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Profanai - Trilogia Sacrilégio Livro 2

Enviado por

Rhayane Veronez
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
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Profanai - Trilogia Sacrilégio Livro 2

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TRILOGIA SACRILÉGIO: LIVRO 2

FORLLY
COPYRIGHT © 2023
Profanai
Nota de Copyright

Os direitos de todos os textos contidos neste livro eletrônico são reservados a seu autor, e estão protegidos pelas leis do direito
autoral.
Revisão:
Ana Cava @anacavaautora
Capa:
Forlly
Imagens Capa:
Shahin Khalaji, Max Kleinen e @landovanh_
Dedicatória
Para todes cabrites que desistiram do paraíso e encontraram prazer na liberdade de se entregar para o inferno.
CONTEÚDOS

NOTA DE GATILHO

P R O F A N A I

PARTE 1
PARTE 2
PARTE 3
PARTE 4
PARTE 5
PARTE 6
PARTE 7
PARTE 8
PARTE 9
PARTE 10
PARTE 11
PARTE 12

O QUE VÊM AÍ?


OUTRAS OBRAS
AGRADECIMENTOS
SOBRE A AUTORA
NOTA DE GATILHO

Antes de vocês começarem a leitura, se atentem bem a aos avisos abaixo. Se algum termo for
desconhecido, pesquisem para evitar riscos.
Importante: esse livro não é um guia a ser seguido para a prática de BDSM e sexo kinky.
Caso for do seu desejo explorar as dinâmicas, procure informações para praticar com segurança. Toda
as relações são consensuais, mas há a presença de fantasia com relação forçada.
Gatilhos Emocionais: Contexto de trauma religioso, polêmica religiosa, blasfêmia e
conteúdo profano com cristianismo e catolicismo;
Gatilhos Sexuais: O sexo de Profanai é extra explícito, o dirty talking é pesado e os kinks
chegam aos extremos. Há BDSM (com uso de mecanismo de segurança, mas sem rompimento de
consenso), eletroestimulação erótica, humilhação sexual, fetiche em noiva, cardiofilia (sensação de
infarte e tarquicadia), fire play, fear play, sexo sem camisinha, edge play com quase morte, formas
monstruosas (forma angélica e híbrida de bovino com águia) e diferença de tamanho, CNC, mask
kink, spanking genital, impact play, wing fucking, tale fucking e dupla penetração.
P r o f a n a i
PA RT E 1
O PACTO
Eu fiz um pacto. Um pacto com o diabo. E por essa noite, eu vou ser a sua noiva.
Arrasto os joelhos e as palmas das mãos na terra vermelha, com a calcinha de seda branca
torada no rabo e os mamilos ardendo atrás da renda clara do sutiã. Engatinho mata adentro feito uma
cadela cansada, num fim de tarde de inverno para ir até aquela cabana.
O vento chicoteia minha boceta já molhada. Outra vez, as folhas e os pedregulhos castigam
minha pele. Mas, dessa vez eu não estou fugindo. Não corro para longe de um padre vampiro. Dessa vez,
vou para perto do padre demônio.
A realidade não poderia ter se quebrado diante dos meus olhos de um jeito mais fodido.
Preciso dizer que ainda há um pedaço de mim que se arrepende de ter ido até a cabana investigar as
histórias sobrenaturais da minha vó. Em alguns momentos ainda acho que a ignorância seria uma
bênção maior, porém, desisti de bênçãos. Larguei mão dos milagres e das benevolências que caem do
céu para os bons fiéis.
Não sou mais uma boa fiel do bom deus católico. O filho da puta não é mais o meu salvador.
E não é que deixei de acreditar na sua existência, apenas entreguei minha fé para uma outra criatura de
fora do meu mundo, e é por causa do meu padre vampiro que estou aqui.
Meu riso consternado ecoa entre as árvores. Não estou com medo de ser vista usando
somente um conjunto de lingerie branca enquanto engatinho pela mata, mas, se alguém tiver esse
prazer solene… Seria uma cena e tanto.
Eu poderia ficar de pé e caminhar, ele disse que poderia se quisesse. Não me ameaçou com
punição, não disse que estaria enfiado por aqui em algum lugar me observando, mas… O aviso estava lá
no seu olhar frio e calculista.
A seriedade da sua expressão estava bem ali, nos vinquinhos do canto externo do olho
esquerdo ao lado da pequena tatuagem de lua crescente. No movimento preciso das falanges tatuadas
se fechando na direção das suas palmas e das veias saltadas no dorso das suas mãos também decorados
por tinta .
Durante nossa conversa para arranjar as coisas, perdi o raciocínio um milhão de vezes ao
imaginar sobre como seriam as tatuagens escondidas sob a roupa social preta. Ele é todo tatuado, não é?
Sim, coberto de tatuagens. Ele não iria tatuar somente as mãos, certo? Certo?
Mas, aí sua fala meticulosa e bem cadenciada me chamava a atenção novamente ao chamar
meu nome e eu voltava a prestar atenção nas suas perguntas e respostas.
“Perdão, padre Tomás, você pode repetir?”
A contração sutil na lateral direita de sua boca traía com total discrição a sua pose séria e
neutra. O piercing de argola passeando mais para o lado no lábio inferior foi uma prova discreta disso.
Sério, eu tenho quaaaase certeza de que ele amava a minha descontração, inebriado pelo fato de eu
parecer uma idiota ao namorar sua beleza infernal e ao fantasiar os pecados mais cabulosos.
Mas, foi só isso. Nenhum músculo a mais se mexeu, nenhum rastro de alguma emoção
passional apareceu.
Então, não. Não vou me levantar. Vou caminhar de quatro feito uma mulher que perdeu
todo o juízo e que vai, de bom grado, se encontrar numa cabana abandonada e mal assombrada com
um padre demônio que ela chamará de meu noivo.
PA RT E 2
O INFERNO
Já é quase noite. O sol termina de se pôr e, por isso, sei que está próximo das cinco e meia da
tarde, o horário do começo da noite durante o inverno em Ruínas. Nosso encontro ficou marcado para
o escurecer e faço possível para engatinhar mais rápido, pois é noite de lua minguante e minha
visibilidade ficará quase nula daqui um pouco.
A última vez que estive por entre essas árvores, achei que fosse morrer.
Não.
Da última vez que estive na mata, tive certeza de que iria morrer. Aquela caçada me
arrebentou, destruiu meu condicionamento físico e ensanguentou minha pele. Mal tive um minuto
para respirar, foi caos e desgraça até mesmo nos momentos de prazer.
O cenário de agora não poderia ser mais diferente. Mas, isso não é problema para uma mulher
desejosa por desgraça. O pump de adrenalina em mim mataria uma égua de ataque cardíaco. E eu nem
sei o que está pulsando mais, meu coração ou minha vagina. E é fodido porque, tecnicamente, tenho o
roteiro da noite desenhado e ainda assim, a porra do mistério é tão grandioso e com tanto potencial
para ser devastador, que a ansiedade nem me permitiu comer alguma coisa antes de sair de casa.
“Eu quero te ter em todas minhas formas, Messalina. Todas as partes de mim choram e
clamam por você: meu homem, meu anjo e meu demônio. Você vai conceder essa benção para nós? Todos
nós poderemos te chamar de noiva?”
O sol já baixou, a escuridão toma seu espaço entre a natureza. O brilho da lua é tão miserável
que já não consigo enxergar muito além de mim. Preciso acelerar meus - entre aspas - passos, mas o
amontoado de emoções e pensamentos nervosos me impedem de continuar. Minha espinha vibra em
uma pulsão dolorida e minhas pálpebras se fecham por conta própria.
Merda, merda, merda… Eu preciso respirar.
O vento seco procura seu espaço na minha boca aberta. É difícil respirar e manter a mente no
lugar, mas não vim até aqui para desistir.
Nem pensar, eu quero cumprir esse acordo.
É só que… É difícil lidar com algo tão poderoso e desconhecido sem perder parte da minha
serenidade e sanidade. O cérebro tenta processar, mas falha porque… Porque é demais. Informação,
novidade e mistério demais.
Calma, Messa. Você sabe quais coisas vão acontecer, você as negociou.
É importante relembrar meu poder na dinâmica combinada para hoje. Aceitei essa noite, cada
mísero detalhe pervertido e fodido dela. Assim como, aceitei o fato de todo o universo ao meu redor ser
muito mais do que sempre acreditei ser.
O pior é que esse processo de aceitação nem foi grandes desafios. Foi algo suportável com
Padre Martinez junto de mim. Ele agiu como meu purgatório naquela noite entre as árvores. O
vampiro me carregou pelo choque, dor, prazer, satisfação e purificação. Quando acordei na cabana,
depois da madrugada na mata, já era noite e ele estava lá, do meu lado, olhando para mim como um
santo protetor.
Porém, toda a essência de divindade e benevolência evaporou assim que Tomás tomou seu
espaço na pequena sala.
Eu não sabia que o Mal tinha cheiro, sabor, textura… Achava que conhecia coisas ruins, que
já tinha visto o pior do pior, o mal pelo o que era. Errada pra um caralho! Aquele padre foi a coisa mais
maléfica que experimentei nos meus vinte e cinco anos de vida.
E ainda assim, negociei com ele. Porque, por mais que tenha encontrado o bem e o perdão em
Martinez, minha alma bugada procurava algo além, por algo que o vampiro não pôde me oferecer. Ele
sabia disso, sabia tão bem que fez questão de me apresentar para Tomás e nos colocar para conversar,
abrir nossos corações sobre nossos desejos e encontrarmos um equilíbrio em forma de acordo.
Caramba, respirar ainda é uma tarefa complicada. O impacto do novo panorama é pesado,
minha mente sofre para validar a loucura de ter saído de casa para me confessar naquela noite e de
repente, poucos dias depois, fazer acordo com um demônio. Minha mãe e comunidade me
doutrinaram a vida inteira e na primeira oportunidade… Lá estava eu, Messalina, me oferecendo para o
capeta.
A ansiedade espirala meus pensamentos e me impede de avançar. Ela está contaminada por
medo. Porque, puta merda, estou assustada! Mas, meu Deus, minha vontade de experimentar o Mal em
toda a sua crueza e impureza é mais que um desejo pervertido e insolente, é uma necessidade. Nem
sabia que precisava tanto disso, até ter o Mal penetrando meus poros através do olhar amaldiçoado de
padre Tomás.
No passado, o Paraíso foi meu tudo. Eu era essa garota fascinada pelas maravilhas da vida
cristã, pela promessa de recompensa por agir do jeito certo, do jeito dele. Ver as pessoas morrendo de
medo do inferno, da danação eterna, da crueldade de satanás era algo interessante. Interessante por ser
um sentimento alienígena, eu estava certa de que não precisava temer, faria minha parte: seguir os
mandamentos, confessar meus pecados, fazer as rezas e cumprir as penitências.
Observar o sofrimento alheio era o mais perto que tinha de experimentar esse temor. Típico
comportamento de gente religiosa pedante e orgulhosa, mas, eu era uma adolescente boba, inocente,
doutrinada pela mãe e sem muitas perspectivas do mundo lá fora. Então, sim, seria uma fiel quase
perfeita guiada pelo desejo e - estúpida - convicção da ascensão ao paraíso.
E aí, eu fodi com tudo. Desgracei tanto a minha criação e o meu destino, quando descobri o
mundo sobrenatural graças ao único resquício da minha fé, um acessório católico mais típico que o
rosário: minha culpa. Minha culpa me trouxe até essa mata outra vez, vestida como a noiva do
demônio, enquanto caminho até o Mal ao invés de fugir dele
Cravo as mãos na terra úmida e bato os joelhos nas pedras, raízes e folhas secas. O fundo da
minha calcinha já virou uma meleca de caldo de uma boceta carente demais para seu próprio bem.
Procuro por forças ao olhar para as estrelas, não espero por um sinal, uma resposta ou uma bênção do
universo, só preciso curtir esse espaço pela última vez antes de continuar, porque essa é a noite em que
tudo muda.
Essa noite é sobre sangrar minha alma, criar uma perturbação que a suje. E isso porque não
quero mais minha fé, que foi construída na base de mentira e engano. Desejo algo novo, quero algo que
a igreja jamais poderá aceitar, que deus jamais poderá me dar.
Com Martinez eu procurava pelo controle da minha alma. Quis que meu padre vampiro a
fizesse inteira novamente, limpa e casta como costumava ser. E porra, ele fez isso exatamente como eu
quis. Fui tomada pela alegria do perdão, como se esse fosse o único caminho que pudesse seguir para
me sentir em casa.
Dias depois, fui amaldiçoada pela insatisfação, invadindo minhas veias, corrompendo meu
sistema e a paz da absolvição virou um peso. Ficar limpa era algo que deus exigia de mim e eu não quero
mais seguir o caminho do criador.
Foi preciso pouco tempo para encontrar minha nova verdade. Caiu como um raio, preciso,
rápido e letal. Não é sobre perdão, é sobre danação. Não é sobre paz, é sobre caos. Não é sobre
purificação, é sobre profanação.
Então, pedi por ajuda. Mas, Martinez disse que não poderia me ajudar.
“Não tenho poderes para te profanar, minha Imperatriz. Se você quer ficar livre, não é sobre
mim que precisa pensar. Se você quer ficar livre, precisa de um acordo com o demônio. O padre, é claro.”
O acordo foi feito e eu preciso ir até ele. Esse é o caminho a percorrer, a decisão que vai me
levar ao meu novo destino, o único lugar que faz sentido para mim desde o dia da minha última
confissão: o inferno.
Mas, não o inferno de Deus. Um particular, criado por mim, criado pela decisão de fazer um
acordo de sexo com um padre que é a maldição de um demônio.
Desisti do paraíso. Eu quero o inferno. E inferno, é o que Padre Tomás vai me dar.
PA RT E 3
A ESCURIDÃO
Com o ar saindo pela boca, dou adeus ao brilho celeste. Abaixo o pescoço e encaro o breu à
minha frente, mal posso ver os detalhes dos troncos das árvores. Seria perturbador, não fosse o cantos
das cigarras, o zumbido dos pernilongos e o fluxo do córrego correndo ao meu lado.
Inspirada pela natureza seguindo sua jornada mesmo depois do anoitecer, procuro o chão
com as palmas das mãos. Meus dedos correm pela terra e minhas unhas acumulam sujeira. Empino a
bunda, estreito o olhar no escuro, voltando a seguir com o plano. Mesmo que já não consiga mais
enxergar três palmos a minha frente, mesmo com o vento queimando minhas nádegas e com o tecido
molhado da calcinha raspando no meu clitóris, sigo com a porra do plano.
A escuridão me dá conforto, como se as sombras suspirassem palavras de alívio e alento, na
tentativa de me guiar para próximo Dele. E ao lado Dele é o lugar onde quero estar. Boto minhas mãos
e joelhos para trabalhar, preciso chegar na cabana de uma vez.
Para meu azar, a escuridão que me acalenta se torna uma merda de problema, pois agora não
sei muito bem para onde seguir. Avanço, às cegas, um pouco e preciso parar e me situar. Desse jeito vou
chegar lá às seis da manhã, e Tomás foi incisivo em dizer que precisava chegar cedo.
Então, eu vejo. Um filamento verde neon brilhando, uns 45 graus à minha esquerda. Mas,
que diabo? Não é um brilho natural e não me parece ser o olhar de uma criatura. Sem muita opção, vou
seguindo na sua direção. A cor se destaca, ficando mais luminescente conforme me aproximo. Ha, é
sério isso? Subo o corpo e fico sentada nos meus calcanhares quando estaciono na frente de uma grande
araucária. Estico as mãos encardidas de terra e pego o brilho. É um daqueles trem de festa, que meus
amiguinhos e eu usávamos para pular carnaval depois de encher o nariz de pastel e espetinho nas
barraquinhas da feira municipal.
Nós fazíamos pulseiras e até colares, ao encaixar uns nos outros. Eu costumava tomar latinhas
de Coca como se fossem água e depois precisava ir mijar no mato. Bons tempos aqueles, tão cheios de
inocência.
Olho ao redor e percebo que há vários deles, mas com distâncias diferentes, como se
sinalizasse um caminho… Ah, padre demônio, você é um amor. Deixo o bastão no chão e volto para a
minha posição. Algumas engatinhadas para frente e minhas mãos sentem a mudança de terreno, do
chão áspero para uma superfície macia e úmida. É grama, grama fresquinha e fofinha acomodando
meu corpo.
É tão irresistível que desmonto em cima do tapete verde, minhas coxas e barriga reagem ao
choque térmico com o sereno sobre as pequenas folhinhas. Aprecio o conforto e frescor macio por só
mais um pouquinho antes de partir de vez para o destino final.
Poucos minutos depois me deparo com a clareira. É isso, cheguei ao meu destino.
PA RT E 4
A CABANA
A lâmpada incandescente balança de um lado para outro, como um pêndulo, conforme o
vento bate no fio que a prende ao teto. Nenhuma outra luz está acesa, nem dentro nem fora da cabana.
Aos poucos, me aproximo, tentando estudar o ambiente, mas não há muito para observar, por isso,
continuo meu caminho até que alguns metros mais à frente, noto que a porta está aberta. Não há nada
para ser visto da parte de dentro já que a escuridão ocupa todo o espaço num blackout cretino de
informações. Mas, de qualquer forma, não faz diferença. Continuo engatinhando.
Faço o possível para não acelerar meus movimentos, tento domar o desespero de entrar de
uma vez. A terra volta a ser meu carpet e olho para baixo conferindo a mudança de terreno com meus
próprios olhos.
De repente, um brilho azulado surge na minha visão periférica. A ordem dos meus
pensamentos é perturbada, perco todo raciocínio ao voltar a atenção para a porta e a encaro como se
fosse uma desgraça do apocalipse. A escuridão dá espaço para uma iluminação azul neon no interior da
cabana. Isso parece ser um convite para que eu entre.
Chegou a hora de subir as escadas. As minúsculas lascas de madeira machucam minhas
palmas e meus joelhos, mas logo sou recepcionada pela madeira bem encerada da varanda.
Ainda é impossível tirar informação lá de dentro, como se uma película me impedisse de
enxergar além do brilho da luz azulada. A sensação que tenho é de estar caminhando em direção ao mar
para entrar na água, mas sem enxergar o que se esconde entre ela.
Abro a boca para respirar e fumacinha sobe diante os meus olhos. Engulo saliva, acabando
por focar nas batidas do meu coração, como um lembrete de que preciso me acalmar. Me lembro de
que estou aqui por conta própria, que confio nos padres e que tenho mecanismos de defesa para ativar,
caso seja necessário.
Tomás não irá me possuir contra a minha vontade, longe disso! Eu quero passar por essa
porta. Esse acordo é diferente da minha vida religiosa, na qual tinha controle de porra nenhuma,
sempre vítima de Deus e da sua mania maldita de escrever certo por linhas tortas. Aqui, eu tenho
controle, até mesmo a minha submissão está em minhas mãos Nós combinamos, negociamos,
estabelecemos limites, formas de parar se ficar com medo ou…
Há um chamado no fundo da minha mente. É sutil, um pequeno incômodo como um estalo
pontual, que me tira da espiral de preocupação e me traz para a realidade. Sou chamada outra vez e
meus desejos mais desgraçados são gatilhados. O tesão se alastra por todo o meu corpo, tornando inútil
qualquer ato que não seja atravessar a porta..
Com duas passadas de mãos e joelhos, estou dentro. O instinto é fechar meus olhos.
Engatinho pela entrada da sala sem enxergar nada. Mal me lembro das posições dos móveis, só estive
aqui três vezes.
Há um cheiro delicioso de ervas e pão recém assado no ar. Tenho uma vaga lembrança da
planta da cabana, lembro da cozinha ficar do lado oposto da porta em linha reta. Certo, se seguir na
direção do cheiro devo ir para a cozinha, então vou virar à esquerda e tentar chegar no sofá. Dou mais
algumas engatinhadas e, do nada, bato o ombro na mesinha de centro. Mas, que merda. A dor me faz
levantar as pálpebras e mudar de posição para segurar o ombro.
— Você está fora de posição, noiva.
Caralho, ele tá muito perto! Não escutei seus passos, mas sua voz está logo atrás de mim.
Antes que possa retomar o controle, sou agarrada pelos cabelos e puxada para trás. Fio a fio, sinto a
pressão no couro cabeludo e a reação é procurar suas mãos para arranhar, puxar, tentar escapar…
— Messalina! — Sua voz estronda na repreensão.
As pessoas acham que o inferno é quente, mas tenho minhas dúvidas, pois a voz do demônio
é gelada. Corta meus tímpanos, estremecendo minhas mãos e arrepia meus pelos. Dedos se retorcem
entre os meus fios acinzentados e o aperto se forma na minha nuca. Sem um pingo de paciência e cheio
de vontade, Tomás me arrasta e muda minha posição. Fico presa entre algum lugar e o nada.
No entanto, ele me solta e caio, como uma batata largada, de cima de uma mesa. Graças ao
reflexo do boxe, consigo ajustar meus braços no assoalho. Os detalhes do ambiente não se formam com
clareza por culpa da iluminação colorida. Um prego do assoalho machuca a palma da minha mão e me
controlo para não xingar. Mais para trás, um pedaço de tapete está embolado no meu pé esquerdo
enquanto a franja suada gruda nas minhas pálpebras, atrapalhando mais ainda. Desajeitada e com dor
nos pulsos, coloco forças nos movimentos e faço o sacrifício necessário para ficar de quatro. Bem na
minha frente, a alguns palmos, está o pé de madeira de uma das poltronas. Puxo o ar para o nariz e
inspiro antes de levantar a cabeça.
PA RT E 5
O NOIVO
A visão se forma aos poucos.
Sapato social de verniz preto refletem o azul neon da iluminação. Meias até a metade das
canelas, onde as barras da calça começam. O tecido é o de brim escuro que estou acostumada a ver em
Martinez. As coxas têm destaque sob o tecido e as mãos tatuadas pousam sobre elas. Anéis que não
tinha visto antes decoram seus dedos, escondendo parte da tinta marcada nas falanges. A fivela
prateada do cinto também reluz em cobalto e a camisa está por dentro da calça, devidamente abotoada
até o último botão. Um crucifixo muito parecido com o de Martinez repousa em cima do seu esterno,
deixando evidente que o típico colarinho branco dos padres está ausente.
As tattoos do pescoço surgem e não consigo distinguir os desenhos, seja pela luz baixa, seja
pela minha excitação misturada a adrenalina, ansiedade e mais alguns sentimentos confusos que não sei
nomear.
Travo o olhar na altura do seu queixo. Os fios castanhos claros da barba cheia e longa estão à
mostra, assim como o lábio inferior e seu piercing de argola niquelada… Puta que me pariu. Dentes
escuros cobrem seu lábio superior. Duas presas grossas e afiadas se destacam nas laterais. Não consigo
entender o que é isso, abro a boca para perguntar algo, mas a fecho, incapaz de organizar as palavras.
Graças à fraqueza humana, fecho os olhos outra vez.
É um desafio do caralho ficar à vontade na presença de Tomás. Ele é como o inverso de
Martinez: meu padre vampiro tem essa aura benévola, uma energia calorosa e convidativa. É irresistível
e reparador. É experimentar um pedaço do paraíso prometido aos bons fiéis. Mas, com Tomás… Não
há paz ou sossego, somente essa constante sensação de que algo está fora do lugar.
O padre demônio é como uma fogueira, as labaredas brilham, dançam e consomem o ar ao
seu redor. São verdadeiras forças da natureza. Você as admira e quer tocá-las. O desejo é intrusivo e a
razão é ignorada. Você se aproxima, até seu corpo se negar a continuar. É muito quente. Arde, queima
e seu sistema nervoso clama por misericórdia, ainda assim, a necessidade de continuar é mais forte. E
você continua, testa seus limites até ficar insuportável. Seu corpo não foi feito para isso, os tecidos dos
seus braços e mãos não evoluíram para suportar tocar o fogo. É preciso lutar contra todas as suas
defesas, contra todos os seus instintos para esticar tua mão e tocar na chama. E que o diabo te ilumine
para que seu masoquismo seja insano o suficiente para interagir com o fogo e deixá-lo consumir sua
pele.
Creio que o meu seja, porque ignoro o desespero de cada parte da minha humanidade para
seguir desvendando a imagem de Tomás. Foda-se. Que seja de subidinha em subidinha de olhar, vou
continuar até cravar minha mira no centro dos seus olhos.
Acima dos dentes não enxergo muito além de algo sólido e coberto por verniz brilhante
escuro, provavelmente preto. Aos poucos, eu percebo a textura, os trincados, os pequenos buracos
formados por lascas que perderam seu espaço. Seu nariz descoberto chama minha atenção, um pedaço
de pele clara em contraste com o escuro da sua… máscara de caveira?
Quero ir para seus olhos, porém pequenos reflexos de diferentes tons de azul chamam minha
atenção. Demoro um pouco para focar, mas aos poucos, a imagem de cristais ficam nítidas.
Acompanho o fio de pequenos elos de metal, pedaços de correntes e cristais tão brilhantes que só
podem ser de vidro ou até algum material mais nobre, e… Isso são chifres! Chifres de madeira que foram
lixados e também envernizados. Os galhos em sua cor natural envergam para direções diferentes e
formam um emaranhado lindo em seu caos. Algumas das correntes de cristais estão com crucifixos
pequenos e decorados com strass pendurados em si, formando rosários que se entrelaçam.
Aprendi a admirar beleza pelas lentes do divino, através das palavras em latim de passagens
antigas, dos adornos de um crucifixo delicado entre os meus dedos, das pinturas da crucifixão de cristo
presas em suas molduras douradas… Que fosse o corpo de Cristo em agonia na hora da morte, que
fosse o terror do dilúvio destruindo as vidas ancestrais, que fosse o último grito de vida de um mártir da
causa, era belo por ser divino. Puro. Algo muito distinto dessa criatura e seus adornos. Eles são um tipo
diferente de beleza. É a distorção da pureza e do sacro. As sensações que despertam, não parecem ser
certas. É frio. Faz sua pele querer se partir em pedaços. Você se perde, tamanha a contradição. Seu
instinto rejeita, no entanto seu âmago cobiça.
E caralho, eu quero admirar essa criatura à minha frente, só que minha mente falha em lidar
com a imagem. Algo está errado, muito errado.
Esse Tomás aqui não carrega a mesma energia do que conversei há alguns dias. É tão confuso!
Talvez ele tenha me protegido? Decidiu não se revelar por completo para não me assustar e me
perturbar como está fazendo agora? Porque, porra, perturbação é pouco para descrever essa angústia
instaurada em mim.
Só que isso, faz sentido, não faz? Nos encontros anteriores, interagi com o padre Tomás. O
mesmo padre que visita de família em família para dar alento aos doentes e conturbados, prometendo
paz para pais preocupados com filhos que se perderam para o mundano, acalentando esposas enfiadas
em casamentos fodidos. Pqp, Messalina, é tão óbvio.
Aqui não está padre Tomás. É o demônio, que não sei o nome, em sua forma humana. E essa,
é a nossa primeira vez expondo nossas naturezas reais: eu como uma humana de fé quebrada que se
oferece para ser submissa ao mal e ele como um ser que nasceu do sexo entre uma mulher e um
querubim - um ser gerado da união profana entre as duas criações mais bem quistas do deus cristão.
Sou tirada da minha reflexão por seu toque quente e abrasivo. A digital do indicador toca
meu queixo e a ponta da unha longa e afiada belisca meu pescoço. É como entrar em contato com uma
corrente elétrica fraca. Assustada com a descarga, abaixo as pálpebras e franzo a pele da testa. O calor da
minha existência é atraído pelo toque em um fenômeno quase magnético. Começa a sair de seu centro,
indo de uma vez para as fronteiras do meu corpo, tentando escapar através dos meus poros. É difícil
respirar, saliva se acumula na ponta da minha língua e água escorre do meu nariz …
— Pare de resistir, minha noiva.
— Eu não tô…
— Sim, está. É sua humanidade, ela tem medo e está resistindo à entrada de uma força
estranha e nefasta. Não é culpa sua, mas pode controlar.
Me deixe entrar. Ecoa em boa acústica dentro do meu crânio.
— Você pode… Você pode entrar — Minha voz sai em um resquício miserável da sua versão
real.
— Devagar, abra os olhos e olhe para mim.
É louco, mas já estou acabada de cansaço. Não tenho forças para resistir, por isso o obedeço
com facilidade dando o comando para minhas pálpebras irem para cima e levo meu olhar para o dele.
Concentro minha atenção no meio de sua pupila, que se expande empurrando as íris.
O castanho esverdeado vaza para o branco que escorre pelo canto externo em forma de
lágrimas leitosas e espessas. Meu coração se esforça para bater mais rápido, mas seu toque desce para o
meu esterno e a impulsão de dois dedos contra o osso diminui os batimentos.
— Tão bonitinha você, Messalina. Se ofereceu para o diabo e agora está com medo.
Tomás toca meu esterno outra vez e meu coração enlouquece. O medo fornece energia para
os meus músculos que tremem. Minha espinha arqueia sozinha quando algo estranho tenta quebrá-la,
tirá-la do lugar, tento gritar, porém minha garganta não libera som. Elevo a postura, me apoiando no
chão e assim que minhas mãos perdem o contato, me escoro em seus joelhos. O ar entre nós se
expande, dispersando eletricidade para minha pele na forma de um choque.
Quero fugir, correr e sumir, no entanto ele me mantém refém, fazendo meus olhos ficarem
presos nos seus. Mal consigo piscar, o que faz lágrimas lavarem meu rosto. Os tremores dominam
minhas pernas e meu coração me leva para a porra de um enfarte e… E… Eu sinto. As pulsações. As
pulsações de uma boceta traidora e infiel.
Há medo, angústia e desespero. No entanto, o tesão me impede de abrir a boca para falar
minha palavra de segurança.
— Não há como escapar, você é minha noiva. Você se ofereceu para mim e essa oferenda é
irrevogável.
— Você pode entrar — repito com mais firmeza dessa vez.
— E vou. Você é minha agora, querendo ou não. Sua carne, sangue e gozo, todos meus.
Sua risada estremece a própria fundação da cabana. A energia da minha alma se retrai,
voltando para o centro, assustada e procurando ficar o mais distante possível desse ser infernal.
— Mas, não vou te tomar na base da força, não agora. Eu vou mandar e você vai obedecer,
não porque está sendo obrigada, mas porque quer. Porque gosta de ser submissa e obediente. — Seus
dedos escorrem para o meu pescoço, várias unhas arranham a minha pele. O demônio toma posse e me
enforca. Me preparo para não conseguir respirar, mas há cuidado aqui.
Sutil, sua outra mão vem apoiar minha nuca e ao me enforcar, evita pressionar a garganta. O
êxtase torna tudo mais leve, meu coração aos poucos vai voltando ao normal e a realização de que estou
sendo cuidada, mesmo na violência, purifica meu medo. Fico livre para explorá-lo como bem entender.
Tomás ajusta sua altura na poltrona e senta na beiradinha da almofada. Seu rosto passa pelo
meu, a textura da máscara gelada e áspera raspa nas minhas bochechas. Essa porra parece ser feita de
osso de verdade, humano ou animal. É macabro, fodido e faz as pregas do meu cu reagirem em
agitação.
— Eu sei que você foi uma putinha boazinha e obediente para o meu marido — provoca em
um sussurro. A cadência é lenta e calculada. Não há crueldade em sua forma de falar, mas a intenção do
comentário é malvada. Ele quer me expor, me constranger. — Mas, naquela noite, você se enganou ao
acreditar que queria ser purificada. Você não quer ser uma puta limpa, quer Messalina? Não, não quer.
Você veio ao demônio e, se uma aliança com inferno é seu desejo mais fodido, você precisa me provar
isso. — Porra. Merda. Caralho.
— Eu posso. Eu posso fazer isso.
— Prove, me dê sua obediência, sua lealdade, sua fé… Tudo que você já deu ao Criador, eu
quero para mim, aqui e agora. Não pode me negar, não vai me negar. Eu vou exigir e você vai me dar,
porque é uma humana patética e perdida que precisa de mim, que está desesperada por mim.
Me obedeça. Me louve. Me adore. E eu vou te dar tudo que o seu deus de merda jamais poderá
te dar.
— Você pode entrar — repito com mais firmeza.
— De novo, noiva.
— Você pode entrar!
O ar estrala. Eletricidade pinica cada parte exposta do meu corpo, dos meus pés à minha testa.
— Você pode entrar!
— De novo, Messalina. — Tomás abre a boca e a voz é ecoada através da cabana. As palavras
reverberam pelas paredes de madeira e a natureza noturna a imita em um coral maldito.
— Você pode entrar, porra! Você pode entrar, Tomás. Eu te quero, preciso de você, entre em
mim!
Acontece de novo. Minha vida entra em desespero para escapar do meu corpo. Minha alma
vibra e procura por essa coisa que a chama. Ela age e em desespero, tenta escapar para ir ao encontro da
força a clamando, mas não consegue. Minha alma tem a maldita falha apontada por Martinez e é
obrigada a ficar dentro de mim, incapaz de ser tomada.
Os olhos de Tomás oscilam entre humano e monstruoso. As íris se colorem com a cor
natural, mas logo as pupilas se expandem, expulsando a cor. Milésimos de segundo depois, se retraem,
sendo empurradas para o centro pelas íris. Tento entender que diabo está acontecendo, estreito olhar e
o estudo, mas a capacidade de raciocinar é retirada de mim.
Com firmeza, o padre esfrega a palma da mão direita na minha boceta, desce pelo monte de
vênus. A esfrega com força extra sobre o clitóris e a escorre na direção do ânus.
Sem equilíbrio algum, estendo as mãos e procuro apoio segurando em seus chifres. O filho da
puta solta um riso nasalado, quase inaudível preso na garganta e empesteado de impiedade.
Tomás escala o espaço entre os dois lábios usando dedo indicador e médio e esfrega sua pele
contra a minha. O contato é intenso e quase machuca minha vulva. A seda ensopada da calcinha atrita
contra minha pele. A reação é calor e mais excitação. Meu clitóris pulsa, grandes e pequenos lábios
vibram e gemidos escapam.
Por um momento ele se afasta, sem quebrar o contato com minha boceta, e baixa a cabeça ao
estudar a região entre minhas pernas com atenção. Os cristais e pequenos crucifixos tocam nos chifres
de galho, criando um som rítmico, gostoso e calmante. Diferente de todo o resto desse caos erótico e
perverso.
— Você sabe por que eu te pedi para vestir uma calcinha de seda?
— Não. — Fiquei pensando nisso por uns dias, sem conseguir achar uma de resposta, porque
vou lá eu saber que diabo se passa na cabeça de um diabo.
— O tecido fica mais escuro quando molhado e eu posso ver o quanto você escorreu caldo
nessa calcinha. — O padre pressiona os dedos e a sede vai, devagarzinho, entrando na minha vagina.
Puta merda! É tão frustrante ser fodida desse jeito, quero sentir sua pele contra a minha e não essa
porra de tecido. — Tão molhada, Messalina. Tudo isso é para mim?
— S-sim.
— Claro que sim. Você é fodida das ideias, hm, noiva? — Ele me fode com os dedos, mais
seda acaricia minha vagina e mais vontade sinto de morrer e ir pro inferno logo de uma vez. A tortura
por lá deve ser menor que essa merda. — Só de lingerie, engatinhando de quatro pela mata para se
oferecer para um demônio que quer te usar como noiva… — O fato das suas risadas serem tão frias e
calculadas é mais irritante do que se elas fossem gargalhadas escrachadas. Mas, ele está certo, eu só posso
ficar calada e aceitar a humilhação. E… Ficar ainda mais excitada por isso. Sim, sou fodida das ideias. —
E isso tudo te deixa cadelando por mim, toda molhadinha e carente. É patético, não acha? — E as
metidas de dedos voltam a me perturbar.
— Eu quero te sentir, Tomás, por favor. — Implorar mostra, com clareza, o quão patético é.
E ainda assim, eu amo. Está muito claro, eu quero ser a puta patética do diabo.
— Quer me sentir? Certo, como você gostaria disso, hm? Consegue me dizer?
Pedir por cacete logo de imediato parece ser muito atrevido. Tomás está evitando me tocar
com os dedos, imagine com o pau. Mas, posso pedir pelos dedos, posso implorar para que enfie pelo
menos um na minha vagina e…O piso de madeira reclama do peso de Tomás despencando de joelhos,
bem na minha frente. Jesus Cristo! Meu coração já está todo fodido, não estou pronta para lidar com
mais sustos.
O padre pára de me foder, enrosca os dedos na calcinha e a puxa para cima. A costura é
delicada, mas o aperto é o suficiente para machucar meus lábios. Agora toda a carne extra da minha
vulva está presa na lingerie, em um pacotinho de boceta molhada.
É cruel. Cruel pra caramba. Tomás sobe e desce o tecido, em movimentos lentos e beeem
prolongados. Quando abaixa a cabeça para admirar sua obra, preciso afastar o tronco para evitar ser
atacada pelos chifres de madeira. A merda é que ele ainda me segura pelo pescoço, o que faz os cristais
acariciarem meu nariz, os crucifixos baterem no meu queixo e os chifres bagunçarem o meu cabelo.
Gostaria de conseguir respirar direito, mas é quase impossível. É informação demais para
lidar. Meu sensorial está prestes a explodir e Tomás mal começou comigo.
— Vejo que você não consegue me dizer. — Sobe o rosto e repuxa os lábios. Admiro a argola
niquelada indo mais para a lateral. Eu quero sentir o metal na minha língua, mas não tenho coragem de
tentar beijá-lo. Esse infeliz me deixou em estado de covardia. — Então, eu vou tentar adivinhar. Você
está tão desesperada, tão necessitada que vai aceitar qualquer migalha de atenção, nem vai se atrever a
pedir o que realmente quer.
O demônio libera meu pescoço, logo abro a boca, buscando por ar e me delicio ao inspirá-lo.
Infelizmente, meu momento de paz dura poucos segundos, pois a madeira dos chifres desce pelo meu
rosto, marcando a pele e invade o espaço do meu pescoço, descendo para o meu colo. Como um boi,
Tomás arrasta a cabeça para os lados, passando os chifres pelos meus peitos. O ardor é inebriante. Eu
não costumo pedir por dor para as pessoas que fodo, mas eu disse para Tomás que gostaria de sentir
com ele. Quem diria que seres do inferno têm boa memória?
Do nada, o filho da puta se joga para frente. As correntes balançam, os cristais batem nos
chifres… É um efeito dominó de imprevisibilidade. Tomás está gostando demais desse negócio de me
assustar. Meus batimentos aceleram e quase caio sentada. Mas, meus trapézios e tríceps dão conta do
impacto. Estiro as mãos, com as palmas voltadas para longe das minhas costas e recobro meu
equilíbrio.
Usando a mão livre, o padre abaixa as alças do meu sutiã de renda branca e expõe os mamilos
duros, empinados e que estão ardendo. Tomás crava o olhar neles. Por alguns instantes, o demônio
mostra fragilidade. Seus dentes raspam a carne do lábio inferior de forma sutil e discreta, como parece
ser seu jeito típico.
— Eu acho que você gostaria de umas mordidas nos mamilos, mas eu teria que tirar a máscara
e você não quer isso. — O filho da puta está dentro da cabeça, não é possível. — É macabra, é
assustador e maligno, se encaixa muito bem nas suas fantasias profanas. Me diga noiva, estou certo, não
estou? — Ele para de arrastar a calcinha no meu grelo e desejo sua morte.
— Ahaaaam. — É tudo que eu consigo responder. Como ele me chamou antes? Humana
patética? Sim, é tudo que sou agora.
— É lindo de assistir. Posso ver no seu rosto que está pensando essas milhares de coisas, mas
está tão perdida nas sensações que não consegue raciocinar. E sua boceta não te dá um tempo, ela está
chorando, tão frustrada… — Sem piedade, ele puxa a calcinha para cima. O tecido belisca meus lábios,
se atrita com meu clitóris e meu gritinho é outro atestado do quão patética é minha situação —
Sejamos francos, você quer o cacete do seu noivo bem aqui. Você nem sabe como, de que jeito, em
qual intensidade, só quer saber dele dentro, te fodendo e te arrombando. Mas, quer saber de uma
coisa? Eu não vou te dar, não agora.
Puta-que-me-pariu!
Filho-de-uma-puta!
— Pare de ser tão gananciosa. Seja grata. Seja grata pelo o que te dou. Eu sei que você merece
mais, mas não vou te dar. Isso aqui — O puto agita meu pacotinho de xana de um lado para o outro e
minha boca produz uns miados dramáticos — , é o que você vai ter. Agora, agradeça. — Algo muda
em seu olhar. Vejo faíscas de tesão sádico em seus olhos malucos.
A palavra obrigada vem na ponta da minha língua, mas não deixo sair. Preciso refletir por
alguns instantes. Pensa, Messa. Será que ele quer você obedecendo de verdade ou quer que você se atreva a
pedir por mais? Qual a opção mais segura? É obedecer, certo? Então, desobedeça.
— Padre Tomás, por favor… — Posso ser mais convincente que isso — Noivo, por favor… Eu
preciso de mais, minha boceta precisa de mais.
É a primeira vez - não só nessa noite, de todas as vezes que encontrei Tomás - que o vejo
perder a compostura de verdade. A pegada na calcinha perde intensidade, seus ombros descem um
pouco e sua expirada é longa, até meio barulhenta. Eu o atingi, sua fraqueza por ser chamado por noivo
viaja pelo ar e isso, risos, é bom. É justo. Essa criatura ruim merece um pouco de sofrimento.
— Mais? Minha noiva está dizendo que precisa de mais que uma siririca? Você quer dedo na
boceta, Messa?
— Sim, sim, por favor.
— Não. — Mas, que inferno!
Tomás solta a calcinha e fico prestes a enlouquecer. O padre me puxa para cima pelos ombros
e me obriga a ficar ereta. Seus joelhos se atrevem entre minhas pernas, as abrindo. Com cuidado, meu
noivo, segura os cabelos da minha nuca e me puxa para frente. Repouso com o queixo em seu ombro
direito, coluna arqueada, bunda empinada e boceta pedindo clemência.
— Não vou meter na sua boceta, vou meter em outro lugar. E, se Deus quiser, você irá me
agradecer.
Dura míseros segundos. A ponta do seu dedo indicador puxa a seda da calcinha para o lado e
mergulha na minha umidade. Porra, é a própria perfeição. Não é nada comparado com o que eu
quero, mas é tudo que ele vai me dar e, inferno, quero gritar obrigada atrás de obrigada.
Tomás se projeta sobre mim e arrasta seu pulso pela minha espinha. Suas falanges massageiam
minhas vértebras. O desejo corre por elas, uma força sem consciência que domina o meu ser. Seu
toque demoníaco me conquista e devora.
Logo no início do cós da calcinha, ele para. Com o dedo médio, acha espaço e enfia a mão.
Com a outra, a lingerie é puxada para o lado e a pontinha do indicador molhado vai direto no meu cu.
Arrebito a bunda e rebolo. Imploro com movimentos ao invés de palavras. Tomás pincela as pregas
bem com a pontinha do dedo e me desestabiliza por completo ao usar a unha do dedo médio da outra
mão no meu clitóris.
— Seu grelo carente vai doer se você se mexer, meu amor.
Sim, eu sei, seu infeliz. Mesmo assim, me mexo. Eu quero que doa.
A unha é afiada, dura como uma placa de acrílico de bordas afiadas. Mas, uuuugh, machuca
tão gostoso! E a cada mexida de quadril, o dedo me penetra mais. Minha xana vibra de alegria, mesmo
com a negligência, e meu clitóris aceita o carinho sádico que lhe é dado.
— To-o-massshh… caaaaaralho. — O padre força os dois dedos ao mesmo tempo. O
indicador no meu ânus me fode, entrando por completo. Na frente, a falange do dedo médio castiga o
clitóris.
— Você gosta assim?
— Sim, sim. Eu amo assim.
— Então, me agradeça. Agradeça seu noivo.
— Obri… — O demônio pinça meu grelo. Minha vulva queima. — O-obrigada, noivo.
— Palavras não são o suficiente, me agradeça gozando na calcinha. Se arraste, rebole, grite,
chore… Mas, meleque o fundo dessa calcinha de gozo. E aí sim, eu vou te dar o que você merece.
Não sei mais o que é ter sanidade. Eu o quero agindo como um verdadeiro monstro funesto,
sem dó ou piedade. Quero que o mundo exploda debaixo dos nossos pés, que a realidade sucumba ao
caos total.
Faço o meu melhor para esse orgasmo chegar como uma tempestade trágica. Esfrego meus
peitos na sua camisa para atiçar meus mamilos. Uso sua lombar como impulso e levo minha bunda
para frente e para trás. Seus dedos me tocam, me usam, me dominam. É tão frustante receber tão
pouco… Mas, uuuugh, é bom. É tão bom!
Não consigo falar. Nem sei dizer se estou chorando ou miando ou gritando. A ansiedade pelo
orgasmo queima meus neurônios e perturba minha cabeça. Ávida, caço aquela sensação inexplicável de
prazer que nasce aos pouquinhos bem no fundo da minha vagina. Eu a quero, eu preciso dela. Nem ter
acesso a oxigênio é tão importante quanto esse orgasmo. Me agarro a promessa de Tomás, de receber
tudo que deus jamais pôde me dar, assim que me provar para ele. O ápice vem, rasga como uma lâmina.
Toda a fome e desespero por prazer são controlados pelo gozo escorrendo de mim.
Tomás lambe a lateral do meu pescoço. A saliva gelada perturba o calor da pele suada e
quente. A sensação de pinicação retorna, estalos correm dos meus braços para minha perna. Meu
coração perde o controle da sua frequência, sinto as batidas dele mais rápidas e frenéticas no meu pulso.
Desesperada. Tão fraca e tão impotente…
— Goza, Messa. Goza, meu amor. Me obedeça e me dê esse orgasmo.
Chega até mim, como um flash de luz numa noite sem fim. Insaciável. Minha boceta tenta
apertar um pau que não a preenche e meu clitóris pulsa, enviando o orgasmo para todas as terminações
nervosas possíveis. Meu cu tranca o dedo de Tomás e não o deixa sair, faminto por mais, se recusando a
perder a atenção.
— Isso, porra, Messalina! Assim, é assim que eu quero minha noiva, fodida de tesão e
escorrendo gozo para mim.
Me torno um acumulado de tremores. Bato o dente um nos outros e sofro com a secura na
garganta. Perco a capacidade de lembrar meu nome, mas Tomás não se importa com isso.
— Não vou te deixar descansar. Me diga, o que você quer agora?
Essa resposta deveria ser difícil, mas para minha surpresa, não é.
— Eu quero o seu gozo… Quero seu gozo na minha boca.
Sua resposta é pura brutalidade. Sou puxada pelos cabelos e arrastada para um outro canto.
Minhas costas batem numa parede gelada e meus joelhos são obrigados a sustentar meu peso. Ao olhar
para cima, vejo o padre demônio em sua glória maligna e tudo que eu posso pensar é no quanto eu
preciso que ele me dê uma surra de rola na cara.
PA RT E 6
A PRIMEIRA VEZ
Sempre ouvi que o pecado era um caminho sem volta. O Mal era elusivo, tentador e
insistente. Ceder espaço uma vez é o suficiente para se perder. A vida do bom cristão é uma constante
fuga, os filhos de Deus são sempre perseguidos. Quanto mais fiéis, mais tentados. O coitado do Jó que
o diga.
Você não precisa procurar o Mal, ele te persegue.
Mas em uma noite, eu descobri como isso é mentira. Quando fui caçada, foi por um ser
divino e agora que estou sob o poder do infernal porque eu o procurei.
O sabor dessa realidade tem seu amargor. Num mundo onde informação é proteção, minha
mãe me deixou à mercê de uma decisão questionável como essa. Eu também culparia meu pai se ele
tivesse tido a decência de ficar em casa. Minha vó, por outro lado, tentou me alertar, do seu jeito
alegórico e brincalhão? Sim. Mesmo senil, ela fez sua parte. Eu nunca esperei que o Mal fosse ter uma
face, uma representação humana. Mas, aqui ele tem e porra, que face! É linda e coberta por essa
máscara? Ainda melhor.
Essa coisa age em mim. Um fenômeno químico, uma necessidade animal. Uma força que me
impulsiona, que me dá coragem. Muito tesão e muita fé. Desejo e entrega, juntos, destroem minhas
crenças e me deixam à mercê de um tipo diferente de misericórdia, de uma nova fonte de bençãos. O
Mal, passa a habitar em mim.
E agora estou de joelhos e rezando para um pau demoníaco.
Consumida pela necessidade de perigo, subo a coluna e encaro o padre. Tomás deita a cabeça
poucos graus para o lado e retorna a encarada. Suas mãos vão para trás das suas costas e sua respiração é
profunda, afundando e estendendo seu peito. Não há coisa no universo para me distrair dessa
encarada. Tomás é a personificação das lições católicas do quanto o diabo parece sedutor e gostoso.
Conheço corpos de lutadores muito bem e Tomás parece um deles. Um artista marcial de físico letal.
Não é tão alto quanto Martinez, mas ainda se estende além dos meus um metro e oitenta. Seu tronco é
mais largo que o do vampiro, a cintura mais robusta. As coxas, porém, são tão trabalhadas quanto. O
trabalho deve ser brabo no inferno, esses são quadríceps que pegam pesado. Eles também dividem um
defeito, ficarem vestidos enquanto estou pelada e toda suja. Faço uma promessa, isso não vai ficar assim
até o fim da noite.
Observo o crucifixo pendurado em Tomás e é impossível não me lembrar de Martinez. Este é
o único artefato que eles carregam que poderia funcionar como aliança. Será? Em Tomás parece menos
herético que no padre vampiro. É blasfemo, não? É uma nova imagem para adorar e estou pronta, em
completa submissão, para oferecer tudo de mim.
A nova fé me enche de coragem. Eu o toco, com cuidado e atenção, levo meus dedos dos seus
joelhos até os lados de sua virilha. O padre permanece parado. Paciente, permite que o estude e explore
em meu tempo. É difícil continuar e subir minha mão, parece errado, muito errado. Um erro
incorrigível, um pecado imperdoável.
Porém, me lembro de como fui abandonada e negligenciada. Martinez me deu uma paz que
missa nenhuma jamais me deu e, sei que com Tomás a experiência será similar. Assim, eu faço.
Enquanto minha mão direita toma as bolas do demônio com possessão, eu procuro seu olhar. Seus
olhos estão normais, com aparência humana pelo menos, mas sua postura continua imaculada, os
movimentos claros são apenas no pomo de adão, peito e narinas.
Sorrio e aperto os testículos. Nada.
Certo, estou lidando com um demônio. Talvez ele seja treinado para suportar muita dor, o
tipo de dor que uma mulher humana não é capaz de provocar? Preciso testá-lo de outra forma. Solto as
bolas e vou para o cinto. Volto a mirar o volume coberto de seu pênis e me concentro em desafivelar o
cinto e tirá-lo do cós. Pego o acessório e o levo para o meu pescoço. Em pouco tempo, passo a fivela e o
transformo numa coleira. Com o lábio debaixo mordido e uma carinha imprestável de noiva safada,
subo o pedaço de couro preto para meu noivo e espero.
O puto balança os joelhos e expira, fazendo barulho. Tomás repuxa os dedos, os estalando,
enquanto segura a ponta do cinto, se abaixa e fica um pouco acima da minha altura.
— Então, minha noiva está me testando? — Faço questão de manter o olhar, mas não o
respondo — Não vou conseguir uma resposta, vou? — Silêncio — Ok.
A proximidade me afeta, o nervosismo faz minhas pernas tremerem. Outra vez, Tomás usa o
truque de tocar no meu esterno para controlar meus batimentos. Meu coração se acalma e fica um
pouco mais fácil respirar.
— Vamos tirar essa calcinha — Puxa a peça e eu levanto os pés. Com ela em mãos, Tomás a
pendura em seu ombro esquerdo. — Você se lembra como parar tudo ou pedir um alívio, certo?
— Mike Tyson para parar tudo. Vários tapinhas entusiasmados para dar um alívio ou três
toques fortes e demorados para parar tudo, caso eu não consiga falar. O mesmo para você, mas sua
palavra é Cro Cop. — A pequena quebra de cena o permite sorrir. O barulho da risada é a coisa mais
gostosa, meu satanás.
— Lutadores épicos como palavra de segurança, esse é o meu melhor sistema de proteção em
séculos. — Estou tão concentrada em olhar sua boca que esqueço máscara preta de caveira, dentes e
presas afiadas, chifres de madeira e cristais transparentes. — Você tem dez segundos para inspirar ar,
depois disso, eu não vou te permitir respirar.
No meio da preparação, ele morde minha calcinha pelo fundo de algodão e eu fico…
Perturbada. Fodida. O padre se põe de pé e pressiona o cinto para frente. Quase caio. Com dois passos
pequenos ele me encobre, a sombra formada por seu corpo não permite que eu enxergue muita coisa.
Minha coluna está ereta de uma maneira quase incômoda, minha bunda roça na parede e meus joelhos
estão bem separados. Na ponta dos pés e com calcanhares levantados, me esforço para me equilibrar.
Tomás tira a calcinha da boca e a coloca no ombro outra vez.
— Meu cacete. Para fora. Agora, noiva. — Abrir o botão é uma merda. Tento mais de uma
vez e quando quase consigo, ele puxa o cinto para cima, me tirando da tarefa. Uso as mãos para segurar
no cinto, porque é o movimento que sou obrigada a fazer — Então, a fome de pinto te deixou sem
habilidades motoras, Messalina? Eu queria que você abrisse minha calça, a baixasse, tirasse meu pau
para fora e o engolisse por conta, mas pelo jeito minha noiva não consegue fazer isso sozinha. — Fico
sem palavras. Mas, ele insiste. — Você consegue, Messa?
— Na-nãão. — Puta que pariu, não quero gaguejar, mas só acontece.
— Estou vendo. É realmente triste, mas te entendo. É muito pra você, não é? Boceta e cu
frustrados, boca faminta e um cacete demoníaco para dar conta? É muito, mas eu sou um bom noivo,
então vou te ajudar.
Com a calcinha novamente presa nos dentes, Tomás se despe. O botão é aberto, o zíper vai
para baixo, seguido pelo cós da calça. Eu quero gritar. Assisto o demônio baixar as calças. A revelação
das suas coxas é uma obra de arte. Sou recepcionada por uma enorme imagem de um leão de expressões
infernais em sua coxa direita. Na esquerda, há outros animais e símbolos que não reconheço. Não me é
permitido admirar.
Padre Tomás me comanda através do cinto, me fazendo levantar a cabeça. Sua cueca é de um
tecido preto que parece ser vinil. Reflete o azulado da luz neon assim como sua máscara preta e
envernizada. Com mais uma puxada, ele me coloca de lábios fechados contra o seu pau. Tento abrí-la
para beijá-lo, mas ele puxa ainda mais e fico presa contra seu volume sem poder fazer alguma coisa.
Frustração é pouco.
— É isso que você quer, hm? Meu cacete fundo na sua garganta, te fazendo babar e engasgar?
— Balanço a cabeça, usando o movimento para sinalizar uma resposta que não posso oralizar.
— Então, pegue e use. —Me afasta e fico livre para explorar. — Essa é uma tarefa fácil, você
consegue baixar uma cueca, certo? Ou a vontade de me chupar é tão grande que até isso você não vai
ser capaz de fazer? — Mas, é um puto mesmo.
Eu faço. E faço com raiva. Puxo a cueca de uma vez e… O cacete é tatuado. AAAH! Fico tão
maravilhada, que não consigo distinguir os desenhos. Só vejo tinta preta e colorida, em todo o monte
do púbis e descendo para o caralho do pênis. Meu cérebro processa as coisas o comparando com
Martinez, mas não faz sentido. Seu pau não é todo humano. A base é espessa, mas o diâmetro fica um
pouco menor conforme acompanho o comprimento. Um pouco antes do meio, há uma sutil
curvatura para dentro, quando ela acaba, a espessura aumenta um pouco. Na parte final, antes de
chegar na glande, há três ondulações bem avermelhadas. E a cabeça desse pau é diferente de tudo que já
vi na vida. Há duas fendas, a dividindo em quatro partes. As duas apontadas para mim, mais inchadas.
Eu venderia a alma para esse pênis.
— Vamos, noiva. Prove — fala, com a calcinha abafando o som. Ainda estou em choque.
Sorrindo com os olhos fixos no pinto e o raciocínio lento. — Puta que me pariu, Messalina.
Padre Tomás força o pau na minha cara e no susto, eu o engulo. A promessa de não me
permitir respirar é cumprida. A porra da glande vai parar lá no fundo da minha boca e as partes mais
inchadas quase pressionam o céu dela. Arregalo os olhos e balanço a cabeça, mas ele não me solta. Saliva
vaza pelos meus lábios e escorre quentinha pelo queixo antes de cair na minha barriga. A experiência é
um deleite de fantasia forçada.
Com uma mão no cinto e outra na minha franja, o demônio fode minha boca. Os barulhos
dos engasgamentos são um escândalo e faço o favor de torná-los mais escandalosos. Louca de tesão e
sedenta por contato, desço uma mão para o meu grelo para me masturbar. Tomás odeia a minha
decisão. Raivoso, afasta minha mão e cospe minha calcinha que cai sobre seu sapato.
— Eu te disse para não ser gananciosa. Você precisa ser grata pelo que recebe. Te dei minha
rola, do jeitinho que você me pediu e é assim que você me retribui? Procurando seu prazer ao invés de
me dar o meu? Chupar meu cacete, se afogar nele, babar por ele deveria ser o suficiente. — As palavras
doem da maneira mais gostosa possível — Você está uma bagunça, Messa. Com cacete atolado na boca,
sem nem conseguir respirar, fazendo uma bagunça, toda suja… Olha isso.
Passa as mãos com violência pelo meu queixo, recolhendo saliva. Levanta para que eu possa
olhar e mal consigo manter os olhos abertos. Lágrimas querem cair, meu maxilar começa a doer com
essa trolha enorme enfiada na minha boca… Me esforço para manter o olhar, mas a coisa não está
simples.
— Como já te disse, patética. — Passa a saliva pela minha cara, sua mão vai de um lado para o
outro, fazendo uma lambança. — Não sei o que fazer com você, nada é o suficiente. Você sempre quer
mais e mais. Você precisa de uma lição, meu amor.
Não há raiva na sua voz. Tomás não é agressivo. Sua bronca é séria, tranquila em sua frieza.
Perco a luta para o choro. Mas, que caralho! Eu quero chupá-lo até que ele goze na minha boca, quero
sentir seu gozo vazando para o meu queixo. Então, o padre volta a foder entre meus lábios. É violento.
Impiedoso. Cruel. Cravo as unhas no seu quadril para suportar o baque. Quando começo a me
acostumar com a nova meteção, ele se retira por completo. Fico sem entender porra nenhuma. Mas,
então, seu plano fica claro. Tomás recupera minha calcinha e usa a seda para masturbar seu pau. Fico
petrificada no lugar, com o corpo quase desfalecendo e observo a cena. Agora, consigo enxergar a
tatuagem do pau, apesar de não saber identificar o desenho.
No púbis, há elipses pretas com círculos em epiciclo1. Há o contorno de um sol desenhado
em estilo antigo pouco acima da base do seu pênis, nele, também estão alguns círculos em volta do seu
diâmetro, com palavras muito pequenas escritas em um idioma que não conheço. Parece um mapa
cosmológico, algo que via nas enciclopédias antigas da minha avó.
A calcinha subindo e descendo não me permite ver com clareza, assim como a sombra
formada por seu corpo sobre o pênis. E nem importa, o movimento de vai e vém é mais interessante
que qualquer outra coisa. Suas coxas travam no chão e ele solta o cinto para escorar a mão livre na
parede. Procuro seu rosto e, enfim, o vejo sem a fachada estoica. O demônio está perdido na punheta, a
busca pelo orgasmo o perturba, a sensação anterior de distorção me invade e reforça a ideia de que algo
no ambiente não está certo.
— Essa calcinha poderia ser sua boca, mas você tinha que ser teimosa, noiva.
Todo o esperma que eu tanto queria para mim, quentinho e viscoso na minha língua, vai
parar na minha calcinha. Um pouco cai em seu sapato e sem nem pensar, me debruço no chão para
lamber. Provo só um pouquinho do gozo do meu noivo antes de ser puxada para cima.
Tomás perde a cabeça. Sua energia agora é caótica, violenta e eu a desejo injetada nas minhas
veias. O padre quase tropeça no tapete e me puxa de quatro na direção do sofá. Entre a calça dele presa
nos pés, os chifres pendendo para frente, um cinto preso no meu pescoço e movimentos limitados pelo
cansaço, não é fácil ir até lá, mas, nós conseguimos.
Eu o vejo colocar a calcinha gozada, por nós dois, ao seu lado. Uma parte de mim imagina
que seria legal desafiá-lo, mas, quero experimentar sua punição. Ainda de pé, Tomás retira seus sapatos
usando as pontas dos pés, faz o mesmo com as meias, e com um pouco de esforço e rebolado, suas
calças caem e ele as tira por completo. Despido e putaço, se senta no sofá e comanda:
— De costas para mim, agora.
Suas mãos agarram cada lado do meu quadril, a força é bruta e a puxada é rápida. A cabeça do
seu caralho vara a minha boceta e entra. A possessão começa com a penetração.
Cada uma das três ondulações cria atrito extra na foda. É bom demais. Meus gemidos saem,
manhosos e desesperados. O demônio mete até o talo e fica estacionado com todo o cacete enfiado em
mim. De repente, sem cuidado, sou puxada para trás. Caio sentada em seu colo e sou forçada a abrir as
pernas. Apoio os pés em suas coxas e fico arreganhada. Exposta.
— Eu sou um bom noivo, Messalina. Te agradar é importante para mim, mas você precisa
aprender algumas coisas antes. Então, antes de eu te foder como a puta desesperada que você é, vou te
fazer gozar aqui. — Há horas minha boceta deseja ficar cheia desse jeito e enfim sentir esse prazer é
satisfatório além de explicação. Fico chapada de prazer. — Vou masturbar seu grelo com meu cacete
afundado nessa xana, mas há um porém: você não pode se mexer, entendeu? É sua lição para aprender a
ser grata pelo o que eu te dou. Se ousar quicar, mexer esse quadril, rebolar ou qualquer porra,
Messalina, qualquer porra… Eu vou descer um tapa no seu clitóris, entendido? Se for preciso ficar aqui
te espancando no grelo até você desmaiar, é isso que eu vou fazer.
De novo, balançar a cabeça em sinal de aprovação é tudo que consigo entregar.
A siririca é visceral. É quase demais. Ele não se importa em evitar as unhas ou a base dos anéis,
conforme troca de dedos, a capinha do clitóris vai para cima e o metal dos acessórios atrita. Eu grito.
Ele prossegue. Quando chego no limite, dou uns tapinhas na sua coxa e no mesmo momento, o padre
alivia a pressão. Mostro apreço pelo cuidado ao fazer um carinho em seu braço. Foi um tiro no pé. A
dor me mantinha firme, só que agora, com a delicadeza, meu corpo fica molenga. Dou uma
reboladinha para o lado e Tomás ameaça me bater, mas não completa a ação. Fecho as pálpebras em
antecipação e espero pelo pior. Meu coração trabalha mais, meu pulso intensifica e a rola de Tomás
pulsa dentro de mim.
— Eu preciso contar pro meu marido o quanto a putinha obediente dele, é na verdade, uma
puta gananciosa. — Uma mordida no ombro e eu quico, merda. — Não quica, Messa.
O tapa vem. Porra, isso dói. Como dói!
Meus processos cerebrais ficam numa verdadeira zona. O sistema nervoso entrega dor, mas
logo se perde para o prazer. Juntos, eles elaboram uma teoria de que um está diretamente ligado ao
outro. As sensações se misturam e eu perco a noção da realidade.
Uma quicada e um tapa.
Uma rebolada e outro tapa.
— Continua… Por favoooor.
— Não acredito que você está pedindo pra continuar apanhando — Graças a sei lá quem, ele
não pára com os tapas. — Mas, essa é minha noiva, não é? Uma falsa cristã pervertida com uma boceta
que goza enquanto é espancada. Você é a noiva perfeita para mim, Messa.
Com tapinhas acelerados e ardidos castigando meu pobre grelinho, eu gozo. Me perco no
orgasmo, excitada demais para qualquer coisa que não seja chamar Tomás pelo nome, gemer e ter um
treco por não poder cavalga-lo.
— Ouvi dizer que você nunca deixou um humano gozar dentro da sua boceta. É verdade?
— Sim, é.
— Eu não sou possessivo, noiva. Gosto de dividir meus amores com quem eu acho que os
merece, mas… Acho perfeito que eu seja o primeiro a esporrar dentro da sua boceta, da nossa boceta. Eu
sou seu noivo, no final das contas. Mas, já que esse é o seu momento de ter um demônio profanando
essa xana que seu padre vampiro não precisou purificar, eu quero que escolha: como você quer isso?
Outra vez, nem preciso pensar.
— Te montando de frente.
— Ah, caralho, Messalina. Eu amo essa ideia, venha aqui .
Ele precisa me movimentar como uma boneca. Com um ajuste ou outro, consigo ficar de
frente para ele, com o pau enfiado até a metade. O padre demônio sobe minhas mãos para segurar em
seus chifres. Cravo neles e respiro fundo. Dessa vez, Tomás não inicia os movimentos, ele espera por
mim e o aprecio. Eu amo foder com esses seres sobrenaturais, mas acompanhar o ritmo deles é foda.
Sou uma mulher atlética e muito bem preparada e ainda assim é um desafio fodido.
— Aqui. Comece a limpar isso enquanto monta em mim.
Tomás estende a calcinha. Solto os chifres e a recolho para mim. A toco como se fosse uma
joia preciosa, sua porra está acumalada na parte do algodão, mas um pouco escorre para a seda. O ideal
seria tê-la quentinha direto da fonte, só que aprendi a minha lição sobre gratidão, por isso estendo a
língua e quando a pontinha toca na poça de gozo, eu sento.
Esse cacete é especial. As ondulações extras, a curvatura, as partes mais inchadas da cabeça
encostando naquele ponto fundo na vagina… Um deleite completo. Subo e desço enquanto as texturas
extras atiçam minha boceta. O sabor dessa porra infernal torna a experiência uma coisa de outro
mundo. Ele é doce, mais doce que Martinez.
Fecho os olhos para saborear minha própria calcinha. Tomás aproveita para usar suas mãos
livres para subir e descer meu quadril. Aumenta o ritmo e eu o aceito, cavalgando em completa
gratidão por, enfim, ter a boceta fodida como tanto queria. Existe uma tentação para me masturbar,
mas resisto. Agora não é hora de testar a paciência de Tomás.
— Olhe pra você — O carinho para tirar os cabelos da frente da minha testa é amável. — Tão
desesperada pela porra do seu noivo que a lambe da própria calcinha. Que noiva pervertida eu fui
arrumar, hm?
Não há elogios como foi com Martinez e estou em paz com isso. O padre vampiro me deu a
exaltação que procurava, mas agora quero a humilhação de Tomás, afinal, ele é o álibi perfeito para esse
crime que eu decidi cometer contra minha criação religiosa.
Me deixe entrar. Ouço outra vez, apenas dentro da minha mente.
— Eu deixo noivo, eu deixo você entrar.
Em um instante, a vida parece imóvel dentro de mim, no outro, tenta fugir pelas fronteiras da
minha existência. A queimação, que deduzo ser da minha alma, aquece minha pele. Não tenho
domínio sobre mais nada. Tomás tem posse de mim.
Abro a boca à procura de ar. Meu coração desacelera num tranco brusco. O calor é
transferido para o ambiente e a temperatura cai causando arrepios que correm minha nudez. A outra
gozada chega enquanto tremo de frio. Não há como gritar ou chorar. Todo meu corpo funciona em
função dela. A intensidade beira a letalidade.
Deixo três socos fortes e precisos no bíceps de Tomás e ele ajusta o que deve ser ajustado,
sabe-se Satanás como. No mesmo instante, ele para de foder. Quando termino de recuperar o fôlego,
ele me abraça. Os chifres batem no meu ombro, os cristais caem na minha testa e seu cacete entrega sua
porra para a minha boceta, que a aceita com todo o clamor.
Sei que sexo com camisinha é o seguro, a coisa adequada a ser feita. Só deixei alguns caras
gozarem dentro do meu cu quando comecei a romper com certas ideias plantadas na minha cabeça.
Ainda assim, liberar minha boceta parecia errado, além da insegurança do ato pelo risco de gravidez e à
minha saúde. Aprendi ser algo imoral e sempre tentei ser uma boa cristã. O que é muito hipócrita, já
que tenho vida sexual ativa há muitos anos. É a típica hipocrisia religiosa, não fazer certas coisas, mas
criar justificativa para outras. Com a intenção de arrebentar com essa moral que nunca me serviu de
nada, decidi experimentar esse momento com Tomás.
O gozo está quente dentro de mim e se mistura à minha umidade, criando uma lubrificação
extra. Exausta, balanço o quadril com leveza e rebolo no pau gozado. A sensação de paz da noite com
Martinez na mata não aparece. Essa é pesada e intensa. Faz enrijecer minha musculatura e entregar
euforia para a minha mente. Empurro Tomás, o seguro pela barba e o forço a olhar para mim.
— Não vou mais conseguir ficar sem isso. — É quente, é sujo, é maravilhoso. É insano
imaginar uma vida com Martinez e Tomás me enchendo de porra todo santo dia, mas penso mesmo
assim.
— Seu padre vampiro vai odiar saber disso. — O sorriso do padre demônio é uma coisinha
formidável de admirar.
— Mas, ele é bonzinho, vai me entender. — Tomás morde a argola em sua boca. Algo em seu
olhar entrega um pensamento que sua boca decide não entregar.
— Ah, Messa. Você não conhece Martinez como eu conheço. Quando ele subir do inferno,
você vai se arrepender bastante disso aqui.
Com essa promessa ameaçadora, eu despenco em seus braços.
PA RT E 7
O RISCO
Nunca me senti tão indefesa como nessa noite. Não diria que flertei com a morte, ainda, mas
vivi pequenos momentos em que meu corpo físico e minha parte viva estavam conectadas por um fio.
Foi tão puro e raro experimentar algo além desse mundo e não ter o mínimo de controle sobre. Eu fui o
recipiente de uma força maligna secular - ou até milenar, quem sabe - e em nenhum momento duvidei
de que o nosso acordo seria rompido. Me deixei usar nos meus termos e eles foram respeitados à risco.
Foi um ato de fé, mas não a fé cega da Igreja, Tomás me guiou pelas possibilidades,
se comunicou comigo de igual para igual e não exigiu meu conformismo sem me fornecer todas as
informações necessárias. Foi como me ajoelhar e prestar culto a um novo deus em um outro altar ainda
mais santo. Entreguei minha confiança incondicional a Tomás e em retorno, ele me abençoou. Por esta
noite, um padre demônio atende minha oração sem negar um pedido sequer.
Levanto a cabeça e o encontro repousando de olhos fechados. A vontade é ficar a noite toda
aqui, mas preciso beber água. Faço um carinho em sua barba e o retiro de seu quase cochilo.
— Preciso de água.
— Então, peguemos água para você.
Com uma mão nas minhas costas e outra no meu quadril, ele se levanta. Sou atacada pelos
adereços de sua máscara pela milésima vez na noite, mas longe de mim reclamar. Tomás faz questão de
manter o cacete enterrado em mim, aproxima nossas pélvis e com certa dificuldade, caminha até a
cozinha.
Abençoado seja esse casal que consegue me carregar no colo e me dar o tratamento de
princesa que eu mereço. Martinez começou com isso, Tomás dá sequência à tradição e preciso que isso
continue a acontecer.
O padre me senta no granito claro da bancada da pequena cozinha. A temperatura continua
baixa. Tento levantar a bunda para evitar o choque térmico, no entanto o demônio não gosta da ideia e
me repreende com um tsc tsc enquanto balança o indicador em sinal de não.
— Não se mexa, não quero sair de você ainda. — Dessa vez, obedeço.
Com tranquilidade, estica o braço e pega um copo no escorredor de louças. Com duas
empurradinhas para a direita, ficamos do lado da pia. Disfarço um sorriso, essa cena não é nem um
pouco normal. Apenas a luz azul ilumina todo o ambiente aberto da cabana enquanto um demônio de
máscara de caveira e chifres, pega água para cuidar de sua amante humana.
— Aqui, beba — O alívio na garganta é muito bem-vindo.
Seus dedos encontram meus cabelos e penteiam meus fios com suas unhas afiadas. Há
cuidado em seu toque para evitar quebrar os nós da cabeleira cinza-azulada. Desço as pálpebras, bebo a
água, aproveitando a sensação de bem-estar trazida pela hidratação. Assim que me satisfaço, coloco o
copo ao meu lado. Demoro um tempinho para encarar meu noivo temporário, um pouco perdida
nesse momento de cuidado pós-sexo. Com Martinez as coisas foram frenéticas e intensas, meu cansaço
foi vencido várias vezes e nós só paramos quando nosso ritual deturpado de purificação chegou ao fim.
Minha mente passa por um período de entorpecimento, dormente demais para fazer ligações
complexas ou produzir pensamentos completos. É como se tivesse algo para falar, só que não fosse
capaz de oralizar, ficando com a ideia perdida dentro da cabeça.
— Como você está? — A simplicidade inocente desta pergunta é quase dolorosa.
— Bem. — Faço um esforço para elaborar a resposta. — Antes de você e Martinez eu me
achava pra caralho pelo meu condicionamento físico, porque né, treinava pra competição, aguentava
vários rounds no ringue e mesmo depois de parar de lutar, continuo treinando, sou instrutora de boxe e
meu cardio continua foda, mas — Começo a rir, porque fora do ambiente do sexo pensar que fodo
com um vampiro e um demônio é surreal — vocês me quebram no meio.
Vejo um sorriso no repuxar de lábios de Tomás. Me acostumei com a máscara depois de toda
a transa com ela e decido não pedir para que ele a retire. Que o padre se livre dela quando se sentir
confortável.
— Sim, nós somos seres tecnicamente imortais e com força e físico sobrenatural, mas nós
vamos um pouco além. Chegar nesse patamar no nosso trabalho exigiu muito esforço, os treinamentos
lá no inferno eram de foder.
Até agora eu não tive muita informação sobre a vida dos dois, o tal trabalho aqui na Terra, a
vida no inferno, suas origens e essas coisas todas. E não me sinto confortável para fazer perguntas sobre.
Tomás não sabe muito sobre mim, Martinez é quem tem mais informações graças às confissões, ainda
assim, ainda há muito a ser descoberto. E sendo honesta, prefiro que seja dessa forma, desvendar o
mistério aos poucos é mais prazeroso.
— É normal vocês fazerem essas, sei lá, viagens até o inferno com frequência quando sobem
para trabalhar aqui?
— De certa forma, sim. Mas, por motivos diferentes. Eu sinto falta de lá, é uma conexão
mais… Profunda. É emocional, sentimental. Inferno e eu fomos criados pela mesma força, dividimos
essência. Não é minha casa, mas é meu lar. Para o padre vampiro, já é diferente. O inferno se tornou
morada por questão de sobrevivência e, por causa das peculiaridades da sua função, ele se alimenta lá
embaixo.
— Martinez não se alimenta de humanos? — Por que estou triste pensando na possibilidade
de não ser um coquetel para ele? Deve ser a falta de deus no meu coração.
— Não para sobreviver. Somente quando ele — Tomás estala a língua nos dentes. Seu toque
desce pela lateral do meu rosto até chegar no meu queixo, então seu dedão puxa a pele cobrindo meu
maxilar e seu indicador belisca meu lábio. — Somente quando ele caça certos humanos.
— E ele costuma caçar muitos humanos? — Dessa vez, há um riso com barulho. Já percebi
que Tomás não é de rir com frequência, então realmente falei algo que o impactou como cômico. E sei
do que se trata, é minha perguntinha ciumenta disfarçada de curiosidade.
— Ciúmes, Messa? Você fodeu meu marido sem que eu soubesse e agora te divido com ele,
acho que ciúmes não te cai bem. — O tom brincalhão evapora. Tomás faz a pergunta com a maior
seriedade do mundo. Até perco meu rumo.
— Na-não, é que…
— Shiu, meu amor — Tomás silencia minha boca com seu indicador. — Não estrague a noite
com essas dúvidas. E além disso, nós temos coisas mais interessantes para fazer.
Se afasta com delicadeza. Tomás estala os ombros e pescoço, aliviando sua tensão, cansaço ou
algo assim. Seu pau sai alguns poucos centímetros de mim. Entre relaxar, conversar e começar a ter uma
crise de ciúmes, me esqueci desse detalhe. O assustador é que ele não ficou mole, ainda está firme
dentro da minha boceta.
— Você também quebra regras humanas com sua ereção?
— Minha existência quebra mais regras do que você pode imaginar, Messa.
Fico com a boca semi aberta, tento responder algo e nada sai. Quando consigo pensar em uma
réplica, o padre quebra meu raciocínio ao puxar sua máscara para cima.
Acompanho a caveira tomando distância do seu rosto. É uma revelação que não deveria ser
especial, já vi Tomás outras vezes e me acostumei com sua face e expressão. Porém, é uma porra
especial, um acontecimento que me tira dos eixos.
O padre vampiro tem um marido de dar inveja das mais egoístas e brutais.
Meus olhos procuram a sua tatuagem pequenininha de lua no canto do olho esquerdo. O
desenho é o simples contorno de uma lua crescente. Mas, é tão bonita. É um enfeite tão gracioso para o
rosto de um demônio. Eu me pergunto qual será o significado, por que ele faria essa tatuagem nesse
lugar?
Sua barba está mais cheia que da última vez que a vi. Os fios mais longos a deixa mais loira,
com um toque de ruivo. Fico imaginando se Martinez gosta do marido com o rosto liso ou se a
aspereza da barba o agrada na hora dos beijos, do sexo oral… Foco, Messalina, caralho.
— A visão está te dando prazer?
— Não me constranja, demônio.
— Agora eu sou demônio? Já não sou mais noivo? — Como ele consegue me provocar com
essa cara séria é um mistério para mim. E além de tudo, essa expressão de nada misturado com sou um
homem de negócios faz coisas com a minha libido.
— Não quando você está sendo ruim comigo. — Faço um bico manhoso e rezo para que ele
comece a brincar. Descansei direito? Não. Mas, meu fogo já se acendeu.
— Será, Messalina? — Seu nariz toca o meu, muito mais quente do que eu esperava. E
acontece de novo, a sensação de eletrização ataca e a taquicardia começa. — Você chegou aqui com a
boceta derramando caldo depois de engatinhar pela mata apenas vestindo calcinha e sutiã. Enrolou
meu cinto no pescoço e me deu todo o controle para te massacrar num boquete nada cristão. Gozou na
frustração, quando decidi meter dedo no seu cu ao invés da sua xana e depois, gozou enquanto
apanhava no grelo. — Ah, a crueldade. O sadismo miserável.
Ter seu rosto tão perto do meu é uma perturbação. Desperta minhas vontades animais.
Todos os outros elementos da minha vida e o mundo lá fora perdem o sentido, sou vítima dos meus
desejos mais primais. Meu pulso corre na direção desse vício que me torna obediente e inconsequente.
Luto contra os sonhos quebrados e as esperanças perdidas. Não vou correr para longe dessa
realidade. Esse destino longe de deus é meu para tomar e aproveitar.
Pego sua barba com as pontas dos dedos, a acaricio com covardia e encosto nos fios com uma
delicadeza desnecessária. Tomás expira próximo da minha boca, sua testa colada na minha e seu
peitoral quase encostado no meu. Meus mamilos endurecem com as alças do sutiã ainda de lado, a
renda suada e caída abaixo dos seios.
— Não tente disfarçar, eu sei a verdade e não gosto de ter minha noiva tentando mentir para
mim. — Permaneço calada, não tenho nada que faça sentido para falar. — E como quero honestidade
vou ser honesto com você. — Se afasta, algo que odeio. Sobe o rosto e deixa um beijo breve na minha
testa. Arrasta os lábios pelas minha bochechas, quase sem encostar e encontra minha orelha. — Não
estou com coragem de tirar meu cacete de você, eu quero minha porra presa aqui. É enfiada na sua
boceta que ela deve ficar, a ideia de desperdiçar meu gozo do lado de fora… — A expirada é barulhenta
— Mas, eu preciso, né? Nós temos uma noite para continuar e minhas outras formas estão ficando
impacientes.
Como uma praga que mata aos poucos, o padre demônio começa a retirar seu pênis. Não
entendo como algo rasga como uma lassim pode doer, mas dói. Eu detesto, é como na mata quando
Martinez me torturava sem me foder, é errado não ter esses putos enfiados em mim. Ligada pelo
instinto, baixo o olhar e admiro seu pau. Sou gatilhada outra vez. Meu tesão grita por atenção. Minha
boceta volta a chorar, com fome e impaciente, desejando ser preenchida de novo. Essa tentação
monstruosa é, como a Bíblia diz, uma fonte de pecado. Desperta luxúria, ganância, gula… A
necessidade de sentir a espessura esfregando nas paredes da vagina. A fome pela sensação estranha das
três ondulações pulsantes criando sensações nunca sentidas. O desespero pela glande com suas quatros
partes inchadas e molhadas… Mãe de Jesus, em que buraco se enfiou a minha vergonha? E meu olhar
permanece grudado. Meu noivo passa a mão por toda sua extensão e segura um gemido no céu da
boca. Vou para frente e procuro contato, mas ele dá um passo para trás e me olha em sinal de alerta.
Retraio e seguro uma bufada. Meus pés estão pendurados e balançam de um lado para outro.
— Você quer provar minha porra de novo?
— Pelo amor de…
— Não preste referência a Ele, Messa. — Toda vez que seus avisos tomam tom de
ameaça, fico com o cu trancado e os pelos arrepiados. — Sua adoração me pertence. Não se esqueça
disso.
— Pelo seu amor, noivo.
— Meu amor é venenoso, Messalina. Não é livre de dor, te deixa fraca e impotente. É como
implorar por tortura. É isso que você quer? É o que você está procurando, hm? Você quer sofrer, não
por martírio, mas por prazer? — É um pesadelo ter o diabo sussurrando verdades no meu ouvido. Mas,
esse é o tipo de pergunta que preciso responder.
— Sim, eu quero. Preciso provar sua porra de novo. Você vai me dar? — Ele quer
honestidade e vou entregar a versão mais crua possível.
— Claro, afinal, ela pertence a você.
Sua mão gira e os dedos médio e anelar me penetram, deslizando pelo melado espesso,
achando espaço em uma boceta desgraçada por uma excitação profana. A umidade facilita a entrada,
mas a esfregada não deixa de ser malvada. Contudo, a intenção de Tomás não é me foder, é recolher seu
esperma de mim. O que não deixa de ser uma delícia.
Um orgasmo espera na raiz do meu clitóris, parado em seu lugar como uma arma carregada
prestes a disparar. Me dê, me dê, eu desejo mais. Tomás me disse não ter poder de ler mentes, mas
gostaria que tivesse e pudesse ouvir o quanto a minha cabeça grita pela oportunidade de gozar. Não
acontece. Seus dedos me abandonam e a tristeza toma conta de mim.
Sou uma mulher pegando fogo e mais uma vez, fora de controle.
Quando os dedos sujos de porra encostam na minha boca, sou pega de surpresa. Dou um
pulinho patético na bancada. Com seu quadril, Tomás me fez ficar presa e parada. Eu espero que ele
fale alguma coisa para aliviar a tensão, mas o infeliz está ocupado em seu ritual impiedoso. Meus lábios
são pintados com seu gozo. Um pouquinho de sabor chega na ponta da minha língua e lágrimas se
acumulam na minha linha d’água. Experimento esse prazer impotente e espero, espero por Tomás e sua
bênção. E que benção, minha Virgem!
É um beijo que apaga todo o sofrimento, choro e inquietação.
Suas mãos procuram meus cabelos. Sua porra chega na minha boca, sendo carregada para
dentro por sua saliva. Eu quero misturar nossos espíritos e tomá-los como vinho. Intoxicar por Tomás,
queimar em sua malignidade. Se pudesse, me poria de joelhos e rezaria para que isso se estendesse para
sempre.
Meu noivo segura minha boca, me trazendo para mais perto e como resposta, levanto as
pernas e entrelaço em seu tronco. A cabeça da rola raspa na minha vulva, logo a espessura esfrega meu
clitóris e gemidos escapam quando seus dentes atacam meus lábios. A foda com língua é um deleite
amaldiçoado. Poderia durar a noite toda, mas não irá.
— Nós precisamos avançar se quisermos seguir com o plano, meu amor. — Ele mantém a
compostura, mas sei que está fodido das ideias também. No entanto, a tranquilidade é bem vinda,
preciso de um adulto responsável para me tirar desse transe.
— Vou aceitar parar porque estou meio doida pelo resto. — Eu me lembro do que vem agora
e surto.
— Também, estou. E meu anjo? Ele está gritando comigo. É melhor atender, ele é um ser
vingativo.
— Você pode me lembrar como é a coisa toda com ele? — Ele me contou em detalhes, mas
nessa altura das coisas, minha memória já não é tão confiável.
— Claro. — Recebo um carinho gostoso na barriga. — Meu pai era um querubim e minha
mãe, uma humana. Alguns anjos entraram nessa atividade peculiar de engravidar humanas e Deus
achou que iria acabar com a putaria mandando o dilúvio, mas o plano não deu muito certo. Veja bem,
eu estou aqui, não estou?
“Meu DNA é metade angélico, mas minha geração foi pecaminosa, maldita. Herdei
características do meu pai, porém só posso acessá-las de uma maneira fragmentada. Querubins são
anjos com uma parte humana, uma de leão, uma de águia e uma bovina. Meu pai as tinha todas ao
mesmo tempo.
Eu, por outro lado, só tenho acesso a fragmentos. Esse é o fragmento humano e ainda tenho o
fragmento de anjo e o fragmento de águia misturado ao de boi. Esse último é a forma que vocês
humanos entendem como demônio e, mutar de humano direto para ela é doloroso. É mais fácil
quando passo pela forma angélica primeiro. Por isso sugeri que essa fosse nossa ordem de encontro.”
— Socorro, eu tinha esquecido que era tanta coisa assim, puta merda. — Pela primeira vez na
noite, ele gargalha. É um som abençoado, sinceramente. — Mas, ok. Voltei a ficar por dentro da
parada.
— Meu anjo é o mais esnobe, uma criatura arrogante. As humilhações dele são mais pesadas.
Também é a forma mais difícil para vocês suportarem, mesmo sendo uma versão deturpada de um
anjo, carrega essência divina e perturba. A gente não vai passar muito tempo com ela.
— Eu deveria estar horrorizada, mas meu grelo tá durinho e minha xana tá pulsando. O
cristianismo vazou de mim mesmo, né?
— Ele não te serve pra nada.
— Isso é muito papo de diabo, Tomás.
— Mas, é verdade, não é?
— Você sabe que é. — Faço um esforço e procuro o restante das informações. Tomás me
explicou tudinho no outro dia e não quero desperdiçar tempo criando a necessidade de repetição. —
Eu me lembrei do resto da coisa toda e prefiro não falar em voz alta. Sei lá, parece que vai estragar a
surpresa.
— Respeito sua decisão, mas preciso recuperar umas coisas importantes, ok? — Concordo
com a cabeça e me esforço para não demonstrar excesso de agitação — A criatura angélica tem um
poder sem igual. Sabe como a sua humanidade reagiu comigo nessa forma? Vai ser pior com ele. Minha
consciência tem controle e sabe manter consenso, mas vou nos levar pros extremos. Você ainda está
bem com isso?
— Eu me lembro, Tomás. Concordei naquele dia e mantenho agora. Consenso total e
entusiasmado, direto de mim para você.
— Certo. Uma última coisa.
— Porra, Tomás. Para de ser ruim comigo!
— Isso é importante, meu amor. Sua paciência vai ser recompensada. — A bufada que
controlei lá atrás, sai. Mas, ele está num momento necessário de coerência, então me aquieto. Tento,
pelo menos. — Você sabe sobre a situação da sua alma. É uma falha, Martinez não consegue ler, eu não
consigo acessar e por isso, não posso reclamá-la de volta caso algo dê errado. Vou tomar todos os
cuidados necessários, só que o risco existe. Você está ciente disso?
A vontade é gritar que sim, porém preciso ser responsável. Repasso as informações na mente
mais de uma vez. Eu sei dos riscos, os entendo e respeito. Mas, necessito dessa experiência. É a única
forma de alcançar minha nova vida e de ter o suporte das forças necessárias para encontrar as respostas
que não tenho.
— Estou ciente e aceito os riscos. Mas e você?
— Também estou ciente e disposto a seguir com eles. — O silêncio impera por uns minutos.
É hora de respirar fundo e ajustar a mente. — Vamos?
— Pra onde? — Tomás estende a mão e eu aceito. Descendo da bancada em um pulo. Ele me
guia e eu, o sigo.
— Para mais perto do inferno.
PA RT E 8
O ANJO
Quantas histórias ouvi sobre essa cabana ao longo da minha vida. Minha mãe repudiava
quando a vó começava com as histórias sobre a cabana abandonada, mas na surdina, ela fazia seu show
ao contar causos macabros e sombrios, nenhum deles envolvia um subsolo.
No encalço de Tomás, desço as escadinhas mal acabadas de madeira. O ranger é tenebroso. O
demônio bate o dedo no interruptor sujo e mal encaixado na parede, e empurra a porta de latão. Espero
por uma masmorra com goteiras e piso de pedra, porém, me deparo com algo muito diferente disso.
Quem diria que o demônio teria uma man cave2? Ou melhor, uma demoncave.
Minha atenção é toda da parede bem à minha frente. Sei que há luzes no chão, pela maneira
que as dezenas de máscaras estão iluminadas, com feixes fortes que vem debaixo e as deixam com um ar
sinistro de filme de terror. São chifres de alturas diferentes, feições e animais em materiais brilhantes,
metálicos e foscos. Chegar nesse espaço é mesmo ficar mais perto do inferno.
— É uma excelente coleção, você não acha?
— Essas máscaras são feitas no inferno? — É muito louco pensar que, talvez, um habitante de
Ruínas faz as peças por encomenda.
— Hm, como posso dizer — Sou abraçada pela cintura e seu queixo descansa no meu ombro
— , elas são feitas por mãos do inferno.
— Então, além de padre, demônio e meu noivo, você tem outros talentos?
— Gosto de indulgir em arte, Messa, meu amor. Sou um renomado artesão infernal.
— Isso é sério? — Sorrio em descrença. Ao me virar, ouso levar a cabeça para os lados e
observar melhor o lugar.
É grande, deve ocupar todo o perímetro de construção da cabana. Porém, somente uma parte
está iluminada. Há mais coisas além do meu alcance que estão escondidas na escuridão. O chão é de
concreto batido e brilhante, e parece estar bem limpo. A parede à minha esquerda está revestida de
madeira de tom quente e há uma televisão enorme de tela plana pendurada bem ao centro. Um sofá,
tapete felpudo, mesinha de centro e livros empilhados no chão formam uma sala de estar rústica e
aconchegante.
Do outro lado, há uma enorme mesa de madeira em L. A parte maior do L está presa a parede
em que estão penduradas as máscaras. Ao lado esquerdo delas, vejo várias ferramentas penduradas. Em
cima da mesa, há alguns alicates, pedaços de madeiras e peças de bijuteria. Agora, meu sorriso carrega
uma vibe: pqp, não é que é verdade?
— Você pode explorar depois, se quiser.
— Sim, depois.
Tomás assume sua expressão estoica que não transmite nada, nenhuma deixa ou uma pista de
qual seu humor. Nossa recém-construída intimidade me proporciona coragem para avançar dois passos
para frente e subir nas pontas dos pés. É instantâneo, meus braços tocam seu pescoço desnudo e é
como encostar em um cabo desencapado. Os tremores são sutis, mas arrepiam os pelos do meu braço e
ouriçam meus cabelos. Encaro sua boca e passo a língua pela linha onde seus lábios se encontram.
Tomás encaixa suas palmas em minha lombar. Força meu corpo para cima e sou obrigada a me
sustentar no extremo das pontinhas dos dedos.
— Eu deixo você entrar… — Mal ouço meu próprio sussurro.
— Não preciso que você deixe.
Os arrepios nascem em reação ao som despido de emoção da sua voz. Pinicações passam a
incomodar ao longo da espinha. Não dói, mas é incômodo. Minhas entranhas são contaminadas por
angústia.
Do nada, as luzes se apagam. Um véu de sombras cai sob os meus olhos. A aflição cresce,
enchendo meu coração de sangue contaminado por sujeira e medo. Queima. Retira vida de dentro dos
meus ossos. Aniquila minha resistência e oblitera meu racional.
Perco o equilíbrio ao me assustar, mas Tomás me sustenta de pé.
— Vou destruir o resto de fé que habita em você. Queimar e transformar em cinzas, eliminar
da sua alma.
“Agora eu sou seu salvador e verdadeiro amor.”
Deus! Eu poderia tentar resistir. Desistir.
Sim, a crença cristã ainda está em mim, incrustada, depois de anos e anos de doutrinação. E a
porra da minha humanidade, criada por deus, oferece constante resistência. É uma luta da minha
natureza contra a minha revolta: o que eu deveria ser guerreando com o que eu quero ser.
Mas, meu álibi dessa noite é Tomás. Mais que isso até. Sim, por hoje, Tomás é meu amor.
— Você precisa fechar os olhos.
Algo de fora desse mundo suga o ar das minhas narinas. Procuro fôlego, ao abrir a boca.
Tomás se afasta e prendo os pés no chão. Ouço a escuridão me chamar, ela repete meu nome como
uma oração amaldiçoada. Há essa coisa, que senti mais cedo que penetra minha pele, se espalhando
pelos meus tecidos. Se atreve para dentro de mim, respirando o oxigênio das minhas células. Meu
interior esquenta.
Odeio estar no escuro, perdida, isolada do que acontece há poucos metros de mim. O
isolamento atrás das minhas pálpebras é como um quarto opaco. Mas, eu sei que não posso perturbar a
ordem. Preciso esperar. Agora eu não lido com um homem, é sobre uma criatura de uma realidade
muito além da minha.
Fogo começa a consumir minhas entranhas. A culpa católica como catalisadora. Minha alma
é violada, desconsagrada. Votos infiéis permeiam minha mente fraca, começo uma oração vazia para
um deus inexistente, imploro para continuar vivendo, para manter minha alma atrelada à minha
existência. É inútil.
Dessa vez, o ataque ao coração é diferente. Um peso cai sobre o meu peito. Enquanto minha
pulsação acelera, aceito que não há como fazer parar. Não há mais nada para queimar. O demônio me
trouxe para o seu inferno. Antes culpa, agora luxúria.
— Não morra ainda, meu amor. — Sua voz me libera do confinamento da escuridão.
Forço o olhar e minhas retinas ardem feito o caralho. É pior que olhar direto para o sol. Outra
vez tento e outra vez falho. Levanto as mãos e procuro olhar entre os dedos. Eles tremem. Tudo treme.
Abro os olhos aos pouquinhos e diminuo o espaço entre os dedos, para evitar observar mais do que
posso suportar. A tremedeira e falta de controle são das mais covardes.
— Olhe para mim, Messalina. Não tenha medo de queimar os olhos.
Inspiro. Expiro. Repito.
Obedeço sua ordem, incapaz de negá-lo. Vejo pouco através dos meus dedos.
Na altura da minha visão está o seu quadril. Mas, não posso vê-lo. Um par de asas
duocromáticas, entre prata e azul, cobrem a região. Caralho, puta que pariu! Travo o olhar nessa parte,
tentando compreender que porra é essa. De certa forma, eu sei que porra é essa, sabia que iria me
deparar com um anjo, mas, ainda assim, é tão surreal, é tão… Tão… Fora deste mundo. Sei que posso
confiar nele, que nada de mal vai ser feito a mim e ainda assim, essa resistência permanece forte. Mais
forte que minha coragem.
Meu espírito está fora de ordem. Meu coração pulsa fora de cadência.
— Admire seu novo Cristo.
Ainda prossigo escondida atrás dessa postura terrível, torta, acuada. Elevo um pouco os olhos
e enxergo sua cintura. A pele reluz o mesmo azul e prateado, mas ainda é possível ver o tom claro de sua
pele humana entre as novas cores. O abdômen está mais definido, expandido. As tatuagens de sua
versão humana decoram seu torso, mas a tinta nada é comparada ao restante. Os desenhos não
impactam de maneira alguma.
A cintura está mais estreita e o tronco mais alto… Sua forma está maior, mas não é nada perto
da sua energia. A densidade energética é insuportável. O espaço parece se deformar e um zumbido
surge no meu ouvido. Não faço ideia de como vou quebrar essa barreira.
Talvez… Dentro da minha mente eu repito “você pode entrar”. Vez atrás de vez, atrás de vez.
Desesperada, tão fraca e impotente. Contudo, quanto mais o convido para entrar, menos o ambiente
me afeta, então, me lembro do que ele disse horas atrás, de que iria precisar de tudo que já dei ao meu
antigo deus. Tento o meu melhor, canalizando fé, esperança, devoção, adoração na direção da criatura
angélica à minha frente.
Outra vez, uma luz azul chama minha atenção, procuro a origem do brilho e de imediato
perco o equilíbrio. Os joelhos batem no chão e a pele se arrasta na textura do concreto. Os arranhões
ardem, só que nenhuma dor pode ser maior que o choque. Um olho, do tamanho da minha palma, ou
ainda maior, está aberto no seu peitoral direito. E a desgrama olha direto para mim. Sou atacada por
sua intensidade, atraída por seu poder.
Enfim, o encaro sem a proteção das mãos.
Percebo que estou chorando quando sinto o sabor salgado na minha língua. As lágrimas
começam a cair. Tento gritar, mas minha voz não sai, apenas soluço, afetada por uma conturbação
abominável.
— Sim, Messa, Sim. — O anjo se aproxima, um passo por vez. Estico a mão para evitar a
aproximação, mas é inútil. Ele encosta suas coxas nela e a força para trás.
Espero ver duas asas saindo de suas costas, mas encontro apenas uma. Meu noivo é um anjo
de uma só. É de um prateado escuro, as penas com uma textura metálica. Elas parecem ser pesadas,
afiadas, letais. Há uma armadura dourada nas suas extremidades e círculos espectrais cor de ouro giram
ao redor da parte mais próxima de seu ombro. Em seu braço direito, pulseiras prateadas giram em
sentidos diferentes. São tantas, que nem posso contar.
— Esse é o seu lugar perfeito. Você fica tão linda assim, caída de joelhos e chorando por mim.
— Por favor! — clamo de forma vazia. Só quero que esse incômodo maldito passe.
— Você pode controlar, Messa, pode fazer perder a força. — Ainda não consegui olhar para
seu rosto. — Não quero precisar mandar, preciso que faça sozinha.
Que porra! Quando aprendo a obedecê-lo, ele me comanda a exercer a caralha do livre-
arbítrio. Mas, se ele diz que tenho poder… Preciso acreditar nas suas palavras.
Procuro alento no olho em seu peito. Não há pálpebra, ele não pisca. O contato intenso e
ininterrupto quase pode me hipnotizar. Foco nisso e começo a negar o efeito da situação em mim. O
anjo é estranho, longe de qualquer coisa que já tenha experimentado na vida, mas exijo que meu
cérebro se vire.
Em humildade, rezo para o olho. Me ajude a conseguir, me ajude a fazer passar. Estou
rezando e pedindo, me mostre como superar, me ilumine, por favor. Me abro para o poder dele,
vulnerável. E ele me atende. Caralho, ele me atende.
Os olhos de Tomás chegam nos meus. Brancos, como tentaram ficar logo quando nos
encontramos. É lindo. É a beleza mais bizarra, fodida e pura já vista por mim. Lágrimas cor de prata
escorrem e iluminam o ambiente como filetes de LED. Há uma auréola flutuando sob sua cabeça, com
chifres metálicos e dourados. Dois círculos de energia orbitam suas costas, o vento do movimento bate
em seus cabelos e os faz esvoaçar.
A angústia quase passa, o caos está um pouco equilibrado. Ainda há algo de muito errado
nesse lugar, os centros de gravidade desregulados e energia demais condensada num ambiente muito
pequeno. Vai ter que dar pro gasto.
Seu toque vem direto no meu esterno. Nas outras vezes, o impacto foi leve e trouxe um
incômodo passageiro. Agora? É uma descarga elétrica potente. Um choque transmitindo energia para a
musculatura e para o coração. O chão treme sob os meus pés.
Uma labareda do tamanho de uma ervilha aparece na pequena faixa elástica entre os meus
seios, assim que ela queima minha pele, o sutiã se parte. Minha parte racional tenta me dizer que o fogo
foi uma ilusão, mas o cheiro de queimado mostra que não.
— Nós não temos muito tempo, Messalina. Sua forma física é fraca e sua humanidade tão
pequena. Você se entregou a um Deus que não tem forças para adorar, muito menos agradar. Você vai
morrer se não fizer por merecer o dom da vida.
— Eu pertenço a você, tudo o que tenho é seu. — Faço a oferenda sem nem pensar a respeito,
as palavras saem pela minha boca em um reflexo instintivo de sobrevivência, como se me oferecer dessa
forma fosse evitar que sua força exorbitante me massacre.
— Tudo? Você vai me oferecer o seu tudo?
A ponta de sua asa enorme e única afaga minhas aréolas. O formigamento se alastra aos
poucos e caminha na direção das minhas costelas. Seu afago é carinhoso e delicado, mas as penas são
afiadas, por onde passam, deixam rastros, arranhões. A pele arde ao abrir, para logo em seguida
ser refrescada pelo suave bater das penas.
— Sim, sim, sim…
— Sua vida está decaindo, noiva, e suas palavras não são o suficiente. Eu preciso de mais, exijo
mais.
Abaixo a cabeça e encaro o chão. Estou tão pronta pra essa porra com esse semi anjo, mas, em
completo despreparo para saber como agir. Preciso pensar para chegar em alguma conclusão, só
que sua presença ainda perturba todo meu fluxo de raciocínio, deixando meu sistema nervoso bugado
e minha cabeça pesada. Ainda há um peso puxando minhas pálpebras para baixo.
O quê eu não nunca dei a deus, que poderia oferecer para Tomás?
Se não posso usar palavras para ganhar sua misericórdia, talvez eu possa usar a única coisa que
me resta para alimentar sua fome por adoração.
— Você está encharcada de medo, Messalina. Te abençoo com minha glória e você me dá o
que em troca? Fraqueza? Angústia? Agonia? Não sou o Deus da sua igreja, o pai da sua congregação,
sacrifícios de martírio não me conquistam, tão pouco me satisfazem. Você não merece ser minha noiva.
— Tomás, por favor… Eu… — Merda! Caralho!
— Quer rezar para alguém como eu e nem pode ordenar as palavras? Sua falta de fé me
ofende.
A asa voa para o alto e me deixa sozinha. Sem seu constante carinho, os choques e o toques
de sua pele em meu esterno, meu pulso diminui. A dormência chega aos poucos. Minha cabeça pesa
para baixo. Seria uma boa hora para chamar o nome do meu boxeador preferido, invocar Mike Tyson e
parar com essa merda. Eu tentei e não consegui, paciência.
Mas… é desonrar tudo que já fiz até aqui. Desde o dia em que saí de casa para investigar a
cabana pela primeira vez. É ofender a Messalina que tomou coragem de procurar seu rumo e encontrar
suas verdades. Ir embora? Jogar a toalha? Não, não, não. Nunca fiz isso numa luta, eu sou uma
lutadora fodida e braba. Preciso continuar. Eu vou continuar.
Na possibilidade da morte, encontro minha salvação.
Baixo as canelas e apoio o peso sobre elas. Ao levantar os braços e fechar os dedos, vou em
direção ao chão, metendo os dois punhos fechados nele.
— Minha morte. — Encaro o olho azul em seu peito e repito — Minha morte, eu te ofereço
minha morte.
A última pena da asa encosta no meu queixo e me faz erguer a cabeça. O branco do olhar de
Tomás encara o tudo e o nada ao mesmo tempo. Seu terceiro olho me estuda com muita atenção. Atrás
de suas costas, os círculos giram mais rápido. Faíscas escapam e seus cabelos esvoaçam ainda mais, por
fim, suas lágrimas prateadas começam a fazer o caminho de volta e preenchem as órbitas.
Quando a sensação de conforto começa a se tornar real, as asas do quadril se abrem. Os
quadríceps reluzindo azul e prata parecem armas moldadas por metal. E de novo, pouco me fodo para
suas tatuagens. As asas são presas em seu quadril por armaduras prateadas que se fundem à pele da
região, ocupando virilha e começo das pernas. Três pulseiras prateadas, como as do braço, orbitam seu
pau onde antes estavam as três ondas. Meu autocontrole vai pra merda. Dar minha morte para Tomás
nessa forma é pouco. É muito pouco. Ele aceitá-la é uma benção impagável.
— Morreria por mim, noiva? — A risada ecoa como trovão. — Vai se oferecer como um
sacrifício submisso e inerte? Vai ficar caída nesse chão esperando sua vida esvair? Não aceito sacrifícios
fracos, Messa. Você morreria aqui de qualquer jeito.
— É mais que só morrer, não é o sacrifício do santo ou escape do aflito. É prazer em me
entregar, de permitir que você me consuma. É a fome da sua puta gananciosa desejando tudo que você
tem para me dar, inclusive a morte. Por favor, tome a minha vida, Tomás.
Por um bom tempo, o silêncio reina.
Diga algo, por favor, diga algo, rezo para o terceiro olho. A oração é respondida com a
criatura comandando suas asas inferiores. A direita vem agraciar minha barriga e a esquerda, minhas
coxas. O descontrole provoca mais tremores e mais choro, mas, dessa vez, eu os aceito. Ergo a cabeça a
Tomás e me entrego. A lateral da asa arrasta no meu clitóris. Uma suave vibração começa e eu rolo os
olhos para trás.
— Minha pobre noiva — As penas dessas asas são mais suaves, delicadas como a seda da
minha calcinha — , você sente prazer em morrer por mim? Tão perturbada, minha Messalina. — A
depreciação deveria ofender, mas não ofende.
Uma pena se projeta para frente e pincela entre meus lábios. O toque é diferente de tudo que
já senti. É tão suave, tão gostoso. As pequenas e constantes descargas elétricas atiçam a pele sensível. A
vibração no meu clitóris é poderosa e meus gemidos são pequenos urros graves e rasgados.
— Sim, eu… — Tomás projeta mais três penas que me penetram. Minha compostura, que já
era patética, vai pra merda com um gemidinho carente e patético.
— É isso, é bem isso! Não quero suas palavras, noiva. Suas verdades estão nos seus gemidos.
Quero ouvir sua excitação, faça seu tesão ser ouvido. Essa é a única oração que irei atender.
As penas me fodem, a sensação é uma doidera. Elas não me preenchem como uma forma
fálica faria, mas atiçam cada pedacinho da minha vagina. As vibrações elétricas são mais suaves, mas
ainda assim criam pulsações e estímulos aterradores. E eu o obedeço, com veemência, gemendo em alto
e bom som.
— Você está amando isso, não está? Ah, Messalina, você estava na religião errada. Se entregou
a um Deus que jamais soube tirar proveito dos seus joelhos no chão.
— Eu aguento mais. — Levo o quadril para trás e para frente, usando os punhos como apoio
para intensificar a meteção.
— Deveria te foder com essa asa. — O membro penado e massivo bate ao alto. — Machucar
sua boceta e testar se você realmente conseguiria tirar prazer do sofrimento e morrer feito uma boa
noiva. Mas, isso te faria sangrar e sacrifícios com sangue são atos de fé para o meu marido.
Ao citar Martinez, Tomás me faz lembrar de como o padre bebeu meu sangue na mata. O
prazer cresce, como um monstro esfomeado. Meu clitóris pulsa, minha boceta chora. Isso, misturado à
possibilidade do demônio me machucar, é demais para lidar. As mãos do Mal fundem ainda mais dor
ao meu prazer.
— Eu preciso que você me machuque, noivo.
— Não confio em você, Messa. Posso sentir seus batimentos, posso me conectar com a sua
alma. Você ainda sente medo, não está com completa fé em mim. Sua vida não aceitou seu destino, ela
tenta fugir de se entregar a mim.
Minha voz fica presa na garganta. Todos os estímulos impedem que eu organize as palavras. É
a visão da criatura e sua forma surreal, é Tomás fazendo do meu corpo um laboratório de sadismo, é o
desespero de saber que eu realmente estou perto de morrer. Entrego o que posso, orações curtas e
confusas em forma de pensamentos para o olho onisciente em seu peito.
— Você de fato crê que pode suportar morrer por mim de forma honrosa? — Suas penas
abandonam minha vagina e a asa que antes me fodia, sobe para minha face e a acaricia com uma
delicadeza que não condiz com seu festival de crueldade. A umidade da minha boceta molha minhas
bochechas. Logo, o sabor da minha excitação chega em meus lábios.
As ondas de prazer colidem no meu interior. Todos os poderes de Tomás se ligam à minha
existência e tomam o controle da minha mente.
— Você precisa suportar, Messa. Sua existência vai te odiar, sua alma vai berrar por socorro.
A morte vai tomar o controle, seu corpo vai ser obrigado a aceitar. Mas, não quero a aceitação somente
da sua carne. Você, seu âmago, seu racional, precisam aceitar. — A gloriosa asa única passa atrás de mim
e acha espaço na minha lombar. Minha espinha faz crack. Os músculos se esticam sobre as escápulas.
Abro a boca e me esforço para respirar. A poça de saliva embaixo da minha língua ameaça sair — Me
prove sua ambição de se extinguir e esse será o lugar da sua morte, meu amor.
— Eu vou, eu vou, eu vou…
— Reze, Messalina. Peça em reza. Quero sua xana derramando devoção por mim. — A outra
asa sai do quadril e impacta meu seio direito, passando de um para o outro. O ardor é parecido com os
tapas que tomei no clitóris.
É hora de rezar um novo tipo de terço.
PA RT E 9
O FOGO
Dor penetra minha pele e polui meu sangue. Ergo o corpo, me jogando para trás e cavalgo as
penas de Tomás como se fossem a rola mais sagrada do universo. As batidas de asa prosseguem e meus
mamilos agradecem. Deixo os gritos e os pedidos por mais escaparem. Imploro sofrimento. Não espero
por piedade ou misericórdia, só quero ser tratada como a melhor fiel de uma religião deturpada e
apodrecida por pecado.
Estou prestes a gritar. Tomás mete mais de sua asa em mim, as diversas penas se espalham e as
cócegas excitam minha vagina. Eu nem sei se em algum momento parei de chorar ou de tremer. Não
faz a mínima diferença. Vou até o fim, entrego minha dedicação e obediência para meu noivo.
— Sua boceta está encharcada, meu amor — Tomás é um filho da puta! Para de me foder
novo. Meu grito não diz absolutamente nada, é uma sequência de “as” em um tom primal que toma o
espaço do subsolo. Como se ele se importasse em me ver sofrendo feito uma cadela. — Olha isso, seu
caldo escorrendo pelas suas coxas. Que sujeira, Messalina, meu caralho — A asa arrasta minha umidade
para lá e para cá, fazendo a maior lambança. Esse padre é um demônio mesmo.
— Esse caldo todo é seu.
— Hm, todo meu? O choro da sua xana masoquista é todo meu?
— Tomás, por favor… — A grande asa percorre a extensão dos meus ombros, cintura e chega
ao meu ventre.
Essa porra me deixa louca, selvagem. Meu abdômen treme e as penas pousam sobre ele, com
pressão o suficiente para arranhar sem cortar a pele. Adoro como ele faz questão de me machucar
respeitando todos os limites. A segurança que sinto em Tomás é enorme, saber que cuida de mim
enquanto me oferece uma experiência tão pesada me deixa ainda mais inebriada.
— No meu grelo, pelo seu amor, noivo, esfrega sua asa no meu grelo.
— Você realmente quer morrer por mim, minha linda? Pedindo pra apanhar no grelo de
novo. Seu Deus não gosta de putinhas imundas, Messa.
— Ele não é meu deus!
— Quem é seu Deus, Messalina?
— Você, Tomás.
Os círculos atrás de suas costas se inclinam para frente e começam a orbitar sua cintura. Eles
giram e giram. A aceleração aumenta a cada milésimo de segundo. Faíscas voltam a ser produzidas e
pipocam no ambiente, como vagalumes brincando pela natureza.
— Repita!
— Você é meu Deus, Tomás. — Suas lágrimas prateadas escorrem pelo canto lacrimal. As
pulseiras em seu pau, vibram. Sua demonstração de excitação é macabra e deliciosa. — Você é meu
noivo e meu novo Deus. — Esse anjo é meu desejo mortal. Vê-lo perder o controle por minha causa é…
Eu nem sei o que é.
— Sim, eu sou. Porra, eu sou!
Começa vermelho, indo para o laranja e amarelo em questão de segundos, as labaredas
seguem, tomando tons de verde e azul turquesa para si, até estabilizarem em um azul arroxeado no
interior e branco no exterior.
— Esse um dia foi o fogo sagrado do Criador, noiva. Quando criado por mim ou queimando
meu corpo é só um fogo maldito qualquer, um pecado que Deus não pôde apagar. Mas, agora? Você o
fez sacro outra vez.
Puta que me pariu! As chamas abraçam o cacete de Tomás. Uma vibração potente ataca meu
clitóris e ao olhar para baixo, vejo meu grelo pegando... A porra do meu grelo está pegando fogo! Eu não
surto, não abro a boca para reclamar, gritar ou xingar, apenas aceito, sei que Tomás não vai me
machucar. Entre encarar a fogueira no meio das minhas pernas e seu pau em brasa, perco a noção da
existência. Não existe nada além desse pacto de fogo.
O nível de insanidade é imensurável. É fodido e é tudo que preciso para chegar no orgasmo.
Eu gozo e estremeço, molhando o chão com o gozo que escorre pela parte interna das coxas. Meus
joelhos vacilam e me preparo para dar com a cara no chão, mas, mãos em chamas vêm por trás de mim
e agarram meus seios, o tranco elétrico me enrijece na hora.
— Minha puta gananciosa fez tão bem — Sua voz vem detrás de mim —, mas o pior ainda
está por vir.
A cabeça do cacete se esfrega nos lábios molhados. Seus dentes grudam no meu ombro e as
asas inferiores ajustam meu quadril ao levar a bunda para trás. O pau entre sóóóó um pouquinho na
minha vagina. O gemido que solto é um de filme pornô, aquele grito agudo desesperado de quem está
prestes a morrer se não levar rola na mesma hora. A desgraça é que essa é minha exata situação.
— Você vai gozar com meu pau flamejante te fodendo, hm, noiva? Você é tão pervertida
assim?
— Me fode, Tomás.
— Você não manda aqui, Messa.
— Eu quero morrer logo de uma vez!
— Você morre quando eu quiser, meu amor.
— Pooor favoooor. — Empino a bunda e um pouco mais do pau me penetra. Quase
comemoro a vitória, mas sua punição é mais rápida.
— Você nunca fica satisfeita, não é? Eu te dou e te dou, e ainda assim, você tenta tomar mais
de mim.
A maldita asa gigantesca passa pela minha cara e arranha minhas bochechas. Pouco depois se
retrai e estapeia minha bunda de baixo para cima. Quando a ponta de sua armadura dourada acaricia
minhas nádegas eu já sei, Tomás decidiu por punição anal. Ela se encaixa no meu ânus e fica ali, como
um delicado plug.
— Eu posso prolongar sua morte. Te deixar a beira de partir desse mundo e te trazer de novo,
vez após vez. Posso te usar pela eternidade se quiser, noiva. Não suporto lidar com ingratidão. — Ele
usa o plug para me provocar, para dar ao meu ânus aquilo que minha vagina deseja. Um verdadeiro
babaca, filho de uma égua.
— Faça, Tomás. Faça o caralho que der na tua cabeça, mas faça metendo em mim.
— Assim, meu amor?
Agora sim, agora eu o vejo como um anjo. Um anjo o qual eu me torno submissa. Retira o
plug anal improvisado e me monta como se fosse sua para usar. E eu sou, graças ao meu novo Deus.
Seu cacete flamejante me fode. O fogo queima e não queima. Meu interior esquenta, mas as
chamas não agridem o tecido, apenas o excita provocando trocas térmicas que vibram por toda a
musculatura. Ser penetrada por Tomás nessa posição e nesse estado é outro nível. Mais cedo eu o
cavalguei e ditei boa parte do ritmo, agora, ele fode como se fosse seu último trabalho no universo.A
pélvis esmaga minha bunda. Bolas batem e fazem barulho. Tap Tap Tap. É adorável de ouvir.
— Me diga Messalina, eu vou ser a razão pela qual você respira ou pela qual você morre?
Espero, com paciência, por sua salvação e ela vem com outro toque no esterno. Meus
batimentos são socos contra minhas costelas. Bate, bate e sinto os sintomas de um enfarte. Começo a
perder a visão e a capacidade de me manter firme. Tomás me segura e continua a meter. Fogo incendeia
meu clitóris mais uma vez e minha boceta é a única parte do meu corpo que se mantém sensível.
— Você quer seu último orgasmo num infarto. — Outro toque. Meu coração dá uma última
pulsada antes de quase estagnar. Minha boca se abre procurando oxigênio. Não consigo mais gemer.
Sei que não vou morrer, mas a coisa é real demais — Ou com taquicardia?
Como se eu tivesse condições de responder.
Balanço a cabeça na tentativa de me comunicar. É inútil. Tomás não pode ler mentes. Não
consigo usar palavras ou movimentos de segurança. Nos meus últimos estalos de consciência, me
lembro do terceiro olho. Rezo para ele e comunico minhas dores.
Mete mais rápido. Mais fundo. Me xinga, me humilha, me desgraça, noivo. Bote mais fogo no
meu grelo, agora. Faça agora. Preciso gozar agora.
— Isso, meu amor. Você nasceu para isso. Para tomar minha rola e morrer por mim.
Nunca na minha vida experimentei algo assim. Nunca caí de joelhos e implorei com tanta
vontade. Nunca rezei com tanta fé e jamais fui atendida com tanta prontidão.
Tomás puxa meu queixo para trás. Seus olhos são humanos. Abro um sorriso do tamanho do
mundo e sou agraciada por lágrimas. Essas não são de desespero ou de angústia. É melancólico, me
sinto em casa. Meu padre morde meu lábio inferior e o puxa, a pele é machucada no arraste, de leve,
com seu toque cruel de carinho.
O fogo começa a me consumir pelos pés. Tomás me prende em um beijo, só que eu mal
consigo mexer minha língua, mas ele não se importa.
— Meu prazer é sua destruição, Messa.
As lâmpadas explodem. A escuridão dura por quase nada. Combustão envelopa minhas
pernas, domina minha cintura, abraça meus seios. Tomás é meu verdadeiro salvador, meu amor
imortal. Em consumação pelo fogo de um deus caído, eu encontro meu ápice. O lugar que tanto
buscava é meu agora. O inferno que Tomás fez para mim.
O cacete pulsa dentro de mim. O fogo se finda. Suas asas se abaixam. Meu noivo cai para trás
e me leva consigo. Caio em seu colo, inerte e fora da realidade. Não enxergo e mal ouço suas palavras.
— Você não sabe o que acabou de fazer por mim, Messa. Jamais vou esquecer disso.
Um beijo chega na minha testa e uma energia é transferida dos seus lábios para a minha
cabeça, ela encontra seu caminho no meu sistema e minhas funções revivem. Meu coração encontra
um ritmo pacífico, gostoso. Tento acordar, mas a tentativa é falha. Não há mais nada para fazer. Caída
em seu colo, aceito a escuridão.
PA RT E 1 0
O DEMÔNIO
O vento esfria minhas canelas, eriçando os pelos da minha bunda e afaga meus cabelos. Faz o
caminho de volta e o ciclo se reinicia, como um ventilador que vai e vem. Neste caso, são as asas do meu
padre-noivo-demônio-anjo.
Giro o pescoço e os estalos se juntam ao som de seus dentes mastigando alguma coisa. Minha
visão ainda está embaçada, o que me faz coçar os olhos e logo um bocejo me faz fechá-los de novo. Que
preguicinha.
— Dormiu bem, meu amor? — Olho ao redor e percebo que estou deitada em um futon3.
— Que horas são? — Reconheço o espaço do subsolo. Tomás estragou a energia elétrica e
somos iluminados por velas. Muito romântico.
— Um pouco depois das duas da manhã.
— Caramba, eu dormi por --
— Por quase três horas. E pra ser sincero, achei que fosse dormir mais. As coisas com o anjo
foram bem intensas e seu coração trabalhou bastante. — Ah sim, quase tive uns cinco infartos hoje.
— Como funciona isso, com o coração? — Levanto o tronco e o encontro em sua gloriosa
nudez. Com a língua, tira as sementes de sua uva verde.
— É um pouco de física com um pouco de poderes angélicos. Não posso criar tempestades de
raios ou incendiar com fogo divino, como meu pai fazia, mas tenho a capacidade de eletrizar e alterar as
moléculas de ar. Meu corpo fica carregado eletricamente e quando encosto em você, te dou os choques
e eles interferem nos seus batimentos cardíacos.
— Ok, certo — Não estou com cabeça pra uma aula de física sobrenatural. — E sobre gostar
de fazer isso? De controlar os batimentos cardíacos. Você me falou sobre isso e topei brincar, mas
fiquei curiosa a respeito.
— Ah, Messalina. É uma grande confusão. — Sua gargalhada é uma delícia de ser ouvida. —
É sobre controle e blasfêmia. Controle, porque convivo com criaturas imortais e almas eternas e a
preciosidade da vida se perde entre nós. Brincando com os corações, eu atiço o medo de morrer e dou
um novo valor à nossa imortalidade. E sobre blasfêmia, porque Deus fez questão de destruir quase toda
a humanidade para se livrar dos filhotes de seus queridos anjos. Não posso criar vida como ele pode,
mas posso profaná-la.
— Isso é… Muito louco. — Minha cabeça ainda está pesada e com certeza esse papo filosófico
não vai rolar agora.
— Sim, é. — Tomás arrasta a bunda pelo futon e vem na minha direção. Em suas mãos está
um pratinho com uvas, pão italiano em fatias e um patê vermelho com verdinhos em cima. — Você
precisa comer e se hidratar. Seria bom descansar mais um pouco também.
— Obrigada. — Sento e coloco o pratinho no meu colo. — O que é isso?
— Patê de tomate com ricota. Essas são ervinhas frescas da horta de Martinez.
— Você é artesão e ele é jardineiro?!
— Hm, acho que jardineiro não seria apropriado. Seu padre vampiro gosta de plantar, colher
e fazer alguns quitutes. Pães também, esse pão foi ele quem fez.
— Isso é sério? — Não queria estar tão incrédula, mas estou.
— Nossos compromissos infernais são pesados, Messalina. Não é bonito, filantrópico ou
limpo. Essas coisas aliviam um pouco, é um vácuo de paz numa realidade feia pra um caralho.
— Qual o trabalho de vocês afin -- — Sou interrompida de novo.
— Nem fodendo. Não vou falar de trabalho no meu dia de folga. Seja obediente, Messa.
Coma e volte a dormir.

Dessa vez, sou acordada por uma secura chata na garganta. Alimentada e bem hidratada, não
sinto a mesma fraqueza e leseira de antes. As velas ainda queimam, mas Tomás não está aqui. Olho para
os lados e nada. Onde meu noivo se enfiou?
A primeira vela se apaga, como reação meus ombros vacilam e respirar se torna um fardo. Em
questão de segundos as velas se apagam, uma a uma. Essa noite tem sido um maldito festival de sustos.
Grudo as unhas no lençol de algodão macio retorcendo-o entre os meus dedos. Quando consigo ficar
de pé, já não posso ver nada, mergulhada em completa ausência de luz.
Há esse som, sinistro, como se um bicho amolasse os cascos no chão. Viro da esquerda para a
direita ao procurar por um ponto de luz sequer e nada. Desço saliva pela garganta, mas a secura
permanece. Meus pés deixam o lençol e tocam o piso frio de concreto, no mesmo momento o arrepio
sobe e corre meu corpo todo em pouquíssimo tempo.
Dessa vez, Tomás nem precisa encostar em mim para meu pulso voltar a ficar uma zona. É o
medo do que pode acontecer misturado a impotência de não poder fazer nada para impedir. Bom,
tecnicamente, eu posso. Só não vou. Nós combinamos isso, que sua última forma me pegaria de
surpresa e na marra. A terceira fragmentação de Tomás é quem pode profanar minha alma de verdade,
quem pode foder com todo o trabalho feito por Martinez.
Quando entendi e aceitei a necessidade de me aliar ao Mal, imaginei que iria me oferecer em
sacrifício. Apenas me entregar sem que nenhuma sedução maligna precisasse ser feita. Porém, comecei
a pensar sobre como a Igreja pregou na minha testa lições sobre o perigo da tentação. O demônio, esse
ser desgraçado, sempre está na espreita te tentando, te testando. Um stalker sedutor. Você precisa
resistir, ser forte e ter fé. Então, pensei: me doar ao demônio? É, sim, profano. Maaas, falhar na minha
tarefa de ser uma boa fiel e cair em sua tentação? Aí sim, caralho. Esse é o tipo de merda em que eu
precisava enfiar meus pés e braços.
Clop. Clop. Clop. Clop.
O som vem da minha frente. Mais perto e mais perto.
Dou alguns passos para trás e caio sentada no futon. Meu cóccix odeia o impacto e um
gemido de dor reverbera. O ambiente é tomado por um rosnado bovino. Capeta! Como uma donzela
em perigo, me arrasto para trás e logo minha programação cristã liga no automático e uma reza se
forma na minha boca chamando por deus, mas é em vão.
— Rezas não vão te salvar, noiva.
— Creio em Deus Pai Todo Poderoso — é uma afronta contra Tomás e o senhor dos exércitos.
Desobedeço os dois ao mesmo tempo e a satisfação se apresenta em contrações na minha vagina.
— Pare com essa porra, Messa — avisa, porém ignoro. O barulho das passadas ficam suaves.
Ele pisa no futon, perto demais. Venha me pegar, meu querido.
— Criador do céu e da terra, creio em Jesus Nosso --
— Só tem um nome que eu preciso ouvir saindo da tua boca, o meu, quando você estiver
gozando por mim.
— Não vou gozar por você, demônio. — Negá-lo é uma injeção de tesão direito no meu peito.
Me afasto até encostar as costas na parede. Não tenho para onde ir, não posso escapar. Nem
desejo escapar. Até agora precisei pedir, mostrar, oferecer, no entanto é a primeira vez na noite que
estarei sob completa dominação. Meu noivo vai me quebrar e me forçar, seja com um sim tirado na
marra ou um não, que insisto em dizer. Sempre quis brincar com isso, ter esse espaço seguro para ser
usada.
A religião me ensinou que o Diabo não nos respeita, que ele invade e possui no mínimo sinal
de fraqueza. Não o meu Diabo, não Tomás. Ele vai me forçar porque eu quero, porque pedi. Esse é o
único tipo de devoção que me interessa.
— Ah, noiva, você sabe que vai, não se atreva a mentir para mim.
— Não vou! E não sou sua noiva. — Mentiras e mais mentiras. É tão bom pecar.
— Seu Deus não gosta de mentiras. Você não é uma boa cristã, é?
Tomás para. Ouço sua respiração acima de mim, o som está um pouco distante, como se
tivesse crescido uns bons centímetros. Será? Se o demônio está maior, todas as suas partes também
cresceram e… Respira, Messalina.
— Sou sim e conheço muito bem suas artimanhas. Você pode até me tentar, mas não vou me
entregar.
— Acha mesmo que não vai se entregar? Isso é tão bonitinho da sua parte, Messa.
— Eu tenho muita fé em Deus.
— A única fé que vejo aqui é a da sua boceta encharcada esperando por mim.
— Minha boceta não está molhada. — Com discrição, desço os dedos para minha vulva e
satanás! A parte de fora está seca, mas assim que puxo meus lábios e coloco um dedo… É um mar de
caldo — Você quer me enganar, não vai funcionar.
— Messalina, você mente tão mal.
— Não estou mentindo, caralho de demônio. — A cada negativa o prazer fica maior. Não
me atrevo a tocar meu clitóris, mas fecho as pernas. Travo os dentes nos lábios, o aperto é uma tortura
deliciosa e não quero gemer, se o fizer, vou estragar o teatro.
— Abra essa porra dessas pernas! — Seu comando ecoa pelo ambiente. Grosso, grave, não
humano. É a voz de uma criatura ruim e possessiva exercendo seu poder. E merda, se não me deixa
louca de tesão.
— Naaum — Esse é o não mais manhoso e patético que já pronunciei na minha vida. Minha
fachada de católica obediente evapora a cada minuto que passa. — Não v-vou fazer nada pa-para você
— Esfrego coxa contra coxa numa tentativa ridícula de conseguir alívio.
A Messalina badass foi pra puta que pariu. A que ficou aqui é nada mais nada menos que
uma gatinha manhosa que se perdeu na submissão e faz zero questão de sair.
— Ah, mas vai. Sou seu noivo e é sua obrigação me obedecer.
— Não posso. E-eu sou fiel a Deus.
— Você já está gemendo por mim, meu amor. Sua xaninha chora só de pensar no meu cacete.
— Para com isso, eu não posso!
— Tô me fodendo. Você vai de qualquer jeito. Sua resistência é mais que inútil. Eu te
comando, eu te possuo. Vou te abrir todinha, Messalina. Sua boca mentirosa, seu cu carente e sua
boceta invejosa.
Um casco toca meu tornozelo. Tomás empurra a parte fendada para baixo e ela age como um
pé de cabra. Com pouquíssima força, consegue separar minhas pernas. Perder o contato do esfrego
esfrega é pura tristeza, preciso acelerar isso, já tive tormento o suficiente para uma noite, quero ser
possuída de uma vez!
— Não, me recuso a ser sua noiva, a ficar toda aberta pra ser usada.
— Você já é, meu amor. Sua recusa e nada são a mesma coisa.
— Não me faça pecar, por favoor. Não posso ir pro inferno. — É tão gostoso fazer esse teatro,
mentir e me fazer de fiel. Estou bêbada desse destilado chamado blasfêmia.
— Não tenha medo, você não vai descer. Vou fazer dessa terra o nosso inferno.
É como uma cobra. A ponta espessa e pesada procura espaço debaixo do meu tornozelo e faz
sua caminhada pelas minhas pernas. Um rabo, um rabo sobe por mim, quando chega no meu joelho
direito, puxa-o para fora num tranco só, belisca a pele e oprime a musculatura, como resposta, reclamo
de dor com gemidos e Tomás, filho de uma puta como é, ri de mim.
Sua forma ainda invisível para mim, assume espaço entre minhas pernas. Acontece rápido
demais, num momento tento ajustar minha respiração, em outro velas se acendem de uma vez só. Subo
as mãos para evitar o impacto da luz, mas Tomás dá um tapa e as baixa na base da ignorância. Me
preparo para reclamar, mas perco a fala ao olhar para frente. Há centímetros de mim, encontro o
demônio.
— Olá, noiva.
PA RT E 1 1
A PROFANAÇÃO
Eu era uma fiel forte. Evitava o errado, resistia e seguia com a minha vida, procurava perdão
quando necessário e cumpria meu papel, contudo, o equilíbrio foi todo pra puta que pariu quando
sucumbi por inteira ao pecado.
Não pude evitar ser atiçada pelas histórias da vó, que se tornaram ainda mais macabras com a
doença eliminando seus filtros. Não pude resistir à vontade de procurar a cabana e de aliviar tensão
com uma porrada de sexo casual. E ainda assim, tentei seguir com a minha vida. Me arrependi, procurei
seguir as regras da igreja. Não adiantou, na verdade, ficou pior. Rompeu alguma coisa aqui na minha
cabeça, cortou o fio que mantinha todo o sistema ligado e como consequência minha alma ficou com
sede daquilo que sempre lhe foi negado e perdi a vontade de ser salva.
“O diabo tem muitas formas”, ouvia dos padres, professores, freiras e até da minha mãe.
Tentações estão em todos os lugares, disfarçadas de diversas maneiras. Essa conversa toda parece ser
verdade e a forma à minha frente, deve ser a mais gostosa de todas.
— Já te disse, não sou sua noiva. — Tento puxar as pernas para fechá-las, mas é impossível
romper com a pressão do seu rabo.
— Sei que isso te foi ensinado, Messalina. Que é preciso resistir, não se entregar ao Mal. Pode
fazer sentido para bons cristãos, mas para você, minha noiva — suas enormes narinas soltam ar. Os
olhos brilham em azul neon, como a luz da sala quando cheguei aqui. É um ponto de luz forte e
sobrenatural. — Não funciona, é pouco. Você quer mais que isso. Sua ganância te corrompeu, uma
vida santa e uma promessa de salvação não te satisfazem. Estou aqui para quebrar isso, mesmo que você
não tenha coragem de dizer sim para mim.
Como homem e anjo, Tomás é mais baixo que Martinez. Mas, como esse boizão? Ele nem
está de pé e é óbvio que passa fácil dos dois metros. E não é só uma questão de altura, é o tamanho, a
largura. A forma física que os marombas da academia dariam todos os seus órgãos para conquistar.
Minha tara por trapézios grandes e densos poderia provocar o apocalipse nesse momento. Os músculos
se unem ao pescoço e formam uma imagem erótica para os meus olhos. Suas costas estão retesadas,
mesmo curvadas para frente. São músculos sobre músculos marcados em sua pele acinzentada e
coberta por uma delicada penugem da mesma cor. No pescoço, porém, há algumas penas de ave do
mesmo duochrome da sua forma angélica com o prata e azul oscilando e criando um efeito ótico
extraordinário.
Não consigo parar de encará-lo e estudá-lo com uma admiração patética, vou dos bíceps
grandiosos para o antebraço ultra vascularizado, passo pelo peitoral imponente e caio em seu
abdômen. A cintura não é fina como os modelos sarados de revista. Não, essa forma de Tomás se
parece muito mais com um strongman. Desde os deltóides bem desenvolvidos até a pequena camada de
gordura que disfarça o six pack. E foda-se abdômen bem marcado, porque esse combo de costas largas,
alta massa muscular e mãos enormes é melhor que qualquer coisa. É um dad body forjado para ser
forte, destruidor e brutal.
Quase me atrevo a descer um pouco mais meus estudos, mas a coragem morre.
— Pode olhar, noiva. Esse cacete é seu, tome sua posse. Com as suas mãos, boca, como quiser.
Eu não me importo.
— Nu-nunca. — Mentira. É tão bom mentir, fingir que não quero, ficar com esse teatro
falso e miserável.
— Sua boca mente, mas essa sua cabecinha suja — As patas dianteiras tocam minha
bochecha. São dedos humanos com unhas de águia, porra! Minhas narinas puxam ar aos pouquinhos.
Mordo os lábios para evitar gemer e vou ainda mais com as costas contra a parede — cria fantasias com
ele, sei que sim. Você quer saber o quão grande é, não quer? Olhar e confirmar que é grande o
suficiente pra te arrombar.
Balanço a cabeça em negativa para em seguida baixar o rosto, porém um de seus dedos sobe
meu queixo. Atrevida, subo o olhar, escondendo a mão direita atrás ao lado do meu quadril. A traidora
coça e queima de vontade de tocar seus chifres. Eles são lindos, de um prateado cromado, com fissuras
assimétricas e tão delicadas. No esquerdo, uma argola o atravessa, como um brinco, pendurado nela,
uma presa grande de um material parecido com marfim. Suas orelhas são uma fofura à parte,
pontiagudas e empinadas.
É tanta informação para absorver com essa forma. Os cabelos estão do mesmo tamanho e
com o mesmo corte, mas mudaram de cor, ostentam um tom chumbo em uma textura ondulada e com
aparência de muito macia. Procuro por sua tatuagem de lua e não a vejo, a pele ao redor dos olhos é
enrugada e os vincos levam ao focinho que se estende alguns centímetros para frente. As narinas se
mexem ao respirar e sua barba se estende para baixo do pescoço. Ao acompanhar os fios, sou distraída
por um brilho dourado vindo dos seus ombros. Olho para o direito e observo as duas grandes e espessas
argolas presas em sua pele, como piercings. Caralho, esse demônio é fascinante e todo meu por essa noite.
Por dias, depois da nossa conversa, imaginei como seria minha postura submissa durante o
sexo. Nós discutimos trocentas coisas, mas Tomás não me trouxe nenhum tipo de pedido em relação a
isso. Quando disse a ele que queria ser forçada, ele me instruiu sobre tudo que precisava saber, na
questão sobre o comportamento, me disse que era algo meu para decidir. Depois de quebrar a cabeça,
decidi deixar fluir.
E acontece, porque minha mente começa a tomar um caminho por conta própria.
Na religião, aprendi que era uma criatura fraca, ainda mais por ser mulher. Para o diabo não
tomar espaço na minha vida seria muito esforço. Ele tentaria, seduziria, como um vagabundo
insistente, por isso seria preciso dizer não com muita convicção. Nunca gostei desse papo. Com o
passar do tempo, tomei coragem para discutir com minha mãe e ela me rechaçou pra um caralho.
Aprendi a ficar quieta e nunca mais falar nada a respeito. Em solidão e silêncio, deixei de acreditar
nisso.
Pensando bem, acho que deixei de crer nessas coisas todas faz um bom tempo. Apenas levei
no automático, covarde demais para romper. Até agora. Com Tomás me provocando, usando suas
artimanhas de demônio sedutor e insistente, faz sentido agir como a vítima indefesa de uma força
maligna e pervertida. Sou uma mulher fraca e de pouca fé que deixará sua crença ser traída pelo Mal.
A vida de pecado me chama.
— Não posso ter teu pau, demônio. É pecado e quero me salvar.
— Sou a única salvação que você precisa, meu amor.
O barulho que toma o ambiente é de uma punheta sendo batida. Mão roçando contra algo
úmido, respiração pesada e pequenos grunhidos angustiados. Não vou olhar, não vou olhar pra Tomás
batendo uma pra mim, inferno!
— Não preciso que olhe, sua boceta me mostra tudo que preciso saber.
Seu rabo desenrola das minhas canelas, tento aproveitar a chance para fechar as pernas e
dificultar a coisa toda, só que Tomás é muito mais rápido. O demônio vem para frente, se joga ao chão
e coloca os joelhos entre as minhas pernas. Minha boceta pulsa, faminta, assim que suas coxas esfregam
nas minhas. É puro músculo e força roçando contra a minha pele.
Com inveja, sua cauda vem pela lateral do meu quadril, a reação automática é a de engolir
saliva e travar o olhar em seus chifres. Se olhar para baixo e namorar a cena, vou perder a compostura e
quero levar esse ato de fiel medrosa e indefesa até o limite da minha resistência. Mas, eu falho.
Desgraça. O rabo e sua textura de chicote se atrevem entre meus lábios e os abre, deixando minha
excitação em forma de caldo exposta. Frágil, como uma bola de cristal. O toque da ponta felpuda é
uma perdição. Se ele me foder com essa porra de rabo agora, vou gozar em quinze segundos.
— Toda vermelha, empapada… Sua boceta fica tão perfeita assim, sonhando em ser usada por
mim. — A cauda vibra e ameaça entrar.
— N-não — Sim.
— Não vou te foder. Agora preciso de você sentada na minha cara.
É como cair em um transe sadista. Tomás sabe que estou doida pra ser fodida na marra, mas
ele vai me torturar, o cretino. Porque ele é isso, um demônio filho da puta.
Com suas mãos massivas, me puxa para cima. Por alguns segundo, fico pendurada, sem
encostar os pés nos chãos. Ele é tão grande! Dois metros e sei lá quanto. Três metros? Eu não sei, eu não
sei de nada nessa porra. Caio sentada em seu peitoral e mal tenho tempo para processar. Asas enormes
de águia se abrem na minha frente, passam por cima de mim e me empurram para cima. Tomás me
recebe em seu corpo com suas patas em meus peitos. As garras afiadas cravam na pele maltratada que já
apanhou um bom tanto das asas de seu anjo. O bastardo ri e as asas me forçam para cima e acabo por
arrastar a xana por seu queixo até chegar em sua boca.
Ele decide ficar calado e agir. A língua é um absurdo de gostosa. Grande, larga e com a ponta
mais fina. É grande o suficiente para me penetrar como um dildo tamanho M. Se a língua é assim,
imagina… Foco, Messalina! Meu noivo passa a língua trazendo meu caldo para sua boca. Sou
saboreada e tomada como um prato precioso. É uma merda, mas resisto ao desejo de cavalgar a língua.
Fecho os olhos e fico parada, me faço de difícil. Fico mais molhada a cada fração de minuto? Sim, claro
que sim. Mas, não quero demonstrar.
— Segure nos meus chifres. — Para de me chupar e exige.
— Eu não posso. Você é o demônio, eu… Eu não posso te --
— Se não fizer isso, eu vou parar, Messalina. E está tão gostoso, hm? Minha língua te
fodendo, tua xaninha pulsando, teu caldinho escorrendo…
Coloco a palma na frente da boca para prender os gemidos. Tomás, o diabo que é, usa as asas
para me empurrar. Vou com as mãos em seus chifres para evitar cair e pronto: ele me tem bem onde
queria. Desgraçado!
As asas de águia me empurram de uma forma que sou obrigada a cavalgar na boca dele. É tão
bom isso! Caio na sua armadilha de tentação e me dedico a aproveitar o prazer crescente, viciada no
deleite de ser chupada contra a minha vontade. O título de puta gananciosa vem me atormentar.
Não resisto a aumentar a pressão nos chifres e a ceder para a cavalgada. Empino a bunda e
ajusto a lombar na ponta da língua de Tomás num ato egoísta de excitação. Quando ele leva a língua
para o meu clitóris e mete a cauda na minha boceta, perco as estribeiras. Aperto mais ainda seus chifres
e seu gemido é abafado pela minha vulva. Os chifres são erógenos? É claro que são.
Nem preciso pensar, começo a masturbar os dois chifres no puro instinto e como resposta,
Tomás crava ainda mais as garras nos meus peitos fazendo a pele aquecer, e tenho certeza que começo a
sangrar. Melhor ainda.
A estadia da cauda na boceta é temporária. Sem anunciar seu plano, Tomás a arrasta para a
entrada do meu cu. Quebrando com o meu papel de boa fiel, arrebito mais a bunda e me ofereço. O
demônio decide continuar a me chupar e não faz nenhum comentário ácido. Molhado e duro, o rabo
procura seu espaço, logo minhas pregas se abrem, aceitando sua espessura. Graças a … sei lá quem, o
rabo não é super grosso.
Meu autocontrole é como uma fruta apodrecendo no chão. O orgasmo é invocado pela
precisão e agilidade da penetração dupla. Meu quadril todo estremece. A pressão interna aumenta e eu
o sinto, crescendo, tomando forma. Porém, Tomás é um arrombado. Nem tenho tempo de reagir
quando me segura pelas coxas e me empurra para cima. Sou girada por cento e oitenta graus, ficando
com a bunda virada para sua boca. A cauda que nunca saiu dela, não pára de me foder. Agora, sou
abraçada pela cintura por seus braços e a asa de águia se recolhe. Tomás me faz rebolar em sua boca e
me fode no cu. Solavanco para frente, caindo com as mãos postadas em sua barriga. Abro a boca e
perco o ar. Esse pau não é deste mundo.
Nunca pirei em pintão. Assistia pornografia e gostava da ideia de uma rola enorme, mas só
nessa fantasia. Sexo é mais que tamanho de rola. Mas, agora? Já fiquei devota desse pau.
A espessura é um absurdo por si só. O comprimento é algo que mal consigo entender. A
musculatura está toda retorcida, formando uma espiral. As três ondulações do homem, que viraram
três pulseiras no anjo, se transformaram em três nós imensos. Um brinquedo ignorante de
pompoarismo. A glande deixou de ter as quatro divisões e agora é uma cabeça normal com uma
camada extra de músculo que a protege e a faz ficar bem arredondada. Não caia de boca ainda, sua
infeliz.
Estendo o olhar para suas coxas. A ignorância do tamanho dos glúteos e quadríceps é surreal.
Quase tão surreal quanto as canelas cobertas por penas tricromáticas que variam do turquesa, ao prata,
ao cobalto.
Espero Tomás vir com alguma provocação sobre o chupar, porém, meu demônio é mais sagaz
que isso e começa a foder o nada ao levar o quadril para cima e para baixo. A visão desse caralho é um
outro nível maldito de tentação. Para me arrebentar mais ainda, meu noivo enfia o rabo mais fundo no
meu cu e usa só a pontinha da língua no meu grelo. Finja que está sendo obrigada.
O devoro. Abro bem a boca e desloco o maxilar o máximo que posso, mas nem com
quinhentas rezas essa trolha vai caber inteira na minha boca. Mas, foda-se porra. Eu sou Messalina, a
fiel pervertida, a Imperatriz do padre vampiro e a puta gananciosa do padre demônio. Não vou arregar.
Tomás crava as unhas na minha bunda. A ardência dos cortes não é nada perto do meia nove.
Afasto a cabeça e beijo a cabeça da sua rola como se fosse sua boca, o gosto do seu pré-gozo é forte,
como um molho caprichado na páprica. Uso duas mãos para masturbar o comprimento e as fecho
bem, deixando o espaço bem apertadinho para agradá-lo e isso, mata sua paciência.
Tomás me empurra e acabo caindo de quatro sobre suas coxas, isso faz seu rabo abandonar
meu ânus. Sou pega pela cintura enquanto se levanta. Fico pendurada, sem controle nenhum sobre o
meu corpo. O demônio grunhe. Sua parte racional vai pra puta que pariu. No comando, está seu
instinto animal.
Ele se aproxima da parede e bota uma palma de cada lado. Usa seu quadril e coxas para me
ajustar e eu fico com a bunda pressionada contra sua rola. Com mais alguns ajustes, meus joelhos
descansam sobre suas coxas e meus pés ficam virados para fora. Minha boceta fica toda aberta. Uma das
mãos puxa meu cabelo e ajeita minha postura. Fico com a bochecha colada na parede e imobilizada,
sem possibilidade alguma de fugir. É perfeito.
O demônio se curva e minha dorsal descansa em seu peito. E é bem assim que quero ficar,
sem condições de impedir. Perdida em um lindo estado de vulnerabilidade. Eu amo. Culpada por cair
em tentação, sou nada mais que excitação herege.
— Você teve que chupar meu cacete, hm? Não conseguiu resistir.
— Eu-eu não queria, você me obrigou. — As palavras entregam resistência, mas minha voz? É
uma manha só.
— Nem precisei forçar, Messa. Você veio mamar meu cacete por vontade própria. — Tomás
lambe toda a lateral do meu pescoço. Sua língua esparrama meu melado em mim. — Eu já te queria
antes, mas agora? Você está na merda, Messalina.
— Não, por favor, não. Eu não posso dar pro demônio.
— Foda-se se você pode ou não. Não é sobre poder ou dever, é sobre querer e sei que você
quer.
— Eu. Não. Quero — recuso entre dentes, só que manter firmeza nas negativas fica
complicado, minha boca quer contar aquilo que minha mente berra em alto bom som: ser fodida
como se o mundo fosse acabar daqui há dez minutos.
— Não? Oh, não, claro que não — A lascívia grita, arranha, bate contra minhas costelas. —
Tão mentirosa. Uma covarde, cadelinha de igreja. Se não quer, o que é isso, hm? — O infeliz me solta.
É teste atrás de teste de paciência nessa merda! Minha angústia é como um explosivo prestes a botar
toda essa farsa pelos ares.
Ágil, Tomás me segura pela cintura e em segundos sou girada para frente, o que
involuntariamente me faz segurá-lo pelos chifres outra vez. O demônio coloca o quadril para frente e,
ao passar as pernas por sua cintura, me divorcio da realidade. Quero choramingar e exigir saber porquê
ele está fazendo isso comigo. Fazer uma cena dramática e exigir misericórdia. Meu resquício de paz vai à
merda no momento em que meu noivo raspa a glande por toda a extensão dos meus lábios, de cima
para baixo. A cabeça provoca, instiga a necessidade de ser comida com brutalidade.
— De novo, Messalina. Se você não me quer, o que é isso?
Sou levada à beira da loucura. A pontinha da cabeça atravessa a entrada da minha vagina.
Mesmo excitada, lubrificada e necessitada, meter ainda é um trampo. Tomás agarra minhas nádegas, as
separa e me puxa para frente. Jogo a cabeça para trás e a bato na parede. A dor da pancada não é nada
comparada ao delírio desse começo de foda.
— Encharcada, noiva. Puta que me pariu. Sua boceta está desesperada por mim. — Me falta
capacidade para responder. Minha língua está mole dentro da boca, então só balanço a cabeça em
negativa.
— Ainda negando? Você vai vir aqui e me dizer o que é isso.
Sou pega pela mandíbula. Tomás descruza minhas pernas e me desce para o chão. Ele parece
ainda maior, seja pela proximidade, pelo desconcerto mental, frustração sexual ou tudo isso junto. As
asas de águia me forçam ainda mais para baixo e sou obrigada a cair de joelhos.
— Prove e me diga o que é.
Sou obrigada a abrir a boca e levá-la para o seu pau. Nem dá mais para fingir que não quero
chupá-lo. No começo da noite, no outro boquete, sofri pelo desejo negado de apreciar meu gosto em
seu caralho. Agora é minha hora de realizar esse desejo.
O engulo, com fome demais para quem se recusa a consentir.
Eu conheço meu gosto, já o provei várias vezes, sozinha ou acompanhada, mas ele nunca foi
tão saboroso quanto agora. O cacete monstruoso é ainda melhor temperado com o sabor da minha
boceta. Sei que preciso tirá-lo da boca e falar alguma coisa, qualquer coisa, no entanto quero ficar aqui
por muito mais tempo. Tomás, por outro lado, ainda tem energia para me martirizar.
— Resposta, Messalina. Me dê uma resposta. — Em um esforço gigantesco, paro com o
boquete. Tá tudo bem, tento me convencer. Já já ele vai te rasgar com esse pinto.
— É o caldo da minha boceta. — Respondo com honestidade dessa vez.
— Você nega, mas sua xana está carente, não está? Chorando por mim, louca por seu noivo.
Ela não se importa com porra nenhuma da igreja. Salvação, paraíso, foda-se. — Sou levantada e
colocada na posição de antes. Cansada, deixo a cabeça cair para frente. Minha testa bate no peitoral do
demônio. Meu noivo afaga o ninho de rato que virou meu cabelo — Ela vai ser minha noiva. — E num
sussurro, completa: — ela vai ser minha puta.
Tomás arrasta a glande pelo meu grelo.
— Você não pode fazer isso, por favor… — Insisto.
— Eu sou um bom noivo, Messalina. Vou te fazer esse favor, te conceder essa benção do
inferno. Você prefere fingir que não pode dizer sim? Quer se passar por uma vítima indefesa do diabo
malvadão? Finja. Vou te fazer minha de qualquer forma. Grite o quanto você quiser.
O demônio balança o quadril e arrasta o cacete entre os lábios inchados.
“Por favor, eu não posso” se repete como uma reza vã.
A cabeça procura espaço. Baixo uma mão, pinço os dedos e os uso para me abrir. Faminta,
minha xana recebe o pau do meu noivo demônio. Toda a zona de emoções do começo da noite me
ataca, mas agora é muito pior. Minha essência vital vibra e por trás da cortina protegendo minha alma,
eu queimo. Meu coração não sabe se para ou se bate até explodir enquanto o pau de Tomás me possui.
O formato de músculos retorcidos é estimulante demais. Os nós raspando na minha boceta pequena
para esse caralho bruto é demais. Tudo é intenso. Excessivo. Poderoso. Ele me toma e possui. E sei que
é mais que uma foda. Meu espírito está mudando, meu âmago se transformando em algo novo.
As asas de águia se abrem e me abraçam pelos ombros. O rabo se levanta e procura meu cu
para fodê-lo de novo. Espero por Tomás e seu dirty talking humilhante, porém ele também parece
perdido em algo maior que nós dois. Concentrado, afetado.
Somos gemidos e barulho de pele contra pele, bolas contra bunda.
É a última vez na noite que meu coração grita por socorro. O mundo ao meu redor começa a
apagar. O calor da humanidade pulsa contra o meu peito. Meu espírito volta a reagir a Tomás do jeito
esquisito que ainda não entendo direito. Meu interior está um verdadeiro caos, o físico e o espiritual
em estado de desespero e regozijo. Há uma poluição nas sensações, como se fossem corrompidas por
uma força externa e maligna.
O que é esse sentimento? É meu novo começo?
Purgo as crenças do meu passado e começo a me curar, neste momento a profanação se revela
em uma realidade agridoce em que essa possessão é toda a ajuda que preciso para continuar.
Tomás se agarra ao meu âmago e a cada estocada, tenta tirá-lo de mim, mas, não consegue.
Não há como conseguir. O puxar e repuxar da alma para fora do meu corpo físico é uma foda por si só.
Ela não vai sair daqui, no entanto a angústia de que talvez vá é uma camada extra de prazer.
— Você vai ser minha noiva, Messa? — Preciso ser forte para falar meu último não antes do
meu pecaminoso sim.
— Eu não posso. Não posso entregar minha alma para o inferno. — Tomás traz a cauda para
o meu grelo. O pobre já apanhou e levou tanto nessa noite… Mas, meu noivo se lembra disso o que faz
a masturbação no clitóris ser sutil e amável. É aquele restinho que faltava para me levar ao ápice.
— Não tem demônio pervertido e gostoso pra te destruir com rola no paraíso, Messa. — Tão
perto, tão perto. A vontade é quebrar o protocolo todo e pedir um não para, me faz gozar. — Diga sim
e você vai chegar neste orgasmo que tá destruindo tua sanidade. Diga sim e eu vou te dar a benção
infernal da minha porra. Diga sim e eu vou arregaçar com a pureza da tua alma.
É isso, não tenho mais força alguma. Nem para negar e nem para continuar fodendo.
— Sim. — Os nós da rola vibram e incham, meu Jesus! — Eu vou ser sua noiva. Eu sou sua,
sua…
Sim. Sim. Sim.
Tão perto! Minha xana pulsa vez atrás de vez. A ponta peluda do rabo acelera a masturbação.
Tomás joga o quadril de uma vez e termina de me empalar. Levo as duas mãos para os seus chifres e
retribuo o favor, os punhetando. As palmas de Tomás batem na parede e ele as usa como apoio para
meter como um touro perdido no tesão.
O gozo vem como uma nota sofrida e dolorida. O êxtase traz pensamentos absurdos os quais
não posso evitar. Meu sim para Tomás passa a significar muito mais. Eu quero esse sim indo além dessa
noite. O quero como meu noivo, meu anjo da guarda, meu diabo tentador.
Com seu gozo preenchendo e aquecendo minha vagina, eu oro. Por favor, não deixe essa noite
acabar. Por favor, deixe Tomás fazer parte da minha vida. Por favor, libere minha alma para que eu
possa… Eu não deveria fazer isso. Mas, penso no olho azul de seu anjo, aquele que ouviu e atendeu
minhas preces. Que seja culpa do orgasmo e da esporrada deliciosa, não tenho nada a perder.
Por favor, libere minha alma para que eu possa dá-la a ele.
PA RT E 1 2
O NOVO ACORDO
A glória vem desse potinho de porcelana cheio de sorvete de maracujá. Sentada sobre a mesa,
observo Tomás devorar um omelete com salada. Não esperava encontrar sorvete no congelador do
demônio, muito menos imaginava o fato de ele manter uma dieta de milhares de calorias, mas sua parte
sobrenatural exige horrores de energia do seu homem. Ele precisa comer muito bem.
— Queria comer mais um potinho, mas nem consigo levar a colher na boca. — Caramba,
estou cansada. Mais que isso, exausta. Acabada. Pronta para dormir por trinta e seis horas seguidas.
— O sorvete não vai evaporar do congelador, você pode comer depois de descansar.
Tomás afasta a cadeira e levanta com seu prato vazio. Fico com a colher enfiada na
boca, cuidando dos seus movimentos. A bermuda curta de moletom preto deixa as coxas tatuadas à
mostra, abraça a bunda definida e ainda marca o pinto. Eu não posso lidar com mais rola agora. Mas, eu
penso nela. Me lembro do festival de pau dessa noite e engulo o sorvete para gelar minha garganta. Esse
fogo precisa se acalmar.
Toda a frustração criada por não ter visto Martinez pelado, começa a se curar. Tomás tem os
dois braços fechados de tatuagens. São todas pretas e não preenchidas, apenas com os contornos bem
marcados. São palavras e símbolos que não reconheço misturados a alguns insetos e aves. No peitoral,
há mapas cosmológicos e astros. Elas harmonizam com as tattoos do ventre e pênis. Nas costas
reconheço um querubim, pela presença das diferentes cabeças e asas enormes. Águia, boi, humano e
leão. Imagino ser o seu jeito de conectar a uma ancestralidade que não pode acessar.
Barulho de prato batendo contra a pia me tira do meu transe. Tomás vem até mim e tira a
colher da minha boca, ficar tão próxima dele gatilha lembranças e me preparo para todo o auê com
eletricidade e coração descontrolado, mas nada acontece. Ele não vai fazer isso fora de contexto,
Messalina. Esse demônio não é um macho escroto.
— Foi mais cansativo do que você esperava? — Seu toque de apenas dois dedos no interior
das minhas coxas é o suficiente para que eu as abra. Já sou uma cadela treinada? Que ótimo para mim.
— Total. Eu sabia que ia ser pesado, mas não tinha como prever as coisas. Mas, o importante
é: eu amei. Amei cada parte, tudinho.
— Estou feliz que sim. Você foi incrível. Maravilhosa.
Merda, também não estou preparada para lidar com elogios.
Seu dedão limpa sorvete do meu queixo e com os olhos cravados nos meus, o enfia na
boca, chupando-o para limpá-lo. Isso não é justo! Estou vestida com um camisetão e boxer dele, mas é
como se estivesse pelada e exposta. Ainda vulnerável, fácil de impactar.
— Você também, padre demônio.
— Hm, eu acho que não gosto disso.
O demônio toma a liberdade de abraçar minha cintura e me puxar para seu colo. E é óbvio
que eu aceito ser pega e carregada. Prendo as pernas em seu tronco e abraço seus ombros largos. Tomás
me ajusta, descansa uma mão na minha lombar, oferecendo suporte para a minha nuca com a outra.
— Não gosta do quê?
— De voltar a ser padre demônio, gostei de ser chamado de noivo. — Prendo o ar no alto das
narinas. Socorro. — Nós poderíamos fazer outro acordo.
— Outro acordo? — Eu nem me recuperei do primeiro.
— Vou te preparar um banho gostoso. Te limpar, massagear e cuidar. Vou te colocar pra
dormir numa cama bem macia e confortável. Você pode ficar por aqui, descansando até Martinez
voltar. — Dentro da minha mente eu já berro sim. — Não precisa mover um músculo se não quiser,
me ofereço pra te servir. Em troca, continuo seu noivo por mais uns dias. — Me preparei para
enfrentar uma batalha com o maligno, mas, para lidar com esse tipo de proposta? Nem um pouco.
— É bom demais para ser verdade. Tem alguma contrapartida? — Sua risada nasalada
responde a pergunta.
— Sim, nós precisamos discutir algumas coisas. A oferta de hospedagem cinco estrelas
continua, mas pode ser estendida para além. — Tomás começa a caminhar na direção do corredor.
— Quando Martinez volta?
— Em três ou quatro dias, essa é a previsão pelo menos. Essas descidas e subidas não têm data
exata.
— E a subida dele tem algo a ver com esse novo acordo? — Minha cabeça pervertida vai
praquele cenário, o que envolve os dois… Os dois ao mesmo tempo.
— Você é muito sabida, Messa. — Chegamos na porta do quarto, só que o padre não a abre,
apenas escora sua coluna nela e me mantém presa em seu colo. — Mas sim, tem a ver com o retorno
dele. Martinez vai ficar putaço com isso aqui. — O filho da puta pressiona o pau na minha virilha. Está
flácido, mas é tentador mesmo assim.
— Por quê? Eu não consigo entender. Martinez é --
— Pense, Messalina. — Ele dá alguns passos para frente e me prende contra a parede. Sua
saliva toca minha orelha. Meu poder de concentração fica fodido. — Ele acabou de te purificar e você
fez o quê? Veio se oferecer para o diabo, deixou ele te profanar. — Ah, sim. Começo a entender onde
Tomás quer chegar.
— Mas, ele é um padre compreensivo, não vai ficar bravo comigo. — A gargalhada de
Tomás toma conta da pequena estrutura da cabana.
— Me diga, ele te fodeu com os olhos brilhando em amarelo ou azul? — Volto para a noite
da mata. Relembro o terror da caçada, os faróis nos olhos de Martinez. Ele me caçou com o laranja no
olhar, mas me fodeu reluzindo azul.
— Azul.
— Você foi fodida pelo padre Martinez. Ele não deixou o vampiro caçador tomar você. Mas,
chegando aqui e te encontrando com a alma profanada por mim? — Seus dentes arranham minha
bochecha enquanto a língua acaricia meus lábios. — Ele vai agir e não vai ser bonito, não vai ser santo e
compreensivo. O vampiro vai castigar a nós dois em um ato de disciplina. — Não pensei ser capaz de
ficar excitada outra vez, mas cá estou.
— Você vai me ajudar a lidar com ele? — sussurro, entregue à fantasia.
— É claro, eu sou seu noivo, não sou?
Não posso voltar atrás, tão pouco quero fazer isso. Cruzei uma linha perigosa e para trás dela,
não há mais nada para mim. Lutar contra é um desserviço.
— Sim, Tomás. Você é meu noivo.
Nosso noivado é selado em um beijo. Não sou mais uma vítima das linhas tortas de Deus. Em
sua língua encontro alento. Em sua saliva encontro adoração. Mordendo os lábios do meu noivo
demônio eu decido, Tomás e Martinez são meu novo sacramento.

FIM
O que vêm aí?
Messalina permitiu que o demônio profanasse sua alma sem pensar nas consequências. Ao
assumir seu noivado com a força do Mal, ela abre mão da purificação feita por seu padre vampiro.
Assim que Martinez subir do inferno e descobrir sua melhor fiel em comunhão com o padre
demônio, precisará dar aos dois uma lição cruel sobre disciplina.
Outras Obras
Trilogia Sacrilégio

Purificai

Wattpad

Vermillion
Hey, cabrite. Espero que você tenha gostado de Profanai, porque eu amei escrever Messalina
sendo fodida até quase morrer pelo padre demônio.
Curtiu a leitura? Eu ficaria grata pra caramba se você deixasse um review na Amazon e nas
suas outras redes sociais. Reviews e indicações fazem a diferença para autores independentes.
Agradecimentos
Nem acredito que estou escrevendo agradecimentos do meu segundo lançamento. Desde
outubro de 2022, quando lancei Purificai, eu tenho vivido uma vida nova. A cada semana são novas
pessoas incríveis virando amigas e leitores novos se tornando cabrites. Então, antes de mais nada,
gostaria de agradecer a cabritada no geral. Seja você das antigas ou de agora, não existe Forlly sem vocês.
E um obrigada especial a cabrita Bru que ouviu meu blah blah blah desconexo sobre Profanai quando
eu ainda nem sabia como esse demonhão seria.
Um obrigada gigante & gostoso para a Ana Cava, que bota as mãos de fada, rainha,
princesa, gostosa nos textos e os transforma. EU AMO SEUS COMENTÁRIOS SURTADOS NO
MEIO DA REVISÃO, AH!
Minha família também merece um agradecimento surtado. Eu perco o foco de tudo
enquanto escrevo, peço pitaco o tempo inteiro, jogo ideia de plot pra cima, fico fixada explicando os
universos que crio... Sem o constante suporte e fé, eu já teria desistido.
E caraio, Purificai foi best-seller em Romance Erótico!! Então, obrigada a todo mundo que lê,
compra, avalia, indica. Vocês me ajudam a viver meu sonho.
Sobre a Autora
Hoje ela gosta de dizer que é uma criatura da noite, mas, já teve muito medo do escuro. Nascida
Maria Beatriz em 1992, se acostumou a ser chamada de Bia. Contudo, desde o ano de 2004, a
criativa de 30 anos se apresenta como Forlly quando o assunto é criar histórias.
Forlly já passou por diversas cores de cabelo, piercings na boca e sonha em ter tatuagens vermelhas
pelas pernas.
É graduada em Física, mas não cai no estereótipo das pessoas de exatas. É escritora de histórias
românticas & eróticas há vários anos, mas desde 2021 colocou na cabeça que iria trabalhar para
produzir e vender seus livros. Agora passa horas sentada no seu cantinho com seus personagens e
trocentas páginas do Notion. Também cria conteúdo de beleza/estilo alternativo para o Instagram
além de editoriais darks de fotografia.
Gosta de defender o prazer pelo prazer, de beber Pepsi com limão e de devorar barras de Talento
com castanha. Junto de seu parceiro e de suas filhotas caninas de quatro patas, ela segue explorando
o universo na busca pela liberdade.
Você pode encontrar Forlly no:

Instagram | Tik Tok | Wattpad


Notas

[←1]
O epiciclo, por definição, é um pequeno círculo formado por um astro em torno de um
ponto imaginário, que descreve, a partir de seu novo ponto, um outro círculo.
[←2]
Uma man cave ou manspace, e menos comumente uma manland ou mantuary é um retiro ou
santuário masculino em uma casa, como uma garagem especialmente equipada, quarto de hóspedes, sala de
mídia, escritório, porão ou casa na árvore.
[←3]
Um futon é um tipo de colchão usado na tradicional cama japonesa. Os futons são baixos,
com cerca de 5 cm de altura, e têm no interior algodão, lã ou material sintético.

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