PRIMEIRA GERAÇÃO
MODERNISTA:
PROSA E VERSO
Prof.ª Dra. Gabriele
Franco
AMARAL, Tarsila do. Operários, 1933. Óleo sobre tela, 150,00 cm x 230,00 cm.
Linha do tempo: Modernismo
Geração de 20 Geração de 30 •Geração de 40
1922-1930 1930-1945 •1945-1960
Linha do Tempo: Modernismo
•Geração de 20 •Geração de 30 •Geração de 40
•1922-1930 •1930-1945 •1945-1960
1914-1918
Guerra Fria
1939-1945
1° Guerra
1947-1991
2° Guerra
Mundial
Mundial
Obra:
Retrato de Madame de Verninac
Ano: 1795
Autor: Jacques-Louis David.
Persistência da memória As senhoritas de O grito (1893), de
A fonte (1917), de
(1931), de Salvador Dalí. Avignon (1907), de Edvard Munch.
Marcel Duchamp.
• Surrealismo Pablo Picasso. • Expressionismo
• Dadaísmo
• Cubismo
Correntes de vanguarda
Semana de Arte Moderna
17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São
Paulo
Madame de Verninac (1795), de Jacques-Louis David. O homem amarelo (1917), de Anita Malfatti
Alguns artistas que marcaram presença na
Semana de Arte Moderna
• Mário de Andrade (literatura);
• Oswald de Andrade;
• Guilherme de Almeida;
• Graça Aranha;
• Anita Malfatti (pintura);
• Di Cavalcant (pintura);
• Brecheret (escultura);
• Villa-Lobos (músicas).
Modernismo antes
da Semana de Arte
Moderna
Manifestações isoladas:
1912 – O Jornal Pirralho
1917 – Exposição de Anita Malfatti
1923 – Obras de Lasar Segal
Bananal (1927), de Lasar Segal
Geração de 20: fase heroica
• Período de reconstrução da literatura brasileira;
• Revisão crítica do passado histórico e das tradições culturais e linguísticas do
país.
• Movimento Pau Brasil (Oswald de Andrade): defendia a criação de uma poesia
nacional de exportação, primitivista, irônica e irreverente.
• Movimento Antropofagia (Oswald de Andrade): tomando como referência os
rituais de antropofagia dos índios propunha a devoração simbólica da cultura
estrangeira, extraindo dela contribuições, sem que se perdesse a identidade
cultural brasileira.
• Fundação da Revista de Antropofagia.
• Oposição Movimento Verde-Amarelismo e Movimento Anta.
1. Leia o fragmento do “Prefácio interessantíssimo”,
que Mário de Andrade escreveu para sua obra
Pauliceia desvairada e que serviu como referência
teórica aos modernistas de 1922.
2. Confronte-o com o fragmento do poema “Poética”,
de Manuel Bandeira.
Texto 1: Prefácio interessantíssimo – Mario de
Andrade
Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem
pensar tudo o que meu inconsciente me grita.
Penso depois: não só para corrigir, como para
justificar o que escrevi. Daí a razão deste
Prefácio Interessantíssimo.
[...]
Um pouco de teoria?
Acredito que o lirismo, nascido no
subconsciente, acrisolado num pensamento claro
ou confuso, cria frases que são versos inteiros,
sem prejuízo de medir tantas sílabas, com
acentuação determinada.
[...]
Pronomes? Escrevo brasileiro. Si uso ortografia
portuguesa é porque, não alterando o resultado,
dá-me uma ortografia.
Escrever arte moderna não significa jamais
para mim representar a vida atual no que tem
de exterior: automóveis, cinema, asfalto. Si
estas palavras frequentam-me o livro não é porque pense com
elas escrever moderno, mas
porque sendo meu livro moderno, elas têm nele
sua razão de ser.
(Mário de Andrade. Poesias completas. São Paulo: Círculo do Livro, s. d. p. 19 -35.)
Texto 2:
Poética – Manuel Bandeira
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro
de ponto expediente protocolo e
manifestações de apreço ao Sr. diretor
Estou farto do lirismo que para e vai
averiguar no dicionário o cunho
vernáculo de um vocábulo
Abaixo os puristas
[...]
Texto 3:
Macunaíma – Mario de Andrade
No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói da nossa gente. Era preto
retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que silêncio foi tão
grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu
uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.
Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos
não falando. Si o incitavam a falar exclamava:
– Ai que preguiça!…e não dizia mais nada. [...] Vivia deitado mas si punha os
olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém.
E também espertava quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos e
nus. Passava o tempo do banho dando mergulho, e as mulheres soltavam gritos
gozados por causa dos guaiamuns diz que habitando a água-doce por lá. No
mucambo si alguns cunhatã se aproximava dele pra fazer festinha, Macunaíma
punha a mão nas graças dela, cunhatã se afastava. Nos machos guspia na
cara. Porém respeitava os velhos e frequentava com aplicação a murua a
poracê o torê o bacorocô a cucuicogue, todas essas danças religiosas da
tribo.
Características Macunaíma (1928)
1. Paródia;
2. Subversão e inversão de valores;
3. Oralidade e linguagem coloquial;
4. Anti – herói;
5. Pontuação.
Características do modernismo da
primeira geração
1. Busca da síntese;
2. Verso livre;
3. Fragmentação;
4. Valorização de temas brasileiros e de elementos da paisagem
nacional;
5. Revisão crítica do passado histórico brasileiro;
6. Nacionalismo (crítico ou ufanista);
7. Valorização da língua brasileira (oralidade e variedades populares);
8. Humor e ironia;
9. Poesia nominal (feita principalmente com substantivos).
Atividade: características da primeira
geração modernista no Brasil
• Os modernistas da primeira geração buscavam a destruição da cultura do
passado e apresentaram propostas para a implantação da arte moderna
no Brasil.
• Após ler a síntese das características da primeira fase do modernismo no
Brasil, responda:
a) Qual dessas propostas você reconhece nos poemas “erro de português”,
“O capoeira” e “são joão del rei”?
Texto 4:
erro de português
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
(Oswald de Andrade. Poesias reunidas. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 1971)
Texto 4: erro de português
• Revisão crítica do passado histórico brasileiro;
• Ironia e humor;
• Nacionalismo (crítico);
• Verso livre;
• Busca de síntese;
• Valorização de elementos da paisagem nacional.
Texto 5: O capoeira
Qué apanhá sordado?
O quê?
Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.
(Oswald de Andrade. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971)
Texto 5: o capoeira
• Valorização de temas brasileiros;
• Valorização da língua brasileira;
• Verso livre;
• Busca de síntese;
• Fragmentação.
Texto 6: são josé del rei
Bananeiras
O sol
O cansaço da ilusão
Igrejas
O ouro na serra de pedra
A decadência
(Oswald de Andrade. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971)
São José del Rei é um dos nomes que,
no passado, teve a atual cidade de
Tiradentes, em Minas Gerais. Observe
a sequência dos versos do poema “são
josé del rei”.
Igreja de Santo Antônio, em Tiradentes – MG.
Texto 6: são josé del rei
• Valorização de elementos da paisagem nacional;
• Poesia nominal;
• Verso livre;
• Busca de síntese.
Atividade Avaliativa
b) A canção “Língua” estabelece relação com quais características da
primeira geração modernista?
c) Qual relação pode ser estabelecida entre a música, os textos estudados
em sala e o fragmento do texto “Prefácio interessantíssimo”?
Atividade Avaliativa (1 ponto)
a) A canção “Língua” estabelece relação com quais características da
primeira geração modernista? (0,4)
b) Qual relação pode ser estabelecida entre a música, os textos
estudados em sala e o fragmento do texto “Prefácio
interessantíssimo”? (0,6)
Correção da atividade avaliativa
a) A canção “Língua” estabelece relação com quais características da
primeira geração modernista?
• Coloquialismos;
• Oralidade;
• Valorização da língua;
• Nacionalismo;
• Verso livre;
• Humor e ironia;
• Revisitação crítica do passado.
Correção da atividade avaliativa
b) Qual relação pode ser estabelecida entre a música, os textos estudados em sala e
o fragmento do texto “Prefácio interessantíssimo”? (0,6)
Texto 7: Língua – Caetano Veloso
Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódias
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E quem há de negar que esta lhe é superior?
"Minha pátria é minha língua"
Texto 7: Língua – Caetano Veloso
[...]
E deixe os Portugais morrerem à míngua
Minha pátria é minha língua
Fala Mangueira, fala!
Flor do Lácio Sambódromo, Lusamérica latim em pó
O que quer, o que pode essa língua? (3x)
Diálogos com o presente
Fonte: https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/cem-anos-depois-legado-da-semana-da-arte-moderna-esta-
ate-no-rap/
Cem anos depois, legado da Semana de Arte moderna está até no rap.
Encontro entre artistas em São Paulo, fortaleceu o movimento de ruptura com o academicismo
E os reflexos da Semana de Arte Moderna continuam presentes até hoje, seja na
música, na pintura, na literatura ou em qualquer expressão artística.
Uma das provas disso é o rapper Emicida, que fez questão de gravar no mesmo
teatro paulistano o documentário AmarElo, lançado em 2020.
"No filme, Emicida fala que aquelas discussões da Semana de Arte Moderna o
influenciam. E quando um rapper brasileiro pega a estética do rap, criada fora do
Brasil - nos EUA - e aplica isso para pensar a realidade brasileira, isso é uma
forma de criar cultura que faz referência ao legado dos modernistas [...]”.
Fonte: https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/cem-anos-depois-legado-da-semana-da-
arte-moderna-esta-ate-no-rap/
Revisão
• Modernismo no Mundo;
• Modernismo no Brasil;
• Semana de Arte Moderna;
• Primeira geração modernista;
• Características da primeira geração modernista;
• Diálogos com o presente.
Atividade 2
Confronte o poema Pronominais, de Oswald de Andrade e
prefácio de Mario de Andrade com a canção Língua, de
Caetano Veloso.
Pronominais – Oswald de Andrade
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
ANDRADE, O. Obras completas, Volumes 6-7. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.
Atividade de Pesquisa
Bibliografia
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2021.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2021.
Língua de Caetano Veloso
https://www.youtube.com/watch?v=fsqoCBfucYo