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PARECER RIOPREVIDENCIA DJU N 17202 FMBM-1

Parecer Rioprevidencia - Estágio Experimental
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05/07/2022 15:53 SEI/ERJ - 18670001 - Parecer

Governo do Estado do Rio de Janeiro


Fundo Único de Previdência Social do Estado do Rio de Janeiro
Presidência
PARECER Nº 13/2021/RIOPREV/DIRJU
PROCESSO Nº SEI-150001/003704/2020
INTERESSADO: SUPERINTENDÊNCIA DE SISTEMAS DE GESTÃO DE PESSOAS
ASSUNTO: Parecer RIOPREVIDÊNCIA/DJU nº 17/2021 - FMBM
Consulta formulada pela SECC. Estágio
Experimental. Etapa de Concurso. Art. 2º §§ 2º
e 7º do Decreto-Lei 220/75. Art. 12, § 5º do
Decreto Estadual 2.479/79. Candidato havido
como segurado obrigatório do RGPS.
Nomeação, Posse e Exercícios Lançados no
SIGRH Erroneamente Pelos Órgãos Setoriais
de Recursos Humanos. Solicitação de
Retificação dos Dados Funcionais dos
Servidores do Estado do Rio de Janeiro no
SIGRH para fins de Aposentadoria. Sugestão
de Adoção das Medidas Propostas no Parecer
Rioprevidência/DJU nº 01/ 2018 – MLMB e no
Parecer Rioprevidência/DJU nº 03/2019 –
DFSM (Este último pendente de Visto do Exmo.
Sr. Procurador Geral). Recente Precedente
Exarado no Bojo do SEI14001/080.511/2020.
Questionamento sobre a Mudança de
Entendimento da PGE. Sugestão de Atribuição
de Efeitos Normativos ao Presente Opinamento,
na Forma do Art. 6º, XXV da LC 15/1980.

I - Relatório

Trata-se de processo aberto pela Superintendência de Sistemas de Gestão de Pessoas – SUSIG, da


Secretaria de Estado da Casa Civil – SECC (doc. 6936912), em razão de ter recebido diversas demandas,
originadas a partir de exigências do Rioprevidência quando da análise de pleitos de concessão de
aposentadorias, que versam sobre pedidos de alteração da data de nomeação, posse e exercício de
servidores no âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos – SIGRH, em virtude da
constatação de cumprimento de período de estágio experimental por servidores de alguns cargos ou
carreiras.

O processo, então, foi encaminhado ao Rioprevidência para fins de exame e promoção das seguintes
providências:

(i) [emitir] parecer conclusivo sobre o assunto em questão, com resposta à


questões acima apontadas;

https://sei.fazenda.rj.gov.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=21029274&inf… 1/23
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(ii) [prestar] esclarecimento sobre eventual análise dos atos de aposentadoria


gerados por órgão que ainda não se encontra no citado Módulo;
(iii) [proceder à] divulgação das providências a serem adotadas pelos Setoriais de
Recursos Humanos.

Na Nota Técnica doc. 11046405, a Superintendência de Normas e Consultas – SUNOC da SECC


recomendou o encaminhamento do processo à Assessoria Jurídica da Secretaria de Estado da Casa Civil a
fim de que, com fundamento no que dispõe o art. 4º, inciso VII, do Decreto Estadual nº 40.500/2007, seja
firmado entendimento no que toca às questões de pessoal, bem como para verificar se há necessidade de
revisão de triênios, licenças-prêmio, progressões e outros direitos decorrentes de contagem indevida
de tempo de estágio experimental e o marco inicial dos efeitos financeiros das revisões porventura
necessárias.

Foi sugerido na citada Nota Técnica emitida pela SUNOC, ainda, o envio do processo ao
RIOPREVIDÊNCIA para exame das questões apontadas no Despacho SECC/SUBGEP/SUSIG
(doc. 6936912), tendo sido formulados os seguintes questionamentos: (i) os triênios, licença prêmio,
progressões e outros direitos deverão ser revistos? Caso positivo, gerando efeitos financeiros a partir de
qual momento?; (ii) o que o órgão deve fazer quanto ao desconto que ocorreu em favor do
IASERJ/IPERJ? Regularizar junto ao INSS com efeitos retroativos, inclusive a 1990 ou anos anteriores
em alguns casos? Caso positivo, como será tratada a multa que esse ajuste implica?

A Assessoria Jurídica da SECC, de acordo com o despacho doc. 13453710, opinou pela remessa dos autos
ao Rioprevidência para manifestação sobre o procedimento de regularização de recolhimento
previdenciário efetivado a favor do IASERJ/IPERJ.

Quanto à matéria de competência do Rioprevidência, a Coordenadoria de Aposentadoria – CAP (doc.


14817966), o órgão técnico, informa que:

Quanto aos órgãos que ainda estão em fase de estudo e testes para que sejam
"centralizados" e que realizam as aposentadorias de seus servidores e a
manutenção da folha de inativo em seus próprios setores de RH, hoje, cabe a este
Fundo de Previdência o custeio da folha de inativo, o que nos permite auditar e
realizar suspensão ou cancelamento do benefício, por eventuais irregularidades
ou ilegalidades que possam vir a ser encontradas.
Portanto, é possível afirmar que nos casos em que identificarmos a utilização de
tempo de estágio experimental, como tempo de efetivo exercício, para fins de
aposentadoria, o RH será oficiado e orientado a promover o ajuste naquela
aposentadoria concedida de forma equivocada.
(...)
O Rioprevidência como Regime Próprio de Previdência tomará as providências
necessárias para orientar os órgãos que já participam e os que não participam
do projeto "centralização de aposentadoria" quanto às medidas definidas
para alteração de cadastro no SIGRH, no que tange a existência de estagio
experimental, para fins de aposentadoria”.

É o relatório. Passa-se à análise jurídica.

II – Da fundamentação

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A) Premissas Necessárias

Cumpre esclarecer, de antemão, que a presente análise ficará adstrita às questões atinentes à competência
do Rioprevidência, ou seja, às implicações decorrentes das correições realizadas no SIGRH – ante a
impossibilidade de incluir o período em que o servidor cumpriu etapa de concurso (estágio
experimental) como de efetivo serviço público – para concessão de aposentadoria e demais benefícios e
efeitos previdenciários.

Desta forma, a análise de questões estranhas à matéria previdenciária, como é o cálculo do pagamento de
triênios, licença-prêmio e outros direitos de servidor ativo, deverá ser feita, s.m.j., pelo órgão central de
pessoal – SUBGET – a quem compete igualmente gerir as questões operacionais e financeiras relativas à
eventual regularização. Eventuais questionamentos relativos às repercussões relativas a rubricas da ativa
deverão, ainda, sujeitar-se à opinamento definitivo da D. PG-4.

De antemão, é imperioso esclarecer que o candidato em cumprimento de estágio experimental só se


torna servidor público após a sua aprovação em todas as etapas do concurso (incluindo o estágio
experimental).

Essa observação se revela de suma importância, eis que uma das consequências mais relevantes
decorrentes da fixação da data de vinculação ao regime próprio de previdência do servidor civil é a
definição, a partir deste marco temporal, do estatuto jurídico da sua regra de aposentadoria.

E, não menos importante, está a preocupação por parte desta entidade de previdência de ser a
destinatária da contribuição previdenciária de titularidade do INSS, com possibilidade de
consequências sancionatórias por parte da Secretaria de Previdência pela prática de uma espécie de
invasão de competência tributária da União, com possibilidade de negativa de emissão de certificado de
regularidade previdenciária.

Frise-se que é o órgão de origem quem promove o recolhimento da contribuição previdenciária


incidente sobre os vencimentos de candidato em estágio experimental. Caso o recolhimento se dê em
favor do Rioprevidência, deve ser este o órgão de origem igualmente o responsável por promover os
ajustes junto ao INSS.

Mais especificamente, no momento em que o servidor requer a CTC e que seja verificado que os
recolhimentos foram indevidamente realizados em favor do Rioprevidência, o procedimento correto a
ser feito é efetuar os recolhimentos não realizados ao INSS, por parte do órgão de origem, por meio
da GFIP (Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à
Previdência Social – GFIP). Provavelmente, com a incidência de correção, juros e multa, porque o
pagamento foi extemporâneo. Uma vez comprovado o recolhimento da GFIP, o Rioprevidência
promoverá o ressarcimento ao órgão de origem do valor das contribuições erroneamente recolhidas
à autarquia. E assim, o INSS poderá fornecer a CTC em favor do requerente, para fins de
averbação em qualquer regime de previdência, seja o RPPS do Estado do Rio de Janeiro ou
qualquer outro RPPS, ou, se for o caso, poderá ter o registro das contribuições previdenciárias
corrigidas em seu CNIS (cadastro nacional de informações sociais), para se aposentar no RGPS.

Em situações ordinárias – fora das situações de estágio experimental – sempre competiu, como compete
até hoje, ao órgão de origem promover a emissão da Certidão de Tempo de Contribuição - CTC, cabendo
sempre ao Rioprevidência a homologação da mesma. Seguindo a orientação dos inúmeros precedentes da
D. PGE, sempre se negou administrativamente a possibilidade de homologação de CTC relativa a
tempo de estágio experimental, ainda que as contribuições previdenciárias tenham sido

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erroneamente vertidas ao Rioprevidência, em decorrência dos recolhimentos efetuados


equivocadamente pelo órgão de origem.

Sobre este último ponto, releva destacar o recente precedente desta PGE, que autorizou a emissão de CTC
de candidata em estágio experimental, lotada na própria PGE, com base na jurisprudência do E. TJRJ
(SEI14001/080.511/2020, processo ora apensado), conforme será visto mais adiante.

Desse modo, pretende-se neste pronunciamento a uniformização do entendimento sobre a matéria,


sugerindo-se a atribuição de efeito normativo ao presente parecer, com vistas à regularização da
situação funcional dos candidatos estagiários por meio da (i) parametrização da informação no SIGRH,
bem como (ii) da imposição ao órgão de origem do dever de promover a regularização relativa ao
recolhimento de contribuição previdenciária junto ao INSS, para que a autarquia federal passe a
emitir as CTC’s relativas aos candidatos estagiários. A atribuição de efeitos normativos também
buscaria sinalizar ao E. TJRJ e ao INSS que o Estado está cumprindo adequadamente a legislação
nacional de regência relativamente à incidência da contribuição previdenciária do RGPS aos casos
de estágio experimental.

É de se destacar que o não reconhecimento do tempo de contribuição ao RGPS como sendo o de


serviço público não tem o condão de prejudicar o servidor acaso confirmado no estágio
experimental, uma vez que caberá ao órgão de origem estadual a obrigação de regularizar a
situação previdenciária do servidor junto ao INSS (com eventual pagamento de multa), sendo assim
possível a expedição da CTC pela autarquia federal, para fins de futura averbação em qualquer regime de
previdência a que venha se vincular.

Revela fundamental salientar que esta discussão sobre o estágio experimental, instituto extinto em 2011,
não é nova e que a regularização pelo órgão de origem deve ser imediata para que se evite a
constatação do equivoco somente por ocasião da análise do requerimento de concessão de aposentadoria
do servidor.

Por fim, não se pode olvidar o momento de grave crise econômico-financeira por que passa o Estado do
Rio de Janeiro, e a sua recente adesão ao “Novo Regime de Recuperação Fiscal”, instituído pela LC 178, o
que implica na necessidade de atendimento estrito de toda a legislação federal de regência, evitando-se
conflitos federativos que possam ser facilmente dirimidos, como no presente caso (deve-se, s.m.j., evitar
especialmente as penalidades decorrentes do não recolhimento das contribuições previdenciárias federais,
de forma a impedir a expedição do certificado de regularidade previdenciária do Estado do Rio de
Janeiro).

B) Estágio Experimental. Breves considerações acerca do instituto. Fase do Concurso Público.


Entendimentos da Procuradoria Geral do Estado (PGE). Orientação do Ministério da Fazenda.

O tema do estágio experimental já foi objeto de análise por esta Diretoria Jurídica e pela Procuradoria
Geral do Estado em diversas oportunidades (a título de exemplo: Parecer 001/2005 – FDCB, Parecer COT
n° 02 – 2008, Parecer FBM/PG-04 n° 8/2009, PARECER 01/2010 – FSM, Parecer n° 09/2010 – FBM/PG-
4).

Contudo, levando-se em conta que o presente processo servirá como parâmetro geral para casos análogos
e a percepção por parte da Secretaria de Estado da Casa Civil de que há tendência de aumento de
demanda, mister se faz contextualizar o tema.

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O ingresso no serviço público, nos termos do artigo 37, II, da CRFB/88[1], com redação dada pela EC n°
19/1998, ocorre com a investidura[2] em cargo ou emprego público que, em regra, depende de prévia
aprovação em concurso público.

Em relação ao estágio experimental, instituto próprio do Estatuto dos Servidores do Estado do Rio de
Janeiro, sua natureza sempre foi havida como de etapa do concurso público, não podendo ser
computada, portanto, como tempo de serviço para fins de obtenção de direitos e benefícios
estatutários, a teor, inclusive, do entendimento fixado nos Pareceres nº 08/99 – AAM, nº 06/200- AMM,
nº 04/2000 – FAAR e nº 08/2002, restando consagrado no Parecer FDBC nº 01/2005[3] o entendimento de
que: o estágio experimental tem a natureza de etapa de concurso público para cargos de provimento
efetivo.

É dizer, o candidato aprovado nas fases antecedentes era submetido a um estágio, cuja aprovação
era conditio sine qua non para posterior investidura no cargo público, conforme dispunha o artigo 2°
do Decreto-Lei n° 220/1975, in verbis:

Art. 2º - A nomeação para cargo de provimento efetivo depende de prévia


habilitação em concurso público.
§ 1º - O concurso objetivará avaliar:
1) conhecimento e qualificação profissionais, mediante provas ou provas e títulos;
2) condições de sanidade físico-mental; e desempenho das atividades do cargo,
inclusive condições psicológicas, mediante estágio experimental.
3) desempenho das atividades do cargo, inclusive condições psicológicas,
mediante estágio experimental, ressalvado o disposto no § 11 deste artigo.§ 2º -
O candidato habilitado nas provas e no exame de sanidade físico-mental será
submetido a estágio experimental, mediante ato de designação do Secretário de
Estado, titular de órgão integrante da Governadoria do Estado, ou dirigente de
autarquia e pelo prazo que for estabelecido, em cada caso, pelo Órgão Central do
Sistema de Pessoal Civil do Estado.
(...)
§ 7º - O candidato aprovado permanecerá na situação de estagiário até a data
da publicação do ato de nomeação, considerada a mesma data, para, todos os
efeitos, início do exercício do cargo ressalvado o disposto no parágrafo terceiro
antecedente e no artigo seguinte. (grifou-se).

No mesmo sentido é possível destacar o disposto nos artigos 7°, III; 9° e 11, do Decreto Estadual n°
2.479/1979, que explicitava e reforçava o estágio experimental como fase do certame. O artigo 8°, V, do
mesmo Decreto, estabelecia que o estágio experimental deveria durar no máximo doze meses. In verbis:

Art. 7º - O concurso objetivará avaliar:


(...)
III – o desempenho das atividades do cargo, inclusive as condições psicológicas do
candidato, mediante estágio experimental.

Art. 8º - Das instruções para o concurso constarão:


(...)
V – o prazo de duração do estágio experimental, que não será inferior a 6 (seis)
nem superior a 12 (doze) meses.

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Art. 9º - O candidato habilitado nas provas e no exame de sanidade físico-mental


será submetido a estágio experimental, mediante ato de designação do Secretário
de Estado, titular de órgão integrante da Governadoria ou dirigente de autarquia.

Art. 11 – O candidato não aprovado no estágio experimental será considerado


inabilitado no concurso e retornará automaticamente ao cargo ou emprego de que
se tenha afastado, se for o caso.

Desta forma, conclui-se que o “candidato estagiário” não pode ser considerado funcionário público –
daí a sua consequente vinculação ao regime geral de previdência social – uma vez que, enquanto
cumpria o estágio experimental ainda não havia a investidura no cargo, que tinha como pressuposto a
prévia aprovação em todas as fases do concurso, que incluía a aprovação no estágio experimental.

O estágio experimental foi abolido do ordenamento estadual a partir da edição da Lei Complementar
Estadual nº 140/2011, sendo ressalvados, no entanto, os editais já publicados e em curso.

Apesar da revogação e dos diversos posicionamentos exarados pelo Sistema Jurídico, na prática,
algumas dessas orientações não foram seguidas pelos órgãos locais, que continuaram promovendo o
recolhimento da contribuição previdenciária dos candidatos em estágio experimental ao
Rioprevidência (bem como não houve a devida parametrização do SIGRH), fato que ensejou
diversas controvérsias, bem como ensejou a presente consulta.

Definido que os candidatos não eram considerados servidores efetivos, para fins de vinculação ao regime
estatutário do Estado do Rio de Janeiro, a Procuradoria Geral do Estado e esta Diretoria Jurídica se
manifestaram também sobre o regime previdenciário aplicável. Vejamos.

No âmbito da PGE-RJ, desde, pelo menos, o ano de 2005, o entendimento constou no Parecer 001/2005 –
FDCB. Contudo, para a solução da questão ora posta, destacam-se os três mais relevantes, a saber: Parecer
FBM/PG-04 n° 8/2009[4]; PARECER 01/2010 – FSM[5]; e Parecer n° 09/2010 – FBM/PG-4[6].

O primeiro deles é o Parecer FBM/PG-04 n° 8/2009, de lavra do i. Procurador do Estado Fernando


Barbalho Martins, aprovado pelo então Subprocurador-Geral do Estado, Sérgio Pyrrho. Neste parecer, foi
reconhecido, mais uma vez, que os “candidatos estagiários” não são servidores efetivos, ao menos até sua
nomeação, contudo, reconheceu-se que o período do estágio experimental deve ser considerado para fins
de contagem do período aquisitivo das férias anuais remuneradas[7].

O importante a se destacar é que este Parecer FBM/PG-04 n° 8/2009 foi aprovado conjuntamente com
o PARECER 01/2010 – FSM, de lavra do i. Procurador do Estado Fábio Santos Macedo, concluiu que,
diante do fato do candidato estagiário não ser servidor público, não incidiria a contribuição previdenciária
para o regime próprio, por ausência de previsão legal específica. Veja-se:

Como restou demonstrado, o candidato em estágio experimental não possui a


qualidade de servidor público e, portanto, não se enquadra como contribuinte do
tributo (contribuição previdenciária). (Grifos no original)
(...)
Pelo exposto, por não se enquadrar no rol dos contribuintes do Regime de
Previdência dos Servidores Públicos do Estado do Rio de Janeiro, não deve

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incidir contribuição previdenciária sobre a remuneração dos candidatos em


estágio experimental.
Por fim, caso a exação tenha incidido, é necessário que se restitua aos estagiários o
valor recolhido a título de contribuição previdenciária, devidamente corrigido.
(grifou-se).

Este último Parecer foi aprovado pela Procuradoria Previdenciária, com visto aposto pelo i. Procurador do
Estado Marcos Bueno Brandão da Penha, no qual consignou que os candidatos estagiários seriam
segurados obrigatórios do RGPS. Veja-se:

Por outro lado, certo é que os aludidos candidatos prestam serviço à Procuradoria
Geral do Estado em caráter não eventual, sob subordinação e mediante
remuneração, atraindo a incidência da norma prevista no artigo 11 da Lei
8.213/91 que indica os segurados obrigatórios do regime geral de previdência
social (RGPS).
Destaque-se, ainda, que, nos termos do citado diploma federal o conceito de
empresa abarca os órgãos e entidades da administração pública direta,
indireta e fundacional (artigo 14, I), e que, conforme previsto no artigo 195, I,
da Constituição da República, as contribuições sociais incidem sobre os
rendimentos do trabalho pago ou creditado, a qualquer título, à pessoa física que
lhe preste serviço, mesmo na ausência de vínculo empregatício.
Assim, é inarredável a conclusão de que; os candidatos em estágio
experimental são contribuintes obrigatórios da Previdência Social, sendo,
portanto, obrigatório o desconto da contribuição social em favor do Instituto
Nacional de Seguro Social (INSS). (grifou-se)

Conforme acima mencionado, tanto o Parecer FBM/PG-04 n° 8/2009, quanto o Parecer nº 01/2010 – FSM,
foram aprovados por visto conjunto do então Subprocurador-Geral do Estado, nos seguintes termos:

(...) firmo o entendimento desta Procuradoria Geral no seguinte sentido: (1°) o


tempo de “estágio” deve ser contabilizado para efeito de reconhecimento do direito
constitucional ao gozo de férias anuais; (2°) durante o tempo de “estágio”, os
candidatos figuram como contribuintes obrigatórios da Previdência Social,
sendo obrigatório o desconto da contribuição social em favor do Instituto
Nacional de Seguro Social- INSS. (grifou-se).

Após a aposição do visto, foi elaborado um terceiro parecer, Parecer n° 09/2010 – FBM/PG-4, de
lavra do i. Procurador do Estado, Dr. Fernando Barbalho Martins, que veio complementar o já mencionado
Parecer n° 08/2009 – FBM, tratando sobre a impossibilidade de cômputo do período de estágio
experimental para fins de licença-prêmio e percepção de triênios. Esse parecer n° 09/2010 – FBM/PG-4[8]
foi aprovado com visto aposto pelo então Subprocurador-Geral, Dr. Sérgio Pyrrho, nos seguintes termos:

APROVO o Parecer n° 09/2010-FBM, da lavra do Procurador-Chefe da


Procuradoria de Pessoal, FERNANDO BARBALHO MARTINS, que, em resposta
a consulta formulada pelo então Gerente de Recursos Humanos, Dr. José
Albuquerque Guerreiro, concluí que, à vista do art. 2°, § 7°, do Decreto-lei n°
220/1979, não é permitida a contagem do tempo de estágio experimental para
outro fim que não a concessão de férias (garantia constitucional).

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Pois bem. Esse é o tratamento, tanto em termos legais, quanto ao entendimento consolidado e
pacificado na PGE-RJ – jamais houve controvérsia sobre o ponto – e é como vem se guiando o
próprio Rioprevidência relativamente à matéria.

No âmbito interno do Rioprevidência, pode-se destacar um primeiro pronunciamento exarado no Parecer


[9]
RIOPREV/CCN n° 200/2016 – ABPS , aprovado pelo então Diretor Jurídico, cuja conclusão foi no
mesmo sentido de que não há vinculação entre o estagiário e o Rioprevidência. Isto é, sua vinculação
previdenciária é com o RGPS, devendo as contribuições serem vertidas para aquele regime. Somente em
caso de aprovação no estágio experimental, com a consequente nomeação para o cargo público, é
que o candidato passaria a ser servidor efetivo e vinculado ao RPPS, nascendo para ele, neste
momento, a possibilidade de promover a averbação do tempo de contribuição do RGPS (por meio
de emissão de CTC a ser expedida pelo INSS) para o Estado, através do mecanismo chamado
contagem recíproca, previsto no art. 201, §9º da Constituição do Estado:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de
Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da
lei, a:
§ 9º Para fins de aposentadoria, será assegurada a contagem recíproca do tempo
de contribuição entre o Regime Geral de Previdência Social e os regimes
próprios de previdência social, e destes entre si, observada a compensação
financeira, de acordo com os critérios estabelecidos em lei. (grifou-se)

Partindo das mesmas premissas constantes dos precedentes consolidados da D. PGE, o


Parecer/RIOPREVIDENCIA/DJU nº 03/2019 – DFSM, bem destacou que antes do advento da Emenda
Constitucional nº 20 de 1998, o ente federativo tinha autonomia para legislar e definir quais seriam os
segurados do seu regime de previdência. Ainda assim, a Lei Estadual 285/79, revogada pela Lei
5.260/08, não estabeleceu no rol de segurados obrigatórios o candidato em estágio experimental.

Após a promulgação da Emenda Constitucional nº 20 de 1998, tal faculdade legislativa dos entes
subnacionais deixou de existir, sendo os segurados do regime próprio aqueles definidos pelo texto
constitucional, o qual, segundo a redação conferida ao caput do artigo 40, combinado com o seu §13,
limitou a sua incidência aos servidores titulares de cargo efetivo.

Em síntese, pode-se afirmar que: (i) candidato no exercício de estágio experimental não era servidor
público efetivo, uma vez que o estágio se constituía em fase do concurso público (Decreto-Lei n°
220/1975 e entendimento consolidado da PGE); (ii) inexistia previsão na Lei Estadual de enquadramento
do estagiário ao RPPS; (iii) após o advento da Emenda nº 20/98, somente os servidores efetivos ficaram
vinculados ao RPPS; (iv) o candidato, pelas normas regentes do regime geral, se enquadrava no conceito
de segurado, bem como o Estado se inseria no conceito de empregador, sendo devidas as contribuições ao
INSS.

De se destacar, contudo, que recentemente em 14/05/2021, a Promoção PGE/PG7 MMPF/2021, de lavra


da Procuradora-Chefe da Procuradoria Previdenciária Maurine Morgan Pimentel Feitosa, chancelada pelo
Subprocurador-Geral do Estado Flávio de Araújo Willeman, proferida no bojo do processo
SEI14/0001/080511/2020, que traz entendimento diverso daqueles constantes dos pareceres acima
colacionados.

Vejamos. A referida promoção analisou o caso em que ex-servidora da PGE-RJ requereu a homologação
da Certidão de Tempo de Contribuição, no qual consta o tempo em exercício de estágio experimental,
etapa de concurso.
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A despeito do histórico de entendimentos já consolidados pela PGE-RJ – acima citados – a Promoção


PGE/PG7 MMPF/2021 adotou entendimento diametralmente oposto, reconhecendo a possibilidade de
emissão da CTC, computando o período de estágio experimental. O fundamento adotado foi o fato de a
jurisprudência amplamente majoritária no âmbito do TJRJ inclina-se por admitir a emissão da CTC em
tais casos, por ponderar que a responsabilidade pelo recolhimento indevido não pode ser imputada ao
servidor, que sofreu o desconto em sua remuneração.

Ressalte-se que a promoção foi inteiramente aprovada pelo Subprocurador-Geral do Estado, nos seguintes
termos:

VISTO. APROVO a Promoção PGE/PG7 MMPF/ 2021, da lavra da ilustre


Procuradora-Chefe da Procuradoria Previdência, Dra. MAURINE MORGAN
PIMENTEL FEITOSA (indexador nº 16919355).
Assim, observada a jurisprudência pacífica do Tribunal de Justiça deste Estado,
bem como os contracheques da requerente (indexador nº 10004218), comprovando
o recolhimento para o Rioprevidência, conclui-se pela emissão da Certidão de
Tempo de Contribuição, computando o período de estágio experimental.
Destaca-se que não se está a analisar eventual regularização das contribuições
previdenciárias vertidas ao Rioprevidência, o que deverá ser objeto de eventual
apreciação específica naquela autarquia.

De se destacar que, além dos 3 julgados mencionados na Promoção, foram encontrados outros acórdãos de
lavra do TJRJ, dentre os quais:

MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO ADMINISTRATIVO. ESTÁGIO


EXPERIMENTAL. CERTIDÃO DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.
PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE. REJEIÇÃO. CERTIDÃO.
RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DURANTE O
ESTÁGIO PROBATÓRIO, CONFORME LEGISLAÇÃO VIGENTE À ÉPOCA.
CONCESSÃO DA SEGURANÇA PARA ORDENAR AO RIOPREVIDÊNCIA
QUE EXPEÇA A CERTIDÃO DE TEMPO DE SERVIÇO DA IMPETRANTE
CONSIDERANDO TODO O TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO, INCLUINDO O
ESTÁGIO PROBATÓRIO, ISTO É, DE FEVEREIRO DE 2002 ATÉ ABRIL DE
2011.
(Mandado de Segurança nº 0036890-69.2019.8.19.0000 - Relatora: Des.
CLAUDIA PIRES DOS SANTOS FERREIRA – Data: 03/04/2019)

MANDADO DE SEGURANÇA. EX-SERVIDORA DO ESTADO DO RIO DE


JANEIRO. PEDIDO DE CERTIDÃO DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO
RELATIVA A PERÍODO COMO SERVIDORA ESTADUAL NEGADO.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA QUE NÃO CONSIDEROU O CÔMPUTO DO
PERÍODO DE ESTÁGIO EXPERIMENTAL. CONTRIBUIÇÕES
PREVIDENCIÁRIAS RECOLHIDAS DURANTE TODO O PERÍODO.
CONTAGEM DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO DEVIDA. DIREITO LÍQUIDO
E CERTO DEMONSTRADO. ADMINISTRAÇÃO QUE DEVE OBSERVAR OS
DIREITOS E INTERESSES LEGÍTIMOS DOS ADMINISTRADOS. 1. De saída,
cumpre reconhecer a ilegitimidade passiva da terceira impetrada (INSS) para o
presente mandamus, tendo em vista não ser ela a autoridade que praticou o ato
impugnado ou da qual provenha a ordem para a sua prática, uma vez que se trata
de emissão de certidão de tempo de contribuição que não considerou o período

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contributivo de estágio experimental de 18/09/1999 a 06/05/2002 da servidora


pública estadual, ora impetrante. 2. No que se refere a preliminar arguida pelo
segundo impetrado de falta de interesse processual, verifica-se que tal irresignação
não deve prosperar. Isso porque, ao revés do que sustenta o impetrado não há que
se falar em falta de interesse processual, por ausência de decisão administrativa,
uma vez que, após o requerimento da impetrante na esfera administrativa (fl.22),
lhe foi negado o computo do período do estágio experimental, conforme se verifica
dos documentos acostados ao processo. 3. No mérito, da análise dos documentos
que instruem os autos, depreende-se que assiste razão à impetrante. De fato, há o
direito líquido e certo da impetrante de obter a certidão de tempo de contribuição
requerida. Acerca do tema, cumpre observar que o estágio experimental possuía
previsão no Decreto-Lei n.º 220/1975 que foi extinto pela Lei Complementar n.º
140/2011; e que o estágio experimental era considerado uma etapa do concurso
público, sendo uma verdadeira prova prática a ser objeto de aprovação ou
reprovação do indivíduo. 4. Não obstante a impetrante tenha exercido a atividade
como estagiária, não há dúvidas que para fins previdenciários, a mesmo deveria
proceder o recolhimento ao Regime Próprio de Previdência. A circunstância de se
encontrar em estágio experimental e não ser considerada servidora pública, não
impede a contagem do tempo para os fins previdenciários, bem como não há que
se discutir acerca da regularidade do recolhimento ao RPPS ou RGPS. 5. Por outro
lado, a justificação de recolhimento equivocado, não pode excluir o dever da
Administração Pública de emitir a certidão, uma vez que de acordo com a natureza
contributiva do sistema previdenciário constitucional, a impetrante pode requerer a
certidão atestando o tempo de serviço público laborado, a ser apresentada perante
ao órgão previdenciário responsável pela concessão da aposentadoria.
CONCESSÃO DA SEGURANÇA.
(MANDADO DE SEGURANÇA Nº. 0047624-79.2019.8.19.0000 - RELATOR:
DES. WILSON DO NASCIMENTO REIS – Data: 18/12/2019)

MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO ADMINISTRATIVO E


PREVIDENCIÁRIO. ESTÁGIO EXPERIMENTAL. RECOLHIMENTO PARA
PREVIDÊNCIA DO ESTADO. CÔMPUTO DO PERÍODO DE ESTÁGIO
EXPERIMENTAL PARA FINS DA CONCESSÃO DA CERTIDÃO DE TEMPO
DE CONTRIBUIÇÃO DA ORA IMPETRANTE. EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO
DE TEMPO E CONTRIBUIÇÃO PARA EFEITOS DE APOSENTADORIA.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA QUE NÃO CONSIDEROU O CÔMPUTO DO
PERÍODO DE ESTÁGIO EXPERIMENTAL. CONTRIBUIÇÕES
PREVIDENCIÁRIAS RECOLHIDAS DURANTE TODO O PERÍODO,
INCLUSIVE O DO ESTÁGIO EXPERIMENTAL. CONTAGEM DO TEMPO DE
CONTRIBUIÇÃO DEVIDA. PROVAS CARREADAS AOS AUTOS QUE
DEMONSTRAM O VÍNCULO DO ESTÁGIO EXPERIMENTAL E O EFETIVO
JUNTO À SECRETARIA ESTADUAL DE SÁUDE. DIREITO LÍQUIDO E
CERTO DEMONSTRADO. CONCESSÃO DA SEGURANÇA.
(Mandado de Segurança nº 0063249-56.2019.8.19.0000 - Relator: Desembargador
Luiz Henrique Oliveira Marques – Data:28/08/2020)

Mandado de segurança. Certidão de tempo de contribuição. Inclusão de período de


estágio experimental. Cabimento. Demora na investidura. Efetivo desconto da
contribuição previdenciária. O mandado de segurança é ação de natureza sumária,
exigindo para sua impetração prova pré-constituída dos fatos alegados como
condição essencial à verificação do direito líquido e certo, mostrando-se a dilação
probatória incompatível com a natureza da ação mandamental. Pretensão de
expedição e certidão de tempo de contribuição. Os fatos narrados estão
comprovados pelos documentos juntados que constituem prova suficiente do
direito líquido e certo, devendo ser conhecido o mandamus. No que tange ao
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mérito propriamente dito, deve ser concedida a segurança. Artigo 5º, XXXIV, ‘b’
da Constituição da Repúbica – direito à obtenção de certidões. Divergem as partes
sobre o período a ser abrangido na referida certidão. A impetrante entende que
deve ser reconhecido como tempo de contribuição todo o período em que exerceu
função pública - 24/09/2001 a 08/03/2007. A Fazenda Pública, por sua vez, afirma
que deve ser excluído o tempo relativo ao estágio experimental. O Decreto nº
2479/79, que regulamenta o Decreto-Lei nº 220/75, determinava que o estágio
experimental teria prazo de duração não inferior a 6 (seis) nem superior a 12
(doze) meses (artigo 8º, inciso V). No caso em análise, a Administração Pública
não esclarece o lapso de tempo previsto no edital para o estágio experimental, mas
é patente que os limites temporais foram ultrapassados. De fato, a certidão emitida
pelo órgão ao qual estava vinculado a impetrada informa que seu estágio
experimental teve início em 24/09/2001 e término em 22/02/2005, véspera da data
da investidura. Consta-se, portanto, que houve exercício de atividade pública por
03 (três) anos e 04 (quatro) meses sem a efetiva nomeação no cargo público. Ora,
competindo à autoridade impetrada a investidura do candidato dentro do prazo
legal e tendo ocorrido efetivo exercício da função pública, não pode a servidora ser
prejudicada pela inércia da Administração. Acrescente-se que os contracheques
juntados (anexo I) comprovam que houve regulares descontos previdenciários para
o Rioprevidência desde 2001, ou seja, antes da investidura. Note-se que tal
informação não é rechaçada pelos impetrados que se limitam a afirmar que
eventual contribuição irregular para a previdência deve ser regularizada e não
convalidada, não podendo ser consideradas tempo de contribuição do servidor,
para fins de aposentadoria. Assim, tendo a impetrante exercido a função de técnico
de enfermagem no período compreendido entre 24/09/2001 e 07/03/2007 com
recolhimento de contribuição previdenciária de 11% (onze por cento) para o
Rioprevidência e levando-se em consideração o cabimento da utilização analógica
do artigo 3º do Decreto-Lei 220/75 - que considerava o tempo de estágio
experimental como de efetivo exercício para aquisição de estabilidade – não se
vislumbra qualquer óbice à inclusão do período em sua certidão de tempo de
contribuição. Concessão da ordem.
(Mandado de Segurança nº 0060974-03.2020.8.19.0000 - Relator: Desembargador
Mario Assis Gonçalves – Data: 12/06/2021)

Verifica-se, portanto, que o fundamento jurídico amplamente difundido nas decisões judiciais é no sentido
de que o servidor não pode ser prejudicado pelo recolhimento indevido realizado pelo seu órgão de
origem. Cabe pois, ao órgão de origem regularizar a situação do recolhimento indevidamente feito ao
Rioprevidência.

Todavia, apesar de o recolhimento indevido ser realizado pelo órgão de origem do servidor, e não pela
autarquia, na qualidade de gestora do regime próprio de previdência, é esta que estabelece a relação
direta com a Secretaria de Previdência Social, sendo que eventual sancionamento aplicado em razão do
não adequado recolhimento da contribuição previdenciária ao RGPS atinge todo o Estado enquanto ente
estatal, podendo sofrer bloqueio dos repasses de transferência voluntária de recursos da União,
impedimento para celebrar acordos, contratos, convênios ou ajustes, bem como receber
empréstimos, financiamentos, avais e subvenções em geral de órgãos ou entidades da Administração
direta e indireta da União e a suspensão de empréstimos e financiamentos por instituições
financeiras federais, conforme disposto no art. 7º, da Lei 9.717/98 e art. 4º, da Portaria MPS nº 204/2008.

Sobre o ponto, cumpre ressaltar que o tema relativo ao estágio experimental foi objeto de consulta à
Secretaria de Previdência, na época vinculada ao Ministério da Fazenda, que, na Nota Técnica SEI n°
6/2018/DIVON/COINT/CGNAL/SRPPS/SPREV-MF, citando a Nota
113/2016/CGNAL/DRPSP/SPPS/MF, apresentou sua orientação[10] no sentido da impossibilidade de
emissão/homologação de CTC referente ao período de estágio experimental no qual não havia
vinculação constitucional ou legal ao RPPS, ainda que as contribuições previdenciárias dos
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candidatos estagiários tenham sido indevidamente dirigidas a este regime. A orientação foi no
sentido de se proceder à regularização da situação de todos os candidatos estagiários.

Merece destaque, neste tópico, as consequências da ausência de regularização, junto ao INSS, das
contribuições previdenciárias recolhidas indevidamente pelo órgão de origem do servidor, conforme
destacado pela Nota 113/2016/CGNAL/DRPSP/SPPS/MF. Vejamos:

44. Nesse sentido, se a CTC for emitida indevidamente, também serão indevidas a
sua utilização para fins de concessão de aposentadoria em outro regime e a
compensação financeira que dela decorrer. Dessa forma, eventual utilização de
recursos previdenciários para pagamentos dessa compensação também será
considerada indevida.
45. Vale lembrar que a utilização indevida de recursos previdenciários é fator
impeditivo para a obtenção pelo ente federativo do Certificado de
Regularidade Previdenciária – CRP, conforme prevê o art. 5°, VI, da Portaria
MPS n° 204/2008. (Grifou-se)

E mais: não é de hoje que se verifica a conduta reiterada de órgãos setoriais de recursos humanos,
promovendo inclusive o lançamento no sistema do SIGRH e na ficha funcional do servidor,
equivocadamente, de período referente ao cumprimento de estágio experimental como se fosse de
serviço público, não tendo havido a padronização no referido sistema e não tendo havido retificação das
situações irregulares.

Dito isso, é inequívoca a responsabilidade do órgão setorial de recursos humanos ao qual o servidor
está vinculado para a necessária promoção da retificação dos atos praticados equivocadamente e, ainda,
com vistas à regularização do recolhimento das contribuições previdenciárias junto ao INSS, órgão
ao qual estavam obrigatoriamente vinculados no período de estágio experimental.

Pois bem. A resposta à consulta à Secretaria de Fazenda formulada pelo Rioprevidência, com fundamento
na análise feita pelo Parecer/RIOPREVIDÊNCIA/DJU N° 01/2018 – MLMB, tomou por base as
conclusões proferidas em um pronunciamento anterior, consubstanciado na Nota Técnica
113/2016/CGNAL/DRPSP/SPPS/MF.

Este primeiro ato analisou a questão relativa à emissão da CTC de período recolhido indevidamente para o
RPPS, definindo-se que os regimes próprios só poderiam certificar o período do exercício efetivo de
cargos e funções inseridos em seu próprio sistema, de acordo com as normas vigentes, sendo atribuído
ao ente a responsabilidade de regularizar a situação jurídico-funcional do candidato, devendo, ainda,
providenciar, concomitantemente, em procedimento autônomo, o acerto de contas junto ao INSS.

A emissão da certidão de tempo de contribuição por si só pressupõe que a aposentadoria se dará em outros
regimes previdenciários, sendo certo que a regularização perante o RGPS se torna pressuposto
inequívoco para o candidato obter o benefício da aposentadoria, ante a impossibilidade de o
Rioprevidência atestar o referido período, ainda que tenham sido vertidas as contribuições ao RPPS,
como visto nos precedentes acima colacionados. Esse é, até o momento, o entendimento adotado pelo
Rioprevidência.

Salienta-se que parece inequívoco que a avaliação deste pronunciamento se dê em conjunto com o
Parecer/RIOPREVIDÊNCIA/ DJU n° 03/2019 – DFSM - pendente de visto da Procuradoria Geral
do Estado, que buscando conciliar a regularização da situação dos candidatos estagiários com a Nota
Técnica do Ministério da Fazenda, identificou três situações possíveis de enquadramento dos candidatos
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estagiários, sendo elas: 1ª - candidato estagiário submetido ao estágio experimental em tempo superior ao
previsto no edital e na legislação (12 meses), quando aprovado e nomeado a destempo; 2ª - candidato
estagiário submetido ao estágio experimental em tempo superior ao previsto no edital e na legislação
(máximo 12 meses), quando NÃO aprovado/nomeado ou quando haja desistido dessa fase, e que
contribuiu para o RPPS; 3ª - candidato estagiário submetido ao estágio experimental no tempo previsto no
edital, em consonância com a legislação (12 meses), e que contribuiu para o RPPS.

Foi apresentada, assim, uma solução para cada uma das situações acima narradas. Tendo em vista a
pertinência de suas conclusões à presente consulta, cabe aqui transcrevê-las:
Sendo assim, conclui-se que o candidato estagiário não era considerado segurado
obrigatório do RPPS, seja antes da EC n° 20/98 - pois, a legislação estadual não o
elencava como segurado obrigatório - seja depois - em razão de expressa
disposição constitucional determinando apenas os servidores efetivos. Por essa
razão, é evidente que, durante o período de estágio experimental, as contribuições
previdenciárias deveriam ter sido integralmente destinadas ao RGPS. (Grifos no
original)
(...)
A despeito dos entendimentos acima fixados, amparados pela estrita legalidade,
identificou-se um quadro fático de considerável complexidade no Estado do Rio de
Janeiro, no qual (i) os candidatos estagiários foram mantidos nessa condição além
do prazo previsto em edital e na lei (máximo de 12 meses) - obstando-os de se
tornarem servidores públicos efetivos no tempo esperado (ii) bem como tiveram
suas contribuições indevidamente vertidas ao RPPS.
(...)
Nesse sentido, buscando-se solucionar o quadro fático acima apresentado, esta
Diretoria Jurídica elaborou o Parecer/RIOPREVIDENCIA/DJU n 01/2018 -
MLMB, no qual foi sugerida a revisão da orientação outrora adotada (pautada no
princípio da legalidade) para que, em homenagem aos princípios da segurança
jurídica e da boa-fé, e ainda, diante da judicialização da questão, fossem
emitidas/homologadas as CTCs dos candidatos estagiários pelo RPPS estadual.
(...)
O referido parecer foi submetido à Secretaria de Previdência Social do Ministério
da Fazenda, compartilhando a solução ora proposta, a fim de se evitar eventual
dissonância de entendimentos, com consequências negativas para os administrados
e para o Rioprevidência. A resposta foi apresentada através da Nota Técnica Sei
n° 6/2018/DIVON/COINT/CGNAL/SRPPS/SPREV-MF que, diante da
constatação de que houve equívoco no recolhimento das contribuições, assim
asseverou: (Grifos no original)
(...)
Desta feita, consignou-se que o Rioprevidência, enquanto Unidade Gestora única,
deve atuar nos estritos limites de suas atribuições, não lhe sendo autorizado emitir
CTC de período em que o vínculo previdenciário se dava com o RGPS, mesmo
que as contribuições tenham sido indevidamente vertidas para o Regime Próprio.
Eventual omissão/ilegalidade cometida pelo Ente, não autorizaria a Unidade
Gestora a proceder em afronta a texto legal e constitucional.
(...)
Por todo o exposto, conclui-se pelos seguintes apontamentos, os quais solucionam
as questões trazidas às fls. 75:
a) Não se deve rever todas as CTCs homologadas, seja pela inviabilidade técnica -
por falta de pessoal para tanto - ou pela baixa efetividade da medida. Desta feita a
análise de prazo prescricional/decadencial para tal está prejudicada. Contudo,

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05/07/2022 15:53 SEI/ERJ - 18670001 - Parecer

entende-se pela impossibilidade de homologação de CTCs, ulteriores, que incluam


o período de estágio experimental (entendimento este adotado pelo Rioprevidência
no Parecer/RIOPREV/CCN n° 200/2016 - APBS);
b) Quanto às CTCs que contenham período de estágio experimental antes do
advento da Emenda Constitucional nº 20/1998, considerando que o critério
utilizado era “tempo de serviço” e que cabia no Ente estabelecer quem era
vinculado ao RPPS, conclui-se que os candidatos estagiários não eram
considerados segurados, com fulcro na legislação local (art. 8° do Decreto nº
275/7917 art. 10 e 12 do Decreto nº 2479/79 e art. 2º do Decreto-Lei n° 220/75) e
entendimentos adotados pela Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro
(Pareceres n° 08/99 – AMM, n° 06/2000 – AMM, n° 04/2000 – FAAR e n°
08/2002 – MOBC, n° 01/2005 – FDCB, n° 01/2010 – FSM). Sendo assim, nos
casos de certidões pendentes de emissão/homologação deve-se adotar o
entendimento exarado no Parecer/RIOPREV/CCN n° 200/2016 – APBS. Portanto,
o período de estágio experimental, em regra, não deverá ser contabilizado, salvo
existência de decisão judicial em sentido diverso. No caso das CTCs já
homologadas, estas não devem ser revistas de ofício, diante da impossibilidade
material da área técnica; (Grifos no original)
c) A orientação a ser dada aos Órgãos Setoriais de Recursos Humanos é a de que
as CTCs não devem incluir o período de estágio experimental, ainda que as
contribuições previdenciárias tenham sido indevidamente vertidas ao RPPS. pelos
argumentos já expostos (entendimento este fixado pelo Rioprevidência desde
2016). Contudo, sugere-se no bojo deste parecer as seguintes soluções para
casos específicos submetidos à análise jurídica com certa habitualidade:
(Grifos no original)
(c.1) em relação ao candidato estagiário submetido ao estágio experimental
em tempo superior ao previsto no edital e na legislação (12 meses), quando
aprovado e nomeado a destempo, entende-se pela necessidade de
regularização da sua situação funcional pelo órgão de origem. Havendo a
correção dessa situação. o processo administrativo deverá ser devolvido ao
Rioprevidência, sendo então, possível, a homologação da CTC que atestar: i) o
período de contribuição ao RPPS, na qualidade de servidor (tendo em vista a
regularização da situação); ii) o período anterior à vigência da EC n 20/98, na
qualidade de servidor, ainda que sem contribuição ao RPPS (desde que não tenha
havido contribuição para o RGPS, em razão desse cargo), já que a imposição de
contributividade foi introduzida pela referida emenda (entendimento pacífico da
Diretoria Jurídica do Rioprevidência e da Procuradoria Geral do Estado do Rio de
Janeiro nesse sentido): (Grifos no original)
(c.2) em relação ao candidato estagiário submetido ao estágio experimental em
tempo superior ao previsto no edital e na legislação (máximo 12 meses), quando
NÃO aprovado/nomeado ou quando haja desistido dessa fase, e que contribuiu
para o RPPS, entende-se pela aplicabilidade da solução adotada no
Parecer/RIOPREV/DJU n° 5/2017 - MSG, sendo necessária a regularização do
recolhimento efetuado de forma equivocada pelo órgão de origem do servidor,
(Grifos no original)
(c.3) em relação ao candidato estagiário submetido ao estágio experimental no
tempo previsto no edital, em consonância com a legislação (12 meses), e que
contribuiu para o RPPS, também se entende pelo mesmo desfecho defendido no
Parecer/RIOPREV/DJU n° 5/2017 - MSG, sendo necessária a regularização do
recolhimento efetuado de forma equivocada pelo órgão de origem do servidor:
(Grifos no original)
d) Quanto à orientação a ser dada aos Órgãos Setoriais de Origem em relação à
regularização das contribuições previdenciárias vertidas ao RPPS, considerando o
disposto às fls. 70, bem como as providencias estabelecidas no visto ao
Parecer/RIOPREV/DJU n° 5/2017 - MSG, cabe ao órgão ou entidade a que esteve
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vinculado o candidato estagiário regularizar a situação administrativo funcional e


realizar o correto recolhimento das contribuições previdenciárias em favor do
INSS, nos termos do item anterior. (Grifos no original)”.

Diante desses entendimentos, duas situações casuísticas podem ser levantadas: (i) o candidato pode
se aposentar em outro regime, seja pelo RGPS ou RPPS de outro ente; (ii) o candidato pode
permanecer vinculado ao RPPS do Estado do Rio de Janeiro e se aposentar de acordo com as regras
deste regime.

Ressalta-se que para a presente consulta analisaremos mais detalhadamente a segunda situação,
quando o candidato permanece vinculado ao RPPS do Estado do Rio de Janeiro e pretende a
aposentadoria de acordo com as regras deste regime.

C) Da presente consulta: impactos da regularização da vida funcional do servidor no SIGRH.


Necessidade de Regularização junto ao INSS.

Até então, o caso do candidato que cumpriu estágio experimental foi analisado pela perspectiva da
emissão da CTC, ou seja, sobre a possibilidade jurídica de o Rioprevidência atestar, ou não, o tempo de
contribuição do estágio experimental nas declarações a ele requeridas.

Ocorre que, para a presente análise, merece destaque a primeira Nota Técnica 113/2016 - MF, cuja
orientação foi no sentido de que a aposentadoria se dará no regime previdenciário ao qual o servidor
estiver vinculado no momento em que preencher os requisitos para inatividade, vejamos:

“O servidor deverá ser aposentado no regime previdenciário ao qual estiver


legalmente vinculado no momento em que preencher os requisitos exigidos para
tanto, ainda que as contribuições tenham sido vertidas indevidamente a outro
regime. O processo de acerto de contas com o RGPS, em razão da inexistência de
vínculo legal do servidor com o RPPS, tramita separadamente do processo de
requerimento de aposentadoria do servidor. O acerto de contas será processado
pela Secretaria da Receita Federal, enquanto que o benefício de aposentadoria
será processado no INSS”. (grifou-se)

Este trecho traz uma conclusão importante: o processo de aposentadoria corre em separado do
processo de acerto de contas no caso de recolhimento indevido de contribuições previdenciárias,
sendo necessário tratar o caso também por esta ótica.

Desse modo, parece-nos que na segunda situação específica (o candidato pode permanecer vinculado ao
RPPS do Estado do Rio de Janeiro e se aposentar de acordo com as regras deste regime), pelo princípio da
eficiência, pode ser solucionada de forma mais célere: os casos em que a aposentadoria será vinculada ao
próprio Rioprevidência.

É isto que se propõe analisar neste momento.

Caso se mantenha o entendimento até então adotado pela D. PGE – o que ora se preconiza – e seguido
pelo Rioprevidência, e caso sejam observadas as bases de interpretação e orientação do Ministério da
Fazenda mencionadas nos tópicos anteriores, cabe apontar algumas considerações sobre os processos de
aposentadoria cujo vínculo se dará exclusivamente com o Rioprevidência, como gestor e fonte pagadora
do regime próprio dos servidores do Estado do Rio de Janeiro:
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Quanto à situação do candidato estagiário, que aprovado no certame, permaneceu exercendo cargo
efetivo na Administração Pública Estadual e está vinculado, desde então, ao Estatuto dos Servidores
do Estado e ao RPPS.

No cenário ideal, nota-se que a compensação previdenciária, a teor do art. 4º da Lei 9.796/1999, seria
devida por parte do INSS - RGPS (caso os recolhimentos previdenciários tivessem sido corretamente
efetuados) ao RPPS, que é quem irá instituir e pagar os proventos de aposentadoria. Contudo, esse não é o
caso fático (e o da maioria esmagadora das situações que acontecem no Estado).

Considerando que o candidato estagiário é segurado obrigatório do RGPS, desse modo é


imprescindível a regularização da vida funcional do servidor, que pretende se aposentador no RPPS,
uma vez que a data do ingresso no serviço público somente ocorreu após aprovação de todas as
etapas do concurso, incluindo o estágio experimental como fase do concurso. Ademais, a data de
ingresso impacta (necessariamente) na identificação da regra de aposentadoria aplicável no caso
concreto.

Conforme já mencionado anteriormente, não cabe falar em prejuízo ao servidor, eis que sempre será
possível a averbação junto ao Estado do tempo de contribuição do estágio experimental ao RGPS.
Para tanto, será necessário que o setor de RH do órgão de origem promova a regularização dos
recolhimentos junto ao INSS, para que a autarquia federal possa fornecer a CTC correspondente.

Vale dizer, o servidor não deverá ser penalizado recolhimento indevido realizado por seu órgão de origem
e, ainda, pelas premissas estabelecidas na Nota Técnica 6/2018/DIVON/COINT/CGNAL
SRPPS/SPREV/MF, o processo de aposentadoria é um e a compensação financeira é outro, que deve ser
feito perante à Receita Federal (por meio de acerto de contas). Por outro lado, decisões judiciais que
determinam a homologação de CTC pelo Rioprevidência revelam-se manifestamente contra legem e
revelam uma incompreensão por parte do Poder Judiciário acerca do tema, conforme vastamente
demonstrado ao longo do presente opinamento. Eis mais uma razão pela qual demonstram-se patentes
a utilidade e premência de se conferir efeitos normativos ao presente opinamento.

Entende-se, por fim, que os processos de aposentadoria vinculados ao RPPS do Estado devem
prosseguir sem a necessidade de regularização financeira prévia à aposentadoria, cabendo o ajuste
de contas ocorrer paralelamente pelo órgão de origem do servidor junto à Receita Federal.

Esta conclusão privilegia o princípio da eficiência e da Administração Pública de resultados, conceito


que hoje vem largamente sendo aplicado pela doutrina, verbis:

(...) A eficiência administrativa é o dever de escolha de melhores e menos custosos


meios para a produção da maior satisfação para o maior número de cidadãos,
mas dentro das possibilidades legalmente admissíveis e dentro das interpretações
plausíveis que existirem. Ou seja, o princípio da eficiência deve ser visto sempre
dentro da legalidade: deve-se observar a opção interpretativa ou discricionária
mais eficiente que a lei admitir.
Não se trata de descumprir o ordenamento jurídico, mas apenas de, no processo
de sua aplicação, prestigiar os seus objetivos maiores e consequências práticas
da decisão a ser tomada, em vez de se focar apenas na subsunção formal às suas
regras”.(grifou-se)[11].

É
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É importante dizer que, que não é preciso maior reforço interpretativo sobre a solução proposta, tendo em
vista o entendimento exposto pelo Ministério da Fazenda sobre a diferença procedimental entre o processo
de compensação financeira entre os regimes e a concessão em si da aposentadoria que deve ser efetivada
pelo regime de vinculação ao tempo do preenchimento dos requisitos.

Cabe complementar este argumento com a disposição do art. 22 da Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro – LINDB (Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942), que tem como uma de suas
finalidades efetivar o princípio da eficiência e da segurança jurídica.

Segundo o dispositivo, devem ser considerados na interpretação das normas o caso concreto em si, “os
obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem
prejuízo dos direitos dos administrados”, esta é, inclusive, a lógica por trás de todos os dispositivos
inseridos à LINDB pela Lei Federal 13.655/2018, como se percebe pelo caput dos artigos 20[12] e 21[13],
que também ressaltam a necessidade de análise do caso concreto no atuar da Administração Pública.

Sendo assim, deve-se buscar a medida mais factível dentro do cenário posto, ou seja, buscar a solução
menos burocrática, que gere o menor ônus aos órgãos e entidades públicas envolvidas e aos administrados
que tem o direito de perceber a aposentadoria, assim que obtidos os requisitos legais.

Sugere-se com isso, o procedimento acima descrito: de se proceder regularmente com o processo de
aposentadoria daqueles que permaneceram vinculados ao RPPS até o advento dos requisitos para
aposentadoria, computando o período de estágio experimental como tempo de contribuição em que o
vínculo é com o RGPS, operando-se, contudo, e, concomitantemente, em procedimento autônomo, a
regularização necessária pelo órgão de origem junto à Receita Federal, para os fins de verificação da
compensação financeira de eventual diferença de valor entre os regimes.

IV – Conclusão

Diante do acima exposto, antes de análise o mérito da presente consulta, sugere-se que a d. Procuradoria
Gera do Estado data máxima venia retifique o entendimento constante da Promoção PGE/PG7
MMPF/2021, aprovado pelo Exmo. Subprocurador-Geral do Estado, que consagrou mudança
substancial no entendimento até então adotado pela D. PGE, autorizando a homologação da CTC de
candidata em estágio experimental em exercício na PGE, eis que a mesma encontrava-se vinculada ao
RGPS, e não ao RPPS o que inviabiliza que o Rioprevidência ateste validamente o tempo de
contribuição da candidata. Recomenda-se, neste particular que o setor de RH da PGE formalize a
regularização junto ao INSS relativamente ao recolhimento indevidamente feito ao RPPS, bem como
promova as retificações cabíveis junto aos assentamentos funcionais da servidora.

Ressalta-se, por oportuno, que a entidade gestora de previdência dos regimes próprios, com a
manutenção da irregularidade, sofre penalidades administrativas aplicadas pela Secretaria de
Previdência extensíveis a todo o ente federativo, por exemplo, bloqueio de repasse e a negativa da
emissão do Certificado de Regularidade Previdência (CRP), conforme Nota Técnica 113/2016 e Nota
Técnica 06/2018, ambas do Ministério da Fazenda.

Sendo assim, à luz do entendimento até então em vigor, é possível tecer algumas conclusões, antes de
responder objetivamente ao que foi questionado:

1. o candidato estagiário, em cumprimento de estágio experimental, não é funcionário público,


porque o estágio experimental é etapa de concurso;
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2. após a aprovação no estágio experimental é que o candidato é investido no cargo público, razão pela
qual o seu ingresso será obrigatoriamente a data de sua posse, após a conclusão de todas as
etapas do concurso;
3. o candidato estagiário é segurado obrigatório do RGPS (INSS), de forma que se mostram
indevidas as contribuições previdenciárias vertidas ao RPPS (IPERJ/Rioprevidência), competindo
aos órgãos de vinculação do candidato estagiário regularizar a situação destes junto ao INSS.
4. Deve-se, portanto, retificar a data de ingresso no serviço público dos servidores,
imediatamente dos servidores cuja duração do estágio experimental observou o limite legal (6
meses prorrogáveis por 6 meses).
5. Os processos de aposentadoria devem seguir o procedimento normal e, em paralelo, o órgão de
origem setorial de recursos humanos ao qual o servidor está vinculado deve providenciar o
acerto de contas junto à Receita Federal, sob pena de responsabilização funcional. Isso porque
a omissão dos órgãos de origem, desde 2011, quando ocorreu a extinção do estágio experimental
vem atingindo negativamente a esfera de direito dos servidores e, também, a atuação do
Rioprevidência, na qualidade de entidade gestora do RPPS.

Sugerimos que a presente análise seja feita em conjunto com o Parecer/RIOPREVIDENCIA/DJU nº


03/2019 – DFSM, pendente de Visto da Procuradoria Geral do Estado e que a este pronunciamento
seja dado efeito vinculativo, na forma do art. 6º, XXV da LC 15/1980, para que os órgãos setoriais de
recursos humanos procedam à regularização da vida funcional de seus servidores e realizem a
regularização do recolhimento de contribuição previdenciária junto ao INSS, sob pena de
responsabilização funcional.

Desse modo, respondendo objetivamente às perguntas formuladas:

1) Os triênios, licença prêmio, progressões e outros direitos deverão ser revistos? Caso positivo, gerando
efeitos financeiros a partir de qual momento?
R: A competência para análise da questão, s.m.j., é do órgão de pessoal - SUBGEP.

2) O que o órgão deve fazer quanto ao desconto que ocorreu em favor do IASERJ/IPERJ? Regularizar
junto ao INSS com efeitos retroativos, inclusive à 1990 ou anos anteriores em alguns casos? Caso
positivo, como será tratada a multa que esse ajuste implica?
R: Aqui se vislumbram duas soluções possíveis:

A) No caso da necessidade de emissão da CTC, que a aposentadoria se dará em outro regime que não o do
Estado do Rio de Janeiro, o órgão de origem ao qual estava vinculado o candidato estagiário, e que tenha
recolhido indevidamente as contribuições previdenciárias para o RPPS, deverá regularizar a situação
previdenciária do candidato estagiário junto ao INSS, inclusive arcando com eventuais multas. Há que se
destacar que o equívoco é imputável exclusivamente à Administração Pública Estadual.
Reforçam-se, aqui, as conclusões exaradas pelo Parecer/RIOPREVIDÊNCIA/ DJU n° 03/2019 – pendente
de visto da Procuradoria Geral do Estado- em especial no que tange ao fato de que as CTCs não devem
incluir o período de estágio experimental, ainda que as contribuições previdenciárias tenham sido
indevidamente vertidas ao RPPS, cabendo, mais uma vez, transcrever as providências nele sugeridas:

“(c.1) em relação ao candidato estagiário submetido ao estágio experimental em


tempo superior ao previsto no edital e na legislação (12 meses), quando aprovado
e nomeado a destempo, entende-se pela necessidade de regularização da sua
situação funcional pelo órgão de origem. Havendo a correção dessa situação. o
processo administrativo deverá ser devolvido ao Rioprevidência, sendo então,
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possível, a homologação da CTC que atestar: i) o período de contribuição ao


RPPS, na qualidade de servidor (tendo em vista a regularização da situação); ii) o
período anterior à vigência da EC n 20/98, na qualidade de servidor, ainda que
sem contribuição ao RPPS (desde que não tenha havido contribuição para o
RGPS, em razão desse cargo), já que a imposição de contributividade foi
introduzida pela referida emenda (entendimento pacífico da Diretoria Jurídica do
Rioprevidência e da Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro nesse
sentido):
(c.2) em relação ao candidato estagiário submetido ao estágio experimental em
tempo superior ao previsto no edital e na legislação (máximo 12 meses), quando
NÃO aprovado/nomeado ou quando haja desistido dessa fase, e que contribuiu
para o RPPS, entende-se pela aplicabilidade da solução adotada no
Parecer/RIOPREV/DJU n° 5/2017 - MSG, sendo necessária a regularização do
recolhimento efetuado de forma equivocada pelo órgão de origem do servidor,
(c.3) em relação ao candidato estagiário submetido ao estágio experimental no
tempo previsto no edital, em consonância com a legislação (12 meses), e que
contribuiu para o RPPS, também se entende pelo mesmo desfecho defendido no
Parecer/RIOPREV/DJU n° 5/2017 - MSG, sendo necessária a regularização do
recolhimento efetuado de forma equivocada pelo órgão de origem do servidor:
d) Quanto à orientação a ser dada aos Órgãos Setoriais de Origem em relação à
regularização das contribuições previdenciárias vertidas ao RPPS, considerando
o disposto às fls. 70, bem como as providencias estabelecidas no visto ao
Parecer/RIOPREV/DJU n° 5/2017 - MSG, cabe ao órgão ou entidade a que esteve
vinculado o candidato estagiário regularizar a situação administrativo funcional e
realizar o correto recolhimento das contribuições previdenciárias em favor do
INSS, nos termos do item anterior.

B) No caso de o servidor que permaneceu vinculado ao RPPS do Estado, deve-se proceder regularmente
com o processo de aposentadoria, cabendo, no entanto, a regularização da situação funcional do servidor
indicando que o período se refere à averbação de período vinculado ao RGPS e, concomitantemente, o
órgão de origem, em procedimento autônomo, deve ser processada junto à Receita Federal.

Ressalva-se, por óbvio, a hipótese em que o servidor do estado não contabilizará o período em
cumprimento de estágio experimental para a sua aposentadoria no regime próprio, desejando mantê-lo
junto ao INSS. Neste caso, é imprescindível a regularização direta com o INSS, com o recolhimento pelo
órgão de origem, conforme orientação exarada no Parecer RIOPREV/CCN nº 200/2016 – APBS e
Promoção, ambos aprovados pelo então Diretor Jurídico[14].

Os questionamentos relativos à (i) esclarecimento sobre eventual análise dos atos de aposentadoria
gerados por órgão que ainda não se encontra no módulo de aposentadoria; e (ii) divulgação das
providências a serem adotadas pelos Setoriais de Recursos Humanos, parece-nos que foi respondido pela
Coordenadoria de Aposentadoria no documento 14817966, do qual destacamos:

- - "esclarecimento sobre eventual análise dos atos de aposentadoria gerados por


órgão que ainda não se encontra no citado Módulo."
(...)
Quanto aos órgãos que ainda estão em fase de estudo e testes para que sejam
" centralizados" e que realizam as aposentadorias de seus servidores e a
manutenção da folha de inativo em seus próprios setores de RH, hoje, cabe a
este Fundo de Previdência o custeio da folha de inativo, o que nos permite
auditar e realizar suspensão ou cancelamento do benefício, por eventuais
irregularidades ou ilegalidades que possam vir a ser encontradas.
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Portanto, é possível afirmar que nos casos em que identificarmos a utilização


de tempo de estágio experimental, como tempo de efetivo exercício, para fins
de aposentadoria, o RH será oficiado e orientado a promover o ajuste naquela
aposentadoria concedida de forma equivocada.
Importante salientar que hoje essa rotina de verificação de irregularidades ou
ilegalidades em benefício previdenciário já existe no Rioprevidência quando
da análise de qualquer processo onde o requerente é aposentado, em especial
quando sua aposentadoria foi concedida pelo órgão de origem sem por nós ter
sido homologada.
(...)
- "divulgação das providências a serem adotadas pelos Setoriais de Recursos
Humanos".
O Rioprevidência como Regime Próprio de Previdência tomará as
providências necessárias para orientar os órgãos que já participam e os que
não participam do projeto " centralização de aposentadoria" quanto as
medidas definidas para alteração de cadastro no SIGRH, no que tange a
existência de estagio experimental, para fins de aposentadoria.

Por fim, sendo o que cabia analisar, restituo o presente processo à i. Assessoria Jurídica da Secretaria de
Estado Civil para ciência e, paralelamente, submeto o presente pronunciamento ao exame da d.
Procuradoria Geral do Estado, com fulcro no art. 4º, inciso IV, da Lei Estadual nº 5.414/2009 e no art. 4º,
inciso V, alínea h[15] do Decreto Estadual nº 40.500/2009, solicitando-se seja avaliada o cabimento de
atribuição de efeitos normativos ao presente opinamento, na forma do art. 6º, XXV, da LC 15/1980,
considerando a necessidade urgente de parametrização do SIGRH, e orientação geral aos setores de
RH de toda a Administração estadual para que promovam a regularização dos recolhimentos junto
ao INSS, devendo o procedimento de ajuste de contas ocorrer paralelamente ao pedido de
aposentadoria.

Parece importante, igualmente, que a partir da ciência do presente parecer os órgãos promovam de
imediato a regularização da situação dos servidores que estejam ou estiveram em estágio
experimental, junto ao INSS, a fim de evitar a fluência prolongada dos consectários legais aplicáveis
à espécie, evitando-se que o problema se protraia até o atingimento do momento da aposentadoria
do servidor.

A atribuição de efeitos normativos também sinalizaria ao Poder Judiciário acerca do adequado


enquadramento normativo da matéria, evitando sancionamentos ao Estado que possam resultar na
recusa de expedição da Certidão de Regularidade Previdenciária ao Estado[16], ocasionando
bloqueio de transferências voluntárias e as demais consequências danosas ao Estado mencionadas
ao longo do presente opinamento.

É o parecer, sub censura. À consideração superior.

Rio de Janeiro, 25 de junho de 2021.

Fabiana Morais Braga Machado


Procuradora do Estado
Diretora

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[1] Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
I – Omissis
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de
provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
[2] Discorrendo sobre a investidura, José dos Santos Carvalho Filho leciona que se trata de uma operação
complexa, que envolve atos do Estado e atos do interessado em ocupar o cargo público, identificando três
atos distintos: i) nomeação; ii) posse; e iii) exercício. Veja-se:
Nomeação é o ato administrativo que materializa o provimento originário de um cargo. Como regra, a
nomeação exige que o nomeado não somente tenha sido aprovado previamente em concurso público,
como também tenha preenchido os demais requisitos legais para a investidura legítima. (...)
A posse é o ato da investidura pelo qual fiam atribuídos ao servidor as prerrogativas, os direitos e os
deveres do cargo. É o ato de posse que completa a investidura, (...).
Por fim, o exercício representa o efetivo desempenho das funções públicas atribuídas ao cargo. O
exercício, como é óbvio, só se legitima na medida em que se tenha consumado o processo de investidura.
É o exercício que confere ao servidor o direito à retribuição pecuniária como contraprestação pelo
desempenho das funções inerentes ao cargo. In: CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito
administrativo. – 26. ed. rev., ampl. e atual. até 31.-12-2012. – São Paulo: Atlas, 2013. p. 673-675.
[3] Em que pese esse Parecer FDBC nº 01/2005 trate de questões não propriamente pertinentes, é possível
destacar umas das conclusões aprovadas pelo então Procurador-Geral do Estado:
Considerando que o estágio experimental ostenta natureza jurídica de etapa do concurso público para
preenchimento de cargos de provimento efetivo e que, em razão disso, durante o período do estágio
experimental, o candidato não é servidor público, reafirmam-se os posicionamentos anteriores desta
Procuradoria-Geral do Estado no sentido de que (i) não é possível a prorrogação do prazo para início do
estágio experimental; (ü) o candidato em estágio experimental não tem direito à licença médica ou
aposentadoria; (iii) a ausência do candidato ao estágio acarreta o respectivo desligamento (ou seja, sua
eliminação do certame), que prescinde de instauração de procedimento administrativo disciplinar; (iv) o
candidato em estágio não adquire estabilidade; (v) não se aplica ao candidato em estágio o afastamento
previsto nos artigos 75 e 145, I, do Decreto n° 2.479/79, cabendo, no caso de prisão preventiva, pronúncia,
denúncia por crime funcional ou condenação por crime inafiançável, o desligamento do concurso.
[4] CONCURSO PARA O QUADRO PERMANENTE DE PESSOAL DE APOIO - DIREITO À FÉRIAS
- CONTAGEM DO TEMPO DE ESTÁGIO EXPERIMENTAL - POSSIBILIDADE. Consulta realizada
por estagiários do Concurso para o Quadro Permanente de Pessoal de Apoio acerca da possibilidade de
contagem do período de estágio probatório para gozo e percepção das férias. Período de efetivo trabalho
que gera o direito e a necessidade de repouso de seu exercente. Fundamento constitucional para o cômputo
do estágio experimental para a aquisição do direito a férias.
[5] "Concurso público. Candidato em estágio experimental. Ausência da qualidade de servidor público.
Princípio da reserva legal. Não incidência da contribuição previdência por falta de previsão legal."
[6] ESTÁGIO EXPERIMENTAL - CONTAGEM DO TEMPO PARA FINS DE TRIÊNIOS E LICENÇA-
PRÊMIO – IMPOSSIBILIDADE INTERPRETAÇÃO DO ART. 2°, §7°, DO DECRETO LEI N° 220/79.
Trata-se de consulta formulada para, em complemento ao Parecer n° 08/2009 - FBM, esclarecer se o
tempo de atividades desempenhadas durante o período do estágio experimental seria suscetível de inclusão
para o gozo de licença-prêmio e percepção de triênios.
[7] Veja-se trecho da fundamentação e da conclusão:
“A condição de não serem servidores efetivos (ponto indiscutível, pois não há provimento) não pode
afastar destes o gozo de um direito que, em suma, é indissociado da noção de trabalho. Mesmo porque o
período de estágio previsto se traveste de efetivo desempenho das futuras funções. Durante tal período os

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futuros servidores atuam desde já no mister que atuarão após sua nomeação, exercendo as mesmas
atividades durante a mesma jornada de tempo.
(...)
Diante do exposto, conclui-se que o período o em que o futuro servidor encontra-se em estágio
experimental deve ser contabilizado para efeito de aquisição do direito ao gozo das férias anuais
remuneradas, por entender que este direito possui natureza constitucional, não podendo ser afastado por
norma reguladora específica infraconstitucional. Diante da incompatibilidade do Estatuto dos Servidores
do Estado com tal disposição, se faz necessária a efetiva rediscussão do seu conteúdo, com a reforma das
normas que contrariem os dispositivos da Carta Magna”.

[8] Veja-se os seguintes trechos:


Da leitura do dispositivo, nota-se que o período de estágio experimental somente é contabilizado para os
fins específicos da legislação, quais sejam, a percepção da diferença de 20% dos valores pagos, e a
aquisição de estabilidade, apenas adquirindo os direitos e vantagens do servidor público quando o
candidato é nomeado, ou seja, após a sua aprovação no “estágio”.
(...)
o Estatuto, portanto, foi taxativo quanto às vantagens e benefícios a serem conferidos ao candidato
quando aprovado em estágio experimental, não fazendo qualquer menção ao triênio ou à licença-prêmio.
E é certo que estas duas vantagens não foram asseguradas pelo texto constitucional, de modo a
impossibilitar a extensão do entendimento firmado em relação ao gozo de férias no Parecer n° 08/2009 -
FBM.
(...)
É possível colher destas informações que, em função da natureza do estágio experimental como mera
etapa do concurso, o candidato não estaria, formalmente, no exercício da função pública, na medida em
que ainda não teria ocorrido a investidura no cargo público, ato condição ao regular exercício da função.
Assim, na ordem jurídica estadual não deve ser reconhecido como de efetivo exercício, para fins de
obtenção de licença prêmio, o período em que o candidato encontra-se em estágio experimental. Deste
modo, fazendo a leitura da legislação que regula o funcionalismo público estadual, especificamente do
art. 2°, parágrafo sétimo, do Decreto-Lei n° 220/75, conclui-se que o tempo de atividades desempenhadas
durante o estágio experimental não será suscetível de inclusão no período necessário a outros reflexos
legais, tais como o prazo de licença prêmio e percepção de triênio, salvo o gozo de férias, por ser uma
exigência constitucionalmente / garantida aos trabalhadores.
[9] EMENTA: Direito Administrativo e Previdenciário. Tempo de estágio experimental. Etapa do
concurso público. “Candidato estagiário” que não pode ser tido como servidor. Artigos 2° e 3°, do
Decreto-lei estadual n° 220/75. Inexistência de vínculo entre o “candidato estagiário” e o RioPrevidência.
Contribuição devida ao RGPS, enquanto perdurar o tempo de experiência. Impossibilidade de se
considerar tal período quando da expedição – ou da homologação – de Certidão de Tempo de Contribuição
(CTC). Precedentes da PGE e do STJ.
[10] Lei 9.717/98, Art. 9º: Compete à União, por intermédio da Secretaria Especial de Previdência e
Trabalho do Ministério da Economia, em relação aos regimes próprios de previdência social e aos seus
fundos previdenciários:
I - a orientação, a supervisão, a fiscalização e o acompanhamento;
II - o estabelecimento e a publicação de parâmetros, diretrizes e critérios de responsabilidade
previdenciária na sua instituição, organização e funcionamento, relativos a custeio, benefícios, atuária,
contabilidade, aplicação e utilização de recursos e constituição e manutenção dos fundos previdenciários,
para preservação do caráter contributivo e solidário e do equilíbrio financeiro e atuarial;
III - a apuração de infrações, por servidor credenciado, e a aplicação de penalidades, por órgão próprio,
nos casos previstos no art. 8º desta Lei;
IV - a emissão do Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP), que atestará, para os fins do
disposto no art. 7º desta Lei, o cumprimento, pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, dos critérios e
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exigências aplicáveis aos regimes próprios de previdência social e aos seus fundos previdenciários.
Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios encaminharão à Secretaria
Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, na forma, na periodicidade e nos
critérios por ela definidos, dados e informações sobre o regime próprio de previdência social e seus
segurados.” (NR)

[11] In: Aragão, Alexandre Santos de Curso de direito administrativo / Alexandre Santos de Aragão. –
2.ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2013.p. 176.
[12] Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores
jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão
[13] Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de
ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas
consequências jurídicas e administrativas
[14] Entretanto, é bem verdade, também, que o equívoco no recolhimento das contribuições
previdenciárias foi de responsabilidade da própria Administração Pública, o que impõe certa urgência na
solução do imbróglio. Assim, sugiro a regularização da situação do ex-servidor pelo órgão de origem
de forma imediata, para que este não seja prejudicado pela demora estatal, sob pena de
responsabilização funcional dos agentes administrativos que atuarem de modo negligente.

[15] Art. 4º - Compete aos órgãos locais e setoriais do Sistema Jurídico do Estado:
(...)
V - analisar, previamente, e, em seguida, devidamente instruído com parecer conclusivo, submeter à
Procuradoria Geral do Estado os procedimentos que tenham por objeto:
(...)
h) matéria de grande importância, impacto ou possibilidade de repercussão geral para a Administração
Pública;
[16] Ressalte-se que a não obtenção da Certidão de Regularidade Previdenciária configura circunstância
impeditiva de adesão do Estado do Rio de Janeiro ao novel Regime de Recuperação Fiscal instituído pela
LC 178.

Documento assinado eletronicamente por Fabiana Morais Braga Machado, Diretora Jurídica, em
25/06/2021, às 18:46, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento nos art. 21º e 22º do
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