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Carlos Fernando de Araujo Jr.

Tecnologias e Aprendizado
em Dispositivos Móveis
(M-learning)

São Paulo
2016
Sistema de Bibliotecas do Grupo Cruzeiro do Sul Educacional
PRODUÇÃO EDITORIAL - CRUZEIRO DO SUL EDUCACIONAL. CRUZEIRO DO SUL VIRTUAL

A663t

Araujo Júnior, Carlos Fernando de.


Tecnologias e aprendizado em dispositivos móveis (m-learning)/
Carlos Fernando de Araujo Júnior. São Paulo: Cruzeiro do Sul
Educacional. Campus Virtual, 2016.
108 p.

Inclui bibliografia
ISBN: 978-85-8456-162-9

1. Tecnologia educacional. 2. Mobile Learning. I. Cruzeiro do Sul


Educacional. Campus Virtual. II. Título.
CDD 370

Autoria: Carlos Fernando de Araujo Jr.

Artigos: Ademir Cenati, Carlos Fernando de Araujo Jr., Eduardo Jesus Dias e Marcos Andrei Ota

Revisão textual: Claudio Brites e Márcia Ota (conteúdo didático) e Selma Aparecida Cesarin (artigos)

2016 © Cruzeiro do Sul Educacional. Cruzeiro do Sul Virtual.


www.cruzeirodosulvirtual.com.br | Tel: (11) 3385-3009
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização
por escrito dos autores e detentor dos direitos autorais
Plano de Aula
Tecnologias e Aprendizado em
Dispositivos Móveis (M-learning)

SUMÁRIO
CONTEÚDO DIDÁTICO

Análise da evolução do Mobile Learning (M - learning)


7 Unidade I aspectos históricos, tecnológicos e culturais

27 Unidade II
Estudo e Análise das Teorias de Ensino e de Aprendizagem
para Suporte ao uso dos Dispositivos Móveis

49 Unidade III
Análise e Aplicação dos Dispositivos Móveis
na Educação

67 Unidade IV
Estudo e Análise dos Casos de uso das Tecnologias Móveis
na Educação em Diferentes Níveis e Modalidades

LEITURA COMPLEMENTAR

Aprendizagem Móvel e a Educação de Jovens


82 Artigo I e Adultos
O Uso do Blackboard Mobile no Ensino Médio:
94 Artigo II uma possibilidade de avaliar a aprendizagem na Matemática
Tablets e Aplicativos para Contar a História da Matemática
101 Artigo III no Ensino Médio
PLANO DE
AULA

Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na
sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas:

Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Determine,
por exemplo, um dia e horário fixos. Conserve também seu material e local de estudos
sempre organizados.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação
saudável pode proporcionar um melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade há leituras indicadas, dentre elas: artigos científicos, livros,
vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso,
você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que
ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns
de discussão, pois estes irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento,
além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço
de troca de ideias e aprendizagem.

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Nun origina
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Com

4
Objetivos de aprendizagem
Análise da evolução do Mobile Learning (M - learning) aspectos históricos, tecnológicos e culturais
Unidade I

» Compreender os conceitos sobre o mobile learning;


» Conhecer a evolução histórica da tecnologia na educação;
» Avaliar as tendências tecnológicas na educação para os próximos anos;
» Analisar as implicações da tecnologia na sociedade e na educação;
» Refletir sobre a evolução, as tendências e o potencial das tecnologias móveis na educação.

Estudo e Análise das Teorias de Ensino e de Aprendizagem para Suporte ao uso dos Dispositivos Móveis
Unidade II

» Obter uma visão geral do ensino e aprendizagem em M-learning;


» Abordar o Modelo TPACK Tecnologia, Pedagogia e Conhecimento Específico;
» Sistematizar as principais correntes teóricas;
» Enfatizar o conectivismo e a Teoria da Atividade (TA).
Unidade III

Análise e Aplicação dos Dispositivos Móveis na Educação


» Estudar os possíveis usos do M-learning;
» Conhecer e analisar cases de uso dos dispositivos móveis na educação em diferentes contextos;
» Capacitar estudante e professor na identificação de usos e aplicações da tecnologia para o contexto educacional;
» Compreender a responsabilidade sobre o desenvolvimento da aprendizagem mediada pela tecnologia.

Estudo e Análise dos Casos de uso das Tecnologias Móveis na Educação em Diferentes Níveis e Modalidades
Unidade IV

» Apresentar um case de uso dos dispositivos móveis na educação, especificamente na área de Biologia;
» Estudar o detalhamento do processo e resultados apresentados;
» Discorrer sobre o resultado do trabalho de Doutorado de Almeida (2016).

5
I
Análise da evolução do Mobile Learning
(M - learning) aspectos históricos,
tecnológicos e culturais

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Carlos Fernando de Araujo Jr.

Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Análise da evolução do Mobile Learning (M - learning) aspectos históricos, tecnológicos e culturais
UNIDADE
I
Introdução ao tema
Nesta unidade, discutiremos a evolução da tecnologia e seu uso para o aprendizado.
Para isso, consideraremos os aspectos históricos, sociais e culturais. Enfocaremos, em
mais detalhe, o movimento do mobile learning (aprendizado por meio de dispositivos
móveis), considerando que o m-learning está presente em grande parte da sociedade
atual e, em decorrência disso, tem transformado nossos hábitos diários, nossas relações
sociais, as atividades de trabalho e, principalmente, as atividades que envolvem o ensinar
e o aprender.

Assim, é importante para todos aqueles que atuam na educação (professores, diretores
e estudiosos do assunto) conhecer e compreender:
· o potencial das tecnologias móveis para promover o ensino e aprendizagem;
· o desenvolvimento do potencial tecnológico ao longo do tempo; e
· as tendências tecnológicas e suas implicações sociais e culturais.

Vale destacar que esta unidade está dividida em quatro partes, conforme apresentado
esquematicamente na Figura 1:

Conceitos de Evolução
M-learning Tecnológica

Unidade 1
Análise da evolução do mobile
learning (m-learning): aspectos
históricos, tecnológicos e culturais

Aspectos Tendências do
Tecnológicos, uso das tecnologias
Sociais e Culturais na Educação

Figura 1: Visão esquemática dos principais assuntos tratados nesta unidade

8
Na primeira seção, trataremos de alguns conceitos emergentes do m-learning.
Buscaremos responder a questões como: “O que quer dizer m-learning?”, “Quais os
conceitos contemporâneos do m-learning?”.

Na segunda seção, apresentaremos um histórico da evolução tecnológica dos


dispositivos móveis. Entre os destaques desta seção está a evidência de que os dispositivos
móveis foram concebidos há muito tempo; contudo, somente em tempos recentes têm
se tornado fáceis de usar e populares e, principalmente, muito úteis.

Destacaremos, ainda, na evolução histórica da tecnologia alguns marcos relacionados


ao lançamento de produtos ou publicação de trabalhos científicos, bem como o início de
conferências que impulsionaram o desenvolvimento da área.

Na terceira seção, destacaremos os estudos do NM Horizon Report 2015, em que


há indicação das tecnologias emergentes para os próximos 5 anos (2015-2020). Então,
discutiremos um pouco este avanço no contexto da educação superior e educação
em geral.

Assim sendo, finalizaremos esta unidade com reflexões sobre os aspectos


tecnológicos, sociais e culturais. Vale destacar que a figura 1 apresenta uma síntese
dos assuntos trabalhados nesta ação! Desse modo, concluiremos a unidade com
algumas questões para análise e reflexão para que você possa testar e aprofundar
seus conhecimentos.

Alguns Conceitos sobre mobile learning


Antes de mais nada, considerando que a boa prática acadêmica nos indica definir
ou conceituar os temas centrais que trataremos nesta unidade, vamos iniciar, então,
buscando um conceito para o termo “mobile learning”!

De um ponto de vista pragmático e operacional, é possível dizer que m-learning é o


aprendizado que se dá por meio de dispositivos móveis. Esse conceito é prático e dará
conta de um grande número de situações; contudo, ele não revela detalhes.

Ao longo da evolução do m-learning, alguns outros conceitos foram elaborados com


o objetivo de enfatizar elementos que compõem o m-learning, ora o conceito poderia
destacar aspectos da tecnologia, ora aspectos educacionais (ARAUJO JR & SILVEIRA,
2014). Então, daremos ênfase a alguns conceitos sobre o m-learning de alguns dos
principais autores internacionais para uma breve discussão:

Conceito 1

“[...] qualquer serviço ou facilidade que supre um aprendiz com informação


eletrônica em geral e conteúdo educacional e que auxilia na aquisição de
conhecimento independentemente de espaço e tempo”. (LEHNER e NOSEKABEL,
2002, apud ARAUJO JR., SILVEIRA & CERRI, 2014)

9
Análise da evolução do Mobile Learning (M - learning) aspectos históricos, tecnológicos e culturais
UNIDADE
I
Conceito 2

“O m-learning pode ser conceituado como o uso de tecnologia e comunicação


móvel síncrona e assíncrona, para objetivos educacionais”. (FREYSEN, 2004, apud
ARAUJO JR., SILVEIRA & CERRI, 2014)

Conceito 3

O m-learning pode ser definido como “[...] o aprendizado que é suportado


por dispositivos móveis, comunicação e tecnologia ubíqua e interfaces com o
usuário inteligentes”. (SHARMA e KITCHENS, 2004, Apud ARAUJO JR, SILVEIRA &
CERRI; 2014)

Conceito 4

Geddes (2004) conceitua m-learning como “[...] a aquisição de qualquer


conhecimento e habilidade usando tecnologia móvel, em qualquer lugar,
qualquer tempo, e que resulta na alteração do comportamento”. (GEDDES, 2004,
Apud ARAUJO JR, SILVEIRA & CERRI; 2014)

Conceito 5

[...] o aprendizado por meio de múltiplos contextos, com interações com conteúdo e
sociais, usando dispositivos eletrônicos de uso pessoal”. (CROMPTON, 2013)

Para caracterizar o m-learning, os conceitos apresentados estão inseridos em


contextos que variam dos consideravelmente genéricos e amplos, como, por exemplo,
o conceito de Lehener e Nosekabel (2002) e Freysen (2004), aos mais específicos que
incluem aspectos tecnológicos e educacionais, tais como Sharma e Kitchens (2004) e
Geddes (2004).

Em contexto um pouco mais recente, o conceito apresentado por Crompton (2013)


é mais amplo e abrangente, considerando aspectos da educação formal e informal
(múltiplos contextos) e aspectos relacionados às interações com conteúdo (clássica) mais
interações sociais (mais recentes e resultado da proliferação de redes sociais). Dessa
forma, consideramos que o conceito proposto por Crompton é o mais atual. Portanto,
está mais próximo ao nosso entendimento sobre o mobile learning. Assim, será adotado
como nosso fundamento.

10
A Evolução Tecnológica

Fonte: iStock/Getty Images


Nesta parte de nossa unidade, apresentamos uma linha do tempo do desenvolvimento
do que podemos chamar de mobile learning (aprendizado por meio de dispositivos móveis).

Essa linha do tempo foi adaptada de Timeline (2016). Embora as determinações


históricas possam ter interpretações variadas e, às vezes, um pouco imprecisas, nossa
ideia principal é apresentar um fio condutor da evolução tecnológica que levou ao
surgimento, em tempos recentes, dos smarthpones, tablets e wearables technologies
(“tecnologias que podem ser usadas vestíveis”).

Nesta evolução tecnológica, observamos que desde 1972 havia registros do desejo de
termos um dispositivo computacional nas dimensões de um caderno ou uma folha (veja a
ideia do Dynabook). O avanço da tecnologia permitiu velocidade de processamento cada
vez maior e interfaces humano-computador gradativamente mais simples e amigáveis.
No paralelo desse desenvolvimento, os educadores sempre se interessaram por aplicações
diretas dessas tecnologias na Educação (microwrites in infant schools, Projeto ACOT,
PDAs in Classroom, etc), além de estudos e pesquisas específicos.

Observamos, nesta evolução histórica, o potencial da tecnologia móvel para auxiliar


em múltiplos contextos formais e informais (educação em sala de aula, educação no
campo, educação corporativa, entre outros) de acordo com o conceito apresentado por
Crompton (2013).

A UNESCO apresentou em 2012 uma série de relatórios sobre as iniciativas de uso da


aprendizagem móvel nas diversas áreas do mundo (América Latina, América do Norte,
Europa, Ásia, África e Oriente Médio). São relatórios interessantes que possibilitam o
aprofundamento no assunto e, com isso, podemos ter uma ideia geral dos diferentes
usos que estão sendo realizados no mundo em relação ao m-learning para professores e
estudantes (UNESCO, 2012, 2014). No âmbito da América Latina, o relatório apresenta
trinta (31) estudos de uso do m-learning.

11
Análise da evolução do Mobile Learning (M - learning) aspectos históricos, tecnológicos e culturais
UNIDADE
I
Em tempos mais recentes, em 2011, nosso grupo de pesquisa da Universidade Cruzeiro
do Sul (Programa de Mestrado e Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática) iniciou
o que chamamos de Projeto Tablets na Educação Básica (PTEB). Esse projeto tem tido
grande sucesso e desdobrou-se em pesquisas no âmbito de mestrado e doutorado no
Brasil/exterior. Dado o sucesso, seu objetivo inicial foi ampliado para abarcar além da
educação fundamental, o ensino médio, a educação profissional e mais recentemente a
educação de jovens e adultos. Além disso, foi institucionalizado e hoje faz parte das escolas
que compõem a Cruzeiro do Sul Educacional.

Nosso objetivo em apresentar esta evolução tecnológica é mostrar que as inovações


não são prontamente idealizadas e implantadas nos espaços das salas de aulas. Há
um longo processo de amadurecimento que passa por estudos iniciais exploratórios
e implementação de projetos-pilotos. Aliás, desenvolvimento de projetos-pilotos bem
delineados e contornados, a partir dos quais se podem fazer algumas generalizações,
tem sido uma marca no desenvolvimento da tecnologia na educação.

Observe na linha de tempo que, na maioria das vezes, o conceito ou idealização


aparece primeiro e depois, a materialização do dispositivo ou a implementação bem
sucedida de uma proposta ou projeto-piloto.

Com os resultados obtidos nestas diferentes iniciativas que compõem esta linha do tempo,
foi possível termos mais conhecimento e experiência para irmos em direção do futuro.

Na Figura 2, apresentamos uma síntese da linha de tempo adaptada de Parsons (2014)


e sobre a qual faremos alguns destaques nesta parte da Unidade.

1972 1984 1991 1994


Primeira visão de um Primeiro uso de Primeiro uso de Primeiro uso de Pri
dispositivo de Microwriters em dispositivos móveis computadores de
aprendizagem móvel. escolas infantis. em viagens de campo. portáteis na
sala de aula.
S
real

1997 1998 2000 2001 base


apre

Primeiro uso de Primeiro grande Primeiro uso Primeiro uso de PDAs


dispositivos móveis projeto de generalizado de PDAs em línguas locais.
verdadeiros no multimedias em sala de aula.
estudo de campo. portáteis do governo Primeiro acordo
do Reino Unido. Primeiro dispositivo móvel com provedores de
dedicado para a aprendizagem redes móveis. P
ao longo da vida.
apre

12 Prim
IAD
94 2002 2004
uso de Primeiro ambiente Primeiros projetos Primeiro jogo
Primeira conferência
dores de aprendizagem de aprendizagem de realidade
WMUTE.
s na de projetos. móvel Europeus. aumentada virtual.
aula.
Surgimento da
Primeiro livro de
realidade aumentada Primeira conferência
autoria de
01 baseada em jogos de
aprendizagem móvel.
mLearn.
aprendizagem móvel.

o de PDAs
locais. 2005 2007 2008
acordo
dores de
óveis. Primeiro livro IAmLearn é fundada. Primeiros aplicativos
editado em de aprendizagem
aprendizagem móvel. Maior projeto móvel.
de aprendizagem
Primeira conferência móvel até agora.
IADIS aprendizagem
móvel. Primeira emissão
do IJMLO.

2009 2011 2012

Primeiros livros Primeiro simpósio Primeira MOOC na


de aprendizagem da UNESCO sobre a aprendizagem móvel.
móvel gratuitos aprendizagem móvel.
publicados on-line.
BYOD começa a se
espalhar para a
educação.

Figura 2: Síntese da linha do tempo da evolução do mobile-learning


Fonte: Parsons (2014)

13
Análise da evolução do Mobile Learning (M - learning) aspectos históricos, tecnológicos e culturais
UNIDADE
I
Um marco nesta linha do tempo é o ano de 1972, com o Dynabook, concebido por
Alan Kay do grupo de pesquisa em aprendizagem do Laboratório de Palo Alto – Centro
de pesquisas da Xerox, que propôs um computador no formato de livro (Figura 3) para
ser usado em simulações para aprendizagem. (PARSONS, 2014).

Figura 3: Imagem ilustrativa do Dynabook idealizado por Alan Kay

Em 1984, temos a implementação dos Microwriters in Infant Schools, recursos para


o aprendizado autônomo e colaborativo de língua inglesa (PARSONS, 2014). No ano de
1991, a Apple lança seu conhecido projeto ACOT- Apple Classrooms of Tomorrow.
Utilizou computadores móveis conectados por rede wireless. Além disso, Gardner
(1994) publica um artigo importante sobre aprender utilizando computadores móveis.
O computador portátil utilizado nesta época é apresentado na Figura 4.

Figura 4: computador portátil

Em 1997, Rieger e Gay apresentam um artigo de como utilizar computadores portáteis


no estudo no campo nos anais da 2ª Conferência Internacional de Aprendizagem
Colaborativa Suportada por Computador (CSCL -97).

14
Com a evolução da tecnologia ou de
seu potencial, temos os primeiros tra-
balhos indicando o uso dos dispositivos
móveis para educação pessoal, com
vistas ao aprendizado ao longo da vida.
(SHARPLES, 2000).

No ano de 2000, tivemos o


lançamento do Palm OS um PDA
– Personal Digital Assistent que
tinha conectividade limitada, mas foi
um grande avanço tecnológico para
chegarmos aos smartphones atuais
(Figura 5). Em 2001, estes PDAs já
começam ser utilizados em projetos-
pilotos para fins educacionais.
(RODRIGUEZ et al, 2001). Figura 5: Imagem ilustrativa
de um Palm OS (2000)
Fonte: iStock/Getty Images

Já no início dos anos 2000, mais


precisamente em 2002 e 2005, temos
as primeiras conferências sobre mo-
bile learning em nível internacional,
1ª. Conferência MLearn – European
Workshop on Mobile and Contextu-
al Learning (2002) e a 1ª Conferência
IADIS de Mobile Learning (2005).

Em 2007, destacamos o lançamento


do Iphone (Figura 6) seguido em 2008
do início da produção dos aplicativos
para iOS e Android que impulsionou
de forma significativa o uso em geral
dos smartphones.

Figura 6: Imagem ilustrativa de um iPhone


Fonte: iStock/Getty Images

15
Análise da evolução do Mobile Learning (M - learning) aspectos históricos, tecnológicos e culturais
UNIDADE
I

Um grande impulso tomou a área do mobile learning com o lança-


mento do Ipad em 2010 (Figura 7), progressiva e paralelamente de uma
grande linha de tablets com sistemas operacionais Android e Windows.
A usabilidade dos dispositivos (interface) e aplicativos promoveu um crescimento
de vendas e, consequentemente, de uso desses dispositivos pela sociedade em
geral. Esse movimento se deu em paralelo com o avanço dos smartphones e da
ampliação progressiva do acesso a redes de dados, proporcionando o desen-
volvimento de projetos de uso do mobile learning em várias partes do mundo
que têm sido registrados pelos relatórios da UNESCO (2011, 2012, 2014).

Em 2011, iniciamos o projeto Tablets no


colégio Cruzeiro do Sul como um projeto
de pesquisa do Programa de Mestrado e
Doutorado da Universidade Cruzeiro do
Sul. O projeto envolveu inicialmente 10
docentes, sendo que 4 deles eram alunos
do programa de mestrado em ensino de
ciências e matemática. Além de várias
produções, dissertações de mestrado e
teses de doutorado (no Brasil/exterior),
Figura 8: Capa do livro Tablets no disponibilizamos um livro (Figura 8), cuja
Ensino Fundamental e Médio (2014) publicação impressa foi realizada em
Fonte: Acervo do Conteudista
2012 e a digital em 2014.

Assim sendo, o projeto tablets está hoje institucionalizado e implantado


em dois dos colégios do grupo Cruzeiro do Sul. Em consequência disso, as
pesquisas do grupo têm se intensificado em nível nacional e internacional.
Dada esta consolidação de pesquisas, em 2015, o grupo de pesquisa ela-
borou projeto para uma pós-graduação em Tecnologias Digitais e Inovação
na Educação com o objetivo de divulgar as ações de pesquisa e inovação
realizadas nesta área.

Figura 7: Imagem ilustrativa de um iPad


Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images

16
Uma nova fronteira que se desponta é a das
tecnologias vestíveis – weareble technologies –
dentre as quais podemos destacar o Google
Glass (Figura 9), e os “relógios” do tipo Galaxy
Gear e Apple Watch. Esta tendência aponta
para que os dispositivos façam parte integrante
de nosso corpo, como uma roupa, um óculos ou
um “relógio”. Os avanços neste seguimento
parecem levar os recursos da computação ubíqua
para todos os itens do nosso corpo, integrando
a interface com o homem.
Figura 9: Imagem ilustrativa do Google Glass
Fonte: iStock/Getty Images A linha de tempo dado por Parsons (2014)
apresenta diversos marcos do desenvolvimento
do m-learning. Por isso, indicamos aos interes-
sados em se aprofundar no assunto que leiam o
artigo de Parsons (2014).

Tendências do uso das Tecnologias na Educação


no Ensino Superior

Fonte: iStock/Getty Images

Para atuarmos de forma prospectiva, devemos ter uma visão da direção dos possíveis
usos das tecnologias no futuro. Os relatórios do NM Horizon Report são de grande
importância neste contexto (JOHNSON et al., 2015). Com isso, apresentamos abaixo
uma figura adaptada (Figura 10) que traz uma síntese da evolução da tecnologia na
educação (em especial, a educação superior) para os próximos cinco anos.

17
Análise da evolução do Mobile Learning (M - learning) aspectos históricos, tecnológicos e culturais
UNIDADE
I

Figura 10: Evolução da Tecnologia na Educação Superior 2016-2020


Fonte: Johnson et al, 2015.

A figura 10 apresenta a evolução da tecnologia e seu emprego no contexto


educacional. No curto prazo (1 a 2 anos), temos o avanço da educação híbrida (Blended
education) e redesenho dos espaços educacionais, em especial devido aos ambientes
virtuais de aprendizagem e tecnologias móveis.
Este movimento dará ênfase ao uso de recursos computacionais em sala de aula
dentro da filosofia BYOD (Bring Your Own Device – Traga o seu próprio aparelho) e
estratégias de ensino e aprendizagem baseadas no Flipped Classroom.
Nessa direção, em um médio prazo (3 a 4 anos), destaca-se o foco em medidas de apren-
dizagem que devem emergir dos estudos do que chamamos, hoje, de learning analytics.
Então, teremos possibilidade, pelo acesso aos dados dos estudantes em ambientes virtuais,
por exemplo, de fazer predições sobre seu comportamento e aprendizado. Além disso,
destaca-se também a proliferação de acesso a recursos educacionais abertos. Com isso, a
longo prazo (5 ou mais anos) destaca-se, na Figura 10, o avanço de culturas de mudanças
e inovação, ampliação da colaboração entre instituições, além de avanços significativos da
aprendizagem adaptativa e internet das coisas.
Tendo em vista esse contexto, consideramos importante estarmos atentos à evolução
ou aos possíveis cenários da evolução da tecnologia na educação. Afinal, como
professores, pesquisadores e educadores poderemos contribuir para que esses cenários
possam ser, realmente, úteis para os objetivos educacionais.

18
Em um esquema mais geral, considerando tecnologias e contextos também mais
amplos, tais como a educação básica, fazemos uma síntese das tecnologias atuais e
emergentes no contexto da educação por meio da Figura 11.

EVOLUÇÃO TECNÓGICA NA EDUCAÇÃO

SALA DE INFORMAÇÃO OUTRAS


GAMIFICAÇÃO
AULA LIVRE E ABERTA INOVAÇÕES

• PROJETORES • APPS FEITOS • COMUNIDADE ONLINE • COMPUTAÇÃO


MULTIMÍDIA POR ALUNO PERVASIVA
• APPS PARA EDUCAÇÃO
• LOUSAS DIGITAIS • FERRAMENTAS DE • ESPAÇOS FÍSICOS E
PROGRAMAÇÃO • SALA DE AULA VIRTUAIS DE ESTUDOS
• TABLETS INVERTIDA
• JOGOS EDUCATIVOS • PERSONALIZAÇÃO
• PAINEIS DE • VÍDEO AULAS
DESEMPENHO • RESULTADOS E BADGESS
• AMBIENTES VIRTUAIS
• MAPAS DE • RITMO DO ALUNO DE APRENDIZAGEM
CONHECIMENTO
• LIVROS DIGITAIS

Figura 11: Evolução Tecnológica na Educação – perspectiva geral

Na representação sintética da Figura 11, fazemos um destaque para as tecnologias


existentes e em evolução no contexto da sala de aula, ampliação do tempo e espaço
da aprendizagem (informação aberta e livre e espaços físicos e virtuais de estudos) com
destaque para a abordagem da gamificação. No âmbito da sala de aula, observamos a
integração das tecnologias de lousas digitais, tablets, projetores multimídia e painéis
de desempenho, promovendo um ecossistema de recursos tecnológicos que podem
potencializar a aprendizagem em diferentes contextos e abordagens.

Assim, a gamificação pode ser considerada como uma abordagem, tratando as ativi-
dades educacionais com base nesta perspectiva, ou mesmo usando recursos de jogos e
desenvolvimento de jogos educativos.

Um grande destaque para esta evolução é o acesso à informação aberta e livre.


Os estudantes já têm, hoje em dia, uma quantidade gigantesca de recursos institucionais
e públicos que permite estratégias de sala de aula invertida. Para isso, é necessário
que se tenha a orientação e certo direcionamento do professor. Como tendência,
semelhantemente ao que vimos na figura anterior, temos a computação pervasiva,
a integração entre o real e o virtual no que diz respeito aos espaços de ensino e
aprendizagem e a personalização da aprendizagem (em que podemos destacar a
aprendizagem adaptativa).

19
Análise da evolução do Mobile Learning (M - learning) aspectos históricos, tecnológicos e culturais
UNIDADE
I
Aspectos Tecnológicos, Sociais e Culturais
A sociedade atual está imersa na tecnologia. Os dispositivos móveis (smartphones,
tablets, netbooks, entre outros) permitem processamento e conectividade em
praticamente qualquer tempo (anytime) e local (anywhere). Vivemos o momento da
computação ubíqua e pervasiva. Considerando que o aprendizado pode se dar formal
e informalmente, em ambientes escolares e outros ambientes, o conceito de u-learning
(ubiquos learning) ganha cada vez mais potencialidade nos dias de hoje.

Na Figura 12, apresentamos um panorama desta realidade que encontramos nas ruas,
nas famílias, na educação e no trabalho. A redução das dimensões, interfaces amigáveis e
poder de processamento crescente associado à conexão de alta velocidade tem feito com
que os dispositivos móveis tenham um papel essencial na vida cotidiana da sociedade atual.

Figura 12: A tecnologia móvel em diferentes situações e contextos


Fonte: iStock/Getty Images

Na Figura 13, apresentamos um infográfico adaptado da Unesco (UNESCO,2016)


sobre uma pesquisa em países em desenvolvimento e os aspectos relacionados com os
dispositivos móveis e com o m-learning. A relatório indica que temos cerca de 7 bilhões
de habitantes no planeta Terra, cerca de 4.5 bilhões de banheiros e 6 bilhões de celulares!
Estes números dão uma ideia do crescimento do uso de dispositivos móveis no mundo.

Sendo os dispositivos e os recursos tão presentes nas vidas das pessoas, eles permitem
acesso virtual a recursos que, muitas vezes, não existem presencialmente em todas as
localidades. Um grande exemplo é o acesso a livros.

O próprio relatório da Unesco destaca que a média de bibliotecas por população nos
países da África como a Nigéria pode chegar a uma biblioteca para cada 1,3 milhão de
habitantes, enquanto nos países do Reino Unido é de cerca uma biblioteca para cada
15.000 habitantes. Essa desigualdade pode ser equilibrada pelo acesso virtual a livros,
jornais e revistas por meio dos dispositivos móveis.

20
Figura 13: Alguns dados sobre o uso de Celulares no Mundo
(Fonte: Unesco (2016))

21
Análise da evolução do Mobile Learning (M - learning) aspectos históricos, tecnológicos e culturais
UNIDADE
I
O estudo da Unesco indica também que os dispositivos móveis cumprem um importante
papel no acesso à informação dos países da África e Oriente Médio estudados (WEST e
EL, 2014). Os dados apontam que o maior uso dos dispositivos móveis é realizado pelas
mulheres (207 minutos por mês), os homens fazem uso em 33 minutos por mês. Um terço
das mulheres utilizam os dispositivos móveis para lerem histórias para seus filhos.

No contexto apresentado pelo estudo da UNESCO, percebemos como a tecnologia


pode fazer com que diferenças de infraestrutura tão díspares (nº de habitantes por
biblioteca) possam ser contornadas com o uso da tecnologia.

Portanto, nosso desafio é fazer com as tecnologias digitais, em especial as tecnologias


móveis, sejam utilizadas de forma adequada para fins de educação, seja no ambiente
de sala de aula, seja em ambientes externos, na perspectiva da ampliação do tempo
e espaço da aprendizagem. Esta tarefa é um desafio a todos que atuam na educação
professores, coordenadores, diretores, objetivando fazer com que nossos alunos possam
utilizar o potencial da tecnologia para: motivarem-se a aprender; aprenderem de forma
diferenciada e personalizada a fim de integrar os dispositivos móveis na aprendizagem.
Este é nosso desafio nesta disciplina!

Questões para análise e reflexão da Unidade


Apresentamos aqui, algumas questões para discussão a fim de que você possa testar e
aprofundar seus conhecimentos. Estas questões têm o caráter analítico e reflexivo e são
úteis para discussão em sala de aula, entre pares, em grupos de discussões.
· Há outras diferenças que não foram destacadas nos conceitos apresentados
sobre m-learning que você observou? Caso a resposta seja afirmativa, pontue
as diferenças observadas.
· Há algo mais nos conceitos sobre m-learning que você acrescentaria para
torná-los mais adequados, em sua perspectiva?
· Considerando-se o avanço tecnológico, o que poderíamos fazer para o
desenvolvimento do mobile learning nos próximos 5 anos ?
· Quais das tecnologias apresentadas nesta unidade são utilizadas na sua escola?
· Quais outras aplicações para o Mobile Learning na Educação você conhece?
Você poderia fazer um mapa mental destas aplicações?
· Você poderia conceituar “Computação ubíqua” e “Computação Pervasiva”?
· As crianças e jovens, hoje em dia, estão expostos à conexão contínua, a
diferentes estímulos tais como TV, Jogos, Smartphones (Musicas, vídeos,
redes sociais etc...). Dizem alguns que as crianças e os jovens atuais estão se
tornando mais superficiais devido à tecnologia. Qual é o seu posicionamento
sobre isso? Caso sua perspectiva sobre este fenômeno seja negativa, há algo
a fazer para melhorar?

Essas questões poderão ser respondidas pela leitura do material teórico, assistindo às
videoaulas e pelo acesso ao material complementar (vale a pena acessar e ver os vídeos
e textos indicados!!!) e também pelas referências bibliográficas da Unidade.

22
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Bridging Our Future Intel
Através da conexão entre educação com tecnologias inteligentes, a Intel concede um
vislumbre do futuro do ensino fundamental e ensino médio.
https://youtu.be/Aclw-_y5fUc
Conheça o Aluno Multimídia
Vídeo da Blackboard sobre o perfil de uma nova geração de jovens que aprende usando
a tecnologia.
https://youtu.be/O15QPW9Iu-0
Projeto Tablets
Projeto do Colégio Alto Padrão e da Cruzeiro do Sul Virtual, com a proposta de integrar
tablets à sala de aula.
http://www.kaltura.com/tiny/vzi6t
Escolas debatem se usar tecnologia em sala de aula ajuda ou atrapalha alunos
Matéria do Fantástico sobre o uso das novas tecnologias nas escolas.
http://goo.gl/0U8Aeb

23
Análise da evolução do Mobile Learning (M - learning) aspectos históricos, tecnológicos e culturais
UNIDADE
I
Referências
ARAUJO JR, C.F. e SILVEIRA, I.F. (Org.). Tablets no Ensino Fundamental e Médio:
princípios e aplicações. São Paulo: Editora Terracota, 2014 (edição digital).

ARAUJO JR., C.F., SILVEIRA, I.F., CERRI, M.S.A. Os Tablets no Ensino Fundamental
e Médio: estudos e análises na direção de novas metodologias e estratégias de ensino e
aprendizagem. In: ARAUJO JR, C.F. SILVEIRA, I.F. Tablets no Ensino Fundamental
e Médio: princípios e aplicações. São Paulo: Ed. Terracota, 2014 (edição Digital).

CROMPTON, H. Mobile learning: new approach, new theory. In: BERGE, Z. L.;
MUILENBURG, L. Y. (Ed.). Handbook of mobile learning. New York: Taylor &
Francis, 2013.

GARDNER, John et al. Learning with portable computers. Computers &


Education, v. 22, n. 1, p. 161-171, 1994.

JOHNSON, L., ADAMS BECKER, S., ESTRADA, V., and FREEMAN, A. NMC
Horizon Report: 2015 Higher Education Edition. Austin, Texas: The New Media
Consortium, 2015.

KUKULSKA-HULME, Agnes. Mobile learning: A handbook for educators and


trainers. Psychology Press, 2005.

PARSONS, David. A Mobile Learning Overview by Timeline and Mind Map.


International Journal of Mobile and Blended Learning, 6(4), 1-21, October-
December, 2014.

RIEGER, Robert; GAY, Geraldine. Using mobile computing to enhance field study. In:
Proceedings of the 2nd international conference on Computer support for
collaborative learning. International Society of the Learning Sciences, 1997.
p. 218-226.

RODRÍGUEZ, Patricio et al. Personal digital assistants in the classroom: an


experience. Media 2001 Proceedings, p. 1567-1572, 2001.

SHARPLES, Mike. The design of personal mobile technologies for lifelong


learning. Computers & Education, v. 34, n. 3, p. 177-193, 2000.

TIMELINE. The Evolution of Mobile Learning. Disponível em: <https://www.


timetoast.com/timelines/the-evolution-of-mobile-learning>. Acesso em: 18.04.2016.

24
UNESCO. Infográfico. Reding in the Mobile Era. Disponível em: <http://www.
unesco.org/new/fileadmin/MULTIMEDIA/HQ/ED/pdf/infographic-FINAL.pdf>
Acesso em 18.04.2016.

__________. Mobile Learning For Teachers in Latin America. 2012. Disponível


em:< http://unesdoc.unesco.org/images/0021/002160/216081E.pdf>. Acesso em
18.04.2016.

WEST, Mark; EI, Chew Han. Reading in the mobile era: a study of mobile reading
in developing countries. UNESCO, 2014. Disponível em:<http://www.unesco.org/
new/en/unesco/themes/icts/m4ed/mobile-reading/reading-in-the-mobile-era/>
Acessível em 18.04.2016.

25
II
Estudo e Análise das Teorias de Ensino
e de Aprendizagem para Suporte ao uso
dos Dispositivos Móveis

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Carlos Fernando de Araujo Jr.

Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Estudo e Análise das Teorias de Ensino e de Aprendizagem para Suporte ao uso dos Dispositivos Móveis
UNIDADE
II
Visão Geral da Unidade
Os principais assuntos desta unidade estão representados no esquema abaixo:

Conectivismo Visão Geral


do Ensino e
Aprendizagem
Unidade 2 em M-Learning
Estudo e Análise das Teorias de Ensino
e de Aprendizagem para o Suporte ao
uso dos Dispositivos Móveis

Modelo TPACK Sistematização das


Teoria da
Tecnologia, Pedagogia e Principais Correntes
Atividade
Conhecimento Específico Teóricas

Ensino de Matemática Concepção sobre uso das Aprendizagem


tecnologias na Educação Comportamental

Ensino de Física Aprendizagem


Formação de Professores Construtiva

Aprendizagem
Situacional (Situada)
Suporte para o Ensino
e Aprendizado
Aprendizagem
Colaborativa

Figura 1 – Representação sintética dos temas tratados nesta Unidade e de sua organização

Especificamente, iniciamos a presente Unidade abordando o modelo TPCK – ou


TPACK – de Mishra e Koehler (2006). Tal modelo nos dá uma concepção integrativa do
papel da tecnologia na educação, tendo consequências na formação docente para o uso
das tecnologias digitais na educação. Com base no trabalho de Naismith e colaboradores
(2004) e Crompton (2013a, 2013b), teremos uma síntese do relacionamento entre as
teorias de aprendizagem convencionais e o uso dos dispositivos móveis na educação.

Finalizaremos este texto discutindo, brevemente, a abordagem do conectivismo na


educação. Embora se trate de uma abordagem ainda em construção e com algumas
críticas, acredita-se que essa possibilita interessantes insights para propostas mais
inovadoras na tecnologia da educação. Ademais, concluiremos esta Unidade com
algumas questões para análise e reflexão.

28
Leitura Obrigatória
A Integração do Ensino, Conhecimentos Específicos, Tecnologia
e Aprendizagem
Uma das primeiras perguntas realizadas pelos professores iniciantes nos cursos
de formação para uso das tecnologias digitais na educação é: “Como posso utilizar
as tecnologias na aprendizagem de forma adequada – eficaz e eficientemente?” Os
professores mais seniores ou experientes, mas que ainda não têm experiência com
as tecnologias digitais, algumas vezes olham tal tecnologia com alguma desconfiança,
certamente, como uma forma de prevenção à tecnofilia, muito comum em nossos
dias. Há, ainda, aqueles que dizem que a tecnologia é uma mera “ferramenta” e que o
importante, o fundamental, são os objetivos educacionais.

Todas as questões ou posicionamentos são importantes, mas insuficientes para


representar o papel das tecnologias digitais na educação. De certo, os objetivos
educacionais, as competências, as habilidades e as atitudes que se queiram
promover são de fundamental importância para compor o cenário dos processos
de ensino e aprendizagem, mas devem ser inter-relacionados com outros elementos de
igual importância.

Assim, não se trata de tecnofilismo ou tecnofobia, mas do uso das tecnologias digitais
de forma consciente, contextualizada e alinhada com os objetivos de conteúdo específico
e com aspectos pedagógicos adequados ao contexto.

Tal integração e este cenário, onde as tecnologias digitais são protagonistas – ao


lado de outros importantes conhecimentos necessários para engendrar os processos de
ensino e aprendizagem contextualizados –, podem ser melhor entendidos pelo modelo
TPCK – ou TPACK –, muito útil, elaborado por Mishra e Koehler (2006). O modelo
TPCK tem suas origens no trabalho de Shulman (1986) e procura responder quais são
os conhecimentos necessários para um professor aplicar e utilizar de forma adequada
as tecnologias digitais na educação de forma mais integrativa e contextualizada.
Os resultados de pesquisas têm mostrado que o uso da tecnologia na educação deve
estar orientado a objetivos educacionais, porém, isso não basta para que tenhamos uma
abordagem mais integrativa.

Embora o tema possa parecer trivial, de fato não o é. Inúmeros trabalhos e pesquisas
procuram aplicar as tecnologias específicas em áreas e domínios também específicos.
Tal fenômeno, necessário, promove a diversidade e a geração de conhecimento,
contudo, não possibilita um framework, ou uma referência conceitual para docentes que
queiram utilizar a tecnologia na educação, ou mesmo para os programas de formação
de professores nas diversas áreas do conhecimento.

29
Estudo e Análise das Teorias de Ensino e de Aprendizagem para Suporte ao uso dos Dispositivos Móveis
UNIDADE
II
Na verdade, o modelo TPCK procura conceituar os elementos que compõem o
trinômio, componentes do cenário e sua relação entre seus conhecimentos: tecnológico,
pedagógico e do conteúdo. A Figura 2 apresenta graficamente tal concepção do modelo:

Conhecimento Conhecimento
do Conteúdo Pedagógico

Conhecimento
Pedagógico do Conteúdo
C P

Conhecimento Conhecimento
Tecnológico do Conteúdo Pedagógico da Tecnologia

T
Conhecimento
Pedagógico, Tecnológico
e de Conteúdo
Conhecimento
Tecnológico

Figura 2 – Modelo TPCK e seus componentes

Perceba que a Figura 2 destaca a integração epistemológica dos domínios de


conhecimento da Tecnologia (T), Pedagógico (P) e sobre o Conteúdo específico (C). Esse
modelo preconiza que a melhor utilização da tecnologia ocorre na interseção harmônica
desses três conhecimentos. Na relação entre os três campos de conhecimentos, temos os
seguimentos TC, TP e CP; de modo que, embora gerem conhecimentos e concepções
no relacionamento, ainda não são suficientes para uma utilização adequada da tecnologia
na educação em um domínio específico.

Desse modo, os programas de formação de professores para o uso da tecnologia


na educação necessitam considerar que a introdução da tecnologia na educação possui
contexto multifatorial. O modelo TPCK possibilita comunicar os elementos integrantes
na aplicação da tecnologia na educação e, ainda, refletir a aplicação do modelo nos
diversos contextos e domínios específicos. Dessa forma, o modelo TPACK propõe
que os professores tenham uma visão integrada do uso da tecnologia na educação e
constitui-se em importante base para os programas de formação de professores no uso
das tecnologias digitais na educação.

30
Em linhas mais práticas, mas ainda gerais, Harris e Hofer (2009) identificaram que as
atividades docentes para o planejamento – proposta – de disciplina/curso/conteúdo devem:
· Conter a escolha dos objetivos de aprendizagem;
· Apresentar decisões pedagógicas relacionadas à natureza da experiência
de aprendizagem;
· Apresentar a seleção, o sequenciamento e a composição de tipos de atividades
para promover os objetivos de aprendizagem;
· Selecionar estratégias de avaliação formativa e somativa que revelem “como”
e “o que” os estudantes estão aprendendo;
· Selecionar ferramentas e recursos que poderão melhor ajudar os estudantes
a se beneficiarem da experiência de aprendizagem.

Observa-se que, embora essa linha de atuação possa ser utilizada sequencialmente,
pode também ser interativa para tirar melhor proveito das inter-relações da tecnologia
com a formulação das atividades e avaliações, por exemplo.

Embora esteja no Contexto (C) da Figura 2, a escolha dos objetivos de aprendizagem


beneficia-se do relacionamento com os domínios (P) e (T); analogamente, a decisão
pedagógica se relaciona ao Conteúdo (C) e à Tecnologia (T), o mesmo ocorrendo no que
diz respeito à avaliação e aos recursos tecnológicos.

Para melhor aplicação do modelo TPACK no contexto do mobile learning, é


necessário compreender em mais detalhes o potencial dos dispositivos móveis nos
contextos geral e específico. Assim, o docente deverá integrar as características gerais e
específicas no contexto das atividades específicas – conteúdos – para atingir os objetivos
de aprendizagem. Vejamos então na Figura 3 uma visão sistemática dessa integração:
Tipos de Atividades
Apresentar

Praticar

Investigar

Aplicar

Criar
Dispositivos Móveis Objetivos de Aprendizagem
Computar Resolver Problemas

Consumir Formar Conexões

Capturar Usar Representações

Comunicar e Colaborar

Criar

Figura 3 – Integração entre características dos dispositivos móveis, atividades e objetivos de aprendizagem
Fonte: adaptada de Sawaya e Putnam (2015).

31
Estudo e Análise das Teorias de Ensino e de Aprendizagem para Suporte ao uso dos Dispositivos Móveis
UNIDADE
II
Nessa figura observamos a distribuição das principais etapas apresentadas no
texto para a escolha e inserção da tecnologia no currículo. Observe que o esquema
apresentado na Figura 3 destaca os objetivos de aprendizagem, os tipos de atividades,
nesse caso bastante genéricas, e as características dos dispositivos móveis destacadas
como: computar, consumir – informações, conteúdos etc. –, capturar, comunicar e
colaborar e criar. Cada uma dessas características, se utilizadas de forma isolada ou
combinadamente, podem ser relevantes na composição das atividades para se atingir os
objetivos de aprendizagem.

Abordagens para os Processos de Ensino e Aprendizagem no


Contexto do Mobile Learning
As abordagens para os processos de ensino e aprendizagem podem se constituir
em um eixo norteador para a concepção de ensino e aprendizagem quanto à definição
detalhada dos objetivos de aprendizagem e, consequentemente, os tipos de atividade de
aprendizagem utilizados e sua relação com a tecnologia e avaliação.

As principais teorias de aprendizagem utilizadas em projetos pilotos e divulgadas na


literatura no contexto do M-learning são o Construtivismo, a TA e o modelo ARCS –
anacrônimo de Atenção, Relevância, Confiança e Satisfação (MOURA; CARVALHO,
2010). Contudo, há projetos-pilotos que são mais ecléticos no uso das abordagens
teóricas de ensino e aprendizagem no contexto dos dispositivos móveis. Naismith e
colaboradores (2004) identificaram seis tendências ou abordagens teóricas para
contextualizar a aprendizagem por meio dos dispositivos móveis:

Ativitades que
promovem o Ativitades em que os Ativitades que
aprendizado estudantes ativamente promovem o
quando mudam o constroem novas ideias e aprendizado por
comportamento conceitos baseados em meio de interações
dos estudantes em conceitos prévios e novos sociais
determinadas ações

Comportamentalista Construtiva Situada/Contextualizada

Abordagens Teóricas para o Ensino


e Aprendizagem (M-Learning)

Informal Colaborativa
Suporte/
(Aprendizagem ao
Recurso
longo da vida)

Ativitades que promovem o Ativitades que


Ativitades que auxiliam
aprendizado em contextos promovem o
na coordenação dos
diversos e conectados ao aprendizado por
aprendizes e recursos
currículo tradicional meio de
para aprendizagem
interações sociais

Figura 4 – Síntese das principais perspectivas de ensino e aprendizagem em M-learning


Fonte: adaptada de Naismith e colaboradores (2004).

32
Na abordagem comportamentalista o aprendizado está ligado a ações de reforço e de
associação entre um estímulo particular e uma resposta. No caso do uso da tecnologia
na educação, as tecnologias e seus recursos podem ser utilizados como estímulos
e contribuir para auxiliar o aprendiz na resposta. Em geral, os sistemas baseados
em respostas ou o envio de conteúdos por meio de mensagens de texto podem ser
considerados, analisados isoladamente, como sistemas que se utilizam de abordagem
comportamentalista, visando, a partir de um estímulo e da consequente resposta do
aluno – por meio de uma programação específica –, definir mecanismos de reforço e
associação. Muitos cursos de língua estrangeira apresentam esse tipo de abordagem.
No enfoque construtivista a aprendizagem é um processo ativo, onde os aprendizes
constroem novas ideias ou conceitos baseados no próprio conhecimento discente, passado
e presente, de modo que os aprendizes são encorajados a construir o conhecimento
ativamente. Exemplos de uso construtivista são jogos e simulações.
Um grande destaque no contexto dos dispositivos móveis é dado à abordagem
de aprendizado situado ou contextualizado, inicialmente apresentada por Lave
e colaboradores (1991). Nessa abordagem o aprendizado não é meramente a aquisição
de conhecimento por indivíduos, mas o processo de participação social. Há três outras
metodologias que no contexto do aprendizado situado e contextualizado são utilizadas no
âmbito do aprendizado com dispositivos móveis: aprendizagem baseada em problemas
(JOFRE; CONTRERAS, 2013; BOROCHOVICIUS; TORTELLA, 2014), aprendizagem
baseada em casos (MONTANHER, 2012) e aprendizagem contextualizada (YANG,
2006; FESTAS, 2015).
Outra abordagem que tem ganhado cada vez mais espaço em tempos modernos,
principalmente como o movimento das tecnologias digitais, é a aprendizagem colaborativa,
a qual pode se dar por meio de projetos gerais e específicos em sala de aula e fora desta.
As tecnologias possibilitam diversos recursos à aprendizagem colaborativa: editores de
textos colaborativos, planilhas eletrônicas colaborativas, wikis, blogs, entre outros.
A aprendizagem ao longo da vida – ou lifelong – é cada vez mais uma nova realidade;
além disso, a ubiquidade e pervasividade da tecnologia permitem que sempre aprendamos
além dos espaços formais. Desse modo, a abordagem de aprendizagem informal se
mostra cada vez mais importante. Com o uso das tecnologias digitais, espaço e tempo
de aprendizagem foram alterados, de modo que atualmente a aprendizagem se dá em
contextos mais variados e informais.
A concepção das tecnologias digitais como um suporte ou recurso para apoiar as
atividades acadêmicas e de aprendizagem são significativamente importantes. As
tecnologias digitais possibilitam uma série de recursos de produtividade para a área
acadêmica e de suporte para atividades de ensino do professor – programas e aplicativos
de apresentação, mapas mentais e conceituais, ambientes virtuais de aprendizagem,
portfólios, recursos para avaliação – e de aprendizagem para o aluno – mapas conceituais,
mapas mentais, portfólios, laboratórios virtuais, entre outros. Embora essa abordagem
seja importante, a integração da tecnologia dentro de um contexto de aprendizagem
e apoiando ou promovendo objetivos específicos de aprendizagem é uma perspectiva de
melhor qualidade para o uso de tecnologias digitais na educação.

33
Estudo e Análise das Teorias de Ensino e de Aprendizagem para Suporte ao uso dos Dispositivos Móveis
UNIDADE
II
Teoria da Atividade
A discussão sobre a TA está presente no livro Tablets no Ensino Fundamental
e Ensino Médio: princípios e aplicações, de Araujo Jr. e Silveira (2014).

A TA é utilizada em diversos trabalhos relacionados ao uso da tecnologia na educação


(BATISTA; BEHAR; PASSERINO, 2011). Em um recente trabalho, Ramos (2010)
apresentou a TA no contexto dos processos colaborativos mediados por computador.

A TA tem suas origens no início do século XX, com os teóricos Vygotsky (2002),
Leontiev (1978) e Engeström (1987). O aspecto principal na TA é a mediação. Segundo
a qual, as atividades humanas são sempre mediadas por um artefato e nunca são
diretamente relacionadas à realidade. Um artefato pode ser considerado como uma
tecnologia: computadores, notebooks ou tablets são definidos como artefatos.

Igualmente chamados de ferramentas, os artefatos são utilizados no processo de


transformação do objetivo sobre o objeto em questão, ou para atingir uma meta desejada
(ENGESTRÖM, 1987). Uma atividade tem um motivo principal ou objeto e envolve a
realização de diversas ações que são compostas por operações (LEONTIEV, 1978),
desenvolvidas de forma individual ou coletiva.

A Figura 5 esquematiza os elementos da TA utilizados na concepção das atividades


de ensino e aprendizagem no contexto do uso de tablets. Nesta concepção, as
propostas docentes para o uso de tablets em sala de aula são consideradas atividades
de ensino e aprendizagem que pressupõem os elementos apresentados na Figura 3 para
sua organização. Com base nessa orientação, o professor organizará suas atividades
específicas de ensino e aprendizagem considerando os aspectos relacionados ao artefato
– o tablet e seus aplicativos –; ao sujeito para o qual a atividade foi concebida e que será
o promotor dessa; às regras necessárias para se atingir o resultado final; à comunidade
que está envolvida na atividade; assim como à sua divisão.

Tablets e aplicativos (apps).


Ferramentas e signos
Resultado
Sujeito O resultado da atividade
Objeto pode ser considerado como
Alunos ou grupos de alunos. resultado de aprendizagem
Artefato Mediador Sentido
específica. Ex: aprender
significado
funções matemáticas do
primeiro grau.

Regras Divisão de tarefas


Regras propostas ou Comunidade Entre os sujeitos,
discutidas com os organização das tarefas
estudantes e que devem Público-alvo envolvido na necessárias para atingir
ser seguidas para atingir o atividade: alunos de uma o objetivo/objeto.
objetivo/objeto. mesma série, grupo de
alunos, equipes de
diversas séries, outras
escolas etc.

Figura 5 – Visão esquemática dos elementos da TA no contexto do M-learning

34
A TA é utilizada em diversos trabalhos e propostas de uso educativo do M-learning
(BATISTA; BEHAR; PASSERINO, 2011; CROMPTON, 2013a, 2013b).

A Terceira Geração da TA
Essa geração, que possui Engeströn (1987) como um de seus expoentes, busca uma
representação que consiste em uma rede de sistemas que se influenciam mutuamente.
A principal característica da terceira geração da TA consiste no estabelecimento de redes
de sistemas de atividade, como apresenta Daniels (2003). O inter-relacionamento entre
os diferentes elementos com um ou vários outros sistemas de atividade é representado
como uma rede de sistemas, a partir de Tavares (2004). O objeto e o motivo de uma
atividade coletiva são algo como um constante mosaico em evolução, um padrão que
nunca está inteiramente acabado, de acordo com Engeströn (1999).

Nessa perspectiva, na Figura 6 é proposto um modelo que esquematiza a terceira


geração da TA, apresentando dois sistemas de atividades que se inter-relacionam por
meio de objetos intermediários.

Artefato mediador Objeto2 Artefato mediador

Objeto1 Objeto1
Sujeito Sujeito

Regras Comunidade Divisão Objeto3 Divisão Comunidade Regras


de tarefas de tarefas

Figura 6 – Dois sistemas de interação de atividades como modelos mínimos para a terceira geração da TA
Fonte: Engeströn (2001).

A TA é muito utilizada nos projetos de pesquisa que estudam os impactos das


tecnologias móveis na sala de aula e na aprendizagem. A adoção da TA como um
framework para a pesquisa se deve ao fato de a TA considerar todos os elementos
que corroboram para a realização de uma atividade executada por um artefato a fim
de atingir um objetivo específico. Esse sistema da TA permite, no contexto dos tablets
em sala de aula, que se avalie o dispositivo móvel entre todas as relações possíveis
– dispositivo móvel e as regras; dispositivo móvel e o objeto; dispositivo móvel e a
comunidade; dispositivo móvel e o sujeito; ou, ainda, dispositivo móvel e a divisão de
tarefas, apenas para citar algumas relações possíveis de estudo. Assim, a TA permite
uma análise integrativa do papel do dispositivo móvel na atividade de aprendizagem.

35
Estudo e Análise das Teorias de Ensino e de Aprendizagem para Suporte ao uso dos Dispositivos Móveis
UNIDADE
II
Além do aspecto citado no papel da TA na pesquisa dos dispositivos móveis na
educação, entende-se que a TA contribui para a prática docente ao permitir que o
professor, por meio do modelo e da teoria, elabore situações de aprendizagem que
considerem todos os elementos propostos na teoria. Desse modo, a TA se destaca como
uma ferramenta importante à pesquisa e à prática docente.

Exemplo do Uso da TA na Área de Matemática


Dias (2014) utilizou a TA dentro do contexto do ensino de Matemática para alunos
do Ensino Médio de uma escola particular da Cidade de São Paulo. O foco temático
foi Geometria plana como conteúdo curricular que possui vários aplicativos para
dispositivos móveis, os quais tratam desse assunto. O aplicativo utilizado foi o Meplot-
Free (MEPLOT, 2014), disponível para sistema operacional Android. Trata-se de um
aplicativo gratuito e que possui funções de calculadora científica e de gráfico de funções,
com aplicação simples e intuitiva.

A atividade proposta – e objeto do presente estudo – foi um exercício aplicado durante


a aula, no qual o aluno deveria descrever passos de análise da Geometria plana sobre o
estudo da reta no plano cartesiano com o auxílio do tablet e de um aplicativo gráfico –
Meplot-Free.

A execução do trabalho mostrou que, segundo o referencial teórico de Leontiev


(1978), o objeto é considerado como centro da atividade, nesse caso o objeto era analisar
situações-problemas na área de Geometria plana, conectando as ações individuais à
atividade coletiva. O sujeito é o ponto de análise da pesquisa e a comunidade corresponde
a grupos de indivíduos que compartilham do mesmo objeto. A separação do trabalho
refere-se à divisão horizontal das tarefas entre os indivíduos da comunidade, enquanto a
vertical é compreendida por relações de poder. O trabalho em questão é concluído com
as regras estabelecidas que norteiam as ações e interações em um sistema de atividade.

Tablets, aplicativos (apps), internet

Análise de situações-problemas
Estudantes em Geometria analítica

Resolução da atividade em
107 alunos da 1ª Série do
grupo e apresentação dos Grupo estabelece a
Ensino Médio, professor e
resultados, debate do grupo resolução de cada item
equipe técnica do Colégio
em sala.

Figura 7 – Representação esquemática da atividade no projeto-piloto na área de Matemática


Fonte: Dias (2014).

36
MePlot é um aplicativo livre que possui as seguintes funcionalidades: gráfico
de funções, calculadora, solução algébrica de equações, além da possibilidade de
compartilhar os resultados. A Figura 8 apresenta um screenshot da interface (a),
da interface para inserção das funções (b) e da interface de apresentação do gráfico
das equações (c):

Figura 8 – Representação esquemática da atividade no projeto-piloto na área de Matemática


Fonte: MePlot (2014).

A atividade proposta estava ligada ao conteúdo do Material Teórico utilizado em sala


de aula – livro-texto de Geometria analítica –, cujo objetivo era que os alunos relatassem
as posições relativas de duas retas e as justificassem com base na observação do aplicativo
gráfico – Meplot-Free. Os alunos foram orientados a procurar o aplicativo para o início
da aula. Em alguns aparelhos, o aplicativo ainda não estava instalado, porém, os alunos
se conectaram à internet e conseguiram “baixar” o aplicativo sem muitos problemas.
A equipe técnica acompanhou o trabalho em sala de aula, dando apoio e suporte técnico
aos alunos e professor, quando necessário.

A atividade foi desenvolvida em trinta minutos, sendo que, nos outros vinte minutos,
em relação às primeiras aplicações, foi solicitado aos alunos que relatassem os pontos
positivos e negativos da aula. Os resultados da pesquisa foram positivos, dado que os
estudantes identificaram os artefatos – tablet e aplicativo – como fatores que tornaram
a aula mais interativa e que facilitaram as atividades em sala. Na Figura 9 observamos
um dos resultados desse estudo, onde 87% dos estudantes identificaram o tablet como
importante para o desenvolvimento da aula na resolução dos exercícios:

37
Estudo e Análise das Teorias de Ensino e de Aprendizagem para Suporte ao uso dos Dispositivos Móveis
UNIDADE
II

Figura 9 – Avaliação sobre a importância do tablet na aula e a tomada de decisão


Fonte: Dias (2014).

Como o trabalho realizado por Dias (2014) se iniciou em 2011, a cultura de uso
dos tablets na escola ainda era incipiente, não fazia parte do contexto dos alunos ou
dos professores. Esse fato teve reflexos nas escolhas de atividades realizadas pelos
professores – considerando os aspectos apresentados nesta Unidade – e também na
percepção de alguns estudantes sobre a nova tecnologia. Vejamos duas manifestações
discentes sobre os temas aqui discutidos:

Esta aula, junto com o tablet, foi uma aula muito mais interessante e interativa.
O auxílio dos tablets ajuda a entender a aula, a teoria muito melhor, de uma maneira
muito mais legal e prática. Tivemos algumas dificuldades quanto ao baixar os aplicativos
e ao conectar à internet, mas creio que isso é um pouco falta de costume, logo iremos
acostumar (Aluno A).

Nessa manifestação do Aluno A, observa-se o interesse desse estudante pela


tecnologia e sua importância no contexto das atividades e também algumas dificuldades
relacionadas à infraestrutura, esta que foi paulatinamente adaptada para suportar o uso
da tecnologia. Destaca-se, ainda, a manifestação do Aluno B sobre a questão dos papéis
máquina – tablet – e estudante na aprendizagem de Matemática:

Com o uso dos tablets há uma certa facilidade e agilidade na visualização do tema
da aula, porém o aluno não exercita o tema sozinho já que é uma máquina que realiza
tudo sozinha. Por isso, o uso desta máquina deveria só ser aplicada quando os alunos já
tivessem uma base da aula, para não se tornarem seres presos à tecnologia (Aluno B).

38
Na manifestação do Aluno B, observa-se certa apreensão no uso do recurso
tecnológico para substituir atividades antes realizadas de forma convencional. Tal
opinião emergiu devido à novidade do recurso, ao tipo de atividade realizada e à cultura
ainda inicial, à época, no uso de recursos tecnológicos em sala de aula.

Exemplos do Uso da TA na Área de Física


Borges (2014) realizou uma pesquisa sobre o uso dos dispositivos móveis no Ensino
Médio dentro do conteúdo da disciplina de Física. Nesse trabalho, Borges (2014) destaca
o uso de aplicativos de representação do conhecimento, tais como mapas mentais e
conceituais. O aplicativo utilizado, escolhido por sua usabilidade e gratuidade, foi o
Simple Mind Free (SIMPLE MIND FREE..., 2014). O esquema básico da TA utilizada é
apresentado na Figura 10:

Artefato ou recurso de
mediação: tablet/aplicativo

Construção de Consolidação
Alunos mapas conceituais da aprendizagem

Elaborar o mapa conceitual;


Regras sociais: Agir de forma disponibilizá-lo em rede social;
participativa e colaborativa auxiliar na reflexão e manipulação
do artefato
Comunidade: Alunos do
2º ano do ensino médio

Figura 10 – Representação contextualizada da estrutura da atividade humana


Fonte Borges (2014).

Nessa representação, todos os componentes do relacionamento da atividade são


observáveis: sujeito – alunos –; artefatos – tablet e aplicativo –; regras sociais – definidas
pelo professor e alunos –; comunidade – 105 estudantes do Ensino Médio, divididos em
salas com cerca de 35 participantes, cada –; divisão de tarefas – elaboração do mapa,
disponibilização desse em rede social e manipulação do artefato –; objeto/objetivo –
consolidação da aprendizagem dos conceitos de ondulatória e acústica.

O esquema utilizado para o uso da ferramenta dentro do contexto do ensino de


Física – ondulatória e acústica – é apresentado na Figura 11, na qual consta uma visão
esquemática da introdução da ideia de mapas conceituais para os estudantes e a troca
coletiva de significados:

39
Estudo e Análise das Teorias de Ensino e de Aprendizagem para Suporte ao uso dos Dispositivos Móveis
UNIDADE
II
SONDAGEM DOS CONHECIMENTOS PRÉVIOS

Pesquisa sobre mapas conceituais


(tarefa de casa)

Apresentação das
Formação de grupos para
considerações do grupo pelo
a reflexão sobre a pesquisa
líder aos demais colegas e à
(em sala de aula)
professora-pesquisadora.

Elaboração das conclusões de


forma coletiva e colaborativa

Figura 11 – Esquema de atuação pré-atividade


Fonte: Borges (2014).

Na Figura 12 há uma representação esquemática da aula envolvendo o uso do tablet,


do aplicativo e o desenvolvimento do mapa conceitual, dentro do contexto da ação no
projeto de pesquisa de Borges (2014), mas que pode ser adaptada para uso geral em
sala de aula, com poucas alterações:

DESENVOLVIMENTO DA AÇÃO

Recurso de meditação: tablet

Contrução individual do mapa conceitual


Um equipamento por aluno,
fornecido pela instituição de ensino
Colaboração a respeito do conteúdo e
com o aplicativo instalado
manuseio do artefato e/ou aplicativo

Mediação pela professora-pesquisadora

Mapa conceitual salvo no tablet e também


socializado em grupo fechado do Facebook

Preenchimento facultativo do questionário avaliativo


sobre as fases do processo investigativo

Figura 12 – Etapas do processo


Fonte: Borges (2014).

40
Os resultados obtidos com a atividade mostraram, igualmente nesse caso, que os
estudantes compreenderam a importância do dispositivo móvel como um recurso
utilizável dentro e fora da sala de aula para atividades de estudo e organização do
conhecimento. Vejamos na Figura 13 um mapa conceitual desenvolvido por um dos
estudantes envolvidos na referida pesquisa. Observe, pela análise dos mapas conceituais
apresentados por Borges (2014), que foram destacadas características descritivas e
conceituais dos elementos estudados:

Figura 13 – Exemplo de mapa conceitual construído por um aluno


Fonte: Borges (2014).

Conectivismo
O conectivismo tem sua origem nas ideias de Siemens (2004) e Downes (2007)
e pretende ser, não uma teoria, mas uma abordagem epistemológica alternativa às
teorias clássicas do comportamentalismo, cognitivismo e construtivismo (SIEMENS,
2004). Assenta-se no fenômeno das redes de computadores, internet, redes sociais,
com contribuições advindas da teoria do caos, sistemas complexos e auto-organizados.

41
Estudo e Análise das Teorias de Ensino e de Aprendizagem para Suporte ao uso dos Dispositivos Móveis
UNIDADE
II
A Figura 14 apresenta uma síntese das principais bases do conectivismo, frisando a
ideia que o caracteriza, além de alguns exemplos gerais:

Componentes independentes Conexões entre ideias e campos


(mas relacionados) interagem localmente diversos podem levar à inovação
produzindo comportamento Global
independente da estrutura interna Conexão entre entidades
dos componentes
Nós e Ligações
Exemplos: sistemas físicos e biológicos;
Exemplos: redes sociais, internet,
Economia; Educação, Sociedade
comunidades de prática etc...

Sistemas Complexos Redes

Conectismo

Sistemas Auto-organizadores Teoria do Caos

Formação espontânea de estruturas, padrões O desafio do aprendiz é reconhecer os


ou comportamentos bem organizados a partir padrões que parecem estar escondidos
de condições iniciais randômicas
Pequenas alterações nas condições iniciais
Auto-organização de um nível individual para podem levar a grandes mudanças
um nível coletivo (organização, sistemas)
Exemplos: sistemas meteorológicos,
movimentos de partículas, tráfego de
Exemplos: formigas, abelhas carros em uma cidade

Figura 14 – Síntese das principais ideias do conectivismo


Siemens (2004) apresenta ainda alguns questionamentos sobre os limites das atuais
teorias de aprendizagem e a ausência de respostas para algumas perguntas, as quais:
• Como as teorias de aprendizagem são impactadas quando o conhecimento não é
adquirido em uma forma linear?
• Quais ajustes são necessários realizar nas teorias de aprendizagem em um
contexto em que a tecnologia executa muitas das operações cognitivas realizadas
pelos aprendizes – tais como armazenamento e busca de informação?
• Qual é o impacto das teorias das redes e complexidade sobre o aprendizado?
• Como estar atualizado(a) em um contexto em que a informação cresce
rapidamente?
• Como as teorias de aprendizagem tratam momentos onde o resultado é necessário
na ausência do entendimento completo?
• Qual o impacto do caos como processo de reconhecimento de padrão sobre
a aprendizagem?
• Com o aumento do reconhecimento das interconexões em diferentes campos do
conhecimento, como as teorias de sistemas e ecology são percebidas à luz das
tarefas de aprendizado?

42
As respostas a tais questões fogem do escopo deste estudo inicial. Contudo, as
perguntas apontadas são de grande importância para a nossa reflexão e devem ser
revistas em nosso dia a dia, a fim de que possamos encontrar alternativas viáveis ao
aprendizado no contexto da tecnologia, em especial, da tecnologia móvel.

Para Siemens (2004) a habilidade de sintetizar e reconhecer padrões e conexões


é uma capacidade emergente da sociedade da informação e do conhecimento.
A habilidade de formar conexões entre fontes de informação e, portanto, criar um
padrão de informação útil, é também uma capacidade a ser aprendida na economia do
conhecimento. Nesse sentido, Siemens (2004) destaca os princípios do conectivismo,
apresentados no Quadro 1:

Quadro 1 – Princípios do conectivismo de acordo com Siemens (2004).

1. Aprendizado e conhecimento repousam na diversidade de opiniões;


2. O aprendizado é um processo de conectar nós especializados ou fontes
de informação;
3. O aprendizado pode residir em estruturas não humanas;
4. A capacidade de conhecer mais é mais crítica que o que é atualmente conhecido;
5. Desenvolver e manter conexões é necessário para facilitar o aprendi-
zado contínuo;
6. Habilidade para compreender conexões entre campos, ideias e conceitos é
uma habilidade central – core ability;
7. Atualidade – up-to-date knowledge – é a intenção de todas as atividades
conectivistas;
8. A tomada de decisão é em si um processo de aprendizagem. Escolher o
que aprender e o significado das informações é visto por meio de lentes da
realidade próxima. Embora haja uma resposta certa agora, pode ser errada
amanhã devido a alterações nas informações climáticas, afetando a decisão.

Fonte: Siemens (2004).

A abordagem do conectivismo, embora relativamente recente e com várias críticas,


indica aspectos interessantes e relevantes para atuação dos profissionais da educação,
por meio de uma abordagem intercultural que relaciona os avanços da Ciência e
tecnologia dos últimos anos a implicações às nossas formas de aprender. Trata-se de
uma abordagem que deve ser considerada, praticada, refletida e avaliada.

43
Estudo e Análise das Teorias de Ensino e de Aprendizagem para Suporte ao uso dos Dispositivos Móveis
UNIDADE
II
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
O uso das tecnologias móveis na Sala de Aula – Infográfico
http://goo.gl/D0LxIz
Como será a sala de aula do futuro – Infográfico
http://goo.gl/qkZ6Sl

Vídeos
Engestrom´s Activity Theory
Video de 3:31 minutos sobre a Teoria da Atividade.
https://goo.gl/Lk3gns
George Siemens – Entrevista
Video de 7:42 minutos (legendas em espanhol).
https://goo.gl/j9qflH

44
Referências
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Estudo e Análise das Teorias de Ensino e de Aprendizagem para Suporte ao uso dos Dispositivos Móveis
UNIDADE
II
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47
III
Análise e Aplicação dos
Dispositivos Móveis na Educação

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Carlos Fernando de Araujo Jr.

Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Análise e Aplicação dos Dispositivos Móveis na Educação
UNIDADE
III
Introdução ao Tema
“A educação não transforma o mundo. A educação muda as pessoas e são as
pessoas que transformam o mundo.” (Paulo Freire)

O futuro chegou! Atualmente observamos que as crianças já se familiarizam com


smartphones e tablets. Várias escolas no mundo já utilizam os tablets e outros recursos
computacionais na educação. Uma criança que hoje tenha quatro anos, estará no
Ensino Médio em 2028 e ingressando na universidade em 2031! Qual será a sala de
aula em 2028? Como serão as universidades em 2031? Certamente, porém, o futuro
será um reflexo do que fazemos hoje!

Figuras 1 e 2 – Crianças interagindo com tablets em situações de educação formal e informal


Fonte: iStock/Getty Images

Nesta Unidade trabalharemos algumas temáticas que compreendem a formação


do currículo e a transformação da escola: tendências emergentes que indicam as
competências do trabalhador do futuro e indicações de políticas públicas e privadas
para o m-learning. Veremos ainda um esquema de categorização dos aplicativos que
podem ser utilizados em sala de aula.

50
O objetivo não é exaurir o assunto – amplo demais –, mas dar algumas indicações. Entenda
que toda categorização é limitada, de modo que fazemos esta por questões didáticas.

O Material Complementar apresenta outras indicações de aplicativos que, dentro do


contexto dos conhecimentos que foram apresentados nas unidades anteriores, poderão
servir de base para que você planeje suas atividades de ensino e aprendizagem. Ademais,
eis o esquema gráfico desta Unidade:

Figura 3 – Representação esquemática desta Unidade


Fonte: Elaborada pelo Conteudista

Concluiremos esta Unidade com algumas questões para reflexão individual e


coletiva sobre os diversos temas aqui tratados. Tais questões são importantes para a
consolidação de seu conhecimento.

Dada a característica desta Unidade – que trata também de aplicativos usados em


sala de aula –, reitera-se a necessidade de você experimentar e avaliar os aplicativos
apresentados e que planeje cada uso em sala de aula de forma integrada, sempre
procurando identificar: “O quê?” “Como?”, de modo que a tecnologia escolhida
garanta que os objetivos educacionais sejam atingidos ou potencializados.

Finalmente, é importante dizer que para a realização da atividade planejada, seus


– presentes ou futuros – alunos precisam ter uma experiência significativa, a fim de
que consigam desenvolver as competências relacionadas ao conteúdo específico e com
outras que são para a vida, como cidadãos e membros do mundo do trabalho – que
se tornarão.

51
Análise e Aplicação dos Dispositivos Móveis na Educação
UNIDADE
III
A Inclusão e a Força de Trabalho
Um dos papéis mais importantes da educação é a formação – ou a transformação
– de pessoas que, por sua vez, alterarão o mundo, parafraseando Paulo Freire (1921-
-1997). Como educadores, precisamos estar atentos a dar aos nossos estudantes
os meios necessários – conhecimento, competências e habilidades – para garantir
tal transformação.
Em 2011, o Instituto para o Futuro (IF) realizou um estudo buscando identificar quais
seriam as competências do trabalhador de 2020. Tal estudo constatou seis tendências
fundamentais que direcionarão e remodelarão a força de trabalho e dez competências
derivadas e inter-relacionadas. A Figura 1 representa, de forma esquemática e sintética,
o resultado do estudo do IF:

Figura 1 – Mapa das competências do futuro profissional.


Fonte: adaptado de Davies, Fidler e Gorbis (2011).

Nessa Figura observamos que se destacam como tendências ou forças:


· Crescimento de máquinas e sistemas inteligentes – rise of smart
machines and systems: sistemas inteligentes acabam por transformar o
papel das atividades humanas. Veja, por exemplo, o Global Positioning
System (GPS), o smartphone, os sistemas inteligentes de atendimento, entre
outros. Uma recente reportagem no The Wall Street Journal apresenta os
primeiros experimentos realizados no Georgia Institute of Technology, os
quais relacionadas à inteligência artificial, a fim de responderem questões
discentes em um curso on-line. A professora assistente, Srt.ª Watson, é
treinada para respostas com 97% de nível de confiança (KORN, 2016);

52
· Longevidade extrema – extreme longevity: as pessoas vivem mais e
atuarão em diferentes áreas do conhecimento. Assim, a aprendizagem ao
longo da vida – life long learning – será essencial para se adaptarem às
novas demandas das posições assumidas;
· Mundo computacional – computational world: a computação ubíqua e
pervasiva faz com que o mundo atue de modo computacional. Os dados
direcionam as ações dos sistemas e, desta forma, muito do que existe em
nosso meio e do que fazemos pode ser programável;
· Organizações superestruturadas – superstructed organizations:
tecnologias sociais permitem a existência de organizações superestruturadas,
as quais baseadas na colaboração;
· Mundo globalmente conectado – globally connected world: em um
mundo cada vez mais integrado pela comunicação, compreender e atuar
considerando a diversidade e adaptabilidade tornam-se características de
grande importância;
· Ecologia de novas mídias – new media ecology: novas mídias e formas de
representar o conhecimento necessitam de uma literacia digital que vá além
da atuação e conhecimento do texto.

Entre as competências derivadas das seis tendências apresentadas acima e que serão
relevantes para a força de trabalho de 2020, segundo o mesmo estudo, destacam-se,
da Figura 1:
· Transdisciplinaridade – transdisciplinarity: competência necessária,
já que existe um inter-relacionamento entre as áreas de saber e entre as
competências. Reconhecer tais conhecimentos vai além do disciplinar,
passando pelo interdisciplinar e atingindo o transdisciplinar, tornando-se cada
vez mais relevantes. Para melhor compreensão sobre a transdisciplinaridade,
leia os trabalhos de Fazenda (2009, 2012);
· Planejamento mental – design mindset: reunir os recursos cognitivos e
afetivos necessários para atuar de forma mais plena nas situações, condição
essa que possibilita melhores resultados. Atualmente, entende-se design
thinking como a materialização desta nova competência de articulação da
capacidade criativa em ação (BROWN, 2010);
· Colaboração virtual – virtual collaboration: com o uso intenso da tecnologia,
as organizações superestruturadas e mundialmente estabelecidas necessitam
da colaboração virtual como meio de inter-relação e de geração de resultados;
· Competências interculturais – cross cultural competences: o mundo
altamente conectado associado a organizações superestruturadas necessitarão
de profissionais com competências interculturais;
· Gestão da carga cognitiva – cognitive load management: a quantidade de
conhecimento gerado a cada momento, na mesma área do conhecimento, é
cada vez maior. Assim, há necessidade de se fazer a gestão desse conhecimento
e balancear o que é relevante;
· Pensamento computacional – computational thinking: o mundo cada vez
mais computacional necessita que as pessoas compreendam como funciona

53
Análise e Aplicação dos Dispositivos Móveis na Educação
UNIDADE
III
a lógica computacional para melhor tirar vantagens competitivas. O trabalho
de França, Silva e Amaral (2012) poderá lhe orientar sobre como utilizar essa
abordagem na Educação Básica;
· Literacias em novas mídias – new media literacies: recursos de
representação da informação e do conhecimento são cada vez mais
importantes: mapas mentais, mapas conceituais, diagramas, imagens, vídeos,
esquemas específicos etc. Todos são importantes e devem ser aprendidos
e usados. Vários autores têm estudado as literacias no âmbito da leitura,
da escrita, da numerácia e também da literacia informacional e digital
(AZEVEDO, 2011; LOUREIRO; ROCHA, 2012; RAMOS; FARIA, 2012);
· Pensamento novo e adaptativo – novel and adaptive thinking: como
muitas vezes é dito, devemos nos adaptar às novas realidades. Sabemos cada
vez mais que a mudança é constante e se adaptar é fator fundamental nos
tempos modernos;
· Inteligência social – social intelligence: a inteligência emocional é considerada
um fator relevante, já que as tendências relacionadas às organizações complexas
necessitam de competências além das cartesianas tradicionais;
· Sentido – sense making: dar sentido e significado a tudo é fundamental,
uma vez que sem este fator não conseguiremos chegar aos objetivos. Assim,
é necessário compreender, interpretar e reinterpretar a realidade para que
esta faça sentido e que tal sentido possa ser também comunicado.

As competências destacadas neste estudo são emergentes. Fazem parte da sociedade


da informação e do conhecimento que vivemos, a qual certamente terá transformações
nos próximos anos. Contudo, acredita-se ser importante que educadores, gestores e
aqueles que atuam na formulação de políticas para a educação do setor público ou
privado, considerem tais tendências em seus níveis de atuação.
Para ponderar sobre essas questões, os educadores poderão elaborar atividades
de ensino e aprendizagem que, entre seus objetivos de competência, valorizem as
habilidades aqui apresentadas, entre outras consideradas relevantes para o educador
e/ou para a escola/organização.
No âmbito dos gestores, a formulação e institucionalização de políticas locais de
uso das tecnologias digitais é essencial para a sustentabilidade do projeto pedagógico
institucional. Os docentes e discentes não se envolverão efetivamente se a direção da
escola não tiver uma política definida sobre o papel das tecnologias digitais em seu meio.
A formação de políticas gerais para o setor público e privado deve considerar o
tipo de cidadão e profissional que a sociedade quer formar. Uma reflexão sobre isso
é de extrema importância para que seja possível mapear o posicionamento desejado,
além de conhecer e ter os esforços necessários. Em linhas gerais, as competências do
cidadão do século XXI, pelo menos nestas primeiras décadas, estão delineadas.
A formulação de propostas curriculares que integrem o papel da tecnologia como
elemento articulador dos conhecimentos e potencializador da inteligência, considerando
as competências emergentes do cidadão do século XXI, é uma tarefa que envolve a
todos, sem exceção.

54
Alguns bons motivos e recomendações
No documento intitulado Policy guidelines for mobile learning, a Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) apresenta alguns
indicadores de políticas para orientar as ações no âmbito do mobile learning (UNITED
NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION, 2013).
O documento indica treze motivos considerados favoráveis para o uso do mobile lear-
ning e dez recomendações, estas que estão sintetizadas no infográfico apresentado
na Figura 2.

Ademais, todas as recomendações são relevantes para a formulação de políticas


fundamentadas ao uso dos dispositivos móveis na educação. A título de destaque,
constam as seguintes recomendações:
· Criar ou atualizar políticas ligadas ao aprendizado móvel: como dissemos
na seção anterior, os profissionais, gestores e políticos da área da educação
precisam se debruçar sobre este assunto para que se tenha políticas mais
amplas e que incluam os dispositivos móveis na educação como estratégia
de um aparelho por aluno, ou também conhecida como Bring Your Owner
Device (Byod) – traga seu próprio aparelho. As políticas educacionais gerais
precisam ser institucionalizadas na escola por meio da gestão dessa a fim
de se estabelecer, através de programas e projetos constituídos na escola –
envolvendo alunos e professores –, a convergência para as recomendações
das políticas gerais;
· Conscientizar sobre a sua importância: a conscientização de professores e
da sociedade em geral é fundamental. Os dispositivos móveis costumam ser
considerados como elementos de distração e até de entretenimento, mas não
como recursos potenciais à educação. Com esta Disciplina e suas unidades,
espera-se contribuir para tal recomendação;
· Formação de professores: a formação docente é igualmente essencial.
Assim, esses profissionais devem ser formados para o uso das novas
tecnologias digitais, em especial dos dispositivos móveis. Tal aperfeiçoamento
deve considerar uma abordagem integrada da tecnologia como mais um dos
saberes que os docentes devem integrar ao seu ecossistema de conhecimento.
A abordagem TPACK – apresentada na Unidade anterior – parece a mais
adequada para sustentar a formação e a capacitação de professores para o
uso de tecnologias móveis na educação;
· Capacitação usando tecnologias móveis: a formação e a capacitação
dos professores devem ser realizadas com o recurso de dispositivos móveis,
em atividades teóricas e práticas. Com este curso de Pós-Graduação em
Tecnologias Móveis, procura-se contribuir também para a capacitação
docente nesse seguimento.

O mencionado documento da Unesco foi elaborado no início da grande onda do


mobile learning na educação, de modo que traz pontos importantes para a reflexão
dos educadores.

55
Análise e Aplicação dos Dispositivos Móveis na Educação
UNIDADE
III

Figura 2 – Síntese das orientações e recomendações do documento Policy guidelines for mobile learning
Fonte: United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (2013)

56
Exemplos de Aplicativos para uso dentro e
fora da sala de aula
A experiência e análise dos usos de tablets na educação têm mostrado que,
inicialmente, a nova tecnologia é utilizada ou proposta para promover algumas
melhorias. No caso dos tablets, os primeiros usos propostos estavam relacionados à
aplicação do dispositivo para acesso a bibliotecas, repositórios e à leitura de textos e
materiais. Logo depois, iniciou-se o uso de leitores com possibilidade de integração a
dicionários, marcação de páginas, acesso à marcação de páginas coletivas, entre outras
opções, de modo que se viu o tablet como substituição ao caderno convencional.
Com o avanço das tecnologias, os dispositivos móveis começaram a ser utilizados para a
integração de conteúdos multimidiáticos – imagens, sons, vídeos –, permitindo a produção de
conteúdo com alto nível de qualidade. Mais recentemente, o uso de QR-Codes, de propostas
de gamificação, geolocalização e ferramentas colaborativas para a criação e distribuição de
conteúdos transformaram as possibilidades de uso do m-learning na educação.
Essas etapas de evolução do uso das tecnologias são resumidas na Figura 3, onde
há o modelo SAMR, de Puentedura (2012). Nesse modelo, o autor sintetiza a evolução
do uso da tecnologia que foi, inicialmente, da Substituição (S) tecnológica e recursos
existentes à sua completa Redefinição (R), passando pelas etapas de Ampliação (A) e
Modificação (M). A proposta desse modelo permite que façamos uma análise crítica
sobre as indicações de uso dos recursos digitais na educação.

Para conhecer melhor essa abordagem, assista ao vídeo:


https://goo.gl/3WdduL

Figura 3 – Modelo SAMR proposto por Ruben Puentedura (2012)


Fonte: Elaborada pelo Conteudista

57
Análise e Aplicação dos Dispositivos Móveis na Educação
UNIDADE
III
Os recursos disponíveis para uso educacional em dispositivos móveis tais como
tablets e smartphones são muito variados. Há diversos sites especializados que
apresentam listas de aplicativos para cada área e seguimento. Os usos educacionais
encontrados na literatura seguem diversas propostas, em geral, dentro do modelo
SAMR, ou seja, há propostas básicas de uso e propostas que parecem transformar o
contexto dentro e fora da sala de aula.
Para efeito didático, dividiremos os aplicativos segundo alguns padrões de uso mais
comuns, contudo, sabemos que se trata de uma simplificação, afinal, o potencial dos
aplicativos e formas de uso podem variar bastante. Na Figura 4 apresentamos uma
síntese dos principais usos identificados para os aplicativos em contextos educacionais,
de modo que classificamos esses usos nas seguintes categorias: produção de livros;
avaliação; História em Quadrinhos (HQ); captura de telas; edição de vídeos; mapas
mentais; organização e produtividade; aplicativos específicos.

Figura 4 – Principais usos dos aplicativos no contexto educacional

Os aplicativos em destaque na Figura 4 não são exaustivos de uma área de


conhecimento ou categoria, mas sim tomados como exemplos. Perceba que em cada
categoria de uso são indicados alguns aplicativos para as plataformas Android e iOS.
Tais aplicativos foram obtidos por meio da pesquisa de estudantes de Mestrado e
Doutorado das áreas de Ciências e Matemática do Programa de Mestrado e Doutorado
em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Cruzeiro do Sul.

58
Se se interessar por algum dos aplicativos, há breves descrições a seguir, a fim de que você
possa procurá-lo para download em smartphone e/ou tablet.
Aplicativos para o sistema operacional Android, da Google: https://play.google.com/store
Aplicativos para o sistema operacional iOS, da Apple: https://itunes.apple.com

No Material Complementar desta Unidade constam outras listas mais detalhadas


de aplicativos.

Aplicativos para Produção de Livros

Figura 5 – Aplicativos para Produção de Livros

Na categoria de produção de livros há o seguinte aplicativo em destaque:


BooKCreator, disponível para Android e iOS. Esse aplicativo permite a criação de
livros próprios diretamente pelo iPad, de maneira simples. Os livros produzidos podem
ser lidos pelo iBooks, enviados para os amigos e até mesmo expostos na iBookstore.
É ideal para álbuns de fotos, livros de receitas, manuais e/ou listas.

Aplicativos para Avaliação

Figura 6 – Aplicativos para Avaliação


Alguns dos recursos interessantes são os aplicativos que permitem fazer avaliação.
Por meio desses aplicativos o professor pode realizar um questionário ou uma única
questão para disponibilizar aos alunos em tempo de aula. Por sua vez, cada estudante
responde e a partir da resposta o professor encaminha a aula considerando o resultado
da avaliação discente. Tal abordagem é recorrentemente usada como metodologia ativa.
Entre os aplicativos de destaque, temos o Socrative para o professor e para o estudante.

História em Quadrinhos

Figura 7 – Aplicativos para História em Quadrinhos


Comic & Meme e Comic Strip It!, disponíveis para Android, permitem a criação
de histórias em quadrinhos usando as fotos tiradas com o próprio smartphone ou
tablet. A versão gratuita do Comic Strip It!, por exemplo, apresenta limitação na

59
Análise e Aplicação dos Dispositivos Móveis na Educação
UNIDADE
III
seleção de ferramentas de edição, mas a versão pro oferece grande variedade de
layout, edição de ferramentas e opções de compartilhamento.
Fábrica de Tirinhas, para Android e iOS. Esse aplicativo permite criar histórias em
quadrinhos usando os personagens da Turma da Mônica, do cartunista Maurício de Souza.

Captura de Tela – Screencast

Figura 8 – Aplicativos para Captura de Tela

Os aplicativos de captura e gravação de tela e áudio permitem grande flexibilidade


para professores desenvolverem materiais didáticos diferenciados. Existem vários
aplicativos para essa finalidade, entre os quais podemos citar:
Lensoo Create, para Android e iOS. Este aplicativo transforma seu tablet iPad
ou Android em um quadro branco virtual com gravação de voz e escrita digital suave.
Usando Lensoo Create você pode compartilhar rapidamente as suas ideias através de
e-mail, Facebook, Twitter ou LinkedIn a partir de praticamente qualquer lugar. Se você
é um(a) professor(a) que se preocupa em incutir conhecimento ou um(a) estudante que
pretende apresentar suas ideias, Lensoo Create poderá ser de grande ajuda.
Explain EveryThing, para Android e iOS. Trata-se de um aplicativo para o design,
screencasting e uma ferramenta de quadro interativo fácil de usar e que lhe permite
anotar, animar, narrar, importar e exportar quase qualquer coisa de e para quase qualquer
lugar. Explain EveryThing é um aplicativo de educação para tablet bastante utilizado
desde o seu lançamento nos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá e Finlândia.
ScreenCast, para Android. É um aplicativo de gravação de tela em vídeo de alta
qualidade, salvando em formato MP4 no cartão SD. Trata-se de um recurso muito útil
para criar apresentações ou tutoriais.

Edição de Vídeos

Figura 9 – Aplicativos para Edição de Vídeos


Video FX, para Android e iOS. Crie vídeos incríveis com efeitos especiais com sua
escolha de música. Faça vídeos que você terá orgulho de compartilhar com seus amigos!
Crie vídeos legais de casa em estilo retro e desenhos animados. Você já se perguntou
como as pessoas criam esses vídeos animados engraçados? Agora você pode gravá-los
com o novo recurso de movimento stop – disponível como um pacote adicional. Para
usá-lo, ative o modo stop motion, definindo a duração de cada fragmento e fazendo
pausas entre as gravações. Uma vez ativado, começará a gravar o vídeo com fragmentos
curtos e atraso entre gravações, dando-lhe tempo para reposicionar um objeto ou pessoa.

60
Mapas Mentais

Figura 10 – Aplicativos para Mapas Mentais

Figura 11 – Exemplo de Mapa Mental

SimpleMind. O mapeamento mental lhe ajuda a organizar pensamentos, lembrar


coisas e gerar novas ideias. Trata-se de um belo aplicativo, intuitivo para que possa
mapear sua mente, onde estiver e quando quiser.

MindMeister. Crie e compartilhe mapas mentais facilmente com o MindMeister,


a ferramenta líder do mercado de mapeamento mental e de visualização de dados.

61
Análise e Aplicação dos Dispositivos Móveis na Educação
UNIDADE
III
O MindMeister para Android permite que você crie, edite e compartilhe seus mapas
mentais em dispositivos ou tablets e os sincronize com o premiado serviço grátis e on-
line MindMeister, sozinho(a) ou colaborativamente com outras pessoas.

iThoughts, para iOS. É uma ferramenta de mindmap para iPad, iPhone e iPod
Touch – versão para Mac também disponível. Mapas mentais permitem organizar
visualmente seus pensamentos, ideias e informações.

Mindomo. Liberte o poder de suas ideias com mapas mentais. Capture seus
pensamentos diretamente de mapas mentais, transformando-os em ótimas apresentações
e os compartilhando com outras pessoas. Sincronize seus mapas para a nuvem, a partir
de qualquer dispositivo.

Organização e Produtividade

Figura 12 – Aplicativos para Organização e Produtividade

Esta classe de aplicativos é de grande importância para professores e estudantes.


Em geral, podem ser utilizados em diferentes plataformas e permitem que trabalhemos
com os nossos conteúdos em distintos dispositivos e plataformas. Entre os diversos
aplicativos de organização e produtividade, fazemos alguns destaques:

Evernote, para Android e iOS. Trata-se de uma suíte de aplicativos que permite fazer
anotações – de texto e áudio –, copiar páginas da web, calendário e compartilhamentos
diversos. Muito utilizada e útil.

Google Keep, para Android. Permite fazer listas de atividades a serem realizadas.
Cada lista pode ser compartilhada e atualizada a qualquer momento. É fácil de utilizar
e intuitivo.

Notas e editores de texto. Atualmente, dentro desta categoria temos os aplicativos


da Google, da Microsoft – pacote Office (Word, Excel e PowerPoint) –, entre outras
empresas. São essenciais para o dia a dia.

Agenda. Os aplicativos de agenda são também importantes para a organização e


produtividade. Um dos mais utilizados é a agenda da Google, contudo, há muitas
outras opções para Android e iOS.

62
Aplicativos Específicos
Física

Figura 13 – Aplicativos específicos para Física

Destacamos na área de Física os aplicativos acima ilustrados, os quais foram


estudados e avaliados por estudantes de Pós-Graduação. Embora apresentem
limitações, destacaram-se na proposta de engajamento e tratamento do conteúdo ao
longo da mencionada análise.

Física na Escola, para Android e iOS. Este aplicativo traz diversas áreas dentro da
Física e apresenta animações para tornar o conteúdo mais compreensível, fazendo com
o que o aluno possa visualizar alguns conceitos que são trabalhados abstratamente na
maioria das aulas convencionais.

Física Interativa. Trata-se mais de um manual de fórmulas, disponível com alguns


conceitos e imagens.

Virtual Laboratory, para Android. Neste aplicativo há três simulações sobre


concentração, molaridade e modelo atômico.

Física de Bolso, para Android. Trata-se também de um guia com conceitos, fórmulas
e imagens para auxiliar no estudo e no trabalho do dia a dia estudantil.

Biologia

Figura 14 – Aplicativos específicos para Biologia

Advinha Palavras Bioteste. É um jogo desenvolvido pelo Laboratório de Tecnologia


Educacional (LTE) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com questões
sobre Biologia para testar o conhecimento em diversas áreas desse assunto.

Biologia 100. Aplicativo de questões sobre o Exame Nacional do Ensino Médio


(Enem) e alguns vestibulares tradicionais.

O Ambiente em Nossas Mãos. Exemplo de livro eletrônico que destaca questões


ecológicas da cidade de Lisboa. Trata-se de um ótimo modelo de um livro eletrônico
que poderia ser feito com aplicativos como o Book Creator.

63
Análise e Aplicação dos Dispositivos Móveis na Educação
UNIDADE
III
Pegada Ecológica. Aplicativo que procura estabelecer sua compreensão sobre
ecologia e sustentabilidade, indicando quantos planetas seriam necessários se
mantivermos nossos hábitos.

Matemática

Figura 15 – Aplicativos específicos para Matemática

Na Figura 15 são ilustrados vários aplicativos na área de Matemática, os quais:

Math vs Zombies, para Android e iOS. Jogo envolvendo uma temática jovem –
zumbis – e a Matemática. Ou seja, os jogadores precisam fugir dos zumbis usando essa
área do conhecimento! Possui avaliação de quatro pontos – de cinco – no site da Google.

Escoteiro Matemático, para Android. Jogo de aventura envolvendo Lógica e


Matemática, protagonizado por um escoteiro. É atribuído a todas as idades. Possui
avaliação de 4.1 pontos no site da Google.

Math Maniac, para Android. É um jogo simples de adição e multiplicação, cujo


objetivo é combinar ou multiplicar o número de igual questão. Tem avaliação de 3.9
pontos no site da Google.

MathPro, para Android. Trata-se de um divertido jogo educacional para se tornar


um expert em Matemática! Além de prática, há subtração, multiplicação e divisão.
Tem avaliação de 3.9 pontos no site da Google.

Monkey Math, para Android. Jogo de aventura que tem como personagem um
macaco. Tem avaliação de 3.8 pontos no site da Google.

Cola Matemática, para Android e iOS. Traz detalhamentos de vários assuntos da


Matemática com as respectivas resoluções de problemas passo a passo. Tem avaliação
de 4.3 pontos no site da Google.

Desafio Matemático, para Android. Jogo de Aritmética com as quatro operações em


forma de desafios. Tem avaliação de 3.9 pontos no site da Google.

Círculo Unitário, para Android. Aplicativo para a compreensão visual das funções
trigonométricas: calcular seno, cosseno, tangente, cotangente, secante e cossecante,
função, graus e radianos. Tem avaliação de 4.5 pontos no site da Google

Como dito, a lista aqui discutida tem caráter didático, apenas, com o objetivo de
lhe fazer conhecer as categorias de uso e alguns exemplos de aplicativos. Afinal,
há muitos outros aplicativos interessantes para uso na educação. Para conhecer
mais alguns, acesse o Material Complementar desta Unidade e lá encontrará várias
outras indicações.

64
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
The 88 best iOS apps for mobile learning
DUNN, J. The 88 best iOS apps for mobile learning. 2012.
http://goo.gl/iPJBq4
50 free Android apps being used in education right now
LEPI, K. 50 free Android apps being used in education right now. 2012.
http://goo.gl/tva4CF

Vídeos
MODELO SAMR in 120 seconds
https://goo.gl/Y4JZ0L
NEARPOD
https://goo.gl/wTVgkS

Sites
NEW pedagogy wheel helps you integrate technology using SAMR model.
http://goo.gl/G7mn7O

65
Análise e Aplicação dos Dispositivos Móveis na Educação
UNIDADE
III
Referências
AZEVEDO, F. J. F. de. Educar para a literacia: perspectivas e desafios. 2011. Disponível
em: <http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/12645/1/Educar%20para%20
a%20literacia_FA2011.pdf>. Acesso em: 25 maio 2016.

BROWN, T. et al. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das
velhas ideias. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

DAVIES, A.; FIDLER, D.; GORBIS, M. Future work skills 2020. Institute for the Future
for University of Phoenix Research Institute, v. 540, 2011.

FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade-transdisciplinaridade: visões culturais e epistemo-


lógicas e as condições de produção. Interdisciplinaridade, v. 1, n. 2, p. 34-42, 2012.

______. Interdisciplinaridade e transdisciplinaridade na formação de professores. Revista


Brasileira de Docência, Ensino e Pesquisa em Administração, v. 1, n. 1, p. 24-32, 2009.

FRANÇA, R. S. de; SILVA, W. C. da; AMARAL, H. J. C. do. Ensino de Ciência da


Computação na Educação Básica: experiências, desafios e possibilidades. In: WORKSHOP
SOBRE EDUCAÇÃO EM COMPUTAÇÃO, 20., 2012.

KORN, M. Imagine discovering that your teaching assistant really is a robot. The Wall
Street Journal, 6 may 2016. Disponível em: <http://www.wsj.com/articles/if-your-
teacher-sounds-like-a-robot-you-might-be-on-to-something-1462546621>. Acesso em: 24
maio 2016.

LOUREIRO, A.; ROCHA, D. Literacia digital e literacia da informação – competências


de uma Era Digital. In: CONGRESSO INTERNACIONAL TIC E EDUCAÇÃO
(ticEDUCA2012-II), 2., 2012, Lisboa. Atas... Lisboa: Instituto de Educação da
Universidade de Lisboa, 2012. p. 2726-2738. Disponível em: <http://repositorio.
ipsantarem.pt/bitstream/10400.15/758/1/artigo-ticeduca2012_ana%26dina_final.
pdf>. Acesso em: 18 abr. 2016.

PUENTEDURA, R. R. The SAMR model: six exemplars. Retrieved August, v. 14,


p. 2012, 2012.

RAMOS, A.; FARIA, P. Literacia digital e literacia informacional: breve análise


dos conceitos a partir de uma revisão sistemática de literatura. Linhas, v. 13, n. 2, p.
29-50, 2012.

UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION.


Policy guidelines for mobile learning. 2013. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.
org/images/0021/002196/219641e.pdf>. Acesso em: 24 maio 2016.

66
IV
Estudo e Análise dos Casos de uso das
Tecnologias Móveis na Educação em
Diferentes Níveis e Modalidades

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Carlos Fernando de Araujo Jr.

Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Estudo e Análise dos Casos de uso das Tecnologias Móveis na Educação em Diferentes Níveis e Modalidades
UNIDADE
IV
Introdução ao Tema
O principal objetivo da educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas e não
simplesmente repetir o que outras gerações fizeram (Jean Piaget).

Conhecimento não é intencionado para preencher mentes. Ele é intencionado a abri-las


(George Siemens).

Nesta Disciplina tivemos a oportunidade de estudar vários aspectos relacionados


ao mobile learning. Na Unidade I estudamos a evolução histórica, tecnológica e
cultural que marca o contexto do desenvolvimento do mobile learning. Foi possível
compreendermos a evolução do uso dos dispositivos móveis na história e evolução
da tecnologia. Desse modo, os usos que temos hoje é fruto de um desenvolvimento
contínuo do estudo sobre mobile learning e dos desenvolvimentos da tecnologia.
Não se trata de fato isolado. Procuramos sempre apresentar perspectivas para o
desenvolvimento do m-learning no contexto de estudos nacionais e internacionais,
perspectiva que perpassa todas as unidades.

Na Unidade II apresentamos em detalhamento as perspectivas de ensino e


aprendizagem envolvidas nas ações e estudos sobre o m-learning. Tratamos da
abordagem do modelo TPACK, que traz uma concepção integrativa e inter-relacionada
do papel da tecnologia na educação em conjunto com os demais saberes: conhecimento
pedagógico, conhecimento de conteúdo específico e conhecimento tecnológico. Desse
modo, o conhecimento tecnológico é tão importante como qualquer outro, de modo que
a melhor situação de aprendizagem se dará na melhor integração dos conhecimentos.
Apresentamos também uma visão geral das abordagens e correntes teóricas clássicas
de ensino e aprendizagem, procurando destacar referências de trabalhos utilizando
dispositivos móveis que se utilizaram de cada uma dessas abordagens em mais de um
detalhe. Na mesma Unidade avançamos com relação às perspectivas teóricas e clássicas
de ensino e aprendizagem, apresentando e discutindo em detalhes as abordagens da
Teoria da Atividade (TA) e do conectivismo. Com a TA, nosso objetivo foi apresentá-
la como um framework – modelo padrão – para o desenvolvimento de atividades de
ensino e aprendizagem usando dispositivos móveis além de modelo para o estudo
das inter-relações entre os elementos da atividade e do artefato – dispositivo móvel
e aplicativos. Com a apresentação da abordagem do conectivismo, nosso objetivo foi
apresentar uma perspectiva moderna e contemporânea de ensino e aprendizagem que
traz discussões sobre temas atuais, tais como redes, conexões, fenômenos caóticos e
não lineares. Consideramos importante os educadores conhecerem essas abordagens
contemporâneas e refletirem sobre a incorporação de elementos dessas abordagens
em suas práticas cotidianas, experimentando e avaliando os processos e práticas
educacionais. Demos indicativos de exemplos de uso de tais perspectivas, em especial
a TA, em dois estudos que foram realizados no âmbito do Projeto Tablet no Colégio
Cruzeiro do Sul (DIAS, 2014; BORGES, 2014). Esses estudos e experiências estão
sintetizados na publicação de Araujo Jr. e Silveira (2014). Consideramos importante que
os educadores interessados no assunto conheçam diferentes e variadas propostas de uso
dos dispositivos móveis na educação para uma visão mais abrangente do tema.

68
Na Unidade III apresentamos uma perspectiva da importância do uso das tecnologias
digitais na educação para a formação de cidadãos incluídos tecnologicamente e com
literacias digitais relevantes para a formação do perfil da força de trabalhado dos
próximos anos. Para isso, discutimos o estudo realizado pelo Instituto do Futuro
(DAVIES; FIDLER; GORBIS, 2011). A relevância desse estudo aponta à necessidade de
construirmos propostas institucionais e curriculares para o uso das tecnologias digitais
que contribuam para a formação deste novo cidadão. No âmbito da prática e formação
docente, apresentamos e discutimos o estudo da Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) (UNITED NATIONS ORGANIZATION
FOR EDUCATION, SCIENCE AND CULTURE, 2013). Tal estudo apresenta motivos
para o uso do m-learning na educação, além de recomendações para a formação de
professores para o uso das tecnologias digitais móveis.

Ainda nessa Unidade, apresentamos o modelo SAMR, o qual corresponde à


perspectiva natural e evolucionária do uso da tecnologia na educação. Muito simples,
esse modelo permite entendermos a evolução do uso das tecnologias na educação na
perspectiva das características das atividades de ensino e aprendizagem. Trata-se de um
modelo de base interessante para que educadores e praticantes do uso das tecnologias
digitais tenham em mãos para validar suas propostas de projetos educacionais utilizando
tecnologias móveis (PUENTEDURA, 2012).

Apresentamos, ainda, uma categorização dos aplicativos disponíveis para uso


educacional. Longe de ser única, tal categorização auxilia os docentes para a visualização
de possibilidades de uso dos aplicativos e atividades. Fizemos uma análise detalhada de
cada categoria apresentada com indicações de alguns aplicativos de uso conhecido e
relevante para as atividades educacionais. Ao final da terceira Unidade, apresentamos
uma relação de diversos aplicativos que podem, então, ser utilizados nos contextos de
ensino e aprendizagem com tecnologias móveis.

Assim, nesta quarta e última Unidade, apresentaremos um case de uso dos


dispositivos móveis na educação, especificamente na área de Biologia. Importante
destacar se tratar de um case para estudarmos o detalhamento do processo e resultados
apresentados. Um case aqui é uma unidade de análise, apresentada por meio de
um vídeo específico, com o objetivo de discorrer sobre o resultado do trabalho de
Doutorado de Almeida (2016).

69
Estudo e Análise dos Casos de uso das Tecnologias Móveis na Educação em Diferentes Níveis e Modalidades
UNIDADE
IV
Leitura Obrigatória
Detalhamento do Case
O case que apresentaremos nesta Unidade trata do estudo e aplicação dos dispositivos
móveis – tablets – em alunos do terceiro ano do Ensino Médio de um colégio particular
da Cidade de São Paulo. A área de conhecimento onde a proposta foi desenvolvida foi
a de Biologia, mais especificamente o contexto da Genética. O projeto envolveu 34
estudantes, dois professores e dois técnicos de informática. O objetivo era estudar a
perspectiva da introdução do dispositivo móvel na educação formal, percepção discente,
aprendizagem de conhecimentos específicos com o uso do recurso das tecnologias
digitais, além de “[...] identificar as contribuições do uso do tablet no Ensino Médio”
(ALMEIDA, 2016). A pesquisa junto aos alunos e professores teve como período de
desenvolvimento cerca de dois meses e meio.

Para a realização da pesquisa, utilizou-se como base teórica fundamental a teoria


da atividade, baseada na abordagem de Engeström (1987), o ensino de Biologia no
contexto de Genética, fundamentado em indicativos dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN) e de pesquisadores da área (BRASIL, 1999; DELIZOICOV; ANGOTI,
2000; KRASILCHIK, 2004).

Os recursos tecnológicos utilizados foram: tablets, ambiente virtual de aprendizagem –


Blackboard –, WhatsApp – para comunicação aluno-aluno e professor-alunos –, aplicativo
SchematchMind (plataforma Android) – para o desenvolvimento de mapas mentais.

Recursos

Figura 1 – Representação dos recursos tecnológicos utilizados na atividade


Fonte: Adaptado de iStock

Estrutura do Projeto das Atividades


A atividade com os 34 estudantes foi realizada em uma série de etapas que são
delineadas na Figura 2. Atuaram de forma alternada, em diferentes contextos, duas
professoras. Houve ainda o apoio de técnicos de informática.

70
Apresentação geral dos Elaboração do primeiro
conteúdos de genética mapa mental

Orientação sobre a Compartilhamento do


representação de conceitos primeiro mapa mental

Atividade 01: Mapa mental 1 Elaboração do segundo


Representação individual mapa mental
do conhecimento
Mapa mental 2 Compartilhamento do segundo mapa
Desenvolvimento da Pesquisa

mental e dos recursos pesquisados


Explicação do segundo
mapa mental Exploração dos mapas mentais e dos recursos
compartilhados pelos colegas pesquisados
Explicação dos mapas mentais pelos
Números de conceitos
estudantes e medição dos processos
representados
Análise do segundo
Número de relações
mapa mental
hierárquicas diretas

Mapa mental 3 Número de exemplos


do cotidiano
Atividade 02:
Apresentação em grupo Elaboração do terceiro
Representação coletiva
dos temas pesquisados mapa mental
do conhecimento

Figura 2 – Síntese do desenvolvimento da pesquisa


Fonte: (ALMEIDA, 2016)

Observamos na Figura 2 que o projeto foi elaborado considerando-se duas


atividades que envolveram a elaboração de três mapas/representações mentais sobre
os conceitos e recursos da área de Genética. A primeira atividade teve sua organização
definida pela Figura 3:

Tablet, App SchematcMind, Recursos Explorados,


discussões sobre os assuntos pesquisados

Sujeito Objeto
Estudantes das 3ª série Elaboração de MMD
do Ensino Médio sobre genética

Regras Comunidade Divisão de tarefas


Regras próprias da 34 estudantes Estudantes - Sujeitos do processo
pesquisa para 2 professoras de ensino-aprendizagem
orientação e 2 técnicos em informática Professoras - Orientadores do processo
organização do trabalho de ensino-aprendizagem
TI - Apoio técnico para a
realização da atividade

Figura 3 – Representação esquemática da atividade 1


Fonte: (ALMEIDA, 2016)

71
Estudo e Análise dos Casos de uso das Tecnologias Móveis na Educação em Diferentes Níveis e Modalidades
UNIDADE
IV
A Figura 3 representa o esquema da atividade 1, a qual realizada em tarefas na sala
de aula e em outras utilizando recursos virtuais tais como: Blackboard e a ferramenta
de comunicação WhatsApp. Os estudantes foram divididos em grupos para atuarem no
ambiente Blackboard e para se aprofundarem no desenvolvimento do mapa mental.

Quadro 1 – Organização dos alunos em termos de equipes de estudos,


equivalentes a grupos no ambiente virtual Blackboard

Equipes Temas
1 O código genético
2 Mutações gênicas
3 Reprodução celular
4 Primeira Lei de Mendel
5 Alelos múltiplos
6 Herança e sexo
7 Segunda Lei de Mendel
8 Interação gênica
9 Engenharia genética
Fonte: adaptado de Almeida (2016)

Para o desenvolvimento do primeiro mapa mental, os estudantes foram orientados


pelas professoras participantes do projeto. A ideia do primeiro mapa seria a
representação espontânea de conhecimentos prévios de Genética. Segundo Almeida
(2016, grifo nosso):
Assim, o primeiro MMD foi utilizado para uma pré-avaliação e como passo inicial rumo
ao aprendizado de partes do conhecimento.

Com o objetivo de articular o conhecimento prévio a uma perspectiva de superação


(SLONGO, 2004) e como ancoragem para o novo conhecimento (MAURI, 2003),
considerou-se, na implementação das ações educativas desta pesquisa, através da
elaboração deste primeiro MMD, a representação pessoal do conhecimento que cada
estudante possuía.

Após realizado o primeiro mapa mental, os estudantes utilizaram o ambiente virtual


de aprendizagem Blackboard para o compartilhamento do mapa com os demais
colegas, especificamente por meio da ferramenta de Fórum. Uma das professoras
atuou no ambiente como medidora e apresentou feedback aos estudantes sobre os
mapas desenvolvidos.

Em uma segunda etapa, os alunos foram orientados a buscarem objetos de


aprendizagem que pudessem auxiliar no conhecimento dos conteúdos do grupo ao
qual estudante participava. As professoras atuaram como mediadoras, apresentando
sugestões e orientações. A ideia seria a de que os estudantes pudessem interagir e
explorar os objetos, identificando suas potencialidades e aspectos críticos.

Como resultado da segunda etapa, os alunos desenvolveram o segundo mapa mental.


Realizaram então o compartilhamento desse de forma semelhante ao primeiro – via
ambiente Blackboard. Foram ainda estimulados à troca de conhecimentos no Fórum.

72
Em uma atividade em sala de aula, os participantes foram convidados a
apresentarem cada mapa mental e os recursos encontrados. Buscou-se relacionar os
conceitos ilustrados nos mapas e os objetos de aprendizagem encontrados na internet.
Nessa ocasião as professoras tiveram oportunidade de sugerir ajustes nos mapas e,
principalmente, compreender as relações entre conceitos e recursos e discutir tais
relações com os estudantes.

Com base no encontro entre docentes e discentes, onde estes apresentaram o segundo
mapa e os objetos de aprendizagem, foram orientados a elaborarem um terceiro mapa
mental. A ideia desta atividade foi providenciar um registro da evolução dos conceitos
sobre o tema estudado, considerando uma análise entre o primeiro e o terceiro mapa.
Tal etapa foi considerada como uma segunda atividade, cuja organização esquemática,
em termos de teoria da atividade, está sintetizada na Figura 4:

Artefatos Mediadores
Tablet, Recursos Explorados, MMD,
discussões sobre os assuntos pesquisados

Sujeito Objeto
Estudantes das 3ª série Apresentação dos
do Ensino Médio temas pesquisados

Regras Comunidade Divisão de tarefas


Regras próprias 34 estudantes Estudantes - Sujeitos do
da pesquisa para 2 professoras processo de ensino-aprendizagem
orientação e 2 técnicos em informática Professoras - Orientadores do
organização processo de ensino-aprendizagem
do trabalho TI - Apoio técnico para a
realização da atividade

Figura 4 – Representação esquemática da atividade 2


Fonte: (ALMEIDA, 2016)

Resultados
O case aqui apresentado é, na verdade, uma tese de Doutorado que possui diversos
resultados, os quais ainda não foram publicados em toda sua extensão. Todavia,
destacaremos aqui alguns, relevantes e referentes às atividades realizadas no que
concerne ao ensino e aprendizagem do conteúdo específico e que, com as adaptações
necessárias, são utilizáveis em diversas áreas do conhecimento.

73
Estudo e Análise dos Casos de uso das Tecnologias Móveis na Educação em Diferentes Níveis e Modalidades
UNIDADE
IV
O uso do recurso de representação gráfica de ideias e conceitos do aplicativo
SchematchMind teve o importante papel de engajar os estudantes na realização de uma
proposta de ensino e aprendizagem de Biologia, a qual associada a uma ideia de flipped
classroom (BISHOP; VERLEGER, 2013). Os alunos tinham orientação em sala de aula
e fora dessa, de modo que poderiam utilizar um ambiente virtual – Blackboard – com
vários recursos e, ainda, uma ferramenta comunicacional como o WhatsApp.
Os recursos de representação de mapas conceituais são importantes para a
assimilação gráfica de conceitos. No período do desenvolvimento dessa pesquisa – entre
2012 e 2013 – não havia ainda um aplicativo para o sistema Android que fosse gratuito
– free – e apresentasse todos os recursos para desenvolvimento de mapas conceituais,
tais como ligação cruzada entre conceitos. Desse modo, a autora da pesquisa buscou
recursos alternativos, escolhendo, assim, o SchematchMind como uma ferramenta
para a elaboração de mapas mentais, adaptada à representação de conceitos. Foi nessa
perspectiva que o aplicativo foi utilizado.
Um aspecto relevante na elaboração dos mapas mentais ou conceituais, considerando-
se a abordagem de representação de conceitos e aplicações, é o número de conceitos
representados no mapa. Tal número pode, indiretamente, representar uma ampliação
do conhecimento na evolução dos mapas elaborados. Assim, o Quadro 2 representa a
evolução no número de conceitos representados pelos estudantes deste case:

Quadro 2 – Identificação do número de conceitos representados nos mapas das atividades 1 e 2


Intervalo de n.º dos N.º de estudantes N.º de estudantes N.º de estudantes
conceitos representados (mapa 1) (mapa 2) (mapa 3)
0-5 11 1 0
6-10 16 1 1
11-15 7 19 4
16-20 0 8 14
Maior que 20 0 5 15
Fonte: Almeida (2016)

No Quadro 2 observamos que o número de conceitos, por intervalo, apresentados


pelos alunos foi evoluindo ao longo das atividades e dos mapas desenvolvidos. Ou seja,
os primeiros mapas apresentavam poucos conceitos, enquanto que o terceiro e último
mapa teve um maior número de estudantes representando conceitos nos intervalos de
dezesseis a vinte, ou mesmo maior que vinte ocorrências. Trata-se de uma ótima evolução
na representação de conceitos aprendidos durante o desenvolvimento das atividades.

Outra característica a se analisar nos mapas é a identificação de aspectos práticos,


ou exemplos do dia a dia, relacionados aos conceitos estudados. O Quadro 3 apresenta
a evolução entre os mapas e o número de exemplos figurados. Perceba que se no
primeiro mapa tínhamos 34 participantes utilizando, no máximo, um exemplo; no
segundo mapa, 22 dos estudantes utilizaram, no máximo, um exemplo, enquanto doze
estudantes conseguiram identificar de dois a quatro exemplos da vida diária relacionados
aos conceitos dos mapas. Já no terceiro, tivemos quinze alunos que apresentaram, no
máximo, um conceito e dezenove que representaram de dois a mais de cinco exemplos.

74
Quadro 3 – Evolução do número de exemplos apresentados nos mapas

N.º de exemplos da vida N.º de estudantes N.º de estudantes N.º de estudantes


prática representados (mapa 1) (mapa 2) (mapa 3)
0 25 9 6
1 9 13 9
2 0 6 4
3 0 4 1
4 0 2 7
5 ou mais 0 0 7
Fonte: Almeida (2016)

Em seu trabalho, Almeida (2016) entrevistou diversos pesquisadores europeus, com o


objetivo de identificar aspectos positivos e negativos para o uso dos dispositivos móveis
no Ensino Médio. Seus resultados estão sintetizados no Quadro 1 do Anexo 1.

No Anexo 2 há vários outros resultados relevantes para a análise deste case.

Uso dos Dispositivos Móveis nos Diversos Níveis de Ensino


Nesta Unidade demos destaque para um case desenvolvido no Ensino Médio. Embora
o contexto tenha sido esse nível de ensino, as ideias aqui apresentadas poderiam ser
facilmente utilizadas em projetos e atividades no âmbito do Ensino Superior, em diversas
áreas do conhecimento. A proposta desenvolvida tem uma abordagem inovadora, onde
o aluno assume a centralidade do processo de ensino e aprendizagem. O uso do tablet
– dispositivo móvel – tem características motivacionais e de interação, expandindo o
espaço e tempo da aprendizagem para muito além do ambiente de sala de aula.

A abordagem utilizada no case tem aspectos do que é chamado de sala de aula


invertida, ou flipped classroom, onde a sala de aula fica como um local para discussão,
criação e desenvolvimento de significados, enquanto o acesso a conteúdos e seus registros
podem se dar por meio de recursos de tecnologia: tablets, aplicativos específicos,
ambiente virtual e aplicativos para comunicação (BISHOP; VERLEGER, 2013).

Em nossa experiência, na atuação em alguns colégios no âmbito do Ensino Médio,


observamos que quando o colégio se utiliza de um método de ensino tradicional,
baseado em sistemas de ensino, há alguma dificuldade de engajamento dos docentes
no uso dos dispositivos móveis em atividades educativas. Nesses casos, observamos que
a necessidade de cumprir um programa pré-definido de conteúdos e atividades deixa
pouco tempo para ações diferenciadas. Não temos resultados de pesquisas sobre esse
fato, trata-se apenas de observação e experiência.

No âmbito do Ensino Fundamental, em nossa experiência, tivemos os melhores usos.


Nesse caso, observamos que os professores muitas vezes são mais receosos; mas quando
assumem a nova proposta, apresentam interessantes e criativos projetos. Em geral, os
projetos nos quais tivemos oportunidade de trabalhar apresentaram características mais
inter e transdisciplinares.

75
Estudo e Análise dos Casos de uso das Tecnologias Móveis na Educação em Diferentes Níveis e Modalidades
UNIDADE
IV
Observamos ainda que várias propostas apresentadas e discutidas nesta Disciplina
podem ser realizadas com os dispositivos móveis e também com notebooks e
computadores de uso pessoal. Os dispositivos móveis foram aqui escolhidos por serem
recursos de convergência de tecnologias, tornando-os ferramentas excepcionais de
mobilidade e de portabilidade.

Esperamos que esta Disciplina tenha cumprido o papel de lhe despertar o interesse
em explorar os dispositivos móveis na educação.

Anexo 1 – Aspectos Positivos e Negativos/Dificuldades para o


uso do Mobile Learning
Quadro 4
N.º de investigadores Aspectos negativos/ N.º de investigadores
Aspectos positivos
entrevistados dificuldades entrevistados
Favorece a interação com Pode distrair a atenção
3 4
colegas e professores dos alunos
Problemas de infraestrutura –
Motiva a aprendizagem 2 3
suporte técnico etc.
Resistência por parte
Possibilita trabalhar colaborativamente 2 2
dos pais e professores
Contexto escolar totalmente
Amplia os limites da sala de aula 2 controverso – com predomínio 1
do ensino tradicional
Ausência de estratégias
Favorece autonomia discente 2 1
previamente definidas
Possibilita uma postura
1 Risco de exposição do professor 1
diferente do professor
Possibilita lidar com a incerteza
1
e o imediatismo do novo
Possibilita conhecer o conceito
mobile learning e alargar os 1
horizontes sobre esse conceito
Possibilita comparar resultados de
1
outros estudos com os alcançados
Possibilita uma fonte inesgotável de
1
conhecimento, de experiências
Economia de custo com tecnologias
1
fornecidas pelas escolas
Corresponde à linguagem dos alunos 1
Mobilidade 1
Portabilidade 1
Possibilita ao aluno
1
aprender no seu ritmo
Fonte: Almeida (2016)

76
Anexo 2 – Destaques para Alguns Resultados da Pesquisa
de Almeida (2016)

O uso do tablet e dos recursos pesquisados motivou


a sua aprendizagem dos conteúdos de genética?

discordo totalmente 0

discordo parcialmente 5

concordo parcialmente 26

concordo totalmente 3

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Número de alunos

Figura 5 – Percepção dos alunos a respeito do tablet como motivador


da aprendizagem durante a atividade realizada
Fonte: (ALMEIDA, 2016)

A elaboração dos mapas mentais ajudou


a expressar o que você aprendeu?

discordo totalmente 0

discordo 5

concordo 22

concordo totalmente 7

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Número de alunos

Figura 6 – Percepção dos alunos acerca do auxílio dos MMD na expressão dos conteúdos aprendidos
Fonte: (ALMEIDA, 2016)

77
Estudo e Análise dos Casos de uso das Tecnologias Móveis na Educação em Diferentes Níveis e Modalidades
UNIDADE
IV
A elaboração dos mapas conceituais facilitou
a montagem da sua apresentação?

discordo totalmente 1

discordo 3

concordo 21

concordo totalmente 9

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Número de alunos

Figura 7 – Percepção dos alunos acerca da elaboração dos mapas mentais


como facilitadora da montagem da apresentação dos grupos
Fonte: (ALMEIDA, 2016)

Os tipos de atividades propostas favoreceram


sua aprendizagem de conteúdo de genética?

discordo totalmente 1

discordo parcialmente 5

concordo parcialmente 22

concordo totalmente 6

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Número de alunos

Figura 8 – Percepção dos alunos acerca do favorecimento da atividade


realizada para a aprendizagem dos conteúdos de Genética
Fonte: (ALMEIDA, 2016)

78
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Apresentamos nesta seção materiais importantes para aprofundar e ampliar seus conhecimentos
sobre os assuntos tratados nesta Unidade:
Sites
IPAD for learning
Site de uma universidade australiana, que apresenta uma série de casos de estudo do uso
de iPads na Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio. 20--.
http://goo.gl/vPZc1O
IPADS in the classroom
Site com orientação e recursos para usar o iPad na educação. BBC Active. [2010].
http://goo.gl/bTfsRA
KATHY Schrock´s iPads4Teaching
Site com várias dicas sobre o uso de iPads e tablets na educação, nos diversos níveis de
ensino. 2016.
http://goo.gl/c0D6It

Vídeos
Google Home Demo - Google IO 2016
GOOGLE Home. Google IO 2016 [um exemplo de tecnologia que transformará nossas
atividades]. 18 maio 2016.
https://goo.gl/Y5SutB
Microsoft HoloLens - Transform your world with holograms
MICROSOFT HoloLens – transform your world with holograms [transforma seu mundo
em hologramas]. 21 jan. 2015.
https://goo.gl/2bCFWI
SCiO: Your Sixth Sense
SCIO: your sixth sense [dispositivo que escaneia materiais e objetos e identifica
a composição dos materiais, além de outras informações quando conectado a
smartphones]. 29 abr. 2014.
https://goo.gl/WtcUsq

79
Estudo e Análise dos Casos de uso das Tecnologias Móveis na Educação em Diferentes Níveis e Modalidades
UNIDADE
IV
Referências
ALMEIDA, R. R. Mobile learning no processo de ensino e aprendizagem de
conteúdos de Genética: proposta e análise com base na teoria da atividade. 2016.
210 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática) - Universidade Cruzeiro
do Sul, São Paulo, 2016.

ARAUJO JR, C. F.; SILVEIRA, I. F. (Org.). Tablets no Ensino Fundamental e Médio:


princípios e aplicações. São Paulo: Terracota, 2014.

BISHOP, J. L.; VERLEGER, M. A. The flipped classroom: a survey of the research.


In: ASEE National Conference Proceedings, Atlanta, GA, 2013.

BORGES, M. C. N. K. O ensino de Física com tablets: uma proposta usando mapas


conceituais. 2014. 78 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática) -
Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2014.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros


curriculares nacionais: Ensino Médio. Brasília, DF, 1999.

DAVIES, A.; FIDLER, D.; GORBIS, M. Future Work Skills 2020, v. 540, 2011.

DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A. Metodologia do ensino de Ciências. São Paulo:


Cortez, 2000.

DIAS, E. J. O uso dos tablets nas aulas de Matemática no Ensino Médio. 2014. 116
f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática) - Universidade Cruzeiro
do Sul, São Paulo, 2014.

ENGESTRÖM, Y. Learning by expanding: An activity-theoretical approach to


developmental research. Helsinki: Orienta-Konsultit, 1987.

KRASILCHIK, M. Prática de ensino de Biologia. São Paulo: Edusp, 2004.

PUENTEDURA, R. R. The SAMR model: six exemplars, v. 14, p. 2012, aug. 2012.

UNITED NATIONS ORGANIZATION FOR EDUCATION, SCIENCE AND CULTURE.


Policy guidelines for mobile learning. 2013. Disponível em: <http://unesdoc.
unesco.org/images/0021/002196/219641e.pdf>. Acesso em: 24 maio 2016.

80
Leitura Complementar

Responsável
Autoria dos
peloArtigos
Conteúdo
Prof. Dr.Prof.
Carlos
Ms.Fernando
Ademir Cenati
de Araújo Jr.
Prof. Dr. Carlos Fernando de Araujo Jr.
Prof.Revisão Textual
Ms. Eduardo Jesus Dias
xxxxxxxxxxxx
Prof. Ms. Marcos Andrei Ota

Revisão Textual
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
Aprendizagem Móvel e a Educação de Jovens e Adultos
ARTIGO
I
Aprendizagem Móvel e a Educação de Jovens
e Adultos
Marcos Andrei Ota
Carlos Fernando de Araujo Jr.

Resumo
Este artigo apresenta algumas estratégias desenvolvidas para ajudar os professores nas aulas de temas
transversais, utilizando m-learning. O uso de dispositivos móveis e a escolha de alguns aplicativos revelaram
dados importantes, indicando que a expansão e a intensificação do uso desses dispositivos em sala de aula é
possível. No Programa de Educação Básica para Jovens e Adultos, a situação emerge como uma oportunida-
de para compensar o tempo e espaço na restituição dos estudos, bem como promover o avanço no ensino,
em si. Competente prática do m-learning cresce para situações que vão além do conceito de recursos
tecnológicos. Elas imbuem ensino com características intrínsecas que facilitam e motivam situações de ensino
e aprendizagem em benefício de todos os participantes. Como resultado, este trabalho demonstra alguns fins
didáticos e também descreve aplicações úteis categorizados como Guias de Aprendizagem. Portanto, essas
contribuições podem ajudar a aplicação em outras áreas do conhecimento.

Palavras-chave: M-learning, Educação para Jovens e Adultos, Temas transversais, Sustentabilidade, EJA,
Mobilidade, Aprendizagem significativa, Educação Básica brasileira.

Introdução
A crise na Educação ocasionada por uma ques- educação básica na tentativa de superar a competitivi-
tão global, vem recebendo grande atenção não só dade de mercado.
política, mas social. Formar cidadãos críticos que
É indiscutível que o papel da escola é o de formar
conhecem seus direitos e deveres, por meio de uma
cidadãos, dar aos alunos condições para viver e tra-
postura ética, perseverante e transformadora é o
balhar nesse mundo de evolução, bem como orientá-
sonho de toda sociedade. Entretanto, tal aspecto -los para a vida. Embora estejamos em um cenário
acaba se tornando algo distante na medida em que no qual a escola vive momentos de turbulências ao
as famílias são obrigadas a priorizar o trabalho na assumir inúmeras responsabilidades e funções, ocupa
tentativa de garantirem a própria sobrevivência e, ainda uma posição significativa em nossa sociedade.
em muitos casos, o orçamento familiar mal garante
a alimentação. Diante dessa perspectiva, os alunos matriculados
na modalidade de Educação de Jovens e Adultos1
As mudanças ocorridas no mercado de trabalho, (EJA) veem, no espaço escolar, uma oportunidade
de ascensão social ou motivação (BÖCK, 2008;
no entanto, passam a exigir maior conhecimento dos
indivíduos, a busca pela qualificação profissional auto- 1. Este modelo de curso (EJA) refere-se ao programa adotado em São Paulo – Brasil,
destinado aos alunos com idade superior a 18 anos. O tempo do curso é de 18 meses
maticamente leva os mesmos indivíduos retornarem à e ocorre no período noturno.

82
BUROCHOVITCH et al, 2010) de retomar o estudo
que fora interrompido.
Desafios do M-Learning na Educação
Oliveira (2002) considera que os indivíduos do
de Jovens e Adultos
modelo EJA apresentam uma trajetória de exclusão
da escola, trajetória esta, muitas vezes, marcada por A UNESCO (2015) na publicação: Educação
reprovações, evasões (aspectos motivacionais, ques- para cidadania global: preparando alunos para os
tões familiares e deslocamento), ou seja, são produtos desafios do século XXI — traz apontamentos que
vistos como fruto do fracasso do sistema escolar, se colaboram para uma reflexão sobre algumas mudan-
considerarmos que o modelo atual não possibilita um ças diante das práticas educativas e da necessidade
acolhimento e um trabalho efetivo para propor situa- de resolver questões globais.
ções de aprendizagem significativa (AUSUBEL,1968; Espera-se que a educação facilite a coope-
SANTOS, 2008; MOREIRA, 2006) que despertem ração internacional e promova a transfor-
nesses alunos o interesse em prosseguir nos estudos.
mação social de uma forma inovadora em
Novas estratégias para ensinar em um mundo direção a um mundo mais justo, pacífico,
cada vez mais “tecnologizado” surgem como prá- tolerante, inclusivo, seguro e sustentável. Em
ticas necessárias, não apenas por uma questão de um mundo cada vez mais interconectado e
utilização ou adoção de artefatos tecnológicos, mas interdependente, é preciso uma pedagogia
também como desafio de recolocar esses alunos transformadora, que capacite os alunos a
no mundo do trabalho e reiterar o exercício pleno solucionar desafios persistentes que envol-
da cidadania. vem toda a humanidade, relacionados ao
desenvolvimento sustentável e à paz […]
Com a evolução das tecnologias móveis e as
(UNESCO, 2015, p.7).
possibilidades de interação, a aprendizagem móvel
(mobile learning ou m-learning) possibilita cone- Nesse contexto, os tópicos apontados desse
xões que tornam o ensino não-linear, colaborativo, documento só intensificam estudos para explorar
favorecendo novas formas de produzir conteúdos, e experimentar práticas educativas inovadoras e
distribuídos no tempo e espaço (TAPSCOTT, 2009). transformadoras. Conectados à essa realidade, as
A relevância desse estudo justifica-se pelos inúmeros novas tecnologias nos espaços escolares, em espe-
benefícios que o m-learning (ML) pode oportunizar cial aquelas que possibilitam a aprendizagem móvel
nos espaços escolares (BARBOSA et al, 2011; ou com mobilidade, suscitam ideias para direcionar
ARAUJO JR. C. F. e SILVEIRA, I. F, 2014) e, de a aprendizagem do aluno acerca dos desafios do
forma extensora, promover ações de aprendizagem século atual.
não-formal e ubíqua (KOOLE, 2010; SANTAELLA,
2013; CASTELLS,1999). Crompton (2013) definiu m-learning como
o aprendizado por meio de múltiplos contextos,
A partir desse contexto, este trabalho tem por com interações com conteúdo e sociais, usando
objetivo apresentar uma proposta de atividade para dispositivos eletrônicos de uso pessoal. O conceito
auxiliar os docentes no ensino de temas transver- e definições do m-learning têm evoluído com o
sais, utilizando dispositivos móveis. Tomaremos tempo, ultrapassando os limites da polarização
como ponto de partida os temas transversais, mais entre os aspectos educacional e tecnológico para
especificamente, as discussões acerca do tema: incluir ainda características relacionadas à intera-
Sustentabilidade, envolvendo 27 alunos ingressan- ção, contexto, além da questão do espaço e tempo
tes do 1º ano da EJA - Ensino Médio. da aprendizagem (ubíqua, síncrona e assíncrona,
entre outros).
Esta escolha não se restringe a essa questão,
como irá demonstrar o uso de estratégias que Na tentativa de conceituar m-learning, Barbosa
podem ser adotadas em outras áreas do conheci- et al (2011) identificaram várias práticas distintas
mento. Outro elemento importante é justificado relacionadas a esse conceito: e-learning portátil,
pela escolha do tema, porque ele é tratado tradicio- aprendizagem em sala de aula apoiada por tec-
nalmente na educação pública de uma forma muito nologias móveis e sem fio, capacitação móvel e
superficial, longe da realidade dos alunos. Portanto, inclusão e diversidade. Os autores acrescentam que
o uso adequado dos recursos móveis pode ampliar a característica fundamental está na mobilidade
as possibilidades de ensino e aprendizagem, mesmo dos aprendizes, que podem estar distantes uns dos
em ações nas quais o conteúdo não gera motivação outros e, também, de espaços formais de educação,
para tornar a aprendizagem mais significativa. a sala de aula, por exemplo.

83
Aprendizagem Móvel e a Educação de Jovens e Adultos
ARTIGO
I
Pode-se perceber, portanto, cinco características Embora não sendo uma unanimidade, dispositi-
específicas dos dispositivos móveis para fins educati- vos móveis de comunicação com acesso à Internet
vos: Portabilidade, Interação social, Sensibilidade ao (como smartphones ou tablets) são comuns em
contexto, Conectividade e Individualidade (VALEN- salas de aula, principalmente entre estudantes de
TIM, 2009, p. 51). Ensino Médio. Normalmente, esses dispositivos
são utilizados para acesso à redes sociais ou para
Esse cenário torna-se favorável para o cresci- informações de cunho pessoal ou social do aluno.
mento de projetos relacionados a m-learning a fim Em determinados momentos, é possível orientar a
de promover o acesso à educação e grupos sociais utilização desses equipamentos como recursos sig-
menos favorecidos (BARBOSA et al, 2011).
nificativos de acesso às informações pertinentes ao
Tapscott (2009) aponta que uma sociedade universo escolar.
fornece elementos para repensarmos a educação e
Frente ao potencial dos recursos tecnológicos
as relações que movem o indivíduo a buscar conhe-
dentro e fora da sala de aula, o professor tem a
cimento. Se considerarmos os alunos oriundos da
possibilidade de organizar os materiais que utilizará
“geração digital” mediante as novas possibilidades
durante suas aulas, tendo autonomia de identificar
tecnológicas, talvez os obstáculos sejam menores, se
qual recurso tecnológico pode ser utilizado de acor-
os compararmos aos alunos da modalidade EJA que
do com as necessidades apresentadas pela turma,
nasceram numa época em que os computadores
levando o aluno a perceber que não se trata apenas
estavam, ainda, nos primeiros protótipos: Tablet ou
de um novo recurso, mas sim de uma dinâmica que
smartphone com Internet 3G/4G são exemplos de
possibilitará relacionar conhecimento e aprendizado
artefatos que foram introduzidos recentemente no
de forma mais significativa, com potencial de trans-
cotidiano esses desses aprendizes.
formar o espaço escolar no que é conceitualmente
No Brasil, algumas instituições no âmbito do Ensino proposto como na flipped classroom (BERGMAN
Fundamental e Superior têm adotado os tablets, pelo & SAMS, 2012). Para essa peculiaridade estudantil,
menos em projetos-piloto. Em geral, as primeiras soma-se ainda uma oportunidade de ter subsídios
iniciativas do uso do tablet no Brasil vieram como para estudar no percurso entre local de trabalho e
possibilidade de utilizá-lo como suporte à leitura de escola. Em regiões periféricas da zona leste de São
materiais didáticos que antes eram impressos. Embora Paulo, o deslocamento de ida e volta para o centro
seja uma utilização legítima, considerando-se a questão da cidade chega atingir no total de 4 horas entre
da sustentabilidade envolvida na produção de materiais ônibus , trem e metrô.
impressos, esse recurso, quando utilizado apenas por
mera transposição, não traz mudanças significativas na Boruchovitch et al. (2010) acrescentam que
relação de ensino e aprendizagem. haverá motivação por uma atividade se a estratégia
motivacional mostrar esse valor instrumental, o que
Os desafios para esta modalidade concentram- pode ser demonstrado de diversas maneiras. Em
-se na forma de aprendizagem, pois requer um ma- outras palavras, “um objetivo motivacional viável dos
terial potencialmente significativo, tendo em vista professores para o dia a dia das classes é buscar o
o perfil de alunos matriculados na EJA em São desenvolvimento e a manutenção da motivação para
Paulo, ao considerar fatores como: dificuldades aprender as atividades” (BROPHY, 1999, p.13).
de aprendizagem, dedicação de tempo de estudo, Isto é, devem proporcionar aos alunos satisfação e
faixa etária, condições socioculturais e ocupação. interesse no envolvimento das atividades.
Tais fatores são considerados desafio, pois são rea-
lidades que se distinguem dos programas regulares Mesmo a passos tímidos, identificamos nos
do Ensino Médio. alunos da EJA possibilidades desafiadoras para
reverter o histórico de exclusão escolar, motivar a
A construção efetiva de uma estrutura de conhe- aprendizagem, traçar novos caminhos para ascensão
cimento não se sustenta unilateralmente, por simples social e convívio em sociedade. O m-learning surge,
recepção; e sim uma interação entre a ideia proposta então, como ponto de partida para subsidiar esses
(estratégias e situações didáticas) com quem lhe é caminhos, na medida em que as práticas educativas
exposto, sendo fundamental a disposição a aprender suscitadas oportunizem situações facilitadoras de uma
o mecanismo que possa motivar esses estudantes a aprendizagem significativa que extrapolem os muros
equacionar fragilidades e ampliar habilidades para da escola e ocorra em qualquer tempo e espaço.
desenvolver a aprendizagem. Para tanto, novos
conceitos devem ser potencialmente significativos, Santos e Weber (2013) consideram a mobilidade
possuindo uma sequência lógica, não arbitrária e que no contexto educacional como práticas pedagógicas
façam parte da capacidade intelectual do estudante. que promovem a imersão na cultura contemporânea,

84
transformada por uma nova relação com o espaço Segundo Santos (2008), a aprendizagem somente
e com o tempo, promovendo uma nova forma de ocorre se quatro condições básicas forem atendidas:
estar e de se movimentar em sociedade. a motivação, o interesse, a habilidade de compar-
tilhar experiências e a habilidade de interagir com
A proposição de aulas envolvendo temas trans- os diferentes contextos. O autor reitera, ainda, que
versais podem incluir práticas oriundas da aprendi- essas condições, uma vez atendidas, tornam possível
zagem móvel, na tentativa de apoiar a aprendizagem o ato de aprender de forma significativa.
do aluno para assimilação de conceitos, teorias,
práticas e até mesmo fatores motivacionais, para que Com intuito de alavancar novas possibilidades,
este vivencie ativamente o processo de cidadania e m-learning encaixa-se como uma das diversas estra-
o convívio em sociedade. Os temas transversais são, tégias e práticas pedagógicas para transmissão de
nesse sentido, um ponto de partida para as apren- informação, sobretudo por contribuir com a moti-
dizagens, encaixando-se nos planos de ensino como vação dos alunos na criação de propostas de aula,
desencadeadores da aprendizagem com significativo configurando-se como instrumentos desafiadores
(KAMURA, 2009). para o ensino e a aprendizagem.

Em sintonia com o exposto, nota-se que os Desse modo, nas seções seguintes, são propos-
alunos da modalidade EJA podem se beneficiar tas algumas estratégias para que esse desafio seja
do contexto de aprendizagem proporcionado pelo alcançado, não de forma presunçosa, apenas com
m-learning para intensificar a aprendizagem de te- intuito de abrir caminhos para novas contribuições e
mas transversais dentro e fora dos espaços escolares. compartilhamento de experiências positivas em prol
Dito de outra maneira: da Educação.

A transversalidade, tão dinâmica e fluida,


também se embrenha perfeitamente na Metodologia
proposta do ensino por competências. E um
aluno formado no modelo das competências Considerando os aspectos metodológicos, optou-
é um indivíduo preparado para lidar de for- -se, inicialmente, por tratar a sustentabilidade como
ma satisfatória e global com as mais diversas instrumento direcionador para desenvolver uma
situações, apresentadas a ele em sua vida proposta de atividade para educandos da Educação
profissional e em sociedade (CARNEIRO et al, de Jovens e Adultos. Tal escolha justifica-se como
2002, p.16).
um desafio de estreitar o ensino de temas transver-
sais na modalidade da EJA, proporcionando, assim,
Dessa forma, a aprendizagem móvel possibilita competências necessárias para que os participantes
uma conexão possível entre os temas transversais, saibam enfrentar os desafios que lhes serão impostos
alunos e professores. Araujo Jr. e Silveira (2014) pela sociedade atual.
reafirmam essa hipótese, ao considerar que o
O estudo apresentou-se como campo fértil para
m-learning, no contexto educacional, fixa-se no
explorar a sustentabilidade pelo fato de a unidade
estudo do uso dos dispositivos móveis para adap-
escolar estar situada em região periférica na zona
tação de conteúdos e aplicações, bem como nas
leste de São Paulo, onde há sérios problemas re-
estratégias colaborativas para eficácia dos aspectos
lacionados à moradia, falta de água e saneamento
inerentes ao ensino e à aprendizagem. Segundo
básico, entre outros, proporcionando, um contexto
Johnson (2012), a colaboração é cada vez mais
real de aprendizagem.
percebida como uma habilidade primária no mundo
todo, e desencadeou uma demanda crescente para O presente estudo baseou-se nos métodos
que alunos, professores e escolas encontrem formas qualitativos e quantitativos por considerar relevante
criativas de desenvolver essas habilidades dentro das as contribuições que os dados podem fornecer à
atividades de aprendizado. Educação, assegurando uma interpretação melhor
do problema pesquisado. A aplicação da atividade
É comum ouvir-se dos alunos a frase de que foi organizada em três etapas.
acreditavam na complexidade de um conteúdo
e após um determinado tempo e de seu próprio A primeira etapa representa uma análise prévia
amadurecimento intelectual aquilo lhes pareça mais dos sujeitos, tornando-se essencial para o desenrolar
simples. Fato que não apenas a idade cronológica, das demais etapas, tendo em vista as especificidades
mas a construção cognitiva discente influenciam am- e as fragilidades encontradas no perfil dos alunos in-
plamente no aprimoramento ou na reorganização gressantes na modalidade EJA. Então, num contexto
dos conceitos. mais amplo, permite desenvolver propostas mais

85
Aprendizagem Móvel e a Educação de Jovens e Adultos
ARTIGO
I
adequadas para aprendizagem focada no aprendiz, Na tentativa de buscar novas possibilidades, o
proporcionando maior motivação e significado. conteúdo gerado foi baseado nos mesmos conteú-
dos adotados na etapa anterior. A intencionalidade
dessa escolha refere-se estritamente às estratégias
Caracterização dos sujeitos (Primeira Etapa) pedagógicas que tomam como base os desafios do
• Turma: 1º termo – 1º semestre (ingressantes) m-learning suportados, também, sobre as condições
|Modalidade – Ensino Médio (EJA); da aprendizagem ativa e significativa (ARAUJO JR.
C. F. & SILVEIRA, I. F, 2014; SANTOS,2008).
• Participantes: 27 alunos, 80% todos possuíam Segundo Totti et al (2011, p. 5), o m-learning serve
smartphone / Sistema Android; de referência para um ponto base inicial e permite
incorporar outras funcionalidades dos dispositivos
• Faixa etária: 19 a 47 anos; móveis (a mobilidade do aprendente e do conteú-
• Fragilidades: leitura e interpretação, longo do, o acesso a qualquer hora e em qualquer lugar,
a localização e o contexto do usuário, além da
período sem estudar e dificuldade para dedi-
possibilidade de mesclar cenários reais e virtuais e,
cação de estudo fora do espaço escolar.
ainda, como suporte para maximizar experiências de
Na segunda etapa, objetivou-se analisar o con- aprendizagem presenciais.
texto de aprendizagem. Os alunos realizaram uma
Os mesmos alunos da etapa 2 receberam o
atividade durante as aulas de Projeto (refere-se ao conteúdo teórico sobre o tema sustentabilidade e
Projeto Apoio à Aprendizagem nas escolas estadu- fizeram a instalação dos aplicativos previamente em
ais de São Paulo - Resolução SE 68, de 27-9-2013) seus dispositivos móveis e/ou nos tablets que foram
no formato tradicional, sem a utilização de recur- concedidos por empréstimo aos alunos que não
sos tecnológicos, apenas o conteúdo impresso. O possuíam recurso móvel com sistema Android.
contexto da aprendizagem requeria dos alunos a
leitura e interpretação textual para realização de Nesta etapa, a aula prática teve a mesma duração
da segunda etapa (2 aulas / 1h30min) para realiza-
dois exercícios (disponível para download em:
ção de exercícios gerados a partir dos aplicativos que
https://goo.gl/l2AhEf) O primeiro exercício (caça-palavra)
serão detalhados no tópico a seguir.
exigia dos alunos o reconhecimento dos principais
tópicos abordados no texto. Para o segundo exercício
(completar as lacunas), era preciso uma interpretação Potencialidades e limitações
acerca do conteúdo lido (Sustentabilidade e Respon-
sabilidade Social). Essa atividade teve duração de
dos aplicativos
2 aulas (1h30min.) e foi realizada individualmente.
Diante das limitações e dificuldades para tratar
A terceira etapa foi desenvolvida como estraté- de temas transversais, em especial sobre sustenta-
gia e proposição de atividade utilizando artefatos bilidade por intermédio de aplicativos, este tópico
móveis, com o apoio e suporte de aplicativos apresenta as estratégias utilizadas para a elaboração
gratuitos para dispositivos móveis que utilizam a do conteúdo durante a etapa 3 e uma análise das
plataforma Android. A saber, nessa fase, buscou- potencialidades e limitações dos aplicativos utiliza-
-se desenvolver uma proposta de atividade para dos. A escolha dos aplicativos justifica-se, pelo fato
o ensino de temas transversais com os mesmos de possibilitarem a reutilização para outros contextos
participantes da etapa 2. de aula/tema em consonância às especificidades do
perfil dos alunos da EJA.
Numa pesquisa anterior, foram identificados no
repositório do Google Play aproximadamente 100 É importante ressaltar que os recursos desenvolvi-
dos levaram em consideração o fato de que os alunos
aplicativos para tratar sobre o tema sustentabilidade.
puderam utilizar os seus próprios smartphones para
O resultado da busca, embora seja expressivo, não
a realização das atividades. Os demais estudantes
foi satisfatório, pois para os alunos da modalidade da
(20%) que não possuíam smartphone ou não tinham
EJA o conteúdo era irrelevante e descontextualizado.
como obter acesso à Internet puderam utilizar tablets
Em sua maioria, os aplicativos traziam consigo cam-
disponibilizados pela instituição de ensino na qual os
panhas de iniciativas privadas, divulgação de evento
autores deste estudo desenvolvem linhas de pesqui-
ou vendas de produto com o conceito “Sustentável”, sas com o ensino de m-learning.
revistas, livros e jogos infantis, dificultando o reuso e
adequação para o contexto de aprendizagem avalia- A utilização de recursos tecnológicos com alunos
do na etapa anterior. na modalidade EJA, em especial quando se trata do

86
uso de dispositivos móveis, indispensavelmente há a inclusão digital e ampliar o tempo e os espaços de
necessidade de desenvolver estratégias de uso que se aprendizagem/interação desses educandos.
aproximem do perfil dos alunos, no sentido em que
o contexto de aprendizagem faça sentido para eles. Ao seguir, o modelo de análise na Figura 1, mo
qual foi possível identificar como estratégia duas
Neste trabalho, antes de escolher quais aplicativos aplicações para ensinar o tema proposto (Temas
seriam adotados para ensinar Temas Transversais, Transversais - Sustentabilidade): Application for
consideraram-se três aspectos importantes: des-
content sharing, com objetivo de fornecer conteú-
crição do Recurso, Contexto de Aprendizagem e
do para que os alunos possam estudar o conteúdo
Limitação de Uso (Figura 1).
durante o trajeto para escola ou em qualquer hora e
lugar, ancorando-se nos príncipios do m-learning,
u-learning (BARBOSA et al, 2011). A segunda estra-
tégia (Application to assess and motivate learning
in the classroom) relaciona-se com pressupostos
da flipped classroom (BERGMAN & SAMS, 2012;
Hwang et al, 2015) e da aprendizagem significativa,
ao considerar que os estudantes podem aprofundar o
conteúdo em sala e ainda ter momentos de efetivo uso
de tecnologias digitais para mediar o conhecimento e
desenvolver a aprendizagem. Nesta situação, professo-
res e alunos podem romper a barreira na modalidade
EJA para explorar novas formas de ensinar e aprender.

Estratégia 1: Aplicativo para compartilha-


mento de conteúdo
a) Google Slide

Figura 1 – Modelo de Análise Descritivo: permite criar, importar, compartilhar


e visualizar apresentações em PowerPoint.
O protótipo adotado foi pensado com intuito de
Contexto de aprendizagem: o aluno pode aces-
socializar e fornecer estratégias de reutilização para
sar, previamente, o conteúdo e o professor poderá
criação de conteúdos nas demais áreas do conheci-
utilizar o recurso para apresentar o conceito.
mento, desde uma simples atividade até um contexto
de aprendizagem mais complexo. Ademais, a contri- Limitação: necessário estar conectado para
buição desse estudo pode fornecer possibilidades de visualização.

Figura 2 – Google Slide: Printscreen do conteúdo

87
Aprendizagem Móvel e a Educação de Jovens e Adultos
ARTIGO
I
b) Lensoo Create Limitação: Na versão gratuita, permite gravar
apenas 15 minutos de aula, restringe algumas fun-
Descritivo: transformar qualquer dispositivo em cionalidades (gravação HD, destacar/realçar termos,
uma lousa digital, com a possibilidade de escrever formas geométricas)
ou digitar, inserir imagens na tela e gravar aulas.
O recurso permite, ainda, publicar e compartilhar
conteúdo (Youtube) e importar documentos (Google
Estratégia 2: Aplicativo para avaliar e motivar
Sheets, Google Slides, PDF). a aprendizagem em sala de aula
Contexto de aprendizagem: o aluno, previamen- a) Socrative Student
te, pode acessar e/ou rever o conteúdo explicado na Descritivo: permite criar, importar, avaliar os
aula anterior. O professor poderá utilizar o recurso alunos em tempo real com questões. O aplicativo
para criação de aulas com base na metodologia de exibe um relatório do desempenho dos participan-
sala de aula invertida (Flipped Classroom) e compar- tes. Possui modo colaborativo, no qual é o possível
tilhar com os alunos a explicação/revisão/resolução dividir os participantes em grupos e desafiá-los
de um determinado conteúdo. (Conceito de Gamificação).

Figura 3 – Recurso de Whiteboard: Printscreen do conteúdo gravado

Figura 4 – Socrative: Printscreen do conteúdo desenvolvido

88
Contexto de aprendizagem: professor e aluno os alunos desenvolveram de forma colaborativa um
podem obter o resultado do desempenho na atividade. mapa mental sobre o tema Sustentabilidade.
Aplicável para todas as áreas do conhecimento. Os Limitação: Necessário estar conectado para
dados emitidos no relatório possibilitam ao educador criação.
rever os conteúdos/tópicos e subsidiar aprendizagem
dos participantes com materiais complementares. Além dos aplicativos utilizados nos itens I e II, há
algumas ações facilitadoras para otimizar o acesso e
Limitação: necessário estar conectado para acesso. o tempo para visualizar um determinado conteúdo.
Não funciona em todas as versões do Android. Tratando-se do tempo restrito destinado a cada
aula, as questões técnicas, geralmente, roubam
b) MindMup a cena durante a aplicação de uma atividade,
Descritivo: permite criar e compartilhar mapas envolvendo dispositivos móveis. A utilização de
mentais. QR-codes, encurtadores de link, mensagens instan-
tâneas (WhatsApp, por exemplo), Bluetooth, blogs
Contexto de aprendizagem: os alunos podem e outras redes sociais apresentam-se como boas
representar o conteúdo/síntese de um determinado práticas para fornecer o conteúdo aos educandos
tema por meio de uma representação/esquema grá- previamente, evitando que a utilização imediata do
fico, facilitando a hierarquização das informações e recurso se apresente como apenas uma substituição
a ampliação da memorização de uma grande quan- de artefato. Afinal, o preparo prévio contribui para
tidade de conteúdo/informação. Na aula prática, o engajamento ativo dos participantes na tarefa.

Figura 5 – Mapa mental colaborativo (texto sumário)

89
Aprendizagem Móvel e a Educação de Jovens e Adultos
ARTIGO
I
Análise dos Resultados
Com intuito de perceber as contribuições que 5,0), tendo em vista 22 alunos (81%) de um total de
o presente estudo pode oportunizar para práticas 27 participantes.
de uso do m-learning, a análise das etapas fora
organizada da seguinte forma: instrumentos, No Gráfico 2 é possível perceber um aproveita-
desempenho, feedback e direcionadores. Como mento satisfatório dos alunos com a relação à avaliação
suporte, a fundamentação teve por base os princí- realizada com o aplicativo Socrative durante a aplica-
pios da aprendizagem significativa e ativa. ção da atividade, utilizando os dispositivos móveis.

a) Instrumentos de avaliação b) Acompanhamento do desempenho


Os dados, representados pelo histograma a seguir, Uma outra potencialidade percebida com ado-
demonstram, por meio da distribuição de frequências ção dos princípios da aprendizagem móvel, está
que, durante a realização da etapa 2 (Gráfico 1), houve na possibilidade de rever conceitos, diagnosticar
um baixo rendimento da atividade proposta (2,5 a as fragilidades.

Gráfico 1 – Nota dos alunos

Gráfico 2 – Nota dos alunos

90
Figura 6 – Captura de Tela - Socrative (Exercício com baixo aproveitamento)

Na Figura 6, pode-se perceber a necessidade de reais da vida contemporânea. Tal percepção também
retomar um aspecto específico do conteúdo: “Susten- foi percebida no feedback dos alunos:
tabilidade” (os benefícios obtidos com a reciclagem)
que, de forma geral, não foi assimilado pelo grupo. [1] Para mim, a aula usando celular e tablet
ajuda melhor entender. Foi muito legal a ativida-
de que fizemos, testando nossos conhecimentos,
c) Feedback dos alunos acerca da atividade
nos divertimos ao mesmo tempo. Espero que
Nos minutos finais (etapa 3), os alunos rece- continue assim.
beram uma folha para que pudessem expressar
uma opinião acerca da experiência de realizar [2] Bom, gostaria que repetisse mais vezes é
atividades por meio de dispositivos móveis. Numa muito legal aprendemos coisas também, inclusive
abordagem qualitativa, o feedback dos alunos hoje aprendi as cores que indicam o plástico, vidro,
forneceu elementos importantes para avaliar as papel e metal eu não prestava atenção.
etapas da pesquisa. [3] Espero que com a aula possamos por em
Nove (9) registros produzidos pelos alunos (indi- prática cada lição que aprendemos.
vidualmente e em grupo) foram escolhidos aleato- [4] Achava que sustentabilidade era reciclar
riamente a fim de que fosse possível correlacionar o coisas, mas depois de velho, vi que muito mais do
objetivo proposto nesse estudo no que se refere às que isso. Gostei também da atividade em grupo
possibilidades permitidas pela aprendizagem móvel. para fazer o mapa mental.
Destacadamente, todos os discursos demonstraram-se
favoráveis à prática de aulas com apoio de dispositivos [5] Ter a matéria no celular antes da aula é
móveis, reconhecendo os benefícios que esses artefa- muito bom, estudei no caminho do trabalho, a
tos podem proporcionar aos processos relacionados gente não tem tempo para estudar em casa por-
ao ato de ensinar e, consequentemente, direcionar os que só chegamos para dormir.
alunos para uma aprendizagem ativa e significativa.
[6] Achei que essa aula foi muito produtiva e
Para Moreira (2006), um dos maiores desafios interessante. Parabéns pela inovação.
do professor consiste em auxiliar o aluno a assimilar
a estrutura das matérias de ensino e a reorganizar [7] Achei a aula super interessante porque
sua própria estrutura cognitiva, diante da aquisição serve como um teste de empresa para conseguir
de novos significados que podem gerar conceitos e um emprego.
princípios. O autor ressalta, ainda, que o problema [8] O grupo achou bom, melhor do que ficar
da aprendizagem em sala de aula está na utilização escrevendo, sem entender nada. Essa aula foi
de recursos que facilitem a captação da estrutura boa porque já aprendemos com nossos erros,
conceitual do conteúdo (m-learning, por exemplo) ajudou também em pensarmos em equipe e todos
e sua integração à estrutura cognitiva do aluno, deram palpite.
tornando o material significativo.
[9] A aula de qualidade gostamos de todas as
Sob o aspecto motivacional em aprender conteúdos etapas e que venha mais aula assim.
transversais, como, por exemplo, a sustentabilidade,
relaciona-se ao fato de que os alunos da EJA podem Para efeito didático, os dados foram categoriza-
transferir o conhecimento adquirido para situações dos como: “Direcionadores da aprendizagem”.

91
Aprendizagem Móvel e a Educação de Jovens e Adultos
ARTIGO
I
Direcionadores da aprendizagem - A Figura 7 ações educativas. A escola que atende a modalidade
representa os direcionadores da aprendizagem no EJA deve estar atenta aos interesses e necessidades
que concerne à categorização realizada na análise dos desses educandos, favorecendo a inclusão e práticas
registros (feedback) dos alunos. Ademais, é possível de novas tecnologias ao contexto escolar, como por
perceber que os apontamentos dos alunos foram exemplo: m-learning.
identificados em mais de uma categoria, colaborando
para intensificar a adoção de estratégias de ensino Os resultados obtidos nesse estudo permitiram
que contemplam o uso de dispositivos móveis. Num perceber que a aprendizagem móvel contribuiu
sentido mais amplo, enriquece práticas pedagógicas e significativamente para reverter o baixo desem-
direciona o contexto da aprendizagem dentro e fora penho dos alunos na proposição da aula sobre
dos espaços escolares. temas transversais (Sustentabilidade), não apenas
quantitativamente, mas também qualitativamente,
se forem consideradas as questões motivacionais
percebidas nos discursos dos participantes.

Destarte, a utilização adequada de aplicativos


possibilitou criar estratégias de ensino aplicáveis a
todas as áreas do conhecimento. Salienta-se que
essa prática não se limita por substituir um artefato
ou tornar a aula mais atraente; o desafio está na
intencionalidade do uso, isto é, gerar novas práticas
para transmitir conhecimento, conectando o aluno
ao mundo e disseminando a aprendizagem eman-
cipadora e ativa dentro e fora do contexto escolar.

Dentre as possibilidades futuras de investigações,


Figura 7 - Direcionadores da aprendizagem pode-se destacar a necessidade de intensificar os
Fonte: elaborado pelos autores estudos para proposição de atividades para demais
áreas do conhecimento e a aplicação de oficinas/
Assim sendo, os direcionadores da aprendizagem cursos que possam preparar novos docentes em
podem contribuir para evidenciar a importância da face do uso efetivo de dispositivos móveis em sala
Escola diante da exploração de temas transversais, de aula.
conforme ressaltado pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais: “A escola não muda a sociedade, mas
pode, partilhando esse projeto com segmentos
Referências
sociais que assumem os princípios democráticos,
articulando-se a eles, constituir-se não apenas como ARAUJO JR, C. F.; SILVEIRA, I. F. Tablets no
espaço de reprodução, mas também como espaço Ensino Fundamental e Médio: princípios e aplica-
de transformação” (BRASIL, 1998, p. 23). ções. São Paulo: TerraCota. v. 1. 2014. 176p.

Um ponto especial está nas especificidades dos AUSUBEL, D. P. Educational psychology: a cogni-
alunos da EJA no que se refere à utilização de tecno- tive view. New York: Holt, Rinehart and Winston, 1968.
logias móveis (m-learning) em sala de aula, pois não BARBOSA, J., SACCOL, A. Z; SCHLEMMER, E.
basta teclar “aplicativo sobre sustentabilidade“ e pro- M-Learning e U-Learning: Novas Perspectivas da
por que os alunos interajam com o recurso, faz-se, Aprendiazgem Movel e Ubiqua. São Paulo: Pearson
portanto, necessário gerar estratégias que possam Prentice Hall, 2011.
inserir e direcioná-los no contexto tecnológico em
prol da aprendizagem significativa e emancipadora. BERGMANN, J.; SAMS, A. Flip your classroom:
Reach every student in every class every day. Inter-
national Society for Technology in Education, 2012.
Conclusão
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Cur-
riculares Nacionais (PCNs) – terceiro e quarto
Diante das mudanças ocorridas no âmbito escolar, ciclos: introdução. Brasília: Secretaria da Educação
torna-se necessário repensar e redefinir o papel do Fundamental, 1998.
educador. Considerando-se que aluno e professor têm
a informação disponível em tempo real e que a inclu- BÖCK, V. R. Motivação para aprender e motiva-
são tecnológica já não é mais um fator que limita as ção para ensinar. Porto Alegre: CAPE, 2008.

92
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93
O Uso do Blackboard Mobile no Ensino Médio: uma possibilidade de avaliar a aprendizagem na Matemática
ARTIGO
II
O Uso do Blackboard Mobile no Ensino Médio:
uma possibilidade de avaliar a aprendizagem na Matemática
Eduardo Jesus Dias
Marcos Andrei Ota
Ademir Cenati
Carlos Fernando de Araujo Jr.

Resumo
O ensino da Matemática tem vivenciado uma série de transformações, seja pela necessidade de propor novas
formas de ensinar, seja pelas discussões geradas para suprir as dificuldades de aprendizagem enfrentadas
pelos estudantes. A utilização de tecnologias educacionais apresenta-se como elemento importante para
a educação matemática, pois permite desenvolver mecanismos para apoiar a aprendizagem independen-
temente da modalidade de ensino: presencial, híbrido ou online. O objetivo deste trabalho é mostrar o
desenvolvimento de uma atividade de Matemática com 26 alunos do 2º ano do Ensino Médio, em um colégio
localizado em São Paulo. O Ambiente Virtual de Aprendizagem (Blackboard) foi utilizado como recurso
para mediar e avaliar o estudo da Trigonometria por meio de tablets em sala de aula. A Teoria da Atividade
ofereceu subsídios para compreender o contexto e o funcionamento do trabalho colaborativo e a análise dos
elementos descritos por essa teoria. O resultado é apresentado com base numa análise de dados coletados
a partir das atividades realizadas no Blackboard. As possibilidades discutidas neste estudo intensificam ainda
mais as contribuições tecnológicas para subsidiar a educação matemática.

Palavras-chave: Ambiente Virtual, Teoria da Atividade, Matemática.

Considerações Iniciais
Novas estratégias para ensinar em um mundo Com a evolução das tecnologias móveis e as
cada vez mais “tecnologizado” surgem como prá- possibilidades de interação, a aprendizagem móvel
ticas necessárias, não apenas por uma questão de (mobile learning ou m-learning) possibilita cone-
utilização ou adoção de artefatos tecnológicos, mas xões que tornam o ensino não linear, colaborativo,
também como desafio de proporcionar elementos favorecendo novas formas de produzir conteúdo
para uma formação continuada dos educadores, em distribuído no tempo e espaço (TAPSCOTT, 2009).
especial àqueles que se aventuram a ensinar Mate- Outro aspecto importante está na possibilidade
mática na contemporaneidade. de auxiliar estudantes e professores a desempe-
nharem os seus respectivos papéis em sala de aula,
A utilização das tecnologias digitais tem trazido
centrada na utilização de dispositivos móveis, como,
grandes transformações para a nossa Sociedade,
por exemplo, o tablet, além de uma variedade de
pois está baseada nas características de facilidades de aplicativos para dar suporte às estratégias de ensino
uso, de agilidade e de interatividade da informação. (BOTTENTUIT J. et al. 2012; MOURA, 2010).
Essa logística tecnológica está alterando e criando Conectadas a essa realidade, as novas tecnologias,
novas estruturas de comunicação entre os sujeitos, nos espaços escolares, em especial aquelas que pos-
ou seja, há um novo contexto de mudanças com- sibilitam a aprendizagem móvel ou com mobilidade,
portamentais e sociais entre os indivíduos de uma suscitam ideias para direcionar a aprendizagem do
comunidade, seja ela profissional ou educacional. aluno acerca dos desafios do século atual.

94
O uso de artefatos tecnológicos, como o Black-
board Mobile1, possibilita desenvolver estratégias
Percurso teórico-metodológico
de ensino para potencializar e dinamizar a apren-
dizagem nas mais diversas áreas do conhecimento. Nos próximos tópicos, apresentaremos breve defi-
nição das teorias e metodologias que serão abordadas.
Neste estudo, traremos à tona estratégias utili-
zadas para avaliar a aprendizagem na Matemática,
mais especificamente no estudo da Trigonometria. Teoria da Atividade
Nesse formato de Ambientes Virtuais de Aprendi- A Teoria da Atividade (TA) tem sido utilizada em
zagem, baseamos a prática desenvolvida com uma
diversos trabalhos relacionados ao uso da tecnologia
turma do Ensino Médio, estruturada na utilização
na Educação (BATISTA et al., 2011).
de tablets como instrumentos mediadores e auxilia-
dores no desenvolvimento de ações pedagógicas, Ramos (2010) apresentou a TA no contexto dos
objetivando mostrar o desenvolvimento de uma ati- processos colaborativos mediados por computador.
vidade com 26 alunos do 2º ano do Ensino Médio A TA tem suas origens no final do século, com os
de um colégio paulistano (São Paulo). teóricos Vygotsky (1978), Leontiev (1978) e Enges-
Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs) trom (1987).
e suas respectivas versões mobile permitem, por O aspecto principal na TA é a mediação, pois
meio das comunidades virtuais de prática, a troca as atividades humanas são sempre mediadas por
de significados entre os estudantes e entre estudan- um artefato e nunca são diretamente relacionadas
tes e professor, de forma mais fácil do que ocorre à realidade.
em uma aula tradicional em laboratório, na qual o
tempo pode ser mais bem aproveitado para ativida- Um artefato pode ser considerado uma tecno-
des mais específicas (BARBOSA, 2005). logia: computadores, notebooks, smartphones ou
tablets. Eles são utilizados no processo de transfor-
Num contexto mais tecnológico em relação às
mação do objetivo sobre o objeto em questão ou para
aulas ditas tradicionais, destacaremos como o uso
atingir uma meta desejada (ENGESTRÖM, 1987) –
do Blackboard Mobile e do tablet favorecem a
Figura 1.
motivação dos alunos nas aulas de Matemática no
momento de aplicar atividades, provas e exercícios.
Instrumentos
(ferramentos e signos)
A relevância do trabalho justifica-se pelos
inúmeros benefícios que o m-learning pode opor-
tunizar nos espaços escolares (BARBOSA et al.,
2011; ARAUJO JR., C. F.; SILVEIRA, I. F, 2014)
e, de forma extensora, promover ações de apren-
dizagem não formal e ubíqua (SANTAELLA, 2010;
Sujeito Objeto ⇒ Produto
CASTELLS,1999).

Para tanto, o presente artigo encontra-se


organizado da seguinte maneira: considerações
iniciais, representadas por esta seção; na seção 2,
discutem-se as contribuições da Teoria da Atividade
e o percurso metodológico; na seção 3, apresenta- Regras Comunidade Divisão de
-se uma análise dos resultados e, finalmente, são trabalho
apresentadas as conclusões e trabalhos futuros.
Figura 1: Modelo do Sistema de Atividade
No decorrer desse caminho, mostraremos qual Fonte: ENGESTRÖN (1987)
serão os resultados de uma avaliação efetuada em um
modelo diferente do tradicional, e como os alunos
Uma atividade tem um motivo principal ou
reagem nessa estrutura; a saber, a Teoria da Ativida-
objeto e envolve a realização de diversas ações que
de ofereceu subsídios para compreender o contexto
são compostas por operações (LEONTIEV, 1978),
e o funcionamento do trabalho colaborativo.
desenvolvidas de forma individual ou coletiva.
A Figura 2 mostra como foi desenvolvida estrutural-
1. É uma aplicação da Blackboard Learn que proporciona aos estudantes acesso
aos cursos, conteúdos e organizações em diversos dispositivos móveis, incluindo
mente essa atividade, segundo o referencial pautado
Android™, BlackBerry® e iPhone OS. na Teoria da Atividade proposta (LEONTIEV, 1978).

95
O Uso do Blackboard Mobile no Ensino Médio: uma possibilidade de avaliar a aprendizagem na Matemática
ARTIGO
II
Tablets, Smartphones, Blackboard, Internet

Estudantes Análise da aprendizagem de


conceitos de trigonometria

Resolução da atividade Alunos da 2ª série do Respostas individuais


individualmente e retomada Ensino Médio, professor e de cada item
dos conceitos não aprendidos equipe técnica do colégio

Figura 2: Representação esquemática da atividade na área de Matemática


Fonte: autores da pesquisa.

Nessa estrutura, observa-se que todos os elemen- também outros recursos midiáticos para apoiar a
tos da atividade se correlacionam e se comunicam aprendizagem do conceito disponibilizado no AVA,
com base na proposta mediadora facilitada pelos que tratavam de questões pertinentes ao conteúdo
artefatos tecnológicos. trabalhado em sala de aula.
O professor de Matemática poderá explorar a A execução do trabalho diante do referencial
Teoria da Atividade (TA) na proposição de aulas teórico de Leontiev (1978) aponta que o objeto é
que estabeleçam os passos de análise do compor- considerado como centro da atividade; nesse caso,
tamento gráfico. o objetivo era analisar as questões respondidas
pelos alunos no que se refere às atividades de Tri-
O artefato mediador (tablet e aplicativos) pro-
gonometria básica no ciclo trigonométrico. Tal ação
porcionará ao docente um dinamismo gráfico que
possibilita-nos conectar ações individuais à atividade
servirá como instrumento avaliativo para subsidiar o
coletiva. A finalização ocorre a partir das regras
ensino de um determinado conteúdo e se pode dizer,
estabelecidas que norteiam as ações e as interações
também, que os postulados da TA fornecem elemen-
em um Sistema de Atividade (TA).
tos essenciais para o educador no entendimento e
no desenvolvimento de sua prática.

É fato que no trabalho de um conceito geomé-


O Blackboard, recursos mobile e a aula
trico, por exemplo, os dispositivos móveis (tablets) de Trigonometria
potencializam os conceitos abordados. Entretanto,
na adoção de referenciais teóricos (TA) para apoiar Os recursos utilizados nessa pesquisa foram o
a prática, fortalecemos os laços entre ensinar e Blackboard Mobile, smartphones e tablets, que
aprender, sobretudo, pela intencionalidade gerada proporcionaram estrutura tecnológica no desenvol-
no planejamento da aula. vimento das etapas estabelecidas pelo professor.

A atividade proposta, objeto do presente estudo, O presente estudo baseou-se nos métodos qua-
foi um questionário disponibilizado no ambiente litativos e quantitativos por considerar relevantes as
virtual de aprendizagem (Blackboard) e debatido contribuições que os dados podem fornecer à Educa-
durante as aulas de Matemática, no Colégio. ção, assegurando melhor interpretação do problema
pesquisado.
Os alunos deveriam responder questões sobre
alguns conceitos básicos de Trigonometria, que A execução do trabalho mostrou que, segundo o
estavam previstos no plano anual do professor referencial teórico de Leontiev (1978), o objeto é consi-
pesquisador. Na oportunidade, o pesquisador inseriu derado o centro da atividade. Nesse caso, o objeto era

96
voltado para a análise das questões de Trigonometria dúvidas no momento em que elas ocorrem, com a
elaboradas pelo professor e observadas nas telas dos ajuda de seus pares e do professor, o que propor-
dispositivos usados pelos alunos no momento em que cionará um ambiente colaborativo de aprendizagem
entravam no Ambiente Virtual (AVA). (TECHSMITH, 2013).

Na primeira etapa de nossa pesquisa, publica- Em um segundo momento, os professores pes-


mos na plataforma (Blackboard) conteúdos que quisadores reuniram os estudantes no Laboratório do
explicavam como a Trigonometria se comporta Colégio e utilizaram um aplicativo chamado Círculo
na questão de raciocínio algébrico e geométrico, Unitário, que também foi importante para que todos
analisando princípios norteadores e práticos da manipulassem o aplicativo para o alcance da apren-
Matemática dinâmica. dizagem esperada na primeira etapa dessa pesquisa.

Seguindo os pressupostos do conceito de sala de O aplicativo oportunizou visualização mais ágil


aula invertida ou flipped classroom, nosso objetivo da Geometria Plana por meio de simples toques
era explicar como o aluno pode perceber algumas nas telas dos dispositivos (tablets ou smartphones),
teorias sobre arcos, ângulos notáveis e fundamen- utilizados nas aulas programadas pelo professor.
tais (tabela trigonométrica), congruência de arcos
Temos uma ideia da estrutura do aplicativo na
e radianos.
Figura 3.
A sala de aula invertida descreve uma inversão
Esse aplicativo iniciou a discussão na sala de aula
do ensino tradicional onde os estudantes adqui-
sobre os conceitos básicos da Trigonometria, em
rem o primeiro contato com um material novo
perspectiva mais dinâmica do conteúdo nas aulas
fora da classe, geralmente através de leitura ou
de Matemática.
videoaula e, em seguida, o tempo de aula é usa-
da para fazer trabalhos mais difíceis de assimilar Na ocasião, tivemos como esclarecer dúvidas
por meio de estratégias tais como a resolução sobre a localização dos quadrantes no ciclo trigono-
de problemas, discussão ou debates. (BRAME, métrico, enfatizamos como os estudantes deveriam
2013,pg. X) localizar os ângulos notáveis no ciclo e indicar a tabe-
la trigonométrica na circunferência, a transformação
Em visão mais prática, é uma estratégia que visa a de graus para radianos e valores como seno, cosseno
mudar os paradigmas do ensino presencial, alteran- e tangente nos eixos x e y (plano cartesiano).
do sua lógica de organização tradicional.
No terceiro momento da pesquisa, elaboramos
O principal objetivo dessa abordagem (Sala de uma avaliação sobre o conteúdo estudado, a fim de
aula invertida), em linhas gerais, é que o aluno te- analisar se os discentes atingiram conceitos básicos
nha prévio acesso ao material do curso – impresso necessários no estudo da Trigonometria.
ou online − e possa discutir o conteúdo com o
professor e os demais colegas. Os estudantes têm a Essas questões foram elaboradas no Blackboard
oportunidade de discutir, analisar e solucionar suas Mobile (AVA) pelo professor, que usou um recurso

Figura 3: Imagem do aplicativo Círculo Unitário


Fonte: Google Play.

97
O Uso do Blackboard Mobile no Ensino Médio: uma possibilidade de avaliar a aprendizagem na Matemática
ARTIGO
II
de teste compatível com dispositivos móveis. essa nova tecnologia mediadora do conhecimento,
Esse teste foi disponibilizado na aula do professor que poderá propiciar uma dinâmica satisfatória no
(Figura 4), e como alguns alunos não conseguiram processo de ensino e aprendizagem.
responder durante o tempo regular da aula, o teste
ficou disponibilizado até o final do dia da execução A atividade teve caráter coletivo e individual, isto
da atividade. é, os próprios alunos compartilharam suas dúvidas e
argumentações sobre as teorias discutidas anterior-
Segundo Lehner e Nosekabel (2002), a tecnologia mente nas aulas e responderam individualmente às
m-learning é um serviço ou uma facilidade que supre questões estabelecidas para a análise da aprendiza-
um aprendiz com informação eletrônica em geral e gem. A seguir, veremos os resultados obtidos com a
conteúdo educacional, e que auxilia na aquisição de aplicação da avaliação.
conhecimento, independente de espaço e tempo.

Resultados
A partir da elaboração do questionário e das aulas
desenvolvidas, buscamos identificar como o Black-
board Mobile, o aplicativo e os dispositivos móveis
(tablets e smartphones) puderam contribuir para uma
efetiva e significativa aprendizagem da Disciplina.

A interação do aluno com os artefatos trouxe


aporte ao trabalho desenvolvido em sala pelo profes-
sor, e redirecionou alguns processos metodológicos
mais abertos e colaborativos.

Em nossa primeira análise, percebemos que os


alunos tiveram aproveitamento substancial no que
se refere aos conceitos básicos da Trigonometria
(Gráfico 1).

Figura 4: Captura de Tela – Blackboard Mobile Nas questões 1, 5, 7 e 10, nas quais o aluno
Fonte: autores da pesquisa deveria observar e identificar as imagens de seno e
cosseno no ciclo trigonométrico, projetar esse racio-
O estudante foi o ponto de partida da análise na cínio para o plano cartesiano e, consequentemente,
atividade, ou seja, a partir dele, estabelecemos con- esclarecer seus valores na tabela trigonométrica t.,
tato para verificação da evolução ou não da apren- os dados apontam que os discentes conseguiram um
dizagem, mas também como se dá sua reação com índice bem elevado de acertos:

Gráfico 1: Avaliação – Blackboard Mobile


Fonte: Autores da pesquisa

98
Diante desse percentual positivo de acertos, a ção conduz a uma reflexão sobre o significado dessa
Teoria da Atividade baseada por Engeströn (1999) variável numa expressão da forma geral de um ou
mostra-nos que essa relação de mediação com mais arcos.
as ferramentas (aplicativo, Blackboard, tablet)
ajudou os alunos na resolução e na análise dos Avaliamos que houve problema de interpretação
exercícios propostos. por parte dos alunos e o Blackboard Mobile foi
fundamental para uma análise docente mais apurada
Destacamos a fala dos alunos A e B: da aprendizagem matemática prevista.

[...] professor, achei muito legal as aulas de As relações estabelecidas entre o aplicativo, o
Matemática serem assim, fica mais dinâmico AVA, o tablet e o aluno potencializaram o processo
(Aluno A). de discussão e orientação do conteúdo matemático
abordado no momento da aula.
[...] ter conteúdos extras, como vídeos, ativi-
dades, aplicativos, é bom para compreender A qualidade percebida pode ser parametrizada
mais rapidamente o conteúdo (Aluno B). com base na relação entre a primeira (tradicional)
e a segunda atividade com as ações mediadas pelos
Muito embora na questão de número 6, que recursos (Blackboard Mobile, tablets e smartpho-
se refere ao quadro geral de acertos, tenhamos a nes). De forma geral, o feedback dos estudantes nos
indicação de que 96% dos alunos não reconheceram permitiu gerar algumas possibilidades de avaliar a
a forma algébrica trigonométrica (Quadro 1), pois aprendizagem e suscitar novas estratégias no ensino
essa estrutura Matemática abstrai e relaciona con- da matemática.
ceitos iniciais de funções estudadas no 1º ano do
Ensino Médio. Algumas possibilidades de avaliação
Os recursos de análise do Blackboard Mobile As ferramentas nativas do AVA (Blackboard)
forneceram-nos dados para a percepção de que a oferecem várias possibilidades para análise dos
referida questão de baixo aproveitamento requeria dados, que não se restringem apenas à educação
uma mediação e intervenção para suprir a dificul- matemática, e sim a todas as áreas do conhecimento
dade apresentada pela maioria dos estudantes. e modalidades de ensino, pois fornecem elementos
Diante dessa realidade, ao adotar os princípios do importantes para avaliar os processos de ensino e
m-learning, foi possível adicionar um material com- aprendizagem, permitindo reconhecê-los por meio
plementar no ambiente virtual para dar suporte às dos dados, potencialidades e fragilidades do percurso
dificuldades apresentadas no exercício. da aprendizagem adotado.

Entre eles, consideramos:


Quadro 1: Avaliação da questão 6 do questionário virtual a) Indicação de quanto uma pergunta diferencia
os alunos entre os que conhecem o assunto e
6. Qual é o quadrante que está a expressão
os que não conhecem;
y = kπ-π/3?
b) Grau de dificuldade: a porcentagem de alunos
Correta Percentagem
que responderam à pergunta corretamente;
Respondida
1º quadrante 44% c) Número de tentativas: avaliar as tentativas dos
alunos e as perguntas (nível de dificuldade);
2º e 3º quadrante 8%
4ºe 1º quadrante 36% d) Relatório/Estatística dos itens: parâmetros
para revisar um determinado conteúdo ou
2º quadrante 8%
perceber dificuldades de assimilação indivi-
 2º e 4º quadrante 4% dual e/ou coletiva.
Sem Resposta 0%
Fonte: Autores da pesquisa.
Considerações finais
O questionário virtual (Blackboard Mobile) auxiliou
analiticamente a detecção de algumas deficiências Os resultados obtidos neste estudo permitiram
dos alunos na exploração e representação de arcos perceber que a aprendizagem móvel contribuiu
trigonométricos, principalmente os arcos notáveis, significativamente para a aprendizagem dos con-
pela utilização da variável inteira k. Essa representa- ceitos básicos da Trigonometria na disciplina de

99
O Uso do Blackboard Mobile no Ensino Médio: uma possibilidade de avaliar a aprendizagem na Matemática
ARTIGO
II
Matemática, não apenas quantitativamente, mas CASTELLS, M. A sociedade em rede. A Era da
também qualitativamente, se forem consideradas Informação: economia, sociedade e cultura. v. 1.
as questões motivacionais percebidas nos discursos São Paulo: Paz e Terra, 1999.
dos participantes.
ENGESTRÖN, Y. Learning by expanding: an
Destarte, a utilização e a combinação adequada activity–theoretical approach to Developmental
dos artefatos tecnológicos suportados pela fundamen- Research. Helsinki: Orienta Konsultit, 1987.
tação teórica da TA, possibilitou criar estratégias de
ensino aplicáveis a todas as áreas do conhecimento. _______________. Activy theory and individual
transformation. Cambridge: Cambridge Univer-
Salienta-se que essa prática não se limita a subs- sity, 1999.
tituir um artefato ou a tornar a aula mais atraente;
o desafio está na intencionalidade do uso, isto é, LEONTIEV, A. N. Atividade, consciência e
gerar novas práticas para transmitir conhecimento, personalidade. 1978.
conectando o aluno ao mundo e disseminando a LEHNER, F.; NOSEKABEL, H. The role of mobile
aprendizagem emancipadora e ativa dentro e fora devices in e-learning: first experiences with a wireless-
do contexto escolar. learning environment. In: IEEE – International
Entre as possibilidades futuras de investigações, Workshop on Wireless and Mobile Technologies
pode-se destacar a necessidade de intensificar os In Education, 2002. Anais... Vaxjo, Sweden, 2002.
estudos para proposição de atividades para as MOURA, A. M. C. Apropriação do telemóvel como
demais áreas do conhecimento e a aplicação de ofi- ferramenta de mediação em mobile learning:
cinas/cursos que possam preparar novos docentes estudos de caso em contexto educativo. 2010.
em face do uso efetivo de dispositivos móveis em 601f. Tese (Tese de Doutoramento em Ciências da
sala de aula. Educação) - Instituto de Educação, Universidade do
Minho, Lisboa, Portugal, 2010.
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computador e as contribuições da teoria da atividade.
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<http://cft.vanderbilt.edu/guides-sub-pages/flipping-
the-classroom/>.

100
Tablets e Aplicativos para Contar a História
da Matemática no Ensino Médio
Eduardo Jesus Dias
Carlos Fernando de Araujo Jr.

Resumo
Neste artigo, sugerimos que a história na Educação Matemática aliada à tecnologia mobile, poderá
proporcionar análises de conceitos, teorias e estruturas lógicas significativas no processo de ensino e
aprendizagem da Matemática, pois o objetivo central deste trabalho será analisar a motivação e a aprendi-
zagem dos alunos na utilização dos tablets em sala de aula. A partir de um trabalho colaborativo, alunos do
Ensino Médio criaram aplicativos que contaram um pouco a história da Matemática. Essa experiência foi
desenvolvida em um colégio particular situado na zona leste da cidade de São Paulo. Com a participação
de 4 professores e 107 alunos da 1ª série do Ensino Médio, observamos que o tablet gerou um ambiente
estimulador e desafiador na busca de elementos históricos matemáticos para explicar conceitos e teorias
até então não questionadas pelos alunos em aulas convencionais. Os resultados apresentados na pesquisa
apontam que o uso dos tablets no desenvolvimento do trabalho foi de suma importância não só na questão
motivacional, mas também na obtenção de conhecimento sobre algumas teorias matemáticas que estão
postas em sua história.

Palavras-chave: Tablet, Aplicativo, Matemática, Interdisciplinar, História

Introdução
No processo de ensino e aprendizagem de Ma- mediador possa contribuir na construção de conceitos
temática, a história é um recurso que poderá trazer matemáticos por meio da criação de aplicativos que
para o ambiente educacional vantagens didáticas ofereçam questões de ordem social, histórica e cultural
significativas para a Disciplina. Segundo Miorim e Mi- no ensino da Matemática, por meio do estudo de
guel (2004), existem argumentos que potencializam o cinco civilizações (babilônica, chinesa, grega, egípcia e
uso pedagógico da história na Educação Matemática, indiana) que influenciaram a Matemática atual.
ou seja, a história acaba participando da construção
tanto de natureza epistemológica como também da As novas tecnologias de informação e comu-
natureza ética do conhecimento matemático. nicação tornam-se, hoje, parte de um vasto
instrumental historicamente mobilizado para
D’Ambrosio (2008, p.29) argumenta que “a histó- a educação e aprendizagem. Cabe a cada
ria da Matemática é um elemento fundamental para se sociedade decidir que composição, do con-
perceber como teorias e práticas matemáticas foram junto de tecnologias educacionais, mobilizar
criadas”. Diante disso, podemos destacar que o fator para atingir suas metas de desenvolvimento
histórico contextualiza a Matemática dentro da sala de (WERTHEIN, 2000, p.77).
aula e serve como parâmetro para dar vida a fatos e a
necessidades humanas. Nesse artigo temos a proposta A associação entre o potencial do recurso tecno-
de discorrer sobre a utilização do tablet em sala de lógico com a área de conhecimento e uma estratégia
aula num trabalho colaborativo, e como um objeto de ensino e aprendizagem significativa que atenda às

101
Tablets e Aplicativos para Contar a História da Matemática no Ensino Médio
ARTIGO
III
características do estudante atual, em um contexto os rios Eufrates, Tigre e o Nilo, pois naquela região
de aprendizagem mais interativa e dinâmica, pois a agricultura era a base de sustentação das pessoas
segundo Teixeira e Brandão (2003) poderão aconte- que ali habitavam e cultivavam a terra. Diante disso,
cer quando a proposta pedagógica for planejada de acredita-se que a história na Educação Matemática
forma que os professores visualizem e reconheçam vem ao encontro das transformações sociais e
as suas potencialidades. culturais de cada época, pautada na necessidade
individual e coletiva da sociedade. A Matemática foi
A questão deste artigo será que com um trabalho construída por meio da necessidade de contar, de
interdisciplinar envolvendo algumas áreas do conhe- organizar, de desenhar e de estabelecer parâmetros
cimento e o uso da tecnologia mobile poderemos lógicos que geraram formas de comunicação entre
despertar a curiosidade entre os alunos do Ensino a escrita e o pensamento. Gomes (2000) diz que os
Médio pela Matemática e torná-la significativa? signos são instrumentos importantes para que pos-
Podemos questionar que os conceitos primitivos da samos compreender a realidade humana nos seus
Matemática possam favorecer a continuidade dos valores, nas suas condutas e nas suas expectativas
estudos da Matemática atual? E qual seria a verda- geradas por suas experiências cotidianas.
deira contribuição de um projeto em que participa
um grupo de professores e alunos para construir Com a utilização do tablet na sala de aula, o
aplicativos que possibilitem o desenvolvimento do professor poderá explorar os conceitos sobre a
pensamento histórico e cultural na questão do ensino história da Matemática, utilizando-se de imagens
da Matemática com o uso do tablet? que retratam gravuras históricas do contexto
matemático, textos diversos que contam a história
Olhando sob esses aspectos, percebemos que desses povos, vídeos que narram historicamente o
poderíamos usar esses artefatos (tablets e aplica- desenvolvimento dessa Ciência.
tivos) em nossa pesquisa para tentar responder
essas questões, pois pretendemos utilizar o tablet
como um instrumento básico no alcance dos obje- Revisão da Literatura
tivos propostos.

A história e o ensino da Matemática O tablet e o projeto interdisciplinar


O tablet é uma ferramenta em formato de pran-
No processo de ensino e aprendizagem de
cheta e promove com facilidade o acesso à Internet e
Matemática, a história é um recurso que poderá
a outros recursos como anotações, planilhas, jogos,
trazer para o ambiente educacional vantagens
leitura de livros, aplicativos diversos que podem ser
didáticas significativas para a Disciplina. Segundo
usados tanto para o lazer quanto para o trabalho.
Miorim & Miguel (2004), existem argumentos
que potencializam o uso pedagógico da história Partindo-se do pressuposto de que a nossa socie-
na Educação Matemática, ou seja, a história aca- dade contemporânea está muito ligada ao uso de no-
ba participando da construção tanto de natureza vas Tecnologias da Informação e da Comunicação,
epistemológica como também da natureza ética do essa ferramenta vem ao encontro das necessidades
conhecimento matemático. individuais e sociais de comunicação, pois segundo
Vygotsky (1991), a utilização de artefatos mediado-
D’Ambrosio (2008, p.29) argumenta que “a res entre o homem e a natureza, ou entre o homem
história da Matemática é um elemento fundamental e o próprio homem, teria papel fundamental em seu
para se perceber como teorias e práticas matemá- desenvolvimento social e histórico.
ticas foram criadas”. Diante disso, podemos perce-
ber que o fator histórico contextualiza a Matemática Em nossa pesquisa, consideramos que o trabalho
dentro da sala de aula e serve como parâmetro para interdisciplinar aliado à história da Matemática,
dar vida a fatos e a necessidades humanas. poderia ser um recurso importante no processo de
ensino e aprendizagem da Matemática, ou seja, com
Segundo Miorin & Miguel (2004), a história é base no projeto colaborativo entre alunos e professo-
“uma fonte que possibilita o desenvolvimento de res poderemos estabelecer análises mais satisfatórias
um pensamento crítico, de uma qualificação como de aprendizagem da Matemática primitiva.
cidadão e de uma tomada de consciência e de
avaliação de diferentes usos sociais da Matemática” Segundo Radford (1997, p. 32, citado por
(MIORIN; MIGUEL, 2004, p.61-62). A Matemática MIORIN; MIGUEL, 2004, p.125) “um processo
que influenciou grande parte da humanidade nasceu cujo produto é obtido através de negociação de
da organização de pequenas cidades que rodeavam significados resultantes da atividade social dos

102
indivíduos, no interior do contexto cultural que os cada situação existem múltiplas variáveis interferindo
envolve” e o conhecimento matemático em particu- simultaneamente” (RUIZ; BELLINI, 1998, p. 55).
lar, como uma “ manifestação simbólica de certas
sensibilidades desenvolvidas pelos membro de uma A visão interdisciplinar desses autores deixa claro
cultura através de experiências compartilhadas e a que esse campo de estudo é muito mais abrangente
partir das quais o significado dos produtos é produ- e complexo do que se imagina. Podemos dizer que o
zidos” (RADFORD,1997, p.30, citado por MIORIN; contexto histórico social da realidade interdisciplinar
MIGUEL, 2004, p. 125). promoverá uma atitude intelectual coerente às ne-
cessidades humanas, mas também o enriquecimento
Assim, percebemos que um projeto colabora- da articulação do trabalho conjunto das ciências
tivo e que envolva pessoas para uma investigação específicas, promovendo um avanço intelectual do
sociocultural possibilitará contribuições históricas conhecimento como um todo.
importantes no contexto matemático apoiado no
uso do tablet e em suas ferramentas auxiliares, entre
as quais podemos citar, por exemplo, a internet e Metodologia
o aplicativo.

O conteúdo matemático com as novas tecno- Os recursos na elaboração do aplicativo


logias, o aluno do Ensino Médio mostra uma
atitude diferente em sala de aula. São notáveis No projeto, participaram em conjunto com a
a vontade da descoberta e a curiosidade dos área de Matemática os professores de História (P1),
jovens em saber como o dispositivo gerou Língua Portuguesa (P2) e de Informática (P3) e mais
certa imagem gráfica, colaborando significati- 107 alunos do 1º ano do Ensino Médio, divididos em
vamente nesse processo de compreensão dos três turmas diferentes. Foram sorteados cinco temas
conceitos algébricos e geométricos correlacio- de civilizações antigas que contribuíram com a Mate-
nados (ARAUJO JR; DIAS, 2012, p.96). mática. São elas: a chinesa, a babilônica, a indiana, a
egípcia e a grega. O objetivo do trabalho foi pesqui-
A questão da utilização dos tablets no colégio sar sobre as origens, culturas, religiões, economia,
promoveu uma dinâmica de atividades diferencia- estrutura social e, principalmente, as contribuições
das em sala de aula, na qual surgiu a necessidade matemáticas desenvolvidas pelas civilizações investi-
de trabalharmos em conjunto com outras áreas do gadas. Foi estabelecido um cronograma de entrega
conhecimento. Pela temática sugerida, achamos de atividades para compor a avaliação final, como
necessário o trabalho interdisciplinar, pois para mostra o Quadro 1.
Goldman (1979, p. 3-25), “um olhar interdisciplinar
sobre a realidade permite que entendamos melhor a A atividade sobre a história geral das civilizações e
relação entre seu todo e as partes que a constituem”. a história da Matemática foi dividida em três procedi-
Isso nos mostra a importância de metodologias no mentos básicos de formatação. São eles: 1) fonte de
trabalho integrado entre as diversas áreas específicas pesquisa; 2) resumo e síntese do tema; e 3) conclusão
do conhecimento, para que se construam elementos ou visão geral do grupo sobre a pesquisa.
atitudinais (FAZENDA, 1994) no processo de ensino
e aprendizagem. Depois desse procedimento, os alunos entrega-
ram a pesquisa sobre a história das civilizações aos
Segundo Ruiz & Bellini (1998), podemos ver professores (P1) e (P2) para a correção e possíveis
a “interdisciplinaridade como decorrente de uma orientações. Os alunos tinham o prazo de mais uma
atitude intelectual não-simplificadora de abordagem semana para a conclusão e a entrega definitiva do
da realidade. Essa atitude implica admitir que em trabalho para o professor pesquisador.

Quadro 1: Cronograma de entrega de atividades do projeto


História Geral da Civilização Prazo de Entrega: 1ª Quinzena de agosto/13
História da Matemática Prazo de Entrega: 2ª Quinzena de agosto/13
Formatação dos Aplicativos Prazo de Entrega: 1ª Quinzena de setembro/13
Finalização e Apresentação dos Aplicativos. Prazo de Entrega: 2ª Quinzena de setembro/13
Fonte: Autor da pesquisa

103
Tablets e Aplicativos para Contar a História da Matemática no Ensino Médio
ARTIGO
III

Figura 1: Recursos utilizados pelos alunos na elaboração dos aplicativos


Fonte: Autores da pesquisa

No processo de formatação dos aplicativos, o processo de download do aplicativo no artefato do


solicitamos que os alunos elegessem dois repre- professor. No Play-Store do Google, existem vários
sentantes da equipe para participar de reuniões e leitores desses códigos, utilizamos o scan, pois ele fez
orientações no período da tarde com o professor a leitura dos códigos com muita rapidez e segurança.
(P3). Esses encontros aconteceram no laboratório Reafirmamos que esse recurso foi eficiente para dar
da instituição, onde foram discutidos os moldes de autenticidade dos trabalhos entregues.
formatação dos aplicativos matemáticos.
Na Figura 2, temos a apresentação de um dos
No primeiro encontro realizado na segunda aplicativos (grupo: civilização chinesa) desenvolvidos
semana do mês de agosto, participaram 30 alunos pelos discentes do projeto, resultante das pesquisas
representantes, nós e o professor (P3); na ocasião, e investigações tanto da história e das curiosidades
foi proposta a elaboração de alguns objetos que matemáticas, como também a exploração de recur-
deveriam conter nos aplicativos: 1) história da civili- sos disponíveis para a elaboração do aplicativo.
zação; 2) história da Matemática; 3) história em qua- Podemos notar algumas características na
drinhos; 4) livro virtual; 5) animação; 6) quiz ou jogo; Figura 2, pois o grupo era formado por meninas e
7) site do grupo e 8) tutorial do aplicativo. seu logo traduzia bem essa questão de gênero que se
Ocorreram mais dois encontros na primeira sema- estabeleceu no trabalho em equipe. Notamos também
na de setembro com os alunos representantes e foram que as alunas citaram as questões sobre o trabalho com
transmitidas orientações técnicas para a construção ábaco, a utilização de frações, a descoberta do número
π, o desenvolvimento da geometria, a criação do sis-
do projeto. O professor colaborador (P3) trouxe na
tema de numeração decimal e posicional por meio da
ocasião ferramentas virtuais que os alunos poderiam
utilização de gravetos como representação numérica
utilizar na elaboração e formatação do aplicativo. Na
(1 a 9) e o zero como um espaço em branco.
Figura 1, temos as imagens dos recursos utilizados
pelos alunos no projeto.

Podemos observar a diversidade de recursos que


o professor colaborador (P3) ofereceu para os alunos
criarem seu App (aplicativo) com características pes-
soais de cada grupo envolvido. No trabalho, as equi-
pes criaram um logotipo (Online Logo Maker) que
deveria retratar a identidade da equipe, produziram
um questionário (QuizYourFriends) para os usuários
responderem e assim gerar um conceito no final da
pesquisa, elaboraram um site (Wix) com informações
adicionais do projeto proposto em sala, contaram a
história da Matemática de forma descontraída, usando
recursos como história em quadrinhos (ToonDoo) e
animações (Go!Animate). Por fim entregaram o apli-
cativo para o professor pesquisador por meio de um
recurso interativo chamado qrcode, pois cada grupo
de alunos gerou um código para seu App e assim o Figura 2: Aplicativo elaborado em grupo (China)
leitor do tablet identificava e iniciava automaticamente Fonte: Autores da pesquisa

104
A Pesquisa podemos dizer que as observações dos alunos em
relação ao sistema de numeração antigo, provocam
neles momentos de curiosidades e indagações nas
investigações feitas pelos grupos, percebe-se isso na
Dados e Análises fala do aluno:
Focam-se as construções dos aplicativos desen-
[...] fiquei intrigado e ao mesmo tempo sur-
volvidos pelos alunos que contavam sobre a história
preso quando vi os números chineses, achei
das civilizações antigas e como elas influenciam a
muito interessante (Aluno A).
Matemática até os nossos dias e suas contribuições
na aprendizagem da Matemática elementar. Parti- Acredita-se que quando os alunos fizeram suas
mos do princípio que é por esse contexto histórico pesquisas e construíram o aplicativo falando sobre
matemático vivenciado pelos alunos que poderemos o sistema numérico, concordamos que o elo entre o
alicerçar os conteúdos ensinados na sala de aula. passado e o futuro, segundo comenta D’Ambrosio
Por meio de um questionário com perguntas fechadas, (2008), provoca no discente algumas descobertas e
observação, relatos e análise dos aplicativos construí- conceitos para o seu presente, de uma Matemática
dos, foi possível verificarmos o grau de aprendizagem viva e mutável, conforme as necessidades de cada
do conceitos históricos matemáticos básicos, e sua civilização. O conteúdo administrado de forma que
satisfação e aceitação do trabalho colaborativo inter- a história da Matemática venha a contextualizar
disciplinar envolvendo as Disciplinas de português, melhor o seu ensino com atividades que promovam
história, matemática e informática. Acompanhou-se a uma dinâmica diferenciada em sala para que não
construção dos aplicativos e se constatou que tanto se torne mais um conteúdo desnecessário para os
os professores como os alunos envolvidos no projeto aluno; nós acreditamos que a história e o uso dos
trouxeram importantes contribuições no processo de recursos da tecnologia utilizadas nessa pesquisa fa-
identificação histórica matemática utilizando o tablet voreceram a aprendizagem de tópicos dos quais até
e os aplicativos produzidos em trabalho colaborativo, então os alunos não tinham conhecimento. Como
que gerou e viabilizou a discussão sobre a história da o projeto interdisciplinar envolvendo as Disciplinas
Matemática. No Quadro 2 temos as respostas dos de Português, História, Matemática e Informática,
alunos referente à questão que fala sobre a descoberta constatamos em nosso questionário que os alunos
mais importante dos povos antigos pesquisados: avaliaram muito positivamente o trabalho desenvol-
vido com o tablet e o apoio dos professores.
Quadro 2: Avaliação sobre o grau de Observamos, ainda, que a atividade interdisci-
interesse nas descobertas matemáticas. plinar poderá não só promover uma autonomia
colaborativa entre eles, mas também promoverá
O que mais lhe chamou a atenção na sua atitudes e ações de forma inovadora em rela-
pesquisa, referente às descobertas matemáticas? ção à aprendizagem de matemática, criando
Respostas Porcentagens relações concretas da realidade em que ela vive
A construção do sistema 39% (FAZENDA, 1994).
de numeração A interação tecnológica promovida pelo tablet e
Geometria 15% seus aplicativos foram essenciais para que os outros
Problemas curiosos 17% alunos fizessem suas colocações e sugestões de for-
ma a contribuir com a continuidade desse trabalho.
Os desenhos e imagens utilizados 17%
para a contagem e a resolução [...] no tablet a história e a animaçãoficou
de problemas muito interessante assim como as atividades
Aritmética e a álgebra 8% do aplicativo. A estrutura do aplicativo em
Nenhum fato 3% geral ficou legal e de fácil entendimento do
Fonte: O autor da pesquisa, Eduardo J. Dias conteúdo (Aluno B).

Notamos que nessa fala o aluno considera que as


Esse quadro mostra o interesse e a curiosidade dos estruturas como H.Q. e as animações geradas pelo
alunos em observar a escrita e o sistema de numera- tablet e os aplicativos trouxeram elementos interativos
ção como ponto de partida das civilizações antigas, e dinâmicos de ação e reação motivadoras (LÉVY,
pois é por meio dos sistemas de numeração, que 1993). Acredita-se que nessas observações os alunos
a Matemática se faz presente e está alicerçada nos estão em processo de adaptação em relação à utiliza-
fundamentos numéricos e sociais de cada civilização, ção dos tablets e aplicativos na dinâmica escolar.

105
Tablets e Aplicativos para Contar a História da Matemática no Ensino Médio
ARTIGO
III
Precisamos também desmistificar a ideia de que colaboradores nesse projeto potencializou a eficácia
o ensino de Matemática se faz apenas de forma dos resultados alcançados nesta pesquisa.
unilateral (professor – aluno), ou seja, existem ma-
neiras diferentes de acontecer a aprendizagem e não
somente uma. Referências
ARAUJO JR, C.F.; SILVEIRA, I. F. (Org.), Tablets no
Considerações finais Ensino Fundamental e Médio: princípios e aplica-
ções. São Paulo: EditoraTerracota, 2012.
Observamos que a maioria dos aplicativos cons-
truídos mostra uma Matemática voltada à teoria e D’AMBROSIO, U. Uma história concisa da Ma-
a tópicos que os alunos já ouviram falar na sala de temática no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2008.
aula. Já um outro fato é o relato da sua importância FAZENDA, I. C.A. Interdisciplinaridade história,
social e cultural em relação à civilização em que teoria e pesquisa. Campinas: Papirus, 1994.
está inserida.
GOLDMAN, L. Dialética e cultura. Rio de Janeiro:
Julgamos que conseguimos responder algumas Paz e Terra, 1979.
das questões e objetivos estabelecidos no trabalho,
pois os conceitos históricos matemáticos foram GOMES, H. F. O ambiente informacional e
objetos de debate entre os alunos envolvidos, e suas tecnologias na construção dos sentidos e
percebemos que os percebemos que eles argu- significados. Ciência da informação, Brasília, v.29,
mentavam sobre textos e curiosidades matemáticas n.1, jan/abril. 2000. Disponível em: <http://revista.
estabelecidas pelos grupos de mesmo tema. ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/issue/archive>.
Acesso em: 04 set. 2012.
As equipes posicionaram-se por meio de argu-
mentações e escritas compartilhadas entre eles, MIORIN, M. A.; MIGUEL. A. História na Edu-
gerando assim momentos de reflexão sobre alguns cação Matemática: Propostas e desafios. Belo
tópicos históricos do conteúdo matemático. Horizonte: Autêntica, 2004.

Os discentes manifestaram-se sobre a importân- RADFORD, L. On Psychology, Historical Epis-


cia das descobertas matemáticas promovidas pelas temology, and the Teaching of Mathematics:
civilizações antigas e indicaram que a Matemática towards a Socio-Cultural History of Mathematics.
além de ser um conhecimento que se adapta ao For the Learning of Mathematics17, 1, p.26-33,
longo do tempo, também promove lógicas coeren- february, 1997.
tes que traduzem nosso progresso social, cultural,
histórico e intelectual. RUIZ, A. R.; BELLINI, L. M. Ensino e Conheci-
mento: elementos para uma pedagogia da ação.
A história e as descobertas matemáticas pro- Londrina: UEM, 1998.
movem reflexões, motivações individuais e cole-
tivas para que todos compartilhem fatos, lendas, TEIXEIRA, A. C.; BRANDÃO, E. J. Software
curiosidades e episódios (MIORIM & MIGUEL, educacional: o difícil começo. Novas Tecnologias
2004). A história não só fundamenta a Matemá- na Educação, 2003, 1.1: p.1-7.
tica vivenciada por todos nós, mas também ela VYGOTSKY, L. Pensamento e linguagem. 3.ed.
será base de futuras descobertas matemáticas no São Paulo: M. Fontes, 1991.
avanço tecnológico de nossa civilização. Esses
momentos servirão de ponto de partida não só WERTHEIN, J. A Sociedade da Informação e seus
para o professor contextualizar a Matemática, desafios. Revista Ciência da Informação, Brasília, v.
mas também para que o docente possa estabele- 29, n. 2, p. 71-77, maio/ago. 2000.
cer com os alunos uma analogia daquilo que ele
estão aprendendo em sala de aula.

Observa-se nesse artigo que o tablet e seus


recursos foram fundamentais não só para estrutu-
rar o trabalho coletivo, mas ele também ajudou a
direcionar o trabalho interdisciplinar, impactando
de forma positiva as discussões, debates e o enten-
dimento atual da Matemática lecionada em sala de
aula. Reforçamos que a participação dos professores

106
Anotações
São Paulo
2016

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