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Intensidades

Intensidade

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SUMÁRIO

ao leitor

caos

A PARTE QUE BRILHA


lonjuras
clichê
sobre o sentir
art
lar
insanidade
I
ameno
infinitude
olhar e enxergar
forever
always
abril, 2022
sensualismo poético
mais que química, poesia.
02:59
impregnada

A PARTE QUE ARDE


sou como f(l)or
04:23
me enxerga
sobre o querer
intensity
imperfeição
abismo do sentir
queimar e arder
sobre fraturas expostas
bad idea
poeira lunar
contradição
profundidades
copo meio cheio demais
morte súbita
beautiful lies
incógnita
a sete chaves
sobras
02:53
sobre os pequenos infinitos
desculpas
olhar intergaláctico
memories
amável
2 é par
sobre tatuagens
amnesia
(im)permanência

A PARTE QUE QUEIMA


a bad poem
porto seguro; refúgio.
r(evolução)
sobre incêndios
sobre perdas
hamartia
batalhas épicas
amnesia II
miragem
bem se queira
eu (não) sinto muito.
nada

A PARTE QUE CURA


o tempo
sobre(viva)
transformação
poeme-se
lembrete
efêmeras
fragmentada
metamorfoses
eu, você.
enigma
términos
imensidão
nós e os nossos nós
o processo da cura
céu de maio
sobre cicatrizes
outras galáxias
da roda gigante
agradecimentos
referências bibliográficas
para todas as pessoas intensas desse mundo. elas entendem como é carregar na alma e no
coração toda essa intensidade. elas sabem como dói. e sabem, também, que vale a pena a dor.
ao leitor
sabemos que em física, a intensidade de uma fonte ou onda mede a variação do fluxo de energia
no tempo[1]
e quanto maior a intensidade
maior é o fluxo de energia pelo
e s p a ç o.
então, intensidade é uma característica atribuída a algo ou a alguém
que se apresenta em grandes proporções[2]
normalmente, essa característica está relacionada com o fato de algo se manifestar ou se fazer
sentir com força, vigor, de algo que é intenso. assim como você.
caos
ela é
paz
brisa
calmaria
mar sem ondas
mas não se engane
ela não se resume a isso
quando a conhecer melhor
verá que ela também é
caos
tempestade
furacão
uma granada
explosão de intensidades.
a parte que brilha
antes de arder, tudo brilha.
lonjuras
meu coração
ama um coração
que vive a quilômetros
e quilômetros
e quilômetros
de distância.
meu coração
nunca foi bom em
geografia, nem em localização.
parece destinado a amar as
lonjuras.
clichê
dizer isso pode soar
um tanto clichê
mas você
era o meu
clichê favorito.
(e ainda é)
sobre o sentir
me beija.
eu gosto
de sentir
a tua
alma.
art
meu corpo era como uma tela em branco
ansiando por arte
tua boca me envolveu com movimentos suaves
tuas mãos me tocaram
como se fossem pincéis
que há muito tempo não eram molhados na tinta
e foram colorindo minha pele
com pinceladas intensas, frenéticas
e por fim, o que se via em mim
um imenso arco-íris
sem fim
eu sou a tela e você a artista que se pintou em mim.
lar
eu sou uma bagunça
e acho tão lindo
você chegar e ficar
sem querer me arrumar
nem trocar nada de lugar.
insanidade
qualquer coisa
que você faz
por causa do amor
que você sente
por mais simples
e pequena que seja
é loucura
o próprio ato de amar já é
insano, baby.
— eu gosto mesmo é de gente insana
I
ela
é uma das pessoas
mais raras
e incríveis
do universo
daquelas que movem
o mundo
e fazem dele um lugar melhor
e te fazem sentir vontade de
viver
como se tudo fosse possível
como se o mundo não fosse
tão ruim assim
ela tem uma alma tão linda
você consegue ver?
ela tem um jeitinho de lar
dá até vontade de morar
e ela é louca, cara
sabe? louquinha.
— a definição da perfeição
ameno
a janela revela um fim de tarde
de um dia ameno
que se vai
sem tempo, sem pressa
quebramos os relógios
duas xícaras sujas de café
jogadas delicadamente
na borda do tapete torto
da sala desarrumada
o chão, o caos
fizemos arte sem tintas
uma cena típica do nosso nós
não me preocupo em me pentear
seu cabelo me convida
a passear meus dedos sem censura
sem pudor
minha boca se abre num sussurro
as palavras dançam no sorriso
"parece um leãozinho"
os gatos miam em acordo
mais um dia ameno que se foi
e nós ficamos.
— e depois do café, o que vem? chá?
infinitude
saudade de deitar
minha cabeça no
teu colo
te beijar
e rir contigo
enquanto estamos sentados
em uma calçada qualquer
à luz da lua
bêbados
naquela noite eu me senti
infinita
— foi lindo ver o infinito de perto, tão pequeno e ao mesmo tempo tão imenso,
brilhante.
olhar e enxergar
você vê poesia
em tudo
em cada parte de mim
e isso é a coisa mais
adorável
em um ser humano
a capacidade de enxergar
não só a parte que
brilha
mas também a parte que
a r d e.
— a você que ainda vai chegar, obrigada por ter olhos de artista. e a você que precisa ler esse
poema, nunca aceite menos do que isso.
forever
dizem as boas línguas
que se um escritor
se apaixonar por você
você nunca morrerá.
e é verdade
eu te eternizei
nessas páginas
com toda a intensidade
que carrego em mim.
— o pra sempre existe, sim.
always
mesmo que você morra
mesmo que eu morra
ainda assim
continuaremos vivos
nessas páginas amareladas
empoeiradas
queimadas
respingadas de
café
— para quem quiser nos ler.
abril, 2022
eu já tinha desistido do amor.
não só do amor, das pessoas também.
já tinha desistido de tentar sentir alguma coisa
já tinha desistido de qualquer sensação
que me fizesse sentir que estou viva
eu já tinha desistido.
e aí você chegou, destruindo o imenso muro
que eu construí com todos os meus medos
e bloqueios
você chegou e imediatamente me fez sentir coisas
com teu cabelo-juba de leãozinho
teu sorriso que me desmonta
inteira
e teu olhar galáxia
você me mostrou a imensidão
de coisas lindas e únicas
que eu sou capaz de sentir
e nem sabia.
sensualismo poético
já era tarde
não conseguia dormir
lembrei da textura
da tua pele
e fiquei sentindo
sentindo
a tua pele macia
o meu toque suave
teu rosto
teu corpo
entre os meus dedos.
mais que química, poesia.
a tua pele
em contato
com a minha
escreve poesia.
02:59
o que eu sinto nesse momento
é uma paz tão bonita
e isso nem era pra ser uma poesia
mas agora é.
(coisas lindas que ela me faz sentir)
impregnada
o cheiro dela
na minha blusa
e ela,
em mim.
a parte que arde
o que acontece antes da queima.
sou como f(l)or
às vezes,
me sinto como se fosse uma flor
uma flor nas mãos de alguém.
cortada,
arrancada,
seca,
sem vida.
04:23
nessa madrugada eu não desmoronei
eu despedacei
senti doer cada pedaço de mim
e não sabia o que mais doía,
se o coração, a alma ou o corpo em si.
despedacei
e cada parte do meu ser ansiava
que o mundo soubesse
mas o choro estridente e silencioso
calou o grito que queria sair pela boca.
eram 04:23, e enquanto a cidade dormia
eu permanecia acordada,
com lágrimas secas pelo rosto
e com um grito preso, encurralado na garganta,
querendo desesperadamente sair dali.
e eu esperava que alguém conseguisse escutar
esse meu silêncio grito
e que esse alguém me ajudasse a engoli-lo de uma vez
ou a soltá-lo.
me enxerga
será que alguém
ainda vai ver
em mim
o que nunca
ninguém viu?
e se isso acontecer
se você me enxergar
cada átomo meu, cada partícula
do meu ser
você vai fugir
ou vai ficar?
(eu espero que fique, mas vou entender se não.)
sobre o querer
eu queria que você
visse amor
em mim
do mesmo jeito que você
vê beleza
na lua
— e aí me dissesse que o amor que vê em mim, é ainda mais bonito.
intensity
minha intensidade
é o que me destrói
mas também é o que
me faz sentir
viva.
imperfeição
não,
eu não sou
a pessoa adorável
e calma
e perfeita
que todo mundo diz
eles não me conhecem
às vezes eu fico amarga
feridas antigas se abrem
novas surgem
e nada faz sentido
o amor não faz sentido
mas eu continuo aqui
sentindo tudo
sentindo demais
— você consegue ver beleza no caos?
abismo do sentir
de ti agora só tenho as lembranças do que eu sentia e de como eu era
eu não tenho medo de voltar a me perder no abismo
nem de ter que juntar meus pedaços novamente
já fiz isso tantas vezes
só sinto medo de não sentir tudo aquilo outra vez.
eu não tenho medo de despedaçar de novo
de sentir novamente tudo aquilo que me fazia transbordar
eu tenho medo de não sentir.
queimar e arder
você me olhou, mas será que você me viu?
você enxergou só o que você queria enxergar
não viu nem metade de mim
do meu caos, as minhas incertezas, nem mesmo as minhas certezas
você só enxergou todas as minhas partes boas, e algumas delas nem existem
no meu ser
mas tudo bem, sabia que tudo é reflexo? você só viu coisas lindas em mim
porque é isso que existe em você.
só que eu preciso te dizer que não, eu não sou essa pessoa perfeita que você
idealizou
alguma vez você parou pra pensar no universo caótico que eu sou?
eu sempre fui sincera com você, as vezes até ao ponto de ser rude, e eu sinto
muito por todas elas
sinto muito também por todas as vezes em que minha sinceridade não foi clara,
por todas as vezes em que deixei coisas nas entrelinhas
prometi a mim mesma que nunca mais vou escrever em letras miúdas
sinto muito por queimar e arder
mas você pensou em todas as coisas que eu te disse e que levavam a tudo
que existe em mim?
você já estaria longe se tivesse ao menos olhado pro meu reflexo turvo
agora você continua aqui me olhando sem me enxergar
e eu luto pra te fazer sentir que tudo em mim arde e queima
e eu não quero que você se queime com as minhas faíscas.
não você.
mas o que mais me dói, é que mesmo assim eu queria que você ficasse
porque nunca ninguém fica.
— está escrito, o destino dos inocentes é se queimar
sobre fraturas expostas
então é isso o que nos tornamos.
duas desconhecidas
que sentiam que se conheciam
há anos
de outras vidas
outros carnavais.
é tão delicada e frágil a linha que existe entre
dois seres como
nós.
ninguém precisa ferir alguém
para mostrar que está ferido
mas você não se importou.
você disse, olhando nos meus olhos (a minha mão, na sua), que não ia fingir
que eu nunca existi
que o que tivemos nunca existiu
mas foi o que você fez
na primeira oportunidade.
e agora eu sinto que não te conheço mais
ou nunca te conheci.
de um fim "ameno", fomos direto para o indiscutível fim com farpas
e o que nos resta nesse tipo de fim são
as palavras que cortam e que sangram
desses poemas rudes
que saem da minha alma
fraturada
não sei se hoje, ou amanhã, ou depois
mas quando me perguntarem o que aconteceu com nós
eu responderei
"tinha nós demais".
— você nem se importou com as minhas fraturas
bad idea
esquece que um dia eu te disse que
não era uma boa ideia
você se apaixonar por mim
eu só queria me proteger
ou te proteger de mim
do meu caos
eu não sou mesmo uma pessoa fácil
mas esquece, por favor
e não desiste de gostar da minha
melhor/pior versão
na primeira oportunidade que tive
me mostrei pra você
completamente transparente
você disse gostar
na primeira oportunidade que teve
você se foi
eu não te condeno por isso
na verdade, é uma péssima ideia
mas no fim,
o que todo mundo quer é que alguém
enxergue
sinta
e toque
todas as suas partes
e mesmo assim,
queira ficar.
— e eu queria tanto que fosse você
poeira lunar
com o meu amor
fui até a lua
e voltei
a viagem foi boa
o problema foi
voltar
a aterrissagem brusca
fez com que eu deixasse meus
pe da ços
perdidos no
espaço
— agora tenho poeira da lua em cada pedaço meu.
contradição
eu sempre quis alguém
para amar
alguém que também
me amasse
e eu ainda quero
eu sei, é um ato egoísta
desejar que alguém me ame
me conhecendo como eu me conheço
sentindo tudo à flor da pele como eu sinto
convivendo com o meu caos
é sempre trágico demais
e mesmo assim eu ainda quero
alguém que me olhe
me enxergue
me sinta
e mesmo assim me ame
e faça em mim sua morada
e talvez
só talvez
faça do meu caos algo bonito
porque no final do dia
isso é tudo que eu quero
mas eu sei que não preciso.
— eu sou um ser completo.
profundidades
se você tem medo
do mar
por favor,
não se aproxime.
às vezes, até eu temo
as minhas ondas.
(você sabe mergulhar?)
copo meio cheio demais
eu não te mostrei
nem a metade
de toda a minha
intensidade
e mesmo assim
você fugiu
o que aconteceria
o que você faria
se eu tivesse
transbordado
em você?
(será que assim você teria ficado?)
morte súbita
rápido
certeiro
como um soco
que atravessa o estômago
e acerta o coração
rápido
certeiro
como um entrelaçar
de mãos
súbito e irremediável
como um carro descendo uma ladeira
em alta velocidade
como se seus freios tivessem sido arrancados
rápido
certeiro
como um olhar
demorado
que atravessa pupila
alma, sorrisos
gradativamente e de repente
como um soco
que atravessa o estômago
e incansavelmente
acerta o coração
em cheio.
certeiro.
sem pressa.
beautiful lies
e sabe o que mais dói?
tudo era uma mentira absoluta
que os meus olhos não viam
pois estavam perdidos
nas órbitas dos teus
e o meu coração não sentia
porque estava distraído demais
sentindo as coisas mais bonitas e sinceras
que um coração é capaz de sentir
agora tudo em mim
queima e arde
em velocidades e proporções absurdas.
incógnita
se eu fosse amável
como muitos dizem
minhas veias não iam arder
como ardem
e meu peito não iria sangrar
como sangra
como alguém tão amável
pode estar destinada
a sentir seu peito rasgar
toda vez que sente amor?
— talvez amor seja outra coisa.
a sete chaves
meu coração não é bom em matemática
nunca teve muito jeito com números
talvez seja por isso que
nós fomos de 0 a 100 muito rápido
e de 100 a 0 mais rápido ainda
nem ao menos tive tempo de descrever
os dias em que eu enxergava o mundo colorido
por sua causa
e sentia aquela sensação boa
de que tudo era possível
nem uma linha escrita sequer
vestígios do desamor
acabou do mesmo jeito que começou
rápido, de repente
a diferença é que agora,
eu escrevo.
e ao invés de me fazer sorrir,
dói, dilacera.
— acho que vou voltar a usar um cadeado.
sobras
eu prefiro mesmo
ser intensa
mesmo que doa mais
mesmo que no final
só me sobrem poemas
e vestígios
de quase amores
02:53
a gente nunca sabe
quando vai ser a última vez
dói demais perceber que
o cheiro daquela pessoa
não vai mais ficar na sua roupa
se você soubesse que aquela
seria a última vez
você teria abraçado mais?
(teria deixado ir?)
sobre os pequenos infinitos
quando eu andava
grudada em você
nossas mãos entrelaçadas
pela calçada
e eu ficava te olhando
observando teus detalhes
sorrindo com teu sorriso
eu só tentava eternizar
você em mim
nossos momentos
in(finitos)
talvez meu coração
de alguma forma
já estivesse prevendo
que esse infinito não duraria
tanto quanto eu queria
ou minha alma imaginava.
desculpas
é sempre assim
eu sinto a dor
até o fim
até não restar
mais nada
até não sentir
mais nada.
mas por enquanto
ainda sinto muito.
olhar intergaláctico
sinto falta dos dias
em que eu olhava
pra você
e via o universo inteiro
no brilho dos
teus olhos.
memories
apenas vestígios
do que fomos
um dia
quando o passado
ainda era presente
(é só uma lembrancinha, espero que goste.)
amável
eu posso parecer
uma pessoa fácil
de amar
mas eu não sou
se chegam perto
demais
eu me afasto
e não é por mal
então por favor
não se aproxime mais do que isso.
— eu nunca quis afastar ninguém.
2 é par
quantas bocas
depois da minha
a sua foi capaz de tocar
enquanto eu ainda
não consegui me livrar
do gosto, da dança
da poesia insana
que as nossas línguas escreviam
quando se envolviam
quando começavam a dançar
quantas bocas
já experimentaram do abismo
que é fazer par contigo?
— só sei dançar com você.
sobre tatuagens
às vezes aquela dor violenta volta
só pra me mostrar, por uns momentos
que você ainda está aqui em mim
e é aquela mesma dor
que eu sentia toda madrugada
quando passava das 04h
e eu não conseguia dormir
porque você estava em mim
ocupando cada parte do meu ser
e por breves momentos essa dor toma conta de mim
e só então percebo que você
é como uma tatuagem no meu interior
como se você tivesse se tatuado em mim
essa foi a primeira e única vez
que eu amei mais com a alma
do que com o coração
e esse tipo de tatuagem dói mais
eu tenho medo da dor, sim
mas mais medo ainda eu tenho
é de não tatuar a alma outra vez
amnesia
eu já não lembro mais
como era o teu toque
quando tua pele
encostava na minha
já que na notável
grande maioria das vezes
era eu quem te tocava
infinitas vezes por dia
sempre que podiam
minhas mãos estavam lá
tateando teu corpo
em uma incansável busca
por um pequeno sinal de
reciprocidade

— nunca encontrei.
(im)permanência
eu odeio ter que te ver por aí
nas ruas, nos lugares
em cada calçada
nas pessoas
nas paredes e nas escadas rolantes
eu odeio ter que te ver por aí
em todo e qualquer objeto
e fico torcendo
tomara que eu te veja por aí
pra rir contigo por um minuto
ou dois
e depois me despedir
com um sorriso apressado
como quem tem pressa de ir
mas urgência em ficar.
a parte que queima
você vai se libertar,
mas antes vai queimar.
a bad poem
eu nunca
jamais
vou te fazer
mal
não importa
se você me deixou
em pedaços
o máximo que eu farei
contra você
será apenas
um poema
ruim
triste
daqueles que
estilhaçam
até mesmo o coração dos
inocentes
mas não
o seu,
não é mesmo?
— aos inocentes: sinto muito pelas palavras que sangram.
porto seguro; refúgio.
quando você chegou eu usava a porra de um cadeado imaginário.
e eu mantinha o meu coração seguro
preso
inútil
sentir já não fazia mais parte das suas funções
preso, inútil, seguro.
você chegou e eu girei a chave no cadeado
aos poucos, devagar
e mais uma vez, meu coração sentiu como se o mundo fosse acabar
é tão intensa e tão frágil
a forma como tudo sempre acontece como se fosse
a primeira vez
eu sempre giro a chave
e sempre acabo em pedaços
e lembro o motivo pelo qual eu uso a porra de um cadeado
hoje eu fechei o cadeado, mais uma vez
"desculpa, é mais seguro", sussurrei.
meu coração não entende, ele quer sentir
despedaçar, sentir de novo e de novo
antes que algo em mim desistisse
joguei a chave o mais longe que consegui,
com uma força que nem existe em mim
"agora sim,
seguro."
— e não, você não tem a porra da cópia da chave.
r(evolução)
eu sou tão especial
era o destino
você me achou tão especial
meu coração ferveu
você me achou tão especial
eu vi o mundo com olhos de arco-íris
você me achou tão especial
meu coração ardeu
eu era tão especial
meu coração queimou
juntei as cinzas
e percebi que não tinha como consertar
algo que se quebra
dá pra colar
mesmo que não seja mais
como era antes
mas algo que se queima
e vira cinzas
você acha que dá pra consertar?
eu era tão especial
— algo muito revolucionário vai surgir das cinzas.
sobre incêndios
onde há fumaça
já houve chamas
e um coração que
incendiou
e renasceu das cinzas
como a porra de uma fênix
e agora sabe que valeu a pena
cada pedacinho que ardeu
cada pedacinho que queimou
— queimar nunca foi algo ruim.
sobre perdas
me perdi tanto em você
que nem percebi
eu já tinha te perdido.
— onde fica o achados e perdidos mesmo?
hamartia
não se culpe
por ser
intensa
se orgulhe
por não ser
uma pessoa
rasa.
— eles é que deveriam sentir culpa.
batalhas épicas
eu vou sangrar
por dentro
lá no lugar mais
distante e bonito
e infinito do meu ser
onde eu guardei tudo
o que foi dito
vivido
lá onde dormem
as palavras mais épicas
e as sensações mais fortes
já ouvidas e sentidas
pelo meu coração
partido
marcado
valente
acelerado
humano
e nada frágil.
(eu sempre perco as batalhas, mas nunca a guerra).
amnesia II
você vai lembrar
do meu t o q u e
suave
selvagem
e eu sei
enquanto você existir
você vai lembrar
do meu toque percorrendo
todas as camadas da sua pele
como se fosse
o sangue
que corre nas suas
veias.
— você gostaria de ter uma péssima memória, não é mesmo?
miragem
nós existem.
nós nem existimos.
— achei que era um laço, mas era só um emaranhado de nós.
bem se queira
delicadamente,
arranco as pétalas de uma flor.
bem me quer
mal me quer
bem me quer
mal me quer
bem me quer...
sabia.
impetuosamente,
arranco a última pétala.
mal me quer.
coincidência ou não,
as pétalas da margarida
acertaram nosso destino.
— as flores sempre sabem.
eu (não) sinto muito.
você vai lembrar
do jeito que eu te olhava
por horas e horas
quando alguém olhar pra você
e você sentir os olhos mais vazios
e sem vida
que você já sentiu
pousados nos teus
você vai lembrar do meu olhar
que penetrava a tua alma
sem qualquer dificuldade
e aí então você vai lamentar
porque meus olhos penetrantes
nunca mais
voltarão a te venerar daquele jeito.

— eu te olhava como se você fosse a coisa mais rara e preciosa do mundo.


nada
a dor amortece a alma.
achei que ia doer
cada vez mais.
mas não.
doeu cada vez menos.
até que um dia
não senti mais
nada.
(e o nada me queima por dentro).
a parte que cura
vai demorar, mas você vai descobrir
que nunca foi frágil como uma flor.
o tempo
em um dia lindo de junho
eu te encontrei
e me perdi
em uma noite fria de agosto
eu te perdi
e demorou
demorou muito
mas eu finalmente
me encontrei.
— é aqui o “achados e perdidos”.
sobre(viva)
você sentiu doer cada pedacinho
do teu ser, alma, coração, cada músculo
e cada osso do teu corpo.
você sentiu a dor rasgando, mais uma vez.
parecia que você não ia aguentar, não é?
e mais uma noite você sentiu que não ia
aguentar, mas olha só.
você sobreviveu mais uma vez.
ainda dói? dói.
mas você precisa viver esse novo dia,
mesmo que doa, mesmo que se sinta
cansada.
você vai ter que viver mais dias como este
para sentir
que está viva.
transformação
o coração ruidoso
já cansado
a alma intensa
e frágil
formando uma
louca sinfonia
triste sinfonia
a caneta deslizando
por estas páginas
transformando dor
em arte.
poeme-se
nenhuma dor
é em vão
todas elas
viram poesia
lembrete
ei, amor
curei sozinha
minhas dores
e todas as
minhas feridas.
talvez ainda existam
alguns vestígios
de toda a dor
talvez ainda dê pra ver
em meus olhos
ou ouvir na minha voz
fragmentos
de todo o amor
mas não esqueça
eu me curei
sozinha.
— nunca precisei de você.
efêmeras
as flores são
efêmeras
assim como nós
um dia você acorda
e vê que já não é mais
a mesma
a flor,
você.
suas pétalas caíram
você ainda vê beleza?
na flor,
em você?
existe uma certa beleza
em viver o agora
sabendo que momentos acabam
e sentir intensamente
sabendo que sensações
também acabam
sabendo que suas pétalas
hoje tão lindas
vão cair amanhã
junto com o nascer do sol.
então viva
sinta verdadeiramente
antes que o sol entre
pela manhã.
fragmentada
você amava o estranho que havia em mim.
amava. amor no pretérito imperfeito do indicativo.
e o meu ar acabando, meu coração esvaziando
pouco a pouco
até sentir um completo vazio preencher todo o meu interior
até não sentir mais nada.
as gotas da chuva caem, violentas
meu corpo já nem as sente.
a tempestade chegando outra vez
aquela sensação de vazio inundando tudo.
as lágrimas cessaram. nem uma única gota.
e eu sinto o peso delas. o peso das lágrimas intensas.
mas nesse momento eu já não sei dizer o que mais me dói.
se é o peso das lágrimas, o coração cheio de vazio, a alma ou a falta de ar que tomou conta de
mim.
estou no meu limite, não consigo mais chorar e não sinto mais nada. nada. vazio. silêncio.
nada.
eu estou em p
e
d
a
ç
o
s.
estilhaçada.
hoje eu só quero desabar. em qualquer lugar que não seja você.
mas como? se você está em tudo que eu vejo e toco e que eu tento evitar
as lágrimas tentando desesperadamente sair dos meus olhos, sem sucesso.
e agora, estou me sentindo como uma flor nas mãos de alguém.
cortada,
arrancada,
seca,
sem vida.
uma lágrima finalmente consegue sair de um dos meus olhos.
ela desce impetuosa pelo meu rosto
então fico ali, contemplando a dor, sentindo a dor.
deixando a dor sair da alma e percorrer todo o meu corpo.
às vezes, só às vezes, é preciso despedaçar
pra poder florir de novo.
— você tem um jardim inteiro aí dentro.
metamorfoses
eu sinto que
mudei tanto
nesses últimos tempos
caóticos
que nem me reconheço mais
e apesar disso
sinto que me tornei
exatamente
quem eu deveria
ser
— amanhã já serei outra
eu, você.
você não é do tamanho
da tua dor
você é bem maior
do que qualquer ferida interna
do que qualquer cicatriz
que você suporta e carrega
com força e fúria
e por mais que você se sinta
pequena
e frágil
saiba, e não se esqueça
que você é forte
você é muito forte
e não precisa carregar
o peso do mundo
sozinha.
você é incrível
rara
e nada frágil.
— e você não está sozinha.
(esse poema foi pra mim, mas é pra você também).
enigma
um dia eu vou te olhar
e vou sentir o grande nada
e eu vou te ser sincera
eu tenho medo do nada
porque o nada
nada mais é do que a
ausência
ausência do amor
ausência das sensações
e eu gosto é de sentir
mesmo que o sentir me faça
sangrar por dentro às vezes
eu não gosto de vazio
o vazio me incomoda
me corrói
mas deixa eu te contar um segredo:

— é o primeiro passo rumo à cura.


términos
até mesmo os dias
intermináveis
uma hora ou outra
terminam.
— isso não é só sobre dias.
imensidão
ela (você) é
infinita
tem um
universo
inteiro
morando nela (em ti).
nós e os nossos nós
hoje eu quis chorar por você
mas não consegui
me arrancar nem uma lágrima
acho que finalmente
desamarrei o nó
me libertei
me desfiz de
nós.
— o nó de marinheiro não era tão forte assim.
o processo da cura
eu só queria saber
o que eu ia sentir
quando te visse de novo
hoje eu te vi
e infelizmente
ou felizmente
odiei sentir.
céu de maio
entende agora sobre o que eu estava falando? caos. eu sou a própria personificação do caos. no
início, calmaria, brisa que sopra lentamente deixando sensação de paz. folhas do outono que o
vento sopra pelas ruas, aquele barulhinho quando alguém pisa nelas. e depois, repentinamente,
uma explosão de sentimentos e palavras não ditas. pra onde vão as palavras que não ousamos
dizer? eu sou uma granada. a qualquer momento posso explodir e acabar com tudo — e todos —
que estiver por perto. um caos que até hoje ninguém entendeu, que ninguém nunca nem quis
tentar entender. sempre foi assim, sempre será. ninguém nunca quis arriscar e ficar para ver o
tamanho e a intensidade da minha explosão. todos vão embora momentos antes do grande bum. e
eu sempre quis que alguém ficasse, nunca foi fácil juntar todos os meus pedaços sozinha. quando
te conheci, achei que seria você. pensei que você sim, ficaria. você parecia realmente se
interessar pelas minhas cores e achei que seria lindo mostrá-las a você enquanto meu corpo e
minha alma sucumbiam no ar, totalmente entregues ao abismo que é amar. mas você acabou
fazendo exatamente o que todo mundo faz. que previsível. se afastou para não me ver explodir. é
uma grande pena você ter se afastado tanto ao ponto de nem conseguir assistir aos meus fogos de
artifício. quem olhar pro céu nesse momento verá que sou pura arte.
— um texto de 2015 que ainda faz todo o sentido pra mim. certas coisas nunca mudam.
sobre cicatrizes
tenho cicatrizes que nem lembro
tenho cicatrizes que, às vezes,
voltam a doer
as cicatrizes do corpo não doem
mas as da alma, sim
tem dias que essas cicatrizes
parecem feridas abertas
que nunca vão cicatrizar
e nesses dias é preciso ter coragem
porque elas doem muito
e vão doer
doer, doer
então aproveite enquanto dói
faça arte com a dor
porque acredite
vai chegar o dia em que as feridas
finalmente cicatrizam
e aí você terá flores, cores
músicas e poemas
em todas as partes do teu ser
onde antes só se via
escuridão
— é isso que acontece depois da dor. você vira arte.
outras galáxias
sempre vão existir
outros olhos
outras sensações
outros jeitos
de usar as mãos
outros risos
que te farão sorrir
e você pensava que seria tão difícil
deitar em outros sorrisos
se deixar sentir novamente
mas você deve lembrar
que sempre vão existir
tantos outros cheiros
gostos
outros toques
outros lábios
tantas outras texturas
pra descobrir
sentir
e fazer sentir também.

— e aí você finalmente vai perceber que ele não era aquela raridade que você pensava que era.
da roda gigante
coisas lindas acontecem
no teu interior
quando você finalmente
deixa de sentir que o mundo gira
e gira
ao redor dele e do que você
e apenas você
sentia
era como estar numa montanha russa
e parecia que o carrinho estava sempre prestes a
despencar

— e agora você está no topo.


agradecimentos
a todas as pessoas que acreditaram e me fizeram acreditar que um dia essas páginas estariam
sendo lidas. cada uma dessas pessoas (elas sabem quem são!) me impulsionaram, me inspiraram
e depositaram esperança nas minhas palavras escritas. obrigada com todo o meu coração, por
cada abraço, por cada palavra de apoio e de amor pela minha arte. obrigada também pelos
girassóis, poemas da Amanda Lovelace e pela tatuagem (a mesma pessoa incrível que desenhou
um coração em chamas para esse livro, foi a mesma que fez em si mesma uma tatuagem que
significou muito para mim e para o início do intensidades). vocês são incrivelmente incríveis e
isso sim, é eterno. eternizei cada um de vocês aqui nessas linhas, meus amigos, minha família, e
todas as outras pessoas que me leram, mas que eu não conheço. vocês não sabem o quanto foram
importantes nesse processo todo!
à minha mãe, por todo o apoio, por gostar de ouvir meus poemas e por achar todos eles muito
bonitos, inclusive os ruins. ao meu pai, por todo o apoio e amor. amo vocês.
às pessoas pelas quais eu já senti coisas lindas, por me ensinarem a arder e queimar em
proporções tão absurdas, tanto que agora eu tenho um livro com palavras que sangram (que os
inocentes me perdoem por todas elas). obrigada por terem inspirado cada poema que escrevi com
amor e caos. e por fim, obrigada por me ajudarem a entender que vale a pena ser intensa, apesar
de tudo. e que no final das contas, tudo é efêmero.
um agradecimento especial aos meus poetas favoritos, que com seus poemas me inspiraram a
criar os meus próprios. obrigada por cada palavra escrita, Amanda Lovelace, Rupi Kaur, Zack
Magiezi, Elayne Baeta, Babi Mazzo, Perina e Verena Smit.
a Deus e ao universo por conspirarem juntos ao meu favor.
referências bibliográficas
INTENSIDADE (FÍSICA). In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia
Foundation, 2021. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=Intensidade_(f%C3%ADsica)&oldid=62181595. Acesso em: 12 jul. 2022.
O QUE É A INTENSIDADE. In: SIGNIFICADOS. Porto.
Disponível em: https://www.significados.com.br/intensidade/. Acesso em: 12 jul. 2022.

[1] INTENSIDADE (FÍSICA). In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikipedia Foundation, 2021.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Intensidade_(f%C3%ADsica)&oldid=62181595. Acesso em: 12 jul.
2022.
[2] O QUE É A INTENSIDADE. In: SIGNIFICADOS. Porto. Disponível em: https://www.significados.com.br/intensidade/.

Acesso em: 12 jul. 2022.

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