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EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA
AULA 1
Profª Paula
CONVERSA M. Y. Sakaguti
INICIAL
Historicamente, constatamos muitas dificuldades no reconhecimento, na aceitação e de como lidar com as pessoas que apresentassem alguma deficiên
capítulo abordaremos sobre as diversas concepções de deficiência e como a organização histórica de cada época afetou os diversos modos de pensar, ag
pessoas consideradas diferentes da norma vigente.
TEMA 1 – VESTÍGIOS DO TALENTO E DA DEFICIÊNCIA NA PRÉ-HISTÓRIA
Como foi o tratamento dado à pessoa com deficiência na pré-história? Os achados analisados pela Arqueologia contribuem na compreensão da atividade
deu por meio da interação entre as necessidades humanas e a sua capacidade de criar possibilidades de sobrevivência. A partir das primeiras descobertas
outros manifestaram e perpetuaram a funcionalidade desses achados, ampliando sua significação conforme sua necessidade ao longo do tempo.
Diante das evidências arqueológicas como da descoberta de uma ponta de lança feita de sílex (uma espécie de rocha) cravada numa costela de mamute
atrás encontrada por pesquisadores durante análise minuciosa de centenas de ossos em um sítio arqueológico na Polônia (Wojtal e outros, 2019), temos v
caçados por nossos ancestrais.
Podemos supor que nesse grupo de Homo sapiens que caçou o mamute tínhamos pessoas com destacadas habilidades físicas e de liderança necessárias p
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mamute e para organização do trabalho coletivo no sucesso da caçada. Nesse cenário, possivelmente, as pessoas com deficiência fossem seletivamente
representarem um fardo na luta pela sobrevivência do grupo. Para Silva (1987), a maioria dos povos primitivos indicava a condenação à morte como a solução p
ou adultos com deficiência física ou intelectual.
Contudo, “seja pelos dedos amputados, que podem ser notados nos desenhos das cavernas habitadas, seja pelo exemplo da incrível calosidade óssea co
tivemos na Pré-História pessoas deficientes que sobreviveram por muitos anos” (Silva, 1987, p. 22).
Conforme Silva (1987), a Paleopatologia (estudo das doenças na pré-história) apresenta análises de ossos solidificados com sinais de fraturas que indica
tratamento com os recursos da natureza e por tentativas de cirurgia. O mesmo autor ainda destaca que os feridos e pessoas com deficiência, mesmo estando
sobrevivência, integraram-se em seu grupo e sobreviveram por muitos anos.
TEMA 2 – ANTIGUIDADE ORIENTAL
A partir da Antiguidade teremos os primeiros registros do modo como a sociedade lidou com as diferenças.
2.1 ANTIGO EGITO
A invenção da escrita no Egito Antigo ocasionou a transição da pré-história para a história. De acordo com Rezende Filho (2010), a fixação do homem na
do Nilo favoreceu a formação da antiga civilização egípcia demandando um trabalho coletivo para o que foi a base da economia – a agrícola – como também a c
de canais, atividades artesanais da aldeia, construção de obras públicas, monumentos e de outros serviços compulsórios que levaram à formação da sociedad
considerado o Rei e Senhor absoluto dos bens do Estado, tinha uma máquina burocrática de governo e controle de todas as terras, bens e recursos. Dessa form
pelo sistema de concessão e toda a população que compunha a base da pirâmide mantinham a elite burocrática por tributos e serviços.
Segundo Pereira e Saraiva (2017), a presença de pessoas com deficiência ocorria em diferentes camadas da sociedade. Conforme Balthazar (2011) a s
hierarquizada, burocrática e centralizadora.
Silva (1987) cita a presença de pessoas com deficiência a partir dos achados históricos. A estátua do faraó Mentuhotep que teve elefantíase nas pernas; ta
Amon quanto a pintura que representa um jardineiro, ambos com evidências do Mal de Pott, uma das formas da tuberculose óssea que afeta a coluna ver
mumificados com deformidades nas pernas e forte arqueamento. No Papiro de Ebers (tratados médicos) há várias receitas de antisséptico que incluíam o
catarata dentre outros.
Acreditava-se que doenças graves, deficiências físicas e doenças mentais eram causados por maus espíritos, demônios ou pecados da vida passada. De
precisavam da intervenção dos deuses ou do poder divino imbuído aos médicos-sacerdotes. Nessa terapia incluíam exorcismos pomadas ou cirurgias. Contud
as famílias da nobreza, sacerdotes e militares poderiam ser assistidos pelos médicos-sacerdotes, especialistas nos “Livros Sagrados”. Para a maioria da p
transportado até o ambulatório dos templos e atendido por jovens sacerdotes ou aprendizes em datas pré-agendadas
Além de trazerem tratados médicos, os papiros revelam a cultura, os ensinamentos éticos e morais do Egito Antigo. O pergaminho “Ensinamento de Am
respeito pelas pessoas com deficiência e nanismo: “não zombes de um cego nem ridicularizes um anão ou causes apuro a um coxo” (Wiedemann, 2007, p. 308)
No Egito Antigo a cegueira era endêmica. Checou a ser considerada a “Terra dos Cegos” (Gugel, 2007). Os estudos de Martínez citado por Costa, Pich
Tracoma, doença inflamatória e contagiosa que atinge os olhos, foi milenarmente conhecida como a causadora da cegueira em muitas pessoas ao ponto de m
entre os seus. Também temos a escolha por cantores cegos para compor o coral masculino do templo do palácio do Faraó Akhenaton (Silva, 1987).
Para Wiedemann (2007), diferentemente das mulheres da maioria das civilizações antigas, a egípcias eram reconhecidas como mulheres empoderadas
gozavam de liberdade pessoal e financeira, legalmente capazes e participavam da vida comunitária. Embora tivessem os mesmos direitos de cidadania que o
funções públicas.
Apesar das pessoas com deficiência estarem integradas em todas as camadas sociais, tínhamos uma organização de sociedade altamente hierarquizada,
máquina burocrática de governo e controle de todas as terras, bens e recursos; a elite burocrática e sacerdotal se mantinha por tributos recolhidos da m
atendimento e tratamento desigual às pessoas doentes ou com deficiência das camadas menos favorecidas da população é de uma realidade excludente que
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do Egito Antigo.
TEMA 3 – ANTIGUIDADE CLÁSSICA
A Antiguidade Clássica é o período histórico que se inicia com o surgimento da poesia grega de Homero (século VIII a.C) e se estende até a queda do Im
Conforme Fernandes (2013, p.37), na sociedade greco-romana, “o poder político e econômico detido pela nobreza era consubstanciado pelos laços hereditá
militares”, pois, dessa forma concentrariam a detenção da riqueza na conquista de novos territórios e escravizando os povos derrotados.
Para a manutenção da nobreza, detentora do poderio na época, a expansão territorial era fundamental a formação de exércitos militares e, portanto, o cu
para guerrear justificava o extermínio de crianças com deficiência.
3.1 PRÁTICAS DO ABANDONO E DE CONDENAÇÃO À MORTE
Na Grécia Antiga, o abandono e o extermínio de crianças que nasciam com alguma deficiência foram constantes na história dos povos guerreiros anteriore
adotados na Antiguidade Clássica, Silva (1987) faz menção ao pai espartano antigo que, pelas leis vigentes, deveria apresentar o seu bebê recém-nascido ao C
saudável e forte era devolvido ao pai que ficava com o filho até os sete anos, idade em que o menino passava a ser da responsabilidade do Estado que o e
disciplina desde pequeno para o propósito da guerra. Entretanto, se os anciãos julgassem o bebê feio, disforme e franzino, em nome do Estado eles ficava
lançada num abismo nas montanhas.
Temos também o abandono de crianças envoltas numa manta, vestidas com roupas que continham símbolos maternos bordados e deixadas expostas à p
rios, colocadas dentro de cestos ou panelas de barro. Se a criança não sobrevivesse, a manta e a roupa serviriam como adorno de seu funeral (Silva, 1987)
abandono de pessoas com deficiência, esse período da Antiguidade ficou conhecido como período extermínio (Fernandes, 2013).
Diferentemente das famílias no Egito Antigo que criavam todos os filhos alimentando-os com os recursos naturais do Vale do Nilo, Wiedemann (2007) faz r
esteve no Egito em 28 a.C, e numa das visitas às famílias egípcias, o próprio ficou surpreso e descreveu que havia uma tradição grega de que as recém-n
doentes eram deixados numa colina para que fossem adotados pelos deuses. Com a escassez de alimentos e dificuldades pelo solo pedregoso, as crianças fr
alimentar e não eram desejadas. As filhas não seriam arrimo de família e pesavam-lhes o dote que teriam que doar.
Conforme registrado em Platão, citado por Silva (1987, p.88), “e no que concerne aos que receberam corpo mal organizado, deixa-os morrer [...] quanto
qualquer deformidade, serão levadas, como convém, a paradeiro desconhecido e secreto”. Não muito diferente das práticas de abandono na Grécia, a legislaç
nascidos com deficiência ou doenças, mas, o destino dado a estas crianças consideradas “anormais e monstruosas” também era o abandono delas em cestas e
Tibre.
Como comentamos anteriormente, os meninos espartanos eram separados de suas famílias aos sete anos para iniciarem a sua educação nas artes e n
pontua que a educação dos superdotados teve seu início na Grécia Antiga, visto que aqueles que se destacavam em termos de habilidades bélicas e lideranç
sua educação. Já, para os jovens atenienses da nobreza eram contratados sofistas (professores) para a continuidade dos estudos.
Platão teve especial atenção aos chamados filhos de ouro. A destacada Academia de Platão selecionava jovens que demonstrassem inteligência superior
classe social e não cobrava pela educação que oferecia com programas educacionais incluindo os estudos de ciências, filosofia e metafísica. O filósofo insis
nestes programas deveriam ter oportunidades para virem a ser os futuros líderes (Alencar; Fleith, 2001; Gama, 2006).
TEMA 4 – SEGREGAÇÃO NA IDADE MÉDIA
Com o surgimento do Cristianismo, gradativamente as atitudes de abandono e de extermínio passaram a ser questionadas, os combates de gladiadores r
foi coibido. Com a doutrina cristã a pessoa com deficiência, doenças mentais e todas as pessoas colocadas à margem da sociedade greco-romana passaram
dotadas de alma, logo, deveriam ser respeitadas com direito à vida e assistidas pela caridade.
No entanto, ao invés de matar os desafortunados doentes, recém-nascidos indesejados, abandonados pela família, órfãos, mendigos e pessoas com
Constantino I, primeiro imperador cristão de Roma, surgiram os primeiros internatos, asilos, orfanatos para abrigo e alimentação deste segmento da popula
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Estado (Silva, 1986). A partir do relato de São João Crisóstomo, podemos imaginar como eram estas instituições aglomeradas “que atendem os mendigos e os
para abrigo...um dos irmãos cuida das feridas de um mutilado, outro cuida de um homem cego, enquanto um terceiro apoia alguém que perdeu uma perna” (Silv
Por essa experiência multissecular de prover assistência aos pobres com deficiência, doenças mentais, vítimas de epidemias (hanseníase, peste bubôni
isolados e segregados nos ambientes dos mosteiros ou abadias durante toda a Idade Média para a manutenção da ordem social vigente. Dos anos 500 até o s
conhecido como período da segregação e teve como objetivo manter enclausurados todos aqueles que fugiam ao padrão de normalidade da época (Fernandes
No cenário dos hospitais criados nos mosteiros, dentre os quais destacamos a ordem dos beneditinos, temos a gênese da instituição do curso de medic
como castigo divino conforme determinantes da época e com o conhecimento dos monges dos autores clássicos gregos, surgiu a Escola de Salerno que p
admissão de médicos leigos, mulheres e estudantes de todas as etnias (Rezende, 2009).
A forma como as pessoas eram tratadas se relacionam com a visão de mundo e postura religiosa que rege a determinação dos princípios e valores mor
humano girava em torno do bem e do mal, isto é, “toda responsabilidade era atribuída a Deus, quando positiva e aos demônios, quando rotulada de perigo
possessão demoníaca ou como instrumentos de Deus” (Fernandes, 2014, p.23).
Em decorrência da visão teocêntrica, o nascimento de crianças com deficiências, as doenças mentais e epidemias eram considerados castigo divino e sina
com deformidades nos membros eram separadas das demais e eram ridicularizadas, como era o caso dos anões e de corcundas. Na vida adulta viravam objeto
ter livre acesso nesses ambientes como bobos da corte (Silva, 1986).
Na mesma direção, Fernandes (2014) salienta que aqueles que hoje consideramos gênios da humanidade e os “loucos” ou doentes mentais, geralmente
possessão demoníaca e o fim delas era o julgamento pela Inquisição.
TEMA 5 – IDADE MODERNA E IDADE CONTEMPORÂNEA
No transcurso da história avançamos para a percepção da sociedade em relação às pessoas com deficiência e superdotadas na Idade Moderna, um movim
reforma religiosa, grandes navegações e invenções. O cenário político, econômico e religioso passava por grandes mudanças de mentalidade do feuda
consequentemente, a visão de homem e de mundo com o modo produção capitalista.
No século XVI tivemos o Renascimento, um movimento cultural que rompeu com o Teocentrismo (Deus no centro) da Idade Média e introduziu o Antr
universo) para as explicações do mundo e domínio da natureza a partir do uso da razão e da ciência. No entanto, apesar de imbuídos do espírito renascentist
intelectuais como Martinho Lutero defendiam teses que consideravam pessoas com deficiência intelectual seres diabólicos que mereciam ser castigadas para s
Gradativamente, nos séculos que procederam o XVI, toda a população rotulada pelo seu desajuste passou da esfera da interpretação divina do clero pa
natureza na Idade Moderna e Contemporânea, passando a ditar as bases para uma interpretação organicista da deficiência.
Desta forma, para Mendes (2006, p.387), apesar dos avanços do século XVI, “o cuidado foi meramente custodial, e a institucionalização em asilos, manicô
o tratamento dos considerados desviantes”. A autora complementa que esse foi um período marcado pela segregação, pois consideravam que a pessoa com
protegida se isolada em ambientes separados como também para salvaguardar a sociedade dos ditos anormais.
O Renascimento foi o período de grandes invenções. Para Oliveira (2016, p. 81), a Renascença foi “um período de surgimento de produtividades espar
Média. Dentre muitos talentos que se destacaram temos Leonardo da Vinci, reconhecido por suas contribuições para a ciência moderna [e atual], de su
completamente inovadora e avançada em seu tempo com relação ao método da ciência” (p.65). A habilidade extremamente acima da média inerente à criativida
Nesta época tivemos o surgimento de várias faculdades de Medicina impulsionados pela antiga Escola de Salerno (Rezende, 2009). Como consequência d
considerável avanço nos estudos da anatomia, da dissecação, e a medicina ganha status científico na configuração do novo modelo de ciência moderna: o mo
2015)
Assim sendo, a concepção organicista e/ou biomédica passou a explicar a deficiência por causas naturais, “considera a deficiência como algo que está p
deficiente, no seu organismo ou comportamento, e ausente nas pessoas consideradas não-deficientes” (Baleotti; Omote, 2014, p.72).
5.1 ABORDAGEM CLÍNICA DA DEFICIÊNCIA
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Para compreendermos como a educação especial foi fortemente marcada pelo modelo clínico-terapêutico, vejamos a experiência de Itard, conforme o quad
Quadro 1 – Experiência de Itard
Na França, em 1800, Jean Itard investiu na tentativa de recuperar e educar Victor de Aveyron, um menino selvagem criado em uma floresta
com animais, sem qualquer contato com seres humanos, em um estado completo de privação social. Por suas tentativas de educar e
recuperar o potencial cognitivo de Victor que, supostamente, apresentava uma deficiência mental profunda. Por meio de procedimentos
médico-pedagógicos, Itard é considerado o precursor da Educação Especial. Guiando-se por seus procedimentos iniciais, alastraram-se
pela Europa instituições para a clausura de pessoas marginalizadas socialmente, como doentes mentais, pessoas com deficiência,
assassinos, entre outros. (Paraná, 2006, p.18, grifo nosso)
Crédito: Films Du Carrossel/Artistes Associes/Album/ Fotoarena.
Itard é considerado o precursor da educação especial pelas reflexões que suscitou em relação à proposição de atividades metódicas e analíticas para f
afetivo e comportamental de crianças consideradas “ineducáveis”. Os seus procedimentos de treinamento dos cinco sentidos, da aprendizagem por repetição e
consolidou o paradigma clínico no trato com a deficiência (Fernandes, 2013; Cordeiro, 2006). Uma das experiências não exitosas foi a de comunicação, pois
procedimentos adotados por Itard. Adepto ao oralismo, queria que Victor aprendesse a ler, escrever e falar oralmente. Para Itard o desenvolvimento da lingu
desenvolvimento prévio dos sentidos (Cordeiro, 2006).
Conforme Luiz (2020), os discursos clínicos, médicos e terapêuticos historicamente marcaram a deficiência como um fator biológico, individual, enfatizan
“patologia” do indivíduo. Desta forma, na avaliação e na identificação geralmente usavam instrumentos como exames médicos e psicológicos, destacavam
Inteligência, com rígida classificação da etiologia.
Além disso, nesta época havia a confusão entre deficiência e doença mental. Os conceitos são distintos: o primeiro se refere a um funcionamento intelectu
e o outro, a uma alteração no funcionamento da mente como, por exemplo, a esquizofrenia (doença mental).
No transcorrer do século XIX, em paralelo com o crescimento das instituições asilares temos as escolas com seu ritmo calendarizado, suas estruturas de c
espíritos” não conseguirem responder à aprendizagem dos alunos. Para Arriada et al. (2012, p.39) diversos estudiosos, dentre eles Foucault, “começavam a
ciência, do domínio sobre a natureza etc. também existia um lado perverso dessa dialética: opressão, miséria, subordinação, disciplina”.
Para Mendes (2006), devido a incapacidade da escola responder pela aprendizagem de todos os alunos é que no século XIX temos a origem das class
onde os alunos problemas eram encaminhados. Na mesma direção, Fernandes (2013) ressalta a desresponsabilização da escola diante de seu papel na aprend
do fracasso de parte deles em argumentos da visão organicista (deficiência, distúrbio, doença). Caberia à educação especial trabalhar com práticas de reabilit
ação combinada e subordinada com profissionais da saúde (pedagogia terapêutica).
Na metade do século XX houve um envolvimento mais amplo da sociedade em favor dos mutilados da Segunda Guerra Mundial e a contribuição dos
permitiram superar a crença de que a deficiência era uma condição imutável (Fernandes, 2013). Em 1960, os movimentos sociais pelos direitos humanos ganha
em geral para os prejuízos da segregação e da marginalização dos diversos segmentos minoritários, dentre eles as de crianças e jovens com deficiência. E
acessar a escola comum, ou para aqueles que conseguiram ingressar, mas que passaram a ser encaminhados para classes especiais por não avançarem” (Men
oferecido o direito de frequentar o ensino comum pela crença de que receberia melhor cuidado se confinada em um ambiente separado. Assim como ser
daqueles considerados anormais.
A educação especial foi se constituindo como um sistema paralelo ao sistema de ensino comum até que, gradativamente, impulsionado por lutas so
contextos menos segregados possíveis, estabelecendo as bases para o surgimento da filosofia da normalização e integração escolar.
NA PRÁTICA
Saiba Mais
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Filme: O Corcunda de Notre-Dame
Sinopse: Idade Média, Paris. O corcunda Quasímodo (Mandy Patinkin) mora em uma das torres da catedral Notre Dame. Isolado e incompreendido pelo
mundo, vivendo como um pária. Durante um passeio pelo mundo exterior, ele se apaixona pela cigana esmeralda (Salma Hayek), uma jovem perseguida
Harris). Fonte: <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-182490/>. Acesso em: 22 jun 2021.
Para complementar, vale a pena ler:
MORI, N. O corcunda de Notre-Dame: grotesco, sublime e deficiência na Idade Média. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, v.9, n.34, p.199-210, jun.2
os.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8639588/7157>. Acesso em: 22 jun0/01/ 2021.
FINALIZANDO
Desde a pré-história temos evidências arqueológicas da existência do gênero Homo, sejam eles com (ou sem) deficiência e com altas habilidades (ou nã
histórica da exclusão no mundo nos mostram como a sociedade lidou com a deficiência, o talento e as minorias, refletindo a organização histórica, a desigua
vigente de cada época. Muitos dos mitos, estereótipos e ideias equivocadas construídas ao longo dos períodos da Antiguidade, Idade Média e Moderna ainda fa
A influência do modelo biomédico na educação especial pautou os tratamentos para pessoas com deficiência. Diante do fracasso do sistema escolar em p
alunos, a função atribuída à educação especial foi a de realizar ações conjuntas subordinadas à área da saúde para o tratamento da deficiência, caracterizando
do século XX, crianças e jovens com deficiência não tinham acesso ao ensino regular, comum a todos, foi uma fase de segregação justificada pela crença d
melhor cuidadas separadas em instituições especializadas.
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