UNIVERSIDADE ZAMBEZE
FACULDADE DE DIREITO
LICENCIATURA EM DIREITO
1º Ano – P/L
Exame de Metodologia de Pesquisa Cientifica
ARUNE CASSAMO OMAR
Tema:
ORDENS NORMATIVAS
Beira
2024
1
ARUNE CASSAMO OMAR
ORDENS NORMATIVAS
Trabalho a ser apresentado na Faculdade de
Direito, curso de Direito, disciplina de
Metodologia de Pesquisa Cientifica, com
carácter avaliativo.
Docente. Prof. Doutor. Salomão Viagem
Beira
2024
2
Índice
CAPITULO I: INTRODUÇÃO................................................................................................... 4
1.1. Introdução ..................................................................................................................... 4
1.2. Objectivos ..................................................................................................................... 5
1.2.1. Objectivo geral ........................................................................................................... 5
1.2.2. Objectivos específicos ................................................................................................ 5
1.3. Metodologia ...................................................................................................................... 5
CAPITULO II: REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 6
2.1. Normas de ordem social.................................................................................................... 6
2.2. As diversas ordens normativas.......................................................................................... 7
2.2.1. A ordem moral ........................................................................................................... 7
2.2.1.1. Tríplice divisão da moral......................................................................................... 8
2.2.2. A ordem religiosa ....................................................................................................... 8
2.2.3. A ordem de trato social .............................................................................................. 9
2.2.4. A ordem jurídica....................................................................................................... 10
2.2.4.1. Características da norma jurídica .......................................................................... 11
2.3. Interligação das ordens normativas................................................................................. 12
Conclusão .................................................................................................................................. 13
Referência bibliográfica ............................................................................................................ 14
3
CAPITULO I: INTRODUÇÃO
1.1.Introdução
O presente trabalho objectiva abordar sobre Ordens Normativas. Nesta senda, as ordens
normativas referem-se a sistemas de regras e princípios que orientam o comportamento e as
ações dentro de uma determinada sociedade ou grupo. Elas podem ser formais, como as leis e
regulamentos instituídos por governos, ou informais, como os costumes e normas sociais aceitas
pela colectividade.
O objectivo das ordens normativas é estabelecer padrões de conduta que promovam a
coexistência harmoniosa e o funcionamento organizado da sociedade. Elas abrangem diversas
áreas, incluindo o direito, a ética, a moral e os costumes, e são fundamentais para a manutenção
da ordem e da justiça social. Portanto, a presente pesquisa visa compreender as ordens
normativas.
4
1.2.Objectivos
1.2.1. Objectivo geral
Compreender as ordens sociais normativas.
1.2.2. Objectivos específicos
Identificar as ordens normativas;
Descrever as ordens normativas.
Estabelecer a interligação entre as ordens normativas.
1.3. Metodologia
No presente estudo foi adoptada uma pesquisa com abordagem qualitativa envolvendo estudo
bibliográfico, baseado em pesquisas realizadas em livros. Para LAKATOS e MARCONI a
pesquisa é conceituada como um processo formal, com metodologia de pensamento concentrado
que necessita de um tratamento científico, que busca estudar determinados assuntos encontrando
a realidade.1
De acordo com GIL, a habilidade em classificar é uma individualidade do ser humano, ela
proporciona uma sistematização dos acontecimentos e assim facilita a compreensão. Para
classificar as particularidades de uma pesquisa, é necessário saber como as informações foram
alcançadas e a metodologia empregadas no estudo.2
Nesta senda, o trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica, na qual se define no
levantamento de todo conteúdo através de livros, revistas. Pois de acordo com LAKATO &
MARCONI, este tipo de pesquisa tem como objectivo levar o pesquisador a se aproximar de
forma imediata, com tudo o que está sendo mencionado no trabalho, oferecendo trajetos para
definir, desvendar novas áreas, não sendo somente as questões conhecidas3.
1
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia do Trabalho Científico. 7 ed. São Paulo: Atlas,
2009. p.43-44.
2
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projeto de pesquisa. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2017. p.175.
3
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Ob.cit.
5
CAPITULO II: REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Normas de ordem social
Segundo ASCENSÃO, “as normas de ordem social são um conjunto de imperativos impostos
ao Homem pela sua consciência ética, sendo o seu incumprimento punido, principalmente, pelo
arrependimento ou remorso, mas também pela rejeição ou marginalização do grupo em que o
indivíduo de insere”4.
O mundo primitivo não distinguiu as diversas espécies de ordenamentos sociais. Segundo
NADER, “o Direito absorvia questões afectas ao plano da consciência, própria da Moral e da
Religião, e assuntos não pertinentes à disciplina e equilíbrio da sociedade, identificados hoje
por usos sociais” 5 . Na expressão de RAELE, “as diferentes espécies de normas éticas se
achavam em um estado de homogeneidade indefinida e incoerente. Todos esses processos de
organização social vinham reunidos em um só embrião”6.
A partir da Antiguidade clássica, segundo MENDES, começou-se a cogitar das diferenciações.
O mesmo autor chama a atenção para o facto de que, ainda no presente, os indivíduos das classes
menos favorecidas olham as normas reitoras da sociedade como um todo confuso, homogêneo
e indefinido. Para eles “os territórios ainda estão pro indiviso”7.
BOBBIO, citado por SGARBI, afirma que a “nossa vida se desenvolve em um mundo de
normas”; não obstante acreditarmos na liberdade humana, encontramo-nos, na realidade, “em
volta de uma rede muito espessa de regras de conduta que, desde o nascimento até a morte,
dirigem nesta ou naquela direção as nossas ações”8. Consoante anota LIMA, “normas há de
várias espécies, religiosas, morais, costumeiras, porém jurídicas são aquelas dotadas de poder
coercitivo compulsoriamente organizado”9.
Segundo DINIZ “a vida social encontra-se impregnada por normas. Cada passo do ser humano
é disciplinado por regras de várias tonalidades. Pela manhã, ao dividirmos o elevador com outras
pessoas, uma norma de trato social impõe o quase que automático “bom dia”. Na missa matinal,
4
ASCENSÃO, José Oliveira. O Direito. Introdução e Teoria Geral. Almedina, Coimbra, 7ª edição, 1989
5
NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 39ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2017
6
REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 3ª ed., Saraiva S.A., São Paulo, 1976, p. 57.
7
MENDES, José. Ensaios de Filosofia do Direito. Duprat & Cia., São Paulo, 1903, vol. I, p. 21.
8
SGARBI, Adrian. Teoria do Direito, Primeiras Lições. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007
9
LIMA, Hermes. Introdução à Ciência do Direito. 27ª ed., Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1983
6
o fiel, ao comungar, o faz em tom respeitoso e em obediência à liturgia religiosa, geralmente
estabelecida através de normas religiosas”10.
Na mesma senda, BATALHA refere que “ao utilizarmos as instalações do clube ou do
condomínio, deparamo-nos, igualmente, com convenções a serem observadas, notadamente as
pertinentes à boa educação e higiene, por exemplo. Durante a condução de automóveis,
inúmeras regras de cunho jurídico disciplinam o trânsito de veículos e pedestres. Enfim, seja no
ambiente social, na igreja, no clube, no condomínio, no tráfego de veículos ou em muitos outros
momentos do cotidiano, há regramentos a serem seguidos, de modo que o fundamento das
normas encontra-se justamente na exigência da natureza humana de viver em sociedade”11.
2.2. As diversas ordens normativas
Segundo TELES, “ao contrário da ordem natural, em que os fenómenos ocorrem segundo uma
sucessão invariável (ciclo de reprodução animal, marés, ciclo de água, movimentos da terra,
etc.), a ordem social é constituída por uma rede complexa e mutável de regras provenientes de
ordens normativas de diversa índole, a saber”12: a Ordem Moral, a Ordem Religiosa, a Ordem
de Trato Social e a Ordem Jurídica.
2.2.1. A ordem moral
Segundo MARQUES “a ordem moral aponta normas ou regras que tratam de influenciar a
consciência e moldar o comportamento do indivíduo em função daquilo que se considera o Bem
e o Mal. As normas morais visam o indivíduo e não directamente a organização social em que
se integram; a ordem moral tem como sanção a reprovação da formação moral da pessoa ou a
má reputação”13.
Para ASCENSÃO, a ordem moral “é uma ordem de condutas, que visa o aperfeiçoamento da
pessoa, dirigindo-a para o Bem”14. Toda ordem moral, mesmo que de não generalizada aceitação,
aspira à transformação da ordem social, fazendo banir dela elementos nocivos ao
10
DINIZ, Maria Helena. Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro Interpretada. 8ª ed., São Paulo: Saraiva, 2001.
11
BATALHA, Wilson de Souza Campos. Nova Introdução ao Direito. Rio de Janeiro, Forense, 2000
12
TELLES, Galvão. Introdução ao Estudo do Direito I. 11ª ed., Coimbra, 1999 e II, 10ª ed., Coimbra, 2000.
13
MARQUES, Dias. Introdução ao Estudo do Direito. Lisboa, 1984.
14
ASCENSÃO, José Oliveira. O Direito. Introdução e Teoria Geral. Almedina, Coimbra, 7ª edição, 1989
7
aperfeiçoamento dos seus membros ou, dito positivamente, tenderá a fazer implantar as
condições favoráveis para tal.
Na mesma senda, REBELO DE SOUSA e GALVÃO referem que a ordem moral são “normas
que disciplinam a consciência pelas quais se rege a conduta das pessoas numa sociedade;
caracteriza-se pela interioridade, absolutidade e espontaneidade; a sanção é o remorso”15.
2.2.1.1. Tríplice divisão da moral
De acordo com REBELO DE SOUSA e GALVÃO, a moral pode ser vista de três formas, a
saber:16
Moral consciência individual: diz respeito ao íntimo e à consciência de cada um “praticar o bem
e afastar do mal”, o incumprimento gera remorso ou sentimento de culpa; muitas vezes pode
coincidir com a ordem normativa;
Moral social ou positiva: trata um conjunto de preceitos de carácter ético que existem numa
determinada sociedade; pode ser a moral de um determinado país ou de um grupo de países, por
exemplo; pode variar em função do local geográfico: moral urbana e moral rural. A maioria
destas normas acabam por ser normatizadas;
Morais particulares: moral que vale num âmbito de terminados grupos fechados que são
definidos em função do tipo de profissão que essas pessoas exercem, daí haver os chamados
código deontológicos; tenha-se como exemplo os médicos, advogados, jornalistas.
2.2.2. A ordem religiosa
No entendimento de CHORÃO, “a ordem religiosa tem por função regular as condutas humanas
em relação a Deus, com base na Fé” 17 . A mesma ideia é trazida por GROPPALI quando
preleciona que a ordem religiosa “é uma ordem normativa que assenta num sentido de
transcendência. Ordena as condutas tendo em vista as relações com Deus”18.
A ordem religiosa é uma parte intra-individual: como na zona relevantíssima em que ordena
cada pessoa a Deus. No entender de ASCENSÃO, “este facto repercute-se também na ordem
15
REBELO DE SOUSA, Marcelo e GALVÃO, Sofia. Introdução ao Estudo do Direito. 2000.
16
REBELO DE SOUSA, Marcelo e GALVÃO, Sofia. Ob.cit.
17
CHORÃO, Mário Bigotte. Introdução ao Direito. Almedina Coimbra, 1989;
18
GROPPALI, Alessandr. Introdução ao Estudo do Direito. 3ª ed., Coimbra, 1978.
8
social, enquanto, com a mesma finalidade, ordena condutas exteriores de membros da
sociedade”19. Esta ordem é meramente instrumental, pois destina-se a preparar ou a tornar
possível a ordem definitiva, que não é já deste mundo.
Em suma, a ordem religiosa consiste na fé e em normas religiosas criadas por um ser
transcendente. Condutas dos crentes nas suas relações com Deus, perante si mesmos e perante
os outros. Nesta senda, PERILLO refere que “as normas religiosas coincidem muitas vezes com
as normas jurídicas. Existem normas da ordem religiosa que foram incorporadas na ordem
jurídica por serem essenciais à vida social20. Em Moçambique, mesmo sendo um Estado laico,
aplica-se o princípio da liberdade religiosa21. As sanções são divinas.
2.2.3. A ordem de trato social
Para ALGEL, a ordem de trato social “aponta normas que se destinam a permitir uma
convivência agradável entre as pessoas, mas que não são propriamente indispensáveis à
subsistência da vida em sociedade”22. Desta forma, LYONS também comunga a mesma ideia,
ao referir que a ordem de trato social “inclui normas sobre a maneira de estar e se comportar em
acontecimentos sociais (normas de etiqueta e boas maneiras, de cortesia e urbanidade); normas
sobre a forma de vestir (moda), normas típicas de uma profissão (deontologia), normas de uma
determinada região (usos e costumes), etc”23.
Nesta senda, OTERO refere que a ordem de trato social são “regras de conduta de cortesia e
civilidade – usos sociais, regras de etiqueta ou de boa educação, normas convencionais,
costumes… – entre os membros de uma determinada sociedade, destinadas a tornar a
convivência mais agradável”24. O autor MATA refere que essas condutas “têm origem em usos
ou práticas regularmente observadas. Impõem-se através da pressão exercida pelo grupo.
Dizem-se unilaterais, uma vez que obrigam, mas não facultam”25. Por vezes há normas da ordem
19
ASCENSÃO, José Oliveira. Ob. Cit.
20
PERILLO, Emmanuel Augusto. Curso de introdução ao Direito. 2ª ed. São Paulo: R.T. Editora. 1968.
21
Cfr artigo 12º e 54 ambos da CRM.
22
ANGEL, Latorre. Introdução ao Direito. Coimbra, 1997.
23
LYONS, David. As regras morais e a ética. Campinas: papiros. 1990.
24
OTERO, Paulo. Lições de Introdução ao Estudo do Direito I. 1º tomo, 1998 e 2º tomo, 1999.
25
MATA, Machado. Estudos de Introdução à ciência do Direito. Belo Horizonte. Agir. 1953.
9
do trato social que passam a ser da ordem jurídica. As sanções são de carácter social, como a
perda de prestígio e de dignidade, marginalização e afastamento do grupo, entre outros.
De acordo com SANTOS, a “violação destes usos provoca reprovação social e até sanções
sociais difusas, como por exemplo a segregação de quem é considerado inconveniente”26. Se é
de uso em determinada comunidade que a partir do pedido de casamento o noivado não seja
quebrado, quem procedeu em contrário terá de defrontar a reação social que consiste na
reprovação do seu comportamento e possivelmente no seu afastamento de centros de convívio
social. Não põe, todavia, em causa nenhuma regra fundamental da comunidade.
Portanto, no entender de FERREIRA “muitos destes usos formam-se no interior de um círculo
social. Por exemplo, o advogado que propõe uma acção pessoalmente dirigida contra um colega
deve comunicar-lhe previamente, ao menos se for mais velho”27.
2.2.4. A ordem jurídica
Para FREITAS DO AMARAL “esta ordena os aspectos mais importantes da convivência social
e exprime-se através de regras jurídicas”28. Desta forma, GROPPALI refere que “é constituída
pelas normas mais relevantes da vida em sociedade e, ao contrário, das outras ordens
normativas, serve-se da coacção como meio de garantir a observância das suas normas, caso
estas não forem acatadas voluntariamente”29. É, pois, um conjunto de normas que regulam as
relações sociais, impondo-se aos homens de forma obrigatória e com recurso à coercibilidade.
Segundo MENDES na estrutura da norma jurídica, encontramos “três elementos: a previsão,
estatuição e sanção. Os dois primeiros elementos são comuns a todas normas; a sanção, na forma
especial da sanção coactiva, é própria da norma jurídica, quando completa ou perfeita”30.
Previsão: a norma jurídica fixa padrões de conduta adequadas às instituições que de futuro
advenham; e, por isso, o antes de mais, contém uma representação dessa situação futura. Essa
situação é figurada as mais das vezes de forma geral e abstracta, isto é, segundo um modelo a
que se acomodarão realidades concretas futuras. Exemplo: Quem matar outra pessoa….
26
SANTOS, Justo. Introdução ao Estudo do Direit. 2ª ed., 2003.
27
FERREIRA, Manuel Cavaleiro, Noções Gerais de Direito - s/ data.
28
FREITAS DO AMARAL, Diogo. Manual de Introdução ao Direito. Lisboa, 2004.
29
GROPPALI, Alessandro. Ob.cit.
30
MENDES, João de Castro. Introdução ao Estudo do Direito. Lisboa, 1994, p, 41.
10
Estatuição: a previsão, antecedente, liga a norma, como consequente, a necessidade de uma
conduta. A isto chama-se estatuição, ou seja, a estatuição é a consequência jurídica de uma
determinada conduta. Para MENDES, ” a necessidade dessa conduta, em cada pessoa a quem a
norma se dirige, chama-se dever ou obrigação, no sentido mais amplo desta palavra”31.
Conforme afirma RIBEIRO “a estatuição é sempre geral e abstracta, senão não estaremos
perante uma norma jurídica, mas perante um mero preceito singular e concreto” 32 . Se as
expressões norma, regra, disposição, preceito e até lei e comando se usam com certa
indiscriminação, no entanto, o termo norma deve reservar-se para a estatuição geral e abstracta.
Sanção: a sanção não é, na opinião de MENDES, como dissemos anteriormente, elemento da
norma jurídica, mas do sistema jurídico. Esta caracteriza-se por dispor de meios de proteção
coactiva; não quer dizer que os aplique a todos as normas. Contudo, as normas são jurídicas por
fazerem parte do sistema; este é jurídico por comportar meios de coação.
Exemplo: Quem estiver encarregue de administrar ou gerir interesses ou bens patrimoniais de
terceiro, e com violação dos deveres inerentes à função, causar prejuízo patrimonial a este, é
punido com pena de prisão de 1 a 5 anos (Art. 286 do CP).
No exemplo apresentado, temos:
Previsão: “Quem estiver encarregue de administrar ou gerir interesses ou bens patrimoniais
de terceiro, e com violação dos deveres inerentes à função …”
Estatuição: “...causar prejuízo patrimonial a este...”
Sanção: “ …é punido com pena de prisão de 1 a 5 anos”.
2.2.4.1. Características da norma jurídica
Segundo VENOZA as características mais marcantes da norma jurídica, que são33:
a) Generalidade: Todos os cidadãos são iguais perante a lei, razão por que a norma jurídica
se aplica a todas as pessoas em geral. As normas jurídicas são válidas para todos e a
todos obrigam de igual forma;
31
Idem
32
RIBEIRO, Manuel de Almeida. Introdução ao Direito para as Ciências Sociais. (s/l). 2004.
33
VENOSA, Sílvio. Introdução ao Estudo do Direito. 2ª ed., São Paulo: Atlas, 2006.
11
b) Abstracção: As normas jurídicas aplicam-se a um número abstracto de situações, a
situações hipotéticas em que poderão enquadrar-se as condutas sociais e não a um
indivíduo ou facto concreto da vida social;
c) Imperatividade: As normas jurídicas são de cumprimento obrigatório;
d) Coercibilidade: As normas jurídicas podem impor-se mediante o emprego de meios
coercivos (ou da força) pelos órgãos estaduais competentes, em caso de não
cumprimento voluntário.
2.3. Interligação das ordens normativas
Para DUARTE “todas as ordens sociais enunciadas têm em comum o facto de as suas normas
(normas morais, religiosas, de trato social e jurídicas) serem gerais, abstractas e obrigatórias. A
generalidade, a abstracção e a imperatividade ou obrigatoriedade são, pois, características
comuns às mesmas”34. No entanto, e como marca diferenciadora, só a ordem jurídica (ou de
Direito) se caracteriza pela coercibilidade, assegurada pelo Estado em caso de não cumprimento
voluntário das suas normas (normas jurídicas).
34
DUARTE, Maria Luísa. Introdução ao Estudo do Direito – Sumários Desenvolvidos. (s/l). 2003.
12
Conclusão
Após a realização da pesquisa concluímos que a ordem social, sendo complexa, subdivide-se
em diversas ordens diferentes, das quais se destacam quatro: Ordem Moral que visa o
aperfeiçoamento do indivíduo, dirigindo-o para o bem. É um conjunto de imperativos impostos
ao Homem pela sua própria consciência ética, sendo o seu incumprimento punido,
principalmente, pelo arrependimento ou remorso, mas também pela rejeição ou marginalização
do grupo em que o indivíduo se insere. Será, assim, uma ordem intra-subjectiva, dado que
relaciona a pessoa consigo mesma. Distingue-se do Direito por via de dois critérios:
Coercibilidade – as normas jurídicas são física e organicamente susceptíveis de aplicação
coerciva, enquanto que as morais não. Exterioridade – a ordem Jurídica é exterior ao indivíduo,
regulando a sua conduta externa. A ordem moral, por outro lado, irá depender dos valores do
próprio indivíduo: por exemplo, pensar em roubar poderá ser moralmente condenável, mas será
um acto indiferente perante o Direito.
Nesta senda, Ordem Religiosa é a ordem de fé, regulando as relações entre os crentes e os seus
deuses. É essencialmente intra-individual, reflectindo-se também na sociedade dado que as
crenças religiosas dos indivíduos influenciam a sua conduta. As suas sanções têm um carácter
extraterreno. Ordem de Trato Social é aquela que exprime-se através dos usos sociais, podendo
variar dentro da mesma sociedade, conforme o círculo social. A violação destas normas poderá
levar à marginalização do infractor.
Por último, temos a Ordem Jurídica que é a ordem normativa e inter-subjectiva, assistida de
coercibilidade material, que visa regular a vida do Homem em sociedade, conciliando os
interesses em conflito. Tem como valores fundamentais a Justiça e a Segurança, utilizando como
meio as normas jurídicas.
13
Referência bibliográfica
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ASCENSÃO, José Oliveira. O Direito. Introdução e Teoria Geral. Almedina, Coimbra, 7ª
edição, 1989
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14
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Coimbra, 2000.
VENOSA, Sílvio. Introdução ao Estudo do Direito. 2ª ed., São Paulo: Atlas, 2006.
Legislação
Constituição da República de Moçambique – Actualizada pela Lei no 1/2018, de 12 de Junho.
Código Penal – Lei no 24/2019, de 24 de Dezembro.
15