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Ano letivo 2023/2024

TESTE DE PORTUGUÊS
Duração: 90 minutos
(Versão 3)

Grupo I – Leitura e compreensão escrita


TEXTO A

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta e registe-a na tua folha de teste.

Leia o texto.

São três as dimensões da escrita de José Saramago mais vezes destacadas quando procuramos
saber qual a herança que o único Nobel da Literatura português (que nasceu a 16 de novembro de
1922 na freguesia de Azinhaga, Golegã, e completaria agora 100 anos) deixou às gerações de escritores
que vieram depois, que o leram e nele encontraram referências.
5 Por um lado, o aspeto formal da escrita: o jogo entre o discurso direto e indireto, o fraseado ou as
pontuações. Por outro, a criação de mundos próximos da realidade, mas sempre distantes ao mesmo
tempo. Uma espécie de fantasia de carne e osso, saída de inspirações tão distintas como a História
portuguesa, a religião, os escritores que vieram antes dele ou a existência quotidiana.
A terceira característica fundamental está relacionada com a intervenção política e social que
levava da vida «civil» para a escrita. Entre as personagens e os enredos, procurava constantemente a
10 forma mais eficaz de fazer passar os seus ideais. A conclusão evidente é que, mesmo que o escritor-
leitor não concordasse com a ideologia defendida por Saramago, acabava por respeitar e admirar a
decisão de seguir em frente, de não evitar críticas ou polémicas, insistindo num processo que para o
Nobel era inevitável, natural.
A propósito dos cem anos de José Saramago, questionámos escritoras e escritores em língua
15 portuguesa de gerações mais recentes, à procura de elos de ligação com uma obra que permanece
influente e fundamental para percebermos os caminhos que a literatura portuguesa percorreu
sobretudo desde 1980, ano da publicação de Levantado do Chão, livro que marca o início da construção
da figura literária de Saramago. [...]
Gonçalo M. Tavares
20 «Lemos a realidade através de livros que ele escreveu antes. [...]
O Memorial do Convento, diria que é o meu favorito. Foi o primeiro que li e tem um imaginário que
me interessa muito e uma escrita forte; mas poderia também falar das primeiras páginas do O Ano da
Morte de Ricardo Reis, da chuva de Lisboa, que são muito fortes e ficam como imagem; o Ensaio sobre
a Cegueira também. Provavelmente amanhã escolheria outro. O que sinto é que são clássicos. Em
25 relação ao Ensaio sobre a Cegueira, estive recentemente na Turquia a apresentar uma tradução e na altura
falaram que, em 2020, no momento da pandemia, o livro vendeu quase 50 mil exemplares. Foi um bestseller
precisamente porque era uma leitura quase analítica da pandemia antes do tempo. Os livros de Saramago
têm esta característica e digamos que isso é algo absolutamente invulgar e que o coloca já como um clássico,
isto é, com livros escritos antes e que são interpretações de factos posteriores.»
30
GONÇALVES, Ricardo Ramos, 2022. «“O que aprendi com José Saramago?” Nos cem anos do Nobel, 11 escritores
respondem (e escolhem os livros favoritos)». In https://observador.pt/especiais/o-que-aprendi-com-jose-saramago-
nos-cem-anos--do-nobel-11-escritores-respondem-e-escolhem-os-livros-favoritos/ [Consult. 2022-11-22]

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1 Nos três primeiros parágrafos, são destacadas três dimensões da escrita de José Saramago:
(A) o alheamento face à realidade humana, o seu aspeto formal e influência da História
portuguesa.
(B) o seu aspeto formal, o seu carácter político e a sua dimensão ficcional dependente da
História e da religião.
(C) o seu aspeto formal, o seu carácter interventivo e a sua dimensão ficcional próxima da
realidade humana.
(D) a supremacia da intervenção política e social em detrimento do aspeto formal e a dimensão
ficcional influenciada por áreas tão distintas como a História e a religião.

2 A obra do único Nobel da Literatura português


(A) é, sobretudo, reconhecida no estrangeiro, nomeadamente na Turquia.
(B) caracteriza-se por ser, politicamente, consensual.
(C) é essencial na análise do percurso da literatura portuguesa desde o final do século passado.
(D) destaca-se pelo seu carácter efémero.

3 Para Gonçalo M. Tavares, a leitura da obra saramaguiana


(A) foi imperativa durante o período da pandemia.
(B) influencia a interpretação da realidade atual.
(C) provoca, no leitor, um efeito de estranhamento.
(D) dá a conhecer factos futuros infalíveis.

4 A obra Ensaio sobre a Cegueira


(A) é dada como exemplo de uma obra marcante para o leitor.
(B) ilustra o facto de os livros de José Saramago serem considerados clássicos.
(C) permitiu, em 2020, uma análise detalhada da pandemia.
(D) foi, desde a sua publicação, um sucesso editorial na Turquia.

5 Todas as expressões abaixo transcritas ilustram a coesão gramatical referencial, exceto a expressão
(A) «dele» (l. 8).
(B) «nele» (l. 4).
(C) «o» (l. 30).
(D) «uma» (l. 16).

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Educação Literária

TEXTO B
1. Lê, com atenção, a seguinte passagem de Memorial do Convento:

A máquina estremeceu, oscilou como se procurasse um equilíbrio subitamente perdido, ouviu-se um


rangido geral, eram as lamelas de ferro, os vimes entrançados, e de repente, como se a aspirasse um
vórtice luminoso, girou duas vezes sobre si própria enquanto subia, mal ultrapassara ainda a altura
das paredes, até que, firme, novamente equilibrada, erguendo a sua cabeça de gaivota, lançou-se em
flecha, céu acima. Sacudidos pelos bruscos volteios, Baltasar e Blimunda tinham caído no chão de
tábuas da máquina, mas o padre Bartolomeu Lourenço agarrara-se a um dos prumos que sustentavam
as velas e assim pôde ver afastar-se a terra a uma velocidade incrível, já mal se distinguia a quinta,
logo perdida entre colinas, e aquilo além, que é, Lisboa, claro está, e o rio, oh, o mar, aquele mar por
onde eu, Bartolomeu Lourenço de Gusmão, vim por duas vezes do Brasil, o mar por onde viajei à
Holanda, a que mais continentes da terra e do ar me levarás tu, máquina, o vento ruge-me aos ouvidos,
nunca ave alguma subiu tão alto, se me visse el-rei, se me visse aquele Tomás Pinto Brandão que se riu
de mim em verso, se o Santo Ofício me visse, saberiam todos que sou filho predilecto de Deus, eu sim, eu
que estou subindo ao céu por obra do mau génio, por obra também dos olhos de Blimunda, se haverá
no céu olhos como eles, por obra da mão direita de Baltasar, aqui te levo, Deus, um que também não
tem a mão esquerda, Blimunda, Baltasar, venham ver, levantem-se daí, não tenham medo.
Não tinham medo, estavam apenas assustados com a sua própria coragem. O padre ria, dava gritos,
deixara já a segurança do prumo e percorria o convés da máquina de um lado a outro para poder olhar
a terra em todos os seus pontos cardeais, tão grande agora que estavam longe dela, enfim levantaram-
se Baltasar e Blimunda, agarrando-se nervosamente aos prumos, depois à amurada, deslumbrados de
luz e de vento, logo sem nenhum susto, Ah, e Baltasar gritou, Conseguimos, abraçou-se a Blimunda e
desatou a chorar, parecia uma criança perdida, um soldado que andou na guerra, que nos Pegões
matou um homem com o seu espigão, e agora soluça de felicidade abraçado a Blimunda, que lhe beija
a cara suja, então, então. O padre veio para eles e abraçou-se também, subitamente perturbado por
uma analogia, assim dissera o italiano, Deus ele próprio, Baltasar seu filho, Blimunda o Espírito Santo,
e estavam os três no céu, Só há um Deus, gritou, mas o vento levou-lhe as palavras da boca. Então
Blimunda disse, Se não abrirmos a vela, continuaremos a subir, aonde iremos parar, talvez ao sol.
Nunca perguntamos se haverá juízo na loucura, mas vamos dizendo que de louco todos temos um
pouco. São maneiras de nos segurarmos do lado de cá, imagine-se, darem os doidos como pretexto para
exigir igualdades no mundo dos sensatos, só loucos um pouco, o mínimo juízo que conservem, por
exemplo, salvaguardarem a própria vida, como está fazendo o padre Bartolomeu Lourenço, Se
abrirmos de repente a vela, cairemos na terra como uma pedra, e é ele quem vai manobrar a corda,
dar-lhe a folga precisa para que se estenda a vela sem esforço, tudo depende agora do jeito, e a vela
abre-se devagar, faz descer a sombra sobre as bolas de âmbar e a máquina diminui de velocidade, quem
diria que tão facilmente se poderia ser piloto nos ares, já podemos ir à procura das novas Indias. […]
O vento está do Sul, uma brisa que mal faz agitar os cabelos de Blimunda, com esta aragem não poderão
ir a lado algum, seria o mesmo que querer atravessar o oceano a nado, por isso Baltasar pergunta, Dou
ao fole, todas as moedas têm duas faces, primeiro proclamou o padre, Só há um Deus, agora quer
Baltasar saber, Dou ao fole, primeiro o sublime, depois o trivial quando, Deus não sopra, tem o homem
de fazer força. Mas o padre Bartolomeu Lourenço parece ter sido tocado por um ramo de estupor, não
fala, não se mexe, apenas olha o grande círculo da terra, uma parte de rio e mar, uma parte de monte
e planície, se aquilo não é espuma, além, será a vela branca duma nau, se não for farrapo de névoa é
fumo de chaminé, e contudo dir-se-ia que o mundo acabou, os homens nele, o silêncio aflige, e o vento
caiu, nem um cabelo de Blimunda se move. Dá ao fole. Baltasar, disse o Padre.
In José SARAMAGO, Memorial do Convento
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Responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem. Ilustra, sempre que
possível, as suas respostas com expressões retiradas do texto.

1. Retira as ideias principais desta passagem de “Memorial do Convento”.


2. Identifica os fatores a que se atribui, nesta passagem, a subida da Passarola.
3. Demonstra e explicita a simbologia associada à Passarola, neste excerto.
4. Ilustra a presença do Sonho neste texto, referindo a importância e a simbologia que o mesmo
representa na globalidade da obra Memorial do Convento.
5. Demonstra e comenta a presença da crítica social neste excerto da obra.

Grupo II – Gramática
1. Nas expressões abaixo, identifica e classifica todas as orações (coordenadas e/ou
subordinadas) presentes.

a. Nunca perguntamos se haverá juízo na loucura, mas vamos dizendo que de louco todos temos
um pouco. São maneiras de nos segurarmos do lado de cá, imagine-se, darem os doidos como
pretexto para exigir igualdades no mundo dos sensatos, só loucos um pouco, o mínimo juízo
que conservem, por exemplo, salvaguardarem a própria vida, como está fazendo o padre
Bartolomeu Lourenço

2. No excerto abaixo, classifique todas as formas verbais presentes, quanto ao modo e ao


tempo.

«Mas o padre Bartolomeu Lourenço parece ter sido tocado por um ramo de estupor, não fala, não
se mexe, apenas olha o grande círculo da terra, uma parte de rio e mar, uma parte de monte e
planície, se aquilo não é espuma, além, será a vela branca duma nau, se não for farrapo de névoa é
fumo de chaminé, e contudo dir-se-ia que o mundo acabou, os homens nele, o silêncio aflige, e o
vento caiu, nem um cabelo de Blimunda se move. Dá ao fole. Baltasar, disse o Padre.»

Grupo III – Expressão escrita

1. Escolhe o tema A ou o tema B e, num texto crítico, reflete acerca do mesmo (com um
mínimo de 250 palavras e um máximo de 300 palavras).

TEMA A: «A presença e a importância da dimensão simbólica em Memorial do Convento».


TEMA B: «A crítica à Igreja do século XVIII no romance Memorial do Convento».

Bom trabalho!

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