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PR.0368 Cultivo Da Mandioca Web

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PR.

0368

CULTIVO DA
MANDIOCA
SENAR – ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DO PARANÁ

CONSELHO ADMINISTRATIVO

Presidente: Ágide Meneguette

Membros Titulares
Rosanne Curi Zarattini
Nelson Costa
Darci Piana
Marcos Junior Brambilla

Membros Suplentes
Livaldo Gemin
Robson Mafioletti
Ari Faria Bittencourt
José Amauri Denck

CONSELHO FISCAL

Membros Titulares
Sebastião Olímpio Santaroza
Paulo José Buso Júnior
Carlos Alberto Gabiatto

Membros Suplentes
Ana Thereza da Costa Ribeiro
Ciro Tadeu Alcântara
Aparecido Callegari

Superintendente
Carlos Augusto C. Albuquerque
MÁRIO TAKAHASHI

CULTIVO DA MANDIOCA

CURITIBA
SENAR AR/PR
2023
Depósito legal na CENAGRI, conforme Portaria Interministerial n.164, datada de 22
de julho de 1994 e junto à Fundação Biblioteca Nacional e Centro de Editoração,
Documentação e Informação Técnica do SENAR AR/PR.

Autor: Mário Takahashi


Coordenação técnica: Paulo Roberto Castellem Junior
Coordenação pedagógica: Josimeri Aparecida Grein
Coordenação gráfica: Carlos Manoel Machado Guimarães Filho
Diagramação: Sincronia Design Gráfico Ltda.
Normalização e revisão final: CEDITEC – SENAR AR/PR

Catalogação no Centro de Editoração, Documentação e


Informação Técnica do SENAR AR/PR.

Takahashi, Mário
T136
Cultivo da mandioca [livro eletrônico] / Mário
Takahashi. — Curitiba : SENAR AR/PR, 2023.

37888 kb; PDF.

ISBN 978-65-88733-64-6

1. Mandioca. 2. Mandioca - Cultivo. 3. Mandioca -


Doenças e pragas. I. Título.

CDD: 633.682

Bibliotecária responsável: Luzia G. Kintopp - CRB/9 - 1535

Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, por qualquer meio,
sem a autorização do editor.
IMPRESSO NO BRASIL – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
APRESENTAÇÃO

O SENAR Nacional – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – é uma


instituição prevista na Constituição Federal e criada pela Lei n.o 8.315, de 23/12/1991.
Tem como objetivo a formação profissional e a promoção social do homem do campo
para que ele melhore o resultado do seu trabalho e com isso aumente sua renda e
sua condição social.
No Paraná, o SENAR é administrado pela Federação da Agricultura do Estado
do Paraná (FAEP) e vem respondendo por amplo e diversificado programa de
treinamento.
Todos os cursos ministrados por intermédio do SENAR são coordenados pelos
Sindicatos Rurais e contam com a colaboração de outras instituições governamentais
e particulares, prefeituras municipais, cooperativas e empresas privadas.
O material didático de cada curso levado pelo SENAR é preparado de forma
criteriosa e exclusiva para seu público-alvo, a exemplo deste manual. O intuito não
é outro senão o de assegurar que os benefícios dos treinamentos se consolidem e
se estendam. Afinal, quanto maior o número de trabalhadores e produtores rurais
qualificados, melhor será o resultado para a economia e para a sociedade em geral.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................. 7
1.1 DIFERENCIAÇÃO DOS MERCADOS DE MESA E DE INDÚSTRIA.................................... 9
1.1.1 Mandioca de mesa ou Aipim.............................................................................................. 9
1.1.2 Mandioca para indústria................................................................................................... 10

2. PREÇO............................................................................................................................................ 11

3. CUSTOS DE PRODUÇÃO............................................................................................................. 13

4. PREPARO DO SOLO..................................................................................................................... 15
4.1 DESSECAÇÃO ANTES DO PREPARO................................................................................. 15
4.2 GRADAGEM PESADA............................................................................................................ 16
4.3 CALAGEM................................................................................................................................ 17
4.4 ARAÇÃO.................................................................................................................................. 17
4.5 TERRACEAMENTO................................................................................................................ 18
4.6 GRADAGEM NIVELADORA................................................................................................... 19
4.7 ESCARIFICADOR................................................................................................................... 19
4.8 CULTIVO MÍNIMO OU PLANTIO DIRETO............................................................................ 20

5. ZONEAMENTO DA CULTURA E ÉPOCA DE PLANTIO............................................................ 23


5.1 ZONEAMENTO........................................................................................................................ 23
5.2 ÉPOCAS DE PLANTIO........................................................................................................... 23

6. SELEÇÃO E ARMAZENAGEM DO MATERIAL DE PLANTIO.................................................. 25


6.1 ÉPOCA DE COLETA DAS RAMAS........................................................................................ 25
6.2 CORTE DAS RAMAS.............................................................................................................. 27
6.3 TRANSPORTE DOS FEIXES DE RAMAS............................................................................ 28
6.4 ARMAZENAGEM DAS RAMAS.............................................................................................. 28
6.5 AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE............................................................................................... 30
6.6 QUANTIDADE DE RAMAS PARA PLANTIO......................................................................... 31

7. CALAGEM E ADUBAÇÃO............................................................................................................ 33
7.1 SOLOS..................................................................................................................................... 33
7.1.1 Solos tipos 1 e 2.............................................................................................................. 33
7.1.2 Solos tipo 3...................................................................................................................... 33
7.2 CALAGEM................................................................................................................................ 34
7.3 EXTRAÇÃO DE NUTRIENTES.............................................................................................. 34
7.4 ANÁLISE QUÍMICA E AMOSTRA DE SOLO......................................................................... 35
7.5 RESPOSTAS À ADUBAÇÃO COM NITROGÊNIO............................................................... 35
7.6 RESPOSTAS À ADUBAÇÃO COM FÓSFORO.................................................................... 35
7.7 RESPOSTAS À ADUBAÇÃO COM POTÁSSIO.................................................................... 36
7.8 MICRONUTRIENTES............................................................................................................. 36
7.9 TIPOS DE ADUBO.................................................................................................................. 37
7.10 ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DOS ADUBOS............................................................................ 37
8. POPULAÇÃO DE PLANTAS........................................................................................................ 39

9. PLANTIO......................................................................................................................................... 41
9.1 TAMANHO DA MUDA PARA PLANTIO.................................................................................. 41
9.2 PROFUNDIDADE DE PLANTIO............................................................................................ 42

10.VARIEDADES DE MANDIOCA DE MESA................................................................................... 43


10.1 IPR UPIRA............................................................................................................................. 43
10.2 IPR PIONEIRA....................................................................................................................... 45
10.3 IAC 57670............................................................................................................................... 46
10.4 BRS 396................................................................................................................................. 46
10.5 BRS 399................................................................................................................................. 46
10.6 BRS 429................................................................................................................................. 46

11. CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS...................................................................................... 47


11.1 PERÍODO DE CONTROLE................................................................................................... 47
11.2 PLANTAS DANINHAS PROBLEMÁTICAS......................................................................... 47
11.3 MÉTODOS DE CONTROLE................................................................................................. 47
11.3.1 Controle manual............................................................................................................. 47
11.3.2 Controle com cultivadores a tração animal.................................................................... 48
11.3.3 Controle com cultivador mecânico................................................................................. 48
11.3.4 Controle em função da variedade.................................................................................. 48
11.3.5 Controle por meio de rotação com planta de cobertura................................................. 48
11.3.6 Controle químico por meio de herbicidas...................................................................... 48

12.PRAGAS DA CULTURA................................................................................................................ 51
12.1 LAGARTA MANDAROVÁ...................................................................................................... 51
12.2 PERCEVEJO DE RENDA..................................................................................................... 56
12.3 MOSCA-BRANCA.................................................................................................................. 57
12.4 COCHONILHAS DA PARTE AÉREA.................................................................................... 59
12.5 COCHONILHAS DAS RAÍZES............................................................................................. 61
12.6 MIGDOLUS OU GONGO...................................................................................................... 62
12.7 MOSCA-DO-BROTO............................................................................................................. 63

13.DOENÇAS DA CULTURA............................................................................................................. 65
13.1 BACTERIOSE........................................................................................................................ 65
13.2 ANTRACNOSE...................................................................................................................... 68
13.3 SUPERALONGAMENTO...................................................................................................... 69
13.4 PODRIDÕES RADICULARES.............................................................................................. 72
13.5 OUTRAS DOENÇAS............................................................................................................. 73

14.PODA............................................................................................................................................... 75
15.COLHEITA...................................................................................................................................... 77
16.PROCESSAMENTO....................................................................................................................... 79
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 80
ANEXO ................................................................................................................................................ 83
SENAR AR/PR 7

1. INTRODUÇÃO

A mandioca compõe parte fundamental da alimentação de mais de 700 milhões


de pessoas no mundo, principalmente na região tropical. É também matéria-prima para
uma série de produtos, sejam eles minimamente processados, sejam os quimicamente
modificados.
Afora o consumo diretamente como alimento, as raízes de mandioca são
transformadas em produtos básicos, como é o caso da farinha de mesa e da fécula,
também conhecida como amido ou polvilho doce. A fécula pode ser utilizada nas
indústrias de alimentos e farmacêutica, na fabricação de papel, assim como em
diversas indústrias químicas, após sofrer os mais variados tipos de modificação.
No contexto mundial, em 2021, o maior produtor foi a Nigéria, com 20,02%
da produção, seguido do Congo, Tailândia e Gana. O Brasil posicionou-se como
quinto maior produtor mundial, colaborando com 5,75% da produção (Quadro 1).
Nos países africanos e na América Latina, a cultura foi destinada basicamente para
consumo interno, porém nos países asiáticos o destino foi basicamente a exportação,
principalmente para a Europa e para a China. A maior produtividade foi observada na
Indonésia, com 26,64 t/ha (FAO, 2023).

Quadro 1 – Área colhida, produção e produtividade de raízes de mandioca nos principais produtores mundiais
em 2021.

País Produção (t) Área (ha) Produtividade (t/ha)


Nigéria 63.031.376 9.085.736 6,94
Congo 45.673.454 5.604.580 8,15
Tailândia 30.108.352 1.466.175 20,54
Gana 22.681.510 1.010.050 22,46
Brasil 18.098.115 1.205.829 15,01
Indonésia 17.749.000 666.186 26,64
Outros 117.458.193 8.481.444 13,85
Mundo 314.800.000 27.520.000 11,44

Fonte – Adaptado de FAO, 2023.

No Brasil, na safra 2022/2023, as principais regiões produtoras foram Norte e


Nordeste, com 53,94% da produção (Quadro 2). O Paraná participa com 18,81% da
produção e detém a produtividade de 23,96 t/ha, 59,62% acima da média nacional
(IBGE, 2023).
8 SENAR AR/PR

Quadro 2 – Área, produção e produtividade da mandioca nas principais regiões e estados do Brasil na safra
2022/2023.

Regiões/Estados Área (ha) Produção (t) Produtividade (t/ha)


Norte 423.685 6.161.642 14,59
Pará 285.911 4.053.932 14,20
Amazonas 63.384 720.488 11,48
Acre 23.000 532.059 23,13
Nordeste 383.625 3.599.851 9,49
Bahia 98.695 766.772 7,90
Ceará 57.141 560.249 9,80
Maranhão 55.018 440.241 8,00
Pernambuco 43.550 421.311 9,93
Piauí 41.527 405.718 9,77
Alagoas 40.093 508.652 12,73
Sul 206.634 4.589.597 22,23
Paraná 142.132 3.404.917 23,96
Rio Grande do Sul 47.627 842.953 17,72
Santa Catarina 16.875 341.727 20,34
Sudeste 123.952 2.289.171 18,49
São Paulo 65.804 1.456.284 22,18
Minas Gerais 38.837 547.267 14,10
Centro-Oeste 74.388 1.457.854 19,66
Mato Grosso do Sul 43.834 997.672 22,79
Mato Grosso 17.864 258.812 14,60
Brasil 1.212.284 18.098.115 15,01

Fonte – IBGE, 2023; SEAB/DERAL, 2023.

O núcleo regional com destaque no Paraná é Umuarama, com 36,39% da


produção na safra 2021/2022 e 32,25% em 2022/2023, superando a tradicional região
de Paranavaí (Quadro 3). Em termos de produtividade, o destaque fica para Toledo,
com 29,50 t/ha na safra 2022/2023 (SEAB/DERAL, 2023).
Vale lembrar que os números apresentados não diferenciam mercados de mesa
e indústria, assim como o ciclo do plantio até a colheita. Porém, boa parte da produção
apresentada nos Quadro 2 e 3 é destinada a algum tipo de processamento, seja em
escala artesanal, seja industrial.
Os maiores produtores de mandioca de mesa no Paraná, na safra 2020/2021,
foram os municípios de Cerro Azul, com significativos 25,15% da produção, seguido por
Doutor Ulisses, com 6,05%, ambos localizados no Vale do Ribeira. Também na mesma
SENAR AR/PR 9

safra, os municípios com maiores valores brutos de produção atribuídos à mandioca


foram: Cerro Azul, Umuarama, Cianorte, Araruna e Maria Helena. É importante
destacar o município de Cerro Azul, onde a totalidade da mandioca é destinada ao
consumo de mesa. Nos demais municípios a quase totalidade é destinada à indústria.

Quadro 3 – Área e produção de mandioca nos principais núcleos regionais do Paraná nas safras 2021/2022
e 2022/2023.

Núcleos Regionais Safra 2021/22 Safra 2022/23

Área (ha) Produção (t) Área (ha) Produção (t)


Umuarama 42.000 1.027.000 45.000 1.000.000
Paranavaí 34.000 840.000 42.000 958.000
Campo Mourão 12.000 216.000 14.000 365.000
Maringá 9.000 189.000 9.000 209.000
Curitiba 8.000 162.000 8.000 153.000
Toledo 4.000 102.000 4.000 118.000
Outras regiões 14.000 286.000 14.000 297.000
Paraná 123.000 2.822.000 136.000 3.100.000

Fonte – SEAB/DERAL, 2023.

1.1 DIFERENCIAÇÃO DOS MERCADOS DE MESA E DE INDÚSTRIA

O mercado de raízes tem basicamente dois destinos: para indústrias de


processamento ou para consumo de mesa; nesse caso, a mandioca também é
conhecida como aipim ou também macaxeira.

1.1.1 Mandioca de mesa ou Aipim

Para o consumo da mandioca de mesa os níveis adequados de ácido cianídrico


são de suma importância. Isso pode ser percebido pelo sabor amargo da raiz, quando
consumida crua. Valores inferiores a 100 mg/kg de ácido cianídrico na polpa fresca
são considerados seguros e classificados como mandioca mansa ou doce. Acima
desse valor ela é considerada mandioca brava ou amarga. Cabe ressaltar que todas
as variedades de mandioca contêm ácido cianídrico em maior ou menor quantidade.
Um ponto fundamental para a mandioca de mesa é o cozimento, que é influenciado
por fatores como: condições climáticas, época de colheita, variedade, tratos culturais,
adubação e incidência de pragas e doenças.
10 SENAR AR/PR

O período em que as raízes cozinham ao longo do ano também é um fator muito


importante, pois influenciará o período de comercialização. De maneira geral, no
Paraná, as raízes de mandioca de mesa cozinham melhor no outono-inverno e menos
na primavera-verão.
O consumidor tem preferência por raízes de polpa amarela ou branca, a depender
do hábito alimentar ou da região. Por exemplo, na região Norte do Paraná, há maior
preferência por raízes amarelas, e na região Sul, por raízes brancas.
Nas raízes de polpa amarela a coloração é dada pela presença de carotenos,
compostos que ajudam na síntese da vitamina A e estão relacionados à saúde da
visão. O sabor adocicado não tem relação com os carotenos, mas sim aos teores de
açúcares.
Nas variedades com raízes mais amareladas há maiores teores de carotenoides
com propriedades antioxidantes (ajudam a proteger as células do corpo) e que podem
ser convertidos em vitamina A (betacaroteno), cuja ausência na dieta pode levar a
problemas de anemia e visão. Os carotenoides são pigmentos de coloração vermelha,
alaranjada ou amarelada. Estão naturalmente presentes em raízes, folhas, sementes,
frutas e flores e também podem ser encontrados, embora em menor quantidade, em
alimentos de origem animal, como ovos, carnes e peixes.
Uma indústria crescente é a de processamento mínimo, onde as raízes são
cortadas, lavadas, higienizadas, refrigeradas ou congeladas e embaladas, para
posterior consumo.

1.1.2 Mandioca para indústria

Para a mandioca destinada à indústria não importam os teores de ácido cianídrico,


mas é importante que tenha raízes mais secas e com mais amido. Na fabricação de
farinha é importante que a película externa, mais conhecida como casquinha, seja
mais clara e de fácil descascamento e a entrecasca também seja clara. Na fabricação
de fécula é recomendável que os teores de carotenos sejam baixos e que a casquinha
não proporcione problemas na alvura (brancura) da fécula.
Muitas variedades de mandioca que são destinadas ao processamento industrial
podem ser consumidas cozidas, desde que os teores de ácido cianídrico sejam baixos
ou sem amargor.
SENAR AR/PR 11

2. PREÇO

O preço das raízes de mandioca, à semelhança do que ocorre com outras


culturas agrícolas, oscila ao longo dos anos devido, principalmente, à lei da oferta e
da procura das raízes, da farinha e da fécula. Em muitas situações, o amido de milho
compete diretamente com o amido produzido da mandioca.
Um dos principais fatores que interferem no preço da farinha de mandioca é a
safra de raízes nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, principalmente na Bahia e no
Pará, que são grandes produtores e consumidores.
O preço das raízes destinadas ao processamento industrial de janeiro de 2022 a
abril de 2023 (Figura 1) oscilou em 74,35%. Os maiores valores mensais no Paraná,
foram observados em janeiro e fevereiro de 2023. Na média do período, o preço foi de
R$ 946,88 por tonelada de raízes.
Para a mandioca de mesa o preço observado em Curitiba oscilou em 50%, com
maiores valores de janeiro a abril de 2023. Na média, o preço da mandioca de mesa foi
de R$ 2.578,12 por tonelada, ou R$ 51,56 por caixa de 20 kg. Esse valor foi 172,27%
superior aos observados para a mandioca destinada à indústria (Figura 2).
No caso da mandioca de mesa, além da oferta e da procura, a origem e a
qualidade culinária também contribuem para a variação do preço. Com relação à
qualidade culinária, normalmente nos meses de maior temperatura são observados
os maiores valores, pois nesse período é mais difícil encontrar raízes que estejam
cozinhando.

Figura 1 – Preços médios anuais (R$/t) obtidos pelas raízes de mandioca destinadas à
indústria no Paraná, de janeiro de 2022 a abril de 2023.

1.180 1.196 1.194


1.142
1.050 1.062

929 948
907
876
834 846
820
767
713
686

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr
|---------------------------------------- 2022 ----------------------------------------| |-------- 2023 ---------|

Fonte – Adaptado de CEPEA, 2023.


12 SENAR AR/PR

Figura 2 – Preços médios anuais (R$/t) obtidos pelas raízes de mandioca destinadas ao
consumo de mesa em Curitiba-PR, de janeiro de 2022 a abril de 2023.

3.000 3.000 3.000

2.750 2.750 2.750 2.750 2.750

2.500 2.500 2.500 2.500

2.250 2.250

2.000 2.000

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr

|--------------------------------------- 2022 ---------------------------------------| |------- 2023 -------|

Fonte – Adaptado de CEASA-PR, 2023.


SENAR AR/PR 13

3. CUSTOS DE PRODUÇÃO

Os custos de produção são extremamente variáveis em função de uma série de


fatores, como o tipo de produtor (agricultor familiar ou agricultor empresarial), custo da
terra e sua qualidade e uso mais intenso de insumos.
Os componentes do custo de produção por hectare para lavouras de um ciclo com
8 a 12 meses de idade são descritos no Quadro 4. A operação de colheita consome de
31 a 37% dos custos de produção, devido principalmente à mão de obra.

Quadro 4 – Componentes do custo variável de produção para um hectare de mandioca no sistema convencional
e colheita com um ciclo para uma produtividade estimada de 20 t/ha.

Operação Descrição Unidade Quantidade


Gradagem pesada hora máquina 1,2
Aração hora máquina 1,4
Gradagem niveladora hora máquina 0,8
Preparo do solo Marcação de terraços homem dia 0,2
Confecção de terraços hora máquina 1,0
Aplicação de calcário hora máquina 0,4
Coveamento homem dia 8,0
Aplicação de herbicida hora máquina 0,2
Plantio Preparo das mudas homem dia 3,0
Plantio manual homem dia 3,0
Capina manual homem dia 12,4
Tratos culturais Adubação de cobertura hora máquina 0,1
Aplicação de inseticida hora máquina 0,2
Pessoal homem dia 20,0
Colheita
Frete do transporte das raízes tonelada 20,0
3
Ramas m 5,0
Calcário tonelada 0,8
Adubo fosfatado no sulco kg 165,0
Adubo cobertura de cloreto de
kg 145,0
Insumos potássio
Herbicida pré-emergente litro 2,0
Herbicida pós-emergente litro 0,4
Baculovírus ml 20,7
Inseticida litro 0,1

Fonte – Adaptado de Takahashi e Gonçalo, 2005.


14 SENAR AR/PR

VOCÊ SABIA?

Os coeficientes do custo de produção podem variar de um produtor para outro, princi-


palmente por envolver mão de obra em grande quantidade.
SENAR AR/PR 15

4. PREPARO DO SOLO

Os solos para a cultura da mandioca devem ser bem drenados e descompactados


para evitar problemas de apodrecimento e má formação das raízes. Além de um
solo bem preparado, a mandioca necessita de sistemas de conservação eficientes e
terreno bem nivelado para facilitar as pulverizações, o plantio, o cultivo mecânico e a
colheita semimecanizada.
Os plantios poderão ser bem-sucedidos em áreas anteriormente ocupadas
por pastagem, assim como em áreas após colheita de outras culturas, com bom
aproveitamento dos restos culturais e da adubação residual.
O preparo do solo deve ser iniciado com antecedência, principalmente nas áreas
de pastagem, devido aos intervalos necessários entre as operações.
Nas áreas anteriormente ocupadas por culturas anuais não há necessidade do
preparo do solo com muita antecedência, mas sempre se deve respeitar as melhores
épocas de plantio.
A quantidade e o tipo de operação, assim como os equipamentos a serem
utilizados, dependem do tipo da cultura anterior ou das plantas daninhas existentes
no solo.
A sequência das operações poderá envolver dessecação antes do preparo,
gradagem pesada, calagem, aração, terraceamento e gradagem niveladora. A
escarificação poderá substituir a aração e, dependendo do equipamento, também a
gradagem niveladora, com melhores resultados quando existe compactação do solo.

4.1 DESSECAÇÃO ANTES DO PREPARO

A dessecação com herbicidas em áreas de pastagem anterior ao preparo do solo


é outra prática que pode ser adotada para auxiliar no controle das plantas daninhas,
mas não dispensa o preparo do solo.
16 SENAR AR/PR

4.2 GRADAGEM PESADA

O equipamento utilizado nesse processo é a grade aradora, popularmente


conhecida como grade rome, que varia de tamanho, número e tamanho de discos,
fabricante e modelo.

Figura 3 – Grade aradora ou “rome”.

Fonte – Takahashi, 2023.

A finalidade dessa operação é cortar as plantas daninhas existentes em faixas


estreitas, principalmente em áreas de pastagem, e virá-las para baixo para que venham
a morrer. Normalmente essa operação é executada duas vezes, com intervalo de 15
a 30 dias entre as operações, para que as sementes das plantas daninhas venham
a germinar e sejam posteriormente eliminadas na segunda gradagem, reduzindo a
infestação e o custo com as capinas.
A segunda gradagem deve ser feita, se possível, no sentido transversal da
primeira, sendo necessário cortar as leivas (torrões) em pedaços menores para que
as plantas daninhas morram com maior facilidade.

Figura 4 – Operação de preparo com grade aradora em pastagem


dessecada.

Fonte – Takahashi, 2015.


SENAR AR/PR 17

A gradagem pesada não substitui a aração por ser o corte mais raso e não
conseguir virar para baixo todas as plantas daninhas que poderão atrapalhar o plantio,
assim como compactar o solo. Cada operação consome 1,2 a 2,0 horas máquina/ha,
dependendo do equipamento utilizado.

4.3 CALAGEM

A calagem é uma prática estreitamente relacionada a uma boa amostragem e


análise de solo. Portanto, antes mesmo de iniciar o preparo, a primeira medida a ser
tomada é a retirada das amostras para análise.
A calagem, se possível, deve ser feita metade antes e metade depois da aração,
para melhor aproveitamento e distribuição. Os equipamentos para distribuição podem
ser o tipo cocho de arrasto ou com esparramador tipo caçamba com pás de lanço,
equipamento utilizado também para outras culturas. A incorporação do calcário
somente com a grade niveladora será superficial.
São gastos, normalmente, dependendo do equipamento, até 0,4 hora máquina/
/ha.

4.4 ARAÇÃO

A aração em áreas anteriormente ocupadas por outras culturas é, normalmente,


a primeira operação de preparo do solo e pode ser feita por arados de disco ou de
aiveca.

Figura 5 – Arado de aiveca.

Fonte – Takahashi, 2023.


18 SENAR AR/PR

A finalidade dessa operação é virar a camada superior do solo para baixo a uma
profundidade de 20 a 25 cm, junto com as plantas daninhas e às sementes, para que
estas não venham a germinar, reduzindo a infestação. Também tem a finalidade de
quebrar uma camada mais profunda no solo para melhorar a infiltração de água e
a aeração do solo, principalmente porque a grade aradora não trabalha na mesma
profundidade do que o arado.
Essa operação consome de 1,2 a 2,5 horas máquina/ha, dependendo do trator e
do tamanho do equipamento utilizado.

4.5 TERRACEAMENTO

O terraceamento tem a finalidade de reduzir a velocidade da água da chuva


que não infiltrou e minimizar a erosão hídrica, além de facilitar o alinhamento para o
plantio.
Há vários tipos de terraços que podem ser utilizados na cultura da mandioca,
sendo o mais comum o de base larga por permitir o plantio sobre eles com as
plantadeiras. Na escolha do tipo de terraço, deve-se considerar o tipo de solo e sua
declividade, pois a mandioca oferece pouca proteção ao solo, principalmente nos três
primeiros meses após o plantio.
Nessa operação, dependendo do tipo de terraço e do equipamento, são utilizadas
de 0,6 a 1,5 horas máquina/ha. Terraceadores também poderão ser utilizados.

Figura 6 – Terraço de base larga em área preparada com grade


niveladora e recém-plantada.

Fonte – Takahashi, 2023.


SENAR AR/PR 19

4.6 GRADAGEM NIVELADORA

Essa operação tem por finalidade destorroar (desmanchar os torrões) e nivelar


o terreno, facilitando assim o plantio e as pulverizações. Nas áreas de pastagem, o
tipo de grade niveladora mais utilizada é o de arrasto, por conter discos recortados
na frente e lisos na parte de trás ou recortados em ambas, que cortam melhor as
possíveis sobras de plantas daninhas. Gasta-se nessa operação de 0,5 a 1,0 hora
máquina/ha.

4.7 ESCARIFICADOR

Devido às características bastante diferenciadas do escarificador em relação aos


outros implementos e à forma de revolvimento do solo, a terra preparada com essa
ferramenta apresenta grande capacidade de retenção de água. Porém, o escarificador
é menos adequado em muitas situações para o controle das plantas daninhas, quando
comparado aos arados. Em áreas novas, por exemplo, nas quais há muitas raízes,
rochas e tocos, o escarificador pode ter problemas em relação ao trabalho dos outros
implementos.
A escarificação ajuda a minimizar problemas de compactação do solo a uma
profundidade de 30 a 40 cm. Isso ocorre principalmente em terrenos de rotação com
culturas anuais, assim como em terrenos argilosos ou mal drenados.
A escarificação deve ser a penúltima operação, para evitar o trânsito de máquinas
após sua execução, que poderá provocar nova compactação. Nessa operação é
importante que o terreno esteja destocado e livre de raízes.
As operações de aração e gradagem niveladora poderão ser substituídas pelo
escarificador-destorroador somente, em um consumo aproximado de 2,0 horas
máquina/ha.

VOCÊ SABIA?

O preparo do solo muitas vezes não necessita de todas essas operações, desde que
ele esteja em condições favoráveis para o plantio. Outras combinações podem ser
utilizadas.
20 SENAR AR/PR

Em áreas nas quais anteriormente havia outras culturas o custo do preparo é


menor pela redução do número de operações.

Figura 7 – Passagem de escarificador-destorroador.

Fonte – Takahashi, 2014.

4.8 CULTIVO MÍNIMO OU PLANTIO DIRETO

Outra opção de plantio é o cultivo mínimo ou "plantio direto", feito em cima dos
restos culturais de aveia, milho, sorgo, milheto ou pastagens. Em áreas de pastagem
estabelecidas há muito tempo, o plantio direto tem apresentado algumas dificuldades
com relação ao plantio e desenvolvimento das plantas e raízes. No caso da mandioca
de mesa e, dependendo do tipo de solo, poderá haver maior tortuosidade das raízes,
o que poderá aumentar o descarte no momento do processamento.
Caso o plantio direto seja bem efetuado sobre uma boa cobertura do solo, com a
palhada bem adequada, o manejo inicial do mato poderá ser mais facilitado.
O plantio poderá ser feito em covas abertas manualmente, com plantadeiras que
têm kit para plantio direto ou com sulcadores com disco de corte frontal.

VOCÊ SABIA?

Quanto menos impedimentos houver no solo e mais estruturado ele for, melhor será o
desenvolvimento de raízes, menos tortuosas elas serão, acarretando menores perdas
na comercialização e no processamento da mandioca de mesa.
SENAR AR/PR 21

Figura 8 – Plantio mecanizado direto na palhada de pastagem.

Fonte – Takahashi, 2022.

Figura 9 – Kit para plantio direto mecanizado.

Fonte – Takahashi, 2009.


SENAR AR/PR 23

5. ZONEAMENTO DA CULTURA E ÉPOCA DE PLANTIO

5.1 ZONEAMENTO

O Ministério da Agricultura definiu, em 2020, um novo zoneamento para a cultura


da mandioca no Brasil considerando os riscos climáticos em função do tipo de solo.
Por exemplo, em regiões do Paraná onde tradicionalmente o plantio ocorre no inverno,
entre junho e agosto, o risco é considerado elevado. Portanto, ao optar pelo custeio
agrícola com seguro, é importante verificar com o agente financeiro as épocas de
plantio com menores riscos e melhores coberturas.

5.2 ÉPOCAS DE PLANTIO

A época de plantio é o principal fator para garantir a boa produtividade de raízes,


independentemente da variedade ou de qualquer outra prática cultural que possa ser
adotada. Toda tecnologia de nada adiantará se a lavoura não for plantada em épocas
adequadas. As melhores épocas de plantio estão relacionadas à disponibilidade de
ramas maduras e de boa qualidade e às condições climáticas que favoreçam a boa
brotação e a boa formação de raízes.
No Paraná, o plantio durante o inverno apresenta como vantagens: melhor
controle das plantas daninhas, menor risco de erosão do solo devido às chuvas e,
principalmente, uso de ramas de melhor qualidade com períodos mais curtos de
armazenagem. As desvantagens, em algumas regiões do estado, são: períodos
mais secos, não atendendo às necessidades de umidade do solo para que as mudas
possam brotar, e geadas tardias que poderão queimar os brotos.
No plantio tardio, entre outubro e novembro, existem mais condições de
propagação da bacteriose (doença provocada por bactéria) e maior risco de erosão do
solo provocada pelas chuvas, além do uso de ramas com menos reservas nutricionais
e sujeitas a apodrecimento.
Lavouras plantadas em épocas adequadas e colhidas no primeiro ciclo poderão
ser mais produtivas do que lavouras plantadas fora de época e colhidas com dois ciclos.
O plantio antecipado favorece a formação de maior número de raízes por planta,
independentemente das épocas de colheita. Desta forma, o plantio realizado no
inverno favorece a formação de maior número de raízes tuberosas por planta.

VOCÊ SABIA?

Em lavouras com um ou dois ciclos, os melhores resultados no Paraná podem ser


obtidos quando o plantio ocorre entre junho e setembro.
SENAR AR/PR 25

6. SELEÇÃO E ARMAZENAGEM DO MATERIAL DE PLANTIO

A planta de mandioca propaga-se por meio das ramas, e sua qualidade relaciona-
se diretamente com a brotação, o enraizamento e a resistência a doenças, podendo
acarretar, em uma lavoura, desuniformidade no desenvolvimento inicial das plantas e
redução no número de plantas.
O sucesso de toda lavoura depende de boas sementes, e isso não é diferente
para a mandioca.
As ramas representam em torno de 2% do custo variável de produção em anos
normais e, no máximo, 6% em anos de maior demanda. Por exemplo, no caso do
milho a semente poderá representar 27% do custo variável de produção.

6.1 ÉPOCA DE COLETA DAS RAMAS

As ramas mais indicadas para plantio são colhidas com 8 a 14 meses, no outono
e inverno. Em anos de escassez, podem ser utilizadas ramas de plantas que foram
podadas no primeiro ciclo e que cresceram no segundo ciclo. Ramas de plantas com
dois ciclos de idade, de preferência, não devem ser utilizadas por serem mais lenhosas
e apresentarem maior dificuldade de brotação.
Os cuidados para que sejam obtidas boas ramas se iniciam no verão, com
vistorias prévias da lavoura, no intuito de detectar possíveis doenças que são mais
facilmente percebidas quando as plantas estão com mais folhas. Talhões com doenças
ou com muita mistura de variedades devem ser previamente evitados.
As ramas oriundas de solos mais férteis são melhores, pois originam plantas
mais vigorosas durante o desenvolvimento inicial das lavouras. Portanto, é importante
selecionar as ramas das melhores áreas.
A maturidade da planta para fornecimento das ramas ocorre a partir de maio,
com redução da atividade da planta e queda natural das folhas. A maturação da rama
pode ser verificada pelo aspecto cristalino da medula, que é a porção central da rama,
e pela relação dos diâmetros da medula com o diâmetro da rama, que deve ser de um
para a rama e meio para a medula (porção central).
26 SENAR AR/PR

Figura 10 – Mudas cortadas de diferentes partes da rama.

Fonte – Takahashi, 2023.

O melhor segmento para mudas é o retirado do terço médio da rama para baixo.
As mudas do ponteiro são mais finas e imaturas, e as da base da planta são mais
lenhosas e mais resistentes à seca.

Figura 11 – Porção da planta para retirada das mudas.

Terço médio

Fonte – Takahashi, 2023.


SENAR AR/PR 27

As mudas imaturas ou retiradas do ponteiro das ramas são muito sensíveis à


estiagem, embora em condições ideais de umidade possam brotar com mais rapidez.
Já as mudas mais velhas, da base das ramas, resistem mais à estiagem, porém são
as que mais demoram a brotar.
A maturação das ramas também varia bastante entre as diferentes variedades e
a época em que a lavoura foi plantada.

6.2 CORTE DAS RAMAS

O corte das ramas deve ser feito o mais reto possível e sem ferimentos, evitando
o formato em bisel (corte enviesado), que acarreta muitas perdas na armazenagem e
no plantio. No corte das ramas é importante mais uma seleção com relação às pragas
e doenças e misturas de variedades.

Figura 12 – Ramas cortadas de maneira inadequada em bisel.

Fonte – Takahashi, 2023.

Figura 13 – Ramas cortadas retas, de maneira mais adequada.

Fonte – Takahashi, 2023.


28 SENAR AR/PR

6.3 TRANSPORTE DOS FEIXES DE RAMAS

O feixe das ramas deve ser firme e, quando necessário, deverá ser amarrado
com duas cordas e transportado com o máximo cuidado. A integridade das gemas
ou olhos é de extrema importância, pois é nesse ponto que ocorrerá a brotação. As
ramas com muitos ferimentos aumentam consideravelmente o risco de doenças na
fase inicial da lavoura.

Figura 14 – Enraizamento de
muda cortada em bisel.

Fonte – Takahashi, 2023.

6.4 ARMAZENAGEM DAS RAMAS

A armazenagem das ramas, quando necessária, deve ser feita em local arejado
na lavoura ou no abrigo de árvores, mas evitando sombras excessivas. Em locais
com maior incidência de geadas é conveniente guardá-las sob árvores ou dentro de
bosques, pois a céu aberto há o risco de perdas, mesmo que a pilha de ramas esteja
coberta com palha. Em locais de geadas menos intensas, é possível armazenar as
ramas diretamente na lavoura. Em locais menos sombreados, a cobertura com palha
ou capim seco é fundamental para garantir boa armazenagem.
SENAR AR/PR 29

A cobertura com palha deve ser feita por toda a pilha, pois quando feita somente
na parte superior proporciona pouca proteção. As pilhas, quando bem cobertas com
palha, mantêm a temperatura das ramas mais uniforme e garante melhor conservação.
A posição das ramas na armazenagem influencia a conservação e a manutenção
da viabilidade. Quando armazenadas na posição vertical, as ramas devem ser
emparelhadas para que todas tenham contato com o solo. As ramas também podem
ser armazenadas na posição horizontal, mas sua durabilidade é menor.
A armazenagem das ramas devido à desidratação poderá ocasionar mais falhas
na lavoura. Porém, as plantas originárias de ramas armazenadas normalmente soltam
mais hastes que proporcionam plantas com mais folhas.
A durabilidade das ramas na armazenagem depende da variedade de mandioca.
Esse é um detalhe importante de ser observado.

Figura 15 – Ramas armazenadas na horizontal.

Fonte – Takahashi, 2021.


30 SENAR AR/PR

Figura 16 – Ramas armazenadas na vertical.

Fonte – Takahashi, 2006.

VOCÊ SABIA?

Lonas plásticas devem ser usadas somente em casos de emergência e por curtos
período, para evitar o abafamento e posterior apodrecimento das ramas.

6.5 AVALIAÇÃO DA VIABILIDADE

A avaliação da viabilidade da rama, guardada ou não, poderá ser executada por


meio do teste do canivete. Nela é feito um pequeno corte, e caso a seiva ou o leite flua
rápida e abundantemente, a rama presta para plantio.

Figura 17 – Teste de viabilidade da rama


mostrando a saída da seiva.

Fonte – Takahashi, 2011.


SENAR AR/PR 31

As ramas que passaram por geadas e estão intactas por fora podem internamente
estar com as células rompidas, tornando a seiva mais rala, e podem comprometer a
brotação e o vigor das mudas.

Figura 18 – Lavoura após ocorrência de geada.

Fonte – Takahashi, 2011.

6.6 QUANTIDADE DE RAMAS PARA PLANTIO

A quantidade de ramas para plantio sofre influência da variedade (ramificada ou


ereta), da duração da armazenagem das ramas, do espaçamento entre as plantas e
do tamanho da muda.
As variedades mais ramificadas tendem a necessitar de mais ramas em função
das perdas que ocorrem no momento da seleção. Os feixes das variedades ramificadas
têm menos ramas que as variedades mais retas, devido aos espaços vazios quando
emparelhadas e empilhadas.
Na armazenagem das ramas estimam-se perdas de 20% durante o processo.
Com isso, é importante que a quantidade inicial de ramas na armazenagem seja
superior à necessária para o plantio.
O número de plantas que será adotado na lavoura também alterará a quantidade
de ramas utilizadas. Por exemplo, no espaçamento de 1,0 metro por 1,0 metro, o
número de plantas por hectare será de 10.000 plantas, e se for de 1,0 metro por
0,7 metro, o número de plantas por hectare será de 14.285, diferença de 4.285 plantas.
32 SENAR AR/PR

Como média, pode-se adotar que a taxa mínima de multiplicação da mandioca


é de um para quatro, ou seja, de um hectare de mandioca é possível plantar quatro
hectares. Caso as ramas tenham bom padrão, essa taxa de multiplicação poderá ser
de até um para dez.

VOCÊ SABIA?

A quantidade de ramas para o plantio é de 5 a 6 m3/ha, mas dependerá do espaça-


mento.
SENAR AR/PR 33

7. CALAGEM E ADUBAÇÃO

7.1 SOLOS

Um solo que permita bom desenvolvimento e forneça água e nutrientes é importante


para qualquer cultura agrícola. Para a cultura da mandioca, as características do solo
e sua condição assumem ainda mais importância, pois a porção mais importante da
planta são as raízes. O tipo de solo, sua fertilidade e seu estado com relação aos
problemas como compactação e erosão são fundamentais para que se tenha boa
produtividade.
Segundo o Ministério da Agricultura, de maneira geral é possível dividir os solos
em: tipo 1, com 10 a 15% de argila; tipo 2, com 16 a 35% de argila; e tipo 3, com
mais de 35% de argila, cada qual com características que favorecem ou dificultam a
condução da cultura.

7.1.1 Solos tipos 1 e 2

Nos solos dos tipos 1 e 2 os teores de fósforo, cálcio, magnésio e potássio


normalmente são mais baixos que nos solos tipo 3. Algumas áreas também podem
apresentar baixos teores de micronutrientes, principalmente zinco e boro. Devido
à menor capacidade de retenção dos nutrientes, as perdas por lixiviação são mais
acentuadas.
O preparo do solo e a colheita são mais fáceis nesses tipos de solo, porém a
perda de água e problemas com erosão, além de possíveis problemas causados por
estiagens prolongadas, são mais acentuados.
O comprimento das raízes tuberosas costuma ser maior e normalmente elas
crescem mais uniformes e menos tortuosas.

7.1.2 Solos tipo 3

Os solos argilosos, de maneira geral, são mais férteis e em algumas situações


até dispensam a adubação para o cultivo da mandioca e propiciam um crescimento
mais intenso da parte aérea.
Normalmente os teores de cálcio, magnésio, potássio e micronutrientes são
suficientes para a cultura nesse tipo de solo, mas há situações em que é necessária
adubação. As perdas de água são mais lentas, e os problemas com estiagem são
menores. Devido à maior capacidade de retenção, as perdas por lixiviação (lavagem do
solo com transporte de nutrientes para camadas mais profundas) de alguns nutrientes
são menores.
34 SENAR AR/PR

Os solos do tipo 3 compactam-se com maior facilidade em relação aos arenosos,


além de representarem maior dificuldade para o preparo do solo e a colheita. As raízes
costumam ser mais tortuosas e, no caso da mandioca de mesa, poderão proporcionar
maiores perdas principalmente no processamento para atender ao padrão de formato.

7.2 CALAGEM

A calagem ou aplicação de calcário está associada basicamente à correção do


pH. Essa prática aumenta a disponibilidade e o aproveitamento de vários nutrientes.
Também eleva a atividade dos microrganismos do solo, além do fornecimento de cálcio
e magnésio, que são importantes para a mandioca, mas são exigidos em menores
quantidades em comparação com o nitrogênio, o fósforo e o potássio.
A utilização de doses excessivas de calcário, associada a má distribuição,
poderá diminuir a disponibilidade de outros nutrientes, como potássio, fósforo, zinco e
manganês, além de estimular alguns tipos de podridão radicular.
Nos solos arenosos, a necessidade de calagem é menor que nos argilosos, e a
melhor maneira de constatar isso é por meio da análise de solo.
A antecedência de dois a três meses na aplicação de calcário é de suma
importância para possibilitar a reação química com o solo. Cabe lembrar que essa
reação também depende da umidade do solo.
Na recomendação da calagem é importante o auxílio de um técnico para
interpretar adequadamente os resultados da análise de solo.
Para fins técnicos, a saturação por bases para a mandioca é de 50%.

ATENÇÃO

Na recomendação da calagem é importante o auxílio de um técnico para inter-


pretar adequadamente os resultados da análise de solo.

7.3 EXTRAÇÃO DE NUTRIENTES

Assim como qualquer outra cultura, a mandioca extrai nutrientes do solo, que se
não for corretamente adubado ao longo do tempo esgota a fertilidade do terreno. A
diferença em relação às outras culturas é sua eficiência em produzir, mesmo em áreas
já bastante esgotadas de nutrientes.
A mandioca também tem um aliado na absorção de nutrientes, localizado nas
raízes chamadas de micorrizas, que são fungos microscópicos que se aproveitam dos
nutrientes da planta e, ao mesmo tempo, ajudam-na a absorver tais nutrientes do solo.
SENAR AR/PR 35

A extração de nutrientes pela mandioca é elevada principalmente se for


considerada a retirada das raízes e das ramas da lavoura. Porém, ao longo do
desenvolvimento das plantas, muitas folhas caem e auxiliam na ciclagem de nutrientes.
Na colheita, parte das ramas poderão retornar ao solo, reduzindo a extração.

7.4 ANÁLISE QUÍMICA E AMOSTRA DE SOLO

As respostas à adubação dependem dos teores iniciais no solo, que podem ser
visualizados por meio de uma análise química. Essa análise de solo tem baixo custo e
é um recurso muito importante para conhecer melhor a fertilidade do terreno.
A coleta das amostras de solo para análise é muito importante, pois dependendo
do critério adotado, poderão surgir muitas variações. Outro aspecto importante é a
divisão do terreno em áreas homogêneas para aperfeiçoar a adubação, o espaçamento
e a variedade a ser utilizada.

7.5 RESPOSTAS À ADUBAÇÃO COM NITROGÊNIO

A mandioca requer grandes quantidades de nitrogênio para sua produção.


As melhores respostas à adubação com nitrogênio no Paraná ocorreram com
aplicações próximas a 40 kg/ha.
Em solos de elevada fertilidade, a adubação nitrogenada pode promover maior
crescimento da parte aérea em detrimento das raízes. A adubação nitrogenada não é
bem monitorada pela análise de solo.
Como a falta de nitrogênio é facilmente percebida nas plantas pelo amarelecimento
das folhas após a formação inicial das raízes, é conveniente sua aplicação em
cobertura somente quando surgirem deficiências.

7.6 RESPOSTAS À ADUBAÇÃO COM FÓSFORO

O fósforo é o nutriente que mais proporciona respostas para a mandioca, quando


aplicado na adubação, na dependência dos teores iniciais presentes no solo.
As maiores respostas na adubação com fósforo ocorrem em solos com teores
muito baixos, normalmente mais arenosos. Para solos com teores mais altos de
fósforo, normalmente mais argilosos, as respostas à adubação possivelmente serão
menores.
Lavouras de mandioca em solos com teor alto de fósforo sem adubação terão
seus níveis reduzidos em função da extração efetuada pelas plantas, havendo a
necessidade de reposição para a próxima cultura.
36 SENAR AR/PR

Resultados de pesquisa indicam que é possível obter respostas à aplicação de


fósforo da ordem de 40% na produtividade.
Alguns laboratórios, principalmente os localizados em São Paulo, utilizam outro
método de análise, conhecido como método da resina, em que a recomendação de
adubação será diferente. É importante que o técnico saiba em que laboratório ele foi
feito ou qual foi o método utilizado na análise do solo.

7.7 RESPOSTAS À ADUBAÇÃO COM POTÁSSIO

Com a intensificação do cultivo da mandioca em algumas regiões, as respostas


à aplicação de potássio têm aumentado, mas também dependem dos teores iniciais
presentes no solo. Quanto menores os teores de potássio, maiores são as possibilidades
de resposta à adubação. Resultados de pesquisa indicam que é possível obter 30%
de acréscimo de produtividade quando da aplicação de potássio. As respostas ao
potássio serão melhores se os teores de cálcio e magnésio não forem muito baixos.
O potássio, em solos mais arenosos, é facilmente perdido por lixiviação, sendo
importante a aplicação parcelada e em cobertura.
Da mesma forma que o fósforo, nos laboratórios de São Paulo o potássio é
analisado pelo método da resina. Para tanto, as recomendações serão diferentes.
Novamente, cabe ao técnico responsável a orientação na aplicação.

7.8 MICRONUTRIENTES

Os micronutrientes são extraídos em menores quantidades, mas têm grande


importância para atingir boas produções. Porém, existem poucas informações a
respeito das respostas à aplicação destes, em conjunto com a adubação convencional.
Em algumas situações é interessante o uso de formulados que contenham zinco,
cobre, boro e manganês.
Em áreas que receberam calagem em excesso é possível que ocorram problemas
com deficiência de zinco.
As recomendações para a aplicação de micronutrientes também devem ser feitas
por técnicos, principalmente pelo risco de danos às plantas na aplicação em excesso.
SENAR AR/PR 37

7.9 TIPOS DE ADUBO

Os adubos para a cultura da mandioca podem ser os mais variados possíveis,


sejam os formulados, sejam os de elementos simples.
No caso do fósforo, poderão ser usadas fontes mais solúveis, como o superfosfato
simples, que também contém enxofre e cálcio. Os termofosfatos que contém cálcio,
magnésio, cobre, zinco, boro e manganês e os fosfatos reativos, que são adubos
formulados, também poderão ser utilizados.
Na adubação em cobertura com nitrogênio, deve-se evitar o uso de ureia,
principalmente em solos arenosos, devido às perdas para o ar e por lixiviação.
A fonte principal do potássio é cloreto de potássio (KCℓ), que está presente na
maioria dos adubos formulados. Este, se aplicado em excesso no sulco de plantio,
poderá promover a desidratação das mudas.
Um aspecto importante a ser observado são os teores ou a pontuação de
nutrientes em cada tipo de adubo, para uma correta análise do melhor custo-benefício.

7.10 ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DOS ADUBOS

A época de aplicação dos adubos também é um aspecto importante e está


relacionado ao nutriente aplicado, ao tipo de adubo e ao tipo de solo.
No caso do fósforo, devido à baixa mobilidade, a profundidade de aplicação é um
fator importante, seja aplicado a lanço e incorporado, seja no sulco de plantio, tanto
em solos argilosos como arenosos.
O nitrogênio e o potássio podem ser aplicados totalmente em cobertura após
formação do sistema radicular das plantas, dependendo da análise e do tipo de solo.
Essa cobertura poderá ser feita de 40 a 60 dias após a brotação das mudas e, conforme
a quantidade, poderá ser parcelada. O potássio e o nitrogênio em solos arenosos se
perdem com grande facilidade por lixiviação.
Em solos arenosos e em lavouras que serão colhidas com dois ciclos, pode-se
optar por parcelar o potássio, metade aos 60 dias após a brotação e a outra metade,
em cobertura, após a poda.

ATENÇÃO

A adubação e a correção do solo deverão ser feitas mediante análise de solo e reco-
mendações por técnico capacitado.
SENAR AR/PR 39

8. POPULAÇÃO DE PLANTAS

A população de plantas, ou o número de plantas por área, é um fator de manejo


da lavoura que pode interferir muito na produtividade das raízes, pois relaciona-se
diretamente ao melhor aproveitamento de luz pelas plantas. A melhor população
também está relacionada com a variedade de mandioca, a fertilidade do solo e a
armazenagem das ramas.
As variedades apresentam a parte aérea ereta ou ramificada, e as raízes podem
ser compridas ou curtas. As variedades de parte aérea ereta podem ser plantadas
em menores espaçamentos, ao passo que as variedades que ramificam normalmente
devem ser plantadas em maiores distâncias. Esse aspecto da variedade relaciona-se
diretamente com a fertilidade do terreno, ou seja, em terrenos mais férteis o plantio
das mudas deverá ser mais espaçado, exatamente ao contrário de uma lavoura de
milho.
Lavouras mais adensadas (com mais plantas por área), embora possam obter
maior produtividade, poderão apresentar raízes de tamanho reduzido e menor valor
comercial. Em contrapartida, as raízes de lavouras menos densas apresentam maior
desenvolvimento das plantas, proporcionando maior qualidade comercial.
Para as lavouras de mandioca de mesa, as densidades ao redor de 10.000
plantas/ha (1,0 m x 1,0 m) podem proporcionar maior número de raízes comerciais,
embora reduzam a produtividade e a competição com as plantas daninhas.
Em plantios manuais, a abertura das covas poderá ser feita no arranjo mais
quadrado, pois proporciona melhor aproveitamento da luz pelas plantas, por exemplo,
0,9 m x 0,9 m (12.345 plantas/ha) ou 0,8 m x 0,8 m (15.625 plantas/ha).
SENAR AR/PR 41

9. PLANTIO

O plantio das ramas de mandioca pode ser feito manualmente ou com plantadeiras.
Nas plantadeiras disponíveis no mercado atual, o corte das ramas é feito por
meio do encontro de duas lâminas, sendo elas máquinas simples, leve e de fácil
manutenção. A colocação é de apenas uma rama por vez por operador, e dificilmente
ocorrem falhas na lavoura, caso elas sejam de boa qualidade.
No mercado existem basicamente dois padrões de plantadeira para o tamanho
das mudas, ao redor de 13 cm com quatro facas e a de 18 cm com três facas. O peso
de plantadeira com duas linhas de plantio, sem contar os dois operários e as ramas,
pesa aproximadamente 520 kg. Existem variações no peso e no preço, em função do
fabricante, dos acessórios presentes e do número de linhas para plantio. No mercado
atualmente existem plantadeiras de uma até quatro linhas de plantio, inclusive com a
opção de tração animal (uma linha de plantio). A capacidade de plantio está ao redor
de cinco hectares por dia para uma plantadeira de duas linhas.
A maioria dos modelos das plantadeiras tem caixa de distribuição de adubo
granulado, sendo importante que esta seja independente da regulagem do
espaçamento. Kits para plantio direto já estão disponíveis no mercado, com grandes
variações nas características e na qualidade, em função dos fabricantes.

9.1 TAMANHO DA MUDA PARA PLANTIO

O tamanho da muda para plantio está intimamente relacionado ao vigor da rama


e ao número de gemas.
Pesquisas têm demonstrado que não há necessidade de as mudas terem mais
que 20 cm de comprimento. Se elas tiverem entre 15 e 20 cm, proporcionarão bons
resultados.
No plantio mecanizado, os kits disponíveis cortam as mudas de 13 a 18 cm.
Em caso de problemas que afetem a brotação das mudas, como nos períodos de
estiagem, as mudas com maior tamanho proporcionarão menores falhas na lavoura.
42 SENAR AR/PR

Um diâmetro médio total de 2 cm é recomendado, com uma proporção conforme


a figura a seguir.

Figura 19 – Diâmetro da muda de mandioca.

Fonte – Takahashi, 2015.

9.2 PROFUNDIDADE DE PLANTIO

A profundidade de plantio das mudas pode variar entre 5 e 10 cm. Com o


aumento da profundidade, dificulta-se colheita, principalmente se ela for toda efetuada
manualmente.
A brotação das mudas é mais rápida em plantios mais rasos, mas está mais sujeita
a perdas em caso de estiagem. Em locais sujeitos a rajadas de vento, é conveniente
o plantio mais profundo, em torno de 10 cm.
A profundidade de plantio afeta a profundidade das raízes tuberosas, mas está
estreitamente relacionada às características da variedade plantada.
SENAR AR/PR 43

10. VARIEDADES DE MANDIOCA DE MESA

Um detalhe já frisado é que a mandioca de mesa destinada para consumo


(aipim) devem ser doces, com reduzido teor de ácido cianídrico. Fato é que todas as
variedades bravas são destinadas ao processamento industrial. Da mesma forma, as
mandiocas de mesa poderão ser destinados ao processamento industrial, desde que
tenham bom teor de amido e não sejam amareladas. Exceção é feita aos estados da
Região Norte do Brasil, onde a mandioca amarela é utilizada para fazer alguns tipos
de farinha e na maioria das vezes também são amargas.
A coloração amarela da polpa da raiz não determina se a variedade é brava ou
mansa.
Nos planos de custeio e seguro agrícola bancários é importante constar o uso de
variedades registradas no Registro Nacional de Cultivares do Ministério da Agricultura.
No Paraná, a maioria das lavouras de mandioca de mesa é de variedades
crioulas, que apresentam milhares de denominações, e muitas vezes não é possível
identificá-las somente por seu nome comum. Existem nomes bastante difundidos,
como Vassourinha, Amarelinha, Gema, Pão entre outras. Uma variedade de nome
Vassourinha da Região Norte do Paraná pode ser totalmente diferente da variedade
de mesmo nome cultivada no litoral.
Características bastante importantes das variedades de mandioca de mesa
estão relacionadas ao tempo de cozimento ao longo do ano, ao formato das raízes e
sua coloração, à arquitetura da parte aérea, à resistência a pragas e doenças, entre
outras.
A seguir, algumas variedades melhoradas, à disposição dos agricultores no
Paraná.

10.1 IPR UPIRA

Variedade do IDR-Paraná destinada ao consumo de mesa, com ampla adaptação


no Paraná, principalmente em solos de melhor fertilidade e teor de argila superior a
25%. Registrada com o número 30.650 no Registro Nacional de Cultivares (RNC,
2023).
44 SENAR AR/PR

Figura 20 – Raízes da variedade IPR Upira.

Fonte – Takahashi, 2012.

Figura 21 – Parte aérea da IPR Upira.

Fonte – Takahashi, 2015.


SENAR AR/PR 45

O porte da planta é médio, com hábito de crescimento ereto. As raízes tuberosas


são cilíndricas, com pedúnculos (pés) curtos, película marrom-claro e polpa amarelada.
Apresenta bom padrão de cozimento, mesmo em colheitas após o primeiro ciclo.
O caule apresenta, predominantemente, três ramificações primárias e
externamente é verde-amarelado. As folhas são verde-claras, tanto as apicais na fase
de crescimento quanto as maduras, normalmente com oito lóbulos (divisões), gemas
foliares com alto relevo e pecíolo amarelo-esverdeado.
A IPR Upira tolera a bacteriose (doença causada por bactéria), a antracnose
e o superalongamento (ambas as doenças causadas pro fungos), mas é sensível a
podridões radiculares.

Figura 22 – IPR Upira de raiz amarela


comparada à variedade branca.

Fonte – Takahashi, 2012.

10.2 IPR PIONEIRA

Mandioca de mesa de polpa amarela e casca marrom-escuro apresenta arquitetura


alta e ramificada e adapta-se bem a solos arenosos e argilosos. Ganhou projeção
devido a sua qualidade de poder ser frita sem cozinhar. As raízes apresentam-se um
pouco fibrosas próxima ao pedúnculo. Com relação às doenças, é moderadamente
suscetível à bacteriose e tolera bem a antracnose e o superalongamento.
Registrada com o número 1.992 no Registro Nacional de Cultivares (RNC, 2023).
46 SENAR AR/PR

10.3 IAC 57670

Mandioca de mesa bastante cultivada no Norte do Paraná, proveniente do


Instituto Agronômico de Campinas-SP. As raízes têm casca marrom e polpa amarela.
Os pecíolos das folhas são verde-amarelados, os brotos são verdes e levemente
arroxeados e as ramas, quando maduras, são cinza-claro.
Registrada com o número 9.643 no Registro Nacional de Cultivares (RNC, 2023).

10.4 BRS 396

Mandioca de mesa oriunda da EMBRAPA, tem moderada resistência à


bacteriose e é tolerante ao superalongamento. A parte aérea é ramificada. As raízes
são amareladas, com casca marrom e pedúnculo e pouca fibra.
Registrada com o número 33.078 no Registro Nacional de Cultivares (RNC,
2023).

10.5 BRS 399

Mandioca de mesa também oriunda da EMBRAPA, é tolerante à bacteriose e ao


superalongamento. As raízes são de coloração marrom, com entrecasca arroxeada, e
a polpa é amarela. É recomendada para solos de melhor fertilidade.
Registrada com o número 33.076 no Registro Nacional de Cultivares (RNC,
2023).

10.6 BRS 429

Mandioca de mesa também oriunda da EMBRAPA, é tolerante à bacteriose, à


antracnose e ao superalongamento. Planta de porte alto, tem hastes de coloração
prateada, folha verde-escuro, ponteiro verde-arroxeado e pecíolo verde. As raízes têm
casca marrom e polpa amarela.
Registrada com o número 42.613 no Registro Nacional de Cultivares (RNC,
2023).
SENAR AR/PR 47

11. CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS

O controle das plantas daninhas na cultura da mandioca é de extrema


importância, principalmente porque se não for adequadamente efetuado, pode reduzir
drasticamente a produtividade de raízes, dificultar a colheita e elevar os custos de
produção.

11.1 PERÍODO DE CONTROLE

A infestação e o controle das plantas daninhas variam em função da época de


plantio. Nos plantios efetuados nos períodos mais secos e de menor temperatura,
as mudas podem demorar até 40 dias para brotar. Portanto, o controle deve ser feito
antes das mudas brotarem e não logo após o plantio. Já no plantio em período mais
chuvoso, o controle deverá ser feito com antecedência, de 10 a 15 dias após o plantio,
pois as mudas brotam mais rapidamente.
O período crítico de controle das plantas daninhas varia de 70 a 160 dias no
período mais seco e frio e de 15 a 110 dias no período mais chuvoso e quente.

11.2 PLANTAS DANINHAS PROBLEMÁTICAS

Muitas plantas daninhas competem de alguma maneira com a cultura da


mandioca e, segundo relatos de literatura, as mais presentes são as brachiárias, o
capim-colchão, o capim-carrapicho, a guaxuma, a corda-de-viola, o capim-amargoso,
a tiririca, a trapoeraba, a buva, o picão-preto, entre muitas outras.

11.3 MÉTODOS DE CONTROLE

Devido ao longo ciclo da cultura é difícil o controle do mato somente com


determinada prática cultural, sendo importante a integração dos controles manual, a
tração animal, mecânico e químico.

11.3.1 Controle manual

A cultura da mandioca ainda depende do controle manual do mato. Mesmo com


o uso de herbicidas e cultivadores mecânicos e a tração animal, é possível que ainda
sejam necessárias capinas manuais.
48 SENAR AR/PR

11.3.2 Controle com cultivadores a tração animal

A passagem de cultivadores a tração animal é uma prática interessante para o


controle do mato, na dependência do tamanho da área. A grande vantagem em relação
ao controle com cultivador mecânico é a menor compactação do solo e a facilidade
das manobras nas extremidades das linhas de plantio. Com cavalo é possível um
rendimento próximo de 1,5 ha/dia.

11.3.3 Controle com cultivador mecânico

O controle também pode ser efetuado com cultivadores mecanizados utilizando


1,6 horas máquina/ha. Existem cultivadores que têm caixas de distribuição de adubo,
efetuando-se as duas operações simultaneamente.
Na entrada do segundo ciclo, a passagem do cultivador mecânico ou a tração
animal poderá cortar e danificar as raízes dependendo da profundidade da operação.

11.3.4 Controle em função da variedade

As variedades de mandioca mais ramificadas fecham o terreno mais rapidamente


do que as mais eretas, sendo mais eficientes na competição com as plantas daninhas.
Em combinação com espaçamentos adequados, podem fazer grande diferença no
controle do mato, principalmente na fase inicial de desenvolvimento.

11.3.5 Controle por meio de rotação com planta de cobertura

O manejo das plantas daninhas poderá ser efetuado também em rotação com
alguma planta de cobertura semeada anteriormente e o plantio das mudas de mandioca
efetuado diretamente na sequência.

11.3.6 Controle químico por meio de herbicidas

O controle das plantas daninhas, em sistema convencional, poderá ser feito


com herbicidas devidamente registrados no Paraná. Muitas marcas comerciais estão
registradas, mas são poucos os princípios ativos.
O mercado disponibiliza herbicidas em duas modalidades de aplicação: em pré-
-emergência (antes de a mandioca e o mato nascer, Quadro 5) e pós-emergência
(depois de a mandioca e as plantas daninhas nascerem, Quadro 6). Portanto, é muito
importante atentar se o produto permite o uso para a pré ou pós-emergência da
mandioca.
SENAR AR/PR 49

Quadro 5 – Herbicidas pré-emergentes registrados para a cultura da mandioca no Paraná.

Princípio ativo Marcas comerciais Dosagem (ha)


Ametrina 800 wg chds, Dk plus, Listar,
Ametrina 2.000-3.000 g
Sugarina plus, Wiltryn
Ametrina + Clomazona Crossover, Sinerge EC 4.000-5.000 ml
Carimbo 500 EC, Clomazone CCAB 500
EC II, Clomazone Nortox, Electro, Gamit,
Grande BR, Gunter, Staff, Up-stage, Gamit
Clomazona 2.000-3.500 ml
360 CS, Gigante 360 CS, Gigante
360 CS, Kaivana, Reator 360 CS, Sirtaki
360 CS, Zelig CS
Flumi 500 Agrogill, Flumioxazin CCAB 500
Flumioxazina 120-200 g
WP, Flumyzin 500, Sumisoya, Sumyzin 500
Flumyzin 500 SC, Osbar 500 WP, Pledge
Flumioxazina 120 a 200 ml
SC, Sumisoya 500 SC, Sumyzin 500 SC
Flumioxazina + Piroxasulfona Falcon 450 a 1.000 ml
Atitude gold 750 WG, Palmero, Provence
Isoxaflutol 100-125 g
750 WG, Tandera, Viana
Linuron Afalon SC 1.600-2.200 ml
Cookie, Coronelbr, Greener, Metribuzin Tide
Metribuzim 750-1.000 ml
480 SC, Sencor 480
S-metolacloro Dual gold 1.500-1.750 ml

Trifluralina Premerlin 600 EC 3.000-4.000 ml

Fonte – Adaptado de ADAPAR, 2023.

ATENÇÃO

É sempre importante buscar orientação técnica de um engenheiro agrônomo antes


de aplicar herbicidas.
50 SENAR AR/PR

Quadro 6 – Herbicidas pós-emergentes registrados para a cultura da mandioca no Paraná.

Princípio ativo Marcas comerciais Dosagem (ha)


Affinity 400 EC, Aim 400 EC, Aim 400 EC, Aurora 400
Carfentrazona-etílica 50-75 ml
EC, Aurora 400 EC, Fullguard, Quicksilver
Cartago, Cletodim CCAB 240 EC, Cletodim Nortox,
Freno 240 EC, Grasidim, Interllect, Jaffa, Kraken
Cletodim 350-450 ml
240 C, Lord, Poquer, Select 240 EC, Select force,
Select one pack, Viance
Fusilade, Fusilade 250 EW, Fusilade 250 EW,
Fluasifope-P-butílico 500-750 ml
Fusilade 250 EW
Glifosato Roundup original, Xeque mate, Xeque mate HT 1.000-4.000 ml

Fonte – Adaptado de ADAPAR, 2023.

ATENÇÃO

É sempre importante buscar orientação técnica de um engenheiro agrônomo antes


de aplicar herbicidas.
SENAR AR/PR 51

12. PRAGAS DA CULTURA

A cultura da mandioca sofre ataque de algumas pragas. Dentre as mais importantes


no Paraná se destacam o mandarová, o percevejo-de-renda, as cochonilhas da parte
aérea e das raízes, a mosca-branca, a mosca-do-broto e as brocas.

12.1 LAGARTA MANDAROVÁ

O mandarová é considerado a praga mais importante na mandioca, embora não


ocorra todo ano. A maior incidência se dá entre os meses de novembro a abril e, em
grandes infestações, o mandarová destrói folhas, talos e o ponteiro das plantas. Pode
causar até 50% de redução na produtividade e alterar o padrão de cozimento das
raízes.
O adulto do mandarová é uma mariposa de hábitos noturnos, com asas anteriores
acinzentadas e posteriores avermelhadas, com bordos pretos e o abdome cinza, com
faixas pretas, mas pode apresentar variações. Geralmente a mariposa põe os ovos
durante a noite.

Figura 23 – Mariposa do mandarová.

Fonte – Takahashi, 2015.

Os ovos de mandarová têm coloração verde. São encontrados, mais facilmente,


na face superior das folhas e são indicativos de futuros ataques. Após três dias da
postura dos ovos nascem as lagartas e, em cinco dias, elas podem atingir, em média,
dois centímetros de tamanho. As lagartas recém-nascidas permanecem ocultas nos
ponteiros e na face inferior das folhas, havendo necessidade de um exame cuidadoso
nesses locais para localizá-las.
52 SENAR AR/PR

Figura 24 – Ovo de mandarová nas folhas de mandioca.

Fonte – Takahashi, 2015.

A coloração da lagarta pode ser verde, amarela, preta, cinza-escura ou marrom e


não tem nenhuma relação com sua capacidade de comer as folhas. Mas em grandes
populações existem indícios de que as lagartas podem mudar de cor e adquirir tons
mais escuros.
A lagarta pode consumir, durante seu ciclo, em torno de 12 folhas bem
desenvolvidas. Desse total, 75% são consumidas na última fase de crescimento,
quando a lagarta pode alcançar 12 cm de comprimento. A fase de lagarta dura de 12
a 15 dias, divididos em cinco estágios. A lagarta madura migra para o solo formando
casulos de cor marrom com estrias negras, preferindo principalmente locais mais
frescos, como debaixo de resíduos de plantas. A mariposa emerge do casulo em 12
a 15 dias.

Figura 25 – Mandarová em variação de coloração.

Fonte – Takahashi, 2009.


SENAR AR/PR 53

Figura 26 – Ataque do mandarová em folhas de mandioca.

Fonte – Takahashi, 2014.

A partir de outubro é importante a vistoria da lavoura, pelo menos uma vez por
semana, para identificar prováveis infestações.
É possível efetuar o monitoramento das mariposas nas lâmpadas próximas à
lavoura, que poderão atrair as mariposas.
O controle do mandarová pode ser feito pelo vírus que contamina a própria
lagarta, conhecido como baculovírus, na dosagem de 50 a 100 ml do suco de
lagarta/ha.
As lagartas necessitam ingerir as folhas pulverizadas com o baculovírus para
serem infectadas, ocorrendo posteriormente a multiplicação do mesmo em todo
aparelho digestivo e outros órgãos, à semelhança do baculovírus da soja, ou seja, a
morte da lagarta não ocorrerá de imediato, à semelhança do que acontece por ação
de inseticidas. Os sintomas de contaminação aparecem, normalmente, após quatro a
cinco dias, com descoloração das lagartas, perda dos movimentos e da capacidade
de se alimentar. As lagartas mortas são encontradas dependuradas no pecíolo das
folhas Figura 27.
54 SENAR AR/PR

Figura 27 – Mandarová contaminado por baculovírus.

Fonte – Takahashi, 2015.

A aplicação do baculovírus pode ser feita utilizando pulverizador costal ou de


barras acoplados ao trator, com melhores resultados se realizada ao final da tarde.
Em altas temperaturas e períodos prolongados de estiagem, a eficiência pode ser
comprometida. Para se obter melhores resultados, recomenda-se a aplicação quando
as lagartas são pequenas, com até três centímetros. Em lagartas grandes, mesmo
que elas não venham a morrer, mas se encasulem, o baculovírus poderá proporcionar
problemas na mariposa, como deformidades nas asas e esterilidade, dificultando sua
reprodução.
A grande vantagem do baculovírus é a preservação dos inimigos naturais, como
vespas, marimbondos e outros insetos, que irão auxiliar no controle da lagarta.
A conservação do baculovírus é feita sob refrigeração. Recomenda-se o
processamento das lagartas logo após a coleta e seu congelamento em frascos
menores, para facilitar o uso. Se armazenadas adequadamente, podem ser
conservadas por mais de dois anos.
A mistura de baculovírus com inseticidas de contato é uma prática que pode ter
efeito diferenciado de acordo com o tamanho da lagarta. As pequenas, que se localizam
protegidas internamente no ponteiro, possivelmente não serão atingidas pelo contato
com o inseticida, mas sim pela ingestão de baculovirus, que se encontram impregnados
nas folhas. As lagartas maiores, por estarem mais expostas, possivelmente serão
mortas pelo inseticida devido a sua ação mais rápida de contato, e com isso não
haverá tempo para o baculovírus atuar. As lagartas que estão nos últimos estágios de
crescimento não são bem controladas pelo baculovírus.
SENAR AR/PR 55

Os produtos cadastrados no Paraná para controle da lagarta encontram-se no


Quadro 7. Produtos com princípio ativo de origem biológica Bacillus thuringiensis
têm mecanismo de ação semelhante ao do baculovirus e controlam melhor lagartas
pequenas.

Quadro 7 – Inseticidas registrados para o controle do mandarová na cultura da mandioca no Paraná.

Princípio ativo Marca comercial Dosagem (ha)


Alfacipermetrina +
Imunit 50-250 ml
Teflubenzuron
Beta-Ciflutrina Bulldock 125 SC 50 ml
Cipermetrina 250 EC CCAB, Cipermetrina
Cipermetrina 50-65 ml
Nortox 250 EC
Clorantraniliprole Prêmio, Shenzi 200 SC 100 ml

Etofenproxi Safety, Trebon 100 SC 300-1.200 ml

Indoxacarbe + Novalurom Plethora BR 200-300 ml

Lambda Cialotrina Davos, Kaiso 250 CS, Samurai 20 ml

Lufenuron + Profenofos Bordalo Pro, Curyom 550 EC 300 ml

Teflubenzurom Nomolt 150 150-250 ml

Zetacipermetrina Mustang 350 EC 120-150 ml

Bacillus thuringiensis Bac-ControlL WP 250-500 g

Espinetoram Delegate 60-100 g

Fonte – Adaptado de ADAPAR, 2023.

ATENÇÃO

É sempre importante buscar orientação técnica de um engenheiro agrônomo antes


de aplicar inseticidas.
56 SENAR AR/PR

12.2 PERCEVEJO DE RENDA

O percevejo de renda é um inseto que ataca as lavouras de mandioca,


principalmente em períodos de estiagem prolongada. O percevejo adulto é acinzentado,
com cerca de três milímetros, e a ninfa, que é sua fase mais jovem, é esbranquiçada.
Ambas podem ser localizadas na face inferior das folhas.
A postura ocorre dentro das folhas. Essa fase dura em média de 8 a 15 dias. A
fase de ninfa tem duração aproximada de 12 a 17 dias, e a fase adulta pode durar até
90 dias.

Figura 28 – Percevejo de renda em diferentes estágios de


crescimento.

Fonte – Takahashi, 2015.

O ataque normalmente se inicia nas folhas mais velhas e evolui até o ponteiro.
As folhas atacadas apresentam coloração amarelada, que dependendo do ataque
evolui para uma cor marrom-avermelhado, e posteriormente podem cair.
Não estão definidos os níveis de dano e formas de controle, mas existem
resistências diferenciadas entre as variedades de mandioca. Também não existem
inseticidas registrados para o controle do percevejo de renda no Brasil.
SENAR AR/PR 57

Figura 29 – Sintomas do ataque do percevejo de renda nas folhas


de mandioca.

Fonte – Takahashi, 2010.

12.3 MOSCA-BRANCA

As moscas-brancas causam, na mandioca, sintomas como o amarelecimento e


a secagem das folhas mais velhas, além de deformações do ponteiro. Dependendo
do ataque poderá haver crescimento de fungos escuros, conhecidos como fumagina,
nas folhas e hastes, além de comprometimento da qualidade da rama para plantio.

Figura 30 – Ocorrência de fumagina após ataque de mosca-branca.

Fonte – Takahashi, 2010.


58 SENAR AR/PR

Até o presente momento não foi relatada associação da mosca-branca com a


transmissão de algum tipo de vírus no Brasil, como ocorre na África, com o vírus do
mosaico africano ou da estria marrom.
Os adultos da mosca-branca localizam-se principalmente no ponteiro das plantas.

Figura 31 – Mosca-branca na face inferior das folhas de


mandioca.

Fonte – Takahashi, 2022.

Figura 32 – Ovos de mosca-branca na face inferior das folhas.

Fonte – Takahashi, 2022.


SENAR AR/PR 59

Segundo dados de pesquisa, a população de mosca-branca poderá duplicar a


cada quatro dias.
No Brasil ainda não foram definidos os níveis de danos causados pela mosca-
-branca na cultura da mandioca.
Os produtos registrados no Paraná para o controle da mosca-branca constam
no Quadro 8.

Quadro 8 – Inseticidas registrados para controle da mosca-branca na mandioca no Paraná.

Princípio ativo Marca comercial Dosagem (ha)


Acetamiprido Mospilan WG, Saurus WG 60-100 g
Flupiradifurona Sivanto Prime 200 SL 750-1.000 ml
Espiromesifeno Oberon 500-600 ml

Fonte – Adaptado de ADAPAR, 2023.

ATENÇÃO

É sempre importante buscar orientação técnica de um engenheiro agrônomo antes


de aplicar inseticidas.

12.4 COCHONILHAS DA PARTE AÉREA

A cochonilha da parte aérea, quando ataca com mais severidade, reduz o


crescimento da planta, promove a quedas das folhas, provoca a deformação dos
brotos e das ramas e também causa o encurtamento dos entrenós. Não existem níveis
de dano definidos e formas de controle para essa praga.
60 SENAR AR/PR

Figura 33 – Cochonilha da parte aérea no ponteiro da planta.

Fonte – Pietrovski, 2008.

Figura 34 – Sintoma nas folhas do ataque de cochonilhas.

Fonte – Takahashi, 2010.

O ataque ocorre principalmente em lavouras de segundo ciclo, em condições de


estiagem mais prolongadas.
SENAR AR/PR 61

O uso de material de plantio oriundo de áreas atacadas pela cochonilha deve ser
evitado, pois constitui uma das principais formas de disseminação da praga. Também
é recomendável o uso moderado de inseticidas do grupo químico dos piretroides, no
intuito de preservar os inimigos naturais da cochonilha.

Figura 35 – Sintomas secundários do ataque da cochonilha


da parte aérea.

Fonte – Takahashi, 2011.

12.5 COCHONILHAS DAS RAÍZES

As cochonilhas que atacam as raízes não são as mesmas que atacam a parte
aérea. Em plantas com elevada infestação, ocorre clorose (amarelecimento) nas
folhas basais, com queda gradativa. Nas raízes atacadas são visíveis pontos negros
no interior da casca, com estrias provocadas provavelmente por substâncias tóxicas
liberadas pelo inseto durante sua alimentação, podendo induzir à podridão radicular.

Figura 36 – Cochonilha da raiz.

Fonte – Pietrovski, 2008.


62 SENAR AR/PR

Para essas cochonilhas também não existem métodos definidos para controle,
bem como produtos registrados.
Trabalhos realizados pela pesquisa observaram redução na produtividade de
raízes após aplicação no solo de inseticidas sistêmicos para o controle da cochonilha.

12.6 MIGDOLUS OU GONGO

Trata-se de um besouro que no estágio larval ataca as raízes de mandioca, cana


e pastagens. Seu ciclo biológico completo pode durar até 12 meses.

Figura 37 – Migdolus na fase larval, quando


ataca as raízes.

Fonte – Takahashi, 2009.

Os machos são voadores, já as fêmeas, embora tenham asas rudimentares,


apenas caminham sobre o solo.
Dependendo da população da praga no solo poderão ocorrer ataques nas mudas
recém-plantadas.
Não há resultados de pesquisa e produtos registrados para o controle do
migdolus. Em áreas com histórico de ataque em safras passadas é conveniente a
rotação de culturas.
Os sintomas na parte aérea da planta nem sempre são visíveis, mas inicialmente
o ataque ocorre em reboleiras (áreas concentradas). Nas raízes existem outras pragas,
que podem proporcionar sintomas semelhantes.
SENAR AR/PR 63

Figura 38 – Ataque de migdolus nas raízes.

Fonte – Takahashi, 2023.

12.7 MOSCA-DO-BROTO

A fêmea da mosca-do-broto, normalmente efetua a postura nos ponteiros, e as


larvas eclodem após aproximadamente quatro dias, perfurando o tecido das plantas.
No broto afetado podem ser encontradas várias larvas esbranquiçadas.

Figura 39 – Detalhe da larva da mosca do broto no ponteiro da


planta de mandioca.

Fonte – Takahashi, 2023.


64 SENAR AR/PR

As plantas mais jovens são mais sensíveis ao ataque da mosca-do-broto. Nas


plantas mais velhas o ataque diminui, pois o endurecimento das hastes das plantas
dificulta a penetração das larvas. O ataque pode induzir à emissão de ramos laterais.

Figura 40 – Planta com sintoma de ataque da mosca-do-broto.

Fonte – Takahashi, 2015.

Trabalhos de pesquisa indicam que os danos à produção de raízes da mosca do


broto são reduzidos, mas prejudicam a qualidade do material de propagação.
O princípio ativo espinetoram, de marca comercial Delegate, na dosagem de 60
a 100 g/ha, é registrado para controle da mosca-do-broto no Paraná (ADAPAR, 2023).
SENAR AR/PR 65

13. DOENÇAS DA CULTURA

A ocorrência de doenças depende da interação da planta com o agente causador


e de condições ambientais favoráveis. É possível que a planta esteja contaminada, mas
se não surgirem condições ambientais favoráveis, a doença pode não se manifestar.
No caso da mandioca, o uso de ramas anteriormente contaminadas e que no
momento do plantio não foram adequadamente selecionadas agrava muito o problema.
A variedade utilizada influencia muito o nível de ataque das doenças,
principalmente por apresentarem níveis de tolerância e de contaminação diferenciados.
As variedades crioulas, cultivadas há muitos anos, estão mais contaminadas. Mesmo
sendo realizada uma boa seleção visual das ramas, muitas vezes isso não é suficiente
para garantir a formação de uma boa lavoura. As áreas anteriormente cultivadas
com mandioca também podem apresentar problemas, pois os restos culturais, caso
estejam contaminados, funcionarão como fonte de doenças para a próxima lavoura.
A recuperação das lavouras contaminadas dependerá do nível de dano, das
reservas de nutrientes da planta para uma nova brotação e das condições climáticas.
As principais doenças que incidem sobre a mandioca no Paraná estão descritas
a seguir.

13.1 BACTERIOSE

A bacteriose, sapeca ou murchadeira é a principal doença da cultura da mandioca


no Paraná. É causada por bactérias e, quando ataca os vasos condutores da planta,
interfere na circulação de água, ocasionando seu murchamento e até a morte da
planta, em ataques mais severos. Os principais sintomas são manchas angulares
nas folhas, que podem murchar e cair, saída de goma nas partes mais novas da
planta e aparecimento de estrias escuras abaixo da casca da rama, em função da
contaminação dos vasos condutores.
66 SENAR AR/PR

Figura 41 – Sintoma de bacteriose na parte inferior da folha.

Fonte – Takahashi, 2015.

Figura 42 – Sintoma da bacteriose conhecido como


escaldadura na folha.

Fonte – Takahashi, 2021.

Figura 43 – Vasos condutores escurecidos devido à bacteriose.

Fonte – Takahashi, 2014.


SENAR AR/PR 67

Os fatores que mais influenciam a ocorrência da bacteriose são o uso de ramas


contaminadas e de variedades mais sensíveis; condições ambientais favoráveis, como
períodos de muita chuva, variações de temperatura, vento forte e ferimentos.
O controle da bacteriose é preventivo e pode ser feito por meio das seguintes
medidas:
ƒ usar variedades mais tolerantes;
ƒ realizar rigorosa seleção das ramas para plantio;
ƒ adubar de acordo com a análise de solo ou plantio em solos mais férteis, pois
plantas bem nutridas suportam melhor a doença;
ƒ usar, preferencialmente, ramas retiradas da própria área e bem selecionadas;
ƒ evitar a compra de ramas já cortadas e enfeixadas, dando preferência para a
aquisição das ramas em pé, o que facilitará a seleção;
ƒ evitar cultivos sucessivos de mandioca na mesma área, devido aos restos
culturais que propagam a doença. A bactéria não sobrevive no solo desde
que não haja restos culturais de plantas de mandioca;
ƒ em áreas de lavouras anuais é fundamental a rotação com outras culturas.
Os produtos registrados para controle da bacteriose constam no Quadro 9.

Quadro 9 – Produtos registrados para controle da bacteriose em mandioca no Paraná.

Princípio ativo Marca comercial Dosagem (ha)

Hidróxido de cobre Tutor 1.500-3.000 g

Acibenzolar-S-metílico Bion 500 WG 25 g

Fonte – ADAPAR, 2023.

ATENÇÃO

É sempre importante buscar orientação técnica de um engenheiro agrônomo antes


de aplicar bactericidas.
68 SENAR AR/PR

13.2 ANTRACNOSE

A doença conhecida como antracnose é causada por fungos, e sua maior


incidência ocorre quando as temperaturas são mais amenas e a umidade relativa
é elevada, podendo acarretar lesões que podem se tornar portas de entrada de
bacteriose e brocas das ramas.

Figura 44 – Sintoma do ataque da antracnose na rama.

Fonte – Takahashi, 2023.

Figura 45 – Antracnose em ramas armazenadas para plantio.

Fonte – Takahashi, 2007.

O controle pode ser efetuado por meio de variedades mais tolerantes, assim
como pela seleção cuidadosa das ramas.
SENAR AR/PR 69

É importante evitar o uso de ramas para plantio contaminadas pela antracnose,


mesmo que existam partes que não estejam tomadas pela doença.
Na armazenagem das ramas para plantio, os locais muito úmidos poderão
favorecer a disseminação da antracnose.
Os produtos para controle da antracnose registrados no Paraná constam no
Quadro 10.

Quadro 10 – Fungicidas registrados para o controle da antracnose na cultura da mandioca no Paraná.

Princípio ativo Marca Comercial Dosagem (ha)

Azoxistrobina + Difenoconazol Amistar Top 300-400 ml

Clorotalonil Bravonil 720 2.400 ml

Difenoconazol + Clorotalonil Bravonil Top 1.000-2.500 ml

Piraclostrobina + Fluxapiroxade Orkestra SC 250-350 ml

Tebuconazol + Trifloxistrobina Nativo 600-750 ml

Hidróxido de cobre Tutor 1.500-3.000 g

Piraclostrobina Comet 400 ml


Flutriafol Nortox,
Flutriafol 187,5-500 ml
Tenaz 250 SC

Fonte – Adaptado de ADAPAR, 2023.

ATENÇÃO

É sempre importante buscar orientação técnica de um engenheiro agrônomo antes


de aplicar fungicidas.

13.3 SUPERALONGAMENTO

A doença conhecida como superalongamento é causada por fungos que


ocasionam distúrbios na planta, provocando alongamento exagerado da parte aérea.
Nas folhas, lesões semelhantes a verrugas podem aparecer e acabam por retorcê-las,
além de reduzir o engrossamento das raízes. A maior incidência do superalongamento
em condições ambientais favoráveis pode induzir à maior podridão de raízes. A
70 SENAR AR/PR

doença pode ocorrer no primeiro ciclo e, dependendo do clima, os sintomas podem


desaparecer no segundo ciclo.
Áreas com ataques mais severos não poderão servir como fonte de material de
plantio para a próxima lavoura.

Figura 46 – Sintoma do superalongamento nas folhas.

Fonte – Takahashi, 2015.

Figura 47 – Necrose das nervuras das folhas devido ao


superalongamento.

Fonte – Takahashi, 2015.


SENAR AR/PR 71

Figura 48 – Superalongamento na parte aérea.

Fonte – Takahashi, 2015.


72 SENAR AR/PR

13.4 PODRIDÕES RADICULARES

As podridões radiculares são causadas por diversos patógenos, principalmente


fungos.
A compactação do solo, os cultivos sucessivos, o uso de ramas contaminadas, o
tombamento causado pelo vento, a calagem excessiva ou solos muito ácidos podem
agravar o problema. De maneira geral, a podridão seca, causada por Fusarium sp.,
ocorre em solos mais ácidos e compactados, em qualquer idade da planta.

Figura 49 – Podridão seca causada por Fusarium sp.

Fonte – Takahashi, 2014.

A podridão mole, causada por Phytophthora sp., ocorre em plantas mais velhas,
em solo com pH mais neutro e em áreas mais encharcadas.

Figura 50 – Podridão mole causada por Phytophthora sp.

Fonte – Takahashi, 2010.


SENAR AR/PR 73

Em plantas atacadas, a parte aérea pode não apresentar sintomas, mas também
pode ocorrer amarelamento, murchamento e queda das folhas, tombamento e até a
morte das plantas.
No caso do plantio de ramas contaminadas com Fusarium sp., podem ocorrer
falhas na brotação, assim como morte das plantas. Portanto, é importante evitar o
uso de ramas para plantio de áreas que anteriormente apresentaram problemas com
podridão de raízes.

13.5 OUTRAS DOENÇAS

Existem várias outras doenças que podem atacar a mandioca, mas que não
têm causado grandes problemas, como é o caso da cercosporiose, que normalmente
ocorre ao fim do ciclo da cultura ou quando as condições climáticas são muito atípicas.

Figura 51 – Sintoma de cercosporiose nas folhas.

Fonte – Takahashi, 2003.

As viroses também têm proporcionado sintomas de amarelecimento em muitas


variedades, mas até o momento não estão quantificados os níveis de dano. A
transmissão das viroses em mandioca pode ocorrer principalmente por meio de danos
mecânicos no material de plantio no momento do corte.
74 SENAR AR/PR

Figura 52 – Sintomas de Virose do Mosaico Comum (CsCMV).

Fonte – Takahashi, 2014.

Os produtos registrados no Paraná para controle da cercosporiose constam no


Quadro 11.

Quadro 11 – Fungicidas registrados para controle da cercosporiose na cultura da mandioca no Paraná.

Princípio ativo Marca comercial Dosagem (ha)

Boscalida Cantus 150 g

Casugamicina Kasumin 1.800 ml

Piraclostrobina Comet 400 ml

Flutriafol Flutriafol Nortox, Tenaz 250 SC 187,5-500 ml

Fonte – Adaptado de ADAPAR, 2023.

ATENÇÃO

É sempre importante buscar orientação técnica de um engenheiro agrônomo antes


de aplicar fungicidas.
SENAR AR/PR 75

14. PODA

A poda normalmente é realizada de maio a agosto para obter material de


propagação ou simplesmente para facilitar a pulverização de herbicidas, a capina e o
trânsito de máquinas. A partir do terceiro dia após a poda, dependendo da temperatura
ambiente, podem ocorrer reduções no teor de amido das raízes, que serão utilizadas
para a nova brotação. A poda também pode alterar o padrão de cozimento das raízes.
Até que a planta renove toda a parte aérea, o crescimento ocorrerá às custas das
reservas das raízes, tornando-as mais aguadas.
Após a poda, enquanto não houver o total restabelecimento da nova parte aérea,
que poderá ocorrer de três a quatro meses, o cozimento poderá ser comprometido. A
resposta na produção de raízes devido à poda é muito variável e depende do clima,
das condições da planta, da fertilidade do solo, da variedade e da época em que esta
é efetuada.
As lavouras que sofreram com geadas ou granizo poderão ser beneficiadas com
a poda, principalmente pela uniformização da nova rebrota.
Em solos menos férteis, as plantas possivelmente terão uma resposta mais
positiva devido à poda.
As variedades mais ramificadas respondem melhor à poda em relação às que
têm ramas mais retas.
Com relação à época da poda, os melhores resultados foram obtidos quando as
plantas estavam bem desfolhadas no inverno.
Normalmente após a poda aumenta-se o número de hastes por planta.

Figura 53 – Detalhes de lotes com e sem poda.

Fonte – Takahashi, 2014.


76 SENAR AR/PR

A poda deve ser feita sem deixar as plantas trincadas ou com muitos ferimentos,
evitando problemas de danos com herbicidas ou contaminação por doenças.
Resultados de pesquisa indicam que a poda, em altas populações de plantas,
pode reduzir significativamente a produtividade de raízes.
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15. COLHEITA

A colheita das raízes de mandioca ainda depende de mão de obra, mas é possível
contar com o auxílio da mecanização em algumas etapas. A colheita é responsável
por uma parcela considerável dos custos de produção, e a lucratividade depende
muito desta etapa.
A colheita apresenta algumas variações nas formas de arranquio e carregamento,
dependendo da região. A mão de obra, normalmente, é remunerada pelo peso ou
indiretamente pela caixa colhida.
A primeira etapa é a poda das ramas com facão ou roçadeiras acopladas ao
trator, para facilitar o arrancamento das plantas.
A segunda etapa é a extração das raízes do solo, que pode ter o auxílio de
ferramentas, tais como o “jacaré” ou alavancas, picaretas pequenas e enxadão.

Figura 54 – Passagem do afofador com roçadeira frontal.

Fonte – Takahashi, 2012.

O afofador é um implemento mecanizado que auxilia na colheita. Tem a finalidade


de afrouxar o solo, levantando os pés de mandioca, com sensível redução do esforço
manual de extração das raízes e aumento do rendimento da colheita. O afofador
também possibilita a colheita em períodos de estiagem não muito prolongados. Tem
baixo custo de aquisição e manutenção, além da elevada eficiência, mesmo com
tratores de baixa potência.
78 SENAR AR/PR

A terceira etapa é a despinicação, por meio da qual as raízes e as cepas são


separadas do restante da planta.
A quarta etapa é acondicionamento das raízes em caixas e carregamento do
veículo de transporte no meio da lavoura. Nessa etapa, é importante que as raízes
não sofram muitos ferimentos, pois isso acelera a deterioração.
Os fatores que podem afetar o momento da colheita são: estado geral da lavoura,
principalmente com relação às doenças; necessidade da área para plantio de outra
cultura; prazo de entrega devido ao arrendamento; quantidade de plantas daninhas;
e, principalmente, o preço das raízes.
Em lavouras destinadas ao consumo de mesa, a colheita preferencial é executada
com um ciclo, normalmente a partir dos seis meses de idade. Do primeiro para o
segundo ciclo, muitas variedades aumentam a produtividade, mas apresentam maior
dificuldade de cozimento e mais fibras nas raízes.
SENAR AR/PR 79

16. PROCESSAMENTO

Em uma lavoura de mandioca de mesa, normalmente ocorrem perdas da colheita


durante o embalamento em caixas e destas para o processamento, tais perdas devem
ser contabilizadas. As perdas ocorrem principalmente para atender ao padrão de
consumo, como comprimento, espessura das raízes, tortuosidades e formato. Estima-
se que nessa etapa as perdas por descarte podem ser de 10 a 20%.
No processamento das raízes ainda há o descarte das entrecascas e outras
deformidades, que podem chegar de 30 a 40%.

Figura 55 – Detalhe do descarte de 34% no peso durante o processamento.

Fonte – Takahashi, 2022.

A vida de prateleira do produto pode variar em função das condições de higiene,


temperatura e do tipo de embalagem.
O mercado de raízes minimamente processadas é crescente e abrange a
conservação a vácuo, refrigeradas e congeladas. Em todas as formas de conservação,
a higienização é muito importante, além do uso de agentes antioxidantes.
80 SENAR AR/PR

REFERÊNCIAS

ADAPAR – AGÊNCIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA DO PARANÁ. Agrotóxicos


no Paraná. Disponível em: http://celepar07web.pr.gov.br/ agrotoxicos. Acesso em: 8
maio 2023.

AGUIAR, E. B. Produção e qualidade de mandioca de mesa (Manihot esculenta


Crantz) em diferentes densidades populacionais e épocas de colheita. Dissertação
(Mestrado em Agronomia) – Instituto Agronômico de Campinas, Campinas, 2003.

BALOTA, E. L.; LOPES, E. S.; HUNGIRA M.; DOBEREINER, J. Inoculação de


bactérias diazotróficas e fungos micorrízico-arbusculares na cultura da mandioca.
Pesq. Agropec. Bras. v. 32, n. 6, p. 627-39, 1997.

CEASA – CENTRAIS DE ABASTECIMENTO DO PARANÁ. Evolução dos preços de


hortigranjeiros. Disponível em: https://celepar7.pr.gov.br/ceasa/cotprod_evolucao.
asp. Acesso em: 27 maio 2023.

CEPEA – CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA. Análise


econômica mensal sobre o setor de mandioca e derivados do Brasil. Boletins de
2022 a 2023. Disponível em: https://www.cepea.esalq.usp.br/br/consultas-ao -banco-
de-dados-do-site.aspx. Acesso em: 25 maio 2023.

EMBRAPA – EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Cultivar


BRS 396. Disponível em: https://www.embrapa.br/mandioca-e-fruticultura/busca-de-
publicacoes/publicacao /1010174/brs-396-nova-cultivar-de-mandioca-de-mesa-de-
polpa amarela-para-o-parana-e-o-mato-grosso-do-sul. Acesso em: 15 jun. 2023.

EMBRAPA – EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Cultivar


BRS 399. Disponível em: https://www.embrapa.br /mandioca-e-fruticultura/busca-de-
publicacoes/-/publicacao/1010177/brs-399- nova - cultivar-de-mandioca-de-mesa-de-
polpa-amarela-para-o-parana-e-o-mato-grosso -do-sul. Acesso em: 15 jun. 2023.

EMBRAPA – EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Cultivar


BRS 429. Disponível em: https://www.embrapa.br/ mandioca-e-fruticultura/busca-de-
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polpa-amarela -para-os-estados-de-sao-paulo-e-parana. Acesso em: 15 jun. 2023.

FAO – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA ALIMENTAÇÃO E


AGRICULTURA. FAOSTAT. Disponível em: https://www.fao.org/faostat/en/#data/
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FEY, E.; CONTI, C.; SOUZA J. H.; GOBBI, F. C; FURLAN, F. Influência do manejo
do solo sobre a produtividade da mandioca de um e dois ciclos. Revista Raízes e
Amidos Tropicais, v. 3, 2007.
SENAR AR/PR 81

HOWELER, R. H. Nutrición mineral y fertilización de la yuca (Manihot esculenta


Crantz). Cali, CO.: Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), 1981. 55 p.

HOWELER, R. H. Long-term effect of cassava cultivation on soil productivity. Field


Crops Research, v. 26, p. 1-18. 1991.

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Levantamento sistemático da produção agrícola. Disponível em: www.ibge.
gov.br/estatisticas/economicas/agricultura-e-pecuaria/9201 - agricola. html?utm_
source=landing&utmmedium=explica&utm_campaign=producao_agropecuaria&t =
resultados. Acesso em: 25 maio 2023.

LORENZI, O. Variação nos teores de carboidratos e ácido cianídrico em raízes de


mandioca, após a poda da parte aérea. Revista Bragantia, v. 37, n. 16, p. 137-144,
1978.

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de Assistência Técnica Integral, 1993 (Boletim Técnico n.º 211).

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Zoneamento agrícola de risco climático. Disponível em: https://indicadores.
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PERESSIN, V. A.; COSTA, N. V.; CARVALHO, J. E. B.; FELTRAN, J. C. Manejo


integrado de plantas daninhas na cultura da mandioca: um desafio ambientalmente
correto. Campinas: IAC, 2022. 67p.

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SEAB – SECRETARIA ESTADUAL DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO.


Levantamento da produção agropecuária. Disponível em: https://www.agricultura.
pr.gov.br/deral/ProducaoAnual. Acesso em: 22 jun. 2023.
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TAKAHASHI, M. Implantação e condução da cultura. In: TAKAHASHI, M.; FONSECA


JUNIOR, N. S.; TORRECILLAS, S. M. (Coord.). Mandioca: ontem, agora e sempre.
Londrina: IAPAR, 2002a. p. 69-113 (Circular Técnica n.° 121).

TAKAHASHI, M. Produção, armazenamento e manejo do material de propagação. In:


CEREDA, M. P. (Coord.). Agricultura: tuberosas amiláceas latino-americanas. São
Paulo: Fundação Cargill, 2002b. v. 2. p. 198-206.

TAKAHASHI, M.; GONÇALO, S. A cultura da mandioca. Paranavaí: Olímpica, 2005.

VIANA, E. S.; OLIVEIRA, L. A.; SILVA, J. Processamento mínimo da mandioca.


Cruz das Almas: EMBRAPA-CNPMF, 2010. (Circular Técnica 95).
SENAR AR/PR 83

ANEXO – UNIDADES E ABREVIATURAS UTILIZADAS

ƒ m2 – metro quadrado
ƒ litro de terra – 605 m2
ƒ quadro – 756,25 m2
ƒ quarta – 6.050 m2 = 8 quadros
ƒ alq. – alqueire (24.200 m² = 2,42 ha = 4 quartas = 32 quadros = 40 litros)
ƒ ha – hectare (10.000 m²)
ƒ t – tonelada – 1.000 kg
ƒ t/ha – tonelada por hectare
ƒ l – litro – 1.000 ml
ƒ ml – mililitro (1.000 ml = 1litro)
ƒ kg – quilograma
ƒ g – grama (1.000 g = 1 kg)
ƒ hora maq. – hora máquina
ƒ m3 – metro cúbico
ƒ caixa de mandioca no CEASA – 22 kg
ƒ caixa de mandioca no produtor – 28 a 30 kg
ANOTAÇÕES
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL
Administração Regional do Estado do Paraná
Rua Marechal Deodoro, 450 - 16º andar
Fone: (41) 2106-0401 - Fax: (41) 3323-1779
80010-010 - Curitiba - Paraná
e-mail: [email protected]
www.sistemafaep.org.br

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