LEITORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA, ESCRITORES AMAZÔNICOS,
MEDIADORES E BIBLIOTECA: DIÁLOGOS POSSÍVEIS NO PROJETO CLUBE
DE LEITURA TERTÚLIAS DO GRÃO-PARÁ
Carla Soares Pereira
(Colégio Tenente Rêgo Barros –
[email protected])
Vanessa Keli Rodrigues de Oliveira
(Colégio Tenente Rêgo Barros –
[email protected])
Bianca de Fatima Fonseca Jardim Pantoja
(Colégio Tenente Rêgo Barros –
[email protected])
RESUMO: Este artigo propõe uma reflexão teórica a partir de um relato de experiência das ações
pedagógicas executadas no âmbito do Projeto de Ensino “Clube de Leitura Tertúlias do Grão-Pará”, no
Colégio Tenente Rêgo Barros, em Belém-PA, no primeiro semestre de 2023. Como aporte teórico, partiu-se
da BNCC (Brasil, 2018) e de autores que tratam sobre o tema de leitura e literatura na escola (Koch; Elias,
2012; Cosson, 2010, dentre outros). Como resultado, a ação pedagógica mostrou-se assertiva no que se refere
à valorização do protagonismo do estudante no processo de aprendizagem, bem como ao incentivo à leitura
literária de autores da Amazônia e à formação de leitores críticos e reflexivos.
PALAVRAS-CHAVES: Clube de Leitura. Ensino de Língua Portuguesa. Formação de leitor. Amazônia.
INTRODUÇÃO
O Projeto de Ensino “Clube de Leitura Tertúlias do Grão-Pará” é uma ação
pedagógica implementada pela equipe de Língua Portuguesa do Colégio Tenente Rêgo
Barros (CTRB), vinculado à Força Aérea Brasileira, localizado em Belém-PA. Atualmente,
o referido projeto é realizado em cinco turmas do oitavo do Ensino Fundamental (Anos
finais), em parceria com a biblioteca Brigadeiro Eduardo Gomes, do CTRB.
As ações do Projeto são realizadas no decorrer do ano letivo, em consonância com
o planejamento anual do componente curricular Língua Portuguesa, em relação aos objetos
do conhecimento que devem ser abordados nessa etapa de estudos. Assim, as atividades de
leitura, produção de texto, oralidade e análise linguística estão concatenadas com as
dinâmicas pensadas no contexto desse Projeto de Ensino, cujo objetivo principal é
incentivar a leitura literária, inclusive de escritores da Amazônia, visando à formação de
leitores críticos e reflexivos na nossa região.
Nessa perspectiva, este artigo busca apresentar uma das ações empreendidas pelo
Projeto, relacionada à seção que intitulamos “Conversa com o autor”, evento que ocorreu
no colégio, no primeiro semestre de 2023. A partir dessa proposta, intentamos demonstrar
que, com atividades simples, lúdicas, práticas e articuladas, é possível promover diálogos
entre leitores, livros, autores e mediadores (como professores e bibliotecários).
Na sequência deste artigo, apresentam-se seções que expõem breve referencial
teórico e metodológico da pesquisa, relato de uma das experiências pedagógicas do Clube
de Leitura em 2023 e reflexões acerca dessa ação empreendida, à luz de discussões teóricas
que fundamentam e valorizam essas práticas cotidianas no contexto escolar.
REFERENCIAL TEÓRICO E METODOLÓGICO
Este trabalho apresenta uma reflexão teórica proposta acerca do relato de uma
experiência pedagógica com o Projeto de Ensino “Clube de Leitura Tertúlias do Grão-
Pará”. Em relação à base metodológica, esta investigação constrói-se sob o fundamento das
metodologias ativas de aprendizagem, que priorizam a participação efetiva e proativa do
estudante na construção de saberes (Moran; Masetto; Behens, 2000; Moran; Bacich, 2018).
Quanto à base teórica, subsidia-se nas orientações sobre o enfoque da área de linguagens
no Ensino Fundamental disponíveis no documento da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), que, dentre as competências de Língua Portuguesa, preconiza o trabalho com a
leitura, escuta e produção de textos orais, escritos e multissemióticos (Brasil, 2018).
Também partimos da ideia de valorização da literatura como um aspecto de
formação humana e construção de pertencimento, visto que, segundo Candido (1972), a
literatura desperta o interesse do leitor pelo contexto, a preocupação com a nossa
identidade e com o nosso destino. Assim, ela tem uma força humanizadora, porque
preenche espaços necessários ao exercício da imaginação, contribui para a formação da
personalidade e oferece contato com experiências humanas construídas a partir de um
ponto de vista sobre a realidade (Candido, 1972).
Diante disso, compreendemos e abordamos a leitura como uma modalidade que
ativa o reconhecimento de lugares sociais, vivências, inter-relações e valores culturais
imprescindíveis ao desenvolvimento e conhecimento humano (Koch; Elias, 2012), daí ser
tão necessária a valorização da leitura e a realização de um trabalho sistematizado com ela
em sala de aula.
No que se refere aos passos para a realização da atividade do Projeto aqui abordada,
inicialmente direcionamos essa ação pedagógica para duas turmas de oitavo ano do Ensino
Fundamental (8A2 e 8A5), formadas por cerca de 60 alunos ao todo, com idade entre 11 e
13 anos. A ação ocorreu no dia 28 de abril de 2023, no Colégio Tenente Rêgo Barros, em
Belém, Pará. Na ocasião, estávamos estudando, em Língua Portuguesa, os gêneros textuais
poema lírico e resenha crítica. Então, cada turma ficou encarregada de desenvolver uma
tarefa: a turma 8A2 foi incumbida de pesquisar poemas da literatura brasileira e apresentar
aos participantes do evento, e a turma 8A5, de expor resenhas críticas orais de leituras
literárias que havia realizado anteriormente.
Na primeira turma (8A2), a fim de organizar os preparativos para o evento, após as
aulas iniciais sobre poemas líricos, leituras, discussões, interpretação de poemas, estudo da
linguagem poética, de figuras de linguagem, de conotação e denotação, convidamos os
alunos para participar do evento do Clube de Leitura e três voluntários se ofereceram para
pesquisar poemas e declamar no dia da ação literária. Esses adolescentes realmente se
empenharam na missão, pois, nas aulas subsequentes, já nos apresentaram resultados da
pesquisa, com suas intenções de exposição. Nessa ocasião, foram orientados quanto ao
cuidado com a verificação da autoria nas pesquisas na rede mundial conectada, e a atitude
de ler um poema para uma plateia, formas de ler, entonação, empostação da voz, ritmo etc.
Na segunda turma (8A5), os alunos apresentaram oralmente as resenhas críticas das
obras que haviam lido no primeiro trimestre do ano. Após conhecer conceitos e
características da resenha crítica e ter contato com alguns textos desse gênero, analisando-
os e discutindo-os, na atividade de produção textual, foi proposto à turma que resenhasse
um produto cultural, preferencialmente um livro que tivesse lido recentemente. No
contexto da realização do evento pedagógico, os alunos foram orientados sobre a
importância do ato de ler, a experiência leitora, literária e a valorização dos autores, bem
como sobre a questão de que é preciso refletir acerca das relações existentes entre
literatura, história e cultura, pois cada momento histórico e as diferentes práticas culturais
colaboram para a criação de uma estética para o fazer literário.
No contexto da realização do evento de leitura, três alunos dessa turma foram
selecionados para a explanação: dois compartilharam suas resenhas orais de livros lidos
anteriormente e um contou a experiência de ter lido a lenda da Matinta Pereira e ter vivido
a narrativa durante um passeio de fim de semana, no interior do Pará.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
No dia do evento “Conversa com o autor”, do Clube de Leitura Tertúlias do Grão-
Pará, organizamos a intervenção com duas turmas de 8º ano do EF (8A2 e 8A5) do CTRB.
Tudo ocorreu num espaço da escola que denominamos de Jardim Tropical, um teatro de
palco aberto em que a plateia fica posicionada entre árvores e pedras. A equipe da
biblioteca Brigadeiro Eduardo Gomes estava presente. Ela ambientou o espaço com
prateleiras de livros que os estudantes poderiam consultar, olhar, manusear, ler... e também
produziu a Gaiola de Poemas, ação que se denomina “Liberte um poema”, como dinâmica
de abertura do evento. Os alunos sentaram-se no chão do anfiteatro, em roda, e cada um
deles abria a prisão, retirava um pequeno pergaminho de lá e guardava para si. A Figura 1
apresenta um momento do evento com destaque para a Gaiola de Poemas:
Figura 1 – “Liberte um poema”
Fonte: Arquivo pessoal das autoras (2023).
A seguir, os alunos que iriam declamar poemas e contar suas experiências de leitura
por meio de resenhas orais sucintas foram expondo seus trabalhos um a um. Cada um foi
convidado a apresentar os textos escolhidos ou escritos por eles mesmos e o fizeram de
forma adequada, radiantes por poder participar. Além disso, mostraram-se desinibidos, o
que nos surpreendeu e animou, pois dois desses alunos demonstram atitudes de inibição,
introspecção em sala de aula e um deles é atendido pela Seção de Apoio Multifuncional do
colégio, que trabalha com alunos com TEA, TPAC, dislexia, dentre outros transtornos,
condições e/ou deficiências.
Um dos livros resenhados oralmente foi um dos volumes do Diário de um Banana,
de Jeff Kinney. A aluna F.N.S. mostrou a história do personagem Greg, que cursa o Ensino
Fundamental e vive um conflito com o pai, que tem o desejo de o filho fazer esportes ao ar
livre, enquanto o garoto quer jogar videogame com os amigos, atrito que gera uma relação
cheia de mentiras. A estudante recomendou a leitura, pois associou a obra à vida cotidiana
e mostrou os efeitos ruins da mentira, alertando para o fato de que o diálogo, em qualquer
situação, é o melhor caminho a ser seguido.
O aluno C.C.S. oralizou a resenha de Visagens e Assombrações de Belém, de
Walcyr Monteiro. O livro é uma coletânea de lendas urbanas e narrativas oriundas do
imaginário amazônico; a maioria das histórias tem como espaço a cidade de Belém. O
estudante falou de histórias como A moça do táxi, O carro assombrado e A porca do
Reduto, enfatizando a magnitude do escritor no que concerne à abordagem de histórias e
situações da Amazônia, sobretudo da cultura belenense. Assim, trabalhamos a valorização
das experiências leitoras dos estudantes e procuramos estimular a busca de novas leituras e
vivências, a fim de que eles possam ampliar seus horizontes textuais, conforme sugerem
Leal e Albuquerque (2010) acerca do trabalho com a literatura em sala de aula.
A Figura 2 apresenta um episódio desse momento de exposição dos alunos:
Figura 2 – Exposição de alunos do 8º ano no Clube de Leitura
Fonte: Arquivo pessoal das autoras (2023).
Logo após esse momento, foi a vez da escritora paraense Annieli Rufino 1 conversar
com os participantes. O tema da palestra foi “Como é feita a poesia” e a autora, de forma
dinâmica, foi empreendendo um diálogo com os alunos, falando um pouco de sua
trajetória, de onde busca inspiração para escrever, como organiza seus textos literários,
como era seu processo de produção no início das primeiras letras; também falou sobre
1
Annieli Valério Rufino é 2º tenente da FAB e atua no Colégio Tenente Rêgo Barros. É Licenciada Plena e
Bacharela em História/ UFPA, Gestão de Cultura e Gestão Empresarial. É professora, escritora, compositora,
atriz, cantora e produtora cultural. Desde 1999 trabalha com a escrita criativa na poesia, contos e
dramaturgia. Já atuou no teatro, no rádio, na TV e no cinema. É autora premiada de oito obras solos, cinco
antologias e dois ebooks. É Doutora Honoris Causa em Patrimônio Histórico, artístico e cultural e Doutora
Honoris Causa em Literatura (FEBACLA), membra 11ª Fundadora da Academia de Letras e das Artes de
Oriximiná, sua cidade natal. É membra 269ª da Federação Brasileira dos Acadêmicos das Letras, das Artes e
das Ciências; membra 930ª da Academia Internacional de Literatura Brasileira, com título de Ref. e
Qualificação Literária Polímata.
rimas, fez uma oficina bem prática e lúdica no meio da palestra, incentivando os
adolescentes a perceber que também podem ser escritores e que são pessoas cheias de
criatividade e motivação para empreender atividades no mundo letrado e literário.
Dessa forma, brincando com palavras e com composição, a escritora falou de
livros, de escrita, de leitura, de história, de concursos literários e apresentou algumas de
suas obras para os adolescentes, que, sentados em roda, ouviam atentamente e anotavam
perguntas que fariam a ela. Ao fim, vários alunos levantaram a mão, interessados em
participar, em interagir com a palestrante. Foram tantos questionamentos que tivemos de
organizá-los em bloco. Depois, a autora fez sorteio de livros entre os participantes. A
Figura 3 mostra o momento em que ela autografa obras para os estudantes sorteados:
Figura 3 – Escritora Annieli Valério Rufino no Clube de Leitura
Fonte: Arquivo pessoal das autoras (2023).
Após a palestra, os alunos foram incentivados a libertar de verdade um trecho dos
poemas contidos na gaiola. Assim, o pergaminho colorido era deslaçado, desdobrado,
aberto e lido em público pelos próprios alunos, os quais eram vigorosamente aplaudidos
pelos demais, ação que os incentivava cada vez mais a participar do sarau que se formava.
Quando esse recital começou, uma revoada de poemas-passarinhos ganhou liberdade nas
vozes de crianças e adolescentes que se entusiasmaram em participar, retirando um papel
aprisionado, no sabor de descobrir que palavras, que sentidos e que poetas voejariam dali.
Dessa forma, abriram asas as vozes amazônidas de poetas paraenses, como Juraci
Siqueira, Eliana Barriga, Gilvanete Situba, Sônia Situba, Paulo Nunes, Paes Loureiro,
Antônio Moura, Airton Souza e outros poetas brasileiros, deixando nosso Jardim repleto de
encanto e poesia, com o intuito de despertar o interesse pela leitura literária, pois, na
dinâmica do trabalho desenvolvido com a gaiola, selecionamos poemas desses autores
amazônidas, destacamos pequenos trechos, com o objetivo de socializar e disseminar a
leitura de escritores da nossa região, na busca de sensibilizar os indivíduos (leitores) para
refletirem a respeito das passagens lidas, a fim de que, afetados pela palavra poética, se
interessem por buscar os poemas na íntegra, por conhecer a produção literária amazônica e,
assim, desenvolvam o hábito e o gosto pela literatura produzida na Amazônia. Eis um dos
trechos libertos da gaiola (Arte Poética, de Juraci Siqueira): “Hoje,/ amanheci meio peixe,/
meio pássaro.// Estou aprendendo a nadar/ tomando aulas de voo/ e aprimorando o canto”.
No evento do Clube de Leitura, além da autora Annieli Rufino, nossa convidada
especial, contamos também com a participação das bibliotecárias do colégio, que fizeram o
convite para que os participantes visitassem a biblioteca da Instituição, a fim de
conhecerem o acervo trabalhado de forma impressa, e completa.
Em nossa concepção, o resultado dessa ação foi bastante positivo e muito
significativo, pois restou evidente o interesse, a participação e o engajamento dos
discentes, que se mostraram muito empolgados em poder conversar com uma escritora,
uma vez que ainda subsiste a ideia de que a escrita de livros, a publicação e os próprios
autores estão muito distantes de nós, em outro patamar, e são quase inatingíveis. A
presença da autora e o incentivo dela reafirmaram, inclusive, a vontade expressa por alguns
alunos de buscar os poemas completos na internet, para aprofundar seus repertórios
culturais, e a intenção de escrever e até, quem sabe, publicar seus próprios escritos.
Um dos objetivos do Clube de Leitura é incentivar a leitura literária de autores da
Amazônia, por meio da divulgação de obras e de escritores que estão fora do cânone
literário nacional, excluídos dos grandes circuitos de publicação, porém apresentam valor
estético, literário e cultural inestimável, sobretudo porque constroem uma Amazônia do
ponto de vista de quem a vivencia no dia a dia, com todas as suas contradições. Diante
disso, trazer à baila vozes como as de Walcyr Monteiro, Juraci Siqueira, Annieli Rufino,
Paes Loureiro, dentre outros, nessa ação do Projeto, foi uma articulação para apresentar aos
estudantes autores amazônidas que devem ser lidos e prestigiados, posto que representam a
arte literária pulsante na Amazônia, cujas vozes proliferam nos interstícios periféricos e
devem ser visibilizadas, fazendo-se conhecidas do público leitor.
Declamar um poema em voz alta ou mesmo atuar na construção de versos durante a
oficina foi uma atividade que movimentou o protagonismo dos alunos e os deixou
animados a esperar o próximo evento. Ao fim, eles se mostraram bastante entusiasmados
com a atividade, até pelo espaço em que tudo aconteceu: fora do ambiente de sala de aula,
com as professoras fantasiadas, com brindes, sorteios, dinâmicas construtivas e fotografias
que registraram aquele momento de interação literária. Para os jovens, esse foi um
acontecimento diferenciado, e a reação favorável deles reforça a necessidade de se quebrar
o paradigma da escassez do tempo destinado à leitura na escola (Cosson, 2010).
Além disso, por meio do desenvolvimento dessa atividade, apresentamos elementos
culturais ligados ao imaginário amazônico, chamando a atenção para a valorização, a
divulgação e o reconhecimento de nossos valores identitários sociais e culturais, conforme
mostrado neste trecho do poema Verde Canto, de Juraci Siqueira, também liberto da
gaiola: “Verde é o meu canto/ vivo muiraquitã de amor talhado/ na pedra da existência
pendurado/ no invisível pescoço do amanhã./ Verde é o meu pranto/ [...]”. Dessa forma, foi
possível abordar, via estudos de linguagem, diversas dimensões do conhecimento, como a
criação, a crítica, a expressão, a fruição e a reflexão (Brasil, 2018), nas várias etapas do
evento, todas protagonizadas pelos jovens do Ensino Fundamental.
Nesse contexto, a presença da biblioteca se mostrou fundamental, pois fomentou a
ideia de biblioteca como espaço escolar coletivo de manifestações culturais, de
aprendizagem e de formação de leitores, em parceria com o trabalho pedagógico
desenvolvido em sala de aula, de acordo com as orientações de Campello (2010) sobre
como deve ser o trabalho realizado pela biblioteca escolar.
Ademais, os estudantes manifestaram grande interesse pelas publicações de autores
amazônidas, pela temática regional e local, e demonstraram gostar muito do que
aprenderam, num estabelecimento de relações de identidade e pertencimento. Desse modo,
a ação resultou profícua e possibilitou o andamento do projeto, com aprofundamento de
leituras e implementação de outras ações que fomentaram novas tertúlias do Grão-Pará.
CONSIDERAÇÕES
Uma das observações que fazemos é que, a partir de ações simples, mas efetivas,
podemos criar fissuras no universo canônico e preestabelecido de leituras, de escritas e de
consolidação de gostos literários e práticas de identidade. Ações como essa do Clube de
Leitura, se constantes, contextualizadas e dinâmicas, podem contribuir significativamente
para a formação de leitores, que fazem da prática da leitura um empreendimento necessário
não só à aquisição de conhecimento, mas também de construção de sensibilidades e afetos
entre pessoas que são críticas da realidade social e protagonistas em seu campo de atuação.
Na execução desse evento, o protagonismo dos estudantes ocorreu em todos os
momentos, desde a participação em uma das seções (de declamar poemas e de expor e
recomendar leituras literárias), na organização do sarau de pássaros-poemas libertos, por
meio da leitura, na atenção à fala da palestrante, autora amazônida, e ainda, na seção de
perguntas a ela, que ensejou um diálogo muito dinâmico no contexto do Clube de Leitura.
Diante disso, avaliamos que todas essas ações resultaram em construção de
conhecimento e aprendizagem, a partir do compartilhamento de saberes, nas relações
aluno-aluno, aluno-mediador e mediador-mediador, por que todas nós estávamos lá nessa
perspectiva do diálogo, para experienciar e aprender em conjunto, nas relações e
(inter)mediações.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF:
MEC/SEB/CNE, 2018. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf
. Acesso em: 5 out. 2023.
CAMPELLO, Bernadete. A biblioteca escolar como espaço de aprendizagem. In: PAIVA,
Aparecida; MACIEL, Francisca; COSSON, Rildo (coord.). Literatura: ensino
fundamental. Brasília, DF: MEC/SEB, 2010. Coleção Explorando o Ensino, v. 20. p. 127-
142.
CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. Conferência pronunciada na
XXIV Reunião Anual da SBPC, São Paulo, julho de 1972. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=3214695&forceview=1. Acesso em:
30 out. 2023.
COSSON, Rildo. O espaço da literatura na sala de aula. In: PAIVA, A.; MACIEL, F.;
COSSON, R. (coord.). Literatura: ensino fundamental. Brasília, DF: MEC/SEB, 2010.
Coleção Explorando o Ensino, v. 20. p. 55-68.
CULTURA Pará. Antônio J. Siqueira – Obras. Disponível em:
http://www.culturapara.art.br/Literatura/antoniojsiqueira/obras1.htm. Acesso em: 30 out.
2023.
KOCH, Ingedore; ELIAS, Vanda. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3. ed. São
Paulo: Contexto, 2012.
LEAL, Telma Ferraz; ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de. Leitura e formação de
leitores na escola. In: PAIVA, A.; MACIEL, F.; COSSON, R. (coord.). Literatura: ensino
fundamental. Brasília, DF: MEC/SEB, 2010. Coleção Explorando o Ensino, v. 20. p. 89-
106.
MORAN, J. M.; Bacich, L. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma
abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.
MORAN, J. M.; Masetto, M. T.; Behens, M. A. Novas tecnologias e mediação
pedagógica. Campinas: Papirus, 2000.