2023 Revisao Unifesp Portugues
2023 Revisao Unifesp Portugues
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REVISÃO 2023
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1. (UNIFESP) – Pode-se afirmar que, com a ida à
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d) humor e surpresa.
e) espanto e tristeza.
RESOLUÇÃO:
O último quadrinho vale-se do recurso da repetição –
tanto do sinal de pontuação quanto do verbo – para
indicar a indignação e agressividade da personagem
Liberdade diante dos efeitos do tempo.
Resposta: C
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8. (UNIFESP) – Em sua argumentação, o autor 9. (UNIFESP) – De acordo com o autor, “ao falar, temos
estabelece que que obedecer à lei do maior número”. Atendendo a esse
a) a palavra escrita se espelha na palavra falada. Desta princípio, para o português oral contemporâneo, está
forma, a boa comunicação implica reconhecer que fala adequado o enunciado:
e escrita são de mesma natureza. a) Olvidei-me de trazer seu livro. Assistia a um filme
b) as diferenças entre fala e escrita são muitas. Dessa deveras interessante. Você não se sente chateado por
forma, a boa comunicação está relacionada ao valor isso, não é mesmo?
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cultural da linguagem. b) Caso assistisse a um filme e esquecesse teu livro...
c) o fenômeno cultural está contido no natural. Dessa Sentir-te-ias magoado com esse meu comportamento?
forma, a boa comunicação diz respeito ao uso que c) Cara, @#$&*...! Demorô!!! O fdm nem tchum... E
cada pessoa faz, de acordo com as necessidades pá... ☺ E o livro... Nem... Que m***a!!!
cotidianas. d) Me esqueci de trazer seu livro, porque fiquei
d) os fenômenos naturais precedem o culturais. Dessa assistindo um filme. Cê não tá chateado por causa
forma, a boa comunicação depende de ajustar aqueles disso, né?
às especificidades destes. e) Nóis ia lê o livro na aula, mais fiquei veno TV, sistino
e) fala e escrita são domínios distintos. Dessa forma, a um firme e isquici dele. Ocê tá chateado cumigu não
boa comunicação implica conhecer e emprega os né?
recursos específicos de cada um deles. RESOLUÇÃO:
RESOLUÇÃO: No português oral contemporâneo, o falante inicia a frase
A resposta encontra-se no 2.º parágrafo, em que o autor com pronome oblíquo átono (“me”), não respeita a
condiciona a “boa comunicação” à adaptação do falante regência do verbo assistir (assistir a), abrevia o pronome
ao contexto. de tratamento você (“cê”) e a forma verbal está (“tá”),
Resposta: E além de empregar o marcador conversacional “né”.
Resposta: D
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tanto? O teu anúncio lembra a carta de certo capitão e) egoísta.
da guarda de Nero. Rico, interessante, aborrecido, RESOLUÇÃO:
como tu, escreveu um dia ao grave Sêneca, A palavra “náufrago” conota, nesse período alegórico, um
perguntando-lhe como se havia de curar do tédio que homem que perdeu os bens materiais, tornou-se
sentia, e explicava-se por figura: “Não é a tempestade empobrecido e espera conseguir um casamento que lhe dê
que me aflige, é o enjoo do mar”. Viúva minha, o que boa condição econômica.
tu queres realmente, não é um marido, é um remédio Resposta: A
contra o enjoo. Vês que a travessia ainda é longa —
porque a tua idade está entre trinta e dois e trinta e oito
anos —, o mar é agitado, o navio joga muito; precisas
de um preparado para matar esse mal cruel e
indefinível. Não te contentas com o remédio de 3. (UNIFESP-2022)
Sêneca, que era justamente a solidão, “a vida retirada,
em que a alma acha todo o seu sossego”. Tu já “e disse comigo:
provaste esse preparado; não te fez nada. Tentas outro; — Eia, passemos em revista as procuras e ofertas,
mas queres menos um companheiro que uma caixeiros desempregados, pianos, magnésias,
companhia. sabonetes, oficiais de barbeiro, casas para alugar,
(Machado de Assis. Crônicas escolhidas, 2013.) amas de leite, cobradores, coqueluche, hipotecas,
professores, tosses crônicas...” (1.o e 2.o parágrafos)
1. (UNIFESP-2022) – Para o cronista, a viúva
a) ainda não se mostra preparada para um novo Nesse trecho, observa-se um diálogo interior do cronista.
relacionamento amoroso. Se a fala do cronista fosse dirigida a um outro perso-
b) revela, sobretudo, receio de se mostrar uma mulher nagem, o termo sublinhado assumiria, na transposição do
vulnerável. trecho para o discurso indireto, a forma:
c) revela, sobretudo, receio de passar o restante da vida a) passe.
sozinha. b) passasse.
d) procura um novo companheiro que a faça perder o c) passaria.
medo de amar. d) passou.
e) ainda não encontrou, ao longo da vida, um amor e) passara.
verdadeiro. RESOLUÇÃO:
RESOLUÇÃO: O monólogo interior do personagem, ou seja, a fala dele
O cronista destaca do anúncio da viúva que procura um consigo mesmo, se fosse dita para um interlocutor em
marido a seguinte passagem: “desejo encontrar por esposo discurso indireto apresentaria o verbo no pretérito
um homem de meia-idade, sério, instruído, e também com imperfeito do subjuntivo (passasse), já que a forma
meios de vida, que esteja como ela cansado de viver só.” verbal usada pelo narrador encontra-se no presente do
Nota-se, portanto, o desejo da viúva em ter, sobretudo, um subjuntivo (passemos): Ele disse que passasse em revista
homem que queira deixar de viver sozinho, esteja “farto da as procuras e ofertas (...).
solidão”. Resposta: B
Resposta: C
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principalmente, o elogio do presente eterno, sem passado RESOLUÇÃO:
nem futuro. Segundo Adauto Novaes, o Renascimento “apontava ao
(https://artepensamento.ims.com.br. Adaptado.) mesmo tempo para o futuro e para o passado, verdadeira
paixão pelo novo e paixão pelo antigo”, o que comprova
6. (UNIFESP-2022) – De acordo com o autor, a atual o caráter ambivalente renascentista.
mutação tecnocientífica, Resposta: A
a) diferentemente do Renascimento, mostra-se atenta aos
fatos produzidos pela técnica.
b) diferentemente do Renascimento, mostra-se em-
penhada em destruir antigas crenças.
c) a exemplo do Renascimento, mostra-se atenta aos
fatos produzidos pela técnica.
d) a exemplo do Renascimento, mostra-se empenhada
em resgatar antigas crenças.
e) a exemplo do Renascimento, mostra-se preocupada
com as consequências futuras da ciência. 8. (UNIFESP-2022) – Dos seguintes trechos extraídos
RESOLUÇÃO: do texto, aquele cuja formulação pode ser considerada
De acordo com o texto, os sábios do Renascimento mais objetiva e impessoal é:
“tentaram fundar uma nova ciência, uma nova física, a) “Tomemos como exemplo outra prodigiosa mutação
uma nova astronomia”, ampliando a “imagem histórica, que foi o Renascimento: ela apontava ao mesmo tempo
geográfica, científica do homem e do mundo”, assim para o futuro e para o passado, verdadeira paixão pelo
como, hoje, a mutação tecnocientífica parte do “elogio novo e paixão pelo antigo.” (4.o parágrafo)
dos fatos e dos acontecimentos técnicos”. b) “Nos três últimos livros publicados na série
Resposta: C ‘Mutações’, procuramos analisar as principais questões
postas pelas grandes transformações por que passa o
Ocidente a partir das revoluções tecnocientífica,
biotecnológica e da informática.” (1.o parágrafo)
c) “Ou melhor, vivemos uma realidade tão inteiramente
nova que nem mesmo os velhos conceitos conseguem
explicar o que acontece.” (4.o parágrafo)
d) “Este terceiro livro procurou analisar um problema
muito específico dessa mutação: posto que ela se
origina da revolução tecnocientífica e praticamente
sem a ação dos pressupostos das ciências humanas,
tendemos a dizer que ela é feita no vazio do
pensamento.” (4.o parágrafo)
e) “Este primeiro livro mostra de que maneira a ciência e
a técnica estão produzindo transformações sem
precedentes na história, em todas as áreas da atividade
humana.” (2.o parágrafo)
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RESOLUÇÃO:
O emprego dos verbos na primeira pessoa do plural
caracteriza um discurso mais pessoal e subjetivo, como
se pode perceber nas alternativas a, b, c e d. Assim, o
fragmento apresentado na alternativa e é de caráter
objetivo e impessoal porque se empregam verbos na
terceira pessoa.
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Resposta: E
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A palavra sonho, do latim somnium, significa muitas sonha-se sofregamente apesar das luzes e dos ruídos
coisas diferentes, todas vivenciadas durante a vigília, e da cidade, da incessante faina da vida e da tristeza das
não durante o sono. Realizei “o sonho da minha vida”, perspectivas. Dirá a formiga cética que quem sonha
“meu sonho de consumo” são frases usadas assim tão livre é o artista, cigarra de fábula que vive
cotidianamente pelas pessoas para dizer que pretendem de brisa. [...] Na peça teatral A vida é sonho, o
ou conseguiram alcançar algo. Todo mundo tem um espanhol Pedro Calderón de la Barca dramatizou a
sonho, no sentido de plano futuro. Todo mundo deseja liberdade de construir o próprio destino. O sonho é a
algo que não tem. Por que será que o sonho, fenômeno imaginação sem freio nem controle, solta para temer,
normalmente noturno que tanto pode evocar o prazer criar, perder e achar.
quanto o medo, é justamente a palavra usada para (O oráculo da noite: a história e a ciência do sonho, 2019.)
designar tudo aquilo que se quer ter?
O repertório publicitário contemporâneo não tem
1. (UNIFESP-2021) – De acordo com o texto,
dúvidas de que o sonho é a força motriz de nossos
a) o mal-estar que acomete a civilização contemporânea
comportamentos. Desejo é o sinônimo mais preciso da
está intimamente ligado à extinção do sonho no
palavra “sonho”. [...] Na área de desembarque de um
mundo industrial.
aeroporto nos Estados Unidos, uma foto enorme de um
b) o entendimento da dinâmica do mundo industrial atual
casal belo e sorridente, velejando num mar caribenho em
implica a compreensão de que a natureza dos sonhos
dia ensolarado, sob a frase enigmática: “Aonde seus
também se transforma historicamente.
sonhos o levarão?”, embaixo o logotipo da empresa de
c) a banalização do sonho mostra-se intimamente
cartão de crédito. Deduz-se do anúncio que os sonhos
relacionada à dinâmica acelerada do mundo industrial
são como veleiros, capazes de levar-nos a lugares
contemporâneo.
idílicos, perfeitos, altamente… desejáveis. As equações
d) o ritmo acelerado do mundo industrial contemporâneo
“sonho é igual a desejo que é igual a dinheiro” têm como
impossibilita a contemplação da vida interior pela via
variável oculta a liberdade de ir, ser e principalmente ter,
do sonho.
liberdade que até os mais miseráveis podem
e) a interrupção da dinâmica perversa do mundo
experimentar no mundo de regras frouxas do sonho
globalizado implica o reconhecimento de que os
noturno, mas que no sonho diurno é privilégio apenas
sonhos acabaram por se tornar irrelevantes.
dos detentores de um mágico cartão plástico. RESOLUÇÃO:
A rotina do trabalho diário e a falta de tempo para O trecho do texto “O oráculo da noite” evidencia que o
dormir e sonhar, que acometem a maioria dos sonho, no contexto contemporâneo, é a força motriz da
trabalhadores, são cruciais para o mal-estar da ação das pessoas, que, em sua grande maioria, acreditam
civilização contemporânea. É gritante o contraste entre a ser possível viver um “mundo de regras frouxas do sonho
relevância motivacional do sonho e sua banalização no noturno”. A maioria dos trabalhadores, por outro lado,
mundo industrial globalizado. [...] A indústria da saúde entregam-se a uma rotina diária de trabalho e, como
do sono, um setor que cresce aceleradamente, tem valor consequência, não têm tempo para dormir e sonhar.
estimado entre 30 bilhões e 40 bilhões de dólares. Dessa forma, apenas os donos de cartão de crédito, os
Mesmo assim a insônia impera. Se o tempo é sempre ricos, podem alcançar o sonho (desejo), construído e
escasso, se despertamos diariamente com o toque propagandeado pelo mundo industrial contemporâneo.
insistente do despertador, ainda sonolentos e já atrasados Resposta: C
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2. (UNIFESP-2021) – “Mesmo assim a insônia impera.” 4. (UNIFESP-2021) – Pode ser reescrito na voz passiva
(3.o parágrafo) No contexto em que se encontra, a o seguinte trecho do texto:
expressão sublinhada exprime ideia de a) “Pedro Calderón de la Barca dramatizou a liberdade
a) causa. de construir o próprio destino” (4.o parágrafo).
b) condição. b) “É gritante o contraste entre a relevância motivacional
c) oposição. do sonho e sua banalização no mundo industrial
d) conclusão. globalizado” (3.o parágrafo).
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Leia um trecho do artigo “Reflexões sobre o tempo e a 5. (UNIFESP) – “Mas, segundo nossa separação
origem do Universo”, do físico brasileiro Marcelo estrutural, o presente não pode ter duração no tempo, pois
Gleiser, para responder às questões de 5 a 8. nesse caso poderíamos definir um período no seu passado
e no seu futuro.” (2.o parágrafo)
Qualquer discussão sobre o tempo deve começar Os pronomes destacados no texto referem-se a
com uma análise de sua estrutura, que, por falta de a) “separação”.
melhor expressão, devemos chamar de “temporal”. É b) “presente”.
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comum dividirmos o tempo em passado, presente e c) “caso”.
futuro. O passado é o que vem antes do presente e o d) “tempo”.
futuro é o que vem depois. Já o presente é o “agora”, e) “período”.
o instante atual. RESOLUÇÃO:
Isso tudo parece bastante óbvio, mas não é. Para As duas ocorrências do pronome possessivo “seu”
definirmos passado e futuro, precisamos definir o referem-se ao termo “presente”, que se encontra no início
presente. Mas, segundo nossa separação estrutural, o do período.
presente não pode ter duração no tempo, pois nesse Resposta: B
caso poderíamos definir um período no seu passado e
no seu futuro. Portanto, para sermos coerentes em
nossas definições, o presente não pode ter duração no
tempo. Ou seja, o presente não existe!
A discussão acima nos leva a outra questão, a da
origem do tempo. Se o tempo teve uma origem, então
existiu um momento no passado em que ele passou a
existir. Segundo nossas modernas teorias
cosmogônicas, que visam explicar a origem do 6. (UNIFESP) – “Em sua teoria da relatividade geral, ele
Universo, esse momento especial é o momento da mostrou que a presença de massa (ou de energia)
origem do Universo “clássico”. A expressão também influencia a passagem do tempo, embora esse
“clássico” é usada em contraste com “quântico”, a efeito seja irrelevante em nosso dia a dia.” (4.o parágrafo)
área da física que lida com fenômenos atômicos e Ao se converter o trecho destacado para a voz passiva, o
subatômicos. verbo “influencia” assume a seguinte forma:
[...] a) é influenciada.
As descobertas de Einstein mudaram b) foi influenciada.
profundamente nossa concepção do tempo. Em sua c) era influenciada.
teoria da relatividade geral, ele mostrou que a d) seria influenciada.
presença de massa (ou de energia) também influencia e) será influenciada.
a passagem do tempo, embora esse efeito seja RESOLUÇÃO:
irrelevante em nosso dia a dia. O tempo relativístico O verbo da oração na voz ativa está no presente do
adquire uma plasticidade definida pela realidade física indicativo (“influencia”). Ao se passar a frase para a voz
à sua volta. A coisa se complica quando usamos a passiva, deve-se colocar o verbo auxiliar também no
relatividade geral para descrever a origem do presente do indicativo (“é”), seguido do verbo
Universo. influenciar no particípio (“influenciada”).
(Folha de S.Paulo, 07.06.1998.) Resposta: A
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7. (UNIFESP) – Em “[Einstein] mostrou que a presença 9. (UNIFESP) – Examine a tira do cartunista argentino
de massa (ou de energia) também influencia a passagem Quino (1932- ).
do tempo, embora esse efeito seja irrelevante em nosso "VICTOR VÊ A UVA DA VINHA.
dia a dia.” (4.o parágrafo), a conjunção destacada pode ser - ESTA UVA É BOA, SR. BRÁULIO."
substituída, sem prejuízo para o sentido do texto, por: "SIM, VICTOR, ESTA UVA É BOA.
a) visto que. - SR. BRÁULIO, VEJA OS BARRIS
DE BOM VINHO!"
b) a menos que.
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Módulo 4
Leia o conto de Carlos Drummond de Andrade para
responder às questões de 1 a 5.
(http://adao.blog.uol.com.br)
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O ENTENDIMENTO DOS CONTOS
Bastante comum na fala coloquial, o modo de se empregar — Agora você vai me contar uma história de amor
o pronome na fala da personagem – Maneiro encontrar tu! — disse o rapaz à moça. — Quero ouvir uma história
– também ocorre em: de amor em que entrem caravelas, pedras preciosas e
a) Aquele livro era para nós uma joia, pois tinha sido de satélites artificiais.
nosso avô e de nosso pai. — Pois não — respondeu a moça, que acabara de
b) Era uma situação embaraçosa e para eu me livrar dela concluir o mestrado de contador de histórias, e estava
seria bastante difícil mesmo. com a imaginação na ponta da língua. — Era uma vez
c) Todos tinham certeza de que ela ofereceria para mim um país onde só havia água, eram águas e mais águas, e
o primeiro pedaço de bolo. o governo como tudo mais se fazia em embarcações
d) Quando o pessoal chegou na frente do prédio, viu ali atracadas ou em movimento, conforme o tempo.
ele com a namorada nova. Osmundo mantinha uma grande indústria de barcos, mas
e) A todos volto a afirmar que entre mim e ti não existem não era feliz, porque Sertória, objeto dos seus sonhos, se
mais rancores nem tristezas. recusava a casar com ele. Osmundo ofereceu-lhe um
RESOLUÇÃO: belo navio embandeirado, que ela recusou. Só aceitaria
Na tirinha, a fala em linguagem coloquial “Maneiro uma frota de dez caravelas, para si e para seus familiares.
encontrar tu” apresenta o pronome pessoal reto em Ora, ninguém sabia fazer caravelas, era um tipo
função objetiva. O mesmo ocorre em “viu ali ele com a de embarcação há muito fora de uso. Osmundo
namorada nova”. Corrigindo-se ambos, tem-se: apresentou um mau produto, que Sertória não aceitou,
“Maneiro te encontrar” e “viu-o ali com a namorada”. enumerando os defeitos, a começar pelas velas latinas,
Resposta: D que de latinas não tinham um centavo. Osmundo,
desesperado, pensou em afogar-se, o que fez sem
êxito, pois desceu no fundo das águas e lá encontrou
um cofre cheio de esmeraldas, topázios, rubis,
diamantes e o mais que você imagina. Voltou à tona
para oferecê-lo à rígida Sertória, que virou o rosto.
Nada a fazer, pensou Osmundo; vou transformar-me
em satélite artificial. Mas os satélites artificiais ainda
não tinham sido inventados. Continuou humilde
satélite de Sertória, que ultimamente passeava de uma
lancha para outra, levando-o preso a um cordão de
seda, com a inscrição “Amor imortal”. Acabou.
— Mas que significa isso? — perguntou o moço,
insatisfeito.
— Não entendi nada.
— Nem eu — respondeu a moça —, mas os contos
devem ser contados, e não entendidos; exatamente
como a vida.
(Contos plausíveis, 2012.)
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e) metalinguístico.
d) acredita que a vida precisa ser decifrada, como a RESOLUÇÃO:
maioria dos contos. A metalinguagem é a linguagem que descreve sobre ela
e) acredita que os contos, como a vida, prescindem de mesma. Ou seja, ela utiliza o próprio código para
explicação. explicá-lo. Assim, o título “O entendimento dos contos”
RESOLUÇÃO: antecipa tal caráter, já que ele contém menção ao gênero
No texto “O entendimento dos contos”, há dois planos do texto de Drummond (o conto).
narrativos: um, da moça que conta uma história ao rapaz, Resposta: E
e o outro, da história contada, em que figuram Osmundo
e Sertória, personagens do conto. “A moça do primeiro
plano”, mestre em contar histórias, ao terminar sua
narração, explica que “os contos devem ser contados, e
não entendidos; exatamente como a vida.” Dessa forma,
na visão da moça, os contos devem prescindir de
explicação.
Resposta: E
4. (UNIFESP-2021) – Observa-se o emprego de
expressão própria da linguagem coloquial no trecho
a) “Só aceitaria uma frota de dez caravelas, para si e para
seus familiares” (2.o parágrafo).
2. (UNIFESP-2021) – Em sua história, a moça incorre
b) “Sertória não aceitou, enumerando os defeitos, a
em contradição ao tratar
começar pelas velas latinas, que de latinas não tinham
a) das caravelas. um centavo” (3.o parágrafo).
b) da recusa de Sertória em se casar. c) “Era uma vez um país onde só havia água, eram águas
c) da tentativa de suicídio de Osmundo. e mais águas” (2.o parágrafo).
d) dos satélites artificiais. d) “Osmundo mantinha uma grande indústria de barcos,
e) das pedras preciosas. mas não era feliz, porque Sertória, objeto dos seus
RESOLUÇÃO: sonhos, se recusava a casar com ele” (2.o parágrafo).
No conto, a narradora identificada apenas como “a e) “Osmundo, desesperado, pensou em afogar-se, o que
moça” conta ao seu interlocutor, “o moço”, uma história fez sem êxito” (3.o parágrafo).
sobre como Osmundo tentou agradar sem sucesso RESOLUÇÃO:
Sertória, com quem desejava casar-se. Após várias A linguagem coloquial refere-se ao registro informal da
tentativas malsucedidas, ele decide transformar-se em língua, correspondendo, por exemplo, aos seus usos
“satélite artificial”. No entanto, a narradora afirma que cotidianos e expressões populares. Na alternativa b,
estes “ainda não haviam sido inventados”. verifica-se um caso de coloquialidade no segmento “que
Resposta: D de latinas não tinham um centavo”. A expressão
destacada expõe uma avaliação negativa das caravelas
ofertadas pelo pretendente, pois nem se aproximavam do
ideal almejado.
Resposta: B
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4. (UNIFESP-2021) – “— Agora você vai me contar Para responder às questões 6 e 7, leia o trecho de uma
uma história de amor — disse o rapaz à moça. — Quero carta de Charles Darwin ao biólogo Joseph Hooker em
ouvir uma história de amor em que entrem caravelas, 11.01.1844.
pedras preciosas e satélites artificiais.” (1.o parágrafo)
Ao se transpor esse trecho para o discurso indireto, os Além de um interesse geral pelas terras
termos sublinhados assumem, respectivamente, as meridionais, desde que retornei tenho me dedicado a
seguintes formas: um trabalho muito ambicioso que nenhum indivíduo
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que conheço deixaria de considerar muito bobo.
a) “quis” e “entravam”.
Fiquei tão impressionado com a distribuição dos
b) “queria” e “entravam”.
organismos nas Galápagos e com a natureza dos
c) “quis” e “entrassem”. fósseis de mamíferos americanos, que resolvi recolher
d) “queria” e “entrassem”. todo tipo de coisa que pudesse ter alguma relação com
e) “quisera” e “entraram”. alguma espécie. Li montanhas de livros sobre
RESOLUÇÃO: agricultura e horticultura e não paro de coletar
Ao transpor os verbos “quero”, presente do indicativo, e informações. Por fim surgiu uma luz, e estou quase
“entrem”, presente do subjuntivo, para o discurso convencido (ao contrário do que achava inicialmente)
indireto, obtém-se: “queria”, pretérito imperfeito do de que as espécies (é como confessar um homicídio)
indicativo, e “entrassem”, pretérito imperfeito do não são imutáveis. Deus me livre das bobagens de
subjuntivo. A passagem completa transposta para o Lamarck como “tendência ao progresso”, “adaptações
discurso indireto fica: “O rapaz disse à moça que, a partir do esforço dos animais”, — porém minhas
naquele momento, ela iria lhe contar uma história de conclusões não diferem muito das dele — embora a
amor. E aduz dizendo-lhe que queria ouvir uma história forma da mudança difira inteiramente — creio que
de amor em que entrassem caravelas, pedras preciosas e descobri (que presunção!) a maneira simples pela qual
satélites artificiais.” as espécies se adaptam a várias finalidades.
Resposta: D (Shaun Usher (org.). Cartas extraordinárias, 2014.)
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7. (UNIFESP-2020) – “Deus me livre das bobagens de 8. (UNIFESP) – A moral mais apropriada para fechar a
Lamarck como ‘tendência ao progresso’, ‘adaptações a fábula seria:
partir do esforço dos animais’, — porém minhas a) Esta fábula pode ser dita a propósito de homens
conclusões não diferem muito das dele — embora a desventurados que, quando estão em situações
forma da mudança difira inteiramente — creio que embaraçosas, rezam para encontrar uma saída, mas
descobri (que presunção!) a maneira simples pela qual as assim que encontram procuram evitá-las.
espécies se adaptam a várias finalidades.” b) Desta fábula pode servir-se uma pessoa a propósito
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No contexto em que se insere, o trecho sublinhado daqueles homens que nitidamente proclamam ações
expressa ideia de nobres, mas na prática realizam atos vis.
a) comparação. c) Esta fábula mostra que os homens desatentos prestam
b) causa. atenção nas coisas de que esperam tirar proveito, mas
permanecem apáticos em relação àquelas que não lhes
c) conclusão.
agradam.
d) consequência.
d) Assim, alguns homens se entregam a tarefas
e) concessão. arriscadas, na esperança de obter ganhos, mas se
RESOLUÇÃO:
arruínam antes mesmo de chegar perto do que
A oração introduzida pela conjunção “embora” é almejam.
subordinada adverbial concessiva em relação à anterior.
e) Desta fábula pode servir-se uma pessoa a propósito de
Esse conectivo pode ser substituído por “ainda que”,
um homem frouxo que reclama de ínfimas desgraças,
“mesmo que”, “se bem que”. enquanto ela própria suporta, sem dificuldade,
Resposta: E desgraças enormes.
RESOLUÇÃO:
É nítida, na fábula “A raposa e o lenhador”, de Esopo, o
ensinamento moral acerca de pessoas que, com
hipocrisia, escondem suas práticas vis, mascarando-as
por meio de um discurso em que buscam apresentar
nobreza de caráter.
Leia a fábula “A raposa e o lenhador”, do escritor grego Resposta: B
Esopo (620 a.C.?-564 a.C.?), para responder às questões
de 8 a 10.
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c) proporção.
d) consequência.
e) comparação.
RESOLUÇÃO:
A oração destacada estabelece relação de causa com a
oração posterior, que é a sua consequência.
Resposta: A
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RESOLUÇÃO:
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Leia o soneto “A uma dama dormindo junto a uma fonte”, 4. (UNIFESP) – A sinestesia consiste em transferir
do poeta barroco Gregório de Matos (1636-1696), para percepções de um sentido para as de outro, resultando
responder aos testes 3 e 4: um cruzamento de sensações (Celso Cunha, Gramática
Essencial, 2013). Verifica-se a ocorrência desse recurso
À margem de uma fonte, que corria, no seguinte verso:
Lira doce dos pássaros cantores a) “Flores canoras, pássaros fragrantes” (3.a estrofe)
A bela ocasião das minhas dores b) “À margem de uma fonte, que corria” (1.a estrofe)
PORTUGUÊS
Dormindo estava ao despertar do dia. c) “Porém abrindo Sílvia os dois diamantes” (4.a estrofe)
d) “Dominava o silêncio entre as flores” (2.a estrofe)
Mas como dorme Sílvia, não vestia e) “O céu seus horizontes de mil cores” (2.a estrofe)
O céu seus horizontes de mil cores; RESOLUÇÃO:
Dominava o silêncio entre as flores, Em “flores canoras, pássaros fragrantes”, mesclam-se as
Calava o mar, e rio não se ouvia. sensações auditiva (“canoras” = cantantes) e olfativa
(“fragrantes” = perfumados). É como se o atributo dos
Não dão o parabém à nova Aurora pássaros fosse transferido às flores e vice-versa.
Flores canoras, pássaros fragrantes, Resposta: A
Nem seu âmbar respira a rica Flora.
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engolem e os devoram: Qui devorant. Porque os Hão de apar’cer por baixo da pintura:
grandes que têm o mando das cidades e das
províncias, não se contenta a sua fome de comer os Porém eu, infeliz, que a desventura
pequenos um por um, poucos a poucos, senão que O mínimo prazer me não consente,
devoram e engolem os povos inteiros (...). Em dizendo o que sinto, a mim somente,
(Antônio Vieira, Essencial, 2011.) Parece que compete esta figura.
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RESOLUÇÃO: explorava era também brasileira, pela sintaxe que
Nesse soneto, a expressão subjetiva é recorrente. Há a empregava e pelos modismos que introduzia. O Brasil
reiteração do pronome de primeira pessoa do singular do campo e o das cidades está presente em sua obra,
[“eu”, “me”, “me”, “(eu) sinto”]. assim como o homem da sociedade, o homem da rua
Resposta: D e o trabalhador rural. Abarcou os aspectos mais
variados da nossa sensibilidade e da nossa formação,
Leia o poema de Almeida Garrett: constituindo sua obra um painel a que nada falta,
inclusive o índio, que nela tem participação
SEUS OLHOS considerável.
(José Paulo Paes e Massaud Moisés (orgs),
Seus olhos — se eu sei pintar Pequeno Dicionário de Literatura Brasileira, 1980. Adaptado.)
O que os meus olhos cegou —
Não tinham luz de brilhar,
Era chama de queimar; 10. (UNIFESP) – Tal comentário refere-se ao escritor
E o fogo que a ateou a) Machado de Assis.
Vivaz, eterno, divino, b) Manuel Antônio de Almeida.
Como facho do Destino. c) José de Alencar.
d) Aluísio Azevedo.
Divino, eterno! — e suave e) Guimarães Rosa.
Ao mesmo tempo: mas grave RESOLUÇÃO:
E de tão fatal poder, O comentário feito por José Paulo Paes e Massaud Moisés
Que, um só momento que a vi, refere-se a José de Alencar, autor de destaque do
Queimar toda a alma senti... Romantismo brasileiro. Alencar é considerado pela crítica
Nem ficou mais de meu ser, “fundador da literatura brasileira”, por ter realizado uma
Senão a cinza em que ardi. vasta obra a respeito dos tipos humanos do Brasil, suas
regiões e diferentes momentos históricos, criando assim
9. (UNIFESP) – Da leitura do poema, depreende-se que um vasto panorama da formação nacional.
se trata de obra do Resposta: C
a) Barroco, no qual se identifica o escapismo psicológico.
b) Arcadismo, no qual se identifica a contenção do
sentimento.
c) Romantismo, no qual se identifica a idealização da mulher.
d) Realismo, no qual se identifica o pessimismo extremo.
e) Modernismo, no qual se identifica a busca pela liberdade.
RESOLUÇÃO:
O texto é caracteristicamente romântico, seja na
idealização da figura feminina, seja na expressão intensa,
exacerbada da paixão amorosa. O autor é considerado o
iniciador do Romantismo em Portugal.
Resposta: C
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RESOLUÇÃO:
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coisa; fui dos mais malignos do meu tempo, arguto,
indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por exemplo, um
dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me
negara uma colher do doce de coco que estava
fazendo, e, não contente com o malefício, deitei um 4. (UNIFESP) – Compare o trecho de Memórias Póstu-
punhado de cinza ao tacho, e, não satisfeito da mas de Brás Cubas, de Machado de Assis, com o
travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é que fragmento do poema O Navio Negreiro – tragédia no
estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis mar, de Castro Alves. Indique a alternativa que apresenta
anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu aspectos observáveis nos dois textos.
cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, a) Tema da escravidão, contenção expressional,
recebia um cordel nos queixos, à guisa de freio, eu exploração do ritmo da frase, visão crítica da realidade.
trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, b) Ironia, exploração do ritmo da frase, intertextualidade
fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele explícita, denúncia de problemas sociais.
obedecia — algumas vezes gemendo —, mas obede- c) Tema da escravidão, visão crítica da realidade,
cia sem dizer palavra, ou, quando muito, um — “ai, exploração do ritmo da frase, representação do homem
nhonhô!” —, ao que eu retorquia: “Cala a boca, como objeto do homem.
besta!” — Esconder os chapéus das visitas, deitar d) Estilo apurado, visão crítica da realidade,
rabos de papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho representação do homem como objeto do homem,
das cabeleiras, dar beliscões nos braços das matronas intertextualidade explícita.
e outras muitas façanhas deste jaez eram mostras de e) Tema da escravidão, tom arrebatado, visão crítica da
um gênio indócil, mas devo crer que eram também realidade, estilo apurado.
expressões de um espírito robusto, porque meu pai RESOLUÇÃO:
tinha-me em grande admiração; e se às vezes me Além de os dois textos abordarem o tema da escravidão,
repreendia, à vista de gente, fazia-o por simples com visão crítica da realidade, e representarem o homem
formalidade: em particular dava-me beijos. como vítima do homem, há, no poema, exploração do
(Machado de Assis,
ritmo da frase, versos redondilhos maiores e, na prosa de
Memórias Póstumas de Brás Cubas)
Machado, sequência de orações curtas, que imprimem
velocidade ao texto na enumeração das atitudes de Brás
Cubas em relação a Prudêncio, e, também, frases que
3. (UNIFESP) – É correto afirmar que alternam sílabas tônicas e átonas, como “ai, nhonhô!” e
a) se trata basicamente de um texto naturalista, fundado “Cala a boca, besta!”.
no Determinismo. Resposta: C
b) o texto revela um juízo crítico do contexto escravista
da época.
c) o narrador se apresenta bastante sisudo e amargo, bem
ao gosto machadiano.
d) o texto apresenta papéis sociais ambíguos das
personagens em foco.
e) os comportamentos desumanos do narrador são
sutilmente desnudados.
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prosa naturalista, revelando os homens e as mulheres literário pregam o princípio da Arte pela Arte, isto é,
conscientes dos seus instintos em função do meio em defendem uma arte que não sirva a nada e a ninguém,
que vivem e, sobretudo, capazes de controlá-los. uma arte inútil, uma arte voltada para si própria. A Arte
c) trazem uma crítica aos aspectos animalescos próprios procuraria a Beleza e a Verdade que existiriam nos
dos homens, mas, por outro lado, revelam uma forma seres concretos, e não no sentimento do artista. Por
de Pombinha submeter-se a muitos deles para obter isso, o belo se confundiria com a forma que o reveste,
vantagens: eis aí um princípio do Realismo rechaçado e não com algo que existiria dentro dele. Daí vem que
no Naturalismo. esses poetas sejam formalistas e preguem o cuidado da
d) constroem uma visão de mundo e do homem forma artística como exigência preliminar. Para
idealizada, o que, em certa medida, afronta o consegui-lo, defendem uma atitude de impassibilidade
referencial em que se baseia a prosa naturalista, que diante das coisas: não se emocionar jamais; antes,
define o homem como fruto do meio, marcado pelo impessoalizar-se tanto quanto possível pela descrição
apelo dos seus sentidos. dos objetos, via de regra inertes ou obedientes aos
e) consubstanciam a concepção naturalista de que o movimentos próprios da Natureza (o fluxo e refluxo
homem é um animal, preso aos instintos, e, no que diz das ondas do mar, o voo dos pássaros, etc.).
respeito à sexualidade, vê-se que Pombinha considera Esteticistas, anseiam uma arte universalista.
a mulher superior ao homem; para ela, ter consciência Em Portugal, tentou-se introduzir esse movimento;
dessa superioridade é uma forma de obter vantagens. certamente, impregnou alguns poetas, exerceu
RESOLUÇÃO: influência, mas não passou de prurido, que pouco
A alternativa e interpreta corretamente os pensamentos da alterou o ritmo literário do tempo. Na verdade, o modo
personagem Pombinha, que reconhece no sexo uma força fortuito como alguns se deixaram contaminar da nova
degradante, como é próprio do Naturalismo, capaz de moda poética revelava apenas veleidade francófila, em
subjugar “velhos respeitáveis”. decorrência de razões de gosto pessoal ou de grupos
Resposta: E restritos: faltou-lhes intuito comum.
(Massaud Moisés, A Literatura Portuguesa. Adaptado.)
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Diafragmas, decompondo-se, ao sol-posto. sem o recurso a conceitos cientificistas, pois se trata de
uma meditação em torno da fragilidade da carne e da
E o Homem — negro e heteróclito composto, inexorabilidade da morte, temas obsessivos do poeta.
Onde a alva flama psíquica trabalha, Resposta: E
Desagrega-se e deixa na mortalha
O tato, a vista, o ouvido, o olfato e o gosto!
Dói-me ver, muito embora a alma te acenda, 10. (UNIFESP) – No plano formal, o poema é marcado
Em tua podridão a herança horrenda, por
Que eu tenho de deixar para os meus filhos! a) versos brancos, linguagem obscena, rupturas sintáticas.
(Augusto dos Anjos, in Obra Completa)
b) vocabulário seleto, rimas raras, aliterações.
c) vocabulário antilírico, redondilhas, assonâncias.
9. (UNIFESP) – No soneto de Augusto dos Anjos, é d) assonâncias, versos decassílabos, versos sem rimas.
evidente e) versos livres, rimas intercaladas, inversões sintáticas.
a) a visão pessimista de um “eu” cindido, que desiste de RESOLUÇÃO:
conhecer-se, pelo medo de constatar o já sabido de sua No poema, a seleção rigorosa do vocabulário pode ser
condição humana transitória. comprovada pela escolha de palavras como “alva”,
b) o transcendentalismo, uma vez que o “eu” “flama”, “desagrega-se”, “flâmeo”, “efêmero”,
desintegrado objetiva alçar voos e romper com um “dardejar”, “relampejantes”. O exemplo mais significativo
projeto de vida marcado pelo pessimismo e pela de rima rara constrói-se com as palavras “rosto” e “sol-
tortura existencial. posto”. Há também diversos exemplos de rimas ditas
c) a recorrência a ideias deterministas que impulsionam ricas, ou seja, rimas entre palavras de classes gramaticais
o “eu” a superar seus conflitos, rompendo um ciclo diferentes. Exemplos: “batalha” (substantivo) /
que naturalmente lhe é imposto. “estraçalha” (verbo); trabalha (verbo) / mortalha
d) a vontade de se conhecer e mudar o mundo em que se (substantivo). Há uma profusão de aliterações, por
vive, o que só pode ser alcançado quando se abandona exemplo: “Conquanto em flâmeo fogo efêmero ardas”;
a desintegração psíquica e se parte para o equilíbrio do “Diafragmas, decompondo-se, ao sol-posto.”
“eu”. Resposta: B
e) o uso de conceitos advindos do cientificismo do
século XIX, por meio dos quais o poeta mergulha no
“eu”, buscando assim explorar seu ser biológico e
destino metafísico.
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c)
Módulo 7
Texto para o teste 1.
b)
e)
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como se reproduzisse a passagem do animal através das de o livro não se basear na mímesis, isto é, na
árvores, provocando um estranhamento tipicamente dependência constante que a arte estabelece entre o
surrealista. mundo objetivo e a ficção; mas em ligar-se quase
Resposta: C sempre a outros mundos imaginários, a sistemas
fechados de sinais, já regidos por significação
autônoma. Esse processo, parasitário na aparência, é
no entanto curiosamente inventivo; pois, em vez de
recortar com neutralidade nos entrechos originais as
partes de que necessita para reagrupá-las, intactas,
Texto para o teste 2. numa ordem nova, atua quase sempre sobre cada
fragmento, alterando-o em profundidade.
Este movimento foi complexo e contraditório, com (Gilda de Mello e Souza, O Tupi e o Alaúde, 1979. Adaptado.)
linhas centrais e linhas secundárias, mas iniciou uma
era de transformações essenciais. Depois de ter sido 3. (UNIFESP) – Tal comentário aplica-se ao livro
considerado excentricidade e afronta ao bom gosto, a) A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós.
acabou tornando-se um grande fator de renovação e o b) Macunaíma, de Mário de Andrade.
ponto de referência da atividade artística e literária. c) Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel
De certo modo, abriu a fase mais fecunda da literatura Antônio de Almeida.
brasileira, que já havia adquirido maturidade d) Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de
suficiente para assimilar com originalidade as Assis.
sugestões das matrizes culturais, produzindo em larga e) Iracema, de José de Alencar.
escala uma literatura própria. RESOLUÇÃO:
(Antônio Cândido, Iniciação à Literatura Brasileira. Adaptado.)
Macunaíma, de Mário de Andrade, é uma rapsódia em que
há mistura de estilos, elementos lendários, textos
2. (UNIFESP) – O movimento a que o texto se refere é o tradicionais reelaborados, configurando a originalidade do
a) Modernismo. livro, a releitura de mitos e a ruptura com a
b) Romantismo. verossimilhança, evidenciando, assim, a liberdade criativa
c) Arcadismo. do autor, o qual “atua quase sempre sobre cada fragmento,
d) Realismo. alterando-o em profundidade”.
e) Naturalismo. Resposta: B
RESOLUÇÃO:
Segundo Antônio Cândido, o Modernismo foi o
movimento responsável pelo princípio de transformações
artísticas e, embora tenha sido considerado excêntrico e de
mau gosto pelos seguidores da arte acadêmica, conseguiu
abrir “a fase mais fecunda da literatura brasileira”.
Resposta: A
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o semelhante RESOLUÇÃO:
o diferente As enumerações do texto sugerem que o diálogo é uma
o indiferente condição universal e permanente da vida. Em outras
o oposto palavras, trata-se de “uma realidade inerente à condição
o adversário humana”.
o surdo-mudo Resposta: B
o possesso
o irracional
o vegetal
o mineral Os testes de números 5 e 6 tomam por base o seguinte
o inominado fragmento:
Diálogo consigo mesmo [Sem-Pernas] queria alegria, uma mão que o acari-
com a noite nhasse, alguém que com muito amor o fizesse
os astros esquecer o defeito físico e os muitos anos (talvez
os mortos tivessem sido apenas meses ou semanas, mas para ele
as ideias seriam sempre longos anos) que vivera sozinho nas
o sonho ruas da cidade, hostilizado pelos homens que
o passado passavam, empurrado pelos guardas, surrado pelos
o mais que futuro moleques maiores. Nunca tivera família. Vivera na
casa de um padeiro a quem chamava “meu padrinho”
Escolhe teu diálogo e que o surrava. Fugiu logo que pôde compreender que
e a fuga o libertaria. Sofreu fome, um dia levaram-no
tua melhor palavra preso. Ele quer um carinho, u’a mão que passe sobre
ou os seus olhos e faça com que ele possa se esquecer
teu melhor silêncio daquela noite na cadeia, quando os soldados bêbados
Mesmo no silêncio e com o silêncio o fizeram correr com sua perna coxa em volta de uma
dialogamos. saleta. Em cada canto estava um com uma borracha
(Carlos Drummond de Andrade, comprida. As marcas que ficaram nas suas costas
in Discurso de Primavera & Algumas Sombras) desapareceram. Mas de dentro dele nunca
desapareceu a dor daquela hora. Corria na saleta como
um animal perseguido por outros mais fortes. A perna
coxa se recusava a ajudá-lo. E a borracha zunia nas
suas costas quando o cansaço o fazia parar. A
princípio chorou muito, depois, não sabe como, as
lágrimas secaram. Certa hora não resistiu mais,
abateu-se no chão. Sangrava. Ainda hoje ouve como
os soldados riam e como riu aquele homem de colete
cinzento que fumava um charuto.
(Jorge Amado, Capitães da Areia)
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II. Valendo-se das conquistas do Modernismo, o d) “E a borracha zunia nas suas costas (...)”
romance apresenta linguagem fluente e acessível e) “Mas de dentro dele nunca desapareceu a dor daquela
ao grande público, utilizando-se de um português hora.”
coloquial, simples, próximo a um modo natural de RESOLUÇÃO:
falar, com o largo emprego da frase curta e O motivo pelo qual Sem-Pernas é estigmatizado aparece
econômica. na passagem em que se personifica a parte inerte de seu
III. Sem-Pernas é uma personagem que, embora corpo: a perna.
encarne um tipo social claramente delimitado, o Resposta: A
do menino “pobre, abandonado, aleijado e
discriminado”, adquire alguma profundidade
psicológica, à medida que seu passado e suas
experiências dolorosas vêm à tona.
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7. (UNIFESP) – A verve social da poesia de João Cabral Minha memória cheia de palavras
de Melo Neto mostra-se mais evidente nos versos: meus pensamentos procurando fantasmas
meus pesadelos atrasados de muitas noites.
a) A cana cortada é uma foice. RESOLUÇÃO:
Cortada num ângulo agudo, Os versos constantes em “Menino de Engenho”
ganha o gume afiado da foice evidenciam o duro ciclo do cultivo da cana-de-açúcar,
que a corta em foice, um dar-se mútuo. pois a cicatriz deixada pelo “gume de uma cana” vai
PORTUGUÊS
No espaço jornal
nascendo do relógio
(Disponível em: www.custodio.net. Adaptado.)
vejo mãos, não palavras,
sonho alta noite a mulher
tenho a mulher e o peixe. Texto 2
ra terra ter
d) Os sonhos cobrem-se de pó. rat erra ter
Um último esforço de concentração rate rra ter
morre no meu peito de homem enforcado. rater ra ter
Tenho no meu quarto manequins corcundas raterr a ter
onde me reproduzo raterra terr
e me contemplo em silêncio. araterra ter
raraterra te
e) O mar soprava sinos rraraterra t
os sinos secavam as flores erraraterra
as flores eram cabeças de santos. terraraterra
(Décio Pignatari)
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dos signos verbais. lugar algum
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Anotações
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Anotações
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