Capítulo 4
Análise de Sinais e Sistemas no
Domínio da Freqüência
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1
Engº HB
A transformada de Fourier é uma das várias
ferramentas matemáticas que são utilizadas na análise
e projeto de sistemas LTI. Outra é a série de Fourier.
Essas representações de sinais basicamente
envolvem a decomposição de sinais em termos de
sinosoides (ou exponenciais complexas). Com esta
decomposição, um sinal é dito estar representado no
domínio da freqüência.PI_2022 Doutor Engº VbN
2
Engº HB
Como na física, o termo espectro é usado
quando nos referimos às freqüências que um
sinal possui. O processo de obtenção do
espectro de um dado sinal usando ferramentas
matemáticas descritas neste capítulo é
conhecido com análise no domínio da freqüência
ou análise espectral.
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3
Engº HB
4.1 Análise de Sinais de Tempo Contínuo no
Domínio da Freqüência
- A Série de Fourier de Tempo Contínuo (CTFS
ou FS)
Um sinal de tempo contínuo x(t) é periódico se
para algum valor positivo T, temos:
x(t) = x(t + T) para todo t
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4
Engº HB
Temos que uma seqüência exponencial
complexa é dada por
x(t)=BejΩt
Assim, o conjunto de todos os sinais
exponenciais complexos de tempo continuo é dado
por:
jk0 t
xk (t ) = e k = 0, 1, 2, (4.1)
onde: Ω0 = 2 / T
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5
Engº HB
Então um sinal periódico qualquer x(t) pode ser
escrito como uma combinação linear como a seguir:
x(t ) = ak xk (t ) =
k =−
k
a e
k =−
jk0t
(4.2)
podemos considerar a representação de um sinal como
uma superposição ponderada de sinusóides
complexas.Desde que ambos os lados da equação (4.2)
são periódicos com período T, vem:
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6
Engº HB
x(t ) = x ( k )e
k =−
jk0t
com x(k) = ak (4.3)
1
− jk0t
x(k ) = x(t )e dt (4.4)
T T
em que x(t) tem período fundamental T e Ω0 = 2/T.
Dizemos que x(t) e x(k) são um par de Série
de Fourier (FS).
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7
Engº HB
Exemplo
Obtenha a Série de Fourier de Tempo Contínuo
para:
Trace o espectro de amplitude e fase.
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8
Engº HB
Exemplo
Obtenha a Série de Fourier de Tempo Discreto
para:
x(t) = cos((/4)t)
Trace o espectro de amplitude e fase.
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Engº HB
- A Transformada de Fourier de Tempo
Contínuo (CTFT ou FT)
Seja x(t) um sinal não periódico de duração finita,
isto é,
x(t) = 0 |t| > T1
Tal sinal é mostrado na figura a seguir:
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10
Engº HB
Seja xT0(t) um sinal periódico formado pela
repetição de x(t) com período fundamental T0,
como mostrado na figura a seguir:
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11
Engº HB
Fazendo T0 →, tem-se:
lim xT 0 (t ) = x(t )
T0 →
A série de Fourier de xT0(t) é dada por:
2
xT0 (t ) = x(k )e
k = −
jk 0t
0 =
T0
(4.5)
onde
T0 / 2
1
To
− jk 0t
x( k ) = x (t ) e dt (4.6)
T0 −T0 / 2
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12
Engº HB
Como xT0(t) = x(t) para |t| < T0/2 e como também
x(t) = 0 fora deste intervalo, a equação (4.6) pode ser
reescrita como:
T0 / 2
1 1
x(t )e
− jk0t − jk0t
x( k ) = dt = x (t ) e (4.7)
T0 −T0 / 2
T0 −
Definindo X(Ω) como sendo
− jt
X () = x (t ) e dt (4.8)
−
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13
Engº HB
Com isto, podemos reescrever x(k) como:
1
x(k ) = X ( 0 ) (4.9)
T0
Substituindo a equação (4.9) na equação (4.5),
vem:
1
xT0 (t ) = X (0 )e jk0t (4.10)
k =−T0
ou
1
xT0 (t ) =
2
0
X (
k =−
) e jk0t
0 (4.11)
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14
Engº HB
Quando T0 →, Ω0 = 2/T0 torna-se infinitesimal
(Ω0 →0). Neste caso a equação (4.11) torna-se
1
x(t ) =
2 −
X ()e jt d (4.12)
Assim, a representação por Transformada de
Fourier de Tempo Contínuo é expressa como:
1
jt
x(t ) = X ( ) e d
2 −
X () =
−
x(t )e − jt dt
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Engº HB
4.2 Análise de Sinais de Tempo Discreto no
Domínio da Freqüência
Como colocado no capítulo 1, um sinal de
tempo discreto x(n) é periódico se para algum valor
positivo N, temos:
x(n) = x(n + N)
Isso é possível somente se
N.w = 2..m N e m inteiros
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Engº HB
Do capítulo 1, também temos que uma
seqüência exponencial complexa é dada por
x(n)=Bejn = Brjn
Assim, o conjunto de todos os sinais
exponenciais complexos de tempo discreto é dado
por:
xk (n) = e jkw0 n
k = 0, 1, 2, (4.13)
onde: w0 = 2 /N0
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Engº HB
Uma distinção muito importante entre as
exponenciais complexas de tempo discreto e as de
tempo contínuo é que os sinais ejot são distintos
para valores distintos de 0, mas as seqüências
ejwon, são distintas em freqüências que contemplam
2.
j ( w0 +2k )n j 2kn
e =e jw0 n
e =e jw0 n
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Engº HB
- A Série de Fourier de Tempo Discreto (DTFS)
Um sinal periódico qualquer x(n) pode ser escrito
como uma combinação linear como a seguir:
N 0 −1
x ( n) = a e
k =0
k
jkw0 n
(4.14)
podemos considerar a representação de um sinal como
uma superposição ponderada de sinusóides
complexas.Desde que ambos os lados da equação
(4.14) são periódicos com
PI_2022 período
Doutor Engº VbN N0, vem:
19
Engº HB
N 0 −1
x ( n) = a e
k =0
k
jkw0 n
N 0 −1
1
ak =
N0
x(n)e
n =0
− jkw0 n
Dizemos que x(n) e ak são um par da Série
de Fourier de Tempo Discreto (DTFS).
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Engº HB
Exemplo
Obtenha a Série de Fourier de Tempo Discreto para
a sequência a seguir. Trace o espectro de amplitude e
fase. 3
2.5
2
x[n]
1.5
0.5
0
-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12
n
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Engº HB
Exemplo
Obtenha a Série de Fourier de Tempo Discreto
para os sinais abaixo e trace o espectro de
amplitude e fase:
x(n) = sen(0,1.)n
x(n) = cos((/4)n)
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22
Engº HB
- A Transformada de Fourier de Tempo Discreto
(DTFT)
Seja um sistema discreto LTI:
com, x(n) = ejwn
A saída y(n) pode ser calculada como:
y(n) = x(n) * h(n)
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23
Engº HB
y(n) = h(k ).x(n − k )
k = −
y ( n) = h (
k = −
k ).e jw( n − k )
y ( n) = e jwn
. h(k ).e − jwk
k = −
Definindo:
H ( w) = h ( k )e
k = −
− jwk
(4.15)
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Engº HB
A função H(w) na equação (4.15) é
conhecida como transformada de Fourier de h(n).
Para uma seqüência x(nT) a transformada de
Fourier, X(w), é definida como
X ( w) = x(nT )e
n = −
− jwn (4.16)
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25
Engº HB
Da serie de Fourier, temos:
N 0 −1
x ( n) = a e
k =0
k
jkw0 n
(4.17)
N 0 −1
1
ak =
N0
x(n)e
n =0
− jkw0 n
PI_2022 Doutor Engº VbN
26
Engº HB
Fazendo o período tender a infinito podemos
reescrever a última equação como a seguir.
1
ak =
N0
x ( n )e
n = −
− jkw0 n (4.18)
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Engº HB
Substituindo a equação (4.16) na equação
(4.18), vem:
1
ak = X ( w0 ) (4.19)
N0
Substituindo a equação (4.19) na equação
(4.17), vem:
N 0 −1 N 0 −1
1 1
x(n) = X ( w)e jkw0 n
= X (w)e jkw0 n
w0
k =0 N 0 2 k =0
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Engº HB
Quando N0 → , w0 = 2/N0 torna-se
infinitesimal (w0 → 0). Neste caso a última
equação torna-se
2
1
x ( n) = X (w)e
jwn
dw (4.20)
2 0
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29
Engº HB
Assim, a representação por transformada
de Fourier de Tempo Discreto (DTFT) é expressa
como:
2
1
x ( n) = X (w)e
jwn
dw
2 0
X ( w) = x
n = −
( nT )e − jwn
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30
Engº HB
Exemplo
Obtenha a Transformada de Fourier de Tempo
Discreto para os sinais e trace o espectro de
amplitude e fase:
x(n) = anu(n)
x(n) = u(n) – u(n – 6 )
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31
Engº HB
Exemplo
Obtenha a Transformada de Fourier Inversa de
Tempo Discreto para:
1 | w| W
X (e ) =
jw
0 W | w|
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Engº HB
4.3 Propriedades da Transformada de Fourier de
Tempo Discreto
As propriedades básicas da transformada de
Fourier são apresentadas a seguir. Há muitas
semelhanças e várias diferenças em relação ao
caso contínuo. Quando a R0C de X(z) contém o
círculo unitário, muitas dessas propriedades
tornam-se similares a transformada Z.
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Engº HB
Periodicidade
X(w + 2 ) = X(w)
Obs:
0 ≤ w < 2
Linearidade
F[ax1(n) bx2(n)] = ax1 (n) bx2 (n)e − jwn = aX1(w)bX2(w)
n = −
onde a e b são constantes arbitrárias.
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34
Engº HB
Deslocamento de tempo
F [x(n - p)] = x(n − p)e
− jwn − jwp
=e X ( w)
n = −
Deslocamento de freqüência
F [ejw0nx(n)] = X(w – wo)
Inversão de Tempo
F [x(-n) ] = x(−n)e
n = −
− jwn
= X(-w)
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35
Engº HB
Exemplo
Calcule a transformada de Fourier de tempo
discreto das seguintes seqüências.
i) x[n] = (n - n0)
ii) x[n] = ejw0n
iii) x[n] = cos(w0n) |w0| ≤
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Engº HB
Multiplicação por n (ou Diferenciação em
freqüência)
nx(n)e
dX ( w)
F [nx(n)] = − jwn
= j
dw
n = −
Convolução
F x1 (n) * x2 (n) = X1 (w) X 2 (w)
Acumulação
n 1
F x(k ) = X (0) (w) + − jw
X (w) |w|≤
k =− 1− e
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Engº HB
Conjugação
F[x*(n)] = x * (n)e
n = −
− jwn
=X*(-w)
Relação de Parseval
1
Ex = x[n] = X (w)
2 2
dw
n = − 2 2
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Engº HB
Exemplos
Calcule a transformada de Fourier de tempo
discreto das seguintes seqüências.
i) x[n] = u[n]
ii) x[n] = 5u[n] – 3u[n -10]
ii) x[n] = u[-n]
iii) x[n] = 5nu[n]
iv) x[n] = u[n]* 3[n -10]
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39
Engº HB
4.4 Características dos Sistemas LTI no Domínio
da Freqüência
A saída y(n) de um sistema LTI de tempo
discreto pode ser determinada fazendo-se a
convolução do sinal de entrada x(n) com a
resposta ao impulso h(n); isto é,
y(n) = x(n)*h(n)
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40
Engº HB
Aplicando a propriedade da convolução da
transformada de Fourier, obtemos
Y(w) = X(w)H(w)
onde Y(w), X(w) e H(w) são as transformadas de Fourier
de y(n), x(n) e h(n), respectivamente.
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41
Engº HB
A transformada de Fourier de tempo
discreto de uma resposta ao impulso é chamada
de resposta em Frequência (ou Função de
Transferência) de um sistema LTI e é denotada
por
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42
Engº HB
Sendo que
A função H(w) é chamada resposta em freqüência
do sistema, |H(w)| é a resposta de magnitude ou
amplitude do sistema e (w) é a resposta de fase do
sistema.
Obs: casos interessantes/especiais, x(n) = ejw0n , x(n) =
Acos(w0n + 0)
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43
Engº HB
Exemplo
Determinar a resposta em frequência H(w)
de um sistema caracterizado por h(n) =
(0.5)nu(n).
Traçar as respostas da magnitude e de fase.
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44
Engº HB
Muitos sistemas LTI de tempo discreto são
descritos por equações de diferença lineares com
coeficientes constantes na forma
com M N.
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45
Engº HB
Aplicando a transformada de Fourier de
tempo discreto, e rearranjando a equação, vem:
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46
Engº HB
Exemplo
Determinar a resposta em frequência H(w)
do sistema
Traçar as respostas da magnitude e de fase para
0 w π.
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47
Engº HB
- Relação entre as Transformadas de Fourier de
tempo contínuo e discreto
Até agora tratamos de seqüências
discretas, onde não existe qualquer informação
sobre o intervalo de tempo físico existente entre
a i-ésima amostra e suas vizinhas imediatas i + 1
e i + 2.
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48
Engº HB
Em muitas aplicações as seqüências discretas
são obtidas a partir de sinais contínuos.
x(n) = xa (t ) t =nT = xa (nt) = x (t ). (t − nT )
n = −
a
onde T é o período de amostragem, e fs = 1/T é a
freqüência de amostragem.
Matematicamente, tratamos a amostragem (ou
discretização) em dois estágios:
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49
Engº HB
1. Um gerador de trem de impulsos (delta de Dirac)
2. Um conversor de impulsos para seqüências
Tais estágios são apresentados na figura a
seguir, onde fica claro a modulação entre o sinal
contínuo xa(t) e o trem de impulsos (t). O
conversor na verdade é um dispositivo eletrônico do
tipo sample-and-hold.
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50
Engº HB
(t)
conversor
xa(t) xs(t) x(n)
x(n) = xs(t) = xa(nT)
Portanto, as amostras somente serão
definidas para os instantes
t = nT = n/Fs=2πn/wT
onde T é o tempo entre as amostras, Fs é a
freqüência de amostragem e wT= 2πFs é a
freqüência angular de amostragem.
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51
Engº HB
Exemplo
xa(t) x(n) = xs(t)
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52
Engº HB
O sinal amostrado representado na figura
anterior é obtido modulando o sinal contínuo xa(t)
com o trem de pulsos (t), com isto, temos um sinal
amostrado no domínio contínuo:
xs (t ) = x (nT ). (t − nT )
n = −
a
PI_2022 Doutor Engº VbN
53
Engº HB
Então
X s () = s
x (t ) e − jt
dt = a
x (
n = −
nT ) e − jTn
−
Da definição da amostragem de um sinal, temos
x(n) = xa(nT), e a definição da DTFT nos dá
X ( w) = x (
n = −
n)e − jwn
Por comparação, temos:
X s () = X ( w) w=T
PI_2022 Doutor Engº VbN
54
Engº HB
Logo
1
X (T ) =
T
X
k = −
a ( − ka )
1
w 2k
X ( w) =
T
k = −
Xa −
T T
Ou seja, X(w) é uma versão “escalada” em
freqüência de Xs() (escala definida por w = T).
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55
Engº HB
Apenas reforçando, quando discretizamos o
sinal xa(t) em xs(t) (e consequentemente x(n)), a sua
DTFT corresponde a soma de réplicas da
Transformada de Fourier do sinal contínuo original
xa(t), espaçadas a cada 2 radianos, o que mantém
a periodicidade implícita da DTFT.
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56
Engº HB