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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

EXTENSÃO DE NACALA

Direito de Energia Gás e Petróleo

Tema: Surgimento da Industria de Petróleo e do Gás em Moçambique e Propriedade/Soberania


sobre os Recursos

Discente:

Olência da Graça Cumbe

Nacala, Agosto de 2024

1
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
EXTENSÃO DE NACALA

Direito de Energia Gás e Petróleo

Tema: Surgimento da Industria de Petróleo e do Gás em Moçambique e Propriedade/Soberania


sobre os Recursos

Trabalho de carácter avaliativo da cadeira


de Direito de Energia, Gás e Petróleo,
pertencente ao IIo semestre do 3o ano do
curso de licenciatura em direito.
Suborientação da Dr. Lieda Msanga.

Docente: Lieda Msanga

Nacala, julho de 2024

2
Ìndice
Introdução ......................................................................................................................................... 4

Surgimento da industria Petrolífera e de Gás em Moçambique ....................................................... 5

Exercicio da Actividades petrolífera ................................................................................................ 6

Propriedade sobre os recursos .......................................................................................................... 7

Titularidade do exercício das operações petrolíferas ....................................................................... 7

Atividades e procedimentos ............................................................................................................. 7

Extinção dos contratos de concessão.............................................................................................. 10

Soberania sobre os recursos ........................................................................................................... 11

Conclusão ....................................................................................................................................... 14

Referência bibliográfica ................................................................................................................. 15

3
Introdução

Moçambique é um país dotado de vasta riqueza em recursos naturais incluindo carvão, gás
natural, areias minerais e reservas de petróleo. A diversidade geológica de Moçambique oferece
uma vasta gama de minerais e metais incluindo ouro, urânio, titânio, carvão e bauxite. A cintura
de Manica no oeste de Moçambique é a fonte primária do ouro, cobre, ferro, bauxite e recursos
similares no país. As reservas de gás natural dos campos de Pande/Temane, na província de
Inhambane estimam-se em mais de 5 milhões. Estima-se que as reservas totais de carvão sejam de
pelo menos 6 biliões de toneladas, incluindo as minas de Moatize e Mucanha-Vuzi na província
de Tete (Vitor, Rocha, Graça, & Lopes., 2010).

A maior parte dos recursos naturais de Moçambique ainda não estão explorados.Desde 2003, a
indústria extractiva de Moçambique tem atraído uma crescente atenção do sector privado. Os
fluxos de capital têm ganhado dimensão e um conjunto de empresas de países como a África do
Sul, Rússia, Brasil e Índia, têm estado a comprar acções nas minas ao longo do país, facto que
significa a emergente importância da indústria mineira na economia de Moçambique. Perto de
217 milhões de dólares americanos foram investidos no sector mineiro do país em 2007, acima de
169 milhões de dólares americanos em 2005.

A exploração mineira tornar-se-á muito importante num futuro breve quando vários mega-
projectos começarem a mostrar resultados na produção e na exportação. Assim, a implementação
da ITIE (Extrative Industries Transparency Initiative em português “Iniciativa de Transparencia
das Industrias Extrativas”) pode ser uma ferramenta importante para assegurar que os benefícios
resultantes da exploração sejam utilizados para o benefício do País (Vitor, Rocha, Graça, &
Lopes., 2010).

Os minerais que estão a ser explorados actualmente incluem titânio, tântalo, mármore, ouro,
carvão, bauxite, granito, calcário e pedras preciosas, existem também depósitos conhecidos de
pegmatitos, platinóides, urânio, bentonite, ferro, cobalto, crómio, níquel, cobre, granito, flúor,
diatomite, esmeraldas, turmalinas e apatite. O sector extractivo tem um potencial para contribuir
muito mais para a economia nacional do que aquilo que faz hoje, uma vez que tem atraído
grandes investimentos.

4
Surgimento da industria Petrolífera e de Gás em Moçambique

A primeira descoberta de gás natural em Moçambique remonta a 1961, em Pande, à qual se


seguiram as descobertas dos jazigos de Buzi e Temane, estas descobertas foram declaradas como
não comerciais, vários projectos tendo sido estudados, até ao ano de 2000 em que a conhecida
empresa Sul Africana Sasol assumiu um compromisso por 25 anos de comprar 120 milhões de
gás natural para consumo próprio e comercialização na África do Sul. Este compromisso permitiu
viabilizar o projecto de produção de gás natural a partir dos jazigos de Pande (2008) e Temane
(2004) e a construção de um gasoduto de 865 km entre Temane - na Província de Inhambane - e
Secunda, na África do Sul, que permitiu ao país tornar-se o maior produtor e exportador de gás
natural da África Austral. O valor das reservas de gás natural actualmente provadas em Pande e
Temane são, de acordo com os dados fornecidos na Estratégia para o Desenvolvimento do
Mercado do Gás Natural em Moçambique publicada em 2 de Novembro 2009, de 3,59 TCF e as
reservas prováveis de 4,63 TCF (Trillion Cubic Feet) (nos mesmos jazigos) (Vitor, Rocha, Graça,
& Lopes., 2010).

Outras descobertas com reservas prováveis ocorreram, entretanto, nos jazigos de Buzi e
Inhassoro, e nas áreas dos jazigos de Pande e Temane; as descobertas realizadas nos blocos
offshore, n.ºs 16 e 19, localizados a nordeste da baía de Bazaruto, estão ainda a ser avaliadas.
A Estratégia para a Concessão de Áreas para as Operações Petrolíferas, publicada em 8 de Junho
de 2009, refere que as bacias sedimentares nacionais oferecem áreas com forte potencial para a
ocorrência de petróleo. A bacia de Moçambique, com 300.000 km2, possui uma densidade de
cerca de 1 furo por 8.000 km2 em terra, e de 1 furo por 17.000 km2 no mar, enquanto que a de
Rovuma, com 60.000 km2 possui uma densidade de 1 furo por 17.000 km2 em terra e nenhum
furo no mar (Vitor, Rocha, Graça, & Lopes., 2010).

O elevado potencial de Moçambique encontra-se, assim, por explorar, sendo uma das bases da
estratégia do sector energético do país o incitamento ao investimento em projectos de
reconhecimento, pesquisa e produção de hidrocarbonetos, ajudando a sustentar o decréscimo da
pobreza nacional nomeadamente através da criação de infraestruturas para o fornecimento de
energia a centros populacionais, procurando também o desenvolvimento da indústria de refinação
no país, evitando a elevada importação de combustíveis, com efeitos negativos na balança
económica nacional, que se tem verificado. Esta actuação procura a diversificação da matriz

5
energética e a implementação de muitas outras medidas estratégicas, que assistirão ao
cumprimento dos objectivos da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC),
da qual é parte (Vitor, Rocha, Graça, & Lopes., 2010).

É patente, desta forma, a intenção do Estado em escapar à dita “maldição dos recursos naturais”,
igualmente conhecida economicamente como a “Dutch Disease” – resultando na dependência
crescente da economia de uma única actividade, habitualmente relacionada com recursos naturais,
por esta actividade ser mais rentável a menor custo, resultando num desinvestimento nas restantes
áreas (Vitor, Rocha, Graça, & Lopes., 2010).

O Estado Moçambicano promove uma corrida aos seus recursos naturais impondo, no entanto,
uma sustentabilidade através de contribuições dos investidores e agentes de mercado dos vários
sectores económicos, do turismo, às infra-estruturas, passando pelas componentes energéticas
utilizadas na indústria, atribuindo para o efeito, direitos de preferência a pessoas colectivas
nacionais e associações de pessoas colectivas estrangeiras com aquelas. De seguida, passamos a
uma descrição sumária, tendo em conta a extensão da legislação aplicável existente, dos processos
e requisitos para acesso à actividade do sector do petróleo e do gás (Fernandes, 2016).

Exercicio da Actividades petrolífera

A Lei n.º 3/2001, de 21 de Fevereiro, aplica-se às operações petrolíferas definidas por exclusão da
refinação do petróleo, da sua utilização industrial, distribuição e comercialização de produtos
petrolíferos, encontrando-se assim delimitada às actividades em upstream e midstream, sem
diferenciação, excluindo as actividades em downstream, esta Lei encontra-se regulamentada pelo
Regulamento das Operações Petrolíferas, aprovado pelo Decreto 24/2004, de 20 de Agosto (Vitor,
Rocha, Graça, & Lopes., 2010).

O acesso às actividades de operações petrolíferas é da competência do Estado, suas instituições e


pessoas colectivas de direito público, sendo aquele o proprietário de todos os recursos petrolíferos
situados no solo e subsolo, nas águas interiores, no mar territorial, na plataforma continental e na
Zona Económica Exclusiva de Moçambique (Vitor, Rocha, Graça, & Lopes., 2010).

6
Propriedade sobre os recursos

O Estado reserva-se o direito de participar nas operações petrolíferas em que esteja envolvida
qualquer pessoa jurídica sendo, até decisão de participação em descoberta comercial e de
participação na mesma, eximido do pagamento de quaisquer custos com as referidas operações
(regime de carried forward interest). A decisão de participação do Estado em determinado
projecto poderá ocorrer em qualquer fase, nos termos e condições a estabelecer por contrato entre
este e a(s) entidade(s) titulares de direitos (Fernandes, 2016).

Titularidade do exercício das operações petrolíferas

Titulares: podem ser titulares do direito de exercício de operações petrolíferas pessoas jurídicas
nacionais ou estrangeiras que comprovem ter competência técnica e meios financeiros adequados
à condução efectiva das operações, conforme requisitos constantes da lei e regulamentos
aplicáveis. As pessoas jurídicas nacionais gozam de direito de preferência na atribuição de blocos,
bem como as pessoas jurídicas estrangeiras que se associem com pessoas jurídicas nacionais.
De notar que, para efeitos de preenchimento dos requisitos para qualificação como nacional por
uma pessoa colectiva, não bastará que esta seja constituída sob as leis de Moçambique, com sede
efectiva em Moçambique, devendo o seu capital social ser detido em mais de 50% por pessoa
jurídica nacional (Fernandes, 2016).

Atividades e procedimentos

Fernandes (2016), diz que as operações petrolíferas abarcadas pela Lei, encontram-se sujeitas à
prévia celebração de um contrato de concessão com o Estado Moçambicano, e repartem-se por:

(i) Reconhecimento,

(ii) Pesquisa e produção e

(iii) Oleoduto ou gasoduto.

A concessão é atribuída, em regra, por concurso público e por negociação simultânea ou


negociação directa nos casos exclusivamente previstos no Regulamento das Operações
Petrolíferas (Fernandes, 2016).

7
(i) Reconhecimento: o contrato de reconhecimento concede o direito de realizar
trabalhos preliminares de pesquisa e avaliação na área abrangida pelo mesmo, através
de levantamentos aero-espaciais, terrestres e outros, incluindo estudos geofísicos,
geoquímicos, paleontológicos, geológicos e topográficos, sendo celebrado por um
período máximo de 2 anos e permitindo perfurações até 100 metros abaixo da
superfície ou do fundo do mar (Fernandes, 2016). Este contrato concede direito de
preferência ao titular do direito de reconhecimento na celebração do contrato de
pesquisa e produção sob condição que expresse essa intenção até 6 meses antes de
expirar o seu direito. É da competência do Ministro dos Recursos Minerais a
aprovação destes contratos e a atribuição deste direito é efectuada mediante
requerimento dirigido ao mesmo contendo informações sobre o requerente, incluindo a
sua nacionalidade, a identificação da área requerida, a descrição dos objectivos e
natureza das actividades e a proposta dos termos e condições do contrato a celebrar.

(ii) Pesquisa e produção: este contrato atribui o direito exclusivo de pesquisa e produção
de petróleo, petróleo bruto, gás natural ou outros hidrocarbonetos produzidos ou
susceptíveis de serem produzidos a partir de daqueles, de argilas ou areias
betuminosas. Este contrato tem a particularidade de incluir, igualmente, o direito não
exclusivo de construir e operar sistemas de oleodutos ou gasodutos para efeitos de
transporte de petróleo bruto ou gás natural produzidos na área do contrato excepto haja
disponibilidade de acesso a um desses sistemas já existente, sob termos e condições
comerciais aceitáveis (Fernandes, 2016).

É da competência do Conselho de Ministros aprovar a celebração dos contratos de pesquisa e


produção.O prazo de duração do direito atribuído é de 8 anos, salvo se apresentado pedido de
prorrogação dirigido ao Ministro dos Recursos Minerais e a apresentar no Instituto Nacional de
Petróleo, com indicação da área objecto da prorrogação.

De acordo com Fernandes (2016) o requerimento de prorrogação poderá ser fundado em um dos
seguintes motivos:

a) se, findo o prazo de pesquisa e produção, o titular do direito estiver a realizar trabalhos de
perfuração ou a proceder a testes de um poço de pesquisa, sendo prorrogado pelo prazo

8
necessário para culminação dos trabalhos e avaliação dos resultados, que não excederá 1
ano, ou;

b) verificando-se uma descoberta durante a fase de pesquisa e produção, se o titular do


direito tiver cumprido as obrigações de trabalho, assumindo o compromisso de realizar o
programa de avaliação ou uma avaliação comercial da descoberta.

A prorrogação poderá ir até 2 anos para uma descoberta de petróleo bruto e 8 anos para uma
descoberta de gás natural, dependendo da complexidade do trabalho a desenvolver para condução
do programa de avaliação ou a uma avaliação comercial da descoberta. Caso no termo da pesquisa
ou prorrogação seja declarada uma descoberta comercial, deverá ser submetido um Plano de
Desenvolvimento, no prazo máximo de 1 ano a contar da declaração de comercialidade
(Fernandes, 2016).

(iii) Oleoduto ou gasoduto: Este contrato concede o direito de constituir e operar oleodutos ou
gasodutos para efeitos de transporte de petróleo bruto ou gás natural, nos casos em que estas
operações não estejam cobertas por um contrato de pesquisa e produção. O contrato deverá ser
acompanhado do respectivo Plano de Desenvolvimento que faz parte integrante do mesmo. O
período máximo de desenvolvimento e produção é de 30 anos a contar da data de aprovação do
respectivo plano de desenvolvimento (Fernandes, 2016).

É da competência do Conselho de Ministros aprovar a celebração dos contratos de oleoduto ou


gasoduto.

O titular do referido direito encontra-se obrigado a dar acesso a terceiros, transportando, sem
discriminação e em termos comercialmente aceitáveis, petróleo de terceiros, desde que se
verifique capacidade disponível no sistema e/ou não existam problemas técnicos insuperáveis que
excluam o uso do Sistema de oleoduto ou Gasoduto para satisfazer o pedido de terceiros. Esta
obrigação de acesso aplica-se igualmente ao titular de pesquisa e produção que tenha incluído,
conforme Plano de Desenvolvimento apresentado após declaração de descoberta comercial, um
Sistema de Oleoduto ou Gasoduto (Fernandes, 2016).

9
Transmissão de direitos: a cessão, mesmo que parcial, dos direitos e obrigações do titular deverá
ser regulada no respectivo contrato e previamente autorizada pelo Ministro dos Recursos Minerais
(Fernandes, 2016).

Caução: deverá ser prestada garantia bancária ou carta de garantia da empresa-mãe no montante
equivalente às obrigações mínimas de trabalho para garantia dos deveres contratuais emergentes
do contrato de concessão (Fernandes, 2016).

Seguros: o Operador deverá contratar seguro, conforme legislação aplicável, nomeadamente com
cobertura de danos as instalações, danos por poluição, responsabilidade perante terceiros,
remoção de sucata e limpeza após acidentes, acidentes de trabalho do seu pessoal que esteja
envolvido nas operações (Fernandes, 2016).

Direito de uso e aproveitamento e constituição de servidões: o titular deverá solicitar um


direito de uso e aproveitamento de terras para realização de operações petrolíferas pelo período
compatível com o estabelecido no respectivo contrato, podendo exigir a constituição de servidões
de passagem para o acesso aos locais onde as operações petrolíferas são realizadas, nos termos da
legislação de terras (Fernandes, 2016).

Extinção dos contratos de concessão

Fernandes (2016) diz que os contratos de concessão poderão extinguir-se por:

(i) Renúncia total à área do contrato pelo titular do mesmo, a requerer até 3 meses antes
do termo do respectivo contrato ao Ministro dos Recursos Minerais, desde que tenha
preenchido as obrigações de trabalho e despesas mínimas aí previstas e excepto se se
tratar de uma área de desenvolvimento e produção (Sistema de Oleoduto ou Gasoduto)
-, caso em que deverá ser com uma antecedência de 1 ano se após o início da produção
comercial;

(ii) Rescisão unilateral por comunicação do Ministro dos Recursos Minerais enviada ao
titular do direito, com efeitos imediatos e com base em desvio do objecto da
concessão, falência do titular da concessão, incumprimento das leis e regulamentos
aplicáveis quando as sanções anteriores se tenham demonstrado ineficazes, violação
grave das cláusulas contratuais e violação culposa e grave dos deveres do Operador,

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interrupção prolongada da actividade por facto imputável a este último, ou por outras
causas estabelecidas no respectivo contrato de concessão; e

(iii) Abandono, caso o titular do direito de concessão deixe, injustificadamente, de exercer


as operações petrolíferas na área em causa por um período mínimo de 3 meses,
resultando na extinção do contrato, devendo a área ser declarada desocupada.
No termo da concessão nos casos referidos supra os bens reverterão gratuitamente para
o Estado, salvo disposição contratual em contrário.

De referir, ainda, a previsão da obrigatoriedade da submissão do Plano de Desmobilização, com


uma antecedência mínima de 2 anos relativamente à data prevista para o termo das operações de
produção em consulta com o Instituto Nacional de Petróleo (Araújo, 2010).

O plano, que deverá ser submetido à aprovação do Ministro dos Recursos Minerais, inclui uma
avaliação do impacto ambiental das actividades de encerramento e abandono, devendo as
operações petrolíferas obedecer às boas práticas internacionais relativas a campos petrolíferos e à
legislação ambiental aplicável (Araújo, 2010).

É dada relevância à matéria da protecção ambiental e higiene e segurança nas operações


petrolíferas que obedece a parâmetros firmes, sendo a queima do gás natural permitida apenas nos
casos em que não haja outra possibilidade para que a exploração seja comercial (Araújo, 2010).

Soberania sobre os recursos

Fernandes (2016), afirma que atualmente é amplamente aceito pelo Direito Internacional o
princípio que assegura aos Estados Nacionais a sua soberania permanente sobre os recursos
naturais existentes em seu território, conforme estabelecido pela Resolução n. 1.803, adotada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas em 14 de dezembro de 1962. Tal princípio foi introduzido
no ordenamento internacional em um contexto de conflitos entre os países detentores de recursos
naturais e as companhias internacionais de exploração e produção desses recursos, notadamente
as do setor petrolífero.

Segundo reivindicação daqueles, os contratos anteriormente firmados com as empresas


petrolíferas concediam a estas vantagens claramente desproporcionais, em detrimento dos
interesses dos países hospedeiros, que assistiam ao esgotamento de suas reservas sem receber uma

11
remuneração adequada, motivo por que deveriam ser revistos. As empresas petrolíferas, por sua
vez, valiam-se do princípio pacta sunt servanda, segundo o qual os contratos devem ser
cumpridos nos termos em que foram acertados (Fernandes, 2016).

Em reconhecimento à razoabilidade do pleito das nações prejudicadas, foi instituída a Resolução


n. 1.803, mencionada anteriormente, bem como outras criadas posteriormente para lidar com a
questão, as quais foram enfáticas em reforçar o princípio da soberania dos Estados sobre os seus
recursos naturais. Estabeleceram, ainda, que tais direitos deveriam ser exercidos com vistas a
garantir o desenvolvimento nacional e o bem-estar da população do respectivo Estado (art. 1º da
Resolução n. 1.803 da ONU) (Fernandes, 2016).

Para assegurar o exercício de tais direitos por aquelas nações que já tinham assinado contratos
claramente desvantajosos com companhias internacionais e desejavam rever os termos do acordo,
no artigo 4º da Resolução consta a possibilidade de nacionalização, expropriação ou requisição
das áreas concedidas, quando existirem razões de utilidade pública, segurança ou interesse
nacional que se revelem superiores a meros interesses particulares, seja de agentes internacionais
ou nacionais. Em tais casos, deverá ser pago àquele que realizou investimentos uma indenização
justa, de acordo com as regras do Estado hospedeiro.

O direito à soberania dos recursos naturais encontra-se garantido também por meio de outro
importante instrumento normativo no Direito Internacional, a Convenção de Montego Bay,
também conhecida como Lei dos Mares, que regula o exercício da soberania dos Estados sobre os
recursos naturais existentes no mar territorial, zona econômica exclusiva e na plataforma
continental.

No que tange ao conteúdo desse princípio, é importante que se compreenda que a soberania de um
país sobre seus recursos naturais não deve ser confundida com o direito de propriedade exercido
sobre tais recursos. Estes são conceitos distintos, conforme ensinam Omorogbe e Oniemola
(2010), ao expor que de acordo com o princípio da soberania, “os Estados têm o direito de
determinar o que se entende por propriedade em outras palavras, os Estados têm o direito de
definir e organizar seus direitos de propriedade”.

12
A partir dessa conclusão, afirmam que um Estado soberano pode atribuir a si mesmo certos
direitos, dentre os quais a propriedade do petróleo, por exemplo.
No mesmo sentido, afirma Redgwell (2010):

“O Direito Internacional geralmente não estipula o proprietário ou a forma como deve ser exercido
o direito de propriedade que os Estados devem aplicar aos seus recursos energéticos pela sua
legislação interna. É de livre escolha do Estado determinar, segundo o seu direito interno, quando
os recursos energéticos e a infraestrutura aplicada na sua exploração são propriedade pública ou
privada, bem como em que condições, por exemplo, será feita a exploração do petróleo, se com
base em arranjos contratuais ou segundo a atribuição de uma licença regulada por normas de direito
público, ou qualquer outro instrumento jurídico. (p.26)”

Em suma, o que o Direito Internacional assegura aos Estados Nacionais é o exercício de uma
liberdade na escolha da melhor forma para explorar seus recursos.

Não impõe a adoção de um regime de propriedade que deve ser seguido, nem algum tipo de
modelo contratual a ser adotado. Podem optar por qualquer um dos caminhos possíveis, que,
conforme exposto por Omorogbe e Oniemola (2010), restringem-se basicamente a dois:

1) pode-se determinar que eles pertencem ao proprietário da terra, conforme ainda se verifica
nos Estados Unidos; ou

2) Podem pertencer ao Estado, sendo o seu proprietário o ente central ou o ente subnacional
onde os recursos estão localizados, tais como províncias, estados ou outro tipo de governo
local.

Além disso, quer pertençam a um ente estatal, quer ao particular, ainda existirão diversas nuances
que devem ser abordadas pelo ordenamento interno, tendo em vista que o exercício do direito de
propriedade envolve, normalmente, uma série de atributos que podem ser desmembrados entre
vários sujeitos.

13
Conclusão

Depois de ter realizado a pesquisa que culmina no presente trabalho, conclui-se que o Direito
Internacional assegura aos Estados Nacionais, por meio do princípio da soberania sobre os
recursos naturais, o exercício de uma liberdade na escolha da melhor forma para explorar seus
recursos. Não impõe a adoção de um regime de propriedade que deve ser seguido, nem algum
tipo de modelo contratual a ser adotado. Podem optar por qualquer um dos caminhos possíveis,
que se restringem basicamente a dois: (i) as jazidas pertencem ao proprietário da terra, conforme
ainda se verifica nos Estados Unidos; ou (ii) pertencem ao Estado, sendo o seu proprietário o ente
central ou o ente subnacional onde os recursos estão localizados, assegurando-se a possibilidade
de nacionalização, expropriação ou requisição das áreas concedidas, quando existam razões de
utilidade pública, segurança ou interesse nacional que se revelem como superiores a meros
interesses particulares, seja de agentes internacionais ou nacionais.

14
Referência bibliográfica

Araújo, E. N. (2010). Curso de direito administrativo. São Paulo: Saraiva.

Fernandes, A. G. (2016). "Do exercício da soberania sobre os recursos naturais no território


brasileiro", p. 23 -34. In: Royalties do Petróleo e Orçamento Público: Uma Nova Teoria.
São Paulo: Blucher.

Omorogbe, Y., & Oniemola, P. (2010). Property rights in oil and gas under domanial regimes.
In: Mac, H, Allien; Barton, B; Brodbrook, A; Godden, L. (Org.). Property and the law in
energy and natural resources. New York: Oxford University Press.

Redgwell, C. (2010). Property Law Sources and Analogies in International Law. In: Mac Harg,
Allien; Barton, Barry; Bradbrook, Adrian; Godden, Lee (Org.). Property and the Law in
Energy and Natural Resources. New York: Oxford University Pres.

Vitor, M. S., Rocha, A. O., Graça, J., & Lopes., T. P. (2010). Petroleo e Gàs em Moçambique:
Upstream e Midstream. Maputo: News lextter.

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