MULTIVIX
Exame Laboratorial
dos Rins
Anna Karolyne N. Sartório Prof. Thiago Oliveira de Almeida
Beatriz Da Cunha Presenza Patologia Clínica
Bianca Almeida Rosadas
Leidiany De Morais Silva
Rogério Da Silva Pereira
Sophia Rangel Rosa Teles
.
Sumário
Exame Bioquímico
Método de coleta (Urina)
Exame Físico da Urina
Exame Químico da Urina
Sedimentoscopia
Caso Clínico
Introdução
O rim é um órgão que possui funções
endócrinas e exócrinas, desempenhando um
papel de filtro para o organismo, excretando
os dejetos metabólicos e retendo
substâncias essenciais para o equilíbrio
eletrolítico e ácido-básico.
Portanto, exames periódicos são indicados
para a prevenção de problemas renais e
proporcionar uma melhor qualidade de vida
ao animal.
Exame Bioquímico (sangue)
Todos os testes são feitos utilizando-se amostra do soro sanguíneo do animal. Por isso, a coleta de sangue é
feita no tubo sem anticoagulantes, para que seja possível a separação do soro das demais células sanguíneas.
Mensuração de Eletrólitos e
Mensuração da Ureia e
Marcadores Precoces: Os principais
Creatinina: O aumento
eletrólitos sanguíneos monitorados no
concomitante da ureia e da sangue dos animais são: Sódio;
creatinina é utilizado como Potássio; Cloreto; Magnésio; Fósforo e
marcador de doenças renais. Cálcio.
Contudo, possuem a falha de A mensuração de eletrólitos é importante, pois
apresentar resultados efetivos nos quando ocorrem alterações no padrão de
exames somente quando certa porção normalidade dos eletrólitos durante o processo
dos rins já se encontra comprometida. de excreção/reabsorção, o organismo irá
excretá-los.
Método de coleta (urina)
A COLETA DE URINA PODE SER REALIZADA POR:
1- Micção 2- Cateterização ou 3- Cistocentese
natural sondagem uretral (mais utilizada)
• No momento em que o paciente for • Introduz-se a sonda na uretra do • Consiste na introdução de uma
urinar coloca-se o frasco de coleta animal, sendo a técnica mais simples agulha estéril, via percutânea,
em sua região genital. e fácil de ser empregada no macho. realizando a coleta diretamente da
vesícula urinária.
• Deve ser realizada da forma mais • Na introdução da sonda, podem ser
estéril possível. utilizadas as pontas dos dedos para • Podem ser realizadas técnicas
guiar até o óstio uretral ou até a auxiliadas pelo ultrassom, para guiar o
• Não é recomendável para avaliação bexiga da fêmea. acesso da agulha até a bexiga.
microbiológica.
• Pode ser utilizado também o • O volume mínimo a ser adquirido é
Alteração que pode ser induzida na espéculo vaginal (introduzido na de 10 ml.
amostra de urina: contaminação por vulva), que irá expor melhor o óstio
bactérias. para guiar a sonda. A urina pode ser enviada ao
laboratório em um frasco de coleta ou
Alterações que pode ser induzidas na diretamente na seringa identificada,
amostra de urina: contaminação tampada e envolvida por um papel
bacteriana e hematúria. toalha.
Método de coleta (urina)
A COLETA DE URINA PODE SER REALIZADA POR:
1- Micção 2- Cateterização ou 3- Cistocentese
natural sondagem uretral (mais utilizada)
Exame físico da urina
Cor: Pode sofrer variações desde urina quase incolor a preta,
isso porque medicamentos, atividade física, alimentação,
infecções, sangramentos e ingesta hídrica podem interferir nesse
parâmetro. O ideal é que a urina seja amarelo claro.
Aspecto: Utilizado para se referir a transparência da urina.
Podemos utilizar os termos límpida, ligeiramente turva, turva ou
leitosa. A presença de leucócitos, hemácias, bactérias, sêmen,
muco, cristais, leveduras, células epiteliais e contaminação por
cremes e sabões são possíveis causas para a turvação da
amostra.
O odor e volume de urina caíram em desuso e não são mais
avaliados no exame físico de urina (exceto volume na urina de
24h) pois não têm relevância clínica.
Volume
O volume urinário depende da alimentação, exercício,
temperatura ambiente e da quantidade de líquido ingerido,
para qualquer espécie.
Em condições normais depende principalmente da
quantidade de resíduos que o rim precisa eliminar,
existindo estreita relação entre a densidade e o volume de
urina que, em função da capacidade renal, precisará de
maior ou menor quantidade de líquido para a excreção de
matérias dissolvidas. responsáveis pela densidade, isto é:
A densidade é inversamente proporcional ao volume,
havendo exceções como o diabetes mellitus, em que a
densidade e o volume estão altos, ou em certos
estágios de neuropatia aguda e doença renal crônica,
em que a densidade e o volume podem estar baixos.
A anúria, ausência de urina, ocorre nas obstruções das
vias urinárias, desidratações intensas, nefroses
escleróticas ou insuficiência renal aguda.
Exame químico da urina
Para esta etapa, as tiras reativas são
amplamente utilizadas, permitindo a análise do
pH, proteínas, cetona, glicose, bilirrubina,
sangue, urobilinogênio, leucócitos, densidade e
nitrito.
Essas tiras possuem almofadas absorventes
onde ocorrem as reações. Para realizar a
análise, a tira reagente é mergulhada em uma
amostra de urina e, em seguida, as cores
obtidas na fita são comparadas com a cartela
de cores disponíveis no rótulo do frasco do
fabricante.
pH: Um indivíduo saudável apresenta pH urinário entre
5,0 e 6,0 na primeira urina da manhã, exceto quando a
urina está velha ou na primeira urina da manhã de
pacientes vegetarianos estritos.
Densidade: Esse teste está relacionado à concentração
de solutos presentes na urina e pode variar entre 1,005 e
1,030, sendo considerado um teste de triagem.
Proteínas: Quando há a presença de albumina (uma
proteína altamente eletronegativa), a reação é mais
intensa. Por outro lado, na presença de globulinas, como
imunoglobulinas, hemoglobina, a reação não ocorre ou é
muito fraca. Vale ressaltar que a positividade para
proteínas a tira reativa deve ser investigada e nem sempre
significa doença renal.
Glicose: A presença de glicose na urina, glicosúria,
ocorre quando o limiar renal para glicose é ultrapassado.
Na presença de glicosúria, a glicemia deve ser obtida para
que seja possível identificar se o paciente possui algum
tipo de diabetes. Além do diabetes, também podemos
suspeitar de reabsorção tubular deficiente, lesão do SNC,
distúrbios da tireoide, entre outros.
Cetonas: Contém produtos intermediários do metabolismo
de gorduras, como acetona, ácido diacético ou acetoacético
e ácido beta-hidroxibutírico. Normalmente não são
encontradas cetonas na urina, no entanto, caso positivo,
podemos suspeitar de diabetes mellitus descontrolado,
perda de carboidratos decorrente vômitos, jejum, má
absorção ou dieta pobre dos mesmos.
Bilirrubina: Quando presente a bilirrubina deixa a urina
com coloração âmbar e produz espuma amarela quando
agitada. A bilirrubina aparece na urina devido a alteração do
ciclo normal desse composto por obstruções biliares ou
hepatopatias, por exemplo.
Urobilinogênio: É um metabólito resultante da conversão
de bilirrubina por bactérias intestinais, pode ser encontrado
em níveis aumentados em casos de hepatopatias e
transtornos hemolíticos.
Nitrito: Algumas bactérias são capazes de reduzir o nitrato
e nitrito, sendo assim, a presença de nitrito na urina é um
método fácil de identificação para infecções no trato urinário
e deve ser avaliado em conjunto com a esterase
leucocitária.
Sangue: Pode se apresentar de duas formas,
sendo as hemácias intactas, hematúria ou produto
destas, hemoglobinúria. Quando presente em
grandes quantidades a hematúria leva a alteração
da coloração da urina, deixando-a vermelha e
com aspecto turvo, já a hemoglobinúria torna a
urina vermelha e semi turva.
Leucócitos (esterase leucocitária): Observada a
concentração de esterases leucocitárias que está
presente na urina quando temos leucócitos
íntegros ou lisados. Deve ser avaliado em
conjunto com a contagem microscópica de
leucócitos na urina, sendo importante para
determinar infecções do trato urinário.
A hemoglobinúria ocorre devido à destruição das
hemácias no trato urinário ou à hemólise
intravascular seguida da filtragem da hemoglobina
(Hb) nos glomérulos renais. Quando há lise das
hemácias na urina, geralmente resulta em uma
combinação de hemoglobinúria e hematúria,
enquanto a hemólise intravascular não apresenta
hemácias na urina. A Hb não normalmente passa
pelos glomérulos renais, pois forma complexos
com a haptoglobina na circulação. No entanto,
quando a quantidade de Hb livre excede a
quantidade de haptoglobina disponível, esta
passa a ser filtrada, ocorrendo em situações como
transfusões sanguíneas, anemias hemolíticas,
queimaduras graves, infecções e durante
exercícios físicos intensos.
Sedimentoscopia
Na sedimentoscopia ocorre a análise dos
elementos organizados e os elementos
não organizados, podendo ser observado
células nos elementos organizados e
cristais em elementos não organizados
(em urina ácida ou alcalina).
ELEMENTOS ORGANIZADOS
1.CÉLULAS EPITELIAIS 2.CILÍNDROS 3.HEMÁCIAS 4.LEUCÓCITOS
Urina normal apresenta Urina normal apresenta Urina normal apresenta 1-5 Urina normal apresenta
poucas células epiteliais. poucas células epiteliais. por campo. Observado na normal de 3-5 leucócitos por
Se o número de células Se o número de células urinaa olho nu, quando o campo examinado e o
epiteliais encontradas , epiteliais encontradas , processo esta em grades aumento do número de
for grande, indica um for grande, indica um proporções ou gravidade, leucócitos indica um
processo irritativo do processo irritativo do como na neoplasias, processo inflamatório dentro
órgão de onde provém. órgão de onde provém. inflamação, etc. do trato urinário como em
cistite, uretrite, pielite, etc
ELEMENTOS ORGANIZADOS
5.LIPIDÚRIA (GORDURAS) 6.MUCO 7.ESPERMATOZÓIDE
Geralmente não são de São formas de filamentos de Pode ser apresentado na urina
significado patológico, podendo aspecto viscoso, muitas vezes de cães em grande quantidade
ser até algum óleo para ultilizar impregnadas de cristais e em sem significado patológico.
sonda. Alguns autores geral indicam processos
comentam sobre a possibilidade irritativos do trato gênito –
de degeneração gordurosa dos urinário.
rins.
9.BACTÉRIA 8.FUNGOS (LEVEDURAS) 10.PARASITOS
A bacteinúria só é importante Geralmente por contaminação Os ovos de Dioctophyme renale
quando a urina for asséptica e se externa, entretanto, nos (cão e visão) e Capilária plica
for o caso podera aparecer diabéticos pode ser patológico. (cão, gato e raposa) podem ser
hematúria e leucocitúria em O mais frequente é o gênero encontrados na urina.
conjunto e o indiado é fazer ma Cândida , principalmente em
cultura da urina suspeita para diabéticos.
diferenciação de patógenos.
ELEMENTOS NÃO ORGANIZADOS
Em urina ácida:
3.CRISTAIS DE URATO
1.CRISTAIS DE ÁCIDO ÚRICO 2.CRISTAIS DE OXALATO DE
AMORFOS
CÁLCIO
Os estados patológicos em que se Grande quantidade de cristais de Numerosos na urina fortemente ácida.
encontram aumentados no sangue são: oxalato de cálcio, suspeita-se de Como o ácido úrico, só se apresentam
Gota, metabolismo das purinas intoxicação pelo etilenoglicol, diabetes como componentes normais nos
aumentado, pode ocorrer em mellitus, doença hepática ou carnívoros. Aparecem como sais de
enfermidades febris agudas e nefrites enfermidade renal crônica grave ou urato ( sódio, potássio, magnésio e
crônicas. ingestão de grande quantidade de cálcio). Não apresentam significado
vitamina C pode promover o clínico.
aparecimento desses cristais na urina.
4.CRISTAIS DE LEUCINA 5.CRISTAIS DE CISTINA 6.CRISTAIS ÁCIDO HIPÚRICO
Tem significado patológico importante A presença desses cristais tem sempre Aparecem em enfermidades hepáticas
como em enfermidades hepáticas em significado clínico, como na cistinose, graves ou em tirosinose.
fase terminal, como a cirrose, hepatite cistinúria congênita, insuficiente
viral e atrofia amarela aguda do fígado. reabsorção renal ou em hepatopatias
Nas doenças hepáticas, estão tóxicas.
normalmente associados a cristais de
tirosina.
ELEMENTOS NÃO ORGANIZADOS
Em urina ácida:
7.CRISTAIS DE SULFAS E 8.CRISTAIS DE COLESTEROL 9.CRISTAIS DE TIROSINA
OUTROS MEDICAMENTOS
As novas sulfas são muito solúveis em Seu aparecimento indica uma Sem significado clínico.
meio ácido; por isso, atualmente não é excessiva destruição tissular e em
comum mais. Quando ocorre tem quadros nefróticos, como também na
aparência de agulhas em grupos, unidas quilúria, esta em conseqüência da
de forma concêntrica, de cor clara ou obstrução a nível torácico ou
castanha. A ampicilina pode precipitar abdominal da drenagem linfática, ou
em exame radiograficos em urina ácida, por ruptura de vasos linfáticos no
formando agulhas largas ou finas e interior da pélvis renal ou no trato
incolores. A bilirrubina, quando presente, urinário. Situações de neoplasias.
tem forma de agulhas amarelas
amarronzadas.
ELEMENTOS NÃO ORGANIZADOS
Em urina alcalina:
1.CRISTAIS DE FOSFATO
2.CRISTAIS DE FOSFATO 3.CRISTAIS DE FOSFATO
TRIPLO (FOSFATO
AMORFO DE CÁLCIO
AMONÍACO-MAGNESIANO)
Podem ocorrer nos seguintes estados Os sais de fosfato com freqüência Podem formar cálculos, mas também
patológicos: pielite crônica, cistite estão presentes na urina de forma aparecem em urina normal.
crônica, hipertrofia de próstata e cristalina, como substâncias amorfas,
retenção vesical. Aparecem também em isto é, sem forma defina. Não têm
urinas normais. significado clínico.
5.CRISTAIS DE BIURATO DE 4.CRISTAIS DE CARBONATO
AMÔNIO OU URATO DE DE CÁLCIO
AMÔNIO
São patogênicos se aparecem em urina Cristais de carbonato de cálcio: Não
recém emitida, como ocorre em tem significado clínico e são normais em
doenças hepáticas. São solúveis urina de equinos.
aquecendo a urina ou acrescentando o
ácido acético e, se ficar em repouso,
formam cristais de ácido úrico. A
precipitação de solutos depende do pH
urinário e da solubilidade e
concentração do cristalóide
Casos clínicos
Capilariose urinária
Um caso de capilariose urinária diagnosticada em um felino adulto, como obstrução uretral,
atendido em uma clínica veterinária. Os exames hematológicos revelaram anemia
normocítica normocrômica, linfopenia e hiperproteinemia no hemograma; bem como, níveis
muito elevados da ureia e creatinina nas análises bioquímicas. Os achados de imaginologia
revelaram alterações morfológicas nos rins sugestivas de nefropatia crônica. Na urinálise,
proteinúria e presença de leucócitos foram encontrados na sedimentoscopia. O diagnóstico
de capilariose urinária foi definido pela identificação dos ovos de Capillaria spp. no exame do
sedimento urinário. Além disso, não foram observados cristais nem urólitos nas vias urinárias,
sugerindo que a obstrução foi causada na uretra pelo acúmulo de ovos do parasita que
impossibilitou a micção. Vale ressaltar que Capillaria spp. são causadores de doença do trato
urinário inferior em felinos, apresentando sintomatologia quando a infecção é massiva.
Embora diversos exames auxiliem mostrando possíveis alterações compatíveis com a
doença, o diagnóstico definitivo pode ser dado através do exame de sedimento urinário,
onde serão observados ovos do parasita com características singulares compatíveis com o
gênero.
Caso clínico - Capilariose urinária
Valores hematológicos de um felino com obstrução urinária por Capillaria spp.
Caso clínico - Capilariose urinária
Urinálise de um felino com obstrução urinária por Capillaria spp.
Caso clínico - Capilariose urinária
Valores da bioquímica sérica de um felino com obstrução urinária Capillaria spp.
CONSIDERAÇÕES
Com base nos sinais clínicos, achados laboratoriais e na resposta ao tratamento,pode-se concluir que o animal
em questão apresentava obstrução urinária decorrente deinfecção porCapillaria spp. Cistite e prováveis lesões
renais podem ser causadaspeloparasita e devem ser investigadas. Embora outros exames auxiliem mostrandopossíveis
alterações causadas por Capillaria spp., o diagnóstico definitivo pode ser dado através do exame de sedimentourinário,
onde constarão ovos do parasita com características singulares compatíveis como gênero
Referências
ALVES, Andréa, A Importância da Interpretação Adequada da Densidade Urinária de
Cães e Gatos, EQUALIS, Ibura, Recife - PE
CUNHA, Andréa Mendonça Gusmão (coord.). Análises Clínicas. 2. ed. Salvador: Editora
Sanar, 2021. (Coleção Manuais de Farmácia, v.5).
França Matos Neto, J., da Silva Pereira, E., Vieira Moura, D., Venancio dos Santos, Y., Nael Seixas, F.,
Satake, F., & Shelda Pessoa de Melo, V. (2023). CAPILARIOSE URINÁRIA EM FELINO: RELATO DE
CASO. RECIMA21 - Revista Científica Multidisciplinar - ISSN 2675-6218, 4(9), e493818.
https://doi.org/10.47820/recima21.v4i9.3818