posterior, o que sucede nas zonas húmidas, ou
sub-húmidas, ou da necessidade de aproveitamento de sub-produtos
disponíveis e de melhoramento das produções agrícolas. Muito embora, na sua
maioria, estes sistemas tenham sido associados á bovinocultura (leite ou corte),
em Moçambique a criação de búfalos no norte do Pais também esteve
fortemente associada a certas culturas perenes ou móveis. Podem considerar-se
as seguintes associações em que uma espécie (bovina) ou várias espécies, para
além dos bovinos (caprinos/ ovinos/ búfalos) são criados:

a)-Ruminantes e culturas migratórias


b)-Ruminantes e culturas móveis
c)-Ruminantes e culturas sedentárias anuais
d)-Ruminantes e pousios cultivados
e)-Ruminantes e culturas perenes

a)-A exploração em regiões de culturas migratórias

O gado bovino é introduzido após a abertura da floresta das zonas húmidas,


com a finalidade dum aproveitamento agrícola com carácter itinerante.

Encontra-se este sistema na África Ocidental e no Brasil na periferia das


explorações florestais ou agrícolas com vista à introdução do gado depois de
aquelas terem sido utilizadas e tornado menos produtivas.

b)-A associação da exploração de ruminantes as culturas móveis

Trata-se dum sistema semelhante ao anterior, mas em que a cultura agrícola ao


fim de alguns anos de pousio volta ao primeiro lugar.

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Durante o período de pousio desenvolve-se por vezes uma vegetação


graminosa de valor bastante fraco. É o caso do aparecimento da Imperata
cylindrica, ou em outras regiões de maior valor, Hyparrhenia rufa, no Brasil.

Estes sistemas são também conhecidos como de “Derruba-queima – planta –


abandona”. A acção dos fogos constantes vai prejudicando a produtividade do
solo. Este sistema é utilizado onde a densidade populacional é maior e as
culturas são efectuadas nas áreas vizinhas das aldeias.

Nas zonas de glossina este sistema tem contribuído para a restrição do habitat
da mesma, através da rotação derruba-pousio. Os rendimentos da agricultura
em certas regiões têm sido utilizados no aumento dos efectivos pecuários, com
consequente sobrecarga de pastos, invasão arbustiva e erosão. Esta situação
verifica-se com frequência em zonas mais áridas do que as primeiras.

c)-Ruminantes e culturas sedentárias

Encontra-se este sistema onde a pressão da população obriga a sistemas


agrícolas com carácter fixo, culturas essas que podem ser de sequeiro ou de
regadio. Se há terras de pasto anexas às zonas de culturas, os animais podem
ser mantidos nas mesmas e aproveitar os resíduos das culturas após as
colheitas (palhas de milho, palhas de feijão, etc). Os animais são utilizados em
geral em pequeno número por família, para tracçção, ou leite. As possibilidades
de regadio aumentam a necessidade de animais de trabalho.

d)-O aproveitamento de pousios de culturas

Neste caso, o gado bovino entra numa fase da rotação das culturas da região
em que as áreas são ocupadas por pastos cultivados. O gado bovino de carne
pode assim estar associado a culturas de tabaco, as culturas de trigo e piretro, e
em certas áreas do Brasil, o gado de leite encontra-se associado a culturas de
café. Assim, uma determinada percentagem da área em exploração, 33%, 25%
ou 20%, encontra-se sob pastoreio e disponível para o gado, áreas essas que
findo o período de pousio são novamente culltivadas com as espécies do início
da rotação. Várias pestes que assolam estas culturas são assim controladas em
muitos destes casos (exº tabaco / nematodos).

e)-A exploração de ruminantes associada a culturas perenes

Estes sistemas distribuem-se principalmente por zonas húmidas onde as


culturas perenes podem subsistir. Podem existir associações de gado bovino e
palmar, ou a existência da espécie ligada a plantações de cana sacarina, sisal,
ananazes, cajueiros, chá, café e bananais. O gado bovino, muitas vezes
associado a caprinos, pode beneficiar de algumas destas culturas e pode
contribuir para o melhoramento da sua produtividade.

15
SP

V.l-Nível de intensificação dos sistemas de produção

Normalmente a intensificação dos sistemas de produção está associada ao nível


de complexidade dos seus sistemas de alimentação e nível nutricional dos
regimes e dietas dos animais. Para se produzir carne mais cedo ou mais tarde,
leite em maiores ou menores quantidades por vaca/ cabra/ ovelha, ou leite e
carne (duplo propósito), as condições de exploração são também diferentes,
podendo distinguir-se os seguintes tipos ou sistemas de exploração,
considerando a intensidade do nível de nutrição.

a)-Explorações com carácter EXTENSIVO


b)-Explorações com carácter SEMI-INTENSIVO
c)-Explorações com carácter INTENSIVO

A inclusão do sistema de manutenção dos animais numa ou noutra forma de


exploração, depende da maior ou menor dependência das pastagens naturais
ou da utilização de pastos ou forragens cultivadas ou mesmo de alimentos
concentrados.

a)-Sistemas de exploração extensivo

Nestes sistemas os animais mantêm-se durante todo o seu desenvolvimento


exclusivamente à custa da pastagem natural, sujeitos às oscilações do seu
valor, com aumentos durante o verão e manutenção de peso ou mesmo quebras
no inverno. Todo o alimento de que necessitam provém do pasto espontâneo.
As áreas necessárias para manter uma cabeça de gado têm de ser grandes (4,
6, 8, hectares), dependendo das chuvas, solos e outros factores. As saídas para
o mercado são tardias, pois que os animais estão sujeitos a interrupções no seu
desenvolvimento durante as épocas de baixo valor nutritivo.

b)-Sistemas de exploração semi-intensivo

Regiões próprias para este tipo de produção :

São naturalmente próprias para estes tipos de produção as regiões de alta


queda pluvial com mais de 800 mm, distribuída por um grande número de
meses ou aquelas susceptíveis de regadio, que permitem boas produções de
forragens cultivadas ou de alimentos concentrados. As vizinhanças de indústrias
susceptíveis de originar matérias primas com valor alimentar considera-se
também como zonas favoráveis. Alguns investimentos são feitos ao nível do
confinamento parcial dos animais e de infra-estruturas para a conservação de
forragens. Contudo a base da alimentação é ainda a pastagem.

EZA pode ser um exemplo do sistema de exploração semi-intensivo.


Vejamos:

16
SP

Diariamente os animais saem dos currais por volta das 7 as 7.30 horas para a pastagem.
Uma vez na pastagem, comem em liberdade o que apanhar no terreno, dentro e fora da
área da EZA. O consumo voluntário na pastagem, constitui a alimentação base do animal.
Regressam ao curral de pernoita, por volta das 15.30 a 16 horas. O regresso a essa hora é
para permitir a procura de animais que se tenham isolado da manada e ficado na
pastagem. Antigamente os animais ficavam a pastar dia e noite, porque em cada cercado
havia guarda. Os animais eram recolhidos aos currais, para efeitos de pesagem,
tratamentos e vacinações. Somente os animais com gestação avançada, fêmeas lactantes,
animais doentes e vitelos eram recolhidos aos currais, para melhor assistência. Devido
aos riscos de vária ordem, para além da falta de vedação das divisórias da pastagem, tanto
animais como pessoas correm idênticos riscos de vida, razão da recolha diária dos
animais aos currais de pernoita, com redução do tempo de consumo voluntário.

Por essa razão, tem-se feito anualmente na EZA, alternativas de produção e conservação
de forragem, para o reforço alimentar dos animais no curral de pernoita, uma tentativa de
cobrir o défice do consumo voluntário na pastagem. No curral encontram para reforço
alimentar, forragem verde da Capim Elefante e de Leucaenas ou de Amoreiras, ou
forragem seca dos fardos ou das medas.

Para estimular o apetite, acelerar a degradação da celulose, influenciar na digestão e,


aumentar o consumo voluntário dos animais no dia seguinte, são disponibilizados no
curral de pernoita, apetisadores de fabrico local.

Para evitar as deslocação dos animais a longas distâncias que, envolvem perdas de
energia e, perdas de tempo em deslocações, e perdas de tempo na procura de alimentos,
viu-se a necessidade de acções de melhoramento de pastagens da EZA, pelos métodos de
reforço e de cultivo. Também para fazer face ao pasto natural esponâneo local, que é
dominado pela Hyparrhénia com a espécie Hiperthélia Dissoluta, vegetação do grupo dos
pastos amargos, típica das zonas de altitude acima de 800 metros do nível médio do mar.
Para além desta espécie, existem pequenos núcleos de Panicum, Eragrostis, Cencrus,
Urochloa, Setaria e outras espécies. A ideia é aumentar a produtividade e reduzir o
encabeçamento, para o consumo voluntário dos animais em áreas pequenas, para evitar
conflitos por invasão às machambas circunvizinhas

A disponibilidade aumentada dos pastos pelos métodos de melhoramento, constitui a


alimentação base do animal. Contudo, as queimadas descontroladas que acontecem
anualmente, destroem os pastos e o respectivo banco de sementes, reduzindo a
produtividade na época seguinte, obrigando os animais a comer o que apanhar no terreno,
fora da área da EZA. Nessas áreas os animais acabam por misturar com os do Sector
Familiar, resultando em cobrições desnecessárias por touros piratas que, traduzem em
doenças e partos fora da época.

Também foram desenvolvidas tecnologias de segurança alimentar de animais na época


seca, a base de medas de feno, fardos de feno, apetisadores, enriquecimento do valor
nutritivo de fenos e palhas com ureia, ou simplesmente feno irrigado com sal e bancos

17
SP

forrageiros. Em virtude de os silos terem infiltração de água, a EZA opta neste momento,
pelo estabelecimento de bancos forrageiros, para a disponibilização de massa verde, para
a suplementação estratégica. É estratégica por a massa verde ser disponibilizada em
quantidades estimadas de 300 gramas por animal, durante 3 a 4 vezes por semana. Essas
quantidades representam 6 a 8 % das necessidades diárias de proteina para um animal e,
visam estimular o aumento da produção da flora ruminal, para degradar a celulose,
acelerar a digestão, favorecer o crescimento, o desenvolvimento e a produção.

Segundo Portugal (1992), a partir de uma boa condição corporal (formas arredondadas da
garupa), o animal pode perder peso até cerca de 10% do seu peso inicial. Atingido este,
deve procurar-se restabelecer o equilíbrio ponderal ou seja o seu balanço energético. Para
isso, certas espécies de leguminosas, arbustivas e árvores podem constituir, atravês das
suas folhas, um “Banco de Proteina” para o enriquecimento das condições metabólicas
exigidas pela tracção animal. Essas acções visam a disponibilização de alimentos na
forma seca e verde, para o refoço alimentar dos animais no curral de pernoita. Os fenos
normalmente baixam a qualidade pelo tempo de conservação.

Quando não se faz tratamento com ureia ou com sal, os animais acabam consumindo
metade da quantidade disponibilizada e, a outra metade convertida em lixo e restos de
animais. Como exemplo: Se disponibiliza 2 kg de feno não tratado com ureia para reforço
no curral de pernoita, o animal consome apenas 0,8 a 1,2 kg. Essa quantidade pode ser
consumida em uma hora e, levar duas horas para digerir esse volume com envolvimento
de dispéndio de energia.

A técnica de produção de medas e fardos de feno, permite a colocação de alimentos em


locais seguros, fora do alcance do fogo das queimadas descontroladas, que acontecem
anualmente, após a colheita da cultura principal do Sector Familiar que é o milho. Devido
o longo tempo de armazenamento, perde parte do valor nutritivo, razão das necessidades
de irrigação com sal ou ureia e melaço, para melhorar a qualidade e influenciar no
aumento do consumo voluntário.

Similares ás características do semi-intensivo, mas normalmente grandes


investimentos são feito ao nível de infra estruturas e da produção de alimentos.

As dietas dos animais são fortemente complementadas com o uso de


concentrados e elevadas produções por unidade de área são associadas a
elevadas produções por animal.

V.ll-Objectivos de produção e nível de especialização

Os sistemas de produção podem ainda destinguir-se de acordo com o objectivo


final da actividade produtiva, a qual pode ser para a subsistência da família e
portanto consumo dos produtos (leite, carne e diversos níveis de processamento
caseiro destes produtos) como pode ser para a venda ou comercialização dos
produtos obtidos.

18
SP

Geralmente estes últimos casos são acompanhados por algum tipo de


especialização: carne ou leite, associados á exploração de uma única espécie
(bovinos, caprinos ou ovinos). Podem também verificar-se níveis diferentes de
especialização em diferente magnitude, como é o caso de fazendas de leite com
pequenas unidades para a engorda dos vitelos machos. São os seguintes tipos
de sistemas quanto aos objectivos de produção:

1)-Subsistencia ou Familiar
2)-Comerciais (Cooperativos; Estatais ou Privados), geralmente
especializados em carne, leite ou duplo propósito

Vl-Escala de produção

A literatura claramente refere que esta tipificação dos sistemas de produção


pode ser subjectiva, uma vez que um produtor de pequena escala nos EUA ou
no Brasil pode ser um grande produtor (larga escala) em Moçambique ou na
Índia. A escala de produção pode sub dividir-se em :

1-Pequena Escala:

-Geralmente poucos animais (1–10 bovinos, nos países mais pobres), muitas
vezes associado as pequenas produções familiares. O produto, ainda que em
pouca quantidade, pode estar orientado para venda, e é exemplo deste tipo de
situação as explorações de leite na Índia e Malásia ou pequenas produções peri-
urbanas no Brasil. Embora nestes casos estejamos a falar de pequena escala,
os animais explorados são normalmente cruzados entre raças nativas e raças
altamente especializadas, procurando elevar-se as produções por animal.

2-Media Escala:

-Possui efectivos maiores, podendo ser encontrados (10–50 bovinos), e a


quantidade total produzida, bem como os níveis de investimento são também
maiores.

3-Grande Escala:

-Geralmente os ranchos com grande numero de animais, mantendo-se um largo


efectivo reprodutor, especializados para a venda do produto e abastecimento do
mercado.

Para uma avaliação do caso de Moçambique, sugere-se ao leitor e ao estudante


a consulta dos resultados do Censo Agro-Pecuário, INE (2003).

19
SP

VII-TIPOS DE EXPLORAÇÃO DE GADO BOVINO

a)-O gado bovino e o palmar:

Os bovinos aproveitam o pasto que se desenvolve entre as palmeiras e que


pode ser melhorado pela introdução de espécies, gramíneas ou leguminosas,
que não devem ser de grande porte, para permitir a procura dos cocos caídos .
O bagaço de copra que se produz após a industrialização da produção do
palmar, poderá também contribuir para o melhoramento do nível nutritivo dos
animais em produção de carne ou leite.

Esta associação encontra-se em várias regiões: Tanzania, Índia, Sri Lanka,


Filipinas, Ilhas Salmão, Moçambique, e neste caso, adoptado por grandes
companhias. Na província da Zambézia em Moçambique adoptou-se o sistema
de currais móveis, que abrangem várias palmeiras e onde ficavam os animais
durante o período nocturno, tendo em vista o melhoramento da fertilidade do
terreno. Populações não habituadas ao gado bovino em regiões de palmar,
adjacentes no mar, onde conseguem obter pescado para completar as suas
necessidades proteícas, terão que ser motivadas e treinadas na criação do
gado, caso se pretenda efectuar esta associação.

b)-O gado bovino nas plantações de cana sacarina:

A cana sacarina pode ser utilizada através das pontas, do “bagaço” ou resíduo
do esmagamento dos caules, isto é, da polpa da cana, do melaço adicionado á
ureia, como suplemento ou em período de engorda.
A própria cana picada pode ser utilizada como forragem de inverno para vacas
leiteiras.

c)-O gado bovino das empresas sisaleiras:

Normalmente desenvolvem-se gramíneas entre as filas do sisal, Panicum


maximum, Chlorys gayanna, ou outras espécies, e utilizam-se leguminosas para
adubações, como a “Pueraria phaseoloides”, em certas regiões, cuja associação
têm bom valor nutritivo para o gado bovino, que também pode aproveitar os
campos abandonados pelo sisal.

d)-O aproveitamento de sub-produtos da cultura do ananaz:

Resíduos da cultura podem ser utilizados em fresco ou ensilados

20
SP

e)-O gado bovino associado a plantações de cajueiro:

Pouco se conhece em Moçambique sobre a possibilidade desta associação em


que os bovinos aproveitam a vegetação que se desenvolve entre as filas de
cajueiros o que depende de grau de afastamento das árvores.

f)-O gado bovino nas empresas de chá:

Pode ser utilizada a espécie no aproveitamento das plantações velhas, em que


se cortam alternadamente filas e que se deixam no terreno para permitir o
crescimento do capim antes do corte final da plantação.

g)-A associação bovinos e plantações de bananas e café:

Em certas regiões da Tanzania os pequenos produtores alimentam o gado


bovino em confinamento com caules de bananeiras, Hyparrenia, Setaria
splendida, resíduos de cultura e utilizam o composto formado no curral para
adubação das suas plantações de banana e café. As fruteiras podem também
fornecer frutos e podas com valor alimentar. Note-se que, por vezes, a
produção de alimentos para o gado nestas condições tem um carácter flutuante
e ter-se-à que adaptar a classe do animal e o seu número às culturas e
quantidades de alimentos, pelo que a recria ou a engorda podem ser
aconselháveis, nestas circunstâncias.

Vll.l-Sistemas de exploração especializados de carne

a)-A exploração do gado bovino em confinamento:

Existem sistemas de aproveitamento de produtos ou sub-produtos comerciais ou


agrícolas deslocados das áreas de produção para consumo de unidades de
engorda, em que os animais se encontram confinados em pequenas áreas, sem
acesso ao pastoreio.

b)-A distinção entre cria, recria e acabamento:

Quem se dedique a exploração de gado bovino, tendo em vista o


aproveitamento da carne produzida, pode actuar sobre os animais nas três fases
do seu desenvolvimento, em duas ou apenas numa só. A criação, consiste na
produção dos vitelos até à altura do desmame com uma determinada idade e
peso, e que faz condicionada pelos diversos factores que exercem influência
neste período. O indivíduo que se dedique a esta fase de produção é designado
por criador e possui efectivos reprodutores.

A recria, consiste na operação de levar o vitelo do desmame, que se faz com


determinado peso, 150 a 220 quilos, por exemplo, variável com a raça,

21
SP

capacidade leiteira e regime alimentar, até ao início do acabamento, que pode


começar com 320 a 360 quilos.

O indivíduo que compre animais novos, recriando-os e procedendo ao seu


acabamento até á altura de poderem sair para o mercado, é considerado como
recriador. Este indivíduo poderá actuar apenas na fase de recria, desde que
disponha de recursos alimentares para esta fase, e enviar os animais para
centros de engorda ou acabamento, ou actuar nas duas fases e proceder à
recria e acabamento, até á altura de saírem para abate.

Pelo acabamento é dado ao animal, antes do abate, o desenvolvimento final,


com um grau de gordura suficiente para conseguir as melhores classificações. O
acabamento termina a níveis de peso diferentes, consoante a raça dos animais.

Assim um animal da raça Hereford pode estar acabando com 400 quilos, ao
passo que animais de outras raças só terminarão o acabamento com 450 quilos,
ou mesmo mais 500 ou 550 quilos. Considerando, por exemplo, como sendo de
500 quilos o peso de abate do animal, este peso pode ser obtido, 4 anos e meio,
aos 3 anos, aos 2 anos, ou mesmo mais cedo, dependendo a duração do
período necessário para atingir tal peso, nomeadamente das próprias mães,
durante a amamentação.

Em Moçambique, é comum que o criador se dedique a todas as fases do


desenvolvimento do animal, produzindo e criando os vitelos, recriando-os e
procedendo à sua engorda, normalmente na pastagem natural.

Vll.ll-Distinção das explorações de gado de carne pelos tipos de


acabamento e idade de abate:

A unidade produtora de gado de carne pode organizar-se para produzir crias


para venda ao desmame recriá-las para abate aos 12 meses, recriá-las e acabá-
las pelos 18 meses, ou mesmo, mais tarde, pelos dois anos e meio a três anos e
meio ou pelos 4 anos e meio.

Consoante a idade em que os produtos são obtidos para mercado procurando


atingir determinados pesos e classificação, são utilizados regimes e tipos de
animais características para cada tipo de empresa (detalhes de maneio e tipos
específicos de regimes alimentares serão apresentados nos capítulos
posteriores).

Tipo.l-Produção de crias para venda ao desmame

Os vitelos são vendidos ao desmame pelos 7 a 8 meses, com pesos que podem
alcançar 225 a 250 quilos, vivo. Não é um sistema vulgar em Moçambique. Os

22
SP

vitelos desmamados são, em geral, destinados a recria e, por conseguinte, o seu


valor dependerá do peso que obtenham na altura.

Tipo.II-Recria para abate aos 12 meses

Os vitelos são abatidos com um peso que pode atingir os 360 quilos ou mais.
Desconhece-se a existência deste sistema em Moçambique. Devem utilizar-se
animais com capacidade de desenvolvimento rápido susceptíveis de aproveitar
os alimentos de boa qualidade.

Tipo.III-Recria e acabamento para abate aos 18 meses

Os novilhos, isto é, depois de um ano, são abatidos também com pesos de 400
ou 500 quilos peso vivo (PV), designando-se como “Baybe beef” ou vitelões,
antes da substituição dos pinças de leite, isto é, antes dos 18 meses – 20
meses. Em Moçambique, foi prevista esta classe de animais para abate, mas o
peso mínimo estabelecido para a sua classificação foi a de 160 quilos.

A percentagem de carne de animais com esta categoria é pequena em relação


ao total entretanto levado a comercialização. Amamentados ou criados
artificialmente até um peso de 180 quilos, são recriados quer em boa pastagem
quer com outros alimentos, e serão acabados com concentrados, fazendo-se o
desenvolvimento do animal de maneira uniforme.

Os vitelões criados na pastagem natural e recebiam alguns suplementos e


beneficiavam dum maior alargamento do valor nutritivo das pastagens, em
virtude do abaixamento das águas nas represas, que iam mantendo o capim
verde. São utilizados nestes tipos de produção reprodutores de raças
melhoradas e mais precoces sobre fêmeas de raças locais, para obter a
heterose nos seus produtos, ou fêmeas cruzadas, para se beneficiar duma boa
fertilidade.

Para se poderem atingir os pesos referidos, o criador terá que recorrer a raças
precoces ou cruzamento com elas, que apresentem bons pesos ao desmame,
depois aumentem em bom nível de nutrição, até estarem acabados. Nas regiões
em que dominam as explorações leiteiras, aproveitam-se para este tipo de
produção os vitelos de raças holandesas, ou suas cruzas com raças de carne.

Em Moçambique utiliza-se, sobretudo, cruzas de gado Africander com bovinos


Hereford, Holandeses ou Simentaler.

23
SP

TIPO.IV-RECRIA E ACABAMENTO PARA ABATE AOS 2 ½ A 3 ½ ANOS.

Os pesos anteriormente referidos já eram alcançados mais tarde, com 4 dentes


ou 6 dentes, substituintes. Em Moçambique, eram previstas 3 categorias para os
animais na classe de melhorados: Extra 1, desde que tivessem apenas 2 dentes
substituintes, Extra II com 4 dentes, Extra III, com 6 ou 7 dentes substituintes.

Os animais para conseguirem estas classificações podiam ser mantidos em


pastagem natural, melhorada pelo parqueamento, para permitir encabeçamentos
correctos, utilizando-se suplementos minerais, proteicos ou energéticos, de
modo a evitar que as perdas de peso na época seca fossem de tal modo
elevadas que não permitissem a recuperação na época seguinte das chuvas.

Podia-se fazer também um acabamento com concentrados, nos últimos 3 ou 4


meses de estadia na exploração com consequente melhoramento de peso.
Nestas condições, os animais estão sujeitos no seu desenvolvimento a altos e
baixos, correspondentes aos períodos das chuvas e de seca, não fazendo,
portanto, os aumentos de peso duma maneira uniforme. Ainda hoje, é este o
sistema mais em uso em Moçambique havendo criadores que promovem natural
reforçada com concentrados.

TIPO.V-Recria e acabamento para abate pelos 4 a 4 ½ anos ou mais tarde.

Os bois seguem para o matadouro com pesos vivos que podem ultrapassar os
450-500 quilos. A classificação das carcaças, baseada na substituição total dos
dentes de leite, é feita nas categorias não melhoradas, ou comuns, passando
para a primeira, desde que tenha alcançado o peso mínimo necessário.

A manutenção dos animais, durante o período do seu desenvolvimento, faz-se


em pastagem natural e os abates, em igualdade de peso, poderão ser
efectuados mais ou menos cedo consoante as deficiências encontradas, quer de
natureza quantitativa ou qualitativa. Os animais recolhem normalmente ao curral,
durante a noite sem qualquer suplemento. Os animais mantidos neste tipo de
produção têm que ser rústicos e com capacidade de resistir às deficiências que
se possam verificar na época seca. Utilizam-se em geral animais de raças
nativas e adoptadas a possíveis carências estacionais.

VIIl–IPOS DE PRODUÇÃO DE CARNE MAIS VULGARES EM MOÇAMBIQUE

Embora alguns exemplos tenham já sido referidos, a produção de animais para


abate tardio com dentes de adulto, é o sistema pelo qual é criada a maior parte
do efectivo bovino em Moçambique, observando-se nas criações dos
camponeses bem como nas empresas que ainda mantêm os seus animais, em
condições idênticas às daquelas. Os animais, são normalmente criados,
recriados e acabados no mesmo local.

24
SP

Os comerciantes, nas áreas rurais, dedicavam-se, em outros tempos, à recria,


adquirindo os animais ao sector camponês e enviando-os posteriormente para o
matadouro; Era uma recria efectuada, no entanto, exclusivamente na pastagem
natural, mantendo os animais em currais ou cercados até estarem em condições
de seguir para o matadouro, com melhores pesos.

No Sul, este tipo de produção era vulgar, intensificando-se as compras nos anos
de seca. A criação dos parques de retem teve como objectivo dispôr de áreas de
pastagem natural onde os animais magros pudessem recuperar ou melhorar o
seu peso antes do abate, depois de adquiridos nas feiras. O acabamento com
concentrados em confinamento, foi também utilizado no Chimoio (região de
produção de milho) à base deste cereal, em empresas distintas das de criação,
que forneciam os animais às que se dedicavam à recria.

BOVINO DE CORTE
CARACTERÍSTICAS MORFO-FISIOLÓGICAS

Fisiologicamente, o gado de corte possui uma marcada aptidão para transformar


em carne a maior quantidade possível de alimentos, usando para cada unidade
de ganho de peso, o menor número de unidades alimentícias. Por isso, os
animais de corte são precoces, de crescimento acelerado, alcançando em pouco
tempo a sua plena produtividade. Um excelente bovino produtor de carne,
devido ao seu rápido crescimento, não tem tempo para se sujeitar ao
endurecimento das suas fibras musculares, fazendo com que a sua carne seja
bastante tenra. Este tipo de bovino apresenta também um baixo ritmo
metabólico em consequência da hipofunção tiroidal, levando a uma tendência
para o anabolismo com ênfase na reserva de gorduras.
Na avaliação de um bovino de corte, o peso da aparência exterior de um bovino
de corte é mínimo, quando comparado ao de características tais como
rendimento de carcaça, qualidade da carne, distribuição da gordura e proporção
carne limpa : ossos. O valor do exterior está no facto de que após séculos de
selecção conseguiu-se fixar as características pretendidas, de tal modo que
actualmente, seleccionando-se com base no exterior, simultaneamente se
selecciona a favor das características de excelência acima descritas para o gado
de corte.

Os bovinos de corte apresentam um bom desenvolvimento muscular, sendo


compostos por uma cobertura de carne firme, grossa e bem repartida. Os machos
tipicamente de corte exprimem a sua masculinidade enquanto que as fêmeas
devem apresentar-se femininas e de linhas refinadas. São animais brevilíneos,
hipermétricos, de aspecto compacto, curtos e profundos. O seu plano superior
(dorso-lombo-garupa) é paralelo ao inferior (ventre) e os laterais são rectos – são
de formato quadrangular (ou rectangular; de paralelopípedo).

A cabeça é um bom indicador para a avaliação dos reprodutores. No seu


conjunto, a cabeça deve ser relativamente pequena e curta desde a marrafa até

25
SP

ao focinho. O seu tamanho deve estar em harmonia com o das restantes


porções corporais. Uma cabeça comprida e estreita deve ser considerada
defeituosa.

O pescoço deve ser curto e bem ligado a cabeça e ás espáduas. O bovino de


corte corresponde ao clássico formato de paralelepípedo. Nas fêmeas, o
diâmetro vertical posterior está mais desenvolvido que o anterior, devido ás
funções reprodutivas (úbere e útero), facto pelo qual o formato quadrangular é
geometricamente mais perfeito nestas relativamente aos machos. Nos machos,
a linha ventral tende a desviar-se para trás e para cima a partir do umbigo.
Constitui defeito dorso afiado (garrote, dorso e lombo), lordose, quifose ou
escoliose e garupa estreita (estrangulada). Também se considera defeituosa
uma cauda demasiadamente levantada ou demasiadamente caída (metida entre
as nádegas).

Os testículos devem estar bem inseridos no escroto e este deve estar bem
inserido na região inguinal. Nas fêmeas, esta região comporta um volumoso e
bem conformado úbere, com abundante tecido glandular, boa irrigação sanguínea
e tetos de bom tamanho. Vista de trás, a região perineal e das nádegas forma um
autêntico quadrado, co o seu manto muscular descaindo até ao jarrete.

O braço é curto e musculoso, os joelhos são quadrados e a canela, curta. A


perna deve estar bem coberta de carne e não apresentar defeitos de aprumos.

No seu conjunto, as partes de menor valor económico (cabeça e extremidades)


devem representar uma proporção o mais baixa possível do peso vivo do
animal.

Vlll.l. Sistemas de exploração especializados de leite

Todo o indivíduo que aproveita o leite das suas vacas para venda para o
mercado ou fabrico de manteiga ou queijo para o mesmo fim, é considerado
como criador leiteiro. O aproveitamento do período de lactação da vaca pode
fazer-se como actividade principal do criador ou da empresa, como actividade,
complementar da produção de criar ou como actividade a pequenas produções,
para subsistência e envio de alguns litros para o mercado.

Há assim dois tipos principais de explorações dedicadas à produção de leite,


além do aproveitamento do leite pelos pequenos produtores.

26
SP

Tipo.I-Explorações leiteiras especializadas, com a produção de leite como


actividade principal

São explorações com carácter especializado, com grandes investimentos por


vaca, não só nas estruturas para produção como no valor do efectivo em que se
produza elevadas produções por animal. É um tipo de produção por ano, em que
o maneio nutritivo e reprodutivo assegura uma regularidade de produção. O
efectivo leiteiro é mantido em regimes de nutrição elevados, á custa de
alimentos produzidos localmente ou adquiridos e em regra pastoreado em
pequenas áreas, para evitar grandes deslocações e desgastes.

As fêmeas são mungidas 2 ou 3 vezes por dia, consoante o nível de produção.

Os vitelos são separados das mães ao nascimento e, por vezes alimentados do


leite, adquiridos a preços mais baixos do que o valor do leite das mães no
mercado.

As fêmeas para substituição das vacas leiteiras desenvolvem-se em regimes


elevados, de modo a entrarem em lactação mais cedo, pelos 2 a 3 anos.
Utilizam-se animais de raças altamente melhoradas pela produção leiteira, como
Holstein nas regiões de climas favoráveis, de tipo temperado ou de altitude, nos
trópicos, e cruzas com animais locais ou com raças zebuínas,nas regiões de
baixa altitude, nas regiões tropicais.

TIPO.II-Explorações leiteiras complementares

É um tipo de exploração associado a outras actividades, agrícolas ou pecuárias,


criação de gado de carne, criação de arietinos, produções agrícolas, etc. Não
são, portanto, explorações especializadas, e os investimentos por animal são
menores, bem como as produções não são também tão elevadas pois destinam-
se, em parte, para a alimentação das crias.

Têm que ser razoáveis, podendo o efectivo leiteiro beneficiar das culturas
efectuadas nas empresas mistas agro-pecuárias. Para este tipo de produção, já
se podem utilizar animais do tipo misto que permitam tanto a produção de leite
como a de carne.
Para as regiões temperadas servem as raças Simentaler ou Fleckvieh, e para as
regiões quentes as cruzas destas mesmas raças, da Holandesa, da Brown
Swíss com raças locais, ou mesmo raças zebuinas melhoradas para a produção
de leite, como a Gir para o Girolando.

TIPO.III-Aproveitamento de leite das vacas do camponês

Trata-se dum tipo de produção ligada ao camponês que possui apenas alguns
animais na sua manada a quem tira leite, para satisfazer as necessidades dos
seus filhos e, por vezes, vende algum leite para o mercado. Há algum

27
SP

aproveitamento do leite da manada, essencialmente destinada à produção de


crias. É um tipo de produção sazonal, é decorrente durante o verão. Há leite
quando as chuvas aparecem e reduz-se o leite quando o pasto atinge a sua
maturação, quase desaparecendo na época seca.

Experiências feitas na Angónia com o Angone que é uma raça típica de carne,
consegue obter entre 300 a 600 mililítros de leite por vaca e por dia, coincidindo
com o que o criador vem mungindo, entre uma a duas garrafas de coca-cola.

As vacas são mungidas com o vitelo ao pé, para o qual se reserva um quarto em
rotação e, em geral, faz-se só uma mungição diária. Alguns criadores quando
pretendem mungir a vaca no dia seguinte, separa o vitelo para um cubículo junto
ao curral onde está a mãe. Esta técnica permite reduzir o stress da vaca,
evitando que influencie na produção de leite no dia seguinte.

Os animais são mantidos exclusivamente nas pastagens, e quando recebem


alimentação suplementar, esta é administrada em pequena quantidade. Quando
se aproveita a nata e não a totalidade do leite para venda, o leite desnatado
pode voltar para o vitelo. São utilizados animais de raças nativas e, em geral de
baixa produção leiteira. Este tipo de produção exige deslocações, por vezes
grandes, nas áreas de pastagem e os animais devem possuir um maior grau de
adaptação às condições existentes.

Vlll.ll-PRINCIPAIS TIPOS DE PRODUTORES DE LEITE EM MOÇAMBIQUE

Há dois tipos principais de produção leiteira em Moçambique: um, em que esta é


efectuada sobretudo á custa de animais com sangue Holandês obtidos quer de
importações da África do Sul, quer por cruzamentos de touros holandeses com
fêmeas landins ou com sangue Africander e outro, resultante do aproveitamento
do leite das fêmeas landins dos camponeses, mantidas exclusivamente na
pastagem natural.

As explorações leiteiras do camponês podem ser incluídas nos tipos de


exploração misto, com objectivo de se obter simultanêamente em pastagem
natural, carne e leite. Os animais são assim mantidos principalmente em
pastagem natural, dispondo de reduzidas áreas de pastos ou forragens
cultivadas. Muitos criadores mungem apenas uma vez as vacas por dia e na
presença do vitelo. Em situações de pequenos produtores (não camponeses)
com maior especialização, Fazia-se então alguma alimentação suplementar com
concentrados e alguns criadores dispunham de silos para o fornecimento de
silagem na época seca.

Esta situação mudou nos anos 70-80, tendo-se promovido a concentração das
vacas leiteiras provenientes dos criadores que deixaram o país, em unidades
estatais, dedicadas essencialmente a este tipo de produção.

28
SP

BOVINO LEITEIRO
CARACTERÍSTICAS MORFO-FISIOLÓGICAS

Agrupa todas as raças e biotipos raciais em que a produção leiteira é muito


intensa. São animais com hiperfunção mamária e morfológicamente a sua
conformação manifesta uma certa femininidade. São animais longilíneos, de perfil
sub-côncavo. A hipófise exerce uma profunda acção sobre as glândulas
mamárias, as quais também recebem um grande estímulo hormonal da porção
medular das glândulas suprarenais. O seu metabolismo é catabólico como
resultado da hiperfunção tiroidal. O aparelho digestivo é de enorme capacidade
devido á hiperfunção mamária, pelo que são de grande voracidade. O sistema
renal encontra-se hipertrofiado, razão pela qual consomem e excretam enormes
quantidades de água.

A cabeça é menos larga e mais comprida relativamente á dos bovinos de corte.


O perfil pode ser rectilíneo a concavilíneo. Orelhas pesadas demasiado caídas
cobertas de pêlos ásperos e grossos são indesejáveis. Os olhos devem ser
grandes, vivazes e brilhantes.

O formato do tronco é triangular (predomina o terço posterior sobre o anterior). A


linha dorsal, especialmente na região dorso-lombo deve ser relativamente
côncava (lordose), e apresentar irregularidades devido ás epífises espinhosas das
vértebras dorsais. A vaca leiteira não deve ser gorda nem magra: são desejáveis
animais de certo modo descarnados, principalmente ao nível do pescoço, órgão
que deve ser afiado no seu bordo superior.

O pescoço deve ser comprido, estreito no diâmetro transversal mas profundo.


Um pescoço curto e musculoso é próprio dos bovinos de corte.

O peito deve ser estreito, situação compensada pelo comprimento e


profundidade do tórax. Contrariamente ao que se verifica nos bovinos de corte, as
costelas estão mais arqueadas para trás do que lateralmente. O dorso-lombo é
comprido, desprovido de gordura mas não de musculatura, para permitir que o
corpo suporte o peso do tórax e ventre.

A linha dorso-lombar forma uma crista com base óssea nas epífises da coluna
vertebral.

O abdómen é abaulado e indica as condições digestivas e a aptidão de


assimilação dos alimentos. Em novilhas e vacas jovens, o abdómen é cilíndrico,
enquanto em vacas adultas é caído devido ao relaxamento da musculatura
causado pelo peso da glândula mamária.

A garupa é trapezoidal, devendo a sua amplitude facilitar o parto (mais importante


nas primíparas). Portanto, garupa ampla indica também uma grande capacidade

29
SP

inguinal que é significativamente importante por permitir uma melhor inserção do


úbere.

O úbere é muito importante nas vacas leiteiras. A sua característica mais


importante é a capacidade deste órgão: dentre úberes com um tecido glandular de
idêntica qualidade, produzirá mais o que fôr maior. Um úbere de grande
capacidade tem o seu comprimento desde o mais próximo possível da vulva até o
mais próximo possível do umbigo. Simultaneamente deve apresentar uma grande
profundidade, situando-se o mais próximo possível do chão. Note-se que a
profundidade dependerá do sistema de maneio praticado, havendo regimes em
que não são desejáveis úberes demasiadamente caídos pela sua maior
predisposição a lesões traumáticas. A irrigação sanguínea do úbere é outro
aspecto a tomar em linha de conta ao avaliar o mérito de uma vaca leiteira.
Pretende-se que o ventre do animal e a superfície do seu úbere sejam sulcados
por uma rede venosa abundante, de preferência por vasos de grande calibre.
Portanto, os melhores úberes são de grande tamanho, profundos, com
predomínio de tecido glandular sobre o adiposo e uma abundante irrigação
sanguínea.

As extremidades anteriores devem ser relativamente curtas e suficientemente


separadas para dar uma boa amplitude ao peito. As espáduas devem ser
descarnadas, devendo a escápula formar um ângulo de 45 graus com o húmero
na região do encontro. As nádegas não são muito grandes, para deixar um
amplo espaço para a glândula mamária. Os membros posteriores não devem ser
muito compridos.

1-O EFECTIVO BOVINO EM PRODUÇÃO: MODELOS DE


DESENVOLVIMENTO; ÍNDICES PRODUTIVOS E REPRODUTIVOS,
IDENTIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS PRODUTOS

A organização dos efectivos bovinos constitui factor determinante para a


aplicação de diversas alternativas de maneio, as quais têm como objectivo
principal, a optimização do desempenho produtivo e reprodutivo destes
efectivos, de forma racional, económica e sem promover a degradação
ambiental. Para tanto, o enfoque deve estar voltado à prevenção de doenças, ao
atendimento das exigências nutricionais nas diversas fases da vida reprodutiva e
à exploração do potencial genético dos animais. Estas acções resumem-se na
definição zootecnica de Maneio, ou seja:

Maneio: define-se como sendo a aplicação prática dos conhecimentos técnicos,


científicos mais modernos no campo da produção animal.

Pode ser aplicado com diferentes objectivos: seja para aumentar a produção,
pela aplicação de práticas de maneio mais intensivas ou pela eficiente utilização
e combinação de recursos em sistemas extensivos, levando á óptimização dos
seus produtos. Em determinadas circunstancias o maneio pode ser aplicado

30
SP

para diminuir os níveis produtivos, sendo disso evidente os limites de produção


aplicados em sistemas de produçào leiteira intensivos em certos Países da
Europa.

A aplicação de um bom maneio implica contudo a organização do efectivo,


sendo a forma mais comum o seu agrupamento em manadas.

A Manada: define-se como um grupo de animais ou reses da espécie bovina,


com um determinado objectivo de produção, para o qual se estabelece um
determinado maneio. Uma manada pode ter um certo dimensionamento e
obedecer a uma determinada estrutura, normalmente determinada pelas classes
que a constituem.

Estrutura da Manada:

-a manada é organizada normalmente atendendo a determinados criterios, como


seja animais da mesma idade ou sexo, igual função, épocas do ano, objectivos
de produção ou níveis produtivos, etc. Estas diferentes associaçòes dos animais
por grupos conduz-nos para a definição zootécnica de classes.

As Classes numa Manada Bovina:

-definem-se como sendo a classificação zootécnica atendendo aos diferentes


estágios fisiológicos e produtivos da vida dos animais. É um grupo de animais
com a mesma caracteristica, com um determinado obectivo produtivo e para o
qual se estabelece um maneio particular. Pode-se encontrar na estrutura de um
efectivo várias classes de animais numa mesma manada ou várias manadas de
uma mesma classe. As classes em exploração, que constituem uma manada
bovina são as seguintes:

Vitelo/a: macho ou fêmea bovina até um ano de idade.

Novilha: fêmea bovina até ao primeiro parto.

Novilho: macho bovino até aos 3 anos de idade.

Vaca: fêmea bovina após o primeiro parto.

Vaca Leiteira: fêmea bovina após o primeiro parto, explorada para


aproveitamento de leite.

Touro: macho bovino, inteiro, com mais de 3 anos de idade, geralmente


explorado como reprodutor.

Boi: macho bovino, castrado, usualmente com mais que 3 anos de idade, e
utilizado para trabalho (tracção animal).

31
SP

Marcação do Gado e Registos:

-a aplicação de um bom maneio, diferenciado entre as diversas classes e


animais da manada, pressupõe que cada animal deva então possuir o respectivo
registo zootécnico, o qual só se torna possivel através da sua identificação
individual.

Técnicas e Normas a respeitar na Marcação de Reses:

-a marcação dos animais visa acima de tudo permitir a manutenção dos


respectivos registos e o acompanhamento individual da cada animal. Os animais
podem ser marcados através de brincos nas orelhas, de tatuagens em diferentes
partes do corpo, tintas especiais, figuras ou numeros marcados a ferro quente,
etc. Ë essencial que as marcas sejam permanentes, que não causem
desconforto ao animal, que sejam fácilmente entendidas e visiveis a certa
distancia do animal. Em qualquer sistema que seja utilizado, aconselha-se
contudo que um sistema numérico seja aplicado. Ë usual a utilização do primeiro
numero referente ao ano em curso e os segundos (terceiros) digitos ao numero
sequencial do nascimento do animal. A utilização de brincos nas orelhas de
diferentes cores, que se podem referir a um mesmo ano, ou aos filhos de um
mesmo touro, também facilita a identificaçao imediata de acordo com o critério
estabelecido para a côr.

Alguma confusão pode ocorrer no registo se forem confundidos brincos de côres


similares (exemplo: laranja e vermelhlo). Ainda no sistema de brincos, podem
ser utilizados brincos de plástico ou metálicos. O perigo de perda de brincos e
ainda o perigo de perda da numeração no brinco pode levar a perda de
acuracidade no registo dos eventos.

A marcação de animais por tatuagens ou a marcação a quente tem o perigo de


desvalorizar a pele dos animais quando estas sejam aproveitadas para a
industria de curtumes. A marcaçao dos animais é normalmente aconselhável ser
realizada quando os animais sejam ainda jovens, nào só porque facilitará o
registo dos eventos mas temabém porque se torna mais fácil a imobilizaçào do
animal.

Algumas normas genéricas na marcação de reses: i) nunca repetir o mesmo


numero em dois animais, ii) permitir o máximo de informação possivel com o
minimo de figuras; iii) manter o sistema simples por forma a ser fácilmente
perceptivel; iv) no caso de marcas a quente, posicionar as mesmas ou na bossa
dos Zebús ou nos membros posteriores; v) ter o equipamento de marcação
sempre disponível.

32
SP

Sistemas de Registo Produtivo e Reprodutivo:

Os registos constituem um importante instrumento de maneio e de tomada de


decisão no maneio da manada e na avaliação do desempenho financeiro da
unidade. Os registos são acima de tudo um conjunto de informações, que
permitem identificar os animais de acordo com os seus níveis de produtividade,
o seu estado de saúde, o seu desempenho reprodutivo e fertilidade, o ritmo de
crescimento, o consumo de alimentos, entre outros factores de análise
produtiva. Permitem identificar os problemas e sua natureza, quando estes
ocorram, e tomar as medidas correctivas adequadas.

Os registos devem conter informação essencial para o controlo dos aspectos de


interesse, sendo que demasiado pouca informação não permite um análise
profunda e informação em demasia torna a análise quase impossivel e pode
conduzir a falhas de registo.

De extrema importancia são os registos em manadas de leite. Não só porque as


produções podem variar diáriamente e consequenetemente o consumo, mas
também os estágios produtivos ou reprodutivos em vacas de leite são mais
flutuantes ao longo do ano que em vacas de corte (detalhes em capítulos
posteriores).

O calendário circular, no qual cada vaca é identificada com um alfinete ou


marcador próprio e cujas posições se mudam diáriamente consoante a operação
que seja indicada, é um exemplo de controle de registo muito importante em
gado de leite. Contudo, este calendário circular não substitui o registo no livro ou
em pastas, fichas, cartões, e outras formas de registo individual e permanente.

ORGANIZAÇÃO DA MANADA LEITEIRA:

uma manada de leite é um grupo de animais de espécie bovina explorados para


produção de leite. A manada leiteira apresenta a seguinte estrutura:

Touro: normalmente constitui 0.5% do efectivo de vacas. O método de


reprodução mais adequado na manada de leite é a Inseminação Artificial (IA).
Caso seja por cobrição natural, aconselha-se a cobrição á mão ou dirigida. No
caso de existencia de novilhas problemáticas (cios de difícil detecção) é
aconselhável o uso de touros receladores ou de touros (relativamente jovens e
não muito pesados) para a sua cobrição.

Vacas: esta classe na manada de leite está normalemnete sub-dividida em duas


manadas. Uma das vacas secas e outra das vacas em lactação. Esta divisão
exige instalações apropriadas, mão de obra disponível e alto nível de
especialização no maneio aplicado, uma vez que é diferenciado. Quanto maior
ao nível de especialização na unidade, esta classe pode ainda ser sub-dividida

33
SP

em vacas prenhes, vacas vazias, vacas recém paridas, vacas de alta, média e
baixa produção. Esta última solução é contudo demasiado onerosa.

-Vacas Secas: não superior a 20–30 % do efectivo de vacas.

-Vacas Lactação: geralmente entre 50-54 % do efectivo da manada.

Observação: o refugo em vacas de leite pode variar entgre os 17–20% por ano.
Os motivos podem ser variados. Ë importante um bom sistema de registos, para
que se siga a história individual de cada vaca.

Novilhas: o principal objectivo desta classe é o seu rápido crescimento com o


fim de substituição das vacas ou o aumento do efectivo. Caso nào seja para
nenhum destes casos, são vendidas como reprodutoras após cuidadosa
selecção. Constituem no mínimo cerca de 30 – 40 % da manada. As novilhas
por sua vez e em funçào do seu desenvolvimento e incorporação na reprodução
são sub-divididas em:

-Novilhas de 1–2 anos: normalmente 14–15 % do efectivo

-Novilhas de 2–3 anos: 13–14 % do efectivo.

Esta sub-divisão facilita o maneio alimentar e reprodutivo.

Novilhos: os machos são normalmente eliminados das manadas leiteiras, com


excepção dos poucos (30% do efectivo de touros) que eventualmente sejam
seleccionados para a substituição futura do touro. Os novilhos são vendidos
para unidades de engorda ou formam manadas distintas com esta finalidade.

Vitelos/as: normalmente divididos em dois grupos, os vitelos em aleitamento e


os vitelos desmamados. Os machos são normalmente vendidos logo após o
desmame ou ao ano de idade. São separados das vitelas, ás quais se aplica um
maneio cuidadoso que permita o seu crescimento saudável e equilibrado. O
maneio alimentar é de extrema importancia nesta fase de cria, principalmente a
gestão do stress que se segue ao desmame. Quanto mais precoce seja o
desmame mais cuidado se deve ter com esta classe.

ORGANIZAÇÃO DA MANADA DE CORTE:

-é um grupo de animais explorado para a produção de carne. Geralmente


criados em regimes extensivos, tem caracteristicas muito diferentes do maneio e
organização das manadas de leite. Os regimes de maneio caracterizam-se pela
organização de manadas de fêmeas separadas das manadas de machos, em
cercados por vezes de vastas extensões, sendo as manadas recolhidas quando
necessário para os centros de maneio.

34
SP

Touros: recomenda-se uma proporção de 1:18 ou 1:25. A proporção acima


pode variar com a idade do touro, tamanho da manada e topografia do terreno.
Touros mais jovens e menos experientes necessitam de uma proporção menor
para permitir melhor desempenho, enquanto manadas menores permitem uma
proporçào maior fêmeas por touro, já que a detecção das fêmeas em cio será
possivel por uma menor dispersão dos animais. Finalmente a topografia do
terreno influencia na mobilidade dos touros por entre a manada de fêmeas e
portanto a cobrição das fêmeas em cio. Os touros podem estar
permanentemente com as vacas nas manadas de corte ou por épocas de
cobrição (geralmente de 3 – 5 meses).

Vacas: São cerca de 38–40 % da manada. Na época dos nascimentos podem


formar uma nova manada e ficarem em cercados mais perto dos centros de
maneio.

Novilhos: são sub-divididos em dois grupos, sendo um de recria e outro de


engorda e acabamento. O grupo de recria poderá permanecer com os vitelos
desmamados, uma vez que as vitelas (fêmeas) são separadas dos vitelos ao
desmame (por volta dos 6-8 meses)

Novilhas: constituem cerca de 40% do efectivo. As restantes novilhas serão


vendidas ou abatidas. Devem ser regularmente examinadas para permitir uma
selecção acurada para características do seu desenvolvimento, conformaçào e
condições ginecológicas.

Vitelos/Vitelas: permanecem com as mães até aos seis meses. Após o


desmame, são agrupados em vitelos desmamados ou ficarão com o grupo de
recria de novilhos.

Bois: exitem em manadas sem especialização ou onde se pratique a tracção


animal. Geralmente castrados por volta dos 2 anos de idade ou mais tarde, são
treinados e utilizados para o trabalho por volta dos 3 anos de idade.

35
SP

Mapa de evolução do efectivo bovino

1.1 Mapa de evolução do efectivo bovino:

Entradas Nascimentos Saidas

Classes Efec, Mudança Vitelos Vitelas Total Mortes Vendas Efec.


inicial de Final
classe
Touros
Bois
Vacas
Novilhos
de 2-3
anos
Novilhas
de 2-3
anos
Novilhos
de 1-2
anos
Novilhas
de 1-2
anos
Vitelos
Vitelas
Total

INDICADORES DE PRODUTIVIDADE E CÁLCULO DE ÍNDICES


PRODUTIVOS E REPRODUTIVOS

Entende-se por indicadores de produtividade os valores estimados de produçào


esperada num efectivo, com base em observações repetidas de uma
determinada espécie e raça sob condições de maneio específicas, e para um
determinado fim produtivo. Como refere o próprio nome, os indicadores orientam
e estabelecem uma base de comparativa, para que no desenvolvimento e
implementação de um empreendimento pecuário seja possivel estimar os
resultados esperados, podendo estes no entanto ser superiores, em condições
melhoradas de maneio, se comparadas áquelas em que os mesmos valores

36
SP

tenham sido estimados. Os indicadores de produtividade, por sua vez, são


calculados com base em dados de registos e por fórmulas matemáticas simples,
para os indicadores mais comumente utilizados. Estas fórmulas permitem o
cálculo de taxas ou índices específicos, como sejam, a título de exemplo:

Taxa de Fertilidade :

Taxa de Fecundidade:

Taxa de Mortalidade (calculada por classes):

Produção Carne /Vaca/ Ano:

Vitelos desmamados/Vaca/ Ano:

Produção/ Carne/ Ha:

Manadas de Leite / Principais Indicadores de Produtividade

Classe % na Indices de Taxas de Observações


Manada Fertilidade Mortalidade
Touros
Vacas
Novilhas
2-3 anos
Novilhas 1-
2 anos
Novilhos
Vitelas
Vitelos

37
SP

Manadas de Corte / Principais Indicadores de Produtividade

Classe % na Indices de Taxas de Observações


Manada Fertilidade Mortalidade
Touros
Vacas
Novilhas
2-3 anos
Novilhas
1-2 anos
Novilhos
2–3
Novilhos
1–2
Vitelos/as

Modelos de Desenvolvimento

1. MANEIO DE GADO BOVINO DE CORTE E LEITE POR CLASSES DA


MANADA.

3.1. O VITELO

O Vitelo de Corte

Denomina-se por vitelo o animal jovem desde o nascimento até 1 ano de idade e
dependendo do sexo por vitelo (macho) ou vitela (fêmea). A obtênção de um vitelo
robusto e de boas condições fisicas é de primordial importancia pois a produção de
carne (peso vivo ao abate) e substituição dos animais do rebanho dependerá em
parte destes animais mais jovens.

O desempenho do sistema de produção de gado de corte sustenta-se em três


pontos básicos:

-o melhoramento genético que oferece animais com melhor potencial produtivo;

-a nutrição animal que vai colocar à disposição dos animais o balanceamento


nutricional ideal para o momento fisiológico do animal com vista a garantir a
expressão genética e, finalmente,

-o controle sanitário que vai proporcionar o bem-estar do animal, garantindo,


junto com a nutrição, a resposta produtiva esperada pelo investimento.

38
SP

Para evitar o comprometimento deste sistema, tornam-se indispensáveis


medidas preventivas que diminuam a morbidade e mortalidade, causas
freqüentes de queda de produção. Portanto, o maneio sanitário de vitelos
assume uma função importante.

Sem vitelos a nascer não há produção de carne. Há muitos problemas na criação


de vitelos e muitas vezes chega-se a encontrar mortalidades de até 20 - 50% em
determinadas unidades pecuárias. Isto origina prejuízos muito elevados para os
criadores.

Para evitar o comprometimento da produção de carne, tornam-se indispensáveis


medidas preventivas que diminuam a morbilidade e mortalidade, causas
frequentes de queda de produção. Portanto, o maneio sanitário de vitelos
assume uma função importante.

Optando-se por medidas profiláticas dos vitelosos de corte, vale a pena lembrar
que, em Moçambique as cobrições concentram-se na estação chuvosa
(Dezembroo a Fevereiro), e os nascimentos no período de Setembro a
Novembro. Devido a essa concentração de nascimentos, há uma série de
medidas preventivas a para serem executadas, sob pena de se ter uma grande
perda econômica.

A primeira decisão que um produtor de leite tem que fazer é sobre os vitelos
que ele irá criar:

-Todas as fêmeas e todos machos


-Algumas fêmeas para futuras reprodutoras e engordando todos os machos
-Machos apenas para engorada e abate

Intrínsecos a uma boa criação de vitelos estão os seguintes objectivos:

-obtenção de uma vaca saudável e vigorosa


-obtênção de uma vaca com boa capacidade corporal
-uma grande longevidade produtiva
-uma vaca que produza o primeiro vitelo o mais cedo possivel.

Em muitos dos países tropicais o leite é requerido pelo vitelo e também pelos
donos dos animais para as suas familias, sendo poucos os casos em que os
animais são criados com base em leite artificial.

5.3.1. OS CUIDADOS COM A VACA GESTANTE E NO PARTO

Para que se tenha sucesso na criação de animais jovens é necessário que se


adoptem uma série de medidas relacionadas, principalmente, com a sanidade e
nutrição dos animais. Estas devem começar ainda na fase de vida intra-uterina.

39
SP

O feto ganha metade do seu peso nos últimos meses de gestação da vaca
(últimos 3 meses), periodo durante o qual a prioridade para a utilização dos
alimentos da dieta passa a ser o desenvolvimento do feto, fluidos e menbranas
fetais.

Caso a dieta apresente deficiências nutricionais a vaca gestante canalizará as


suas próprias reservas para o desenvolvimento da cria. Dependendo do nível e
tipo destas deficiências o desenvolvimento do feto poderá ser prejudicado.
Deficiências de energia; proteína; fósforo, Iodo; cobalto; manganês; selénio e
Vit. A; D e E resultam em problemas no desenvolvimento do feto, baixa
qualidade do colostro e baixa qualidade e quantidade do leite. Dependendo do
tipo e nível de deficiencia, podem ocorrer em casos mais severos abortos, nados
mortos, animais com defeitos fisicos e mesmo animais mais leves e susceptíveis
a doenças.

Recomenda-se um ganho médio diário de (gmd) 600 – 800 g / dia para as


vacas gestantes, durante o último terço de gestação, podendo para tal recorrer-
se a suplementação alimentar. Deve-se contudo evitar extremos: magreza ou
obesidade.

As vacas deverão ser secas , conduzidas e mantidas no pasto-maternidade de


fácil acesso pelo menos 60 dias antes do parto. Esta área deverá ser pequena,
plana, com boa qualidade de pasto, boa drenagem, ter acesso a sombras e
protecção contra chuva e ventos fortes, água fresca e limpa sempre disponível e
carga animal adequada.

Esta organização da manada, possibilitará a suplementação e a distribuição de


água de boa qualidade. Además, a manutenção das vacas nestes pastos e a
interrupção da lactação possibilitará: assistencia ao parto em caso de
necessidade; assistencia ao vitelo; verificação da evolução do seu peso;
correcção dos suplementos; e acima de tudo uma lactação e colostro de boa
qualidade e quantidade.

Algumas doenças dos vitelos podem ser evitadas com um esquema de


vacinação adequadaas vacas durante a gestação.

O controle da brucelose por exemplo é importante tanto do ponto de vista


econômico, pela redução das perdas de animais durante o período de gestação,
como também quanto ao aspecto de saúde pública, uma vez que esta doença
pode ser transmitida ao Homem

O exame de brucelose e a identificação dos animais positivos é uma ferramenta


importante para a realização do controle. A vacinação ministradas em dose
única em fêmeas com três a oito meses de idade também é uma forma efectiva
de controle da brucelose.

40
SP

No caso da febre aftosa, deve-se seguir a orientação do órgão de sanidade


animal e sua política de controle desta doença, rigorosamente, para que o
rebanho não perca peso e, além disso, possa ser mais competitivo no mercado
internacional.

CUIDADOS COM O VITELO APÓS O NASCIMENTO:

Os cuidados a ter com os vitelos após o nascimento devem seguir uma rotina de
higiene e assistencia que garanta o seu desenvolvimento saudável.

O parto dura até um máximo de 1 hora. Se o mesmo durar mais do que este
tempo, deve-se intervir no sentido de ajudar o vitelo a sair.

O parto deverá ocorrer num local limpo, seco e protegido. Logo após o
nascimento, a vaca geralmente lambe a cria recém nascida retirando-lhe as
mucosidades que vêm aderentes ao feto (as mucosidades aderentes á boca e ás
narinas do vitelo). Quando a vaca lambe o vitelo este movimento serve de estimulo
á respiraçao, circulação ao mesmo tempo que o limpa e enxuga.

Para o bom desenvolvimento dos vitelos, a "cura do umbigo" é fundamental para


evitar contaminações pelo ambiente externo e instalações de míases. O
consumo adequado do colostro e a "cura" bem feita do umbigo podem ser
responsáveis por 70% da prevenção das doenças de vitelos.

Alguns problemas podem surgir, devendo ser resolvidos da seguinte forma:


-Se a cria for abandonada pela mãe ainda coberta pelas secundinas, o tratador
deverá remove-las manualmente, limpando-as com um pano limpo e seco ou
palha seca (feno) friccionando ao mesmo tempo.
-Se o cordão umbilical não se tiver rompido durante o parto, o tratador deverá
fazer uma ligadura a 6 cm do abdómem e cortar 3 cm depois dessa ligadura e
desinfecta-lo com tintura de iodo a 10% ou outro produto similar.
-Se o vitelo ficar sem dar sinal de vida, é necessario que a sua respiraçao seja
forçada por meio de respiraçao artificial ou massagens á parede toracica
(movimentos de compressao) da seguinte maneira:

-Deite água fria na cabeça para estimular o funcionamento pulmonar;


-De forma intermitente pressione a caixa toráxica para tentar despertar os
movimentos respiratórios;
--Faça respiração artificial fechando a boca e uma das narinas do vitelo. Depois
sopre ar na outra narina até encher o pulmão.
--Pressione a caixa toráxica e repita esta operação até o animal respirar
normalmente.

Pouco depois, sendo vigoroso o vitelo ficará de pé e procurará mamar. Devera ser
auxiliado, pois as tetas por vezes sao muito grandes ou a vaca nao o aceita bem

41
SP

de início. É importante que o vitelo mame o colostro nas primeiras 6 horas após o
seu nascimento.

Os bovinos adquirem imunidade pela ingestão do primeiro leite materno


segregado imediatamente após o parto – o colostro. O colostro providencia ao
vitelo uma variedade de anticorpos que o protegem contra as doenças ás quais a
mãe é resistente, bem como contra aquelas com as quais a mãe esteve em
contacto. Se a transmissão dos anticorpos é de alguma forma prejudicada, resulta
num sério prejuízo para a saúde do vitelo.

Os anticorpos (imunoglobulinas) são macromoléculas que inicialmente não são


digeridas, atravessando intactas a parede intestinal para a corrente sanguínea.
Este mecanismo de absorção funciona apenas nas primeiras 22 horas (4 horas).
Imediatemente após este período, a absorção das imunoglobulinas decorre como
a de qualquer outra proteína. A quantidade de imunoglobulinas ingeridas pelo
vitelo após o nascimento é de vital importância para o seu desenvovimento normal
e saudável. O vitelo deve consumir 6 a 8 kg de colostro no primeiro dia e consumir
o máximo possível durante as primeiras 36 a 48 horas de vida. O período crucial
de toma de colostro vai desde as 6 até 22 horas após o nascimento.

5.3.2. O VITELO E SEU AMBIENTE FISICO

Neste ponto são abordados os factores fisícos que interferem no conforto e bem
estar dos vitelos. Nestes factores podemos contar o clima, alojamento apropriado,
a temperatura ambiental, a humidade relativa, a ventilação, a radiação solar e a
higiéne do ambiente que os rodeie de uma forma geral. Estes elementos podem
afectar de forma directa ou indirecta na vida dos animais.

CLIMA-os efeitos do clima actuam directamente na produção da pastagem que


por sua fez afecta no crescimento dos animais devido a sua boa ou má qualidade.
Nos paises tropicais as variações entre o inverno e verão produzem efeitos
distintos na produção de pastagem e no ganho de peso dos animais.

TEMPERATURA-A temperatura ambiente mais propícia para a cria de vitelos é de


25o C (13 -28o). O afastamento desta temperatura óptima determina reacções de
ordem fisiológica no próprio animal, de maior ou menor grau, que se podem
traduzir objectivamente por modificações de temperatura corporal e aumento da
frequencia respiratória, quando se trate de um aumento da temperatura ambiental
assim como diminuição da ingestão de alimentos. Abaixo dos 13o C, o vitelo
começa a sofrer e um grau abaixo desta temperatura, provoca perda de peso.

Temperatura Crítica : é aquela a partir da qual os animais deixam de poder manter


a sua temperatura corporal sem alteração dos normais processos fisiológicos.

42
SP

Nota-O Gado Zebu suporta geralmente melhor, temperaturas ambientais mais


elevadas que o gado exotico "bos taurus", tanto pela sua maior adaptação como
possivelmente por ter uma taxa metabolica mais baixa.

RADIACÇÃO SOLAR-os vitelos devem ser sempre protegidos da exposição


directa aos raios solares. Recomenda-se a toma de raios solares nas primeiras
horas da manha e com o tempo ainda fresco, pois também são necessários para a
sintese da Vit. D e prevenção do raquitismo.

HUMIDADE-a humidade relativa mais apropriada é de 65-70%. Por vezes


encontram-se na literatura valores mais elevados de H.R. recomendados, mas
deverá o leitor tomar em consideração que quanto maior a temperatura ambiental
tanto menor deverá ser a humidade relativa. Uma humidade relativa elevada 75 -
80% além de uma temperatura ambiente de 25 - 30o C ou abaixo de 13o C provoca
um grande incomodo e uma maior propensão para as doenças do aparelho
respiratório.

VOLUME DE AR-Deve-se assegurar um volume de ar de 4 m3 como mínimo e de


5.5 m3 como máximo. Em construções cerradas deve-se assegurar 20 m3 no
inverno e 80 m3 no verão

5.3.2.1. INSTALAÇÕES PARA VITELOS OU VITELEIROS

O uso de instalações inadequadas e o seu mau maneio e higiene podem constituir


um dos factores mais importantes na ocorrência de altas taxas de mortalidade ou
morbilidade em vitelos de carne. A eficiência de uma instalação poderá estar
directamente relacionada com o grau de conforto e qualidade do ambiente que ela
pode proporcionar aos animais. Alta humidade, falta de ventilação, drenagem
inadequada, concentração excessiva de gases e de amónia, podem levar á
proliferação de bacterias e outros agentes patogénicos, com elevado número de
casos de diarreias e doenças respiratórias.

O tipo de alojamento varia de acordo com os sistemas de criação utilizados e o


clima da região, desde o de ambiente controlado ao coberto simples e improvisado
de capim / palha. Embora os vitelos não consumam pasto ou forragem durante as
primeiras semanas de vida, um pequeno cercado com graminal verde e tenro deve
ser acessivel para o exercício dos animais em dias de clima bom e sua habituação
ao pasto. Proteção contra o sol deverá ser provida na forma de árvores com
sombras frescas ou sombras artificiais.

Quatro aspectos são fundamentais no planeamento de instalações para vitelos:

(a)-VENTILAÇÃO: Essencial para reduzir a transmissão de doenças, para além de


reduzir a acumulação de gases e amonia nas instalações. A ventilação adequada
dependerá da temperatura ambiental, época do ano, número e concentração de
animais, etc. Não deve haver correntes de ar e a temperatura não não deve ter

43
SP

variações elevadas ao longo do dia. A verificação de uma ventilação adequada


pode ser feita pela presença ou não de odores desagradáveis e presença de
gases (amóniaco, principalmente, derivado de excrementos, mesmo após as
limpezas habituais).

(b)-INDIVIDUALIDADE: as vitelas deverão sempre que possivel estar separadas


fisicamente umas das outras, pelo menos nos dois primeiros meses de vida. Isto
diminui o risco de transmissão de doenças e permite a manipulação do alimento de
acordo com as necessidades de cada uma. Determinados autores recomendam
que após o nascimento, os vitelos de raças leiteiras deverão ser alojados em
compartimentos individuais até que atinjam um peso ideal de 90 Kg num espaço
mínimo de 2 m2.

(c)-CONFORTO: importante para manter as vitelas saudáveis e diminuir o stress.


Significa ambiente limpo e seco, camas mudadas regularmente, principalmente se
húmidas ou sujas com excrementos, protecção contra ventos, sol, chuva; materiais
seguros (sem pontas aguçadas, cortantes, etc). Os pisos das boxes deverão ter
cama, e se possivel serem de ripado elevado. Fácil acesso aos alimentos.

(d)-ECONOMIA: essencialmente de mão de obra. Deverão permitir um baixo


número de trabalhadores para a limpeza e rotinas diárias, serem fáceis de limpar e
facilitar a distribuição do alimento.

Os vitelos de corte geralmente são mantidos com sua mães durante todo dia pelo
que, os vitelereiros são usados em em caso de maneio intesivo e ou quando se
criam vitelos provenientes de outras unidades de produção com o objectivo de
engordalos para o abate precocemente.

5.3.3. SISTEMAS DE CRIAÇÃO

Quanto ao ALOJAMENTO, os vitelos podem ser criados em sistemas:

- FECHADOS (ESTABULADOS) ou
- ABERTOS (NAO ESTABULADOS) ou
- PARCIALMENTE FECHADOS/PARCIALMENTE ABERTOS.

Quanto á ALIMENTAÇÃO, os vitelos podem ser criados em sistemas de:

- ALEITAMENTO NATURAL
- ALEITAMENTO ARTIFICIAL

SISTEMAS DE ALOJAMENTO

44
SP

A)-SISTEMA FECHADO (ESTABULADO)

A forma mais praticada deste sistema é aquele em que os vitelos sao conservados
num viteleiro coberto com uma pequena área disponivel para o exercício dos
animais. Geralmente em farmas de cria intensiva e de forma a manter o melhor
maneio possivel, recomenda-se a manutençao dos vitelos em boxes individuais
desde o nascimento ao 1 mês de idade. O essencial do viteleiro é que deverá
proteger os vitelos da chuva e do sol provendo uma boa sombra, deverá ser fácil
de limpar, devendo ainda manter os vitelos quentes no tempo frio e frescos no
tempo quente.

O telhado deverá estar a, pelo menos, 3 m do chao, e as paredes laterais nao


serao imprescindiveis nos tropicos, desde que o telhado tenha largura suficiente
para proteger os animais da chuva. O chão deverá ser mantido limpo de ervas
para evitar parasitismo. No viteleiro, os vitelos serão contidos em boxes como foi
acima referido, que devem ter ferros galvanizados redondos, ou poderão ser de
madeira (ripas), com espaços entre eles que assegurem a ventilaçao mas evitem
que os vitelos tirem as cabeças por entre elas. Nestas boxes, geralmente
recomenda-se a elevação do piso, o que facilita não só a limpeza mas evita a
acumulação de excrementos.

Contudo, alguns autores reportam que não foram registados maiores ganhos de
peso em animais mantidos neste sistema quando comparados com vitelos
mantidos em piso terreo. Reconheceram no entanto, que a incidencia de diarreias
foi menor nos primeiros. Foi ainda reportado que em qualquer dos casos o uso
contínuo dos boxes levou ao aumento de mortalidade e maior incidência de
doenças. Nestas boxes deverá haver dois recipientes para a distribuição de
concentrado e para a distribuição de leite, este último ficará na parte exterior da
boxe. Em certas farmas com raças mestiças ou zebuínas, a toma de leite poderá
ser natural directamente da vaca, se os animais forem diáriamente levados ás
suas mães para mamar.

Nas boxes os animais permanecem 10 dias a 1 mês, dependendo das condiçoes


de maneio, saindo diáriamente por algum tempo quando o clima permite, para
pequenas áreas de pasto ou alpendres de exercicio. Vão assim habituando o trato
digestivo também ás ervas tenras. Depois de um mês, são criados colectivamente
em alpendres bem protegidos, até aos 4 meses, aproximadamente, altura do
desmame, ou até aos 70 - 90 Kg.

B)-SISTEMA EM ABERTO (NÃO ESTABULADO)

Criar vitelos a pasto é possivel com iguais ou melhores resultados que em


confinamento em viteleiro, particularmente nos países tropicais e com maior
economia de custos. Neste sistema, os animais sao mantidos em cercados de cria
para vitelos com acesso a alpendres de sombra, logo após a primeira semana,
depois da toma de colostro, que deverá ser controlada. Há redução de custos de

45
SP

mão de obra, menores investimentos com instalações, e menor incidencia de


doenças como diarreias e problemas respiratórios, acompanhados portanto pela
redução de custos com medicamentos.

Os alpendres neste sistema não devem estar em locais húmidos, e a área sob o
abrigo deve ser de boa drenagem para evitar a formação de lama. Pode-se utilizar
inclusivamente camas, com base em palhas secas, cascalho, cascas de arroz e
outros materiais. Deverá estar disponível um bebedouro com água potável e fresca
e um local para a distribuiçao de concentrados e volumosos de boa qualidade a
partir do primeiro mês. Os animais permanecem com as suas mães nestes
sistemas pelo que a toma de leite será natural, podendo ou não ser restringida.

Efeitos negativos estão reportados quando os animais são levados para pastagens
infectadas em que ganham elevadas cargas parasitárias, com elevada
mortalidade. Mas cargas ligeiras são até aconselháveis, se controladas, pois
favorecem o desenvolvimento de imunidade, num periodo em que ainda têm anti-
corpos maternais. Recomenda-se que o produtor reserve uma área de
confinamento tipo «enfermaria» para os animais doentes, que serão
acompanhados, tratados e não contaminarão os restantes.

Neste sistema a época do ano parece ter influência nos resultados obtidos, uma
vez que a mortalidade foi maior durante o verão quente e chuvoso do que no
inverno frio e seco (Região Sudeste do Brasil)

(A.1)-ZONAS HUMIDAS EM PAISES TROPICAIS

Inconvenientes da criaçao em aberto, nos países tropicais húmidos:

-dificuldade em manter o pasto no cercado dos vitelos em bom estado nutritivo


(rápida lignificaçao das ervas pela alta pluviosidade).
-o ambiente tropical húmido favorece a proliferaçao de parasitas internos que
levam á infestaçao dos vitelos enquanto pastam
-mesmo que o cercado tenha sombras disponíveis é difícil manter os animais sem
Estarem sujeitos ao clima.

O conjunto destas três condiçoes tornam os vitelos fracos e geralmente quando


criados sob estas condições existem altas taxas de mortalidade. O ideal nestes
climas costuma ser a combinaçao de um sistema fechado e aberto (fechado de dia
e aberto de noite). Mas os vitelos nao serao mantidos num unico cercado, devendo
rodar entre vários cercados mesmo que tenham sido pastoreados pelos adultos,
desde que se ponham os vitelos apenas depois de 10 dias após a saida destes.

(A.2)-ZONAS ÁRIDAS EM PAISES TROPICAIS

46
SP

Nestes locais geralmente o risco de parasitismo é menor que nas zonas húmidas,
particularmente durante a época seca. O crescimento das pastagens, contudo, é
muito sazonal e desvantajosa. Recomenda-se tambem uma semi-estabulaçao
principalmente na época seca e fria, com garantia de suplementos.

C)-ALOJAMENTOS PARCIALMENTE FECHADOS / PARCIALMENTE


ABERTOS

O uso de ABRIGOS na pastagem, individualizados e com as caracteristicas acima


reportadas para as boxes constitui a caracteristica deste sistema. Podem ser
individuais ou duplos. Os animais apresentam menos problemas sanitários que no
sistema estabulado e menos que nos sistemas totalmente em aberto e colectivos.
Há maior consumo de concentrado por animal e melhores ganhos de peso,
principalmente se os animais forem mantidos afastados das mães.

Os abrigos permitem que nos primeiros 1 a 2 meses de vida as vitelas sejam


mantidas isoladas umas das outras, além de permitirem a mobilidade após a saída
de cada vitela. Abrigos duplos são também possíveis desde que os animais não
tenham contacto físico entre si. O consumo de concentrado aumenta,
provávelmente por o animal mais jovem aprender a consumir concentrado vendo o
mais velho.

Características desejáveis dos abrigos:

-devem dispôr de recipientes para o concentrado e volumoso na parte interna e


leite na parte externa;
-permitir a entrada de raios solares pela manhã; proteger contra os ventos fortes e
chuva;
-localizados em zonas de boa drenagem; de preferência com gramínea de porte
rasteiro;
-ter cama, ser limpos após a saida de cada animal e desinfectados, colocados em
local novo para ser ocupado por uma vitela recém nascida.

Inconveniente maior: desconforto para os tratadores que ficam sujeitos ao clima.

5.3.3.1-ESPAÇO VITAL PARA DIFERENTES ESPÉCIES PECUÁRIAS

ANIMAIS ÁREA POR CABEÇA

Bovinos: ----------------------------------
Bovino de corte 10 m2

47
SP

Bovino de leite (área coberta) 2.5 m2


Bovino de leite (área de exercício) 20 m2
Caprinos (áreas cobertas): ----------
Reprodutores masculinos 1.5 m2
Fêmeas adultas 1.0 m2
Substituições ou recrias 0.7 m2
Crias 0.5 m2
Suinos (áreas cobertas): ----------
Varrascos 6.50 m2
Maternidade, por porca 6.50 m2
Por porca em gestação 2.00 m2
Por porca em engorda 0.90 m2
Por porco em crescimento 0.40 m2
Coelhos: ----------
Dimensões das gaiolas 0.70 x 0.60 m = 0.42 m2
Patos: ----------
Reprodutoras 0.5 m2
Crescimento 0.35 m2
Patinhos 0.10 m2

5.3.3.2-COMEDOUROS E BEBEDOUROS (Comprimento por animal)

Espécie animal Comp. por animal Comp. do bebedouro


Bovino de corte --------------------
Vitelos 0.50 m 1.0 metro por cada 10
animais
Novilhos 0.60 m
Adultos 0.70 m
Bovino de leite 0.70 m 65 litros por vaca
Caprinos/Ovinos --------------------
Reprodutores masculinos 0.50 m
Fêmeas adultas 0.40 m 1.0 m por cada 25 ovelhas
Recrias 0.30 m
Suinos -------------------- -------------------------------
-
Porcas em gestação 0.40 m(4 porcas/módulo)
Porcos e acabamento 0.25 m (10 porcos/módulo) Comprimento/módulo:
1.5 m
Porcos em crescimento 0.20 m (12 porcos/módulo)

48
SP

Patos ---------------------- -------------------------------


Reprodutoras 3 cm/ave 1.5 cm/ave
Crescimento 3 cm/ave 1.25 cm/ave
Patinhos 1.2 cm/ave 0.8 cm/ave

5.3.4-ALIMENTAÇAO DOS VITELOS

As primeiras semanas de vida dos vitelos são extremamente importantes e


críticas, pois durante esta fase podem ocorrer muitas doenças e alta mortalidade.
Um aspecto fundamental para evitar perdas maiores, a par do maneio do ambiente
que o rodeia será uma nutrição e alimentação adequadas.Os vitelos comportam-se
nesta fase como monogástricos, uma vez que o desenvolvimento do rumen é
incipiente.

O abomaso ocupa cerca de 60% do volume total antes do desenvolvimento do


rumen (recomenda-se a leitura da fisiologia digestiva dos ruminantes e do vitleo
em particular). A goteira esofágica abrindo-se para os alimentos liquidos, conduz
estes para o abomaso, sendo que não se abrindo frente a alimentos solidos leva
estes para o rumen, estimulando assim o inicio da ruminação, pelo
desenvolvimento da micro-flora ruminal. Este é o principio fundamental que orienta
a recomendação de iniciar-se o mais cedo possivel a expôr os animais a pequenas
quantidades de alimentos solidos.

5.3.4.1-O COLOSTRO

È a secreção da glandula mamária no início da lactação e pode durar entre 3 a 6


dias. O colostro não tem valor comercial, mas é o alimento que garante a
sobrevivência do vitelo. O colostro após o nascimento serve para todas as
necessidades alimenticias do vitelo. A sua composiçao e natureza transforma-se
ao longo dos primeiros 3 - 5 dias após o parto. A importancia do vitelo ter acesso
ao colostro logo após o parto e dentro das primeiras 6 - 8 horas e até 24 horas é
dada pelo facto de as gama-globulinas (IG) serem totalmente absorvidas pelas
paredes do intestino nesse periodo (eficiência de absorção de 25%). Depois deste
tempo o epitélio intestinal torna-se impermeável ás IG.

Os anticorpos contidos no sangue do vitelo sobem numa concentração de 0 para


60 gr (1,5/100 ml). Depois deste periodo, pequeno ou nehum aumento é registado.
O primeiro colostro contém 10 - 12% de IG pelo que 2 Kg fornecem 200 gr de IGs.
Posteriormente, o leite ainda contém, mas em menor quantidade, anticorpos, pelo
que se recomenda 3 dias de colostro e depois, pelo menos, leite completo ate aos
7-10 dias de idade antes de utilizar-se substitutos.

Quando por qualquer razao o vitelo nao consegue tomar o colostro por si,
devemos da-lo manualmente ou ajuda-lo a mamar, garantindo pelo menos a toma
de 2 litros (raças grandes) e 1 litro (raças pequenas) ou quantidades similares (5%

49
SP

do peso vivo) nas primeiras 6 - 8 horas . Quando o vitelo está com a mae chega a
mamar 6 - 8 litros de colostro. Nas primeiras 24 hrs completas deverá ter tomado
pelo menos 5 – 6 ltrs de colostro. È mais importante o colostro com elevada
concentração de IG do que grandes quantidades de colostro sem IG. Não se deve
diluir nunca o colostro. Portanto factores chave para o maneio de colostro:
tempo, qualidade e volume ingerido.

Vitelas de vacas altas produtoras deveriam receber uma maior quantidade de


colostro, mesmo por sonda esofágica, pois estas ao produzirem maiores
quantidades de colostro têm menor concentração de IG. O risco de indigestão por
colostro é práticamente inexistente. O colostro poderá ser fornecido fresco ou
conservado por congelação ou fermentação.

a-Composição do colostro

O colostro é mais concentrado que o leite inteiro normal. É mais rico em proteína,
a qual é constituída pelas gamaglobulinas. O colostro também apresenta o dobro
da quantidade de minerais do leite normal. É mais rico em vitaminas –
especialmente das vitaminas A e E assim como de muitas do grupo B.
Adicionalmente, o colostro contém uma variedade de componentes celulares – os
macrófagos – capazes de atacar e destruir bactérias e fungos. Por isso, pode
dizer-se que o colostro tem um efeito de antibiótico. O colostro é uma importante
fonte de nutrientes para o recém-nascido. Administrado a recém-nascidos, o
colostro tem um efeito laxativo que no entanto só causa diarreia quando
administrado a vitelos adultos.

b-Preservação do colostro

Nunca se deve deitar colostro fora. Este alimento pode ser congelado em
pequenas porções e conservado durante 6 meses sem o risco de se estragar.
Também pode ser preservado em formalina ou acidificado com ácido acético.
Aquecimento excessivo pode provocar a coagulação da proteína e
consequentemente levar a uma perda do seu poder imunizador.

c-Colostro artificial

Se o colostro não está disponível é possível a produção de colostro artificial de


acordo com a seguinte fórmula:
-1 ovo batido em 300 ml de água + 1 colher de chá de óleo de rícino e 600 ml de
leite inteiro.
Esta mistura é administrada uma vez/dia á temperatura corporal do vitelo (39oC).

Erros de maneio frequentes com o uso do colostro

-Infecções por E. coli são uma importante causa de mortalidade em vitelos. A


introdução de vitelos estranhos á unidade pode resultar na introdução de estirpes

50
SP

estranhas áquelas contra as quais o colostro local confere imunidade. Também, a


introdução de fêmeas em fase avançada de prenhês pode resultar na produção
de colostro sem anticorpos adequados ao novo ambiente devido a uma
insuficiente exposição da mãe.

-O tempo decorrido entre o nascimento do vitelo e a toma do colostro pode ser


longo. O máximo colostro deve ser ingerido entre 6 e 22 horas após o nascimento
do vitelo.
Nos casos em que o aleitamento é feito artificialmente pode ser que o colostro de
poucas vacas recém-paridas seja misturado com o leite de muitas vacas paridas
há mais tempo, resultando em que a concentração dos anticorpos é menor.

5.3.4.2-SISTEMAS DE ALEITAMENTO

Existem diferentes formas de fornecer leite aos vitelos. Quando o aleitamento é


natural , a cria permanece com a mae. Quando é artificial o vitelo é encaminhado
para a sua boxe individual. O tratador devera ensiná-lo a beber pelo balde.

(1)-ALEITAMENTO NATURAL

O aleitamento natural é o mais antigo método que consiste na sucção directa


dos tetos pelo vitelo até que a vaca seque ou que as necessidades alimentares
do vitelo sejam satisfeitas pela pastagem e estes param de chupar. Nos últimos
tempos ja se pratica o desmame foraçado dos vitelos.

Este sistema de aleitamento é claramente não aceite em gado de leite onde o


principal objectivo de criação é a produção de leite para a comercialização da
maior quantidade possível por vaca.

Tês métodos de amamentação podem ser descritos:

A-AMAMENTAÇÃO INDIVIDUAL
É o método que apresenta melhores resultados quando o crescimento dos
vitelos constitue prioridade da eploração.

Vantagens:
-Os vitelos recebem o colostrum atempadamente e em quantidades suficientes
-Os vitelos recebem o leite com correcta composição
-Os vitelos recebem o leite a temperatura óptima (temperatura do corpo), não
necessitando de dequipamento para o seu aquecimento
-O leite encontr-se livre de infeccões bacterianas
-Não se requere labouroso trabalho para se ensinar os vitelos como se alimentar
-Os vitelos podem consumir o leite em pequenas quantidades em intervalos
frequentes que permitam a sua passagem e digestão eficiente no abomasum.

Desvantagens:

51
SP

-Custo de manutenção das vacas, por forma a garantir que estas deiam um vitelo
por ano.

Apesar destas vantagens e desvantagens é importante chamar atenção que em


determinadas condições é necessário subsidiar este método de produção de
vitelos. Sabendo-se que um vitelo não tem capacidade para esgotar o úbere da
vaca, portando em zonas onde não haja facilidades de se comercializar o leite de
vaca o excesso de leite das vacas pode ser mungido para o cnsumo caseiro ou
mesmo para venda.

B-AMAMENTAÇÃO DUPLA

A amamentação dupla é recomendada para redução dos custos de vacas em


amamentação, em casos de compra de vitelos distribuindo-se assim os custos
de manutenção por dois vitelos. Infelizmente este sistema não ocorre muito na
prática. A procura de outro vitelo do mesmo tipo na mesma altura do nascimento
de um determinado vitelo é muito defícil. Entretanto nestes casos em de grande
importância adiministrar alimentação em níveis adequados a vaca por forma a
suportar dois vitelos sem baixar o seu perfil reprodutivo.

C-AMAMENTAÇÃO MÚLPTIPLA

Este método é aplicado com sucesso por criadores de vitelos que se encontram
em áreas onde podem obter vitelos a partir de criadores vizinhos. Para o efeito a
vaca deve ter boa produção de leite (13,5 a 18 litros por dia) para amamentar
mais de oito vitelos até as 10 ou 14 semanas de vida por lactação. A vaca pode
amamentar um grupo de três vitelos durante 110 - 12 semanas, seguido de outro
grupo de três vitelos durante igual período e finalmente um grupo de dois vitelos
nas 10 -12 semanas subsequentes. Esta claro neste sistema que a vaca não
pode ter um vitelo por ano.

Neste sistema as vacas e os vitelos são alojados separadamente introduzindo-se a


vaca na boxe dos vitelos duas or três vezes por dia. Concentrados e feno devem
ser administrados aos vitelos apartir da segunda semana de vida.

SUPLEMENTAÇÃO DE VITELOS DE CORTE

A prática da suplementação de vitelos de corte, em zonas tropicais, cumpre


muitas vezes a finalidade de beneficiar a vaca em seu potencial reprodutivo.
Com relação ao vielo, tal suplementação destina-se a compensar a quantidade
insuficiente de leite produzida pela mãe, principalmente a partir do terceiro mês
pós-parto, ou durante períodos desfavoráveis do ano. Tratando-se de raças
zebuínas, a situação é ainda mais crítica no que se refere à produção leiteira da
vaca. A suplementação também é usada quando há interesse do criador em
promover o máximo de peso e vigor em novilhos e novilhas para a venda de
futuros reprodutores.

52
SP

O período compreendido entre o nascimento e o desmame é a fase da vida do


animal em que se apresentam as mais altas taxas de ganho de peso,
alcançando, em apenas sete meses, cerca de 25 a 35% do peso final de abate.
O leite oferece nutrientes indispensáveis ao vitelo, sob uma forma simples e de
fácil absorção, de maneira a suprir as exigências relativamente altas nesta fase.
Até certo ponto, quanto mais leite o vitelo recebe da mãe, mais depressa ele
cresce. Porém, a relação entre esses dois fatores (produção leiteira da mãe e
ganho de peso da cria) diminui bastante de intensidade, depois das primeiras 16
semanas de vida. Acredita-se, portanto, que a partir da idade de 3 a 4 meses,
boa parte dos nutrientes necessários ao vitelo de corte provenha de outras
fontes e não do leite materno.

Independente da época do ano em que realiza o desmame, muitas vezes


observam-se vitelos com peso corporal inferior ao seu potencial. Isto se deve,
provavelmente, à deficiência de nutrientes essenciais, tanto no leite das mães
quanto nos pastos. Para contornar possíveis deficiências nutricionais, algumas
formas de suplementação de vitelos foram desenvolvidas.

SUPLEMENTAÇÃO PRÉ-DESMAMA

a) "Creep-feeding" (comedouro privativo)

"Creep-feeding" é uma forma de suplementação com ração balanceada em


comedouro, dentro de um cercado, com acesso somente ao vitelo. É um sistema
prático que visa à suplementação da cria sem separá-la de sua mãe.

Embora haja indícios de uma melhora da eficiência reprodutiva da vaca, o


"creep-feeding" visa especialmente ao vitelo. Tem como objetivo o aumento do
peso à desmama, bem como acostumá-lo à suplementação no cocho.

Essa prática deve trazer vantagens econômicas, quando os animais são


submetidos a sistemas mais intensivos de criação, como, por exemplo, o
confinamento logo após o desmame para engorda e abate com pouco mais de
12 meses. Entretanto, quando esta suplementação é feita em vitelos que serão
recriados e engordados a pasto, os resultados não são favoráveis, sob o ponto
de vista econômico. À medida que o período da recria se prolonga, o efeito da
suplementação se dilui.

Um outro aspecto a ser considerado é o da eficiência do "creep-feeding" em


função da época da estação de cobrições. Como era de se esperar, tal sistema
apresenta melhores resultados com épocas de cobrição em que os vitelos serão
suplementados justamente durante a estação seca.

É importânte lembrar, entretanto, que o êxito de qualquer suplementação


depende dos vitelos consumirem, de facto, a ração oferecida. Para tal, algumas

53
SP

práticas de maneio podem ser observadas, inicialmente, quando se usa o


sistema de cocho privativo:

1-Juntar às crias um vitelo que játenha iniciado no sistema, servindo como


chamariz por alguns dias;

2-espalhar um pouco de ração do lado de fora do cercado, junto aos locais de


passagem dos vitelos, de maneira que as vacas possam "ensinar" suas crias a
comer. Depois colocar próximo ao cocho, dentro do cercado; e

3-permitir o acesso ao comedouro, tanto das vacas quanto dos vitelos, durante
alguns dias.

O sistema de "creep-feeding" exige a instalação de um cercado resistente, com


seis fios de arame liso e distância entre os postes de, no máximo, quatro metros.
Seu tamanho depende do número de vitelos a serem suplementados. A
localização do cercado deve ser junto às áreas de descanso das vacas
(malhadouro), às aguadas, ou nas proximidades do comedouro de sal.

Sugestões de dimensões para o cercado e do comedouro:

área do cercado: ± 1,5 m2/cria (deixando espaço de, no mínimo,

2 m entre o comedouro e a cerca para circulação).

acesso de entrada exclusivo ao vitelo: 0,40 m de largura x 1,20m de altura (com


esteios fincados bem firmes).

número de entradas: 4 para 50 vitelos 8 para 200 vitelos

comedouro com comprimento de 0,10 m/cria, e largura possibilitando


a alimentação de dois animais (um de cada lado), simultaneamente.

Admitindo-se que muitos criadores não contam com uniformidade dos vitelos,
recomenda-se, ainda, separar vitelos e suas mães em dois ou três lotes de
idades mais próximas. Destarte, assegura-se na ingestão satisfatória de
forragem para todos os animais. O mais prático, entretanto, é o uso de uma
estação de monta mais curta (2-3 meses), quando possível.

PREPARAÇÃO DA RAÇÃO

A ração para "creep-feeding" pode ser a mesma do desmame precoce, sendo


facilmente preparada. Uma mistura contendo de 16 a 20% de proteína bruta
garante um bom crescimento ao vitelo.

54
SP

Para formular uma ração satisfatória, basta misturar 70 kg de quirera de milho


com 30 kg de farelo de soja, ou soja em grãos (teor de proteína bruta entre 28 e
30%) e adicionar 3% de sal mineral fornecido para as vacas de cria, ou 1% de
sal comum (branco) e 2% de farinha de ossos calcinada, ou fosfato bicálcico.

O milho pode ser substituído por sorgo, farelo de trigo etc., bem como a soja
substituída pela torta de algodão ou similar. Na fase final, alguns autores
recomendam adicionar um suplemento de vitamina A, tendo em conta o
reduzido teor de caroteno na época seca.

Inicialmente, espera-se que os vitelos consumam de 200 a 400 g/cab/dia. Com o


decorrer do tempo, eles aumentam gradativamente a ingestão, chegando a
atingir, na fase final, 2 a 2,5 kg/cab/dia. Pode-se oferecer a quantidade de 1% do
peso vivo médio de cada lote, para cada animal por dia, durante o período de 3
a 4 meses. As crias deverão complementar sua alimentação com o pasto.

Uma observação interessante é a de que vitelos aceitam melhor grãos inteiros


do que triturados, ou ainda ração sob a forma de peletes do que farelada. No
caso do milho e do sorgo, devem ser grosseiramente triturados para aumentar o
aproveitamento no trato digestivo. A ração deve ser renovada, periodicamente,
no cocho, de maneira a não faltar nem sobrar. Normalmente, quando é fornecido
1% do peso vivo, não há sobra.

Para o criador, é muito importante conhecer a economicidade do sistema. Preço,


época de compra e disponibilidade da ração, bem como seu uso racional,
podem, eventualmente, favorecer a relação custo da ração/preço do bezerro.
Entretanto, é preciso não esquecer que, além das despesas com suplementação
em si, ocorrem gastos adicionais com o novo tipo de maneio a ser usado.

Em todo o caso, deve-se levar sempre em consideração que um vitelo bem


nutrido, durante o primeiro ano de vida, é capaz de suportar maiores estresses
climáticos e/ou orgânicos.

b) "Creep-grazing" (ou pasto privativo)

Ainda pouco utilizado, o método consiste em uma suplementação com pasto


diferenciado, ou seja, os vitelos também permanecem juntos com suas mães e
têm acesso exclusivo a um cercado constituido por plantas forrageiras de alto
valor nutritivo, pequeno porte e alta densidade. Ex: a leucena pode ser usada
quando bem manejada. Com relação às instalações, as exigências são
semelhantes às do "creep-feeding", sendo o tamanho do cercado proporcional
ao número de vitelos e à produção de matéria seca da forrageira escolhida.

FORMAS DE ALEITAMENTO NATURAL DE GADO DE LEITE APLICAVEIS


PARA VITELOS DE LEITE DESTINADOS A CORTE CRIADOS EM UNIDADES
LEITEIRAS:

55
SP

A)-AMAMENTAÇÃO NATURAL LIMITADA: é a única praticada nas exploraçoes


extensivas por ser o método mais simples, mais prático e que exige menos gastos
com instalaçoes, equipamento e pessoal. Aparenta ser o melhor método para as
farmas em condiçoes tropicais em que se quer algum leite para vender, mas não
se pretende ter custos com o leite artificial. A amamentação pode ser limitada no
tempo ou na quantidade de leite a que o vitelo tenha acesso. O vitelo não está
permanentemente com a mãe e não consome todo o leite que a mãe produz. Na
primeira semana o vitelo fica com a mãe e mama quando quer, sendo no entanto o
úbere da vaca esgotado duas a três vezes por dia pois o vitelo nao consegue
esgotá-lo mamando.

Notas: Recomenda-se leitura adicional sobre sistemas africanos com vitelo


presente para o estimulo da descida do leite e depois da amamentação, a
utilização das sobras, bem como os casos de uso de grupos de vacas (restricted
suckling) para amamentção tanto em Bos indicus como B. taurus X B. indicus. É o
caso das vacas madrastas que podem amamentar dois ou mais vitelos (até 8) e
deverão produzir pelo menos 4,5 ltrs de leite por vitelo. Caso as disponibilidades
de pascigo não o permitirem, as vacas deverão receber suplementação (Ver Milk
Production in the Tropics, A. Chamberlain).

Modalidades que se podem implementar:

1)-Separação á noite e amamentação durante o dia - Da segunda semana em


diante o vitelo é retirado á mae durante a tarde e noite, para voltar a estar com ela
na manhã seguinte após a ordenha.

2)-Amamentação em duas tetas : Melhor sistema que o anterior consistindo em


ordenhar dois tetos totalmente e dois deixar por completo ao vitelo.

3)-Amamentação depois da ordenha : um teto de cada vez oferecido ao vitelo de


forma rotativa durante o primeiro mês, no segundo mês os quatro tetos são
ordenhados e esgotados pelo vitelo. Esta prática leva que o vitelo tenha só o leite
residual de cada teto o que é mau para o vitelo, pois pode provocar perturbaçoes
digestivas por ser muito gordo e alterar a qualidade do ordenhado. No entanto,
pesquisas evidenciaram que os vitelos neste maneio ingeriram 4 kg de leite /dia no
primeiro mês e 2 litros no segundo mês, em vacas com 3 000 Kg de leite por
lactação.

O desenvolvimento destes vitelos foi tão bom quanto outros alimentados em


sistemas de aleitamento artificial, e as vacas produziram 10% a mais de leite
comercializável durante a lactação. Após os 60 dias a vitela só é levada á
presença da mãe para permitir a descida do leite.

56
SP

Em qualquer das circunstancias, as vitelas deverão ter á disposição a partir da


segunda semana de idade, água e um bom concentrado, para compensar a
redução de ingestão de leite.

Desvantagens deste sistema: nao permite o controle leiteiro do rebanho, torna


impossivel a determinaçao da quantidade de leite consumida pelo vitelo, aumenta
a quantidade de leite necessaria para a cria do vitelo (periodos mais longos para
atingir o peso de desmame) , de modo que é de certa forma anti-económico.

(2)-ALEITAMENTO ARTIFICIAL

Este é geralmente usado para a criação de vitelos provenientes de explorações


leiteiras para onde as projenitoras não podem amamentar por razões económicas.
Este sistema consiste na administração de volumes restritos de leite de vaca e ou
leite artificial (substituto) em baldes. Estudos feitos indicam que os vitelos para o
corte apresentam melhor eficiencia no crescimento quando alimentados
naturalmente. Um vitelo sob aleitamento natural ganha 1.5 Ibs diariamente durante
as primeiras 12 semanas de vida, enquanto os outros ganham apenas 1.2 Ibs em
igual perído de vida.

O aleitamento artificial deve ser dado aos vitelos que não tenham possibilidade de
aleitamento natural, e este deve ser praticado o mais efeicientemente possível. Os
vitelos em aleitamento artificial deveram consumir volumes de leite mais ou menos
iguais aos vitelos em aleitamento natural para permitir ou seja quantidades de leite
que os possibilitem desenvolver o seu real potencial de crescimento.

Para que seja possivel é necessário que a vaca desça o leite sem a presença do
vitelo. Que haja produções por vaca acima de 8 kg / dia e que haja boa higiene dos
utensíleos.

Vantagens deste sistema:

- permitir a alimentaçao de acordo com as necessidades reais do vitelo


- possibilita o controle leiteiro com grande exatidao
- é económico e baixa o custo de criaçao do vitelo
- facilita o controle de doenças
- facilita o desmame precoce
- a morte da cria nao prejudica a produçao da vaca e vice versa.

Aproximadamente 5 ltrs de leite por dia ou seus substitutos deverão ser dados nas
primeiras 3-6 semanas, sendo suficientes para a maioria dos vitelos. Ò apetite dos
vitelos aumenta de dia para dia mas os alimentos liquidos não deverão ser
aumentados para promover o aumento do consumo dos concentrados e feno e
encorajar o desenvolvimento da microflora bacteriana. O custo da cria dos vitelos é
menor desta forma.

57
SP

Desvantagens: exige pessoal mais qualificado, meios e equipamento, assim


como maior vigilancia. Recomenda-se leitura adicional em referencia ao que
acontece com os vitelos de bos indicus assim como com as respectivas vacas.

Neste sistema recomenda-se que os vitelos sejam pesados de 8 - 8 dias para


verificar se estao crescendo correctamente e poderem ser alimentados de acordo
com as necessidades reais. A verificação da temperatura do leite também joga
papel importante. Recomenda-se:

Temperatura do leite: Primeira semana 33- 38 º C; na segunda semana de 30º C


e na terceira semana 20ºC.

Higiene do balde: diaria

5.3.4.3-CARACTERISTICAS DOS ALIMENTOS PARA OS VITELOS DO


ALEITAMENTO ATÉ AO DESMAME

LEITE

-No primeiro e até ao segundo mês de idade (6 – 8 semanas) o alimento do vitelo


deve consistir de leite integral ou inteiro. Sendo um alimento caro, deverão
procurar-se alternativas alimentares de boa qualidade para diminuir gradualmente
os níveis de ingestão ou mesmo procurar substitutos de menor custo.

-A melhor alternativa é o colostro, o qual mantém elevada qualidade e pode


corresponder ás necessidades das vitelas neste periodo de cria. O colostro
excedente de vacas altas produtoras, poderá ser armazenado, em porções iguais
ao consumo de cada animal, seja por congelação (a melhor forma, embora a
mais cara) seja por fermentação (que não dura por tão largos periodos de tempo e
pode ter a palatabilidade reduzida e a aceitação por parte dos vitelos também
reduzida). O ideal é fornecer o colostro excedente em fresco aos animais mais
velhos (depois dos dois meses de idade) existentes. Alternativamente ao colostro
são os sucedâneos comerciais de leite ou seus substitutos. Parte dos
componentes de origem láctea são substituídos por produtos de origem vegetal
(soja, por exemplo) ou animal (peixe) principalmente para substituir a proteina
lactea.

-São aconselháveis sucedâneos que tenham as seguintes caracteristicas: (1) teor


de PB de 18 – 22 %; (2) teor de gordura entre 10 – 22 % (climas frios há maiores
necessidades de energia); (3) Fibra de 0,2%; (4) Vit A, D e E. O ideal é a utilização
de proteínas derivadas de proteinas lácteas (proteina concentrada de soro de leite
desidratado; leite desnatado desidratado, proteína derivada de farinha de soja
desidratada; proteina concentrada de soja, etc) do que proteinas de origem animal
(peixe) que trazem maus desempenhos.

58
SP

-O leite proveniente de vacas com mastite poderá ser utilizado desde que de vacas
com mastite sub-clínica. Leite com pús, sangue, grumos, no caso de mastites
clinicas deverá ser descartado. Assim evitam-se perdas económicas maiores pela
não utilização comercial deste leite. A mistura de leite de mastiticas e de colostro
excedente pode fornecer a quantidade de leite necessária sem o recurso aos
sucedâneos. A distribuição de leite pode ser em duas tomas ou numa unica toma,
desde que ás mesmas horas e igual temperatura.

CONCENTRADOS

-O consumo de alimentos sólidos aumenta á medida do desenvolvimento


fisiológico do rumen. O aumento do seu consumo é o factor mais importante para
permitir o desmame o mais precoce possivel. A palatabilidade é um critério muito
importante na escolha do concentrado inicial para vitelos(as). Quanto mais
palatável, maior o consumo e mais rapidamente a habituação. Ao preparar o
concentrado é importante estar atento a:

a)-textura grosseira (facilita a ingestão)


b)-sabor agradável (7 – 10% de melaço pode ajudar)
c)-nível baixo de fibra (6-7%)
d)-nível alto de energia (NRC)
e)-níveis adequados de proteína (16-18%) NRC (2001)
f)-Vitaminas (pre-mix)
g)-Minerais (fosfato di-calcio)

Medidas de maneio que podem também estimular o aumento de consumo de


concentrado: diminuição gradual da dieta liquida; fornecer uma só vez ao dia, de
manha ou de tarde; concentrado inicial o mais cedo possivel disponível (depois da
segunda semana de vida); colocar um pouco na boca da vitela ou no fundo do
balde depois do leite; dar água fresca. No concentrado inicial recomenda-se
composição de boa qualidade:

- milho, farelo de soja; farelo de algodão; misturas minerais e vitaminas. Gorduras


limitadas, independemente de altos requerimentos de energia por parte das vitelas.
Após os 60 dias pode-se usar concentrados de menor custo.

Quantidade de concentrado: dependerá dos volumosos e sua qualidade,


oferecidos aos vitelos, bem como do nível de crescimento desejado e da idade ao
primeiro parto que seja desejada / estabelecida (com base no peso vivo).

500-900 g / dia / animal com 12 – 16% de proteina; 70 - 76% de TDN; 0.90 – 1 de


cálcio e 0,55 – 0.75% de fósforo, dos dois aos seis meses de idade (até ao
desmame).

Um exemplo de um concentrado de iniciação (ver Pinho Morgado)

59
SP

VOLUMOSOS

Desde que de boa qualidade, podem ser dados a partir da segunda semana de
idade a par de um bom concentrado inicial. O consumo, contudo até aos dois
meses é muito baixo, e os requerimentos do vitelo são mantidos á custa de dieta
liquida e concentrados. Bons fenos são melhores que forragens verdes que por
sua vez são melhores que silagens.

Alimentos fermentados, como estas últimas, só são melhores digeridos a partir


dos 3 meses de idade. O feno é melhor por apresentar uma qualidade mais regular
que os capins verdes que maturam e têm maior irregularidade na sua composição.
Os pastos de boa qualidade podem também ser uma opção.

ÀGUA

Deve ser dada o mais cedo possivel pois tem sido apontada como estimulando o
desenvolvimento de bacterias no rumen através das pequenas quantidades que
nele entram. As bactérias do rumen precisam de água para se desenvolver.

5.3.4-DESMAME

O DESMAME É O PERÍODO EM QUE O VITELO PASSA A OUTRA


ALIMENTAÇAO.

Até que o rumen se desenvolva e os pré-estomagos, o vitelo comporta-se como


um animal monogastrico , permanecendo portanto numa alimentaçao á base de
leite que pode ser absorvida pelo abomasum. Este ocupa no vitelo 70% do volume
de todos os pre-estomagos, enquanto que nos animais adultos apenas 7%.

O desmame é comumente efectuado entre os 7 e os 8 meses de idade. O


desmame pode ser efectuado por separação parcial ou total entre as vacas e os
vitelos ou pelo uso de placas nasais.

Separação parcial consiste na colocação dos vitelos recém-desmamados e das


mães em cercados contíguos. Neste sistema, o stress é bastante reduzido
embora durante muito tempo os animais (mães e filhos) se mostrem inquietos á
procura de formas de se juntarem.

Separação completa os vitelos são movidos para cercados distantes daqueles


em que as suas mães estão a pastar. As vacas permanecem nos seus cercados
originais por forma a reduzir o stress destas. Os recém desmamados devem ser
apascentados conjuntamente com animais adultos para se sentirem confortados e
aprenderem bons hábitos de pastoreio.

60
SP

Uso de placas nasais durante 7 a 14 dias impede a amamentação através de


uma barreira física. Tem a vantagem de reduzir o stress devido á presença tanto
da mãe como do filho.

O desmame pode ser feito por volta dos 3 - 6 meses de idade ou quando o vitelo
atinja os 70 Kg (raças grandes) e 45 Kg (raças pequenas). É importante :

-não forçar o desmame


-atender ao peso da cria
-atender a um consumo mínimo ao desmame de concentrado de 600 – 800 g /dia
(animais de raças pequenas como a Jersey de 400–500 g / dia)
-substituir para concentrados de crescimento com PB de 12-16%

Outros autores recomendam pesos mínimos de 80 Kg e ideal de 100 kg.

O desmame precoce pode ocorrer aos 24 dias de idade e pode ser abrupto,
depois de ter sido servido ao vitelo uma raçao diaria de 2.7 Kg de leite inteiro/dia.
Pode ser também gradual, quando se lhes dê 2.7 Kg por dez dias, depois 0.5 Kg
menos em cada semana ate que o vitelo seja desmamado aos 31 dias de idade.
Estes casos referem-se as farmas em que existem alternativas alimentares de boa
qualidade. Contudo, não se recomendam idades tão precoces de desmame, pois
as vantagens económicas de mais leite podem ser perdidas por aumentos de
mortalidade, doenças e menor crescimento das vitelas.
.
Aos 2 meses de idade os vitelos medios em países tropicais podem ingerir ate
0.45 Kg de concentrados/dia e aos 3 meses de idade pelo menos 0.7 Kg de
concentrados / dia. Caso sejam desmamados aos 3 meses de idade rapidamente
aumentam a sua ingestao de concentrados para 1.4-1.8 Kg / dia, assim como a
ingestao de forragens e fenos nas seguintes quantidades 1-1,5 kg / dia de feno e
2-3 Kg de forragem de boa qualidade. A forragem verde nao devera ser
demasiada, pois podem ocorrer diarreias e é pobre em nutrientes essenciais.

Dever-se-á fornecer tambem minerais, adicionado-os aos concentrados ou por


disponibilizaçao de blocos de minerais. As vitaminas, no caso de vitelos criados em
sistemas fechados, deverao ser-lhes ministradas por pre-misturas e caso estas
nao sejam disponiveis pela adiçao de olio de figado de bacalhau a dieta. Se os
vitelos estiverem a comer bem a ureia poderá ser a fonte de proteina depois de 6
meses.

Em media cada vitelo consome, até ao desmame, as seguintes quantidades de


alimentos: colostro, cerca de 12 Kg, leite inteiro, aproximadamente 275 litros, raçao
de desmame (concentrado) uns 100 Kg e feno pelo menos 100 Kg.

No maneio e considerando que esta é uma fase de elevado stress, em que


ocorrem outras actividades de rotina, recomenda-se que os vitelos permaneçam
na nova alimentação mas no mesmo ambiente pelo menos duas semanas.

61
SP

SUPLEMENTAÇÃO PÓS-DESMAMe (desmame precoce)

Ao contrário das outras duas práticas, o desmame precoce visa, especialmente,


à vaca. Já debilitadas, as vacas sofrem ainda mais devido ao longo período de
amamentação, comprometendo sua fertilidade. O desmame precoce permite
que as vacas recuperem seu estado corporal e manifestem o cio mais cedo.
Para a maior eficiência do sistema, entretanto, é preciso que esta prática ocorra
dentro da época de cobrições, possibilitando a reconcepção imediata.

Vitelos com 90-120 dias de idade são desmamados e colocados em pastagens


adequadas, bem afastados das mães (sem a menor comunicação).
Observações realizadas no Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte
(CNPGC) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), com
mães e crias desmamadas e separadas em pastos adjacentes, demonstraram
maior tranqüilidade, tanto para as vacas quanto para os vitelos, desde os
primeiros dias.

Entretanto, tal separação exige a existência de cercados apropriadas, evitando


possíveis mamadas. Para facilitar, alguns criadores usam manter as crias no
mangueiro por quatro ou sete dias pós-desmama, fornecendo água, ração no
cocho e capim fresco (sem picotar) à vontade. Pode-se, ainda, pulverizar a
ração com leite em pó para atrair as crias.

O pasto adequado para desmama deve ser formado com forrageiras,


obedecendo aos requisitos do "creep-grazing" (alto valor nutritivo, alta
densidade, palatabilidade e baixo porte), destacando-se entre elas o
Andropogon gayanus bem manejado.

Além do pasto, aconselha-se suplementar as crias com uma ração concentrada,


a mesma do "creep-feeding", até 6-7 meses, idade correspondente à desmama
tradicional. Estudos realizados com vitelos desmamados aos 90-120dias de vida
mostraram que eles conseguem, logo cedo, retirar do concentrado tanto de
energia quanto obteriam com o leite.

5.3.5. OUTRAS OPERAÇOES DE ROTINA

2-Descorna - muitas vezes o produtor nao quererá manter os animais que tenham
cornos, a
nao ser que pretenda utiliza-los mais tarde para outros fins (tracçao, por exemplo).
A descorna sera melhor feita por cauterizaçao dos pequenos cornos quando o
vitelo tiver 1 - 2 meses de idade. Isto pode ser feito com ferro quente, por meios
químicos ou pelo uso de intrumentos apropriados.

Existem várias vantagens em se realizar esta prática de maneio: os animais


tornam-se menos perigosos para os tratadores, tem tendencia a ser calmos,
ficam menos susceptíveis a lutas que podem provocar hematomas e danificar a

62
SP

pele causando uma má qualidade da carcaça e da pele, evita o risco de os


cornos crescerem em direção a face o que pode causar problemas de vista.

2.1-Castração–A remoção dos testículos impossibilita a produção de


espermatozoides e da principal hormona sexual masculina (testosterona)
Esta prática é descrita como promotora de deposição de gordura durante o
crescimento, evita o desenvolvimento das características masculinas e
comportamento agressivo.

Três métodos de castração são mais comumente usados, nomeadamente o


cirúrgico, o uso de um burdizo ou o uso de um anel de borracha.

a)-Método cirúrgico: assegura a esterilidade dos animais já que os testículos são


completamente removidos. Pode ser usado á qualquer idade.

b)-Método do anel de borracha: deve ser aplicado apenas durante a 1.a semana
de vida. A borracha é aplicada o mais próximo possível do corpo para
assegurar a constricção do cordão espermático.

c)-Método do burdizo: é aplicado quando os testículos e cordões espermáticos


estão suficientemente desenvolvidos por forma a serem distinguíveis
(geralmente a partir dos 2-3 meses de idade). Para garantir a máxima eficiência
do burdizo, este instrumento deve ser armazenado aberto.

3. Identificaçao - Os vitelos deverao ser identificados logo após o nascimento, o


que se torna mais importante no caso de rebanhos puros. Diversos tipos de
identificaçao poderao ser utilizados, sendo os mais comuns: fotografias, tatuagem
nas orelhas, chapas ou botoes metalicos fixados as orelhas.

Um bom método de identificação individual deve ser permanente e permitir que os


dados sejam facilmente legíveis a uma distância razoável. São mais
frequentemente usados as marcas na pele (fogo, cauterização química ou
marcação á frio), cortes nas orelhas, tatuagens ou brincos.

a)-Marcas na pele: Por ser um método trabalhoso só se aplica nas manadas-base


que permanecem na empresa. Os vários métodos matam os folículos pilosos,
deixando a superfície marcada livre de pêlos. Existem regras de marcação da
pele em cada região e país. (pormenores no semiário DINAP)

b)-Cortes nas orelhas: É um método permanente mas a quantidade de


informação que se pode registar nas duas orelhas é limitada. Ademais, os
cortes não são legíveis á distancia, para além de que nem sempre a
codificação dos diferentes cortes é universal.

c)-Tatuagens: São feitas usando um aplicador e tinta próprias, geralmente nas


orelhas e nalguns casos nos lábios. Apesar de providenciar uma marcação

63
SP

permanente, é difícil de ler, sendo impossível a sua leitura em animais pretos.


Usa-se geralmente em animais muito valiosos.

d)-Brincos: Nenhum dos diferentes tipos de brincos é perfeito, em termos de


permanência e legibilidade á distância. São geralmente metálicos ou plásticos.

4-Vacinaçao - logo após a idade de 4 meses (3 - 6 meses) as vitelas deverao ser


vacinadas contra a brucelose (dose reduzida)
- durante o 4º e 7º mes contra o carbunculo sintomatico;
-riquetsiose 30 - 45 dias
- salmonelose 7 - 14 dias
- babesiose e anasplamose 3 - 4 meses

5-Desparasitaçao dos animais - devera ser feita periodicamente de acordo com a


exposição (geralmente nos primeiros 15 dias e depois cada 30 dias ate a idade de
1 ano).
Banhos carracicidas - depois do 1 mes ou 45 dias.

6-Sol e Exercicio - os vitelos deverao fazer exercicio diariamente e ter


oportunidade para apanhar sol.

7-Higiene diaria - as instalaçoes deverao ser limpas diariamente, camas


trocadas, a agua mantida fresca e pura com mudanças diarias ou quando se
encontre suja. Os animais com o traseiro sujo deverao ser limpos caso contrario as
fezes secam e impedem-nos de defecar normalmente, etc.

8-Eliminaçao de tetos superfluos - em todas as vitelas com este problema o


mesmo podera ser resolvido facilmente com uma tesoura bem afiada e
desinfectada na 4 a 6 semanas de vida.

l-TIPOS DE EXPLORAÇÃO DE PEQUENOS RUMINANTES

As explorações de pequenos ruminantes podem ser descritas associadas a


todas as variantes descritas na introdução deste capítulo, nomeadamente os
diferentes tipos de sistemas de produção pecuária e que varia ainda consoante
as fontes alimentares, infra-estruturas, natureza e fins produtivos (objectivos da
produção, etc). As caracteristicas gerais dos sistemas aplicam-se igulamente em
bovinos como em pequenos ruminantes.

Segundo Williamson e Payne (1978), no sistema de subsistência normalmente


utilizado pelo pequeno criador, que possue poucos animais, os quais são criados
para responder as pequenas necessidades domésticas de leite e carne, os
animais podem ser pastoreados livres em pequenos rebanhos individuais ou
comuns, ou «amarrados á corda» (criação á corda).

l.1-Sistemas de exploração extensiva ou em liberdade

64
SP

Neste sistema os pequenos ruminantes pastam em grandes extensões de


terra marginal para a agricultura. O criador não exerce nenhum controle sobre
eles, principalmente sobre sua reprodução, apresenta o menor custo para o
criador, isto é, os investimentos neste sistema são baixos, utilizando a mão de
obra barata que inclue crianças para a pastagem dos animais . É o sistema
provavelmente mais utilizado para a criação de pequenos ruminantes em todo
o país. Os animais vão ao pasto em rebanhos ou atados perto das residências
em situação de número reduzido. Por vezes são fornecidos pés de milho ainda
verdes ou secos conforme a época de colheita de maçarocas ou milho
respectivamente.

Os animais são soltos no início do dia e recolhidos ao entardecer,


permanecendo cercados ou sob abrigos apenas no período da noite, onde
existem alguns perigos adicionais, como o de predadores naturais.

Os currais são construidos da mesma forma que os dos suinos, exceptuando


as varandas. Em alguns casos os animais jovens são separados dos adultos.
Neste tipo de currais é frequente a acumulação de matope e estrume na época
das chuvas.

Outros sistemas alternativos dentro do sistema extensivo, incluem os que a


seguir se mencionam:

l.ll. Sistema de corda

O sistema de corda e o extensivo são tipicamente tradicionais na África e outras


partes de América Central e na Ásia. Este sistema é muito usado quando se tem
pequeno número de animais (3 a 10), pois mais do que este número acarreta
grandes despesas na compra de corda.

Pode se considerar duas variedades de produção extensiva:

.Produção de pequena escala de cerca de 5 a 40 pequenos ruminantes


geralmente criados nas zonas peri-urbanas

. Produção de grande escala de cerca de 50 a 400 pequenos ruminantes


também criados nas zonas peri-urbanas e zonas rurais.

65
SP

O sistema de alimentação neste sistema inclue para além do pastagem natural o


corte de várias folhas de valor forrageira que é dada aos animais em verde.

l.lll-Instalações

A criação desta espécie é feita em livre pastoreio nas imediações das


residências ou levados a pastagem por garotos e, em casos raros, por pastores
contratados. Os currais são construidos da mesma forma que os dos suinos,
exceptuando as varandas Nalguns casos, os animais jovens são separados dos
adultos. Contudo, por os currais não serem elevados, verificam-se problemas de
locomoção devido a acumulação do estrume e matope na época das chuvas.

l-SISTEMAS DE PRODUÇÃO PECUÁRIA EM ANGÓNIA E TSANGANO

O potencial agrícola dos dois distritos favorece a criação de animais, quer


ruminantes quer monogástricos. Contudo, o reassentamento pós guerra e, o
crescimento da população obrigam a uma procura crescente de terrenos férteis,
chegando a ocupar áreas que antigamente eram destinadas a pastagens. Esta
pressão sobre o meio smbiente pode ser observada pela aparente escassez de
terrenos férteis suficientes em qualidade e quantidade para satisfazer as
necessidades de todos os habitantes. Verifica-se pelo facto, sinais notórios de
erosão.

Antes e pouco depois da aiandependência, Angónia e Tsangano tinham um


efectivo bovino de cerca de 100 mil cabeças. Actualmente, os dois distritos
apresentam um efectivo abaixo de 30 mil animais.

A produção de pequenas espécies mantém-se numa posição de destaque, não


só em termos produtivos mas também no social da família rural.

O camponês cria os animais para fazer um aproveitamento integral dos


subprodutos e sobras da sua produção agrícola. Por esse facto, não é capaz de
levar a sua viada de forma natural sem contar com os animais que normalmente
fazem parte da sua criação.

ll-Factores que determinam a criação de pequenas espécies

Que espécies o camponês decide criar, não depende apenas das condições
sócio-económicas e preferências. A guerra afectou e obrigou a população a
deslocar para outras zonas com segurança e, nessa deslocação iam também
animais. A situação vivida (falta de comida, roupa), obrigou muita gente a
desfazer-se dos animais. Por isso, com o retorno e reassentamento das famílias,
tiveram que reiniciar a criação, começando pelas pequenas espécies, mesmo
aqueles que já tinham animais. Apesar de neste actual momento, muitos terem
conseguido animais de grande porte, as pequenas espécies continuam a ser
importantes na utilidade sócio-económica da família e da comunidade rural.

66
SP

lll-Importância sócio-econõmica das pequenas espécies

A actividade agro-pecuária constitui a base económica dos dois distritos. As


populações praticam na sua maioria, uma agricultura de subsistência, ou seja,
uma produção de auto consumo. As populações têm na produção agrícola a sua
fonte segura para obtenção do alimento para o dia-a-dia. Alguns camponeses
levam alguns excedentes ou subtraem do disponível para o consumo da família
de acordo com as exigências das necessidades financeiras em cada momento,
são comercializados para a aquisição de produtos essenciais como o sal, sabão
e ou outros produtos.

As áreas destinadas a agricultura, muitas vezes são porções de terrenos


disponíveis e reduzidos que mal dão para sobreviver só com a produção de
cereais, o recurso a criação animal torna um complemento directo à actividade
agrícola.

As pequenas espécies embora sirvam para consumo, também constitui a fonte


segura para a satisfação dos problemas que requerem dinheiro na sua família.
Tem tem funções de carácter social como as práticas religiosas que incluem
cerimónias em memória dos defuntos, curandeirismo, e também de pedidos de
chuva, para além de cerimónias de casamentos, pagamentos de trabalhos a
terceiros, trocas por produtos alimentares e, solução de milandos entre os
residentes.

O camponês que cria animais tem possibilidades de recrutar mais mão-de-obra


na machamba atravês do emprego de ganho-ganho, o que aumenta o
rendimento agrícola da família.

IV-Caracterização dos sistemas de produção de pequenas espécies

a-Sistemas de produção de galinhas

A galinha é a espécie que quer pelo número de criadores, quer pela ordem de
preferência, se posiciona em primeiro lugar.

As galinhas são criadas de forma extensiva. Mantém-se em liberdade durante o


dia e, pernoitando na capoeira. Nesses distritos, os criadores constroem abrigos
para as galinhas, como forma de proteger contra os predadores. Também os
abrigos servem para manter as galinhas imediatamente após as sementeiras em
áreas cultivadas nas imediações da casa, para evitar que comam ou debicam as
semenntes postas na terra. Também por esse propósito, evitar conflitos com os
vizinhos.

a.1-Ninhos para postura e incubação

67
SP

Os ninhos para postura e incubação dos ovos são suspensos nas arvores ou
nas varandas da casa. Servem de ninhos os cestos de palha, panelas de barro
velhos ou outros recipientes. Alguns criadores fazem os ninhos sobre o piso de
terra, contudo, ficam susceptíveis aos predadores.

Existem 3 tipos de instalações para as galinhas

a)-Capoeiras feitas de barro, tijolo queimado ou não, ou pedras com cobertura


de palha, junto ou perto da varanda da casa ou no meio do quintal

-Essas capoeiras têm entradas bastante estreitas, permitindo apenas a entrada


das galinhas, dificultando a entrada de predadores como cão ou hiena

-As capoeiras deste tipo, dificultam a limpeza do interior, a visibilidade é muito


fraca, difícil controlo das posturas, mas conserva calor, o que é uma vantagem
para a +epoca fria

b)-Capoeiras elevadas, feitas de bambú ou caniço e palha, colocadas a uma


altura superior a um metro do chão.

-Tem um pequeno escadote ou estacas para permitir o acesso das galinhas ao


seu interior. Essas capoeiras permitem a manutenção da limpeza do seu interior,
permitem a defesa contra predadores, com a excepção de cobras.

c)-Aproveitamento da parte inferior dos celeiros de milho para proteger contra os


predadores.

-Nestes casos, pedras, tijolos ou matope são colocadas ao longo do pavimento


da base do celeiro, deixando uma pequena abertura que dá acesso ao interior
do abrigo.
-As famílias mais desfavorecidas abrigam as galinhas no interior das palhotas

a.2-Alimentação das galinhas

As galinhas alimentam-se daquilo que apanham no terreno à sua sorte.


Contudo, é-lhes dado também alimentação uma a duas vezes por dia, quando
há disponibilidade a base de milho em grão e farelo que só cobre a parte
energética.

Comem também quando estão esgravatando e pastoreando nas áreas a volta


das casas da aldeia, satisfazendo desta forma as necessidades em proteínas e
vitaminas. O farelo é dado em abundância após as colheitas e, famílias com
boas colheitas dão alimentação regular as galinhas ao longo do ano.

Na época de crise alimentar, há competição entre o consumo humano e o das


aves, pois nessa altura, o farelo torna-se comida.

68
SP

A água é geralmente fornecida em recipientes de barro, pratos partidos ou outro


material

a.3-Reprodução das galinhas

As galinhas apresentam-se de uma forma geral com maiores produções de ovos


e maiores índices de eclodibilidade durante os meses de Abril e Julho. Nessa
altura há abundância de alimentos e tempo frio.
Os menores índices de mortalidade nas ninhadas ocorrem de Fevereiro a Junho,
visto os campos estarem cobertos com culturas, reduzindo a visibilidade para os
predadores face as ninhadas.

Uma galinha põe em média 10-12 ovos e são todos destinados à incubação e,
regista –se um nível de eclosão de 8 ovos e uma sobrevivência de 5 pintos.

As posturas de Julho a Dezembro, apesar de os ovos se destinarem à


incubação, a taxa de eclosão é muito reduzida e grande mortalidade devido ao
frio, o vento e ataque intenso de predadores, por os campos se encontrarem
descobertos. Os pintos que sobreviverem dessas adversidades acabam
morrendo de Newcastle. De Dezembro a Janeiro morrem muitas galinhas e
pintos devido a Newcastle.

A actividade reprodutiva também é reduzida e, nesta fase há também há crise


de alimentos. O excesso de chuvas nessa altura, influi na morte de pintos por
afogamento e fracas infraestruturas de protecção dos rcém-nascidos. A oferta ao
mercado nessa altura também diminui
-uma galinha com 3 kg de peso, pode dar origem a 150 kg de carne ao ano

a.4-As doenças das galinhas

Newcatle-Os sintomas e as formas de disseminação são bem conhecidas pelos


camponeses. A doença tem ocorrido duas vezes por ano, sendo a primeira de
Março-Abril e a segunda de Setembro-Outubro.

O aparecimento de feridas a volta da cabeça desprovida de penas,


acompanhado por inchaço da cabeça e dos olhos, os criadores chamam de
Chikuirikuiti.
O frio e o vento dos meses de Julho e Agosto provocam mortalidades de pintos
nessa época.

As pulgas que atacam as partes desprovidas de penas nos olhos são outras
causas de algumas mortalidades.

a.5-Predadures de galinhas.
Milhafres
Cães
Gato bravo

69
SP

Ratos
Cobras
Esquilos
Hienas
Roubos
a.6-Como criar frangos em pequena escala

Segundo Alcinda Gaspar (2007), as capoeiras devem ter pavimento de cimento,


para facilitar a limpeza. A orientação do pavilhão deve ser no sentido Este-
Oeste. As paredes laterais a partir do piso, não devem exceder os 30
centímetros de altura. A partir dos 30 centímetros para cima, deve ser em rede
metálica. No topo da parede de alvenaria, devem ser fixadas as cortinas e,
separadas do tecto 20 centímetros. As cortinas constituem a fonte de ventilação
dos pavilhões.
Colocar serradura para servir de cama. Não havendo, pode-se utilizar casca de
girassol, casca de amendoim, casca de arroz e, também a casca de algodão. A
cama é espalhada de modo que fique igual em todos os pontos do pavilhão.

Os tabuleiros e bebedouros devem ser colocados e.afastados uns dos outros e


dos aquecedores. O número de pontos de água e comida devem ser de tal
forma que não haja mais de 50 animais por ponto. Os aquecedores devem ser
distribuidos de maneira uniforme, para que não haja grandes diferenças de
temperatura. Não devem existir zonas frias e, nem muito quentes.

Controle da alimentação

Ração Gramas por ave


Ração inicial (A1) 800 a 1.000 gramas
Ração intermédia (A2) 2.000 gramas
Ração final (opcional) 500 gramas

O consumo de água deve ser ilimitado. As aves não devem andar mais de 2
metros para chegar a água. Se uma ave beber 80 mililítros de água, vai
consumir 40 gramas de ração e, vai ter um ganho de peso vivo de 20 gramas..

Densidade

Pintos de: Pintos por metro quadrado


1 dia 50
4 dias 43
8 dias 36
12 dias 29
16 dias 22
21 dias 15
22 dias 10 a 12 no verão e 15 no inverno

70
SP

Fazer registos de pintos recebidos e, pintos mortos ao longo da criação, assim


como o consumo da ração.

Indices de avaliação do lote

Peso médio = peso vivo de todos : número de aves retiradas


Ganho de peso diário = peso médio : idade ao abate
Consumo médio = Consumo total da ração : número de aves retiradas.
% mortalidade = número de aves mortas : número de pintos vivos recebidos

2-Sistemas de produção de patos


Instalações

A semelhança das galinhas, os patos são recolhidos às capoeiras durante a


noite, podendo ter acesso aos abrigos a todo o momento. Normalmente as
instalações no meio camponês são comuns para galinhas e para patos. A não
ser que haja separação, quando existem instalações elevadas para galinhas.

a.1-Alimentação

A alimentação para patos é a mesma que é fornecida para as galinhas. No


entanto, os patos consomem melhor as forrageiras a volta da casa do que as
galinhas, chegando a constituir uma autêntica praga, razão do seu confinamento
quando as culturas ainda são pequenas.

a.2-Reprodução

O criador acha que o pato resiste melhor as adversidades à sua existência,


razão de menor atenção, comparativamente a atenção dada as galinhas.
Contudo, considera que esta espécie mostra maiores índices de produção de
ovos do que as galinhas. Consegue produzir uma média de 12 ovos, com a
média de eclosão de 72% e com uma sobrevivência média por ninhada de 63%.
Contudo, a maior mortalidae acontece antes das 3 semans de vida. Os
predadores das galinhas também são predadores dos patos.

a.3-Sanidade

Alguns criadores sabem que o pato também apanha a doença de Newcastle


mas com menor grau em relação âs galinhas. Outros dizem que não sofre de
doença como a galinha. Alguns dizem que a falta de água é factor limitante para
a expansão da espécie e, o frio e vento contribuem para uma elevada
mortalidade dos patinhos.

3-Sistemas de produção de suinos

71
SP

Os porcos normalmente pastam em liberdade nas pastagens, recolhendo aos


currais à noite. Os currais ou pocilgas são construidos com tijolo queimado
coberto com palha, enquanto outros são feitos de estacas também com
cobertura de palha. Contudo, a acumulação de estrume e matope na época
chuvosa, e a reduzida redução das dimensões que limitam a movimentação do
animais, constituem problemas na criação de suinos.

Segundo Morgado (1981), são os seguintes os princípios básicos para um


maneio adequado:

a)-máximo aproveitamento dos recursos locais na alimentação e nas instalaçoes


destinadas à produção de suinos
b)-o máximo de produtividade possível dentro dos condicionalismos locais,
atravês de:
-um nível nutritivo adequado, evitando as carências nutritivas e mudanças
bruscas alimentares
-uma boa defesa sanitária, e medidas profilácticas adaptadas à nosologia
existentes
-efectivos reprodutivos geneticamente são e de boa qualidade, susceptíveis de
atingir bons níveis de fertilidade, viabilidade e carcaças aceitáveis pelo mercado.
c)-a utilização de sistemas que representem os menores custos de produção
possíveis e adaptados ao nivel de qualificação profissional e às condiçoes das
regiões da produção
d)-localizar as instalações em zonas que permitam fácil drenagem dos produtos
rsiduais, para prevenir a contaminação ambiental

a.4)-Alimentação

Os suinos do Sector Familiar, são alimentados basicamente com farelo de milho,


resíduos do fabrico da bebida tradicional, restos de cozinha e restos de
hortícolas. Contudo, nem todos os criadores possuem o hábito e domínio de
administrar verduras por desconhecimento do tipo de verduras consumidas
pelos animais.

Formas de maneio alimentar adequado:

1-Aproveitamento de recursos locais, evitando dependênvia de alimentos de


outras proveniências
2-Produção local de forragem para alimentação
3-Com base nos cereais ou outros produtos existentes, proceder misturas locais,
enriquecendo com outros produtos possíveis de adquirir em outras
proveniências próximas
4-Dispor de produtos e sub-produtos agrícolas de pouco ou nulo valor para o
homem, assim como sub-produtos industriais para os animais

72
SP

5-Bagaços de soja, de girassol, de copra ou outros restos industriais, para além


de restos de frutas sem valor, assim como a produção de forrageiras para
alimentação de animais.
6-Para além de alimentos, a disponibilidade de água é indispensável.

a.5)-Reprodução

-A maior parte dos criadores do Sector Familiar conseguem com o maneio


tradicional, obter um parto por porca por ano. Entretanto, outros com noções e
melhores condições de criação, conseguem dois partos. O macho normalmente
se pede por empréstimo a outros criadores, dentro do sistema de fomento
tradicional, cujo pagamento pelo serviço é atravês de crias, em função do acordo
pré-estabelecido.

-Não é normal fazer o desmame dos leitões, por isso, os leitões ficam todo o
tempo com a porca. O desmame acontece de forma natural, quando a porca
começa a rejeitar os leitões. Por essa forma, é nuito difícil ocorrer dois partos por
porca e por ano.

-O número médio por ninhada oscila ente 6 a 8 leitões nascidos com uma
sobrevivência de 4 a 5 leitões. A substituição das fêmeas acontece, quando as
porcas completam 3 a 4 anos, o que significa ter dado no mínimo 2 partos.

-Na selecção dos próximos reprodutores, escolha machos com 8-9 meses de
idade e, com o peso mínimo de 100 kg de peso vivo, enquanto que, as fêmeas
deverão ter 7-8 meses de idade e, tiverem um mínimo de 80-90 kg de peso vivo,
cerca de 50% do peso de adulto, e depois de 2º ou 3º cio.

-A norma é de um macho para 10-12 fêmeas. As fêmeas deverão ser cobertas


à mão logo que fiquem imobilizadas quando se lhe carrega nos lombos-reflexo
de imobilização. -Repetir o salto 12 horas depois, se necessário.
-Injectar vitamina AD3E aos varrascos e porcas em reprodução de 3 em 3
meses, assim como o cálcio e fósforo se necessário.

CUIDADO COM A PORCA GESTANTE

-Isolar as porcas cobertas para um curral ou cercado das porcas gestantes


-Existindo parasitismo, aplicar anti-parasitários 2-3 semanas antes do parto
-Lavar e desinfectar a maternidade antes da entrada da porca. Deve-se deixar a
cela com desinfectante 1 dia, findo o qual se lava com água.
-Lavar a porca com água e sabão, esfregando a região das tetas e, proceder
uma desparasitação externa.

CUIDADO COM A PORCA DURANTE O PARTO

-Vigiar a porca durante o parto, intervindo apenas em caso de necessidade

73
SP

-Procure reanimar os leitões que nasçam aparentemente mortos

CUIDADOS DEPOIS DO PARTO

-Separar os leitões da porca e desinfectar o cordão umbilical


-Cortar as pontas dos dentes
-Juntar novamente os leitões
-Distribuir os leitões em excesso para outras porcas dentro dos primeiros 3 dias
-Verificar se a porca tem leite ou, sinais de mastite ou metrite
-Não havendo leite, faça aleitamento artificial
-Limpar a cela após o parto

CUIDADO COM PARTO ANORMAL

-Enviar material para o diagnóstico, nomeadamente fragmentos da placenta,


esfregaços de sangue e leitões mortos
-Limpar a cela após o parto e/ou, enterre os restos do aborto

MANEIO DURANTE A CRIAÇÃO

Recria e acabamento
-isolar os leitões contra as correntes de ar e a humidade.
-Colocar palha ou capim para servir de cama
-Colocar cortinas contra os ventos

CUIDADO COM LEITÕES ATÉ AO DESMAME

-Injectar ferro no 2º ou 3º dia de vida.


-Dispor de terra vermelha e limpa
-numerar os leitões
-Pesar individualmente a ninhada de cada porca aos 21 dias de idade. Repetir o
ferro nessa altura
-Efectuar análise laboratorial das fezes e, proceder a desparasitação
Aos 21-30 dias de idade e, repetir vitamina AD3E

CUIDADO DURANTE A RECRIA E ACABAMENTO

-Procurar formar grupos homogéneos em recria, desmamando os leitões com


idade e peso aproximados
-Um mês depois do tratamento pré-desmame contra parasitas internos, voltar a
desparasitar com anti-parasitários de longa acção (levamisol)
-Levar amostras de animais para abate. Os que tiverem 60 kg, vai para o talho.
Com 90-100 kg vai para salsicharia. Nunca esquecer de seleccionar alguns para
futuros reprodutores

74
SP

-uma porca com 150 kg, pode dar origem a 20 bácoros que, atingem um peso
total de 1.800 kg ao ano.

MANEIO SANITÁRIO

-Vigiar diariamente todo o efectivo animal (ver doentes, retirar os mortos)


-Registar a temperatura e sintomas dos animais doentes.
-Fazer esfregaços de sangue, fezes e ração para análise
-Fazer necrópsia dos animais mortos , envia amostars para o laboratório
-Caso haja mortalidade alta ou, suspeita de doenças, informar à autoridade
veterinária
-Informar ao matadouro e a salsicharia, das causas da rejeição dos porcos

MEDIDAS PARA O ISOLAMENTO DO EFECTIVO

-Animal que sai da área de exploração não volta à mesma


-Reprodutores que entram na exploração por aquisição, devem ser submetidos a
um período de quarentena, em local isolado, num mínimo de 3º dias
-Nao permitir a entrada de veículos e pessoas estranhas ao serviço
-Havendo necessidade de entrar veículos, devem passar pelos lavapés e lava-
rodas
-Se a Unidade tiver matadouro privado, evitar receber suinos de fora para abate
-Obrigar o pessoal a banho e mudança de roupa e sapato, facultando para o
efeito, fardamento da unidade
-Proibido alimentar suinos com restos de portos, aeroportos e de lixeiras, com
excepção de resíduos de cozinha e restos de restaurantes, hóteis, quartéis e
acampamentos, onde não tenha diagnosticada a peste suina.
-
MEDIDAS PREVENTIVAS CONTRA AS DOENÇAS DA REGIÃO

-Vacinar os suinos contra as doenças diagnosticadas na região como:


-Carbúnculo hemático
Mal rubro e leptospirose
-Colibacilose e Febre Aftosa e tétano.
-Proceder a banhos parasiticidas em tanques de imersão, de 10 em 10 dias
-Pintar as instalações com cal adicionada a um acaricida, até 30 dias depois de
desaparecerem os casos clinicos
-Usar aspersão quando há carraças nos animais

MEDIDAS HIGIÊNICO AMBIENTAIS

-Limpeza dária de todas as instalações, armazéns, corredores, comedouros e


bebedouros, incluindo baldes escovas de chão, facas e outros utensílios
utilizados na exploração.

75
SP

-As celas dos reprodutores masculinos deverão ser limpos com desinfectante
cada 15-30 dias.
-Remover camas da maternidade.

CONTROLE NA EXPLORAÇÃO
CONTAGEM DO EFECTIVO

-Manter um sistema de controle do efectivo diário dos animais nos diversos


compartimentos ou parques, registando diferenças a mais ou a menos, à
entrada ou à saida dos guardas.
-Elaborar mensalmente o mapa de evolução do efectivo animal

REGISTOS A EFECTUAR

-Registar o número de varrascos e das porcas com data de entradas ou saídas


de cobrições em monta-livre ou, datas de cobrições em monta à mão

-Registar número de leitões nascidos vivos e nado-mortos, sexo, datas e, outros


defeitos a observar.

-Registar número de leitões desmamados por ninhada e data de desmame

-Registar quantidade de alimentos recebidos mensalmente, quantidades


distribuidas pelas pocilgas e, quantidades que ficaram no armazém.

-Medicamentos recebidos, quantidade utilizada e, em stock

-Mortes, datas de mortes, causas possíveis

-Entradas e saídas, respectivas datas, pesos vivos, quando existe balança para
o efeito.

-Medidas profilacticas efectuadas

CALENDÁRIO DE MANEIO REPRODUTIVO

Manter em o calendário reprodutivo, registando em cada mês e, a cada porca


reprodutora, os dias das seguintes ocorrências:
-cobrições
-partos
-desmames
-verificações de gravidez
-altura em que deverão sair para abate

INDICADORES DE PRODUTIVIDADE

76
SP

Mensal ou trimestralmente efectuar os seguintes:


-Efectivo médio à base das existências no início do mês
-Percentagem de crias nascidas
-Percentagem de vendas para abate e reprodução
-Percentagem de mortes
-Percentagem de aumentos ou diminuições
-Percentagem de crias nascidas em relação às fêmeas em reprodução e, das
mortes em relação ãs mesmas.

MENSALMENTE:

-Cálculo dos consumos por suino existente no início do mês


-Cálculo do rendimento da carcaça
-Cálculo do peso médio ao abate

RAÇÕES PARA SUINOS

PERCENTAGEM EM 100 PARTES DE MATÉRIA SECA

Classe cádigo Proteina Fibra Cálcio Cálcio Fósforo


mínimo máximo máximo mínimo minimo
Leitões
---------
Desmame S-1 23.0 3.5 1.0 0.9O 0.70
precoce dos
5-10 kg
10-20 kg S-2 18.5 6.5 1.00 0.80 0.70
20-35 kg S-3 17.5 6.5 1.00 0.80 0.70
35-60 kg S-4 16.0 8.0 1.00 0.10 0.60
+ de 60 kg S-5 14.0 8.0 1.00 0.60 0.45
Reprodutores S-6 17.0 10.0 1.50 1.10 0.90

LIMITES MÁXIMOS DE INCLUSÃO DE MATÉRIAS PRIMAS NAS RAÇÕES


EM PERCENTAGEM

Matéria prima Leitões 5- 10-30 kg 30-60 kg 60 ao reprodutores


10 kg abate
Fonte
energética:
Milho 50 45 30 25 30
Sorgo S/limite S/limite S/limite S/limite S/limite
Mandioca ----- 30 40 40 20-30
Melaço ----- 8 20 30 20
Sêmea trigo 5 10 20 30 30
Sêmea arroz 5 8 10 20 30

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SP

Polimento 5 15 20 25 25
arroz
Fonte
protéica:
Farinha carne 11 8 7 6 7
Farinha carne 13 9 8 7 8
e ossos
Farinha peixe 10 7 6 5 6
Bagaço ----- ----- 8 8 10
algodão
Bag. 10 10 20 20 15
amendoim
Bag cartamo ----- ----- 20 20 10
Bag colza ----- 5 10 10 10
Bag copra ----- 15 20 20 20
Bag gergelim 15 20 25 25 20
Bag girassol S/limite S/limite S/limite S/limite S/limite
Bag soja 14 10 8 7 8
Farinha 5 7 10 10 10
luzerna
Resíduos cajú 5 8 8 10 10
Diversas
Fonte de S/limite S/limite S/limite S/limite S/limite
cálcio e
fósforo
Sal comum 0.5 0.5 0.5 0.5 0.5

CÁLCULO DO NÚMERO DE PARTOS POR PORCA E POR ANO-EXERCÍCIO

-O Sector Familiar consegue com o maneio tradicional, obter um parto por porca
e por ano. Em 3 a 4 anos, conseguem apenas 2 partos. Criadores com algum
conhecimento de maneio, conseguem obter 2 partos por porca e por ano.

-O estudante da UniZambeze deve influenciar na mudança de atitude do criador


de suinos do Sector Familiar, para melhorar o maneio, a fim de obter 2 ou mais
partos por porca e por ano. De momento, o que acontece no Sector Familiar é
que, não se faz o desmame. Os leitões ficam todo o tempo com as porcas-mães
e, o desmame acontece de forma natural, razão da obtenção de um parto por
porca e por ano ou, um parto em cada 2 anos.

-Para fazer os cálculos do número de partos, alguns dados devem ser


disponibilizados ou previamente conhecidos.

-Desta forma, pode-se fazer a manipulação de alguns, para se obter o número


de partos desejado. Contudo, algumas condições devem exisitir ou, serem

78
SP

criadas, para facilitar a manipulação, como são os currais e disponibilidade de


alimentação e água.

-Os dados necessários para efeitos de cálculo:


a)-Gestação: 114 dias
b)-Lactação: 14 dias
21 dias
45 dias
60 dias
90 dias
c)-Descanso e alimentação para próxima cobrição (flushing):
7 dias
15 dias
21 dias
-Exemplo:
-Um criador faz o desmame aos 21 dias. O peródo de descanso e alimentação
da porca para nova cobrição, ele aplica 15 dias. Sabendo que a gestação da
porca é de 114 dias e, o ano tem 365 dias, quantos partos vai obter por porca e
por ano?

-Sabemos que no Sector Familiar o número de:


a)-Leitôes por parto: 8
b)-Sobrevivência de leitôes por parto: 5,
c)-Quantos leitões o criador vai ter no fim do ano?
d)-Admitindo que, 50% dos leitões que sobrevivem são machos.
-Quantos são?
e)-O criador quer abater os machos no fim do ano, com uma média de peso vivo
de 80 quilogramas. O rendimento da carcaça de cada porco é de 55%, com a
excepção das raças melhoradas, cujo o rendimento de carcaça pode atingir 70 a
72%..
-Quantos quilogramas de carne vai vender no talho local?.
-O kg de carne em Ulónguè está a 40MT, qual seria a receita bruta a obter?.

Passo: 1

a): 21 dias(lactação)+15 dias(descanso e alimentação)+114 dias(gestação)=150


dias
b)-Número de partos por porca e por ano: 365 dias a dividir por 150 dias é igual
a 2.4 paros.
c): 2.4 partos x 8 =19.2 leitões por ano.
d): 2.4 partos x 5 leitões que sobrevivem por parto = 12 leitões que sobrevivem
ao longo do ano. Significa que, a mortalidade é de 7.2 leitões.

Passo:2

79
SP

a)-Metade dos leitões que sobrevivem são machos, o que significa que são 6
leitões (12 x 50%).
b)-Abatendo os porcos com o peso vivo médio de 80 kg, seriam 480 kg (6x80).
c)-480 kg de peso vivo x 55% de carcaça = 264 quilogramas de carcaça.
d-Receita bruta: 264 x 40MT(Preço em Ulónguè

3-Sistemas de produção de coelhos

A Empresa Nacional de Coelhos fez a promoção de Criação desta espécie ao


nível nacional e, Angónia não fugiu a regra. Foi feita a multiplicação para
posterior fomento dentro do recinto da Estação Zootécnica de Angónia. Houve
muitos beneficiários deste programa no distrito. Contudo, criavam a contar com
o mercado e, não para consumo familiar, considerando o coelho como uma flor
da casa, apenas para apreciação.

São espécies criadas permanentemente em gaiolas ao longo do período de


criação. As gaiolas são construções sobre piso de terra, feitas de tijolos
queimados ou pedras. Alguns ainda fazem cercas com rede galinheira, cobertas
com palha junto das habitações. As gaiolas normalmente são estreitas,
dificultado a visibilidade e controlo dos láparos paridos por ninhada.

As gaiolas construidas sobre o piso da terra, têm a desvantagem de os coelhos


abrirem tocas, acabando por abandonar o local, tornando-se susceptíveis ao
ataque de predadores, reduzindo desta forma, o seu efectivo. Alguns criadores
utilizam temporariamente os celeiros para a criação de coelhos. Os coelhos são
alimentados com farelo húmido ou seco e suplementados com forrsgrm verde e
fresca das machambas e hortas.

Para o aumento de efectivos, o criador introduz o macho na gaiola, ficando lá


todo o tempo. Mas quando o macho é emprestado, assim que as fêmeas deixam
de aceitar o macho, este é devolvido ao dono. Os partos ocorrem sem que o
dono saiba, descobrindo mais tarde atravês de vestígios de láparos comidos por
ratos, ou cães.

As mortalidades em coelhos devem-se a doenças como sarnas, diarreias,


muitas vezes não tratadas por falta de conheciment

4-Sistemas de produção de pombos

Os pombos são criados em liberdade. Regressam aos pombais quando as


condições ambientais não favorecem o passeio externo ou, quando há
necessidade de assistir as crias. Os pombais são construidos com bambús ou
estacas de forma elevada, maticados com barro e cobertos de palha.

Os pombos são alimentados com farelo, milho em grão e feijões partidos.

80
SP

Os pombos não são controlados pelo criador, apenas observando o crescimento


ou não, desde que haja alcançado a estabilidade social do pombal.

Os pombos também apanham a doença das galinhas mas em períodos


diferentes.

5-Sistemas de produção de cobaias

As cobaias são uma espécie pouco difundida. A sua criação é semelhante à


criação de coelhos. Constroem pequenas instalações no interior das palhotas
onde albergamas cobaias. Em geral são feitas de tijolo queimado ou pedra e
matope. As cobaias são alimentadas com restos das hortas, farelo e milho.

6-CARACTERÍSTICAS DAS ESPÉCIES E DAS PRODUÇÕES DE PEQUENOS


RUMINANTES

Os pequenos ruminantes têm características boas:

a)-capacidade de aproveitamento de áreas imprórias para as espécies mais exigentes:

1-Aproveitamento de zonas mais áridas;

2-Aproveitamento de arbustos;

3-Capacidade de em África sobreviver em zonas mais húmidas onde haja infestação


glossínicas;

4-Capacidade de resistir, até certo ponto, a a falta de água podendo também tolerar teores
salinos mais elevados na água do que os bovinos;

5-São vantajosos nas áreas onde a terra é intensamente cultivada por as espécies
requererem áreas menores que os bovinos.

a)-Possibilidade de criação junto do agregado familiar sem medidas de maneio


sofisticadas.

1-Tratando-se de uma espécie pequena é facilmente manijável e necessitando de


pequenas áreas pode ser mantida junto do agregado familiar;

2-Não exige medidas de maneio muito especiais a não ser com a criação de raças
especializadas e em grandes efectivos, tornando a sua criação acessível ao pequenos
produtor;

3-Utilização de estruturas não complicadas e de baixo custo(baixos investimentos)


limitando-se a um pequeno curral- muitas vezes com bas no material local- mais ou
menos defendido. Consoane a natureza das feras na região;

81
SP

4-Exigem menos cuidados de ordem sanitária do que outras espécies.

c)-Rápida multiplicação

1-Arietinos e caprinos entram mais cedo na reprodução que bovinos, especialmente os


caprinos;

2-Estas espécies dão maior número de crias( partos gemelares frequentes);

3-Período de gestão é quase metade do observado nos bovinos sendo o período de


aleitamente mais curto mais curto, podendo se conseguir 3 partos em 2 anos contra 1
parto por ano em bovinos que muitas vezes não é alcançado.

d)-Recurso alimentar sempre disponível e de consumo rápido/imediato

1. O abate de um caprino ou arietino pode ser consumido em pouco tempo pela família o
que não acontece com um bovino que requererá meios de frio para a sua conservação.
São ideais para o auto-consumo familiar, em locais onde há facilidades de conservação de
carne fresca;

2-É facilmente abatido para hóspedes ou pequenas cerimónias;

3-O abate dum pequeno ruminante não tem o mesmo reflexo do que um abate de um
bovino, isto é, não envolve a mesma destruição do potencial produtivo.
Os carneiros e os caprinos têm uma mais rápida taxa de reprodução. Um animal abatido
rapidamente é substituído por um novo animal;

4-O leite produzido pode constituir, em zonas áridas, um dos poucos recursos alimentares
disponíveis.

e)-Instinto gregário

Os arietinos são mais gregários que os caprinos. Quando um animal se separa do rebanho
é sinal de que está doente.
Este instinto gregário leva-os também a seguir um do animais chegando mesmo a deitar-
se à água de rios se aquele animal que segue em frente o fizer.

Características más:

a)-Facilidade de roubo e de destruição por predadores

1-Pode facilmente ser apanhado por ladrões, águias, corvos, raposas e hienas o que é
mais difícil com os bovinos;

2-Não se pode deixar nos campos. Têm que recolher à noite no curral.

82
SP

b-Tendência para destruição de arbustos e flores nos caprinos

1-Os caprinos têm especial habilidade de furar vedações e destruir arbustos e flores
consumindo as folhas e rebentos.
Por isto, a espécie não é preferida pelos agricultores pois destroem as suas culturas.

2-Os caprinos comem também a casca das árvores, eucaliptos, carvalhos, árvores de
fruta, como pereiras, pessegueiros, etc.
c)-Desigual aproveitamento da mão de obra ao longo do ano, nos arietinos

1-É uma espécie bastante influenciada pela estação do ano, daí haver período do ano nas
explorações comerciais com maiores necessidades de utilização de mão de obra.

2-Os nascimentos ocorrem numa determinada época e as restantes operações estão


dependentes da época de nascimentos.

3-A tosquia é também uma operação de época, havendo assim períodos de grande
utilização de mão de obra e outros de fraca utilização.

Funções dos pequenos ruminantes

PRINCIPAIS

1. CARNE(África e Ásia)
2. LEITE
3. LÃ

SUBSIDIÁRIAS
1. PÊLO
2. PELE
3. ESTRUME(Índia & Indonésia)
4. CARGA(2.3 a 3.2 Kg.)

A importância da carne, leite e peles (Tabelas 3 a 5)

CARNE

-A preferência do tipo de carne tem a ver com as tradições, sabor e a qualidade da


mesma. Por exemplo, a carne caprina é menos gorda que a carne ovina devido a
diferença na distribuição da gordura na carne(em toda a carcaça nos ovinos e apenas
nas vísceras nos caprinos).

A carne nos pequenos ruminantes pode provir de abate de animais novinhos (cabritos e
cordeiros), cabritos e cordeiros castrados em diversas idades (quanto mais cedo, melhor),

83
SP

machos castrados e cabras ou ovelhas e bodes ou carneiros refugados da criação. Todos


os machos, de qualquer idade, excepto os cabritos ou cordeiros até 1 mês de idade,
devem ser castrados, quando destinados a corte, para que melhorem a qualidade de sua
carne e ela fique mais macia, saborosa e não retenha o cheiro, principalmente dos bodes
(caprinos) mais velhos, devido às glândulas especiais que possuem na base dos chifres.

Quanto às qualidades ( sabor, consistência e côr) da carne dos pequenos ruminantes


temos o seguinte:

Animais de menos de 1 mês de idade, dão carne gelatinosa e insípida, pois só dá carne
saborosa se mamar pelo menos durante 1 mês;

Animais de 2 a 3 meses, que já comem forragens verde dão a melhor carne, macia e
saborosa;
Animais castrados cedo e abatidos até dois anos de idade, ainda produzem carne de
qualidade;
Fêmeas e bodes velhos dão carne dura, de má qualidade, escura, seca, sem gosto e até
algumas vezes com cheiro desagravável.

A produção de carne caprina apresenta algumas vantagens comparativamente a ovina,


nomeadamente:
Por ser precoce, de rápido desenvolvimento, pode ser abatida até com um mês de idade,
embora seja melhor esperar um pouco mais, 2a3 meses ou até 5 meses de idade, para que
atinja maior peso;
Produz carne de elevado valor nutritivo e de fácil digestão;
Dá um rendimento líquido de 75 a 85% (com a cabeça);
Dá lucros porque os custos de produção, em geral, são baixos;
Há um bom mercado
Porque o caprino é rústico e resistente às mais adversas condições de ambiente e tolerante
as glossinas, pode ser criado em regões “proibidas” para as outras espécies.

LEITE .

Os caprinos são os produtores de leite mais importantes que os ovinos. O leite dos
caprinos é mundialmente produzido enquanto que o dos ovinos é produzido em certas
regiões(Ásia).

O leite de cabra é um líquido branco, sem brilho, adocicado e


ligeiramente ácido e com um cheiro típico. É secretado pelas glândulas
mamáriasdas cabras e sua produção se inicia com o estímulo do parto,
quando ele se faz necessária para a alimentação das crias. O leite
produzido nos primeiros dias só serve para dar as crias pois contém o
colostro, que é um conjunto de substâncias destinadas a protegê-las
contra certas doenças, dar-lhes resistência física, alimentando-as
melhor e servindo de purgativo, para que evacuem todo o mecônio
que acumularam nos seus intestinos, durante o período da gestação.

84
SP

Costuma-se dizer que, enquanto o leite não “limpar”, não deverá ser
empregue para o consumo humano.

A composição do leite varia de acordo com a raça, com a alimentação ou tipos de


alimentos, clima, etc.
Mesmo com essas variações, é considerado um produto alimentar de alto valor nutritivo e
alta digestibilidade, sendo por isso indicado para a alimentação de crianças, de
convalescentes e de doentes.
Como o seu valor está justamente na composição, fornece-se uma tabela com resultados
obtidos em diversas análises e comparativos:

Elementos %
Água 85 a 91
Gordura 4a7
Caseína e albumina 3.5 a 5
Açúcar 4 a 4.65
Cinzas 0.7 a 0.9

Composição e comparação de diversos leites

Animal Água (%) Proteina Gordura Açúcar S.Minerais


(%) (%) (%) (%)
Coelha 69,5 14,2 11,8 2,0 2,5
Porca 83,4 9,2 3,9 2,3 1,0
Ovelha 80,1 6,0 8,5 4,2 1,2
Cabra 86,4 4,6 3,9 4,3 0,8
Vaca 87,3 3,8 3,5 4,6 0,8
Égua 88,5 1,5 3,3 6,5 0,2

O leite da cabra tem o valor nutricional similar a do leite da vaca. Contudo, a alta
concentração de pequenos glóbulos no leite da cabra facilita muito a digestão deste.

O leite da cabra pode conter algumas propriedades anti-alérgicas.

A composição do leite da ovelha difere da de cabra por conter grandes teores de gordura,
proteína bruta e sólidos não gordos.

PELES

Nos trópicos as peles dos ovinos são mais importantes que as dos caprinos(Tabela.6)

Algumas raças de caprinos possuem peles de reconhecida qualidade e que comandam o


mercado mundial(Sokoto vermelho da Nigéria e do Níger, Mubende da Uganda e Bengal
preto da Índia).

85
SP

Para além do seu valor monetário no mundo comercial, as peles dos caprinos e dos
ovinos tem muitas utilidades locais como sejam: guardar água, leite e outros líquidos;
feitura de camas e artesenato diverso.
No mundo da manifactura de salientar as apreciadas luvas de cabedal, malas, pastas de
viagem e outros propósitos especializados.
PÊLOS E LÃ

Os pêlos de caprinos são usados localmente para fazer algumas malas tradicionais bem
como cordas.

Contudo, alguns pêlos (mohair e cashmere) de certas raças, constituem fibras de alta
qualidade comandando o mercado mundial e são utilizados para o fabrico de várias
roupas de frio e quando misturados com lã pode se fabricar feltros.

A maior parte de ovinos nos trópicos são completamente cobertos de pêlos. Contudo,
outros têm uma mistura de pêlo-lã o que não lhes confere as características de produtores
de lã.

Pequenas quantidades de pêlo - lã são processados localmente para a feitura de tapete,


mantas e outros utensílios para o uso doméstico ou para vender aos que não possuem
conhecimento para o procesamento.

Importância dos pequenos ruminantes nas comunidades rurais:

 Investimento

 Segurança contra desastres/acidentes

 Festas e cerimónias

 Pagamento de dívidas sociais

 Animais para sacrifício aos deuses

-Estrume para horta/jardim(Índia & Indonésia).Em alguns lugares destes paises a


produção de estrume pode constituir a razão mais forte da criação de caprinos e de
ovinos.

-Gordura . A gordura proveniente da cauda gorda dos ovinos ou da sua garupa tem um
grande valor nos paises africanos bem como entre os asiáticos onde é utilizado como óleo
de cozinha e que se acredita-se que empresta um sabor a comida.

-Carga. Os caprinos e ovinos são, em alguns paises, usados como animais de


carga(Himalaia na região da Índia) e também são utilizados para desporto como por
exemplo luta entre carneiros.

-Animais de experimentação

86
SP

-Fonte de proteina(carne e leite)

Razões para promover a criação dos pequenos ruminantes

Para além das funções dos pequenos ruminantes acima descritas existem várias razões
que contribuem para a promoção da criação de pequenos ruminantes nos paises tropicais.
Entre as razões contam-se as seguintes:

-O crescimento rápido da população criando consequentemente a necessidade de


alimentos incluindo a proteína animal.
Esta procura pode rapidamente ser coberta pelo aumento da criação dos
pequenos ruminantes por serem animais com curto intervalo interparto e de uma
prolificidade razoável para além de outras vantagens.

-Os caprinos são pequenos, resistentes e fácil de criar comparados aos bovinos.

-É fácil aumentar a população dos p.r.(caprinos e ovinos) que dos grandes


ruminantes(bovinos e búfalos).
-A variabilidade genética dentro e entre diferentes raças de caprinos e ovinos é tão grande
que a selecção para o melhoramento da produtividade animal é possível e isto se for
combinado com o melhoramento do maneio alimentar e sanitário todos os aspectos
produtivos em geral seriam melhorados.

CATEGORIAS NOS PEQUENOS RUMINANTES.


FORMAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DOS REBANHOS.

COMPOSIÇÃO DOS EFECTIVOS E FACTORES QUE INFLUENCIAM

Distinção entre efectivos de reprodutores, de substituição e de criação.

Numa criação de arietinos e caprinos há a considerar na sua composição:

A)-Efectivo reprodutor. Constituído por machos e fêmeas à cobrição, depois dos 12


meses ou dos 18 meses.

O número de machos para as fêmeas pode ser de 2 a 4% ou mesmo um pouco mais.

b)-Efectivo de substituição ou de recria. Constituído pelas fêmeas em crescimento que


vão substituir as reprodutoras que atingem o fim da sua vida reprodutiva e aquelas que
morrem, e, bem assim os machos nas mesmas condições, com uma idade compreendida
entre os 4 meses e os 12 ou 18 meses.

87
SP

O seu número depende do número de anos em que os reprodutores se mantêm á cobrição.


Se o número de anos, por exemplo for de 4, todos os anos 1/4 das fêmeas, no mínimo,
devem ser substituídas(1:4=0.25), i.e. 25% de substituições anuais.

c) Efectivo em criação. Constituído pelas crias nascidas até aos 4 meses e que podem saír
logo após o desmame ou manter-se num período de engorda antes de sairem, constituíndo
o efectivo em acabamento.

A constituição do efectivo de criação depende da fecundidade observada no rebanho,


sendo o número de machos praticamente igual ao das fêmeas.

Se as crias não sairem da exploração, logo após o desmame e ultrapassaram o ano, o


efectivo em recria, será já maior e proporcionalmente menor o número de fêmeas em
reprodução.

Factores de que depende a composição do rebanho

a)-Fertilidade das fêmeas e viabilidade das crias

b)-Início das cobrições


c)-Duração da vida produtiva dos reprodutores

d)-Necessidade de substituições no efectivo reprodutor

e)-Altura da saída da produção

a.1.)-Fertilidade das fêmeas

A fertilidade é definida como a produção de descendentes(crias) viáveis.


Os caprinos são considerados férteis se produzem espermatozóides e ovulos viáveis.
A prolificidade é a capacidade de uma fêmea produzir mais crias.
A fertilidade e a prolificidade são usados simultaneamente para descrever a capacidade
reprodutiva de cada raça.

6-Preferências de criação de animais no Sector Familiar

As famílias com fracas possibilidades financeiras, a prioridade na criação


começa com a galinha. Depois de algum tempo e, com maior evolução na
criação, iniciam-se com a venda de ovos e galinhas na aldeia e no mercado.
Quando já dispôem de dinheiro, compram cabritos. Nesta fase, alguns compram
ou adquirem suinos pela via de fomento tradicional. Com a venda de alguns
cabritos e porcos e, com o dinheiro compra bovinos, o desejo maior de todas as
famílias das comunidades.

A tradição no Sector Familiar é que, o bovino representa a segurança da família,


pois representa o banco em movimento. Significa poder da família e, prestígio de

88
SP

presença na comunidade. Além disso, o boi serve para lavouras das


machambas, transporte de produtos de e para o mercado e estrume para as
machambas.

7-Divisão de tarefas nas famílias das comunidades

A mulher desmpenha todo o processo produtivo, desde a produção agrícola até


a criação de animais, para além dos trabalhos domésticos do dia-a-dia. Contudo,
a mulher práticamente não toma nenhuma decisão sobre qualquer destino a dar
aos produtos agrícolas e animais.

Ela é responsável pela criação e da família, contando em muitos casos com os


filhos, enquanto que o marido se responsabiliza pela construção de currais e
capoeiras. Vejamos:

Espécies Responsável
Galinhas Mulher
Cabritos Chefe da família
Porcos Mulher
Patos Mulher
Cobaias Mulher/filhos
Bovinos Chefe da família
Suinos Mulher

A mulher é, pelo trabalho que desempenha no processo produtivo, a pessoa que


domina as alterações do efectivo animal e por esse domínio, até sugere o tipo
de animais a criar, cabendo ao marido, a decisão a tomar face a sugestão de
esposa.

8-Meio ambiente

O sistema de produção de animais no meio rural, caracteriza-se por baixa


necessidade de insumos (aplicação de drogas e de medicamentos) e, por níveis
altos de extracção pela grande procura contra fraca oferta de carne. Essa
situação permite a consrvação do meio ambiente entre os quais o uso de
tecnologias tradicionais e adequadas, associadas a ausência de drogas e de
pesticidas.

9-Contribuição das pequenas espécies na fertilidade dos solos

Os camponeses sabem que, quanto mais se pratica a agricultua na mesma


machamba, provoca esgotamento dos solos, resultando na baixa produtividade
das culturas. Por esse facto, recorrem a várias formas para manter ou melhorar
a fertilidade dos solos, desde o enterramento de resíduos da machamba, assim
como a consociação de culturas. O estrume da sua criação é uma alternativa

89
SP

valiosa, razão do aproveitamento pelos camponeses de forma correcta para as


machambas.

10-As pequenas espécies como pragas

Os animais do Sector Familiar pastam em liberdade. São confinados na época


de sementeiras. A falta de estabulação ou deficiente estabulação, transformam
esses animais numa autêntica praga, chegando a criar conflitos entre os
vizinhos. As galihas, os patos, suinos e cabritos não devidamente estabulados
logo após a sementeira e na fase de germinação das culturas, invadem
machambas e criam conflitos, principalmente nas machambas próximas das
residências.

9-Àreas de pastagem

As áreas destinadas à pastagem de gado do Sector Familiar, são comuns e, não


podiam ser utilizadas para fins agrícolas. As àreas das machambas de sequeiro,
das machambas em pousio e, mesmo das machambas feitas nas baixas, são
aproveitadas para pastagem do gado, após a colheita dos produtos.
Normalmente, o gado pasta perto das àreas adjacentes às aldeias, razão porque
as machambas devem ser feitas um pouco afastadas, para evitar a invasão do
gado.

Os camponeses ou criadores utilizam sempre a mesma área de pastoreio. Esta


prática influencia na redução da brotação de capim, reduzindo a disponibilidade
para a alimentação do gado. Por esse motivo, a pastagem não é suficiente para
os animais no tempo seco e, apesar disso, não costumam dar um reforço
alimentar.

Contudo, dão alimentação extra para os animais de tracção, antes do início das
lavouras. Esta alimentação é composta por capim elefante ou uma mistura dos
restos da colheita do milho ou farelo resultante da moenda de milho, misturada
com sal e, fornecimento de água, preparando assim os animais para os
trabalhos de lavoura das machambas.

Findo o trabalho das machambas, os animais são soltos na manada e, sujeitam-


se àquilo que puderem apanhar na pastagem. Se porventura a junta estiver
envolvida no transporte de mercadorias de e para o mercado ou, se estiver
alugada a outrem para transporte de produtos ou mercadorias, a atenção de
reforço alimentar pode ainda se manter.

Devido a introdução no distrito, de culturas de rendimento e, também pela


melhoria dos preços de culturas alimentares, há uma tendência dos produtores
em aumentar as suas áreas agrícolas. Para além disso, o crescimento

90
SP

demográfico local e, as imigrações de famílias ou jovens para o distrito,


contribuiram na procura de espaços para habitação e para machambas.

Desta forma, as áreas de pastagem foram sendo ocupadas gradualmente,


reduzindo parte das mesmas para os animais. Além disso, as vias de acesso
aos tanques carracicidas e, os espaços a volta dos tanques para entrada e saída
dos animais durante os dias de banhos, foram significamente ocupados para
machambas ou hortas. Por esse facto, durante a época das chuvas, alguns
tanques acabam ficando inactivas, simplesmente para evitar conflitos entre
agricultores e criadores.

9.1-SISTEMAS DE PASTOREIO

Introdução

-A produção de leite, carne e lã atinge o máxim0 de rentabilidade quando a alimentação


dos animais é constituida, por boa erva. Consequentemente, a produção duma certa
área de pasto e forragem é que deve determinar o tipo e o número de animais a criar.
Numa linha de aproveitamento dos recursos naturais e sua optimização, a exploração
pecuária deve assentar no seguinte

-A erva deve provir fundamentalmente de pastagens, o que significa que deve ser
comida no próprio local em que produz. Contudo, devido a períodos do ano em que a
produção do pasto é insuficiente, convém proceder também a cultura de forragens,
numa área relativamente pequena, para após o corte, serem conservados como feno ou
silagem e, assim se poder complementar a pastagem na alimentação dos animais em
tais períodos de carência.

-Ainda como factores justificativos do interesse das pastagens, importa assinalar a sua
capacidade para defender o solo contra a erosão e, para incrementar a fertilidade dos
terrenos degradados. A defesa contra a erosão exerce-se pela protecção que as plantas
oferecem no combate directo das gotas de água e pela melhoria que as raízes provocam
na estrutura do solo, aumentando a resistência dos agregados terrosos à sua
fragmentação pela chuva.

-Em relação aos terrenos de baixa fertilidade, é possível dispôr de espécies pascícolas
com culturas capazes de se desenvolverem na maioria deles. Uma vez elas
estabelecidas, o pastoreio e a adubação anual que, inevitavelmente se tem que fazer,
determinam o enriquecimento de tais solos em matéria orgânica e em elementos
nutritivos.

-Com efeito, a pastagem permite uma devolução parcial ao solo dos nutrientes deles
retirados, quer pelos componentes das plantas que ficam no terreno (raízes, caules,

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SP

folhas e mesmo sementes), quer pelos dejectos do gado, muito embora a distribuição
destes não seja uniforme.

-Do total da superfície do planeta, 13.000 milhões de hectares..., um terço é terra e o


resto é água, As consideradas 4.530 milhões de hectares se distribuem da seguinte
maneira:
Distribuição das terras do mundo segundo a sua aptidão (William et al, 1968)

Aptidão Superfície/milhões hectares %


Cultivo 450 10
Não apto/cultivo
Pastagens 1220 47
Bosques 1290 28
Terra não utilizável 670 15
Total 4530 100

-A análise deste quadro mostra que quase a metade das terras do mundo correspondem
às pastagens, sendo estes somente aptos para serem utilizados como recurso forrageiro
para animais domésticos ou silvestres.

-As pastagens naturais do mundo produzem aproximadamente 75% da forragem


necessária para a alimentação dos animais domésticos, cuja população estimada é a
seguinte, segundo o Anuário da FAO de produção, 1984:

Espécie animal População mundial em milhões de animais


Ovinos 1.139,52
Bovinos 1.272,54
Caprinos 459,58
Búfalos 126,10
Equinos 63,87
Mulares 15,28
Asnos/burros 39,87
Camelos 17,21

-O valor dos produtos gerados por estes animais ascende a mil milhões de dolares por
ano. Os animais são a base de importantes indústrias dos quais dependem milhões de
pessoas para sua subsistência. A indústria pecuária do mundo apenas é ultrapassada,
em importância, pela indústria de cereais.

-Uma grande parte dos nutrientes e da energia necessária para gerar a produção animal
provem de pastagens naturais. Mas se sabe que, as pastagens naturais do mundo se
encontram num alto grau de deterioração e estão produzindo somente uma parte
ínfima do seu potencial (desertificação, erosão, carga animal bastante alta, etc).

92
SP

-Esta deterioração das pastagens vem acompanhada duma deterioração da produção


animal.
-Consequentemente, a produção animal não guarda relação com o aumento da
demanda de carne e leite.
-O maneio dos pastos destinado a obter uma máxima produção pecuária permanente
sem destruir o meio ambiente, pode desempenhar um papel significativo a favor do
melhoramento da produtividade animal. Em muitos casos é possível obter aumentos
nos abastecimentos nacionais de carne e leite sem aumentos dos números de cabeças
de gado. Isto até poderia obter-se com um menor número de animais, mas por uma
maior produtividade das pastagens.

PASTOS E FORRAGENS

-mais de 75 % da alimentação dos ruminantes,


-100 % dos animais bravios

-Constituídas maioritariamente por gramineas (vulgarmente chamadas capim) e


leguminosas, feijões, (arbustos e arvores);
-de crescimento espontâneo
-nao introduzidas (locais, especies nativas)
-sem melhoramento genético
-baixo rendimento/ha ou maior variação de produção de ms / ano
-valor biológico baixo/ nutritivo baixo
-baixa concentração de proteína, especialmente as gramineas
-deficientes em micro-e-micronutrientes
-produção e persistência/função das flutuações das chuvas
-tolerância ao pisoteio e às queimadas....evoluíram em função dos fogos e das fauna
bravia
-sobrevivência à elevada humidade/seca/temperatura alta/baixa
-maior capacidade de rebrote
-resistência às doenças/pragas
-propagação por estacas /estalones /rizomas/ semente
-OS animais que pastam nelas têm menor ganho de peso, devido às deficiencias em
nutrientes
-maior adaptação ao ambiente/factores limitantes (fertilidade dos solos e quantidade
das chuvas
-maior conteúdo de fibra bruta vs. baixa digestibilidade
-algumas espécies tem maior concentração de substâncias toxicas e espinhos para
resistirem a acção de herbívoros, etc.

PASTO E PASTAGEM

93
SP

-Conjunto de plantas nativas(pastagens naturais) que ocupam uma certa extensão de


terreno e destinam-se a serem comidas pelo gado no local em que geralmente o
pastoreio é directo, podendo em menor escala, serem cortados para o mesmo fim, onde
haja o seu melhoramento (ex. Desarbustização)..

FORRAGEM E CULTURAS FORRAGEIRAS

-Conjunto de plantas, praticamente sempre ervas e leguminosas rasteiras e arbustivas,


que se destinam ao corte para dar ao gado, no seu estado natural ou depois de
conservadas como feno ou silagem. Eventualmente, uma área com forragem pode ser
pastoreada, mas a maioria da sua produção vegetal destina-se a ser cortada. São plantas
cultivadas, melhoradas ou introduzidas, podendo ser nativas sob condições culturais,
que se destinam ao pastoreio directo ou corte (ceifa, colheita) para fornecer ao gado no
seu estado natural ou depois de conservadas como feno ou silagem

2-CLASSIFICAÇÃO DE PASTAGENS

-A superfície ocupada por pastagens varia consideravelmente na composição florística e


no potencial de produção, devido às variações do meio ambiente.

-A classificação é realizada na base dessas variações, sendo o potencial de altura de


crescimento das gramíneas a factor deerminante. Em geral, pode-se diferenciar entre
três tipos de pastagens tropicais em África:

1-As de gramíneas mais altas formadas por espécies excepcionalmente altas, como por
exemplo Pennisetum purpureum, Hyparrhénia sp, Panicum Gigante. Estas gramíneas
formam uma cobertura densa da terra, alcançando entre 4 a 6 metros de altura. Em
geral se encontram perto de bosques densos. São queimadas anualmente para facilitar
o rebrote e, assim a utilização por animais. Animais silvestres típicos nesta zona são
elefantes, búfalos e pequenos antílopes. Na Africa tem duas zonas com este tipo de
gramíneas muito altas: uma se extende ao norte e a outra ao sul do equador.

2-As de gramíneas altas, entre 1 a 3 metros de altura, geralmente em consociação com


numerosas árvores (acácia sp), formam outra zona relativamente baixa do Senegal até
ao Sudão, e no sul do equador de Quénia até Botsuana.As espécies de gramíneas mais
importantes são: Themeda sp, Heteropogom sp, Cinodon sp, Cencrus sp etc. Este tipo de
pastagens tropicais é o Habitat central para os rebanhos grandes de espécies mistas na
Africa

3-As do tipo muitas vezes chamado Acácia-deserto-pastagem na Africa. Encontramos


este tipo de pastagem por um lado no sul do Sahara, em algumas regiões da Etiópia eno
Norte do Quénia, por outro lado na região do Kalahari em Btsuana. As árvores têm
menos do que 10 metros de

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SP

altura, e arbustos são frequentes. Gramíneas características dessa zona são: Aristida sp,
Eragrostis sp e Cencrus sp.

3-PASTO NATURAL E PASTO ARTIFICIAL

PASTAGEM NATURAL:

Pastagem natural- pastagem onde a vegetação original (vegetação climax) é constituida


principalmente por gramíneas, graminóides e arbustos(regeneráveis) para o pastoreio
de gado.
Vegetação Climax é o mais alto estágio de desenvolvimento que a vegetação pode
alcançar em equilíbrio dinâmico com o clima e o solo.

Pastagens comunais, pastagens espontâneas

-Terra onde a vegetação nativa consiste principalmente por espécies herbâceas


(gramíneas, ervas ou arbustos) para pastoreio do gado. Compreende terras cuja
vegetação tem sido regenerada, seja em forma natural ou artificial, com o fim de
proporcionar uma cobertura de forragem, a que se maneja como vegetação.

-Área no mundo: 47-50 % do total


-Maior recurso alimentar para herbívoros ( gado e fauna bravia)
-Constituem 90-95 % de alimentação de ruminantes em moçambique

PASTAGEM NATIVA

-Vegetação nativa espontânea de algum valor forrageiro que, surge após a destruição
parcial ou total da vegetação original ou vegetação climax.
-Ocorre em terras onde a vegetação original ou climax era de floresta ou outro tipo de
vegetação original como savana.

Ex:
-áreas após destruição de uma mata
-áreas de culturas abandonadas
-áreas de pastagens artificiais ou cultivadas abandonadas
Motivo:
-terras de floresta que não possui valor económico
-terras que não servem para agricultura ou para formação de pastagem cultivada

Manutenção:
-controle de arbustos e plantas indesejáveis
-controle da intensidade de pastoreio pelo equilíbrio de animais com apastagem
disponível na pastagem
-usar espécies adequadas à composição botânica e disponibilidade de pastagem

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SP

-alternar períodos de pastoreio e de descanso para manter o vigor e perenidade da


vegetação desejável
-construção de cercados e corredores com acesso à água

PASTAGEM ARTIFICAIL

Terra de pastoreio sob um maneio relativamente intensivo desde o ponto de vista


agronómico e cultural, consistindo numa comunidade de plantas que não estão
adaptadas ao meio ambiente natural e que, em consequência disso, requerem
tratamentos culturais frequentes tais como adubação, controlo de ervas daninhas e
irrigação para manutenção da composição florística

-A diferença entre o pasto natural e artificial é a adaptação e a manurenção da


comunidade vegetal. Um pasto artificial é uma comunidade que não pode manter-se
naturalmente por si mesma, num meio ambiente natural. A manutenção requer um
meio ambiente intervindo, o qual se provê por medidas agronómicas ou práticas
culturais. Um pasto artificial requer tratamentos agronómicos frequentes e, se não
recebe tais tratamentos, a comunidade vegetal será substituida por espécies nativas, as
quais estão mais adaptadas ao meio ambiente natural

Os pastos artificiais são estabelecidos com espécies exóticas ou nativas onde a


vegetação original era de floresta, savana ou campo natural de espécies herbâceas.
Duração das espécies estabelecidas ou a estabelecer:

-Permanentes
-Temporárias

Pastagens Permanentes são as pastagens estabelecidas com espécies exóticas ou


nativas perenes
Pastagens Temporárias são as pastagens estabelecidas com espécies anuais.

As pastagens Temporárias podem ser divididas em:


-Hibernais.
-Estivais

As Pastagens Temporárias Hibernais:


-São pastagens artificiais temporárias de inverno e primavera. São cultivadas com
espécies resistentes ao frio, dando forragem no inverno e primavera.
As Pastagens Temporárias Estivaids
-São pastagens cultivadas com espécies anuais que produzem forragem verde durante o
verão e outono

96
SP

Para manutenção da produtividade das pastagens cultivadas ou artificiais, são


necessários os seguintes:
a)-Uso de fertilizantes, de acordo com análise de solos
b)-Maneio adequado de pastoreio mediante o equilíbrio do número de animais com a
forragem disponível e distribuição uniforme dos animais na pastagem
c)-Controle de arbustos e plantas herbâceas invasoras
d)-Ressementeira e plantio sempre que for necessário

-PASTAGEM MELHORADA

-Uma vez que o maneio é manter um range condition satisfatório sob as


circunstâncias prevalentes, e o solo e a vegetação constituem um factor
que restringe um um melhoramento, existem várias possibilidades para um
melhoramento radical de pastagem

-fertilização
-desarbustização
-sementeira sem cultivo

-Estas podem ser utilizadas separadamente ou em conjunto umas com as


outras, mas devem ser consideradas cuidadosamente em relação ao custo
da sua implementação, o melhoramento esperado na capacidade de carga
e quanto tempo se prevê que o melhoramento dure

-Duma maneira geral pode dizer-se que o objectivo do desenvolvimento de


produção é ir aumentando a sua produtividade, por unidade área e por
unidade animal, durante todo o período de produção é essencial garantir a
viabilidade financeira e económica da Empresa.

-Daí resulta que para se atingir um determinado nível de produção


considerado como meta se devem procurar utilizar aquelas tecnologias que
utilizam um menor componente de divisas e um maior componente de
mão-de-obra.
No caso de produção de carne considera-se em geral 3 níveis de progressão
do investimento correspondentes a um aumento de:

1-Melhoramento de Pastagem Natural

97
SP

a)-Desarbustização ou redução do número de árvores


b)-Pastoreio rotacional (construção de cercados)
c)-Fontes de abeberamento

2-Reforço de Pastagem

a)-Suplemento proteico: concentrado e mineral


b)-Conservação de forragens (feno e silagem)
c)-Reforço da pastagem com leguminosas

3-Cultivo de Pastagem

a)-Substituição total da pastagem natural por gramíneas e leguminosas


b)-Possível uso de fertilizantes
c)-Possível uso de fertilizantes e irrigação

-No caso da produção de leite, ela segue a mesma problemática de carne,


embora os estágios de evolução sejam diferentes.

CARGA ANIMAL

-Número total de animais existentes por unidade de área, por exemplo, animais/ha ou
ha/animal.

-Densidade animal
-é a carga animal existente em cada campo. Por exemplo, se um campo for dividido em
4 secções para pastoreio rotativo, em qualquer altura, a secção em que o gado se
encontra possui uma DA quatro vezes maior que a carga animal total

-Pressão de pastoreio
-é a relação entre o número de cabeças e a quantidade de forragem disponível. Por
exemplo, a forragem disponível por cabeça ou, o número de animais por unidade de
forragem disponível.

-A carga animal é o principal factor determinante para a eficiência de conversão dos


pastos/pastagens em produtos animais. A importância da carga animal com respeito a
produção animal radica em que ela determina a pressão de pastoreio, quer dizer, a

98
SP

quantidade de forragem disponível para o animal, e que influi directamente na


produção por animal e, por conseguinte, na produção por unidade de superfície.

-O equilíbrio entre o potencial das pastagens e a carga animal constitui a ferramenta


básica para manter e incrementar a produtividade das pastagens. Cargas superiores ao
do potencial conduzem a uma degradação do tapete vegetal e, uma diminuição da
produção animal. Cargas inferiores ao potencial permitem aos animais seleccionar,
comendo assim, preferivelmente as espécies mais valiosas que, finalmente vão
desaparecer, e, fomentando no lugar dessas, espécies indesejáveis.

-O cálculo da carga animal para uma área dada, se pode realizar trabalhando com uma,
a mesma unidade, neste caso é a Unidade Animal. Uma maneira de calcular a UA por
cabeça é atravês do peso metabólico dos animais o qual é o peso vivo elevado a 0,75.

Por exemplo, para uma vaca de 450 kg de pv, o peso vivo correspondente a 1UA, qual
será o peso metabólico?=97.7 kg=1UA.

- Vê-se que o peso metabólico, e portanto as UA calculadas atravês dele, não são
proporcionais ao peso vivo. Quer dizer por exemplo, um bezerro com 70 kg de peso
vivo, pesa menos do que 6 vezes do peso de uma vaca adulta de 450 kg, mas seu peso
metabólico é quatro vezes menor, quer dizer, consome quatro vezes menos de
forragem em condições ad libitum. Assim, as UA correspondem a 0.25 e 1.0 para o
bezerro e a vaca respectivamente.

-Capacidade de carga-capacidade de pastoreio é a carga animal numa pressão de


pastoreio real

FACTORES QUE DETERMINAM A CARGA ANIMAL IDEAL

-A carga animal afecta directamente a produção animal e por unidade de área, assim
como o crescimento de pastagem e a eficiência da conversão alimentar.

-A relação do produto/animal e produto/ha com a carga animal foi descrita por Mott em
1960. Os parâmetros produção/ha são até certo ponto contraditórios e a Carga Animal
ideal deve ser um compromisso entre os valores mâximos de ambos.

-Produto/Cabeça-A carga animal a um nível abaixo do ideal permite um pastoreio mais


selectivo, o que resulta numa produção/maior animal, e vice-versa. Quando existe uma
CA baixa, a curva conserva o mesmo nível, demonstrando uma influência menor na
relação produção/animal.

-Quando a CA aumenta até ao ponto em que toda a pastagem produzida é necessária


para a manutenção, a relação produção/animal e, produção/ha será nula.

99
SP

Produção/ha-O aumento é quase linear até atingir a CA ideal, para além desta, a relação
produção/animal tem uma influência cada vez maior na relação produção/ha. O ponto
máximo da relação situa-se a direita da CA ideal e muito além da relação
produção/cabeça.

OUTROS FACTORES QUE DETERMINAM A CA IDEAL

a)-Quantidade de pastagem produzida:

-Quanto maior for a quantidade de pastagem disponível, maior é o número de animais


que ele pode conter.

b)-Utilização eficaz da terra:

-O limite da marcha é de mais ou menos 16 km para os bovinos e de 5 k m para os


ovinos e é inútil conduzir o gado para terra sem acesso à àgua. Os locais de
abeberamento devem estar a uma distância de até 5 km para os bovinos e 1.5 km para
os ovinos.

c)-A necessidade de pastoreio selectivo:

-Um elevado rendimento do animal requer que a CA seja suficientemente baixa de


modo a permitir alguma selecção, mas uma selectividade excessiva conduz a
degradação dos pastos.

d)-Manutenção de uma composição botânica desejável:

-Uma CA intensa ou pastoreio excessivo, pode diminuir a quantidade de perenes válidas


e encorajar as ervas daninhas e outras infestantes idesejáveis

e)-Vulnerabilidade à erosão:

-A falta de vegetação de cobertura causa um aumento de fluxo de água e subsequente


erosão. Em algumas áreas, a erosão causada pelo vento pode ser pior que a erosão
causada pela água

f)-Predictabilidade da pliviosidade:

-Seria fácil determinar a CA se fosse possível predizer a pluviosidade. Os agricultores


normalmente são cuidadosos e mntém um número de cabeças abaixo do ideal nos anos
bons, de modo a evitarem manter um número excessivo de cabeças nos anos secos.

100
SP

g)-Pluviosidade

-é provavelmente, por si só, o factor mais importante que determina a capacidade de


carga de pastagem (rangeland).

h)-Acesso a outras formas alimentares

-O problema da variação da pluviosidade é menos importante se o aporte alimentar do


animal puder ser aumentado, por exemplo, por irrigação, conservação de forragem ou
compra de rações.

i)-Acesso a mercados de gado

-Num ano bom deve-se comprar gado e, num ano mau dev e-se vender machos e vacas
secas.

j)-Natureza do produto a comercializar

-O crescimento da lã é muito menos sensível ao stress nutrivo e físico que a carne ou


leite.

UAM=Quantidade de forragem necessária para pastoreio de um animal durante um mês.


A quantidade de forragem necessária é baseada no peso metabólico da vaca, e que a
unidade animal é definida como uma vaca de 1.000 libras e seu bezerro. Para amamentar
o bezerro, a vaca consome por dia 26 libras, isto é, 20 para a vaca e 6 para o bezerro.

Taxa de lotação = número de animais numa pastagem durante um mês ou estação de


pastoreio, expressa em UAM

Densidade de estocagem = número de animais numa determinada porção de terra em


num ponto específico no tempo.

Capacidade de transporte = A capacidade de carga descreve o número médio de


animais que, podem ser colocados numa pastagem durante uma temporada sem o
prejudicar. Expressa-se em UAM, uma medida da capacidade de uma pastagem de
produzir forragem suficiente para satisfazer as exigências animais em pastoreio Ex. Uma
pastagem com uma capacidade de carga de 120 animais, pode suportar 30 animais
durante 4 meses isto é, 120 UAM : 4 meses.

a)-Sistemas de pastoreio rotativo-Ex.1


Especificações

-Quantidade de animais : 12 vacas e 1 touro

101
SP

Tempo de descanso de cada piquete : 30 dias


Tempo de pastoreio de cada piquete : 15 dias
1 UA (unidade animal) : 450 kg peso vivo
Peso de um touro : 600 kg de peso vivo
Taxa de lotação : 1.5 UA/ha

Cálculo do número de piquetes (subdivisões)


Aplicando a fórmula:
N=D/P + 1
N=30/15+1=3 piquetes

Cálculo de peso de animais


12 vacas x 400 kg + 600 kg = 5.400 kg.

Cálculo da área de pastagem


1.5UA/ha x 450 kg = 675 kg

Área para o total de animais


5.400 kg : 675 kg = 8 ha

Cálculo da área de cada piquete


8 ha : 3 piquetes = 2.67 ha

b)-Sistemas de pastoreio rotativo-Ex.2


Especificações
Quantidade de animais : 24 vacas e 1 touro
Tempo de descanso de cada piquete : 35 dias
Tempo de pastoreio de cada piquete : 7 dias
1UA(unidade animal) 450 kg peso vivo
Peso de uma vaca: 400 kg de peso vivo
Peso de 1 touro: 600 kg de peso vivo
Taxa de lotação: 2.0 UA/ha

Cálculo do número de piquetes:


N=D/7+1
N=35/7+1
N=5+1

Cálculo de peso dos animais:


24 vacas x 400 peso vivo + 600 = 9.600 + 600 = 10.200 kg

Cálculo da área de pastagem


2UA (1UA=450 KG)
2UA X 450 kg = 900 kg

102
SP

Então, 10.200 : 900 = 11 ha

Cálcculo da área de cada piqute


11.33ha : 6 piquetes = 1.89 ha

4-FACTORES AMBIENTAIS QUE INFLUEM NAS CARACTERÍSTICAS DAS PASTAGENS

-A influência de factores climáticos, edáficos, bióticos e de subfactores sobre o caracter


de uma comunidade vegetal, inclusive a influência desses sobre aqueles factores,
mostra claramente a complexidade temática. O meio natural pode, com efeito modificar
a flora. De estação para estação o aspecto da pastagem e a importância nele assumida
por cada uma das espécies presentes na produção variam sensivelmente. A essas
alterações acrescentam-se ainda as modificações provocadas pelo factor meteorológico
ou climático dominante de cada ano e de cada região.

-O estado atmosférico é um fenómeno meteorológico que ocorre dia a dia e


compreende factores como:

Precipitação
Humidade
Radiação solar
Temperatura
Vento

-Estes factores podem ser medidos por meio de instrumentos e podem ser expressados
matemáticamente.

-O clima é uma média das condições atmosféricas. Tem influência no estabelecimento


de pastagens mas, as condições atmosféricas têm mais influências na produção diária
ou anual destas. Devido as influências climáticas se desenvolvem espécies de plantas,
gramíneas e leguminosas, apropriadas para quase qualquer região climática do mundo,
quer para regiões temperadas como Europa Central, quer para zonas tropicais ou
subtropicais áridas ou húmidas. –
-Entre os factores climáticos se destacam:

a)-RADIAÇÃO SOLAR OU LUZ

-A produção vegetal é consequência do processo químico da fotosíntese na qual a luz


desempenha um papel importante. Além disso, é indispensável para o crescimento da
planta

b)-PRECIPITAÇÃO ANUAL

103
SP

-Água é um elemento que tem uma fundamental importância em qualquer forma de


vida. Sem dúvida é o factor mais importante no maneio de pastagens e forragens. A
quantidade de chuva que cae varia segundo a situação geográfica ou região que se
considera. Ao nível mundial as extremas precipitações se regista em Chie-América do Sul
com 5 mm anuais e, em Cherrapunjis na India com 11.750 mm anuais Entre estes
extremos temos um âmbito de precipitações que permite classificar as regiões do
mundo em diferentes tipos, segundo seja seu nível anual de precipitações:

Precipitção anual Tipo % superfície do mundo


500mm Árido e semiárido 55
500-1000 Sub-húmido 20
1000-1500 Húmido 10
1500 ou mais Muito húmido 15

-O potencial de pastagem e a capacidade de pastoreio estão proporcionalmente


relacionados com a média de precipitação anual. Embora a precipitação média
descreve climáticamente uma região desde o ponto de vista da humidade, sua
distribuição durante o ano, quer dizer em que épocas do ano se concentram as chuvas,
é um conceito de maior importância na produção e no maneio de pastos e forragens.

-A distibuição das chuvas condiciona o ciclo de crescimento das plantas e, portanto os


sistemas de maneio. Também é importante conhecer qual é a capacidade de
armazenagem ou acumulação de água que tem o solo. Assim, se uma parte importante
da precipitação não cae na época de
crescimento, deve-se saber quanta água armazena ou acumula um determinado solo
para ser usada quando esta seja requerida pelas plantas.

EFECTIVIDADE DA PRECIPITAÇÃO

-A efectividade da precipitação é a quantidade das chuvas anuais que está disponível


para o uso da planta..
-Não toda a água que cae do céu está disponível para a planta. Sempre se produzem
perdas de água que a planta não consegue utilizar, entre estas se destacam o
escoamento superficial, evaporação e transpiração.

c)-TEMPERATURA

-A temperatura afecta o crescimento da planta em várias formas, sendo a forma que


mais nos interessa, o efeito que tem sobre o crescimento e a produção de forragem. O
crescimento começa a aumentar com um aumento da temperatura até certo ponto,
passado o qual começará a descrescer.

104
SP

-A temperatura a qual se obtém o máximo crescimento se chama temperatura óptima.


Todas as plantas têm uma temperatura sendo óptima para o seu crescimento. Essa
temperatura óptima varia entre as espécies, mas para a maioria das plantas de clima
quente fica entre 28 a 32 graus centígrados. A partir de 35 graus centígrados o
crescimento das plantas é usualmente restringido, podendo inclusive ser daninho.

-A estação de crescimento fisiológico é muito importante nas zonas tropicais. As zonas


tropicais se caraqcterizam por não ter invernos e na maioria dos casos nenhum mês tem
temperaturas médias que sejam menores do que 18 graus centígrados. Com base na
temperatura, as zonas tropicais têm uma época de crescimento potencial durante todo
o ano. Algumas zonas têm uma época muito curta de crescimento fisiológico devido a
distribuição estacional das chuvas:

Epocas alternadas húmidas e secas são um dos factores que contribuemn na produção
baixa do gado e, isso provoca períodos alternados de níveis altos e baixos de nutrição.

d)-EVAPORAÇÃO

-Outro factor determinante da chuva é a evaporação, a qual está em função da


temperatura, do vento e da humidade do ambiente. Em áreas de elevadas
temperaturas, baixa humidade ambiental e sujeitas a ventos, a evaporação é muito
elevada e, por conseguinte a eficiência da chuva é muito menor do que em áreas com a
mesma precipitação mas, com maior humidade ambiental e/ou menor temperatura
e/ou vento.

e)-CARACTERÍSTICAS DAS PLANTAS PRATENSES

1-Fonte alimentícia para animais, com digestibilidade apropriada para cobrir as


necessidades quer para manutenção quer para produção animal, pela riqueza em
energia, proteinas, vitaminas e minerais. Devem proporcionar a quantidade suficiente
de nutrientes, isso se for possível durante todo o ano, ou a maior parte do ano

2-Devem ser espécis de gramíneas e de leguminosas suficientemente fortes para serem


comidas ou pastoreadas no pasto, mesmo assim deve suportar o pastoreio directo, até
de uma alta carga animal, sem perderem o seu vigor de rebrote durante vários anos.

3-São por isso espécies de menor altura do que aquelas utilizadas para o corte.

4-Devem ser resistentes contra épocas secas, ou seja, devem produzir também até certo
ponto nas baixas condições temporariamente adversas, segundo a região onde são
utilizadas

105
SP

5-Cada espécie tem suas características próprias de crescimento até maturação, mas o
conjunto das plantas, situação líquida e desejada de pastos, precisa de certas
características em comum, isto é, época de crescimento, duração desse intervalo até
chegar a maturação etc.

6-Os pastos devem ser uma consociação de leguminosas e gramíneas para garantir uma
oferta boa de nutrientes, especialmente os pastos tropicais e sub-tropicais devido as
relativamente baixo teor em proteinas das gramineas daquelas zonas. As leguminosas
são mais digestíveis do que as gramíneas.

7-E desejável ter especies perenes adaptadas ao meio ambiente


8-As espécies devem armazenar suficientes substâncias de reserva para garantir o
rebrote

INDICE DA ÁREA FOLIAR (IAF)

-Quando os factores ambientais são favoráveis, a recuperação de uma planta forrageira


logo após o pastoreio ou corte, é função de, principalmente :
-Indice foliar
-Substância de reserva

-O IAF exprime a densidade de folhagem, definindo-se como a àrea de folhas de plantas


por unidade de superfície do terreno. Há um valor óptimo para o iaf ou seja, para a
densidade da folhagem a que corresponde a máxima produção de matéria seca. A taxa
máxima de produção de MS é relacionada com a quantidade da luz ao alcance da
planta, sendo essa quantidade aproximadamente de 95%.

-O IAF que permite utilizar 95% da luz é o IAF óptimo e corresponde com o máximo
crescimento da pastagem. Se a densidade está abaixo desse valor, quer dizer que, podia
haver mais folhas no mesmo terreno. Se, pelo contrário for superior ao IAF óptimo
significa que há
folhas a mais com partes delas ensombradas, a consumirem mais substâncias orgânicas
na respiração do que aas que produzem na fotosíntese que, pode até ser nula se o
ensombramento for total.

-Nestas circunstãncias, a folhagem a mais provoca a diminuição em vez do acréscimo, da


produção de MS. Outra noção é a de que as folhasvelhas sintetizam menos isto é,
produzem menos substâncias orgânicas que as novas, quando estas estão prestes a
atingir o seu tamanho definitivo. Para que a produção da MS seja máxima, o pastoreio
deve ser conduzido com a intensidade necessária para que se mantenha o IAF óptimo
Isto é uma densidade da folhagem tal que o terreno esteja bem coberto por plantas e
não haja, praticamente folhas bastante ensombradas por outras. Deste modo, todas as

106
SP

folhas estão produzindo mais matéria orgânica por fotosíntese do que a que consomem
na respiração.

-É sempre vantajoso que as folhas sejam comidas com uma frequência tal que haja
sempre uma grande produção de folhas novas e pouca de folhas velhas. A presença de
muitas folhas mortas é indício de folhagem a mais, requerendo intensificação de
pastoreio. O IAF óptimo varia segundo as espécies e, assim os trevos por exemplo, têm
um IAF óptimo menor do que as gramíneas, devido a posição de suas folhas.

DIFERENÇAS ENTRE ESPÉCIES DE GRAMÍNEAS E LEGUMINOSAS DE CLIMA TEMPERADO


E TROPICAL/SUBTROPICAL

-Existe uma grande diferença entre estas espécies. Entre estas diferenças se destacam:

a)-Resposta à variações de luz e temperatura. Espécies temperadas precisam de 20.000


Lux até 30.000 Lux para satisfazer suas necessidades de luminosidade e, crescem bem
em temperaturas baixas de 5 a 10 graus centígrados, com óptimas a 20 ºC. Em
comparação, as espécies subtropicais e tropicais continuam crescendo ainda com uma
intensidade de luz de 60.000 Lux e temperatura óptima de até 30 a 35 ºC.
b)-Conteúdo em fibra bruta, proteína bruta e digestibilidade óptimas
c)-Metabolismo fotossintético
d)-Crescimento e desenvolvimento

GRAMÍNEAS

-as gramíneas tropicais e subtropicais têm conteúdos em energia neta, proteina bruta e
fósforo menor do que as temperadas. Estas características afectam mais a produção dos
animais, especialmente as vacas leiteiras. Normalmente o factor limitativo maior é o
consumo baixo de energia digstível, associado com a baixa digestibilidade dos pastos
tropicais, isto provoca o seguinte problema:- Os animais não são capazes de ingerir
quantidades suficientes de pasto/forragem para cobrir as necessidades nutritivas dárias.

FICHA DE TAXONOMIA DE GRAMINEAS E LEGUMINOSAS IMPORTANTES NA PRODUCAO

ANIMAL. MODELO PARA FAZER O HERBARIO

1. Gramíneas (GRAMINEAE/ POACEAE )

-620 Géneros; 10.000 SPP das quais 75% são forrageiras

-São chamadas monocotilédones (Embrião da semente tem um cotilédone)

107
SP

-Todo o graminal forrageiro é herbáceo, com diferenças em crescimento, altura e hábito

de crescimento

-As raízes são fasciculadas(FEIXE), fibrosas ...algumas espécies formam raízes aéreas a

partir dos nós aéreos(Sorghum vulgare) ou subterràneos (ESTALONES, RHIZOMAS, Ex:

Digitaria nlefuensis) que são usados para a multiplicação vegetativa, i.é. estacas/tufos

de raízes (Cynodon dactylon, Imperata cylindrica)

-Forma um tufo denso cimentando fortemente o ponto de crescimento. Alguns em

baixo do solo, razão porque sobrevivem ou toleram as queimadas, secas e ao pisoteio.

-As espécies não estaloníferas não resistem ou toleram ao pisoteio, á seca e ás

queimadas

-Caule=Colmo formado por nós e separado por entrenós, com um conteúdo de fibra

bruta (FB9 muito alto quando seco!

Tab. X. Valor nutritivo das pastagens comunais da Manhiça

% PB % FB

ESPECIE FORRAGEIRA CHUVA SECA CHUVA SECA

Bothrichloa squarosa 8.0 5.0 (62.5 %) 31.4 38..5


Setaria sphacellata 6.0 4.4 (93 %) 29.7 39.2
Imperata cilindrica 8.9 4.9 (44.9%) 37.4 43.6
Panicum maximum 10.8 9.0 (16.8 %) 29.0 40,0
Urochloa mosambicensis 8.0 4.0 (50 %) 31.7 34.9
Medias 8.3 5.5 (33.7 %)
Fonte: Nguluve et al., 2003

-O Caule é usado para a multiplicação vegetativa (Capim elefante, Cynodon dactilon)

108
SP

-O Caule de algumas respécies é ramificado na base (AFILHAMENTO (EX: Panicum

gigantum ), sendo estas SPP. Maiores produtoras de Biomassa (com bom maneio

agrotécnico) e muito persistente ao pisoteio e ao sobrepastoreio.

-O afilhamento é estimulado pelas a) Fertilizações nitrogenadas(Estrumações), b) Regas,

c) Defolhamento, d) Temperaturas baixas e) Intensidade da luz

-Sem erstas condições observa-se a dormência(causada por factores

anatomo/fisiológicas) ou pela degeneração

-O desenvolvimento vegetativo do colmo termina com a reprodução (Floração,

Frutificação, e Maturação da semente)

Folhas = orgãos mais importantes na alimentação animal, com ou sem pêlos, o que

determina a sua palatabilidade (aceitação pelo animal)

-Produzem carbohidratos e fotossíntese, a capacidade fotossintética das folhas reduz-se

com a idade das folhas/plantas

-Determina a altura de corte para muitas gframíneas

20-25 de floração: altura de corte(pastoreio ou corte para conservação)

-O fruto chama-se cariopse e, a semente das gramíneas colhe-se manualmente quando

a haste e a espiga têm a cor amarela (fim da fase leitosa de desenvolvimento)

-Relação caule:Folha

-Com o desenvolvimento a planta perde água e aumentam-se as % de fibra, celulose e

lignina.

-O aumento destes indicadores é proporcional à perda de qualidade da forragem (mais

caules do que folhas)

109
SP

-Portanto, com a maturação ou maior relação caule-folha, a planta vai perdendo

também o seu valor nutritivo!

CARACTERIZAÇÃO:

a)-As gramíneas:

-têm folhas e colmos largos e finos


-Resistentes a falta de humidade que as leguminosas herbáceas e volúvel devido ao seu
sistema radicular
-Folhas e colmos finos e resistentes a falta de humidade no solo
-Podem crescer em latitudes superiores nos 1000 metros sobre o nível do mar (melinis;
panicum; hiparhenia, andropogon
-As gramíneas podem suportar mais a sombra (panicum; andropogon; cynodon)
-A plantas podem crescer na sombra e
-Com maiores rendimentos e maior valor nutritivo que as do espaço aberto
-Alguns géneros de gramíneas podem desenvolver-se nas baixas (brachiarias, paspalum)

-As temperaturas baixas afectam tanto ás gramíneas como ás leguminosas tropicais


(menos de 15oc). As temperaturas elevadas afectam mais as leguminosas (as
leguminosas utilizam o ciclo do carbono 3 (C3) para realizar a fotossínteses e quando as
temperaturas são muito altas (maiores a 25oC) se fecham os estomas incrementando a
respiração, portanto, as gramíneas tropicais tem uma elevada produtividade por área.
por outro lado, a radiação solar constituí a fonte de energia para todos os processos
biofísicos na terra. A mesma influí no desenvolvimento das plantas ao unir-se com
processos químicos mediante a clorofila para além de que o aquecimento das plantas
produz-se devido a energia da zona infravermelha. a luz tem um grande efeito no
crescimento do pasto já que ao aumentar o fotoperíodo favorece a expansão dos
tecidos, produção de folhas mais largas. afirma-se que a quantidade de energia solar
disponível é um dos factores que mais influem no desenvolvimento das plantas. Nem
toda a radiação solar é completamente utilizada pelas plantas e apenas o 45% da
energia recebida está no intervalo fotossinteticamente útil. um quarto da luz visível
recebida pelas folhas é reflectida e o resto utilizável. nos climas tropicais as variações de
radiação solar através do ano são poucas, alcançando valores médios de 300
cal/cm2/dia e até 600 cal/cm2/dia nos meses de verão. as variações nos climas
subtropicais e temperados são maiores que nos trópicos. nos meses de verão alcançam

110
SP

níveis de 500 a 600 cal/cm/dia; no Inverno pode reduzir-se a 18 cal/cm2/dia nos países
subtropicais e 50 cal/cm2/dia nos países temperados.
Pode-se concluir que dos 3 factores analisados, a radiação solar é que menos limita a
produção de pastos e forragens nas áreas tropicais e subtropicais. O factor limitante de
produção e crescimento dos pastos nos trópicos é a precipitação e as baixas
temperaturas nos subtropicos.

b)-LEGUMINOSAS TROPICAIS

-Com respeito às leguminosas, tanto as que crescem em regiôes temperdas quanto as


regiões tropicais, sempre têm maior qualidade e consumo do que qualquer gramínea.
Assim, as leguminosas tropicais representam as seguintes vantagens:

1-A maioria cresce e brota livremente em solos ácidos e de baixa fertilidade


2-A maioria aceita rizóbios do grupo cowpea e só alguns como Lotónia, Centrosema e
Stylosanthess requerem rizóbios específicos.
3-As leguminosas tropicais não provocam timpanismo e contém níveis específicos de
estrogénio, sendo pouco provavel que reduzam a fertilidade animal.. Porém, uma
desvantagem importante é seu difícil maneio, dado especialmente pelas características
de crescimento e rebrote das mesmas.

c)-. LEGUMINOSAS: LEGUMINOSAE, PAPILIONACEAE, FABACEAS


-600 Géneros; 12.200 ssp.
-Tem pouca plasticidade climática em relação as gramíneas
-Dicotiledónea: feijões, vagens (arbustivas/arbustos forrageiros
-As folhas destas plantas são alternadas (trifoliares)
-Anuais, bienais, perenes
-A semente facilmente perde-se quando a vagem amadurece
-As leguminosas crescem em simbiose com as bactérias que vivem nos nódulos
formados nas raízes.
-As bactérias transformam o azoto atmosférico para formas assimiláveis pelas plantas e
as leguminosas reduzem a necessidade de fertilizações azotas, pois enriquecem o solo)
-A assimilação do azoto atmosférico começa com a formação das folhas e das raízes, por
isso faz-se a inoculação do rhyzobium nas sementes para garantir a infecção das raízes

111
SP

nos primeiros dias de vida da plantula, principalmente em solos que não tiveram
leguminosas da mesma espécie (o rhyzobium é específico a grupos de leguminosas
(cowpea rhyzobium) na época anterior ao estabelecimento da planta (ver os plásticos
com rhizobium.

-O fruto (vagem) com muitas sementes (ex. macroptilium atropurpureum, siratro) ou em


forma de pequenos cachos (medicago sativa, luzerna)
-Algumas sementes são muito duras (ex. leucaena, gliricidia), requerendo tratamento
pós-sementeira (escarificação, embebimento em agua, acido)
-Habito de crescimento:
-Erecto, Prostrado, Trepadeira
-Podem ser herbáceas, arbóreas, arbustivas

d)-As Leguminosas arbóreas crescem

-Altura e largura devido aos meristemas primários (células que produzem o


crescimento, altura e meristemas secundários (cambio, células que produzem o
crescimento em largura;
-Os meristemas localizam-se nos ramos /s raízes.
-Leguminosas têm folhas e ramos mais desenvolvidos.
-As arbóreas tem sistema radicular que suporta bem a falta de humidade no solo. Por
ex. leucaena; bahuinia; acácia, etc.
-As herbáceas são pouco resistentes na sombra, são de espaço abertos
-Não crescem bem em solos mal drenados;
-Não resistem o excesso de humidade no solo,
-Crescem em solos sem declives
-Desenvolvendo-se melhor a latitudes menores de 1000 metros sobre o nível do mar.
-As leguminosas geralmente se desenvolvem bem em solos com pH ligeiramente ácidos
a ligeiramente básicos;

O sistema de pastoreio mais simples é aquele no qual os animais estão


continuamente em pastagem a uma carga animal fixa. Haverá então muitas
variações de pastoreio rotativo, variando de pastoreio sazonal em que uma área
é utilizada na estação seca e outra na estação das chuvas, até ao pastoreio em
faixas, em que os animais são rodados todos os dias.

CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS TIPOS DE VEGETAÇÃO

112
SP

Os tipos de vegetação com que as várias comunidades de gramíneas se encontram


associadas, são classificadas da seguinte maneira:

1-FLORESTA, MATA E BRENHA

-São zonas de árvores ou arbustos, em que a copa é fechada. Ocorrem a todas as


altitudes. O capim está ausente ou pouco abundante. As queimadas não têm nenhum
ou pouco efeito no seu desenvolvimento.

Há também tipos de vegetação secundária de floresta, mata ou brenha, e que resultam


da agricultura intensiva ou queimadas frequentes, ou de uma combinação de ambos.
Mantém-se num estado aberto pela agricultura e/ou queimadas descontroladas.

2-FLORESTA ABERTA

-É uma floresta pouco densa de árvores decíduas, com uma cobertura fraca de capim
que aumenta consideravelmente com a derruba de árvores. As queimadas não têm
nenhum efeito ou pouco mefeito no seu desenvolvimento.

As gramíneas que se desenvolvem depois da derruba, são muitas vezes altas e lenhosas,
e portanto difíceis de manejar. As queimadas podem ser utilizadas para manter a
vegetação aberta e eliminar o capim velho, que não foi pastado Esta savanas derivadas,
resultam de derrubas e queimadas, encontram-se em muitas partes de Africa, e nas
áreas de pluviosidade alta, a exclusão das queimadas que causam o regresso da floresta
aberta.

3-SAVANA

-É um complexo de plantas lenhosas e gramíneas com uma cobertura bem desenvolvida


e uma densidade variável de plantas lenhosas, geralmente árvores. As queimadas de
grande intensidade são um fenómeno natural, e é por isso defícil de decidir quais são os
casos em que a savana resultou originalmente 600 mm da acção do clima e, quais
aqueles em que a savana é um tipo de vegetação derivada. Provavelmente o seu
desenvolvimento resultou duma combinação de ambos 600mm os factores.

Em certoas áreas parece que as queimadas foram tão severas e frequentes que se
desenvolveram pradarias com a erradicação das espécies lenhosas da savana. Em outros
casos, a inundação periódica durante a estação das chuvas impede o desenvolvimento
de árvores, resultando numa pradaria edáfica

As queimadas também têm efeito no impedimento da invasão arbustiva neste tipo de


pradaria

113
SP

As savanas são áreas de pastoreio mais extensas em Africa, e portanto o maneio para
manter ou melhorar a sua produtividade é essencial.

4-PRADARIAS

São zonas sem árvores que, consoante o seu desenvolvimento, se dividem em três
categorias:

a)-Pradarias climax

-resultam do efeito do clima, e desenvolvem-se na Africa do Sul, principalmente devido


às condições muito secas e/ou muit frias para as árvores. Porém, investigadores
consideram este tipo como pradarias sub-climax de queimadas.

b)-Pradarias edáficas

-resultam de certas condições do solo, além daquelas que resultam de inundações


sazonais, há algumas que podem ser classificadas como pântano permanente.

c)-Pradarias derivadas

-resultam de queimadas ou outras influências bióticas (já destruidas).

5-ESTEPES

São muito abertas, com plantas lenhosas dispersas e uma cobertura de gramíneas
igualmente dispersas e incluem condições desérticas, em que o desenvolvimento das
gramíneas é muito frequentemente efémero.

As queimadas só muito raramente contribuem para o seu desenvolvimento ou


manutenção e, a invasão arbustiva é às vezes um problema grave

6-TIPOS DE VEGETAÇÃO NÃO DIFERENCIADA

Estes têm uma cobertura graminosa variável, grande parte da qual não é utilizável para
o pastoreio por causa da topografia e do clima
Exemplos:
Planícies de inundações-utilizáveis no tempo seco

114
SP

Pântanos permanentes
Vegetação da montanha
Florestas e brenhas
Pradarias
Vegetação costeira-cabritos

9.2-PASTOREIO CONTÍNUO

Este sistema caracteriza-se pela falta de todo o maneio de pastoreio. Consiste


simplesmente na introdução dos animais em grandes parcelas sem tentar dirigir
ou racionar a sua alimentação, no início da época de crescimento do pasto e,
tirá-los do campo quando a produção do pasto começa a diminuir. O maior
problema reside na dificuldade de ajustar a carga animal à produção de
forragem.

Este é o método de gestão mais simples. Não devem ser adoptados métodos
mais intensos sem uma definição prévia dos objectivos.

O êxito do método de pastoreio contínuo depende de Carga Animal e da


flexibilidade de encabeçamento. Quanto mais a CA se aproxima da capacidade
de carga, menor é a necessidade de flexibilidade de encabeçamento.

Quando o encabeçamento é correcto, a pastagem mantém-se rasa e folhosa,


havendo pouco desperdício: com um encabeçamento elevado, o consumo por
animal é provavelmente insuficiente e a produtividade da pastagem diminui: com
um encabeçamento baixo, uma maior quantidade de pastagem atinge um estado
de maturidade e torna-se rija, os animais pastoreiam selectivamente e a
utilização da pastagem é pobre.

Nas zonas sub-tropicais em que as gramíneas mantém a palatabilidade o ano


inteiro, a CA deve ser fixada tendo em conta a capacidade de carga o ano
inteiro, dado que as gramíneas produzidas em excesso no Verão serão
consumidos no Inverno

Quando as pastagens se tornam de fraca qualidade durante parte do ano,


normalmente em área de maior altitude e pluviosidade, a carga animal deve ser
fixada de acordo com a duração da estação de pastoteio.

Com pastagem intensiva, não é desejável a existência de pasto em quantidade


excessiva, excepto para conservação, e onde não existe flexibilidade de
encabeçamento, é preferível um método de pastagem rotativa, pois este permite
que parte da área seja cortada e conservada.

115
SP

O pastoreio contínuo significa o maneio do gado e diminui os custos de mão-de-


obra, Em geral requer poucos cuidados e pouco investimento em cercos,
bebedouros etc. Estas vantagens apenas aparentes do aproveitamento da
pastagem fazendo, consequentemente, pouco recomendável este sistema
extensivo. O pastoreio contínuo pode-se classificar em dois tipos:

a)-Pastoreio contínuo pesado


b)-Pastoreio contínuo leve

a)-Pastoreio contínuo pesado:

-Uma grande carga animal, ou uma forte intensidade de pastoreio


-Forragem consumida mais nutritiva e palatável devido ao pastoreio intensivo
(plantas sempre nas primeiras etapas de crescimento)
-Controlo de certas ervas daninhas devido a impossibilidade de seleccionar as
plantas
-Eliminação da maior parte das especies de crescimento erecto, a favor
daquelas de crescimento baixo ou rasteiro
-Perda geral da capacidade de pastagem a médio ou longo prazo
-Forte compactação do solo como efeito do intenso pisoteio.

b)-Pastoreio contínuo leve:

-pastoreio com pouca carga animal, ou baixa intensidade


-sempre há um excesso de forragem(selecção das espécies mais palatáveis, as
quais vão desaparecer paulatinamente da pastagem)
-as espécies menos palatáveis vão madurar e suas sementes aumentarão a sua
porção na pastagem
-as espécies de crescimento baixo são as mais consumidas sofrendo a forte
competição pelas de maior altura

9.3--PASTOREIO ROTATIVO

Uma form intensiva de pastoreio na qual a superfície ocupada pela pastagem se


divide em vários piquetes, de um tamanho variável. A superfície da cada piquete
depende da quantidade de UA que os ocupam, do tempo de pastoreio e
descanso que se determina para cada subdivisão. O pastoreio rotativo emprega-
se em forma sequencial, os animais permanecem num cercado até o pasto
chegar a uma altura determinada; neste momento leva-se o gado para o cercado
contíguo, e assim secessivamente até voltar ao cercado inicial. Os pontos mais
destacados neste sistema são os seguintes:

-as plantas contam com vários períodos de crescimento durante a estação de


produção, que as permite rebrotar e crescer novamente sem interrupção

116
SP

-o único sistema que possibilita que tanto as plantas de porte baixo como as de
porte mais alto wsobrevivem e mantenham dentro de certos limites, suas
relações quantitativas
-obtém forragem rica em elementos nutritivos com um mínimo de danos para o
pasto
-tende a uma igualdade de pastoreio, impedindo tanto o excesso como a falta de
pastoreio.
-obtém-se um melhor equilíbrio entre gramíneas e leguminosas e um consumo
mais ou menos uniforme das espécies, tendo certo grau de diferença na
palatabilidade
-permite um maneio eficiente do pasto nos períodos de descanso, facilitando os
cortes para eliminar ervas daninhas não consumidas e espalhar as dejecções
animais.
-qualquer excesso de forragem durante os períodos de crescimento, pode-se
aproveitar para a conservação, quer em forma de feno, quer em forma de
silagem

Tudo isso leva a conclusão que, o sistema de pastoreio rotativo exige uma maior
atenção e maior cuidado no que diz rsspeito ao maneio animal e pastagem
Quando se trata de um só grupo de animais, o número de cercados calcula-se
da seguinte forma:

N=PD /PP+1
Em que N=Número de cercados
PD=Período de descanso
PP=Período de pastoreio. Assim se o PD for de 21 dias e o PP for de 7 dias
teremos: N=21/7+1
N=4 cercados

Muitas vezes, há um certo número de cercados fixos, por exemplo 3, então


deve-se determinar o PP da seguinte maneira:

PP=PD/N-1=21/3-1=10,5 DIAS
Então, PD=(N-1) X PP=21 dias

A razão do pastoreio rotativo é que este proporciona períodos de descanso para


recuperação da pastagem depois da desfoliação. É geralmente aceite que a
produção de pastagem é maior quando o pasto é descansado durante algum
tempo, desfoliado rapidamente em seguida e descansado novamente.

Para que um sistema de pastoreio rotativo tenha êxito, deve existir uma
sequência apropriada nos períodos de descanso e de desfoliação, a fim de
permitir um equilíbrio de pastagem.

Numa pastagem intensiva onde existem uma ou duas espécies com um ritmo de
crescimento conhecido, os períodos de pastoreio e descanso podem ser

117
SP

calculados com uma razoável objectividade mas em pastagens naturais de


grande extensão existem tantas variáveis que a decisão sobre quantos animais
devem ser retirados, isto é, a duração dos períodos de descanso e pastoreio é
em grande medida baseada numa avaliação subjectiva e de erro. É essencial.
Portanto, um elevado nível de gestão derivado da experiência.

Alguns autores têm sugerido que os períodos de rotação devem ser


determinados de acordo com a altura do pasto no fim do período de descanso e
não sujeitos a períodos de intervalos fixos; outros autores encontram uma
correlação estreita entre o aumento de peso vivo e a altura do talo no fim de um
período de pastoreio.

VOSIN (1959) sugeriu que o gado não deve ser mantido em pastagem numa
área durante mais de alguns dias de cada vez e deve ser retirado enquanto a
pastagem estiver em nova rebentação. Ele propôs que o período de descanso
fosse determinado de acordo com a curva de crescimento da pastagem devendo
ser portanto, maior no fim do Verão que na primavera.

Este tipo de gestão, embora seja possível para pastagens semeadas nas zonas
de climas temperados, não é geralmente praticavel nas pastagens naturais
(rangeland). Não só o custo da sub-divisão em muitos cercados é proibitivo,
como também uma rotação rápida não toma em consideração a estação seca,
quando a pastagem praticamente não cresce.

Para serem eficazes, os períodos de descanso têm que incluir pelo menos, parte
da estação das chuvas e em condições do rangeland o pastoreio rotativo
normalmente requer poucos cercados e períodos mais longos de pastoreio e
descanso.

Embora as vantagens de longos períodos de descanso tenham sido


demonstrados quando a pastagem é cortada, o pastoreio rotativo nem sempre é
superior ao pastoreio contínuo em termos de rendimento utilizado.

Os resultados experimentais são contraditórios e revisões de literatura


demonstram haver muito poucas vantagens práticas no pastoreio rotativo.

Explicando a não existência de vantagens práticas no pastoreio rotativo sobre o


pastoreio contínuo, McMeekam (1960) sublinhou que:

a)-descanso e pastoreio alternativos não resultam necessariamente numa


produção de pastagem maior que a obtida ao pastoreio contínuo.

b)-não é axiomático que um método de pastoreio que produz maior quantidade


de pastagem seja um método superior, pois algo se pode perder em termos de
qualidade, eficiência de utilização e eficiência de conversão.

118
SP

Nos casos em que as vantagens de pastoreio rotativo têm sido demonstradas,


estas têm resultado principalmente do facto de a forragem obtida de parte da
área ter sido conservada. Deste modo, a probabilidade de conversão surge
como sendo a vantagem principal do pastoreio rotativo.

Numa situação de rangeland onde as queimadas são necessárias para o


controlo das espécies invasoras, o objectivo do período de descanso pode ser a
da conservação das gramíneas para comsbustível e não para alimentação. Uma
outra razão do descanso periódico é permitir que as espécies da pastagem
propaguem naturalmente as sementes.

9.4-PASTOREIO EM FAIXAS

Uma variante do pastoreio rotativo, na qual a superfície a pastar é mantida


dentro de certos limites utilizando o cerco móvel eléctrico. O emprego de cerco
eléctrico permite uma utilização do pasto a baixo custo, em comparação às
vedações tradicionais.

O pastoreio em faixas permite concentrar altas quantidades de gado num


espaço reduzido de pasto, onde permanecem durante um período curto que
pode ser um meio dia até um dia. A forma mais apropriada de cercado para um
pastoreio em faixas é a rectangular, porque facilita o movimento de cerca
eléctrica. A carga animal deve-se medir nos primeiros dias, dependerá da
quantidade de forragempresente no pasto.

Como ponto de partida, pode-se começar dando a cada animal uma superfície
de 50 metros quadrados ou 200 animais por ha, para ajustar no dia seguinte a
maior ou menor superfície de acordo com o resto da forragem que sobrou na
faixa.

As partes já pastadas maneja-se os excessos talvez sobras e ervas daninhas, e


espalhando as dejecções. Esta forma intensa de pastoreio permite uma
produção bastante estavel de pasto, como também dos animais. Os animais
consomem toda a produção existente nas faixas sem poder seleccionar.

9.5-PASTOREIO SISTEMA HOHENHEIN

Sistema bastante intensivo, destinado a regular o pastoreio, reduzir as perdas e,


conseguir uma máxima produção. Consiste num tipo de pastoreio rotativo,
dividindo o pasto num número adequado de piquetes. A novidade deste método
baseia-se numa rotação de animais ao mesmo tempo. Assim, os animais de
maior produção-leiteiras entram a pastar primeiro, seguidos pelos de baixa
produção e logo as vacas secas. Depois de consumir todo o pasto existente,
pode-se fazer os mesmos trabalhos de corte do resto da forragem, e espalhar
dejecções

119
SP

9.6-ZERO PASTOREIO

O sistema de zero pastoreio consiste em cortar diáriamente a forragem nos


pastos para dá-la em seguida aos animais, aproximadamente no mesmo estado
verde e fresco no qual foi cortado. Os animaisw podem estar estabulados ou em
mangas e apriscos e, a forragem pode ser administrada inteira ou picada.

Neste sistema consegue-se a máxima utilização dos pastos, diminuindo a


selecção da forragem pelos animais e reduzem-se as perdas provocadas pelo
pisoteio animal. O corte quando feito por máquina, produz uniformidade na altura
das plantas, impedindo que predominem as ervas daninhas sobre as espécies
valiosas, garantindo um rebrote muito igual do pasto cortado.

Como não há pisoteio, nota-se uma diminuição da compactação do solo dos


pastos e, as plantas não são destruidas, iniciando consequentemente seu
desenvolvimento após o corte mais rapidamente do que nos anteriores sistemas
de pastoreio.

O maneio dos animais, principalmente nos estabulados permite acumular as


dejecºões e utilizá-los racionalmente na adubação dos pastos. O sistema de
alimentação em estábulos ou mangas também permite poupar gastos para
cercos, mas significa um gasto alto para a maquinaria para corte e transporte e,
também para gastos adicionais em mão-de-obra.

9.7-PASTOREIO MISTO

O sistema de pastoreio misto consiste em pastar uma pastagem com duas ou


mais espécies de animais. Este método parece ter vantagens, considerando
especialmente o feito que as diferentes espécies animais têm hábitos próprios
de consumir forragem e preferências distintas pelas diferentes plantas
pratenses, ou são capazes de consumir a forragem que outros animais
deixaram. Assim, os ovinos consomem as plantas deixadas pelos bovinos.

Outro ponto importante relacionado co este sistema de pastoreio é que se reduz


aquele problema de “ilhas” formadas pelas dejecções animais, cuja forragem
não resulta palatável para o próprio animal que as causa. Pode-se dizer que o
sistema tende a evitar o problema de sobrepastoreio das plantas mais palatáveis
e, uniformizar o consumo de toda a vegetação presente no piquete, inclusive
muitas ervas daninhas.

10--SISTEMAS DE PASTOREIO

A primeira tarefa em estabelecer um sistema de pastoreio é determinar a carga


animal apropriada. Dado que diferentes espécies de animais, e a um grau
menor, diferentes classes de gado, por exemplo vitelos, vacas em lactação,
vacas secas, têm hábitos de alimentação e necessidades nutritivas diferentes, a

120
SP

capacidade de carga dependerá dos animais a serem mantidos. Como


resultado, uma biomassa animal maior poderá ser mantida eficientemente
utilizando mais de um tipo de animal.

Por exemplo, a utilização de caprinos juntamente com bovinos pode aumentar a


produção de alguns tipos de vegetação, exercendo, ao mesmo tempo, controle
sobre a recuperação das ervas daninhas.

A combinação de animais apropriada para uma área é determinada pelo tipo de


vegetação, necessidades dos animais e considerções económicas que incluem
aspectos de controle das doenças.

10.1-OS SISTEMAS DE PASTOREIO PODEM DIVIDIR-SE EM QUATRO


TIPOS PRINCIPAIS:

1-O primeiro é o pastoreio contínuo e em condições extensivas, mesmo que os


animais não estejam agrupados em locais diversos em dias diferentes, eles
exercem frequentemente a sua frma natural de rotação não controlada.

2-O segundo sistema é o sistema de pastoreio sazonal em que os animais se


movimentam naturalmente ou estão confinados numa única área durante a
estação das chuvas e noutra na estação seca. Isto é comum em áreas onde há
falta de água permanente, o que ocasiona que algumas partes sejam utilizadas
só durante a estação das chuvas.

3-No terceiro sistema, a área total é subdividida em unidades formais ou


informais que são usadas separadamente na ordem que parece mais
apropriada. A não ser que sejam efectuados registos funcionais, acontece
frequentemente que alguns lotes são utilizados em excesso enquanto outros
permanecem inaproveitados.

4-O quarto tipo é aquele em que existe uma sub-divisão planeada, com registos,
em que o pastoreio é igualmente proporcionado entre os lotes, do que resulta
um sistema de rotação equilibrado.

O primeiro passo a tomar na escolha de uma rotação do pastoreio é decidir


sobre a duração e frequência dos períodos de descanso e de pastoreio. Em
rangeland, estes serão determinados em grande parte pelo estado da terra, a
necessidade da existência de um pastoreio de reserva e pela frequência de
queimadas previstas. Devem ser tomadas em consideração, as restrições de
ordem económica e de gestão, ao número de lotes a utilizar assim como a
medida em que o sistema será flexível ou rígido.

Um estudo dos registos de pluviosidade demonstram que a variabilidade da


queda das chuvas e probabilidade de seca, factores estes que determinam a
quantidade de reservas necessárias para enfrentar um período de seca. Se a

121
SP

erva não for necessária para pastoreio, pode ser-lhe permitida a formação de
sementes e/ou ser queimada para o controlo de arbustos.

Quando o range condition ou estado da pastagem natural é bom, um ano de


descanso num ciclo de 4 anos, como no sistema de 3 manadas 4 campos, pode
ser suficiente manter o vigor de pasto e a reserva de sementes, além de produzir
uma reserva de 25% para períodos de seca. Em terras pastoreadas em excesso
ou terras áridas, contudo, poderão ser necessários períodos de descanso mais
frequentes.

Ainda não foi determinada com excatidão a medida em que os períodos de


descanso prolongados reduzem a capacidade de carga total. Pode ser
argumentado que se a produção de pastagem de uma estação for queimada em
vez de pastoreada a capacidade de carga é reduzida proporcionalmente. Na
prática, porém, com uma pluviosidade razoável, a onda de rebentação de
pastagem que segue à queimada compensa largamente a perda do pasto. Além
disso, a terra geralmente não é queimada a não ser que a queimada seja capaz
de aumentar a produção total de pastagem atravês de supressão de plantas
lenhosas competitivas.

ALGUNS INDICADORES PARA A PLANIFICAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO


NECESSÁRIA PARA DIFERENTES ESPÉCIES ANIMAIS, SEGUNDO
MORGADO (1985).

Equivalência dos alimentos aproximados:

Espécie animal Alimento em kg Equivalência


Bovino 1 kg de forragem verde 250 a 300 gramas de forragem totalmente
seca
---------- 1 kg de forragem verde 300 gramas de feno
---------- 1 kg de forragem totalmente 3.5 a 4 kg de forragem verde
seca
Caprino/Ovino 1 kg de forragem verde 250 a 300 gramas de forragem totalmente
seca
---------- 1 kg de forragem verde 300 a 350 gramas de feno
---------- 1 kg de feno 3 a 3.5 kg de forragem verde
Suinos 1 kg de forragem verde 250 a 300 gramas de forragem totalmente
seca
---------- 1 kg de forragem totalmente 3.5 a 4 kg de forragem verde
seca
---------- 1 kg de cereais, sementes e 3 kg de batata doce, 7 kg de beterraba
mandioca seca forrageira, 10 kg de nabos ou abóboras
---------- 1 kg de batata doce 350 gramas de cereais
---------- 1 kg de beterraba forrageira 150 gramas de cereais
---------- 1 kg de abóbora, nabos 100 gramas de cereais
Coelho 1 kg de forragem verde 300 gramas de forragem seca

122
SP

1 kg de forragem seca 3.5 kg de forragem verde


--------- 1 kg de cereais e mandioca 3 kg de batata doce
seca
1 kg de batata doce 350 gramas de cereais
Pato 1 kg de forragem verde 300 gramas de forragem verde
---------- 1 kg de forragem seca 3.5 kg de forragem verde
---------- 1 kg de cereais e mandioca 3 kg de batata doce
seca
---------- 1 kg de batata doce 350 gramas de cereais

QUANTIDADES DE ALIMENTOS NECESSÁRIOS EM FUNÇÃO DE PESO:

Bovino (400 kg) % de peso Kg forragem Kg de forragem verde


totalmente seca -a)
Para conservação do 1.5 6 21 a 24
seu peso
Para trabalhos leves 2.25 9 32 a 36
Para trabalhos médios 3 12 42 a 48

Caprino/Ovino
Cabras 4 a 7.5 0.950 a 2.1 3.8 a 8.4
Caprino/crescimento 3.7 a 9 0.820 a 2.0 3.3 a 8.0
Ovelhas 2 a 4.8 1a3 4 a 12
Ovino/crescimento 2.5 a 6 0.6 a 2.8 2.4 a 11.2
Suino Quantidade diária em Quantidade Variação da
kg anual em kg quantidade diária em
kg
Varrasco 2,250 850 --------
Porcas prenhas e em 2,700 990 2a5
lactação a)
Leitões 0,150 55
Crescimento e 2,360 860 0,6 a 3,5 b)
acabamento
Coelho
Forragem verde 20% de peso (para ---------- ----------
50% das
necessidades)
Forragem seca 5% de peso (para ---------- ----------
50% das
necessidades)
Mistura de cereais, 15% de peso (para
sementes resíduos, sub- 50% das ---------- ----------
produtos necessidades)
Idem, misturas 10% de peso (para
completas 100% das ---------- ----------

123
SP

necessidades)

Caprinos:-Percentagens mais elevadas para animais mais novos e cabras em lactação


a)-Contendo 0.250 de matéria seca por quilo

Suinos: a)-Porcas prenhas 2 kg, porcas em lactação 3 kg mais o,250 kg por leitão
b)-Também pode calcular-se em 1 kg de mistura por cada 25 kg de peso vivo

Coelhos:-Para o caso de animais com maiores necessidades, como é o caso de reprodutoras


aleitando.

BOVINOMETRIA

A bovinometria é a parte do estudo do exterior do bovino cujo objectivo é a determinação


das principais medidas corporais. Usa-se particularmente na determinação de índices
corporais, proporcionando dados valiosos sobre a aptidão produtiva dos animais.

Como já foi anteriormente referido, os bovinos leiteiros e os de corte


apresentam formatos distintos. O formato dos primeiros é triangular
enquanto que o dos últimos é quadrangular. Estes formatos são
estabelecidos por observação dos animais sob diferentes perspectivas,
nomeadamente de perfil, de trás e de frente.

De perfil: Duas linhas imaginárias, uma delas tangente ao dorso (desde o garrote até á
garupa) e outra ao ventre, no gado leiteiro os seus prolongamentos serão convergentes á
frente do animal enquanto no de corte estas linhas serão paralelas.

De trás: Duas linhas imaginárias tangentes ás ancas, á região das costelas e ao extremo
superior da espádua (quase ao nível do garrote) terão a tendência de se cruzar á frente do
animal no gado leiteiro e serão paralelas no gado de corte.

De frente: Duas linhas imaginárias partindo do chão e tangentes ás espáduas cruzar-se-ão


sobre o garrote no gado leiteiro enquanto no de corte serão paralelas.

Para o estudo da bovinometria usam-se bovinómetros (também chamados zoómetros). Na


falta destes podem também ser usados meios simples não convencionais tais como réguas,
esquadros, compassos de espessura, fitas métricas, etc. As medidas obtidas devem ser
comparadas ás de animais considerados standard da raça, da mesma idade, aptidão produtiva
e criadas em condições de maneio similares.

11.1. Principais medidas zoométricas no gado bovino

As medições devem ser feitas com o animal bem parado sobre as quatro patas, num chão
horizontal.

124
SP

11.1.1. Na cabeça
• Comprimento da cabeça: medida entre a parte média da marrafa e o início do
focinho.

• Largura da cabeça: distância entre os ângulos faciais (ângulos internos) dos olhos.

11.1.2. No tronco
• Largura do tórax: Distância entre duas varas perpendiculares ao solo, tangentes ás
costelas e que passam por trás das espáduas.

125
SP

• Altura do tórax: Também chamada "profundidade do tórax", é a medida entre duas


varas colocadas tangencial e perpendiculramente ao garrote e ao cilhadouro.

• Comprimento do tórax: medido desde a ponta do encontro até á parte média da


última costela.

• Perímetro toráxico: Medida do perímetro do tórax extraída pela passagem de uma


fita métrica por detrás das espáduas e garrote e sobre o cilhadouro.

126
SP

• Altura do garrote: Representada pelo ponto em que uma vara vertical partindo do
solo, colocada tangencialmente á região das espáduas é cruzada por outra tangencial
e transversal ao garrote.

• Perímetro abdominal: Obtém-se passando uma fita métrica á frente da garupa,


sobre o umbigo nas fêmeas e por trás do prepúcio, nos machos.

• Comprimento da garupa: Distância, em linha recta, entre a ponta da nádega e a


anca.

127
SP

• Largura da garupa: Divide-se em largura anterior e largura posterior da garupa.


- largura anterior: distância, em linha recta, entre as ancas;

- largura posterior: distância, em linha recta, entre as pontas das nádegas.

11.1.3. Nos membros

• Perímetro da canela: Trata-se do perímetro da região da canela, medido apenas nos


membros anteriores. Esta medida deve representar 10% do perímetro toráxico do
gado não seleccionado e 9% do perímetro toráxico das raças seleccionadas.

128
SP

11.1.4. Outras medidas

• Comprimento do corpo: Distância entre a marrafa e o ponto de inserção da cauda.


Existe uma outra forma mais comumente usada para determinar o comprimento do
corpo, que é medindo a distância entre o encontro e a ponta da nádega. Esta é a
medição que mais se recomenda.

11.2. Principais índices zoométricos em bovinos

Peso vivo
a) Índice de compatibilidades = --------------------------
Alt. garrote - 1 metro
Este índice é mais alto no gado de corte em relação ao gado leiteiro.

Larg. torax
b) Índice toráxico = ------------------ x 100
Alt. torax

É mais alto nos animais de corte (mais cilíndricos) em relação aos leiteiros (estrutura oval).

(Perim. toraxico)2
c) Índice de anamorfismo = ------------------------
Alt. do garrote

Dá uma importante indicação da conformação do animal. Os bovinos de corte apresentarão


um índice maior que os leiteiros.

d) Índice corporal = ----------------------------


Perim. Toraxico

Este índice é mais alto nos bovinos leiteiros em relação aos de corte.

e) Índice pelviano = ------------------------- x 100


Comprim. Garupa

129
SP

Os bovinos de corte apresentam um índice pelviano mais alto que os leiteiros.

f) Índice dactilotoráxico = --------------------- x 100


Perim. toráxico

Os bovinos leiteiros apresentam um índice mais elevado que os de corte.

Comparação entre índices em gado de leite e de corte

INDICE G. CORTE G. LEITE


I. compactibilidade Mais de 20 (24 a 28) 18 ou menos
I. toráxico Mais de 80 (ate 90) 60 a 70
I. anamorfismo De 4 a 5 2,5 a 3
I. corporal 64 a 70 78 a 88
I. pelviano 110 a 120 90 a 98
I. dactilotoráxico Menos de 10 11 a 12

12. BARIMETRIA

Com base em medições zoométricas, a barimetria permite a determinação do peso


aproximado de um bovino mediante o uso de determinadas fórmulas. As várias fórmulas
barimétricas propostas por vários autores não são capazes de responder á necessidade de
cálculo do peso vivo aproximado de qualquer raça bovina. Elas são bastante específicas para
determinadas raças e determinados climas, havendo sempre necessidade de se ajustarem ás
condições locais. O ideal seria, através do método de regressão, caso a caso identificar a
fórmula barimétrica que mais se adequa a uma determinada raça e local. A barimetria é um
importante instrumento para situações em que não há balanças e é necessário estimar o peso
dos animais.

12.1. Exemplo de algumas fórmulas barimétricas

a) QUETELET: (Perímetro toráxico)2 x Compr. corporal x 87.5.


b) CREVAT: Há 2 métodos:
• 1º método: Perímetro toráxico x 80
• 2º método: Perím. toráxico x Compr. corpo x Perím. abdomin x 80.
c) Para o Bovino Angone de Moçambique: Foram desenvolvidas 3 fórmulas diferentes
para classes diferentes:
• Para novilhos/as de 1 a 2 anos de idade: -137.41 + 2.23 x Perímetro Toráxico
(desvio-padrão de 11.17 kgs)
• Para novilhos/as de 2 a 3 anos: - 260.43 + 3.33 x Perímetro Toráxico (desvio-
padrão de 15.99 kgs)
• Para vacas e touros: - 178.46 + 2.7 x Perímetro Abdominal (desvio-padrão de
31.42 kgs)

Actualmente se fabricam cintas barimétricas com as quais se calcula o peso vivo


directamente com base no perímetro toráxico

130
SP

13-A tracção bovina

-Técnicas de Treino de Animais para Tracção

13.1- Introdução geral

A tracção bovina quase não evoluiu até hoje e, em alguns pontos do País limita-
se ao trabalho do solo com a charrua e, uma importância menor no transporte. A
utilização de semeador, amontoador e do sachador é quase desconhecida. Por
esse facto, a vantagem da lavoura é bastante comprometida, uma vez que, há
limitantes da força de trabalho para as operações de sementeira e da sacha.
Esse factor limita a tendência do agricultor, de aumentar a sua área de cultivo.

É importante estudar e divulgar linhas de equipamento adaptadas aos diversos


sistemas de culturas (culturas de plano, culturas de montão-tipo Angónia,
culturas de arroz, culturas regadas por sulcos), e de produção (capacidade de
gestão dos agricultores), com relação ao transporte de tracção animal. O
desenvolvimento da capacidade de transporte constitui com certeza um meio
eficaz para melhorar a curto prazo a capacidade de gestão dos sistemas de
produção:

-gestão da força de trabalho, melhorando a produtividade


-gestão da terra, permitindo cultivar campos mais afastados das habitações
-utilização do estrume
-gestão dos animais, mantendo uma actividade ao longo do ano
-eventualmente o transporte de palha e forragem para alimentação dos animais
-gestão dos produtos que o agricultor pode adquirir ou vender no momento
oportuno

Apesar dessas considerações, ainda há deficiências concernentes ao maneio


desses animais a saber:

-controlo sanitário irregular e, em certas zonas ainda inexistentes

-intensificação do trabalho de lavouras, em regime próprio e também de aluguer

-ausência quase geral duma alimentação adaptada ao trabalho fornecido, num


período onde os recursos das pastagens naturais são fracos(Agosto a Outubro,
dependendo das zonas, podendo ir até final de Novembro); contudo, alguns
agricultores que dispôem de carroças começam a conservar a palha de milho
para os seus animais de trabalho.

-Verifica-se em muitos casos, animais com sinais de anemia

131
SP

-numerosos agricultures que possuem poucas cabeças de gado, têm


dificuldades para substituir a sua junta de trabalho; os animais trabalham em
média até 15 anos

-a mortalidade parece relativamente elevada

Para definir programas de intervenção em apoio aos sistemas de produção agro-


pecuária em algumas zonas ou distritos de peso significativo na economia do
País, teria que definir os seguintes objectivos:

1)-aprofundar os conhecimentos sobre o funcionamento e a dinâmica dos


sistemas de produção

2)-definir com as estruturas locais de desenvolvimento agrário, os métodos de


trabalho pluridisciplinares adaptados às diversas fases:
-diagnóstico
-elaboração de programas operacionais
-acompanhamento da execução

-avaliação dos resultados e reajustamento dos programas

3-formação do pessoal técnico de vários níveis, nos diversos ramos de trabalho

4-desenvolver a partir de programas concretos, a ligação “investigação,


produção, desenvolvimento”, que constitui um elemento chave neste tipo de
programa

5-preparar uma acumulação de conhecimento, nos domínios da metodologia das


técnicas de produção, da formação de quadros, que possa ser utilizada
progressivamente em outras zonas.

6-preparar em cada zona um plano director de desenvolvimento agrário a curto


prazo que sirva de:
-guia prático para as estruturas locais
-base para solicitar e coordenar a utilização dos créditos nacionais e
estrangeiros.

-A área média cultivada por família em Moçambique para a produção do algodão


é de cerca de 0,6 ha, muito pequena, devido ao uso de instrumentos de baixa
produtividade (enxada de cabo curto). Esta realidade obriga as empresas
algodoeiras a lidar com um elevado número de produtores no algodão (de modo
a obterem produção que justifique seus investimentos), exigindo como
consequência um elevado número de extensionistas por empresa, elevando
assim os custos das empresas algodoeiras.

132
SP

-Por outro lado, estas áreas pequenas por família fazem com que a produção de
algodão seja baixa, o que tem como consequência directa a baixa renda familiar
e baixa poupança prevalecendo assim o ciclo de pobreza.

-Estudos mostram que uma junta de bois consoante o vigor dos animais,
eficiência do sistema de atrelagem e o treino, equivale a uma unidade de
potência de 1 a 2 kw, o que em termos médios corresponde a 10 vezes a
potência desenvolvida pelo trabalho de um homem. Uma junta bem utilizada
pode facilmente lavrar, semear e sachar mais de 6 ha e ainda transportar numa
carroça adequada, uma tonelada de carga num percurso de 20 a 30 km em 8
horas, enquanto que para um Homem o transporte de algumas dezenas de
quilos, em percursos bem mais limitados, é sempre uma tarefa muito penosa.

-Para lavrar 1 ha, a área que em média consegue cultivar com recurso a
instrumentos manuais, um agricultor despende cerca de 240 horas de trabalho,
enquanto que com uma junta de bois, 25 horas são suficientes para lavrar a
mesma área, não falando já dos incrementos de produtividade devido a
optimização das exigências e prazos técnicos e potencial uso de técnicas de
cultivo mais adequadas, nomeadamente a sementeira directa no restolho que
poderão proporcionar (Revista Esporo, 2005).

É pensando nestas vantagens da tracção animal, que o IIAM pretende apostar


nesta tecnologia de baixo custo, para aumentar a área de produção dos actuais
0,6 ha para uma média de 1,5 ha por família para permitir o aumento a renda e
segurança alimementar.

-A massificação da tracção animal (T.A.) nas zonas com criação de gado insere-
se no comando superior no contexto da revolução verde, que preconiza a
intensificação da agricultura apostando em tecnologias de cultivo de maior
produtividade tendo em conta a preservação da fertilidade do solo e protecção
ambiental, através do:

-Uso de sementes melhoradas;


-Estrume e Fertilizantes;
-Uso de vacas para Tracção animal com suplementação alimentar - em caso de
falta de animais machos.
-Água para irrigação para garantir aumento da produção.

13.2-Como utilizar este manual de formação

O presente manual está dividido em três secções:


1-Introdução ao tema;

133
SP

2-Recomendações para a preparação e condução do curso de formação de


formadores;
3-O curso de formação de formadores de animadores de Tracção Animal.

-O curso de formação foi projectado de modo a ser realizado de uma forma


participativa e aberta. Para ajudar a comunicação, uma gama de ilustrações foi
incluída no presente manual. As ilustrações servirão também de base para
preparação do album seriado que servirá de guia durante a formação dos
camponeses (animadores de Tracção Animal).

13.3-Abordagem sumária dos aspectos técnicos ligados a Tracção Animal.

13.3.1-Importância da tracção animal

-O animal do trabalho é talvez dos animais mais utilizados pelo Homem nos
trópicos, aquele de quem se exige mais e menos se lhe dá. Enquanto que o boi
aproveitado exclusivamente para carne, dispõe de maior número de horas e
mais vastas áreas de pasto disponível o boi de trabalho tem horas restringidas e
áreas reduzidas de pastoreio pela agricultura que ajuda a fazer.

-Muitas vezes os trabalhos mais intensos são precisamente numa altura em que
são mais reduzidas as disponibilidades alimentares (fim da época seca e início
das chuvas).
Quanto ao abrigo, muitas vezes nem a sombra de uma árvore tem, enquanto
aguardam a sua utilização, presos a uma estaca.

-O boi de trabalho pode ser utilizado em actividades onde se não exija grande
velocidade, embora se exija esforço, como nos trabalhos de preparação da terra
para agricultura, na tracção de carroças e na elevação de agua.

Relacionado com o maneio de trabalho foram considerados os seguintes


aspectos:

1-A escolha ou tipo de animal a utilizar no trabalho;


2-As necessidades alimentares e sua satisfação;
3-Cuidados de ordem sanitária;
4-O treino para a realização de tarefas especificas;
5-A utilização do bovino depois de treinado.

O tipo de animal a escolher para o trabalho

Na escolha dos animais para o trabalho há que considerar alguns factores que
tem importância, tendo em consideração a finalidade a que se destinam.

134
SP

a)-Raças a utilizar: Devem preferir-se raças locais, atendendo ao seu custo e


principalmente ao seu grau de adaptação as condições locais, resistência as
doenças dominantes e tolerância ao calor.
São bons animais de trabalho, o Landim, o Africânder, o Angone, o bovino de
tete, as cruzas Africânder x Landim e Holandês x Landim.

As raças europeias não são aconselháveis nas regiões quentes pela sua baixa
tolerância ao calor.
Animais muito grandes não são desejáveis, pois exigem maior quantidade de
alimentos.

b)-Características desejáveis: Os animais destinados ao trabalho, devem ser


dóceis, e sem tendência para marrar e escoucinhar, activos, deslocando-se com
facilidade. As cruzas de Brahman, não são muitos aconselháveis.
-Como características morfológicas, deverão ter uma boa musculatura na
garupa, coxa e lombos, pescoço curto bem musculado, de preferência com
bossa, espáduas fortes e membros robustos, com articulações fortes, unhas
duras, ventre pouco volumoso e cornos seguros e firmes.

c)-Idade: A idade para os animais iniciarem o treino deve ser entre os 2 e 3


anos, com aproximadamente 300 kg, isto é, cerca de 2/3 do peso de adulto.
d)-Sexo: Podem trabalhar animais de ambos os sexos, mas são de preferir os
castrados. As fêmeas têm maiores exigências com a lactação e para o fim da
gravidez, período este que pode coinscidir com a necessidade de preparação
das terras antes das chuvas, não encontrando, muitas vezes, o necessário para
as satisfazer.
Os animais inteiros são menos dóceis.

e)-Idade para a castração: Os animais devem ser castrados só pelos 18 a 20


meses podendo beneficiar da possibilidade de um desenvolvimento mais rápido
e simultaneamente permitir a decisão do destino a dar (reprodução, trabalho ou
talho).

13.3.2 -treino dos animais de tracção

Treino de bovino de trabalho: O ensino do boi de trabalho implica a sua


habituação à canga e ao andamento, devendo saber deslocar-se para a frente,
recuar e voltar, sob o comando do condutor.

-No treino seguem-se diversas etapas, convindo, no caso de animais novos, ser
efectuado na época das chuvas, quando há mais alimentos disponíveis.

135
SP

-O pessoal deve ser calmo, falar para os animais e não gritar, usando a vara o
menos possível. Não deve ter receio dos animais e habitua-los à sua voz,
quando os está a ensinar.

Preparação do Animal para Começar a Ser Treinado

-Para começar a ser treinado, o animal deve ser preparado de modo a evitar
ferimentos graves a quem lida com ele, e de modo a ser facilmente dominado.
Para tal, convém:

a)-Deslocar o animal da manada para o curral para se habituar ao tratador;


b)-Cortar-lhe a ponta dos cornos, o que se pode fazer com um serrote vulgar,
boleando com uma pedra, lixa ou grosa os bordos cortados. O corte deve ser
feito 2 a 3 cm abaixo da ponta;
c)-Colocar-lhe um arganel no tabique nasal, ou passar-lhe uma corda pelo
mesmo que se amarra à nuca. A perfuração do tabique nasal pode ser feito com
um vasador apropriado ou por meio de um ferro com ponta aguçada.

Colocação da Canga e habituação a Mesma

A primeira operação a fazer-se no treino, é o da habituação ao equipamento que


o animal vai utilizar para desempenhar o que dele se pretende.

A habituação à canga será portanto, o primeiro passo a ser dado pelo treinador.
Para tal, haverá que:
a)-Manter o animal no corredor anexo ao curral da recolha ou ensino;
b)-Passar-lhe uma corda pela base dos cornos e puxa-lo para um tronco
próximo destinado à colocação da canga, constituído por duas estacas verticais,
unidas por uma horizontal, ficando esta altura da cabeça dos animais;
c)-Amarra-se a cabeça à vara horizontal por meio de cordas que se podem
soltar facilmente;
d)-Coloca-se a canga sobre o pescoço, convindo passar à operação seguinte só
após os animais ficarem calmos sob a mesma. Esta opraçao em geral demora
um dia ou mais.
O treino “a duo”, com um animal já treinado, é mais fácil do que o treino de 2
animais novos.

Não se deve manter o animal sob canga, inicialmente, por muito tempo,
tratando-se de animais novos não mais de 3 horas, com períodos de descanso.
Convém pôr os animais sob canga, dias seguidos e não um dia sim e o outro
não.

Treino de Deslocação com a Canga

136
SP

A segunda etapa do treino têm como finalidade conseguir que o animal se


desloque com a canga sobre o pescoço. Para tal:

a)-Coloca-se a canga no boi a ensinar e num outro já ensinado, o que pode


fazer-se no tronco próprio;
b)-Passa-se uma corda pelo anel das narinas, ou pela corda que passa pelas
narinas;
c)-O condutor da junta começa então a puxar pela corda do arganel, e os
ajudantes evitam que o animal se coloque demasiadamente oblíquo ou que
avance contra o condutor.

-O treino de habituação do animal a deslocar-se pode fazer-se também


individualmente, trazendo o animal para uma nora ou vara de ensino, dispondo
num dos extremos dos canzis ou cangalhos, aonde se prende o pescoço do
animal, passando-lhe a correia ou brocha, e estando o outro extremo fixo a um
tubo que roda sobre a estaca vertical. Convém também que a deslocação do
animal se faça com um dos menbros posteriores preso por uma corda segura
por um ajudante.

-Animais que se deitam deverão ser levantados, o que se pode fazer carregando
com um pau aguçado no meio da garupa, entre as saliências de duas vértebras
do sacro. Um outro processo para fazer levantar os animais consiste em tapar
com a palma da mão as narinas do animal.

Desenvolvimento do Esforço de Tracção

-Constitui a 3a etapa do treino, o desenvolvimento do esforço de tracção, isto é,


o reboque de cargas em vez da simples deslocação do animal. Para este efeito:

-Liga-se a canga por meio de uma corrente a um trenó, sobre o qual se coloca
um peso (tronco)???
Este treino deve ser feito com regularidade por pequenos períodos inicialmente,
uma hora e meia (1. 1/2h), 3 vezes por dia.

Adaptação a Trabalhos Específicos

-A adaptação a trabalhos específicos, isto é, o uso do animal com os


instrumentos que vai rebocar, constitui a operação final e para tal se exige que o
treinador conheça as técnicas da cultura a utilizar e as regras de trânsito nas
estradas.
Poderá o boi rebocar a charrua, a carroça, grade, nos trabalhos de campo e de
transporte.

Regime de Trabalho

137
SP

-Os bois de trabalho devem ser utilizados nas horas mais frescas do dia.
Podem-se considerar dois regimes de trabalho:

a)-Regime de trabalho seguido: O animal trabalha de manhã, por exemplo, e


descansa à tarde e alimenta-se nesse período. Pode trabalhar entre 5 e às 11
horas da manhã, descansando 15 minutos em cada hora de trabalho.
b)-Regime de trabalho interrompido: O animal trabalha em dois períodos do dia,
4 horas por exemplo, de manhã e 2 horas à tarde, de preferência nas horas mais
frescas.

-Quanto ao número de horas diárias de trabalho, nas regiões temperadas o boi


pode trabalhar 8 horas, porém, nas zonas tropicais já a duração do período de
trabalho, deverá reduzir-se para 3 a 6 horas.

-O início do trabalho do boi deve ser ao nascer do sol e ir até três horas e meia
(3 e 1/2h) mais tarde, da parte da tarde deve começar 3 horas antes do pôr-do-
sol, e acabar nessa altura.
-Em regiões muito quentes pode utilizar-se parte das horas da noite em vez das
horas mais quentes do dia. Não convém que o animal trabalhe em dias de
chuva, uma canga molhada pode fazer ferimentos no pescoço.

13.3.2- Amanhos culturais básicos


13.3.3- Escolhas de implementos (alfaias) para a tracção animal na lavoura,
gradagem, sementeira e sacha

Ao escolher os implementos (ferramentas) procure aquelEs que são:


Leves;
Fortes;
Simples;
Confortaveis no trabalho;
Não muito caros

13.3.4- Preparo periódico do solo

-Dá-se o nome de preparo periódico às operações de movimento do solo, com a


finalidade de cultivar periodicamente as culturas no mesmo terreno.

-O processo compreende várias técnicas que, se usadas muito bem, permitirão


o aumento de rendimento das culturas, porém, se mal executadas, contribuirá a
degradação do solo, em casos extremos leva a desertificação.

Objectivos principais:

Eliminação das ervas daninhas (infestantes);

138
SP

Criar boas condições para sementeira, germinação, emergência e bom


desenvolvimento da raiz;
Destruição dos torrões do solo;
Destruição das camadas dura do solo (compactação);
Revolvimento e aeração (troca de ar) do solo para o desenvolvimento da raiz;
Nivelamento do terreno;
Incorporação (enterrar) de restos das culturas ou adubos verdes;
Preparo de sulcos (irrigação).

11.3.5-Estado óptimo do solo para o preparo periódico:

Depende do conteúdo de humidade do solo;

-Não é recomendado o preparo com muita humidade:


-Danifica a estrutura do solo pela cimentação das partículas e compactação;
-Exige maior força das máquinas e, às vezes, impede a operação.
-Quando o solo estiver muito seco, apesar de não provocar danos físicos à sua
estrutura, obtém-se grande número de torrões, necessitando de várias passadas
com máquina para se efectuar o destorroamento e permitir a sementeira;
-A condição ideal de humidade do solo para a operação com máquinas é a
“friável”, isto é, aquela em que se destrói um torrão com pequena pressão dos
dedos;
-Representa o conteúdo de humidade mais favorável para se conseguir uma
destruição perfeita do solo.

13.3.6-Avaliação prática do teor de humidade:

-Apertar um torrão com as mãos, soltando-o depois; caso se mantenha a forma


com as partículas firmemente aderidas (juntas), o solo está com excesso de
humidade;
Se quando apertado o torrão, desfazer-se com facilidade ou, se não houver a
formação de torrão, há falta de humidade;
O ideal é quando se forma um torrão e ao se abrir a mão, verifica-se apenas o
inicio de disfazamento, mantendo as partículas do solo relativamente aderidas
(juntas).

11.3.7- O preparo inicial do solo geralmente é dividido em 3 categorias distintas:

-Preparo primário (lavoura): esta operação é feita com as charruas de arado


(aração) e escarificadores (escarificação).
-A lavoura envolve a alteração do solo para criar as condições favoráveis à
germinação das sementes e eventualmente ao crescimento da planta;
-Inclui operações profundas cujo objective é:
-Eliminar ou enterrar as infestantes (ervas daninhas) e os restos de cultura;
-Promove o afofamento das camadas superficiais do solo;

139
SP

-Não quebrar excessivamente os torrões, deixando-se alguns resíduos vegetais


na superfície.
-A lavoura é feita a uma profundidade suficiente (16 a 25 cm) para permitir a boa
infiltração de água no solo e reduzir o escoamento de água de chuva, reduzindo
o risco de erosão;
-É necessário evitar lavrar terrenos muito inclinados (até 5%);
-Aconselha-se a alterar o sistema de lavoura (aração) a cada ano, para evitar
desníveis do terreno provocados pelo uso contínuo de um único sistema (ponto
inicial da lavoura).

13.4- Cultivadores mecânicos (sachadores)

-Os cultivadores são utilizados para uma movimentação superficial do solo, com
a finalidade de eliminar as ervas daninhas, principalmente em culturas anuais,
como também, escarificar restos de culturas, destorroar solo já arado, misturar
fertilizantes e correctivos.
-A sachas é a operação feita com os cultivadores (sachadeiras).
É uma operação que se realiza depois de semear a cultura;
-Eliminação das ervas daninhas para evitar a concorrência com a cultura
principal (água, nutrientes, luz e o ar);
-Destruição das crostas superficiais, favorecendo a infiltração de água e
quantidade suficiente no solo.

13.5- Carroças e transporte

-As carroças são veículos de duas rodas, que podem apresentar rodados de
pneus ou de ferro. Tem muita utilidade para o transporte de diversos produtos
agrícolas (colheitas) e não agrícolas (madeira, água, estrume, lenhas, etc)
(figura 6). A maior parte das carroças está concebida para aguentar cargas de
mais de 1000 kg. A capacidade do animal para puxar tais cargas depende do
revestimento da estrada e das inclinações.

13.6- Afinação e manutenção das alfaias

-Manutenção diária e inspecções:


-Raspar a terra enquanto ainda estiver no campo;
-Quando voltar à casa, limpar a alfaia por completo;
-Fazer uma inspecção detalhada em todas as partes;
-Verificar o aperto de todos as porcas e parafusos com uma chave-inglesa;
-Nunca usar uma chave de porcas ou um par de alicates para apertar os
parafusos;
-Certificar-se que os parafusos e as porcas usados para os ajustes de campo
podem ser girados livremente e lubrifica-los se necessário;
-Verificar o estado das partes sujeitas a atritos e a desgaste (relha);
-Substituir as partes desgastadas quando for necessário ou aconselhado;
-Controlar a alfaia no que se refere à distorção;

140
SP

-Reparar qualquer parte curva (torta), ou mandar para a reparação;

-Manter as peças de trabalho lubrificadas para evitar o início da corrosão e


reduzir forças de tracção;
-Esfregar todas as superfícies de trabalho com um trapo embebido em óleo.

Manutenção no final da estação:

-Desmontar completamente e cuidadosamente as componentes principais da


alfaia;
-Reparar ou substituir as partes requeridas para o efeito;
-Limpar completamente as componentes da charrua;

-Remover qualquer ferrugem e se necessário, pintar de novo;


-Proteger as componentes da charrua com um trapo embebido em óleo;
-Não pintar as superfícies de trabalho, que penetram no solo. Estas só devem
ser esfregadas com óleo;
-Substituir todos as porcas e os parafusos danificados e limpar de novo, com
óleo ao montar;
-Montar de novo as alfaias e assegurar-se que todas as componentes foram
limpas com óleo.
-Guardar num lugar seguro, seco e longe do alcance dos animais, sacos de
cereais e qualquer fertilizante armazenado.

13.7- Adestramento e maneio geral dos animais de tracção

-Os animais destinados ao trabalho necessitam de passar por um período de


treino, quer dizer, devem ser habituados a obedecer ao homem e a realizar
exercícios ou movimentos apropriados para que estejam em condições de
prestar bem o serviço útil que se lhes exige.

13.7.1- Escolha e preparação do local de treino

-Princípios a seguir para uma maior eficiência do treino e posterior uso dos
animais:
•A abordagem ao animal deve ser calma, firme, paciente e consistente;
•Estabelecer uma rotina e repetição dos passos do treinamento de forma
persistente;
•Completar cada passo de forma consistente antes de iniciar o passo seguinte
de treino;
•Compensar o animal em cada sucesso e punir pelo mau comportamento;
•Pode-se utilizar animais treinados ou instrumentos de treino que serão
substituidos logo que atingido o objectivo de cada passo;
•Comandos poucos e breves;
•Treino:3-4h por dia, de preferência em dois períodos de 2 horas cada;
•O treino deve ser ás horas mais frescas do dia

141
SP

•É importante dar ao animal um nome próprio.

13.7.2-Técnicas básicas de contenção e condução dos animais

Treinamento de um animal ou de junta


Principais etapas de treino:

1.Familiarização ou domesticação
2.Argolamento
3.Adaptação a canga
4.Ensinar a caminhar em linha recta
5.Desenvolvimento do esforço de tracção
6.Puxando implementos

13.7.3-Domesticação e locomoção controlada

•Famialiarização
-Familiarização do animal com a gente em especial com o amansador.

-Nesta fase o treinador entra em contacto com o animal, tocando-o até se


acustumar a sua presença e de mais gente.
•Argolado
Consiste em colocar uma argola no nariz para melhor maneio e facilitar a doma
do animal.

-Conter o animal com um laço de corda nos cornos ou no pescoço encorajando-


o a andar.
-Deverá ser elogiado gentilmente caso obedeça.

-Dar acompanhamento por detrás do animal e a paragem por um comando, ao


mesmo tempo que se puxa 2 ou 3 vezes a corda.

-No final a junta deverá puxar com harmonia (seguindo uma linha recta) um peso
de 50kg numa superfície difícil, por 2-3horas, em velocidade normal (2-4km/h)
com pequenos intervalos de 15minutos;

-O treino deve ser repetido durante cerca de 4-8dias;

-De preferência deve-se agregar a disciplina de seguir sulcos nas áreas de


cultivo, previamente abertos por uma junta de animais treinados.
4-Puxando implementos

-Nesta fase os animais são habituados aos implementos como: charruas,


cultivadores, sachadores, carroças, trenós e muitos outros.

-Deverão seguir todos os comandos introduzidos até a data.

142
SP

-O treino durará 3-4horas por dia, com intervalos de 15 minutos cada, por 1-
2semanas num terreno apropriado.

-Treino para tracção de carroças

-É feito segundo os mesmos principios de introdução e habituação aos


comandos;

-Habituação aos novos areios e colocação da carroça, bem como á condução do


animal puxando a carroça;

-Habituação dos burros aos ruídos de tráfego e de pessoas é importante pois


terão que fazer o transporte para locais mais urbanizados e mais agitados do
que o trabalho na machamba.

-Normalmente é de 3 meses mas pode ser influenciado pelos seguintes factores:

-Factores que influenciam a facilidade de aprendizagem:

1.Espécie, raça;
2.Temperamento individual;
3.Condição física e saúde;
4.Tipo de arnéis utilizados;
5.Perícia, paciência e persistência do treinador.

13.7.4- Habituação á canga

-Levar o animal para fora do curral introduzindo os arreios para o controle do


animal e o emparelhamento, repetindo todos os comandos anteriores;

-Para minimizar nervosismo e ansiedade, pode-se juntar a outro animal já


treinado se estiver disponível, facilitando deste modo a aceitação dos arreios e
novos comandos;

-Acoplar a canga primeiro ao animal jovem e depois ao mais velho ou animal já


treinado.

Manter as cabeças dos 2 animais em paralelo pelo que a canga deve ser
ajustada;
-Pode-se usar um tronco de fixação das cabeças dos animais,para que
permaneçam algumas horas até se mostrarem confortáveis com a canga

13.7.5- Ensinar a caminhar

143
SP

-Habituar aos comandos, «andar», «parar», «virar á direita», «virar á


esquerda»; repetir 3-4horas por dia durante 4-7dias;

-O leader segue em frente á junta dos animais enquanto o treinador segue nas
traseiras, dando a orientação.

-Logo que possível o leader deve ser dispensado.

11.7.6- Desenvolvimento do esforço de tracção

-O objectivo é desenvolver os músculos e a capacidade de tracção de diferentes


cargas.

-Não serão utilizados ainda implementos agrícolas pois poderão provocar


acidentes.

-Podem ser usados troncos que rolam ou pesos de fácil arrasto;

-O peso inicial recomendado é de 15kg, que será incrementado gradualmente


para 50kg;

-No final a junta deverá puxar com harmonia (seguindo uma linha recta) um peso
de 50kg numa superfície difícil, por 2-3horas, em velocidade normal (2-4km/h)
com pequenos intervalos de 15minutos;

-O treino deve ser repetido durante cerca de 4-8dias;

-De preferência deve-se agregar a disciplina de seguir sulcos nas áreas de


cultivo, previamente abertos por uma junta de animais treinados.

13.7.7-Treino para lavouras

4. Puxando implementos
Nesta fase os animais são habituados aos implementos como: charruas,
cultivadores, sachadores, carroças, trenós e muitos outros.

Deverão seguir todos os comandos introduzidos até a data.


O treino durará 3-4horas por dia, com intervalos de 15 minutos cada, por 1-
2semanas num terreno apropriado.

13.7.8-Treino para transporte

-Treino para tracção de carroças

-É feito segundo os mesmos principios de introdução e habituação aos


comandos;

144
SP

-Habituação aos novos areios e colocação da carroça, bem como á condução do


animal puxando a carroça;

-Habituação dos burros aos ruídos de tráfego e de pessoas é importante pois


terão que fazer o transporte para locais mais urbanizados e mais agitados do
que o trabalho na machamba.

13.7.9-Frequência e duração do treino

-Normalmente é de 3 meses mas pode ser influenciado pelos seguintes factores:

-Factores que influenciam a facilidade de aprendizagem:

1.Espécie, raça;
2.Temperamento individual;
3.Condição física e saúde;
4.Tipo de arnéis utilizados;
5.Perícia, paciência e persistência do treinador.

13.7.10- Treino de outras espécies de tracção

-Treino dos burros de trabalho


-Os burros são normalmente fáceis de laçar, desde que a aproximação seja
calma, amigável e com alguma comida;
-O treino dos burros de trabalho segue os mesmos passos já descritos para o
treino dos bovinos de tracção;
-Normalmente o treino tem a duração de 5-6 semanas.

1-SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA

A agricultura é uma actividade principal das comunidades, com uma tradição


muito forte de pecuária, especialmente da criação de bovinos e de pequenas
espécies. A actividade intensa de cultivo, faz com que se começa a sentir a
escassez de terra. A existência de erosão em algumas zonas pela intensa
actividade agrícola e, a desmatação noutras agravam e reduzem as áreas das
machambas pela mesma erosão, obrigando as comunidades a mudanças
periódicas de machambas e aldeias.

Actualmente, grande parte dos terrenos encontra-se empobrecida, razão porque


a parte agricultável se encontra limitada. Contudo, parte dos terrenos foi
recuperada devido ao pousio involuntário durante muitos anos.

2-Uso e aproveitamento de terra

145
SP

A terra é propriedade do Estado e, como tal, é administrada pelo Estado que


inclui Parques Nacionais, Florestas e reservas de caça. Contudo, devido a
existência de Autoridades Tradicionais, a atribuição de terra a quem a queira
trabalhar, tem sido feita em coordenação com os Líderes Locais e, mediante
consulta popular. Essa postura visa estabelecer uma harmonia entre todos os
poderes existentes.

O controlo do uso e aproveitamento de terra vem desde tempos remotos,


quando vinham os povos angonis no início do século passado. A população de
Angónia e Tsangano descendem do povo Nguni vindo da Zululândia, na África
do Sul e, do povo originário desses distritos, os Chewas.

Quando o povo Nguni, fugido da guerra na Zululândia, chegou a Dómue já nos


anos de 1830 e por volta de 1840. Ao verem a existência disponível de terras
férteis, começou a luta com os povos locais (Chewas), matando os homens e,
ficaram com as mulheres e as terras férteis. Iniciou-se uma migração interna
atravês de lutas para a conquista de mais terras para cultivar. Quando
conquistaram as mulheres e as terras, desmantelaram o sistema do poder local
matrilinear, substituindo-o pelo poder patrilinear.

Por essa razão, os sistemas de organização actual são bastante influenciados


pelos dois povos. Contudo, o controlo do uso ou posse da terra, continua a
pertencer a mulher. Isto significa que, as machambas de um novo lar, são na
maioria dos casos herdadas do lado da mulher. A vantagem disso é que, quando
uma mulher se casa com um homem, ele deve vir viver na casa da mulher ou,
construir a residência na zona da mulher, para ajudar nos trabalhos da
machamba.

Na distribuição de terras prioriza-se a atribiuição aos familiares pertencentes a


família real e os membros da estrutua da autoridade local. A eles eram
atribuidos os melhores terrenos férteis e de maiores dimensões. Por isso, sente-
se actualmente escassez de terras, obrigando algumas famílias a procura de
terras mais afastadas, onde podem estabelecer uma nova povoação.

A escassez de terras foi também influenciada pelos colonos que ocupavam


grandes áreas de terra fértil nas zonas onde se instalaram.

A faixa de terra de boa qualidade na Angónia e Tsangano está totalmente


ocupada, com uma área média de 1.5 a 1.8 ha para cada família, sem
possibilidades de extensão. A carga animal na mesma área é excessiva. Os
pastos nas encostas são fracos. As áreas de culturas são sobrepastoreadas
depois das colheitas e, as baixas são utilizadas na estação seca. Por esse facto,
a evolução animal caracteriza-se por:

-degradação dos solos e, parte está na fase avançada de erosão e continua a


acentuar-se o fenómeno

146
SP

-tendência de desenvolver as culturas de 2ª. época nas baixas ou dambos,


tradicionalmente reservadas ao ghado
-aparecimento de um fenómeno de migração de jovens agricultores para outras
áreas de potencial agrícola inferior.

2.1-Empréstimo de terra

Muitas vezes, a procura de terras se resolve entre camponeses atravês de


empréstimos. Esses empréstimos relacionam-se com as culturas de sequeiro.
As novas famílias constituidas e as famílias vindouras têm mais dificldades de
acesso à terra. Os empréstimos acontecem muitas vezes entre pessoas com
ligações familiares e, raramente com pessoas não originárias por causa de
conflitos que surgem entre o dono da terra e a pessoa que a trabalha por
empréstimo.

2.2-Escolha do terreno para machamba

No fim da época chuvosa, o camponês pretende abrir machamba para a


próxima sementeira. Nessa altura faz a escolha do terreno em função da
vegetaão aí desenvolvida. Avalia o terreno desde a inclinação a existência ou
não de pedras e árvores, sinais ou não de inundações e a abundância de capim.
A existência de capim e de outra vegetação constituem vantagem, pois vai fazer
o trabalho de corte, queima e enterramento, que possibilitaria o aumento da
produtividade. Certas plantas são indicadores de fertilidade de solos.

O camponês sabe distinguir solos diferentes para culturas diferentes. O solo de


cor preta é visto como sendo o melhor para a cultura de milho. Os que já
cultivam nessa área, costumam obter boas colheitas. Os solos mistos e mais
arenosos servem para quase todas as culturas principais incluindo a batata-doce
e a batata-reno. O solo mais arenoso de cor branca serve para a cultura de
mandioca e de amendoim e, o solo vermelho é mais para a cultura de
amendoim.

As terras baixas (dambos) servem para hortícolas, feijões e, aproveitam semear


milho na segunda época para maçarocas verdes ou frescas. Nesses lugares, as
vezes plantam eucaliptus e bananeiras.

2.3-Factores que influenciam na escolha do terreno para machambas

Os camponeses gostam de ter uma ou duas machambas nas proximidades da


aldeia e, uma outra fora da aldeia. Aceitam que a machamba mais afastada seja
a uma distância de cerca de uma hora de caminhada, pois distâncias maiores
influenciam negativamente no aproveitamento de tempo disponível para o
próprio trabalho da machamba.

147
SP

Quando as distâncias são curtas em relação à habitação, facilita a deslocação e


realização do trabalho e, ainda poder dispor de mais algum tempo para se
dedicar a criação e afazeres domésticos, incluindo a atenção aos seus filhos.

Machambas situadas a longas distâncias, dificultam o escoamento dos produtos


pela falta de transporte, sujeitando os mesmos a roubos ou outras formas de
destruição.

2.4-Preparação das lavouras das terras para as sementeiras

A maior parte dos camponeses prepara as lavouras, utilizando a enxada de cabo


curto. Muito poucos camponeses utilizam a tracção animal para a preparação
dos solos e, um número ínfimo consegue alugar um tractor para as lavouras.
Após as lavouras, procedem-se a feitura de camalhões. No meio camponês, a
tracção animal para lavouras é feita, quando o terreno ainda é virgem ou que
tenha ficado em pousio por um período longo.

Os camalhões são armaçoes de terra com cerca de 90 centímetros de largua e


também de cerca de 90 centímetros de de altura, com comprimento e/ou largura
igual ao do terreno.

Nesses camalhões se procede a sementeira. Essa altura impede que as chuvas


torrenciais arrastem as culturas para as partes mais baixas. Também permitem a
penetração das raízes e as culturas se desenvolvem bem. Na próxima época de
preparação, os camalhões são destruitos e novamente feitos para receber as
culturas.

A vantagem desta técnica é que, o camalhão para além de outras funções,


aumenta a capacidade de retenção da água e, nos momentos de muita chuva, é
um meio para a drenagem da terra, evitando inundações.

Uma machamba virgem não se cultiva o milho, porque não desenvolve bem e as
folhas acabam ficando amarelas, pelo que a cultura de entrada deverá ser a
batata-doce ou alpista (finger-millet). Para os camponeses, o método de
armação da terra em camalhões adapta-se bem para o sistema de consociação
de culturas e permite o uso do mesmo local para machambas durante muitos
snos e, este método é eficaz e bem adaptado ao sistema de consociação.

Os camalhões são bem alinhados, podendo ou não seguir as curvas de nível,


para a terra não ser removida pelas chuvas fortes e, para manter a fertilidade
dos solos.

A lavoua feita com tracção animal acontece principalmente em terreno virgem ou


duma machamba que tinha sido deixado em pousio. A lavoura com tracção
animal numa machamba já cultivada, desfaz os camalhões, e o seu alinhamento

148
SP

duma forma, que não permite um aproveitamento do trabalho anterior, na feitura


dos novos camalhões.

3.Métodos de sementeira
A consociação de culturas

A sementeira das culturas é baseada no sistema de consociação, dominado


pelas culturas de milho e feijões, consideradas as culturas principais. Para essas
culturas, fazem áreas maiores. Por essas culturas jogarem papel importante no
consumo das famílias e na comercialização, são as primeiras a serem cultivadas
na primeira época de produção, e também na segunda época, embora o milho
seja utilizado nesta segunda época, mas destina-se mais para a produção de
maçarocas.

O milho como monocultura não se pratica muito no meio camponês,


encontrando esta prática, mais no sector privado. Além do milho e feijão, entram
também como culturas secundárias no sistema de consociação, as culturas de
amendoim, abóboa, pepino e melancia. A batata reno é muitas vezes cultivada
em sistema de monocultura, destinada ao consumo e comercialização. As
hortícolas (tomate, couves, repolho, cebolo, alho), são produzidas nas hortas
nas baixas em parcelas ou canteiros separados. A mandioca e o alpista são
cultivados em separado.
Na consociação de milho e feijões, o milho é a primrira cultura a ser semeada,
com um compasso que varia entre 70 a 80 centímetros entre as plantas,
seguindo o feijão entre as plantas do milho com um compasso entre 25 a 30
centímetros..

A densidade do milho por covacho varia entre 3 a 6 grãos. Essa quantidade tem
a ver com a previsão do camponès. Por exemplo, se prever um ano de pragas
de ratos, vai colocar 4 a 6 sementes por covacho, para assegurar a
sobrevivência dum número suficiente de plantas, ainda que os ratos comam uma
boa parte.

Os desbastes são feitos na cultura de milho, e as plantas desbastadas vão servir


para retancha ou transplante noutros sítios. Os camponeses preferem um
compasso um poco largo, para evitar que as folhas se cruzam e, para permitir a
passagem de vento e, uma boa penetração dos raios solares.

3.1-Porque a consociação!

1-A consociação permite um maior aproveitamento da força de trabalho, pois,


uma operação agrícola serve simultaneamente para várias culturas. Significa
que, a área total preparada e sachada, torna-se menor em relação a um trabalho
que seria feito em várias machambas, se as culturas não fossem consociadas.

149
SP

2-A prática de consociação é uma questão de segurança para o camponês, visto


que, a agricultura praticada é totalmente dependente da situação climática, o
que dificulta para o camponês prever o desenvolvimento das culturas. O
camponês sabe que, as diferentes culturas reagem de maneira diferente face às
variações climáticas. Por esse facto, com a prática de consociação, uma cultura
pode produzir razoavelmente em relação a outra em condiçoes iguais.

3-A consociação permite um melhor aproveitamento da área de cultivo


disponível
4-A consociação com feijões é avaliado como um sistema eficaz para a
fertilização do solo, o que aumenta a produção das outras culturas.

5-A consociação permite ou facilita a incorporação dos restolhos dos feijões na


preparação da terra que, melhora a fertilidade do solo. Facilita a incorporação da
matéria orgânica na terra, aumentando a fertilidade do solo. Também permite a
incorporação dos restos vegetais, evitando a sua queima que, estraga o solo

6-As folhas do feijão, abóbora cobrem a terra, permitindo a manutenção da


humidade, impedindo o desenvolvimento do capim, reduzindo o número de
sachas.

7-O método de consociação permite melhor combate as pragas e doenças,


enquanto um compasso maior dificulta a transmissão das mesmas. Quando se
semeia em consociação, o compasso entre as plantas de milho é maior do que
se fosse cultivado em monocultura.. Entre as plantas de milho são semeadas
outras culturas nâo atacadas pelas mesmas pragas e doenças.

8-A consociação permite ter diferentes produtos para consumo distribuidos ao


longo de todo o ciclo produtivo. Muitas vesez o camponês tem dificuldades para
armazenamento de grandes quantidades durante todo o ano, razão porque tenta
cultivar duma forma que permite ter produtos frescos em períodos diferentes.

9-A consociação permite maior diversificação alimentar

10-Um camponês não faz um trabalho sem aproveitar para um fim produtivo.
Quando prepara a terra, procura o seu maior aproveitamento. Por isso o sistema
de consociação se relaciona duma forma adaptada ao modo de pensamento do
camponês.

4-Métodos para conservar e/ou melhorar a fertilidade do solo

Os camponeses dominam métodos para melhorar a fertilidade dos solos, mas os


métodos não são suficientemente eficientes ou são só realizáveis a um custo
alto, como o caso de aplicação de adubos químicos. O camponês está
consciente da importância da matéria orgânica para a fertilidade do solo e,
distinguem certas plantas que, têm maior capacidade nutritiva quando

150
SP

incorporadas, como a de Mataria. A incorporação dos restos vegetais e, o


combate a erosão são os métodos mais importantes hoje em dia, para manter e
melhorar a fertilidade.

A feitura dos camalhões seguindo as curvas de nível para combater a erosão e,


as valas feitas para receber a água excessiva das fortes chuvas, são métodos
usados para evitar a fuga de material orgânico e, do próprio solo no tempo
chuvoso.

Os que têm machambas nos sopés das montanhas sofrem da acumulação da


água vindo das machambas situadas mais para cima das montanhas. Alguns
camponeses conseguem organizar-se para em conjunto fazer um trabalho de
diminuir os estragos nas machambas causados pela água corrente.

Algumas plantas e árvores têm uma certa influência positiva na fertilidade do


solo, como a Délia e a árvore Sango que, não se corta de qualquer maneira,
porque as suas folhas fertilizam o solo.

Os produtores que dispôe de gado, aproveitam o estrume para adubação das


machambas de batata-reno e hortas.

Adubos químicos são aplicados por alguns, especialmente para a batata-reno e


hortícolas, contudo, são poucos que têm capacidade financeira para comprar os
adubos. Os camponeses dizem que, com adubo químico numa consociação de
milho e feijão, o feijão não desenvolve bem, em contrapartida, o milho
desenvolve-se muito bem. Também sabem que o adubo estraga a fertilidade
natural do solo.

Para continuar a ter bons rendimentos, sempre deverá aplicar adubo e, acham
que não há capacidade financeira para continuar a suportar os altos custos com
adubos. Por esse facto, a Estação Zootécnica desenvolveu uma tecnologia para
fazer face à situação, com base nos seguintes argumentos:

a)-Perda e/ou esgotamento de minerais dos solos

As queimadas descontroladas que acontecem anualmente no planalto de


Angónia, feitas por garotos e/ou adultos para a caça colectiva de ratos, coelhos
ou outros animais do mato, destroem extensas áreas de pastagem, florestas,
áreas agrícolas e outros bens. As queimadas destroem também a matéria
orgânica, tornando os solos mais soltos, fracos para a agricultura e susceptíveis
à erosão, pela perda da propriedade coloidal.

As chuvas intensas que caem anualmente, lavam e lixiviam os nutrientes do solo


para as zonas baixas e, pouca ou nula transferência para as plantas
(Sousa,1969), razão das necessidades anuais de adubação dos solos para obter
bons rendimentos.

151
SP

A utilização intensiva da mesma área sem alternativas de uso rotacional,


predispõe o esgotamento das reservas nutritivas do solo, resultando nos baixos
rendimentos da cultura alimentar colhidos anualmente.

Quando se criou o Complexo Agro-Industrial de Angónia (CAIA) após a


Independência de Moçambique e, a formação da sua rede de Extensão Rural,
para a promoção de uso de fertilizantes químicos para aumentar a produção e
da produtividade das diferentes culturas alimentares, foi uma alternativa face aos
baixos rendimentos colhidos anteriormente. Essa promoção feita pelo CAIA,
tornaram muitos camponeses dependentes no uso de fertilizantes químicos.

b)-Perda ou redução de poder de compra dos camponeses

Quando acabou o CAIA por causa da guerra, acabou-se também a promoção


de uso de fertilizantes químicos. Começou-se o declínio da produção e da
produtividade das culturas alimentares. Com o andar do tempo, os produtores
encontraram dificuldades na colocação dos excedentes da produção agrícola
nos mercados. A baixa ou nula agressividade do Instituto de Cereais de
Moçambique na compra dos excedentes, reduziu a vontade dos camponeses no
aumento das áreas agrícolas, optando por cultivar áreas, cuja produção
satisfaça apenas as necessidades anuais da família em sementes e em
alimentos.

Contudo, toda e qualquer área a cultivar para a produção de alimentos, no


planalto, necessita sempre de adubação inorgânica, uma experiência que alguns
camponeses adquiriram com a rede de Extensão Rural do Complexo Agro-
Industrial de Angónia ou, outras experiências anteriores.

A deficiente ou falta de uma rede de comercialização agrícola, descapitalizou o


Sector Camponês na aquisição de adubos inorgânicos, razão da baixa
produtividade da cultura principal da sua alimentação que é o milho. Assim se
assiste aos rendimentos baixos dessa cultura, que oscilam entre 800 a 900 kg
por hectare colhido.

Devido a fome que afecta periodicamente a população por causa da queda


irregular das chuvas, o Governo tem motivado a produção das culturas de ciclo
curto, culturas tolerantes à seca e, a retenção de água em represas para a
produção de alimentos e abeberamento de animais durante o ano. Também
criou alguma rede de comercialização, para repôr a economia rural. Para o
efeito, melhorou as vias de acesso a todas as partes do Distrito. Contudo, o
aumento crescente dos preços dos adubos químicos constitui factor limitante
para a sua aquisição, para influenciar no aumento da produtividade das culturas
alimentares.

c-Outros métodos de melhoramento da fertilidade dos solos

152
SP

c.1-Pousios

Além dos métodos referidos, a fertilidade pode ser recuperada atravês de deixar
a machamba em pousio. Contudo, é um método pouco praticado para os
camponeses que apenas têm uma única machamba. Os que têm mais de uma,
para além da área sob cultivo, têm uma sm pousio. Quando a machamba em
uso, as culturas mostrarem sinais de não se desenvolverem bem, recorrem a
machamba em pousio ou, outras áreas novas dentro da sua própria reserva.
Nas machambas em pousio, muitas vezes desenvolvem as Délias(planta
fertilizante). Quando se retoma a área para machamba, consegue-se uma boa
produção.

A duração do período de pousio é muito variável e, depende do acesso a terra


virgem, onde podem abrir novas machambas, deixando as já cultivadas em
pousio. Contudo, o acesso a matas virgens é limitado pelo menos numa
distância razoavel à habitação, os períodos de pousio podem ser curtos ou
longos. Quando o acesso a matas virgens fica a uma distância longa, preferem
retornar a área deixada em pousio.

c.2-Rotação de culturas

A rotação de culturas faz-se em qualquer tipo de solos. Depois de um cultivo de


dois a três anos de milho e feijão, o feijão acaba mostrando sinais de fraca
fertilidade da terra. Contudo, a terra pode ser recuperada atravês da aplicação
de estrume. Se não tiver estrume, semeia-se alpista, batata-doce ou mandioca.
Dois a três anos depois, pode-se semear milho e feijão de novo nessa
machamba.

Na rotação de culturas, a cultura de batata-reno entra no esquema de rotação. O


sistema de rotação praticado consiste nas culturas de milho e feijões na época
chuvosa nas baixas, quando se sabe que a machamba não vai ficar inundada.
Já na época seca, a rotação é feijão, seguida de hortícolas.

5-Aquisição ou produção de sementes

Os camponeses preferem sementes de variedades locais. Contudo, quando a


produção se destina a venda, preferem novas variedades como a batata-reno e
feijão, por serem as mais procuradas no mercado. Por exemplo, o feijão
manteiga é produzido para fins de venda e, foi introduzido a partir do Malawi e,
grande parte dessa produção é vendida no Malawi, por ser muito apreciada. A
batata-reno é uma cultura que se produz para venda e, pouco consumo na

153
SP

família, enquanto que a batata-doce é produzida principalmente para consumo


familiar.

Poucos camponeses mostram interesse em experimentar novas variedades de


milho não locais. Estes que experimentam, são principalmente os que se
dedicam de uma forma planificada à produção de excedentes para
comercialização. Trata-se neste caso, de sementes que prometem maior
rendimento do que a semente local normalmente obtida.

Muitos camponeses produzem a sua própria semente a partir das hortícolas que
produzem e, também compram de vez em quando, novas sementes de
hortícolas. Os que compram semente de hortícolas para cada campanha, são
aqueles que fazem uma maior produção destinada à venda, razão do interesse
em experimentar novas variedades de diferentes hortícolas e, tem a ver também
com a capacidade financeira do produtor. Isto porque, a utilização de novas
variedades para maior rendimento, implica a utilização de adubos químicos,
fungicidas e pesticidas para o controlo sanitário.

Muitas vezes, para o camponês, não é a nova veriedade e o maior rendimento


que define a escolha de semente. Existem outros factores que influenciam na
decisão do camponês quanto a semente a utilizar. Tomam em atenção vários
factores, para além das condições climatológicas que são:

a)-o grau de resistência contra pragas e doenças no armazenamento


b)-o comportamento no processamento
c)-a exigência de trabalho e tempo no processamento
d)-o gasto de tempo, lenha e água na preparação dos alimentos
e)-o sabor
f)-a procura do mercado, quando se trata de uma cultura destinada à
comercialização

Normalmente quando o camponês quer experimentar uma nova variedade, não


utiliza toda a semente e, não utiliza toda a machamba para a nova variedade.
Esta experiêmcia é feita durante alguns anos, até se sentir confiança no seu
rendimento, sem pôr de lado, a semente local já conhecida.

6-As variedades de culturas

Milho

Os camponeses preferem o milho regional. O milho regional engloba um grupo


de variedades, das quais preferem as seguintes:

Nkuera
Chissoa
Ntua

154
SP

Ntikinha
Cagolo

O milho Nkuera é uma variedade do ciclo lingo, produzindo espigas e grãos


grandes, com a forma de dente e cor branca. A planta é comprida

A variedade Chissoa é do ciclo longo, com grãos pequenos e de cor roxa


Ntua é de ciclo longo. O colo da espiga é grosso e o caroço tráz dentes duros. A
espiga vem com coloração única de grãos amarelos. O caroço é utilizado
algumas vezes como escova para dentes, quando está seco.

A variedade Ntikinha é do ciclo curto com grãos pequenos. Os grãos têm uma
cor amarelo carregdo e aroma agradável. Esta variedade é apreciada pelo seu
sabor especial com aroma agradável. Contudo, é cultivada em quantidades
pequenas, servindo de maçarocas frescas principalmente para crianças.
Comercialmente não é aceite em Moçambique e Malawi.

O Cagolo é do ciclo curto com grãos de cor amarela e castanha com formato
quase redondo.

A preferência dos camponeses vai para o milho Nkuera, porque tem espigas e
grãos grandes e, a massa preparada deste milho é a mais gostosa. Também
aceitam a variedade Cagolo. Essas duas variedades são preferidas pela sua
grande produção e, pela resistência contra gorgulhos em armazém e, o grão não
se quebra quando pilado e, o sabor bastante apreciável

Feijão-manteiga

Preferência das variedades:


Nhanhati
Kassiqueira
Feijão branco ou Kaera
Ntcholo

A variedade Nhanhati tem a cor creme com manchas encarnadas. Seu porte é
baixo no crescimento. Semeia-se em covachos próprios. Fala-se da sua
resistência contra ataques de gorgulhos.A variedade Kassiqueira tem a cor roxa
clara. O feijão branco chamado Kaera é trepadeiro e semeado no mesmo
covacho de milho, para trepar o caule do milho.
Ntcholo apresenta grãos de cor roxa vermelha carregado. Não é trepadeiro e, é
semeado em covachos separados aos do milho. Um feijão produzido e
destinado para venda. Quanto ao cozimento e sabor, as variedades Nhanhati e
Kassiqueira cozem-se com muita facilidade comparativamente às outras e têm
bom sabor.

Batata-doce

155
SP

Nesta cultura, as variedades com melhor capacidade de armazenamento são as


mais preferidas pelos camponeses. As variedades de batata-doce, são batata
vermelha, branca e a chamada Donkeni, com casca de cor creme e polpa de cor
amarela carregado como a gema do ovo. As variedades vermelha e branca são
as que melhor se conservam, podendo ser armazenadas de Agosto a Março e
Abril do ano seguinte.

7-Colheita e armazenamento
Escolha e conservação da semente

Milho

A semente do milho é guardada no celeiro, não separada da colheita própria.


Quando o celeiro enche, as maiores espigas entram primeiro, para serem
conservadas na parte baixa do celeiro. As espigas de menor tamanho e de
menor qualidade, são as primeiras a serem retiradas para consumo da família e
para venda, assim como também para o fabrico de bebida tradicional.

A colheita é feita nos meses de Junho-Julho. A escolha de semente é em


Outubro. A selecção começa um pouco antes do início das chuvas, preparando
deste modo, a semente para lançar a terra. Essa semente provém das melhores
espigas, conservadas no fundo, aquando do enchimento do celeiro.
Os camponeses preferem fazer a escolha de semente um pouco antes da
sementeira ou, na própria altura da sementeira. A justificação de não fazer a
selecção da semente após a colheita, é pelo facto, de pode escolher sementes
de espigas falsas, visto que com o armazenamento, as espigas modificam e,
uma boa espiga de boa qualidade no início, pode transformar-se numa espiga
de qualidade inferior.

Antes de pôr o milho no celeiro, avalia-se o grau de humidade das espigas. Se a


espiga mostra-se retraimento quando aproxima o fogo, significa que tem
humidade a mais. Por isso, a camisa é bem analisada para ver se está bem
seco.

Quando esgota a semente de boa qualidade e, sabendo que ainda há


necessidade de semente, recorre-se ao aproveitamento de outros grãos, além
dos da parte central. Contudo,esta semente cultiva-se numa machamba a parte.

O celeiro é construido em cima de uma base de pedras. Esta técnica visa


dificultar o acesso de muchém, para além de o celeiro comportar grande
quantidade de milho, uma base sólida de pedra permite um maior suporte. O
corpo do celeiro é feito de estacas ou bambús e também de caniço, maticado
interiormente. A cobertura é feita de capim. O corpo bem como a cobertura tem
suportes de estacas ou paus, resistentes contra o ataque de muchém.

156
SP

Feijão Manteiga

A selecção da semente do feijão é feita na altura da colheita. Algumas vezes, a


selecção é feita na altura da sementeira. A escola da semente, armazenamento
e seu controlo é tarefa da mulher. Para a colheita do feijão, arranca-se a planta
e, deixa-se no terreno para secar completamente, evitando que, a existência de
alguma humidade, provoque o seu apodrecimento. Ao fazer a debulha, os grãos
são separados onde, em função da qualidade e integridade, as melhores se
destinam à comercialização e à sementeira. Outra parte, de grãos pequenos
destinam-se para consumo da família. Os feijões são conservados em sacos ou
bilhas tapadas com tampa de barro, dentro de casa, celeiro ou qualquer outro
local seguro.

No feijão,a facilidade de ataque de gorgulhos existe, razão da sua mistura com


cinza. A composição da cinza faz com que dificilmente o gorgulho ataque o
feijão. Contudo, quando a dose de cinza é menor do que a recomendada, o
gorgulho consegue atacar o feijão. Quando a dose é superior a recomendada,
altera a cor do feijão e perde o valor comercial. A dose considerada ideal é de
cerca de um litro de cinza para 50 kg de feijão, Alguns conservam o produto,
utilizando a DDT, embora sabendo que é prejudicial à saúde.

Batata-doce

A rama de batata-doce conserva-se no próprio terreno da machamba onde foi


cultivada. Embora sem rega, consegue suportar à seca, e mantêm-se nos
camalhões até a próxima sementeira.. Outra forma de conservação é levar
algumas ramas e plantá-las nas baixas, ficando uma reserva de material
vegetativo que se colhe e se planta noutras áreas nas próximas chuvas.

A batata também pode-se conservar para usar mais tarde, quer para consumo
ou para plantação. Para sua armazenagem, prepara-se uma cova num sítio
protegido da chuva. Na cova, põe-se capim e lança-se fogo para queimar. A
batata doce é conservada na cova, misturada com cinza. Tapa-se depois com
capim e terra.

Babata reno

A semente de batata-reno é produzida a partir dos tubérculos mais pequenos.


Coloca-se num sítio fresco, seco e a meia sombra. Estende-se a batata numa
pequena plataforma conhecida por Tarimba. A tarimba é feita de 4 paus. Onde
se estende uma esteira, para facilitar a ventilação. Com este método consegue-
se conservar a semente entre as épocas de cultivo da batata.

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SP

Quando tira uma parte para a plantação e, se falha a germinação, colhe-se os


primeiros rebentos da batata em armazém de forma conservada, mantendo o
resto donde tirou os primeiros rebentos, para desenvolver outros rebentos. Se
quizer acelerar o processo de germinação, coloca-se a batata na cozinha onde
a temperatura é um pouco elevada.. Põe-se capim por cima, permitindo a rápida
germinação da batata. Outra forma é colocar a batata num seco bem fechado.

8-Comercialização

Os camponeses produzem diferentes produtos agrícolas, quer para consumo,


quer para reserva para sementes e, destina-se o excedente para a
comercialização. A possibilidade de comercializar os seus produtos agrícolas
tem grande importância para os camponeses.

Mas a fraca rede comercial, aliado às deficiências das vias de acesso para que
os intervenientes de comercialização cheguem aos pontos mais afastados,
constituem queixas dos camponeses. Este facto obriga-os ao recurso do
mercado do vizinho Malawi, onde conseguem vender os seus produtos, embora
a preços baixos, que não compensam o esforço na produção.

Os camponeses oferecem ao mercado, quer em grande quantidade ou, quer em


pequena quantidade, o milho, feijôes, amendoim, batata-reno, batata-doce,
hortícolas, cana-de-açúcar, frutas e, a alpista transformada em bebida.

8.1-Escalas de Produção em função da comercialização

Existem três categorias ou escalas de produção dentro do Sector Familiar,


quanto à comercialização de produtos agrícolas:

a)-Camponeses de primeira categoria

Esta categoriab de camponeses dedica-se à comercialização de excedentes dos


produtos agrícolas numa escala maior das principais culturas, como são o milho,
fejões e batata-reno. Este grupo, tem normalmente machambas em escala
maior, e dedica-se a produção diversificada de culturas. Para a preparação das
machambas, utiliza mão-de-obra contratada ou tracção animal. Produz para
além das culturas principais, as hortícolas, cana-de-açúcar e fruta para fins
comerciais.

b)-Camponeses de segunda categoria

O grupo de segunda categoria, dedica-se também à produção diversificada.


Contudo, vende um pouco das suas principais culturas mas, dedica-se
principalmente à comercialização das culturas secundárias de segunda época,
como são as hortícolas, feijões e maçarocas, para além de batata-doce. A
produção das principais culturas, menor parte é vendida e, a maior parte para

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SP

consumo da família. Para a preparação das machambas, utiliza os membros do


agregado familiar e, eventualmente alguma mão-de-obra extra, recorrendo-se ao
sistema de entreajuda com pagamento de carne.

c)-Os camponeses de terceira categoria

São o grupo economicamente mais fraco relativamente às outras categorias.


Produzem para auto-consumo. Não conseguem produzir excedentes para venda
ao mercado. Muitas vezes nem possuem terras nas baixas para a produção da
segunda época, razão porque não faz uma produção diversificada. A produção
obtida, utiliza-a para sustento familiar. Contudo, alguma produção pode ser
vendida ao mercado para algumas compras para casa, uma obrigação das
necessidades.

Esta situação acontece muito nos agregados familiares, onde a responsabilidade


cabe apenas a mulher como Chefe da família. Nesta situação, a mulher é quem
acumula as tarefas da produção e de cuidado da família. Esta categoria onde a
mulher assume a Chefia da família, uma das actividades de rendimento é a
produção e venda de bebida tradicional, recorrendo-se ao milho ou à cultura
alpista

d)-Escalas de produção em função da área trabalhada

Camponês:

Aquele que trabalha uma área de 1,0 a 2,0 hectares. Aqui poDE empregar mão
de obra ou não. Uma área trabalhada para a obtenção diversificada de produtos,
quer para consumo ou quer, para venda de uma pequena parte da produção ao
mercado. Enquadra-se na segunda e terceira categorias de produtores em
função do mercado

Pequeno Agricultor

Aquele que trabalha áreas que vão de 2 a 3 hectares. A área é trabalhada a


enxada e, pode também trabalhar com tracção animal e, até motocultivador.
Enquadra-se na primeira categoria de camponês, em função da produção a
contar com a comercialização.

Médio Agricultor

Aquele que trabalha de 3 a 5 hectares, já emprega mão-de-obra contratada,


tractor e/ou tracção animal para lavouras

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Grande Agricultor

Aquele que trabalha de 5 hectares para cima, empregando trabalhadores


contratados, utiliza tractor para lavouras e gradagens, para além de outras
operações.

12-A floresta

Muitas áreas foram desmatadas há bastante tempo. Os casos de Angónia e


Tsangano são exemplos dessa destruição. A população já enfrenta uma
situação em que se tem que pagar pela lenha e estacas de construção. Durante
os anos de guerra, esses distritos sofreram uma forte exploração da floresta.

Os refugiados moçambicanos, bem como os malawianos cortaram lenha e


material de construção de uma forma não controlada, para vender os produtos
na forma de lenha ou, na forma de material de construção no território
malawiano. Após o fim da guerra e, o regresso das populações, também houve
destruições da floresta, a fim de retirar os produtos para lenha ou, para
construção de casas, dentro da estratégia de reassentamento.

Devido às dificuldades actuais em conseguir lenha e material de construção, já


há pessoas interessadas na plantação de árvores. Neste âmbito, há pessoas
que já constituiram as suas manchas florestais e, há pessoas que já estão a
aprender a técnica de produção de mudas para uso pessoal e parte para venda
a pessoas interessadas. Por isso se pode ver hoje, pequenas manchas de
eucaliptus junto às casas ou nas machambas.

12.1-A plantação de árvores também tem os seus propósitos:

a)-Quando a plantação destina-se para a produção de estacas, planta-se


árvores com o compasso mais apertado. Assim as plantas ficam mais estreitas e
com poucos ramos.

b)-Quando o objectivo da plantação é para a produção de lenha, planta-se com


o compasso mais alargado, para que os ramos laterais desenvolvam melhor e,
assim aproveita-se melhor a árvore para fins lenhosos.

c)-Um outro propósito da plantação é devido ao intenso frio e, as manchas


florestais reduzem essa intensidade do frio e do vento. Essa preocupação é
actualmente sentida, devido a destruição da mata que havia, sem que houvesse
um controlo da sua extracção.

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SP

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E RECOMENDADA:

AAKER, J. (1994). Livestock for a Small Earth. The role of animals in a Just and
Sustainable World. Heifer Project International. Livro Pessoal / dra Paula
Pimentel

CASEY, N.H. & MAREE, C. (1993). Principles of Livestock Production. in


“Livestock Production Systems”, Ed. By Maree,C. & Casey, N.H.
Pretoria:Agri.Development Foundation. Livro Pessoal / dra Paula Pimentel

PAGOT, J. (1993). Animal Production in the Tropics and Sub-Tropics. Part III:
Animal Production Systems. Macmillan & CTA. Pp. 435 – Faculdade de
Veterinária e Livro Pessoal / dra Paula Pimentel

PRESTON, T.R. & LENG, R.A. (1987). Matching Ruminant Production Systems
with Available Resources in the Tropics and Sub-Tropics. Penambul Books
Armidale. Livro Pessoal / dra Paula Pimentel

RUTHENBERG, H. (1971). Farming Systems in the Tropics. Clarendon Press.

ROCHA, A. ; STARKEY , P. & DIONISIO, A. C. (1991). Cattle Production and


Utilization in the Smallholder Farming Systems in Southern Mozambique.
Agrycultural Systems. Vol. 37; pp. 55 – 75. Faculdade de Veterinaria e IPA

RODUM, A. (1984). Dairy Production in Mozambique. A general Review. Norfam


report, Maputo. pp. 20. DINAP / MINAG

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WILSON, R.T. (1986). Livestock Production in Central Mali: long-term studies on


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ILCA. Addis Ababa, Ethiopia. Faculdade de Veterinaria

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