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8 - Promessa Calder

Livro de Janet Dailey

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A Promessa Calder

(Família Calder 08)

Janet Dailey
Sinopse
Esta é a história de Laura. Laura é filha de Jessie e não é
nada como sua mãe. Ela está percorrendo a Europa com sua
“tia” Tara quando ela encontra dois homens: Boone Rutledge,
filho de um rico barão de gado do Texas e Sebastian Dunshill,
Conde de Crawford.
Prólogo
A orgulhosa Laura Marie Calder, rica, linda e sexy neta de
Chase Calder, o chefe do poderoso clã de pecuaristas de
Montana, é uma jovem com o coração dividido entre o jovem
aristocrata inglês, fino, educado, mas sem dinheiro e o sedutor
herdeiro de Max Rutledge, magnata do petróleo no Texas.
Laura Calder quer tudo...
Jovem e bonita, Laura Calder não se contenta em viver em
um rancho em Montana. Em turnê pela Europa com a "tia"
Tara que a coloca em contato com o mundo sofisticado pelo
qual ela ansiava... e com os dois homens e rivais, que afinal
irão reivindicar seu coração.
Boone Rutledge é o filho de um bilionário do Texas, usado
para conseguir o que o pai quer. Boone quer Laura... assim
como faz Sebastian Dunshill, conde de Crawford, um londrino
sexy e bonito, com alguns segredos que ele não pode
compartilhar.
Pega em um namoro rápido com os dois homens que irá
levá-la das casas noturnas de Roma para as casas senhoriais
da Inglaterra, através das planícies empoeiradas do Texas e
finalmente em casa para o rancho Triplo C., Laura está
determinada a fazer a sua escolha por conta própria. Mas o
orgulho Calder vai levar Laura para um perigo para o qual sua
formação nunca a preparou... e para um homem que é uma
ameaça para a família que ela ama mais do que ela sabe.
Parte Um
Há uma promessa no vento,
Uma sugestão de desprendimento,
Um tempo para diversão e brincadeira,
E um Calder que quer a sua parte.
Capítulo Um
O brilho da luz de velas dava lisonjeiras boas-vindas aos
hóspedes que chegavam à casa do conde e da condessa Valerie,
um palácio do século XVI, no Capitólio de Roma. Aos vinte e
um anos de idade, Laura Calder passava um olhar apreciativo
sobre os afrescos e frisos que adornavam as paredes e tetos de
um dos muitos salões do palácio, mas sua atenção se voltava
rapidamente para seus colegas.
Nem todos se reuniram no salão de baile. Alguns, primeiro
socializavam como ela, mostrando-se em torno do palácio, num
passeio que Laura tinha terminado recentemente. Praticamente
todos eram estranhos para ela, embora Laura reconhecesse
vários rostos, identificando-os a partir de fotografias que tinha
visto em qualquer sociedade ou páginas de negócios. Até agora,
tinha visto um produtor italiano de cinema, um dignitário
francês, um industrial americano, um ex-primeiro-ministro
britânico, um enviado papal investido, e um autor vencedor do
Prêmio Pulitzer.
No entanto, observando a multidão de notáveis e
celebridades, Laura estava tentada a emitir um estridente
"uau" apenas para assistir as ondas de choque que criaria
entre tais. Ela séria e digna sorriu ao pensar em todas as
sobrancelhas levantadas e narizes erguidos que lhe seriam
dirigidos se o fizesse.
Talvez numa outra vez, decidiu.
— Desculpe-me, mocinha. — Entre a conversa estrangeira
acontecendo em torno de Laura, a voz masculina rouca e um
pouco exigente era muito distintamente americana com seu
sotaque do Texas para não chamar imediatamente sua
atenção.
Quando olhou ao redor para localizar a sua fonte no
acusticamente pobre salão de baile, viu um homem mais velho
em uma cadeira de rodas, posicionado de frente para as portas
que se abriam para o pátio interior do palácio. Em um piscar
de olhos, ela observou a prata grisalha de seus cabelos, a
áspera fisionomia, a magreza forrada de idade de seu rosto, e a
espessura de seu torso musculoso abaixo do corte fino do
paletó, uma espessura que estava tão em desacordo com a
esbelteza atrofiada das pernas.
Havia algo vagamente familiar sobre seu rosto, e sobre o
fato de que ele pertencesse a um homem em uma cadeira de
rodas, mas Laura não podia fazer a conexão para chegar ao seu
nome. Tardiamente, ela notou que seus duros olhos escuros
tinham se fixado sobre ela.
— Você aí. — Ele acenou para ela, depois parou e fez uma
careta, incerto. — Você fala inglês?
Sua boca se curvou em um sorriso fácil. — Eu falo, de
fato.
— Uma americana. Graças a Deus, — O homem
murmurou meio baixinho, em seguida, quebrou o contato
visual com ela e acenou com a cabeça em direção à porta. —
Dê-me uma mão com esta porta. Eu preciso de um pouco de
ar.
Laura percebeu a nota de frustração em sua voz e
adivinhou imediatamente que se tratava de um homem que
detestava a ideia de precisar da ajuda de alguém. Assim como
seu avô, que se tornava muito irritável.
Certa que iria encontrar qualquer resposta verbal
cansada, Laura não disse nada e simplesmente caminhou para
a porta. Quando a empurrou, notou o limiar elevado e sabia
que poderia representar um problema para ele, mesmo que a
cadeira de rodas fosse motorizada. Sem dizer uma palavra, ela
passou para ele a sua bolsa de noite, de contas e deu um passo
para a parte de trás de sua cadeira. Segurando nas alças, lhe
deu um empurrão e inclinando-a, virou-o para o pátio interior.
Com um toque dos controles, o homem virou a cadeira e
correu um olho avaliador sobre ela, inspecionando a curva
ascendente sofisticada de seus cabelos loiros; a finura
esculpida de suas características, os diamantes que pendiam
de suas orelhas, e a elegância da seda de seu vestido, a rica cor
de chocolate intensificando o marrom escuro de seus olhos,
contrastando com o ouro de seus cabelos.
— Você é mais forte do que parece. — Ele anunciou, sem
fazer nenhum esforço para devolver a bolsa de noite.
— Vou tomar isso como um elogio. — Laura permitiu um
pequeno sorriso em seus lábios.
— Qual o seu nome?
— Laura Calder.
— Calder, você disse? Qualquer relação com os Calder de
Montana? — Perguntou, apresentando uma leve curiosidade.
— Chase Calder é o meu avô. — Laura confirmou, nem
um pouco surpresa por ele conhecer sua família. Enquanto o
nome Calder significava pouco na Europa, era amplamente
conhecido no país.
— Seu avô? — Ele murmurou e olhou para ela com novos
olhos. — Você deve ser a filha de Jessy Calder, porque você
certamente não herdou os cabelos loiros de Chase. — Ele
lançou um olhar em direção ao salão de baile. — Sua mãe está
aqui? Eu não me lembro de tê-la visto.
— Não, eu estou com Tara Calder. Ela tem sido como uma
tia para mim. — A resposta dela foi deliberadamente
improvisada, ignorando qualquer resposta específica a um
relacionamento que seria difícil explicar, mesmo existindo
quase desde o dia em que nascera. As sobrancelhas eram
invariavelmente erguidas quando as pessoas sabiam que Tara
Calder tinha sido a primeira mulher de seu pai. No entanto, em
muitos aspectos, Laura era mais próxima dela do que de sua
própria mãe.
— Tara. — Ele cuidadosamente repetiu o nome, então se
iluminou em reconhecimento repentino. — É claro, é a filha de
E.J. Dyson eu me lembro agora, ela era casada com seu pai. —
Seus olhos se apertaram sobre ela, um brilho avidamente
interessado acendendo-os e que Laura tinha visto em outros
quando eles faziam a mesma conexão. — E você está aqui com
ela.
Laura também usava o campo para tais observações sem
ser incomodada por ele. Ela lidou com aquilo como sempre
fazia, alterando sempre ligeiramente o rumo da conversa.
— Sim. Eu me formei na faculdade há pouco tempo, mas
Tara insistiu que minha educação não seria completa sem uma
turnê pela Europa.
Ele balançou a cabeça com a expressão assumindo um
olhar distante. — Sim, essa era a forma como costumava ser
feita quando uma menina chegava à idade. Fevereiro, na Suíça,
março, na Grécia ou na Riviera, abril em Paris, naturalmente,
e... — Ele fez uma pausa antes de concluir: — Itália em maio.
— Algo parecido com isso. — Laura admitiu, o palpite no
seu itinerário quase exato.
— Deve estar faltando pouco para Montana agora. —Ele
supôs.
— Eu realmente não tenho tido tempo. Havia muito que
fazer ver e experimentar. — E ela estava adorando cada
momento. Com suas perguntas respondidas, foi sua vez de
perguntar. — Eu sinto muito. Não quero parecer rude, mas sei
que deveria reconhecê-lo.
— Eu sou Max Rutledge.
— Claro. — Tudo se encaixou: Max Rutledge, o fazendeiro
do Texas que virou magnata do petróleo, virou banqueiro; um
motor poderoso e politicamente agitador nos bastidores,
aleijado num acidente de carro que custou bilhões de dólares e
a vida de sua esposa. — Já ouvi falar de você.
Seu queixo levantado em desafio medido. — O que você
ouviu?
Laura sabia instintivamente que estava sendo testada. —
Ouvi dizer que você não tem paciência com os tolos ou
democratas liberais.
Com um sorriso tão grande quanto o Texas dividindo seu
rosto, ele se acomodou na cadeira de rodas e a examinou com
aprovação. — Isso é a mesma coisa, não é? — A pergunta no
final foi puramente retórica. — Essa resposta foi um pouco
atrevida e me surpreendeu.
Laura sorriu certa agora que sabia como lidar com ele. —
Eu imagino que você seja muito parecido com meu avô. Ele não
pode suportar quando as pessoas o bajulam por causa de
quem ele é.
— Eu me encontrei com seu avô algumas vezes. Embora
tenha sido há alguns anos. — Max Rutledge lembrou. — Ele me
pareceu um homem que sabe exatamente o que quer. Mais
importante, ele sabe como mantê-lo. — Observou-a, pensativo.
— Tenho a sensação que algumas dessas características estão
em você.
— Você definitivamente conheceu meu avô. — Laura
cuidadosamente evitou uma resposta direta. Era algo que ela
tinha aprendido com o avô. Infinitas vezes ele lhe dissera para
nunca se gabar de quem era ou o que tinha, aconselhando-a
para deixar as pessoas descobrirem por conta própria em
breve. Era uma lição que servia como a mão na luva com os
ensinamentos de Tara que eram mais importantes para Laura
dar uma impressão certa do que uma boa.
— Então, — Max Rutledge deixou cair à bolsa da noite
para o seu colo e apertou ambas as mãos sobre os braços de
sua cadeira de rodas — você está gostando desse pouco que há
pra fazer?
— Estou, você não? — Laura rebateu.
Ele pigarreou sempre tão levemente, com uma nota de
diversão. — Não realmente, para um homem como eu, preso
nesta coisa, gastando metade da noite olhando para fivelas e
seios.
Laura riu numa reação espontânea e natural a sua
observação irreverente. Ela se esforçou para engoli-lo de volta,
não querendo que ele pensasse que estivesse rindo de sua
enfermidade. Mas os restos borbulhavam em sua voz quando
ela disse: — Isso oferece uma perspectiva muito diferente sobre
o que é para você.
— É uma visão que pode ter algumas recompensas
abrindo os olhos de vez em quando, declarou ele com um brilho
travesso em seus olhos.
— Eu posso imaginar vividamente. — Houve um
movimento em sua visão lateral quando um dos convidados
passou pela porta, bloqueando momentaneamente a luz do
salão de baile de saída para o pátio. De repente, ocorreu-lhe
que Tara poderia estar se perguntando onde ela estaria. Por
falar nisso, quem veio com Max Rutledge pode estar se
perguntando a mesma coisa sobre ele. Laura estava certa que
um homem de sua estatura não teria vindo sozinho.
— Há alguém com você? Se eu pudesse...
— Só o meu filho.
Laura pensou ter detectado uma nota de impaciência,
quase aversão, na sua resposta bastante abrupta.
— Boone não é o nome dele? — Ela se lembrou, incapaz de
reunir muito mais sobre ele, exceto uma vaga lembrança de
que era o solteiro mais cobiçado do Texas e tinha de reputação
de ser mulherengo.
— Isso é certo. Ele está recebendo o Grand tour do
palácio.
Mais uma vez ela sentiu um ar de insatisfação e decidiu
que Boone Rutledge não era um assunto sábio para prosseguir.
— A vista do jardim do último piso do palácio é muito
espetacular.
— Eu ouvi sobre isso. Mas esses antigos palácios não vêm
equipados com elevadores.
— Eu não tinha pensado nisso. — Laura admitiu, com um
toque de sinceridade.
— Não há razão para que você não deva vê-lo. —
Respondeu ele e uma vez mais a submeteu a um estudo
penetrante de seu olhar. — Eu gosto de você. Você daria uma
boa esposa para o meu filho.
Ela arqueou as sobrancelhas um pouco mais alto diante
de sua declaração ousada. — Obrigada, mas acho que o seu
filho pode ter algo a dizer sobre isso.
A escuridão deu a seus olhos uma qualidade de aço. —
Não tanto quanto se poderia pensar. — Ele murmurou e olhou
para cima quando, uma figura vigorosa e alta encheu a porta e
jogou uma sombra sobre eles.
— Já era hora de você aparecer, Boone. — Novamente sua
voz tinha aquela autoridade como se houvesse pouco sobre seu
filho, que o agradasse. — Pensei que eu teria que segurar a
bolsa desta senhorita a noite toda. — Esticou um braço,
estendendo a bolsa de contas para Laura.
Quando ela deu um passo adiante para recuperar sua
bolsa, Boone Rutledge se moveu fora da porta de entrada para
abordá-los. Laura deslizou sua mão sobre a bolsa, rapidamente
percebendo a dica da onda em seus cabelos escuros, os
ângulos duros e viris de seu rosto, e a capacidade musculosa
de seu físico. Quando Boone acrescentou um sorriso sexy de
saudação à mistura, o resultado foi um pacote de virilidade
crua que exigia apenas um Stetson preto para completar a
imagem de masculinidade texana. Ele a fez se perguntar se
Max Rutledge tinha apresentado uma figura semelhante
quando estava inteiro e em seu auge.
— Eu gostaria que você conhecesse o meu filho, Boone. —
Max disse, começando as apresentações.
— Boone, esta é Laura Calder, neta de Chase Calder.
— Chase Calder do Rancho Triplo C. em Montana? —
Boone olhou para seu pai esperando a confirmação, mesmo
quando estendia a mão para Laura em saudação formal.
— Ele mesmo. — Max assentiu.
— Sempre quis assistir a um dos leilões privados de ações
ao vivo do Triplo C. E agora, conhecendo-a, eu realmente
lamento ter perdido isso. — Ele segurou a mão dela um
instante mais longo do que o necessário, transmitindo seu
interesse.
Laura não fingiu qualquer falsa modéstia. Ela era loira,
bem constituída, e bonita e sabia disso. Lidar com os avanços
de um homem, se quisesse ou não, era uma das primeiras
coisas que tinha aprendido.
— Nesse caso, vou ter certeza que você receba um convite
pessoal para o nosso próximo. — Ela fez seu sorriso quente o
suficiente para incentivar seu interesse.
— Se você fizer isso, pode contar comigo lá. — Seu olhar
fixo no dela, escurecendo a luz em seus olhos e adicionando
uma mensagem íntima de sua autoria. Ela reconheceu os
sinais de um homem acostumado a fazer conquistas fáceis.
Sua própria reação foi um desejo instintivo para enfrentar o
desafio de ser a única que segurava a corda de ligação.
— É melhor levar o seu talão de cheques, — ela
respondeu. — uma vez que você observar o que o Triplo C. tem
para oferecer, vai ficar feliz em pagar o alto preço.
Max Rutledge soltou uma gargalhada. — Por Deus, Boone,
se você tem um cérebro em sua cabeça, vai se casar com esta
jovem.
— Não ligue para ele. — Boone disse a Laura, uma
pequena centelha de irritação aparecendo em sua expressão. —
Meu pai é um pouco ousado, mas ele tem bom gosto.
— Mas gosto é sempre uma questão de escolha pessoal,
não é? — Laura sorriu para deixar Boone saber que ela não
levava o comentário de seu pai a sério.
— Vocês, jovens nos dias de hoje, — Max resmungou, —
você é um conversador de pouca ação.
— Não apresse as coisas, Max. — Boone respondeu sem
tirar o olhar de Laura. — Você não quer assustá-la.
— Tenho a sensação que precisaria de muito para ela se
assustar com alguém. — Max afirmou, avaliando-a novamente
com outro olhar arrebatador antes de disparar um olhar alto
para seu filho. — E com certeza precisaria mais do que você.
Um sorriso continuou curvando a boca de Boone, mas
Laura observou o aperto de raiva reprimida nele quando olhou
para o pai. — Você poderia assustá-la, no entanto. Não há
muitas mulheres dispostas a tolerar a intromissão dos sogros.
O atrito entre pai e filho era óbvio, e Laura suspeitava que
viesse de longa data. Considerando que a própria relação com
sua mãe estivesse longe de ser perfeita, Laura podia simpatizar
com Boone.
Buscando suavizar a estranheza do intercâmbio e seus
tons de amargura, Laura sorriu, num som suave e preso, e
enviou um olhar cintilante para Boone.
— Ahh, não é uma dor o conflito de gerações?
Acabou a paquera sexy de um homem que tinha o hábito
de dirigi-la a qualquer mulher atraente dentro do alcance de
sua visão. Em seu lugar restou um calor abrasador que fez
Laura se perguntar se ela era a primeira a ser a destinatária.
Experimentou um pouco da onda de triunfo enquanto o sentia
escorregar em torno de seu dedo.
— Uma dor real. — Boone concordou, considerando-a com
um interesse novo e mais íntimo.
Laura não precisava olhar para o homem na cadeira de
rodas para ver que ele estava observando os dois com uma boa
dose de satisfação.
— Aí está você, Laura. — O sotaque feminino e macio foi
instantaneamente familiar. Laura se virou, observando como
Tara Calder se movia em direção a eles deslizando com a sua
graça típica. Ela foi atingida novamente pela incrível beleza da
mulher, uma beleza que era impressionante e absolutamente
sem idade. Única concessão de Tara em seu avanço dos anos
era uma raia branca dramática em seus cabelos escuros tipo
meia noite. Se a raia era natural ou mero artifício, nem mesmo
Laura sabia.
— Olhei em todos os lugares procurando por você. O que
diabos está fazendo aqui fora... — Tara interrompeu a pergunta
no instante em que percebeu o homem em cadeira de rodas. —
Max Rutledge. Eu não acredito nisso.
Alterando seu curso, ela atravessou para o lado dele, se
curvando antes para lhe beijar o rosto, em seguida, se
abaixando ao lado dele, com a plenitude da saia de seu vestido
sobre ela.
— Certamente nunca esperei encontrar você aqui em
Roma. Então não vai ficar preocupado se perguntar como você
está. Parece-me tão robusto como sempre.
— Eu pareço o inferno, mas você ainda é a mentirosa mais
charmosa que eu conheço. — Max declarou em uma voz que
era seca e zombeteira.
Tara riu num tom baixo e musical e rapidamente levou a
mão ao seu braço.
— Meu pai dizia que, quando você se deparar com algo
azedo, apenas amontoe uma grande quantidade de açúcar. —
Com um movimento fluido, ela se levantou e se virou para
Boone.
— Rapaz, você cresceu ladino e bonito, Boone. Como você
consegue ficar com este urso velho e mal-humorado?
— Ele não tem escolha. — Max inseriu, mas Tara não deu
sinal de ter ouvido sua observação um tanto cáustica.
Boone indeferiu a questão com uma evasiva: — Você não
pode escolher seus pais.
E calorosamente apertou a mão dela, envolvendo-a entre
as suas. — Você está tão bonita como sempre, Tara.
— Obrigada. — Tara respondeu com um mergulho
recatado da cabeça, em seguida, retirou a mão e seu olhar
ficou dividido entre pai e filho. — Diga-me, como é que vocês
dois conseguiram atrair minha amiga para o pátio?
— Pura sorte, eu acho. — Boone respondeu quando dirigiu
um olhar íntimo e caloroso para Laura.
— Suspeito que a sorte seja toda de Laura. — Tara flutuou
mais perto de sua amiga auto proclamada, então se dirigiu a
Laura de maneira confiante.
— Você percebe que está na companhia de dois dos mais
procurados no mundo dos solteiros, para não mencionar que
são praticamente vizinhos... pelo menos em um modo de falar.
— Sério? — Disse Laura com alguma surpresa. — Você
possui terras em Montana?
— Bom Deus, não. É muito frio lá em cima. — Max
afirmou com força.
— Na verdade, — Tara começou — estava me referindo ao
rancho da família Rutledge. A Barra R não pode ser muito
longe da antiga Casa Grande dos Calder no Texas que Chase
comprou de Hattie antes de se casarem, e especialmente depois
que ele comprou a terra adjacente. — Ela olhou para Max para
confirmação.
— Temos uma fronteira em comum. — Ele reconheceu.
— Se eu soubesse que tinha tais vizinhos atraentes, —
Boone inseriu, sorrindo para Laura: — teria feito uma visita há
muito tempo.
— Na verdade só fui ao Bar C. algumas vezes, e quando
era muito jovem. — disse Laura.
— Chase o comprou por motivos puramente sentimentais,
— Tara recordou — depois de saber que o Bar C. fora o local de
nascimento de seu avô. Por muitos anos, ele e Hattie o usaram
como um retiro de inverno para escapar do frio de Montana,
mas eu não acho que ele tenha voltado desde que Hattie
faleceu há cinco anos. Sinceramente, não acho que ele seja
fisicamente capaz de fazer a viagem ainda. Não é de
surpreender, considerando que Chase esteja em seus oitenta
anos.
— Se ele decidir vender o lugar, diga-lhe para me dar uma
chamada. Seria fácil o suficiente incorporar o rancho em minha
progamação. — Max declarou.
— Eu lhe direi. — Laura prometeu, embora duvidasse que
seu avô estivesse interessado em vender.
Perdendo o interesse no assunto, Tara mudou: — Então o
que trouxe vocês dois para Roma? É uma viagem de negócios
ou lazer?
— Negócios, claro, — respondeu Max. — e não se
preocupe em perguntar de que tipo. É o meu negócio e nenhum
do Dy-Corp.
— Agora, Max, — Tara disse em um tom de repreensão. —
você sabe que eu não tenho nada a ver com o funcionamento
da corporação do meu pai.
— Não oficialmente, — ele concordou secamente, — mas
você sabe puxar as cordas certas quando quer algo bem feito.
Há muita verdade no velho ditado: a fruta nunca cai longe da
árvore.
—Você é E.J. A filha de Dyson, tudo bem. Infelizmente,
Boone é filho de sua mãe, todo olhares e sem cérebro. Ele
prefere jogar à trabalhar.
Boone sorriu longe da crítica. — Sempre o incomodou o
modo como eu consigo arrumar o tempo para um pouco de
prazer em qualquer viagem de negócios. E ter duas dessas
mulheres bonitas como companheiras de jantar,
definitivamente torna esta viagem um prazer. — Mesmo ele
incluindo Tara em sua observação, sua atenção estava
centrada em Laura.
— Você está sendo muito gentil. — Ela disse em um
protesto simulado.
— Bondade não tem nada a ver com isso. — Boone
assegurou.
— Falando de jantar, quando diabos irão servi-lo? — Max
exigiu em uma súbita onda de impaciência.
— Suponho que teremos que esperar até o meio da noite
para comer.
As palavras mal saíram de sua boca quando o tilintar
musical de um conjunto de sinos derivou para fora do salão de
baile.
— Você está com sorte, Max, — disse Tara. — acredito que
isso seja o sinal de que o jantar está servido.
— Sobre o tempo, também. — Ele murmurou, quando
Boone andou para a parte de trás de sua cadeira para ajudá-lo.
Depois de entrar novamente no salão de baile, o quarteto
se juntou ao fluxo dos outros hóspedes fazendo seu caminho
para o corredor. Com a cadeira de rodas rolando pelos seus
próprios meios, Boone ficou a esquerda de seu pai para se
juntar a Laura.
— Quanto tempo você vai ficar em Roma? — Ele
perguntou. — Penso que você não disse.
— Um ou dois dias, pelo menos. Temos brincado com a
ideia de ir para Toscana por alguns dias, ou talvez até a costa.
Nós temos um calendário muito flexível, totalmente sujeito aos
caprichos do momento. E você, vai ficar muito tempo em
Roma?
— Infelizmente não. Apenas mais dois dias aqui, então
iremos para Londres.
— Que vergonha. A Inglaterra está na nossa lista, mas
bem mais tarde.
— Não há nada para impedi-las de fazer mais de uma
visita, não é? — Boone perguntou em desafio. — Você disse que
sua agenda estava sujeita ao capricho do momento.
— Eu disse isso, não? — O sorriso provocante que lhe deu
era uma brincadeira evasiva. Com um homem como Boone
Rutledge, Laura suspeitava que nunca fosse sensato parecer
muito ansiosa para seus programas.
— Sim, você o fez. — Ele se inclinou mais perto baixando
sua voz, para um volume destinado apenas a ela.
— Eu posso lhe prometer o jantar, sozinhos, em um
pequeno restaurante íntimo que conheço, com uma excelente
vista para o Tamisa.
Quando chegaram à grande porta para o corredor, Laura
lhe lançou um olhar risonho. — Ahh, mas você pode me
prometer uma Londres enevoada. — De repente, ela colidiu
com outro hóspede, o impacto súbito surpreendendo um
pequeno protesto dela. Um par de mãos agarrou seu braço,
impedindo Laura de perder completamente o equilíbrio. Não
podia dizer como, mas soube naquele instante que não
pertencia a Boone.
— Ei, cuidado onde você está indo. — A voz indignada de
Boone veio de muito perto.
— Sinto muito. Eu machuquei você?
Foi à segunda voz do sexo masculino e distintamente
britânica em seu sotaque, que levou Laura a levantar a cabeça.
— Não. Eu... — As palavras morreram em sua garganta
quando ela se viu cara a cara com um estranho de cabelos
claros e com olhos cor de avelã, salpicado de brilhos sedutores
de ouro. O ar entre eles parecia de repente carregado com uma
corrente quente de eletricidade. Laura sentiu o formigamento
por seu corpo inteiro, pegando em sua respiração e lutando em
seu pulso.
Algo cintilou em magros recursos do estranho, apagando o
olhar de preocupação e substituindo-o com um profundo, calor
inebriante.
— Alô. — Ele disse, dando a cada sílaba uma aturdida e
deslumbrada ênfase.
— O que aconteceu, Laura? Você se esqueceu de olhar
para onde estava indo? — A familiaridade da voz
carinhosamente repreensiva de Tara com o toque de
normalidade.
Laura aproveitou, enquanto lutava para recolher a
compostura. — Penso que foi isso. Estava falando com Boone
e... — ela fez uma pausa batida para olhar novamente para o
estranho, chocado ao descobrir como ela se sentia abalada. Era
uma sensação totalmente alheia. Ela não conseguia se lembrar
de uma época em que não se sentisse no controle de si mesma
em uma situação.
— Eu andava em linha reta com você. Sinto muito.
— Nenhum pedido de desculpas é necessário. — O homem
lhe assegurou, enquanto seu olhar fez um estudo curioso e
vagamente intrigado de seu rosto. — A culpa foi igualmente
minha. — Ele inclinou a cabeça para um lado, o olhar perplexo
aprofundando em sua expressão. — Eu sei que isto é
terrivelmente banal, mas não nos encontramos antes?
Laura balançou a cabeça. — Não tenho certeza de lembrar
que o tenhamos feito antes. — Estava certa daquilo.
— Obviamente você me faz lembrar de outra pessoa,
então. — Ele disse, facilmente descartando o pensamento.
— Em todo caso, espero que não tenha sido nada pior que
a colisão, Miss... — Ele fez uma pausa na expectativa, que
Laura lhe dissesse seu nome.
O velho truque foi quase um alívio. — Laura Calder. E esta
é minha tia, Tara Calder. — Disse ela, ao invés de entrar em
uma longa explicação sobre a sua relação exata.
— O prazer foi meu, minha senhora. — Ele murmurou
para Tara, reconhecendo-a com a menor das inclinações.
— E talvez você já saiba, este é Max Rutledge e seu filho,
Boone. — Laura incluiu tardiamente os dois homens.
— Eu sei quem são vocês. — E acenou para Max.
Quando se virou para o homem mais jovem, Boone
estendeu a mão, lhe dando um olhar de desafio difícil. — E
você?
— Sebastian Dunshill. — Respondeu o homem.
— Dunshill? — Tara repetiu com interesse súbito e
elevado. — Você tem qualquer relação com o conde de
Crawford, por acaso?
— Eu tenho um conhecimento superficial dele. — Sua
boca se curvou em um sorriso fácil quando ele mudou sua
atenção para Tara. — Você o conhece?
— Infelizmente não. — Tara admitiu, em seguida, respirou
fundo e lançou um olhar cintilante para Laura, mal
conseguindo conter sua excitação. — Apesar de um século
atrás, a família Calder ser relacionada com uma Lady
Crawford.
— Realmente? E como foi isso? — Com a curiosidade
refrescada, Sebastian Dunshill se virou para Laura para uma
explicação.
A consciência dele continuou a formigar por ela. Só agora
Laura estava começando a se divertir.
— É uma história longa e bastante envolvente. — Laura
avisou. — Depois de todo esse tempo, é difícil saber o quanto é
verdade ou mito, ou quanto é o embelezamento de qualquer
um.
— Uma vez que temos uma longa caminhada pela frente
para a sala de jantar, por que não começar com os fatos? —
Sebastian sugeriu e habilmente escondeu sua mão debaixo do
braço, começando a seguir os outros hóspedes.
Laura podia sentir a raiva de Boone sobre a maneira como
ele tinha sido suplantado, mas ela não se importava. Tinha
muita confiança em sua capacidade de suavizar qualquer das
penas eriçadas de Boone.
— Os fatos. — Fingiu lhes dar algum pensamento
enquanto seu olhar de soslaio viajou sobre o perfil de Sebastian
Dunshill, observando o fraco conhecimento superficial de
sardas em sua pele clara e a sugestão de luzes de cobre em
seus cabelos castanhos muito claros.
Apesar da presença das sardas, não havia nada de menino
nele. Era definitivamente um homem adulto, trinta ou mais, ela
suspeitava, com um ar continental muito definido sobre ele.
Não exalava virilidade como Boone Rutledge fazia; seu ar de
masculinidade tinha uma borda lisa e polida.
— Acho que eu deveria começar explicando que por volta
da última parte da década de 1870, o meu tataravô Benteen
Calder estabeleceu a fazenda da família em Montana.
— Sua família é dona de uma fazenda de gado? — Ele
olhou em sua direção, com interesse e curiosidade misturados
em seu olhar.
— Uma muito grande.
— Quantos acres vocês têm? Eu não quero parecer
intrometido, mas nós deste lado do Atlântico abrigamos um
fascínio secreto com o escopo e escala do seu oeste americano.
— Eu sei. Mas sinceramente, não costumamos medir em
acres. Falamos em seções. — Laura explicou. — O Triplo C.
tem mais de cento e cinquenta seções dentro de seus limites.
— Você vai ter que me ensinar. — Ele disse com um toque
de diversão. — Quanto grande é uma seção?
— Uma milha quadrada, ou seiscentos e quarenta acres.
Depois de um rápido cálculo mental, Sebastian lhe deu
um olhar impressionado. — Isso é quase um milhão de acres. E
eu pensei que todas as grandes fazendas ocidentais estavam no
Texas, não em Montana.
— Nem todas. — Ela sorriu. — De qualquer forma, de
acordo com os registros do início do rancho, há inúmeras
transações comerciais listadas que indicavam que Lady
Crawford era uma festa para eles em muitos dos contratos
governamentais envolvidos para a compra de carne bovina.
Parece que o meu tataravô lhe pagava uma taxa, eu suponho
que você o chamaria de arranjo que era claramente lucrativo
para ambos.
— O conde de Crawford não foi nomeado em nenhuma
destas festas, então. — Sebastian supôs.
— Não. Na verdade, as histórias de família que nos foram
passadas sempre dizem que ela ficou viúva.
— Interessante. Pelo que me lembro, — ele começou com
um leve franzido de concentração, — o sétimo conde de
Crawford era casado com uma americana. Eles não tiveram
filhos, o que significou que o título passou para o filho de seu
irmão mais novo. — Ele parou abruptamente e se voltou para
Laura, correndo um olhar rápido sobre o rosto. — É isso aí! Eu
sei por que você me parecia tão familiar. Você carrega uma
semelhança impressionante com o retrato de Lady Elaine que
paira no salão superior da mansão.
— Você ouviu isso, Tara? — Laura se virou com espanto
para a mulher mais velha.
— Sim, ouvi. — Com um olhar de triunfo em seus olhos
escuros da meia-noite, Tara momentaneamente agarrou o
braço de Laura, com um sorriso exuberante curvando seus
lábios vermelhos. — Eu sabia. Sabia o tempo todo.
— Sabia o quê? — O descontente Max Rutledge rolou a
cadeira para frente, forçando seu caminho no círculo. Mas
Boone ficou para trás, olhando para o inglês com um olhar mal
velado. — O que é tudo isso?
— Sim, eu estou curioso, também. — Sebastian inseriu.
— Bem... — Laura fez uma pausa, tentando decidir como
enquadrar sua resposta. — De acordo com a lenda dos Calder,
a mãe de Benteen fugiu com outro homem quando ele era um
menino pequeno. Se o nome do homem era conhecido, eu
nunca ouvi falar. Ele sempre foi conhecido como um homem de
remessas, que, como eu entendo, era frequentemente o termo
usado para descrever o filho mais jovem e herdeiro de europeus
ricos.
Sebastian assentiu, seguindo sua linha de pensamento à
sua conclusão lógica. — E você suspeita que sua antepassada
fugiu com o homem que se tornou o sétimo conde de Crawford.
— Na verdade, Tara foi à única que levantou essa teoria,
depois que encontrou algumas fotografias antigas.
Tomando a palavra de Laura, Tara, explicou: — Quando
eu era casada com o pai de Laura, estava vasculhando um
velho baú no sótão e me deparei com a foto de uma jovem
mulher. Naquela época, a governanta, que havia nascido e
crescido na fazenda, me disse que era uma imagem de
Madelaine Calder, a mãe do Chase Benteen Calder. Não tenho
certeza, mas acho que foi a primeira vez que ouvi a história
sobre ela ter abandonando o marido e o filho jovem para fugir
com outro homem. Errado será dizer que eu estava apenas um
pouco intrigada com aquele caso ligeiramente escandaloso da
história da família. E fiquei mais intrigada quando sem querer
coloquei a fotografia ao lado de outra de Lady Crawford. Uma
era a imagem da outra, talvez, em seus vinte e poucos anos, e a
mulher na outra foto teria facilmente seus sessenta anos.
Ainda assim, seria impossível não observar as muitas
semelhanças físicas que as duas compartilhavam, para não
mencionar que a jovem se chamava Madelaine e a mais velha
era conhecida como Elaine. Eu simplesmente não podia
acreditar que fosse apenas uma série de coincidências
incríveis. Sempre suspeitei que fossem fotos da mesma mulher,
mas nunca fui capaz de provar isso.
— E se você pudesse o que teria que realizar? — Max
desafiou claramente encontrando pouca importância na
questão.
— Agora, Max, — Tara repreendeu levemente, — você de
todas as pessoas deve saber que, por vezes, há uma imensa
satisfação adquirida a partir do descobrimento de você estar
certo sobre alguma coisa o tempo todo.
Max pigarreou, mas não discordou de sua resposta. Boone
continuou a ser um observador silencioso. Algo sobre a
maneira como ele olhava para Sebastian Dunshill falava de sua
antipatia imediata ao homem.
— Você diz que há um retrato de Lady Elaine exibido na
casa do conde de Crawford. — Tara falou, dirigindo a
observação de Sebastian.
— Na verdade, existe um esplêndido.
— Eu adoraria vê-lo algum dia. — O comentário dela tinha
um tom fora de sua mão ociosa. Laura suspeitava que ela fosse
à única que sabia que a entrega era deliberadamente calculada
para alcançar resultados.
— Se você pretende visitar a Inglaterra em um futuro
próximo, talvez eu possa lhe obter um convite. — O olhar de
Sebastian incluía Laura.
— Na verdade, nós falamos sobre o voo para Londres. —
Laura admitiu e deslizou um olhar para Boone com sutileza
deixando-o saber que ela não tinha esquecido o seu convite
para jantar. Sua expressão imediatamente aquecida.
Um criado de libré se aproximou do grupo, inclinou-se
respeitosamente para Sebastian e se dirigiu a ele em italiano.
Sebastian respondeu na mesma moeda, em seguida, explicou
aos outros, — Estamos sendo escoltados para a sala de jantar,
onde os outros convidados estão se instalando.
— Vamos parar de vadiagem e andar. — Com um toque do
botão, Max enviou sua cadeira de rodas para frente.
Quando chegaram à sala do banquete, os Rutledge foram
encaminhados para a extremidade da mesa. Boone mal tinha
tomado o seu lugar quando Max perguntou em voz baixa e
rouca. — Onde é que a jovem vai sentar? Não ao lado desse
inglês, espero.
— Não. Ele está sentado à esquerda da condessa. Laura e
Tara estão mais próximas do meio.
— Bom. — Max murmurou e acenou com a cabeça
bruscamente para o cavalheiro sentado em frente dele. Então
ele se dirigiu ao seu lugar. — Por que você deixa esse maldito
inglês monopolizar a conversa assim? Você o deixou arrebatar
o seu direito debaixo do seu nariz e não disse uma palavra.
— Exatamente o que você acha que eu deveria ter feito? —
Boone rebateu com uma voz de raiva rigidamente controlada.
— Meu Deus, eu tenho que lhe dizer tudo o que fazer? —
Max lhe lançou um olhar de desgosto. — Tudo o que tinha que
fazer era falar. Em vez disso você ficou lá e fez beicinho como
um garoto que teve seu novo brinquedo roubado. Eu juro; às
vezes eu acho que a única coisa que você tem como coluna
vertebral é uma forquilha.
— Para sua informação, Laura concordou em se reunir
comigo em Londres para jantar mais tarde esta semana. —
Boone murmurou com força.
— Ela disse isso? — Max olhou para ele com uma mistura
de surpresa e ceticismo.
— Sim. Estou pensando em falar com ela após o jantar
para resolver uma data e hora exatas.
— Faça-o.
— Você está realmente sério sobre querer que eu me case
com ela, não é? — Boone comentou.
— Você está condenadamente certo. — Max declarou. —
Eu não tinha falado com ela nem dois minutos antes de saber
que ela tem mais fibra em seu dedo mindinho do que você tem
em seu corpo inteiro. Não é provável que passe para você, mas
há uma boa chance de seus filhos o conseguirem. E isso é
apenas tudo o que eu tenho que olhar para frente. — Boone
segurou a língua com esforço e lutou contra a vontade de
amassar o guardanapo de linho e enfiá-lo goela abaixo do
velho.

A refeição do múltiplo curso foi seguida por um recital


privado realizado por um pianista belga bem conhecido. Era
bem depois da meia-noite quando Laura e Tara saíram do
palácio e subiram em seu carro alugado.
— Que festa maravilhosa. — Tara declarou enquanto
distraidamente ajustava as dobras de seu vestido de noite.
— E, cheio de surpresas também. Primeiro correndo para
os Rutledges. — Ela rompeu o resto do pensamento para olhar
com curiosidade para Laura. — O que me lembra que notei que
Boone encurralou você após o recital de piano. O que ele
queria?
— Quer que eu voe para Londres e jante com ele no final
desta semana.
— Como é maravilhoso. É pouco mais do que um voo de
duas horas a partir daqui. Podemos chegar no início da tarde, o
que lhe dará tempo de sobra para ficar pronta. — Ela declarou,
como sempre tomando a carga.
— A primeira coisa na parte da manhã, eu vou notificar o
nosso piloto de nossos planos e fazer reservas em Claridges. Ou
você prefere ficar no Lanesborough?
— Você está supondo que eu aceitei o convite. — Laura
respondeu de ânimo leve.
Tara deu a ela um olhar assustado. — Você aceitou, não
foi?
— Você parece tão chocada. — Laura não pode deixar de
rir. — De repente você decidiu se tornar uma casamenteira?
— Dificilmente. — Tara zombou. — Na verdade, eu estava
pensando que uma rápida viagem para a Inglaterra iria nos
proporcionar a oportunidade perfeita para ver se o Sr. Dunshill
nos permitiria ver o retrato de Lady Crawford. Conseguiu falar
com ele depois do jantar?
— Não. — Laura ficou um pouco confusa com a decepção
que sentia sobre aquilo. Várias vezes ela observara Sebastian
Dunshill olhando em sua direção, mas ele não fez nenhum
esforço para procurá-la. Aquela falha levou Laura a cavar em
seus calcanhares e se recusar a fazer o próximo movimento.
Laura sabia que seu orgulho tinha sido picado. Os homens
sempre a perseguiam.
— Nem eu. — Tara admitiu. — Vou ligar para a condessa
de manhã e descobrir onde ele está hospedado. O... que eu
preciso para me preocupar? Ela olhou com expectativa para
Laura. — Você aceitou o convite do jantar de Boone ou não?
— Na verdade, eu lhe disse que iria chamá-lo amanhã,
depois de falar com você. Então, minha resposta foi uma
tentativa de “sim".
— Você não parece muito entusiasmada. — Tara
continuou a estudá-la. — Eu tinha a impressão que você o
achava atraente.
— Eu não. Na verdade, não estou ansiosa para jantar com
ele.
— Não me admiraria. Boone Rutledge é,
inquestionavelmente, um ladino. Nos últimos anos, ele ganhou
a reputação de jogar o campo, embora suspeite que Max possa
ser a causa para isso. — Tara acrescentou pensativa.
Era o tipo de observação garantida para despertar a
curiosidade de Laura. — Por que você diz isso?
— Eu suponho, porque Max sempre foi abertamente
crítico de quase toda mulher que Boone tem visto. E quando
Max não gosta de alguém, ele pode tornar as coisas muito
desconfortáveis para Boone, e dolorosamente humilhantes para
o objeto de seu desprezo. — Ela enviou um olhar a Laura
sorrindo com aprovação. — Felizmente, isso é algo com que
você não tem que se preocupar. Em uma reunião curta você
conseguiu cativar completamente o Max. O que exatamente
você disse a ele antes de eu chegar?
Laura sorriu, sentindo-se um pouco presunçosa. — O tipo
de coisas que você me ensinou. Algo respeitoso ainda atado
com um toque de cuidado.
A risada suave de Tara era rica em diversão. — Eu deveria
ter imaginado que você iria pegar instantaneamente sobre isso.
Acima de tudo, Max Rutledge despreza fraqueza. — Ela correu
um olhar pensativo sobre Laura. — Você tem uma habilidade
inata para fazer uma leitura rápida de uma pessoa. É um
talento especial que você herdou de Chase. Ele certamente não
pode ser ensinado, não por mim ou qualquer outra pessoa.
— Vou levar sua palavra para ele. — Laura ociosamente
observou o sinal de tráfego fechar através das ruas.
— Isso poderia provar ser um trunfo inestimável para os
Rutledge. — Tara meditou. — Max não faz tanto negócio
divertido como deveria. Você poderia facilmente mudar isso,
apesar de tudo. E a educação que você poderia obter nas
maquinações de um grande negócio seria inestimável.
— Negócios de novo? — Laura brincou.
— Não, apenas fantasiando. E talvez um pouco de
reminiscências, também. — Acrescentou com um toque de
melancolia em sua voz. — Sempre soube que seu pai e eu
poderíamos conseguir grandes coisas. Não havia realmente
nenhum limite para as possibilidades que tínhamos. Confesso,
quando imagino você e Boone juntos, que vejo um pouco de Ty
e eu. Só Deus sabe como você é muito parecida com o que eu
nunca me contentei; tornar-me a esposa de um homem e mãe
de seus filhos. Obviamente, você sempre pode ter uma carreira
de sua preferência, completamente separada do que seu
marido possa fazer. Mas pode ser infinitamente mais
estimulante quando os dois são combinados.
Laura ouviu ciente que invariavelmente não havia
sabedoria no conselho de Tara. Mas desta vez as palavras de
Tara pareciam apenas lembrá-la como seria incerto o seu
futuro. Mais cedo ou mais tarde, esta turnê pela Europa teria
chegado ao fim, e ela ainda tinha que decidir o que iria fazer
com o resto de sua vida. O rendimento de seu fundo fiduciário
significava que não tinha quaisquer preocupações financeiras.
Ao mesmo tempo, Laura sabia que não estaria satisfeita por
muito tempo voando de uma cena a outra. A tensão de feridas
através dela, deixava-a nervosa e inquieta.
Quando o carro rolou até parar na frente de seu hotel,
Laura jogou as pernas para fora do carro antes que o porteiro
tivesse a porta totalmente aberta. Ignorando sua mão
estendida, ela saiu do carro sem ajuda e esperou até Tara se
juntar a ela. Observou com impaciência enquanto Tara fez uma
pausa para reorganizar a cortina de cetim.
Os faróis cegaram Laura através das vigas longas do
conversível rebaixado que parou atrás de seu carro alugado, o
som do motor reduzindo-se a um poderoso ronronar. Laura
olhou para o Porsche vermelho, dando boas-vindas à distração
de sua chegada. Um instante depois, ela pode observar com
seu olhar claro o rosto do motorista quando ele agilmente se
alavancou para fora do carro. Uma profunda satisfação
inebriante a estremeceu com a visão de Sebastian Dunshill.
Capítulo Dois
Sem se preocupar em abrir a porta, Sebastian saltou do
carro esporte e se aproximou delas com uma caminhada a
passos largos. Tudo o que a frustração nervosa tinha
escurecido o humor de Laura desapareceu sob o olhar quente
de seus olhos cor de avelã.
— Mr. Dunshill, esta é uma surpresa. — Tara o
cumprimentou, em seguida, inclinou a cabeça em um ângulo
curioso. — Você vai ficar no Hassler, também?
— Nem um pouco. Eu vim para lhe dar isso. — Ele
estendeu um pedaço de papel dobrado para elas. — Quando
Bianca me disse que você tinha saído do clube, percebi que não
tinha lhe deixado saber como entrar em contato comigo quando
fossem à Inglaterra.
— Teríamos o rastreado de alguma forma. — Laura lhe
assegurou, com um sorriso ondulando os cantos de sua boca
enquanto pegava o papel dele e colocava em sua bolsa de noite.
— Mas isso faz com que seja mais fácil. Eu e Tara decidimos
voar para Londres no final da semana.
— Vocês irão? Ótimo. — Sebastian respondeu com um
sorriso fácil de prazer. — Dê-me uma chamada depois de
chegar, e nós resolveremos uma hora para ver o retrato.
— Nós faremos isso. — Laura prometeu. — Nós duas
estamos curiosas para vê-lo.
— Nós estamos de verdade. — Tara concordou, mas no
momento seu interesse estava em outra coisa. — Você deve ter
conhecido a condessa por um longo tempo para ter uma base
do primeiro nome dela.
— Eu a conheci a maior parte da minha vida. — Sebastian
respondeu. — Ela e minha mãe são primas em terceiro grau. —
Sem dar a Tara à chance de interrogá-lo ainda mais sobre sua
conexão com a condessa, ele mudou de assunto. — Vocês duas
já não estão se recolhendo está noite ,não é? Roma está apenas
ganhando vida a esta hora.
— Se isso é um convite para me mostrar um pouco da vida
noturna, eu aceito. — Laura declarou com ousadia descarada e
lançou um breve olhar a Tara. — Você não se importa, não é,
Tara? Eu fui uma senhorita digna toda a noite. Agora estou
pronta para deixar meus cabelos soltos e fazer algo impróprio.
— Não muito impróprio, espero. — Tara admoestou
levemente. — Vocês dois vão se divertir. Vejo-os na parte da
manhã.
Laura se virou ansiosamente para Sebastian com um
brilho sedutor em seus olhos castanhos. — Bem? Era um
convite ou não?
— Sim, foi. — Uma luz de entendimento dançou em seus
próprios olhos. — Se eu pareço ter uma ligeira perda de
palavras, você deve me perdoar. Pensei que exigiria muito mais
persuasão.
Ela riu. — Você pensou errado.
— Para minha alegria eterna. — Disse ele e a conduziu até
o carro. Depois que Laura esteva confortavelmente instalada no
banco do passageiro da frente, Sebastian fez o seu caminho em
torno do capô e deslizou atrás do volante. Com as mãos no
volante, ele perguntou: — Qual casa noturna você prefere,
isolada e romântica, ou alta e lotada?
— Vamos começar com adornos e cheia. — Laura afirmou.
— Alta e lotada. — O poderoso motor rugiu para a vida.
Quando o Porsche aumentou a distância do hotel, Laura jogou
a Tara um aceno de despedida e chegou até a puxar os
grampos que seguravam seus longos cabelos loiros em seu
confinamento. Sebastian lhe lançou um olhar de lado quando
ela jogou a cabeça para sacudir os cabelos soltos. — Você
estava falando sério sobre deixar seus cabelos soltos, não foi?
Um sorriso divertido puxou um canto de sua boca.
— Eu acredito firmemente que se você entra em um
conversível, tem que deixar seus cabelos soltos para que o
vento possa soprar através dele. É preciso experimentar. —
Laura virou o rosto para a brisa num movimento geral. — Um
pouco mais rápido, por favor.
Rindo baixinho, Sebastian pisou no acelerador e o carro
esporte aumentou sua velocidade. A um ritmo imprudente,
correndo ao longo das ruas movimentadas da cidade e
ultrapassando veículos mais lentos, correndo em torno dos
cantos com os pneus guinchando.
— Você está tentando conseguir uma multa. — Laura
avisou com o riso em sua voz. — Você nem sequer parou no
último semâfaro.
— Uma das primeiras coisas que você tem que aprender
sobre o trânsito em Roma: os motoristas tendem a considerar
os sinais de trânsito como meras sugestões, assim, quando em
Roma... — ele a lembrou da frase muito citada sem se
preocupar em terminá-la, com uma endiabrada cintilação em
seus olhos.
Sua risada gutural foi farta e completa. — Sabia no
momento em que vi você atrás do volante deste Porsche que
não era um inglês reprimido.
— Espero que você não tenha feito a suposição errônea
sobre mim. — alertou. — Eu apenas o peguei emprestado de
Bianca.
— Aposto que você tinha uma escolha, no entanto.
— Na verdade, eu tinha. — Sebastian fez uma pausa para
olhar em sua direção. — Algo me disse que poderia me
favorecer um carro esportivo.
— Você tem instintos bons.
O carro pegou mais velocidade ao longo de um trecho reto,
e Laura se rendeu ao vento fresco, apreciando a sensação de
chicote em seus cabelos. Aquilo a lembrava das muitas vezes
que tinha galopado em seu cavalo por toda a extensão de sua
casa em Montana só para sentir a deliciosa corrente de ar
contra seu rosto.
— Acho que você achou o jantar de Bianca um pouco
aborrecido. — Sebastian comentou.
Laura arrastou uma mecha de cabelo de sua bochecha
enroscando-a atrás da orelha. — Só no final. Foi uma falha
minha. — Declarou sem um traço de arrependimento. — Às
vezes, fico entediada facilmente.
— Isso acontece com todos nós, especialmente quando
temos um excesso de festas elegantes.
Ela jogou a cabeça para trás e riu. — Algumas vezes é
verdade. Tem sido assim quase sem parar desde que chegamos
a Europa. O que prova que é possível ter muito de alguma
coisa boa.
Mas, seu olhar claro e seu perfil cinzento a faziam
perceber que novamente sentia um zumbido de emoção na sua
presença, e duvidava que fosse possível ter demasiado de
Sebastian Dunshill.
— É definitivamente possível ter excessos de assuntos
formais. — Sua voz estava atada com humor.
O sorriso chamou sua atenção para a construção viril de
seus lábios. De lá, foi um passo fácil saber como seria o beijo.
Laura estava consciente de seu pulso acelerado em antecipação
daquele momento. Ela não tinha nenhuma dúvida que ele viria,
quer por sua instigação ou dela.
Estava quase triste quando chegaram a uma boate nas
bordas do centro da cidade de Roma. Uma parte dela queria
continuar o passeio de carro, apenas a centímetros dele. Em
seguida, a alta batida de um bumbo se estendeu do clube e a
pegou em seu feitiço primitivo.
— Você pediu alta e lotada. — Sebastian a lembrou
quando eles entraram, recebidos por música aos berros e um
barulho de risadas e conversas.
— É maravilhoso. — Laura declarou, já sentindo a
necessidade de avançar com a contagiante batida da música.
Depois de um discreto escorregar da conta, um garçom os
levou através da multidão de pessoas para uma pequena mesa
perto da pista de dança. O garçom demorou tempo suficiente
para tomar a ordem das bebidas: um copo de vinho branco
para Laura e um gin tônica para Sebastian. Uma canção mal
tinha terminado antes da banda começar a tocar outra.
— Então, você samba? — Perguntou Sebastian.
— Absolutamente. — Tomando sua mão, Laura se
levantou da cadeira. A pressão firme da mão na cintura,
guiando-a para a pista de dança, começou a acelerar seu
pulso. — Nunca esperei ouvir música latina em Roma. — Disse
ela quando se virou em seus braços.
— Atualmente é uma nova onda de popularidade aqui na
Europa.
— Estou feliz. — A sensualidade flagrante lhe convinha
perfeitamente ao humor.
Mas eles não tinham dado mais de uma dúzia de passos
antes de Laura ter seus movimentos restringidos por muito
tempo, a saia lápis de seu vestido lhe dificultava se atirar para
a música como ela queria fazer.
Ela parou de dançar. — Dê-me seu lenço.
— A minha gravata? — Sebastian puxou sua cabeça para
trás levemente confuso.
— Isso. — Ela começou a puxar a saia até acima dos
joelhos. — Eu preciso dela para um cinto.
Divertido, ele desmanchou o nó da gravata e puxou-a de
seu pescoço.
Segurando a saia na altura desejada, Laura instruiu: —
Amarre-o em volta da minha cintura.
Quando Sebastian se inclinou para a tarefa, aproximou a
cabeça para mais perto dela, o suficiente para que ela
distinguisse a forma de algumas sardas leves no rosto. Com
cada respiração, ela inalava o perfume inebriante, masculino
de sua colônia, descobrindo que quase tudo nele a deixava
estimulada.
Quando ele amarrou o primeiro nó para fixar o cinto
improvisado em torno de sua cintura, Laura advertiu: —
Certifique-se de que esteja apertado, pressionando um dedo no
centro do primeiro nó, segurando-o no lugar enquanto ele fazia
o segundo. A intimidade de tê-lo consertando suas roupas
trouxe sua própria marca de estímulo ao momento,
acrescentando ao seu alto nível de conhecimento dele.
Finalizando a tarefa, ele se endireitou. — Isso deve mantê-
lo.
Laura pôs a mão em seu ombro. — Vamos tentar isso de
novo, não é?
Em resposta, ele deslizou os dedos entre os de sua mão
livre e levou a outra mão para a curva de seu quadril
diretamente abaixo de sua cintura com o cinto de segurança
recente. Sem hesitar, Sebastian guiou as etapas de abertura do
samba.
A música apaixonada pulsava em torno deles. A ênfase do
samba em contato com os olhos e a impressão de isolamento,
juntamente com seus movimentos de quadril exagerados,
tornava a dança sensual por natureza, mas nos braços de
Sebastian, assumia uma qualidade adicional de sensualidade
que Laura não tinha experimentado antes. E percebeu que no
passado sempre dançava a música, mas não realmente com
seu parceiro. A conexão que sentia com aquele homem, era
algo mais que meramente físico, dava uma nova dimensão ao
momento. Sentia-se viva como uma mulher.
Eles ficaram na pista de dança, música após música,
voltando para a mesa apenas uma vez para tomar um gole de
suas bebidas. Quando outra canção chegou ao fim, Laura se
inclinou no peito de Sebastian, não querendo quebrar a
proximidade. Ela sentiu a firmeza de sua respiração e a batida
dura de seu pulso, combinada a sua própria. A solidez dele a
fez se sentir deliciosamente fraca.
Inclinando a cabeça para trás, olhou para o rosto dele e
levantou a mão para tocar o brilho de suor em seu lábio
superior. — Parece que nós dois estamos além do suor. —
Laura murmurou, consciente de sua própria pele corada e as
batidas do sangue através de suas veias.
— Seria uma vergonha nos refrescarmos agora. — Suas
palavras foram acompanhadas por um olhar sugestivo que fez
tudo dentro dela saltar. Só então a banda começou a tocar
outra música. Ouvindo isso, Sebastian sorriu. — Pensei que
nunca tocariam algo lento.
Antes de Laura ter a chance de registrar o tempo da
música, ele a tinha moldado ao seu comprimento, liberando a
mão para dar a volta com os braços ao redor dela para mantê-
la perto. Exaltando as sensações deste novo contato, Laura
deslizou as mãos atrás do pescoço e deixou os dedos
deslizarem para os seus cabelos marrons avermelhados. O
cheiro e a sensação dele estava em torno dela.
À medida que balançava junto com a música, seus pés
mal se movimentavam, seu corpo sentia-se líquido e fundido.
Ele acariciou o lado do seu pescoço e do fundo sensível atrás
da orelha, enviando-lhe pequenos arrepios de excitação
trêmula.
A passividade era algo totalmente alheia à sua natureza,
tornando impossível para Laura lhe permitir fazer todos os
movimentos. Ela virou a cabeça, procurando e encontrando
aqueles lábios masculinos que estavam criando tanta confusão.
Não era o primeiro beijo hesitante que eles
compartilhavam, mas era quente e lambendo em suas
exigências. Laura se balançou até os dedos dos pés. Sentiu que
estava sendo puxada para dentro do calor dele sem antes
decidir se era o que queria. Estava com medo e animada pelo
poder e Sebastian era o primeiro a quebrá-la, arrastando sua
boca em óbvia relutância. Ela viu a investigada rápida de seu
olhar, e percebeu, com muita satisfação, que ele tinha sido
abalado pelo beijo, também.
— Você sempre beija homens estranhos assim? — Ele
perguntou com uma leve provocação que ganhou sua
aprovação imediata.
— Não, mas aposto que você beija todas as mulheres
estranhas dessa forma, — Ela respondeu, recuperando algum
senso de controle enquanto a perturbação ainda a emocionava
por dentro.
— Nada como este. — Sebastian lhe assegurou com uma
voz seca.
— É bom saber isso. — ela murmurou e acariciou uma
mão forte ao longo do corte de seu queixo.
Quando a última nota da música desapareceu, uma voz
veio através do sistema de som, falando em italiano. Na sua
conclusão, Sebastian olhou para Laura, se arrependendo de
torcer a linha de sua boca. — É hora de fechar.
Ela soltou um suspiro fingido. — E nós estávamos apenas
nos aquecendo.
— Vamos voltar para a mesa e terminar nossas bebidas?
A perspectiva de passar os próximos vinte minutos
sentados e bebendo pareceu demasiado mundano para Laura,
especialmente agora, quando ela estava em uma alta tão
sensual. — Porque se importar? — Ela respondeu com um
pouco elegante encolher de ombros. — Até agora plana do
vinho. Vamos apenas sair.
— Como quiser. — Sebastian inclinou a cabeça em
aceitação da sua decisão, e a guiou para fora do clube para a
frieza de uma noite romana.
Com sua gravata ainda como cinto ao redor da cintura,
Laura entrou no rebaixado carro esportivo, com os movimentos
da saia livres.
À medida que se afastavam da área do clube, Laura se
sentiu exatamente como um gato, vivo para a noite e
ronronando com as possibilidades. Levantou o peso de seus
cabelos fora de seu pescoço suado e deixou o vento arrefecido
secá-la.
— Voltamos para o hotel, não é? — Sebastian perguntou
com um olhar de lado.
— Ainda não. — Ela tirou os sapatos e mexeu os dedos
dos pés nas meias. — Essa fonte. A que você joga as moedas.
Vamos lá. Eu definitivamente não quero que isso seja minha
última visita a Roma.
— Fonte de Trevi chegando. — Inclinando-se para frente,
Sebastian olhou para a placa da rua próxima, diminuiu a
velocidade do Porsche, e virou a esquina. — Os pés doem
depois de toda a nossa dança? — Ele perguntou, observando
seus pés descalços.
Olhando fixamente para baixo, Laura mexeu os dedos um
pouco mais. — Eles não doem nada. Só querem um pouco de
liberdade. Para emprestar essa frase brega de My Fair Lady, eu
poderia ter dançado a noite toda.
Com a música Latina ainda jogando em sua cabeça, Laura
levantou as mãos e estalou os dedos ao som imaginário,
movendo os ombros e o torso ao seu ritmo enquanto dava uma
batida de mambo. No meio da música, ela se lembrou.
— Sua gravata. Eu me esqueci de devolvê-la. — Desceu os
braços e tentou afrouxar o nó duplo.
Conseguiu desmanchar o primeiro nó quando chegaram à
praça e terminou o segundo quando Sebastian abriu a porta do
passageiro para ela. Sem se preocupar em colocar seus
calcanhares no chão, Laura jogou as pernas para fora do carro
e segurou a mão estendida de Sebastian.
Ele olhou para as meias que cobriam seus pés. — Você vai
arruinar suas meias.
— Eu tenho mais. — Ela respondeu com indiferença e saiu
do carro, a bainha de seu vestido longo caindo sobre os topos
de seus pés. — Sua gravata, senhor.
Erguendo-se na ponta dos pés, ela a colocou em volta do
pescoço com as duas extremidades penduradas e puxando-as
para trazer a cabeça para baixo, para provar o calor de seu
beijo de novo. Obrigando-o, ele se curvou para ela e reivindicou
seus lábios com negra sensualidade. A invasão de sua língua
trouxe o gosto de gin e a essência de algo mais. Tudo acelerou e
aumentou, subindo rapidamente seu pulso, correndo seu
sangue doce e rápido.
Laura estava consciente das mãos moldando-a totalmente
contra ele, aumentando a intimidade de seu beijo. Ela se forçou
mais perto dele, empurrada pela pressão. Paixão era algo que
ela sempre soube que possuía, mas o sentimento nunca tinha
sido tão intenso.
Momentaneamente enervada por ela, Laura se afastou e se
escondeu debaixo do braço. Correndo e caminhando, ela
atravessou o perímetro da parede da fonte, secretamente feliz
por só ela saber da instabilidade que sentia nas pernas. Vários
segundos se passaram antes que ela ouvisse o chiado dos
sapatos de Sebastian no concreto, sinalizando sua
aproximação. Ele parou à sua esquerda e enfrentou a fonte
maciça. Seu corpo inteiro formigava com a consciência da sua
proximidade.
— Se essa é a forma de você agradecer a alguém para o
empréstimo de um item, lembre-me de emprestar-lhe algo
mais. — Sua voz tinha uma rouquidão perturbada.
Ela riu, principalmente porque não confiava
completamente em sua voz ainda, e focava a estátua
artisticamente iluminada de um deus do mar a bordo de seu
carro em forma de concha sendo puxada por cavalos
espirituosos.
— Ele é Netuno ou Poseidon? — Laura perguntou em uma
mudança deliberada de assunto. — Eu nunca consigo me
lembrar se é grego ou romano.
— Netuno.
— Netuno. — Laura repetiu como se aquilo fosse de
alguma forma ajudá-la a lembrar, e escorregou a corrente de
sua bolsa de noite de ouro de seu ombro, em seguida, abriu a
bolsa de contas para procurar o seu conteúdo. — Será que o
dinheiro de papel vale, ou tem de ser uma moeda?
— A lenda sempre se referia a uma moeda.
— Nesse caso... — Laura agarrou sua bolsa fechada e
estendeu a mão com a palma para cima. — vou ter que pedir
algo mais a você. Uma moeda, por favor.
Sua boca inclinada em diversão quando ele procurou no
bolso da calça e tirou uma moeda. — Aqui está. — Deixou-a
cair na palma da mão.
Seus dedos se curvaram sobre ele quando Laura se virou
para a extensão semicircular de água. — Aqui está para a
minha visita de volta a Roma. — Inclinando-se sobre a parede,
lançou a moeda longe na piscina. Ela bateu na água com um
leve baque. Pequenas ondas concêntricas irradiaram de seu
ponto de pouso. Satisfeita, Laura se endireitou longe da parede.
— Agora o meu retorno será garantido.
— Eu não teria tanta certeza disso. — Sebastian advertiu
em uma nota de brincadeira.
— Por que não? — Ela elevou o queixo em desafio
enquanto um sorriso brincava com os cantos de sua boca.
— Eu não tenho certeza se funciona com uma moeda
emprestada.
— Agora que você me diz! — Em um acesso de raiva
simulada, ela virou as costas para a fonte e começou a recolher
sua longa saia.
— O que você está fazendo? — Uma carranca curiosa
cintilou sobre a testa lisa.
— Vou buscá-la, é claro. — Laura respondeu; em seguida,
fez uma pausa para armar a cabeça para ele, segurando a saia
quase até os quadris. — Você certamente não acha que eu vá
jogar dinheiro fora para nada, não é?
— Não. Eu... — Sebastian hesitou diante da visão do
comprimento da perna bem torneada que ela tinha exposto.
— Bom, porque eu não sei. — A saia foi mais elevada,
revelando a curva inferior de uma liga. De repente ela a soltou.
— Oh não, você não. Vire-se. — Ela balançou um dedo em um
movimento de rotação. Depois de um segundo de hesitação,
Sebastian girou e a encarou, sua mente ainda repetindo a
tentadora imagem da carne feminina. — Nenhuma espiada,
também.
— Então, você espera que eu cubra meus olhos?
— Se quiser. — Havia riso em sua voz.
Um instante depois, sua imaginação correu selvagem
quando ele ouviu o sussurro do deslizar de um zíper. O som foi
seguido pelo farfalhar do tecido.
— Você vai me dizer quando eu posso olhar, não vai? — A
fala era forte, mas ele estava disposto a jogar seu jogo por
enquanto.
Sua resposta foi uma risada, alegre e baixa, rica em
diversão, o tipo de risada que dizia que sabia as coisas que
estavam em sua mente.
Com o desvanecimento de sua risada, apenas sons fracos
vieram de trás dele, também indistintos para lhe dizer o que
estava fazendo. Sua impaciência cresceu em proporção direta à
sua curiosidade.
Um respingo alto veio do espelho d'água. Sebastian girou
em sua direção. Seus olhos caíram imediatamente sobre o nu
feminino vadeando na água para longe dele. Ele deixou seu
olhar viajar sobre seus ombros nus e seguir a fita de sua
coluna para baixo, para as curvas arredondadas de suas
bochechas nuas. Com seus cabelos loiros caindo suaves sobre
seus ombros em desordem artisticamente selvagem, ela parecia
uma deusa, com uma forma tão perfeita quanto sua pele lisa.
O desejo rugiu nele. Lutou para encontrar sua voz.
Querendo vê-la se virar, ele gritou: — Você poderia ser presa.
Ela lhe lançou um olhar sobre seu ombro e continuou
vadeando mais perto da estátua. — Não me diga que é ilegal
recuperar uma moeda?
— Não é ilegal recuperar uma moeda, mas o seu traje ou a
falta dele é.
— Não seja bobo. — Ela se abaixou na água e começou a
procurar no fundo. — Qualquer policial italiano que pudesse
aparecer teria o prazer de me ver como você tem.
Divertindo-se com a sua lógica, Sebastian só podia sorrir.
Aquela mulher não só o despertava, ela o intrigava
completamente. A Laura Calder que ele conhecera na festa de
jantar era toda classe e elegância, uma mestra da réplica
social, exigida em tais encontros, sempre com cuidado de não
ter mais que discreta paquera, não excessivamente assertiva
em buscar o centro do palco. Em suma, ela não parecia
diferente das dezenas de outros tipos da sociedade que ele
conhecia.
A mulher no Porsche tinha se comparado a uma menina e
o fora por um bom tempo, querendo nada mais do que dançar
nas horas seguintes. Sebastian sabia mais do que alguns
daqueles.
E a mulher nua brincando e refletindo na piscina tinha
todas as características de alguma herdeira maluca, sempre
para fazer o ultrajante e inesperado. Uma herdeira e ela
definitivamente era uma. De acordo com Bianca, Laura não era
apenas a filha de uma rica dinastia de rancheiros, ela também
tinha um fundo fiduciário próprio e considerável.
No entanto, a herdeira maluca não exibia qualquer
daquelas coisas verdadeiras. A que ele conhecia estava
brincando sobre a piscina, espirrando e guinchando em sua
oferta, invariavelmente, desesperada por atenção. Mas havia
Laura Calder, nua como no dia em que nasceu, com calma e
sistematicamente à procura da moeda no fundo da piscina.
E havia a questão das roupas. Laura não tinha saído dela
amassada na calçada em desrespeito descuidado. Seu vestido
de seda chocolate, com a etiqueta Armani parcialmente visível,
foi cuidadosamente envolta em toda a parede da fonte, junto
com suas meias, um sutiã de renda reduzido e calcinhas.
Não, Laura Calder era diferente de qualquer outra mulher
em sua experiência. Certamente ele não conhecia alguém que
possuísse aquela curiosa mistura de elegância e mundanidade.
Na piscina refletindo, Laura levantou e se virou para
erguer uma moeda para a luz, mostrando-lhe a pureza clássica
do seu perfil. Após um exame atento da moeda, ela olhou para
ele.
— Deve ser esta. — Declarou e levantou um ombro nu em
um encolher de ombros vagos. — É a única moeda britânica
que eu pude encontrar.
A busca terminada, ela começou a voltar, e Sebastian foi
levado para a sua primeira visão frontal, suavemente iluminada
pelo brilho da luz da estátua. Seus seios eram redondos e
firmes, perfeitamente em forma, sua cintura côncava graciosa,
e havia um arredondamento adequado para seus quadris. Com
o brilho da umidade em sua pele lhe dando a aparência de
mármore, Sebastian se lembrou da famosa pintura de Vênus
de Botticelli. Seu olhar se desviou para baixo para sua região
pélvica e o tapete encaracolado de pelos pubianos provando
que Laura Calder era uma loira natural.
Ela era impressionante, e tão incrivelmente bela que lhe
tirou o fôlego e acendeu uma dor em suas costas. Sebastian
apertou os dentes para desligar o gemido que ameaçava subir
em sua garganta.
— Vou precisar da sua ajuda para sair daqui. —
Informou-o com um ar de despreocupação absoluta. — Ali seria
mais fácil, eu acho. — Ela apontou para uma parte da piscina
perto da estátua maciça a alguma distância dele.
As palavras dela estavam cheias de senso comum que
cortavam facilmente através de seus pensamentos luxuriosos.
Sebastian murmurou baixinho, estritamente pra sua própria
audição. — Melhor obter um controle sobre si mesmo, meu
velho. — Logo, ele respondeu: — Está bem ali.
Com mais relutância do que ele se importava em
reconhecer, se virou, afastando-se da fonte e galopou de volta
para o Porsche. Tentando-o quando apareceu, ele abriu o
porta-malas e tirou um cobertor que sempre ficava guardado
ali.
Ela estava esperando por ele quando chegou ao local
designado.
— Aqui. — Ela estendeu a mão para ele, a moeda presa
entre dois dedos. — É melhor levar isso antes que eu
acidentalmente a solte.
Ele pegou a moeda e a colocou no bolso, em seguida,
estendeu a mão e segurou a dela. Sua pele estava molhada e
gelada ao toque. Sebastian esperou enquanto ela encontrava
um ponto de apoio. Em um aceno de sinalização, ele a puxou
para fora da piscina. Ela tropeçou e caiu contra ele.
Automaticamente seus braços a rodearam para pegá-la e
estabilizá-la. Uma dúzia de impressões registradas de uma só
vez: a umidade de sua pele escorregadia e o arredondamento
dos seios pressionados contra o peito; o aroma limpo de seus
cabelos e um leve cheiro de cloro; e o olhar de alívio quase
arrebatador em seu rosto virado para cima.
— Senhor, mas você está quente. — Sua voz tinha um
ligeiro tremor que parecia ecoar nos primeiros arrepios dela.
— E você está fria e úmida. — Sebastian declarou.
Ela riu em sua garganta. — Eu sabia. Eles realmente
deveriam aquecer aquela piscina.
— Duvido que os italianos pensem que seria usada para
um mergulho de fim de noite. — Sebastian a repreendeu
secamente.
— Eles deveriam pensar. — Sua resposta foi
acompanhada por um tremor exagerado.
A tentação era usar seu corpo para aquecê-la
completamente. Com mais de um grau de arrependimento,
Sebastian levantou o cobertor dobrado para fora da parede com
uma mão enquanto continuava a segurar Laura perto dele.
— É uma vergonha sangrenta fazer isso. — Ele balançou
as dobras e colocou o cobertor sobre os ombros dela, puxando-
o na frente.
Laura agarrou as bordas e puxou-as confortavelmente em
toda a sua frente, sobrepondo-as. — Eu pensei que você fosse
colocar o seu casaco em torno de mim. Isto é muito melhor. —
Mesmo quando ela tremeu, havia risos dançando em seus
olhos quando o olhou. — Eu não esperava que você fosse tão
prático.
— Bianca é a prática. Sinceramente, eu nunca entendi por
que ela mantém um cobertor no porta-malas. E certamente não
irei questioná-la agora. Vamos. — Ele envolveu um braço em
torno dela e a guiou para o Porsche. — Vamos levar você para o
carro.
No meio do caminho Laura parou. — As minhas roupas.
— Cuidando para não soltar o cobertor, ela estendeu um dedo
e apontou em sua direção.
Enquanto Sebastian foi buscá-las, Laura continuou até o
carro e esperou pelo lado do passageiro.
— Me sinto como um dos parentes do meu tio. — Disse
ela, enquanto ele abria a porta.
— Perdão?
Vendo seu olhar perplexo, Laura explicou, — Logan é meio
índio Sioux e o xerife local.
Ele ergueu as sobrancelhas, divertido. — Você tem
claramente uma árvore de família colorida.
— E você nem sequer ouviu as histórias sobre minha avó
ou aquela sobre meu pai ter nascido fora do casamento. —
Brincou Laura, segurando firme o cobertor quando entrou no
carro.
— Como eu disse, colorido. — Um pequeno sorriso
entortava sua boca. Assim que ela ficou confortavelmente
acomodada no assento, ele depositou a trouxa de roupas em
seu colo. — Devo subir a capota?
Laura balançou a cabeça. — Não se preocupe. O hotel não
é muito longe daqui.
Capítulo Três
Para diversão de Laura, a expressão do porteiro não
mudou tanto quando ela enfiou um pé de salto alto fora do
Porsche e se levantou, enfaixada no estilo indiano em um
cobertor enquanto segurava suas roupas de noite. Ela esperou
pelos passos de Sebastian para acompanhá-la ao hotel, de
cabeça erguida e um pequeno indício de um sorriso maroto
tocando os cantos dos lábios.
Ela inclinou a cabeça para ele. — Você vem comigo, não é?
Eu posso precisar de sua ajuda com pequenas coisas como
portas e botões de elevador.
— Claro. — Seu sorriso foi rápido e quente, os olhos
ecoando o brilho de diversão em seu próprio lugar. Virando-se
para o porteiro, ele lhe entregou as chaves do carro e algumas
notas dobradas, então se voltou para Laura e a acompanhou
até o interior do hotel.
— Espero que você seja generoso com sua dica.
— Eu fui. — Sebastian assegurou.
— Bom. O homem era o epítome absoluto do tato. Por todo
o aviso que ele tirou de minhas roupas, eu poderia estar
vestindo um vison. Eu percebi que deu uma olhada rápida,
mas não parecia estar interessado.
Sebastian chegou à frente dela e abriu a porta. — Talvez
ele seja gay...
— Um italiano gay. — Laura lançou uma suave risada,
incrédula. — Isso parece um boi.
— Trata-se disso. — Ele a guiou para os elevadores e
apertou o botão, chamando um. Quase instantaneamente um
conjunto de portas deslizou se abrindo com um leve assobio.
Laura entrou no elevador à frente dele e começou a tarefa
desagradável de pesquisa através das roupas dobradas para a
bolsa, mantendo um aperto adequado sobre o cobertor.
Desistindo, ela se virou para Sebastian. — Procure a minha
bolsa de noite, por favor? Tem o meu cartão do quarto nela. E
certamente não quero acordar Tara.
— Você compartilha um quarto com sua tia? — De forma
rápida, Sebastian localizou a bolsa de contas e pegou o cartão
para a porta do quarto.
— Não. Temos suítes separadas. E Tara não é realmente
minha tia. — Laura declarou em uma nota breve de improviso.
— Eu só a chamo assim, para evitar longas explicações.
Tecnicamente, não estamos relacionadas a todos.
— Como é isso? — Ele a olhou com curiosidade.
— Tara foi à primeira mulher do meu pai. Vários anos
depois de seu divórcio, ele se casou com minha mãe. Foi
quando Trey e eu entramos em cena.
— Trey é o seu irmão. — Sebastian adivinhou.
— Meu gêmeo. Ele parece o lado Calder dos familiares alto
e grande de ombros, com cabelos e olhos escuros;
características angulares difíceis, enquanto eu...
— Pegou trços de sua tataravó. — Ele inseriu.
— Que pode ou não também ser Lady Elaine. — Laura
concluiu. Sebastian sorriu e voltou ao assunto original quando
as portas do elevador se abriram no piso do andar.
— Então você está viajando com a ex de seu pai? Isso é
um pouco incomum.
Laura riu do eufemismo. — Ao longo dos anos. Ele
levantou mais do que algumas sobrancelhas. — Ela saiu do
elevador e acrescentou por cima do ombro: — Tara
definitivamente não é popular com o resto da minha família ou
qualquer outra pessoa na fazenda. Meu avô está convencido de
que ela é uma influência horrível para mim. Minha mãe nunca
realmente disse isso, mas eu sei que ela concorda. Eu acho que
ela há muito tempo reconciliou-se com o fato de que eu sou
outra pessoa.
— Isso, — sua boca se curvou levemente — é muito óbvio.
— Ele inseriu o cartão na ranhura do quarto, esperou a luz, e
abriu a porta; em seguida, deu um passo atrás para admiti-la.
Laura passou por ele na suíte, fez uma pausa longa o
suficiente para depositar sua trouxa de roupas na almofada
coberta de damasco do sofá, em seguida, caminhou direto para
a porta que levava a um terraço privado, sem nem uma vez
olhar de volta para ele.
Depois de um instante de hesitação Sebastian devolveu o
cartão para sua bolsa, entrou na suíte, e fechou a porta atrás
de si. Até o momento em que ele atravessou a sala, Laura já
havia desaparecido no terraço. Ele deixou sua bolsa de noite
com as roupas dela e a seguiu para fora.
Laura ficou na parede externa, olhando para a noite,
indiferente à vista espetacular do terraço da Escadaria de
Espanha e da expansão da Via Conditti.
Sebastian andou até a parede e brevemente pesquisou a
vista. Um punhado de estrelas espanava o céu, sua luz
esmaecida pelas brilhantes luzes da cidade. A vista para a
cidade e seus pontos de referência eram familiares, embora o
mesmo não pudesse ser dito sobre a mulher ao lado dele.
Dobrando a cabeça em sua direção, ele deixou seu olhar
correr sobre ela e estudou o jogo de luz e sombra em seu rosto,
acentuando a linha forte alta, de suas maçãs do rosto e a
perfeição do mármore de sua pele. A noite dava um brilho
prateado aos cabelos, iluminando a cor da juba loura gloriosa
caindo sobre seus ombros.
Naquele momento, ela tinha o olhar frio, intocável de uma
deusa, além do alcance de qualquer mero mortal. Mas
Sebastian sabia que ela transformava aqueles olhos escuros
sensuais sobre ele e o impressionava se mudando em uma
sereia, tentadora em sua beleza, com lábios brilhando e um
arrebatamento promissor.
Sebastian sorriu interiormente com tais pensamentos
fantasiosos e ao mesmo tempo consciente de que havia mais do
que um pouco de verdade nelas. Só estar perto dela despertava
todos os seus instintos masculinos. Ele suspeitava que
estivesse em perigo de perder completamente a cabeça por
aquela mulher. Mas só parecia adicionar algum tempero.
— Você parece estar em uma profunda reflexão. —
Observou ele, procurando puxar sua atenção de volta.
Laura puxou uma respiração longa e lançou-a em uma
expiração lenta e suave. — Eu acho que estava. — Uma
pequena curva levantou os cantos de sua boca.
— O que poderia exigir tal contemplação pesada a esta
hora tardia? — Ele perguntou em tom de brincadeira leve.
— O futuro, — Laura respondeu sem qualquer hesitação e
continuou a enfrentar a cidade — tenho algumas decisões
importantes que preciso tomar.
— Tais como? — Sebastian solicitava, determinado a lhe
envolver a atenção.
Com um ligeiro lance de sua cabeça, virou-se em ângulos
retos para enfrentá-lo e apoiou um quadril contra a parede do
terraço. — Oh, coisas muito importantes. — Ela lhe assegurou
em seriedade simulada e mergulhou seu queixo, armando a
cabeça em uma pose que era provocante e sedutora. — Se
viajar pelo mundo ou descartar a ideia, seja para alimentar as
crianças famintas na África ou... ir para a cama com você.
O calor tomou conta dele com força vertiginosa. O desejo
era um disco, a dor de pedra nos seus lombos de alguma
forma, mas conseguiu engrossar a voz. — Pessoalmente, estou
muito a favor do último.
Seu sorriso se alargou glamoroso. Ela se moveu em
direção a ele, mantendo seu domínio sobre as bordas do
cobertor quando ela abriu os braços, o material voando a partir
deles, em um gesto que lembrava uma borboleta exótica
emergindo de sua crisálida. Mas a visão de seu corpo foi breve
quando ela curvou os braços em volta do seu pescoço,
envolvendo-o no interior do cobertor com ela.
Com a cabeça para trás e os lábios entreabertos, ela
desafiou com voz rouca: — Mostre-me.
Suas mãos já haviam se mudado em torno da nudez de
sua cintura para moldá-la mais firmemente contra ele. Desta
vez, sua pele estava quente ao toque, mas tão suave como a
seda antes.
Antes que ele pudesse tomar posse de sua boca, ela
começou a morder seus lábios, brincando com os dentes. Em
todas as ocasiões anteriores, Sebastian tinha sido o único a
fazer a sedução. Mas Laura era a agressiva agora. Algo lhe dizia
que era um perigoso precedente. Buscando reivindicar a
iniciativa, ele a pegou do chão e jogou-a para a entrada da
suíte.
Os risos borbulhavam em sua garganta. — Como é
magistral. — Ela ronronou e passou a mão ao longo de sua
mandíbula antes de deslizar os dedos em seus cabelos.
— Eu lhe asseguro que estou bem equipado para o papel.
— Ele murmurou, combinando a leveza atrevida de seu tom.
Sua resposta provocou uma risada dela, e seus olhos
escuros tomaram uma nova medida dele, um brilho sugestivo
em suas profundezas. — É para se gabar ou se vangloriar?
— Eu vou deixar você ser o juiz. — Ele negociou os passos
para a sala de estar da suíte.
— Isso será o meu prazer. — Informou ela, enquanto seus
dedos encontraram o primeiro botão da camisa dele.
— Certamente que sim.
— Você sempre foi tão confiante de sua proeza na cama?
— Brincou ela enquanto seus dedos continuaram a desfazer
mais botões.
— Nunca ouvi uma única queixa. — Levou-a através da
sala de estar ao suntuoso quarto da suíte.
— Ah, mas os homens nunca sabem se uma mulher é
inteligente. O ego masculino tende a ser muito frágil.
Controle: ele podia sentir a sua sutil tentativa de exercê-lo
novamente. — E eu nunca conheci uma mulher disposta a
admitir que ela pudesse ser uma decepção no quarto.
Ele parou perto da cama. Uma única lâmpada acesa na
mesa de cabeceira, jogando uma piscina de luz sobre as
cobertas abaixo. Ele deixou que seus pés afundassem no chão,
mantendo um braço ao redor dela.
O cobertor caiu apenas uma borda e o pegou pelo braço
livre.
— Isso está batendo um pouco abaixo da cintura, não é?
— Ela desafiou levemente enquanto suas mãos deslizavam
para baixo da frente aberta de sua camisa, parando quando
chegaram ao cós de sua calça.
— Mas isso é muitas vezes o que acontece quando Marte e
Vênus se chocam.
— Mas que magnífica colisão pode ser. — Ela murmurou
com os olhos escuros brilhando com a promessa.
— Verdade. — Sebastian concordou e ficou na tentativa de
abrir sua calça, agarrando suas mãos e as puxando para longe,
apesar da parte quente e com fome dele que o deixava ansioso
para que ela continuasse. — Mas vocês são coisas apressadas.
— Ele a colocou para longe e fez uma rápida passada,
apreciando seus seios inclinados, a cintura fina e as curvas dos
quadris. — Nós, os homens tendemos a ser criaturas de
hábitos terríveis. — Ele a conduziu para a cama, mantendo a
pressão discreta até que a parte de trás de seus joelhos fizesse
contato com o colchão. Em seguida, lhe deu um pequeno
empurrão que a obrigou a se sentar. Todo o tempo ela assistiu
com curiosidade intensa e interesse. — Cada um de nós tem a
nossa própria rotina em particular quando se trata de tirar a
roupa. Alguns preferem começar de baixo e tirar os sapatos em
primeiro lugar. Outros começam com o empate.
— Você tem na cabeça começar por aí. — Ela se reclinou
na cama com facilidade lânguida, dobrando uma perna sobre a
outra para lhe mostrar a curva arredondada cheia da parte
inferior da bochecha.
— E eu tenho sido negligente em não lhe agradecer por
isso antes. — Qual era a verdade. Quase não havia uma parte
dele que não se sentisse grossa e rigidamente inchada.
Sebastian duvidava que em sua condição atual os dedos
pudessem conseguir os meandros de uma decisão desfazendo
ou desabotoando sua camisa. Reprimindo um desejo muito
primitivo para arrancar suas roupas e se juntar a ela na cama,
puxou o laço em torno do pescoço, lutando por um ar
descontraído que estava longe de sentir. — Eu, pessoalmente,
faço uma combinação de superior e inferior. — Ele jogou a
gravata sobre o apoio dos braços estofados de uma cadeira
próxima e tirou o paletó. — Após a gravata, vem a jaqueta. —
Depois de fazer um show de precisão dobrando-o, ele o colocou
na cadeira. — Então a camisa. — Puxou as partes soltas de
suas calças e começou a removê-la, bem consciente durante
todo o tempo de seu olhar ávido.
Novamente, ele não foi nada casual sobre a forma como a
arrumou na cadeira. Nesse ponto, fez uma pausa e olhou para
ela mais uma vez. Os olhos dela fizeram uma inspeção
gananciosa, quase tátil da largura musculosa de seu peito e
ombros, tomando nota especial do tapete encaracolado de pelos
no peito ruivo.
— Aqui é onde eu inverto o processo e começo a partir do
fundo. — Ele sentou-se na borda do assento almofadado,
cuidando para não amassar a roupa que já estava lá, e
começou a tirar os sapatos. Depois que os arranjou
ordenadamente lado a lado junto da cadeira, tirou as meias,
sacudiu-as para fora, e as colocou precisamente uma em cima
da outra.
— Primeiro o topo, então o fundo. O meio deve ser o
próximo. — Declarou ela, seus olhos escuros agitados com
antecipação.
— Uma dedução astuta. — Ele sorriu preguiçosamente
enquanto se levantava, abria o zíper da calça, e saia dela.
Vestindo apenas cueca, dobrou as calças, perna contra perna,
pelos vincos, envolvendo-a sobre o seu paletó, e agarrando a
cintura elástica de seu solitário vestuário restante. — Por
último, mas não menos importante, eu removo minha cueca. —
Quando ele a tirou, virou as costas para a cama e a fixou na
cadeira com o resto da roupa.
— Assim, é feita a ação. — Ele anunciou, em quadratura
para encará-la mais uma vez, rápido para perceber a forma
como o seu olhar firmava instantaneamente sobre sua ereção.
Depois de um momento de pausa, ela ergueu o olhar para
o rosto dele. — Tem certeza que você é britânico e não grego?
— Certeza absoluta. — Ele arqueou as sobrancelhas em
silêncio.
— Você olha como Adônis. E sua voz, como o calor latente
de seu olhar, tem o sopro da excitação.
— Isso é um alívio. — Um sorriso contraiu os cantos de
sua boca. — Por um momento pensei que você estava me
comparando com o jovem David de Michelangelo, capaz de
mostrar apenas as grandes mãos.
Sua cabeça caiu para trás contra o travesseiro enquanto
ela caia na gargalhada. Sebastian tomou a vantagem de sua
distração para subir na cama com ela, estendendo-se no
interior, mantendo-a mergulhada na luz da lâmpada. Rápida
para se recuperar, ela rolou em direção a ele e arqueou o corpo
mais perto, suas mãos espalhando os dedos sobre seu peito e o
tapete de pelos.
— Eu entendo, — ele começou em uma voz rouca de
desejo reprimido, — que as técnicas de fazer amor podem
variar de homem para homem também. Alguns — com as
pontas dos dedos, ele escovou os fios rebeldes dos cabelos de
seu rosto — começam no topo.
Como uma pluma fazendo pressão, ele esfregou o canto do
olho e do cume proeminente de sua bochecha, seguindo sua
curva para o canto dos lábios, e esfregando a boca sobre eles,
explorando a sua forma e suavidade. Quando sentiu o esforço
em direção a ele, convidando a sua plena posse, levou alguns
beijos de degustação, que derrubaram sua suavidade úmida,
em seguida, voltou atrás ao longo da linha de sua mandíbula
esculpida em seu ouvido.
Ele levou o tempo traçando o contorno de seu escudo
delicado com a língua, mordiscando o lóbulo da sua orelha e
acariciando o sensível oco por trás dele. Um tremor
involuntário viajou através dela quando ele localizou seu lugar
erótico particular. Ele voltou a acendê-la novamente e
novamente, tendo satisfação nos tênues sons animais de prazer
e necessidade que vinham de sua garganta.
Durante todo o tempo suas mãos se moviam sobre as
costas e ombros, com os dedos flexionando e ondulando,
enquanto seus próprios cursos longos, lentos para baixo da
coluna e até ao lado da cintura, permitindo que o polegar
apenas ocasionalmente afagasse a curva externa de seu seio.
No entanto, sempre gradualmente, ele trabalhava o caminho
para baixo, abandonando o local erótico da orelha e
transferindo a atenção para a curva de arco de sua garganta e
no oco em sua base.
Quando a mão em concha, finalmente chegou à parte
inferior do seio, seu corpo arqueava em antecipação. A sua
redondeza firme era quase como uma ruína. Mesmo quando
com seu polegar circulou o mamilo, sentindo-o crescer duro
sob seu estímulo, ele lutou para manter o controle. Atraído por
sua atração irresistível, sua boca começou uma incursão lenta
para isso. Na chegada, sua língua rodeou um mamilo duro,
enquanto ela respirava bruscamente em reação.
Laura enterrou os dedos em seus cabelos, aplicando
pressão para baixo. A boca aberta em seu peito, puxando o
mamilo para dentro, consciente de cada resposta, ele sabia o
momento exato em que suas coxas apertadas e seus quadris se
contorciam ligeiramente em uma tentativa de aliviar a pressão
do calor inflamado por meio dele. Ele sabia que poderia
facilmente levá-la sobre a borda agora. Mas era muito cedo.
Enquanto ainda podia, Sebastian afastou e trabalhou para
nivelar sua respiração. O olhar fixo em seus lábios
entreabertos, em seguida, levantou os seus olhos escuros e as
pálpebras pesadas de desejo.
— E, é claro, — Ele passou a mão para baixo em sua
perna, deixando seu olhar segui-la — há aqueles que preferem
começar na parte inferior.
Quando ele passou a concentrar a atenção em seus pés,
ela murmurou: — Deus, mas você é uma provocação horrível.
— Misturados com seu tom frustrado estava à diversão e um
toque de curiosidade.
O calcanhar estreito, o arco delicado, a bola de seu pé, e
cada dedo do pé individual, a boca vagando sobre todos eles
antes de começar a viagem para cima para seu tornozelo
delgado e a curva de sua panturrilha.
Quando ele esfregou a parte de trás do joelho, o telefone
de cabeceira tocou. — Sinta-se livre para responder. — Ele lhe
disse enquanto esfregava levemente a boca ao longo da parte
interna da sua coxa.
— Oh não, eu não vou. — Laura rejeitou sua sugestão fora
de mão, disposta a não permitir que nada se intrometesse
nesta nova e excitante sedução e desejo que giravam em torno
dela. — Provavelmente seja um número errado. Se não, eles
podem deixar uma mensagem.
— Você é quem o diz. — Sebastian murmurou,
continuando a subida de lazer.
Ela cravou as unhas no lençol, tomada por uma dor que
era mais intensa do que qualquer outra que já tinha conhecido.
Sua provocação preliminar foi rapidamente se tornando mais
do que podia suportar.
Com uma voz firme e pulsando com a necessidade, ela
disse: — Eu tenho uma pergunta.
— O que é? — A boca roçando os pelos sobre seu
estômago mais baixo, a respiração úmida aquecendo sua pele
que já sentia febrilmente quente. O toque íntimo só
intensificava a necessidade poderosa. Sua voz tremeu com ele.
— Quando é que vamos... nos encontrar no meio?
— Você acha que é a hora? — Sebastian rebateu com uma
nota seca de provocação.
— Passando. — Laura respondeu com impaciência,
consciente de que nunca antes tinha sido despertada assim,
não com aquela condução precisa de possuir e ser possuída.
Na demanda aberta, ela estendeu a mão para ele. — Não mais.
Quente com sua própria necessidade latejante, Sebastian
não precisava de segunda insistência e alavancou a si mesmo
para ela. A pressão de condução de seu beijo forçou seus lábios
separados, mesmo quando sua mão escorregou debaixo dela,
levantando seus quadris, arqueando na ânsia de sua entrada.
Quando ele deslizou na abertura apertada, seu gemido de
prazer espantado quase o fez explodir no contato. Por um
momento ele ficou rígido para verificá-lo. Ela se mexeu debaixo
dele na moagem de urgência.
Exercendo cada mínimo de controle que ele podia
convocar, agarrou seus quadris e segurou-os ainda quando se
moveu lentamente contra eles. Mas a pressão cresceu. Logo ela
estava toda em movimento debaixo dele, sua língua
empurrando em sua boca para fazer exigências. Ele se dirigiu
para ela, deixando a coisa que abalava a ambos assumir. O
ritmo aumentou a sensação, chutando-os em uma tempestade
de ouro e violência.

A umidade persistente de transpiração se agarrava a sua


pele enquanto Laura estava com braços e pernas ainda
enroscados com Sebastian, seu corpo formigando com os
deliciosos tremores secundários. Ela nunca se sentira tão
gloriosamente satisfeita ou tão incrivelmente energizada em
sua vida.
‘Estendendo a mão, ela levantou uma mecha de cabelo
castanho da testa e de braços cruzados o enrolou em torno de
seu dedo. — Você mentiu para mim.
— Quando foi que menti? — Sua cabeça enfrentando a
dela no travesseiro, sua boca sufocando um sorriso preguiçoso.
— Quando você alegou ser Sebastian Dunshill. Isso é
apenas uma identidade assumida.
— Sério? E como você chegou a essa conclusão? — A
diversão brilhava em seus olhos.
— Eu deduzi. — Laura respondeu, esticando e se
encolhendo como um gato contra ele. — Você tem tal mestria
na arte de fazer amor, é óbvio que você deve ser James Bond
disfarçado. — A impossivelmente bela emoção que sentira
ainda fluía através dela. Deitada ao lado dele, Laura teve um
momento de arrependimento por que ele não tinha sido seu
primeiro homem, embora sua mente lhe dissesse que era
melhor assim ou ela poderia ter se tornado sua escrava.
— Eu odeio desiludi-la, mas eu não sou 007.
— Que pena. — Ela declarou e lançou um suspiro
exagerado.
— É, não é? — Ele murmurou e inclinou a cabeça para
acariciar a ponta arredondada de seu ombro. — Como eu
poderei esquecer um ombro tão delicioso?
Ela sentiu aquele arrepio familiar da dança do prazer
sobre sua pele e fechou os olhos para se concentrar
exclusivamente na sensação. — Você parece estar se fazendo
para... — Ela parou a sentença, assustada por uma série
repentina de rígidos, raspados insistentes. Levou um segundo
para perceber que alguém estava batendo na porta de sua
suíte.
O rap afiado, rap, rap foi repetido novamente. Desta vez,
seguido por uma voz feminina chamando amortecida: — Laura,
você está aí?
— É Tara. — Ela murmurou reconhecendo a voz, incapaz
de recordar uma única outra vez em que Tara tivesse batido em
sua porta no meio da noite. — É melhor eu ver o que ela quer.
Laura rapidamente se desembaraçou de Sebastian e rolou
para fora da cama. Em seu caminho para fora da sala, pegou o
manto da noite que tinha deixado jogado em um canto da cama
e o puxou.
— Só um minuto. — Ela chamou quando o rap voltou.
Apressadamente amarrou o cinto e abriu a porta.
— Você está aqui. — Tara disse o óbvio quando seu olhar
fez um rápido levantamento da aparência desgrenhada de
Laura. — Desculpe despertá-la, mas seu irmão chamou no
meu quarto.
— Trey? — Laura disse com alguma surpresa. — Por que
ele a chamou?
— É evidente que ele tentou falar com você, mas você não
respondeu seu telefone, então ele ligou para ver se eu sabia
onde estava. — explicou Tara. — Ele quer que você o chame
imediatamente. Disse que era importante, mas não quis me
dizer o porquê. — O que claramente a irritou.
Laura descartou a possibilidade de sua razão não ser de
abalar o mundo. — Sabendo que Trey, provavelmente ficara em
primeiro lugar em um concurso de rodeio. Eu poderia muito
bem chamá-lo, no entanto. Obrigada. — Ela disse e fechou a
porta antes de Tara convidar a si mesma para entrar. Quando
ela começou a voltar para o quarto, o telefone tocou. Laura
pegou a extensão da sala de estar. — Olá.
— Onde diabos você estava? — A voz familiar de Trey
respondeu. — Estive tentando falar com você por mais de uma
hora. Eu não consegui mesmo em seu telefone celular.
— Eu não o levei comigo hoje à noite. — Consciente que
Trey não tinha absolutamente nenhuma compreensão da
moda, Laura nem sequer tentou explicar que o telefone celular
acrescentava muito em peso e volume em sua bolsa de noite,
arruinando sua linha. — Por que você está chamando a esta
hora? Você tem alguma ideia de que horas são aqui?
— Eu não sei. Talvez duas ou três horas. — Seu tom
deixou claro que ele não sabia e não se importava. Ele tinha
outra coisa em sua mente. — Mamãe vai chamá-la amanhã, eu
imagino, mas...
Ele fez uma pausa, e hesitou. Laura soube imediatamente
que algo de ruim acontecera. — Trey, o que está errado? É o
vovô, não é? — Ela adivinhou, a tensão atava seus músculos
do estômago.
— Não, ele está bem. É Quint. — Disse ele, se referindo ao
seu primo mais velho, Quint Echohawk, que tinha seguido os
passos de seu pai e se tornara um agente do Tesouro logo após
a faculdade.
— O que houve com Quint? — Ela agarrou o receptor um
pouco mais apertado, se preparando para as más notícias.
— Ele levou um tiro na perna e quebrou um dos ossos. —
Depois de uma pausa quase imperceptível, Trey acrescentou:
— Ele está sem valor como um parceiro de equipe no rodeio por
algum tempo.
Laura sentiu sua tentativa de esclarecer o incidente, mas
ela sabia que aquilo tinha batido duro nele. Ele e Quint sempre
tinham sido tão próximos como irmãos. Tomando as dores de
Trey, Laura procurou uma resposta clara.
— Quanto você quer apostar que quando o içaram para
fora da ambulância, à única coisa que ele vai querer+ saber era
se eles tinham prendido os caras maus?
— Sim, esse seria Quint. — Trey concordou com um
sorriso em sua voz. — Ele sempre quer terminar qualquer coisa
que comece. Faz com que ele seja verdadeira mula de cabeça às
vezes.
— Onde ele está agora? — Ela ouviu agitações fracas de
movimento vindas do quarto.
— Num hospital de Detroit.
— Tia Cat deve estar muito preocupada com ele.
— Ela e Logan partiram há uma hora para voar para lá.
De acordo com Logan, Quint e seu parceiro tinham ido a uma
casa de fazenda, seguindo uma pista que tinham de algum
indivíduo suspeito de vender ilegalmente armas de fogo. Eu
acho que eles apenas saiam do carro quando alguém na casa
abriu fogo contra eles.
— Pelo menos vai dar tudo certo. — Laura escolheu se
debruçar sobre o aspecto positivo.
— Sim. — Mas o achatamento de sua voz revelou a
aparente falta de conforto que ele sentia naquele momento.
Sebastian saiu do quarto, completamente vestido. —
Aguarde um segundo. — disse Laura ao telefone e prontamente
cobriu o bocal com a mão. — É meu irmão. — Disse ela
enquanto Sebastian se movia em direção a ela.
— Eu percebi isso. — Ele murmurou e pegou o queixo dela
entre o polegar e o indicador, levantando-o para pressionar um
beijo quente em seus lábios. — Vejo você na Inglaterra. —
Disse e foi até a porta.
A vida parecia sair do quarto quando ele se foi, deixando-a
vazia e estranha, algo que Laura nunca havia experimentado
antes. De repente, ela estava muito, muito feliz. — Trey estava
do outro lado do telefone.
— Desculpe. — Disse para ele.
— Eu acho que Tara está aí. — Trey adivinhou. — Eu
deveria ter sabido que ela iria se pendurar para descobrir por
que eu estava chamando.
Laura não quis corrigi-lo. — Telefonemas no meio da
noite, geralmente trazem más notícias. Onde está a mamãe?
— Ela e Laredo foram para a cidade jantar. Eu lhe contei
que Harry está à venda? Harry era o único estabelecimento
para comer e beber da pequena cidade de Blue Moon,
localizada a cerca de 50 milhas a partir da sede do Rancho
Triplo C.
— Eu não posso imaginar alguém comprando aquele lugar
velho. — Laura afundou em uma cadeira próxima e enrolou as
pernas debaixo dela, estranhamente ansiosa para ouvir um
pouco de fofoca local; fofoca com a qual ela não teria se
importado nem um pouco cerca de uma hora atrás.
— Nem eu. — Trey concordou. — Desde que Dy-Corp
fechou a mina de carvão, Blue Moon se tornou praticamente
uma cidade fantasma. — Eles conversaram um pouco mais,
com Trey enchendo-a com os últimos acontecimentos em torno
da fazenda. — Quando você volta para casa, Laura? — Ele
perguntou finalmente.
— Não por um tempo ainda. Voaremos para a Inglaterra
no final desta semana. — Laura sorriu, antecipando ver
Sebastian novamente e se lançou numa explicação da reunião
com Sebastian, seu parentesco com o conde de Crawford e o
subsequente convite para visitar a mansão.
A única resposta de Trey foi: — Você vai chegar aqui a
tempo para a grande venda de cavalo no primeiro de junho,
não vai? Mamãe conta com você para ajudar com isso.
— Eu tinha esquecido tudo sobre isso. — A venda
marcava apenas o segundo tempo dos cavalos criados no
rancho que haviam sido vendidos separadamente do leilão
bienal de gado. Assim como o leilão de gado, a venda de cavalos
era um evento social, em grande escala como era o leilão. E o
ponto brilhante solitário na monotonia habitual da vida do
rancho, na medida em que Laura estivesse em causa. — Eu
estarei em casa a tempo para isso. — Prometeu.
Após uma troca de despedidas, Trey desligou e balançou
para trás em uma cadeira giratória de grandes dimensões por
trás da enorme mesa do escritório, seus pensamentos ainda
perturbados com as notícias sobre Quint. Seu olhar flutuou
preguiçosamente à ampla varredura de chifres montado acima
da lareira.
O som de passos arrastados tirou a atenção da velha
lareira de pedra e a jogou na direção da porta aberta do
escritório para o corredor quando seu avô, Chase Calder, parou
fora dela. A idade tinha inclinado seu corpo alto e transformara
seus cabelos escuros em um ferro fundido cinzento. Havia uma
flacidez da pele em suas feições duras e angulares, com as
rugas e trincados da textura que se assemelhava ao couro de
sela usada. À primeira vista, seu avô mostrava todos os sinais
de seus oitenta e tantos anos, mas havia uma vitalidade
queimando em seus olhos escuros que não podia ser ignorada.
— Pensei que tinha ouvido você falando com a sua mãe. —
Chase declarou como se estivesse explicando sua presença.
— Não, eu acabei de desligar o telefone com Laura. — Trey
agarrou o braço e empurrou para fora da cadeira, impulsionado
por um sentimento inquieto que exigia movimento. — Eu liguei
para informá-la sobre Quint.
— Ela está vindo para casa?
— Não. Ela estará voando para Londres no final da
semana. — Trey saiu de trás da mesa e foi até a porta.
— Londres. — Chase repetia em desgosto. — É hora de
parar de vagabundear por toda a Europa e voltar para casa.
Ela pertence a este lugar.
Trey parou na frente dele. Quando Chase era mais novo,
os dois homens teriam ficado com o olho no olho. Mas Trey era
umas boas polegadas mais alto do que Chase, agora. Apesar
das diferenças de idade austeras, a semelhança de família era
forte.
— Não, vovô, ela não o faz. Eu não sei a que lugar Laura
pertence, mas não é aqui. — Trey nunca tinha sentido nada
mais certo do que naquele momento, e ele não podia dizer o
porquê.
Capítulo Quatro
Nuvens derivavam através do céu azul que se arqueava
sobre a expansão da região metropolitana de Londres. Um
ônibus passava pelo famoso Savoy Hotel correndo ao lado das
águas turvas do rio Tamisa. Mas Max Rutledge não tomava
conhecimento da tarde de primavera ou das vistas amplas
sobre o rio que sua suíte no Savoy lhe propiciava. Estava muito
preocupado com o último lote de relatórios que haviam sido
encaminhados para ele.
Distraído como estava, foi lento para registrar o clique
inicial do trinco da porta, até que ele ouviu a porta se fechar e
se tornou ciente de alguém entrando no quarto. Com um
balanço do enorme ombro, olhou para a porta, com o olhar
iluminado sobre a altura de seu filho, molhado de suores, com
uma toalha envolta ao redor do pescoço; um brilho persistente
de suor no rosto, tanto quanto sua roupa, mostrando que tinha
vindo diretamente dos exercícios vigorosos no clube do hotel.
Como de costume, Max não perdeu tempo com
preliminares. — Pensei que você disse que a menina Calder
estava hospedada no Claridges.
Boone Rutledge hesitou uma fração de segundo. — Isso foi
o que ela me indicou antes de sairmos de Roma. — Ele pegou
uma ponta da toalha e enxugou o rosto e a mandíbula.
— Bem, ela não... ela chamou uma hora atrás para dizer
que elas estão no canto Lanesborough em Hyde Park.
— Obviamente, houve uma mudança de planos. — Boone
afirmou com despreocupação e cruzou para o telefone.
— O que você está fazendo agora? — Max perguntou.
— Só estou ligando para confirmar que irei buscá-la às
oito da noite. — Ele pegou o fone.
— Não se preocupe. Ela não está lá. — Max girou sua
cadeira de rodas para encará-lo. — Ela disse que estava saindo
para o chá lá embaixo.
Boone colocou o telefone de volta no gancho. — Nesse
caso, eu vou tomar banho e chamarei mais tarde.
Max bufou em desgosto. — Você está sempre deixando a
grama crescer sob seus pés. O que há de errado em ir até lá e
se juntar a ela para o chá? Não é como se você fosse passar o
resto da tarde trabalhando. Você nunca faz uma coisa maldita,
a menos que eu lhe diga. Só uma vez eu gostaria que você
tomasse alguma iniciativa por si mesmo.
Boone olhou para ele por um longo momento, duro, e
girou sobre os calcanhares cruzando para um dos quartos
conjugados da suíte, que ele tinha reclamado como sua.
O tráfego pesado girava em torno da movimentada esquina
de Hyde Park, mas pouco do seu ruído invadia o Lanesborough
Library Bar, onde o chá da tarde fora servido. Laura dava
pouca atenção às conversas sussurradas que ocorriam em
torno dela quando tomou um gole de chá Earl Grey em sua
xícara Real Worcester.
— Você falou com Sebastian? — Tara habilmente
adicionou um montão de creme de leite ao chá.
— Não, eu tive que deixar mensagens tanto para
Sebastian como para Boone. — Laura voltou a xícara ao pires e
usou as pinças para colocar um petit four da bandeja para seu
prato. — Avisei a portaria que nós estaríamos aqui se qualquer
um deles chamasse.
— Boa. — Tara balançou a cabeça em aprovação e deu
uma mordida delicada em seu scone, mastigando-o pensativa.
— Pelo que me lembro, Crawford Hall está em algum lugar nas
Cotswolds. Eu não deveria pensar que seria muito mais do que
uma viagem de duas horas de Londres. Eu quero saber se há
um hotel adequado nas proximidades, onde poderíamos passar
a noite. Seria demais esperar que fossemos realmente
convidadas a permanecer na mansão.
Onde elas pudessem ficar era de pouco interesse para
Laura. — Estou ansiosa para ver o retrato de Lady Elaine. —
Mas não tanto quanto estava antecipando a companhia de
Sebastian.
— Eu estou meio tentada a contratar um genealogista
para rastrear qualquer documentação que possa existir em
ambas, Lady Elaine e Madelaine Calder só para ver se podemos
provar nossas suspeitas. — Tara comentou à toa.
— Eu não sei o que isso poderia realizar. — Laura disse
encolhendo os ombros.
— Você não viveu com a questão como eu, ou você iria
entender como pode ser gratificante finalmente ter a resposta
definitiva. — Tara ergueu a xícara e a levou aos lábios. — Como
Quint está fazendo? Você falou com a sua mãe?
Laura assentiu. — Ele passou por uma cirurgia na perna
para colocar pinos. Logan voou de volta para casa, mas a tia
Cat vai ficar até Quint ser liberado do hospital. Mamãe disse
que apesar de ter um pino na perna, ele vai sair bom como
novo em algumas semanas.
— É bom ouvir isso. Eu sei como Cat é preocupada com
ele.
Um homem entrou no Bar Library, dentro do alcance de
sua visão periférica. Quando ele parou sob o lustre de estilo
império, a sua luz refletia as luzes de cobre no fundo de seus
cabelos. O tom era muito familiar para Laura ignorar. Com
uma giro de sua cabeça, ela viu Sebastian fazendo uma
varredura dos ocupantes da sala, e seu pulso acelerou.
Antes que ela pudesse levantar a mão para chamar a sua
atenção, ele avistou as duas sentadas perto de uma janela.
Com uma graça masculina fácil, ele cruzou para a sua mesa.
— Vejo que vocês duas estão desfrutando de um dos
nossos curiosos costumes britânicos. — Disse ele em
saudação.
— Quando em Roma... — Laura brincou, com os
pensamentos correndo de volta para a noite que passaram
juntos, a lembrança fresca e estimulante.
— De fato. — Seu olhar disse que ele sabia exatamente o
que estava pensando.
— Nós estávamos falando sobre você. — Tara declarou.
— Falando bem, eu espero.
— Naturalmente. — Tara sorriu para tranquilizá-lo. —
Você vai se juntar a nós para um pouco de chá, não vai?
— Será um prazer. — Disse ele e sinalizou para um dos
funcionários, que rapidamente acrescentou uma cadeira a
mesa, seguido por um terceiro ajuste de lugar. Puxando as
calças, ele se sentou. — Seu voo de Roma foi sem
intercorrências, eu creio.
— Foi sim. — Fazendo as honras da casa, Tara serviu o
chá em uma xícara para ele.
— Assim... — Laura se acomodou melhor na cadeira,
deixando seu olhar correr sobre as feições bem talhadas, as
linhas aristocráticas tão em desacordo com o punhado de
sardas em sua pele clara. — Você foi capaz de falsificar um
convite para nós, para vermos o retrato?
— Melhor do que isso. — Ele fez uma pausa para agitar
uma colher de açúcar em seu chá. — Eu vim com um convite
para passarem a noite em Crawford Hall.
— Isso é incrível. — Tara murmurou, e explicou: — Laura
e eu estávamos discutindo se devíamos fazer a viagem de volta
para Londres ou encontrar hospedagem na área. Obviamente
que não é mais um problema. Nós aceitamos a oferta de
hospitalidade graciosa do conde com prazer.
— Você vai passar a noite assim? — Laura perguntou com
um pouco mais de interesse.
— Eu vou. — ele confirmou.
— Maravilhoso. — Laura murmurou, com o interesse pela
excursão para o interior inglês crescendo a cada momento que
passava. Aquilo definitivamente prometia algo mais do que se
desviar de uma inspeção do retrato de Lady Elaine.
— Você não tem ideia do quanto eu estou ansiosa para
isso, Sr. Dunshill. — Tara inseriu.
— Sebastian, por favor. — Ele insistiu.
— Sebastian. — Tara repetiu com fácil familiaridade. —
Existe algo de especial na forma de se vestir para levarmos?
— A vida é bastante informal em Crawford Hall. Embora
se você tiver algumas roupas de montaria, pode levá-las se
quiser. — Ele respondeu. — Um trote pela manhã em nossas
colinas inglesas pode ser uma excelente maneira de começar o
dia. Eu espero que pareça bastante suave para você,
considerando que foi criada nas planícies ocidentais selvagens.
— Ele dirigiu a última observação para Laura.
— É também uma razão pela qual o cenário civilizado pode
ser um pouco mais atraente para mim. — Ela respondeu.
— Há certamente uma plenitude de cenário civilizado nas
proximidades de Crawford Hall. — Sebastian bebeu um gole de
chá. — Você já andou no estilo inglês antes?
— Já. — confirmou Laura. — Na verdade, eu prefiro muito
mais para o horror de minha família.
— É sempre a verdade. — Tara declarou. — Você se
lembra do tempo em que você tentou um salto caseiro com um
dos cavalos do rancho, Laura? Você não poderia ter mais que
quatorze ou quinze anos. Seu avô quase teve uma apoplexia.
Ele e sua mãe ficaram positivamente furiosos comigo quando
eu saí e lhe comprei uma roupa de jóquei, e contratei um
instrutor de equitação.
— Na verdade, eu não acho que minha mãe se importasse
tanto assim. Acho que ela estava apenas aliviada por eu não
decidir subir na parte traseira de um touro Brahma como Trey
fazia no rodeio local. — Atraindo a atenção de Sebastian, ela
disse: — Ao longo dos anos, meu irmão e eu conseguimos
contribuir com mais do que alguns cabelos brancos na cabeça
de nossa mãe. Cada um de nós tem um pouco de temerário.
— Realmente. — Sebastian murmurou, com os olhos
dançando: — Eu nunca teria imaginado isso sobre você.
— A verdade está lá fora, então. — Um sorriso curvou sua
boca enquanto ela transbordava com a certeza que ele estava
se lembrando de quando ela se aventurara nua na Fonte de
Trevi.
Com toda a sua atenção dedicada a Sebastian, Laura não
notou o homem alto de cabelos escuros se aproximando da sua
mesa até que ele chegou a sua cadeira. — Disseram na
recepção que eu poderia encontrá-la aqui.
Ela olhou para cima com um sobressalto, seu olhar
tomando rapidamente as características familiares do homem,
cheio de masculinidade áspera e crua. — Boone. — Disse ela
com surpresa que rapidamente deu lugar ao prazer. — Seu pai
deve ter-lhe dado minha mensagem.
— Ele o fez. — Deu-lhe um sorriso largo. — Ao invés de
chamá-la de volta, eu decidi vir e descobrir se você pode estar
pronta perto das oito para nossa grande noite na cidade. —
Sem esperar ser convidado, puxou uma cadeira vazia e se
sentou à mesa.
— Oito horas será perfeito. — Laura respondeu.
Quando o garçom atrasado correu para sua mesa, Tara
perguntou: — Você gostaria de um pouco de chá, Boone?
— Não, obrigado. — Ele dispensou o garçom com um
aceno curto de cabeça. — O único chá que eu bebo é do tipo
que servimos no Texas, doce e com gelo. — Seu olhar vagueou
para Sebastian, como se só então tomasse conhecimento de
sua presença.
— Você se lembra de Sebastian Dunshill, não é, Boone? —
Tara disse, fornecendo o nome para o caso dele ter esquecido.
— Nós nos conhecemos na festa da condessa em Roma.
— Eu me lembro. — Disse ele e o reconheceu com um
breve aceno que não era nem amigável nem hostil.
— Sebastian nos trouxe um convite para passar o fim de
semana em Crawford Hall. — Laura explicou.
— Você vai? — Boone perguntou e continuou sem esperar
pela sua resposta. — Eu ia sugerir para voarmos até
Newmarket e assistir uma corrida de cavalos.
— Eu gostaria de ir. — Laura lhe deu um olhar de pesar,
temperado com um sorriso. — Mas Tara e eu mal podemos
deixar passar a oportunidade de dar um olhar em primeira mão
no retrato de Lady Crawford que paira no corredor. Ela tem
sido objeto de muita especulação na nossa família há muitos
anos.
Boone se recostou na cadeira, enganchando um braço
sobre o canto de seu encosto. — Esta é a primeira vez que eu
sou rejeitado em favor de uma pintura. — Mas seu sorriso largo
do Texas não revelava quaisquer sinais de rejeição. — Agora
você me deixou curioso sobre isso. É preciso ser algo especial.
— Achamos que vai ser. — Tara respondeu. — É por isso
que estamos tão ansiosas para vê-lo.
— Quando você vai embora? — Boone dividiu seu ápice
entre Laura e Tara. Na superfície, o tom de sua pergunta
parecia ser uma mera curiosidade, mas a atenção para a sua
resposta foi um pouco forte demais.
— Na verdade, — Foi Sebastian quem falou de primeira —
elas são esperadas para o jantar amanhã à noite. Eu estava
prestes a sugerir passeio agradável a tarde. Pensei que eu
poderia buscá-las em torno das duas, — ele disse para Laura
— parando para um chá ao longo do caminho, e ainda
chegando a tempo suficiente para o jantar.
— Tenho uma ideia melhor. — O largo sorriso de Boone
não vacilou quando ele derrubou seu olhar sobre Sebastian, o
desafio sutil óbvio para todos. — Vou levá-las em seu lugar.
Isso vai me dar uma chance para dar uma olhada nesta
pintura, eu mesmo.
Laura observou Sebastian, intensamente curiosa para ver
como ele iria lidar com aquele desafio que Boone tinha jogado
sobre ele.
— Não há necessidade para isso, — Sebastian começou
em demissão suave, — estarei fazendo o transporte delas
amanhã.
— Mas eu tenho uma limusine Daimler à minha
disposição. — Boone interrompeu. — Acho que você vai
concordar que seria muito mais confortável para as senhoras
viajarem nela do que em um carro comum.
Durante uma brevíssima pausa, Sebastian estudou o
adversário com um olhar de dimensionamento, em seguida,
sorriu preguiçosamente. — Já que você parece tão determinado
a fazer isso, por que não chamo você também para passar o fim
de semana em Crawford Hall.
O convite era a última coisa que Laura tinha esperado de
Sebastian. A maioria das mulheres em seus sapatos teria
encontrado a perspectiva de ter os dois homens sob o mesmo
teto como uma situação embaraçosa. Laura considerava aquilo
como um desafio. E ela prosperou nos desafios.
— Eu adoraria passar o fim de semana no lugar com
Laura se você tiver certeza que nosso anfitrião não irá objetar.
— Boone respondeu.
— Sua filosofia tende a ser “Quanto mais, melhor” ou algo
assim. — Sebastian afirmou com um sorriso divertido.
— Será que Max se juntaria a nós também? — Tara
perguntou com curiosidade súbita, e olhou para Sebastian em
rápido pedido de desculpas. — Desculpe-me. Eu não deveria
ter presumido incluí-lo. Além disso, se Crawford Hall é típico
da maioria das casas antigas, não é exatamente para cadeiras
de rodas.
— Crawford Hall passa a ser uma exceção, em seguida,
graças a um ancestral que foi igualmente prejudicado em seus
últimos anos. — Sebastian explicou. — Portanto, há
acomodações adequadas para o seu pai se ele quiser ir.
— Eu acredito que ele já fez outros planos, mas
perguntarei a ele. — Boone respondeu.
— Faça isso. — disse Sebastian com um aceno de cabeça
aristocrático.
— Eu irei. — Boone agarrou os braços da cadeira e se
empurrou fora do assento, levantando-se. — Vou deixar que
todos voltem para o seu chá. Irei buscá-la às oito horas. —
disse a Laura, e piscou. — E leve o seu apetite. Não desperdice
tudo com esses doces. — Ele apontou para o petit four em seu
prato e saiu da mesa.
Laura o viu sair do salão antes de trazer sua atenção de
volta para a mesa. — Este deverá ser um fim de semana muito
divertido, você não acha? — Seu sorriso era grande e cheio de
diversão.

Boone entrou na suíte e lançou um olhar ao redor da sala


de estar e nem sequer fez uma pausa, dirigindo-se ao seu pai.
— Onde diabos está Edwards? — Ele exigiu, referindo-se ao
secretário pessoal de seu pai e chefe assistente.
— Ele foi para ao correio enviar alguns documentos de
volta para os Estados Unidos. Por quê? — A carranca de Max
foi acentuada com desconfiança. — O que aconteceu? Aquela
garota desistiu do encontro com você?
— Não. — Boone atravessou a sala, soltando o nó da
gravata enquanto andava. — Na verdade, fomos convidados
para passar o fim de semana no lugar com ela e Tara Calder. —
Ele pegou o fone e teclou uma série de números. — Eu quero
fazer um pedido. — Disse ele ao telefone.
— Eu não entendo. — Max girou sua cadeira até a mesa
onde estava Boone. — O que você quer com Edwards?
Ignorando a pergunta, Boone continuou sua conversa com
a parte desconhecida. — Eu quero uma sala cheia de orquídeas
entregues na suíte da Senhora Laura Calder no Lanesborough.
Não, espere, — Disse ele num segundo pensamento. — Envie
uma exótica e absolutamente perfeita orquídea. No cartão,
basta colocar: Vejo você às oito horas, e assine-o “Boone".
Certifique-se que seja entregue imediatamente. Eu quero que
esteja em sua suíte quando ela retornar.
Quando desligou, Max bateu no braço de sua cadeira de
rodas. — Caramba, você vai responder às minhas perguntas?
Eu quero saber que diabos está acontecendo.
Boone olhou para ele, seus lábios puxados para trás em
uma expressão que era mais um rosnado que um sorriso. —
Eu me esqueci de mencionar que o convite para o final de
semana veio de Sebastian Dunshill, o inglês?
— Dunshill. — Um pouco da raiva saiu da voz de Max
enquanto sua mente agarrava a notícia e corria com ela,
explorando suas diversas ramificações.
A porta da suíte se abriu e J.D. Edwards entrou. Ele foi
curto e grosso e todo texano, como evidenciava sua gravata de
bolinhas e as botas de cowboy que ele usava com seu terno de
negócio.
— Já era hora de você voltar. — Boone disse com
impaciência. — Descubra tudo o que houver para saber sobre
um homem chamado Sebastian Dunshill. E eu quero dizer
tudo. — Ele retrucou. — E quero para ontem.
— Bem, bem, bem. — Max murmurou, bastante radiante
em aprovação. — Você sabe como tomar a iniciativa.
Mas Boone estava zangado demais para notar a reação de
seu pai enquanto entrava em seu quarto.
Com o sol se ajustando, uma névoa fina como teia de
aranha pairava sobre as ruas de Londres. Ela velava o brilho
da iluminação dos postes ao longo da rua fora do restaurante.
Laura estava alheia ao nevoeiro e a vista escurecendo na
noite a partir de sua mesa perto da janela. Toda a sua atenção
estava em seu companheiro de jantar, Boone Rutledge.
Duvidava que qualquer um pudesse parecer mais fora de lugar,
em meio à decoração de mármore e ouro do restaurante, no
estilo Luís XVI do que aquele grande e musculoso texano de
cabelos escuros. No entanto, sua perfeição feminina exigente
servia apenas para acentuar sua flagrante boa aparência e
virilidade crua. Sua masculinidade ousada era como um ímã
poderoso, irresistível em sua atração.
Observou como ele cortava seu bife enquanto ela brincava
com seu prato de carne de vitela e lagosta em molho de frutos
do mar em cima de uma cama de macarrão com vegetais.
— Então, me diga, — Boone começou em um tom de
conversa, — você sempre foi interessada em traçar sua árvore
genealógica?
— Raramente. — Respondeu ela em negação divertida.
— Sério? — Suas sobrancelhas pretas e espessas
levantaram-se em leve surpresa.
— Você parecia tão interessada no retrato que eu percebi
que deveria ser um hobby de vocês.
— Na verdade, Tara está mais interessada em vê-lo do que
eu. O que não quer dizer que eu não tenha alguma curiosidade
sobre isso, porque eu tenho. — Laura admitiu. — Mas se eu
nunca tivesse a oportunidade, não iria chorar sobre isso.
— Muita gente nos dias atuais tornou-se obcecada em
descobrir as suas raízes. — Boone comentou. — Alguns anos
atrás, meu pai contratou um cara para rastrear nossa árvore
genealógica. Ele estava convencido que estávamos relacionados
com um dos defensores do Álamo. — Boone recordou com um
sorriso. — Você deveria ter visto o rosto de meu pai quando
soube que o único antepassado famoso que tínhamos era o
bandido John Wesley Hardin.
— John Wesley Hardin? Você está brincando!— Mas Laura
assoviou com o riso.
— Receio que não. Não é preciso dizer, ele chutou o
pesquisador no local.
— Ele deve ter ficado furioso.
— Acredite em mim, ele estava rugindo mais alto que um
tornado no Texas. Não ajudou quando eu sugeri que ele
poderia ter herdado sua habilidade nos negócios honestamente
e tinha encontrado uma maneira de fazê-lo sem derramamento
de sangue, primeiro apagando sua concorrência, em seguida,
assumindo seus ativos.
— Algo me diz que você não ficou muito popular com ele.
— Ele fez um pouco mais que rugir. — admitiu Boone,
ampliando o sorriso.
— Eu posso imaginar. — Disse ela, e acrescentou
pensativa. — Suspeito, porém, que Max congratula-se com
qualquer desculpa para rugir.
— E ele morde também. — Boone alertou.
A observação a lembrou das muitas histórias que tinha
ouvido sobre a própria família Calder. Na ocasião, eles tinham
sido conhecidos por morder também.
— Ele não seria o que se tornou hoje se não o fizesse. —
Disse ela de forma realista. — Mesmo assim, eu gosto do seu
pai. Estou contente que ele vá se juntar a nós neste fim de
semana.
— Ele gosta de você, também. — Seu olhar viajou sobre o
brilho dourado de seus cabelos, com as ondas soltas
emoldurando um rosto que era clássico em sua beleza. — Ele
normalmente não tem muito tempo para o sexo oposto, mas
está realmente com você. Exatamente como você conseguiu
isso? Eu poderia usar algumas lições.
Apesar de todo o tom de brincadeira, Laura suspeitava
que ele estivesse meio sério. — Minha maneira provavelmente
não iria servir para você. — Ela pousou os talheres e pegou seu
copo de vinho, usando aqueles poucos segundos para pensar
no resto de sua resposta. — Você e meu irmão Trey estão em
posições muito semelhantes. Ambos estão sendo preparados
para assumir os negócios da família. Eu não tenho nada dessa
pressão. As únicas expectativas que minha família tem para
mim são as negativas que você conhece: não entrar em apuros,
não se envolver com drogas, esse tipo de coisa. Eles me deixam
incrivelmente livre. — Ela tomou um gole de vinho como se
para pontuar o pensamento. — Meu irmão, por outro lado, se
comete um pequeno erro, todo mundo parece cair em cima,
tornando tudo mais difícil para ele do que fariam com qualquer
outra pessoa. Não é por crueldade, mas por causa do papel que
ele terá que desempenhar um dia.
Ela inclinou a taça em direção a ele. — Suspeito que seja o
mesmo para você com seu pai.
— Eu suponho que isso seja verdade. — Respondeu
deliberadamente no improviso, embora soubesse que ela estava
certa. Era a primeira vez que ele se lembrava de alguém
demonstrando uma compreensão da sua situação. De certa
forma, aquilo tocou em algo dentro dele. Mas, por outro lado, o
deixou desconfortável.
— Lembro-me que meu irmão me disse uma vez: Você
sabe, — Laura mudou para uma imitação da voz de um
homem, — a pior coisa sobre isso é que você tem que aceitar o
seu disparate e manter a boca fechada quando realmente quer
bater sua cabeça.
— Eu estive lá uma ou duas vezes. — Boone concordou
ironicamente.
— Eu acho que é porque Trey ficou participando de
rodeios na faculdade. É o jeito dele se rebelar um pouco e
soprar algum vapor ao mesmo tempo. — Ela o estudou por
cima da borda de sua taça de vinho, um brilho curioso em seus
olhos escuros. — Então, qual é a sua forma de libertação da
pressão? Carros velozes ou mulheres rápidas? Eu aposto que é
a última, considerando a sua reputação para jogar nesta área.
Ele estava muito mais confortável com aquele tipo de
conversa, e mostrou. — Você sabe o que dizem sobre segurança
nos números.
— A variedade é o tempero da vida. — ela brincou. — Você
parece que se aborrece facilmente.
Não era a resposta que ele esperava. No passado, quando
tinham feito comentários semelhantes, a resposta
invariavelmente incluía uma palestra sutil sobre os benefícios e
as alegrias de relações monogâmicas.
Mesmo agora, uma parte dele era cética em relação a sua
resposta. Ao mesmo tempo, porém, ele teve de reconhecer que
parecia verdadeira. E um pouco irritado porque ela não parecia
estar interessada em capturá-lo. Simultaneamente Boone
percebeu que Laura Calder não seria uma conquista fácil. Ele
nunca precisara trabalhar para conseguir uma mulher antes.
E foi esse pensamento que o levou a dizer: — Hoje à noite,
sentado aqui com você, eu não estou tão interessado na
variedade que está lá fora quando você pode jogar nessa área.
— Agora isso parece uma jogada. — Laura o repreendeu
levemente.
— Com outras mulheres, seria. — Boone admitiu. — Com
você, eu realmente não estou certo.
— Nesse caso, eu vou levá-lo como um grande elogio.
Obrigada. — Disse ela com um mergulho de aceitação de sua
cabeça, os olhos vivos para ele de uma forma que não tinha
sido antes. Era um olhar que ele estava determinado a manter
lá.
Após o jantar Boone instruiu o motorista para levá-los a
um dos muitos estabelecimentos de jogos de Londres. Laura
olhou para ele com curiosidade. — Você não tem que ser um
membro para ir até lá?
— Eu sou. — afirmou.
— Você gosta de jogos. — Ela imaginou.
— Você acha que não? — Ele respondeu, piscando-lhe
com um sorriso que era imprudente e sexy.
O cassino de Londres não tinha nenhum clamor dos
cassinos de Vegas com maquinas e moedas barulhentas. Ali, o
jogo era limitado a jogos de mesa, vinte e um, pôquer, roleta e
dados. Era uma atmosfera que seria um calmo britânico,
exceto para todos os gritos de vibração animada que vinham da
mesa de dados, lotada.
Boone a guiou em direção a ela. — Você já jogou dados
antes?
— Uma ou duas vezes. — Disse ela, mas o brilho nos seus
olhos indicou uma maior familiaridade com o jogo do que
aquilo.
— Nesse caso, você precisará de fichas. — Ele pressionou
uma pilha de fichas em sua palma.
— Não há realmente nenhuma necessidade. Eu posso me
dar ao luxo de comprar as minhas. — Ela lembrou.
— Eu sei. Mas esta noite será meu deleite. — Disse ele
com um sorriso e abriu caminho para a mesa, incitado por
meia dúzia de apostadores excitados.
O contágio febril da cena tinha acelerado o pulso de
Laura. O ritmo do jogo foi rápido, quase sem parar. As únicas
pausas vieram quando os atiradores balançavam os dados, às
vezes murmurando sob sua respiração e, por vezes, chamando
o número necessário. Quase no instante em que os dados
vinham para descansar, as apostas perdidas eram arrecadadas
e os vencedores pagavam no meio de uma mistura de gemidos,
maldição ocasional, e uns raros gritos triunfantes.
Por pura sorte, Laura conseguiu dobrar sua pilha de
fichas, mas Boone estava em uma raia quente, as pilhas
crescendo na frente dele com cada jogada dos dados.
— Você está me trazendo sorte. — Disse ele quando os
ganhos provenientes de outra aposta foram abrindo caminho.
— Claro. — Laura lhe lançou um sorriso de certeza
absoluta. — Vamos mantê-la assim. — Ele sinalizou para o
revendedor a sua intenção de parar.
Ela olhou para ele com surpresa. — Eu não esperava que
você parasse enquanto estava à frente.
Ele sorriu. — É assim que você é vencedor.
— Verdade. — Rindo, ela pegou suas próprias fichas,
contou o valor ele que lhe tinha dado, e lhe deu de volta. —
Este é seu, eu acredito. — O resto ela recolheu e soltou dentro
de sua bolsa de noite de seda preta. Quando eles se mudaram
para longe da mesa, ela lançou um longo suspiro, consciente
de sua frequência cardíaca desacelerar para algo mais próximo
ao normal.
— Que descarga de adrenalina. — declarou ela. — Poderia
facilmente tornar-se viciante.
— É o que acontece com algumas pessoas. — Ele correu
seu olhar sobre o rosto virado para cima, observando o rubor
persistente de emoção e encontrando algo viciante em seu
olhar. — Quer tentar a sua sorte nas mesas de vinte e um?
Ela olhou em sua direção e balançou a cabeça. — Não,
parece demasiado. Mas eu poderia ir para algo mais calmo.
Como sobre... — O resto da frase não foi terminada quando ela
foi golpeada de lado por um sócio do cassino, com o impacto
tirando-lhe o equilíbrio e a empurrando contra Boone.
— Sinto muito, senhorita. — Declarou o homem, de
imediato, contrito, pronunciando com a voz e as mãos
agarrando-a num esforço para firmá-la. — Eu não estava
olhando por onde ia. Preciso ficar alerta sobre isso.
— Eu estou bem. Realmente. — Laura insistiu enquanto
ele continuava a pairar sobre ela, perto o suficiente para que a
acidez de seu fôlego de uísque a ventilasse.
— Você tem certeza agora? — Ele persistiu.
— Positivo. — Ela não queria nada mais do que parar o
homem e sair, mas ele não parecia entender a mensagem. De
repente, ela sentiu Boone se afastando dela. O temperamento
queimando por ele abandoná-la, Laura se virou para trás.
— Não, não faça isso, imbecil. — Boone rosnou
diretamente atrás dela.
Quase no mesmo instante, Laura sentiu um puxão na alça
de sua bolsa de noite. Quando olhou para baixo ficou chocada
ao ver a mão de um homem dentro dela e a de Boone em um
aperto fechado no pulso do homem.
— Pare com isso homem! — Boone latiu a ordem.
No começo, Laura percebeu que ele estava se referindo ao
homem que havia batido nela. Virando-se, viu o culpado
correndo para longe, movendo-se com uma pressa que não
incluía sinais de embriaguez. Ela entendeu em um instante que
os dois estavam trabalhando em equipe, o primeiro para
distraí-la enquanto o segundo roubava sua bolsa.
A ação explodiu atrás dela quando o segundo homem deu
um soco em Boone e empurrou a mão de sua bolsa. O homem
lutava desesperadamente para se libertar. Desde o início era
óbvio que ele não era páreo para o Boone mais jovem e muito
mais forte.
Uma luta real era algo que Laura nunca tinha
testemunhado. Em raras ocasiões, no rancho ela via as
consequências de dedos raspados, lábios cortados, contusões,
e até mesmo um olho negro uma vez ou duas, mas ela nunca
tinha estado presente quando uma luta acontecia como agora.
Em poucos segundos, ao que parecia, Boone tinha subjugado o
homem, segurando-o em uma cela paralisante, o braço torcido
alto atrás das costas quando o pessoal de segurança do cassino
convergiu para a cena.
Tão breve quanto o incidente fora, Laura sentiu todo o
calor e o coração batendo em fúria. Ela estava consciente do
sangue correndo através de seu sistema em uma espécie de
alta selvageria que a assustou e emocionou simultaneamente.
O segurança do cassino foi rápido em assumir a custódia
do ladrão que Boone retinha, e Laura observava o fluxo da
violência dele. Sua passagem foi acompanhada por uma série
de ações, começando com um grande encolher de ombros para
corrigir a postura de seu paletó, seguido de um estiramento do
pescoço e um ajuste rápido de sua gravata para centralizá-la
mais uma vez. Então seu olhar fez uma varredura da reunião
de espectadores, mais como a desafiar quaisquer outros
tomadores do que para procurar o perigo.
Quando seu olhar finalmente parou sobre ela, seus olhos
escuros ainda tinham um traço do brilho da batalha neles. Foi
esse elemento primitivo que Laura achou fascinante.
Mas nem teve a oportunidade de conversar com o
segurança escoltando-os fora da sala de jogos para um
escritório interior. Lá perguntas foram feitas, e os eventos
descritos. Foi tudo repetido novamente quando a polícia chegou
e ouviu suas declarações.
Quase uma hora mais tarde, Boone e Laura subiram na
traseira da limusine, com os pedidos de desculpas da gerência
do cassino ainda ecoando em seus ouvidos.
— Por fim isso acabou. — Boone declarou em um suspiro
pesado e se acomodou no assento almofadado. — Tinha
esperança de lhe mostrar uma noite para recordar, mas não
era isso que eu tinha em mente.
A limusine passou por uma rua, o dilúvio de luzes do
transito brevemente revelando uma pequena mancha de
sangue no canto de seus lábios. Laura retirou o lenço
precisamente dobrado do bolso do paletó e usou um canto dele
para limpar o toque de sangue.
— Meu herói. — Ela murmurou com um sorriso levemente
provocante. Boone sorriu de volta, mas ela notou o olhar
secretamente satisfeito que ele usou por tê-lo elogiado, mesmo
em tom de brincadeira. — Eu já disse obrigada por prevenir
que o homem fugisse com os meus ganhos?
— Não acho que você precise. — Seus olhos tinham um
brilho de expectativa.
— Obrigada. — Ela murmurou e se inclinou para ele,
cobrindo a boca em um suave e breve beijo.
Antes que ela pudesse se afastar, Boone passou um braço
em volta de sua cintura para mantê-la contra seu peito. —
Você é mais que bem-vinda. — Sua voz estava rouca.
Sua mão se aproximou e segurou a parte de trás de sua
cabeça, puxando seus lábios de volta para ele. Sua boca desceu
na condução, investigando o beijo cheio de agressão masculina
que não fazia nenhuma tentativa de esconder seu desejo por
trás da sutileza. Uma parte dela glorificou seu calor primitivo,
mas a cabeça a avisou para não deixá-lo continuar.
Com um grau de arrependimento, ela derrubou uma mão
contra seu peito e empurrou-o para trás, mergulhando a
cabeça para puxar uma respiração que seu beijo lhe tinha
negado. Suas mãos se apertaram sobre ela em uma tentativa
de atraí-la de volta, mas Laura conseguiu manter uma pequena
distância.
Olhando para ele através do topo de seus cílios, ela
murmurou entre respirações profundas: — Você sabe o
caminho rápido para iniciar um incêndio, não é?
— Eu tive ajuda. — Ele lembrou.
Sentindo sua vantagem, Boone tentou mais uma vez
eliminar o espaço que os separava. Desta vez Laura colocou
dois dedos nos lábios.
— Eu acho que nós dois sabemos onde outro beijo nos
levaria. — Ela disse, sem qualquer traço de falsa afetação. — E
eu não te conheço muito bem ainda.
Ele hesitou, avaliando a firmeza de sua recusa, então
soltou seu poder sobre ela. — Esse foi o mais promissor “não”
que eu já ouvi de uma mulher.
Laura saiu de seus braços e se sentou no banco. — Estou
surpresa que qualquer mulher lhe tenha dito não antes. — Ela
tirou um pequeno espelho e um batom de sua bolsa e começou
a aplicar uma nova camada para os lábios.
— Não houve muitas. — Boone admitiu, consciente que
tinha visto apenas poucas delas uma segunda ou terceira vez, e
ultimamente, nenhuma.
— Isso foi o que eu pensei. — Seu olhar de soslaio foi
brilhante e com diversão. Com seus lábios numa cor de
pêssego brilhante, mais uma vez, ela tampou o tubo e voltou
ambos, o espelho e batom para sua bolsa. — Casos tórridos e
rápidos podem ser divertidos, mas, às vezes uma pessoa pode
ficar queimada por elas. E isso não é para mim. Você precisa
saber disso.
Ela fez uma pausa para encontrar o seu olhar — Então, se
você quiser mudar de ideia e se esquecer de me levar para o
lugar neste fim de semana, não haverá ressentimentos em
nada.
Ele acreditava nela. Aquele conhecimento o tornava ainda
mais determinado a possuí-la, mesmo que não houvesse uma
parte dele percebendo que ele estava correndo o risco de ser
possuído por ela. Algo lhe dizia que não seria uma coisa ruim.
— Eu irei buscar as duas, como nós concordamos mais
cedo.
O sorriso lento e obviamente satisfeito que ela lhe deu
parecia assegurar-lhe que qualquer coisa que ele tivesse
decidido valeria à pena.
Capítulo Cinco
A limusine Daimler imponente passeava ao longo da
estrada rural, o caminho que serpenteava através das colinas
de Cotswolds. A primavera tinha trabalhado sua magia sobre a
terra, verdejando seus pastos e transformando suas árvores em
copas grossas e folhadas.
O cenário era a quintessência do campo inglês, pitoresco e
singular, mas Max Rutledge não tinha absolutamente nenhum
interesse por ele ou pela conversa fácil entre Laura e Tara.
Impaciente, ligou o interfone.
Rudemente ignorando o motorista, ele dirigiu suas
palavras ao homem sentado no banco do passageiro dianteiro,
Harold Barnett, seu criado pessoal, que também era seu
enfermeiro particular. — Droga, Harold, ainda está muito
distante este lugar? Eu pensei que já deveríamos estar lá.
— Honestamente, Max, você é realmente um viajante
pobre. — Tara o repreendeu com alegre familiaridade. — Você
sabe tão bem quanto eu que o motorista nos disse que
deveremos estar lá entre quatro e cinco horas, dependendo do
transito. E agora são apenas quatro e trinta.
— Então, deveríamos estar lá, não? — Max disse e a olhou
com raiva.
— Com licença senhor. — A voz de tenor do motorista veio
pelo alto-falante interno. — A entrada da propriedade está à
frente de nós.
— Em tempo. — Max resmungou e pela primeira vez
mostrou um interesse na vista fora de sua janela.
— A bateria do seu telefone celular ficou muda cerca de
setenta milhas atrás. — Boone inseriu sua própria explicação
para a impaciência de seu pai.
— Eu gostaria de saber por que você embalou o seu na
mala. — Max lhe lançou um olhar. — Você deveria carregar
essa maldita coisa.
— Eu não vejo a necessidade e você tinha o seu. — Boone
respondeu.
— Coisa sua, pare de brigar. — Laura sorriu por se sentir
irada com sua admoestação. — Vocês são piores do que um par
de empregadas domésticas idosas.
Max abriu a boca para fazer uma réplica quente, em
seguida, olhou para Laura, verificando-a, e lhe ofereceu um
sorriso raro em seu lugar.
— Vamos entrar? — Ela disse para Sebastian. — Estou
ansiosa para conhecer nosso anfitrião.
Sebastian hesitou. — Eu tenho que fazer uma confissão.
— Ele não está em casa. — Tara adivinhou de imediato, a
decepção nublando sua expressão.
— Oh, ele está em casa. — Sebastian assegurou. — Mas
eu a deixei se enganar um pouco em Roma quando aleguei um
conhecimento superficial com o atual conde de Crawford.
Estritamente falando, era a verdade. Eu simplesmente
negligenciei mencionar que eu sou o conde de Crawford.
Laura percebeu imediatamente que era isso que Max
sabia. Teria sido como ele verificara o seu anfitrião antes de
chegar.
Ela riu, e havia um toque de alívio porque o conhecimento
que Max tinha acabara por ser algo bem inocente.
— Por que você não nos disse? — Crivado de diversão em
sua voz, removendo qualquer demanda a partir dele.
O sorriso de Sebastian tinha um toque irônico. — Penso
que a posição seja nova o suficiente para eu não me sentir
completamente confortável com isso.
Tara o olhou com espanto. — O seu anúncio foi tão
surpreendente que a maneira correta de lidar com você está
completamente voado da minha mente. Seria Vossa Senhoria?
— Sebastian está ótimo. — Respondeu ele.
— É bom ouvir isso, — afirmou Boone — considerando
que nosso país lutou com sucesso uma guerra para nos livrar
de tais necessidades sem sentido.
Laura notou o brilho duro de desafio nos olhos de Boone e
sabia que ele considerava Sebastian como um rival. Com
alguma razão, ela foi forçada a admitir.
— Ah sim, a rebelião das colônias. — Sebastian
murmurou com um toque de brincadeira. — Felizmente, essa
guerra acabou há algum tempo. — Ele estendeu a mão. —
Bem-vindo ao Crawford Hall, Mr. Rutledge.
— Obrigado. — Boone agarrou brevemente a mão, os
dedos a apertando automaticamente em uma demonstração de
força.
Se Sebastian sentiu qualquer dor, não demonstrou, e
virando-se para Max, novamente ofereceu sua mão. — E eu em
recebê-lo bem, Sr. Rutledge.
— É melhor dizer Max. — Ele soltou a mão de Sebastian
quase antes que seus dedos se fechassem em torno dele. — Vai
ser muito confuso neste fim de semana se você persistir em
chamar-nos de Sr. Rutledge. Com os primeiros nomes será
mais fácil.
— Eu concordo. — Sebastian balançou a cabeça, em
seguida, passou o olhar por todos. — Por que não entramos e
eu lhes mostro seus quartos? Sem dúvida, você gostaria de ter
a oportunidade de se refrescar depois de sua viagem. Ladies. —
Ele fez um gesto para Laura e Tara liderarem o caminho, então
se dirigiu a Max. — Como pode notar, as medidas têm uma
rampa lateral que irá acomodar sua cadeira de rodas. Eu vou
pedir ao meu homem Griswold para levá-lo ao seu lugar e lhes
entregar seus quartos.
Uma vez lá dentro, Laura conseguiu mais do que uma
rápida olhada ao redor da entrada com chão de pedra e
madeira pesada antes de sua atenção ser reivindicada por um
jovem de bochechas coradas, de pouco mais de trinta anos,
vestido com um terno escuro e gravata.
— Boa tarde, senhoras. — Ele as cumprimentou com um
pequeno arco de um sorriso agradável, mas reservado.
— Você deve ser Grizwold. — Laura adivinhou.
— Na verdade eu sou. —Ele reconheceu, quase clicando
em seus calcanhares.
— Suponho que você seja o mordomo. — ela supôs.
— Estou sendo treinado como um. — Afirmou quando
Sebastian chegou ao hall de entrada com os outros.
— Aqui no Crawford Hall, os deveres de Grizwold tendem a
ir além do escopo de um mordomo. — Sebastian inseriu,
tornando claro que tinha ouvido parte da conversa. —
Obviamente nós já não temos a grande equipe que comandava
o lugar antes, mas podem estar interessadas em saber que ele
representa a quinta geração de Grizwolds trabalhando aqui.
— Parece o Triplo C. comentou Laura, lançando um rápido
olhar para Tara, em seguida, explicando: — A maioria das
pessoas que trabalha na fazenda hoje são descendentes dos
vaqueiros originais.
— E a tradição continua. — Sebastian murmurou
pensativo, e voltou ao presente. — Eu prometi direcioná-los
para os seus quartos. Grizwold, você vai mostrar ao Sr.
Rutledge o elevador? É uma velha e barulhenta engenhoca, —
disse ele a Max — mas eu lhe asseguro que está em excelente
estado de funcionamento.
— Por aqui, senhor. — Grizwold apontou para um amplo
salão, um dos vários que se ramificavam da porta de entrada.
Manipulando o controle, Max enviou a cadeira rolando na
direção, seguido por seu corpulento criado.
— Nós vamos tomar as escadas. — disse Sebastian e abriu
caminho para a escada enorme que levava ao segundo andar.
Construída de carvalho, era escura manchada, e com matizes
aprofundando sua cor para um tom mais escuro que o
marrom.
Laura andou ao longo do corrimão de madeira com a
suavidade de cetim ao toque, evidenciando as muitas mãos que
fizeram uso do seu apoio ao longo dos anos. Quando subiu os
degraus, ergueu o olhar para o punhado de tapeçarias antigas
e pinturas com molduras douradas que adornavam as paredes
do patamar do segundo andar.
— A casa é muito maior do que parecia do lado de fora. —
comentou Tara. — Quando foi construída?
— Qual parte? — Sebastian rebateu. — A estrutura
original foi construída no século XVII. Ao longo dos anos várias
adições foram feitas a ela. Foi reformada e renovada mais vezes
do que posso contar. É por isso que você vai encontrar uma
mistura de estilos arquitetônicos em evidência, para não
mencionar um amontoado de salas. — Ele apontou para uma
sala espaçosa fora do patamar superior. — Você vai ficar na ala
de hóspedes, uma contribuição do século XVIII.
— Haverá outros hóspedes aqui neste final de semana? —
Laura perguntou.
— Não hóspedes, embora minha irmã Helen tenha a
intenção de se juntar a nós para o jantar esta noite. Eu pensei
em adequar para uniformizar os números, explicou Sebastian
com uma pitada de diversão em seu olhar.
— Sua irmã é casada? — Laura olhou de relance para
Boone para pegar sua reação à notícia.
— Divorciada. — Sebastian respondeu quando surgiu um
barulho alto gemendo em algum lugar dentro das paredes. — O
elevador, — disse ele na explicação. — eu avisei que era
barulhento.
Um tapete oriental corria ao longo do corredor, deixando
apenas as bordas exteriores do piso de madeira expostas à
vista. Havia um caminho bem marcado para baixo no centro do
mesmo, numa indicação do uso que tinha visto.
Sebastian fez uma pausa na frente da segunda porta do
lado direito e virou-se para Boone. — Aqui é o seu quarto. Seu
pai vai ocupar a próxima suíte de hóspedes e o quarto
adjacente deve ser adequado para seu criado. — Ele girou a
maçaneta de latão ornamentada e deu um empurrão a porta,
abrindo-a para a admissão de Boone. — Espero que seja
satisfatório. — Depois acenando para Boone, mudou sua
atenção para Laura. — Você vai ter o quarto no hall.
— Bata na minha porta quando estiver pronta para
descer. — Boone disse a ela, parando na porta de seu quarto.
— Eu vou. — Prometeu Laura enquanto se movia em
direção ao seu quarto. Seu olhar pousou em um pequeno
quadro de bronze afixado à sua porta, uma gêmea da que ela
tinha notado na porta de Boone. — O que é isso? — perguntou
a Sebastian.
Um sorriso se aprofundou nos cantos de sua boca. —
Como você está notando rápido um dos antigos costumes do
Salão Crawford. Um pouco impertinente, eu poderia
acrescentar.
Com o interesse despertado, Laura inclinou a cabeça
curiosa. — Impertinente? Como?
— Ele remete aos dias em que era considerado incivilizado
maridos e esposas compartilharem o mesmo quarto. Como você
pode ver, este quadro de bronze tem um espaço que permite
que você insira um cartão de identificação do ocupante do
quarto. Obviamente impede alguém de entrar no quarto errado,
mas também foi útil para... — ele fez uma pausa na ênfase —
propósitos amorosos, adequados ou não. Como diriam os
franceses, chacun um chacune sa, que se traduz mais ou
menos como: cada homem para cada mulher.
O brilho em seus olhos teve seu pulso acelerado. —
Fascinante. — Laura murmurou, com sua própria libido
estimulada pelo assunto.
— Como nota de rodapé, eu também poderia mencionar
que há alguma indicação que a instalação dos possuidores de
cartão ocorreu na época em que sua Lady Elaine vivia aqui. No
entanto, é difícil dizer se eles foram instalados nessa direção.
A suave risada rolou da garganta de Laura. — Algo me diz
que eu teria gostado da mulher. — Ela começou a entrar no
quarto, em seguida, fez uma pausa, lhe dando um olhar por
sobre o ombro, com uma mão na porta. — A propósito,
Crawford Hall não tem qualquer fantasma residente?
Um sorriso preguiçosamente sexy curvou sua boca
novamente. — Se isso acontece, eu nunca os conheci. Por que
você pergunta?
Ela arqueou as sobrancelhas para ele, numa expressão
que era ao mesmo tempo sutilmente provocante e sugestiva. —
Eu só estava me perguntando se poderia ter todos os visitantes
de surpresa esta noite.
— Nunca se sabe. — Havia algo deliciosamente perverso
em sua expressão. O desejo vibrou em seu estômago em
resposta a ele. — Sua bagagem virá diretamente. Os drinques
serão servidos na biblioteca por volta das sete. Alguém estará
lhes mostrando o caminho.
— Bebidas as sete. Eu estarei lá.
O elevador tiniu a uma parada, e as portas bateram
abertas, sinalizando a chegada de Max no segundo andar
quando Laura entrou em seu quarto.
Uma cama de dossel esculpida dominava o quarto
espaçoso, uma das várias peças do mobiliário parecia ser de
outro século. No lado oposto do quarto, cadeiras e um sofá
almofadado estavam agrupados em torno da lareira, ladeada
por estantes de livros. Laura se aproximou para folhear
distraidamente os títulos.
Como prometido, sua bagagem foi entregue dentro de
minutos, acompanhada por uma empregada de cabelos
grisalhos maternal chamada Maude que tinha vindo para
ajudar a desfazer as malas e guardar todos os itens que exigia.
Tudo foi tratado na ordem certa, deixando a Laura tempo
suficiente para tomar banho e se vestir antes do jantar.
Vinte minutos depois, ela saiu da casa de banho privativa
vestida com um robe de seda em estilo quimono e ocupada
enxugando o pior da umidade de seus cabelos. Notou o serviço
de chá que agora ocupava uma mesa na área de estar e
percebeu que a empregada deveria tê-lo trazido enquanto ela
estava no chuveiro.
Enquanto caminhava para ele, ouviu o som de um veículo
que chegava. Depois de já ter se assegurado que o quarto dela
ocupava a parte da frente da mansão, Laura entregou-se à sua
curiosidade e se desviou para a janela mais próxima. Quando
olhou para fora, viu um carro sedan compacto perto da entrada
da frente. Uma mulher saiu do lado do motorista. Um olhar
para o seu cabelo vermelho flamejante e Laura soube que
estava olhando para a irmã de Sebastian.

O relógio da cornija na biblioteca tocou. Sebastian olhou


para ele, observando o tempo: eram seis e trinta, e jogou um
pouco de tônico no copo com o seu gim recentemente
derramado. Do corredor vinha o som de passos que se
aproximavam. Reconhecendo a caminhada rápida, Sebastian
derramou uma segunda bebida. Com uma em cada mão, se
virou quando sua irmã Helen entrou na biblioteca.
— Isso é para mim? Que alegria boa. — Ela quase
arrancou a bebida de sua mão. — Você não tem ideia de
quanto eu preciso disso. Eu quase pedi a Grizwold para levar
um para o meu quarto. — Ela tomou um gole saudável da
bebida. — Humm, delicioso. — Declarou, e fez uma pausa, com
seus olhos castanhos muito abertos. — Grizzy lhe disse que eu
cheguei, não foi? Eu lhe dei instruções para informá-lo. Corri
direto para o meu quarto para que eu pudesse me arrumar
antes de seus convidados terem um vislumbre. Eles estão aqui,
não estão?
— Eles chegaram às quatro e meia ou por aí. — Sebastian
confirmou.
— Isso é bom. — Ela se afundou em uma poltrona de
couro e se reclinou contra o seu densamente almofadado
encosto com uma espécie de esgotamento gracioso. — Eu tive o
dia mais sangrento e terrível. Dois dos meus trabalhadores não
compareceram esta manhã, me deixando terrivelmente de
calças curtas. E eu tive essas duas árvores enormes que
absolutamente deveriam ser plantadas. Tivemos que fazê-lo. No
instante em que a última foi para o lugar, corri para o meu
carro e voei para cá, então você pode imaginar o estado em que
estava quando cheguei. A minha blusa e a calça, estavam
manchadas de sujeira em toda parte. Eu certamente não seria
um espetáculo para ser visto por seus convidados.
Sebastian escutou sem interromper. Helen, dois anos mais
jovem, sempre teve uma tendência a balbuciar sem parar
quando estava nervosa. E seu dia tinha obviamente sido
estressante.
— Eu notei enquanto dirigia que a propriedade estava
imaculada, balançou-se para frente. — Preciso me lembrar de
cumprimentar Leslie e sua equipe pelo trabalho bem feito. Eu
tinha a esperança de chegar cedo o suficiente para inspecionar
tudo, mas simplesmente não era para ser hoje. Embora eu
notei que não havia flores nos vasos da frente. Isso precisa ser
corrigido. Eu espero que seus convidados não observem isso.
— Eu duvido que eles tenham notado. — Sebastian
ociosamente rodou o gim tônica no seu copo, e levantou o copo
para ela em uma saudação afetuosa. — Obrigado pelo uso de
sua equipe para arrumar o jardim. Eu estava negligenciando
em não dizer antes.
— É importante que o antigo local prospere, mesmo que
não seja. Se não fosse por seus convidados, para... — Ela fez
uma pausa, com o olhar voando para ele, seus olhos escuros
preocupados. — É tão absolutamente horrível que você tenha
sido colocado em uma posição difícil. Perder Charlie, Sarah e
as crianças, também, foi tão terrivelmente doloroso. E agora
para você ser confrontado com este...
— Ninguém nunca afirmou que os destinos são certos,
Helen. — Ele disse em uma voz que era suave e resignada com
a situação.
— Ele tem sido terrivelmente cruel com nossa família. —
Helen declarou e tomou um gole de sua bebida rápida, e
olhando para ele novamente com uma preocupação tranquila.
— Você está absolutamente certo que quer passar por isso?
Será que não existe alguma outra maneira?
— Acredite em mim, eu tenho explorado todas as
alternativas possíveis. — Ele sorriu para desviar sua
preocupação.
Um suspiro pesado escorregou por ela. — Naturalmente
você tem. — Helen reconheceu e ficou em silêncio por um
momento, e se sentou para frente, segurando sua bebida em
ambas as mãos, numa sinceridade em sua postura. — Eu amo
este velho lugar, tanto quanto você, Sebastian, mas não posso
suportar a ideia de você ser infeliz pelo resto de sua vida.
Seu sorriso se alargou. — Você não a conheceu. — Ele
levantou um dedo. — Deixe-me corrigir isso. Você a tinha visto
antes.
— Quando? — O ceticismo crivando sua pergunta.
— Toda vez que você olhava para a pintura. — Ele
apontou para um retrato, um dos vários que estava pendurado
na parede única na sala com prateleiras.
Girando em seu assento, Helen olhou para a parede, então
bruscamente de volta para Sebastian. — Você está se referindo
ao retrato de Lady Elaine?
Ele assentiu. — Em muitos aspectos a semelhança é
quase sobrenatural. — O barulho distante do elevador voltando
à vida fez o seu caminho para a biblioteca. — Eu acredito que
os nossos hóspedes estão prestes a chegar.
Helen não deu nenhum sinal que tinha ouvido tanto o seu
comentário ou o antigo elevador. Sua atenção tinha se voltado
para o retrato de uma mulher em algum lugar elegantemente
vestida em seus trinta e poucos anos.
Ela se virou para Sebastian com uma careta. — Não era
Lady Elaine que era americana?
— Pelo que me lembro, sim.
Ela lançou outro olhar considerando a pintura. — Ela era
muito bonita.
— Então Laura Calder também é. — Afirmou e
acrescentou com um sorriso de recordação. — Ela também é
inteligente e audaciosamente encantadora.
Com a cabeça levantada em atenção aguçada quando lhe
deu a aparência de uma irmã que bem compreendia seu irmão
mais velho. — Eu detectei uma nota de interesse em um nível
pessoal?
— Você o fez. — Sebastian confirmou consciente da
tagarelice de vozes que crescia cada vez mais perto.
— Isso é reconfortante. — Seu sorriso mostrou uma nova
facilidade com a situação. — Talvez isso vá funcionar de forma
satisfatória depois de tudo.
— Você fala como se isso tudo estivesse resolvido. Não
está, — ele disse e fez uma pausa para o efeito — eu tenho um
rival.
— Ah. — Ela relaxou contra o encosto da cadeira. — Esta
é a razão pela qual você estava tão insistente para que eu
estivesse presente neste fim de semana? Você o convidou, não
é? Você quer que eu o mantenha, digamos, de outra forma,
ocupado?
— Sim, sim, e sim. — Sebastian admitiu com os olhos
brilhando.
— Que estratégia diabolicamente inteligente. — Helen
declarou com um sorriso de aprovação. — Bata a oposição para
não dar-lhe uma oportunidade de ganhar.
— Situações desesperadas requerem medidas
desesperadas. — Sebastian respondeu com uma nota
ligeiramente grave enquanto o som das vozes se misturava com
os passos no corredor exterior. Ergueu a taça em um gesto de
brindar. — Deseje-me sorte.
Em um movimento atleticamente fluido, Helen se levantou
da poltrona e cruzou a distância entre eles para tocar os copos.
— Apenas boa sorte. — disse ela. — Esta família já teve a sua
quota de ruim.
Quando eles tomaram um gole de sua bebida, o mordomo
Grizwold apareceu na porta aberta, fez uma pausa, e fez um
gesto largo, sinalizando aos hóspedes para precedê-lo para a
sala. Os irmãos se viraram para cumprimentar seus
convidados chegando.
Max Rutledge foi o primeiro a rolar para a biblioteca, com
Tara andando ao lado de sua cadeira de rodas. O olhar de
Sebastian pulou por cima deles para Laura, elegantemente
deslumbrante em um vestido de seda crua que lisonjeava suas
curvas femininas. A única nota dissonante foi à visão dela pelo
braço de Boone Rutledge, rindo para ele daquela forma
sedutoramente provocante que possuía. Sebastian sentiu o
despertar da possessividade. O calor de seus sentimentos o
pegou de surpresa.
Depois das apresentações obrigatórias serem concluídas,
Grizwold discretamente determinou as preferências de bebida
do resto do grupo. O tempo todo, Helen teve dificuldade em
tirar os olhos de Laura.
— Eu não acreditei inteiramente em você, Sebastian, —
disse ela, deslizando-lhe um olhar rápido — mas é verdade. A
semelhança é bastante surpreendente.
— Pouco antes de você se juntar a nós. — Sebastian
explicou a Laura: — Eu estava comentado com minha irmã que
a sua semelhança com Lady Elaine era tão marcante que se
poderia quase pensar que você seja uma reencarnação dela.
— Onde está o retrato? — Perguntou Laura. — Posso dizer
que estou curiosa para vê-lo.
— Diretamente atrás de você, na parede. — Tomando-a
pelo braço, Sebastian a virou para ele, efetivamente a
separando de Boone.
O olhar de Laura foi infalivelmente para a pintura. Mesmo
que ela se surpreendesse com a semelhança, aquilo era além
da mera partilha do mesmo cabelo e cor dos olhos. Era como
olhar para sua imagem no espelho, as mesmas maçãs do rosto
salientes, nariz reto, mandíbula angular limpa, até o mesmo
sorriso enigmático curvando os lábios femininamente
exuberantes.
— É quase assustador. — Laura se maravilhou.
— Eu nunca sonhei que a semelhança fosse tão forte. —
declarou Tara. — Tem que ser mais que uma coincidência que
Laura seja praticamente uma réplica de ambas, Lady Crawford
e Madelaine Calder. Elas tinham que ser a mesma mulher.
— Parece que sim. — Sebastian concordou, em pé, logo
atrás do ombro direito de Laura. Ele inclinou a cabeça na
direção dela. — Agora você está aqui, Laura, de pé em Crawford
Hall, assim como seu antepassado pode ter feito todos esses
anos atrás. Isso quase me faz acreditar em destino.
— É mesmo, não é? — Laura disse pensativa, então
deslizou o olhar para ele atrás, com um brilho provocante em
seus olhos escuros. — Embora eu esteja aqui apenas como
uma convidada, enquanto esta foi à casa da senhora Elaine.
— É verdade. — Sebastian admitiu com um leve sorriso. —
Embora fosse uma maravilha se você pretendesse seguir seus
passos.
— Eu terei que pensar sobre isso. — Laura respondeu
timidamente, intrigada com a possibilidade ainda frágil demais
para se comprometer com qualquer coisa.
Alheia à sua conversa, Tara continuou seu estudo sobre o
retrato. — Você percebe Laura, que se os seus cabelos fossem
estilizados como o dela, vocês ficariam idênticas?
— Você sabe que pode estar certa. — A voz de Boone se
intrometeu quando ele se mudou para o lado de Laura.
Como se solicitado pela observação de Tara, ele enfiou a
mão sob seus cabelos e levantou-os em seu comprimento,
soltos e longe de seu rosto, segurando-os em uma aparência
áspera do estilo usado pela mulher na pintura.
— Você realmente poderia ser seu par, Laura. — Boone
afirmou.
— Eu poderia, não? — Ela elevou o queixo um pouco mais
alto, ecoando o orgulhoso estilo que o artista tinha capturado
na tela.
Max Rutledge rolou a cadeira para frente para se juntar a
eles. — Quanto é que vale a pintura, Sebastian?
Seus ombros se ergueram em um encolher vago. — O
trabalho foi feito por um artista obscuro, por isso o valor é
principalmente sentimental.
— Dê o seu preço e eu vou comprá-lo. — afirmou Max,
deixando claro que ele estava acostumado a conseguir o que
queria.
Sebastian desviou a oferta com um sorriso suave. — Isso é
extremamente generoso de sua parte, mas como eu disse, o seu
valor é sentimental. Eu não iria considerar a vantagem de um
convidado de tal maneira.
— Eu não estou tentando convencê-lo a isso. Mas a oferta
significa que você deverá mudar sua mente no futuro. — Max
respondeu, optando por não fazer uma questão daquilo, por
enquanto, pelo menos. Em vez disso, ele voltou sua atenção
para Boone e Laura. — Eu prefiro a ideia da pintura pendurada
acima da lareira na nossa sala de estar em casa, não é, Boone?
Claro que eu ficaria feliz em me contentar com o real em vez
disso.
Laura balançou a cabeça para ele, simulando estar
exasperada. — Max, eu sei que você está acostumado a
controlar tudo. Mas você me faz lembrar um truque com o
cavalo naqueles filmes de faroeste, sempre cutucando o cowboy
para os braços da menina. Pare de empurrar.
— O que há de errado em ajudar as coisas um pouco? —
Max argumentou. — Afinal de contas, você é a única que disse
que Boone era seu herói.
— Ele é meu herói. — Laura inclinou um olhar a Boone
que estava meio brincando e meio sério.
— Seu herói? — As sobrancelhas de Sebastian se
arquearam em desafio afiado.
Sua reação a assustou brevemente, então percebeu. —
Claro você não sabe nada sobre o incidente na noite passada.
— Disse ela e continuou a dizer tanto a Sebastian como a sua
irmã sobre a tentativa de roubo do seu lucro no cassino que
Boone tinha frustrado.
Quando terminou, Helen olhou para Boone com franca
admiração. — Que astuto de sua parte, perceber o que estava
se passando e pegar o homem em flagrante. Ele deve ter ficado
desesperado para escapar, mas você conseguiu dominá-lo.
Como foi corajoso.
— Eu não fiz nada que alguém não teria feito em meu
lugar. — Boone afirmou com uma modéstia fácil.
— Eu discordo. — Helen protestou com vigor. — A maioria
dos homens que eu conheço nunca teria observado o roubo em
andamento. E os poucos que pudessem ter notado
provavelmente gritariam em alarme. Eu não consigo pensar em
nenhum que teria realmente lutado com o ladrão, e muito
menos saído vencedor. Você já teve treinamento para tais
situações? Nas forças armadas, talvez?
— A maioria dos homens nascidos e criados no Texas
encontra-se em uma luta ou duas em algum lugar ao longo da
vida. Essa é apenas a maneira de ser. — Seus ombros grandes
levantados em um gesto desdenhoso.
— Isso é uma coisa que eu poderia sempre dizer sobre
Boone, ele é acessível com os punhos. — Max declarou,
elevando a cabeça para trás para olhar para o filho com
aprovação. — Ele não tinha mais que quinze anos quando um
dos rancheiros começou um trote com ele. Boone não levou
aquilo muito gentilmente e começou a mostrar seus
sentimentos. Cabe dizer, que o cowboy saiu com o nariz e um
olho roxo. Você não sofreu nada pior do que um lábio cortado,
não foi Boone?
— Isso e uma contusão ou duas. — Boone respondeu. —
Mas isso foi há muito tempo.
— Que fascinante. — Helen murmurou com a atenção
centrada em Boone. — Perdoe-me por ser tão curiosa, mas não
posso deixar de me perguntar como você desconfiou do
suspeito. Os cassinos estão frequentemente lotados. Não é
incomum ser empurrada por outro sócio.
Observando-a, Sebastian não podia deixar de sorrir para
si mesmo. Rara era a pessoa que não gostasse de falar sobre si
mesmo, e sua irmã tinha um talento natural para encorajar um
indivíduo a fazer exatamente aquilo.
Com Boone ocupado com Helen, seu caminho agora era
claro com Laura. Ele se aproveitou daquilo. — Estou aliviado
ao saber que você não sofreu nada pior na sua noite de
aventura. — Ele manteve a voz baixa, estritamente para a
audição de Laura, para evitar atrair a atenção das outras
pessoas para a conversa.
— Graças ao meu cavaleiro vindo em meu socorro. —
Laura respondeu facilmente com seu olhar centrando-se em
Boone.
Sebastian lançou um olhar ao seu rival. — Eu não posso
dizer que a armadura seja tão brilhante.
Ela riu baixinho. — Eu não sei de muitos vaqueiros que
sejam educados.
— O filho de Max Rutledge é pouco mais do que um
vaqueiro. — Ele corrigiu secamente.
— Eles são ambos corte do mesmo tecido, e são ásperos.
— Laura afirmou com a certeza que tinha nascido e crescido
com sua espécie.
— Mas você é diferente. É uma seda, não brim. — Como
esperado, a sua observação chamou a plenitude de sua
atenção.
Laura foi rápida a reconhecer a tentativa velada de
convencê-la que ela não tinha os gostos de Boone Rutledge.
Mas o que Sebastian não sabia era que uma mulher ousada
não teria nenhum escrúpulo em emparelhar seda com brim.
Tara se juntou a eles, impedindo qualquer nova
oportunidade para uma conversa privada. Em poucos minutos,
o mordomo de Sebastian informava que o jantar estava servido.
— Isso foi uma refeição danada, Dunshill. — Max declarou
quando todos tomavam seu café na sala de estar da mansão. —
Cozidos melhores do que a maioria dos alimentos sem gosto
que tive desde que cheguei.
— Estou satisfeito que tenham gostado. — Sebastian
respondeu com orgulho de um anfitrião agradável.
Com a xícara de café na mão, Boone apareceu na
elaborada lareira de mármore da sala. Laura secretamente
manteve um olho nele, observando o seu ar de inquietação e
lembrando como ele tinha estado quieto durante o jantar.
— Sem ofensa a refeição de hoje à noite, — Max prefaciou
— mas se você quiser saborear alguma boa cozinha realmente,
terá que ir para o Texas.
Boone falou: — Não se preocupe com o meu pai. Uma
semana longe de casa é tudo o que ele pode aguentar sem que
sua boca comece a se encher de água por alguma comida lá do
Texas. — Seu olhar se fixou sobre Laura com intensidade
fascinante, o que tornava quase impossível desviar o olhar,
mesmo se tivesse sido o seu desejo. — Já comeu cabrito,
Laura?
— Não, mas ouvi dizer que é bom.
Max bufou com aquilo. — Bom. É muito melhor do que
comida boa. Cabrito é a melhor comida de degustação que você
jamais pode ter.
— Cabrito é uma especialidade do Barra R. — Boone
afirmou, referindo-se ao rancho de Rutledge. — Você vai ter
que ir ao rancho em algum momento e nós vamos corrigir isso
para você. — Havia um convite em seus olhos escuros que iam
além de suas palavras.
— Você está estendendo um convite formal para que eu
vá? — Com os lábios em uma curva brincalhona, Laura
inclinou a cabeça para ele, seus próprios olhos escuros
descendo para o seu olhar.
— Estou. — Boone confirmou, sorrindo de volta.
— Nesse caso, — rindo, Laura levou sua taça e fez um
passeio ao seu lado. — eu só posso aceitá-lo.
— Por favor, desculpe minha ignorância, — Helen inseriu
— mas eu nunca ouvi falar de cabrito. O que é isso?
— Você não pode querer saber. — Tara advertiu.
Mas Max não lhe deu a oportunidade de repetir a sua
pergunta. — É um garoto. — Depois explicou: — Você o enterra
em um buraco cheio de brasas e assa-o lentamente durante
toda a noite.
— A criança. — Helen repetiu com uma expressão um
pouco horrorizada.
— Uma cabra nova. — Tara foi rápida para explicar.
— Oh! — disse Helen. — Por um momento eu pensei... —
não importa o que eu pensei. — Ela acrescentou com uma
risada constrangida.
Mas era óbvio para todos o que ela tinha pensado, levando
todos a uma boa risada e a uma discussão sobre as comidas
mais exóticas que poderiam ser encontradas nos menus
estrangeiros.
Comida não era um tópico pelo qual Laura
particularmente se interessasse. Ela deixou sua atenção vagar
para o projeto ornamentando a lareira de mármore.
— É lindo, não é? — Comentou à toa, tocando a pedra fria
e suave.
Boone fez um som desinteressado de acordo. — Aposto
que numa casa velha assim, seja frio e com muito vento no
inverno.
Laura sentiu imediatamente que sua observação era mais
do que a observação inativa. — Por que você acha isso? — Ela
perguntou em desafio.
Sua expressão era séria, com apenas um toque de
irritação e incerteza esvoaçando nas profundezas de seus
olhos. — Você não seria a primeira mulher que poderia ser
pega na ideia de se casar com a nobreza titulada. — Ele injetou
um traço de sarcasmo na última frase. — A realidade
geralmente acaba por ser muito menos atraente.
Ele quase parecia com ciúmes, mas Laura suspeitava que
Boone fosse o tipo de homem que odiava perder, acima de tudo,
mesmo que particularmente não quisesse o prêmio. Sua
natureza altamente competitiva era uma das coisas que a
atraia para ele.
— Você me surpreende Boone. Um conselho fraternal
aparecendo não é algo que eu esperava ouvir de você. — Laura
comentou, com o sorriso levemente zombeteiro. — Mas não me
preocuparia se fosse você. Como você pode ver, os meus pés
estão firmemente plantados no chão. Ninguém me varreu fora
deles. Pelo menos ainda não. — ela brincou.
— Droga, estou falando sério. — A réplica em voz baixa
retumbou com impaciência.
— Você? — Laura respondeu, dando a sua declaração
outro significado. — Eu não tenho certeza sobre isso ainda.
Ele puxou sua cabeça para trás com uma cautela pulando
em seus olhos. — O que é isso? Um jogo difícil?
— Você não entende. — Ela correu levemente as pontas
dos dedos sob a lapela de seu paletó. — Eu não sou realmente
difícil de obter, mas sou muito difícil de manter. — Laura
pegou o olhar assustado que brilhou em sua expressão quando
ela se virou para encarar os outros.
Naquele momento, Tara falou: — Estou muito curiosa
para ver o resto da casa. Seria indelicado da minha parte
perguntar se você poderia nos dar um tour, Sebastian?
Sua atenção estava em Laura, e ela sabia que ele notava a
conversa com Boone. Com esforço, ele mudou seu foco para
Tara.
— Nem um pouco. — Respondeu ele, agradavelmente sem
problemas. — Nós poderíamos ir agora, se quiser.
— Maravilhoso. — Tara voltou imediatamente sua xícara
de café quase vazia para o pires e se levantou.
— Não contem comigo. — Max declarou. — Vou para o
meu quarto em vez disso. Eu tenho alguns papéis para olhar.
Turismo de casas é coisa de mulher, de qualquer maneira. —
Ele girou em torno de sua cadeira de rodas e a dirigiu para a
porta. Começou rolar, então parou quando disparou um olhar
para Tara. — Não será tarde quando você chegar, para passar
por meu quarto. — Há algum interesse mútuo que eu gostaria
de falar com você sobre...
O pedido pegou Tara desprevenida, que apareceu em sua
incapacidade de responder imediatamente. — Claro, eu vou, —
ela disse, recuperando sua desenvoltura — e duvido que vá
ficar muito tarde.
— Bom. — Max disse com um aceno enfático, e a cadeira
de rodas motorizada levou-o para fora da sala.
Com as sobrancelhas levantadas, Tara olhou para Laura.
— É, obvio que deve ser um negócio. Duvido que seja algo
grave. — Ela levantou os ombros num gesto eloquente de
despreocupação e olhou para Sebastian. — Vamos começar
nossa turnê?
— Claro, vamos. — Sebastian concordou. — A pequena
sala de estar fica do outro lado do corredor. Nós podemos
começar por ali.
Após a formalidade algo rígida da sala de estar principal, a
menor tinha um ar definitivamente aconchegante e mais
casual. Com sua mistura eclética de estilos de móveis, padrões
e cores e uma dispersão artística de objetos não relacionados,
era um aposento que não tinha pretensão sobre a sua
finalidade: para ser um local confortável para a família se
reunir.
De lá, foram para a sala de música, com a sua coleção de
instrumentos que tinham sido usados por um ou outro
membro da família. Tara deu uma volta no piano de cauda que
pronunciava a necessidade de um ajuste.
Um salão de baile tomava muito do primeiro andar da ala
oeste. Era essencialmente uma sala nua com exceção de
algumas cadeiras que abraçavam a parede, e seu ar tinha
envelhecido, com cheiro de mofo natural em um aposento
fechado, mas que tinha sido utilizado por anos. Sebastian
explicou que ele tinha nove anos na última vez que a família
entreteve os convidados em uma escala tão grande.
Além da biblioteca, havia o estúdio de um cavalheiro para
a realização do negócio imobiliário e um quarto da manhã,
virado para o leste.
Sebastian mostrou-lhes outro quarto que sua mãe havia
usado como seu escritório. Então ele abriu um conjunto duplo
de portas que os admitiu em uma sala de jogos, completa com
mesa de cartas, dardos na parede e mesa de bilhar. Boone se
deslocou imediatamente para o último.
— Esta é uma bela mesa. — Ele passou a mão sobre a
parte superior da madeira lisa, e deu um passo atrás para ter
uma visão geral e olhou para Sebastian. — Você joga sinuca?
Helen riu de sua pergunta. — Bilhar é uma paixão em
toda a família Dunshill.
— Você joga, também? — Boone franziu a testa, não
inteiramente certo do que ela queria dizer.
— Eu jogo. — Helen disse com uma elevação orgulhosa e
sorridente de sua cabeça. — Na verdade, eu ganhei um dos
nossos torneios de família há alguns anos atrás.
— Poucos anos atrás. — Sebastian inseriu secamente.
— Que tal jogarmos um pouco? — Boone sugeriu com um
desafio em seus olhos.
Não respondendo imediatamente, Sebastian virou-se para
Laura. — Você joga bilhar?
— Eu já joguei, mas minha habilidade é estritamente a de
uma amadora. — Admitiu, sem desculpas.
Helen falou prontamente. — Nós poderíamos jogar com
parceiros, Sebastian, e ela pode estar em sua equipe.
Boone não perdeu a implicação de que Sebastian fosse tão
bom. Laura também percebeu. — Eu só jogo se você jogar. —
disse ela
Sebastian disse: — Por que não? — Ele parecia se divertir
com a perspectiva dos dois contra o mundo.
Laura notou o desprazer de Boone com o arranjo. Mas ela
também sabia que sua natureza combativa não lhe permitiria
passar a oportunidade para competir cabeça a cabeça com
Sebastian.
— Eu vou acumular em up. — Disse ele e colocou o
triângulo em cima da mesa, em seguida, começou a recolher as
bolas de bilhar.
— Por mais interessante que o resultado deste jogo possa
ser. — Tara disse. — Eu acho que vou deixar vocês todos aqui e
ver o que Max quer falar comigo. — Ela acenou uma mão em
despedida e saiu do quarto.
— Você vai precisar de uma sugestão de taco. — Sebastian
guiou Laura ao rack, pesquisou a seleção, em seguida, lançou
um olhar avaliador sobre ela e pegou um. — Esse deve servir.
— Ele lhe passou um ar ligeiramente conspirador para o seu
sorriso. — Com alguma sorte, você não precisará usá-lo.
— Não conte com isso. — Boone afirmou com a fácil
confiança de um homem seguro de sua habilidade no jogo.
Com o primeiro ataque de espalhamento das bolas de
bilhar, houve uma sensação eléctrica no ar. Vibrou através de
Laura, acelerando todos os seus sentidos e fazendo-a ciente
das correntes crepitantes.
Ela olhou para os dois combatentes, cada um em
contraste com o outro em sua abordagem. Boone foi focado e
intenso, enquanto Sebastian estava calmo e indiferente. Ela
estava um pouco surpresa que pudesse ser atraída por dois
homens tão diferentes. Sebastian não só era sexualmente
atraente, mas também a fazia rir. Boone, por outro lado,
excitava-a de uma forma diferente, trazendo uma onda de
alguma poderosa emoção primitiva que ela não tinha sido
capaz de identificar. No que lhe dizia respeito, era muito cedo
para dizer qual deles iria sair vencedor, independentemente do
jogo.
Então Sebastian fez um tiro particularmente difícil, e
Helen gemeu. — Ele vai nos vencer. — Seu murmúrio foi atado
com a derrota.
— Não, ele não vai. — Boone afirmou, um conjunto
determinado na sua mandíbula. — Nós vamos ganhar. De uma
forma ou de outra.
Helen olhou para ele, um pouco horrorizada. — Você não
iria roubar, não é?
Boone lançou um olhar em sua direção. — Eu pensei que
você disse que tinha seu próprio negócio.
— Eu tenho. — Ela lhe deu um olhar assustado dizendo
mais alto que as palavras, que ela não entendia o que uma
tinha a ver com a outra.
— Então você não deveria ter que pedir. — Boone pegou o
giz do cubo e esfregou-o na extremidade de seu taco quando
Laura conteve um sorriso. Não havia qualquer dúvida que
Boone era filho de Max Rutledge e mais do que apenas no
sangue.

A tábua do chão rangeu sob o corredor acarpetado quando


Tara caminhou ao longo do corredor do segundo andar. Sua
mente correu por meia dúzia de eventos de negócios que
poderiam ter solicitado Max para sentir que ele deveria alertá-
la para algo. Considerando que Max era do tipo que geralmente
mantinha tal conhecimento para si mesmo, especialmente se
lhe desse uma vantagem sobre a concorrência e muitos
interesses de combustíveis fósseis do Dy-Corp certamente
colocá-la nessa categoria, nenhuma das possibilidades parecia
lógica.
Parando fora da porta de seu quarto, ela bateu levemente
duas vezes. — É Tara, Max. — A única resposta foi um som
abafado de passos a partir do interior. Segundos depois a porta
se abriu, e o secretário de Max recuou para admiti-la.
— O Sr. Rutledge está esperando por você.
— Entre, Tara. — Max ligou e apareceu à vista. — Sente-
se. — Ele acenou com a mão para o agrupamento de cadeiras
na área de estar do quarto, em seguida, olhou incisivamente
para o Barnett corpulento. — Isso é tudo por agora.
Quando o homem se retirou para uma sala adjacente e
fechou a porta de ligação, Tara caminhou para uma das
cadeiras e graciosamente se afundou nela. Mas Max não se
juntou a ela imediatamente. Em vez disso, ele virou a cadeira a
uma escrivaninha de séculos de idade, peneirando através de
algumas pastas abertas na parte superior, e removeu uma.
— O que é este misterioso negócio que você queria discutir
comigo? — Tara perguntou, toda sorrisos e charme do sul de
olhos brilhantes.
— Não há realmente nada de misterioso sobre isso. —
Com um zumbido suave, a cadeira de rodas deslizou até a sua
cadeira. Max lhe entregou a pasta de seu colo. — Veja por si
mesma.
— O que é isso? — Tara procurou seu rosto, buscando
alguma dica sobre o seu conteúdo, enquanto a abria.
— Eu fiz alguma pesquisa sobre nosso anfitrião antes de
vir. É uma leitura interessante.
— Isso não foi muito educado. — Disse ela em leve
repreensão.
— Mas ele é inteligente. Leia-o.
Tara correu outro olhar sobre sua expressão fechada, em
seguida, fez uma análise rápida do conteúdo e voltou para a
primeira folha para fazer um estudo mais aprofundado.
Quando terminou, ela fechou a pasta e a entregou de volta
para ele, sua própria expressão tão sem graça quanto à dele.
— Você está certo. Foi uma leitura interessante. — Ela
confirmou.
— Você precisa falar com Laura. Eu faria isso sozinho,
mas é melhor se partir de você. Afinal, ela não seria a primeira
mulher a ser levada por alguém com um título.
— Nós não sabemos se Laura está pensando ao longo
destas linhas. — Tara apontou.
— Você não vai me convencer que ele a convidou aqui
neste fim de semana apenas para que ela pudesse ver o retrato.
E se você acreditar, você não é tão inteligente como eu acho
que é.
Tara não fez nenhum comentário aquilo. — Eu vou falar
com ela. — disse e se levantou. — Como você, eu prefiro jogar
pelo seguro que me arrepender.
Capítulo Seis
O braço de Boone estava viciado em torno de sua cintura,
mantendo-a firmemente contra o seu lado enquanto subiam as
escadas para seus quartos. Consciente de seu quadril se
esfregando contra sua coxa com cada degrau, Laura lançou um
olhar para o rosto dele, observando a curva levemente
presunçosa da boca.
— Você certamente parece bastante satisfeito consigo
mesmo. — Observou ela.
— Por que não devo ser? — Ele sorriu para ela. — Afinal,
eu consegui a vitória.
— Então você fez. — Laura concordou facilmente. —
Apesar de ter-me como parceira fez com que Sebastian fosse
obrigado a jogar com algo em desvantagem. Foi uma
perversidade travessa que a levou a argumentar pelo lado de
Sebastian.
Mas Boone pareceu sentir aquilo e não mordeu a isca. —
Você esperava que eu jogasse com uma mão amarrada nas
minhas costas para compensar isso?
Ela soltou uma risada ofegante e balançou a cabeça. —
Não seria você. Você faz uso de todas as vantagens que puder.
— Você não? — Ele rebateu.
— Provavelmente. — Laura admitiu quando chegaram ao
topo da escada.
— Droga! Certo que você faria. — Boone afirmou. — Como
eu, você joga para ganhar ou você não joga.
— Isso está certo? — Ela desafiou em brincadeira, e
continuaram ao longo do corredor em direção aos seus quartos.
Você sabe o que é, — respondeu ele. — mas eu não espero
que você o admita.
Interiormente Laura reconheceu a verdade sobre si
mesma. Para seu pensamento, não fazia sentido empreender
algo a menos que fosse com a intenção de ter sucesso.
Quando chegaram à porta de seu quarto, ela se virou para
ele e se encostou à ombreira, inclinando o rosto para ele. —
Suponho que como vencedor você pretende reivindicar os
despojos. — Houve um instante de escurecimento de seus
olhos, o desejo os aquecendo. Quando ele fez aquele movimento
inicial para reivindicar o convite de seus lábios, Laura
acrescentou: — E eu o aviso, eu sou mimada.
Em resposta, a boca desceu para reivindicar seus lábios
em um beijo de condução que era áspero com a necessidade.
Laura absorveu sua força de contusões, assim estimulada por
sua fome reprimida em seu próprio sangue que de repente
correu doce e rápido. Seu braço rodeou a cintura com arco
contra seu comprimento, deixando-a sem nenhuma dúvida
quanto à extensão de sua excitação.
Inesperadamente, ele arrastou a boca da de Laura e
inclinou a cabeça por um instante. Havia uma escuridão
penetrando até seus olhos quando ele finalmente encontrou
seu olhar curioso.
— Às vezes acho que você está tentando me estragar para
qualquer outra pessoa. — A aspereza de sua voz se tornou uma
espécie de acusação.
Essas foram palavras inebriantes. Laura teve cuidado para
não mostrar como elas eram bem vindas quando cruzou as
mãos atrás do seu pescoço e deixou os dedos preguiçosamente
brincando com seus cabelos cortados curtos. — Eu poderia
fazer isso?
Ele olhou para ela por um longo momento. — Eu estou
começando a pensar que você pode.
Era uma admissão de má vontade e tinha de sorrir. — Ser
mimada pode ter suas próprias recompensas. — Erguendo-se
na ponta dos pés, ela apertou um beijo rápido e quente em
seus lábios e imediatamente se afastou antes que ele pudesse
fazer mais do mesmo, e chegar por trás dela para virar a
maçaneta. — Boa noite. Vou ver você de manhã.
Ela o deixou ali de pé, atordoado pela rapidez de sua fuga,
e se deslizou para dentro do quarto, fechando rapidamente a
porta atrás dela e se inclinando contra ela, saboreando a
satisfação do momento. Após uma breve pausa, ela ouviu o
som de seus passos se afastando. Laura não tinha certeza que
ele fosse sair, e esperou um instante para ter certeza que ele
não voltaria; em seguida, se afastou da porta.
Laura não tinha dado dois passos para dentro do quarto
quando algum sentido interior advertiu que ela não estava
sozinha. Com os músculos tensos em alarme vago, se virou e
fez uma varredura visual do quarto. A busca foi interrompida.
Por um instante de surpresa, ela simplesmente olhou para
Sebastian, estirado na cama, reclinado contra seus
travesseiros.
— O que você está fazendo aqui? — Perguntou ela,
oscilando entre o choque e a diversão.
— Você mencionou anteriormente que queria saber se
teria um visitante surpresa. — Sebastian a lembrou e
descruzou as pernas para balançá-las fora da cama e se
levantar. — Eu não queria decepcioná-la.
O divertimento reinou quando ela balançou a cabeça e
suspirou.
— Mas como é que você entrou aqui? Eu acabei de deixar
você lá embaixo.
Sua expressão era de consternação fingida. — Eu devo ter
me esquecido de mencionar na turnê, que Crawford Hall, como
outras casas senhoriais antigas, contém passagens secretas.
Como fui negligente.
— Passagens secretas. Onde? — Com a curiosidade
despertada, ela olhou em volta da sala.
Sebastian estalou a língua em reprovação. — Se eu lhe
dissesse, não seria mais segredo, agora não é?
— Pare de ser tão misterioso. — Seu sorriso o repreendeu
ainda quando seu pulso vibrou em seu caminho de abordagem.
— Diga-me.
Parando na frente dela, ele lançou um suspiro exagerado.
—Muito bem, se você insiste. Acontece de você estar de pé em
uma das partes mais antigas de Crawford Hall. Este quarto foi
de fato o quarto-mestre.
Laura interrompeu. — Que remonta aos dias em que
maridos e esposas não dormiam juntos.
— Você se lembrou. — Ele disse com um aceno de
aprovação.
— Meu nível de retenção é muito elevado. — No momento,
era a sua noite em Roma, ela estava se lembrando,
especialmente do seu estilo único de fazer amor. Ela teve seu
coração batendo um pouco mais rápido.
— Isso é bom saber. — Algo em seu olhar sugeriu que ele
estava se lembrando, também. — Mas como eu estava dizendo,
um dos meus antepassados ​há muito tempo, aparentemente,
tinha uma antipatia por etapas desperdiçadas. Por isso, ele fez
o arquiteto incluir uma escada escondida em seu design, que
liga o quarto principal e a biblioteca.
Laura fez outra verificação rápida da sala e adivinhou. —
As estantes que ladeiam a lareira, uma delas é a porta.
— A da direita. — Sebastian confirmou.
— Essa escada oculta não teria nada a ver com o seu
motivo para selecionar este quarto para mim, não é? — Ela o
olhou com a expectativa que sua resposta fosse afirmativa.
Sebastian escolheu não confirmar nem negar aquilo. —
Ela facilita a privacidade para visitas de fim de noite. Você não
concorda? — Ele ficou perto, mas não fez nenhum movimento
para tocá-la. Sua falha em tocá-la só serviu para fazê-la
duplamente consciente das polegadas escassas que os
separavam.
— Você tem o hábito de atribuir aos seus hóspedes do
sexo feminino este quarto? — Ela desafiou.
— Só as muito atraentes. — Ele arrastou as pontas dos
dedos ao longo da costura do ombro do vestido, após a linha
para a curva de seu pescoço. Sua pele formigava sob a leveza
do contato. Era como se cada polegada de seu corpo ficasse
sensibilizada.
— Por que isso não me surpreende? — Laura murmurou
consciente que sua voz se tornara ofegante.
— Você não vai perguntar quantas mulheres têm ocupado
este antes de você? — Seus dedos levemente explorando a veia
pulsante em seu pescoço, seguindo-a para o lóbulo da sua
orelha.
Ela tinha um felino a exortando e esfregando seu polegar
contra a palma da mão para incentivar a plenitude de sua
carícia. — Quantas? — Ela ronronou a questão.
— Acontece de você ser a primeira.
— Você realmente não espera que eu acredite, não é? —
Ela mostrou seu ceticismo.
— Se você se lembrar, eu disse que colocaria apenas as
muito atraentes neste quarto e você foi a primeira que se
classificou.
— Bajulador. — Laura o repreendeu, suas pálpebras
tremulando semicerradas enquanto seus dedos faziam uma
pista lenta até sua bochecha e para baixo no canto dos lábios.
— Não é nenhum elogio. Você é incrivelmente bonita. —
Sebastian afirmou, e acrescentou em um tom de devaneio. —
Talvez o retrato seja a culpa por isso, mas eu tenho a nítida
sensação que você sempre foi uma parte da minha vida. É
difícil acreditar que nos encontramos apenas algumas noites
atrás, em Roma.
— Mas foi uma noite memorável. — Laura estava
consciente de todo o seu corpo se esforçando em direção a ele,
querendo seu toque. Quando as pontas dos dedos levemente
acariciavam sobre a curva de seu lábio inferior, a necessidade a
fez tremer. — Você sempre atormenta uma garota assim? —
Disse ela em protesto.
— Considerando que você acabou nos braços de outro
homem, pensei que você pudesse precisar de tempo para se
ajustar à ideia de ir para outra pessoa. — Ele respondeu
suavemente.
— Você estava nos observando através de algum olho
mágico secreto? — Na verdade, ela estava mais divertida do que
indignada com a possibilidade.
— Não. — Sua boca torta. — É muito mais elementar do
que isso. Estando tão perto, eu posso sentir seu perfume em
sua pele. Tem um aroma cítrico pesado que talvez seja um
pouco de vitória.
Um sorriso acentuava as pequenas covinhas nas
bochechas. — O seu nome do meio deve ser Sherlock.
Sebastian Sherlock Dunshill.
— Definitivamente tenho um toque dele.
— De fato isso acontece. — Laura concordou e inclinou a
cabeça em um antigo convite. — Caso você esteja se
perguntando, eu tenho ajustado à ideia. Será que você me beija
agora?
— Com prazer. — Mas não foi o que ocorreu quando sua
boca fez uma lenta descida para os lábios e se moveu sobre
eles em uma pesquisa sensual de sua suavidade.
Era um calor preguiçoso que começou embaixo e
gradualmente a tragou. Seus braços a cercaram, as mãos
moldando sua forma, demonstrando como um homem e uma
mulher poderiam se encaixar perfeitamente. Quando a mão em
concha segurou a parte inferior de seu seio, o desejo cresceu
dentro dela.
Todo o tempo havia a magia de seus beijos drogando seus
lábios, o pescoço, o rosto, e de volta para os lábios novamente.
Laura teve um momento racional para se maravilhar com o fato
do ato sexual ser tão bonito. Bonito e arrebatador, sem pressa
ou exigência, apenas uma doação infinita de prazer. Ela só
sabia que não queria que acabasse.
Mal registrou a luz e as batidas suaves em sua porta,
quando a voz abafada de Tara se intrometeu. — Laura. É Tara.
Posso entrar?
O pedido foi imediatamente seguido por um giro da
maçaneta. As mãos de Sebastian agarraram seus ombros,
colocando-a longe dele quando a porta se abriu e Tara entrou.
Por uma fração de segundo Tara congelou ao vê-lo. —
Sebastian. Eu não sabia que você estava aqui. — Sua voz era
inesperadamente um desafio. Combinava com a inclinação de
seu queixo e a censura velada em seu olhar.
— Eu vim ver se Laura queria ir para uma cavalgada
amanhã de manhã. — Explicou ele com uma suavidade que
Laura queria aplaudir.
Não havia nenhuma dúvida em sua mente quando olhou
como se ela tivesse acabado de ser completamente beijada, o
que ela tinha. E ela não estava nem um pouco envergonhada
com aquilo.
— Naturalmente, eu lhe disse que poderia contar comigo.
— Laura disse. — Você gostaria de cavalgar junto, Tara?
— Eu vou ver como me sinto na parte da manhã. — Tara
respondeu, efetivamente rejeitando o tópico enquanto mais
uma vez fixou um escuro olhar sobre Sebastian. — Eu preciso
falar com Laura. Você se importaria?
— Claro. — Respondeu e olhou para Laura. — Boa noite.
— Boa noite. Vejo você na parte da manhã. — Disse ela
com pesar.
— Em suas roupas de montaria. — Sebastian
acrescentou, lhe lançando um sorriso antes de acenar para
Tara e passando por ela para o corredor.
Com deliberação, Tara fechou a porta atrás dele, fez uma
pausa, e se virou para Laura, com a expressão pensativa.
Laura sentiu imediatamente que algo estava errado e se
colocou em guarda. Disfarçando sua inquietação com um ar de
normalidade, ela caminhou até Tara e se virou. — Abra o zipper
pra mim , por favor?
Depois de uma ligeira hesitação, Tara abaixou o zíper, e
Laura se afastou, saindo do vestido enquanto andava. Vestida
apenas com as roupas de baixo, ela foi até a cama e tirou os
sapatos.
— Você disse que precisava falar comigo. — Solicitou
quando Tara permaneceu em silêncio. — Minha mãe ligou?
— Não. Até onde eu sei, está tudo bem lá. Eu preciso falar
com você sobre outra coisa. — Tara se transferiu do quarto e
caminhou diretamente para a sala de estar confortável. —
Vamos nos sentar aqui.
— Isso parece sério. — Laura comentou num tom
deliberadamente claro, observando que Tara parecia incerta
sobre como trazer à tona o assunto que ela queria discutir.
— Eu não sei se é grave, ou que palavra em particular eu
usaria. Mas acho que poderia ser importante. — Tara se sentou
em uma das poltronas estofadas e esperou Laura se juntar a
ela.
Laura enrolou-se na outra poltrona. — Qual a
importância?
— Isso precisa ser definido. — respondeu Tara, se
protegendo novamente. — Veja, algumas informações
chamaram a minha atenção.
De repente, vários itens aparentemente não relacionados
se solidificaram em um na mente de Laura. — Se eu tivesse
que adivinhar, diria que Max é a fonte de sua informação.
A surpresa cintilou tão brevemente na expressão de Tara
com a astúcia da declaração de Laura, e foi rapidamente
seguida por um olhar de admiração e aprovação.
— Na verdade, ele é. — Tara admitiu. — Obviamente eu
não tive a oportunidade de verificar qualquer coisa que ele me
disse. Ao mesmo tempo, eu não tenho nenhuma razão para
acreditar que não seja verdade.
Outra coisa que se encaixava. — É sobre Sebastian, não
é? Eu me lembro que Max não pareceu surpreso quando
Sebastian nos disse que era o atual conde de Crawford.
— Sério? Eu não notei. — Também não era de muito
interesse para Tara no momento. — Parece que Sebastian
herdou o título depois que seu irmão mais velho foi morto em
um acidente de avião no inverno passado. Na época, já havia
uma hipoteca considerável na propriedade, uma dívida
contraída por seu irmão, a fim de levantar dinheiro suficiente
para pagar os impostos devidos, quando ele herdou o título de
seu pai. Sebastian está enfrentando agora uma obrigação
tributária semelhante e algumas maneiras de satisfazê-la. A
menos que ele possa colocar suas mãos em uma soma muito
grande de dinheiro em um período muito curto de tempo, será
provável que ele tenha que vender a totalidade ou uma parte
importante, da propriedade para satisfazê-la.
Laura absorveu a informação sóbria sem comentários. Ela
sabia que havia mais, ou Tara não estaria tendo aquela
conversa com ela.
— Para ser honesta, Laura, — Tara se inclinou para
frente, juntando as mãos em uma pose séria — Max acha que
seja possível que Sebastian esteja desesperado o suficiente
para se casar com alguém, qualquer pessoa com dinheiro. E ele
está preocupado que Sebastian possa dirigir suas atenções em
você.
— O que você acha? — Laura perguntou, tentando ganhar
tempo enquanto ela tentava entender sua própria reação à
informação.
— Eu acho que é perfeitamente possível que ele tenha. —
Tara respondeu francamente. — Mas eu também sei que você é
inteligente demais para se deixar levar por um caçador de
fortunas.
Mas o voto de confiança não solicitado não fez Laura se
sentir melhor. De repente tensa e inquieta, ela se rendeu à
necessidade de uma ação e se levantou da cadeira. Resistindo à
vontade de andar, caminhou até a cama e pegou o vestido que
tinha atirado nela.
— Eu me pergunto o que ele estava fazendo em Roma. —
Ela meditou em voz alta, enquanto deslizava o vestido em um
cabide e levava-o para o guarda-roupa. — Você acha que ele foi
lá para ver se a condessa lhe emprestava o dinheiro?
— Quem pode dizer? — Tara ignorou a pergunta. — Se ele
o fez, eu duvido que tenha sido bem sucedido. A condessa é
notoriamente de mão fechada, e tem poucos fundos próprios.
Laura não tinha nenhuma razão para questionar a certeza
na voz de Tara. Tara raramente errava com aquelas coisas. E
era improvável que Max, também.
— Está tudo bem, Laura?
Ela se virou. No último segundo, conseguiu morder de
volta a réplica afiada que estava prestes a fazer e sorriu ao
invés disso. — Estou bem. — A mentira saiu sem problemas. —
Por que não deveria estar? Afinal de contas, eu mal conheço
esse homem. É lamentável que ele esteja em uma situação
financeira tão difícil, mas não tem nada a ver comigo. E depois
do que você me disse pode ter certeza que não vai ter mesmo.
— Claro. — Um olhar de fresca facilidade alegrou o rosto
de Tara, iluminando os olhos e relaxando seu sorriso. — Eu
acho que estava preocupada que você pudesse ter se tornado
um pouco apaixonada por ele.
— Um diabo bonito como ele, é claro que eu poderia. —
Laura fez a admissão arejando sem hesitação. — Quem não
gostaria? — Ela abriu uma gaveta da cômoda e tirou a
camisola e o robe correspondente.
Tara riu. — Você está absolutamente certa, — disse ela,
claramente certa que não havia nenhuma razão para qualquer
preocupação — mesmo assim, eu me sinto melhor agora que
você sabe sobre isso.
— É verdade. — Laura concordou em um tom
deliberadamente casual da voz. — Como diz o velho ditado:
para ser prevenido deve-se estar preparado.
— Essa é a maneira exata como olhei para isso. — Tara
respondeu e se endireitou na cadeira. — Você ainda vai montar
com ele amanhã?
— Claro. Você não acha que eu vou deixar passar a
oportunidade de galopar em todo o lugar, não é? Faz muito,
muito tempo que eu estive na parte traseira de um cavalo. Essa
é a única coisa sobre o rancho que eu sinto falta.
— Apenas se certifique de não cair. Sua mãe teria minha
cabeça se algo acontecesse com você.
— Não se isso acontecer em um cavalo. Isso é algo que ela
iria entender.
— Você provavelmente está certa. — Tara olhou para as
roupas de dormir nas mãos de Laura. — Eu vou dizer boa noite
e deixá-la ir para a cama.
— Vejo você pela manhã. — Laura trabalhou ao som
casualmente de improviso.
Mas no minuto em que a porta se fechou atrás de Tara,
Laura deixou cair toda a pretensão de que nada estava errado.
Dando rédea à turbulência dentro dela, jogou o manto e a
camisola em uma cadeira e foi até uma janela. Olhou para a
paisagem escurecida da noite, indiferente à dispersão das
estrelas e as silhuetas de folhas das árvores.
Ferida, era como ela se sentia. Laura tentou se lembrar da
última vez que tinha sido genuinamente ferida por alguém, mas
não conseguiu.
Ficou chocada ao descobrir que sentia vontade de chorar.
O orgulho não iria deixá-la ceder às lágrimas. Em vez disso, foi
direta para o banheiro privativo e ficou sob a ducha do
chuveiro até que o sentimento foi embora.
Parte Dois
Havia uma promessa de amor
e uma questão de confiança,
mas um Calder será sempre
capaz de fazer o que deve.
Capítulo Sete
— Com licença senhorita. — A estranha voz parecia vir de
algum lugar longe. No entanto, havia algo insistente sobre
aquilo que penetrou na consciência de Laura.
Ela rolou na cama e lutou para se livrar do peso do sono.
Seus olhos focados com dificuldade na mulher idosa em um
curto uniforme de empregada passando por sua cama e
carregando uma bandeja com um serviço de café.
— Sua Senhoria me pediu para lhe trazer o café. — E
colocou a bandeja sobre uma mesa na área de estar. — Há
uma cesta de doces na bandeja também. Se você sair a cavalo
esta manhã, vai precisar de um pouco de comida em seu
estômago. — Ela se virou para a cama. — Se você quiser algo
mais saudável, um pequeno almoço será servido na sala de
manhã.
— Não, obrigada. — Laura murmurou, despertando-se
com muito esforço.
— Como queira senhorita. — A empregada aquiesceu e se
apressou a sair do quarto.
Laura permaneceu na cama enquanto os acontecimentos
da noite anterior vinham à tona. As lembranças deixaram-na
com uma sensação de peso. Ao mesmo tempo, elas
endureceram algo em seu interior. Jogou as cobertas, saiu da
cama, pegou o manto aos pés da cama, e foi diretamente para a
bandeja de café da manhã se apoiando para servir aquela
primeira xícara de café. Se sentia qualquer tristeza persistente,
empurrou-a para as profundidades.
Vestida com calças de montaria, botas e uma blusa de
mangas compridas, Laura desceu as escadas cerca de uma
hora mais tarde. Uma fita preta segurava firmemente seus
cabelos contra a nuca, e levava uma blusa amarrada na
cintura, no caso do ar da manhã ser frio.
O mordomo entrou no hall de entrada e a cumprimentou
educadamente. — Um pequeno almoço quente será servido na
sala da manhã, não perca.
— Será que vou encontrar Sebastian lá?
— Não. Eu acredito que ele esteja nos estábulos,
senhorita.
— Como eu chego lá?
Grizwold hesitou. — O percurso é um pouco confuso. —
Começou com um traço de incerteza. — Tenho outras tarefas
que requerem a minha atenção imediata, ou eu ficaria feliz em
lhe mostrar o caminho. Talvez seja melhor se você esperar na
frente. Sua Senhoria levará os cavalos diretamente lá.
— Eu vou fazer isso, obrigada. — Laura continuou para a
porta da frente e saiu na manhã de primavera afiada. Era a
primeira vez que ela se aventurava fora desde a sua chegada.
Correu um olhar sobre as paredes de cor ocre da enorme
mansão campestre.
Não fora há muitos anos atrás, quando sua própria casa,
A Casa Grande, passara por uma grande restauração e
renovação que tinha englobado tudo; desde a substituição das
madeiras de apoio enfraquecidas e a fiação elétrica antiga, para
um novo sistema de canalização e aquecimento, bem como a
adição de duas novas alas. Na época, sua mãe comentara: —
Juro que custa mais corrigir uma casa velha do que construir
uma nova. Nós teríamos mais dólares à frente, se tivéssemos
colocado tudo abaixo e começado do zero.
Por natureza, sua família era conservadora. Era um traço
que Laura tinha herdado, lhe permitindo compreender a
situação de Sebastian, presente e futura. Mas o entendimento
não mudava nada.
A cadência rítmica dos cascos trotando no pavimento de
tijolos chegou com o ar da manhã e Laura se virou para o som.
Sebastian virou a esquina, montado em uma grande, baia
deslavada e trazendo um castrado cinzento. Deu-lhe aquele
sorriso preguiçoso familiar, e sua reação a ele foi à mesma de
sempre, uma aceleração de seu pulso e uma emoção de suas
terminações nervosas.
Ele diminuiu ambos os cavalos para um passeio e parou
perto dela. — Isso é inesperado. Eu pensei que você estivesse
tendo um longo café da manhã.
— Você pensou errado. — Laura informou com um olhar
atrevido e deu um passo para a cabeça do cavalo cinzento. —
Este é um lindo menino. — O cavalo enterrou seu nariz
aveludado em sua mão e lhe acariciou a palma aberta. — Ele é
para mim?
— Ele é. — Sebastian confirmou. — Desde que você é do
ocidente, tomei a sua palavra como sendo uma amazona
qualificada.
— Eu sou. Se você puder colocar uma sela sobre ele, eu
poderei montá-lo. — Laura afirmou sem intenção de se gabar.
— Qual o nome dele?
— Hannibal. — Passou as rédeas do cinza para Laura e
começou a se balançar para fora da sela. — Vou lhe dar uma
ajuda para montar.
— Eu posso controlar. — Por razões próprias, Laura
queria evitar qualquer contato físico com ele agora. Com as
rédeas em laço sobre o pescoço do cinza, ela agarrou a sela
inglesa e esticou um dedo no estribo de ferro puxando-se para
a sela.
— Eu tive que adivinhar o comprimento do estribo. —
Sebastian advertiu.
— Está quase certo. — Disse ela e passou a trabalhar
encurtando os estribos por mais um degrau. — Essa é a
vantagem de uma sela inglesa sobre uma ocidental, é fácil
mudar a sela.
— Tudo pronto? — Ele perguntou quando ela terminou.
— Pronta e ansiosa, eu diria. — Laura respondeu quando
o castrado se mexeu inquieto debaixo dela e a empurrou um
pouco.
Sebastian apontou seu cavalo para baixo da pista e partiu.
Com relutância, a montaria de Laura se estabeleceu em um
trote reunido ao lado dele. A uma curta distância da casa,
Sebastian balançou o cavalo entre duas árvores. Um pasto se
estendia diante deles, um convite aberto para um galope. Nem
o cavalo necessitaria ser instado.
Havia um senso de retidão na batida constante dos
cascos, no chicote do vento em seu rosto, e na sensação de um
cavalo debaixo dela que a acalmava e revigorava ambos ao
mesmo tempo. Como usava na extensão ilimitada da faixa de
Calder, Laura olhou com pesar para o muro baixo de pedra que
marcava a fronteira da pastagem. Ela seguiu o exemplo quando
Sebastian colocou sua montaria para um galope.
— Quer saltar o muro? — Seus olhos brilharam com um
tácito ousado.
— Os pássaros não voam? — Ela lançou um sorriso em
sua direção, rindo e enviou seu cavalo em direção à parede.
Suas orelhas cinzentas picadas para frente, sinalizando
sua consciência do obstáculo diante deles. Laura preparou o
castrado para o salto, sentiu o encontro de suas ancas e a
descarga de adrenalina quando se elevou no ar, voando por
cima do muro baixo. Eles desceram corretamente e galoparam
adiante.
Em poucos segundos, ela ouviu os cascos do cavalo de
Sebastian atrás dela. Quando se emparelhou com ela, sinalizou
para Laura segui-lo. Galoparam através de outro pasto,
saltando de um riacho e uma grande porta, e chegaram a uma
estrada estreita do lugar, vazia de tráfego. Ambos frearam seus
cavalos para uma caminhada mais lenta.
— Eu precisava disso. — Laura declarou e lançou um
suspiro de satisfação.
— Pensei que você poderia. — Seu olhar fez um estudo de
avaliação dela, observando a onda de emoção que lhe dava um
brilho ao rosto. — Você parecia um pouco distraída antes,
como se tivesse atingido um ponto de mau tempo.
— Nunca estou no meu melhor na primeira parte da
manhã. — Laura disse, deliberadamente sinalizando sua
observação.
— Eu vou manter isso em mente. — A dica de intimidade
em seus olhos cintilantes teve seu efeito perturbador habitual
nela. Mas junto com a pressa sensual que ela experimentava,
também havia uma pontada que era tudo menos normal para
ela.
Além de permitir que um pequeno sorriso surgisse em
seus lábios, Laura não respondeu ao seu comentário e preferiu
se concentrar na casa de campo que fronteava a estrada na
frente dele. Uma vaca de leite surgiu de uma estrutura ao lado,
seguida por um senhor mais velho em botas e roupas de
trabalho.
— Bom dia, Sr. Frohme. — Sebastian cumprimentou-o. —
Lindo dia, não é?
— De fato, senhor. — O homem ergueu seu olhar
deslizando com curiosidade para Laura. — Certamente muito
propício pra sair com sua senhora em um passeio.
Sebastian riu. — Eu queria que ela fosse minha senhora.
Ficou na ponta da língua: É o meu dinheiro que você quer,
não eu. — Mas aquele não era o momento nem o lugar, assim
Laura sorriu e não disse nada.
— Meus cumprimentos a sua esposa. — disse Sebastian
para o homem. — E eu deveria avisá-lo que Helen precisa de
um novo suprimento de mel, por isso espero que ela lhes faça
uma visita neste fim de semana.
— Ira à casa para o fim de semana? A patroa e eu estamos
ansiosos para vê-la.
— Eles extraem mel, não é? — Laura comentou à toa
depois de terem passado, a casa de campo.
— O melhor em Cotswolds. — Sebastian confirmou, e
sorriu ironicamente. — Ou, como diria Helen, o melhor de
Frohme. Ela tem uma predileção por frases parecidas. —
Depois de uma pequena pausa, continuou: — Há um belo
trecho de rio à frente de nós. Podemos andar junto dele?
— Parece maravilhoso. — Mudaram ambos os cavalos
para um trote.

Tara desceu para a sala de café da manhã ensolarada e


lançou um sorriso alegre ao trio que se reunia em torno da
mesa. Estava vestida apenas com uma blusa de seda e calças
bege, mas era a adição de bom gosto das joias que lhe dava a
aparência de elegância local.
— Bom dia a todos. — Disse em saudação.
Max tinha o rosto enterrado na seção financeira do
London Times. Baixou-o tempo suficiente para grunhir uma
resposta desinteressada, então o esticou de volta no lugar.
Boone simplesmente assentiu.
Helen foi a única a proferir uma resposta real. — Bom dia.
Você dormiu bem, eu espero.
— Eu dormi, de fato. — Tara confirmou e se sentou na
cadeira que o mordomo tinha preparado para ela.
Imediatamente sacudiu o guardanapo dobrado e o colocou em
seu colo. — Não me diga que sou a última a descer.
— Não é bem assim. — Terminando com seu café da
manhã, Boone pegou sua xícara de café. — Laura ainda não
desceu.
— Não? — Tara repetiu surpresa. — Que estranho. Eu a
ouvi se mexendo muito antes de me levantar.
— Eu me pergunto onde ela está. — Boone pensou,
vincando a testa com uma ligeira careta.
— Você não sabia? — Helen lhe deu uma olhada com os
olhos arregalados de inocência. — Ela e Sebastian foram
cavalgar esta manhã.
— Não, eu não sabia. — Respondeu, com a boca apertada
em desagrado.
Max baixou o jornal para olhar para Tara. — Você não teve
uma conversa com ela na noite passada?
— Sim, eu...
Boone não lhe deu a oportunidade para completar sua
sentença quando voltou seu olhar duro em Helen. — Há quanto
tempo eles saíram?
— Talvez trinta a quarenta minutos. Será que você sabe
Grizwold? — Ela olhou para o mordomo para confirmação. —
Mais ou menos isso, senhora.
— Onde eles foram? — Boone pressionou para obter mais
informações.
— Penso que Sebastian iria provavelmente cavalgar sobre
o campo. — Helen levantou um olhar curioso para ele,
segurando uma fatia de pão com manteiga. — Por quê? Você
estava pensando em se juntar a eles? — Ela seguiu de imediato
a essa pergunta com outra. — Você monta? Claro que sim. —
Disse ela, balançando a cabeça em censura. — Por um minuto
eu esqueci que você tem um rancho no Texas. Estou surpresa
por Sebastian não lhe pedir para se juntar a eles.
— Eu não estou. — Boone contestou em uma voz plana e
dura.
— Isso é um equívoco que será confortavelmente
retificado. — Helen lhe assegurou, com um sorriso agradável
nos lábios. — Se você quiser, eu posso cavalgar com você.
— E você acha que poderíamos encontrar Laura e seu
irmão? — Ele desafiou.
Helen fez uma pausa para considerar o assunto. — A
primavera limita as rotas que ele pode tomar. Os agricultores
tomam uma obscura vista dos cavaleiros a galope pelos campos
de cultivo. — explicou ela. — Eu deveria dizer que é provável
que iriamos nos deparar com eles em algum lugar.
— Boa. — Boone removeu o guardanapo do colo e o
colocou na mesa, empurrando a cadeira para trás. — Então
vamos.
Helen olhou para o mordomo. — Grizwold, telefone para os
estábulos e consiga dois cavalos selados para nós enquanto eu
vou para cima colocar minhas roupas de montaria.
— Imediatamente, minha senhora. — Ele se dirigiu ao
meio arco e saiu da sala.
— Não devo levar mais do que alguns minutos para me
trocar. Até então os cavalos deverão estar prontos. — disse a
Boone. — Devemos nos encontrar no corredor da frente?
— Tudo bem. — Ele concordou, mostrando sua
impaciência mesmo naquele pequeno atraso.

O ângulo dos raios do sol criava um brilho de diamantes


na superfície do rio. Algo sussurrava nos arbustos na margem
oposta. O castrado cinza de Laura bufou e deu um passo
levemente, de olho na área com desconfiança. Mas o gorjeio de
um pássaro nos ramos de uma árvore próxima pareciam
oferecer garantias que não havia perigo à espreita nas sombras
profundas.
Pouco mais à frente deles a margem do rio mergulhava
para baixo a beira da água, formando uma piscina natural.
Sebastian olhou para Laura. — Vamos parar aqui e dar aos
cavalos uma bebida.
— Tudo certo.
Quando chegaram à área achatada, Sebastian foi o
primeiro a sair da sela. Ele segurou a rédea do cinza, enquanto
Laura desmontava. Lado a lado, eles levaram os cavalos para a
água e ficaram de lado enquanto os animais colocavam seus
narizes na água.
— Este é um local tranquilo, não é? — Sebastian deixou
seu olhar vaguear sobre a área antes de correr para ela.
— É. — Laura concordou. — Belo e sereno.
— Sempre foi um dos meus lugares favoritos. Eu
costumava vir aqui muitas vezes quando era garoto, apenas
para me afastar e ficar sozinho, especialmente quando Charlie
e Helen se uniam para me pegar.
— Quem é Charlie? — Laura perguntou, embora estivesse
bastante certa que sabia a resposta.
— Meu irmão mais velho. — Sebastian respondeu. — Ele
morreu em um acidente de avião no inverno passado, junto
com sua esposa Sarah e seus três filhos.
Com a sede satisfeita, os cavalos levantaram a cabeça,
com as gotas de água caindo de seus focinhos. Sebastian
conduziu seu cavalo castrado para alguma grama.
Imediatamente desceu sua cabeça e começou a pastar.
Laura se juntou a eles com sua montaria. — Três filhos,
isso foi o que você quis dizer quando falou algo sobre não
esperar herdar o título, não foi?
— Sim. — A tristeza tingindo o branco sorriso de sua boca.
— Charlie tinha mais que o herdeiro e as reposições
necessárias. Ainda é difícil andar dentro de casa e não
encontrá-la cheia de suas vozes.
— Eu imagino como é. — Concordou Laura, não sem
simpatia.
— E na Inglaterra, — continuou Sebastian, — a tradição
da primogenitura ainda é observada. Tanto a propriedade como
o título passaram para mim.
— O que você fazia antes de se tornar o conde de
Crawford? — Perguntou de repente curiosa.
— Em teoria, eu era um advogado.
— Em teoria? — Laura repetiu, divertindo-se com sua
escolha de palavras.
— Eu nunca tive qualquer grande paixão pela profissão de
direito. Por isso, só me envolvia com ela quando não tinha nada
melhor para fazer. — Admitiu, sem desculpas.
A sinceridade de sua resposta surpreendeu uma risada
dela. — Isso parece como se você fosse um diletante.
— Penso que eu era. A renda modesta que recebia de um
fundo fiduciário de meus pais configurava para mim
significativa e não era obrigado a trabalhar.
— Essa é a segunda vez que você usou o verbo no
passado. — Observou Laura.
— Sim, bem, a responsabilidade tem uma maneira de
forçar a pessoa a crescer, não é? — Sebastian respondeu,
sorrindo secamente. — E você, o que você vai fazer quando sua
turnê pela Europa terminar?
— Ainda não decidi.
Seu sorriso se alargou em algo preguiçoso e sexy. — Tenho
a sensação que somos dois do mesmo tipo.
Então ela fez o que tornava muito mais difícil condená-lo.
Laura começou a se virar, mas verificou o movimento de sua
mão. Ele enfiou um dedo sob o queixo e virou o rosto na
direção dele.
— Algo está errado? — Seus olhos fizeram um estudo
aprofundado dos dela. — Às vezes pode ser difícil dizer o que
você está pensando.
Laura foi deliberadamente pouco comunicativa em sua
resposta. — Tara iria lhe dizer que é uma mulher sábia que
mantém um homem adivinhando.
Ele sorriu. — Espero que ela seja uma especialista nisso,
também.
— Você provavelmente está certo. — Ela quase riu
novamente. Ele fez sua maravilha. — Você sempre teve esse
dom para fazer as pessoas rirem?
— Eu não sei. Só tentei com você.
— Comigo? Por quê? — Laura perguntou intrigada com
sua resposta.
Ele se mudou um pouco mais perto, uma mão deslizando
até a cintura e a outra colocando uma mecha rebelde de cabelo
atrás da orelha. — Principalmente porque a maior parte do
tempo você parece muito séria, muito autônoma. Eu acho que
gostaria de me tranquilizar que você é humana e não uma bela
deusa andando entre nós, meros mortais.
O leve toque da mão, como a proximidade dele, só a fazia
querer mais, como se pudesse de alguma forma aliviar a dor
que sentia. — Eu não sou deusa.
— Feiticeira, então. Ou sereia.
— E vamp? — Laura sugeriu inclinando sua cabeça para
cima.
Sebastian respondeu com um pequeno aceno de cabeça,
estreitando os olhos. — Em desacordo. Muito rudimentar. Isso
é algo que ninguém poderia acusá-la de ser.
— Obrigada pelo elogio.
— Você não sabe que a verdade não conta como um
elogio? — Ele murmurou, baixando a cabeça para esfregar a
boca sobre seu rosto de forma aconchegante que fez seu
coração pular algumas batidas.
Ela fechou os olhos, consciente de tanto prazer e dor que
sentia. Por mais que quisesse se render ao seu abraço, Laura
sentiu uma maior necessidade de confrontá-lo com o que sabia.
Sem qualquer preliminar, ela disse: — Tara acha que você
pode estar interessado no meu dinheiro.
Sebastian não hesitou. — No momento estou interessado
em sua virtude. — Disse ele e começou a mordiscar seu
pescoço, inflamando pequenos arrepios de excitação através de
seu corpo.
Uma parte dela queria fingir que não percebera seu
fracasso para negar a acusação, mas Laura não podia fazer
aquilo. — Você também quer o meu dinheiro, não é?
Depois de uma pequena pausa, Sebastian levantou a
cabeça e encontrou o olhar dela. — A verdade? — Ele
perguntou.
— Isso seria uma mudança. — Laura respondeu com sua
garganta doendo.
— Eu fui atraído por você no momento em que nos
conhecemos. Acredite em mim, não tinha nada a ver com o seu
saldo bancário, considerando que eu era completamente
inconsciente que você tivesse um.
Ela acreditou nele, tanto quanto ele foi sincero. — Mas
você descobriu.
— Sim, — Sebastian admitiu — e parecia um pouco como
dourar o lírio, como eles dizem.
Laura ficou de repente inexplicavelmente furiosa. Ela
puxou as mãos e fez um movimento giratório. — Não me toque.
— Sua voz baixa vibrou com o calor de sua raiva.
Mas Sebastian não deu atenção ao aviso em ambos sua
voz ou as suas palavras quando a agarrou e a puxou de volta.
Laura atacou imediatamente, balançando a palma da sua mão
em seu rosto. Sebastian capturou seu pulso antes que pudesse
atingir o seu objetivo.
— Você disse que queria a verdade. — Ele lembrou, algo
como raiva brilhando em seus próprios olhos.
— Eu não esperava que você fosse tão repugnantemente
arrogante sobre isso. — Laura fez uma tentativa de torção para
libertar seu pulso, em seguida, deixou qualquer luta, com o
orgulho a mantendo rígida e resistente.
— O que você esperava? — Sebastian desafiou com a luz
dura em seus olhos mudando para algo mais suave, mais se
aprofundando no estudo dela. — Você acha que eu iria fingir
que nada do que você disse era verdade? Que eu insistiria não
ter interesse em seu dinheiro? Você é muito inteligente para ter
acreditado. Você ainda preparou essa armadilha.
— Eu não preparei nenhuma armadilha para você. — Ela
negou com firmeza.
— Eu não sei do que mais você poderia chamá-la. —
Sebastian rebateu com sua expressão se suavizando com uma
nova certeza. — E eu suspeito que você tenha feito isso na
esperança de me pegar em uma mentira. Ela teria tornado mais
fácil me desprezar, não é?
— Eu consegui o que queria. — Laura insistiu, gelada em
seu respeito por ele. — Uma admissão que você estava atrás do
meu dinheiro.
— Isso não é tudo o que eu sou. Isso nunca foi tudo. —
Ele baixou seu pulso e a inclinou para trás, forçando-a contra
seu corpo. Laura permaneceu dura e inflexível, fechando sua
mente para o calor quente irradiando dele. — Você não sabe
que é a resposta à oração de alguém? E quando eu descobri
que você era rica também, eu pensei que você fosse à resposta
à minha oração. Isso depois da dor e do sofrimento destes
últimos meses, que a sorte estava finalmente sorrindo para
mim.
— Em seguida, suponho que você vá alegar que está
apaixonado por mim. — Sua expressão estava cheia de
desprezo, mas havia uma grande, dor vazia no peito.
— Eu não sei o que é amor. E você? — O olhar em seus
olhos era grave o suficiente para que ele desse a ela um
momento de dúvida. — Eu só sei que eu não consigo ficar em
torno de você sem querer tocá-la e prendê-la, e sentir o calor do
seu corpo contra o meu.
— Isso é luxúria. — Laura se recusou a atribuir qualquer
importância a aquilo.
— Talvez, mas é algo que eu sentiria se você tivesse
dinheiro ou não. — Quando ele soltou seu pulso, suas mãos se
moviam nos braços em uma carícia que a mantinha perto dele
sem força. — Você sente isso também.
— Um amante experiente sabe como evocar uma resposta
em uma mulher.
— É assim que você raciocina sobre o que está sentindo?
— Sebastian rebateu.
Laura teve um vislumbre de algo suave e ligeiramente
zombeteiro em seu olhar antes de sua boca descer e reivindicar
seus lábios em um beijo que era calorosamente persuasivo. Se
ao menos ela não estivesse tão magoada, se ela pudesse se
agarrar a ira justa, ela poderia ter sido capaz de segurar seu
escudo de indiferença. Mas Sebastian tinha desviado muito da
sua raiva, plantara muitas sementes de dúvida, e ela sofria
muito. No momento, mais do que qualquer outra coisa, Laura
queria esquecer o que seus braços prometiam.
No momento em que ela se movia contra ele em resposta,
as chamas saltaram e a necessidade a pegou. Ele a empurrou,
transformando Laura em agressor, almejando o gosto salgado
de sua pele e a dor para sentir sua carne musculosa sob suas
mãos.
As vestes tornaram-se uma barreira irritante que foram
rapidamente descartadas. Quando ele caiu no chão ao lado
dela, as mãos chegando a puxar seu duro corpo, masculino
para ela. Sebastian foi lento a reagir a sua atração.
Laura viu que ele estava prestes a dizer algo e ordenou
firmemente. — Não fale. Não agora.
Era a ação que ela queria e não palavras. E ele deu a ela,
suas mãos e lábios, aparentemente com a intenção de
memorizar cada polegada dela, empurrando-a para a febre de
necessidade. Depois foi aquele momento requintado quando ele
a penetrou e os dois corpos se moviam como se fossem um só,
os quadris empurrando e mantendo a pressão. A liberação
chegou em uma série de tremores de esforço que os deixou
ambos tremendo e esgotados.
Por um segundo sem palavras permaneceram no chão,
ainda parcialmente entrelaçados. Laura sentiu o frio leve do ar
da manhã contra sua pele nua. Com o seu toque veio à frieza
da razão. Ela rolou para longe de Sebastian e pegou suas
roupas.
— De onde você tira forças para se mover? — Ele
perguntou com voz rouca. — Você roubou toda a minha.
— Não fale. — Laura disse novamente, e foi colocar suas
roupas.
— O que você quer dizer? — Ele se sentou com o olhar
perfurando o dela.
— Exatamente o que eu disse. — Ela colocou a camisa
dentro da cintura de suas calças e fechou-a.
— Temos de falar agora.
Ela não precisou olhar para saber que ele estava franzindo
a testa. — Não, nós não. — Laura puxou uma bota e estendeu
a mão para a outra. — Tudo já foi dito.
— Laura...
Ela sentiu o toque de sua mão em seu braço e
rapidamente se levantou, fez uma meia volta para olhar para
baixo sobre ele. — Eu não posso confiar em suas palavras mais
do que eu posso confiar em meus sentimentos. — Ela nunca
tinha permitido que as emoções a governassem, e não estava
prestes a começar agora.
— Você não está fazendo qualquer sentido... — Sebastian
começou.
— Então me deixe dizer isso mais claramente. — Laura
ficou aliviada ao descobrir que sua voz estava firme e calma. —
Isso foi um adeus.
Ela viu a descrença que lhe nublou o rosto. No mesmo
instante, seus sentidos aguçados ouviram o ruído de cascos
abafados. Ela se virou.
— Droga, Laura, você...
— É melhor você se vestir. — Ela cortou. — Parece que
Helen e Boone estão cavalgando para cá.
Enquanto Sebastian murmurava algumas palavras bem
escolhidas baixinho e pegava suas roupas, Laura começou a
ajeitar os cabelos despenteados, removendo a fita que o
prendia, penteando-os suavemente com os dedos, e prendendo-
os mais uma vez em sua nuca com a fita.

Quando Laura colocou sua fita no lugar, Sebastian estava


lutando com sua última bota. Ele conseguiu colocá-la em
meros segundos antes de Helen e Boone subirem.
Cumprimentando-os com um aceno alegre, Laura avançou
para encontrá-los.
— Maravilhosa manhã para um passeio, não é? — Seu
tom alegre deixou Sebastian com a boca apertada, fechada em
irritação, convencido que nada nunca atingiria aquela mulher.
Ela tinha nervos de aço ou nenhum sentimento. Ele não
acreditava no último, então escolheu a primeira opção.
— Nós estávamos procurando por você. — Boone afirmou,
e Sebastian sentiu a inclinação do olhar do homem quando ele
se mudou para o lado de Laura.
Helen foi rápida a explicar. — Mr. Frohme nos disse que
deveriam ter cavalgado para cá.
Laura não reagiu a nenhum comentário enquanto
colocava as mãos nos quadris e pesquisava Boone com
diversão. — Essa sela inglesa apenas não é o seu estilo, Boone.
Eu nunca vi ninguém parecer mais fora de lugar sobre ela do
que você. Você realmente deve ficar com aderência ocidental.
— Se eles tivessem outra qualquer, eu não estaria
montando esta coisa plana. — Chutou os estribos de ferro se
livrando e saltou para o chão, sua atenção ainda dividida entre
os dois. — Onde você esteve?
— Galopando loucamente através dos campos, pulando
muros e sebes. — Ela respondeu aparentemente alheia à sua
pergunta de sondagem. — Foi uma sorte você nos encontrar
agora. Estávamos apenas nos preparando para montar e andar
depois de parar para os cavalos beberem. Agora podemos
cavalgar juntos. Vamos lá. Você pode me dar uma ajuda para
cima.
Sebastian teve uma visão clara do olhar descaradamente
provocante que ela jogou a Boone antes de se virar. Aquilo o
cortou como uma faca. Se ele não a tivesse segurado em seus
braços, diria que era uma cadela sem coração. Ele suspeitava
que a verdade simples fosse que ela era uma maldita boa atriz
que tinha total controle de suas emoções. E Sebastian
suspeitava que a julgar pela luz combativa nos olhos de Boone
enquanto ele a subia ao castrado, que se Laura tivesse adotado
qualquer outro ar de despreocupação, ele e Boone teriam
agora, uma negociação com socos. Em vez disso, Boone passou
direto por ele, seguindo Laura para os cavalos.
Quando ele começou a se virar para recuperar o seu
próprio cavalo, Helen chamou sua atenção e lhe fez sinal para
verificar sua bochecha. Estendendo a mão, ele esfregou os
dedos sobre o rosto e viu que saíram com uma mancha
reveladora do batom coral sobre eles. Disparou um olhar
cauteloso em Boone, se perguntando como a mancha tinha
escapado de sua atenção.
Laura recolheu as rédeas do cinza, consciente de Boone
diretamente atrás dela. Virou o cavalo ao redor, confiante que
Boone iria se agarrar a rédea do caçador. Quando o fez, ela
automaticamente verificou que a moleza de seu corpo não
tinha se afrouxado.
— Eu não esperava que você saísse cavalgando sozinha
com ele. — A voz de Boone era baixa e com pesada
desaprovação.
— Por que não? — Laura rebateu em tom perfeitamente
razoável, e lançou um olhar de cumplicidade em seu caminho.
— E se você está se perguntando se Tara repassou a mensagem
de seu pai, ela o fez.
— Então por que ele tem batom na bochecha? — Boone
desafiou.
— Eu tinha que lhe dizer adeus, não era? — Ela lhe deu
um olhar piscando com falsa inocência. — Afinal de contas,
não poderia culpá-lo por tentar. Isso seria infantil. Você não
concorda?
— Eu não tenho a sua tolerância para caçadores de
fortuna. — E Boone não fingia o contrário.
— Eu não me preocuparia com isso se fosse você. Eu não
estou. — Ela colocou um pé em sua mão em concha e ele a
impulsionou para a sela.
Laura pensava que não poderia ter sido mais feliz quando
Boone apareceu como o fez. Ele a havia poupado de mais
conversa desnecessária com Sebastian. Sua mente estava
tomada. Nada do que ele pudesse ter dito teria mudado aquilo.
Na viagem de volta a Crawford Hall, Laura
deliberadamente se emparelhou com Boone. Com sua
habilidade de costume, ela manteve a conversa focada em
temas sem importância. Aquilo não foi difícil, considerando que
nenhum dos outros parecia inclinado a falar. Até o momento
em que a mansão apareceu diante deles, estava começando a
sentir a pressão por manter a fachada de que não tinha sido
tocada por nada do que tinha acontecido. Laura se congratulou
com a chance de escapar para a privacidade do seu quarto,
mesmo por alguns minutos.
Mas não era para ser. Ela mal pôs os pés dentro da porta
da frente quando a voz de Tara a chamou de uma sala próxima.
— Laura, é você? Seu irmão está ao telefone. Ele quer falar com
você.
— Estou chegando. — Laura respondeu, e lançou um
olhar questionador para Sebastian.
— Eu acho que eles estão na sala da frente. — Ele
apontou-a para ela.
Quando ela entrou na sala de estar formal, Tara sentada
em um sofá coberto de veludo estava com o telefone celular ao
seu ouvido. — Aqui está ela agora, Trey, — Disse ela no bocal,
e passou o telefone para Laura.
Ela levantou-o para seu ouvido e disse: — Oi. O que foi?
— Você nunca leva seu telefone celular com você?
Laura sorriu ao ouvir o som reconfortante da voz de seu
irmão gêmeo, consciente de sua tensão se desfazendo.
— Só quando eu quero. — Ela admitiu.
— Foi o que eu pensei. — Trey replicou com um tom de
censura.
— Então, o que há de novo no rancho? — Laura pediu e
seguiu-o com um rápido: — Quint está junto?
— É por isso que eu estou chamando. — Trey respondeu.
— Tia Cat deve voar para casa na terça-feira. Nós vamos ter
uma grande festa de boas-vindas para ele na quarta-feira.
Claro que não vai ser completa sem você aqui.
— Quarta-feira, você disse? — Por mais estranho que
parecesse, até para si mesma, Laura de repente não tinha
grande desejo de continuar aquela turnê europeia. — Espere
um segundo. — Ela segurou a mão levemente sobre o bocal e
olhou para Tara. — Quint estará voltando para casa. Eles estão
programando uma grande festa para ele na quarta-feira. Você
não se importaria se nós encurtássemos nossa viagem e
voássemos de volta para ele, não é?
O pedido pegou Tara de surpresa. — Se é isso que você
quer — Ela começou.
Laura deliberadamente não esperou para ouvir mais. —
Vamos voar para casa na segunda-feira. — disse a Trey.
Houve um instante de silêncio. — Você está falando sério?
— Claro.
— Tem alguma coisa errada, irmã? — Trey perguntou, e
Laura sabia que o sexto sentido que eles compartilhavam
estava trabalhando novamente.
Ela conseguiu uma risada convincente. — Não seja bobo.
Eu não perderia essa festa para o mundo. Vai ser o destaque
do ano no Triplo C.
Quando ela finalmente desligou, Tara olhou para ela em
descrença. — Você realmente não pretende voar para casa na
segunda-feira, não é?
— Por que não? — Laura rebateu.
— Deixamos metade de nossas roupas no hotel em
Londres. Você percebe o quanto teremos de embalar antes de
sair?
— Então é melhor começarmos logo, nós conseguimos,
não? — Laura disse quando Max girou sua cadeira na sala.
— Conseguir o que? — Ele exigiu, dividindo sua atenção
entre as duas.
— Tara vai explicar. — Laura disse. — Eu estou subindo
para começar a embalar.
Capítulo Oito
A sombra do avião correu toda a extensão ilimitada de
grama que marcava as planícies do leste de Montana. A partir
da janela vigia da cabine, Laura olhava para a paisagem
abaixo, desprovida de qualquer sinal de habitação humana. A
altitude do avião aumentava a aparência de planicidade da
terra. Mas Laura sabia o caminho que rolava e mergulhava, por
vezes, sem problemas como um mar calmo de grama e em
outras vezes mais ou menos como um mar irritado.
Laura não precisava de um limite visível para conhecer o
minuto em que o jato particular tinha entrado nos céus acima
da faixa dos Calder. Ela sabia instintivamente, sem a
necessidade de um marco óbvio. Laura decidiu que era algo
que vinha desde o nascimento como uma Calder.
Foi esse mesmo instinto que a levou a enquadrinhar a
faixa de terra a sudoeste. Sua pesquisa foi recompensada
quando avistou um grande conjunto de edifícios que parecia
brotar do nada. Um estranho teria se enganado pensando ser
uma cidade, mas Laura sabia que estava olhando para a sede
do Rancho Triplo C.
Em muitos aspectos, a sede se assemelhava a uma
pequena cidade, completa com habitação para a ajuda dos
contratados e suas famílias; um comissário abastecido com
alimentos básicos, hardware, roupas de trabalho, aluguel de
vídeo e outros itens diversos; um correio central com picapes
de entrega; um posto de gasolina; uma estação contra incêndio;
e uma estação de primeiros socorros totalmente equipada.
Havia até uma cozinha que poderia ser considerada como um
restaurante de atendimento simples.
O Triplo C. tinha mais de quarenta milhas até a cidade
mais próxima e cerca de duzentas milhas a partir de qualquer
coisa que se assemelhasse a uma cidade. O que se tornava
essencial para o rancho ser tão autossuficiente quanto
possível. Tornara-se uma parte da sua vida que Laura tinha
como certa, mesmo quando ela identificava cada edifício
individualmente.
Mas seu olhar se fixava na enorme, casa de dois andares
que se elevava sobre todos os outros edifícios, o branco de suas
paredes exteriores se destacava contra o verde da grama
emaranhada. Fora há muito tempo apelidada de Casa Grande,
um nome que evocava imagens de algo rústico e antigo. A Casa
Grande podia ser velha, mas não havia nada rústico sobre ela.
Era alta e orgulhosa, uma joia de um branco resplandecente no
topo da colina.
A porta para a cabine aberta puxou a atenção de Laura
longe da janela. O copiloto entrou quando ela se abriu, lançou
um olhar para Tara cochilando, e dirigiu seu olhar para Laura.
— Sra Calder saiba que nós estaremos pousando em
breve.
— É claro. — respondeu Laura.
Quando ele desapareceu dentro da cabine, Laura atingiu o
outro lado do corredor do avião privado e cutucou o braço de
Tara. Ela se mexeu, então enviou um olhar um pouco grogue
para Laura. — Já chegamos?
— Quase.
Tara se sentou e gentilmente pressionou seus dedos nos
olhos como se para expulsar o sono deles. Mas não fez nada
tão indelicado como esfregá-los e se arriscar a manchar a
maquiagem. Abaixando as mãos, ela levantou a cabeça e
automaticamente deu um puxão no cinto de segurança
desapertando-o.
— Que pena não passarmos alguns dias mais em Nova
York para quebrar este longo voo. — Tara declarou em um
suspiro.
— Se ficássemos, eu não teria voltado a tempo para a festa
de Quint. — Laura lembrou-a enquanto ouvia com metade de
uma orelha o zumbido da moagem do trem de pouso sendo
reduzido.
— A festa para Quint foi a razão porque você encurtou
nossa viagem, não foi? — O olhar interrogativo de Tara
mostrava preocupação e incerteza.
— Claro. — Houve o baque do trem de pouso de bloqueio
para a posição.
— Eu me perguntava, — Tara admitiu. — pensei que sua
repentina decisão poderia ter tido algo a ver com as
informações que Max descobriu sobre Sebastian.
Parecendo divertida, Laura olhou de soslaio. — Você não
está realmente sugerindo que eu fugi da cena com o coração
partido, não é? Honestamente, Tara, você pode me imaginar
fazendo isso?
— Não realmente, mas você parecia muito apaixonada por
ele.
— Eu estava. Ele foi facilmente o homem mais sexy que já
conheci, e, sinceramente, estava ansiosa para ver mais dele.
Mas descobrir que ele é um caçador de fortunas foi mais um
golpe para o meu ego do que para o meu coração. — Laura
insistiu.
— Naturalmente. — Tara concordou. — E você é muito
melhor com Boone. O homem tem tudo, dinheiro, poder,
posição e boa aparência.
— Verdade. — Pela janela da cabine, Laura observava a
terra correndo ao encontro delas, cada folha de grama se
tornando discernível. — Eu imagino que Boone está no Texas
agora.
— Se Max tiver alguma coisa a dizer sobre ele, você ouvirá
falar de Boone novamente. E muito em breve, eu suspeito.
O baque dos solavancos das rodas fazendo contato com a
pista parou mais conversas. O que era muito bom. Os
pensamentos de Laura estavam em Sebastian, não em Boone.
Ela não podia deixar de se perguntar se chegaria algum
dia quando ela iria correr para ele novamente. A possibilidade
foi o suficiente para ressuscitar aquela vibração familiar de
excitação. Em vez de estar chateada que o mero pensamento
dele podia excitá-la, Laura aceitou.
A distância era só o que ela precisava para adquirir uma
perspectiva adequada sobre a situação. Assim ela aceitou que
nada permanente poderia vir da atração que sentia pelo
homem, também não significava que ela não pudesse sentir
atração, em caso de um futuro encontro casual. Era uma
atitude que parecia tanto mundano quanto sábio, e Laura se
sentiu confortável usando aquilo. De certa forma, era como
uma armadura para protegê-la de ser mais ferida ainda.
O avião taxiou até parar na frente do hangar. Quando
Laura soltou o cinto de segurança, Tara recaiu com um suspiro
atraindo a atenção. — Laura, querida, se você não se importa,
eu vou dizer minhas despedidas agora. Não há realmente
nenhuma razão para eu sair daqui, já que vamos voar sobre a
minha pista privada em Lobo Prado, logo que a sua bagagem
for descarregada. Dê lembranças a sua mãe e Chase, você vai?
— Claro. — Laura atravessou o corredor para o assento de
Tara e se abaixou para beijar sua bochecha. — Obrigada por
uma viagem absolutamente gloriosa. — Ela se endireitou. —
Falo com você em breve.
Quando Laura saiu do avião no brilhante sol da tarde, lá
esperando na pista estava a mãe, uma mulher magra, Jessy
Calder, vestida como de costume nas botas, jeans, e um
chapéu de cowboy. A blusa branca bordada que ela usava era a
única coisa que a diferenciava de uma trabalhadora do rancho.
Chase Calder, o avô de Laura e patriarca da família, estava ao
lado de Jessy, de cabelos grisalhos e baixos, sem os músculos
tonificados que cobriram uma vez a sua grande frente, como
evidenciado pela forma como ele se inclinava pesadamente em
sua bengala.
Jessy se congratulou com Laura com os braços abertos e
olhar profundo e brilhante de amor. Mesmo que elas tivessem
pouca coisa em comum, o amor de uma mãe por sua filha e
uma filha para sua mãe as ligava sensivelmente.
Após uma troca de abraços, Jessy deu um passo atrás
para dar uma boa olhada naquela filha crescida. — Nós
sentimos sua falta. — Em um gesto puramente maternal, ela
escovou os cabelos loiros soltos do rosto de Laura. — Você
ficou fora por muito tempo.
— Não mais do que quando eu estava fora na faculdade.
— Laura a repreendeu carinhosamente e se virou para dar ao
seu avô um grande abraço.
— Já era tempo de você voltar. — Seu largo sorriso a
anular a reprovação rude em sua voz. — Talvez agora eu possa
parar de me preocupar com você.
— Você sabe que não tem que se preocupar comigo.
Tímida, plantou um beijo em sua bochecha, deixando uma
mancha de batom para trás. — Eu sou uma Calder.
— Não se esqueça, também. — Chase Calder admoestou-a
com seus olhos cintilando com orgulho.
Um movimento em sua visão lateral chamou a atenção de
Laura. Laredo Smith estava de pé ao lado do para-choque
traseiro do Suburban, as feições de menino desmentindo seus
cinquenta e tantos anos. Por quase tanto tempo quanto Laura
podia se lembrar, o vaqueiro longo e magro tinha sido uma
presença habitual no Triplo C. Havia uma história que Laredo
salvara a vida de seu avô quando Laura era uma criança
pequena, mas isso era algo que as pessoas raramente falavam,
tornando-se outra parte da lenda Calder.
Mas Laredo tinha sido sempre um mistério. Ninguém
parecia saber ao certo de onde ele era, se ele tinha família em
algum lugar, ou mesmo se Laredo Smith era seu nome real.
Laura tinha perguntado muitas vezes, mas nunca recebeu
respostas adequadas, certamente não de Laredo. No entanto,
nunca houve qualquer dúvida sobre a confiança absoluta e
incondicional depositada nele por sua mãe e seu avô.
— Eu deveria saber que você estaria em algum lugar por
perto, Laredo, — Laura disse com sua presença lhe lembrando
que mesmo que ele vivesse em uma velha cabana de linha, no
canto ocidental do rancho, ele estava sempre na sede do Triplo
C., nas imediações da mãe ou do avô. Ela havia suspeitado por
muito tempo, desde sua adolescência, que sua mãe e Laredo
eram secretamente amantes, principalmente do jeito carinhoso
que, por vezes, olhavam um para o outro. Mas se fossem, eles
eram imensamente discretos.
— Eu vejo que a viajante do mundo finalmente chegou em
casa. — Comentou Laredo, com prazer, movendo-se para se
juntar ao trio.
— Eu não acho que a Europa se qualifique exatamente
como o mundo. — Laura o repreendeu.
— Talvez não. — Laredo admitiu.
— Onde está Trey? — Laura fez uma análise rápida da
área do hangar, mas não viu ninguém que não fossem os dois
homens que guarneciam a pista de pouso privada, servindo
como mecânicos, equipe de terra, e, no momento, bagageiros
como eles descarregavam a bagagem do porão do avião. —
Pensei que ele estaria aqui.
— Ele deveria. — Jessy assegurou. — Mas algum
motorista de caminhão adormeceu ao volante e estragou uma
grande extensão da cerca de fronteira ao longo da rodovia logo
cedo nesta manhã. Você sabe como o gado é. No momento em
que descobriram a cerca baixa, eles tiveram que descobrir e
provar a grama no outro lado. Quando Logan foi chamado para
nos alertar que tínhamos gado solto, e que parecia haver perto
de cinquenta cabeças espalhadas acima e para baixo da
rodovia, enviei Trey e alguns meninos para recuperá-las e
colocar a cerca de volta no lugar. Eles ainda não voltaram;
então devem estar ainda no serviço.
Se Laura precisasse de um lembrete de que o Triplo C.,
por todo o seu imenso tamanho, era essencialmente um rancho
de trabalho, com o gado representando o seu meio de vida, ela
tinha acabado de consegui-lo. Em uma lista de prioridades, seu
retorno dificilmente teria mais importância que cerca de
cinquenta cabeças de gado desviadas do pasto.
Colocou de lado sua decepção com a ausência de Trey e
perguntou em vez disso: — O motorista está bem?
— Ele estava muito abalado, mas está tudo bem. —
Laredo respondeu. — O mesmo não pode ser dito para seu
caminhão. O trator ficou bem amassado.
Carrancudo, Chase olhou para algo além dela. — Aquilo
tudo é sua bagagem, ou alguma é de Tara?
Laura lançou um olhar por cima do ombro. — É tudo
meu.
Laredo olhou para ela de lado, com a diversão à espreita
em seus olhos.
— Estou enganado, ou você está voltando para casa com
mais malas do que você levou?
— Uma ou duas. Afinal de contas, eu tive que comprar
presentes para todos. — Laura não se preocupou em
mencionar o novo guarda-roupa que encheu duas das malas.
Sua mãe, que não tinha interesse em roupas de alta-costura,
ou de outra forma, nunca tinha entendido por que Laura
pensava que precisava de tantos. E Laura tinha há muito
tempo desistido de tentar explicar.
— Pode demorar duas viagens até conseguirmos levar
tudo para a Casa Grande. — Laredo murmurou mais para si
mesmo do que para eles.
— A propósito, Tara pediu-me para lhe dar seus
cumprimentos. — No minuto em que ela mencionou o nome de
Tara, Laura quase conseguiu sentir o mergulho da
temperatura. Era uma reação que confirmava o que já sabia;
que sua família não tinha nenhum gosto pela mulher. Sua
presença em suas vidas era algo que eles apenas toleravam,
principalmente por causa de Laura.
— Ela vai ficar aqui em Montana ou voar para casa em
Fort Worth? — Chase perguntou, sem grande interesse na
resposta.
— Ela vai ficar aqui na Dunshill. — Dunshill era o nome
que Tara tinha há muito tempo dado a sua casa de verão, mas
Laura descobriu que não podia dizê-lo sem pensar em
Sebastian.
A chegada dos homens com sua bagagem desviou
brevemente a conversa. Com a ajuda de Laredo, os dois
homens estavam ocupados tentando descobrir como encaixar
tudo na parte de trás do Suburban, enquanto os outros
observavam.
Depois de um momento, Jessy olhou para Laura e
perguntou quase como uma reflexão tardia. — Então, como foi
sua viagem? Você teve um bom tempo?
— Eu tive um tempo maravilhoso. — Laura declarou sem
reservas. — Poderia aborrecê-los indefinidamente com histórias
sobre os lugares que fomos e as coisas que fizemos. Mas agora
eu quero ouvir tudo sobre a festa de boas-vindas que você está
preparando para Quint.

Tufos brancos com sementes de choupos que cresciam ao


longo da margem do rio flutuavam no ar como confetes aos
quais a Mãe Natureza acrescentava como seu próprio toque à
atmosfera festiva. Galhardetes transmitiam a partir do mirante,
pintado recentemente juntamente com uma bandeira o
celebrado retorno de Quint.
Era uma festa com a participação de todos os
trabalhadores do rancho e suas famílias, bem como de alguns
vizinhos. A grande afluência mostrava o elevado respeito que
tinham por aquele filho nascido Calder, a quem haviam
apelidado de Pequeno homem, quando menino.
Como sempre, havia mais comida do que poderia ser
comida, embora um esforço tivesse sido feito para fazer
exatamente isso. Algumas pessoas ainda estavam rondando a
mesa de sobremesa. Mas para a maior parte, a alimentação era
um feito de socialização e tinha começado, enchendo o ar com
o som da conversa e do riso, do dedilhar de instrumentos
daqueles musicalmente inclinados, e dos gritos de crianças
brincando ou espirrando em águas rasas na borda do rio.
Chase estava confortavelmente instalado em uma cadeira
de gramado, deixando o sol aquecer seus ossos, sua bengala
enganchada sobre o braço e um copo de cerveja gelada de um
dos barris em sua mão. No momento, sua atenção estava em
sua filha Cathleen, mais conhecida como Cat. Com sua
estrutura pequena, olhos verdes, cabelos negros e ainda sem
mostrar quaisquer fios grisalhos, Cat era a cara de sua
primeira e muito amada esposa, Maggie. Chase nunca tinha
sido capaz de olhar para Cat sem ver a semelhança. Mas hoje
não eram os restos de dor passada que traziam sombras para
os olhos.
Quando ele percebeu o genro, Logan Echohawk, vagando
por perto, Chase o chamou e fez sinal para ele puxar uma
cadeira vazia. Logan arrastou a cadeira para mais perto e se
sentou, dando ao chapéu um empurrão para a parte de trás de
sua cabeça e mostrando a Chase um perfil marcado pelas altas
maçãs do rosto, duro e um nariz forte, reto que falava de sua
ascendência Sioux.
— Grande festa. — Logan comentou e enganchou uma
perna em todo o joelho da outra, de braços cruzados dando um
retoque à bainha da calça jeans, que usava no lugar de seu
uniforme de xerife.
Chase preferiu não comentar e exigiu em vez disso: — Cat
tem perdido peso, não tem?
Logan lançou um olhar na direção de sua esposa com
seus olhos cinzentos, com uma sombra de preocupação
escurecendo-os brevemente. — Foi difícil para ela e parece não
se importar se a ferida de Quint não foi fatal.
Chase assentiu em entendimento. — Cat sempre teve uma
grande capacidade de emoção, do tipo que corre ao extremo,
raramente se contenta com qualquer coisa pelo meio.
— Sempre soube que ela era contra Quint partir para a
aplicação da lei, mas eu pensei que fosse principalmente
porque ela não queria que ele vivesse em algum lugar distante.
— Havia mais do que isso.
— Sim. — Logan não precisava soletrar, também. — Eu
decidi não buscar a reeleição quando meu mandato como xerife
terminar. Há bastante trabalho no rancho para me manter
ocupado.
— Isso é provavelmente uma boa ideia. Pelo menos ela não
terá que se preocupar com alguma coisa acontecendo com
você.
— Isso foi o que eu pensei. — Com Cat sendo objeto de
discussão, era automático Logan olhar para ela. Ele viu o olhar
ocioso que ela enviou na direção do gazebo, e o segundo olhar
que ela teve antes de começar a procurar na multidão de uma
maneira um pouco frenética.
Em segundos, ela estava correndo até ele. — Você já viu
Quint por ai? — Ela tentou injetar um curioso interesse na sua
pergunta completamente sem sucesso. — Eu não o vejo em
qualquer lugar.
— Eu só o vi alguns minutos atrás, com Trey. — Chase
respondeu. — Eles estavam indo em direção ao celeiro, imagino
que iam utilizar as instalações.
— Ele não ia andar até lá em suas muletas, não é? — Cat
protestou, lançando um olhar na direção do celeiro de madeira
centenária, como se Quint ainda pudesse estar à vista. — Ele
deveria ter dito algo para mim. Eu poderia tê-lo levado lá em
cima.
— A caminhada não vai machucá-lo. — Logan assegurou.
O temperamento estalou em seus olhos verdes. — Eu não
acho que você percebe como ele está fraco. Só saiu do hospital
há dois dias.
— Na verdade, três. — Logan corrigiu.
— Dois, três, não importa. — Cat declarou impaciente. —
Ele ainda está fraco. Você pode se sentar aí, se quiser, mas eu
vou ver se ele precisa de qualquer ajuda.
Ela tinha aquele olhar zangado, determinado que Chase
reconhecia bem. — Não, você não vai. — Ele gritou,
assustando-a. — Quint é um homem adulto, velho demais para
você se intrometer no banheiro dos homens e limpar tudo o que
precisa de limpeza.
— Mesmo assim. — Cat começou a protestar.
Logan falou: — Eu vou dar uma olhada nele, você pode
estar certa.
Quando Logan se levantou para sair, Chase firmou seu
olhar sobre sua filha. — Você pode ficar aqui comigo. — Cat
olhou para ele por um momento rebelde, em seguida, se sentou
na beira da cadeira de gramado, com o corpo avançando em
seu desejo de ir com Logan.
— Você sabe Cat, que há uma diferença entre amar e
sufocar com o amor. — Chase disse em advertência.
Ela lhe lançou um olhar impaciente. — Eu não posso
ajudá-lo, paizinho.
— É melhor. — Sua voz tinha o tom de comando e a
experiência de seus oitenta e tantos anos.

Quando Logan chegou ao canto final do celeiro, notou um


Suburban verde escuro vindo em sua direção. Ele foi rápido a
reconhecer o veículo como aquele que Jessy normalmente
dirigia. O brilho do sol no para-brisa tornou impossível ver o
motorista até que o veículo fez uma curva à direita em direção
à frente do celeiro. Foi quando ele viu que era Laura atrás do
volante.
Logan não pensou muito sobre aquilo além de recordar
distraidamente o vestido de verão e sandálias frágeis, que ela
vestia mais cedo, razão suficiente para ela dirigir e voltar para
a área de piquenique em vez de caminhar.
Quando ele virou a esquina na frente do celeiro, viu o
Suburban estacionado na frente dele, as duas portas do lado
do motorista estavam abertas. Mesmo que Trey estivesse de
costas para ele, Logan não teria dificuldade em reconhecer a
moldura larga e reta, e o corpo magro e longo do filho de Jessy.
Laura ficou um pouco além dele, parcialmente obscurecida por
Trey, que estava ocupado com algo no banco de trás.
Foi quando Logan teve um vislumbre de algo branco e
volumoso. Ele não necessitava de quaisquer grandes potências
dedutivas para perceber que era seu filho que os dois estavam
ajudando no banco de trás. O pensamento da reação de Cat
para aquilo deixou Logan carrancudo quando ele se aproximou.
— O que está acontecendo aqui?
Laura lhe deu um olhar risonho. — Realmente, Logan. —
Ela disse em reprovação simulada. — Você é um homem da lei.
Eu deveria pensar que fosse óbvio para você que Trey e eu
estamos sequestrando o convidado de honra.
De sua posição transversal no banco de trás, Quint olhou
para ele, com os olhos do mesmo tom de cinza como Logan. —
Eu só quero uma pausa de toda a comoção e choro, pai. Nós
vamos a algum lugar calmo, tomar uma cerveja e conversar.
Fale direito com a mãe, sim?
Desde menino, Quint nunca tinha procurado ser o centro
das atenções, e a masculinidade não tinha mudado isso sobre
ele. Logan sorriu e balançou a cabeça em compreensão. — Não
vai ser fácil, mas eu vou tentar.
— Diga a tia Cat que vamos cuidar bem dele. — Laura
disse quando subiu no banco do motorista.
— É melhor você fazer isso, ou ela vai ter sua pele. —
Logan rebateu.
Laura apenas riu e virou a chave da ignição. Quando o
motor rugiu para a vida, Trey colocou as muletas de Quint no
chão do banco de trás e fechou a porta.
— Nós vamos trazê-lo antes de escurecer. — Trey
prometeu, e sua voz tinha a mesma profundidade e o tom de
comando como a de seu avô. Um olhar para aquelas
características ossudas, robustas e seria impossível confundi-lo
com alguém que não fosse um Calder. Aquelas características
eram como um selo tribal.
Logan assistiu os três saindo, tal como tinha feito tantas
vezes durante os seus anos de crescimento. Houve um
entendimento daquilo.
Capítulo Nove
Um túnel de vento corria através das janelas abertas do
Suburban e emaranhava seus dedos nos longos cabelos loiros
de Laura. Como de costume, ela se congratulou com a
sensação dele, e as memórias que trouxeram de volta o passeio
pelas ruas de Roma no Porsche com Sebastian. Desta vez,
porém, o vento encheu o veículo com os cheiros da terra em vez
dos cheiros intrigantes da Cidade Eterna.
Ao lado dela, Trey se sentou de lado no banco da frente e
inclinou sobre as costas dela para enfrentar Quint. — Quanto
tempo para você se livrar dessa coisa? — Ele sacudiu um dedo
para o aparelho que deixava completamente imobilizada a
perna de Quint da coxa para baixo.
— Se tudo se curar bem, eles devem me colocar em um
aparelho curto em algumas semanas. Eu provavelmente vou ter
que usar isso pelo menos um mês.
— No momento em que você sair disso, vai ter um armário
cheio de calças com uma perna só para jogar fora. — brincou
Laura e abrandou quando se aproximou do portão leste. O seu
acesso à rodovia há muito tempo era feito pela entrada
principal para o Triplo C.
— Espero que não. — Quint respondeu e virou a cabeça
para frente, avistando os enormes pilares de pedra que se
curvavam para fora em asas e apoiavam o sinal de ferro
moldado que pairava entre eles, com letras de imprensa em
relevo com o nome: Rancho Triplo C.
— Eu sinto falta do sinal antigo. — Quint disse.
Durante anos, o portão de entrada original era uma
estrutura imponente que consistia em dois polos de altura e
um sinal branqueado de sol com letras desbotadas, que falava
sobre a empresa de gado Calder, com a marca Triplo C.
queimado na madeira em ambos os lados.
— Agora você parece o Vovô. — Laura o repreendeu,
quando puxou para a estrada e seguiu para o norte em direção
à cidade de Blue Moon. — É chamado de publicidade. Você tem
que deixar as pessoas saberem onde você está, especialmente
aqueles com talões de cheques gordos que aparecem a um dos
nossos leilões de gado privado.
— Eu sei. Foi uma decisão de negócios para mudar isso.
— Quint admitiu. — Mas eu ainda gosto da melhor
simplicidade do velho.
Velho ou novo, Trey não se importava, e ele mostrou no
encolher de ombros ocioso. — É uma frase feita velha chamada
progresso, eu acho.
— Você nunca vai me convencer que o progresso chegou
ao Triplo C. até que haja uma piscina no quintal. — Laura
declarou.
— Esse vai ser o dia. — Trey zombou. — Além disso, uma
piscina não é progresso, é um luxo.
— Certamente um luxo é permitido. — ela respondeu. —
Lembram-se do tempo em que você dois foram nadar nus no
rio e eu roubei suas roupas. Assistindo vocês dois tentando se
esgueirar para o celeiro, escolhendo o seu caminho através do
cascalho, eu quase ri alto.
— Você estava nos observando. — Trey olhou para ela em
descrença.
— Você não acha que eu ia roubar suas roupas e não ficar
por ali para ver a diversão, não é?
— No entanto, Quint teve sua vingança. — O sorriso de
Trey estava carregado com alegria diabólica. — Lembra-se dos
peixinhos em seus cubos de gelo?
— Como eu poderia esquecer? — Laura estremeceu com a
lembrança da cabecinha cutucando fora do cubo de gelo no seu
copo de chá gelado. — Mas isso não foi Quint quem fez. Foi
você.
—Trey está certo. Eu fiz isso. — Quint falou do banco de
trás, com a diversão brilhando em seus olhos.
Trey sentiu satisfação considerável a partir do olhar de
espanto em seu rosto. — E você estava sempre me culpando
por todas as coisas.
— Com causa. — Laura lembrou. — Em noventa por cento
do tempo você era o culpado.
A disputa de boa índole continuou durante todo o
caminho para a cidade. Apenas três veículos estavam
estacionados no estacionamento de cascalho fora do
restaurante solitário em Blue Moon. As letras de neon que
proclamavam o lugar como refugio de Harry eram escuros, mas
o sinal vermelho do Bar & Grill na janela estava iluminado,
confirmando que o lugar estava aberto.
Laura estacionou o Suv próximo à entrada da frente e
saiu. Ela examinou brevemente as janelas encardidas do
edifício e sua pintura rachada e descascada, então observou
todos os lugares com ervas daninhas e as casas vazias além
dela.
Era a sua primeira viagem a Blue Moon desde que ela
voltara, e não pode deixar de ser atingida pelas mudanças. —
Quando você disse Blue Moon estava se transformando em
uma cidade fantasma, não estava brincando. — disse ela à Trey
quando ele pulou para fora para dar uma mão a Quint. — Tudo
o que precisa é de algumas sementes novas rolando pelas ruas
vazias.
— É muito triste, não é? — Trey concordou enquanto
coletou as muletas de Quint e as preparou para o momento em
que ele descesse. — Vovô diz que está voltando a ser como nos
velhos tempos, quando a cidade dependia do comércio dos
fazendeiros locais e do motorista ocasional.
— Os tempos mudaram desde então. — Laura disse,
pensativa, não totalmente certa se a cidade ainda poderia
sobreviver só com aquilo.
— Eu suponho. — Trey colocou as muletas estáveis
enquanto Quint plantou seu pé bom no estribo e agarrou as
muletas, preparando-se para sair do carro. — Ainda assim, isso
me lembra a história que vovô usava para dizer sobre o velho
Fat Frank Fitzsimmons, o primeiro a se atirar a um edifício em
ruínas aqui quando sua carroça quebrou. Lá estava ele no meio
do nada na estrada para lugar nenhum. Um vaqueiro ainda
avisou que as pessoas veriam desta forma apenas uma vez em
um dia de lua azul. Você tem que admitir, Laura, que mudou,
mas a cidade ainda está aqui.
— O Triplo C. pode enviar um pouco de seus vários
negócios a Blue Moon e ajudá-la. — Quint pulou em um pé
para conseguir se equilibrar.
Laura sorriu para ele com uma mistura de diversão e
carinho. — Você sempre teve uma queda para os fracos e
indefesos. — Sem esperar por uma resposta, fez uma curva
desenvolta para a entrada. — Vamos lá. Vamos pegar algo frio
para beber. Deus sabe que não teremos que nos preocupar em
não ter uma reserva.
O tilintar do sino acima da porta anunciou sua chegada,
quando o trio entrou. Nem uma única mesa ao lado do
restaurante estava ocupada, mas a partir do bar chegou o
estalo de uma bola de bilhar batendo em outra, seguido pelo
som de bolas rolando do outro lado da mesa.
Um homem careca e baixo empurrou as portas giratórias
para a cozinha e parou na visão deles, com uma meia carranca
no rosto. — A cozinha não será aberta por mais uma hora
ainda.
— Tudo bem. — Trey disse a ele. — Nós só queremos algo
para beber.
O homem fez um gesto em direção a área do bar. — Sente-
se em qualquer lugar que queiram. Volto pra atender vocês.
Laura abriu o caminho para uma mesa de quatro lugares
no centro da área do bar enquanto Quint seguiu
longitudinalmente atrás, chegando até a mesa. Depois de Quint
se acomodar em uma das cadeiras, Trey sentou-se na outra em
frente.
— Coloque sua perna em cima dessa cadeira. — Ele disse
e deixou Quint para gerenciá-lo sem ajuda.
Laura resistiu ao impulso de ajudar, sentindo que Quint
estava cansado de toda a excitação sobre ele. Mas, ele sempre
teve uma veia independente que se manifestava em uma
determinação tranquila de gerir por conta própria.
Laura suspeitava que se um estranho os visse juntos
nunca iria adivinhar que os três estavam relacionados. Havia
uma divergência que ia além das diferenças de cabelo e
coloração dos olhos.
Tudo sobre ela dizia que era da cidade, suas roupas, seu
estilo de cabelo e maquiagem; enquanto Trey tinha tudo de
cowboy escrito sobre ele, desde o chapéu até suas botas e
aquele olhar perspicaz em seus olhos, e era tudo envolto em
uma espécie de energia inquieta, que nunca o deixava por
muito tempo. Quint seria mais difícil de rotular. Aqueles olhos
cinzentos firmes e seu ar de força absoluta parecia colocá-lo
além de alguma forma, como se ele pudesse ser quem e o que
escolhesse ser. Laura sorriu para si mesma, pensando que ele
certamente não se parecia com um agente do Tesouro.
O som de passos sinalizou a aproximação do homem
calvo. Ele parou em sua mesa. — O que vai aí?
Trey atirou a Laura um olhar de advertência e murmurou
baixo. — Pelo amor de Deus, não peça um copo de vinho.
Desde que ela não tinha a intenção de fazê-lo, Laura não
se incomodou em responder e mostrou seu sorriso mais
cativante para o homem. — Como parece que fui designada
como motorista, vou tomar um copo de chá gelado.
— Uma cerveja para mim. — Trey disse. — Tudo o que
você tem na torneira é bom.
— O mesmo. — Quint ecoou
Depois que o homem saiu para ir buscar os pedidos de
bebidas, Trey virou a sua atenção para Quint. — Quanto tempo
você tem até estar de volta ao trabalho?
— Nunca, se minha mãe tiver alguma coisa a dizer sobre
isso. — Quint tentou fazer uma piada sobre aquilo, mas a
verdade subjacente em suas palavras injetava uma espécie de
sensação de peso conturbado. — Mas eu vou estar de volta
assim que o médico me der um comunicado, que
provavelmente será em duas semanas ou menos.
— As mães se preocupam. É parte da descrição do
trabalho. — Laura disse a ele.
— Mamãe sempre foi acima e além da chamada do dever.
— Quint respondeu e fez uma pausa quando o homem voltou
para a mesa com as bebidas. Trey pegou algumas notas do
bolso para pagar a essa rodada. Depois que o homem se
afastou da mesa, Quint retomou a conversa. — Eu
honestamente pensei que mamãe se sentiria melhor sabendo
que eu estaria preso atrás de uma mesa para os próximos seis
meses a um ano, mas eu esqueci sobre os atentados na cidade
de Oklahoma. Ela está convencida que qualquer escritório de
lei federal é um alvo potencial. Infelizmente, ela está certa.
Papai acha que ela só precisa de algum tempo para se
acostumar com a ideia, quando ele voltar para o campo.
— Mas você não concorda, não é? — Laura adivinhou.
Quint balançou a cabeça. — Não. Só uma coisa a faria
feliz, e seria eu me demitir e ir trabalhar para o Triplo C.
— Eu acho que é uma ideia e tanto. — Trey declarou.
Quint voltou seu olhar cinzento constante sobre ele. —
Não, não é. Esse rancho vai passar para as suas mãos um dia.
Trey lançou um olhar cinicamente divertido a Laura. —
Ele diz como se fosse novidade para mim, em vez de algo que
eu tenho ouvido desde que me lembro. E eu não vejo que
diferença faz, de qualquer maneira. — Ele dirigiu o desafio de
Quint. — Seria bom saber que tenho alguém em quem eu
pudesse confiar ao meu lado na execução das coisas. E no caso
de você não ter olhado ultimamente para esse mapa velho na
parede, do Triplo C., ele é tão grande quanto alguns estados
orientais, e certamente grande o suficiente para nós dois.
— Você está errado. — Quint disse calmamente. — Não
pode haver duas pessoas no topo do Triplo C., ou você vai
acabar com as ordens divididas. Você pode vê-lo hoje na forma
como alguns dos velhos trabalhadores esperam o avô acenar
quando sua mãe lhes diz para fazer alguma coisa. — Ele
balançou a cabeça novamente. — Por mais que eu quisesse,
não estarei trabalhando na fazenda.
Laura pegou a nota de pesar em sua voz e se perguntou se
Trey também percebera. Mas as observações de Quint pareciam
ter um efeito moderador sobre Trey que ainda tentava
contemplá-los.
— Como essa conversa ficou tão séria? — Laura disse em
reprovação simulada. — Pensei que estávamos aqui para uma
comemoração entre primos, embora não possa dizer que este
seja o lugar mais festivo onde já estive. — Laura jogou um
olhar divertido nos arredores sombrios que cheiravam com os
obsoletos odores azedos de fumo de tabaco e bebidas
alcoólicas.
— Depois da Europa este lugar deve ser um revés para
você. — Quint observou com naturalidade no assunto.
— Eu suponho. — Um ombro nu levantado em um gesto
tímido. — Mas acho que você vai concordar que Harry
definitivamente fornece uma lição de valorização para os
estabelecimentos de classe melhor.
Quint riu da sua resposta. — Eu acho que quando você é
o único a servir bebidas em quase cem milhas de distância, a
qualidade não é algo com que tenha que se preocupar.
— Como isso é verdade. — Laura levantou o copo de chá
gelado em um reconhecimento de sua declaração.
Trey fez um único toque para os lados de sua cabeça em
desacordo. — Se a sua ideia de qualidade é um cuecão de seda,
eu vou escolher o Harry em qualquer momento.
— Cuecão de seda? — Quint repetiu.
— Sim. Isso é o que ela me trouxe de volta da Europa. Dá
pra acreditar? — O alto arco de suas sobrancelhas deixou
poucas dúvidas da opinião de Trey sobre o presente.
— Ele se recusa até mesmo a experimentá-las. — Laura se
queixou.
— Eu tenho apenas uma pergunta. — Havia um brilho
diabólico nos olhos escuros de Trey. — Será que Crockett
usaria?
— Quem é Crockett? — Quint dividiu seu olhar entre os
dois.
— O novo namorado de Laura. — Trey respondeu, ainda
olhando para Laura.
— Sério? — Os olhos cinzentos de Quint assumiram a
mesma luz que brilhava na provocação de Trey. — Alguém que
você conheceu na Europa, não é?
— Em Roma, na verdade. E o nome dele não é Crockett, é
Boone. Aconteceu de eu ter ido embora quando Boone ligou
ontem, e vovô atendeu ao telefone. Até o momento de vovô me
dar à mensagem, ele tinha conseguido misturar o nome e
lembrou-se apenas que era o mesmo de um sertanejo famoso.
— Claro. — Quint acenou com a cabeça, fazendo a
conexão. — Daniel Boone e Davy Crockett.
— Trey está chamando-o de Crockett desde então. —
Laura olhou para seu irmão com um incômodo leve.
— Será que esse namorado de vocês tem um nome
completo? — Quint perguntou.
— Boone Rutledge. Seu pai é Max Rutledge.
— O Max Rutledge? O magnata do gado e petróleo do
Texas? — Quint questionou com refrescado interesse.
— Ele mesmo.
— Você atrai um grande problema.
— Eu sei. — Laura respondeu, consciente da satisfação
inebriante que sentia com a reação de Quint à notícia.
— Isto é sério? — Quint perguntou.
— É um pouco cedo para dizer. — No entanto, ela estava
confiante que se quisesse tudo o que tinha a fazer era ir atrás
dele. Era uma ideia que tinha um apelo definitivo,
especialmente quando Laura considerava a energia adicional e
o prestígio que acompanharia um casamento com Boone.
— Nós iremos conhecê-lo na próxima semana. — Trey
inseriu com um pedacinho de ironia. — Ele virá para a venda
de cavalos.
— Na verdade, Boone e seu pai voarão dois dias mais cedo
para que eles possam visualizar os lotes de venda. — Laura
explicou.
— Os lotes de venda ou um potro em particular? — Trey
brincou.
Quint foi mais prático. — Será que eles vão ficar na Casa
Grande?
Laura balançou a cabeça. — Eles ficarão na casa de Tara.
Ela conhece Max há muitos anos.
— Eu acho que já sabemos onde você vai passar esses
dois dias. — Trey enviou-lhe um sorriso.
— Boone não é um homem que você possa pegar e
perseguir. — Laura informou.
Mas foi a certeza em sua voz que solicitou Trey a desafiar.
— Como você sabe disso?
— Do mesmo jeito que você sabe o caminho que uma vaca
vai usar quando tenta separá-la do rebanho. Você lê a
linguagem corporal. Às vezes, tudo que observa é uma
contração de um músculo, — Laura respondeu. Observando
sua reação um pouco aturdidos. — ela riu. — Você não acha
que é um grande mistério, não é?
— Eu nunca pensei sobre isso. — Trey respondeu com
franqueza fácil e olhou-a com desaprovação. — Mas você tem
que admitir que a maneira como você fala sobre a captura de
um homem parece um cálculo certo.
— E suponho que você nunca calculou qual poderia ser a
melhor maneira de abordar uma garota. — Laura zombou. —
Por que é errado para uma mulher aplicar táticas semelhantes?
Quando Trey começou a responder, Quint levantou a mão
silenciando-o. — Não entre nesse argumento. Eu garanto que
você vai perder.
O sino acima da porta tilintou. Automaticamente Laura
olhou para a entrada quando um menino mal vestido com
aparência de cerca de sete anos, deslizou para dentro. Ela
notou a maneira como seu olhar vasculhou a área do
restaurante como se estivesse procurando alguém. Um instante
depois o barulho das bolas de bilhar atraiu sua cabeça na
direção do bar. Depois de uma pequena pausa, ele se dirigiu
para a mesa de bilhar. Mas havia algo hesitante, quase medo,
sobre os seus movimentos que capturou sua atenção.
— Alguém que você conhece? — Trey perguntou em tom
de brincadeira, observando seu interesse pelo rapaz.
— Não. — respondeu Laura facilmente. — Mas se lavar o
rosto, ele pode ser bonito.
— Um pouco jovem, porém. — Quint observou.
— Eu gosto deles jovens. — Laura sorriu, ao mesmo tempo
mantendo um olhar curioso sobre o menino quando ele se
aproximou de dois homens jogando sinuca.
Um homem, o mais jovem dos dois, parecia ser o objeto de
atenção do garoto. De cabelos escuros e corpulento, ele estava
inclinado sobre a mesa de bilhar, os músculos do braço
ondulando quando mirou na bola. O taco na mão disparou
para frente em um ataque relâmpago. Laura ouviu a rápida
implantação da bola e um clique batendo em outra. No plano
superior da mesa, um cubo de giz ponderava para baixo duas
notas de papel.
Quando a bola caiu em um bolso, o homem se endireitou,
com um vinco de concentração na carranca escura da sua
expressão enquanto ele estudava a posição das bolas restantes
na mesa. Parecia inconsciente do menino observando-o até que
ele se mudou para o lado da mesa e seu olhar pousou sobre
ele.
— O que você está fazendo aqui? — O homem estalou em
óbvia irritação.
O menino pareceu se encolher. — Mamãe pediu para
avisá-lo que a ceia está quase pronta. — Disse ele em voz
baixa.
— Você me disse. Agora saia. — A obediência imediata era
algo claramente esperada. Quando o menino não conseguiu se
mover imediatamente, se enfureceu com ele. — Você não
consegue ver que estou no meio de um jogo? Agora dê o fora
daqui.
O menino levantou um braço como para se proteger de um
golpe. O homem o agarrou e o empurrou para a saída com uma
força que mandou o menino contra uma cadeira vazia.
Em uma fúria fria, Laura pôs-se de pé e correu para o lado
do menino. No minuto em que ela o tocou, o menino fugiu
longe de sua mão.
— O garoto não está machucado. — A voz do homem
estava quase em cima dela.
Laura lhe atirou um olhar zangado. — Não graças a você.
Só por um instante, o homem hesitou e logo se recuperou.
— O garoto não tem nenhum negócio em um bar, e ele sabe
disso. — Declarou ele, como se de alguma forma justificasse
suas ações.
Até então o menino tinha se levantado, movendo-se com
um entusiasmo que dizia a Laura que provavelmente não tinha
sofrido nada mais grave do que uma contusão. Ela se levantou
e se virou para enfrentar o homem.
— Isso não é desculpa para ser tão duro com ele. — Sua
voz vibrou com o calor de seu temperamento.
— Você está me culpando por ele correr para aquela
cadeira? — O homem puxou sua cabeça para trás em uma
grande mostra de inocência.
— Ele não foi para aquela cadeira. Você o empurrou. —
afirmou Laura.
— Como diabos eu fiz.
— Você pode negar o quanto quiser. — Disse ela com
desprezo. — Mas eu sei o que vi, e você o empurrou.
Ele deu um passo ameaçador mais perto, segurando o
taco na frente dele como uma arma potencial, com seus
músculos do braço salientes. — Ouça você pequena cadela de
boca esperta. Alguém precisa lhe ensinar para não meter seu
nariz nos assuntos de outras pessoas.
De repente Trey estava lá, colocando um braço na frente
dela e a empurrando para trás. — Coloque uma mão sobre ela
e será a última coisa que você irá fazer. — Sua voz era tão
inflexível com o aviso como seu olhar. — Qualquer problema
que você tiver com ela, vai resolver comigo.
O homem sabiamente retrocedeu. — Eu não tenho
nenhum problema, contanto que vocês malditos Calder cuidem
do seu próprio negócio e fiquem fora do meu. — Disse ele com
um pouco de sua antiga arrogância, então se voltou para a
mesa de bilhar.
Zangada demais para deixá-lo ter a última palavra, Laura
deu um passo atrás dele. Trey agarrou-a pelo braço e
forçosamente a virou em direção a sua mesa.
— Cale a boca. — Ele murmurou.
Relutantemente Laura reconheceu a sabedoria de seu
conselho e o deixou conduzi-la para onde Quint ainda estava
sentado com a perna fundida, apoiada em um assento da
cadeira.
— Quem é esse cara, afinal? — Ela exigiu, com o
temperamento ainda fervendo.
— Eu acho que Mitchell é o seu nome. Ele trabalhava na
mina de carvão até que foi despedido quando a mina fechou.
Teve um emprego por um tempo amarrando cerca no velho
Connors Ranch. Eu não sei o que ele está fazendo agora,
apreciando a mesa, eu acho.
— O homem deve ser chicoteado. — Disse ela com
convicção.
— Laura. — Trey começou em um tom apaziguador.
Ela se virou para ele. — Eu vi o jeito que aquele menino
tentou se proteger. Ele foi espancado antes por aquele bastardo
que afirma ser seu pai. — Assim, abruptamente, Laura girou
longe de seu irmão e se dirigiu para a mesa. — O que devo
fazer, — ela murmurou para si mesma, — é acusá-lo por abuso
infantil.
Com o pensamento ainda rolando em sua mente, Laura se
sentou em sua cadeira e olhou na direção da mesa de bilhar.
Trey a seguiu e passou uma perna sobre a sua cadeira e se
sentou sobre ela, em seguida, pegou sua cerveja.
— Por um minuto, eu pensei que teria que mancar até lá.
— Quint. Comentou. — O que aconteceu?
— Nada realmente. — Trey respondeu.
— Valentões como ele só batem em mulheres e crianças.
— Laura não fez nenhuma tentativa de esconder sua
repugnância por tais homens.
Um pequeno sorriso entortou a boca de Quint. — Pode
interessar aos dois saber que enquanto você estava trocando
palavras com seu pretenso tubarão da associação, o garoto
estava enchendo seus bolsos com balas da cesta perto da caixa
registadora. O que ele não conseguiu enfiar em seus bolsos
empurrou na boca com papel e tudo.
— Você está brincando. — Laura disse, chocada.
— Não, é sério. — Quint respondeu.
Trey riu. — Esse maldito pequeno ladrão.
— Com um pai como esse quem pode culpá-lo? — Laura
retorquiu.
Trey não respondeu a aquilo e tomou um gole de sua
cerveja, fez uma careta, e colocou a caneca sobre a mesa. —
Está quente. — Disse ele com desgosto. — O que você diz de
sair daqui e voltar para o rancho antes que tia Cat envie um
grupo de busca para Quint?
— Essa é uma boa ideia. — Quint se inclinou para o lado e
pegou suas muletas do chão. — Além disso, — disse ele,
lançando um olhar provocante em Laura, — Crockett poderia
chamar esta noite, e nós não queremos que Laura o perca,
agora não é?
Laura apenas balançou a cabeça em desgosto leve. —
Vocês dois nunca irão crescer?
— Não quando você está em causa. — Trey respondeu com
um sorriso.
Capítulo Dez
Com a venda de cavalos apenas a dois dias de distância,
havia uma agitação constante de atividades na sede do Triplo
C. Somando-se ao fluxo aparentemente constante de cavalos
indo e vindo dos celeiros para os currais de trabalho, metade
de uma dúzia de representantes dos compradores já tinha
conseguido lançar um olhar adiantado sobre os cavalos que
estavam sendo oferecidos para venda. Um casal estava
inspecionando os cavalos nos currais, mas o resto estava
espalhado ao redor dos currais de trabalho, observando os
cavalos sendo exercitados e colocados em seus ritmos.
Quando Laredo deixou o grande celeiro de madeira,
avistou um dos compradores em pé nos trilhos do longo curral
de gado, assistindo a um cavalo no trabalho de corte. No
instante em que ele conseguiu um bom olhar para o garanhão
Claybank através das lacunas nos trilhos da cerca, Laredo
adivinhou que haveria perguntas e se virou para o
representante. Ele estava certo.
— Você por acaso sabe o número do catálogo para esse
garanhão? — Perguntou o homem, logo que Laredo chegou à
cerca.
— Esse é o orgulho do rancho, — Laredo lhe disse. — você
não irá encontrá-lo no catálogo. Ele não está à venda, mas
poderá entrar em licitação.
A decepção cintilou na expressão do homem. Ele deu um
tapa no meio do trilho e fez uma volta se empurrando para
longe da cerca.
— Diga ao Calder que ele deveria mudar sua mente, sobre
a venda do garanhão, e eu tenho um comprador. E com esse
garanhão, ele pode nomear seu preço.
— Eu direi a ele, mas não prenderia a respiração. —
Laredo respondeu.
O homem foi embora, e Laredo subiu no trilho superior
para assistir o garanhão campeão no trabalho. Ele mal tinha se
estabelecido em seu poleiro quando notou o flash de cabelos
loiros e pele nua. E ficou maravilhado em particular, que o
representante tivesse notado o garanhão antes de tudo, com
Laura na sela.
O garanhão pardo chamativo se abaixou, atacando
primeiro para um lado depois para o outro para frustrar as
tentativas da vaca para se juntar à manada, exibindo toda a
agilidade e rapidez de um leão da montanha. Laura se sentou
profunda e equilibrada na sela, dando ao cavalo pistas, ciente
que ele não precisava de nenhuma.
A beleza de Laura sempre facilmente valia duas ou três
olhadas. Mas hoje era seu traje que estava atraindo os olhares
masculinos. As calças de couro marrom cobriam um par de
calças jeans apertadas, e um colete de couro combinando,
parando logo abaixo dos seios, sobre o mesmo local do top que
ela usava, mostrando sua barriga.
Deixem Laura vir para cima com um traje atraente assim,
Laredo pensou e balançou a cabeça em diversão.
Depois de conduzir a vaca quase a uma parada, Laura
freou o garanhão Claybank longe dela, deixando-a se juntar à
manada escolhida. Ela acenou vagamente para um dos
cowboys que prendiam o gado, e chamou: — Isso deve ser
suficiente.
Um cavalo e cavaleiro mudaram-se para a visão lateral de
Laredo. Ele olhou para a direita quando Trey interrompia um
potro de três anos de idade paralelo com a cerca. Laura o viu
quase no mesmo momento e rodeou.
— Você se saiu à amazona que é sua mãe. — Laredo lhe
disse quando ela parou o garanhão perto da cerca.
— Tudo o que fiz foi me sentar na sela. Esse cara fez todo
o trabalho sozinho. — Ela fez um carinho com a mão sob a
juba preta do garanhão e lhe deu um tapinha de
congratulações. — Eu juro que ninguém trabalha o gado com a
facilidade do Rei. — Ela disse usando o apelido que os
trabalhadores do rancho tinham dado ao garanhão Claybank
quando ele tinha um ano de idade.
O garanhão era a última coisa na mente de Trey. — Que
diabos você está fazendo nessa roupa, Laura? — ele demandou,
com a desaprovação vibrando em sua voz baixa. — Você parece
saída da revista Playboy.
Laura não piscou um olho. — Não seja ingênuo, Trey. —
ela repreendeu — Se eu estivesse posando para a Playboy, teria
que abandonar as calças de brim e o top, e você sabe disso.
Ao proferir a última palavra, um Land Rover chegava até
os currais. Sua atenção se voltou para ele imediatamente.
Quando um homem alto de cabelos escuros saiu do lado do
motorista, Laura se levantou nos estribos e acenou para
chamar a atenção do homem.
— Ei, Boone, — ela chamou. — encontre-me no portão.
No instante em que ela disse o nome, a compreensão
apareceu na expressão de Trey. — Eu esqueci que Crockett
viria se mostrar esta tarde. É por isso que você está vestida tão
sexy, não é?
Laura não negou enquanto balançava o garanhão distante
da grade e disparou um olhar de advertência para o irmão. —
Então me ajude Trey, se você chamá-lo de Crockett enquanto
ele estiver aqui, vou roubar todos os seus calções e deixá-lo
com apenas o de seda para usar.
Sem lhe dar uma chance de responder, ela galopou o
garanhão nas últimas jardas para o portão. Enquanto
observava Trey, Boone Rutledge balançou o portão aberto e
Laura rodou através dele, puxando para esperar até ele fechá-
lo. Ela não fez qualquer tentativa para desmontar até Boone se
mudar para a cabeça do garanhão. Trey não conseguia ouvir o
que diziam um ao outro, mas podia ver a forma como os olhos
do homem arrecadavam mais de Laura.
— Estou surpreso que sua língua não está pendurada
para fora. — Murmurou para Laredo.
— Você pode dizer isso de quase todos os homens que a
veem. — Laredo lembrou.
Com Trey olhando, Laura desmontou e conseguiu tropeçar
contra Boone e ainda fazer com que parecesse um acidente.
Mas Trey percebeu seu truque.
— Você sabe, — ele olhou para Laredo, uma raiva
entrando em sua expressão — tendo Laura como irmã torna
difícil eu confiar em qualquer coisa que uma mulher diga ou
faça.
Laredo riu, mas Trey estava falando sério.

Laura ficou contra Boone, inclinando a cabeça para trás


para olhar para cima. Consciente de suas mãos entrelaçadas
em torno de sua cintura nua, sabendo que ele estava
igualmente ciente daquilo. Ela colocou as mãos em seus braços
como se fosse empurrar para longe, em seguida, deixou-as lá
para sentir a dureza de seus bíceps.
— Eu tinha esquecido como você é forte. — Ela
murmurou.
— Engraçado. Eu não tinha esquecido como você é linda.
— Havia uma qualidade primitiva para o olhar de desejo em
seus olhos escuros.
Só por um instante, ela se apertou mais plenamente
contra ele para ter certeza que a sensação de seu corpo contra
o dele seria gravada em sua mente antes que ela recuasse. —
Eu estava começando a me perguntar, — disse Laura com um
toque de timidez — considerando o tempo que você levou para
chegar aqui.
— Então você queria que eu viesse. — afirmou Boone, com
um tipo arrogante de confiança do sexo masculino queimando
em sua expressão. — Ao telefone você não parecia tão animada
para me ver novamente.
— Uma mulher não deve parecer ansiosa, — ela lhe disse.
— não seria apropriado.
— Você não parece tão bem. — Seu olhar caiu para a
nudez de sua cintura e do umbigo que estava exposto por seu
jeans rebaixado.
Ela riu. — Isso é porque eu raramente me sinto adequada
ao seu redor. Além disso, sendo adequada pode se tornar
chato, e eu odeio ser aborrecida. — Virando as costas para ele,
Laura laçou as rédeas em todo o pescoço do garanhão e deu
um passo para a cabeça, depois olhou para Boone. — Quer
caminhar enquanto eu levo o Rei para a sua baia para tirar as
rédeas?
Boone olhou para ela com uma carranca de surpresa. —
Outra pessoa não pode levá-lo?
— No Triplo C., um cavaleiro cuida de seu próprio cavalo.
Apenas os clientes podem se safar e passá-lo para outra
pessoa. É uma regra inflexível que só pode ser quebrada em
caso de uma situação de emergência. — Laura fez uma pausa
para lhe jogar um olhar provocante. — Você achou que eu
tinha levado uma vida mimada?
— Uma mulher como você merece ser mimada.
— Cuidado. — Laura alertou levemente. — Algumas
mulheres podem confundir uma observação com uma
proposta.
— O que a faz tão certa, não é? — Boone rebateu,
avançando combinado os passos com ela quando ela saiu para
o celeiro com o garanhão.
Ela lhe deu um olhar pensativo. — Pode ser, — admitiu. —
Você parece ser do tipo impulsivo.
— E você não é?
— Oh, eu definitivamente sou impulsiva, mas nunca em
erupção.
— Há uma diferença?
— Definitivamente. — Mas Laura não se preocupou em
explicar a distinção, e escolheu mudar de assunto. — Então, o
que você acha do Triplo C.?
— É uma propagação enorme. — Não foi tanto suas
palavras como sua expressão que disse a Laura que ficara
impressionado com o pouco que tinha visto.
— Vou levá-lo em uma turnê depois que eu deixar o Rei se
estabelecer em sua baia. — disse ela. — E vou lhe mostrar os
cavalos que estarão em leilão. Esta é, afinal, a razão de você
estar aqui. — Seu olhar de soslaio o convidou a negar que a
venda de cavalos era a principal atração para ele.
Boone não a desapontou. — Foi quase a única razão.
— É bom saber disso. A propósito, — Laura disse, fazendo
outra mudança ultra rápida de assunto — Tara repassou o
convite para você e Max se juntarem a nós para o jantar
amanhã à noite?
— Sim.

Da janela de seu quarto Laura viu o Land Rover puxar


para cima na frente da Casa Grande. Mesmo antes de Boone
sair do veículo, ela sentiu o zumbido de excitação que o
acompanhava ao ser confrontado com um desafio. Ela passara
grande parte dos últimos dois dias constantemente em sua
companhia, ao seu lado, mas nunca a sós com ele. Era parte
de seu plano de estar dentro do alcance, mas fora de alcance.
Resumidamente Laura brincou com a ideia de fazer uma
entrada, então, rejeitou-a como muito dramática. Parou na
frente do espelho e distraidamente passou a mão suavemente
sobre a cintura de seu vestido azul-colorido, em seguida, deu
aos cabelos loiros um impulso para aumentar a sua plenitude e
saiu da sala correndo levemente para baixo na escadaria de
carvalho.
Quando fez sua ampla aterrissagem, a voz de seu avô
chegou para ela. — Aí está você. Eu estava prestes a gritar ao
andar de cima para avisá-la que seus convidados tinham
chegado. — Ele ficou fora das portas duplas para o escritório
com seu corpo envelhecido inclinado para um lado com o apoio
de sua bengala. — Eu pensei que você pudesse querer estar à
disposição para receber este namorado Crockett em pessoa.
Laura abriu a boca para corrigi-lo, e viu o brilho nos seus
olhos castanhos. — Honestamente, vovô, você é tão mau como
Trey, — Ela o advertiu com carinho e atravessou a sala de estar
para o seu lado.
— Você quer dizer que não é o seu nome?
— É Boone, e você sabe disso. Agora espere um pouco.
Sua gravata está torta. — Laura estendeu a mão para
centralizá-la. — E, por favor, tente estar no seu melhor
comportamento hoje à noite. Eu acho que ele pode querer se
casar comigo.
Impressionado, Chase Calder respondeu com um bufo. —
Ele certamente não é o primeiro.
— Eu sei. — Laura alisou seu colarinho. — Mas ele é o
primeiro que eu poderia considerar aceitar.
— Sério? — Ele mostrou sua surpresa.
— Sim, realmente. Então, deve ser bom.
— Eu pensei que você só o conheceu quando estava na
Europa.
Laura não se preocupou em contar o número de vezes que
ela tinha visto Boone, pela primeira vez em Roma, em seguida,
na Inglaterra e no Triplo C. — Agora, vovô, — argumentou em
seu lugar, — quando você já me conheceu por ser lenta em
decidir sobre alguma coisa? E apenas imagine o tipo de
sensação que um casamento entre os Rutledge do Texas e os
Calder de Montana faria.
Seu olhar se apertou com a raiva queimando nos poços de
seus olhos. — Eu sabia que era um erro deixar você gastar todo
esse tempo na Europa com Tara. Esse é o tipo de conversa que
você ouviu dela.
— Mas se eu não tivesse ido, talvez nunca tivesse
conhecido Boone. — respondeu Laura.
— Você o ama? — A questão beirava um desafio.
Considerando como estivera perto de cair de amores por
Sebastian, Laura não considerava o amor como a mais
confiável das emoções. Mas ela tinha há muito tempo
aprendido que onde as mulheres estavam preocupadas, seu
avô tendia a ser idealista ao invés de pragmático.
— Qualquer mulher poderia amar Boone, inclusive eu. —
Ela acreditava. Mais importante ainda, Laura estava confiante
em sua capacidade de gerenciá-lo. — Espere até você encontrá-
lo, vovô. — Ela passou um braço ao redor dele e o dirigiu para
a entrada. — Ele é um daqueles texanos grandes de altura com
um magnetismo animal potente que pode fazer o coração de
qualquer garota bater mais rápido.
Mas a sua resposta não apresentou a Chase muita paz de
espírito. Em seu modo de pensar, Laura colocava muito ênfase
nas coisas que Tara considerava importantes. E isso tendia a
colorir sua atitude para com aquele Boone Rutledge.
Chase vagamente se lembrou de ter se encontrado com
Max Rutledge antes, mas a maioria do que ele sabia sobre a
família era pela reputação. Rutledge era um nome que
carregava peso em muitos círculos. E pelo que Chase tinha
ouvido o velho não era tímido em mostrar isso. Ele era
conhecido por ser um homem de negócios impiedoso e um
chefe exigente. Sobre o filho, além de alguma conversa fiada
sobre ele ser uma decepção para o velho, Chase não sabia de
nada.
Chase olhou Boone pelo lado bom quando Laura o
apresentou. O homem era alto, tão alto quanto Trey, com um
peito, mais musculoso e de ombros largos. Tinha os traços
duros de seu pai e um olhar de masculinidade grossa que
Chase supôs que Laura tivesse escolhido chamar de
magnetismo animal. Por mais que tentasse, Chase não poderia
culpar a cortesia e respeito que Boone lhe mostrou, mas tomou
uma antipatia imediata para a forma possessiva como ele
olhava para Laura. Algo sobre ele fez suas penugens subirem
de raiva, mas não poderia colocar o dedo sobre o que era
exatamente.
Durante toda a hora social que precedeu o jantar e a
própria refeição, Chase estava intrigado com ele, contribuindo
pouco para a conversa. Uma dúzia de vezes a sua atenção se
desviou para o casal, observando os olhares inclinados de
Laura em Boone, sutilmente sugestivos e graciosos, o mesmo
tipo que Tara tinha praticado uma vez com seu filho Ty. E com
cada uma das atenções de Laura, o brilho possessivo nos olhos
de Boone ficava mais brilhante.
Ao final da refeição Chase não estava mais perto de
identificar o que o perturbava sobre Boone. Chase sabia que ele
estava ficando muito idoso, e seu discernimento não era tão
afiado como tinha sido uma vez.
Havia apenas um homem, que não fosse Laredo, em cujo
julgamento ele confiava. Chase começou a se levantar, em
seguida, se sentou em sua cadeira e fez algo que nunca teria
feito em quaisquer outras circunstâncias.
— Logan, me ajude aqui, por favor? — Disse cuidadoso
para injetar a nota de certa impaciência por sua suposta
enfermidade.
Sentado perto, Trey empurrou imediatamente a sua
própria cadeira. — Eu vou ajudá-lo, vovô.
— Não. — Chase acenou para ele. — Você leve os outros
ao escritório. Estaremos lá imediatamente. E só vou levar um
pouco mais do que vocês, jovens.
Mesmo com a ajuda de Logan, Chase agiu de forma que
eles fossem os últimos a se afastar da mesa. Não demorou
muito tempo para Logan entender suas manobras pra o atraso.
— Qual é o problema? — Logan deixou sua voz baixa para
evitar que os outros os ouvissem.
— Novo namorado de Laura. — Chase murmurou com seu
olhar seguindo o homem sair da sala à vontade com sua neta.
— A maneira como ele olha para ela.
— Você quer dizer, como se ela fosse um prêmio que ele
ganhou?
— É isso. — O nevoeiro apagando em sua mente. Não
havia calor no olhar do homem, nenhum calor ou ternura,
Chase percebeu.
— Eu não me preocuparia. — Logan lhe disse. — Se Laura
não notou, já irá perceber.
— Mas ela vai se importar?
Era uma pergunta sem resposta, e Logan não se
preocupou em tentar uma.
— Tara é a culpada por isso. — Chase resmungou,
principalmente para si próprio quando eles se arrastaram atrás
dos outros. — Na primeira vez que ela pôs os pés nesta casa,
eu deveria ter lhe mostrado a porta. Teria poupado esta família
de muita dor naquele tempo e agora.
Com Logan ao seu lado, Chase chegou ao escritório com a
bengala. Enquanto se dirigia para o seu lugar habitual atrás da
grande mesa, lançou um olhar ao redor da sala e
imediatamente notou que tanto Laura como Boone estavam
ausentes.
— Onde está a Laura? — Perguntou a ninguém em
particular.
Foi Tara quem respondeu. — Ela e Boone saíram para
apreciar o pôr do sol. — Ela colocou uma xícara de café sobre a
mesa ao lado da cadeira de rodas de Max Rutledge. — Você
gostaria de um pouco de café, Chase? Ou algo mais forte?
— Café. — Ele respondeu e continuou seu caminho em
torno da mesa.
— Aqui está, pai. — Cat tomou a xícara de café que Jessy
havia acabado de servir e levou-a para a mesa.
— Esse é o famoso mapa do Rancho Triplo C. sobre o qual
já ouvi falar? — Max apontou para o mapa em um quadro
pendurado na parede atrás da mesa. A idade havia amarelado
o fundo do mapa desenhado à mão que identificava os cursos
de água, os campos periféricos em vários pontos de referência,
bem como os limites do rancho.
Chase parou para olhar para ele. — Meu avô o desenhou
há mais de uma centena de anos atrás. As fronteiras não
mudaram mais do que algumas polegadas desde aquela época.
— Não há muitas fazendas familiares que possam se
vangloriar nestes dias. — declarou Max.
— Não é nenhuma arrogância. É um fato. — Chase se
manobrou na frente da cadeira giratória de grandes dimensões,
agarrou o braço, e se sentou no assento almofadado.
— Naturalmente. — Max assentiu brevemente em uma
espécie de pedido de desculpas respeitosa. — Eu não quis
insinuar o contrário.
— Não dê nenhuma atenção a ele, Mr. Rutledge. — Cat
sorriu carinhosamente para o pai. — Papai está ficando um
pouco irritado ultimamente.
— Ela está tentando fazer você acreditar que eu me
transformei em um bode velho e rabugento. — Chase declarou.
— Eu não estou. — Cat protestou, e viu a luz provocante
em seus olhos. — Você está impossível, pai.
— Então você me disse antes. — Sua atenção se desviou
para a janela e o casal se movendo para baixo nas escadas e
saindo na direção dos edifícios do rancho.
— Devo dizer, — Max começou, puxando o olhar de Chase
de volta para ele, — que eu nunca esperei ver um conjunto de
longhorns do Texas neste extremo norte. Isso é um par deles
pendurado acima da lareira. Quanto mede, um metro e meio de
comprimento?
— Ou mais. — Chase respondeu. — Eles vieram com o
velho boi rajado que trouxe cada rebanho Calder do norte do
Texas. O velho Capitão sempre foi uma espécie de lenda
naqueles primeiros dias do Triplo C. É bom manter um
lembrete como esse por perto.
— Eu não imagino o tanto de gente que sabe que você veio
para cá do Calder do Texas. — Max disse com aparente
ociosidade. — Na verdade, você possui um rancho perto de
Slash R., que originalmente pertencia a sua família, não é?
Chase assentiu. — Meu avô Seth Calder dirigia o lugar.
— Na próxima vez que você for lá, precisa me visitar. —
Max disse. — Dê-me uma chance de devolver um pouco de sua
hospitalidade, de um vizinho para outro.
— Agradeço o convite, — Chase reconheceu, — mas estou
velho demais para me preparar e fazer uma viagem longa como
essa.
— Eu sei o que você quer dizer. — Max passou a mão
sobre uma de suas ósseas pernas sem vida. — Viajar tem
chegado a ser mais de um calvário a cada ano que passa.
— É por isso que eu fico perto de casa. — Chase sentiu
que aquela conversa estava levando a alguma coisa; ele só não
sabia ao quê.
— Não pode ser conveniente ser um senhorio ausente,
especialmente quando há tanta distância entre os dois
ranchos. — Max observou, proporcionando a Chase sua
primeira pista sólida. — Se alguma vez você decidir vender o
Bar C., deixe-me saber. Estou interessado em comprá-lo.
— A terra Calder não está à venda. — Chase foi duro com
a sua resposta.
Max sorriu em compreensão. — Eu me sinto da mesma
maneira sobre a terra Rutledge. Só mencionei comprá-la,
porque acho que faria um presente de casamento apropriado.
— Ele deu a Chase um considerado e longo olhar. — Quase
desde o momento em que conheci sua neta, nunca fiz disso um
segredo, eu gostaria de ver meu filho se casar com ela.
Por um momento Chase olhou para o mata-borrão em sua
mesa, sorriu ironicamente, e exalou um suspiro divertido,
levantou a cabeça para encontrar um intrigado Max. — Parece
que eu lhe devo um pedido de desculpas.
— Por quê? — Max franziu a testa em confusão genuína.
— Quando você se ofereceu para comprar o Bar C., eu
pensei que eram os recursos hídricos abundantes sobre ele que
você queria. Eu não sabia que seu motivo era algo mais
pessoal. Por isso, peço desculpas, Mr. Rutledge.
— Me chame de Max, — Rutledge insistiu. — afinal de
contas, é provável que sejamos relacionados em breve.
Foi um pensamento que não agradou nem um pouco a
Chase.
Listras pinceladas de vermelho e laranja no horizonte
ocidental matizavam a parte inferior das nuvens esparsas. Uma
brisa suave se afastava do rio, a frieza de sua respiração
flutuando no rosto de Laura enquanto passeava de braço dado
com Boone em direção ao mirante pintado de branco perto da
margem do rio.
Seu olhar vagou sobre as mesas de piquenique. — O que é
isso? Seu próprio parque privado?
— Algo parecido com isso. — ela admitiu. — Como somos
situados a milhas de qualquer coisa que se assemelhe
remotamente a civilização, há pouco na forma de
entretenimento disponível. E o que existe tende a ser rústico. —
Liberando o braço, ela agarrou um poste vertical e pisou no
gazebo. — Este é o único lugar no Triplo C. que ainda é um
pouco romântico.
— E privado. — Boone pegou seu pulso e dobrou seu
braço atrás das costas para atraí-la contra ele. — Você percebe
que esta é a primeira vez que estamos sozinhos desde que eu
cheguei?
Sorrindo, Laura olhou para ele através dos topos de seus
cílios. — Não conte que isso seja duradouro. — alertou. —
Qualquer criança pode aparecer brincando de esconde-esconde
ou caçando rãs.
— Elas têm de ir para a cama em algum momento, no
entanto. Ele abaixou a cabeça e mordeu seu pescoço.
O cheiro de sua colônia girou em torno dela, forte e cítrico.
Espontaneamente veio a lembrança de como rapidamente o
tinha identificado na pele de Sebastian. E Laura sabia que não
era sensato ter pensamentos de Sebastian em sua mente
quando ela estava nos braços de Boone. Não havia escolha;
Boone teria que mudar de colônia. Laura sorriu, sabendo que
não seria tão difícil de realizar. Ela simplesmente se alistou a
ajuda de Tara em assegurar que a corrente de seu frasco fosse
acidentalmente quebrada e um diferente oferecido em seu
lugar.
— Pessoalmente, — ela se moveu sinuosamente contra ele
e deixou uma mão deslizar até seu ombro, então deslizou a
outra livre de seu aperto solta e ondulada ao redor de seu
pescoço, — eu acho que devemos fazer bom uso do pouco de
privacidade que temos agora. Até amanhã à tarde a fazenda vai
ficar cheia de pessoas. Entre a festa de amanhã à noite e o
leilão no dia seguinte, não será provável que tenhamos um
momento para nós mesmos.
Ele levantou a cabeça, os olhos escuros como um fogo
negro quando colocou as mãos em seus cabelos e seu rosto
emoldurado com eles. — Nós vamos fazer um poema. — Ele
disse com uma espécie de insistência selvagem em sua voz.
Mas Laura sabia que não iria acontecer; ela via isso. —
Vamos fazer uso desta vez. Ela aplicou pressão à parte de trás
de sua cabeça, pedindo sua boca para a dela.
A fome áspera em seu beijo foi emocionante. Laura se
entregou a ele, sem inibição, permitindo que seu corpo fosse
acordado para a carícia despertando com suas mãos nos
quadris e costas, moldando-a cada vez mais firmemente contra
ele. Ela sentiu o contorno rígido dele pressionado contra seu
estômago, a dureza do que a deixava com poucas dúvidas de
seu desejo. Mas tinha que ser mais do que apenas o desejo
sexual, algo que qualquer mulher pudesse satisfazer. Tinha
que ser mais pessoal do que aquilo.
Instintivamente, ela sabia que o casamento com Boone
nunca daria certo se acontecesse unicamente através da força
de vontade de Max. Tal evento resultaria em eventual
ressentimento dela por Boone, possivelmente, até mesmo ódio.
Ela tinha que ser o troféu que ele levava para casa, não a
mulher com quem ele tinha se casado apenas para satisfazer
seu pai.
Por mais que ela quisesse deixá-lo levá-la onde queria ir,
Laura sabia que tinha de segurar, por mais algum tempo de
qualquer maneira. Sua grande mão moldada sobre seu seio a
fez tremer com a saudade que sentia. Foi quase com alívio que
ela ouviu um sorriso manso de menino vindo de algum lugar
por perto.
Com uma relutância que não era fingida, ela se afastou de
seu beijo e disse com voz rouca: — Temos companhia.
Boone jogou um olhar irritado para os dois rapazes,
vestindo chapéus de cowboy de palha e botas e segurando
varas de pesca e uma minhoca em suas mãos.
A distração permitiu a ela a oportunidade de criar um
pouco mais de espaço entre eles. — Nós também podemos
andar para casa. — disse. — Enquanto ficarmos aqui eles
estarão observando . — Quando ele olhou para ela com uma
espécie de impaciência e raiva, ela o lembrou. — Eu avisei.
Em resposta, com os dedos cravados em seu cotovelo. —
Vamos. — Ele murmurou e a empurrou para fora do gazebo.
Capítulo Onze
Aviões particulares de turboélices, a jatos executivos,
estavam estacionados de ponta a ponta da asa, tomando cada
polegada disponível da área na frente e ao lado da pista de
pouso Calder. Além disso, grande parte do pátio do rancho
tinha sido transformado em um parque de estacionamento do
anfitrião para acomodar os que chegavam de Mercedes, BMWs,
e outros veículos, provando, se fosse necessário, que a venda
de junho tinha conseguido um comparecimento recorde.
A multidão de endinheirados flutuava entre a área de
venda no setor interior do maciço e antigo celeiro e a cintilante
tenda branca de refresco localizada fora e equipada com
circuito fechado de televisão para manter os potenciais
compradores a par dos últimos cavalos chegando para a oferta.
Max Rutledge teve sua cadeira de rodas estacionada em frente
à tela grande, com as cinzas se formando sobre o charuto
fumegante entre os dedos enquanto olhava fixamente para o
cavaleiro do cavalo atualmente no bloco.
Era uma tradição que qualquer cavalo considerado
excepcional fosse mostrado por um membro da família Calder.
Era Laura quem andava a cavalo no ringue. Eles faziam um
par atraente, o revestimento do cavalo um reluzente preto e
Laura vestida da cabeça aos pés com uma roupa quase branca
cravejada de prata e turquesa.
Max foi atingido novamente pela classe e elegância que ela
exalava, mesmo com aquelas roupas de rainha do rodeio. Ele
não conseguia olhar para ela sem pensar nos netos que ela
poderia lhe dar. Boone deslocado no lugar ao lado dele e
jogando para trás um gole de uísque aguado.
Max lhe lançou um olhar meio irritado, começou a falar,
em seguida, verificando para se certificar que não havia
ninguém por perto.
— Você está fazendo algum progresso com ela? —
Resmungou para fora de um dos lados da boca.
— Quando tenho tido a chance? — Boone murmurou de
volta para ele. — Não tive mais de cinco minutos a sós com ela
desde que chegamos aqui.
— Humm. — Max a contragosto teve de reconhecer a
verdade daquilo. — Nós vamos ter que fazer algo sobre isso. —
O martelo caiu, interrompendo a licitação no cavalo preto, e
uma dispersão dos aplausos do celeiro os alcançou. Max enfiou
o charuto entre os dentes e verificou o catálogo de vendas em
seu colo. — É melhor você chegar lá. Aquela potranca que
queremos está chegando logo após este próximo potro de um
ano.
Quando Laura montou o cavalo para fora do ringue, um
dos peões, Ken Garvey, esperou do lado de fora do portão por
ela. — Bom trabalho, — disse ele, agarrando a brida do freio. —
Ele foi por uns bons dez mil sobre a nossa estimativa de topo.
— Blackie vendeu a si mesmo. — Ela desmontou e
passou-lhe as rédeas.
— Depois que você mostrou o que ele poderia fazer. — Ele
olhou para ela com um sorriso de aprovação.
Elogios nunca foram entregues à toa no Triplo C.; tinham
de ser conquistados. Laura aceitou com um simples Obrigada,
e se dirigiu para uma das saídas laterais do celeiro.
Uma vez fora, ela fez uma pausa para puxar a aba do seu
chapéu para baixo e proteger os olhos do brilhante sol, em
seguida, se dirigiu para a tenda. Não tinha dado mais de uma
dúzia de passos quando correu para Tara.
— Esta promete ser uma das vendas mais bem sucedidas
do Triplo C, até à data. — Tara anunciou com sua expressão
incandescente.
— É, não é? — Laura concordou.
O tom de Tara virou um toque melancólico. — Eu gostaria
que seu pai estivesse aqui. Eu e ele realizamos o primeiro leilão
do Triplo C. — Ela virou um olhar amoroso sobre a estrutura
imponente. — Você deveria ter visto este velho celeiro antes de
começarmos a renová-lo. Havia um século de sujeira cobrindo
tudo. É incrível como verniz pode revelar a verdadeira beleza
daquelas velhas madeiras talhadas à mão.
— Como isso é verdade. — Era uma história que Laura
tinha ouvido inúmeras vezes no passado, mas nunca se
preocupara em se lembrar de Tara. Os leilões sempre tinham
sido um momento nostálgico para Tara, e Laura sabia que ela
era o único membro da família com quem Tara compartilhava
suas lembranças daqueles longos dias atrás.
— Seu pai e eu trabalhávamos muito bem juntos. Éramos
realmente parceiros. — Tara se lembrou um pouco distraída. —
Foi um dos meus mais felizes e gratificantes momentos. Eu
disse a Ty que estes leilões iriam se transformar em um desses
eventos que não poderiam ser perdidos. E estava certa. —
Livrando-se de suas memórias, ela se virou para Laura, os
olhos escuros brilhantes de triunfo. — Você notou? Desta vez
temos até algumas celebridades de Hollywood no atendimento?
— Eles não são difíceis de perder.
— A sua presença só vai trazer mais pessoas para o
próximo. — Tara afirmou com certeza. — Você pode sugerir a
sua mãe, antes do próximo leilão que ela entre em contato com
alguns dos agentes de publicidade para as grandes estrelas e
ver se consegue incentivá-los a participar.
— Essa é uma boa ideia. Eu vou fazer isso.
— A propósito, — disse Tara enquanto inclinava a cabeça
na direção de Laura de uma forma confiante — a multidão do
Texas esteve repleta desde que você chegou à festa ontem à
noite pelo braço de Boone. E você pode ter certeza que eles
notaram a maneira como Max praticamente adora você. Vocês
dois são definitivamente o casal do momento. No entanto, é
surpreendente, como Boone tão escuro e você tão loira, formam
um par impressionante.
— Eu suponho que somos. — Laura concordou
plenamente consciente do alvoroço que eles criaram, e a forma
como as cabeças continuavam a girar cada vez que ela estava
com Boone.
— Acredite em mim, — Tara declarou: — você estará
começando a receber uma horda de convites do Texas. Mas não
aceitaremos um único até que você tenha falado comigo. É
importante que você seja altamente seletiva sobre quais você
irá aceitar, se houver. Só vai melhorar toda a mística Calder
que está lá fora.
Laura franziu a testa. — Eu acho que não entendo seu
raciocínio.
— Querida, se você decidir se casar com Boone, as
pessoas precisam perceber que é um casamento de iguais. E
quando chegar o dia de você e Boone oferecerem uma festa,
eles irão em massa.
Era um quadro tentador que Tara pintava em sua mente.
Sem nenhum esforço, Laura podia se sentir nele. O lado prático
à tona para lembrar a Laura que falando sobre aquilo não faria
nada se tornar realidade.
— Falando de Boone, — ela começou — ele ainda está na
tenda com Max?
— Na verdade, eu só passei por ele quando ia para o
celeiro. — Tara respondeu. — Se você quiser, eu vou dizer ao
Max onde você está.
— Obrigada. — Laura disse e se afastou para refazer seus
passos para o celeiro.
A forte explosão repentina de uma buzina a deteve, sua
dureza fora de lugar em meio ao zumbido constante do leilão de
vozes. Ela lançou um olhar ao redor para identificar a fonte.
Seu olhar pousou em uma velha caminhonete azul com pintura
riscada e para-choque amassado, estacionada ao lado, longe
dos veículos caros. Ela provavelmente não teria pensado muito
sobre aquilo, exceto por ver a cabeça de uma criança na
cabine, se virando e olhando para fora da janela traseira.
Um vislumbre foi tudo que Laura teve antes que ele
desaparecesse de vista, mas ela imediatamente reconheceu o
menino do bar.
— Ei, irmã. — Try se aproximou, levando um potro Ruão
vermelho. — O que você está olhando? — Ele perguntou,
virando-se para olhar na direção.
— Você vê aquela picape? Há um menino nela. Eu juro
que é o mesmo que Mitchell estava empurrando em torno de
Harry. O que será que Mitchell está fazendo aqui?
— Acho que devemos descobrir. Com certeza ele não está
aqui para comprar cavalos. — Com os olhos apertados, Trey
vasculhou a vizinhança imediata, em seguida, voltou sua
atenção para as fileiras de carros estacionados.
Laura o avistou um instante antes de Trey. — Ali está ele.
— Ela acenou para o homem, correndo atrás do caminhão do
fornecedor estacionado ao lado de uma segunda tenda menor
usada como uma estação de preparação de alimentos. Seu traje
único, jeans desbotados e uma camisa xadrez enrugada, o
denunciavam entre os outros presentes.
— Eu o vejo. — Trey afirmou. — Parece que ele voltou para
sua picape.
— Eu me pergunto o que ele estava fazendo lá. — Laura
enviou um olhar curioso na direção da tenda do fornecedor.
Vamos saber em breve. — Trey respondeu.
Posicionados como estavam Mitchell teria de passá-los
para chegar a sua picape. Com a intenção de levar a picape
com o menino no interior do carro, o homem não percebeu Trey
e Laura que estavam a poucos metros deles. Imediatamente
desacelerou para uma caminhada, com algo quente e cauteloso
pulando em sua expressão.
— O que você está fazendo aqui, Mitchell? — Trey disse
em desafio declarado.
O homem zombou. — Se for do seu interesse.
Trey interrompeu com sua voz fria e dura. — É do nosso
intereese. Você está no Triplo C.
Mitchell fechou a boca por um longo momento, depois
apontou o polegar na direção das barracas. — Minha esposa
trabalha aqui hoje. Eu só parei para descobrir a que horas ela
estaria saindo. Agora que eu descobri, vou embora. Você está
satisfeito? — O sorriso de escárnio voltou.
— Se você estiver saindo, não vamos ficar no seu caminho.
— Trey continuou a olhá-lo com desconfiança total.
Mitchell olhou para ele por um segundo em silêncio,
lançou um olhar para Laura, e saiu. Enquanto se dirigia para
seu caminhão, Laura pegou outro vislumbre do menino que
roubava uma espiada pela janela traseira, antes que ele se
abaixasse fora da vista novamente.
— Pobre criança, — ela murmurou para Trey. — eu não
posso imaginar nada pior do que uma criança que está sendo
deixada aos cuidados de um animal como esse.
— Ei, Trey! — Alguém chamou da área do celeiro. — O
potro é o próximo.
Trey levantou a mão em resposta, recolheu as rédeas, e
agarrou a sela. — Fique de olho nele e certifique-se que
realmente saiu. — disse Laura e girou na sela.
— Vai sair. — prometeu.
Quando Trey freou o potro Ruão em direção ao celeiro,
Mitchell empurrou a porta aberta do lado do motorista do
caminhão e jogou uma olhada em Laura. Ao invés de deixar
claro que ela pretendia vigiá-lo, Laura foi em direção ao celeiro,
tendo um ângulo que manteve a picape em sua visão lateral.
A picape estalou para a vida, expelindo fumaça escura de
seu cano de escape com cada revolução do motor. Ela estava
quase no celeiro antes que ele invertesse fora do seu local de
estacionamento e fazendo em uma curva à direita apontou na
direção da Casa Grande.
Mantendo um ouvido atento ao motor em marcha lenta da
picape, Laura entrou no celeiro por uma porta lateral e
caminhou através da dispersão de potenciais compradores que
estavam ao longo da parede até chegar as portas duplas do
celeiro e as abriu. Ela ficou de lado e olhou para fora, quando a
picape rolou lentamente para frente em um caminho que o
levava excepcionalmente perto da fila de veículos estacionados.
Era óbvio para Laura que Mitchell não tinha pressa para sair, e
ela se perguntou por quê.
— Senhoras e senhores, vocês vão gostar desta próxima
potranca que temos para mostrar. — A voz de barítono do
leiloeiro chegou pelo sistema de som sofisticado que tinha sido
criado no celeiro. — Ela é uma égua Cougar's Pride de três
anos de idade, para orgulho de San Mare Peppy.
Laura olhou para o círculo de venda quando Trey entrou
sobre o cavalo e parou no centro, freando a potranca atlética
em um giro rápido e quase todos se sentaram no lugar, um
pouco mais retos. Laura sorriu, sentindo uma onda de orgulho,
tanto pelo talento do potro como pela habilidade de seu irmão
gêmeo na sela. Em seguida, mudou sua atenção de volta para
fora para verificar Mitchell.
A picape tinha parado. No mesmo instante, com o fato
registrado, Laura percebeu um pedaço fino de uma mulher
correndo em direção a ela por entre os carros. Estava vestida
com a saia e top preto e branco da equipe de restauração e
carregava um saco em suas mãos. Havia algo no olhar furtivo
quando a mulher o jogou por cima do ombro.
No momento em que alcançou a picape, ela
apressadamente passou o saco cheio através da janela aberta;
pressionando as pontas dos dedos sobre os lábios, e
transferindo o beijo para o menino no banco do passageiro,
lançou outro olhar preocupado sobre o ombro, e correu de volta
para o caminhão de restauração. Simultaneamente, a picape
rugiu para longe do local.
Foi só um palpite, mas Laura pensou que com certeza era
um precioso saco cheio de comida, sem dúvida, da mesma que
estava sendo servida na tenda do refresco. Sua boca se moveu
em um sorriso irônico quando Laura percebeu que os Mitchell
teriam muito que comer hoje à noite com a cortesia dos Calder.
Com o mistério da presença de Mitchell resolvido, ela
mudou sua atenção para o ringue de venda, onde a licitação
estava em andamento. O canto rápido e rítmico do leiloeiro
enchia o celeiro. Ela examinou a multidão e localizou Boone
que estava perto da traseira.
A licitação inicial era rápida e espirituosa quando Laura
escolheu seu caminho através da mistura de espectadores e
compradores. Um dos observadores apontou para Boone. Em
um aceno dele, o preço saltou para dois mil dólares.
— Você sabe que é um cavalo de corrida? — murmurou
Laura, quando chegou ao lado de Boone. — Eu acho que ela é o
melhor do lote.
— Meu pai concorda com você. — Ele automaticamente
curvou um braço em volta da sua cintura, em mais uma
declaração de propriedade que de afeto, e acenou com a cabeça
novamente, levantando o último lance de mais dois mil.
Ciente do conhecimento que recebera, Laura se inclinou
levemente contra ele e espalhou a palma da sua mão sobre a
frente de sua camisa e os músculos de ferro duro abaixo dela.
Ela não fez nenhum outro comentário, preferindo fingir
interesse nos lances. Quando o martelo caiu, a oferta maior era
a de Boone.
Seu sucesso trouxe uma rodada de parabéns e tapinhas
nas costas e boa sorte de pessoas próximas deles. Ele
desapareceu com a entrada do próximo cavalo no ringue de
venda.
Inclinando a cabeça para trás, Laura sorriu para Boone.
— Espero que você leia as letras miúdas no contrato de venda.
— Por quê? — A cautela saltou aos olhos.
— Em algum lugar lá, afirma que o comprador deverá
comparecer pessoalmente para pegar todo o estoque comprado.
— ela brincou. — O que significa que, se você quiser a potranca
terá que vir buscá-la.
No minuto em que ele percebeu que ela não estava falando
sério, Boone respondeu ao seu sorriso. — Eu seria capaz de
organizar essa visita. — disse e lançou um olhar para a
multidão, quase lado a lado. — Talvez não haja tantas pessoas
ao redor, então.
— Eu quase posso garantir isso. — Laura respondeu.
Outro jato privado subia no céu arroxeado do crepúsculo,
as luzes de navegação piscando, viradas para o sul. Laura
olhou preguiçosamente em sua direção, então examinou o pátio
do rancho, agora quase vazio de veículos. Os poucos que
ficaram foram agrupados principalmente em torno das
barracas. Agora que a venda terminara, começaria a limpeza.
— São os Rutledge que se foram não?
Laura se virou quando sua mãe caminhou até se juntar a
ela. — Cerca de vinte ou trinta minutos atrás, ela confirmou. —
Boone provavelmente estará de volta no final da semana para
pegar os cavalos que eles compraram.
Jessy estudou a filha com um olhar calmamente de
inspeção. — Chase me disse que você está pensando em se
casar com ele.
— É possível.
— Essa ideia é sua ou de Tara?
— Minha, é claro, embora eu não esteja surpresa que você
possa pensar de outra forma. — Laura estava muito
acostumada com a antipatia que existia entre Tara e sua mãe
para se ofender com o comentário.
— Suponho que eu esteja realmente querendo saber se
você está apaixonada por Boone ou apaixonada pelo amor que
você acha que ele possa lhe dar. — Como um, ambas viraram
na direção da Casa grande.
— Não é possível que sejam os dois ao mesmo tempo? —
Laura rebateu.
— É possível, — Jessy concordou. — mas quando você
está com ele, você não age como alguém apaixonada. Você fica
muito calma.
— Talvez eu seja como você. — Laura sugeriu. — Você não
age como uma mulher apaixonada com qualquer um. Mas eu vi
a maneira como você olha para Laredo, às vezes. E a maneira
como ele esfrega levemente suas costas quando pensa que
ninguém está olhando. Só por curiosidade, mãe, por que você
não se casou com ele?
— Não mude de assunto, Laura.
— Não se esquive da minha pergunta. Será que é porque
ele não é nada mais do que um cowboy comum e não é
particularmente bom nisso?
— Isso não tem nada a ver com seu caso. — A negação foi
rápida e decisiva.
— Então por quê?
— A decisão foi de Laredo. — Ela virou um olhar de
desafio legal sobre Laura. — Talvez você devesse perguntar a
ele.
— Perguntarei, talvez na próxima vez que o encontrar —
Respondeu ela.
Mas ela não o fez. Estava muito ocupada tramando
quando queria que fosse a próxima visita de Boone.
A bengala bateu em todo o piso de madeira e parou em
frente as portas para o escritório. Chase olhou para dentro e
viu Laredo encostado na mesa, uma perna enganchada ao
longo de um canto, enquanto Jessy se sentava atrás dele, sua
cabeça loira se inclinando sobre a pilha de cheques que estava
assinando. Colocando a bengala na frente dele, Chase
descansou ambas as mãos em cima e inclinou seu peso
considerável sobre ela.
— Quando o jantar estará pronto? — Exigiu asperamente.
Laredo se empurrou para fora da mesa e ficou ereto. —
Até onde sei, nós estamos apenas esperando Trey e Laura
descerem.
— Eles devem descer logo. — Jessy acrescentou e colocou
a caneta de lado.
— Um de vocês precisa gritar até lá e lhes dizer para agitar
uma perna. Chase se afastou e se impulsionou para a sala de
jantar com sua bengala. — Um homem pode morrer de fome
por aqui.
Laredo veio andando atrás dele. — Tão pouco como você
come, estou surpreso que você ainda saiba quando é hora das
refeições.
— Eu não posso comer muito. — Chase disse. — Mas isso
não significa que eu não fique com fome.
Ao darem a volta ao arco para a sala de jantar, o barulho
de botas correndo escada abaixo ecoou pela Casa Grande. Trey
entrou na sala de jantar no tempo em que Chase atingiu sua
cadeira na cabeceira da mesa.
Chase olhou para a porta, mas Jessy foi a única que veio
depois de Trey. — Quando Laura vem? — Ele franziu a testa.
— Melhor não esperar por ela pra jantar. — Trey puxou
sua cadeira habitual e se sentou. — Ela está ao telefone com
Crockett. Provavelmente estará em seu ouvido por mais uma
hora ainda.
— O que é isso, Trey. — Jessy murmurou à luz da
reprovação.
— É verdade. — Ele tirou o guardanapo da mesa e
colocou-o descuidadamente em seu colo. — O que você quer
apostar que vamos ter o prazer duvidoso de sua companhia
novamente neste fim de semana? Ele esteve aqui, três ou
quatro vezes desde a venda? Por minha vida, eu não entendo o
que Laura vê nele.
— Você quer dizer além do fato de ser rico e de boa
aparência? — disse Laredo.
— E cheio de arrogância do Texas. — Trey acrescentou,
seu desgosto para com o homem se mostrando. — Ou você não
percebeu o jeito que ele anda por aí como se fosse o touro da
pradaria.
— Ele parece um pouco distante, talvez seja porque você
não foi muito amigável com ele. — Jessy sugeriu.
— Eu conheci sua espécie antes. — O tom de Trey estava
seco com cinismo. — Tenho um palpite que ele se acha muito
importante e não precisa de amigos. E eu não sou o único que
pensa assim. Quint se sente da mesma maneira sobre ele.
A avaliação de Trey era a mesma que Chase
compartilhava. O que ele não gostava sobre Boone era mais
uma aura do que qualquer ação ostensiva. Agradava-lhe que
Trey tivesse percebido aquilo. Certamente não o surpreendeu
que Quint também o tivesse.
— Falando de Quint, — Jessy começou, fazendo uma
mudança diplomática do assunto — você já falou com Cat
ultimamente? Eu estava curiosa sobre como Quint está se
dando desde que voltou ao trabalho.
— Tudo bem, eu acho. — Chase respondeu. — Embora
Cat diga que ele se cansa rapidamente.
Trey sorriu. — Eu falei com ele ontem à noite. Disse que
estava ficando mais forte a cada dia. Agora que colocaram ele
em uma equipe, e se livrou das muletas, começou a usar uma
bengala, mais ou menos como você, vovô.
— Com uma diferença: ele é alguns anos mais jovem.
Eles estavam no meio da refeição quando Laura se juntou
a eles. — Desculpem o atraso. — Ofereceu em pedido de
desculpas arejadas quando deslizou em sua cadeira.
— Trey explicou que você estava ao telefone com Boone. —
Jessy disse em uma demonstração de compreensão.
— Eu estava. Então tive que chamar Tara e falar com ela.
— Sobre o que? — Foi Chase quem fez o desafio.
— Boone queria voar este fim de semana, mas ele vai estar
amarrado no rancho. Ele quer que eu voe para lá em vez disso.
— Ela pegou o prato de carne assada que Laredo lhe passava.
— Então eu tive que chamar Tara e ver se ela estaria livre para
ir comigo. Afinal de contas, não ficaria bem ficar no rancho
com Boone sem alguém para servir como dama de companhia,
e eu sabia que seria impossível para você ficar longe mãe.
— É. — confirmou Jessy, ainda irada que ela não a tivesse
solicitado em primeiro lugar. — Então, você está indo? —
Perguntou.
Laura assentiu e puxou uma fatia de carne para seu
prato. — Nós vamos sair sexta de manhã, provavelmente por
volta de dez horas, e voar de volta domingo à tarde em algum
momento.
A cadeira de rodas foi quase sem ruído, quando rolou pelo
chão de pedra da sala de estar na casa do alastramento do
rancho. Ignorando o zumbido suave de seu motor, Boone foi
até o bar, pegou um copo da prateleira, e estendeu a mão para
a garrafa de Bourbon.
— Eu ouvi o telefone tocar. — A voz de Max Rutledge
alcançando através do quarto para exigir sua atenção. — Será
que ela vem ou não?
— Ela virá. — Boone derramou uma coqueteleira cheia de
licor no copo, adicionou alguns cubos de gelo e um esguicho de
água. — Ela e Tara.
— Menina esperta. — Max disse com aprovação. — Há
alguns que iriam olhar de soslaio para uma mulher que
passasse o fim de semana aqui sozinha.
— Isso foi o que ela disse. — Boone reconheceu.
— Amanhã você vai para a cidade e lhe compre um anel.
Pegue algo grande e chamativo que ela possa mostrar, mas
nada tão comum como um diamante, a menos que você possa
encontrar um amarelo. Um diamante amarelo. — Max repetia,
aquecendo a possibilidade. — Isso é exatamente o que você
precisa para começar.
Não é apressar um pouco as coisas? — Boone rebateu. —
Eu só a conheço há um pouco mais de um mês.
— Se você não tiver conseguido fazê-la se apaixonar por
você em um mês, você nunca o conseguirá, — seus olhos
escuros se estreitaram em Boone na suspeita afiada — ou esse
é o problema? Você imagina que ela vai acabar com você?
— Eu não acho nada. — Mas, ao mesmo tempo, ele não
estava certo que ela fosse aceitá-lo, tampouco. Foi a pressão da
incerteza que fez Boone engolir um gole de Bourbon.
Capítulo Doze
O clip-clop dos cascos ferrados na pavimentação de tijolo
ecoava no silêncio da tarde inglesa. Quando um cavalariço
andou no cavalo castrado castanho até a rampa e para a van,
Sebastian trocou a nota fiscal de venda em sua mão por um
cheque do comprador. Um olhar confirmou que fora preenchido
com a quantidade correta, e Sebastian colocou-o no bolso
interno do paletó.
— Estou confiante que os cavalos vão ser montagens
adequadas para jovens pilotos, Sr. Melrose. — Sebastian
afirmou. — Eu sei que eles servirão bem aos seus sobrinhos.
— Eles são animais finos e sadios. As minhas filhas estão
excitadas para tê-los. — O homem corpulento lançou um olhar
por cima do ombro quando o cavalariço emergiu de dentro da
van para carregar o segundo cavalo. — Eu mesmo, nunca
entendi a ligação entre cavalos e raparigas, mas as minhas são
completamente doidas com eles. — Quando o segundo castrado
caminhou até a rampa, o homem tocou o chapéu para
Sebastian. — Foi um prazer fazer negócio com você, Vossa
Senhoria.
Balançando a cabeça, Sebastian murmurou uma resposta
adequada, sua atenção distraída com a abordagem de um
veículo. Rápido para reconhecer o motorista ao volante como
sua irmã, ele se virou para encontrá-la, enquanto o homem ia
ajudar o cavalariço para garantir a viagem dos cavalos na van.
Helen saiu do carro, cumprimentando-o com um sorriso
largo. — Eu estava na vizinhança e pensei em acompanhá-lo
para o chá.
— Estou feliz que você veio.
Ela lançou um olhar curioso para os cavalos na van. —
São Jaspar e Big Mike lá?
— É isto. — Sebastian abriu a porta para ela.
Helen entrou e esperou por ele, sua expressão perplexa e
um pouco incerta. — Você vai vendê-los?
— Para o Sr. Melrose. — Confirmou e liderou o caminho
em direção à biblioteca. — Parece que suas filhas gêmeas
superaram seus pôneis.
— Eu não tinha idéia que você estava pensando em vendê-
los.
— Devido às circunstâncias, um estábulo de seis cavalo é
um luxo que não posso pagar. — Ao entrar na biblioteca, foi até
a mesa e tocou para a cozinha. — Informe Grizwold que haverá
dois para o chá. Estamos na biblioteca.
— Espero que você tenha recebido um bom preço por eles.
— Helen se sentou em uma das cadeiras estofadas e enrolou as
pernas por baixo, sentindo-se em casa.
— A soma é mais do que suficiente para financiar uma
viagem através do mar. — Sebastian respondeu.
Levou um momento para o significado de sua declaração
ser registrada. — Você vai até lá para vê-la? — Helen
perguntou como se nada muito certo estivesse em sua razão.
— Se eu não fizer isso, nunca vou saber o que poderia ter
acontecido se eu não tivesse feito mais uma tentativa de
conquistá-la.
Sua expressão era séria demais para Helen duvidar da
verdade em suas palavras. Nem tinha de dizer o nome de
Laura; ambos sabiam a quem ele estava se referindo. A mera
referência à Laura levou Helen a olhar para a parede onde
pendurara o retrato. Mas o espaço estava em branco.
Seu olhar voou para Sebastian. — O que você fez com o
retrato de Lady Crawford?
— Assim que Melrose concordou em comprar os cavalos,
eu fiz Grizwold levá-lo para baixo e encaixá-lo para o
embarque.
— Você está levando isso para a América com você?
— Eu pensei que poderia fazer uma oferta de paz útil. —
Sua boca se curvou em uma tentativa de um sorriso.
Helen viu através dele. — Você realmente se importa com
ela, não é?
— Eu devo. Tem sido impossível tirá-la da minha mente.
— O retrato era apenas um lembrete de Laura. — Sebastian
sabia que havia alguns quartos em Crawford Hall que ele não
poderia entrar sem ver Laura neles.

Logan entrou no pátio do rancho e foi direto para a Casa


Grande. Um carro estava estacionado em frente a ela. Não
havia nada de incomum naquilo, mas o sedan compacto não
era um que ele reconhecesse como sendo da área. Quando
parou ao lado dele, Logan automaticamente olhou para a placa
de licença e viu que era de aluguel.
Era um hábito se interessar por qualquer estrangeiro, e
sua atenção rapidamente se deslocou para o homem de pé
perto do alto dos degraus da varanda. Alto, e bem vestido com
uma jaqueta esporte e calças, ele parecia ter cerca de trinta
anos. Seu chapéu distintamente cobria a cabeça, e usava
sapatos, e não botas de cowboy. Magro de rosto e pele clara,
tinha um toque de vermelho em seus cabelos castanhos claros.
Logan saiu do jipe Cherokee e se aproximou dos degraus.
— Boa tarde.
— Boa tarde. — Respondeu o homem com um sotaque
britânico, em seguida, olhou na direção da porta da frente. —
Parece que ninguém está na casa. Eu bati, mas não houve
resposta.
— Ninguém bate à porta do Triplo C. — Logan fez um
gesto em direção à porta convidando-o. — Eles simplesmente
entram. — Ele continuou com ele até a porta.
— Sem aviso prévio? — O homem questionou.
— Exato. — Logan abriu-a e sorriu, esperando o homem
para se juntar a ele. — Só os estranhos batem.
Um sorriso irônico curvou a boca do homem quando ele
cruzou para a porta. — Então deve ser óbvio para você que sou
um estranho aqui.
— É. — Logan confirmou facilmente e o seguiu até a casa.
— A propósito, meu nome é Logan Echohawk.
— Você é o xerife, não é? — O homem o olhou com um
novo interesse. — Laura mencionou você.
— Você é um amigo de Laura?
— Nós nos conhecemos em Roma.
Ao ouvir o baque familiar de uma bengala, Logan se virou
quando Chase chegou à vista. — Ah, é você, Logan. Eu pensei
ter ouvido vozes. — Disse ele, em vez de uma saudação. Ele
começou a se virar, em seguida, fez uma pausa para olhar
fixamente para o estranho. — Quem está com você?
— Um amigo de Laura. — Logan respondeu. — Jessy está
aqui?
— No escritório. — Chase balançava a cabeça em sua
direção. — Por quê? O que foi?
— Parece que temos alguns ladrões que trabalham na
área. Miller tem cerca de dez cabeças de gado faltando em seu
pasto oeste, e uma caminhonete preta com um reboque torto e
placas de Wyoming foi vista na área. — Logan explicou
consciente que, apesar de Jessy estar tecnicamente no
comando da operação, Chase gostava de saber tudo o que se
passava. — Eu pensei que seria melhor passar a palavra para
que você e seu povo possa manter um olhar atento.
Chase assentiu com a cabeça e fez um som sem palavras
de aprovação, em seguida, disparou um olhar para o estranho.
— Se você está aqui para ver Laura, você está sem sorte. Ela
saiu ontem.
— Entendo. — A resposta foi claramente de um homem
que não tinha previsto. Depois de uma pausa momentânea, ele
perguntou: — Quando você antecipa que ela vai voltar?
Chase tratou-o com um olhar duro, em seguida, se virou,
apoiando-se pesadamente em sua bengala, e gritou: — Jessy!
Venha aqui um minuto. — No minuto em ela que saiu do
escritório, Chase acenou com a mão para o estranho. — Há um
jovem aqui que quer saber quando Laura estará de volta. Eu
não consigo lembrar o que ela nos disse.
— Ela disse que estaria voando de volta amanhã à tarde.
— Jessy dirigiu sua resposta para o homem e deu um passo
adiante, estendendo-lhe a mão em saudação. — Eu não
acredito que nós já nos conhecemos. Eu sou a mãe de Laura,
Jessy Calder.
— Sebastian Dunshill. É um prazer conhecê-la, Sra.
Calder. — Ele agarrou a mão dela e se inclinou ligeiramente na
cintura.
— Dunshill. — Jessy repetiu com reconhecimento. — Você
deve ser o atual conde de Crawford. Laura contou-nos sobre a
visita à sua casa na Inglaterra. Eu penso que ela não
mencionou que você poderia estar chegando.
— Ela não sabia. Eu queria que fosse uma surpresa. —
Ele sorriu com um toque de humor depreciativo. — Mas parece
que eu sou o único que está surpreso. Deveria saber que Laura
teria dificuldade para permanecer em um só lugar por muito
tempo.
Chase estudou-o com atenção afiada. — Você parece saber
muito bem sobre a minha neta.
— Bem o suficiente para saber que ela gosta de lugares
que são alegres e cheios. Não quero ofender, mas pelo pouco
que vi de Montana, não é nenhum dos dois.
— Não me ofendeu. — Um sorriso se aprofundou nos
cantos da boca de Chase.
— É claro que você tem assuntos importantes para
discutir. — Sebastian disse com um olhar para Logan. —
Então, eu não tomarei mais do seu tempo. Se você puder talvez
indicar-me um lugar próximo onde eu possa encontrar
hospedagem adequada, vou estar no meu caminho.
Chase não pensou duas vezes. — O lugar mais adequado e
certo é aqui no Triplo C.
Houve uma pequena hesitação durante a qual Sebastian
pareceu considerar algo mais do que o convite. — Por mais que
eu quisesse aceitar sua oferta de hospitalidade, há algumas
coisas que você deve saber, e eu preferiria que as ouvisse de
mim.
Chase estudou-o com uma atenção constante e próxima.
— Parece que isso poderia envolver algumas conversas
pesadas. Por que não podemos ir ao escritório e nos
sentarmos? — Ele começou a liderar o caminho, então parou.
— Seu negócio não é tão urgente que não possa esperar, é isso,
Logan?
— Não. Eu já disse a maioria do que vim aqui para dizer
de qualquer maneira.
— Bom. Vamos. — Empurrando com a bengala, Chase se
dirigiu para o escritório.

Relâmpagos de calor brilhavam no leste, enquanto o céu


do Texas acima brilhava com as estrelas. O ar da noite tinha
uma sensualidade que Laura sentia adicionado à sua languidez
quando estava solta dentro do círculo dos braços de Boone e
olhava para as sombras espessas da terra.
A casa baixa do rancho estava construída no espaço atrás
deles, com suas grossas paredes e beirais largos projetados
para afastar o calor do verão escaldante. A luz se derramava de
algumas de suas janelas para o pátio amplo, mas nenhuma
chegava à esquina ocupada por ela e Boone.
— Eu amo as noites de verão preguiçosas como esta. —
Laura murmurou candidamente, apertando o envoltório de
seus braços ao redor da sua cintura. Seu olhar vagueou para a
superfície cintilante da piscina. — Se eu não estivesse tão
completa do jantar, iria mudar minha roupa e dar um
mergulho na piscina.
Boone enterrou um beijo em seus cabelos. — Tenho uma
ideia melhor. — Suas mãos se deslocaram para os lados de sua
cintura e a virou para encará-lo.
Laura deixou as mãos deslizar para o topo de seus ombros
e inclinou a cabeça para um lado em uma pose sedutora. — E
o que poderia ser?
Ela tinha perdido o toque de sua mão direita até que ele
estivesse lá na frente dela. Mas não foi a sua mão que capturou
sua atenção; foi a pequena caixa de veludo que detinha. Ela
olhou fixamente para ele, consciente do salto exultante de seu
coração.
— O que é isso? — Laura fingiu ignorância até quando sua
atitude lhe disse que a caixa de joias deveria conter um anel.
— Abra-a. — Boone instruiu.
Cuidando para não permitir mais espaço entre eles do que
o necessário, ela pegou a caixa e abriu. Não havia nada sobre
ela falsificando sua respiração acentuadamente intensa de
surpresa quando Laura teve seu primeiro vislumbre do anel.
Era um diamante marquise de corte, o mesmo puro amarelo
como o sol do Texas, e tão grande e brilhante, situado numa
montagem de platina.
— Case-se comigo Laura. — Suas palavras tinham mais o
tom de demanda do que uma proposta.
Mais do que qualquer coisa, ela queria deslizar o anel no
dedo e ver como ficaria em sua mão. Mas Laura sabia que não
era o momento para parecer muito ansiosa. Em vez disso,
olhou para ele com olhos curiosos. — Você tem certeza, Boone?
— Eu nunca tive mais certeza de nada na minha vida. —
O calor da necessidade estava em sua voz e no brilho
possessivo de seus olhos.
Nesse caso, a minha resposta é sim. — Ela pegou o anel e
mergulhou-o em seu dedo. O ajuste foi perfeito, e o olhar dele
foi impressionante, assim como ela sabia que seria.
— Laura Rutledge. — disse ela, como se estivesse
tentando gravar o nome, então declarado com sentimento. —
Eu definitivamente gosto do som disso.
Boone não se incomodou com as palavras para fazer seus
sentimentos conhecidos quando a boca dela chegou. Laura
congratulou-se com o esmagamento de seus braços e retornou
o calor de seu beijo, por enquanto, não segurando nada de
volta.
A luz do sol da tarde brilhava no anel quando Laura
correu levemente acima dos degraus dianteiros da Casa
Grande, ainda montando em um sentimento triunfante. Ela
poupou um olhar para trás em Tara, que a seguia mais
lentamente.
— Há tanta coisa para fazer, minha cabeça está girando só
de pensar nisso tudo. — Laura disse com uma nota fascinada.
— Você tem que começar com onde e quando. — Tara
respondeu, já prática.
— Mas isso é apenas a ponta do iceberg. — Laura foi até a
porta da frente.
— Você realmente precisa trazer um consultor de
casamento a bordo. — Tara lhe disse.
— Quanto mais cedo melhor. — Laura concordou e abriu
a porta. — Será que você consegue os nomes de alguns para
mim?
— Claro.
Uma vez dentro da porta de entrada, Laura colocou sua
pequena bagagem de mão no chão e chamou: — Olá! Onde está
todo mundo?
A resposta veio de sua mãe. — Estamos na sala de estar.
Ansiosa para compartilhar suas notícias, Laura desceu do
amplo salão à sala de estar. Seu olhar de olhos brilhantes fez
uma varredura de sua mãe, avô, e Laredo, todos sentados na
sala. Ela parou quando viu o homem de pé ao lado da lareira
que não era seu irmão.
— Sebastian! — Laura disse o nome dele em uma
respiração, suave e quente.
Mas foi o olhar brilhando em seus olhos, completamente
incalculável, que prendeu e segurou a atenção de Jessy,
embora naquele momento de surpresa a reação espontânea
completa não durou muito.
— Olá, Laura! Surpresa em me ver?
No instante em que Sebastian falou com um sorriso cheio
de charme sedutor os lábios de Laura se curvaram. — Fiquei
surpresa e satisfeita. — Laura declarou, movendo-se em
direção a ele. — E o seu tempo não poderia ter sido melhor.
Agora você pode participar da festa. Parabéns estão em ordem.
— Ela levantou a mão esquerda e balançou o dedo anelar para
ele, deixando o diamante amarelo pegar fogo na luz da sala de
estar.
A estimativa de Jessy sobre o jovem inglês subiu um
degrau quando ele olhou para o anel e não virou um fio de
cabelo. — Eu acho que vou perguntar quem é o sujeito de
sorte?
— Boone, é claro. — Laura se voltou para Jessy, mas
Jessy descobriu que era impossível dizer se a emoção na
expressão de sua filha era genuína. — Ele me perguntou ontem
à noite. Se não fosse tão tarde, eu teria chamado você. Então,
esta manhã, eu decidi que seria muito melhor dar a notícia
pessoalmente. Você já viu tal pedra? — Ela cruzou até a
cadeira de Jessy para lhe permitir um olhar em close no anel.
Chase se inclinou para vê-lo. — É amarelo. — observou
secamente. — Isso por cautela?
— Bem dito. — Sebastian respondeu. Mas Laura o ignorou
quando ela deu ao seu avô um olhar de censura.
— Vovô, — Laura disse em um tom de indulgente
reprovação. — é amarelo para a felicidade.
— E quando será o casamento? — Sebastian perguntou.
— Nós não definimos a data ainda. — Laura respondeu
facilmente.
— Mas será em breve. — Tara inseriu com certeza. —
Boone deixou claro que ele não é a favor de um noivado longo.
Sebastian simplesmente sorriu. — É um ponto de vista
compartilhado pela maioria dos homens, ouso dizer.
— Onde está Trey? — Laura perguntou, e levantou a mão
para afastar quaisquer respostas. — Eu esqueci. Ele me disse
que estaria em um rodeio de laço em algum lugar neste fim de
semana. Acho que ele só vai chegar à casa depois do pôr do sol.
— A abertura da porta da frente foi acompanhada por um
baque duro. Laura olhou em sua direção. — Esse deve ser
Vince. Ele disse que ia trazer minha bagagem do avião. — Seu
olhar correu para Sebastian em desafio. — Em vez de ficar ai
olhando como uma decoração poderia ser útil e carregá-las ao
andar de cima para mim. Eu vou lhe mostrar o caminho.
Vamos lá.
Jessy não pôde deixar de notar que Tara não parecia nada
feliz quando os dois refizeram os passos de Laura juntos, para
a entrada. Ela não estava surpresa por Tara desaprovar o fato
de Laura se associar a um homem que tinha pouco dinheiro.
Pessoalmente, Jessy tinha suas próprias reservas sobre
Sebastian Dunshill, mas sua falta de riqueza não era uma
delas.
— Um casamento aqui no Triplo C., não seria
maravilhoso? — Tara declarou. — Claro, mas Laura não disse
que ela quer aqui, embora eu tenha certeza que vai querer.
Naturalmente, teria que ser um caso ao ar livre para acomodar
todas as pessoas que virão. Não seria maravilhoso ter a
cerimônia na varanda?
— Muito adorável. — Jessy concordou. — Embora possa
ser um pouco difícil ter pessoas na encosta.
— Eu não tinha pensado nisso. — Tara apareceu para dar
ao assunto algum pensamento, mas Jessy notou a forma como
sua atenção se desviou de forma encoberta para Laura e
Sebastian quando começaram a subir a escadaria de carvalho.
— Talvez algo no gramado. Seria simples o suficiente para
trazer belos pavilhões brancos, ou mesmo alguns pilares para
ecoar à frente da casa. — No momento em que o casal chegou
ao topo das escadas, Tara se inclinou para frente e baixou a
voz para um nível secreto. — Há algo sobre Sebastian que você
realmente precisa saber.
Jessy não lhe deu a chance de dizer mais. — Se você está
se referindo aos seus atuais problemas financeiros, já sabemos.
Ele nos disse.
— Como ele é inteligente. — Mas havia desprezo na voz de
Tara. Ela alisou os tecidos da sua saia. — Estou surpresa por
você permitir que ele ficasse. É óbvio que o seu principal
interesse está na conta bancária de Laura. Você deveria ter
ordenado a saída do rancho no minuto em que chegou. Ele não
é nada, mais que um caçador de fortunas.
Chase fez um pequeno som bufando. — Se tivéssemos
feito isso com todos cujos motivos ou sinceridade
duvidássemos, seus pés não teriam cruzado o nosso portal há
anos.
Tara ergueu o queixo em um ângulo combativo. — Minha
preocupação é estritamente com Laura, e particularmente não
me importo se você acredite ou não.
— Tenho certeza que você acredita, — disse Jessy. — mas
isso não importa realmente. Sebastian veio aqui para ver
Laura. Se ela quer que ele saia, poderá dizer isso a ele.

Ao entrar no quarto, Laura apontou para a frente curva da


cômoda de nogueira, com um movimento da cabeça. — Você
pode colocá-las no chão por lá, — Disse a Sebastian.
Sua bagagem consistia em não mais do que uma mala de
roupas e uma sacola para um fim de semana curto. Ele colocou
a mala no chão e colocou a bolsa sobre ela, em seguida, se
virou para ela com expectativa.
Seu olhar era vivo em cima dela, convincente em seu
calor. O espaçoso e grande quarto de repente parecia pequeno
com ele dentro. Mas Laura sabia que era puramente sua
própria reação a ele, o avivamento de todos os seus sentidos e o
leve tom de excitação que percorria todos os nervos.
— O quê? Nenhuma dica? — Ele sorriu com os olhos.
— Desde quando um cavalheiro espera uma dica para
ajudar uma senhora? — Laura rebateu, combinando a leveza
de seu tom de voz, mesmo quando seu olhar vagou sobre suas
magras características suaves. Laura lembrou-se de cada
detalhe de seu rosto, incluindo a dispersão das sardas marrom
pálidas. Ela se virou um pouco séria. — Fiquei surpresa ao vê-
lo quando entrei hoje. Ao mesmo tempo, porém, eu acho que
sempre soube que você iria aparecer mais cedo ou mais tarde.
— O que fez você ter tanta certeza disso? — Seu olhar
parecia mergulhar para o significado mais profundo por trás de
suas palavras.
— Sob as circunstâncias, você não poderia ter recursos
para não vir, não é? — Laura zombou sem um pingo de
malícia, em seguida, fez um pouco de arrependimento
simulado. — Que pena que você chegou tarde demais.
— O que faz você pensar que seja tarde demais?
Certamente você não acredita que a pedra berrante em seu
dedo muda tudo, não é? — Sebastian respondeu com diversão.
— Você sabe tão bem quanto eu que o anel pode sair tão
facilmente como entrou.
Ela riu em sua garganta. — Pode, mas não vai.
— Você realmente não espera que eu acredite que esteja
apaixonada por ele, não é? — O ceticismo crivado em sua voz.
— Eu vou me casar com Boone, não vou? — Laura
fundamentou, e estalou os dedos em uma mostra exagerada de
quem entendia a realização. — Isso é certo. Eu esqueci. Você
não considera o amor como uma parte essencial do casamento,
não é?
— Deveria ser um golpe ou meramente um movimento de
faca? — Sebastian sorriu, como para mostrar que ela não tinha
tirado nenhum sangue dele.
— Não é nada mais que a verdade. — Laura respondeu
facilmente. — Você está desperdiçando seu tempo, Sebastian, e
você tem muito pouco dele para o desperdiçar.
Ele inclinou um quadril contra a cômoda e cruzou os
braços em sua frente. — Eu não vejo isso dessa forma.
— Faça como quiser. — Ela levantou os ombros num
encolher indiferente.
— Ah, é aí que reside o problema. — Ele balançou
levemente um dedo para ela quando se afastou da cômoda.
Com uma facilidade negligente, eliminou a maior parte do
espaço entre eles. — Ninguém me serve, assim como você faz.
— As pontas dos dedos tocaram levemente a parte inferior de
sua mandíbula, como para inclinar o rosto para ele.
— Eu acredito em você, — disse Laura, consciente de
todas as agitações materiais em seu interior. — mas isso não
muda nada. Eu ainda vou me casar com Boone.
— Então você disse antes. — A mão dele caía em sua
garganta, tocá-la sem muito toque, mesmo quando a boca se
mudou inexoravelmente para mais perto dela.
Quando Laura se debateu a se permitir que Sebastian a
beijasse, a decisão foi removida de suas mãos por convocação
da voz de Tara. — Laura!
— Boa tentativa. — Laura disse para Sebastian e se
afastou, o riso dançando em seus olhos quando se virou para a
porta. Saindo do quarto, foi até o topo da escada. — Você me
chamou, Tara?
— Eu gostaria de ter uma palavra rápida com você antes
de sair. — Ela estava junto ao poste do pilar baixo, olhando
para cima. — Você se importaria de caminhar até a porta?
— Nem um pouco, — Laura respondeu, consciente de
Sebastian saindo do quarto atrás dela. — Então, obrigada por
carregar minha bagagem. — Disse para Sebastian, jogando as
palavras por cima do ombro, e correndo levemente para baixo
nas escadas para se juntar a Tara.
No instante em que seu pé esquerdo no último degrau,
bateu fora para o hall de entrada, ignorou a sonda afiada do
olhar de Tara. Laura sabia exatamente o que Tara queria
discutir, e não era o casamento.
Tara não perdeu tempo para chegar ao ponto. — Você
precisa enviar o homem em seu caminho, Laura. Quanto mais
cedo melhor. Sua voz era dura com a demanda, e havia um
estalo com raiva em seus olhos escuros.
— Por quê? Ele não é uma ameaça. — Laura sorriu com
confiança. — Eu conheço o seu jogo.
— Talvez você conheça, — Tara admitiu friamente. — Mas
eu aviso, Boone é do tipo ciumento. Ficará furioso se descobrir
que ele está aqui.
Laura se arrepiou interiormente. — Então ele vai ter que
superar isso, não vai?
— Essa não é uma atitude sábia para tomar.
— Talvez não. — Laura concordou, embora com
relutância. — Ao mesmo tempo, eu não vejo por que você está
fazendo um grande barulho sobre Sebastian estar aqui. Ele não
vai ficar muito tempo, não agora que ele sabe que está
completamente fora da corrida. — Ela mostrou o anel de
noivado como um lembrete para Tara. — Que escolha ele tem,
além de encaminhar os passos para a conta bancária de outra
mulher?
— Verdade, mas ele é um sedutor. — Tara acrescentou
quase como um aviso.
— Não se preocupe, — Laura assegurou — eu posso fazê-
lo de bobo, mas ele nunca vai fazer uma tola de mim. — No que
lhe dizia respeito, encerrou o assunto. — Não se esqueça de me
ligar assim que você tiver os nomes de alguns coordenadores
de casamento.
— Eu vou pegá-los, assim que chegar em casa. — Tara
prometeu.
Capítulo Treze
O sol amarelo assentava-se no alto do céu de verão,
jogando seu brilho sobre a grande terra. Com um copo de café
na mão, Laura vagou para a varanda da frente, com cuidado
para ficar dentro da sombra de seu telhado e evitar o brilho
cheio do sol. Seu olhar percorreu o pátio do rancho, em busca
de todos e de cada área de atividade, mas a àquela hora tardia
da manhã, havia pouco a ser encontrado.
Quase tardiamente ela se deu conta de uma figura em sua
visão lateral. Laura se virou e sorriu quando viu seu avô
sentado em uma das cadeiras de balanço de madeira, de olhos
fechados e queixo enterrado no peito.
Ela caminhou até a cadeira de balanço e deu um beijo
rápido em cima de sua cabeça cinza. — Bom dia, vovô.
Ele começou a despertar e piscou, e rapidamente passou a
mão na boca como se quisesse se livrar de quaisquer babas
inadvertidas. Jogou uma olhada rápida de identificação para
ela. — É você? — Disse ele, e olhou para o copo de café na
mão. — Você acabou de se levantar?
— Mais ou menos. — Laura admitiu e novamente deixou
sua atenção vagar para o pátio do rancho. — Onde está todo
mundo?
— Sua mãe está no escritório do rancho, e Laredo disse
que iria para o acampamento do sul esta manhã. Trey foi com o
médico ver um par de bois no pasto casa. — Havia um traço de
humor malicioso no olhar de soslaio que ele lhe enviou. — Ou
você está perguntando sobre o inglês?
— Como se você não soubesse.
— Ele andava junto com Trey. Eu não imagino que ele
teria ido se você tivesse se levantado em uma hora decente.
— Você sabe que eu nunca fui uma pessoa da manhã,
vovô. — Laura levou o copo à boca e respirou o aroma
perfumado do café antes de tomar um gole dele. Ao mesmo
tempo, manteve um relógio secreto na direção do pasto
doméstico, assim chamado por sua proximidade com a Casa
Grande. — Há quanto tempo eles saíram?
— Um par de horas, talvez mais. Você pode apostar que
Trey estará de volta no tempo para o almoço.
— Nesse caso, eu vou sentir falta deles. — Laura disse
com um toque de pesar.
Seu comentário provocou uma carranca de Chase. — Por
quê?
— Allie quer me levar para a cidade. De acordo com o
telégrafo do intervalo de confiança, Fedderson recebeu um lote
de morangos frescos esta manhã, e Allie quer algum para a
sobremesa esta noite. — Laura explicou, referindo-se à mulher
que cozinhava na Casa Grande, durante os últimos dez anos.
— Eu me ofereci para ir depois do almoço, mas ela está
preocupada que eles vão ser vendidos até então. Eu ia
perguntar a Sebastian se ele queria andar comigo, e nós
poderíamos fazer um lanche no Harry.
— Se ele estivesse aqui, eu lhe garanto que ele iria saltar
sobre essa chance. — Chase observou secamente.
Provavelmente. — Ela tomou outro gole ocioso de seu café.
— Você sabe que Sebastian está muito ansioso para colocar as
mãos no meu dinheiro?
— Eu sei. — Chase balançou a cabeça e lançou um olhar
enviesado para ela. — A julgar pela forma como ele olha para
você, eu acho que ele gostaria de ter suas mãos em você
também.
Laura estalou a língua no desânimo simulado. — Você não
deve pensar essas coisas, vovô.
— Eu posso ser idoso, mas eu não estou morto. — Ele
retrucou.
Ela riu. — Espero que não.
Mas Chase não escolheu se desviar do seu comentário: —
Tenho a impressão que você pode ter alguns sentimentos por
este inglês. Caso contrário, sabe o que teria feito com ele? Já
teria lhe mostrado a porta.
Laura armou os ombros para frente em um encolher
indiferente. — Se Sebastian optar por ficar, sabendo que vou
me casar com Boone, é seu tempo que ele está perdendo.
— Isso me lembra, — disse Chase. — Crockett chamou
mais cedo esta manhã. Ele disse que ia tentar falar com você
hoje à noite em algum momento.
— Você pode muito bem desistir, vovô. Você não vai me
irritar mais, chamando-o de Crockett. — Um trio de cavaleiros
se aproximava do portão do pasto. Laura foi até a beira da
varanda, colocou dois dedos na boca e assobiou
estridentemente. Trey respondeu com uma onda reconhecendo
e balançou o portão do curral, segurando-o aberto para os
outros dois, então manobrou e fechou.
Um cavaleiro se separou seguindo para os currais,
enquanto Trey e o segundo homem ramificaram-se em direção
a Casa Grande. Laura observava a abordagem em um trote
firme, sua atenção centrada em Sebastian. O chapéu de palha
Resistol assentado em cima de sua cabeça, com a borda
protegendo seu rosto. Ele usava um par de jeans desbotados e
uma camisa azul clara. De longe, poderia ter passado por um
dos cavaleiros do rancho, mas as botas de montaria davam-lhe
a diferença.
Quando o par freou perto dos degraus da frente, Laura
declarou: — Você quase parece um cowboy na sela, Sebastian.
— Se eu o faço, o crédito pertence ao seu irmão. — ele
respondeu. — Ele me informou que se me pegasse errando o
trote, suas palavras, iria me nocautear da sela direto para o
reino unido.
— Trey! — Laura estava muito atordoada por sua
grosseria com um convidado para fazer mais do que olhar para
o seu irmão.
— Bom Deus, Laura, uma coisa é você fazer isso, mas se
ele começasse a saltar para cima e para baixo, você sabe todos
os outros caras olhariam para ele de lado todo o tempo em que
ele estiver aqui. — Trey disse com força.
Sebastian esclareceu. — Quando no Ocidente, faça como
os ocidentais fazem. Claro, eu também não sabia como poderia
ser longe o reino, e tinha certeza que não queria descobrir.
Como sempre, a secura de seu humor fez Laura rir. —
Estou feliz por você estar de volta sem faltar uma única peça.
Eu tenho que ir para a cidade. Quer ir junto e ver com o que
uma das nossas aldeias ocidentais parece?
— É quase hora do almoço. — Trey disse em protesto.
— Nós podemos fazer um lanche no Harry. A comida não
vai ser tão boa quanto a que Allie vai colocar sobre a mesa,
mas vai dar. — Laura respondeu e olhou para Sebastian. — O
que você diz? Você vem ou não?
— Depois de me defrontar com um boi, eu vou precisar me
lavar um pouco.
— Não tem problema, — disse ela. — eu ainda tenho que
pegar minha bolsa e as chaves da picape.
— Eu vou cuidar do seu cavalo. — Trey ofereceu. — Você
vai lá dentro se lavar. Sabendo que Laura estará apta para sair
sem você.
— Só se ele perder tempo. — Laura brincou enquanto
Sebastian balançou fora da sela e entregou as rédeas do cavalo
ao Trey.
— Eu tenho sido acusado de muitas coisas, mas nunca de
vadiagem. — Sebastian combateu quando subiu os degraus.
— Há sempre uma primeira vez para tudo. — Laura
respondeu e se dirigiu para a porta.
Depois que ela se fechou atrás deles, Chase disparou um
olhar para Trey. — Será que ele realmente se emaranhou com
um boi?
— Eu acho que você poderia dizer isso. Depois que
deitamos o boi, ele se sentou em seu pescoço para segurá-lo
enquanto Baker e eu medicamos o corte em seu quadril. Pelo
menos ele se armou para ajudar, o que é mais do que eu posso
dizer sobre Crockett. —Puxando os cavalos, Trey afastou da
casa e partiu para os celeiros.

A sombra corria ao lado da picape quando ela acelerou ao


longo da rodovia. Em ambos os lados dela a terra estava
revolvida e se estendia de horizonte azul para azul horizonte.
Laura tirou os olhos da estrada o tempo suficiente para
passar o olhar sobre o perfil de Sebastian. — Você está
estranhamente quieto.
— Suspeito que esta terra é também culpada. — Disse ele
com um sorriso ausente. — Ela dá uma nova apreciação para a
frase banal: grandes espaços abertos.
— Eu suponho. — Ela olhou ao redor, tentando vê-lo com
seus olhos. — Lembro-me de meus avós uma vez, dizendo: —
Esta terra faz um homem pequeno menor e um homem grande
rei.
— Eu suspeito que seu avô olhasse cada polegada do
gado, no seu tempo. — Havia uma nota subjacente de
admiração e respeito em sua voz. O som dele aquecia algo
profundo dentro de Laura e trouxe uma leve onda de orgulho.
— A partir das histórias que eu ouvi, ele não era um
homem confuso com isso. — disse ela.
— Ouso dizer que ele ainda não é.
Na distância as proporções de Blue Moon apenas se
projetavam à vista. — A cidade está à frente de nós, tal como
ela é. — Laura disse. — Quando eu estava crescendo, era um
lugar animado. Mas isso era quando a mina estava em pleno
funcionamento.
— A mina? De que tipo?
— O carvão. Há toneladas no subterrâneo. Eu posso levá-
lo para uma meia dúzia de lugares no Triplo C., onde estão
expostos. De volta aos velhos dias era praticamente o único
combustível que tinham para aquecer suas casas, com exceção
dos chips de vaca, é claro.
— E o que poderia ser chips de vaca?
Laura sorriu para o olhar perplexo de Sebastian. —
Estrume.
Suas sobrancelhas reagiram instantaneamente. — De fato,
a queima de carvão é infinitamente preferível à queima de
esterco para o aquecimento. — Quando eles se aproximaram
dos arredores da cidade, Laura reduziu a velocidade da picape,
e Sebastian dirigiu sua atenção para os edifícios diante dele. —
Quando fechou a última?
— Cerca de um ano atrás, eu acho. A entrada é em frente
à direita. — Laura apontou para a porta alta, acorrentada e
trancada com cadeado para impedir o acesso. — Depois que ele
fechou, houve um êxodo em massa da cidade, com quase toda
a gente se afastando para encontrar outro trabalho. A
população de Blue Moon agora provavelmente chega apenas a
cerca de trinta ou quarenta pessoas.
Ela acendeu o pisca-pisca para virar à esquerda e esperou
por um semirreboque passar rugindo, e fez a curva no lote de
Fedderson. — Morangos aqui vamos nós.
— Você pretende comprar morangos em um posto de
gasolina?
— Há uma mercearia no interior, bem como a estação de
correios e uma pequena área de lanches. Eles ainda têm uma
seção de miscelâneas onde vendem cada coisa de suprimentos
automotivos e itens de hardware para brinquedos e revistas.
Fedderson realmente é o que costumava ser chamada de um
loja geral. Roupas é a única coisa que eles não vendem. —
Laura parou na frente do prédio e desligou o motor. Ela saiu da
picape enquanto Sebastian saia do lado do passageiro e depois
colocou a chave de ignição em sua bolsa. — O Fedderson na
verdade não possui mais nada. O antigo Mrs. Fedderson
vendeu cerca de oito anos atrás para Ross e Marsha Kelly. —
Laura explicava quando começou a andar em direção a entrada
do restaurante loja. — Ele dirige um caminhão, então muitas
vezes não está aqui.
— Certamente sua esposa não consegue tocá-lo sozinha,
não é? — Sebastian chegou à frente dela para abrir a porta.
— Seu irmão trabalha aqui, também, principalmente à
noite. Ele é um veterano do Vietnã que perdeu a perna na
guerra. Entre os dois e alguns auxiliares que os ajudam, eles
fazem bem. — Laura o precedia na loja.
Marsha Kelly estava atrás do balcão, uma morena
ligeiramente constituída com bochechas de maçã proeminentes
e os primeiros fios cinza em exibição nos seus cabelos. Seu
sorriso foi rápido e quente quando ela reconheceu Laura.
— Oi, Laura. Deixe-me adivinhar: Você está aqui pelos
morangos. — disse ela.
Laura respondeu com um aceno de cabeça confirmando.
— Ordens de Allie. Eu tenho que comprar a produção inteira.
A mulher sorriu. — Eu juro que tive mais clientes esta
manhã que em toda a semana passada. — Ela apontou para a
direita. — Todos os morangos que me restam estão na mesa
sobre os produtos frescos.
Laura fez seu caminho para o corredor de produtos,
seguida por Sebastian.
Depois disso, ela simplesmente tinha que seguir seu nariz
para a fonte do cheiro de morango doce. Metade da mesa já
estava nua das frutas, mas um olhar para as bagas vermelhas,
perfeitamente maduras, Laura entendeu por que.
— Não parecem gostosos? — Ela ficou maravilhada
quando pegou uma caixa deles.
— Na verdade, eles estão. — Sebastian concordou e
estendeu a mão para a caixa. — Deixe-me levar isso para você.
— Obrigada. — Laura se rendeu a ele sem hesitação e
refez seu caminho para o balcão. — Você ainda tem seis caixas.
— disse a Marsha.
— Eles acabam antes da tarde, eu imagino. Existe alguma
coisa mais que você precise?
— Não nesta viagem. — Laura retirou a carteira de sua
bolsa quando Sebastian colocou a caixa de morangos na
bancada.
— A propósito, — disse Marsha quando olhou para a
venda, avise Allie que Ross está fazendo uma corrida para a
Costa do Golfo esta semana. Ele vai trazer de volta camarão e
alguns tomates caseiros, por Deus, se ele puder encontrar
algum.
— Vou lhe dizer. — Laura prometeu e empurrou uma nota
de vinte dólares sobre o balcão.
— Eu preciso de alguns trocados. Só um segundo. — A
mulher estendeu a mão sob o balcão e tirou um saco grosso
dos depósitos bancários, desamarrando-o para revelar uma
pilha abaulada de notas, e trocou uma nota de dez dólares da
gaveta de dinheiro para dez notas de um dólar.
Com a visão da grande quantidade de dinheiro, Sebastian
franziu a testa com preocupação. — Eu deveria pensar que ter
tanto dinheiro na mão seria um convite para o roubo. Você não
está preocupada com essa possibilidade, além de ser mulher e
estar aqui sozinha?
— Não me preocupo, na verdade. — Marsha Kelly
respondeu com indiferença marcada.
— Todo mundo sabe que eu mantenho um revolver 38 sob
o balcão também. E eles também sabem que meu irmão Bob
me ensinou a usá-lo. Quando você vive no meio do nada, com
qualquer coisa remotamente parecida com a lei a umas boas
cinquenta milhas de distância, as pessoas têm que estar
dispostas a proteger a sua propriedade.
— Eu vejo. — Sebastian murmurou.
Sorrindo para si mesma, Marsha olhou para Laura e
inclinou a cabeça na direção de Sebastian. — Este é o seu
noivo?
— O telegrama de pequeno alcance, cada vez mais fiável
tem estado a trabalhar, não é? — Laura não estava surpresa
que a notícia de seu noivado recente já tivesse chegado a Blue
Moon. — Na verdade, Sebastian é apenas um amigo. —
Explicou, e fez as apresentações. — Marsha, eu gostaria que
você conhecesse Sua Senhoria, o Conde de Crawford,
Sebastian Dunshill, da Inglaterra. Marsha Kelly, a proprietária
de Fedderson.
Perturbada pelo título, a mulher procurou uma resposta
adequada. — Bem vindo a Montana, sua Alteza. — Ela lançou
um olhar frenético para Laura, sem saber a maneira correta de
lidar com ele.
— Sebastian apenas. — Disse ele gentilmente.
— Sebastian. — Marsha repetiu, e sem jeito balançou a
cabeça.
— É um prazer conhecê-la, Sra. Kelly.
— O mesmo. — Ela murmurou, de repente em uma perda
de palavras, e lembrou-se tardiamente de dar a Laura seu
troco. — Eu acho que é a quantia certa.
— É. — confirmou Laura. — Nós estamos em nosso
caminho para Harry para pegar um lanche. Eu poderia deixar
os morangos aqui e pegá-los quando estivermos saindo?
— Está bem. — Marsha assegurou.
— Obrigada. — Laura começou a se afastar do balcão,
então parou quando viu Sebastian selecionando um punhado
de morangos. — O que você está fazendo?
— Um pouco para aguçar nosso apetite. — Sua boca
inclinada em um sorriso preguiçoso. — Allie não vai sentir falta
desses poucos.
Quando ele finalmente se virou, tinha uma meia dúzia de
bagas em suas mãos. Laura esboçou uma onda de despedida
para a mulher e abriu caminho para fora da porta.
De alguma forma, Sebastian conseguiu chegar a picape à
frente dela e abrir a porta do lado do motorista. — Obrigada. —
Laura disse, mas ele parou antes que ela pudesse deslizar
atrás do volante.
— Tome um morango. — Ele ofereceu um para ela,
segurando-o pela parte verde.
Em vez de lhe permitir alimentá-la com ele, Laura pegou
seus dedos e mordeu o morango gordo. Ela não esperava que
fosse tão suculento e rapidamente estendeu a mão para
segurar a gota antes que caísse sobre suas roupas.
— Humm, delicioso. — Ela murmurou e colocou o resto do
morango suculento em sua boca, exceto a tampa verde. — Eles
são tão doces que nem sequer precisam de açúcar.
— Sério? — Sebastian disse em uma voz duvidosa quando
ela estendeu a mão para limpar delicadamente o resto de suco
de seus lábios com a ponta dos dedos.
Com a cabeça inclinada em sua direção, ela demorou a
reconhecer a sua intenção. Quando o fez, Laura estava
consciente apenas da emoção rápida que correu por ela,
sabendo que seus lábios estavam cobrindo os dela. A pressão
deles era persuasiva e ainda muito breve.
Sebastian recuou apenas alguns centímetros. — Nada
realça mais o sabor de um morango que um beijo.
— Isso foi sorrateiro. — Laura disse em reprimenda
zombeteira.
— Você sabia que mais cedo ou mais tarde eu iria lhe
roubar um beijo. — Seu olhar se desviou mais uma vez para
seus lábios.
— Mas eu não esperava que fosse num lugar público, em
plena luz do dia. — Laura o repreendeu, nem um pouco
ofendida. Na verdade, ela estaria decepcionada se ele não
tivesse feito um jogo. — Eu esperava que você fosse mais
discreto do que isso.
— O que poderia ser mais discreto do que isso? —
Sebastian contrapôs com seu sorriso torto mal vacilando. — Os
blocos da cabina da picape nos protege de qualquer exibição
para dentro da loja, e eu a estou protegendo da vista de alguém
que pudesse estar assistindo do outro lado da rua.
— Aquilo ainda era uma coisa sorrateira de fazer. — Laura
arrancou uma baga de sua mão e subiu na picape.
— Eu notei o quanto a chateia. — Sebastian respondeu
com os olhos cintilantes quando ele empurrou a porta e deu a
volta para o lado do passageiro. Laura ligou o motor e esperou
até ele deslizar sobre o assento ao lado dela. — Vamos para o
Harry, não é?
— Nós estamos indo. — Ela inverteu a direção e apontou
para o bar e grill do outro lado da rodovia. — Existe um Harry?
— Não mais. Ele morreu há alguns anos. Seu filho Jack o
dirige agora. De acordo com Trey, ele tem o lugar listado para
venda.
Ele estudou o edifício com sua pintura lascada e
descascada. — Eu deveria pensar que minhas chances de
vender Crawford Hall excedem em muito a sua.
— É isso o que você vai fazer? — Sentindo uma forte
pontada de arrependimento, Laura lhe lançou um olhar rápido.
— Minhas opções são limitadas. — Sebastian a lembrou
secamente.
— E eu sou uma delas. — Disse ela com uma ligeira
provocação.
— Facilmente a mais bonita. — Sebastian respondeu.
— É uma pena. — Laura declarou, com um elevado
atrevido de sua cabeça e atravessou a rodovia e o
estacionamento de cascalho de Harry. Sebastian saiu da
caminhonete e olhou em volta com interesse. — Esta é a
extensão da área de negócios de Blue Moon? — Ele perguntou e
deu uma mordida na baga.
— Agora é. — Laura confirmou.
— Você está com fome particularmente no momento?
— Não realmente. Por quê? — Ela parou no meio do
caminho para a porta, um pouco surpresa com a pergunta, e
muito curiosa.
— Eu gostaria de andar um pouco e olhar ao redor. Afinal,
esta pode ser a minha primeira e única visita a uma verdadeira
cidade ocidental.
— Cidade Fantasma, você quer dizer. — Laura inseriu
secamente, mas só tinha que lembrar a sua própria visita ao
campo inglês exuberante para perceber como era
completamente diferente para ele. — Mas você está certo. Não é
nada como a Inglaterra. Nós vamos começar a turnê por lá. —
Ela apontou para a rua lateral.
Eles partiram em um ritmo calmo, caminhando à beira da
rua para um bloco antes de chegarem a uma calçada.
Sebastian estudou o primeiro agrupamento de edifícios.
— A maioria destes parece novo. — Ele observou.
— Relativamente falando, eles são. A maioria foi
construído entre vinte e trinta anos atrás pela Dy-Corp quando
a mina foi aberta pela primeira vez. Aquele ali é uma clínica
médica. É composta pelo assistente de um médico dois dias por
semana agora. Há uma conversa sobre seu encerramento. O da
esquerda costumava ser uma filial do escritório do xerife, mas
todos trabalham fora do município sede, agora. A única
presença da polícia em Blue Moon é Logan. Uma vez que ele
vive a oeste daqui, geralmente faz uma patrulha pela cidade em
seu caminho para o escritório do xerife pela manhã e
novamente quando volta para casa à noite.
— Eu mencionei que conheci seu tio no dia em que
cheguei a fazenda?
— Não, você não o fez.
— Ele me deu a impressão de ser um homem que
conhecia o seu negócio, — Sebastian disse e estendeu a mão.
— Tome um morango.
— Contanto que seja apenas um morango eu chego. —
Laura disse no aviso brincalhão e tomou um dele. Quando
chegaram ao final do bloco, ela fez uma curva à esquerda. —
Agora estamos entrando na área residencial de Blue Moon. As
casas ao longo aqui são na sua maioria de idade e quase
vazias.
A grama crescia nos estaleiros, alta e já queimada pelo sol
implacável. As poucas casas ocupadas eram fáceis de detectar,
graças aos seus gramados aparados e as plantas com flores
nos vasos em suas varandas ou degraus da frente. Mas aqueles
poucos toques de cor só pareciam enfatizar o resumo e estado
negligenciado do resto. Laura achou que era um pouco
deprimente, até que viu a casa de esquina na próxima quadra.
Houve um levantamento imediato de seus espíritos com a visão
dela.
Sem pensar, ela estendeu a mão para colocar a mão em
seu braço, procurando toda a atenção de Sebastian e usando o
contato físico para obtê-lo. — Eu estava errada. Há um toque
da Inglaterra aqui em Blue Moon. — Eu imploro o seu perdão.
Laura ignorou seu olhar de dúvida e agarrou sua mão.
— Vamos. Temos de atravessar a rua. — Como tudo o
mais, o tráfego em Blue Moon era inexistente, ela não se
preocupou em olhar para ver se havia algum carro vindo;
simplesmente o levou através da rua em um trote de corrida. —
Veja que lugar à frente de nós. — Ela apontou para a Casa
Branca sobre o terreno de esquina, o seu gramado da frente
vivo com vários tons de vermelho, rosa, e branco, pontuado por
sofás de amarelo e pêssego. — É a casa de Fedderson.
— Essas são as rosas, não são? — Sebastian perguntou.
— Toneladas delas. Eu não poderia ter mais do que quatro
ou cinco anos na primeira vez que as vi. — Laura se lembrou
com um sorriso nostálgico. — Eu nunca tinha visto tantas
flores em um lugar antes. Minha mãe disse que depois disso,
cada vez que vinha para a cidade eu a perseguia até que
viéssemos aqui. Eu tive um fraquinho por flores desde então,
especialmente rosas.
O olhar de Sebastian mudou da casa e seu jardim de
rosas para a extensão de planícies sem árvores que rodeava a
cidade. — Eu posso ver por que faria essa impressão.
Laura assentiu distraidamente e diminuiu seus passos
para prolongar a vista para o jardim. As rosas trepadeiras
cresciam sobre a cerca de piquete, até as treliças, e as árvores
enquanto rosas de arbusto das montanhas abraçavam os lados
da casa e da varanda, deixando espaço no centro do gramado
para uma cama de rosas híbridas.
— Disseram-me que o velho Sr. Fedderson plantou estas
como uma homenagem a sua esposa. — Laura se lembrou de
braços cruzados.
— Eu suponho que seu nome seja Rose.
Laura lhe lançou um sorriso. — É obvio, não é? — disse
ela enquanto se aproximavam da esquina. — A última vez que
vim aqui ela ainda estava viva. — Ela ficou pensativa. — Você
sabe o que tem sido anos desde que eu estive nesta casa,
provavelmente não desde que eu comecei o ensino médio.
— Seus gostos provavelmente foram alterados para algo
mais sofisticado.
— Talvez. Isso foi uma admoestação. — Ela lhe disparou
um olhar de ofensa fingida.
— Na verdade não. — Sebastian sorriu. — A maioria dos
adolescentes gosta de agir presunçosamente. É mundano e
demasiada madura para saborear algo tão simples como a
alegria das flores.
Adequadamente tranquilizada por sua explicação, ela
concordou. — Você provavelmente está certo. — Ela saiu do
meio-fio e começou a atravessar a rua, com a atenção ainda
voltada para a abundância desenfreada de flores. Quando
chegou quase no outro lado Laura observou uma mulher idosa
de cabelos brancos com um vestido caseiro furado, sentada em
uma cadeira de gramado perto de um dos canteiros de rosas.
Laura se inclinou para o lado e sussurrou para Sebastian. —
Olhe. É a Sra. Fedderson. Nós iremos dizer olá. — Sem esperar
resposta, ela acelerou seus passos e atravessou o gramado em
direção à mulher idosa. — Bom dia, Sra. Fedderson. É Laura
Calder.
A mulher levantou a mão frágil para proteger os olhos do
alto brilho do sol. — Laura, — disse ela em reconhecimento. —
mas você cresceu uma menina bonita, — declarou ela, e olhou
para Laura com os olhos apertados com a visão de Sebastian.
— É o jovem Trey com você?
— Não, Trey está no rancho. Este é um amigo da
Inglaterra. Seu nome é Sebastian Dunshill. — Desta vez Laura
não se preocupou com o seu título.
— Da Inglaterra, você diz? — A mulher repetiu com um
olhar um pouco preocupado. — Minha audição não é muito
boa.
— Da Inglaterra, sim. — Sebastian confirmou,
aumentando ligeiramente o volume de sua voz. — É um prazer
conhecê-la, Sra. Fedderson. Laura insistiu para eu ver o seu
jardim de rosas. Você tem um arranjo espetacular.
Depois de ouvir atentamente, a mulher assentiu com a
cabeça. — As rosas. Sim, Laura sempre gostou delas. Meu
Emmett plantou tudo isso para mim.
— Ela me disse. — Sebastian respondeu.
Laura pegou um movimento em sua visão lateral e virou,
sorrindo com a visão de uma jovem criança, ainda de pijama,
cabelos escuros, despenteados pendurados em tranças sobre o
rosto borrado. Apertava em seus dedos um punhado grosso de
pétalas de rosa quando fez um caminho mais curto em linha
reta para a Sra. Fedderson.
Curvando-se, Laura tocou o braço da mulher e apontou
para a menina. — Eu acho que você tem um anjo de cara suja
vindo lhe fazer uma visita.
— O que? — A mulher franziu a testa, e viu a criança.
A menina caminhou até a cadeira e estendeu as pétalas
esmagadas. — Cookie — Disse ela, dando a impressão a Laura
que ela queria trocar a flor por um cookie. Para sua surpresa, a
velha fez uma careta para a garota, exigindo: — Onde está
aquele seu irmão?
— Cookie. — A menina repetiu e deixou cair às pétalas no
colo da mulher.
— Ele mandou você, não foi? — Rose Fedderson acusou e
sacudiu uma mão para enxotar a menina. — Vá em frente,
Scat! Ele não vai roubar de mim desta vez. —Ela lutou para se
levantar da cadeira de gramado.
— O que você está havendo, Sra. Fedderson? — Laura
disse em protesto e estendeu a mão para ajudá-la.
— Esse irmão dela é um ladrão, é o que eu estou falando.
— Não havia dúvida na condenação ou na raiva da voz da
anciã. Ela fez uma curva dolorosa para a varanda. — Levei um
tempo para descobrir por que as coisas estavam faltando. Com
a cabeça abaixada e curvada com a idade, ela começou a ir
para a casa mancando. — O pirralho pequeno envia o bebê por
aqui. Então, ele desliza pela casa e leva as minhas coisas. —
Quando viu a pequena hesitação da menina atrás dela, bateu
as mãos. — Xô, xô!
Sebastian surgiu ao lado dela e apontou. — Você estaria
se referindo a esse jovem, não é?
Laura virou a tempo de ver um menino de cabelos escuros
fazendo uma corrida louca em todo o quintal da casa vizinha.
Ele tinha algo debaixo do braço, mas sua visão do objeto era
demasiado breve para Laura identificá-lo.
— Volte aqui, seu pequeno filhote de cachorro! — Rose
gritou. — Volte aqui, eu digo!
— Eu vou pegá-lo para você. — Sebastian saiu em um
longo galope, em perseguição atrás do menino.
Laura pegou a menina em seus braços e sentiu o forte
cheiro de uma fralda fedorenta. — Onde eles vivem? Você sabe
Sra. Fedderson?
— Descendo a rua, duas ou três casas. A única com todo o
lixo no quintal. — Disse ela com desprezo.
— Cookie. — A menina exigia empurrando para fora o
lábio inferior.
— Mais tarde. — Laura disse a menina e partiu para
chegar à casa da menina, com o cuidado de manter a cabeça
desviada para evitar inalar o cheiro da fralda suja.
Capítulo Quatorze
Laura deu uma olhada para o quintal cheio de espinhos,
repleto de brinquedos quebrados, lixo de autopeças, e um velho
sofá com almofadas rasgadas e sem uma das pernas, e sabia
que aquela deveria ser a casa certa. Quando começou a subir a
calçada da frente, Sebastian veio trotando ao virar a esquina da
casa.
— Ele passou pela porta e trancou-a de volta. — Disse ele
e foi até a frente dois passos de cada vez.
Laura chegou ao patamar quando Sebastian colocou um
ombro contra a porta e forçou, abrindo-a. Quando a abriu
completamente, ela vislumbrou o menino correndo em direção
à parte traseira da casa, mas foi o suficiente.
— Esse é o garoto Mitchell. — Laura disse, surpresa.
Sebastian hesitou na porta. — Você conhece a família?
— Não é verdade. Eu tive um encontro com seu pai uma
semana atrás ou menos. Lembrando o temperamento quente
do homem, Laura pisou cautelosamente para dentro da casa e
colocou a menina no chão. Ela caminhou imediatamente até
uma boneca suja no chão da sala de estar e a pegou. — Olá! —
Laura chamou. — Alguém em casa?
Além de algum movimento de roçar proveniente da parte
traseira da casa, havia apenas silêncio. Laura arriscou um
pouco mais para dentro do quarto. Ela murmurou para
Sebastian: — Eu não ficaria surpresa se o porco não foi para
algum lugar e deixou os filhos para se defenderem sozinhos.
Sentindo a cautela de Laura, Sebastian fez uma inspeção
visual minuciosa das áreas dentro de sua visão. — Existe uma
mãe?
— Ela provavelmente está trabalhando. — Laura disse e se
abaixou para a menina. — Onde está o seu pai, querida?
A menina imediatamente perdeu toda a expressão e se
afastou de Laura, virou-se e saiu correndo para se sentar
contra a parede ao lado de uma poltrona velha.
— Ele bate em você, também, não é? — Laura concluiu,
com a antipatia pelo homem se aprofundando em raiva. Ela se
endireitou. — Desta vez eu vou denunciá-lo. Você vê um
telefone?
— Não. — Mais sons vieram a partir da traseira. Sebastian
escutou por um momento, depois se moveu em direção a eles.
— Eu acho que vou ver o que o nosso pequeno ladrão está
fazendo.
Laura seguiu-o em um estreito corredor que levava aos
fundos da casa. A porta de entrada para o banheiro estava
aberta. Ela olhou, mas não viu nada além de uma pilha de
toalhas sujas e roupas descartadas.
A próxima porta estava fechada. Sebastian abriu. Olhando
para além dele, Laura viu a cama desfeita. Ela estava quase
arrependida por Mitchell não estar nela.
Sebastian xingou baixinho e entrou para o quarto. — O
que está errado? — A questão tinha acabado de sair de sua
boca quando Laura viu um par de pernas nuas e magras, de
uma mulher, no chão perto do pé da cama.
O alarme disparou através dela quando se empurrou para
dentro do quarto. No momento em que Laura chegou à mulher
caída, Sebastian já estava abaixado ao lado dela, com os dedos
pressionando contra o interior de seu pulso, verificando-o.
Seu estômago se revolveu enjoado quando Laura viu o
rosto da mulher. Havia pouco sobre ele que se assemelhasse a
mulher que ela vira escorregar alimentos no caminhão de
Mitchell no dia do leilão. Suas feições estavam deformadas pelo
escuro, a púrpura de contusões marcava quase cada
centímetro dele. Um olho estava inchado completamente
fechado, e havia sangue seco em seu queixo, de um lábio
severamente cortado, parcialmente coberto por um inexplicável
Band-Aid aplicado com as estrelas dispersas sobre ela, do tipo
destinado a uma criança.
Quando Sebastian abaixou delicadamente o braço da
mulher para o lado, Laura perguntou: — Será que ela...
— Não. Seu pulso está forte. A respiração dela está
estável. Mas ela foi severamente espancada, principalmente
sobre o rosto, ao que parece, embora haja alguns hematomas
em seus braços.
— E eu sei exatamente quem fez isso. — Laura declarou,
dando lugar à raiva que estava fervendo desde que ela
percebera que Mitchell vivia naquela casa.
— Como você disse que é seu nome?
— Seu último nome é Mitchell. Isso é tudo que eu sei.
Sebastian estava agachado perto da mulher. — Sra.
Mitchell, você pode me ouvir? Deu-lhe um pequeno empurrão
ao ombro. — Sra. Mitchell? — O olho não danificado se abriu, e
fechou com um gemido baixo. Sebastian tentou novamente
despertá-la. — Sra. Mitchell!
Mais uma vez ela abriu um olho. Desta vez, permaneceu
aberto quando a mulher tentou se concentrar em Sebastian. —
Quem...? — O movimento de um lábio cortado deve ter
produzido uma rajada instantânea de dor quando sua mão
trêmula se mudou para o rosto dela.
— Eu sou um amigo dos Calder. — Ele respondeu,
sabendo que seu próprio nome não teria sentido para ela.
A dor óbvia da mulher era mais do que Laura poderia
pensar. — Vou procurar um telefone e pedir ajuda.
Quando ela começou a se afastar, a voz da mulher se
levantou para impedi-la. — Não, não!
Havia apenas força suficiente em sua voz para fazer Laura
parar. — Você foi gravemente ferida.
— Não. Não, eu estou bem. — Ela murmurou e fez uma
tentativa fraca para se levantar.
Sebastian verificou sua tentativa, advertindo: — Cuidado.
Você pode ter algumas lesões internas.
— Não. — Sua mão tremia sobre as superfícies inchadas
de seu rosto machucado e do olho. — Meu rosto... isso é tudo.
— Ela dirigiu um olhar suplicante para Laura. — Não chame
ninguém. Por favor.
O apelo foi tão comovente que Laura ficou dividida entre
fazer o que ela sabia que estava certo e ceder aos desejos da
mulher. Sebastian atrasou o momento da decisão.
— Vamos tirá-la do chão e colocá-la na cama. — Ele
acenou com a cabeça na direção da cama desfeita e do abajur
que estava em cima, sua sombra amassada e torta. — Endireite
as colchas, por favor.
— Claro. — Laura se moveu rapidamente para recuperar a
lâmpada e colocou-a sobre a mesa de cabeceira, deixando-a
inclinada para a sombra no momento, enquanto Sebastian
embalou a magra mulher em seus braços.
As colchas eram um emaranhado só. Ao invés de tomar o
tempo para endireitá-las, Laura simplesmente jogou-as para
trás para expor o lençol de fundo e saiu do caminho de
Sebastian. Quando ele gentilmente baixou a mulher sobre o
colchão, Laura apressadamente afofou um travesseiro e
colocou-o sob sua cabeça, seu coração rasgando de raiva
crescente nos pequenos sons de dor que a mulher tentava
sufocar.
Sebastian se sentou na beirada da cama ao lado da
mulher, com o olhar examinando-a novamente. — Você
realmente deve ter um profissional avaliando suas lesões, Sra.
Mitchell. Você poderia muito bem estar com uma concussão.
Uma lágrima escorreu do canto de seu olho. — Não por
favor. — As palavras eram um soluço. Em seguida, um olhar de
pânico brilhou em seu rosto, e novamente ela tentou se
levantar. — Meus bebês...
— Seus filhos estão bem. — Não foi necessária nenhuma
grande pressão para Sebastian forçá-la a ficar na posição
horizontal.
— Sua filha está na sala de estar brincando com a boneca,
— Laura disse a ela. — E o seu filho, — ela se virou, sem saber
ao certo onde o pequeno ladrão estava até que viu o menino de
pé na porta... está aqui mesmo.
A mulher relaxou de alívio contra o colchão, mas foi de
curta duração quando ela despertou novamente. — Eu preciso
vê-los.
Sebastian não quis ouvir. —Antes, precisamos fazer com
que você se firme. Haverá tempo suficiente mais tarde para
cuidar das crianças.
A mulher novamente se acomodou, mas Laura suspeitava
que sua aquiescência fácil fosse baseada mais em sua falta de
força do que em uma aceitação do raciocínio de Sebastian.
Sebastian levantou-se da cama, balançou o lençol de cima,
solto das colchas emaranhadas, e gentilmente tirou-o da
mulher, em seguida, deu um passo para o lado de Laura.
— Você não vai escutá-la realmente, não é? — Laura
exigiu em um sussurro sibilante.
— O que você sugere? — Ele respondeu suavemente. —
Seus ferimentos são dolorosos, sem dúvida, mas certamente
não perigosos e com risco de vida.
Laura queria desesperadamente abater sua lógica, mas o
único argumento que poderia convocar era fraco. — Nós não
podemos ter certeza disso.
O olhar que ele lhe deu falou em volume, mas optou por
não oferecer uma resposta direta. — Eu vou para a cozinha
pegar um pouco de gelo para o olho dela. Por que você não
pega um pano molhado e limpa a mulher um pouco?
No instante em que Sebastian se moveu em direção à
porta, o garoto correu para a sala de estar. Laura não podia
deixar de pensar que ele era muito jovem para ter um forte
instinto para fugir.
Ela seguiu Sebastian para o corredor e virou à direita, em
direção ao banheiro, enquanto ele foi à cozinha. Laura ligou o
interruptor de luz do banheiro, fez uma breve pesquisa do
espaço pequeno, apertado, e localizou um armário de roupas,
embutido na parede ao lado da banheira. Uma mistura de
roupas sujas e toalhas empilhadas na frente da porta. Laura
empurrou-as para fora do caminho com o pé e abriu a porta.
As prateleiras estavam vazias, com exceção de duas toalhas e
três panos. Ela pegou uma da pilha e cruzou para a pia.
Quando abriu a torneira, Laura notou o armário de
remédios atrás do espelho em cima da pia. Abriu a porta
espelhada e verificou o conteúdo. Na prateleira de cima, havia
uma garrafa de desinfetante. Ela levou-o para baixo, encontrou
alguns cotonetes em uma cesta na tampa do toalete, e removeu
dois do bloco.
Armada com uma toalha molhada, cotonetes, e uma
garrafa de desinfetante, Laura voltou para o quarto, colocou a
garrafa e os cotonetes no criado mudo e sentou-se na beira da
cama. A mulher estava lá, sem se mexer.
Ao invés de assustá-la, Laura disse: — Sra. Mitchell, eu
vou limpá-la um pouco.
Tão gentilmente quanto possível, ela passou a trabalhar
na crosta de sangue seco no queixo da mulher. Em algum
ponto do processo, percebeu que não estava sozinha. Olhou
para a porta e viu o menino que espreitava, perto do batente da
porta. Rapidamente ele se desviou para fora da sua vista.
Segundos depois Laura voltou para sua tarefa e sentiu os
olhos a observá-la novamente. Desta vez, ela não se virou, mas
se concentrou na trilha de sangue até que conseguiu limpar
tudo, exceto sob o curativo repleto de estrelas.
Cuidadosamente, Laura soltou-o.
Quando foi colocar o curativo usado na mesa de cabeceira,
olhou para o menino. — Você colocou esta atadura no corte da
sua mãe? — O menino não disse uma palavra, apenas olhou
para ela. — Isso foi uma coisa muito boa para fazer.
Uma vez que todo o sangue seco foi removido, Laura
derramou o desinfetante para a tampa do frasco, saturou o
cotonete com ele, e advertiu sua paciente. — Isso vai doer, Sra.
Mitchell.
A mulher estremeceu visivelmente, mas não fez nenhum
som. A respiração acentuadamente baixa chegou do menino na
porta. Depois de observar a profunda divisão no seu lábio,
Laura usou um canto limpo da toalha molhada para limpar o
resto do rosto da mulher.
Quase com o primeiro toque do pano em sua pele
machucada, a mulher murmurou em um suspiro: — Isso é tão
bom.
Mais uma vez, Laura sentiu a guerra entre raiva e
compaixão. — Seu marido fez isso com você, não foi? — Ela
acusou.
A mulher olhou para ela, insistindo: — Ele não queria.
— Eu aposto que não. — Laura murmurou com o calor.
— Você não entende. — A mulher protestou.
— Não, eu nunca vou entender. — Ela não teve coragem
de fingir o contrário.
Passos se aproximando enviaram o menino correndo para
a sala novamente. Laura se levantou quando Sebastian entrou
na sala, carregando um saco plástico lacrado cheio de cubos de
gelo e água. Durante o breve momento em que seus olhos se
encontraram, Laura percebeu alguma coisa, mas não podia
dizer se era frustração ou desespero.
— Isso deve ajudar o inchaço, Sra. Mitchell. — Ele aliviou
a bolsa de gelo sobre seu olho negro e usou o travesseiro extra
para sustentá-la no lugar.
— Obrigada. — Murmurou a mulher e procurou a Laura
com seu outro olho. — Obrigada a ambos.
— Você vai descansar um pouco. — disse Sebastian e
levou Laura pelo braço, virando-se para a porta.
A mulher reagiu com um flash de pânico. — Você não vai
ligar para ninguém, não é? Por favor, eu...
— Nós não vamos, eu prometo. — Sebastian assegurou. —
Fique quieta. E mantenha esse saco de gelo em seu olho.
A mulher se acalmou contra o travesseiro, mas seu olhar
preocupado os seguiu quando Sebastian acompanhou Laura
para fora do quarto. Laura estudou o formato sombrio da boca
de Sebastian.
— O que está errado?
— Suspeito que sei o que o rapaz roubou da Sra.
Fedderson. — afirmou. — Um saco de marshmallows. Você se
importaria de adivinhar por quê?
Laura tinha a sensação que ela sabia a resposta. — Ele
estava com fome.
— Precisamente. — Sebastian disse em um discurso frio e
cortante. — As prateleiras na cozinha estão lamentavelmente
nuas. Não tem leite, nem pão, nem latas; há pouco além de
farinha, sal, óleo de cozinha, algumas especiarias, e um pacote
de feijão.
— Eu acho que Mitchell está desempregado há algum
tempo.
— A causa é irrelevante. Essas crianças precisam de
comida. — Sebastian fez uma declaração plana do fato. — Você
fica aqui enquanto eu vou para Fedderson pegar alguns
mantimentos para eles.
— Aqui. — Laura cavou em sua bolsa e tirou as chaves da
picape. — Você pode muito bem conduzir a picape de volta.
Você vai economizar carregando os mantimentos por todo este
caminho. — Ela hesitou. — Como você está com o dinheiro?
Havia um toque de divertimento em seu sorriso torto. —
Eu não estou na casa dos pobres ainda.
A referência as suas atuais dificuldades financeiras levou
Laura a extrair um par de notas de vinte dólares de sua
carteira. — Eu vou contribuir para a causa do mesmo jeito. —
Ela empurrou o dinheiro e as chaves em sua mão quando a
menina passou gingando por eles para o quarto, deixando o
cheiro de uma fralda suja em seu rastro. Laura torceu o nariz
ao odor. — É melhor pegar algumas fraldas descartáveis,
também. Há uma em cima da cômoda, mas provavelmente deve
ser a última.
Sebastian hesitou. — Pensando bem, talvez você deva ir
em meu lugar. Se o marido voltar para casa e encontrar você...
— Ele não se atreveria a colocar um dedo em mim. —
Laura empurrou o queixo para frente em um ângulo combativo,
com a ira surgindo em seus olhos escuros.
Os cantos de sua boca se contorceram. — Tenho certeza
que você é mais do que um páreo no jogo, mas prefiro não
correr o risco.
— Ele ficaria duas vezes mais irritado encontrando um
homem estranho em sua casa. — Laura avisou.
Sua boca se curvou em um desses preguiçosos, sorrisos
sensuais. — Eu acredito que você está preocupada com o meu
bem-estar. Como é encorajador.
— Eu estava apenas pensando em como seria difícil para
você atrair o interesse de alguma mulher rica com esse belo
rosto esmagado. — Laura rebateu.
— Você acha isso bonito, não é? — O riso arreliando
dançava em seus olhos, uma partida para a presunção
divertida de seu sorriso.
— Pena que seja tudo que você tem a oferecer. — Laura
respondeu, desfrutando da brincadeira lúdica que tinham
correspondido.
— Não é tudo. — Sublinhou sugestivamente e enfiou tanto
o dinheiro como as chaves em sua bolsa antes de adicionar
mais notas do bolso. — Vá até a loja. Não haverá um melhor
momento para refrescar sua memória.
O desejo vibrou através de Laura no olhar de promessa
que ele lhe deu. Ao invés de deixá-lo perceber, ela o desafiou: —
Por que você está tão insistente em ficar aqui? Você está
esperando que eu o considere como corajoso e heroico?
— Talvez seja simplesmente que eu suspeite que você não
tenha idéia de como mudar uma nappy suja.
Levou um segundo para lembrar que nappy era o termo
inglês para fralda. — E você sabe? — Ela olhou para ele com
ceticismo.
— Eu tinha alguma experiência nisso quando meus
sobrinhos eram pequenos. — Ele respondeu.
— Sério? Eu pensava que era o trabalho da babá.
— Mesmo uma babá tem direito a um dia livre. Você não
concorda?
— Como você parece incrivelmente doméstico. — Laura
zombou.
Sebastian suspirou com decepção. — Você deveria fazer
comentários sobre o que um excelente marido gostaria de fazer.
— Você faria para outra pessoa. — Acrescentou
desobedientemente. — Mas você me convenceu que pode ficar
aqui e lidar com a fralda suja. Eu vou para a loja. — Sorrindo,
ela tocou seu rosto num gesto de despedida e se dirigiu para a
porta.
Foram bem uns quarenta e cinco minutos mais tarde, que
Laura estacionou a picape em frente da casa, recolheu dois
sacos de mantimentos na parte de trás da picape, e começou a
subir a calçada da frente. Sebastian estava na porta da frente,
mantendo-a aberta para ela entrar.
— Há mais na parte de trás da picape. — Disse ela
sugerindo ao passar.
As sobrancelhas se arquearam com a visão das dúzias de
sacos que restavam. — Você comprou toda a loja?
— Foi você quem disse que as prateleiras estavam vazias.
— Laura respondeu por cima do ombro. — Onde está a
cozinha?
— Direto na volta.
A menina veio correndo ao seu encontro, balançando a
boneca suja pelo seu braço. Longe iam os pijamas, o rosto sujo,
e o cheiro de fraldas. Até mesmo seus cabelos tinham sido
penteados e puxados para trás por um par de presilhas rosa
que combinavam com o vestido rosa que ela usava.
A mudança na aparência da menina não foi a única coisa
que Laura percebeu quando passou pela frente da casa. A sala
tinha sido arrumada, a desordem acabara; os livros e revistas
empilhados ordenadamente na mesa de café, e os brinquedos
arrumados em uma cesta.
Quando chegou à cozinha, Laura suspeitou que a mão de
Sebastian tinha estado trabalhando lá também. Ambas as
bancadas e a mesa estavam arrumadas. Ela empurrou um
saco de supermercado em cima do balcão e colocou o outro ao
lado dele, depois foi buscar mais, passando por Sebastian ao
longo do caminho.
Foram necessárias duas viagens para cada um deles para
descarregar a picape. Quando Laura voltou da segunda viagem,
pegou o menino empoleirado em cima do balcão, tentando
rasgar um saco de batatas fritas. Ele pulou para o chão no
instante em que a viu. Antes que ele pudesse fugir com seu
prêmio, Laura o agarrou pela parte de trás da gola da camisa.
— Oh não, você não. — Sem perder seu domínio sobre o
menino, ela pegou o saco de sua mão, puxou uma das cadeiras
da cozinha até o balcão da pia, e levantou-o para ela. — Vejo
que Sebastian não foi capaz de encurralar você. Antes de comer
qualquer coisa, você tem que lavar essas mãos sujas. — Ela lhe
entregou uma barra de sabão e ligou a torneira. Quando ele a
mediu com um olhar, ela respondeu com uma brincadeira
própria. — Se não lavar, lavo eu.
Decidindo que ela o faria, ele colocou as mãos sob a água.
Enquanto ele lavava as mãos, Laura abriu o saco de batatas
fritas, balançou um pouco em uma tigela e colocou-o sobre a
mesa da cozinha.
— Isso é tudo que você pode ter, por ora. — Ela lhe disse.
— E não se esqueça de compartilhar com sua irmã.
Sebastian se juntou a ela na cozinha com os últimos dois
sacos, seu olhar deslizando sobre o menino. — Vejo que ele
saiu do esconderijo.
— Eu o peguei tentando roubar o saco de batatas fritas. —
Ela deu ao menino uma toalha para secar as mãos e fechou a
torneira. Depois de duas esfregadas rápidas com a toalha, o
menino correu para a mesa e pulou na cadeira.
— De acordo com a menina, seu nome é Mike. —
Sebastian murmurou quando ele começou a remover os itens
alimentícios dos sacos. — Seu nome é Amy.
— Ela se parece com uma Amy... agora. — Laura usou a
pausa para dar ênfase a esta última palavra, em seguida, lhe
deu um olhar provocante. — Onde você aprendeu a arrumar os
cabelos de uma menina? Certamente não cuidando de seus
sobrinhos.
— Será que você acredita que foi a minha primeira
tentativa?
— Sério? — Ela disse, admitindo uma pequena surpresa.
— Sério. Embora... — Sebastian parou brevemente para
pentear os dedos em seus cabelos — eu já brinquei com os
cabelos de uma mulher uma ocasião. Isso pode ser muito
estimulante. Lembre-me de demonstrar.
Ela riu em sua garganta até quando sua pulsação
acelerou. — Você não desiste, não é?
— Como disse o estadista ilustre da Inglaterra, Winston
Churchill, eu posso ser muito tenaz.
— Você está desperdiçando seu tempo. — Laura o alertou
levemente e mostrou seu anel de noivado como um lembrete.
— Talvez. — Sebastian respondeu, claramente não
convencido.
Laura carregava um garrafão de cinco litros de leite para a
geladeira. — Se você se deparar com um pacote de cachorros
quentes, deixe-os fora. Toda criança que eu já conheci ama
isso. Eu pensei que nós poderíamos ter alguns para almoço e o
calor de uma daquelas latas de sopa para Mrs. Mitchell.
Assim que os mantimentos foram postos de lado, os dois
definiram sobre o almoço para as crianças. Palitos de cenoura,
uvas frescas, leite e completando a refeição de cachorros-
quentes e batatas fritas. Sebastian colocou a menina em sua
cadeira alta, enquanto Laura serviu um pouco de sopa de
carne vegetal em uma caneca de grandes dimensões que
encontrou no armário.
— Se você puder lidar com as coisas aqui, eu vou levar
isso para a senhora Mitchell. — Disse a Sebastian.
— Acredito que eu possa administrar. — Sebastian
respondeu e habilmente endireitou o copo da menina antes que
derrubasse da bandeja para o chão.
Confiante de que ele poderia, Laura saiu da cozinha, com
a caneca da sopa na mão. Resumidamente ela tentava
visualizar Boone no lugar de Sebastian, mas era simplesmente
demasiado ridículo. Se Boone tivesse estado com ela, ele teria
lidado com a situação de maneira diferente: as autoridades
teriam sido chamadas, a mulher ferida levada para o centro
médico mais próximo, e as crianças entregues a uma agência
do serviço social. Ele não teria visto a necessidade de se
envolver pessoalmente. Laura não estava inteiramente certa
por que ela tinha.
A mulher estava acordada quando Laura entrou no
quarto. — Eu trouxe um pouco de sopa. — Disse ela.
— Obrigada. — A mulher se arrumou em uma posição
sentada, mas era óbvio que estava com dor.
Laura colocou a caneca na mesa e ajudou a mulher a
ajustar os travesseiros sustentando atrás dela. — Sebastian
mencionou que ele lhe deu um par de aspirinas. Será que elas
ajudaram em qualquer dor?
— Um pouco. Eu vou ficar bem. — Ela acrescentou
apressadamente.
A ira voltou para o homem pelo abuso infligido sobre ela.
— Eu espero que você se sinta melhor do que parece. — Laura
não tentou suavizar a borda afiada de sua voz quando colocou
a caneca nas mãos da mulher. — Você consegue se alimentar?
A mulher balançou a cabeça em resposta e mergulhou a
colher na sopa. Laura a observou tomar as primeiras
colheradas. Em seguida, o esforço parecia esgotar a mulher.
Ela salvou a caneca de sopa da mão frouxa da mulher e a
colocou sobre a mesa.
— Diga-me quando você quiser um pouco mais, Sra... —
ela começou, então parou. — Eu não me sinto bem para
continuar chamando você de Sra. Mitchell. Qual é o seu nome?
— Gail.
— Laura é o meu. — Ao invés de ficar como uma torre
sobre ela, Laura se sentou na borda da cama.
A mulher chamada Gail fez uma fraca tentativa de um
sorriso, hesitou, e então disse: — Ele não queria me machucar,
você sabe. Gary é realmente um homem bom e gentil.
— Talvez eu devesse trazer-lhe um espelho para que você
possa ver o que ele fez. — Laura sugeriu secamente. — Não há
nada muito bom sobre ele.
— Ele não queria, — ela insistiu novamente. — ele tinha
bebido. Isso nunca teria acontecido se ele não tivesse bebido.
— Quantas vezes ele está sóbrio? — Laura desafiou,
irritada com a forma como a mulher continuou defendendo
aquele animal que se disfarçava de homem.
Evitando uma resposta direta, Gail arrumou os lençóis. —
Nada disso começou até a mina ser fechada. Antes disso, ele
era um marido amoroso e um pai maravilhoso. — Ela deixou a
cabeça contra a cabeceira da cama e olhou para o teto, como se
recordando dos tempos melhores. — Nós estávamos nos
mudando como todo mundo fez, mas nenhum de nós queria
voltar para a cidade, e no condado tinha uma abertura no
departamento de manutenção de estradas. Gary tinha certeza
que ele estaria começando o trabalho. Todo mês eles diziam
que seria no próximo mês. No final, eles não contrataram
ninguém. Os problemas de orçamento, disseram. — Então nós
tínhamos usado as pequenas poupanças que tínhamos. Então
seu seguro desemprego faliu.
Não era difícil adivinhar o que aconteceu depois. — E ele
começou a beber.
Instantaneamente defensiva, ela encontrou o olhar cético
de Laura. — Gary é um homem orgulhoso. Você não tem idéia
do quanto ele se sente ferido por não ser capaz de cuidar de
sua família.
Laura não cedeu em sua opinião. — É essa a razão de
seus armários estarem nus? Ele era orgulhoso demais para
pedir o vale-refeição?
A mulher virou o rosto. — Recebemos cupons de
alimentos.
A declaração confundiu Laura, mas apenas por um
segundo. — Deixe-me adivinhar: ele os vendeu para comprar
bebida?
— Não! — Ela negou, irada pela observação. — Ele
precisava de dinheiro para gasolina para a picape para ir
procurar um emprego.
— Onde? No Harry? — Era difícil falar, mas Laura estava
determinada a abrir os olhos da mulher.
As lágrimas brotaram. — Ele vai lá às vezes. Você não
pode esperar que ele se sente em casa o tempo todo.
— E quando ele vai lá, bebe, chega em casa e bate em
você.
— Não é assim. Nem sempre. — Sua voz tinha um soluço
na mesma. — Ele me ama.
— Um tipo de amor que você não precisa. — Laura
declarou, e tentou outra tática. — Gail, isso não é bom, não
para você ou seus filhos.
— Eu sei, mas... — desta vez ela fungou um soluço. — se
pudesse encontrar um emprego, tudo ficaria bem de novo. Eu
sei que ficaria.
Pessoalmente, Laura tinha dúvida que um trabalho
trouxesse uma mudança abrupta em seu comportamento.
Talvez com o aconselhamento do tempo, mas ela não conseguia
ver Mitchell concordando com aquilo, certamente não
voluntariamente. Era algo que um juiz teria que lhe pedir para
fazer; mesmo assim, Laura suspeitava que ele não fosse
cooperativo.
— Penso que você está sonhando, Gail. — Exasperada
com a fidelidade da mulher, Laura estendeu a mão para a
caneca. — Mais sopa?
Em silêncio a mulher tomou mais algumas colheradas. —
Onde estão as crianças? Eu não posso ouvi-las.
— Na cozinha almoçando. Fui fazer compras, — informou
Laura, — e reabasteci seus armários e a geladeira.
— Você não tem que fazer isso. — Mas não havia gratidão
abjeta no olhar que ela deu a Laura. — Nós vamos pagar de
volta o mais rápido que pudermos.
— Claro. — Mas Laura não estava a ponto de prender a
respiração esperando por esse dia chegar.
A mulher começou a tomar outro gole de sopa, em
seguida, retornou a colher para a caneca, e afastou a colcha de
cima. — Eu acho que vou terminar o resto da minha sopa na
cozinha com as crianças.
— Você tem certeza?
— Sim. — Ela jogou as pernas para fora da cama. —
Estou bem.
Laura não podia deixar de se perguntar qual deles ela
estava tentando convencer. Esperou enquanto Gail vestia um
par de jeans e uma camiseta de grandes dimensões, e
caminhou com ela para a cozinha. O garoto, Mike, estava em
seu segundo cachorro-quente quando elas chegaram.
A menina estava mais interessada nas uvas no prato do
que no cachorro-quente. Ela foi a única a comentar sobre a
aparência de sua mãe, apontando para seu rosto e dizendo: —
Mamãe, cabeça.
— Sim, mamãe tem uma cabeça. — Gail confirmou e se
sentou à mesa com eles. Ela lançou um olhar consciente em
Sebastian, mas evitou olhar para Laura. — Foi muito bom você
nos ajudar assim. Eu tenho certeza que há algum lugar que
você deveria estar, e não é realmente necessário você ficar. Eu
posso controlar agora, graças a vocês dois.
— Vamos sair com uma condição. — Laura disse,
indiferente ao olhar desconfiado e ressentido que Gail Mitchell
deslizou no caminho. — Na próxima vez que isso ou algo
parecido como seu marido atacar você, chame a polícia.
— Nosso telefone foi desconectado.
— Isso deve tornar tudo um pouco difícil para um
potencial empregador entrar em contato com seu marido sobre
um emprego. — Laura murmurou, incapaz de resistir a entrar
em outra luta.
— Laura está certa. — Sebastian disse suavemente. —
Não se sujeite a outra surra como esta. A próxima vez você
poderia ficar seriamente ferida. Afaste-se dele, contudo, você
pode chamar um vizinho ou a taberna. Mas não permaneça
aqui.
— Está bem.
Mas Laura tinha a sensação que a mulher estava apenas
dizendo que não iria correr de casa e deixar seus filhos para
trás. No lugar dela, Laura também não.
Irritada com o desespero da situação, Laura virou-se para
Sebastian. — É melhor irmos. Allie vai estar se perguntando
onde estão os morangos.
Sua despedida foi breve. Com o temperamento chiando,
Laura saiu da casa e entrou na picape estacionada no meio-fio
da rua.
— Só existe a ajuda que você pode dar a alguém, Laura. —
Sebastian disse com a compreensão em sua voz.
Ela lhe lançou um olhar. — Não diga mais nada, —
alertou. — Ou eu vou puxá-lo para fora e bater em você só
porque você é um homem.
Acreditando em sua palavra, Sebastian manteve seu
silêncio e subiu na picape. Depois de uma parada no
Fedderson para pegar a compra de morangos, Laura apontou a
picape em direção a sede do Triplo C., rolou para baixo o vidro
da janela, e deixou o túnel de vento quente da tarde entrar na
cabina. Ela descansou o cotovelo no alto da janela aberta e
penteou uma mão em seus cabelos chicoteados pelo vento para
mantê-los afastados do rosto, enquanto a picape comia as
milhas.
A velocidade e a grande terra vazia trabalharam para
desvendar a alta tensão em seus nervos. Um suspiro longo,
lento, finalmente escorregou dela.
— É seguro assumir que o seu temperamento esfriou? —
Sebastian perguntou em voz secamente divertida.
Absorta em seus pensamentos, Laura não conseguiu ouvir
sua observação. — Desculpe-me, você disse alguma coisa?
— Você estava em algum pensamento pesado? — Ele
adivinhou.
— Algo parecido com isso. — Admitiu com um encolher de
ombros, em seguida, olhou para ele com curiosidade. — O que
você vai fazer se perder Crawford Hall?
— Eu não sei. — Sua boca se contorceu. — Mas lhe dou
meu juramento solene que não vou começar a beber e bater em
mulheres.
Foi uma resposta frívola para o que tinha sido uma
questão séria, e ainda assim tão típica dele que Laura teve que
rir. Ao mesmo tempo, ela sabia que Sebastian tinha falado a
verdade.
— Você percebeu que ficou sem o almoço? — Perguntou
ela, de repente, consciente do vazio em seu estômago.
— Tenho um morango. — Ele só tinha se alimentado com
um. Só assim, todo o incidente na casa Mitchell pareceu perder
muito de sua frustração. Mais uma vez, seu sorriso estava
despreocupado.
Capítulo Quinze
A mulher Mitchell dominou a conversa no jantar na Casa
Grande naquela noite. — Eu penso que não poderia mesmo
fingir ser solidária. — Laura declarou. — Tanto quanto eu
estou preocupada, Mitchell deve ser enforcado pelas suas bolas
pelo que fez com ela.
Houve um instante de silêncio, quebrado por Jessy em voz
baixa. — Laura.
Chase falou rapidamente: — Não a cale, Jessy. É a
primeira coisa grosseira que veio de sua boca nos últimos anos.
Ela só poderia ser uma Calder depois de tudo.
— Escutem, escutem. — Sebastian brindou-a com sua
taça de vinho.
— Pode não ser uma má ideia falar disso para Logan na
próxima vez que você vê-lo. — Laredo sugeriu. — Se nada mais,
ele pode passar por lá de vez em quando. Ele pode ajudar a
convencer a mulher que ela deve pedir ajuda.
— Boa ideia. — Jessy concordou.
— Eu não me incomodaria de chamá-lo hoje à noite, —
disse Trey. — Logan diz que as coisas sempre ficam loucas nas
noites quando há uma lua cheia, e nós temos uma hoje à noite.
Laura se animou. — Nós temos?
Trey assentiu. — Tão grande e redonda como deve ser.
Ela virou um olhar ansioso a Sebastian. — Que tal selar
um par de cavalos e irmos dar um passeio ao luar?
— Gostaria de aproveitar isso. — Seu olhar era eletrônico,
animado e caloroso, e Laura sentiu que uma onda familiar de
emoção profunda apertava a boca do estômago.
— Boa. — Laura empurrou a cadeira para trás da mesa. —
Se vocês me dão licença, eu vou colocar as minhas roupas de
montaria.
— Mas e a sobremesa? — Jessy olhou para ela com
surpresa. — Allie fez uma torta de morango fresco.
Laura trocou olhares cúmplices com Sebastian. — Eu vou
passar. Já tive minha cota de morangos frescos hoje. — Ela se
levantou da cadeira e se dirigiu para o corredor.
Uma hora mais tarde, à primeira vista do pôr do sol
matizava o céu da noite enquanto Laura deixava os celeiros e
andava em direção a Casa Grande, com um cavalo selado a
reboque. Chase estava abrigado em sua cadeira de balanço na
varanda, empurrando-a para frente e para trás em um ritmo
lento.
Laura freou seu cavalo, parando-o perto dos degraus da
frente. — Onde está o Sebastian? Eu pensei que ele estaria
aqui agora.
— Está ao telefone com sua irmã. — Chase respondeu. —
Espere que ele sairá rapidamente.
— Espero que sim. A lua estará aumentando em breve. —
Laura enganchou um joelho em torno do arção da sela e se
resignou a esperar, consciente do calor do dia saindo do chão
ensolarado e da quietude absoluta do ar.
— Você me surpreendeu hoje. — Chase continuou ocioso
com sua dureza.
— Como fiz isso?
— Conseguindo se envolver pessoalmente com essa
mulher Mitchell. Isso é algo que eu teria esperado de Quint ou
mesmo de Trey, mas não de você.
Ela sorriu em uma forma de repreensão, nem um pouco
ofendida.
— Agora, vovô, você sabe muito bem que eu não teria
saído e a deixado deitada no chão toda maltratada e
espancada.
— Não, você teria chamado uma ambulância.
— Acredite em mim, eu queria. — Laura admitiu, sem
desculpas.— Mas ela não quis ouvir-me. E uma vez que ela
conseguiu convencer Sebastian que seus ferimentos não eram
graves, não havia muito que eu pudesse fazer.
— E lá estava o negócio com os mantimentos. Você foi e os
comprou você mesma, em vez de simplesmente lhe entregar
algum dinheiro.
— Ela não estava em condições de ir. — Laura lembrou. —
E as crianças estavam morrendo de fome. Eu não sou
insensível.
— Às vezes acho que você gosta de fingir que é.
— Não seja bobo. — Ela negou o provimento da ideia.
— Não, você é culpada de deixar sua cabeça tomar a
maioria de suas decisões em vez de seguir seus instintos.
— Se eu tivesse seguido os meus instintos hoje, a polícia
teria sido chamada e um mandado de detenção emitido para
Mitchell. — Laura informou.
— Não, se a mulher se recusasse a apresentar acusações
contra ele. — Chase rebateu. — Eu acho que seu jovem inglês
sabia disso.
— Ele deveria. É um advogado, ou o que eles chamam de
advogados lá. — Laura respondeu com um encolher de ombros
e braços cruzados descuidados batendo as rédeas contra sua
bota.
— Ele parece ser uma boa influência para você.
Mais uma vez Chase tinha toda sua atenção com uma
suspeita formada. — Não me diga que você está metendo sua
mão em algum trabalho, vovô.
— Bom Deus, não. — Ele foi enfático na sua negação. —
Eu acho que você fez a escolha certa. Este Crockett será um
marido muito mais satisfatório para você.
— Sério? — Laura ficou surpresa e um pouco satisfeita
com seu endosso inesperado sobre Boone, mas havia uma
parte dela que não tinha certeza se acreditava nele.
— A sua própria maneira, você é uma mulher ambiciosa...
— Ele fez uma pausa para estudá-la por um momento. —
Talvez no molde de Lady Elaine. Se as histórias que têm sido
proferidas sobre ela são verdadeiras, ela prosperou em negócios
e na política. Considerando a forma como Tara tem enchido
sua cabeça com histórias sobre ela, eu não ficaria surpreso se
você brincasse com a ideia de se casar com um inglês titulado,
especialmente depois de conhecer Sebastian. Mas nunca teria
trabalhado isso.
— Como poderia, quando ele estava atrás do meu
dinheiro? — Sua voz tinha um pouco de vantagem para ele.
— Esse é o seu orgulho falando, não sua cabeça. — Sua
acusação foi irada. — A parte do dinheiro não teria
importância.
— Sério? — Laura desafiou friamente.
— Sim, realmente. Pelo que eu sempre ouvi dizer, essas
inglesas de descendência aristocrática formam praticamente
uma sociedade fechada. Elas poderiam ter tolerado você, mas
eu duvido que você fosse aceita nos círculos sociais. E com
certeza elas fariam isso dificil para você. Acho que com o tempo
você poderia falar com Sebastian para tentar sua mão em
política. Ele tem a aparência e charme para isso, talvez até
mesmo a inteligência. É o tipo de desafio que definitivamente
poderia servi-lo. Mas todas as probabilidades estão contra você.
— Ele declarou, depois assentiu. — Como eu disse você fica
melhor com Crockett. Seu pai tem todo o dinheiro e poder que
você poderia querer. E você tem Tara para pavimentar o seu
caminho para a sociedade do Texas. Você está andando em
uma situação banal que não vai exigir muito de você.
Um sorriso curvou sua boca. — Honestamente, vovô, você
é tão sutil como um toureiro com uma capa. — Ela soltou o pé
de todo o arção da sela e deslizou a ponta da bota de volta no
estribo.
— O que? — Deu-lhe um olhar inocente adequado.
— Vamos. Todo esse monólogo foi uma tentativa de me
convencer que eu deveria casar com Sebastian, e você sabe
disso.
— Por que eu iria querer a minha única neta se casando
com algum estrangeiro e movendo-se para o outro lado do
mundo? — Ele argumentou, então bufou. — É ruim o
suficiente você vivendo no Texas.
Sua negação exagerada era quase risível. No entanto, ele
encheu Laura com uma tristeza quase esmagadora. Aquele
homem velho empurrando em marcha lenta, afastando as
horas em uma cadeira de balanço era há muito tempo o grande
avô, robusto de sua juventude.
A porta da frente se abriu, e Sebastian deu um passo para
a varanda, eliminando a necessidade de Laura responder ao
último comentário de seu avô. — Já era hora de você aparecer.
— Laura declarou e deu um puxão nas rédeas do segundo
cavalo, trazendo-o para frente de sua sela.
— Chase explicou que Helen telefonou? — Sebastian
cruzou para o topo da escada e começou a descer.
— Ele fez. — Ela confirmou.
— A propósito, Helen me pediu para lhe dar seus
cumprimentos. — Ele tomou as rédeas de sua mão estendida, e
se mudou para o lado mais próximo da sela.
— Agradeça a ela. — Laura esperou até ele montar, e
acenou para seu avô, levando seu cavalo distante da varanda.
— Não há problemas em casa, eu espero. — Ela lhe deslizou
um olhar interrogativo quando ele virou seu cavalo ao lado
dela.
— Não há novidades. — Sebastian respondeu.
— Apenas as mesmas velhas coisas sobre dinheiro. — Ela
tentou de leveza, mas sabia que ficava aquém.
Ele lhe deu um olhar curioso. — Eu detectei um traço de
amargura?
— Provavelmente, — ela admitiu um pouco sombria. —
mas isso não tem nada a ver com você. É vovô. A idade
começou a afetar seu julgamento. Ele simplesmente não parece
justo. E não diga nada, — alertou Laura. — eu já sei que a vida
não é justa.
— Não vou me incomodar em lembrá-la, então. — Seu
sorriso era fácil e quente. Como sempre, Laura descobriu que
era impossível não responder ao seu charme sexy.
Ela levantou o cavalo para um trote, apontando para o sul
em direção ao rio e a parte arborizada. A montaria de Sebastian
seguiu seu exemplo quando o crepúsculo se estabelecia sobre a
terra.
De costas para a casa, Laura não viu Trey andar para a
varanda, com um telefone sem fio na mão. Ele parou quando
avistou os dois cavalheiros já do outro lado do pátio do rancho,
e levou o telefone ao ouvido. — Desculpe-me, Tara. Foi tarde
demais. Eles já saíram.
— Eles? — Tara endureceu instantaneamente. — O que
quer dizer com eles saíram?
— Laura e Sebastian. Eles foram passear a cavalo. — Trey
respondeu.
— Onde?
— Com Laura, quem sabe? Há uma lua cheia nesta noite,
e ela decidiu cavalgar. Você quer lhe deixar uma mensagem
para chamá-la amanhã?
— Sim, faça isso, Trey. — Tara declarou e desligou, mas
ela não se afastou do telefone. Um passeio ao luar, a frase
ecoava em sua mente. Não havia nada sobre o som dele que
Tara gostasse.
Ela estava bem ciente que Laura estava atraída por
Sebastian embora ela tivesse se afastado dele. Enfureceu-se
com a forma como o Calder o acolheu quando ele tinha
aparecido no rancho. Seu humor não melhorou quando Tara
recordou a falta de entusiasmo que a família tinha mostrado
quando souberam do envolvimento de Laura.
Quanto mais pensava naquilo, mais Tara se convencia que
Jessy estava esperando para minar o envolvimento de Laura
com Boone. Ela suspeitava que Chase, provavelmente
estivesse, dentro dele, também. Considerando a maneira como
ele havia permitido que sua própria filha se casasse com um
homem da lei comum, era óbvio que ele não tinha compreensão
da importância de se casar com alguém de status e riqueza
similar.
Normalmente Tara estaria confiante que Laura não seria
seduzida pelo charme de Sebastian, independentemente de
qualquer atração que ela pudesse ter para com ele. Mas se,
como ela suspeitava, a família estivesse envolvida, eles
poderiam inclinar a balança.
— Vamos acabar com isso agora. — Tara murmurou e
pegou o telefone, rapidamente discando um número de onze
dígitos, e esperando por três toques.
— Residência dos Rutledge.
— Aqui é Tara Calder. Deixe-me falar com Max, por favor.
— Um momento.
Apenas alguns segundos depois, sua voz familiar veio da
linha. — Tara, esta é uma surpresa.
— Não é agradável, eu penso. Embora deva fazê-lo saber
que Sebastian Dunshill está aqui em Montana. Na verdade, ele
está hospedado no Triplo C.
— O que ele está fazendo lá? — A demanda acentuada em
sua voz combinava com seus próprios sentimentos.
— Obviamente está fazendo mais uma tentativa de ganhar
Laura. Ele está desperdiçando seu tempo, é claro. Mesmo
assim, eu acho que se Boone estivesse aqui, poderia apressar a
sua partida.
— Você acha que isso seja necessário? — Max desafiou.
— Eu não diria que seja necessário. — Tara estava
caminhando em uma fronteira tênue, e ela sabia disso. Max
seria insultado se ela lhe dissesse que suspeitava que os Calder
estavam pouco excitados sobre o envolvimento de Laura com
seu filho. — Eu só quero que o homem se vá, e eu sei que a
chegada de Boone iria conseguir isso.
— Você não contou ao Chase sobre os problemas
financeiros de Dunshill?
— Eu disse a ambos Chase e Jessy, mas eles optaram por
deixar a decisão sobre se ele fica ou vai embora, para Laura.
Ela acha sua persistência um pouco mais divertida do que eu
faço. — Consciente que tinha que ter cuidado, Tara conseguiu
um suspiro ligeiramente teatral. — É surpreendente, no
entanto. O ego de qualquer mulher ficaria lisonjeado de ter um
homem seguindo-a do outro lado do mundo. É natural que
Laura queira saborear o sentimento, considerando que ela vai
se casar em breve.
— Eu suponho, ela é jovem.
Tara saltou em seu comentário. — Demasiado jovem para
entender a maneira como as pessoas podem falar. É por isso
que eu quero fazer a visita certa de Sebastian ser breve.
— Eu concordo.
— Maravilhoso. — Tara sorriu em triunfo.

A lua se assemelhava a um dólar de prata gigante no céu


oriental, a sua luz tão forte que qualquer ponto na paisagem
lançava uma sombra, incluindo os dois cavalheiros galopando
tranquilamente em seus cavalos através das planícies de
grama. A cadência rítmica dos cascos, os grunhidos das
barrigas dos cavalos, e os rangidos ocasionais do couro das
selas eram os únicos sons que eles ouviam na noite abafada.
Coroando um aumento na pradaria ondulante, Laura
freou seu cavalo para uma caminhada. Sebastian verificou sua
própria montaria e girou ao lado dela. Sem chapéu, Laura
usava o cabelo em uma trança francesa que terminava em uma
fila entre os ombros. O jogo do luar sobre os planos e ângulos
de seu rosto reforçava a perfeição clássica de seu perfil.
Com um esforço, Sebastian afastou o olhar dela e fez uma
varredura da terra ininterrupta diante deles. — Seria
extremamente fácil acreditar que somos os únicos na terra.
— Muito fácil. — Laura concordou. — Eu adoro cavalgar à
noite.
— Sério? E eu estava convencido que você favorecesse
lugares bonitos e cheios.
— Geralmente. Depende do meu humor. — Ela ergueu o
olhar para o céu imenso e sua incrível incrustação de estrelas.
— Você tem que admitir que há uma mágica definitiva para
esta noite. Deve haver um milhão de estrelas lá em cima, todas
elas tão longe, mas parecendo suficientemente perto para
serem tocadas.
— De fato. — Mas era Laura quem ele queria tocar.
— Você tem uma sensação de paz, não é? — Ela estudou o
dossel brilhante acima deles e deixou um pequeno suspiro
escapar. — Eu acho que me agrada esta noite.
— Sim, ela tende a fazer os problemas de Mitchell parecer
um sonho ruim. — Sebastian disse, seguindo a sua própria
linha de pensamento.
Com um mergulho para baixo do queixo, Laura inclinou
um olhar em seu caminho, algo leve e provocante em seus
olhos. — Eu mencionei que o meu avô pensa que você é uma
boa influência sobre mim?
— O que é, sem dúvida, a razão pela qual você está
convencida que a idade esteja prejudicando seu julgamento.
Sua risada era suave e musical, em perfeita harmonia com
o silêncio em torno. — Como você é astuto. Você é rápido assim
no tribunal?
— Um procurador não discute casos no tribunal. Esse é o
papel de um advogado.
— Eu acredito que você me disse uma vez antes. Oh, olhe.
Uma estrela cadente. Ela apontou para um arranhão branco no
céu, um instante antes que ele desaparecesse de vista. — Você
fez um desejo?
— Foi muito rápido.
— Eles sempre são.
Um coiote latiu em algum lugar para o leste, um som
assustador na terra tranquila. O cavalo de Sebastian girou
uma orelha em sua direção, mas não mudou o ritmo de sua
caminhada firme. Virando-se na sela, Sebastian descansou a
mão na sela e olharam para trás. Os edifícios da sede do
rancho tinham há muito tempo desaparecido de vista. Apenas
um leve brilho na distância mantinha a sugestão de sua
localização.
Voltando-se para frente de novo, ele comentou, em tom de
brincadeira: — Espero que você saiba onde estamos.
— Eu sei. Vê aquela linha escura das árvores ali? — Ela
indicou com a cabeça para o sudoeste. — Aquele é o rio que
atravessamos quando saímos do pátio do rancho. Ele faz uma
curva arrebatadoramente grande para o sul. Tudo o que temos
a fazer é segui-lo e ele vai nos levar para casa.
— Montante ou a jusante?
— Rio abaixo. Preocupado em se perder, não é? — Laura
disse com uma risada.
— Não, mas eu gosto de estar preparado.
— Não me diga que você foi um escoteiro.
— Desculpe, não.
Depois de um curto prazo em silêncio, Laura comentou. —
Está uma noite quente. Normalmente esfria depois que o sol se
põe. Poderia ser mais frio à beira do rio. Vamos montar dessa
forma. — Ela colocou as rédeas contra o pescoço de seu cavalo,
apontando-o para a linha escura das árvores, e lançou um
olhar desafiador para Sebastian. — Corra até lá. — Ela cravou
seus saltos nos lados de seu cavalo. Ele disparou para frente,
chegando a um galope em dois passos.
Sebastian começou a perseguição, dobrando-se baixo na
sela, incitando seu cavalo para frente. O rio estava a menos de
um quarto de milha distante. O cavalo de Laura estava na
liderança por um nariz quando ela verificou seu ritmo de
cabeça e o freou longe do banco arborizado. Sebastian partiu
em outra direção e circulou seu cavalo de volta para se juntar
com ela.
— Eu ganhei. — Havia risos em seus olhos e em seu rosto,
uma alegria brilhando de dentro que só adicionava ao seu jeito
natural.
— Um ponto de partida e um peso mais leve na sela
podem ter algo a ver com isso. — Sebastian sugeriu com um
sorriso.
— A vida não é justa dessa forma,— Laura lembrou-o,
brincando. — mas as corridas devem ser.
— Nesse caso, o seu cavalo dançou para os lados
enquanto examinava as bordas sombreadas da linha de
árvores, vamos ter outra. — Onde é o ponto de partida?
— Lá em cima. — Energizado pela corrida, o cavalo mudou
para um trote no instante em que Laura lhe fez sinal para
frente. Sebastian levou rapidamente seu cavalo ao lado dela.
Juntos, eles voltaram paralelos ao rio até que Laura apontou
para uma pausa nas árvores que cresciam ao longo das
torcidas.
— Esse é o meu próprio buraco de natação privado,
maravilhosamente isolado. — Ela disse, com um olhar
impertinente brilhando em seus olhos escuros. — O local
perfeito para nadar nua. Você está no jogo? Esteja avisado, no
entanto, a água fica apenas na altura do peito.
Em resposta, Sebastian puxou seu cavalo para um galope
e puxou a fralda da camisa solta a partir do cós da calça jeans.
Estendendo a mão, ele desfez os dois primeiros botões,
conscientes dos cascos no chão bem atrás dele. No momento
em que seu cavalo chegou ao topo perto da seção aberta da
margem do rio, ele puxou a camisa sobre a cabeça e desatou
seus jeans.
Sem perder tempo, saltou fora da sela e deixou cair a
camisa no chão junto com as rédeas. Ele já havia tirado uma
bota quando Laura balançou fora de seu cavalo. A segunda
bota seguiu a primeira. Então foi fácil tirar seus jeans, cueca e
meias.
Ele lançou um olhar para Laura, um vislumbre dela
quando tirou seu sutiã, e ele correu para a água. No seu
segundo passo para o rio, ele plantou o pé e empurrou para
fora, fazendo um mergulho raso no centro.
Quando ele surgiu, Laura estava lá, dando braçadas sem
esforço, o luar prateando a palidez de sua pele. — Trapaceiro.
Você tinha menos roupas.
Deixando um pé tocar o fundo, Sebastian limpou a água
de seu rosto. — Desta vez, a vantagem era minha; na última
vez foi sua; o que é justo, você não concorda?
Ela bateu a superfície com a mão, e enviou um spray de
água em seu rosto, e a luta de água estava começada. E
terminou da única maneira que podia, com Sebastian a
puxando sob a água.
Eles se empurraram para cima em uníssono, emergindo
distantes apenas alguns centímetros. Laura passou a mão em
seu rosto e deu um breve lance de sua cabeça para sacudir o
excesso de água, em seguida, fixou seu olhar sobre Sebastian,
num escurecimento em seus olhos que estava cheio de convite.
— Estou com frio. — Ela cruzou os braços atrás do seu
pescoço e mergulhou a cabeça na direção de sua boca. —
Aqueça-me.
— Esse era o meu plano o tempo todo. — Sebastian
murmurou e segurou sua cintura, sua boca movendo-se em
seus lábios, separando-os e aprofundando o beijo.
O empuxo da água fez o peso em seus braços, deixando as
mãos livres para explorar cada mergulho tentador e as curvas
de seu corpo. Mas ele manteve a volta para seus seios e os
mamilos que a água fria transformou em seixo duro.
Com um leve gemido de necessidade, levantou-a
parcialmente para fora da água, mas o deslize de sua pele
molhada tornava difícil para ele manter seu aperto. Ela teria
escorregado se não tivesse enrolado as pernas em torno de sua
cintura, resolvendo o problema para ele. Seus dedos cavando
em seus cabelos enquanto ele esfregava a boca sobre um seio
branco reluzente, mordendo levemente seu ponto duro antes de
sugá-lo em sua boca.
A necessidade cresceu, estimulada por tudo, desde os
arredondados de suas nádegas e os picos duros de seus seios
até o impulso das contorções de seu corpo contra o dele e os
pequenos sons animais que ela fazia em sua garganta.
Ajustando a sua posição para conseguir uma melhor
posição no fundo do rio lamacento, Sebastian arrancou uma
perna em torno de seu meio, baixando-a. No próximo segundo
a mão dela estava lá, guiando-o dentro dela.
Apenas brevemente ele esteve consciente da água batendo
contra eles quando se dirigiu para ela novamente e novamente.
Então ele se perdeu em tudo, exceto para a corrida quente de
seu sangue e a dor gritando para a liberação, que chegou como
um explosivo, com pressa, estremecendo ambos e se
esforçando para segurar o intenso prazer dela.
Seu pé escorregou, e ambos foram abaixo, a rapidez os
separando. Sebastian rompeu na superfície um instante antes
de Laura surgir pulando e tossindo. Mas sua desconforto
rapidamente dissolveu-se na gargalhada.
— Eu nunca tinha feito amor na água antes. Da próxima
vez me lembrarei de segurar minha respiração. — Ela declarou,
e estremeceu. — Brrr. Agora está realmente frio. Desta vez, eu
acho que nós precisamos nos vestir. Vamos lá. — Ela segurou
a mão dele e o levou em direção à costa. Olhando para trás, ela
notou seu sorriso enigmático. — Porque você está tão feliz?
— Para ser franco, passou pela minha cabeça que isso
pode ser mais uma das suas cenas de despedida. Obviamente,
não é desde que você não parece avessa a falar.
— Mas você estará me deixando em algum momento. —
Laura disse levemente, liberando a mão e cruzando para a
pilha de roupas.
— Por quê? Por causa desse anel no seu dedo? —
Sebastian zombou. — Rutledge não vai fazer você feliz.
— Você está errado. — Ela respondeu de forma fácil e
entrou na sua calça jeans, puxando-a para cima das pernas
molhadas.
— Eu estou? — Ele apontou com um sorriso sarcástico a
caminho enquanto pegava seu jeans do chão. — Você está,
obviamente, não ama o homem, ou você não o estaria traindo
já.
Por um instante atordoada, Laura simplesmente olhou
para ele, em seguida, vestiu o sutiã e trabalhou para prendê-lo.
— Eu realmente não o estou traindo.
— Então o que eu sou? — Sebastian desafiou levemente.
— A última tentativa antes de caminhar até o altar?
Os cantos de sua boca se aprofundaram em um sorriso. —
Isso é exatamente o que você é. Desapontado?
— Nem um pouco. — Sebastian sentou-se no chão e
puxou suas botas.
— Bom. Porque quando você sair, eu não quero que vá
embora louco.
— Mas não incomodaria você se eu voltar com o coração
partido, não é? — Sebastian pegou a camisa e abotoou o resto
dos botões.
Uma risada borbulhou dela. — E é muito provável que
você voltará com o coração partido, porque vai sair do jeito que
veio, com os bolsos vazios.
— Ninguém pode enganá-la, pode? — Ele sorriu.
— Na verdade, você o fez, mas não por muito tempo. —
Após puxar sua última bota, Laura estendeu a mão para que
ele pudesse puxá-la na posição vertical.
Juntos, eles caminharam até onde os cavalos pastavam e
recolheram as rédeas. — Com o tempo você vai ficar muito
aborrecida com Boone. — Sebastian afirmou quando subiu à
sela.
— E por que isto? — Laura perguntou se divertindocom
aquela brincadeira de ida e volta mostrando sua expressão.
— Porque você vai descobrir que não pode combinar
inteligência com uma pessoa desarmada.
Ela fez uma cara de espanto trocista. — Ooh, isso é uma
velha piada, Sebastian.
— Mas extremamente precisa neste caso.
— Ele combina comigo. — Laura declarou e apontou seu
cavalo em direção a casa.
Com seus cabelos molhados e a roupa molhada da
natação, nem estava disposta a perder tempo ao longo do
caminho. Eles galoparam pelas planícies enluaradas em um
curso direto para a sede do Triplo C. e atravessaram o rio
apenas ao sul dos celeiros.
Depois de cuidar dos cavalos e arrumar a aderência, eles
partiram para a Casa Grande. Sebastian passou as mãos nas
costas de seus cabelos quando ele amigavelmente passou o
braço em volta dos ombros.
— Seus cabelos estão secos. — Comentou ociosamente.
— Quase. — Laura confirmou e deixou seu olhar vagar
sobre a fachada de pilares brancos da casa grande, observando
as janelas escurecidas. — Eu me pergunto qual será a hora.
— Próximo da meia noite, eu imagino. Dificilmente tarde
para seus padrões.
— Do jeito que Boone é. Os pecuaristas são sempre os que
acordam cedo.
— Tenho notado. — Ele murmurou.
— Incivilizado, não é? — Laura respondeu, sorrindo.
— Muito. — Ele concordou. — Você estava planejando
chamar Boone no caso de sua consciência pesar um pouco?
— Não pela razão que você pensa. Acabei de me lembrar
que ele deveria ligar hoje à noite.
— Pobre homem. — Sebastian murmurou em simpatia
fingida, deixando seu braço cair de seus ombros quando
começaram a subir os degraus da varanda. — Sem dúvida, ele
esperava por sua noiva apaixonada sentada ao lado do telefone
esperando sua chamada. Em vez disso, ela estava fora nadando
nua ao luar com outro homem.
— Eu não acho que vá dizer isso a ele. — Laura disse,
igualando o seu tom de provocação.
— Eu não faria isso, tampouco, se fosse você. — Ele
concordou perfeitamente de cara séria. — Suspeito que ele não
fosse entender isso.
— Você teria? — Ela perguntou, dando um passo para
trás quando Sebastian abriu a porta para ela.
— Eu estou aqui, não estou?
Não tendo nenhuma resposta rápida para aquilo, Laura
entrou na casa. O silêncio absoluto teve um impacto imediato
quando ela, instintivamente, falou em voz baixa: — Eu acho
que todo mundo está dormindo.
— Como você disse, é tarde. — Ele murmurou. — Muito
tempo passado para meninas impertinentes se dobrarem na
cama.
— Isso parece com uma oferta. — Ela inclinou-lhe um
olhar de diversão.
— Isso não parece uma recusa. — Sebastian rebateu e a
deixou liderar o caminho em toda a sala escura para a
escadaria de carvalho.
— Refreie os cavalos, Charlie. — Laura o admoestou. —
Neste momento eu acho que um banho quente irá fornecer todo
o aquecimento que necessito.
— Se você mudar sua mente sabe onde é o meu quarto. —
Disse ele, seguindo-a até as escadas. — E o nome é Sebastian.
— Meu erro, e eu sei onde você está dormindo. Mas não é
na minha cama.
— Talvez outra noite. — Ele sugeriu e acompanhou Laura
a porta de seu quarto.
Virando-se, ela se colocou de costas para ele. — Eu duvido
que você vá ficar por muito tempo.
— Você pode se surpreender. — Ele se inclinou com uma
mão na ombreira da porta perto de sua cabeça. — Eu gostei
imensamente da nossa excursão ao luar.
Quando ele abaixou a cabeça na direção dela, Laura virou
a maçaneta e apoiada em seu quarto, fugiu do seu beijo. — Boa
noite. — Seus olhos riram dele enquanto fechava a porta.
Sebastian permaneceu onde estava, e esperou. Em poucos
segundos a porta se escancarou, e uma Laura o surpreendeu e
o encarou. — O retrato... — Ela começou e jogou um rápido
olhar para a pintura apoiada em uma cadeira em seu quarto,
como se para confirmar que ainda estava lá. — Como...
quando...?
Foi à primeira vez desde que a tinha conhecido que a via
perder as palavras. — Eu não passei o tempo todo depois do
jantar ao telefone com Helen.
— Mas... por quê? — A confusão nublou sua expressão,
juntamente com certa cautela.
— Diria que sou óbvio, eu queria que você tivesse isso. —
Sebastian respondeu facilmente. — Afinal de contas, Lady
Elaine nunca foi um antepassado meu, enquanto parece
bastante provável que você esteja relacionada com ela.
Virando-se, Laura saiu da porta e caminhou de volta para
a cadeira com a pintura. — Mas sempre esteve pendurado em
Crawford Hall.
Sebastian deixou cair à mão do batente da porta e entrou
na sala atrás dela. —Teria caído em última análise, para o
cascalho, quando Crawford Hall se for, juntamente com o
grosso de seu conteúdo. Ao invés de ver isso acontecer, prefiro
dá-lo a você como um momento de sua visita à Inglaterra.
— Você disse que tinha pouco valor. Certamente você
poderia tê-lo mantido. — Seu olhar o estudou alerta a qualquer
mudança em sua expressão, não importando o quanto fosse
pequena ou breve.
— Eu não tenho nenhuma necessidade de um retrato para
me lembrar de você. — Um sorriso irônico curvou sua boca. —
Perdoe-me por parecer piegas, mas você tem assombrado
minha mente desde o dia em que deixou Crawford Hall. Isso
veio quando comecei a perceber que tinha caído de amor por
você.
Divertida, Laura inclinou a cabeça. — Você realmente não
espera que eu acredite, não é?
Sebastian riu. — Já está cética, não é? Eu teria um tempo
mais fácil se meu nome fosse Smith ou Brown e seu saldo
bancário não fosse melhor que o meu. Irônico, não é?
Inicialmente eu a persegui pela sua riqueza, e agora meu
desejo é que você não possuísse nada.
— Você é um liso, Sebastian. — Havia um traço de
admiração em seu tom de repreensão.
— Naturalmente. É por isso que você me acha tão
irresistível. Na verdade, eu suspeito que você esteja mais do
que um pouco apaixonada por mim agora. — Estando bem
próximo dela, levantou a mão e traçou a curva de sua
bochecha com as pontas dos dedos. Sua pele formigava a partir
do contato extremamente leve.
— Talvez um pouco. — Laura admitiu, honesta consigo
mesma e com ele. — Você está sempre tão cheio de surpresas.
Mas eu não estou prestes a me casar com você.
— Boone é uma escolha matrimonial muito mais segura,
não é? Ele tem dinheiro, enquanto eu sou um... pobre risco,
digamos assim? — Sebastian a observou com os olhos
brilhando.
Ela riu. — Um extremamente pobre risco.
— Mas a nossa vida juntos nunca seria maçante. Eu
duvido que o mesmo possa ser dito de uma vida com Boone.
— Da mesma forma, ele combina comigo.
— Não tão bem quanto eu. — Sebastian opôs, e fez uma
pausa. — Eu tenho uma proposta para você.
— Eu mal posso esperar para ouvir isso. — Laura zombou.
— Devolva seu anel, e mantenha o seu dinheiro.
Suas palavras trouxeram uma onda de esperança, mas
Laura rapidamente viu através deles. — Parece muito esperto.
— Esperto? — As sobrancelhas arqueadas no inquérito em
silêncio em sua escolha de adjetivos. — Eu pensei que fosse
muito simples e direto.
— Mas se eu ficar com o dinheiro, você vai perder
Crawford Hall. Então onde é que viveremos? — Laura desafiou.
— Eu tenho um pequeno apartamento em Londres.
Ela balançou a cabeça. — Isso não mudaria nada. Eu
quero viver em algo grande e grandioso... — A pausa foi
deliberada. — algo como Crawford Hall. E se eu estou
comprando uma grande propriedade, por que não a mansão da
família? Seria lógico para o dono do lugar que vem com o título.
E você está contando com isso, não é?
Houve um lampejo de irritação em sua expressão. — É
evidente que a sua mente é muito mais tortuosa do que a
minha. — Sua boca tinha um conjunto ligeiramente
desagradável para ele que parecia coincidir com o novo
divertimento, fresco em seus olhos. — Aproveite o retrato,
Laura. Pelo menos eu vou ter o consolo de saber que cada vez
que você o olhar irá pensar em mim com admiração.
Ele fez uma curva agradável e saiu do quarto, fechando a
porta atrás de si. Laura ficou lá, certa que ela não tinha sido
errada em sua avaliação. Sua saída era apenas uma tentativa
de plantar alguma dúvida em sua mente. E ainda...
Ela olhou para a pintura pensativa.
Capítulo Dezesseis
Os primeiros raios do sol nascendo se derramavam pela
janela do quarto. Consciente do brilho deles contra suas
pálpebras, Sebastian virou e socou o travesseiro debaixo dele,
reforçando a sua espessura. O som abafado de passos vinha do
corredor, sinalizando que ele não era o único na casa dos
madrugadores que estava acordado. Por um momento ele
estava lá, ouvindo o som rápido dos passos descendo as
escadas.
Desistindo de qualquer pensamento que pudesse voltar a
dormir, jogou as cobertas e saiu da cama. Depois de uma
rápida visita ao banheiro, foi até o armário preenchido e após
breve pesquisa das roupas nos cabides, pegou a mala no chão
do closet. Colocou-a sobre a cama e a abriu, caminhando até a
cômoda.
Mais passos se movendo ao longo do corredor e parando
na porta. A junta bateu duas vezes contra ela, e a trava clicou
quando a porta se abriu.
Trey enfiou a cabeça para dentro do quarto. — Eu pensei
tê-lo ouvido se movendo aqui. Nós estaremos movendo o gado
nesta manhã. E pensei que você pudesse querer... — Ele parou
no meio da frase no instante em que percebeu a mala de
viagem aberta sobre a cama. — Você não está pensando em
nos deixar apenas quando as coisas estão prestes a esquentar,
está? — Havia algo de desafio em sua pergunta. Sebastian fez
uma pausa, lhe enviando um olhar curioso.
— Eu imploro o seu perdão.
— Nós vamos ter companhia esta noite. — Trey lhe disse.
— Crockett vai voar. Eu tenho a sensação que um melro
pequeno chamado Tara deve ter-lhe contado que você estava
aqui.
— Nesse caso, talvez seja melhor para todos se eu sair.
— Pode ser. — Trey entrou no quarto e encostou a forma
alta contra o batente da porta, vagamente cruzando os braços
na frente dele. — Pessoalmente, porém, estou esperando que
ele vá estragar tudo. Isso não será provável de acontecer se
você for embora.
— Você está esperando que entremos em uma briga física
sobre a mão de sua irmã? — Sebastian zombou de ânimo leve.
— Conhecendo Laura, ela gostaria disso. Não, vai ser
suficiente se você apenas ficar sob sua pele. — Trey se afastou
da porta e caminhou até a cama. — Se ele é o bastardo que eu
acho que é, vai cuidar do próprio descanso. E com certeza você
não vai precisar disso. — Ele fechou a mala, verificando-a para
ter certeza que estava bem fechada, e a levou para o armário.
Depois de uma verificação das roupas, ele se virou. — Se você
vai comigo, é melhor colocar os jeans que usava ontem. Se você
usar qualquer um desses, — Apontou o polegar na direção do
armário — será provável que assuste o gado.
— Você está supondo que eu vá ficar. — Sebastian
observou secamente.
Trey fez uma pausa com uma mão na maçaneta da porta.
Havia algo sobre a firmeza de seu olhar calmo que lembrava a
Sebastian o Calder mais velho. — E você não vai?
O desafio preguiçoso fez Sebastian sorrir. — Parece que
sim. — Ele empurrou a gaveta e se aproximou para recuperar o
jeans.
— Nós vamos sair logo que você descer. — Trey informou.
— Eu tenho uma garrafa térmica de café no caminhão, e Allie
vai colocar um sanduíche de café da manhã para você.
Sebastian poupou um olhar sobre o vermelhão do
amanhecer fora de sua janela. — Diga-me, é tradição que um
cowboy deve estar na sela antes que o sol suba?
— Você poderia chamá-lo assim, eu suponho. — Trey
falou novamente. — Mas por que algo se tornou uma tradição
aqui, sempre há uma boa razão para isso. Nesse caso, quando
você está movendo um rebanho de vacas de um pasto para
outro, é mais fácil fazer isso cedo, antes que os bezerros e as
vacas se dispersem para pastar. Desta forma, você terá uma
melhor chance de chegar com o seu rebanho intacto. Vejo você
lá embaixo. — Com isso, ele saiu do quarto, deixando
Sebastian se vestindo.

Laura não saiu da cama até quase onze horas. Era perto
de onze e meia, quando ela desceu as escadas. Depois de uma
xícara de café e uma fatia de pão, fez uma chamada para
Boone, apenas para ser informada pela empregada mexicana
que nem o Senhor Max nem o Senhor Boone estavam em casa.
Com Sebastian fora em algum lugar com Trey, Laura
optou por visitar sua tia Cat Echohawk, em vez de passar à
tarde na Casa Grande sozinha. Entre se inteirar sobre as
últimas notícias de Quint e discutir possíveis planos de
casamento, eram quatro horas antes que ela partisse para
voltar à unidade, gastando cerca de uma hora para chegar ao
Triplo C.
Quando estacionou no pátio do rancho, Laura viu
Sebastian e Trey caminhando até a inclinação para a Casa
Grande. Ela tocou a buzina enquanto se dirigia para eles,
estacionou perto da base, dos degraus da varanda e saiu para
esperar por eles. Um sorriso curvou sua boca quando percebeu
tanto o vermelho revelador de uma queimadura solar como a
maneira dura com que Sebastian estava andando.
— Você parece estar se movendo um pouco devagar,
Sebastian. Tem algumas dores musculares, não é? — Laura
brincou.
— Mais do que algumas, eu suspeito. — Ele admitiu com
uma honestidade arejada. — Esta é a primeira vez que eu
passo um dia inteiro montado em um cavalo.
— Pobre homem. Muito ruim Grizwold não estar aqui para
lhe preparar um banho quente para que possa se embeber
afastando algumas das dores.
— Há muito para recomendar os confortos de Crawford
Hall. — Sebastian declarou em uma nota exageradamente
melancólica.
A pesada porta da frente se abriu atrás de Laura, mas ela
estava muito acostumada a ter idas e vindas de pessoas na
Casa Grande para lhe dar alguma atenção. — Eu acho que
você vai ter que se contentar com um chuveiro de água quente.
— Disse a Sebastian. — Mas você vai precisar de alguma loção
para as queimaduras solares.
Quando Laura se virou para subir os degraus, seu olhar
se levantou. A surpresa a levou a uma parada completa quando
viu Boone em pé no alto, com uma impaciência escura
brilhando em seus olhos e uma pitada de sombra ao redor de
sua boca.
Recuperando-se do choque inicial, ela deslizou até as
escadas e em seus braços, cheia de sorrisos. — Boone, querido.
Quando você chegou aqui?
— Aproximadamente há uma hora. — Suas mãos
agarraram seus braços, seu amolecido olhar quando ele
encontrou o dela virado para cima. Em seguida, ele endureceu
mais uma vez quando seu olhar se desviou dela para
Sebastian.
— Por que você não chamou e me avisou que estava
vindo? — O protesto não foi nada mais que um truque para
recuperar sua atenção. — Não que isso importe, estou feliz que
você esteja aqui.
— Foi minha culpa, irmã. — Trey falou. — Boone ligou
ontem à noite para dizer que voaria nesta tarde. Saí esta
manhã e me esqueci de deixar a mensagem para você.
— Não há nada de errado, certo? — Quando Laura olhou
para Boone para a confirmação de sua pergunta, ele estava
olhando para Sebastian.
— Eu não acredito que você teve a coragem de aparecer
aqui, Dunshill. — Boone disse firmemente, então permitiu um
sorriso frio torcer sua boca. — Você está um pouco atrasado,
embora. Laura e eu vamos nos casar.
Ela riu suavemente. — Como você parece muito macho,
Boone. Depois que você souber o que ele trouxe ficará feliz que
ele tenha vindo. Vamos lá. — Ela grudou um braço com o dele.
— Vamos entrar para que eu possa lhe mostrar.
Ela encaminhou Boone pela casa, seguidos por Sebastian
e Trey, com o som de seus passos acompanhados pelo tilintar
das esporas de Trey. Na sala de estar, ela parou e colocou uma
mão no peito largo, detendo Boone.
— Você espere aqui e eu vou trazê-lo para baixo. —
Quando ela foi até a escada, Laura lançou um olhar para o
irmão. — Trey, me dê uma mão?
— Claro. — Ele concordou e alongou o passo para
alcançá-la.
Sebastian fez uma pausa na sala de estar e tirou o chapéu
de palha Resistol. Estendendo a mão, passou os dedos através
dos lados de seus cabelos, aplainando-os pelos lados do
chapéu. Todo o tempo em que ele visualmente monitorava a
subida das escadas de Laura esteve consciente do olhar de
Boone direto para ele, mas optou por não reconhecê-lo. A cada
segundo que passava, o silêncio na sala engrossava.
No instante em que Laura desapareceu de vista, o silêncio
foi quebrado. — Eu não dou a mínima para o que você trouxe
Dunshill. — A voz baixa de Boone vibrou com raiva. — Você
não é querido aqui. Infelizmente, Laura é educada demais para
lhe dizer para pegar a estrada.
Sebastian sorriu sem humor e lhe enviou um olhar de
soslaio. — Mas você não é detido por nenhum desses
constrangimentos, não é?
— Sua fala elegante não me impressiona. Nem o seu
título, — Boone retrucou. — nós dois sabemos que você está
atrás de Laura só pelo seu dinheiro. Você não percebeu ainda
que Laura é inteligente demais para você?
— Ah sim. — Sebastian assentiu. — Ela deixou isso bem
claro.
— Em seguida, consiga o próximo avião para fora daqui.
— Boone rosnou quando os passos e esporas estridentes
vieram do salão superior.
Sebastian simplesmente sorriu. — Tudo ao seu tempo,
meu velho.
O reaparecimento de Laura no alto da escada,
acompanhada por Trey carregando a pintura moldada,
forçando Boone a morder de volta qualquer réplica mordaz que
pudesse ter se inclinado a fazer. Ela correu levemente para
baixo e através da sala, para Boone, deslizando um braço ao
redor de sua cintura e ajustando-se ao seu lado.
— Veja. — Com uma mão estendida, ela indicou a pintura
que Trey levantou para ver. — O retrato de Lady Elaine. Não é
maravilhoso?
— Ele certamente é. — Um pouco de tensão permaneceu
no sorriso que Boone lhe deu. Foi com o ressentimento no
olhar que disse a Sebastian. — Isso foi muito generoso de sua
parte, Dunshill.
— Foi não é? — Laura concordou e virou um olhar curioso
sobre Sebastian. — Considerando como você está desesperado
por dinheiro, eu não entendo por que não ligou para Max.
Interessado como estava em adquirir o retrato, você poderia ter
vendido a ele por um considerável valor. Por que não o fez?
— Se eu quisesse que ele o possuísse, teria feito isso. —
Sebastian respondeu suavemente. — Mas eu preferia que você
o tivesse.
— Estou feliz que você o fez. Eu absolutamente amo isso.
— Laura declarou, sua atenção mais uma vez no retrato que
mostrava uma semelhança tão marcante com ela.
— Eu acho que nós deveríamos pendurá-lo acima da
lareira no Slash R., não é? A observação de Boone estava longe
de ser ociosa. Foi um lembrete das pontas de seu casamento
pendente com Laura.
— Isso pode parecer um pouco vão. — Laura sugeriu. —
Mas nós vamos encontrar o lugar perfeito para ele.
— Enquanto vocês dois decidem onde o retrato será
pendurado, acho que vou fazer bom uso das instalações do
chuveiro. — Desculpando-se, Sebastian caminhou para a
escada.
— Isso vale para mim também. — Trey falou e ergueu a
mão para Boone. — Vejo você mais tarde no jantar.
Laura cobriu a partida, dando um aperto em Boone se
abraçando a ele. — Estou tão feliz que você tenha vindo.
— Por que você não me disse que Dunshill estava aqui? —
Seu olhar afiado procurou seu rosto.
— Quando eu tive uma chance? — Ela rebateu na
inocência dos olhos arregalados. — Eu estava fora quando você
me ligou, e você tinha saído quando eu chamei de volta.
— Estou surpreso por você não lhe mostrar a porta,
considerando o que você sabe sobre ele.
— Mas, querido, — Laura se virou em seus braços e
correu os dedos ao longo da frente aberta do colarinho da
camisa: — eu não poderia ser tão rude, não quando ele me deu
a pintura de Lady Elaine.
— Há quanto tempo ele está aqui?
— Alguns dias. — Laura respondeu com um encolher de
ombros. — Dificilmente o tempo suficiente para conseguir
acertar seu fuso horário. O mais importante, — disse ela,
ligando os dedos atrás do pescoço e arqueando-se contra ele —
é quanto tempo você vai ficar?
— Eu não vou embora até que ele o faça. — Foi uma
declaração plana e dura.
O sorriso de Laura se alargou. — Nesse caso, vou ter
certeza que ele fique um longo tempo.
— Droga, Laura. — As palavras vieram dele em uma
explosão violenta.
Ela inclinou a cabeça para trás e riu baixo em sua
garganta. — Realmente, querido, você não pode,
eventualmente, ter ciúmes dele. Não agora. — Subindo na
ponta dos pés, ela esfregou os lábios úmidos sobre a linha
apertada da sua boca até que seus braços a rodearam e
esmagaram-na em um abraço de estacar reivindicação.
Laura não podia dizer por que ela estava relutante em
enviar Sebastian embora. Teria sido uma coisa fácil de fazer.
Ela suspeitava que fosse uma resistência natural de sua parte
por ter alguém impondo sua vontade sobre ela.
Sugeriu tanto para Tara no dia seguinte, quando ela e
Boone passaram à tarde ao lado da piscina na casa de verão de
Tara em Lobo Prado. Quando alguém do rancho no Texas
chamou Boone em seu telefone celular, Tara tinha usado o
momento privado com Laura para observar: — Eu imagino que
Boone ficou chateado quando descobriu que Sebastian estava
no rancho.
— Ele definitivamente não estava feliz. — Laura esfregou
uma generosa quantidade de protetor solar em sua perna.
— Estou surpresa por ele não insistir para você pedir a
Sebastian para sair.
— Ele tentou, — respondeu Laura. — mas ele precisa
saber que eu não vou ser pressionada para fazer as coisas.
— Não seja tola, Laura, — Tara afirmou com inesperada e
afiada raiva — a pressão vem de Max. Você nunca correu em
choque com Max Rutledge e venceu.
Com um pouco de choque, Laura percebeu que Tara
estava certa, tanto em sua identificação da fonte como em sua
avaliação do resultado. — Eu vou descobrir uma maneira de
lidar com ele. — Laura não enganou a si mesma acreditando
que seria fácil.
— Laura. — Tara disse em advertência, mas ela foi
impedida de dizer mais pelo retorno de Boone, quando seu
telefonema terminou. — Está tudo bem no rancho? — Laura
fechou o frasco de loção e colocou-o no deck da piscina ao lado
de sua cadeira.
— Não há grandes problemas.
— Bom. — Seu sorriso foi rápido e quente. — Eu tenho
uma sugestão a fazer. Por que não vamos sair para jantar hoje
à noite? Só nós dois.
— Isso seria uma mudança. — Ele respondeu secamente.
— Isso foi o que eu pensei.
Tara permitiu uma careta para lhe estragar a testa lisa. —
Mas aonde você iria?
— No Harry, é claro.
— No Harry. — Tara repetiu com desgosto.
— Eu sei que é um grito longe do Mansion on Turtle
Creek, mas eles servem um bom bife. — Laura respondeu e
balançou suas longas pernas para fora da espreguiçadeira. —
Eu vou me refrescar na piscina. Vem comigo? — Disse ela,
fazendo o convite para Boone.
— Eu estou bem atrás de você.

No crepúsculo arroxeado da noite, o sinal de néon enorme


montado no alto do telhado da varanda brilhava num verde
berrante, proclamando em letras maiúsculas gigantescas que
era o local do Refúgio de Harry. O assobio e chiado do tubo de
néon dominava a quietude quando Sebastian saiu da picape do
rancho. Seu olhar se desviou para um segundo veículo
estacionado perto, as suas portas estampadas com a marca
distintiva do Triplo C.
— Eu suspeito que Laura não vá ficar muito contente por
nos ver. — disse ele para Trey, quando ele saiu do lado do
motorista e deu um empurrão a porta para fechá-la.
Trey balançou a cabeça em desacordo leve. — Crocket não
pode ser o único com o nariz fora do comum. Laura vai se
divertir, pensando que os punhos irão voar. — Trey se dirigiu
para a entrada, pulando dois degraus da escada ao mesmo
tempo. — Não se engalfinhe, se você puder evitá-lo. Isso seria
jogar o jogo de Crockett.
— Por que você o chama de Crockett? — Sebastian
perguntou.
— É uma piada da família. — Trey abriu a porta e a
segurou para Sebastian, deixando-o entrar primeiro, e depois o
seguiu para dentro — Bem-vindo ao Harry. — O divertimento
brilhava em seus olhos. —Foi-me dito que não seria nada
parecido com um de seus pubs ingleses.
Para a esquerda era a sala de jantar, a fonte do cheiro de
alimentos e o barulho abafado de pratos. A maioria de suas
mesas estavam vazia, um olhar de Sebastian pesquisando o
salão facilmente localizou Laura e Boone sentados a uma mesa
isolada, separada da meia dúzia de outras. Apesar das baixas
luzes, Sebastian sabia o instante em que ela o vira. Era quase
uma coisa tangível. Qualquer chance de que fosse um desejo de
sua parte foi eliminada quando a cabeça escura de Boone se
virou para enfrentar a porta.
Trey levantou uma mão de reconhecimento em direção a
Laura e saiu para a área do bar à direita. Com um pouco de
expectativa foi em direção a luz, que, com exceção da jukebox
estava brilhantemente colorida ao longo da parede da frente e
das claraboias sobre as mesas de bilhar individuais.
— Pegue uma mesa. — Trey disse quando ele se desviou
em direção a jukebox em silêncio.
Nenhuma estava ocupada, dando a Sebastian uma ampla
escolha. Ele escolheu a mais próxima e puxou uma cadeira.
Sentando-se, ele olhou de relance para os dois homens
debruçados sobre suas bebidas no final do longo bar. Atrás
dele, a jukebox veio à vida, enchendo o balcão meio morto com
uma melodia animada de música country local.
Segundos depois Trey se juntou a ele, balançando a perna
por cima da cadeira para trás e se abaixando sobre o assento.
— Isso deve acordar todo mundo.
As portas de vaivém para a cozinha se abriram, e um
homem baixo e corpulento com um avental empurrou sobre a
sua mesa, pegou sua ordem para duas cervejas, e empurrou-a
para o balcão ao lado.
Com um esforço, Sebastian manteve seu olhar de ferro
desviado da mesa de Laura. — Isso é geralmente quieto? — ele
perguntou para iniciar a conversa.
— Isso anima um pouco no sábado à noite. — Trey disse.
— Voltando ao tempo do meu avô, isto era utilizado como uma
estalagem completa, com jogos de pôquer nos bastidores e um
par de jovens sujas no andar de cima.
O homem chegou de volta com duas canecas geladas de
cerveja, colocou-as na mesa e pegou o dinheiro que Trey
empurrou para cima da mesa. — Eu vou voltar para a cozinha
um pouco. Se você precisar de qualquer outra coisa, apenas
grite. Isso é o que todo mundo faz.
— Vou fazer. — Trey assentiu, tomou um gole de cerveja, e
limpou o bigode com sua mão na boca, apagando os vestígios
de espuma. Ele deslizou um olhar interrogador para Sebastian.
— Você dança?
Sebastian sorriu. — Você está perguntando? Se eu for,
você deve saber que eu prefiro conduzir.
Trey riu forte e saudável. — Não podemos pensar melhor?
— Declarou ele e balançou a cabeça, o riso ainda lá, sob a
superfície. — Na verdade, eu tinha outra coisa em mente. Há
uma canção lenta chegando. Eu pensei que você poderia tirar
Laura para dançar. É uma paixão dela.
— Eu sei. — Sebastian disse.
A observação despertou um olhar avaliador de Trey, mas
nenhum comentário direto. — Se Crockett souber outra coisa
que não dois passos ou um passo de caixa, eu vou ficar
surpreso. E você?
— Laura é plenamente consciente que eu posso dançar, se
fosse esse o seu pensamento.
— Foi apenas metade disso. — Trey respondeu. — Eu sei
de algumas variações sobre o passo base e é sobre isso. É
realmente irritante ver outro cara fazer com que pareça fácil,
especialmente se ele está dançando com minha menina.
A canção de condução dura na jukebox terminou num
crescendo de tambores e guitarras. O vazio silencioso durou
apenas alguns segundos antes que as notas cadenciadas de
uma valsa chegassem pelos alto-falantes.
— Essa é a sua dica. — Trey disse a ele e lançou um olhar
à mesa de sua irmã, então exclamou. — Tarde demais. Acho
que eles estão saindo...
Virando a cabeça, Sebastian viu Laura se movendo em
direção a eles com a graça de uma modelo, o ouro pálido de
seus cabelos pegando o brilho das luzes interiores. Havia algo
quase real sobre sua cabeça como uma espécie de elegância
inata, transcendendo na simplicidade do vestido. Ele sentiu um
orgulho dela que poderia ser mais forte somente se ele fosse o
homem andando com ela, em vez de Boone Rutledge.
Em vez de se desviar em direção a porta da frente, o casal
continuou em direção a eles. — Bem, o que você sabe? — Trey
murmurou. — Acho que ele pediu a ela para dançar.
Chegando a pequena pista de dança, Laura fez uma curva
oscilante segurando-se em Boone, sua mão esquerda
deslizando sobre seu ombro. Foi Sebastian quem assistiu com
inveja como Boone a segurou perto, arrastando os pés e não
fazendo nenhuma tentativa de passos de valsa. E Laura não
parecia se importar.
Pés rasparam o chão próximo ao longo do bar e Sebastian
tomou pouco conhecimento dela, ou dos movimentos que se
deslocavam na direção geral das mesas de bilhar.
Um conjunto de passos parou, e uma voz de homem falou
em voz alta: — Bem, olhe lá. Se não é a cadela Calder.
Um homem de cabelos escuros corpulento com uma
caneca meio vazia de cerveja em sua mão estava perto da borda
da pista de dança, com um olhar de aversão absoluta em sua
expressão. Se Laura ou Boone sequer reagiram à observação do
homem, Sebastian não viu.
Trey cutucou seu braço. — Esse é Mitchell. — Ele
murmurou.
Sebastian fez a conexão com a mulher abusada,
instantaneamente.
Como que determinado a obter um lugar perto do casal na
pista de dança, Mitchell vaiava: — O que você está fazendo
aqui? Achei que você e seu homem extravagante só tivessem
pés para arrombar as casas das pessoas sem ser convidada.
Desta vez Laura retaliou: — Se eu descobrir que você
bateu em sua esposa novamente será a polícia quem irá se
intrometer.
— Aquilo foi um acidente, pode perguntar a minha esposa
e ela vai lhe dizer. — Mitchell insistiu com uma raiva
indignada.
— Só porque você vai machucá-la novamente se não o
fizer. — Laura retrucou, desistindo de qualquer pretensão de
dança.
Mitchell deu um passo ameaçador para frente. — Ouça
você estúpida vadia...
— Você não fale assim com ela. — Boone se desviou para o
seu caminho, uma mão se erguendo para empurrar Mitchell de
volta.
Em uma fúria repentina, Mitchell jogou o conteúdo da sua
caneca no rosto de Boone e riu com a visão de Boone
balançando a cabeça e limpando a cerveja de seus olhos. O riso
agiu como um aguilhão. Boone atacou com um punho fechado
no lado do rosto de Mitchell, fazendo-o cambalear.
Quando Boone se mudou, Mitchell balançou a caneca
pesada em sua cabeça. A força do impacto o derrubou de lado.
Laura gritou e Sebastian e Trey saíram de suas cadeiras como
um só. Atordoado, Boone tentou afastar os efeitos do golpe e
mal conseguiu se desviar de um segundo balanço da caneca de
cerveja.
Laura estava pronta para se lançar sobre Mitchell quando
Trey agarrou o braço que empunhava a caneca de cerveja, e
Sebastian pegou o outro. — Isso é o suficiente, Mitchell. — Trey
advertiu.
— Ele começou, — disse Mitchell queimado — eu só
estava me defendendo.
Não havia nenhuma possibilidade de uma resposta
quando Boone foi para cima de Mitchell, aproveitando ao
máximo o fato de seus braços estarem presos. Ele bateu um
punho em seu estômago e no instante em que Mitchell se
dobrou, Boone desencadeou um soco no queixo que jogou
Mitchell para trás.
Laura se jogou na frente de Boone, segurando seus braços
em uma tentativa de pará-lo. — O que você está pensando?
— Ele precisa ser ensinado com uma lição que não possa
esquecer. — Boone rosnou em resposta.
— Não é assim. — Ela declarou e lançou um olhar por
cima do ombro quando Sebastian e Trey conseguiram levantar
o homem semiconsciente em uma cadeira.
A comoção tinha atraído o proprietário da cozinha.
— O que está acontecendo aqui? — Ele perguntou, mas
não muito certo que quisesse saber.
— Apenas um pequeno mal entendido. Agora acabou. —
Trey respondeu. — Consiga um pouco de uísque.
O proprietário se apressou em direção ao bar, enquanto o
amigo de Mitchell permaneceu onde tinha estado, a meio
caminho entre o bar e as mesas de sinuca, calmamente
tomando sua cerveja.
— Ele está bem, não é? — Perguntou Laura.
— Ele vai ficar. — Trey disse quando Mitchell grogue
levantou a cabeça e levou a mão para o queixo dolorido.
Demorou um segundo para os seus olhos focarem
claramente. Quando o fizeram, ele procurou Boone. — Isso foi
assalto. Eu vou processá-lo Calder para cada centavo que você
tem. Não pense que eu não vou.
— Você apenas experimente. — Boone rosnou.
— Vamos. Eu quero ir para casa. — Laura fez um esforço
determinado para virar Boone em direção à porta.
— Vá para casa, — Mitchell provocou. — e fique bem longe
da minha.
Laura podia sentir a deformação dos músculos de Boone.
— Querido, por favor, — ela murmurou insistentemente — eu
quero sair daqui.
Com evidente relutância, Boone arrastou seu olhar de
Mitchell e curvou um braço protetor em torno dela. Ele a
acompanhou até a porta, jogou algumas notas no balcão para
cobrir o custo da sua refeição, e abriu a porta para ela.
Terceira Parte
Em meio à fúria e a tristeza
A verdade parece tão brilhante.
Uma Calder faz sua promessa
ao único homem certo.
Capítulo Dezessete
O calor da noite de verão fechava em torno dela no
momento em que Laura saiu. Mas ele não conseguiu relaxar a
tensão que gritava através de seus nervos. Laura endureceu
ligeiramente ao toque orientador da mão de Boone em suas
costas.
Nenhum dos dois disse uma palavra enquanto
caminhavam para o Suburban. Boone a ajudou a entrar no
banco do passageiro, fechou a porta, e circulou em volta para o
lado do motorista para se deslizar atrás do volante. Segundos
depois, ele ligou o motor, com o ar soprando a partir das
aberturas do painel, arrefecendo gradualmente a temperatura
dentro do carro.
Toda apertada com a raiva, Laura enfrentou a janela e
olhou para o nada, um cotovelo apoiado na porta e enrolando
os dedos prensados na boca. Os postes chicoteados por fora da
janela enquanto o silêncio entre eles crescia mais opressivo.
Laura finalmente o quebrou, com a voz tensa com o
esforço para manter seu temperamento sob controle. — Eu não
posso acreditar que você fez aquilo.
— O que você esperava que eu fizesse? — Boone exigiu. —
Queria que eu me sentasse e não dissesse nada como Dunshill,
enquanto algum bêbado o chamava de nomes horríveis?
Desculpe, eu não fui feito dessa maneira. — Havia um salto de
flexão de um músculo ao longo de sua mandíbula, mas Laura
estava zangada demais para perceber.
— Não é disso que eu estou falando. Foi sua maneira de
bater em Mitchell quando ele estava completamente indefeso.
Aquilo foi cruel e desnecessário.
Uma lufada de desgosto explodiu em Boone. — Deixo isso
para uma mulher pensar assim. Se você alguma vez estivesse
em uma luta, saberia que quando você tem um homem
embaixo, você tem que mantê-lo para baixo de qualquer
maneira que puder. — Ele lhe lançou um olhar penetrante. —
Quem é aquele cara? O que foi aquele negócio de você estar na
sua casa?
Laconicamente Laura lhe deu um resumo das
circunstâncias que rodearam a primeira e única vez que ela
tinha entrado na casa de Mitchell. Quando ela terminou, desta
vez, foi Boone quem exigiu: — Que diabos você estava
pensando? Nada além de problemas vem de se envolver com
outra pessoa com problemas domésticos. É para isso que
temos polícia e assistentes sociais.
Era uma visão que ela teve uma vez e que ecoou, mas em
algum lugar ao longo da linha a dúvida a penetrou. — Que tipo
de mundo seria se todo mundo se sentisse assim? — Laura
disse, expressando a pergunta que estava em sua mente.
— Isso parece coisa do tipo de porcaria que Dunshill iria
falar. — Boone disse com desprezo. — As pessoas gostam de
ser nada mais que lixo. Eu não quero você se associando com
eles. Eu não me importo quanto você possa ser bem
intencionada.
Por um momento de boca fechada, Laura não disse nada.
— Você vai ter sorte se Mitchell não o processar.
— Se ele o fizer, vai descobrir que não se processa um
Rutledge e foge com vida.

Sebastian e Trey retornaram a uma casa escura. O


silêncio dela os empurrou no momento em que entraram.
Fazendo uma pausa na entrada, Trey tirou o chapéu e escutou
por um momento, depois olhou para Sebastian.
— Eu penso que todos devem estar na cama. Minha irmã
não fica louca frequentemente, mas quando isso acontece, ela
tende a ficar louca por um tempo. E ela não estava muito feliz
quando saiu do Harry.
— Foi uma cena desagradável. — Sebastian olhou na
direção do segundo andar, com sua expressão pensativa. —
Sem dúvida, Rutledge é da opinião que Mitchell provocou o
ataque e, portanto, se justifica. Como tantas vezes acontece no
calor da batalha, as ações de um homem são mais
frequentemente ditadas pelo instinto do que pelo bom senso. —
Foi um comentário ausente, com seus pensamentos centrados
no consumo de Mitchell e as potenciais repercussões sobre sua
esposa.
— Essa foi a primeira vez que você realmente falou como
um advogado. — Trey disse com diversão. — Eu acho que vou
assaltar a geladeira e ver se posso conseguir algo para comer.
Quer se juntar a mim?
— Obrigado, mas não. Acho que vou seguir o exemplo do
resto da família e me acomodar para a noite.
— Vejo você na parte da manhã, então. — Os longos
passos de Trey levaram-no na direção da cozinha.
Sebastian fez o seu caminho para a escada em um ritmo
mais lento. Quando chegou ao alto da escada, seu olhar se
desviou automaticamente para a porta do quarto de Laura.
Uma fenda de luz se mostrava abaixo dela. Ele hesitou, depois
caminhou até lá.
A indecisão o segurou imóvel na frente da porta durante
vários segundos. Havia apenas o silêncio dentro. Ele levantou a
mão para começar a bater, depois mudou de ideia e a baixou
quando passos atravessaram a sala de estar abaixo dele.
Obedecendo ao silêncio do resto da casa, andou, em
silêncio para longe da porta. Até o momento em que ele chegou
ao quarto, Trey estava com os passos a meio caminho, com o
branco de um sanduíche aparecendo em sua mão.
Quando Sebastian virou a maçaneta da porta de seu
quarto, a porta de Laura se abriu. Ela ficou dentro do marco da
porta, totalmente iluminada, a textura sedosa de seu robe de
noite brilhante, criando um contorno sensual de sua forma
feminina.
Por um instante, ela se congelou ao ver Trey. — Eu pensei
— Laura começou. Então o olhar dela voou por ele, direto para
Sebastian. Ele se virou e entrou no seu quarto. — Não importa.
— Disse ela à Trey e girou para longe da porta.
Trey lançou um olhar considerando quando Sebastian
cruzou os poucos metros para o quarto dele. Ele fez uma pausa
em seu limite. — Você está bem, irmã?
— Claro. Eu estou. A acidez em sua voz dizia muito mais.
Ele estudou a maneira dura e apertada com que ela se
segurava. — Você ainda vai se casar com aquele cara?
Laura lhe lançou um olhar irritado com os olhos escuros
apertados. — Cale a boca, Trey. Apenas cale a boca. — Ela
agarrou a porta e a balançou, fechando-a em seu rosto.

O sol da manhã ainda estava baixo no céu quando Laura


desceu os degraus no dia seguinte. O baque familiar da
bengala de seu avô vinha do corredor que levava ao seu quarto
no piso térreo na ala oeste da Casa Grande. O som foi ficando
cada vez mais perto, sinalizando sua abordagem. Laura tinha
um sorriso caloroso pronto quando ele apareceu à vista,
mancando.
— Bom dia, vovô.
Ele fez uma pausa na surpresa. — Você acordou cedo.
— Eu nem sempre durmo até o meio-dia. — Laura não viu
razão para admitir que seu sono houvesse sido inferior a
repousante. — Você já viu Boone?
— Ele tomou o café da manhã com todo mundo cerca de
uma hora atrás, em seguida, assumiu o escritório. — Ele
acenou com a cabeça na direção da sala, as portas firmemente
fechadas em uma solicitação aparente para a privacidade. —
Disse que tinha algumas chamadas a fazer.
— Eu vejo. — Laura murmurou.
— Há uma garrafa de café esperando por mim na varanda.
— Chase disse a ela. — Você é bem vinda para pegar uma
xícara da sala de jantar e se juntar a mim.
Sua hesitação foi momentânea. — Eu farei isso.
Quando chegaram à porta de entrada, eles se separaram,
Chase continuou para fora enquanto Laura caminhou para a
sala de jantar. Encontrou a governanta, Allie McGuire, ocupada
limpando as panelas em aquecimento cobertas na mesa do
lado. Ela se ofereceu para arrumar um pequeno almoço quente
para Laura. Laura recusou em favor de uma fatia de pão
lambuzada com geleia.
Levando tanto a xícara de café vazia como a torrada,
Laura se juntou ao avô, sentando-se na outra cadeira de
balanço igual à dele. — Onde está Sebastian esta manhã? —
Ela perguntou enquanto ele enchia seu copo com café da
garrafa. — Ele saiu novamente com o Trey?
— Hoje não. Disse-me que queria caminhar antes do café
da manhã. — O olhar de Chase fez uma varredura livre do
pátio do rancho. — Ele está vagando em algum lugar.
Laura mordiscou a torrada coberta de geleia sem
realmente saboreá-la. Um gole de café só pareceu aumentar a
inquietação que a atormentara a noite toda.
— Eu suponho que você ouviu falar sobre a luta na noite
passada. — Por mais que ela detestasse discutir o assunto,
também sabia que era um assunto que tinha de ser
confrontado.
Chase balançou a cadeira lentamente para trás e para
frente. — Trey me falou sobre isso.
— Eu posso imaginar o que ele disse. — A irritação
penetrou em sua voz.
— Era a verdade? — As palavras realizavam um desafio
que não correspondia ao nível de voz da conversação.
Laura evitou uma resposta direta. — A verdade é
raramente preta e branca. Eu certamente pensaria menos de
Boone se ele não se opusesse a linguagem abusiva que foi
usada na abordagem comigo.
— Verdade. — O ritmo de seu balanço não mudou.
— Você acha que eu não deveria me casar com ele, não é?
— A inclinação de seu queixo sinalizou sua prontidão para um
argumento.
— Não importa o que eu pense, Laura. — Chase
respondeu uniformemente. — A única coisa que importa é o
que você quer.
— Há falhas piores que um homem pode ter. — Ela
insistiu.
— Penso que existam. — Ele balançou mais algumas
vezes. — Só por curiosidade, se você tivesse que descrever o
seu noivo a alguém, o que você diria a respeito dele?
A pergunta inesperada fez Laura lutar por uma resposta
rápida. — Eu não sei. Acho que eu gostaria de dizer que ele é o
filho de Max Rutledge do Texas...
Chase não iria deixá-la ir mais longe. — Essa é uma forma
interessante de começar. Quando a maioria das mulheres fala
sobre os homens com quem planejam se casar, elas falam
sobre a forma como eles são maravilhosos, bem planejados e os
cuidados, ou como são engraçados e quentes. Elas são
geralmente lentas para os nomes com os quais eles estão
relacionados. Parece-me que você só tem uma pergunta que
precisa responder, se é com Boone Rutledge que você está se
casando ou com o filho de Max Rutledge. Se ele for o último,
não importa o que aconteceu ontem à noite.
Suas palavras eram como um tapa na cara. Laura queria
desesperadamente bater de volta. Era irritante perceber que ela
não podia, porque havia um pouco demais de verdade em sua
declaração.
— Mas o que quer que você faça, — Chase acrescentou —
só não feche os olhos para o problema onde você pode estar se
metendo.
— Eu sei exatamente o que estou fazendo. — Mas não
tinha certeza se ficava ressentida com sua sugestão de não o
ter feito, ou se estava cometendo um erro em se casar com
Boone.
— Bom. — Ele esticou o braço e acariciou a mão dela,
então se acomodou na cadeira de balanço. — Falando no diabo,
aí vem Sebastian agora.
Virando-se, Laura viu Sebastian passeando em direção à
varanda, com as mãos casualmente enfiadas nos bolsos, o sol
em suas costas, seus raios inflamando as luzes avermelhadas
em seus cabelos. A dor a torceu toda. Recusando-se a
reconhecê-lo, ela se empurrou para fora da cadeira de balanço.
— Eu acho que vou ver se Boone terminou com suas
chamadas de negócios, — disse ela em despedida e foi até a
porta da frente, atingindo-a quando Sebastian começou a subir
os degraus da varanda.
Laura estava no meio da porta de entrada quando a
governanta apareceu no arco da sala de jantar e cobriu a visão
de Laura. — Esse é um bom momento. — Allie declarou. — Eu
estava saindo para chamar você. Jack Weldon está ao telefone.
Ele pediu para falar com você.
Laura franziu a testa. — Eu não conheço ninguém
chamado Jack Weldon.
Allie MacGuire acenou com a mão. — Claro que sim. Ele é
o filho de Harry, aquele que tomou conta do bar quando Harry
passou.
A carranca de Laura se aprofundou. — Ele disse o que
queria? — Ela perguntou quando a porta da frente se abriu
atrás dela e Sebastian entrou.
— Não realmente. Ele mencionou algo sobre a mulher de
Mitchell. — Os ombros de Allie se levantaram em um
movimento vago. — Você quer falar com ele, ou devo lhe dizer
que não está disponível?
Sebastian respondeu por ela; — Ela vai atender a
chamada.
— Eu vou tomar essa decisão, obrigada. — Laura olhou
para ele irritada.
Completamente indiferente ao seu show de temperamento,
Sebastian respondeu calmamente: — Mitchell ainda estava no
bar na noite passada quando Trey e eu saímos. Sem dúvida, ele
estava longe de estar sóbrio quando finalmente foi para casa.
Nós lhe dissemos para ir para Harry. Lembra-se? — Laura
queria negar que fosse qualquer preocupação com ela, mas a
imagem do rosto machucado e surrado da mulher veio
bruscamente de volta para ela. Sentindo os começos do acordo,
ele repetiu para a governanta: — Ela vai atender a chamada.
— Eu vou usar a extensão na sala de estar. — Laura disse
por meio de reconhecimento e mudou-se naquela direção,
consciente que Sebastian a estava sombreando. Ela tentou
ignorar a consciência física que tinha dele, sem sucesso.
Na sala de estar, ela foi diretamente para o telefone,
pegou-o e se virou, dobrando sua posição para tirar Sebastian
de vista. — É Laura Calder.
— Senhorita Calder, é Jack Weldon..., do Harry. — Havia
incerteza em sua voz. — Sinto muito incomodá-la tão cedo,
mas... a esposa e os filhos de Mitchell estão aqui. Eu não sei
como dizer isso, mas... ela afirma que você lhe disse para vir a
minha casa.
A boca de Laura se curvou num sorriso sem humor ao
ceticismo flagrante em sua declaração. — Sim eu o fiz.
Antes que ela pudesse perguntar se Gail Mitchell estava
bem, Jack Weldon disse em um tom de voz chocado: —
Desculpe-me, eu não percebi que você a conhecia.
— Bem, eu conheço. Ela está bem? — Laura perguntou
enquanto Sebastian olhava para ela, com a intenção de ouvir
cada palavra que ela dizia.
— Ela diz que está, mas seu rosto não mostra isso. É por
isso que estou ligando. Ela não pode ficar aqui. — Ele
continuou: — Eu sinto muito por ela. Realmente, eu o faço,
mas o marido dela não é agradável, e eu tenho um negócio para
tocar, e não é um abrigo para mulheres agredidas. Ela apenas
certamente não pode ficar aqui...
— Onde está Mitchell? — Sebastian solicitou.
Laura assentiu com a cabeça e perguntou: — Onde está
seu marido? Você sabe?
— Não. Ela afirma que ele chegou bêbado e agressivo, uns
trinta minutos atrás. Ela disse que rapidamente trancou todas
as portas, e enquanto ele estava batendo e amaldiçoando na
parte de trás, ela e as crianças escaparam pela frente. Houve
uma pequena pausa. — Em algum lugar ela teve a ideia em sua
cabeça que pudesse se esconder aqui até que ele dormisse fora
e passasse a bebedeira. — Ele não veio a público perguntar se
Laura lhe tinha dito isso, mas a implicação estava lá. — Mas
ela simplesmente não pode. Eu não quero parecer insensível,
mas ela tem que sair. Você sabe tão bem quanto eu que
Mitchell é um encrenqueiro. Mais cedo ou mais tarde ele vai
descobrir que ela veio aqui, e quando o fizer, vai ficar louco. Eu
sei que você quis ajudá-la quando lhe disse para vir aqui,
mas...
— Qual é o problema? — Sebastian pediu na demanda
tranquila, a pergunta que vinha por cima das palavras do
proprietário do bar.
— Só um minuto. — disse Laura ao telefone, e fechou a
mão sobre o bocal para responder a Sebastian. — Ela levou as
crianças para frente quando Mitchell estava tentando entrar
pela porta dos fundos. O dono do bar não vai deixá-la ficar lá.
Ele tem medo que Mitchell vá criar problemas para ele. —
Disse, eliminando a demorada tentativa de justificação que
tinha sido imprensada entre as expressões de preocupação do
proprietário.
— Diga a ele para mantê-la lá até eu chegar. — Sebastian
falou.
— Mas onde você vai levá-la?
— Para o hotel mais próximo de onde quer que seja. — Ele
respondeu com um sorriso divertido. Em seguida, ele estava se
movendo em direção à porta da frente.
Quando Laura tirou a mão do bocal, tomou uma decisão
em uma fração de segundo. — Nós estaremos aí assim que
pudermos. Enquanto isso sirva-lhes algum café da manhã. Eu
vou pagar por isso quando chegar aí. — Ela desligou. Até o
momento em que percebeu Boone de pé na porta do escritório,
sua mente já estava tomada. Ela chamou Sebastian. — Espere,
eu vou com você.
— Aonde você vai? — Boone exigiu com a escuridão de
desagrado em sua expressão.
— Para a cidade. — Não atrasou ou alterou seus passos
no seu curso direto para a porta de entrada.
Boone bloqueou seu caminho. — Você não vai a lugar
algum com Dunshill.
Laura conhecia todos os caminhos e as palavras para dar
a volta a sua objecção e reforçar seu ego já considerável, ao
mesmo tempo. Estranhamente, ela não tinha absolutamente
nenhum desejo de fazê-lo.
— Eu não recebo ordens, Boone. Não de você ou do seu
pai ou de qualquer um. — Ela se aproveitou de seu choque
momentâneo pelo seu modo ao passar por ele.
Laura estava a meio caminho da porta antes de Boone
conseguir recuperar um pouco de sua antiga arrogância. —
Droga, Laura..., — Ele começou.
Mas ela já estava caminhando para fora da porta. Em
passos duros e longos, ele caminhou para a porta e saiu para a
varanda com colunas, tendo apenas um vislumbre de Laura
quando ela entrou no banco do passageiro do carro de aluguel
de Sebastian.
Uma cadeira de balanço fazia seu lento movimento de vai
e vem em sua visão lateral. Virando-se, Boone viu o Calder
mais velho ventilando um pouco de sua irritação.
— Por que ela está saindo com ele? Ela sabe que ele está
atrás de seu dinheiro. O que deu em sua cabeça?
— É difícil dizer. Quando Laura fica nervosa assim, é
difícil controlá-la para se acalmar.
Os lábios devastados em uma linha apertada, Boone não
respondeu e simplesmente olhou para o carro virando para
longe da Casa Grande.

A poeira emplumada esvoaçava por trás do sedan


compacto enquanto ele acelerava ao longo da principal estrada
de cascalho que levava ao portão leste da fazenda. A luz solar
da manhã derramava-se pelo para-brisa. Laura puxou a viseira
para baixo para bloquear o seu brilho e desejou ter seus óculos
de sol.
— Você percebe que o motel mais próximo fica a milhas
daqui. — Sebastian disse pouco causticamente. — Você não
pode simplesmente levá-la lá e deixá-la. Como ela vai voltar?
Você está brincando consigo mesmo se acha que ela ainda vai
concordar em deixar Blue Moon.
— Estou aberto a uma sugestão alternativa. — Sebastian
respondeu com a facilidade preguiçosa que era tão típica dele.
Era uma atitude que Laura normalmente achava atraente, mas
no clima em que estava naquela manhã, ela achava muito
aborrecida. Manteve o rosto paralisado na estrada em frente
deles.
— Eu gostaria de ter meu celular. Então eu poderia
chamar Tara. A Dy-Corp tem várias casas na cidade que estão
vazias. Tenho certeza que ela poderia mandar Gail e os filhos
para ficar em uma delas temporariamente. Eu vou chamá-la
quando chegarmos ao Harry.
— Uma casa na cidade significaria que as crianças teriam
que ficar dentro de casa para evitar Mitchell de vê-los. —
Sebastian comentou.
— Não seria diferente em um motel.
— A maioria que eu vi têm piscinas.
— Você está determinado a levá-la para fora da cidade,
não é? — Laura virou um olhar desafiador para ele.
— Seria melhor. — Sebastian respondeu uniformemente.
— Por que você está fazendo isso? — Ela exigiu. — Boone
acha que é tudo uma tentativa para me impressionar,
mostrando como você pode ser cuidadoso e compassivo.
— Você está impressionada? — Ele olhou para ela com os
olhos cintilantes.
Laura recusou-se a ceder ao seu charme considerável. —
Eu não estou impressionada com a estupidez. Tentar ajudar
uma mulher que é casada com um esposo que a espanca é um
desperdício de tempo. Ela não parece se importar com quantas
vezes ele bate nela, sempre acredita nele quando promete que
não vai acontecer de novo. E ele sempre repete o
espancamento, — Laura disse exasperada. — Ela alega que o
ama. Talvez esteja apaixonada pelo homem que ela quer que
ele seja, mas não está definitivamente amando o homem que
bate nela. Então, por que eles continuam voltando? É culpa?
Será que eles honestamente acreditam ter feito algo para
causar isso? É medo? Será que eles pensam que não podem
fazê-lo por conta própria? Se o homem morrer, eles
encontrarão um caminho? Eles não teriam outra escolha.
— Eu suspeito que haja sempre mais de um fator no
trabalho. — O tom calmo de sua voz não mudou.
— Como você sabe? — Laura olhou para ele com interesse
aguçado, e lhe disse sarcasticamente: — Você é um defensor de
mulheres agredidas na Inglaterra?
Um sorriso puxou um canto de sua boca. — Eu detecto
um traço de amargura em suas palavras? Você e Boone devem
ter brigado ontem à noite. Naturalmente, você não tem nenhum
desejo de falar bruscamente sobre o amor de sua vida, quando
eu não me torno um bode expiatório acessível.
— Você é muito bom em mudar o rumo da conversa para
alguma outra direção para evitar responder as perguntas. —
Laura afirmou. — Mas isso não vai funcionar dessa vez.
— Estou vendo isso. — Ele balançou a cabeça, pensativo e
deixou cair o silêncio.
— Então me responda. — Ela disse, impaciente.
— A verdade? — Sebastian respondeu com um rápido
olhar de soslaio. — Eu só pergunto por que, no passado,
quando eu falei a verdade, você escolheu não acreditar em
mim.
— Você está fazendo isso de novo, Sebastian, e eu me
recuso a ser desviada.
— A razão não é realmente minha para dizer. — Sebastian
respondeu um pouco misteriosamente. — Helen é a quem você
deve perguntar.
— Sua irmã? — Laura franziu as sobrancelhas em
surpresa. — Você está dizendo que ela foi abusada?
— Certamente você não acredita que isso acontece apenas
para as mulheres nas escalas inferiores da sociedade? — Ele
perguntou. — Suspeito que seja igualmente comum na
chamada classe privilegiada, onde muitas vezes é mantida
como um segredo obscuro, talvez por orgulho ou vergonha.
— Você está falando sério? — Laura digeriu aquele fato, e
disse: — Mas sua irmã parecia ser uma mulher tão inteligente
e sensata.
— É um enigma, não é? — Sebastian respondeu. —
Felizmente ela tinha um amigo que reconheceu todas as
características de um relacionamento abusivo e estendeu a
mão sem nunca se tornar crítico.
Laura se lembrou de sua própria falta de crítica em lidar
com Gail Mitchell. — Eu fui muito áspera com Gail. — Ela se
lembrou.
— Mas você nunca puxou sua mão de volta. — Havia uma
ternura no olhar que ele lhe deu que aqueceu Laura durante
todo o caminho.
De repente, toda a agitação interna foi embora, a raiva
estranha e o nervosismo. Em seu lugar ficou uma espécie de
calma inebriante. Sebastian atravessou o portão e virou para a
estrada de duas pistas, em direção ao norte de Blue Moon.
Um silêncio fácil permaneceu entre eles por um longo
espaço de milhas. Os telhados se sobressaíam no horizonte à
frente deles, com seus ângulos irregulares perto da rodovia,
fazendo uma linha irregular contra o céu. Com seus dois
andares de altura, perto da autoestrada, Harry era mais fácil
de ser identificado que o resto.
Alertada por sua proximidade, Laura comentou
vagamente: — Espero que Mitchell esteja bêbado demais para
ir à procura de sua esposa e filhos, quando descobrir que eles
não estão em casa. Se ele aparecer no Harry, eu não tenho
certeza que Weldon não tente interfir, ou chamar a polícia.
— Suspeito que suas suposições sejam precisas. —
Sebastian não se preocupou em reduzir a velocidade do carro
até que estivessem mais perto da cidade.
Para alívio de Laura, o estacionamento em Harry estava
vazio de veículos. Com uma volta do volante, Sebastian
balançou o carro na calçada e parou diretamente em frente à
entrada. Quando Laura saiu do carro, ela passou a olhar em
frente. O veículo estacionado ao lado da bomba solitária
ostentava uma barra de luz em seu telhado e a insígnia do
condado do xerife em sua porta. Sua atenção se voltou
imediatamente para o policial uniformizado fazendo o caminho
até a loja em uma caminhada fácil. Mesmo ele estando de
costas para ela, Laura o reconheceu instantaneamente.
— Logan está no caminho, — Disse ela para Sebastian,
confortada pelo conhecimento de que Logan estaria por perto
se eles precisassem dele.
Quando Sebastian se virou para olhar, um sino tilintava,
sinalizando a abertura da porta para Harry. Jack Weldon, o
proprietário abaixando-se, saiu pela porta aberta.
— Já era hora de você chegar aqui. — Declarou ele,
claramente agitado. — É melhor você dirigir de volta. Mitchell
está do outro lado da rua no Fedderson.
Laura permaneceu imóvel, paralisada pela surpresa por
uma fração de segundo. Quando ela se virou para olhar, dois
sons explosivos e curtos soaram fora do rancho, levando-a a
reconhecer o som de tiros. Morrendo de medo, viu quando o
bêbado deixou Logan longe da porta que mantinha aberta, com
os joelhos dobrados e uma mancha escura na frente de seu
uniforme.
— Não! — O grito veio de sua própria garganta quando ele
caiu ao chão, embora Laura não tivesse conhecimento daquilo.
Com as pernas que pareciam estranhamente duras e
lentas, ela correu em direção ao seu tio caído. Sebastian a
pegou e a segurou antes que ela atingisse a rodovia. Enquanto
ela lutava para se soltar, toda a sua atenção estava voltada
para Logan, deitado imóvel. Ela estava apenas vagamente
consciente do homem que fugia da loja e se esforçava para
alcançar uma picape estacionada perto da entrada.
Só quando ela ouviu o estrondo da picape e o ronco do
motor para a vida, Laura tomou conhecimento da luz da
caminhonete azul. Quando a picape descascada voou para a
estrada, ela conseguiu uma boa olhada para o condutor e
reconheceu Mitchell.
Sebastian abruptamente saltou e decolou para Fedderson.
Laura correu atrás dele, com seu coração martelando e o medo
agarrando seu peito. Sebastian foi o primeiro a alcançar o lado
de Logan. Ele estava deitado como uma pilha mole, com o
sangue saturando a frente de sua camisa.
Sebastian deu uma olhada para ele e ordenou: — Peça
ajuda rápida.
Com seus próprios olhos, confirmando a necessidade de
pressa, Laura correu para dentro, com os dentes apertados
contra os soluços na garganta. Ela não viu nenhum sinal de
Marsha Kelly, a proprietária, quando correu para o balcão e
para o telefone que estava em cima dele. Quando ela estendeu
a mão para pegar o receptor, Laura viu a mulher deitada
inconsciente no chão atrás do balcão estreito, com um fio de
sangue proveniente de um pequeno corte na têmpora esquerda.
Estimulada pela visão, Laura passou por cima do balcão,
pegou o telefone e rapidamente apertou o número da
emergência. — Aqui é Laura Calder, — disse ela no instante em
que recebeu a resposta e se abaixou ao lado de Marsha Kelly,
procurando e encontrando um pulso forte e firme. — estou no
Fedderson em Blue Moon. Logan... — ela sentiu o início de
pânico em sua voz e que estava presa de suas emoções,
reconhecendo a necessidade de um pensamento fresco e claro
— o Xerife Echohawk foi atingido, pelo menos uma vez no
peito, e Marsha Kelly está inconsciente. Eu vi Gary Mitchell
saindo daqui em uma velha caminhonete Chevy, de cor azul.
Eu não consegui o número da placa, mas tenho certeza que ele
foi o único que atirou em Logan. Envie uma ambulância,
rápido.
— Nós estamos a caminho.
Havia mais questões do que Laura poderia fornecer
respostas. Através de tudo aquilo, ela manteve um olho na
porta de vidro e a vista parcialmente obstruída oferecida de
Sebastian abaixado sobre Logan. Depois de uma precaução de
tocar o mínimo possível, preservando, assim, qualquer
evidência na cena do crime, Laura desligou verificando Marsha,
no momento e em seguida, fez o seu caminho ao redor do
balcão para a porta da frente, usando um quadril para
empurrá-la.
— A ambulância está a caminho. — Disse ela quando
Sebastian se levantou e se virou para encontrá-la, o vermelho
do sangue em suas mãos e nas roupas.
Por um instante, ele não respondeu. — Sinto muito. —
Disse ele, por fim. Laura não teve que perguntar o que ele
queria dizer; ela podia dizer pela sua expressão solene e o olhar
de profunda compaixão em seus olhos.
Ainda assim, a descrença veio. — Não. — Ela balançou a
cabeça. — Ele não pode estar morto. Não Logan.
Precisando confirmá-lo para si mesma, ela começou a se
empurrar, passando por ele, mas Sebastian pegou-a pelos
braços. — Ele se foi, Laura. Você não pode trazê-lo de volta.
Ninguém pode.
Ela endureceu, querendo negá-lo, mas sua garganta se
fechou, quente e dolorosa. Quando Sebastian a dobrou em
silêncio em seus braços, Laura não resistiu. Apenas por um
momento, ela se deixou mergulhar de cabeça contra o peito
dele, aceitando sua tentativa de conforto, mas não conseguia
parar o turbilhão de pensamentos em sua mente.
Ficaram como um só entre eles. — Eu tenho que ligar para
casa.
Envolvida por uma calma sem emoção, virou-se de seus
braços e voltou para dentro da loja. Quando foi para trás do
balcão, ouviu um gemido baixo da mulher no chão. Laura se
inclinou para ela.
— Marsha, é Laura Calder. Você pode me ouvir?
— Minha cabeça. — Ela murmurou, levantando a mão
para sua têmpora.
— Basta ficar parada. — Laura ordenou. — Há uma
ambulância a caminho. — As palavras somente a lembraram
que Logan não teria nenhuma necessidade dela.
A mulher ainda estava atordoada demais para oferecer
qualquer objeção. Ainda assim, Laura ficou de olho nela
enquanto se endireitou e pegou o telefone novamente. Ela
começou a discar automaticamente para a Casa Grande, então
se lembrou que sua mãe estaria no escritório do rancho, e
apertou os dígitos de sua extensão pessoal.
— Mãe, é Laura. — Disse ela no momento em que sua mãe
respondeu. Ela pensou que parecia calma, mas algo em sua voz
deve ter lhe dado noção de algo acontecendo.
— O que está errado? — Sua mãe perguntou com
preocupação no instante.
— É Logan. Ele levou um tiro. — Laura ouviu a ingestão
rápida de respiração do outro lado da linha, e algo apertou seu
próprio coração. — Ele está morto, mãe.
Houve um momento de silêncio chocado, seguido por uma
explosão ligeiramente aturdida de perguntas. — Como? Por
quê? Onde você está?
Laura descreveu sucintamente os acontecimentos que
tiveram lugar, terminando com: — Tia Cat. — Sua voz se
reforçou. — Ela vai ter que ser avisada. — E havia Quint,
também, tão longe.
— Eu vou vê-la imediatamente. Laura..., — Ela começou
com uma nota preocupada questionando.
— Eu vou ficar bem, mamãe. — Laura assegurou, sabendo
que no momento tudo o que sentia era dormência.
Capítulo Dezoito
Dez minutos mais tarde, Laura ouviu os primeiros sons da
sirene, e mais vinte minutos antes da chegada da ambulância.
Até então Marsha Kelly tinha recuperado totalmente a
consciência e disse a Laura e Sebastian como Mitchell tinha
caminhado até o balcão com um pacote e seis cervejas e queria
carregá-lo.
— Ele alegou que tinha uma conta aqui. Eu não sei de
onde ele tirou essa idéia, porque ele nunca teve uma, mas
continuou insistindo que tinha. Eu poderia dizer que ele tinha
bebido. — Ela se lembrou. — E ele só ficava cada vez mais
irritado, então não fazia nenhum bem discutir com ele.
Finalmente eu disse a ele, que se não saísse, eu chamaria a
polícia. Eu estava pegando o telefone e me lembro de vê-lo
balançar o pacote de cervejas para mim. Depois disso, ficou
tudo em branco.
Nada estava faltando na gaveta de dinheiro do registo,
mas a arma que ela sempre mantinha sob o balcão tinha
desaparecido. Laura só podia supor que depois que Mitchell a
derrubou, viu Logan, pegou a arma de trás do balcão, e atirou
com um pânico cego.
Assim que a cena do crime foi revisada, os patrulheiros
voltaram sua atenção para Laura e Sebastian. Havia perguntas
a serem respondidas e depoimentos a serem tomados. Mais de
uma hora se passou antes que eles ficassem livres para sair.
As notícias do tiroteio se espalharam rapidamente,
atraindo curiosos. Laura estava consciente de seus olhos nela
enquanto deslizava para o banco do passageiro do carro de
aluguel de Sebastian, mas ela foi além de se preocupar com
aquilo. A apatia a envolvia.
Quando eles se voltaram para a estrada, ela teve uma
breve visão da maca sendo carregada para a ambulância e o
saco com o corpo que jazia sobre ela.
— Meu pai morreu quando eu era pequena. Eu sempre
imaginei, porém, que ele teria sido como Logan se estivesse
vivo. — Sua voz engrossou. — É difícil acreditar que ele
realmente se foi.
Uma lágrima solitária deslizou pela bochecha. Sebastian
viu aquilo; havia apenas uma e Laura Calder não era o tipo de
mulher para usar suas emoções. Por trás de toda a sofisticação
chique, ela era essencialmente uma mulher discreta.
Sem dizer nada, Sebastian estendeu a mão sobre o
assento e colocou a mão sobre a dela. Laura ficou surpresa
com o conforto que ela tirou de um gesto tão simples. Com um
puxão persuadindo a mão e um aceno de sinalização,
Sebastian convidou-a a se sentar ao lado dele. Laura sentiu-se
obrigada, descobrindo que queria apenas o calor do contato
humano. Ele curvou um braço em volta dos seus ombros e a
puxou contra o seu lado.
Eles ficaram assim durante todo o caminho de volta para
a sede do Triplo C., sem falar; não era um momento para
palavras. Os campos da faixa dos Calder rolavam para longe
deles, e o sol brilhava no céu imenso. Parecia que nada havia
mudado, mas para cada um deles, algumas coisas tinham
mudado para sempre.
O fim da jornada veio quando eles alcançaram à grande e
branca casa como uma coluna que ficava sozinha na sua ilha
na colina. Três outros veículos já estavam estacionados na
frente dela. E eles eram apenas o começo, Laura sabia; haveria
muitos mais, antes que o dia terminasse. Algumas pessoas
viriam antes de irem para a casa de sua tia no Círculo Seis, e
outros depois.
Quando Sebastian estacionou perto dos degraus da
varanda e saiu, Laura foi lenta para se mover. Até o momento
em que ela deslizou sobre o banco, ele tinha a porta do
passageiro aberta para ela. Ponderada por algum peso invisível,
ela saiu do carro. Sebastian levemente pousou a mão no alto de
seu ombro quando eles fizeram o caminho em torno do carro
para os degraus da frente. A porta da frente se abriu, e Boone
saiu, com longos passos que o levaram rapidamente através da
varanda e descendo os degraus.
A mão de Sebastian caiu longe de seu ombro enquanto os
braços de Boone chegaram para reunir Laura em seu abraço.
— Sinto muito sobre o seu tio, Laura. — Disse ele, segurando-a
com força contra ele. — Eu gostaria de ter estado lá.
— Não havia nada que pudesse ter feito. Ninguém poderia.
Aconteceu muito rápido. — Era a mesma coisa que Laura havia
dito a si mesma uma dúzia de vezes desde que tinha
acontecido.
— Mesmo assim, eu gostaria de ter estado lá. — Boone a
manteve enrolada ao seu lado quando ele a guiou até os
degraus da escada.
Ela estava a meio caminho do alto, antes de perceber que
Sebastian não os estava seguindo. Parando, ela se virou e o viu
caminhar de volta para o carro.
— Onde você está indo, Sebastian? — Ela disse, franzindo
a testa.
Ele abriu a porta do carro e se virou para encará-la. — É
ainda mais importante agora, que a Sra. Mitchell e as crianças
tenham um lugar seguro para ficar.
Laura tinha se esquecido de tudo sobre a mulher Mitchell.
De alguma forma, ela não estava surpresa que Sebastian não o
tivesse.
— Vamos entrar. — Boone pediu. — Seu avô quer falar
com você.
Mais uma vez ela começou a subir os degraus,
acompanhada pelo som do carro alugado revertendo para longe
da Casa Grande. Laura já estava consciente do vácuo que fora
criado pela saída de Sebastian.
Trey percebeu quando ela entrou. Não houve nenhum
toque, nenhum abraço. Tais expressões de tristeza não eram
necessárias entre eles.
— Você está bem? — Trey a estudou com a sensibilidade
de um gêmeo.
— Eu estou bem. E sobre Quint? — Laura perguntou,
musicando a pergunta que foi acima de tudo em sua mente. —
Será que ele foi avisado?
Trey assentiu. — Mamãe o chamou logo depois que ela
falou com você. Ela fretou um jato particular para trazê-lo de
volta. Ele deverá pousar em algum momento no início da tarde.
Um leve sorriso levantou as bordas de sua boca, mas não
tinha nada a ver com a chegada iminente de Quint. — Aquilo
era como eu me sentia.
Uma carranca cintilou na testa de Trey. — De quem você
está falando?
— Eu sempre a chamei de mãe. — Laura explicou. — Mas
quando eu telefonei para falar de Logan, eu disse: — Mamãe,
aqui é Laura. E ela soube imediatamente que algo estava
errado. Eu não entendia como ela sabia... até agora. Eu não a
chamo mamãe há anos.
— Ela não perde muito. — Trey disse.
— Onde está o vovô?
— No escritório com Laredo. Ele decidiu esperar até Quint
chegar aqui antes de ir até a tia Cat.
Sem nada mais que um olhar sobre Boone, Laura
acompanhou seu irmão para o escritório. Não foi uma afronta
deliberada, ela simplesmente se esqueceu que ele estava lá.
Era pouco depois das duas horas, quando o jato fretado
transportando Quint aterrou no aeródromo privado do Triplo C.
com Trey e Laura esperando na frente de concreto, enquanto a
aeronave completava os seus procedimentos de desligamento.
O vento quente soprava, espalhando a poeira por toda a área
do hangar e chicoteava os longos cabelos loiros de Laura. Ela o
segurava para fora de seus olhos quando a porta da escotilha
da cabine se abriu e um dos pilotos abaixou os degraus. Então
Quint tomou seu lugar na abertura.
Como um só ela e Trey avançaram para a parte inferior
dos degraus para encontrá-lo. Sobrecarregado com o aparelho
em sua perna, Quint fez uma lenta descida do avião. Ao vê-lo,
Laura ficou assombrada pela forte semelhança com seu pai,
ambos compartilhando os mesmos cabelos pretos azulados, as
maçãs do rosto afiadas, o esfumaçado dos olhos cinzentos. Só
que desta vez, os olhos de Quint estavam sombreados com a
profunda dor do luto.
Com o queixo firme, Trey foi o primeiro a falar. — Droga
Quint eu desejo... — Mas as palavras certas não chegaram.
Quint eliminou a necessidade deles. — Você não tem que
dizer isso. Eu sei como você se sente. Não é algo que você possa
colocar em palavras.
Um pequeno sorriso curvou a boca de Laura. — Você
sempre consegue fazer as coisas mais fáceis para os outros,
Quint. — Ela disse e beijou sua bochecha.
Não foi feita nenhuma outra referência à morte de Logan
até que eles estiveram a caminho da Casa Grande. Quint virou-
se para Laura. — Tia Jessy disse que você estava lá.
Ela sabia o tempo todo que ele iria querer saber os
detalhes. Ciente que seu interesse era tanto pessoal quanto
profissional, Laura lhe contou tudo sobre o tiroteio e as suas
consequências, bem como as circunstâncias que o rodearam.
Quando ela terminou, Quint não disse nada durante
vários segundos. Finalmente, enquanto olhava pela janela para
as planícies, ele disse: — Eu não consigo me lembrar de uma
época em que meu pai não estivesse ciente de tudo o que
acontecia ao seu redor, fora do serviço ou nele. Eu estaria
disposto a apostar que ele viu o caminhão estacionado do lado
de fora e sabia que esse cara Mitchell estava lá dentro. Mas ele
não estava esperando problemas quando caminhou até a porta,
pelo menos não do tipo de disparo. No entanto, ele estava de
uniforme, e provavelmente Mitchell o viu.
Um silêncio se seguiu, ponderado por uma mistura de
raiva sem direção, pesares, e dores. Durou o resto do caminho
para a Casa Grande.
Boone estava no hall de entrada quando eles chegaram. —
Nós não nos conhecemos antes. — Ele disse a Quint,
estendendo a mão em saudação. — Eu sou Boone Rutledge,
noivo de Laura.
— Ouvi falar de você. — Quint respondeu, mas em um
tom que tinha estudado o conjunto impassível de suas
características quando ele brevemente apertou a mão de
Boone. — Eu sinto muito que tenhamos de nos conhecer sob
estas circunstâncias.
— Eu também. — Boone afirmou, quando Quint inclinou-
se em sua bengala para o equilíbrio.
— Se vocês me dão licença, eu preciso ver o meu avô. —
Ele afastou a bengala, tomando o primeiro passo em torno de
Boone antes de se mudar de lado.
Boone ficou ao lado de Laura, acompanhando-a enquanto
ela seguia Quint ao escritório, com o aparelho curto forçando-o
a andar mancando. Quando eles chegaram, Chase já havia se
mudado para frente da grande mesa. Quint caminhou até ele.
No momento em que estava ao seu alcance, Chase o puxou
para perto.
Laura assistiu à reunião emocional, apenas vagamente
consciente do braço de Boone possessivamente ao longo de
seus ombros. Por um longo minuto, os dois homens se
abraçaram, com as cabeças inclinadas, cada um abraçando o
outro com força. Laura sempre esteve ciente do vínculo especial
que existia entre os dois, mas nunca tinha sido mais evidente
do que agora.
Quando eles se separaram, as bochechas de Quint
estavam molhadas de lágrimas, mas Laura não encontrou nada
anormal sobre a visão dos dois.
— Deveria ter sido eu, meu filho. — O tremor na voz rouca
de seu avô deixou Laura piscando com as próprias lágrimas.
Quint balançou a cabeça. — Está errado se acha que iria
doer menos perder você.
A porta da frente se abriu, mas Laura prestou pouca
atenção a ela. Pessoas estiveram por perto na maior parte do
dia, os trabalhadores e os vizinhos do rancho também o
fizeram. Então, algo desencadeou em sua consciência. Talvez
tenha sido algo familiar no piso dos passos que puxaram seu
olhar para a porta, mas ela sabia que seria Sebastian antes
mesmo que ele entrasse.
Seus olhos cortaram um caminho direto para ela, e algo
dentro dela se acelerou com o contato. Quase com irritação,
sentiu os dedos de Boone se apertarem em seu braço.
Seu avô foi o primeiro a reconhecer Sebastian
abertamente. — Aí está você, Sebastian. Eu não acredito que
você conheceu meu neto mais velho, Quint Echohawk.
Com a graça de sua suavidade, Sebastian deu um passo
adiante. — Lamento não ter tido o prazer.
— Este é Sebastian Dunshill da Inglaterra. — Disse a
Quint, fornecendo a introdução.
Quint sorriu quando eles apertaram as mãos. — Trey me
falou sobre você.
Sebastian respondeu com uma inclinação engraçada da
boca. — Sim, seu primo tem sido mais inteligente em seus
esforços para me ensinar o caminho de cowboy, sem muito
sucesso, eu penso.
— A Sra. Mitchell e as crianças..., — Laura começou a
dizer incapaz de reprimir sua curiosidade por mais tempo.
— Eles estão escondidos em um lugar seguro. —
Sebastian afirmou. — E eu parei na cidade para informar a
polícia onde eles poderiam ser encontrados quando se tornasse
necessário.
— Acho que Mitchell ainda não foi capturado. — Quint
adivinhou, com suas feições endurecendo um pouco.
— Não que eu saiba. — Sebastian respondeu. — Os
bloqueios foram estabelecidos em todas as principais artérias
em torno de Blue Moon, e helicópteros estão fazendo uma
varredura das estradas laterais. Penso que seja apenas uma
questão de tempo antes que ele seja preso.
— Com alguma sorte, ele estará bêbado com toda a cerveja
que levou. — Trey disse. — Eles irão encontrá-lo desmaiado em
alguma estrada na região.
— Não há motivo pra ficarmos em pé aqui especulando
sobre isso. — Chase afirmou. — É hora de nós irmos para o
Círculo Seis. Eu não tenho que lhe dizer, Quint, como sua mãe
deve estar ansiosa para ter você em casa. Ela estará muito
necessitada de seu apoio nestes próximos dias.
Quint assentiu. — Eu sei.
Eles começaram a caminhar para a porta juntos, um
jovem e um velho, mas cada um exigindo o apoio de equilíbrio
de uma bengala.
— Você vai para sua tia? — Perguntou Boone.
— Por um tempo. — Laura respondeu.
— Então eu vou com você.
— Se quiser. — Ela foi gentil com ele, mas era o jeito como
se sentia.
Ele permaneceu sufocantemente perto dela enquanto
passavam por Sebastian e seguiram os outros para o corredor.
Laura estava tentando dizer algo, mas não era nem o momento
nem o lugar para fazer uma cena.
Na entrada, ela parou para recolher a bolsa da mesa do
lado. — Eu vou dirigir o Suburban, Trey. Esse aparelho na
perna de Quint fará com que fique muito cheio para todos nós
juntos.
Trey não teve chance de responder a ela quando a porta
da frente se abriu e Mitchell deu uma guinada para a casa, de
olhos arregalados e segurando uma arma. Meio bêbado, ele
cambaleou até parar quando os viu. O cano da arma fazendo
uma varredura em arco sobre todos eles.
— Onde eles estão? — Exigiu. Em seguida, viu Boone e
avançou em direção a ele. — Você os pegou, não é? Eu vou te
dar dois segundos para me dizer o que você fez com minha
esposa e as crianças!
— Você está louco. — O olhar de Boone pulou da arma à
cara zangada de Mitchell e de volta.
— O que você espera quando alguém rouba a esposa de
um homem e suas crianças? — O homem se enfureceu. —
Porra!Isso vai te deixar louco o suficiente para usar isto. — Ele
brandiu a arma — Se você não me disser onde estão.
Naquele momento Laura sabia o que ele queria. O medo
bateu no fundo de seu estômago com um tiro de adrenalina
através de seu sistema.
— Você está se dirigindo para o cavalheiro errado, Sr.
Mitchell. — A voz de Sebastian tocou muito clara e forte para a
direita. Laura girou o olhar para ele, surpresa ao encontrá-lo.
— Eu fui o único que levou sua esposa e filhos para um lugar
de segurança.
Mitchell girou em sua direção, e, para horror de Laura,
Sebastian deu um passo adiante, separando-se dos outros. —
Você o fez? — Mitchell olhou para ele não muito claramente. —
Então, onde estão eles?
— Veja aqui, rapaz... — Chase foi mancando para frente,
levantando a bengala.
— Vovô, não. — Laura protestou, com medo que ele
pretendesse agitá-la tolamente em Mitchell como um homem
xingando uma criança travessa.
Em vez disso, ele varreu-a para cima com uma rapidez de
relâmpago, golpeando a parte inferior do lado da arma de
Mitchell e provocando um uivo de dor. Quase no mesmo
instante Laredo se lançou para Mitchell, abordando-o de lado e
levando-o ao chão.
Com incrível calma, Sebastian plantou um pé no pulso de
Mitchell e torceu a arma de sua mão. Até então Trey e Boone
tinham juntado forças com Laredo mantendo Mitchell no chão.
Num piscar de olhos, ao que parecia, a ameaça se acabou.
O alívio deslizou através de Laura quando ela virou um olhar
espantado para seu avô idoso. Ele mais uma vez foi apoiado em
sua bengala e sorrindo para Quint.
— Você tem que usar qualquer arma que você tiver a mão,
meu filho.
Quint respondeu com uma sacudida divertida de sua
cabeça e olhou para Laura. — É melhor chamar a polícia.
Menos de vinte minutos depois, um helicóptero de
patrulha do estado desembarcou no pátio do rancho Triplo C.
Sua chegada foi logo seguida por um esquadrão de carros de
polícia. Em pouco tempo Mitchell foi algemado e escoltado para
fora das instalações, e seguida da rodada usual de
questionamentos e declarações.
Trey e Laredo acompanharam o último dos oficiais para a
varanda enquanto todos os outros permaneceram na sala.
Boone sentou-se ao lado de Laura no sofá de couro, com o
braço envolvendo suas costas atrás de sua cabeça. Quint e
Chase ocuparam as duas cadeiras laterais em frente à mesa.
Sebastian, alto e magro, estava na janela, observando a saída
dos últimos funcionários e olhando tão sereno como tinha sido
através de tudo.
Ele se afastou da janela, trocando um olhar de contato
brevemente com Laura. Ela estava consciente da subida
instantânea de seu batimento cardíaco e percebeu que era uma
reação normal para com ele, uma reação que tinha existido
desde o início.
— Acho que nós podemos seguramente concluir que esse
negócio acabou, — Sebastian declarou a ninguém em
particular.
Descruzando as pernas, Laura se levantou do sofá e levou
a xícara vazia para a bandeja do serviço na mesa.
— Você percebe que se arriscou terrivelmente falando
daquele jeito? — Ela o olhou com um pouco mais de interesse.
— Mas um risco calculado. — Sebastian respondeu com a
indiferença habitual. — Afinal de contas, eu era o único que
sabia da localização de sua esposa e filhos, seria improvável
que ele fosse atirar em mim.
— Bêbado como estava, ele poderia ter puxado o gatilho,
mesmo sem conhecê-lo. — Laura respondeu.
— Como eu disse, foi um risco calculado. — Seus olhos
tinham um brilho calorosamente divertido.
Boone se empurrou fora do sofá de couro, com suas
mandíbulas rígidas de raiva. — Fazia parte do seu cálculo
colocar toda esta família em perigo? — Ele exigiu. — Nada
disso teria acontecido se você não tivesse enfiado o nariz em
algo que não era da sua conta. Você causou problema
suficiente na família, Dunshill. É hora de você arrumar suas
malas e voltar para a Inglaterra. E eu quero dizer agora.
Naquele instante, quaisquer dúvidas desapareceram
quando Laura virou um olhar fresco em Boone, erguendo o
queixo. — Você está apenas meio certo, Boone.
— O que quer dizer com, meio certo? — Ele perguntou
com uma careta.
— Você é o único que precisa arrumar suas malas e sair
desta casa. Imediatamente. — Não havia um pingo de calor em
sua voz, só uma determinação gelada.
— O que você está falando, Laura? — Sua expressão era
de choque e confusão. — Nós estamos para nos casar.
— Nós estávamos. Não estamos mais. — Ela retirou o anel
de noivado de seu dedo. — Aqui. Você pode levar isso com você.
— Laura se virou para ele com um toque de desdém.
O atordoado olhar em seu rosto quando ele pegou o anel
era quase risível. — Você está chateada, Laura. — Ele
protestou de forma atordoada. — Você não sabe o que está
fazendo.
— Eu sempre sei exatamente o que estou fazendo, Boone.
— Laura corrigiu, enquanto Sebastian a olhava, lutando para
conter um sorriso. — Você tem aproximadamente tanto estilo
como um de seus churrascos do Texas e eu certamente não
quero ninguém astuto e implacável como Max Rutledge para
um sogro. Eu não me importo quanto dinheiro ele tenha. Com
o casamento você ainda seria um passo para baixo. Agora,
saia.
Chase falou: — Espero que ele não vá. Eu gostaria de tê-lo
jogado fora.
Boone olhou para eles, por um momento de raiva além das
palavras.
— Você vai se arrepender por isso. — Ele empurrou as
palavras com os dentes cerrados e saiu do escritório,
assumindo que Laredo estava de lado quando se encontrou
com ele e Trey na porta.
— O que deu nele? — Laredo apontando um polegar por
cima do ombro na direção que Boone tinha tomado.
— Laura apenas lhe disse para se mandar. — Quint
respondeu com um sorriso calmo de aprovação.
— Já era tempo. — Laredo murmurou.
O sorriso que Trey lhe deu foi grande e largo. — Eu acho
que isso significa que não se ouvirá os sinos do casamento por
aqui tão cedo.
— Eu não teria tanta certeza sobre isso. — Laura
respondeu com um traço de presunção.
Como ela sabia que ele faria, Sebastian abandonou seu
posto junto à janela e caminhou para o lado dela, apertando
sua cintura com a mão. — Acredito que a última observação
requer alguns esclarecimentos. — Afirmou, dirigindo-se aos
outros. — Se vocês nos desculparem, Laura e eu vamos a
algum lugar discutir isso em particular.
— Por todos os meios, façam isso. — Chase os exortou.
Nunca se sentira tão certa quanto a leve pressão do braço
de Sebastian ao redor dela enquanto ele a conduzia para fora
do escritório e para a vida. Mas não foi nada em comparação
com o inchaço de pura alegria dentro dela quando ele virou-a
em seus braços e Laura encontrou seu olhar ardente e por
sugestão um brilho que possuía.
— Será que finalmente conseguiu superar a questão do
dinheiro? — O tom rouco de sua voz era como uma carícia.
— Eu não diria que conseguimos passá-lo, exatamente. —
Laura objetou com um toque de timidez.
As sobrancelhas se ergueram em desafio silencioso. —
Então o que você diria?
Ela deslizou as mãos até seus ombros e frouxamente uniu
os dedos atrás de seu pescoço. — Decidi me casar com você,
apesar dele. — Laura fez uma pausa, com uma pequena
mostra de sorriso — Depois de assinar um acordo pré-nupcial,
é claro.
Um sorriso sulcou os cantos de sua boca. — Claro.
Laura tocou um dedo para o fraco conhecimento
superficial das sardas sobre a ponta de seu nariz. — Eu espero
que você não passe qualquer uma dessas sardas para nossas
filhas. Seria bom se os nossos filhos as tivessem, entretanto.
— Infelizmente, isso é algo sobre o qual eu não tenho
controle, Lady Crawford. — Sebastian rebateu levemente, até
mesmo quando o desejo obscureceu seus olhos.
— Eu gosto do som disso. — confessou Laura.
— E estou ansioso para chamá-la assim para o resto de
nossas vidas.
— Eu te amo Senhor Crawford. — Ela fez a declaração
fervorosa quando puxou sua cabeça para baixo para beijá-lo e
compartilhar toda a plenitude de seu amor.
Epílogo
Os flocos de neve caiam grossos e rápidos das nuvens
como um cobertor que cobria o triplo C. Agora e, em seguida,
um vento norte tempestuoso os enviava rodopiando contra as
janelas da Casa Grande, criando padrões de mudança de cinza
e branco. Por mais que tentassem, o frio e a neve não poderiam
penetrar na casa branca imponente que estava tão orgulhosa e
alta no outeiro com vista para a sede da fazenda.
As luzes brilhavam de suas janelas, desafiando a
escuridão precoce da tempestade que novembro tinha trazido
para a tarde. No vestíbulo, as chamas estalavam e saltavam
sobre a pilha de toras na lareira, o calor dela trazendo um
aquecimento extra para o quarto.
Chase cochilava numa cadeira lateral ao fogo, a meio
caminho entre a vigília e o sono. Um suéter pesado pendia dos
ombros encurvados, a camada adicional de roupa numa
tentativa de aquecer seus velhos ossos. Vagamente ele sentiu o
toque de algo através de suas pernas agitando-o. Seus olhos
sonolentos foram lentos para identificar a posição da pequena
constituição da mulher em sua cadeira. Por um momento, seus
traços nadaram dentro e fora de foco, mas o verde
impressionante dos olhos e a escuridão brilhante de seus
cabelos, apenas fracamente raiados com cinza, foram
registrados imediatamente. A alegria inchou dentro dele e um
aperto agarrou sua garganta com a visão de sua amada Maggie.
Quando ele estendeu a mão para ela, ouviu. — Desculpe,
eu não queria perturbá-lo, pai.
Pai! Sua mão caiu sobre o braço da cadeira com a ilusão
quebrada. Chase trabalhou para esconder a amarga decepção
que sentiu ao descobrir que era sua filha Cat de pé diante dele
e não sua falecida esposa.
Ele usou a aspereza para esconder qualquer dor
persistente em sua voz. — Eu não estava dormindo.
— Claro que não. — Cat sorriu incrédula e se inclinou
para dobrar as bordas de um cobertor pesado em torno de suas
pernas.
A ação o levou a perceber o novo peso dele em suas
pernas. — Isso é sobre o quê? — Chase exigiu, ao vê-la
fazendo-o se sentir como um inválido.
— Eu não quero que você se resfrie.
— Então você vai me assar em vez disso? — Seu olhar era
agudo com a repreensão.
— Agora você sabe o que o médico disse, papai. — Sua voz
tinha o tom indulgente dos pais usado ao falar com seus filhos,
irritando-o ainda mais.
— O homem é um charlatão. — Chase resmungou. — Ele
alegou que eu tinha pneumonia, mas não era nada mais que
um frio danado.
No instante em que o diagnóstico havia sido feito Cat tinha
se nomeado sua enfermeira pessoal e se mudou para a Casa
Grande para cuidar dele. Apesar de Cat nunca ter dito isso,
Chase sabia que o movimento seria permanente. Vivendo na
casa da fazenda, uma vez que ela a compartilhara com Logan
provara ser muito doloroso e muito solitário. Sinceramente,
Chase se congratulou com a sua presença, mesmo que ela se
preocupasse muito com ele.
— Não importa se era pneumonia ou um resfriado comum,
ainda não podemos arriscar uma recaída, — Cat insistiu — não
com o casamento na semana que vem. Você sabe como Laura
está determinada que você seja a pessoa que a entregue ao
Sebastian.
À menção de Laura, Chase de repente notou a falta das
tagarelas vozes e outros sons da onda de atividade pré-
casamento que havia preenchido a herdade naqueles últimos
dias. — Onde está a Laura?
— No andar de cima com Tara e a costureira. Elas estão
terminando a montagem final.
Ele franziu a testa. — Como é que você não está lá com
elas?
— Eu estava. Só vim para verificar você. — Cat respondeu
com uma espécie de indiferença estudada e se dirigiu para a
janela como se atraída pela cortina espessa de flocos brancos.
— A neve está descendo muito mais pesada. Espero que as
estradas não fiquem escorregadias.
Chase soube imediatamente que a observação era mais do
que apenas ociosa e adivinhou — Quint foi até o Círculo Seis,
não é?
Cat hesitou dividida, depois assentiu. — Ele queria ver o
gado e garantir que houvesse feno suficiente para eles. Eu
pensei que ele estaria de volta agora. — Acrescentou com uma
nota fraca de preocupação.
No dia depois do funeral de seu pai Quint entregara sua
carta de demissão. Chase não ficou surpreso com sua decisão.
O menino sempre teve um forte senso de dever, e não havia
qualquer dúvida que Cat precisava dele desesperadamente
naqueles primeiros meses após a morte de Logan.
— Não que Quint fosse do tipo de correr riscos
desnecessários. — Chase disse para dissipar a preocupação
dela. — Se as estradas estiverem ruins, ele vai ficar no rancho.
— Após uma breve pausa, acrescentou. — É natural se
preocupar com ele. Todos os pais se preocupam com seus
filhos, se eles têm quatro anos de idade ou quarenta. Mas você
não pode continuar a se apoiar em Quint. Não é saudável para
nenhum de vocês dois.
— Eu sei. — Cat admitiu com um leve suspiro.
Chase estava prestes a dizer mais quando uma porta no
andar de cima da casa se abriu e ecoou com o som de vários
passos e tagarelice feminina. Ele a ouviu fluindo para baixo da
escada e ergueu um olhar divertido para a filha.
— Com Laura na casa, o silêncio não poderia durar. — Ele
sabia que sentiria falta do barulho quando ela se mudasse para
a Inglaterra.
— Como isso é verdade. — Cat concordou e se afastou da
janela.
— Uma tarde de neve como esta parece exigir uma xícara
de chocolate quente. Gostaria que eu lhe trouxesse uma?
— Eu prefiro tomar um café. — Chase respondeu.
— Eu vou lhe trazer um copo. — Ela cruzou a soleira da
porta e parou ali, prestando atenção em algo na sala de estar.
— Laura! — Ela murmurou a palavra única transmitindo uma
riqueza de valorização absoluta e aprovação.
— Vovô está no escritório? — A voz familiar de sua neta
chegou aos seus ouvidos.
Chase falou antes que Cat pudesse responder. — Estou
aqui.
— Feche os olhos, vovô. Eu tenho algo que quero mostrar
para você. — Laura disse.
Os inícios de um pequeno sorriso marcaram os cantos de
sua boca. — Eu acho que pode ser difícil vê-la se eu fechar
meus olhos.
— Muito esperto. — Laura o repreendeu com carinho. —
Basta cobrir os olhos e eu vou lhe dizer quando você pode
olhar. Deixe-me saber quando ele estiver pronto, tia Cat. —
Acrescentou.
Percebendo que Laura estava determinada a tê-lo como
queria, como de costume, Chase escolheu satisfazer seu
capricho e colocou a mão sobre os olhos. Quase imediatamente
os passos leves se aproximaram da entrada do escritório,
acompanhado pelo farfalhar suave do tecido.
— Você pode olhar agora, vovô.
Ele abaixou a mão e contemplou a visão de sua neta
pronta na porta e vestida com um vestido de noiva de cetim
branco. Sua linha era simples, mas incrivelmente elegante,
com longas e esvoaçantes mangas e uma carreira astuta de
pérolas. Ela era uma beleza e graça, uma visão que causou um
inchaço de orgulho em seu peito.
— Eu queria que você me visse com o vestido que estarei
usando na nossa cerimônia na Escócia. — exclamou Laura,
cuidando para não fazer qualquer referência direta ao fato de
que ele não estaria presente. Foi o consenso que a viagem seria
muito longa e difícil para ele em sua idade avançada. — O que
você acha? Você gostou?
— É lindo, é claro, mas... — Chase franziu a testa — está
dizendo que você tem dois vestidos de casamento?
— Realmente vovô, eu não posso ter Sebastian me vendo
no mesmo vestido duas vezes, simplesmente não é certo. —
Laura o repreendeu. — Além disso, uma vez que o casamento
terá lugar no Castelo de Skibo, eu pensei que deveria usar algo
com um aspecto um pouco medieval.
— Ter dois vestidos é tão tolo como ter dois casamentos.
— Chase resmungou. — Um deve ser bom o suficiente.
— Agora, vovô, nós já passamos por tudo isso. — Com um
sorriso indulgente, ela deslizou através do quarto para sua
cadeira e se sentou de lado no braço dela, de frente para ele. —
Simplesmente não seria viável para a família e amigos de
Sebastian voarem até aqui para o casamento. Não teria espaço
suficiente para colocá-los todos aqui. — Ela alisou os cabelos
grossos levemente acinzentados. — E quase toda noiva Calder
se casou aqui mesmo na sala. Eu não poderia quebrar essa
tradição agora, eu poderia?
— Não, você não poderia fazer isso. Afinal você é uma
Calder. — A calma caiu sobre ele. E Chase sabia que muito
tempo depois que ele se fosse, a tradição Calder iria continuar.
Essa tradição de paixão e dor, amar e perder, julgamento e
triunfo nunca morreria. Era a maneira Calder de ser.
Sobre a autora

Cheia de paixão, emoção e profundidade que lhe rendeu


uma legião de fãs novela após novela, A grama verde dos
Calder, de Janet Dailey é uma nova parcela extraordinária da
saga de esperanças de uma família e uma história de sonhos…
tão orgulhosa e majestosa como a própria América.
O primeiro livro de Janet Dailey foi publicado em 1976.
Nos vinte e seis anos desde então, ela escreveu mais noventa e
nove romances e se tornou a terceira maior autora de vendas
do sexo feminino no mundo, com 325 milhões de cópias de
livros vendidos em dezenove idiomas em noventa e oito países.
Ela é conhecida pelos personagens decisivos e fortes, pela
extraordinária capacidade de recriar um tempo e um lugar, e a
coragem infalível para enfrentar importantes questões
controversas, em suas histórias. Ela vive com o marido, Bill,
em Branson, Missouri.

Outros Livros da Série:

1. A terra dos Calder


2. A luta pela terra
3. Os donos da terra
4. O amor pela terra
5. O orgulho Calder

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