CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECATRÔNICA
Apostila de Desenho
Módulo I
Sumário
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 4
O que é visão espacial? ................................................................................................................ 4
A origem do desenho técnico ....................................................................................................... 4
Tipos de Desenho Técnico ........................................................................................................... 5
Desenho Projetivo ......................................................................................................................... 5
Áreas de atuação ........................................................................................................................... 5
Elaboração e apresentação .......................................................................................................... 5
Padronização ................................................................................................................................. 6
Normas da ABNT ........................................................................................................................... 6
Sistemas de medidas .................................................................................................................... 6
Formatos de Papel ......................................................................................................................... 8
Material de Desenho .................................................................................................................... 10
Recomendações .......................................................................................................................... 12
PROJEÇÕES ................................................................................................................................ 13
Projeção cônica ou central ......................................................................................................... 13
Projeções ortogonais .................................................................................................................. 14
Vistas principais .......................................................................................................................... 14
Como utilizar as Projeções Ortogonais ..................................................................................... 16
Representação de Arestas Ocultas ............................................................................................ 18
Vista Lateral Direita e Vista Inferior............................................................................................ 19
Tipos de linhas ............................................................................................................................. 20
Exemplos de Linhas .................................................................................................................... 21
CALIGRAFIA TÉCNICA ................................................................................................................ 23
Letras e algarismos ..................................................................................................................... 23
Folha de desenho - Layout e dimensões ................................................................................... 25
Normas complementares ............................................................................................................ 25
COTAGEM DE DESENHO TÉCNICO ........................................................................................... 25
Elementos de Cotagem ............................................................................................................... 26
Linhas auxiliares e cotas ............................................................................................................ 26
Limite da linha de cota ................................................................................................................ 27
Apresentação da cotagem .......................................................................................................... 28
ESCALAS ...................................................................................................................................... 30
REPRESENTAÇÃO DE PERSPECTIVAS .................................................................................... 32
Perspectivas Isométricas ............................................................................................................ 32
Malha Isométrica .......................................................................................................................... 34
Processo de Construção de Uma Perspectiva Isométrica ....................................................... 34
Círculos Isométricos ................................................................................................................... 36
Perspectivas Cavaleiras .............................................................................................................. 38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 40
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INTRODUÇÃO
O desenho técnico é uma forma de expressão gráfica que visa a representação de
forma, dimensão e posição de objetos de acordo com as diferentes necessidades requeridas
pelas diversas modalidades de engenharia e também da arquitetura. A Figura 1 exemplifica a
representação de forma espacial por meio de figuras planas. Para os leigos a figura é a
representação de três quadrados.
Figura 1– Projeções ortogonais de um cubo.
Na linguagem gráfica do desenho técnico a figura corresponde à representação de um
determinado cubo.
Conhecendo-se a metodologia utilizada para elaboração do desenho bidimensional é
possível entender e conceber mentalmente a forma espacial representada na figura plana.
Na prática pode-se dizer que, para interpretar um desenho técnico, é necessário
entender uma forma espacial a partir de uma figura plana (visão espacial).
O que é visão espacial?
Visão espacial é um dom que dá a capacidade de percepção mental das formas espaciais.
Por exemplo, fechando os olhos pode-se ter o sentimento da forma espacial de um copo, da
sua casa etc. Apesar da visão espacial ser um dom que todos têm, algumas pessoas têm mais
facilidade. A habilidade de percepção das formas espaciais a partir das figuras planas pode ser
desenvolvida a partir de exercícios progressivos e sistematizados.
A origem do desenho técnico
Está incluído no álbum de desenhos na Livraria do Vaticano desenhado por Giuliano de
Sangalo no ano de 1490.
No século XIX, com a explosão mundial do desenvolvimento industrial, foi necessário
normalizar a forma de utilização da Geometria Descritiva para transformá-la numa linguagem
gráfica que simplificasse a comunicação e viabilizasse o intercâmbio de informações
tecnológicas.
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Tipos de Desenho Técnico
O desenho técnico é dividido em dois grupos:
Desenho projetivo – são os desenhos resultantes de projeções do objeto em um ou mais planos
de projeção e correspondem às vistas ortográficas e às perspectivas.
Desenho não-projetivo – na maioria dos casos corresponde a desenhos resultantes dos cálculos
algébricos e compreendem os desenhos de gráficos, diagramas etc.
Desenho Projetivo
Os desenhos projetivos compreendem a maior parte dos desenhos feitos nas indústrias
e alguns exemplos de utilização são:
Projeto e fabricação de
máquinas;
Projeto e construção de
edificações;
Projeto e construção de rodovias e
ferrovias;
Projeto e montagem de unidades de
processos;
Representação de relevos topográficos e cartas
náuticas;
Desenvolvimento de produtos industriais;
Projeto e construção de móveis e utilitários domésticos;
Promoção de vendas com apresentação de ilustrações sobre o produto.
Áreas de atuação
Desenho Mecânico Desenho de Máquinas;
Desenho de Estruturas;
Desenho Arquitetônico;
Desenho Elétrico/Eletrônico;
Desenho de Tubulações
Elaboração e apresentação
Atualmente, na maioria dos casos, os desenhos são elaborados por computadores; Os
primeiros desenhos que darão início à viabilização das ideias são desenhos elaborados à mão
livre (esboços); A partir dos esboços, são elaborados os desenhos preliminares, estágio
intermediário dos estudos que são chamados de anteprojeto. A partir dos anteprojetos
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devidamente modificados e corrigidos são elaborados os desenhos definitivos. Os desenhos
definitivos são completos e contêm todas as informações necessárias à execução do projeto.
Padronização
Para transformar o desenho técnico em uma linguagem gráfica foi necessário
padronizar seus procedimentos de representação gráfica. A padronização é feita por normas
técnicas seguidas e respeitadas internacionalmente. No Brasil as normas são aprovadas e
editadas pela ABNT, fundada em 1940.
Normas da ABNT
Os procedimentos para execução de desenhos técnicos aparecem em normas gerais
que abordam desde a denominação e classificação dos desenhos até as formas de
representação gráfica:
o NBR 5984 – Norma geral de desenho técnico
o NBR 6402 – Execução de desenhos técnicos de máquinas e estruturas
metálicas
Existem também as normas que tratam os assuntos separadamente:
o NBR 10647 – Desenho Técnico – O objetivo é definir os termos empregados em
desenho técnico.
o NBR 10068 – Folha de desenho layout e dimensões
o NBR 10582 – Apresentação da folha para desenho técnico, que normaliza a
distribuição do espaço da folha;
o NBR 13142 – Desenho técnico – dobramento de
cópias;
o NBR 8402 – Execução de caracteres para escrita;
o NBR 8403 – Aplicação de linhas em desenhos
o NBR10067 – Princípios gerais de representação em desenho técnico
o NBR 8196 – Desenho técnico – emprego de escalas
o NBR 12298 – Representação de área de corte por meio de hachuras em desenho técnico
o NBR10126 – Cotagem em desenho técnico
o NBR8404 – Indicação do estado de superfície
o NBR 6158 – Sistema de tolerâncias e ajustes
o NBR 8993 – Representação convencional de partes roscadas em desenho técnico.
Sistemas de medidas
Medir é comparar uma dada grandeza com outra de mesma espécie, tomada como
referência. Para medir, precisa-se conhecer a unidade de grandeza a ser adotada.
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Entende-se por unidade um determinado valor em relação ao qual outros são
comparados. No Brasil, é adotado o metro como a unidade de medida (sistema métrico).
Sistema Métrico
O sistema métrico foi implantado no Brasil pela Lei Imperial nº 1137, no dia 26 de junho
de 1862. A unidade de medida utilizada normalmente no sistema métrico é o metro, e o
sistema é decimal.
Atualmente, o padrão do metro em vigor no Brasil é uma recomendação do INMETRO,
baseado na velocidade da luz, de acordo com decisão da 17ª conferência Geral dos Pesos e
Medidas de 1983. O INMETRO definiu o metro como o comprimento do trajeto percorrido pela
luz no vácuo, durante o intervalo de tempo de 1/299.792.458 de segundo.
A tabela a seguir é baseada no Sistema Internacional de Medidas, SI, onde
representamos os múltiplos e submúltiplos do metro.
Tabela 1 – Múltiplos e submúltiplos do metro (SI).
Sistema inglês
A unidade de medida do sistema inglês é a polegada, que equivale a 25,4 mm. Como
grande parte do maquinário das industrias brasileiras é procedente de países que usam este
sistema de medidas, muitos componentes e peças produzidas são bitolados em polegadas, o que
tornou seu uso corrente. O sistema é duodecimal, ou seja:
12 polegadas (inches) = 1 pé (Foot-plural: feet) =
304,8mm
12” = 1’
Os submúltiplos da polegada são expressos em frações, com a barra inclinada, seguida
de aspas. Exemplo:
3/4", 5/8"
Fração decimal - Para facilitar os cálculos, criou-se uma divisão decimal da polegada.
A polegada divide-se em milésimos e décimos de milésimos. Exemplo:
1,003" = 1 polegada e 3 milésimos
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1,1247" = 1 polegada e 1247 décimos de milésimos
0,725" = 725 milésimos de polegada
Nas medições em que se requer maior exatidão, utiliza-se a divisão de milésimos de
polegada, também denominada micro-polegada. Exemplo:
0,001" = 1 x 10-6 inch
Conversões - As conversões devem ser feitas toda vez que a medida estiver em
polegada fracionária por 25,4
2" = 2 . 25,4 = 50,8mm
3/8" = 3 . 25,4/8 = 76,2/8 = 9,525mm
A conversão de milímetro em polegada fracionária é feita dividindo-se o valor em
milímetro por 25,4 e multiplicando-o por 128. O resultado deve ser escrito com numerador de
uma fração cujo denominador seja 128. Caso o numerador não dê um número inteiro, deve-
se arredonda-lo para o número inteiro mais próximo. Exemplo:
a) 12,7mm 12,7mm = (12,7/25,4 . 128)/128 = 64/128 = 1/2"
b) 19,8mm 19,8mm = (19,8/25,4 . 128)/128 = 99,77/128 100/128 = 25/32"
Formatos de Papel
Os papéis a serem utilizados em desenho técnico deverão corresponder a um dos
formatos da série A normalizados pela A.B.N.T. (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Todos os formatos desta série derivam-se do formato A0, que possuindo as dimensões de
841 x 1189mm, possui uma área igual a 1m².
Assim sendo, ao dividir-se ao meio o maior lado de um formato, encontrar-se-á o
formato imediato abaixo:
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Figura 2 – Dimensões dos formatos de folhas série A.
A Figura 3 juntamente com a TABELA 1 apresenta as margens dimensões das folhas
utilizadas no desenho técnico.
Figura 3 – Margens da folha para desenho.
Ta
bela 2 – Dimensões das folhas utilizadas para desenho.
FOLHA NÃO RECORTADA FORMATO FINAL MARGEM
FORMATO
(A x B) (A1 x B1) (M)
A0 880 x 1230 841 x 1189 10
A1 625 x 880 594 x 841 10
A2 450 x 625 420 x 594 10
A3 330 x 450 297 x 420 10
A4 240 x 330 210 x 297 5
A5 165 x 240 148 x 210 5
A6* 120 x 165 105 x 148 5
*Quase nunca utilizado para desenho técnico.
Notas:
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1. Dimensões em mm;
2. A margem M1 da esquerda será considerada de 25 mm tal como para
arquivamento;
3. Outros formatos poderão ser encontrados, pela combinação de formatos
sucessivos ou iguais.
Quando, tendo-se efetuado o desenho em formato maior do que o formato A4, houver
necessidade de dobrá-lo, o resultado final da dobragem deverá corresponder às dimensões
do formato A4, aparecendo a legenda obrigatoriamente na face frontal. Na Figura 4 seguem
as dobragens recomendadas para os formatos A0, A1, A2 e A3.
Figura 4 – Sequência de dobra para folhas A0, A1, A2 e A3.
Material de Desenho
Quando iremos desenhar algo teremos que utilizar alguns tipos de materiais, sejam eles
ferramentas computacionais ou materiais para desenhos feitos a mão.
No caso de ferramentas computacionais existem diversos tipos utilizados, alguns
exemplos são:
AutoCad;
SolidEdge;
Intelicad;
Solidworks;
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Já para desenhos a mão é indispensável os seguintes materiais, Figura 5:
01 jogo de esquadros de acrílico de 20 a 30 cm;
01 escalímetro de 30 cm;
01 lapiseira 0,5 com grafite “H”;
01 lapiseira 0,7 com grafite “H”;
01 borracha macia (chanfrada);
01 lixa de unha;
01 compasso de boa qualidade; Grafites para compasso “B”;
01 Fita adesiva;
01 bloco de folha no formato A3 com margem e sem legenda;
01 flanela amarela (limpeza) ou escova de cerdas macias;
Álcool em gel;
Gabarito de circunferências (opcional).
Figura 5 – Instrumentos indispensáveis para desenho a mão.
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Recomendações
Segue abaixo algumas dicas importantes na execução de desenhos a mão. Para um
desenho com qualidade é imprescindível a atenção com os mesmos.
i. Trabalhar com prancheta e material de desenho limpos.
ii. Fixar a folha de desenho sobre a mesa com fita adesiva.
iii. Verificar os instrumentos antes de iniciar o trabalho.
iv. Usar a escala apenas para medir.
v. Apontar o lápis ou lapiseira fora da mesa de desenho.
vi. Usar a borracha o mínimo indispensável e eliminando as partículas com
escova ou flanela.
vii. Não apoiar sobre o desenho objetos que possam sujá-lo.
viii. Sequência de alguns traçados, Figura 6.
Figura 6 – Dicas para sequência de traços.
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PROJEÇÕES
Em desenho, chama-se projeção de um objeto a sua representação gráfica num plano,
onde procura-se reproduzir a sua forma exata, com todos as suas dimensões.
Tendo o objeto três dimensões e o plano de representação somente duas, é necessário
um artifício técnico que possibilite tal operação.
Elementos fundamentais de uma projeção: a posição do observador, denominada
centro da projeção, o objeto a ser representado e o plano no qual será efetuada a projeção,
denominado plano de projeção.
Considerando um plano de projeção ( ) e a posição do observador (O) fora dele, a
uma distância finita, chama-se de projeção do ponto (A) no plano ( ) a interseção da reta
(AO) com o plano (ponto a), Figura 7.
Figura 7 – Pontos de referência de uma projeção
Projeção cônica ou central
Essa modalidade de projeção, na qual o observador se encontra a uma distância
finita do plano, é chamada projeção cônica ou central. Nesta projeção a imagem sempre
sofre deformações em relação ao objeto real, podendo ora ser projetada ampliada, ora
reduzida, Figura 8.
Figura 8 – Projeção cônica ou central
Supondo que o observador passe a ocupar uma posição no infinito, a reta (XY),
denominada direção das projetantes, mostrará a posição do observador em relação ao
plano. A projeção do ponto (A) será a interseção com o plano α (em a) da paralela traçada
por (A) à direção (X) (Y).
Este tipo de projeção, na qual o observador encontra-se a uma distância infinita do
plano, é denominado projeção cilíndrica ou paralela.
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Projeções ortogonais
Nas projeções ortogonais, as projetantes interceptam o plano de projeção a 90°.
O processo industrial usa em larga escala a projeção cilíndrica ortogonal, cuja
característica principal é que as superfícies dos objetos, paralelas ao plano de projeção,
projetam-se com a mesma forma e as mesmas dimensões. Nestas condições, diz-se que
o objeto projetado se apresenta em verdadeira grandeza (VG).
Utilizando o sistema cilíndrico ortogonal, criou-se a geometria descritiva, que,
acompanhando o desenvolvimento industrial, serviu de base ao desenho técnico.
O espaço foi dividido em quatro partes, chamadas diedros, utilizando dois planos
perpendiculares. Cada diedro possui dois planos de projeção: um vertical e outro
horizontal.
Um objeto colocado em qualquer diedro terá as suas projeções vertical e horizontal.
Como o objetivo é visualizar o objeto num único plano, é feita a chamada épura, ou
seja, a planificação do diedro. Para isto, usamos um recurso que consiste no rebatimento
dos planos de projeção horizontal e lateral. Veja como isso é feito no 1° e 3° diedro, Figura
9:
i. O plano vertical, onde se projeta o que se convencionou chamar vista
frontal, deve ser imaginado sempre numa posição fixa.
ii. Para rebater o plano horizontal, imaginamos que ele sofra uma rotação
de 90° para baixo, em torno do eixo de interseção com o plano vertical. O
eixo de interseção é a aresta comum aos dois semi-planos.
iii. Para rebater o plano de projeção lateral, imaginamos que ele sofra uma
rotação de 90°, para a direita, em torno do eixo de interseção com o plano
vertical.
Figura 9 – Projeções ortogonais no primeiro (first angle projection) e terceiro diedro (third angle projection).
Vistas principais
O desenho técnico utiliza o chamado sólido envolvente, que é um paralelepípedo
composto pelos dois planos pertencentes aos diedros (PV e PH) e mais outros quatro, com o
propósito de possibilitar seis projeções para uma exata visualização de alguns objetos. O
objeto será colocado no interior do sólido envolvente para se obter as projeções.
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As projeções nestes planos são chamadas de vistas ortográficas e estão representadas
na Figura 10. Apesar de ser exibido seis vistas para a peça representada, por convenção
definiu-se que as três vistas principais utilizadas para o desenho técnico são:
Vista Frontal;
Vista Superior;
Vista Lateral Esquerda.
A Figura 10 representa a posição especifica de cada vista na representação do desenho
(1° Diedro). Mais adiante no curso de desenho veremos que de acordo com a geometria da
peça, a sua representação poderá ser feita por duas ou até uma vista somente.
Figura 10 – Vistas ortográficas principais.
Conforme o plano em que estão representadas, as vistas são denominadas como:
Plano vertical: Vista frontal ou elevação; Plano horizontal: Vista superior ou planta;
Plano lateral: Vista lateral ou perfil.
Para obter as vistas ortográficas de um objeto, é conveniente fazer uma análise
criteriosa do mesmo, a fim de definir a melhor posição para a vista frontal, que deve ser:
i. Aquela que mostre a forma mais característica do objeto;
ii. Aquela que indique a posição de trabalho do objeto, ou seja, como ele é
encontrado, isoladamente ou num conjunto;
iii. Em último caso, escolhe-se a posição que mostre a maior dimensão do objeto
e possibilite o menor número de linhas invisíveis nas outras vistas.
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Na obtenção das vistas, os contornos e arestas visíveis são desenhados com linha
larga contínua. As arestas e contornos que não podem ser vistos da posição ocupada pelo
observador são representados por linhas finas tracejadas (linhas não-visíveis). Os eixos de
simetria e centros são desenhados com linha estreita com traços e pontos.
Figura 11 – Projeções ortogonais em superfícies paralelas (a), perpendiculares (b) e fora de VG (c).
Toda superfície paralela a um plano de projeção se projeta neste plano exatamente na
sua forma e em sua verdadeira grandeza (Figura A). A Figura B mostra que quando a
superfície é perpendicular ao plano de projeção, a projeção resultante é uma linha. As arestas
resultantes das interseções de superfícies são representadas por linhas, conforme mostra a
Figura C.
Como utilizar as Projeções Ortogonais
Como os sólidos são constituídos de várias superfícies, as projeções ortogonais são
utilizadas para representar as formas tridimensionais através de figuras planas.
A Figura mostra a aplicação das projeções ortogonais na representação das superfícies
que compõem um cilindro, um paralelepípedo e um prisma de base triangular. Pode-se
observar que as projeções resultantes são constituídas de figuras iguais, Figura 12.
Figura 12 – Projeções ortogonais de um cilindro, um paralelepípedo e um prisma retangular.
Isto acontece porque a terceira dimensão de cada sólido não está representada pela
projeção ortogonal. Para fazer aparecer a terceira dimensão é necessário fazer uma segunda
projeção ortogonal (vista superior) olhando os sólidos por outro lado, Figura 13.
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Figura 13 – Representação da vista frontal e superior.
Os desenhos resultantes das projeções nos planos vertical e horizontal resultam na
representação do objeto visto por lados diferentes e as projeções resultantes, desenhadas em
um único plano, conforme ao lado, representam as três dimensões do objeto.
As projeções referentes ao prisma triangular, Figura 14. Faz se notar que as duas
vistas, apesar de representarem as três dimensões, podem não ser suficientes para
representar a forma do objeto desenhado. Assim sendo, pode-se concluir que duas vistas,
apesar de representarem as três dimensões, podem não ser suficientes para representar a
forma do objeto desenhado.
Figura 14 – Projeções ortogonais: (a) quando duas vistas são suficientes para representar as dimensões do
objeto e(b) quando não o são.
As duas vistas obtidas também podem corresponder a formas espaciais completamente
diferentes. Mais uma vez se conclui que duas vistas, apesar de representarem as três
dimensões do objeto, não garantem a representação da forma da peça, como o exemplo a
seguir, Figura 15.
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Figura 15 – Projeções ortogonais semelhantes para objetos diferentes.
A representação das formas espaciais é resolvida com a utilização de uma terceira
projeção, Figura 16.
Figura 16 – Projeção ortogonal em três vistas.
Representação de Arestas Ocultas
Como a representação de objetos tridimensionais, por meio de projeções ortogonais, é
feita por vistas tomadas por lados diferentes, dependendo da forma espacial do objeto,
algumas de suas superfícies poderão ficar ocultas em relação ao sentido de observação, Figura
17 ,As linhas tracejadas são constituídas de pequenos traços de comprimento uniforme,
espaçados de um terço de seu comprimento e mais finas que as linhas de contornos visíveis.
Figura 17 – Representação de contornos ocultos.
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Deve-se procurar evitar o aparecimento de linhas tracejadas, porque a visualização da
forma espacial é muito mais fácil mediante as linhas cheias que representam as arestas
visíveis. As linhas tracejadas podem ser evitadas invertendo-se a posição da peça em relação
aos planos de projeção (mudar a posição da vista de frente), Figura 18.
Figura 18 – Supressão de contornos ocultos a partir da rotação da peça.
Figura 19 – Representação de arestas de contornos oculto.
Vista Lateral Direita e Vista Inferior
Conforma já visto anteriormente, as três vistas básicas de representação do desenho
são as vistas frontais, superior e lateral esquerda. Também já vimos que a vista frontal deverá
ser aquela que transmita melhor a forma da peça e seja evitada a utilização de contornos não
visíveis. Desta maneira, pode acontecer de resultar em uma vista lateral esquerda com
contornos ocultos em excesso, podendo tal fato ser contornado pela utilização de uma vista
lateral direita. O mesmo também se aplica para a utilização de uma vista inferior ao invés de
uma vista superior.
Figura 20 – Casos de representação da vista lateral direita.
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Em certos casos, porém, há necessidade de se usar duas laterais para melhor
esclarecimento de detalhes importantes. Quando isso acontece, as linhas tracejadas
desnecessárias podem ser omitidas, Figura 21.
Figura 21 – Aplicação da vista lateral direita e esquerda.
A partir da compreensão da forma como se estabelece as projeções ortogonais, o
próximo passo é a construção do desenho a partir das linhas que compõe a peça, levando em
consideração cada característica particular do elemento que se faz a representação.
Tipos de linhas
As linhas empregadas no desenho técnico dividem-se em: grosa, media e fina, sendo
uma a metade da espessura da outra.
Figura 22 – Tipos de linhas utilizadas no desenho técnico.
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Exemplos de Linhas
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CALIGRAFIA TÉCNICA
A interpretação das vistas de uma peça é parte fundamental para o desenho técnico.
Porém esta somente um dos vários requisitos necessários para um desenho com qualidade,
no qual se destaca a caligrafia utilizada no desenho, ou seja, a CALIGRAFIA TÉCNICA.
Os aspectos referentes a caligrafia técnica do desenho são especificados pela NBR
XXXX e que abordam os seguintes elementos:
Indicação e representação de cotas;
Símbolos;
Textos;
Legendas;
Notas;
Qualquer informação do desenho que deverá ser representada a partir de símbolos
gráficos, letras e algarismos, etc.
Letras e algarismos
Em desenho técnico. Usamos uma caligrafia obedecendo às normas e não à
caligrafia comum. Vejamos a diferença:
O desenho transmite melhor a ideia de forma e dimensões de uma
peça.
O desenho transmite melhor a ideia de forma e dimensões de
uma peça.
As letras e algarismos podem ser verticais ou inclinados para a direita, sendo
usados, de preferência, estes últimos. Devem ser semelhantes aos dos tipos
representados abaixo, podendo ser escrito totalmente na vertical (atenção com cotas)
ou inclinado a 75° à direita:
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
abcdefghijklmnopqrstuvwxyz
0123456789
24
ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 0123456789
Nota: No Microsoft Word a fonte para desenhos técnicos é a ISOCPEUR.
Para se garantir uma uniformidade nas alturas das letras, deve-se traçar antes de iniciar
o letreiro, duas linhas auxiliares (finas e fracas). Limitando a parte superior e inferior das letras.
Para se garantir uma boa verticalidade ou inclinação das letras, deve-se traçar a
intervalos, linhas auxiliares verticais ou inclinadas.
As letras ou algarismos devem corresponder aos do modelo abaixo, utilizados em
tamanhos adequados ao desenho seguindo as proporções e dimensões conforme indicadas
Tabela 3.
Tabela 3 – Proporções e dimensões de símbolos gráficos.
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Folha de desenho - Layout e dimensões
Esta norma padroniza as características dimensionais das folhas em branco e das
impressões a serem aplicadas em todos os desenhos técnicos.
Esta norma apresenta também o layout da folha do desenho técnico com vistas a:
posição e dimensão da legenda;
margem e quadro;
marcas de centro;
escala métrica de referência;
sistema de referência por malhas;
marcas de corte.
Normas complementares
Na aplicação desta Norma é necessário consultar:
NBR 8402 - Execução de caracteres para escrita em desenho técnico
NBR 8403 - Aplicação de linhas em desenhos, tipos de linhas, largura de linhas.
COTAGEM DE DESENHO TÉCNICO
A forma mais utilizada em desenho técnico é definir as dimensões por meio de cotas
que são constituídas de linhas de chamada, linha de cota, setas e do valor numérico em uma
determinada unidade de medida.
As cotas devem ser distribuídas pelas vistas e dar todas as dimensões necessárias
para viabilizar a construção do objeto desenhado, com o cuidado de não colocar cotas
desnecessárias. A cotagem deve ser localizada na vista ou corte que represente mais
claramente o elemento.
Os desenhos de algo a ser fabricado ou construído devem levar todas as informações
necessárias à sua correção, como: medidas, espécie de material, indicação de acabamento,
etc. As linhas de cota são finas, traçadas paralelamente às dimensões do objeto e distantes
aproximadamente 7mm do contorno representado. Nas extremidades dessas linhas
desenham-se setas, limitando a medida por linhas de extensão, perpendiculares às linhas de
cota e de contorno.
Cotar somente o necessário para descrever o objeto ou produto acabado. Nenhum
elemento do objeto ou produto acabado deve ser definido por mais de uma cota.
Exceções podem ser feitas: onde for necessário a cotagem de um estágio intermediário
da produção (por exemplo: o tamanho do elemento antes da cementação e acabamento);
onde a adição de uma cota auxiliar for vantajosa.
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Elementos de Cotagem
Incluem a linha auxiliar, linha de cota (NBR 8403) limite da linha de cota e a cota. Os
vários elementos da cotagem são mostrados na Figura 23.
Linhas auxiliares e cotas
Para a representação de cotas no desenho técnico mecânico, os seguintes aspectos
deverão ser restritamente seguidos:
São desenhadas como linhas estreitas contínuas, conforme NBR 8403, mostrado na Figura
23 (a e b).
Linha auxiliar deve ser prolongada (1 – 2 mm) ligeiramente além da respectiva linha de
cota, Figura 23 (a e b). Um pequeno espaço (1 – 2 mm) deve ser deixado entre a linha de
contorno e linha auxiliar.
Linhas auxiliares devem ser perpendiculares ao elemento dimensionado, entretanto se
necessário, pode ser desenhado obliquamente a este, (aproximadamente 60°), porém
paralelas entre si, Figura 23(c).
A construção da intersecção de linhas auxiliares deve ser feita com o prolongamento desta
além do ponto de intersecção, Figura 23(d).
Linhas auxiliares e cota, sempre que possível, não devem cruzar com outras linhas, Figura
23(e).
O cruzamento das linhas de cota e auxiliares devem ser evitados, porém, se isso ocorrer,
as linhas não devem ser interrompidas no ponto de cruzamento.
A linha de centro e a linha de contorno, não devem ser usadas como linha de cota, porém,
podem ser usadas como linha auxiliar, Figura 23(f). A linha de centro, quando usada como
linha auxiliar, deve continuar como linha de centro até a linha de contorno do objeto.
Figura 23 – Elementos de cotagem: linha de cota, linha auxiliar, extremidade da cota e cota, NBR 10126.
27
Limite da linha de cota
A indicação dos limites da linha de cota é feita por meio de setas ou traços oblíquos,
Figura 24. As indicações são especificadas como se segue:
A seta propriamente dita deve ter um comprimento aproximado de 2 a 3 mm; a sua largura
pode ser calculada como 1/3 do comprimento ou, simplesmente, dando-se à extremidade
um ângulo de 15º. A seta pode ser aberta ou fechada (preenchida);
O traço oblíquo é desenhado com uma linha curta e inclinado à direita com ângulo de 45°;
A indicação dos limites da linha de cota deve ter o mesmo tamanho num mesmo desenho.
Somente uma forma da indicação dos limites da linha de cota deve ser usada num mesmo
desenho. Entretanto, quando o espaço for mito pequeno, outra forma de indicação de
limites pode ser utilizada, Figura 25(a).
Quando houver espaço disponível, as setas de limitação da linha de cota devem ser
apresentadas entre os limites da linha de cota, Figura 25(b). Quando o espaço for limitado
as setas de limitação da linha de cota, podem ser apresentadas externamente no
prolongamento da linha de cota, desenhado com esta finalidade, Figura 25(c).
Somente uma seta de limitação da linha de cota é utilizada na cotagem de raio, Figura
25(d). Pode ser dentro ou fora do contorno, (ou linha auxiliar) dependendo do elemento
apresentado.
Figura 24 – Elementos da limite da linha de cota.
Figura 25 – Elementos da linha de limite de cota.
28
Apresentação da cotagem
As cotas devem ser apresentadas em desenho em caracteres com tamanho suficiente
para garantir completa legibilidade, tanto no original como nas reproduções efetuadas nos
microfilmes (conforme NBR 8402). As cotas devem ser localizadas de tal modo que elas não
sejam cortadas ou separadas por qualquer outra linha.
Existem dois métodos de cotagem mas somente um deles deve ser utilizado num mesmo
desenho. Para padronizar a representação das cotas no desenho, adotaremos como padrão
o método 1, conforme especificado na NBR 10126.
As cotas devem ser localizadas acima e paralelamente às suas linhas de cotas e
preferivelmente no centro, Figura 26(a).
Exceção pode ser feita onde a cotagem sobreposta é utilizada Figura 26(b). As cotas
devem ser escritas de modo que possam ser lidas da base e/ou lado direito do desenho. Cotas
em linhas de cotas inclinadas devem ser seguidas como mostra a Figura 26(c).
Na cotagem angular podem ser seguidas uma das formas apresentadas na Figura 27.
Figura 26 – Apresentação da cotagem.
Figura 27 – Apresentação da cotagem.
A localização das cotas frequentemente necessita ser adaptada às várias situações.
Portanto, por exemplo, as cotas podem estar:
No centro submetido da linha de cota, quando a peça é desenhada em meia peça, Figura
28(a).
Sobre o prolongamento da linha de cota, quando o espaço for limitado, Figura 28(b); Sobre
o prolongamento horizontal da linha de cota, quando o espaço não permitir a localização
com a interrupção da linha de cota não horizontal, Figura 28(c).
29
Figura 28 – Apresentação de cotagem.
Os símbolos abaixo são usados com as cotas para mostrar a identificação das formas e
melhorar a interpretação de desenho. Os símbolos de diâmetro e de quadrado podem ser
omitidos quando a forma for claramente indicada. Os símbolos devem preceder à cota, Figura
29.
Figura 29 – Símbolos utilizados em cotagem.
NOTA: Para maiores informações referente ao procedimento para cotagem
em desenhos técnicos e importante ao aluno consultar a NBR 10126.
30
ESCALAS
Escala é a razão existente entre as medidas no papel de desenho e as medidas reais do
objeto. A palavra “ESCALA” pode ser abreviada na forma “ESC.”
Quando for usada mais de uma escala na folha de desenho, além da escala geral, estas
devem estar indicadas junto à identificação do detalhe ou a vista a que se referem; na legenda,
deve constar a escala geral.
A escala e o tamanho do objeto ou elemento em questão são parâmetros para a escolha
do formato da folha de desenho. A escala escolhida deve permitir uma interpretação fácil e
clara da informação representada.
As escalas de desenho podem ser:
Natural;
De redução;
De ampliação.
A ABNT recomenda uma proporção padrão de escalas de redução e ampliação que
deverão ser seguidas no desenho técnico, Tabela 4. Porém, na prática existe uma certa
defasagem entre esses valores, fazendo com que o intervalo existente entre as escalas seja
bastante extenso para os desenhos técnicos. Assim no dia-a-dia poderá ser usado os valores
conforme determinado na Tabela 5.
Tabela 4 – Escalas recomendadas NBR 8196.
Redução Natural Ampliação
1:2 1:1 2:1
1:5 - 5:1
1:10 - 10:1
Notas – As escalas desta tabela podem ser reduzidas ou ampliadas à razão de 10
Tabela 5 – Escalas de uso comum.
Desenho Peça Desenho Peça
Natural 1 1 Natural 1 1
1 1,5 1,5 1
1 2 2 1
1 2,5 2,5 1
1 3 3 1
Redução Ampliação
1 4 4 1
1 5 5 1
1 6 6 1
1 7 7 1
31
Escalas de redução se aplica para desenhos de peças de grande porte, quando a área
de desenho da folha não é suficiente para desenhar a peça em escala natural.
Escalas de ampliação se aplica para desenhos de peça de pequeno porte, quando a
peça a ser desenho é muito menor que a folha e se desenhada em escala natural não será
possível representar com clareza os seus detalhes.
Na régua milimetrada, quando se convenciona que 1cm valerá 1 metro real, cria-se a
escala de 1:100, ou seja, 1 cm no papel corresponderá a 100cm reais ou 1 metro.
Na escala 1:50, a fração duas vezes maior que 1:100, um metro real é representado por
2cm. Na prática, para evitar operações matemáticas, a escala 1:100 e outras cinco mais
usadas são encontradas em prismas triangulares, conhecidas como escalímetros, que são
utilizados por profissionais.
REDUÇÃO AMPLIAÇÃ
O
Cinco unidades de medida (mm) no
Uma unidade de medida (mm) no
desenho equivalem a 1 unidade de
desenho medida na peça.
equivale a 5 unidade de medida na peça.
NOTA: Os escalímetros não devem ser usados na traçagem do desenho.
32
REPRESENTAÇÃO DE PERSPECTIVAS
A dificuldade de visualização da forma espacial pode ser amenizada por uma elaboração
do esboço em perspectiva da peça, logo, perspectiva é a representação gráfica dos objetos
tridimensionais. Ela pode ser feita de várias maneiras, com resultados diferentes, que se
assemelham mais ou menos à visão humana. Um objeto pode ser representado em vários
modelos de perspectivas, sendo eles, Figura 30:
Perspectiva Cônica
Perspectiva Cavaleira
Perspectiva Isométrica
Figura 30 – Representação de objeto em diferentes tipos de perspectivas.
Qualquer que seja a forma da peça a ser desenhada ou a forma de projeção para se
elaborar um esboço em perspectiva é necessário desenhar, primeiramente, o paralelepípedo
de referência.
Na Engenharia as formas mais comuns de utilização no desenho técnico são as
Perspectivas Isométricas e Cavaleira. As Perspectivas Cônicas têm maior aplicação na
Arquitetura. Por esta razão, nos limitaremos ao estudo das perspectivas isométricas e
cavaleiras.
Perspectivas Isométricas
Perspectiva isométrica é o processo de representação tridimensional em que objeto se
situa num sistema de três eixos coordenados (axonometria), ou ainda eixos isométricos. Estes
eixos, quando perspectivados, fazem entre si ângulos de 120°.
Figura 31 – Representação perspectiva isométricas.
33
Por razões práticas costuma-se utilizar, na construção das perspectivas, o
prolongamento dos eixos X e Y a partir do ponto O, no sentido contrário, formando ângulos de
30° com a horizontal, enquanto o eixo Z (vertical) permanece inalterado, Figura 32(a).
Para a traçagem dos eixos isométricas, utiliza-se o esquadro com vértice de 30°, Figura
32(b).
Figura 32 – Eixos isométricos.
Na representação da perspectiva, cada eixo coordenado será referência para a
construção das dimensões do objeto, Figura 33. Conforme dito anteriormente, dependendo da
forma da peça, pode ser melhor construir um paralelepípedo com as dimensões totais da peça,
assim como num processo de fabricação, vai se removendo material até formar a peça, no
nosso caso iremos apagar alguns traços até formar o desenho da peça.
34
Malha Isométrica
A malha isométrica é um artifício de desenho cuja finalidade é possibilitar a produção de
rascunhos gráficos muito próximos da perspectiva isométrica precisa (feita com instrumentos).
Consiste na malha de triângulos equiláteros formada por retas paralelas aos eixos, Figura 34.
Figura 33 – Relação entre os eixos e as dimensões do objeto desenhado.
Figura 34 – Representação de perspectivas na malha isométrica.
Processo de Construção de Uma Perspectiva Isométrica
A seguir é mostrado o passo a passo para a criação de um desenho em perspectiva.
Apesar da peça utilizada ser relativamente simples, tal processo se aplica em geral para o
traçado de perspectivas.
Seguir os passos descritos abaixo irá auxiliar o aluno, porém a técnica, que será atingida
com a prática, caberá a cada um desenvolver a sua.
Utilizaremos o desenho abaixo como exemplo:
35
DICA: Antes de iniciar o desenho, não esquecer de fixar a folha com fita crepe
na mesa.
Com os instrumentos
devidos (régua T, esquadro
1 de 30°) fazer a traçagem
dos eixos isométricos.
2 Traçar os pontos de
referência das dimensões
máximas nos eixos
isométricos.
A partir dos pontos traçados
no passo anterior, fazer a
3 traçagem das linhas
isométricas (paralelas aos
eixos), fechando o volume
total do objeto
(paralelepípedo).
4 Usar os eixos isométricos
para a traçagem de pontos
de referência das dimensões
de elementos parciais da
peça (rebaixo).
36
5 Utilizando a referência do
passo anterior, completar o
volume do elemento
(rebaixo) da peça.
Apagar as linhas em
6 excesso e reforçar os traços
que fazem parte do objeto
desenhado.
Círculos Isométricos
A perspectiva isométrica do círculo será uma elipse inscrita em cada face do cubo
isométrico, de acordo com a projeção da elipse nos eixos isométricos. Como a construção da
elipse não pode ser executada pelos instrumentos usuais, substituiremos a elipse verdadeira
por uma falsa elipse, uma oval regular, que pode ser construída com o compasso, Figura 35.
Figura 35 – Representação de círculos em perspectivas isométricas.
37
Para a construção da
perspectiva do círculo é
necessária a construção de uma
1 das faces do cubo isométrico, os
quais possuem arestas do
tamanho do diâmetro do círculo
que se vai desenhar.
Determinar o ponto médio dos
segmentos de reta que são os
2 lados do quadrado
perspectivado.
Determina - se nos vértices do
quadrado que possuem a menor
3 diagonal os centros 1 e 2
traçando os arcos até os pontos
médios dos lados.
Os centros 3 e 4 estarão nos
cruzamentos dos segmentos
4 de reta que unem os centros 1 e
2 aos pontos médios dos lados
opostos
38
Nos centros 3 e 4 traçar arcos
5 concordantes com os arcos
traçados anteriormente.
Apagar as linhas construtivas e
reforçar os arcos de
circunferência, formando assim
6 a elipse.
Perspectivas Cavaleiras
Conforme mencionado na introdução do capítulo, um outro tipo de representação de
vistas em perspectivas é a Cavaleira. A perspectiva cavaleira é um tipo de projeção obliqua,
na qual o objeto tem uma face paralela ao quadro (plano de projeção). Ela é considerada um
método de perspectiva rápida, em virtude da facilidade com que se pode obter o desenho de
objetos de dimensões reduzidas, principalmente se este tiver superfícies planas. Como a face
que está paralela se projeta em tamanho real no quadro, o eixo perpendicular (que indica a
profundidade) é chamado de eixo das fugantes.
Dependendo do ângulo de inclinação das fugantes, o desenho parecerá deformado,
necessitando que uma tabela de redução seja aplicada. Quanto mais o grau de inclinação,
maior deverá ser o coeficiente de redução, Figura 36.
ÂNGULO 15° 30° 45° 60° 75°
REDUÇÃO 1/4 1/3 1/2 2/3 3/4
Figura 36 – Relação de redução da fugante de acordo com a inclinação.
*Células em destaque são as mais comuns.
39
Em termos práticos, a representação de uso mais comum é aquela com inclinação de
45°. Determina-se como face frontal, aquela que contém a maior quantidade de detalhes. Veja
que se adota a mesma lógica para determinar a vista frontal nas projeções ortogonais.
Outro detalhe característico é que quando há representação de detalhes cilíndricos e
desde que eles estejam no plano frontal, ou paralelo a ele, como não haverá deformação
visual, sua representação será baseada em uma circunferência, dispensando a utilização da
traçagem de diversos arcos de circunferência, Figura 37, conforma feito em perspectivas
isométricas.
Figura 37 – Representação de peças cilíndricas em perspectivas cavaleiras.
40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SENAI – Centro de Excelência em Tecnologia e Manufatura Maria Madalena
Nogueira.
Apostila Desenho Técnico e Mecânico, Betim, 2007, 205p;
SENAI – Centro de Formação Profissional “José Ignácio Peixoto”. Apostila
Desenho Técnico, Cataguases, 2012, 100p;
INSTITUTO FEDERAL, Campus São Matheus – Desenho Técnico Mecânico, São
Matheus, 2010, 165p.
PROTEC. Projetista de Máquinas, São Paulo, ed. Provenza, 1996,
481p. PROTEC. Desenhista de Máquinas, São Paulo, ed. Provenza,
1996, 411p. TELECURSO 2000. Leitura e Interpretação de
Desenhos Técnicos.
GRANATO, M., SANTANA, R., CLAUDINO, R. Apostila Perspectiva Isométrica,
19p. ABNT, Normas Técnicas para Desenho Técnico.