PAT Modulo Matematica Final - 015233
PAT Modulo Matematica Final - 015233
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Manual de
MATEMÁTICA
para
Professores
do Ensino Primário
Manual de
MATEMÁTICA
para
Professores
do Ensino Primário
Autores:
Equipa de professores da Escola Superior de Educação
do Instituto Politécnico de Setúbal:
Ana Maria Boavida
Catarina Delgado
Fátima Mendes
Joana Brocardo
José Duarte
Impressão e acabamento:
Produzido em Angola
Local:
Luanda
Edição:
1.ª Edição
Tiragem:
17000 exemplares
Há hoje um largo consenso em torno, quer do valor estratégico das primeiras aprendizagens
escolares, quer da importância dessas aprendizagens nos domínios da língua e da
matemática. Por isso, a escola primária deve garantir a aquisição e o desenvolvimento
de competências básicas no domínio da Língua Portuguesa, principal veículo de
comunicação oral e escrita na sociedade angolana e instrumento fundamental para a
aquisição e apropriação de novos saberes, assegurando-se que todos os que a frequentam
aprendem a ler e a escrever e aí podem desenvolver o gosto pela leitura e pela escrita.
Este enorme desafio a que a escola primária tem de dar resposta, ano após ano, geração
após geração, tem nos professores do ensino primário os grandes artífices dessa tarefa
que exige competência científica e pedagógica, dedicação e empenhamento contínuo,
responsabilidade profissional e social e, ainda, disponibilidade para continuar a aprender,
isto é, para participar em processos de formação contínua que as diferentes instituições
educativas e as entidades responsáveis pela educação lhes proporcionam.
O Projecto Aprendizagem para Todos (PAT) é, nesse âmbito, uma nova oportunidade à
disposição dos professores do ensino primário, com as suas várias frentes de trabalho,
sendo:
Como dizia o poeta “caminhando se faz caminho ...”. Mãos à obra; o futuro espera por vós!
O Ministro da Educação
Pinda Simão
NÚMERO E OPERAÇÕES
hoje disponíveis nos mais variados locais e são de fácil acesso a todos. A investigação também
mostrou, eloquentemente, como um ensino focado no treino repetitivo de algoritmos impede as
crianças de entender o que os números representam, de desenvolver formas flexíveis de cálculo
e de ter o conhecimento essencial sobre os números e as operações necessário aos cidadãos do
século XXI.
REPÚBLICA DE ANGOLA
Hoje em dia é consensual que os alunos devem desenvolver uma compreensão global sobre os
números e as operações, que ultrapassa o conhecimento básico associado aos números e aos
algoritmos. Esta compreensão global, que muitos autores designam por sentido de número, deve
ser desenvolvida ao longo de todo o Ensino Primário e inclui aspectos diversificados relacionados
com um conhecimento profundo sobre os números e as operações. Desenvolver o sentido de
número inclui usar as decomposições dos números que melhor se adequam aos cálculos a efectuar,
usar as propriedades das operações aritméticas na resolução de problemas, ser capaz de criticar
a razoabilidade de um resultado, compreender o sistema decimal, fazer estimativas, reconhecer a
grandeza absoluta e relativa dos números ou usar números de referência para calcular. O modelo
apresentado por McIntosh et al. (1992) para caracterizar sentido de número ajuda a precisar os
vários aspetos que ele inclui e que dizem respeito:
O desenvolvimento do sentido de número é um processo longo e complexo, que deve ser associado
a experiências significativas dos alunos, partindo de contextos reais e próximos destes, de modo a
permitir o aprofundamento das suas múltiplas componentes.
Cada um dos capítulos de Números e Operações aborda uma temática fundamental: Números
e valor e posição, Adição e subtracção, Multiplicação e divisão, Números racionais e operações
com números racionais e Pensamento relacional, relações e regularidades numéricas. Em cada
um deles são explicitados os conteúdos essenciais da temática, clarificando, também, aspectos
metodológicos associados à sua exploração na sala de aula do Ensino Primário. No final de
cada capítulo incluem-se questões de auto-avaliação que permitem ao professor avaliar os seus
conhecimentos sobre as ideias e conceitos aí explicitados. Também se inserem os termos-chave
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
2
NÚMERO E OPERAÇÕES
2 ADIÇÃO E SUBTRACÇÃO
3 MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO
REPÚBLICA DE ANGOLA
3
4
REPÚBLICA DE ANGOLA
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
1 NÚMERO E VALOR DE POSIÇÃO
REPÚBLICA DE ANGOLA
5
Número e valor de posição
REPÚBLICA DE ANGOLA
6
1 NÚMERO E VALOR DE POSIÇÃO
Noutros sistemas de numeração, o número seis é representado por outros numerais. Por exemplo,
no sistema de numeração romano este número é representado pelo numeral VI e no sistema de
numeração chinês pelo numeral .
O conceito de número é, assim, um conceito universal, pois existe o mesmo conjunto de sementes
na figura 1 se as contarmos em Português ou em Mandarim. Já os símbolos que são usados para
representar os números, ou seja, os numerais, podem ser diferentes.
Um numeral, como o 6, pode surgir associado a várias situações e contextos. Por exemplo, pode
corresponder ao número de frutos de uma cesta ou à ordem em que um corredor ‘corta’ a meta.
Estamos a falar de dois aspectos diferentes do número – o aspecto cardinal do número e o aspecto
ordinal do número, respectivamente.
Quando um número representa uma quantidade, estamos a pensar no aspecto cardinal do número.
Neste sentido, o número seis é a propriedade comum a todos os conjuntos com seis elementos,
assim como o número dois é a propriedade comum a todos os conjuntos com dois elementos, etc.
Quando um número indica uma determinada ordem estamos a pensar no aspecto ordinal do
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
número: primeiro, segundo, terceiro, etc., que se representam, respectivamente, por 1.º, 2.º, 3.º,
etc.
Estes dois aspectos do número estão presentes nas primeiras experiências de aprendizagem das
crianças em torno dos números.
Muitas destas experiências relacionam-se com a descrição de pequenos grupos de objectos: duas
mãos, cinco dedos, três maçãs, sete bolas, etc. O número surge associado à quantidade de um
conjunto de coisas, pelo que corresponde ao seu aspecto cardinal.
REPÚBLICA DE ANGOLA
7
Número e valor de posição
Um processo importante nesta fase é criar situações em que as crianças façam a correspondência
um-a-um entre conjuntos que tenham o mesmo número de objectos (ver figura 2), pois permite-
lhes reconhecer que há algo em comum entre eles – ambos os conjuntos têm três ‘coisas’. Deste
modo, o conceito de ‘três’ vai sendo abstraído e associado ao número cardinal, independentemente
da situação ou contexto específico.
Figura 2
Nestes casos não se está a recorrer ao aspecto cardinal do número, pois não se refere a conjuntos
com três elementos. A palavra ‘terceiro’, à qual está associada o numeral 3, representa apenas – a
posição correspondente no processo de ordenação.
Um dos contextos que ajuda a compreender o aspecto ordinal do número é colocar os números
que faltam numa recta numérica, tal como mostra a figura 3. Esta actividade permite posicionar
números em relação aos que já estão representados na recta.
Figura 3
também, a estabelecer uma correspondência um-a-um entre os nomes dos números (pela sua
ordem correcta) e os elementos do conjunto.
É de salientar que não é pelo facto de uma criança dizer correctamente a sequência dos números
até sete que significa que ela sabe determinar o número de elementos de um conjunto com 7
objectos. Pode significar, simplesmente, que consegue estabelecer uma correspondência entre
cada numeral, o respectivo nome do número e cada objecto. Assim, para além de saber dizer os
números por ordem correcta até sete, terá de dizer que são sete. Ou seja, terá de evidenciar que
compreende que o último número contado corresponde ao cardinal do conjunto (neste caso, sete).
REPÚBLICA DE ANGOLA
8
1 NÚMERO E VALOR DE POSIÇÃO
Figura 4
Com a introdução do número zero obtemos um novo conjunto, a que chamamos conjunto dos
números inteiros não negativos. Note-se que o número 0 (zero) corresponde ao cardinal do
conjunto vazio (ou seja, um conjunto que não tem elementos) que se representa por ∅.
Se pensarmos nas temperaturas que se podem verificar em alguns locais do mundo (temperaturas
negativas) há a necessidade de ampliar o conjunto dos números naturais, juntando-lhe os números
inteiros negativos.
O conjunto dos números inteiros é, assim, constituído pelos números inteiros positivos, pelo zero
e pelos números inteiros negativos. Os números deste conjunto podem ser representados por
pontos na recta numérica, como mostra a figura 5.
REPÚBLICA DE ANGOLA
9
Número e valor de posição
Figura 5
-
O conjunto dos números inteiros negativos representa-se por Z
-
Z ={…,-5,-4,-3,-2,-1}
Como o 0 (zero) é um número que não é nem positivo nem negativo, o conjunto dos números
inteiros positivos corresponderá ao conjunto dos números naturais.
+
O conjunto dos números inteiros positivos representa-se por Z ou por N
+
N =Z ={1,2,3,4,5,…}
Figura 6
O conjunto que resulta da união entre o conjunto dos números inteiros, Z, e os números
fraccionários designa-se por conjunto dos números racionais.
Mas, então, o que são números fraccionários? Podemos dizer que os números fraccionários são
números não inteiros que correspondem a partes de uma ou mais unidades que foram divididas
REPÚBLICA DE ANGOLA
10
1 NÚMERO E VALOR DE POSIÇÃO
em partes iguais. Podem, portanto, ser representados por uma fracção em que o numerador é um
número inteiro e o denominador é um número inteiro diferente de zero.
Então, é um número fraccionário, pois representa 3 partes de uma unidade que foi dividida
em 4 partes (ver figura 7); 3 e 4 são números inteiros e o denominador é diferente de zero.
Figura 7
Por exemplo, está escrito na forma de fracção e não é um número fraccionário, porque
representa o número 2 que
q é um número inteiro.
Também o número está escrito na forma de fracção mas não é um número fraccionário,
porque o numerador não é um número inteiro.
Na verdade, nenhum deles representa um número inteiro; todos eles podem ser escritos na forma
de uma fracção, em que tanto o numerador como o denominador são números inteiros.
Uma vez que o conjunto dos números racionais resulta da união do conjunto dos números inteiros
com o conjunto dos números fraccionários, podemos dizer que os números racionais podem
representar-se na forma de uma fracção do tipo:
REPÚBLICA DE ANGOLA
11
Número e valor de posição
De entre os números apresentados acima como exemplos de números racionais, está . Este
número está representado na forma de um numeral misto, ou seja, é formado por uma parte
inteira e uma parte fraccionária.
Figura 8
Também podemos definir número racional como qualquer número que se pode escrever como o
quociente de dois números inteiros, a:b, em que b≠0. Estes números podem ser representados por
dízimas finitas ou infinitas periódicas.
As dízimas finitas são as que têm um número finito de casas decimais (por exemplo: –3; -0,7; 0;
0,006; 0,75; 2; 2,25; 2,75).
Estes números podem também ser designados por números decimais. Na representação destes
números, a vírgula separa a parte inteira da parte decimal, tal como se exemplifica na figura 9.
Figura 9
Números decimais são os que podem representar-se na forma de fracção decimal. Exemplo de
fracções decimais:
10 = 101 10
100 = 102 10 x 10
1000 = 103 10 x 10 x 10
Todos os denominadores são potências de 10 de expoente natural. Por exemplo, em 102 o expoente
é 2. As fracções que podem ser escritas na forma de uma fracção em que o numerador é inteiro
e o denominador é uma potência de 10 de expoente natural designam-se por fracções decimais.
REPÚBLICA DE ANGOLA
12
1 NÚMERO E VALOR DE POSIÇÃO
As dízimas infinitas periódicas são as que têm um número infinito de casas decimais não nulas e
em que existe um algarismo ou grupo de algarismos que se repete infinitas vezes (por exemplo:
–0,666… = - 0, (6); 0,535353… = 0,(53)). Este algarismo ou grupo de algarismos chama-se período
e escreve-se entre parênteses para simplificar a escrita do número.
Finalmente, as dízimas infinitas não periódicas são as que têm um número infinito de casas
decimais não nulas e que não apresentam período. É o caso, por exemplo, de 3,020020002…,
√3=1,7320508… e Π = 3,14 15 ... ( no capítulo 8 apresenta-se o significado de Π) .
Números irracionais é a designação usada para números que correspondem a dízimas infinitas não
periódicas. O esquema da figura 10 representa a relação entre o tipo de dízimas e os respectivos
conjuntos numéricos.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 10
REPÚBLICA DE ANGOLA
13
Número e valor de posição
Um sistema de numeração inclui os numerais que, como vimos na primeira secção deste capítulo,
correspondem aos símbolos para representar os números e incluem os métodos para efectuar
cálculos, ou seja, os algoritmos.
O nosso sistema de numeração, que se designa por indo-árabe, poderá ser mais facilmente
compreendido se o compararmos com outros sistemas de numeração.
Comecemos por analisar o sistema de numeração egípcio. Os primeiros registos deste sistema
remontam a 1650 a.C., nos quais surge um conjunto de símbolos egípcios (hieróglifos) que
representam números.
Neste sistema de numeração eram usados dez símbolos diferentes – um símbolo que representa o
número 1 e os restantes que representam as seis primeiras potências de base 10 (ou seja, 10, 102,
7
103, 104, 105, 106, 10 ), como se mostra na figura 12.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 12
Os restantes números eram representados através da combinação e/ou repetição dos símbolos
que constam na figura 12. Por exemplo, o número nove representava-se por IIIIIIIII, o onze por
⋂I e o trinta por ⋂⋂⋂.
REPÚBLICA DE ANGOLA
14
1 NÚMERO E VALOR DE POSIÇÃO
Outros exemplos:
Estamos na presença de um sistema aditivo uma vez que, para determinar o valor que representa
cada numeral, basta adicionar o valor de cada símbolo.
Embora a escrita dos números fosse normalmente realizada da direita para esquerda, em que
os símbolos de maior valor surgem à esquerda, por vezes, os números eram representados pela
ordem inversa. Tanto ⋂I como I⋂ podem corresponder à representação do 11. Deste modo,
neste sistema de numeração, a posição que os símbolos ocupam no numeral não influencia a
determinação do seu valor.
Vejamos agora o sistema de numeração romano que muito frequentemente está associado à
datação de monumentos. Os numerais usados pelos Romanos correspondiam a sete das letras do
seu alfabeto (ver figura 13).
Numerais
I V X L C D M
romanos
Numerais indo-
1 5 10 50 100 500 1000
árabe
Figura 13
Este sistema usava símbolos tanto de modo aditivo como subtractivo. Isto é, para representar
30 usavam XXX (10+10+10), mas para representar 40 já usavam XL (50-10). Assim, quando
se pretendia representar os números 4, 9, 40, 90, 400 e 900 recorriam à subtracção, evitando a
repetição dos símbolos mais do que três vezes consecutivas.
Na escrita dos números em numeração romana existem, portanto, algumas regras a ter em conta:
− cada símbolo não se pode repetir mais do que três vezes consecutivamente
− os símbolos V, L e D não se podem repetir
− os símbolos I, X ou C colocam-se à esquerda de outros de maior valor para representar a
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
X só se coloca à esquerda de L ou de C
C só se coloca à esquerda de D ou de M
Assim, para representarmos 150 não podemos escrever LLL, pois L não se pode repetir. Teremos
de pensar que 150 é igual a 100+50, pelo que a sua representação será CL. Também para
REPÚBLICA DE ANGOLA
15
Número e valor de posição
representarmos 99 não podemos escrever IC, pois I não pode surgir à esquerda de C. Teremos de
pensar que 99 é igual a (100-10)+ (10-1), pelo que a sua representação será XCIX.
Outros exemplos:
Por existirem regras que ditam a ordem pela qual os símbolos podem, ou não, surgir na
representação dos números, este sistema diz-se um sistema ordenado.
Contudo, com apenas estas regras os romanos estariam limitados na grandeza dos números que
podiam representar. Na verdade, 3999 (ou MMMCMXCIX no sistema romano) seria o maior
número que conseguiriam representar. Assim, para representarem números muito grandes
colocavam uma barra sobre o numeral, indicando que o seu valor seria multiplicado por 1000.
Exemplos:
Se observarmos o modo como o numeral 388 é construído nos sistemas egípcio, romano e indo-
árabe (ver figura 14), facilmente concluímos que uma das características do nosso sistema de
numeração é a necessidade de utilização de poucos símbolos, comparativamente com os outros
dois sistemas. Tal deve-se ao facto de ter subjacente o conceito de valor de posição.
CCCLXXXVIII 388
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 14
Efectivamente, no sistema de numeração romano, para representar trezentos usamos três vezes a
letra C e cada um destes "Cs" representa a mesma quantidade, cem. Também no sistema egípcio
precisamos de três símbolos, cada um também para representar cem.
REPÚBLICA DE ANGOLA
16
1 NÚMERO E VALOR DE POSIÇÃO
representa concretamente trezentos (ou seja, 3 vezes 100). Diz-se que 3 corresponde ao algarismo
das centenas e representa o número de agrupamentos de 2.ª ordem.
Apesar de na representação de 388 existirem dois símbolos iguais (dois oitos), eles representam
valores diferentes.
Voltemos ao número 388. Este número pode ser representado como mostra a figura 15. A expressão
3 x 1 0 2 + 8 x 1 0 1 + 8 x 1 é designada pela decomposição polinomial do número 388.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 15
Pode também ser lido de formas distintas:
REPÚBLICA DE ANGOLA
17
Número e valor de posição
Por exemplo o número 46235 pode ser lido das seguintes formas:
Agrupamento de
Classes
Ordem
Unidades 0
1ª classe
Dezenas 1
das unidades
Centenas 2
Milhares 3
2ª classe
Dezenas de milhar 4
dos milhares
Centenas de milhar 5
Milhões 6
3ª classe
Dezenas de milhão 7
dos milhões
Centenas de milhão 8
A posição que o algarismo ocupa no número relaciona-se com o expoente da potência de base 10
que lhe está associado. Este expoente corresponde à ordem dos agrupamentos que são realizados
para ‘organizar’ o número em dezenas, centenas, milhares, etc.
10 corresponde ao número de elementos com os quais se forma uma nova ordem. É, assim, a base
deste sistema. Por este motivo, diz-se que o sistema indo-árabe é um sistema decimal.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Para compreendermos melhor as ideias acima apresentadas, imaginemos que temos 388 paus.
Comecemos por agrupá-los em grupos de 10 usando um elástico, como mostra a figura 16.
REPÚBLICA DE ANGOLA
18
1 NÚMERO E VALOR DE POSIÇÃO
Figura 16
Há 8 paus que não conseguimos agrupar. Assim, 8 será o algarismo das unidades e corresponde ao
agrupamento de ordem zero.
Voltemos a formar grupos de 10, mas agora de conjuntos de 10 paus que já têm o elástico colocado.
Para tal vamos utilizar uma corda, como mostra a figura 17.
Figura 17
Há 8 conjuntos de 10 paus que não conseguimos agrupar. O 8 será o algarismo das dezenas e
corresponde ao número de agrupamentos de 1ª ordem.
Conseguimos formar 3 grupos de conjuntos de 10 paus. Como não conseguimos usar pelo menos
10 cordas, o processo de agrupamento parou. O 3 será o algarismo das centenas e corresponde ao
número de agrupamento de 2ª ordem.
Os blocos multibásicos (MAB) e as moedas e notas são também materiais adequados para ajudar a
compreender a ideia de valor de posição e o modo como funciona o nosso sistema de numeração.
ou seja, dez cubinhos podem ser substituídos por uma barra, 10 barras por uma placa e 10 placas
por um cubo grande.
REPÚBLICA DE ANGOLA
19
Número e valor de posição
Figura 18
Já no sistema indo-árabe o zero assume grande relevância, porque permite ‘marcar’ no numeral as
ordens em que não há agrupamentos. Permite-nos, assim, representar de forma inequívoca, por
exemplo, o número 205 (pois não haverá confusão com o 25).
No que respeita às primeiras aprendizagens relacionadas com os números, depois dos alunos
realizarem contagens recorrendo a diversos materiais ou até aos dedos das mãos, é importante
ajudá-los a evoluírem para uma progressiva estruturação do cálculo. A recta numérica constitui
um suporte importante nesta estruturação, para além de, como já vimos anteriormente, auxiliar a
desenvolver a compreensão sobre o aspecto ordinal do número.
REPÚBLICA DE ANGOLA
20
1 NÚMERO E VALOR DE POSIÇÃO
O uso do colar de contas pode ajudar os alunos a compreenderem como localizar a posição de
números na recta. Numa fase inicial, devem ser usados colares com 20 contas de duas cores, de
modo a formar grupos de 5, como mostra a figura 19.
Figura 19
O colar construído deste modo ajuda os alunos a posicionarem os números 5, 10, 15 e 20 (números
de referência) e, através destes, a posicionarem os restantes números até 20. Efectivamente, os
objectos permanecem contáveis no interior de cada grupo de cor diferente, pelo que os alunos
podem vê-los e ter-lhes acesso.
Por exemplo, se pretendermos localizar a posição do número 9 na recta, podemos usar o número
10 como referência e pensar que 9 ficará uma conta antes da décima conta, ou seja, 9 é 10-1 (ver
figura 20). Se pretendermos assinalar o número 16, poderemos usar o número 15 como referência
e pensar que 16 está uma conta depois do 15, ou seja, 16 é 15+1 (ver figura 20).
Figura 20
Numa fase posterior pode recorrer-se a colares com 100 contas, também de duas cores, de modo
a formar grupos de 10. Nesta fase, pretende-se que os alunos comecem por localizar a posição dos
números 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90 e 100 (números de referência) e, a partir destes números,
localizar a pisição de outro qualquer número até 100. A figura 21 mostra parte do colar, apenas até
40, as posições dos números 25 e 37.
Figura 21
Para localizar 25 o colar ajuda a pensar que este número está 5 contas depois do 20, ou seja, 25
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
é igual a 20+5. Para localizar o 37, esta estrutura ajuda a pensar que este número está 7 contas
depois do 30 ou 3 contas antes do 40, ou seja, que 37 é 30+7 ou 40-3.
À medida que os alunos vão efectuando várias experiências de localização da posição de números
na recta, vão posicionando com mais facilidade quer os números de referência quer os restantes
números, pelo que, o colar de contas deixa progressivamente de ser usado.
E quando os números são maiores que 100? Voltemos ao número 388 que foi usado na secção
anterior para exemplificar aspectos relacionados com o valor de posição. Para localizar a posição
REPÚBLICA DE ANGOLA
21
Número e valor de posição
deste número na recta numérica, podemos começar por pensar que este surge entre 300 e 400,
depois entre 380 e 390, e em seguida, entre 385 e 390, como é ilustrado na figura 22.
Figura 22
1. Considere a seguinte afirmação: “Existem 3 alunos na turma da 4.ª classe que têm 5 irmãos”.
Quais dos números desta afirmação correspondem ao aspecto cardinal do número.? E ao
aspecto ordinal do número? Justifique a sua resposta.
2. Dos seguintes números identifique os que são: (a) números naturais, (b) números inteiros,
(c) números racionais e (d) números reais.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
22
1 NÚMERO E VALOR DE POSIÇÃO
REPÚBLICA DE ANGOLA
23
Número e valor de posição
Algarismos ou dígitos: Símbolos usados na escrita dos números do sistema de numeração indo-
árabe (0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9).
Aspecto ordinal do número: A ideia que um número indica uma determinada ordem.
Base de um Sistema de numeração: Número de elementos de uma certa ordem com os quais se
forma a ordem imediatamente a seguir.
Características do sistema indo-árabe: Sistema posicional, decimal e que recorre a dez símbolos
(algarismos ou dígitos) para escrever os seus numerais.
Números irracionais: Números que se podem escrever na forma de uma dízima infinita não
periódica.
Também podemos definir número racional como qualquer número que se pode escrever como
o quociente de dois números inteiros, a : b , em que b ≠ 0 . Ou, ainda, que correspondem aos
números que podem ser representados por dízimas finitas ou infinitas periódicas.
Números reais: Números pertencentes ao conjunto: Q{x : x é número irracional}. Este conjunto
representa-se por R .
Valor de posição: Ideia de que o mesmo símbolo tem diferente valor consoante a posição que
ocupa na representação do número.
REPÚBLICA DE ANGOLA
24
2 ADIÇÃO E SUBTRACÇÃO
1. Adição e subtracção em No
1.1 Operação adição
1.2 Operação subtracção
1.3 Sentidos associados à operação adição
1.4 Sentidos associados à operação subtracção
1.5 Estratégias de cálculo mental
1.6 Algoritmos das operações adição e subtracção
2. Questões de auto-avaliação para o professor
3. Glossário de termos-chave introduzidos no capítulo
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
25
Adição e subtracção
REPÚBLICA DE ANGOLA
26
2 ADIÇÃO E SUBTRACÇÃO
A reter:
a + b ĺrepresenta a soma de a com b Adição não é o mesmo que soma.
a e b ĺsão designados por parcelas Soma é o resultado da operação
Se se adicionarem dois números pertencentes a N0 a adição.
soma também pertence a N0. Por esta razão dizemos que Adição não é o mesmo que
a adição é uma operação fechada. algoritmo da adição.
Recorde que o símbolo # representa o cardinal de um Algoritmo é um dos processos
conjunto, ou seja, o número de elementos desse conjunto. para determinar a soma de dois
Por exemplo, # 1, 2, 5, 7 = 4. números
Recorde que A e B são conjuntos disjuntos se não tiverem nenhum elemento comum, ou seja, se
a sua intersecção for o conjunto vazio.
A subtracção é uma operação binária que pode ser definida da seguinte forma:
REPÚBLICA DE ANGOLA
27
Adição e subtracção
A reter:
A diferença entre a e b é c, se e só se a = b + c para algum número inteiro c
a – b ĺ representa a diferença entre a e b
a ĺ é o diminuendo
b ĺ é o diminuidor
c ĺ resto ou diferença
A subtracção é uma operação binária fechada no conjuntos dos números inteiros só quando se
impõe a condição b ≤ a .
Note que a subtracção no conjunto dos números inteiros não é comutativa, associativa e não tem
elemento neuto. Por exemplo:
(8 – 5) – 2 ≠ 8 – (5 – 2) pois (8 – 5) – 2 = 3 – 2 = 1 e 8 – (5 – 2)= 8 – 3 = 5
1–0≠0–1
A adição e a subtracção são operações inversas pois se a – b = c, então a + c = b
As propriedades das operações são importantes sobretudo por elas serem fundamentais para
simplificar o cálculo, desenvolvendo o cálculo mental e para entender as diferentes representações
dos números.
Por exemplo, para calcular 25 + (25 + 16), facilita fazer (25 + 25) + 16 pois 25
mais 25 é 50 (resultado que se sabe de cor) e é fácil depois adicionar 50 com 16.
As propriedades das operações são igualmente importantes para ‘olhar’ para os números e os
transformar, compondo-os ou decompondo-os de acordo com o cálculo que é necessário efectuar,
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
28
2 ADIÇÃO E SUBTRACÇÃO
O ponto fundamental não é saber enunciar cada propriedade. O que é importante é saber aplicar
cada uma de acordo com o que facilita o desenvolvimento do cálculo mental.
já definida. Por exemplo, no problema “O André tinha 14 berlindes e ganhou 3. Com quantos
berlindes ficou?”, à quantidade inicial 14 junta-se a quantidade 3.
Para somar e subtrair recorre-se a diferentes tipos de cálculo. No Ensino Primário focam-se,
sobretudo, o cálculo mental e o cálculo algorítmico.
REPÚBLICA DE ANGOLA
30
2 ADIÇÃO E SUBTRACÇÃO
Figura 5 Decompor 29 e 27
REPÚBLICA DE ANGOLA
31
Adição e subtracção
De uma forma geral podemos identificar dois modos de adicionar e subtrair mentalmente:
linearmente ou por decomposição.
Quando se pensa linearmente partimos de um dos termos da adição/subtracção e efectuamos
sucessivas adições ou subtracções. Este procedimento traduz-se com bastante facilidade na recta
numérica, assinalando os ‘saltos’ aditivos ou subtractivos que se usam. Na tabela 1, exemplificam-
se três tipos de estratégias lineares para a adição e subtracção.
O professor deve ter atenção que numa fase inicial os alunos não consiguem dar
‘grandes saltos’ e apenas ‘saltam’ de 10 em 10. Com o progressivo conhecimento
dos números vão conseguindo dar ‘saltos’ de 20, 30, 40, ..., para a frente e para
trás.
Quando se pensa por decomposição, partimos de uma decomposição dos dois termos da adição
ou da subtracção. Este procedimento traduz-se com bastante facilidade em ‘diagramas’ como
exemplificado anteriormente. Na tabela 1, exemplificam-se dois tipos de estratégias por
decomposição para a adição e subtracção.
57 + 35 = 83 – 27 =
57 + 30 = 87 , 87 + 5 = 92 83 – 20 = 63 , 63 – 7 = 56
57 + 40 = 97 83 – 30 = 53
97 – 5 = 92 53 + 3 = 56
57 + 5 = 62, 62 + 30 = 92 83 – 3 = 80, 80 – 24 = 56
50 + 30 = 80, 7 + 5 = 12 80 – 20 = 60 , 3 – 7 = (faltam 4)
80 + 12 = 92 60 – 4 = 56
60 + 20 = 80, 80 – 30 = 60
80 + 5 = 85 , 85 + 7 = 92 60 + 3 = 63 , 63 – 7 = 56
Existem muitas outras estratégias para adicionar e subtrair que recorrem ao uso flexível de factos
numéricos conhecidos, propriedades e relações numéricas. Na tabela seguinte exemplificam-se
algumas delas.
Tabela 2 Mais estratégias de cálculo mental para a adição e subtracção
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
32
2 ADIÇÃO E SUBTRACÇÃO
56 + 4 = 60
83 + 4 = 87
83 – 56 = Parte da lei da invariância do resto
87 – 60 = 27 logo
83 – 56 = 27
Ao nível da prática no Ensino Primário existiu, durante muitos anos, uma confusão entre algoritmo
e operação considerando-se que o algoritmo era sinónimo da operação. Por isso, grande parte do
trabalho em torno dos números e operações centrava-se na aprendizagem dos algoritmos.
Nem todos os autores definem algoritmo do mesmo modo. Neste texto adopta-se o conceito mais
usual de que algoritmo é um conjunto de procedimentos ordenados relativos a dígitos. De facto,
existe uma clara ordenação “do que se deve fazer” e de “como se deve fazer: para adicionar 426 a
147, adiciona-se 6 com 7, depois 1 com 2 e com 4 e finalmente 4 com 1.
Tendo em conta um contexto mundial cada vez mais informatizado em que o uso da tecnologia é
cada vez mais acessível valoriza-se cada vez mais o desenvolvimento de competências numéricas
baseadas no conhecimento profundo dos números e das operações e desvaloriza-se o uso dos
algoritmos. De facto, eles acabam por quase ser só ser usados em ambiente escolar pois na vida
de todos os dias se recorre, cada vez mais ao uso de calculadores integradas nos telemóveis de uso
corrente. No entanto, os aspectos algorítmicos têm um papel importante em Matemática e devem
ser iniciados no Ensino Primário.
O trabalho em tornos dos algoritmos deve culminar um longo caminho centrado na compreensão
dos números e das operações e perceber que eles podem ser importantes auxiliares para o cálculo,
mas não devem ser usados para efectuar todos os cálculos. Para calcular, por exemplo, 4 + 10, 12
+ 19 ou 4 ×12,as crianças devem recorrer a estratégias de cálculo variadas, baseadas no uso de
relações e propriedades matemáticas, tal como foi referido nos pontos anteriores.
Na tabela 3 clarifica-se, com base em exemplos, a distinção entre cálculo mental e cálculo vertical
que não é algorítmico.
Tabela 3 Distinção entre procedimentos de cálculo mental e de cálculo vertical não algorítmico
324
Adicionar ou subtrair linearmente (separar 567
em duas parte e assinalar os saltos) - 125
+5 +100 +100 +4
400
125 ĺ 130 ĺ 230 ĺ 320 ĺ 324
-100 -20 -5
40
567 ĺ 467 ĺ 447 ĺ 442 +2
442
REPÚBLICA DE ANGOLA
33
Adição e subtracção
Os procedimentos que se exemplificam na segunda coluna da tabela não são algoritmos pois
operam com números e não com dígitos. Para calcular 125 + 199 adiciona-se 100 com 100, 20 com
90 e 5 com 9. Também, contrariamente ao que acontece com o algoritmo, opera-se da esquerda
para a direita. Pelo contrário, quando se usam algoritmos opera-se com dígitos e da esquerda para
a direita: adiciona-se 5 com 9, 2 com 9 e com 1 (a dezena que ‘sobrou’ da soma de 5 com 9) e 1, com
1 e com 1 (a centena que sobrou da soma de 2 dezenas com 9 dezenas e com 1 dezena).
Algoritmo da Adição
REPÚBLICA DE ANGOLA
34
2 ADIÇÃO E SUBTRACÇÃO
Uma vez que a disposição vertical garante que em cada coluna tenha sempre unidades da mesma
‘espécie’ (só unidades, ou só dezenas ou só centenas)
C D U podemos só pensar em adicionar os dígitos pensando: 1 com 4 dá
4 7 1 5, 7 com 1 dá 8 e 4 com 3 dá 7.)
+ 3 1 4
Algoritmo da Subtracção
Para a subtracção sem transporte – em que tenho sempre uma situação de retirar um dígito de um
outro maior que ele – usa-se um algoritmo idêntico ao da adição:
4 7 8 4 7 8
- 1 2 4 (8 menos 4 é 4) - 1 2 4 (7 menos 2 é 5
4 5 4
4 7 8
- 1 2 4 (4 menos 1 é 3)
3 5 4
Na subtracção com transporte usa-se um algoritmo que se baseia na decomposição decimal do
aditivo.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Por exemplo, para calcular 315 – 187 começamos por organizar verticalmente os números:
3 1 5 300 + 10 + 5
- 1 8 7
REPÚBLICA DE ANGOLA
35
Adição e subtracção
A-B=C (A + X) - (B + X) = C
Vejamos, passo a passo, como se fundamenta este algoritmo para calcular 465-127
4 6 5
- 1 2 7
Todos sabemos como é fácil esquecer este tipo de detalhes e como usar uma mnemónica ajuda a
usar corretamente um determinado procedimento. Por isso, depois de calcular 15 menos 7, se diz
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
‘e vai 1’ para indicar que adiciono uma dezena ao subtractivo, ficando com 3 (dezenas).
REPÚBLICA DE ANGOLA
36
2 ADIÇÃO E SUBTRACÇÃO
1. Apresente o enunciado de um problema com o sentido acrescentar e que possa ser traduzido
por 234 + 125.
2. Indique três estratégias diferentes que podem ser usadas para resolver o problema anterior.
3. Apresente o enunciado de um problema com o sentido comparar e que corresponda
a 87 – 29.
4. Indique três estratégias diferentes que podem ser usadas para resolver o problema anterior.
5. ‘Tenho um livro com 255 páginas e já li 179. Quantas páginas me faltam ler?’ Qual o sentido
associado a este problema? Indique duas estratégias diferentes para o resolver.
6. ‘Tenho 60 anos e o meu filho tem 39. Quantos anos tenho eu a mais do que o meu filho?’ Qual
o sentido associado a este problema? Indique duas estratégias diferentes para o resolver
7. Francisco, Sara e Sónia, todos com 8 anos, resoveram 25 + 28 de diferentes formas: Enquadre
as estratégias usadas por estes três alunos nas indicadas nas tabelas 1 e 2 da página 8.
REPÚBLICA DE ANGOLA
37
Adição e subtracção
Cálculo algorítmico diz respeito ao cálculo em que se opera verticalmente com os dígitos,
seguindo um procedimento repetitivo, da direita para a esquerda.
Cálculo mental é uma forma de cálculo em que se opera com números (e não com dígitos) e se
usam as propriedades das operações e as relações numéricas. Embora haja predominância dos
cálculos realizados mentalmente, pode recorrer-se ao uso de registos numéricos.
Cálculo vertical não algorítmico opera com números (e não com dígitos), dispostos verticalmente,
da esquerda para a direita.
Inversa da adição é a subtracção pois se a + b = c então c - a = b ou c – b = a.
Inversa da subtracção é a adição pois se a – b = c, então a = b + c. O facto da adição e subtracção
serem inversas uma da outra permite resolver problemas de subtracção usando a adição e vice-
versa.
Propriedades da adição em No são a propriedade comutativa (permite trocar a ordem das
parcelas), associativa (permite associar diferentes parcelas) e existência de elemento neutro (que
é 0 pois a + 0 = 0 + a = a).
Sentido de acrescentar diz respeito a situações em que se acrescenta uma quantidade a outra já
definida
Sentido de comparar está associado à comparação de duas quantidades ou medidas de forma a
descobrir qual delas é menor ou maior.
Sentido de completar diz respeito às situações em que se determina o que se deve juntar a uma
dada quantidade para obter um certo valor.
Sentido de juntar da adição diz respeito a situações em que duas ou mais quantidades são
transformadas numa quantidade simples e a operação adição é usada para calcular o número total.
Sentido de retirar da subtracção diz respeito a situações em que se retira uma quantidade de uma
outra.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
38
3 MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO
1. Multiplicação e divisão em No
1.1 Operação multiplicação
1.2 Operação divisão
1.3 Sentidos associados à operação multiplicação
1.4 Sentidos associados à operação divisão
1.5 Construção das tabuadas da multiplicação
1.6 Estratégias de cálculo mental
1.7 Algoritmos das operações multiplicação e divisão
2. Questões de auto-avaliação para o professor
3. Glossário de termos-chave introduzidos no capítulo
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
39
Multiplicação e divisão
REPÚBLICA DE ANGOLA
40
3 MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO
À operação pela qual se obtém o produto de dois números pertencentes a N0 dá-se o nome de
multiplicação em N0.
A reter:
A multiplicação não é o mesmo
a × b é o produto dos números a e b
que o algoritmo da multiplicação.
a e b são designados por factores.
REPÚBLICA DE ANGOLA
41
Multiplicação e divisão
Figura 1
Este modo de dispor objetos ou figuras facilita o cálculo do número total de objectos através do
uso da multiplicação e das suas propriedades.
Deste modo, o recurso à disposição rectangular ajuda a construir e consolidar o uso das
propriedades: comutativa, associativa e distributiva, como se exemplifica nas figuras seguintes.
propriedades.
REPÚBLICA DE ANGOLA
42
3 MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO
Figura 2
A reter:
c ՜ é o quociente entre os números a e b
a ՜ é designado por dividendo
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
XPor exemplo:
1 8 ÷ 3 = 6 se e só se 3 × 6 = 1 8
Porque a multiplicação é uma operação comutativa podemos afirmar o seguinte:
REPÚBLICA DE ANGOLA
43
Multiplicação e divisão
Então 2 5 0 ÷ 5 = 5 0 porque 2 5 0 = 5 × 5 0 .
Realizar cálculos de divisão inteira, tal como na divisão exata, envolve pensar em termos da
multiplicação.
XPor exemplo, se quiser dividir 2 1 por 4 tenho de pensar no número que multiplicado por
4 fica o mais ´próximo’ possível de 2 1 , ou seja, 5 , porque 4 × 5 = 2 0 . Então 2 1 ÷ 4 = 5 e o
resto é igual a 1 , ou seja, 2 1 = 4 × 5 + 1
REPÚBLICA DE ANGOLA
44
3 MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO
O sentido aditivo está associado a uma situação de conjuntos com o mesmo cardinal e pretende-
se saber quantos elementos tem o conjunto formado pela reunião de todos.
Simbolicamente está associado à repetição n (número de conjuntos) de um certo número de
parcelas iguais a a (cardinal de cada conjunto), ou seja, o produto representa-se por n × a .
Neste caso, os fatores n e a têm designações específicas, de acordo com as suas funções na
multiplicação.
− O número n designa-se por multiplicador e indica o número de vezes que se repete
o número a .
− O número a designa-se por multiplicando e indica o número que se repete.
REPÚBLICA DE ANGOLA
45
Multiplicação e divisão
XO Castro tem quatro camisolas e três calções. De quantas maneiras diferentes se pode vestir?
O conjunto formado pelas camisolas tem cardinal 4 e o conjunto formado pelas calções tem
cardinal 3 pelo que a situação se pode representar por 4×3=12, sendo 12 o número de maneiras
diferentes que o Castro se pode vestir.
REPÚBLICA DE ANGOLA
46
3 MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO
saber é o número de grupos necessário para organizar a quantidade inicial. Vejamos o seguinte
problema:
XHá 3 0 goiabas para embalar em caixas de cinco cada. De quantas caixas vamos precisar?
Tem-se uma certa quantidade de goiabas e caixas com uma certa "medida" (neste caso,
cada uma leva cinco goiabas). Quer-se saber quantas são as caixas que se precisa para
acondicionar todas as goiabas.
Tanto no caso da adição sucessiva como no caso da subtração sucessiva, estes cálculos podem ser
realizados na reta numérica.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
47
Multiplicação e divisão
Está-se perante uma situação de divisão no sentido de partilha quando se trata de repartir um
conjunto de elementos por um certo número de conjuntos (a partição).
XPor exemplo: Há 30 goiabas para repartir por cinco amigos. Com quantas goiabas fica
cada um?
Neste caso tem-se 30 goiabas que se querem distribuir por cinco amigos. A solução
do problema indica o número de goiabas com que fica cada um dos amigos, ou seja,
seis.
Neste tipo de problemas de divisão no sentido de partilha estão sempre associadas questões
do tipo:
Com quantos ficou cada um?
Quantos couberam a cada um?,
pois é-nos sempre dado um total (o número de elementos do conjunto de partida)
e precisamos de calcular como este é distribuído (repartido) por um certo número
de elementos.
Na resolução de problemas com sentido de partilha, embora menos frequente, há alunos
que usam a subtracção, distribuindo sucessivamente o número de objetos até o esgotarem.
Também podem pensar em termos da multiplicação, tal como exemplificado no caso anterior.
Na sala de aula o professor deve propor aos seus alunos diversos problemas de divisão, com
significados diferentes, de modo a promover o seu conhecimento sobre esta operação.
É de realçar, tal como foi exemplificado, que resolver problemas de divisão não significa usar
o algoritmo da divisão. Este deve ser introduzido numa fase em que os alunos já resolveram
muitos problemas de divisão e em casos em que não faça sentido usar o cálculo mental.
Proponha aos seus alunos problemas de divisão associados aos vários sentidos
desta operação. Incentive-os a construírem estratégias de resolução e promova
uma discussão sobre diferentes maneiras de resolver um mesmo problema.
Sempre que se adequar, relacione a resolução de situações de divisão com
a operação multiplicação, destacando a relação inversa entre estas duas
operações.
REPÚBLICA DE ANGOLA
48
3 MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO
Ainda exemplificando para a tabuada o 4 , o cálculo do produto 7 × 4 poderá ser efetuado de várias
maneiras, de acordo com o conhecimento que cada aluno consegue mobilizar.
− 7 × 4 pode ser ‘visto’ como 5 × 4 mais 2 × 4 , tirando partido de dois produtos da mesma
tabuada, anteriormente calculados. Em termos matemáticos esta relação tem a seguinte
justificação:
7 × 4 = 5 × 4 + 2 × 4 , porque
7 × 4 = ( 5 + 2 ) × 4 = 5 × 4 + 2 × 4 = 2 0 + 8 = 2 8 (usando a propriedade distributiva da
multiplicação em relação à adição)
REPÚBLICA DE ANGOLA
49
Multiplicação e divisão
XPor exemplo, para efetuar 5 × 8 pode pensar-se que é metade de 1 0 × 8 . Em ambas, situações
de dobro e de metade, está subjacente o uso da propriedade associativa da multiplicação.
8×9= (2×4)×9= 2×(4×9)= 2×36=72
5×8= (1/2×10)×8= 1/2×(10×8)= 1/2×80=40
Um último aspeto associado à aprendizagem das tabuadas diz respeito à sua memorização.
Não devem restar dúvidas que as crianças devem memorizar as principais tabuadas, ou seja, as
tabuadas até 10. No entanto, isto não significa que os alunos devam memorizar sem compreender.
Pelo contrário, todo o processo de aprendizagem da tabuada deve ser baseado na compreensão da
operação multiplicação e no uso de propriedades e relações matemáticas, de modo que os alunos
consigam atribuir sentido às tabuadas que vão constuindo.
Ilustra-se, em seguida, o modo como pode ser construída a tabuada do 6 , usando tabuadas
anteriormente construídas e relações numéricas.
− 1 × 6 (é um facto conhecido)
− 2 × 6 ( é 6 + 6 ou através da propriedade comutativa e da tabuada do 2, 2 × 6 = 6 × 2 )
− 3 × 6 (através da propriedade comutativa e da tabuada do 3, 3 × 6 = 6 × 3 ou a partir
da tabuada do 2 e da propriedade distributiva da multiplicação em relação à adição:
3×6=2×6 +1×6)
− 4 × 6 (através da propriedade comutativa e da tabuada do 4, 4 × 6 = 6 × 4 ou através
do uso dos dobros e da tabuada do 2, 4 × 6 = 2 × ( 2 × 6 ) ou recorrendo à propriedade
distributiva da multiplicação em relação à adição 4 × 6 = 2 × 6 + 2 × 6 )
− 5 × 6 (5 × 6 = 6 × 5 , usando a propriedade comutativa ou recorrendo à propriedade
distributiva da multiplicação em relação à adição 5 × 6 = 2 × 6 + 3 × 6 , ou é metade de
1 0 × 6 , 5 × 6 = 1 / 2 × 1 0 × 6 , propriedade associativa)
− 6 × 6 (é 5 × 6 + 1 × 6 ou é o dobro de 3 × 6 ou 3 × 6 + 3 × 6 )
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
− 7 × 6 (é 5 × 6 + 2 × 6 )
− 8 × 6 (é 2 × 4 × 6 ou 4 × 6 + 4 × 6 )
− 9 × 6 (é 1 0 × 6 – 6 ou 3 × 3 × 6 )
− 1 0 × 6 ( é o mesmo que 6 × 1 0 ou o dobro de 5 × 6 )
− 1 1 × 6 ( igual a 1 0 × 6 + 1 × 6 ou 1 1 × 6 = 5 × 6 + 6 × 6 ?
− 12 × 6 (10×6+2×6 ou o dobro de 6×6, …)
REPÚBLICA DE ANGOLA
50
3 MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO
Após a construção das várias tabuadas de modo semelhante ao aqui exemplificado os alunos
devem ser incentivados a memorizá-las.
Na sala de aula deve construir as diferentes tabuadas com os alunos, tal como foi
aqui exemplificado e pela ordem que foi sugerida. À medida que vai colocando
no quadro um produto da tabuada deve solicitar aos alunos formas diferentes de
o calcular, realçando aquelas que se baseiam no uso de propriedades e relações
numéricas.
Tal como já foi referido a propósito das operações adição e subtracção, uma das preocupações do
professor deve ser o desenvolvimento do cálculo mental associado às operações multiplicação e
divisão. Este baseia-se no cálculo com números e não dígito a dígito e no uso das propriedades
das operações.
No que respeita ao cálculo mental associado à divisão este assenta também na relação inversa
entre esta operação e a multiplicação.
Desenvolver o cálculo mental na sala de aula deve ser uma das finalidades do trabalho com as
operações, o que implica da parte do professor um trabalho sistemático em torno das diferentes
decomposições dos números e das relações e propriedades das operações.
Associado ao desenvolvimento do cálculo mental devem ser propostos contextos que facilitem
o uso da multiplicação e das suas propriedades, relacionados com a disposição rectangular. Por
exemplo, podem ser propostos problemas como o seguinte:
Na resolução deste problema os alunos podem usar diferentes estratégias associadas à disposição
rectangular dos frutos e que têm subjacentes as propriedades da multiplicação. Note-se
REPÚBLICA DE ANGOLA
51
Multiplicação e divisão
que os alunos podem contar as frutas uma a uma ou usar a adição, efectuando, por exemplo,
5 + 5 + 5 + 5 + 5 + 5 o u 6 + 6 + 6 + 6 + 6 para calcular o total de frutas da primeira caixa. No
entanto, a partir de certa altura e se o foco do trabalho é a operação multiplicação, os alunos
devem ser incentivados a usar esta operação.
Vejamos algumas formas de calcular o total de futas, tendo como base a multiplicação.
1caixa 2 caixas
6×5=5×5+5=25+5=30 6×5+6×5=30+30
5×6=2×6+3×6 6×10=60
6×5=2×5+2×5+2×5=10+10+10=30 10×6=60
6×5=2×5+4×5=10+20=30 5×12=5×6+5×6=30+30
6×5=2×(3×5)=2×15=30
6×5=3×(2×5)=3×10=30
Tal como foi referido anteriormente estas baseiam-se sobretudo na relação desta operação com a
multiplicação e, consequentemente, com as suas propriedades.
XExemplo: 48:3
Pode-se pensar num número que multiplicado por 3 esteja ‘perto’ de 4 8 . Por exemplo,
sabe-se que 1 0 × 3 é igual a 30. Então se tirar 30 ao 48 fico apenas com 18 e penso
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
52
3 MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO
XExemplo: 140:5
Pode-se pensar num número que multiplicado por 5 fique próximo de 140 e começar
por um ‘número redondo’ 20×5=100, ou seja 1 0 0 : 5 = 2 0 . Então agora só é preciso de
pensar num número que multiplicado por 5 seja igual a 40 (pertence à tabuada do 5 ),
que é o 8 . Por isso, 4 0 : 5 = 8 logo 1 4 0 : 5 = 2 8
Pode-se pensar em dividir por 10 porque 10 é o dobro de 5 e é mais fácil calcular com
o número 10. Se fosse 140:10 pensava-se no número que multiplicado por 10 fosse
igual a 1 4 0 , ou seja 1 4 . Então, se ao dividir 1 4 0 por 1 0 obtém-se um quociente igual
a 1 4 , se dividir o mesmo número por 5 (metade de 10) obtém-se um quociente que é
o dobro de 1 4 , ou seja, 2 8 .
Tal como foi referido anteriormente a propósito das operações adição e subtracção, o trabalho
desenvolvido em torno dos algoritmos deve realizar-se apenas depois de um longo caminho
focado na compreensão dos números e das operações, nas suas relações e propriedades.
É importante realçar que os algoritmos são um modo de efectuar cálculos mas não constituem
a única forma de os realizar. É fundamental que os alunos percebam a importância de, antes de
realizar um determinado cálculo, ‘olharem para os números’ e a partir daí decidam o modo de
efectuar o cálculo necessário.
Por exemplo, para calcular 4 × 1 5 , 1 9 × 8 , 6 0 : 1 2 ou 1 8 0 : 3 as crianças devem usar
estratégias de cálculo mental variadas, baseadas no uso de relações e propriedades
matemáticas, tal como foi ilustrado previamente.
Algoritmo da multiplicação
Exemplo 7 × 1 4 = 7 × 1 0 + 7 × 4
Este produto pode ser representado da seguinte forma através da disposição rectangular como
mostra a figura.
REPÚBLICA DE ANGOLA
53
Multiplicação e divisão
10 4
7 7×10 7×4
30 30x50 30x3
7 7x50 7x3
O cálculo do mesmo produto pode ser representado em coluna como se mostra a seguir.
53 (50+3)
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
x 37 (30+7)
1500 (30x50)
90 (30x3)
350 (7x50)
+ 0021 (7x3)
1961
REPÚBLICA DE ANGOLA
54
3 MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO
Note-se que a ordem das parcelas não é importante porque a adição goza da propriedade
comutativa
Depois dos alunos compreenderem como se multiplica usando a disposição rectangular e o cálculo
em coluna pode-se fazer a passagem para um cálculo para um cálculo mais comprimido
53 (50+3) 53 (50+3)
x 37 (30+7) x 37 (30+7)
21 (7x3) 371 (7x50+7x3)
350 (7x50) + 1590 (30x50+30x3)
90 (30x3) 1961
+1500 (30x50)
1961
Algoritmo da divisão
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Multiplicação e divisão
96 4 96 4 96 4
- 40 10 40 10 (10x4=40) 40 10
56 56 10 (10x4=40) 56 10
- 40 - 40
16 16 +04
- 16 24
00
Quanto mais comprimida for a representação mais dif ícil será a compreensão do algoritmo da
divisão por parte dos alunos.
O cálculo de quocientes em que o divisor é um número com mais do que um algarismo poderá
fazer-se do mesmo modo, primeiro usando cálculo em coluna e depois o algoritmo.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
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3 MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO
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Multiplicação e divisão
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3 MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO
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Multiplicação e divisão
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4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
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Números racionais e operações
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4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
Números racionais são, como vimos no capítulo 1 deste módulo, todos os números que se podem
escrever como o quociente de dois números inteiros, a:b, em que b é diferente de zero (b≠0). Se a
e b forem números não negativos, estamos perante o conjunto dos números racionais positivos.
É este conjunto que consideramos neste capítulo. Vimos, também, que todos os números inteiros
são racionais mas que nem todos os números racionais são inteiros. Por exemplo, 0,25 é um
número não inteiro escrito na forma decimal que pertence ao conjunto dos números racionais.
Este número pode representar-se de várias outras formas entre as quais estão ou Estas
duas formas de representação de 0,25 designam-se por fracções.
Afinal, o que é uma fracção? E que vocabulário específico está associado a esta noção?
O denominador de uma fracção indica o número de partes iguais em que uma quantidade foi
dividida; o numerador indica o número de partes considerado. Por exemplo, significa que
uma unidade foi dividida em 8 partes iguais e que se estão a considerar 3 dessas partes.
Numerador
Traço da Fracção
Denominador
Embora a fracção seja um modo particular de representar números, neste texto e por uma questão
de simplificação de linguagem, a palavra fracção refere-se ao número que é por ela representado.
Como ler a fracção ? Uma possibilidade seria dizer três sobre oito. Esta leitura directa dá jeito
quando o numerador e o denominador são números grandes. Por exemplo, se quisermos referir-
REPÚBLICA DE ANGOLA
63
Números racionais e operações
nos a o mais prático é dizer cento e vinte e cinco sobre quatrocentos e oito. No entanto, há
fracções que têm designações especiais ou que admitem outras possibilidades de leitura (tabela 1).
Tabela 1
Observando a tabela 1, constatamos que quando os termos de uma fracção são números inteiros,
se usam as palavras associadas ao aspeto cardinal do número para ler o numerador. Além disso,
quando o denominador é inferior ou igual a 10 ou é um múltiplo de 10 — com excepção de e
de - as palavras utilizadas para o referir estão associadas às que designam o aspecto ordinal
do número (por exemplo, quarto, quinto, décimo, centésimo). Estas palavras passam ao plural se o
numerador é maior do que 1: por exemplo, lê-se três quintos e não três quinto. Com bastante
frequência quando os denominadores estão entre 10 e 100, costuma justapor-se à leitura dos
números que os indicam a palavra “avos” (por exemplo, doze quinze avos). PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
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4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
Figura 1
iguais. Assim, é importante que o professor lhes proponha tarefas que permitam
problematizar estas ideias. Por exemplo, pode apresentar aos alunos a figura 2,
em que estão desenhados seis quadrados geometricamente iguais, e pedir-lhes
que indiquem quais é que têm se sombreado e porquê. Não verdade, apenas
em (e) não se sombreou .
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Números racionais e operações
Figura 2
Porque nas fracções próprias, o numerador é inferior ao denominador, estas fracções representam
sempre números menores que 1. O mesmo não acontece com as fracções impróprias: por exemplo,
.
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Figura 3
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4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
Figura 4
O segmento M tem o mesmo comprimento quer em (a) quer em (b). No entanto, a fracção que
descreve este comprimento depende do que se considera como unidade. Em qualquer dos casos,
o segmento de recta entre 0 e 1, representa 1 unidade de comprimento. No entanto, em (a),
o comprimento de M é da unidade considerada pois são necessários 3 segmentos de igual
comprimento para a obter. Em contrapartida, em b), o segmento entre 0 e 1 foi dividido, apenas,
em 2 partes pelo que o comprimento de M é do que foi fixado como unidade.
Figura 5
Que porção do bolo se comeu? 5 fatias de 8, ou seja, do bolo.
Neste caso, o todo (ou unidade), exemplificado pelo bolo, é uma grandeza contínua. No entanto,
também pode ser discreta, isto é, pode representar um conjunto de “coisas” que se podem contar.
Por exemplo, suponhamos que temos um conjunto de 40 bolas. A que é igual deste conjunto
de bolas? Podemos dividir o conjunto em 8 subconjuntos com o mesmo cardinal (5 bolas em cada)
e considerar 3 desses subconjuntos (figura 6). Logo da unidade (40 bolas) são 15 bolas.
da unidade
Figura 6
Entender uma fracção como relação parte-todo, é importante, mas não esgota todos os significados
de fracção nem é favorável à compreensão de muitas das situações em que se usam fracções. Por
exemplo, não é útil para atribuir sentido aos números ou . De facto, se um todo está dividido
num certo número de partes iguais (denominador da fracção), à primeira vista não seria estranho
considerar mais partes do aquelas em que o todo está dividido (numerador)? Seria.
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4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
Consideremos a seguinte questão: há um copo cuja capacidade é de litro. Quantas vezes tem
que se usar o copo para encher um jarro de 2 litros? Há que ver quantas vezes é que de litro
cabe em dois litros. A figura 7 ilustra que cabe 6 vezes, ou seja, tem que se usar o copo 6 vezes.
Figura 7
O que se fez foi “medir” 2 usando como unidade de medida. Neste caso, o resultado desta
medição é um número inteiro (6) mas há outros casos em que se obtém um número fraccionário.
Suponhamos, por exemplo, que queremos encher com doce de papaia um frasco com a
capacidade de de litro e que o copo que dá jeito usar leva de litro. A figura 8 ilustra que
para encher o frasco temos que usar duas vezes o copo (cheio de doce) e que, além disso, ainda
cabe no frasco mais meio copo de doce.
Figura 8
Se analisarmos a figura 8, constatamos que começámos por dividir em duas partes iguais.
Oito destas partes correspondem à unidade, pelo que cada parte é da unidade. Assim .
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Para encher o frasco de de litro (quantidade a medir) usando o copo de de litro (unidade de
medida) precisamos de dois copos e meio: copos que, sob a forma de fracção, se representa
por .
Por vezes, nalgumas situações em que a fracção é usada com o significado de medida, o
tamanho real da unidade não é especificado mas está implícito. Por exemplo, quando
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69
Números racionais e operações
referimos que numa prova de atletismo, Dany correu do percurso, está implícito que a unidade
é o comprimento do percurso. Mesmo que não saibamos qual é este comprimento, conhecemos
quanto é que Dany correu relativamente à totalidade. Podemos representar a situação de modo a
dar destaque à relação entre as duas distâncias (a distância entre o início e o fim do percurso e a
distância percorrida por Dany) independentemente da prova de atletismo ser a maratona ou uma
corrida de 100 metros (figura 9).
Figura 9
As figuras 8 e 9 ilustram a utilização da recta numérica para representar vários números racionais.
Usualmente esta recta é desenhada como uma linha horizontal em que se começa por marcar dois
pontos. A um destes pontos associa-se o número zero e a outro o número 1. O segmento definido
por estes pontos corresponde à unidade. Este segmento pode ser dividido em tantas partes iguais
quantas aquelas que são necessárias para obter a unidade. No exemplo relativo a Dany, a unidade
foi dividida em três partes porque ele correu dois terços. Se tivesse corrido dois quintos deveríamos
dividir o segmento entre 0 e 1 em cinco partes iguais.
Para identificar o número que corresponde a um ponto marcado na reta numérica, determina-
se a distância deste ponto a zero considerando como unidade de medida a distância de 0 a 1. Na
recta numérica podem representar-se números maiores do que 1. Tem é que se ter o cuidado de
considerar sempre o mesmo segmento para representar a unidade.
Consideremos uma nova questão: como dividir 3 chocolates iguais por 7 pessoas de modo a que
todas comam a mesma quantidade de chocolate?
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4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
Figura 10
Uma outra hipótese é considerar que a unidade são os três chocolates e distribuir a cada pessoa 3
partes das 21 em que os três chocolates ficaram divididos (figura 11), ou seja, da unidade que
é o mesmo que de cada chocolate.
Figura 11
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71
Números racionais e operações
Figura 13
Observando a figura 13, podemos concluir que o João percorreu 4 km pois de 10, ou seja,
é igual a 4:
As figuras 14 e 15 permitem ilustrar um significado de fracção não referido até aqui: a fracção
como razão. Se compararmos as quantidades de círculos e de quadrados representados na figura
14, verificamos que por cada 3 círculos há 8 quadrados (figura 15).
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4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
Figura 14
Figura 15
Neste caso dizemos que a razão entre o número de círculos e o número de quadrados é de 3 para
8, o que, matematicamente, se representa por e, por vezes, por 3:8. Este exemplo ilustra uma
situação em que a fracção está a ser usada com o significado de razão.
Fracção como razão: este significado remete para situações em que se pretende
estabelecer uma relação entre duas quantidades que se querem comparar. Estas
quantidades podem ser, ou não, relativas a um mesmo todo e dizerem, ou não,
respeito à mesma grandeza. Quando uma fracção é usada com o significado de
razão, o numerador da fracção designa-se por antecedente e o denominador
por consequente.
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Números racionais e operações
Observemos a figura 16. Como representar, usando fracções, a parte pintada da mesma cor em
cada par de figuras geométricas?
Figura 16
No caso do par 1, e considerando para unidade o rectângulo, a parte pintada de (a) é pois é
uma parte das duas em que o rectângulo está dividido. No retângulo (b) a parte pintada pode
representar-se por pois foram pintadas duas pares das quatro em que se dividiu esta figura.
Podemos pensar de modo idêntico relativamente aos pares de figuras 2 e 3.
Par 2 — considerando para unidade o círculo, a parte pintada do círculo (c) é e a parte
pintada do círculo (d) é .
Par 3 — considerando para unidade o quadrado, a parte pintada do quadrado (e) é ea
parte pintada de (f ) é .
Em cada par de figuras, a porção de plano pintada é a mesma, ou seja, a relação entre o número de
partes pintadas e a unidade mantém-se. Por esta razão, dizemos que a fracção é equivalente à
fracção , é equivalente a e é equivalente a .
Se observarmos cada par de fracções equivalentes verificamos que os termos de uma se podem
obter multiplicando ou dividindo os termos da outra por um mesmo número racional diferente
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Figura 17
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4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
Esta situação acontece com quaisquer fracções equivalentes. Por exemplo, a figura 18 ilustra que
três quartos ( ), seis oitavos ( ) e nove doze avos ( ) representam a mesma quantidade.
Permite, além disso, ver que para obter a unidade são necessários dois meios, três terços, seis
sextos, oito oitavos e doze doze avos, pelo que .
Figura 18
Devido à existência desta regularidade entre fracções equivalentes, por vezes fala-se em “famílias”
de fracções. Por exemplo, a família da fracção seria:
Os numeradores e os denominadores das fracções desta família são números que pertencem,
respectivamente, às tabuadas do 2 e do 5. Com efeito, podemos obtê-los multiplicando os números
naturais por 2 ou por 5, consoante se trate dos numeradores ou dos denominadores. Como os
números naturais são infinitos, há uma infinidade de fracções equivalentes a uma dada fracção.
Pode colocar-se a questão de se os números pelos quais se podem multiplicar ou dividir os termos
de uma fracção para obter outra equivalente têm, necessariamente, que ser números naturais
como aconteceu com as fracções indicadas da família de . A resposta a esta questão é negativa.
Por exemplo, e são fracções equivalentes (ver figura 18) mas para obter a partir de
temos que dividir os números 3 e 6 (os termos da fracção ) por 0,75 que não é um número
natural.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
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Números racionais e operações
Saber o que são fracções equivalentes e ser capaz de usar este conceito com correcção pode
facilitar o processo de comparação de fracções e permitir resolver problemas que envolvem esta
comparação. Consideremos, por exemplo, as fracções e . Ambas representam números
inferiores a 1 e, como não são fracções
ç equivalentes,, uma representa, de certeza, um número
maior do que o indicado pela outra. é maior do que ou é maior do que ? Podemos pensar
sobre esta questão de várias maneiras diferentes.
Uma possibilidade é pensar que quando se divide uma unidade em seis partes, cada uma destas
partes é maior do que qualquer uma das que se obtém se dividirmos a unidade em oito partes.
Como em e o número de partes consideradas (o numerador das fracções) é o mesmo, então
é maior do que , ou seja, > . Na figura 19 a zona a sombreado representa cada uma destas
fracções.
Figura 19
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Outra possibilidade passa por representar as fracções na reta numérica e compará-las com
números de referência (neste caso, 1 e ). A figura 20 mostra esta representação.
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4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
Figura 20
A análise da figura 20, revela que está mais próximo de 1 e está mais próximo de . Com
efeito, é menos do q que 1 mas é mais do que
q ; em contrapartida, é menos do que 1
e apenas mais do que . Deste modo, > .
Uma terceira possibilidade para comparar as fracções é transformá-las em fracções equivalentes
com o mesmo denominador. Para isso temos que encontrar um número que seja, simultaneamente,
múltiplo de 6 e de 8. Este número pode ser, ou não, o mínimo (ou menor) múltiplo comum entre
6 e 8, uma noção abordada no capítulo 5 deste módulo.
Entre os múltiplos comuns a 6 e a 8 está 24. Se multiplicarmos os termos de por 4 (quociente
entre 24 e 6) obtemos a fracção equivalente . Usando um procedimento análogo, obtemos uma
fracção equivalente a cujo denominador é 24: .
Ora > pois a unidade está dividida no mesmo número de partes (24) e 20 dessas partes
representam uma quantidade maior do que 15 partes.
p Como fracções equivalentes representam o
mesmo número, conclui-se que > e que < .
Como vimos, podemos comparar fracções sem recorrer à sua transformação noutras equivalentes
que tenham o mesmo denominador (primeira e segunda possibilidades de resolução). Nalguns
casos, não usar esta transformação até é o processo mais eficiente. Noutros, não. Suponhamos, por
exemplo, que queremos comparar com . Se recorrermos à divisão dos seus numeradores
pelos respetivos denominadores, constatamos que os três primeiros dígitos do quociente são
iguais: 0,63. O mais prático, é transformar e em fracções equivalentes. Para o efeito,
podemos multiplicar os termos da primeira fracção por 49 (o denominador da segunda) e os
termos da segunda fracção por 11 (o denominador da primeira):
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
O número é maior do que pois a quantidade de partes iguais em que a unidade foi
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77
Números racionais e operações
dividida é a mesma (539) e o número de partes consideradas da primeira fracção (343) é maior do
que o considerado na segunda (341). Por esta via, pode concluir-se que .
O recurso a fracções equivalentes, também é útil para lidar com questões cuja resposta não é, de
imediato, óbvia. Pensemos, por exemplo, na seguinte tarefa: encontrar três números racionais
diferentes que estejam entre e . À primeira vista pode pensar-se que estes números não
existem pois as fracções têm o mesmo denominador e, no conjunto dos números inteiros, não
há nenhum número entre 11 e 12. Mas será verdade? E se não o for, como encontrar os referidos
números racionais?
A questão de partida foi simplificada. Por exemplo, os números representados por , (ou
)e (ou ) estão, tal como infinitos outros, entre e .
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4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
O cálculo com números racionais é uma extensão do cálculo com números inteiros mas introduz
algumas ideias e processos novos. As propriedades das operações aritméticas com inteiros
mantêm-se nos racionais e o mesmo acontece com os sentidos das operações aritméticas. No
entanto, algumas das interpretações das operações com números racionais têm que ser adaptadas
e os algoritmos para calcular com estes números são diferentes dos usados nos números inteiros.
Figura 21
Os próprios termos usados para designar estas fracções ajudam a dar sentido ao processo. Por
um lado, o denominador de uma fracção pode ser pensado como a palavra que dá o nome a cada
uma das partes em que a unidade foi dividida, ou seja, à fracção unitária que a fracção “usa” (neste
caso, um sétimo). Por outro lado, o numerador enumera, ou conta, quantas destas partes (neste
caso quantos sétimos) tem a fracção. Assim, para adicionar fracções com o mesmo denominador,
adicionamos os numeradores para obter o total das partes, enquanto que o denominador — o tipo
de fracção unitária que a fracção “usa” — permanece o mesmo.
O desafio surge quando se tenta seguir o mesmo raciocínio para adicionar fracções com
denominadores diferentes como, por exemplo, e . Temos 2 de algo (de um sétimo) e 3 de
outro algo (de um quinto). Quando juntamos e , obtemos 5 de quê? Não pode ser de quintos,
mas também não pode ser de sétimos (figura 22).
REPÚBLICA DE ANGOLA
79
Números racionais e operações
Figura 22
Figura 23
A análise da figura 23 permite evidenciar que para representar se dividiu o rectângulo (a unidade)
em sete partes iguais usando linhas verticais e sombrearam-se duas destas partes. Procedeu-se
de modo idêntico para representar mas usaram-se linhas horizontais e sombrearam-se três
partes. Para criar subdivisões iguais nos rectângulos que representam e basta dividir o
segundo retângulo da figura 23 horizontalmente em quintos e o terceiro rectângulo desta figura
verticalmente em sétimos (figura 24).
Figura 24
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
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4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
Figura 25
Quando os denominadores de duas ou mais fracções têm um divisor em comum que é maior do
que 1, podemos sempre encontrar um denominador comum que é menor do que o produto dos
denominadores das fracções. Encontrar o menor denominador comum, pode ser mais eficiente
mas é, também, mais complicado.
Esta ideia de usar um denominador comum é, também, útil quando pretendemos atribuir
significado ao procedimento usado para adicionar números racionais escritos na forma decimal
como é o caso de 32,4 e 6,17.
32,4 é igual a 32 unidades e 4 décimas que é o mesmo que 32 + ; 6,17 é igual a 6 unidades, 1
décima e 7 centésimas, ou seja, 6 + + . Se quisermos adicionar 32,4 e 6,17 basta pensar que
as unidades têm que se juntar com as unidades, os décimos com os décimos e os centésimos com
os centésimos.
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81
Números racionais e operações
Outra possibilidade seria pensar que 32,4 significa e que 6,17 significa . Podemos
multiplicar ambos os termos da fracção por 10 para obtermos uma fracção equivalente cujo
denominador seja o igual ao da fracção . Deste modo adicionar 32,4 a 6,17 corresponde a
adicionar com . E assim, 32,4+6,17 = .
Como multiplicar?
Como multiplicar um número inteiro (por exemplo 2) por uma fracção (por exemplo )? Basta
pensar no sentido aditivo da multiplicação nos números inteiros, referido no capítulo 3, e recorrer
à adição de fracções.
ç Com efeito, multiplicar 2 por significa que temos “dois” “quatro quintos”
e, por isso, .
No conjunto dos números racionais, a multiplicação é, também, comutativa. Se pretendermos
multiplicar 3 por 2, basta recorrer a estar propriedade:
7
Se observarmos a figura 26 vemos que para determinar a porção de terreno que tem pitangueiras
se começou por dividir a figura que representa o terreno (a unidade) em três partes iguais usando
linhas verticais e que se consideraram duas dessas partes ( do terreno).
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 26
Em seguida, dividiu-se a parte do terreno que representa em cinco partes iguais, usando
linhas horizontais, pois as pitangueiras só ocupam destes . As linhas horizontais e verticais
dividiram a unidade em 15 partes iguais das quais apenas 8 estão ocupadas com pitangueiras. Logo
a porção de terreno que tem estas árvores é da totalidade do terreno (a unidade considerada).
REPÚBLICA DE ANGOLA
82
4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
Poderíamos ter começado por usar linhas horizontais para dividir o terreno em três partes iguais
e, posteriormente, linhas verticais para dividir estas três partes em cinco partes. O resultado seria
o mesmo. Assim, de , ou seja, é igual a :
Figura 27
Figura 28
Diagramas rectangulares do tipo dos que usámos para determinar os produtos de por , de
por e de por , podem ser utilizados para calcular o produto de quaisquer fracções. Em
todos os casos, a fracção que representa o produto pode obter-se multiplicando as fracções que
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
constituem os factores.
Para multiplicar dois (ou mais) números representados por fracções, multiplicam-
se os numeradores e multiplicam-se os denominadores, isto é: sejam
quais forem os números a, b, c e d, desde que b≠ 0 e d≠ 0.
REPÚBLICA DE ANGOLA
83
Números racionais e operações
A regra apresentada também pode ser usada caso um dos números (ou ambos) seja inteiro.
Basta pensar que qualquer número inteiro se pode representar sob a forma de fracção em que o
denominador é 1.
Muitas vezes os alunos quando efectuam cálculos com frações não entendem
porque é que no caso da adição ou subtracção têm que encontrar um
denominador comum para as fracções enquanto que na multiplicação este
procedimento não é necessário. Usar diagramas do tipo do apresentado pode
favorecer a compreensão. Assim, é aconselhável que o professor incentive o
uso destes diagramas para os ajudar a dar sentido à multiplicação de fracções
em vez de insistir, apenas, na aplicação da regra.
Consideremos, de novo, a figura 28. Esta figura permitiu ilustrar que = 1. Há infinitos pares
de números racionais que multiplicados permitem obter um resultado igual a 1. Por exemplo, 7 e
, e , e 31, ...
Saber multiplicar dois números representados por fracções pode ser útil para ajudar a compreender
como se multiplicam números representados na sua forma decimal. Vamos supor que se quer
calcular o produto de 1,27 por 1,5.
REPÚBLICA DE ANGOLA
84
4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
Como dividir?
Consideremos a seguinte tarefa: A Ana está a preparar uma festa de aniversário e comprou 6
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
copos de gelado. Se quiser servir a cada convidado de copo de gelado, quantas pessoas pode
servir? Estamos na presença de uma tarefa em que o sentido da divisão é o de medida. Temos
que saber quantas vezes é que cabe em 6, ou seja, a que é igual 6: . Um dos processos que
podemos usar para responder a esta questão é recorrer a um esquema. A figura 29 mostra uma
das possibilidades.
REPÚBLICA DE ANGOLA
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Números racionais e operações
Figura 29
Nesta figura, cada retângulo representa um copo cheio de gelado (a unidade). Cada unidade foi
dividida em quatro quartos. No total há 24 quartos e cada pessoa come 3 quartos. Reparemos que
a unidade está dividida em partes iguais (quartos) e, se é assim, podemos pensar na situação como
se estivéssemos a trabalhar com números inteiros: quantas vezes cabe 3 (numerador do divisor)
em 24 (numerador do dividendo)? Ou, como a divisão é a operação inversa da multiplicação, qual
é o número que multiplicado por 3 tem como produto 24? A resposta é 8 e, assim, , o que
é equivalente a 6: = 8 (6 é igual a ).
A questão da divisão de números representados por frações é um pouco mais complexa quando o
quociente não é um número inteiro. A propósito de fracção com o significado de medida, referido
anteriormente neste capítulo, uma tarefa envolvia saber o que tínhamos que fazer para encher um
frasco de doce de papaia com a capacidade de de litro usando um copo cuja capacidade era
de litro. Recorrendo à recta numérica concluímos que eram necessários dois copos e meio, ou seja
que cabe 2 vezes e meia (ou ) em :
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
forma. Se assim for, como proceder para dividir números representados por fracções usando o
processo de as transformar noutras equivalentes com o mesmo denominador?
Consideremos a seguinte tarefa: O Felizardo tem, na sua casa, um quintal dividido em várias
zonas iguais e quer pôr cimento no chão do quintal. Quando preparou o cimento descobriu que
tinha 4 baldes cheios e ainda de um balde. Sabe que para cada zona do quintal precisa de de
um balde de cimento. Resolveu usar todo o cimento que preparou mesmo que não conseguisse
cimentar zonas inteiras. Mais tarde, pensou ele, posso terminar o trabalho. Que quantidade de
zonas do quintal conseguiu cimentar o Felizardo?
Nesta tarefa o sentido da divisão é, também, o de medida. De facto, para responder à questão
temos que analisar quantos (quantidade necessária para cimentar uma zona) há em (o
cimento que o Felizardo preparou), ou seja, determinar a que é igual : .
Como as fracções e têm o mesmo denominador, o que significa que o número de partes
em que a unidade está dividida é igual (um quinze avos), pensamos quantas vezes cabe 9 em 65
e qual é o resto desta divisão. Sabemos que 65:9 = 7x9+2. Por isso, 9 cabe 7 vezes em 65 e o resto
é 2 partes de uma unidade dividida em 9 partes iguais, ou seja, o resto é . Assim, o Felizardo
cimentou 7 zonas do quintal e ainda de uma outra zona.
A tabela 2 mostra uma síntese do processo que foi seguido para obter o quociente de dois números
racionais nas tarefas referidas anteriormente.
Tabela 2
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
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Números racionais e operações
O algoritmo do denominador comum pode usar-se em qualquer tarefa que envolva a divisão de
números racionais, quer o sentido desta divisão seja o de medida ou o de partilha. No entanto,
nalguns casos dá bastante trabalho. Haverá outras alternativas? Sim. Vamos analisá-las com base
em duas tarefas a que está associada a divisão com o sentido de partilha: “O passeio da Maria” e a
“Preparando a festa da escola”.
Comecemos por considerar a tarefa “O passeio da Maria”: A Maria vai fazer um passeio com os
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
seus amigos e decidiu levar 2 litros de sumo de ananás para beberem. Contando com a Maria vão
ao passeio 6 pessoas. Se todas tiverem bebido a mesma porção de sumo, que quantidade de sumo
bebeu cada pessoa? E o que acontece se ao passeio forem 12 pessoas, em vez de 6, e a Maria tiver
levado a mesma quantidade de sumo?
A figura 31 ilustra que cada uma das 6 pessoas bebeu de litro de sumo de ananás.
REPÚBLICA DE ANGOLA
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4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
Figura 31
Assim, conclui-se que quando 2 litros de sumo são repartidos equitativamente por 6 pessoas, cada
uma bebe a sexta parte de 2 litros ou a terça parte de 1 litro, o que se pode escrever da seguinte
forma:
orma:
;
Figura 32
A resolução da tarefa “O passeio da Maria” permite concluir que dividir um número por 6 equivale
a multiplicar esse número por (primeira parte) e que dividir um número por 2 equivale a
multiplicar esse número por (segunda parte). Mas 6 e são números inversos um do outro,
pois, como vimos anteriormente, o seu produto é igual a um e o mesmo acontece com 2 e .A
partir da observação destes dois casos, começa a esboçar-se a ideia de que dividir um número por
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
outro equivale a multiplicar o primeiro (o dividendo) pelo inverso do segundo (o divisor). Só que,
em qualquer dos casos analisados, o divisor é um número inteiro. Será que a ideia também é válida
mesmo quando o divisor for um número fraccionário?
Consideremos, a tarefa intitulada “Preparando a festa da escola”: A Preciosa está a enfeitar arcos
com fitas para a festa da sua escola. Durante este trabalho reparou que já só tinha 7 metros e meio
REPÚBLICA DE ANGOLA
89
Números racionais e operações
de fita. Começou a fazer uns cálculos e concluiu que a fita só chegava para mais 2 arcos e de
arco. Que quantidade de fita usa a Preciosa para enfeitar cada arco?
Esta tarefa é um problema de divisão que pode ser resolvido de várias maneiras diferentes dada a
relação entre a divisão e as outras operações aritméticas. Suponhamos que se quer usar a divisão.
A questão que se coloca é como determinar o quociente entre a quantidade de fita disponível (7
metros e meio ou, sob a forma de fracção, metros) e a quantidade de arcos que era possível
enfeitar com ela (2 arcos e , ou, na forma de fracção, ). Trata-se, assim, de calcular : .
Uma possibilidade para efectuar este cálculo é recorrer à ideia que começou a esboçar-se na
tarefa “O passeio da Maria” , no caso dos divisores serem números inteiros, ao que se sabe sobre
números racionais representados por fracções e sobre multiplicação de números racionais. A
tabela 3 ilustra esta possibilidade.
Tabela 3
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4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
Conhecer procedimentos que permitem dividir números racionais representados por fracções
pode ajudar a entender como se dividem números escritos na forma decimal. Suponhamos, por
exemplo, que queremos dividir 4,8 por 0,012.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Comecemos por representar cada um dos números por uma fracção decimal:
;
Em seguida, calculemos o quociente entre e :
REPÚBLICA DE ANGOLA
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Números racionais e operações
Proporções e percentagens
Dizer que se recebem 8000 kwanzas de juros por cada 200 depositados, significa que se recebem
400 kwanzas de juros por cada 100 depositados, que se recebem 2000 por cada depósito de 50
kwanzas e que se recebem 40 se se depositar 1 só kwanza.
As razões , , e são iguais.
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92
4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
Se invertermos os termos de uma razão obtemos uma razão diferente. Retomando o exemplo dos
bancos, se a razão entre os juros e o dinheiro depositado fosse , o banco Maravilha não seria
muito maravilhoso. Com efeito, no final de um ano apenas receberíamos 200 kwanzas de juros,
por cada 8000 que se entregavam no banco, ou seja 1 kwanza apenas rendia 0,025 kwanzas e não
40 kwanzas.
Consideremos, em seguida, uma nova situação: na figura 33 que relação existe entre o número de
quadradinhos pintados e o total destes quadradinhos?
Figura 33
A figura 33 mostra uma tabela com dez linhas e dez colunas, também conhecida por tabela dos 100
pois é composta por 100 pequenos quadrados. Nesta tabela estão pintadas quatro colunas, cada
uma composta por 10 quadradinhos. Logo estão pintados 40 quadrinhos num total de 100. Assim,
a razão entre o número de quadradinhos pintados e o total destes quadrinhos é de 40 para 100,
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
isto é . Esta razão tem por consequente 100 pois é este o número que está no denominador da
fracção que a representa. A quantidade pode representar-se por 40%.
Dizer, por exemplo, que 30% dos berlindes do Clemente são verdes e o resto são encarnados,
significa que por cada 100 berlindes há 30 verdes e 70 encarnados, ou seja, a percentagem de
berlindes encarnados é 70%. Naturalmente que se o Clemente apenas tiver 50 berlindes,, para
p as
p
percentagens se manterem terá que haver 15 berlindes verdes e 35 encarnados pois e
.
REPÚBLICA DE ANGOLA
93
Números racionais e operações
Uma percentagem é uma razão em que o consequente é 100; traduz uma relação
entre um número e o número 100 (o todo ou unidade). Para representar uma
percentagem utiliza-se o símbolo %.
Há uma forte relação entre percentagens, números escritos na forma decimal e representados por
frações. Suponhamos, por exemplo, que a Rosa decidiu pintar um quadro com flores de diverso
tipo. Dividiu-o em 100 quadradinhos e já pintou a parte representada na figura 34. Que parte do
quadro já pintou a Rosa? Que parte lhe falta pintar? Como representar estas quantidades?
Figura 34
Forma de
Parte do quadro Parte do quadro por
representação da Total
pintada pintar
quantidade
Fracção decimal
decimal
REPÚBLICA DE ANGOLA
94
4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
Outra hipótese seria consideramos que 25% = 0,25 e multiplicarmos 0,25 por
16. Outra possibilidade seria pensar que 25% é igual a e determinar A
figura 35 ilustra como se pode resolver o problema recorrendo a um esquema
e estabelecendo relações entre os números.
Figura 35
As minhas alturas
Idade (em anos) 1 2 5 11 20
Altura (em metros) 0,75 0,85 1,05 1,35 ?
Figura 36
REPÚBLICA DE ANGOLA
95
Números racionais e operações
A observação da figura 36 revela que, no caso do leite, se o número de dias aumenta para o dobro, a
quantidade de leite consumida também aumenta para o dobro, se o número de dias aumenta para
o triplo a quantidade de leite também aumenta para o triplo, e assim sucessivamente. O mesmo
acontece no caso dos colares: 1 colar é vendido por 50 kwanzas, 3 colares por 3x50 kwanzas, 6
colares por 6x50 kwanzas (ou pelo dobro do preço de 3 colares pois 6 = 2x3) e 7 colares por 7x50
kwanzas.
Há uma relação constante entre o número de dias e a quantidade de leite que o Anselmo bebe
e também entre o número de colares vendidos e o dinheiro que obtém com a venda. Por esta
razão, podemos saber que quantidade de leite bebe em 10 dias e quanto recebe se vender 30
colares de missangas. Para descobrirmos estas quantidades podemos pensar de várias maneiras.
Por exemplo, no caso do leite, 10 dias são 5 vezes 2 dias e, portanto, o leite consumido será 5 vezes
1. Outra hipótese é saber quanto bebe num dia: é meio litro pois em dois dias bebe 1 litro. Em 10
dias beberá 10x0,5 ou seja 5 litros.
Quanto à venda dos colares, também há várias possibilidades. Por exemplo, se por cada colar se
obtêm 50 kwanzas, a venda de 30 colares rende 30x50 kwanzas, ou seja, 1500 kwanzas. Podemos
pensar, ainda, em relações numéricas entre 6 e 30 (nº de colares) e usá-las para determinar por
quanto são vendidos 30 colares: 6x5= 30, logo 300 kwanzas (o dinheiro correspondente a 6 colares)
vezes 5 é 1500 kwanzas.
A análise da tabela relativa às alturas do Anselmo mostra que não há qualquer relação constante
entre a sua idade e a sua altura. Por exemplo, a altura do Anselmo aos dois anos ou aos cinco anos
não é, respetivamente, duas vezes maior ou cinco vezes maior daquela que tinha com um ano.
Quando há uma relação constante entre todos os valores correspondentes de duas grandezas,
dizemos que estas grandezas são directamente proporcionais (a noção de grandeza é abordada
no capítulo sobre Grandezas e Medida). Na tabela relativa ao consumo de leite, as grandezas
consideradas são o número de dias e a quantidade de leite; um par de valores correspondentes
destas grandezas é, por exemplo, 4 e 2. Na tabela que diz respeito à venda de colares, as grandezas
são o número de colares e o dinheiro; um par de valores correspondentes destas grandezas é, por
exemplo, 3 e 150. Apoiando-nos nas tabelas apresentadas na figura 36, podemos dizer que, no caso
de Anselmo, o consumo de leite é directamente proporcional ao número de dias, que o dinheiro
resultante da venda de colares é directamente proporcional ao número de colares vendidos e que
a altura não é diretamente proporcional à idade.
Nas grandezas directamente proporcionais a relação constante entre os valores correspondentes
das grandezas é uma razão entre esses valores. Esta razão é uma constante pois todas as fracções
que a representam são equivalentes (tabela 5). Esta constante designa-se por constante de
proporcionalidade.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
96
4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
Tabela 5
Se os valores de duas grandezas forem sendo aumentados (ou reduzidos) sempre do mesmo modo,
podemos afirmar que as grandezas são, de certeza, directamente proporcionais? Observemos a
figura 37 que mostra um conjunto de valores correspondentes de duas grandezas designadas por
AeB.
REPÚBLICA DE ANGOLA
97
Números racionais e operações
Figura 37
1. Apresente exemplos em que a fracção 4 tenha o significado de (a) relação parte todo; (b)
5
medida; (c) razão.
2. O quadrado apresentado na figura 37 representa a unidade. Esboce uma figura que
represente (a) Um quarto da unidade; (b) Dois terços da unidade; (c) Cinco oitavos da
unidade (d) quinze doze avos da unidade.
Figura 37
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
3. Esboce figuras que representem a unidade supondo que o rectângulo apresentado na figura
Figura 38
REPÚBLICA DE ANGOLA
98
4 4.
NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
Figura 39
6. Desenhe um diagrama retangular que permita ilustrar o que significa de e use-o para
determinar a fracção correspondente a esta quantidade.
7. Indique três números racionais diferentes que estejam entre e .
8. Formule uma questão cujo contexto esteja relacionado com o dia a dia e cuja resolução
envolva o cálculo do resultado da seguinte expressão numérica:
3 1
:
4 6
9. O preço de uma televisão aumentou 25%.Qual a percentagem de redução que o novo preço
precisa de ter para que o televisor volte a ter o preço inicial?
10. A Direcção de um dos clubes desportivos da cidade de Luanda está a organizar um passeio
ao Miradouro da Lua. Como o dinheiro não é muito, os custos da viagem têm que ser
integralmente pagos pelos participantes no passeio. Decidiu-se que a deslocação seria feita
numa camionete de uma agência de viagens e as que oferecem melhores condições são a
Angola Tours e a Luandense. A Direcção está indecisa sobre qual delas escolher. O que
pretende é que pessoa pague o menos possível.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
99
Números racionais e operações
Figura 40
REPÚBLICA DE ANGOLA
100
4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
Fracção como operador — Significado associado a situações em que a fracção transforma uma
quantidade, discreta ou contínua, noutra quantidade, respectivamente discreta ou contínua.
Fracção como quociente — Significado associado a situações em que se a fracção representa
o quociente entre dois números. O numerador representa a quantidade a ser partilhada e o
denominador o número de receptores da partilha.
Fracção como razão — Significado associado a situações em que se pretende estabelecer uma
relação entre duas quantidades que se querem comparar.
Fracção como relação parte-todo — Significado associado a situações em que se pretende
REPÚBLICA DE ANGOLA
101
Números racionais e operações
estabelecer uma relação entre a parte de um todo discreto ou contínuo e o todo. O denominador
representa o número de vezes em que a unidade foi dividida em partes iguais e o numerador
representa o número de partes escolhidas.
Fracção imprópria — Fracção da forma em que e a> b.
Fracção irredutível — Fracção da forma em que e a e b não têm divisores em comum,
excepto o 1.
Fracção própria — Fracção da forma em que e a< b.
Fracção unitária — Fracção da forma em que e .
Fracções equivalentes — Fracções que representam o mesmo número racional. Para obter
uma fracção equivalente a outra multiplica-se ou divide-se o numerador e o denominador dessa
fracção por um mesmo número racional diferente de zero.
Grandezas directamente proporcionais — Grandezas em que há uma razão constante entre os
valores correspondentes das grandezas
Meios da proporção (supondo b≠0 e c≠0) — Os números b e c.
ç
Multiplicar números representados por fracções — Multiplicam-se os numeradores e
multiplicam-se os denominadores, isto é: sejam quais forem os números a, b, c e d,
desde que b≠ 0 e d≠ 0.
Numerador de uma fracção — Número escrito acima (ou à esquerda) do traço de fracção.
Números inversos um do outro — Números cujo produto é 1. Exemplo: é o inverso de .
Todos os números racionais, exceto 0 têm inverso.
Percentagem — Razão em que o consequente é 100; para representar uma percentagem utiliza-se
o símbolo %.
Proporção — Igualdade entre duas razões.
Razão — Relação entre duas quantidades a e b que se pretendem comparar; representa-se por
ou a:b. Lê-se razão de a para b ou razão entre a e b.
Significados de fracção — relação parte-todo; medida; quociente; operador; razão.
Termos da razão — os números a e b
Termos de uma fracção — O numerador e o denominador da fracção.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
102
5 PENSAMENTO RELACIONAL, RELAÇÕES E REGULARIDADES
REPÚBLICA DE ANGOLA
103
Pensamento relacional, relações e regularidades
REPÚBLICA DE ANGOLA
104
5 PENSAMENTO RELACIONAL, RELAÇÕES E REGULARIDADES
Todo o trabalho anterior, ao longo deste capítulo, assentou numa visão do número, não como um
conjunto de dígitos, mas como uma entidade com significado próprio. Trata-se de uma apropriação
progressiva que o aluno vai fazendo do número, a par das operações, através da sua utilização na
resolução de problemas, quer sejam reais, quer sejam da própria Matemática.
Por exemplo, o 4 8 é muito mais do que 4 dezenas e 8 unidades. Ele representa 4 dúzias, meia
centena menos 2 ( 5 0 - 2 ) , um número par, múltiplo de 4, de 8, de 16 ou de 24, 2 x 2 0 + 8 , etc.
No mesmo sentido, as propriedades das operações, deixam de ser vistas como algo que apenas
se tem de saber de cor, mas como recursos para usar quando isso nos facilita o cálculo mental,
por exemplo, ou nos permite uma abordagem mais integrada de problemas de Número ou de
Geometria e Medida.
Este trabalho, que vai sendo realizado em Números e Operações, que visa o desenvolvimento do
sentido de número, vai permitir olhar para os números como um todo, com a intenção de realizar
mais do que apenas cálculos, mas de encontrar neles, entre eles e nas operações que realizamos
com eles, relações.
Por exemplo, no ensino da Aritmética, o sinal de igual (=) está fortemente associado à ‘produção
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
de um resultado’.
Quase sempre, quando vemos 1 2 + 9 = … , o que esperamos é que esse espaço seja preenchido
com 21, o que é uma proposição verdadeira, mas apenas centrada no cálculo. É pouco provável
que surjam 1 2 + 9 = 1 1 + 1 0 , 1 2 + 9 = 9 + 1 2 , 1 0 + ( 2 + 9 ) = 1 1 + ( 1 + 9 ) e
muitas outras expressões que poderíamos arranjar, cujo resultado é igualmente 21, mas que estão
centradas nas relações entre os números, na utilização das operações e das suas propriedades e no
entendimento do sinal de igual como uma relação de equivalência.
REPÚBLICA DE ANGOLA
105
Pensamento relacional, relações e regularidades
Com efeito, o sinal de igual indica um equilíbrio entre o lado esquerdo e o lado direito da igualdade,
como se dos pratos de uma balança se tratasse.
Os exemplos das balanças mostram duas ideias fundamentais, que orientam este tipo de trabalho,
que devemos desenvolver na Aritmética, e que designamos por pensamento relacional: a
equivalência e a compensação.
Na Figura 3, temos duas igualdades e um número em falta, em cada uma delas. Sem fazer o cálculo
da soma ( 2 8 + 5 6 ) ou do produto ( 1 0 x 1 0 ) , como preencher os espaços vazios de modo a
obter proposições verdadeiras? Na 1.a igualdade, começamos por comparar 23 com 28. Como na
expressão do lado esquerdo temos menos 5 unidades ( 2 3 = 2 8 – 5 ) , para manter o equilíbrio, o
número a preencher, na caixa vazia, será a soma obtida, ao adicionar 5 unidades ao 5 6 , obtendo-
se 6 1 . Ou seja, compensámos: o que se retira a uma parcela adiciona-se à outra de modo a manter
o equilíbrio. Podemos a seguir confirmar que obtemos uma proposição verdadeira 2 3 + 6 1 =
28 + 56.
REPÚBLICA DE ANGOLA
106
5 PENSAMENTO RELACIONAL, RELAÇÕES E REGULARIDADES
23 + = 28 + 56
x 5 = 10 x 10
x 5 = 10 x 10
:2
O trabalho com expressões, com dois números desconhecidos, constitui outro contexto favorável
ao desenvolvimento do pensamento relacional.
REPÚBLICA DE ANGOLA
107
Pensamento relacional, relações e regularidades
A B
16 + = 22 +
A B
16 + = 22 +
A B
16 + = 22 +
O objectivo é preencher as caixas A e B com números diferentes, em cada uma das três igualdades,
de modo a obter proposições verdadeiras. Por exemplo, na 1ª igualdade, colocando 8 na caixa A
e 2 na caixa B obtemos uma proposição verdadeira ( 1 6 + 8 = 2 2 + 2 ) . Mas existem outras
soluções e é isso que se pede nas duas expressões seguintes. Colocando 1 0 em A e 4 em B, serve
também o nosso objectivo ( 1 6 + 1 0 = 2 2 + 4 ) .
Depois de concluir a tarefa, com a 3.ª igualdade, procure encontrar uma relação entre os números
que introduz em A e B. Caso ainda tenha dúvidas, como existe uma infinidade de soluções para A
e B, construa mais duas ou três igualdades.
E se os números forem muito maiores? Por exemplo, na Figura 7, descubra a relação que existe
entre os números a colocar nas caixas A e B, de modo a obter proposições verdadeiras.
A B
186 + = 191 +
Pensando na ideia de equivalência e de compensação, qual dos números a colocar nas caixas será
maior? O da caixa A ou o da caixa B?
Repare 1 8 6 < 1 9 1 . Note que pode facilitar, na análise da expressão, substituir o 1 9 1 por 1 8 6
+ 5 (Figura 8). Por isso temos que colocar mais ‘peso’ na caixa do lado esquerdo. E quanto mais?
Se já sabe a resposta, pode responder à pergunta inicial: qual a relação entre os números a colocar
em A e B?
REPÚBLICA DE ANGOLA
108
5 PENSAMENTO RELACIONAL, RELAÇÕES E REGULARIDADES
Por exemplo, 2 5 + 9 0 – 9 0 = 2 5
A generalização está aliás muito presente neste trabalho em torno da Aritmética e constitui a
ideia central do que se designa por pensamento algébrico que se pode desenvolver com alunos
mais novos, desde os primeiros anos de escolaridade. Isto é possível, porque se admitem como
formas de representação alternativas à notação simbólica algébrica (expressões com variáveis, por
exemplo), representações dos próprios alunos, como desenhos ou esquemas, e outras formas de
representação, como a linguagem natural das crianças, as tabelas de organização de da dados para
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
109
Pensamento relacional, relações e regularidades
Desde cedo, as crianças lidam com exemplos de regularidades geométricas, nomeadamente com
padrões de repetição (Figura 9).
Quando brincam com figuras e as ordenam de acordo com um critério que escolhem, podem
constituir sequências com sentido para elas, e a partir daí podem responder a questões como “qual
a figura que vem a seguir?”, “qual o conjunto de figuras que se repete?”, etc. O primeiro contacto é
normalmente feito com sequências pictóricas repetitivas.
Na Figura 10, temos representadas duas sequências pictóricas repetitivas. O padrão de repetição
da 1.ª sequência é lápis, borracha, o que nos permite perceber que a seguir ao último elemento
(lápis) vem uma borracha e a seguir virá outro lápis.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Podemos começar a olhar para estas sequências repetitivas procurando identificar a ‘unidade’ que
se repete. Na 1.ª sequência a unidade é lápis, borracha e na 2.ª sequência a unidade de repetição
REPÚBLICA DE ANGOLA
110
5 PENSAMENTO RELACIONAL, RELAÇÕES E REGULARIDADES
tem quatro figuras (triângulo com ‘bico’ para cima, círculo pequeno branco, círculo grande preto
e triângulo com ‘bico’ para baixo) e, portanto, de quatro em quatro, surge a mesma figura. A
unidade de repetição tem dimensão quatro.
No entanto, as sequências pictóricas também podem ser crescentes, de que é exemplo, a sequência
da Figura 11, constituída por 2, 4, 6, 8 círculos, …
2 4 6 8
Q Q
Q Q Q Q
Q Q Q Q Q Q
Q Q Q Q Q Q Q Q
Figura 11. Sequência pictórica crescente
No final do 1º ciclo, os alunos podem ser convidados a construir sequências crescentes com os
materiais que têm à sua disposição (Figura 12).
No início da escolaridade básica (1º e 2º anos) as crianças contactam com sequências numéricas
crescentes como, por exemplo, a sequência dos números pares (i) ou a dos números ímpares (ii).
Na primeira (i), temos a sequência 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14,16, 18, 20, … e se observarmos, com atenção,
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
o dígito das unidades segue uma regularidade ou padrão. É constituída pelos dígitos 2, 4, 6, 8 e
0, que se repetem sempre e por esta ordem. Os pares são números que divididos por 2 têm resto
igual a 0 (a divisão é exacta). Obtêm-se a partir do conjunto dos números naturais, multiplicando
por 2, cada um deles (2x1=2, 2x2=4, 2x3=6, …) e portanto o seu processo (ou lei) de formação é
dado pela expressão 2xn (ou 2.n), representando n, qualquer número natural.
Na segunda (ii), a sequência dos números ímpares 1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17, 19, …, tem como
dígitos das unidades o 1, 3, 5, 7 e 9, que se repetem sempre e por esta ordem. Quando divididos
por 2, obtém-se sempre resto igual a 1. Um ímpar é sempre igual a um par menos uma unidade. Se
REPÚBLICA DE ANGOLA
111
Pensamento relacional, relações e regularidades
pensarmos como obtivemos os pares, basta agora retirar uma unidade para obter o conjunto dos
números ímpares (2x1-1=1, 2x2-1=3, 2x3-1=4,…) e portanto o seu processo (ou lei) de formação
é dado pela expressão 2xn-1 (ou 2.n-1), sendo n um número natural.
Estes últimos exemplos de sequências são diferentes das anteriores, repetitivas. São sequências
crescentes, em que se passa de um termo ao seguinte adicionando sempre 2 unidades (caso dos
ímpares e dos pares). Qualquer destas sequências tem uma taxa de variação (crescimento)
constante e igual a 2.
Também se pode dizer que têm um crescimento linear porque a representação gráfica de qualquer
das duas relações numéricas (sequências) é um conjunto de pontos que se encontram sobre uma
recta (Figura 13)
No caso das sequências pictóricas (ou geométricas) crescentes, os vários termos da sequência
em vez de números, são figuras geométricas, que se podem ‘traduzir’ em números (Figura 12 –
imagem da direita), neste caso os números triangulares 1, 3, 6, 10, etc.
Por exemplo, a Figura 14 representa os primeiros quatro termos de uma sequência pictórica
crescente, constituída por fósforos. O 1º termo tem 4 fósforos, o 2º termo, 5 fósforos, o 3º termo,
REPÚBLICA DE ANGOLA
112
5 PENSAMENTO RELACIONAL, RELAÇÕES E REGULARIDADES
As sequências pictóricas permitem também que possamos ter diversos ‘olhares’ sobre elas, de
modo a encontrar a expressão da generalização, procurando identificar na sequência o que se
mantém constante (neste caso, 3) e o que varia (de acordo com a ordem do termo). Neste caso, é
visível (Figura 15) que, qualquer que seja o termo existem sempre um triângulo constituído por 3
fósforos. Portanto, este 3 está presente na expressão geral: será 3 … mais ‘qualquer coisa’. Falta-nos
determinar essa ‘qualquer coisa’. No 1º termo, 3 + 1 , no 2º termo, 3 + 2 , no 3º termo, 3 + 3 , etc. Já
seremos capazes de saber quantos fósforos terá o 8º termo? Na figura 15 podemos observar que
o termo de ordem 8 tem 3 + 8 (11) fósforos. A expressão geral desta sequência é 3 + n (o u n + 3 ,
porque comutativa), ou seja, o 3 que é comum a todos os termos e o n que é a ordem do respectivo
termo (1, 2, 3, …, n) e que vai variando.
Em resumo, numa sequência temos sempre de distinguir a ordem do termo (os números naturais
1, 2, 3, 4, …, n) e o termo (um número ou uma figura geométrica) que resulta de um processo
de generalização local, recursivo, que recorre ao termo anterior para chegar ao seguinte, ou de
generalização distante, que recorre a uma fórmula ou expressão geral, dependente de n, para
determinar qualquer termo da sequência.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Generalização distante: A generalização, baseada numa expressão geral ou lei de formação, que
permite determinar qualquer termo de uma sequência, por maior que ele seja.
Pensemos agora na sequência crescente das medidas das áreas dos quadrados, de lados com
comprimentos sucessivamente iguais a 1, 2, 3, 4, etc., unidades de lado (Figura 16). Esta sequência
pode representar-se sob a forma de uma sequência numérica ou de uma sequência pictórica.
Vejamos os dois exemplos, a par.
REPÚBLICA DE ANGOLA
113
Pensamento relacional, relações e regularidades
A sequência das medidas das áreas dos quadrados, obtidas através da expressão n x n = n . n =
n 2 , é 1, 4, 9, 16, … e constitui uma sequência crescente de números, conhecidos como quadrados
perfeitos. A diferença das anteriores sequências crescentes, é que, neste caso, a taxa de variação
dos seus termos é variável (e não constante, como o caso dos pares e dos ímpares). Os termos
crescem de um termo para o seguinte sempre de maneira diferente, mas seguindo um padrão
determinado.
Observamos que, para obter um termo, a partir do anterior, adicionamos os sucessivos números
ímpares (Figura 17). Para obtermos o 2º termo (4), adicionamos ao anterior (1), o ímpar 3. Para
obtermos o 3º termo (9), adicionamos ao 2º termo (4), o ímpar 5. E assim sucessivamente …
São as oportunidades que dermos aos alunos para fazerem estas ‘diferentes leituras’ e reflectirem
sobre as relações numéricas e geométricas que encontram, que lhes vão permitindo libertar-se
dos processos exclusivamente recursivos.
REPÚBLICA DE ANGOLA
114
5 PENSAMENTO RELACIONAL, RELAÇÕES E REGULARIDADES
Por exemplo, para saber o 10º termo da sequência dos quadrados perfeitos, não precisamos
calcular os primeiros 9 termos, recursivamente, mas recorrendo à expressão geral (n2) calculamos
de imediato, 10x10=102=100.
No problema dos fósforos e por análise da relação entre as duas colunas da tabela, verificamos
que cada termo é sempre igual a 3 mais o número de ordem do respectivo termo. Generalizando
3 + n.
Tabela 1. Organização das ordens e termos da sequência dos fósforos
n ͵
Entre as diversas regularidades estudadas, vamos deter-nos agora sobre algumas sequências de
números, particularmente importantes no ensino e aprendizagem dos Números e Operações: os
múltiplos.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
As crianças, nos diferentes contextos das comunidades que as rodeiam, contactam informalmente,
sem se aperceberem, com relações numéricas e funcionais. Por exemplo, as meias que calçam são
aos pares (1 criança calça 2 meias, 2 irmãos calçam 4 meias, 3 irmãos calçam 6 meias, …). Também,
quando põem conjuntos de talheres (colher, garfo e faca) numa mesa (Figura 19), eles estão a
contactar com relações funcionais. Uma pessoa tem 3 talheres, duas pessoas têm 6 talheres, etc.
Quantos talheres serão necessários para esta família de cinco pessoas?
REPÚBLICA DE ANGOLA
115
Pensamento relacional, relações e regularidades
Da definição resulta de imediato que, para averiguar se um número é múltiplo de outro, basta
confirmar se a divisão do primeiro pelo segundo é exacta (resto 0). Usamos assim a operação
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
116
5 PENSAMENTO RELACIONAL, RELAÇÕES E REGULARIDADES
De uma primeira observação dos conjuntos dos múltiplos, podemos tirar já várias conclusões:
Para os múltiplos de 4, com 3 ou mais dígitos, para saber se é múltiplo, basta confirmar se os dois
últimos dígitos o são. Por exemplo, 124 é múltiplo de 4 porque, sendo o 124 = 100 + 24 e sendo
o 100 múltiplo de 4 e o 24 também, está confirmado que o 124 também o será. O número 3216 é
múltiplo de 4, porque 16 o é.
Quer para M3, quer para M9, podemos recorrer à sua soma digital para averiguar se são ou não
múltiplos dos respectivos números. Se a soma digital o for, o número de partida também o é.
É um processo que pode ser repetido, mais do que uma vez, até chegar a um número com um
único dígito.
Antes de recorrermos à soma digital, vejamos uma curiosidade com os múltiplos de 9. A tabela
pode ajudar a analisar o que se passa (deixámos de parte o zero):
REPÚBLICA DE ANGOLA
117
Pensamento relacional, relações e regularidades
Dezenas Unidades
0 9
1 8
2 7
3 6
4 5
5 4
6 3
7 2
8 1
9 0
À medida que o algarismo das dezenas aumenta uma unidade, o algarismo das unidades diminui
uma unidade. Lembre-se que 9=10-1 e quando calcula os múltiplos 2 x ( 1 0 - 1 ) = 2 0 – 2 =
1 8 , 3 x ( 1 0 - 1 ) = 3 0 – 3 = 2 7 , etc.
O processo da soma digital é o mesmo que utilizou para os múltiplos de 3. Adicione os dígitos,
podendo repetir a operação com os resultados obtidos, até obter 9. Se assim for, está perante um
múltiplo de 9. Caso contrário, não.
Caso tenha acesso a uma calculadora básica (aquela que disponibiliza normalmente apenas as
quatro operações básicas, +, -, x e :), averigue se ela tem o designado ‘factor constante’, pois nesse
caso, também pode gerar os múltiplos de qualquer número. Para se certificar, experimente gerar
os múltiplos de 5, por exemplo.
‘k’ em cima, no visor, que indica o factor constante. A seguir, cada vez que prime a tecla do sinal
de igual (=) vão-lhe surgindo no visor os sucessivos múltiplos de 5 (diferentes de 0): 5, 10, 15, 20,
25, etc.
A existência de múltiplos comuns a dois conjuntos, como se se observou com os exemplos dados
anteriormente, permite-nos resolver alguns problemas e o conceito de mínimo (ou menor)
múltiplo comum está presente em muitos deles.
REPÚBLICA DE ANGOLA
118
5 PENSAMENTO RELACIONAL, RELAÇÕES E REGULARIDADES
Janeiro de 2017
2ª 3ª 4ª 5ª 6ª Sábado Domingo
1ª Semana 1
2ª Semana 2 3 4 5 6 7 8
1ª Semana 9 10 11 12 13 14 15
4ª Semana 16 17 18 19 20 21 22
5ª Semana 23 24 25 26 27 28 29
6º Semana 30 31
Assim, na 2ª semana, o Nuno correrá nos dias 2, 4, 6 e 8 e o Edgar nos dias 3 e 6, pelo que só se
encontram no dia 6 (6ª feira).
M2 = {2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 22, 24, 26, 28, 30}
Ora os dias em que eles se encontram, são aqueles que são simultaneamente múltiplos de 2 e de
3 (no texto, a negrito), ou seja, o conjunto dos múltiplos comuns aos conjuntos M2 e M3. Neste
caso, {6, 12, 18, 24, 30}.
(2,3) é igual a 6.
Um processo para encontrar o mínimo múltiplo comum de dois números poderá resumir-se
assim: Comece por construir o conjunto dos múltiplos de cada um dos números e, em seguida,
identifique aqueles que são comuns. O menor deles, diferente de zero, é o menor múltiplo comum.
REPÚBLICA DE ANGOLA
119
Pensamento relacional, relações e regularidades
− m.m.c. (3,4) = 12
− m.m.c. (4,8) = 8
Pelo seu interesse na resolução de vários problemas da matemática elementar, vamos definir
mínimo múltiplo comum de dois números.
Mínimo (ou menor) múltiplo comum de dois números é o menor dos múltiplos,
diferente de zero, que são comuns a esses números.
O conceito de menor múltiplo comum surge, com frequência, associado à resolução de problemas,
como o do exercício f ísico do Nuno e do Edgar.
Aldina está doente e foi ao médico. Este considerou que ela tinha uma gripe e receitou-
lhe tomar, diariamente, uma colher de xarope para a tosse, de 4 em 4 horas, e um
comprimido para a febre, de 6 em 6 horas.
Organizando uma tabela, ajuda a ver o que se passa com as horas de ’toma’ de medicamentos,
quando o seu início é às 8 ou às 0 horas.
Tabela 4. As horas de tomar os medicamentos
16 20 8 12
20 2 12 18
0 8 16 0
4 14 20 6
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
120
5 PENSAMENTO RELACIONAL, RELAÇÕES E REGULARIDADES
Em qualquer dos casos, a 2ª toma simultânea ocorre 12 horas depois, exactamente o menor
múltiplo comum entre 4 e 6 (cada um dos intervalos de tempo de ‘toma’ dos medicamentos). O
m.m.c. (4, 6) = 12.
Por exemplo, se 36 é múltiplo de 4, então 4 é um factor de 36, ou seja, o 36 pode ser decomposto
num produto em que o 4 é um dos factores ( 4 x 9 ) . Designaremos, a partir de agora, o 4 como um
divisor do 36, um número que divide exactamente o 36, ou seja, em que, na divisão inteira de 36
por 4, o quociente é 9 e o resto é 0 (Figura 20).
Figura 20
Neste caso, os divisores de 36 são: 1, 2, 3, 4, 6, 9, 12, 18 e 36. Estes são os únicos números naturais
que dividem exactamente o 36, ou seja, cuja divisão inteira do 36 por qualquer deles, dá sempre
um resto igual a zero.
Podemos pensar em decompô-los em produtos de factores, pelo que, no caso do 14, obtemos 1x14
ou 2x7 e os divisores são 1, 2, 7 e 14. No caso do 16, as decomposições possíveis são 1x16, 2x8 e
4x4, pelo que os divisores são 1, 2, 4, 8 e 16.
Também podemos começar por dividir o 14 e o 16 pelos sucessivos números naturais (1, 2, 3,
etc.) e anotar apenas como divisores aqueles cuja divisão inteira, dá resto zero, ou seja, quando a
divisão se considera exacta.
− Qualquer número tem sempre como divisores ele próprio e a unidade (1), uma vez que
designando qualquer número por n, ele é sempre igual a n x 1 (1 é elemento neutro
da multiplicação). Pelo que 1 e n são sempre divisores de n. Experimente com vários
números à sua escolha.
− A partir de metade do número, já não encontramos mais divisores, para além do
próprio número. No caso do 14, temos o 7 e no caso do 16, temos o 8. Ora isso tem
uma explicação: uma vez que, nesses casos, os respetivos quocientes são 2, o próximo
REPÚBLICA DE ANGOLA
121
Pensamento relacional, relações e regularidades
quociente possível, com resto zero, será o 1 e aí o divisor é o próprio número (14 ou
16).
Números primos são aqueles números que têm apenas dois factores (divisores):
eles próprios e a unidade.
Estas são algumas das decomposições que evidenciam o que se acabou de se dizer: 2=2x1, 3=3x1,
5=5x1, 7=7x1, 11=11x1, etc. são as únicas decomposições em factores possíveis, dos referidos
números.
Daqui resulta de imediato que todos os números pares, excepto o 2, nunca são primos, uma vez
que admitem, pelo menos, para além da unidade e do próprio número, o factor (ou divisor) 2, pelo
que se trata de números compostos.
Números compostos são todos os números que podem ser decompostos em mais
de dois factores.
Exemplos de números compostos são, por exemplo, o 10 ou o 18. Estes, como se podem organizar
numa disposição rectangular, com mais do que uma linha ou coluna, são também denominados
números rectangulares. O 10 pode dispor-se em 2 linhas por 5 colunas (Figura 21) e o 18 pode
dispor-se em 3 linhas por 6 colunas ou 9 linhas por 2 colunas.
o o o o o
o o o o o
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 21
Dois professores, Luísa e Sabino, têm fichas de trabalho, organizadas por temas, para
darem aos seus alunos, e vão colocá-las em micas (bolsas) de plástico, para não se
perderem, com capacidade para 6 fichas que devem colocar em cada mica, antes de
usarem outra.
REPÚBLICA DE ANGOLA
122
5 PENSAMENTO RELACIONAL, RELAÇÕES E REGULARIDADES
Luísa tem 42 fichas e Sabino tem 24 fichas. Quantas micas usou a Luísa e o Sabino
para colocarem a totalidade das suas fichas? Se os professores juntassem as suas fichas
de trabalho, seria possível colocá-las em micas completamente cheias (6 em cada)?
− Note que 6 é um divisor comum aos dois números de fichas (24 e 42). Por isso, a
divisão por 6 é exacta e a resposta são 7 micas x 6, no caso da Luísa e 4 micas x 6, no
caso do Sabino. Ao juntar temos (7+4) micas x 6, o que totaliza 11 micas para as 66
(24+42) fichas de trabalho.
− O 6 não só é um divisor comum (o 1, o 2 e o 3, também o são), como é o maior deles,
o máximo divisor comum.
No problema anterior, o 6 é o maior número do conjunto dos divisores comuns que divide
exactamente os dois conjuntos de fichas (24 e 42).
À semelhança do que aconteceu com os múltiplos dos números, também existem divisores
comuns para números diferentes.
Por exemplo, vejamos o que se passa com a lista de divisores de 18 e de 30, que vamos designar
por D18 e D30.
Por simples observação, vemos que eles têm vários divisores em comum: {1, 2, 3, 6}. Trata-se de
números que os dividem exactamente e isso tem um interesse muito particular na resolução de
problemas da matemática elementar.
Se o 18 representar o número de sandes que um determinado grupo de jovens tem para uma festa e
as quisermos agrupar em pacotes, tendo cada pacote o mesmo número de sandes (uma distribuição
equitativa), esses números (divisores) representarão todas as hipóteses possíveis:
REPÚBLICA DE ANGOLA
123
Pensamento relacional, relações e regularidades
Ora se quisermos juntar todos os pacotes dos dois grupos, com a condição de eles terem o maior
número de sandes possível, mas igual, teremos de optar por pacotes de 6 sandes (o máximo divisor
comum dos dois números 18 e 30). Assim, no caso do grupo que tem 18 sandes, conseguimos fazer
3 pacotes de 6 sandes e no grupo que tem 30 sandes, conseguimos fazer 5 pacotes de 6 sandes.
O 6 representa, neste caso, o máximo divisor comum aos dois conjuntos, que neste contexto
significa o maior número de sandes que pode ser incluído num pacote, em qualquer dos grupos,
de modo a não sobrarem sandes.
Abreviadamente designa-se por máximo divisor comum (m.d.c.). Portanto, o m.d.c. (18, 30) = 6.
Registando os divisores de 4 e de 15 (D₄ = ({1, 2, 4}) e D₁₅ = {1, 3, 5, 15}), verificamos que têm a
unidade (1) como máximo divisor comum e, por isso, o 4 e o 15 designam-se primos entre si.
Primos entre si: são números cujo máximo divisor comum, entre eles, é a unidade.
O André e a Guilhermina têm cada um deles um cesto com frutas variadas e estão a
organizar uma pequena festa onde querem oferecer, a cada participante, um saco com
igual número de frutas de cada espécie.
frutas que cada saco deve levar e qual é a quantidade de cada espécie que contém,
sabendo que todos os sacos devem ter, pelo menos, uma fruta de cada espécie? Sabendo
que cada participante vai ter direito a um saco, qual é o número de participantes na
festa?
Em primeiro lugar, temos de saber quantos sacos podemos organizar, de modo a todos terem
todas as espécies de fruta. Para isso, precisamos encontrar os divisores de 12, 16, 4, 8, 20 e 48.
D₁₂ = {1, 2, 3, 4, 6, 12}
REPÚBLICA DE ANGOLA
124
5 PENSAMENTO RELACIONAL, RELAÇÕES E REGULARIDADES
Figura 22
− Claro que o número de participantes na festa serão 4, para que cada um possa receber
um saco.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
125
Pensamento relacional, relações e regularidades
Nota: Todas as tarefas que a seguir se apresentam dirigem-se ao professor do ensino primário
e constituem um processo pessoal de regulação de conhecimentos sobre os temas do capítulo,
que ele pode realizar como TPC (trabalho para casa). No entanto, elas podem ser propostas
aos seus alunos, com as devidas adaptações que só ele está em condições de fazer, com o
conhecimento que tem deles. Essas adaptações poderão ser na simplificação e no tipo de
linguagem a usar, em alterações nos números e operações a utilizar, no tipo de perguntas a
fazer e nas indicações a fornecer.
Tarefa 1.
Para cada uma das três igualdades, usando apenas a compensação, encontre dois conjuntos de
valores diferentes, para colocar na caixa C, sombreada, de modo a obter proposições verdadeiras:
17 + C = 20 + 18
86 + 12 = C + 97
C + 124 = 185 + 15
Tarefa 2.
Para cada uma das quatro proposições seguintes, usando apenas a compensação, encontre dois
conjuntos de valores diferentes, para colocar nas caixas A e B, de modo a torná-las verdadeiras:
12 + A = 14 + B
45 + A = B + 30
A + 62 = 82 + B
520 + A = B + 400
Tarefa 3.
Considere os três primeiros três termos de uma sequência pictórica, constituídos por fósforos.
REPÚBLICA DE ANGOLA
126
5 PENSAMENTO RELACIONAL, RELAÇÕES E REGULARIDADES
Tarefa 4.
Sabendo que se trata de sequências crescentes, observe as regularidades nos termos que lhe são
dados e complete os espaços em branco com os termos em falta, justificando como chegou às
respostas.
a. 2, 5, 8, …, 14, …, 20, …
b. …, 6, 12, …, 24, 30, …
c. 2, 5, 10, 17, 26, …, 50, …, 82
Tarefa 5.
Tarefa 6.
Tarefa 7.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
127
Pensamento relacional, relações e regularidades
Tarefa 8.
Calcule, justificando:
O conjunto dos divisores comuns a 15, 18 e 36.
O m.d.c. (15, 18, 36)
O m.d.c. (100, 25, 50)
O m.m.c. (5, 9, 15)
O m.m.c. (4, 8, 12)
Tarefa 9.
Um clube desportivo tem 36 rapazes e 24 raparigas. Para organizar um treino, o treinador necessita
de os dividir em grupos, com igual número de atletas e com igual composição (masculino-
feminino).
a. Poderá o treinador organizar, com os desportistas, 8 grupos? E 9 grupos? Justifique as
suas respostas.
b. Determine o número máximo de grupos que o treinador poderá formar e quantos
rapazes e raparigas terá cada grupo.
Tarefa 10.
REPÚBLICA DE ANGOLA
128
5 PENSAMENTO RELACIONAL, RELAÇÕES E REGULARIDADES
Compensação: Uma das ideias chave do pensamento relacional, associado ao trabalho com as
quatro operações aritméticas, de modo a manter a equivalência entre os dois membros de uma
igualdade, de cada vez que, sobre qualquer um deles, existe uma acção de adicionar-subtrair ou
multiplicar-dividir.
Conjectura: Ideia ou hipótese de trabalho, ainda não provada, que resulta normalmente de um
processo exploratório e do raciocínio indutivo.
Dígitos: Símbolos de 0 a 9, usados para formar números (19 tem dois dígitos: 1 e 9)
Divisor de um número natural: Qualquer número natural que o divide exactamente, ou seja,
cujo resto é zero.
Expressão geral (geradora ou lei de formação) de uma sequência numérica: Uma expressão
com uma variável natural, que gera todos os termos da sequência, cada vez que se substitui na
expressão, o n pelos sucessivos números naturais.
Generalização local: Generalização que ocorre por observação e utilização da relação entre
um termo e o termo imediatamente anterior.
Máximo divisor comum (de dois ou mais números): O maior número que os consegue
dividir exactamente.
Mínimo (ou menor) múltiplo comum ( de dois ou mais números): O menor dos múltiplos,
diferente de zero, que são comuns a esses números.
Números compostos: São todos os números que podem ser decompostos em mais de dois
factores.
Números primos: São aqueles números que têm apenas dois divisores, eles próprios e a
unidade.
REPÚBLICA DE ANGOLA
129
Pensamento relacional, relações e regularidades
Primos entre si: São números cujo máximo divisor comum, entre eles, é a unidade.
Relação de equivalência: Uma relação binária entre elementos de um conjunto, que goza das
propriedades reflexiva, simétrica e transitiva.
Relação funcional: Relações entre variáveis, normalmente uma independente que varia
livremente e outra, dependente de uma expressão ou fórmula, que varia com aquela.
REPÚBLICA DE ANGOLA
130
GEOMETRIA E MEDIDA
Durante muitos anos a Geometria foi sobretudo associada ao sistema axiomático formal
desenvolvido por Euclides há mais de 2000 anos. Por isso, a par do uso adequado das designações
e propriedades da Geometria, prevaleceu durante muito tempo a ideia que o foco do ensino da
Geometria deveria ser formal, assente na análise de um conjunto de definições e teoremas e
na dedução e demonstração de propriedades e relações geométricas. Esta perspetiva relegava
o ensino da ‘verdadeira’ Geometria para os anos mais avançados e empobrecia a experiência
geométrica a realizar no Ensino Primário, confinando-a ao estudo das figuras planas, dos sólidos
geométricos e à determinação de áreas e de volumes.
Hoje reconhece-se que é igualmente importante desenvolver capacidades de visualização
necessárias, por exemplo, à organização e ordenação de vários tipos de situações espaciais
ligadas à construção e interpretação de mapas, gráficos ou diagramas e à explicação de relações
geométricas. Por isso, é importante no Ensino Primário fazer desenhos, construir padrões
geométricos, analisar estruturas geométricas ou desenvolver a capacidade de olhar e de apreciar
elementos e construções geométricas.
Globalmente, o propósito fundamental do ensino da Geometria é o desenvolvimento do
sentido espacial, entendido como englobando a visualização espacial, a compreensão de formas
geométricas suas propriedades e relações e a orientação espacial. Ter sentido espacial é perceber
o espaço que nos rodeia, raciocinar sobre ele com base em relações espaciais e raciocinar
geometricamente a partir de sistemas conceptuais formais. Por isso, no Ensino Primário importa
proporcionar experiências geométricas que permitam, por exemplo, reconstruir mentalmente
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
um percurso, perceber que direcção tomar se queremos contornar um edif ício, perceber que
se empilharmos pratos maiores sobre pratos menores a pilha de pratos pode tombar, deduzir
que justapondo dois cubos iguais fazendo coincidir duas faces obtemos um paralelepípedo,
descrever uma figura ou um sólido geométrico a partir da sua observação, construir um sólido
a partir da sua planificação e vice-versa, compreender que um quadrado é um caso particular
de um rectângulo ou justificar que se um dos ângulos agudos de um triângulo rectângulo medir
30º o outro mede 60º.
REPÚBLICA DE ANGOLA
Associada à Geometria surge a Medida. Esta foca-se na compreensão de atributos mensuráveis
de objectos, de unidades de medida, de diferentes processos de medição e no uso adequado de
instrumentos e fórmulas para efectuar medições.
No Ensino Primário, mais do que ser capaz de usar instrumentos de medida ou aplicar uma
fórmula, é fundamental que os alunos experienciem as diferentes etapas do processo de medição.
Assim, os alunos devem realizar actividades de comparação directa de objectos de acordo com um
atributo mensurável e de medição usando unidades de medida não convencionais. Só mais tarde,
depois de terem compreendido o que significa medir uma grandeza, deverão ser introduzidos
os sistemas de medida de grandezas convencionais e as fórmulas que permitem efectuar alguns
cálculos.
Relacionadas tanto com a Geometria como com a Medida surgem as transformações geométricas.
No Ensino Primário focam-se as transformações de figuras planas que preservam a forma e/ou
igualdade geométrica destas figuras. Deste modo os alunos devem realizar actividades relacionadas
com o seu dia-a-dia que promovam a sua compreensão do que são figuras semelhantes e de qual a
sua utilidade. Em particular, os alunos devem ser capazes de reconhecer isometrias, de caracterizar
as diferentes isometrias e de perceber que, se duas figuras são geometricamente iguais, há sempre
uma isometria que transforma uma na outra.
REPÚBLICA DE ANGOLA
GEOMETRIA E MEDIDA
6 LOCALIZAÇÃO E VISUALIZAÇÃO
8 GRANDEZAS E MEDIDAS
9 TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
134
6 LOCALIZAÇÃO E VISUALIZAÇÃO
REPÚBLICA DE ANGOLA
136
6 LOCALIZAÇÃO E VISUALIZAÇÃO
Figura 1
Zungueiras de D. Matos
(https://sitiodopicapauangolano.wordpress.com)
Depois de observar o quadro podem fechar-se os olhos, fazendo apelo à memória visual,
procurando recordar o quadro e reproduzi-lo mentalmente por palavras ou por meio de desenho.
Pode optar-se por copiar as formas do quadro, ou alguns dos seus elementos, usando papel
transparente ou recorrendo apenas à observação. Neste caso faz-se apelo à coordenação-visual
motora que diz respeito à coordenação da visão com os movimentos do corpo.
Também se pode procurar identificar determinados elementos, por exemplo quadriláteros,
usando a capacidade de percepção figura-fundo. Esta capacidade de visualização espacial
permite identificar uma componente específica numa determinada situação e envolve a mudança
de percepção de figuras contra fundos complexos.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Pode-se, igualmente, comparar os frutos que estão no quadro. Neste caso faz-se apelo à
discriminação visual, capacidade que diz respeito a analisar se duas figuras são iguais ou, sendo
diferentes, quais as suas diferenças.
A observação do quadro poderia ainda suscitar a análise da posição relativa das vendedoras de
fruta (por exemplo, qual é a vendedora que tem uma à sua esquerda e 3 à sua direta). Neste caso
foca-se a localização, capacidade geométrica que corresponde a determinar a posição de um
objecto ou a nossa posição relativamente a outros objectos no espaço o tomar um ponto de
vista, capacidade relacionada com o que pode ou não ser visto a partir de um determinado ponto
REPÚBLICA DE ANGOLA GEOMETRIA E MEDIDA
137
Localização e visualização
de vista.
A capacidade de visualização espacial envolve, pois, uma grande diversidade de aspetos que
devem ser trabalhados a partir da exploração de contextos adequados e de propostas de tarefas
que envolvem observar, experimentar, explicar, relacionar, construir (mentalmente ou recorrendo
a diversos materiais) e operar com formas e figuras geométricas.
Muitas atividades usuais na aula do Ensino Primário são propícias para desenvolver a visualização
espacial que deve ser objecto de um trabalho sistemático e intencional. Há, igualmente, outras
atividades que podem ser desencadeadas a partir de tarefas menos habituais mas que exigem
poucos recursos materiais e que podem ser muito significativas para o desenvolvimento dos
conhecimentos de geometria das crianças.
Livro infantil
A análise de um livro infantil pode oferecer várias possibilidades de desenvolver capacidades de
visualização espacial pois ele inclui, habitualmente, imagens que as crianças gostam de observar e
que podem ser o ponto de partida para colocar questões e desafios interessantes.
A partir do livro “A girafa que comia estrelas” de José Eduardo Agualusa, podem-se, por exemplo,
colocar as seguintes questões:
1. Quantas estrelas amarelas estão à esquerda da nuvem? E quantas à direita? E em cima? E
dentro (no interior) da nuvem?
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 2
REPÚBLICA DE ANGOLA
138
6 LOCALIZAÇÃO E VISUALIZAÇÃO
Figura 3
Observa a seguinte página do livro e descreve onde está a girafa Olímpia, o sol, a nuvem e a dona
Margarida. E a cabeça da Olímpia?
Figura 4
Ao responder a estas questões as crianças relacionam objectos segundo a sua posição no espaço
tomando um ponto de vista e usam vocabulário como à esquerda, à direita, em cima, em baixo,
atrás, à frente, entre, dentro, fora, antes, depois. Um dos aspetos em que podem surgir dificuldades
tem a ver com a decisão sobre o ponto de vista a tomar. De facto, se se tomar o ponto de vista da
girafa Olímpia, diz-se que ela tem à direita a estrela e à esquerda a dona Margarida. No entanto,
se se tomar o ponto de vista da criança a observar a imagem, a estrela está à esquerda de Olímpia
e a dona Margarida à sua direita.
Diferentes imagens de um mesmo local ou objecto
Um mesmo local pode ser desenhado ou fotografado a partir de diferentes perspetivas. Isto pode
acontecer quando um grupo de crianças desenha os objectos colocados em cima da mesa, tal
como os vê. Os desenhos assim obtidos podem ser recolhidos lançando-se o desafio de identificar
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
quem fez cada desenho, de acordo com a posição que tinha em relação aos objectos que estavam
em cima da mesa.
Com a crescente difusão dos telemóveis que tiram fotografias, torna-se fácil organizar um conjunto
de tarefas interessantes e que seguem esta ideia. Em todas elas as crianças devem visualizar e
descrever posições, percebendo como diferentes localizações no espaço influenciam o que se vê
e como se vê.
Figura 5
Um conjunto de tarefas que igualmente se relacionam com a análise da posição que se toma para
observar algo, diz respeito à observação de uma construção como a seguinte
Figura 6
Figura 7 Figura 8
As vistas são um tipo de representação em que um objeto é olhado a partir de várias direcções e é
representado por vários desenhos que correspondem às diversas vistas que se tomam do objeto.
Observe o sólido seguinte e a sua vista que corresponde à que se obtém quando se olha de cima
para o sólido.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 9 Figura 10
REPÚBLICA DE ANGOLA
140
6 LOCALIZAÇÃO E VISUALIZAÇÃO
Figura 11
De facto, as mesmas vista podem não determinar um único sólido.
Habitualmente usam-se termos como vista de frente, vista de lado e vista de cima para designar
as diferentes vistas de um mesmo sólido. Note que se pode falar de vistas relativamente a todos os
objectos, sejam ou não obtidos a partir de construção com cubos.
Vista de frente Vista de cima
Figura 12
Também se pode trabalhar o raciocínio inverso, pedindo, por exemplo, um sólido construído com
cubinhos a que corresponda uma dada vista de frente e de lado:
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 13
Para registar as vistas de sólidos facilita ter papel quadriculado. Inversamente, para determinar
o sólido a que corresponde determinada vista será importante disponibilizar alguns cubinhos
(de preferência de encaixar) ou papel ponteado cuja malha ajude a desenhar a representação, em
perspectiva, do sólido pedido.
Percurso do robot
Seguir um conjunto de instruções do tipo “Dar dois passos em frente, virar um quarto de volta no
sentido do ponteiro dos relógios, dar 5 passos ...” apela ao uso de vocabulário posicional adequado
e desenvolve o conceito de direcção e de ângulo. Este tipo de jogo, pode ser realizado em situações
de competição em que várias equipas com duas crianças procuram chegar a uma meta o mais
rapidamente possível. Um dos elementos da equipa dá instruções e o outro, que tem os olhos
vendados, deve segui-las.
Um outro tipo e tarefa pode consistir em descrever as instruções a dar a um robot de modo a ir,
numa grelha quadriculada, de A a B sem cair nos obstáculos que surgem no caminho:
Figura 14
Em todos este tipo de tarefas as crianças seguem ou dão instruções para percorrer um itinerário,
usando vocabulário como: meia-volta, um quarto de volta à direita ou a à esquerda, meia volta ou
uma volta inteira.
Mapas, plantas e maquetes
Na vida de todos os dias há cada vez mais necessidade de analisar mapas para se situar no espaço
e decidir qual o caminho a percorrer, planeando de modo adequado as deslocações que se tem
de fazer. Por isso, importa que as crianças comecem por desenhar, por exemplo, o itinerário
que seguem para ir de casa à escola indicando pontos de referência. Devem também começar a
interpretar mapas e plantas, descrevendo percursos possíveis e decidindo sobre o que poderiam
tomar e porquê.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
142
6 LOCALIZAÇÃO E VISUALIZAÇÃO
Figura 15
Os mapas a analisar devem, pelo menos numa fase inicial, inserir-se na região em
que as crianças vivem.
Com embalagens diversas ou sólidos construídos em cartolina é possível construir maquetes que
representam algo que existe (como quando se pede para construir a maquete da escola) ou que se
imagina e projecta. Nas figuras seguintes apresentam-se alguns exemplos.
Figura 16
Construção de caixas
A construção de caixas é uma tarefa que se pode propor a propósito de contextos em que é
necessário ter uma embalagem, como acontece quando se oferece uma prenda. A imagem ilustra
um modo de construir uma caixa paralelepipédica com tampa que leva 12 bombons.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 18
Para que os alunos se apercebam, mais concretamente, como é a caixa, o professor pode propor a
sua construção partindo de uma folha quadriculada.
A partir desta construção podem descobrir-se, por exemplo, outras caixas diferentes desta mas
que também levam 12 bombons ou caixas que levem outro número de bombons (9, 18, 24, ...).
Também a construção de caixas sem tampa permite realizar atividades significativas para
desenvolver a visualização espacial. Uma delas, decorre de uma tarefa em que se usam 5 quadrados
e começa com a construção de todos os pentaminós.
Um poliminó é uma figura formada por um determinado número de quadrados adjacentes. Note
que cada quadrado tem de ter em comum o lado e não apenas parte dele.
Esta tarefa faz apelo à visualização espacial pois importa comparar pentaminós decidindo se eles
são ou não o mesmo. Na figura podem ver-se duas representações do mesmo pentaminó.
REPÚBLICA DE ANGOLA
144
6 LOCALIZAÇÃO E VISUALIZAÇÃO
Figura 20
Figura 21
Figura 22
Os pentaminós são também um contexto adequado para trabalhar outros aspetos de Geometia
e Medida. Note-se que todos os pentaminós têm a mesma área – são figuras equivalentes – mas
nem todos têm o mesmo perímetro.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
http://jogadamais.blogspot.pt/2013/11/torre-de-hanoi_19.html
REPÚBLICA DE ANGOLA
146
6 LOCALIZAÇÃO E VISUALIZAÇÃO
4. Considere uma torre de Hanói com quatro peças (pode construí-la usando materiais de uso
corrente).
Peça a três dos seus alunos que se coloquem como os meninos e a menina da imagem anterior.
Peça a outras crianças que andem à volta deles, descrevendo o modo como veem a menina e
os dois meninos.
6. Observe a seguinte construção feita com cubos
Desenhe, no papel quadriculado, a sua vista de frente.
E como poderá ser a sua vista de cima?
Construa um sólido diferente e que tenha a mesma
vista de cima.
Qual o número máximo de cubos que consegue usar
para formar um outro sólido que tenha a mesma vista
de frente, mantendo as dimensões da base?
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
148
7 FORMAS GEOMÉTRICAS: CLASSIFICAÇÃO E
PROPRIEDADES
REPÚBLICA DE ANGOLA
150
7 FORMAS GEOMÉTRICAS: CLASSIFICAÇÃO E PROPRIEDADES
Este capítulo trata de identificar, comparar e classificar figuras e formas, de acordo com as suas
propriedades, na geometria do plano e na geometria do espaço, destacar os elementos que as
constituem, as relações que entre eles se podem estabelecer e revelar ligações entre formas bi e
tridimensionais.
A Geometria está sempre presente no espaço que nos rodeia e podemos encontrá-la sob as mais
variadas formas. Em casa, na localidade onde moramos, no caminho que percorremos de casa
para a escola e dentro da própria sala de aula, onde se podem observar objectos de tamanhos
e formas diversas. Uns são tridimensionais como as casas, as mesas, as cadeiras, as camas, os
automóveis, os lápis e as borrachas e outros são considerados bidimensionais, como a folha de um
caderno da escola, um pano para fazer um vestido, uma bandeira ou um cartaz sobre os cuidados
de saúde.
a
Uma 2 classe numa Escola do Magistério Primário Pano típico de Angola
uma folha de papel do caderno da escola ou de um cartaz que anuncia as festas da cidade ou os
cuidados de saúde (Figura 4).
Nos primeiros anos, os alunos contactam com estes sólidos e têm uma primeira percepção
das diferenças: podem achar que o primeiro desliza, quando empurrado numa superf ície lisa,
enquanto o segundo rola.
REPÚBLICA DE ANGOLA
152
7 FORMAS GEOMÉTRICAS: CLASSIFICAÇÃO E PROPRIEDADES
Por exemplo, um lápis, antes de ser afiado, pode ter a forma de prisma hexagonal (Figura 6): tem
seis faces laterais (rectângulos) e duas bases (hexágonos), dezoito arestas (6 que unem as faces
laterais e 6 em cada uma das bases) e doze vértices.
Terão o cone e o cilindro faces planas? Como se vê se uma face é plana? Se conseguirmos unir por
um segmento de recta quaisquer dois pontos que lhe pertençam.
Tal como qualquer conjunto de objectos, o conjunto dos sólidos geométricos pode ser classificado
de acordo com um ou vários atributos à nossa escolha. Esse atributo pode ser o tamanho ou a
forma, por exemplo, mas também pode ser o tipo de faces que o limitam.
As crianças, nos primeiros anos e mesmo antes de irem à escola primária, podem
separar os objectos vermelhos dos verdes, usando o atributo cor, colocar em
diferentes conjuntos, os objectos pequenos e os grandes, de uma maneira informal,
ou incluir em dois grupos diferentes, os que apenas deslizam (como os prismas) e
os que rolam (como os cones).
Em qualquer dos casos, existe uma preocupação em comum, que permite a classificação: a procura
de semelhanças e diferenças que justifique colocar uns objectos num grupo e outros noutro grupo.
Os objectos que se encontram nas caixas da imagem (Figura 8), constituem uma oportunidade
para os alunos manipularem, para se aperceberem das suas diferentes características (tipo de
faces, arestas e vértices) e os poderem agrupar segundo o critério que definirem, neste caso, de
acordo com as superf ícies que os limitam.
Em matemática, é natural agrupar os sólidos em dois grandes grupos: o dos Poliedros e o dos Não
poliedros, de acordo com as características das suas faces (Figuras 9 e 10).
Os sólidos da Figura 9 têm características especiais, pois têm nas suas faces polígonos (rectângulos,
triângulos e pentágonos). Da esquerda para a direita e de baixo para cima temos: um prisma
rectangular, um prisma pentagonal, uma pirâmide triangular e um octaedro. São alguns exemplos
de poliedros.
REPÚBLICA DE ANGOLA
154
7 FORMAS GEOMÉTRICAS: CLASSIFICAÇÃO E PROPRIEDADES
Alguns exemplos de sólidos que consideramos não poliedros são representados na Figura 10
como o cone, o cilindro, a esfera e o tronco de cone (que têm superf ícies curvas) e outros dois
sólidos que, embora limitados por superf ícies planas, têm ‘um buraco’. (sólidos com um ‘buraco’).
Na generalidade dos poliedros, as faces são constituídas por diferentes polígonos e estes, por
vezes, com lados de comprimentos diferentes. É o que acontece com os poliedros da Figura 12.
Prisma: Poliedro com duas faces geometricamente iguais e paralelas (as bases) e
com as outras faces (faces laterais) paralelogramos.
O número de lados do polígono, que forma cada uma das bases do prisma, determina o seu nome:
Por exemplo, prisma triangular, se a base é formada por um triângulo ou prisma pentagonal se a
base é formada por um pentágono.
Pirâmide: Poliedro com uma face poligonal, designada a base e pelas outras faces
laterais triangulares que têm exactamente um ponto em comum, que é o vértice.
À semelhança dos prismas, também o número de lados do polígono da base determina o nome
da pirâmide. Por exemplo, pirâmide quadrangular, quando a base é um quadrado ou pirâmide
octogonal, quando a base é um octógono.
REPÚBLICA DE ANGOLA
156
7 FORMAS GEOMÉTRICAS: CLASSIFICAÇÃO E PROPRIEDADES
E embora exista uma infinidade de polígonos regulares, existem apenas 5 poliedros regulares,
também designados sólidos platónicos (Figura 15), por terem sido estudados na Antiguidade
Clássica, pelo filósofo e matemático grego, Platão, e identificados com os elementos da Natureza.
São eles o tetraedro regular, com 4 faces (triângulos equiláteros), associado ao fogo, o hexaedro
regular ou cubo, com 6 faces (quadrados), associado à terra, o octaedro regular, com 8 faces
(triângulos equiláteros), associado ao ar, o dodecaedro regular, com 12 faces (pentágonos
regulares), associado ao universo e o icosaedro regular, com 20 faces (triângulos equiláteros),
associado à água.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Quando "desmontamos" qualquer sólido geométrico e obtemos uma figura no plano, dizemos
que estamos a planificar, ou seja, a passar do espaço tridimensional ao plano, a duas dimensões
(bidimensional). O processo inverso reconstitui o sólido que foi planificado e só nesse caso se
pode chamar planificação.
A planificação de um cilindro (Figura 17) é constituída por um rectângulo de comprimento (c),
igual ao perímetro do círculo da base (comprimento da circunferência: p=2Πr=Π.d) e de largura
(l), igual à altura do cilindro e por dois círculos geometricamente iguais às bases do cilindro. PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
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7 FORMAS GEOMÉTRICAS: CLASSIFICAÇÃO E PROPRIEDADES
Os exemplos da Figura 18, embora pareçam planificações de cilindros, apenas A e C o são, porque
o perímetro das respectivas circunferências (ou dos círculos) que constituem as bases é igual
à medida do comprimento do lado do rectângulo a que são tangentes. A planificação B vê-se
claramente que não consegue reconstituir o cilindro, porque o perímetro das circunferências
(bases) é muito superior à medida do comprimento do lado menor do rectângulo a que são
tangentes.
Por exemplo, já pensou que, com uma folha de tamanho A4, pode gerar dois cilindros abertos
(sem base). Um mais alto, enrolando a folha pelo lado menor e outro, mais baixo, enrolando a
folha pelo lado maior (Figura 19).
Um problema de medida será calcular qual é melhor solução para, com a mesma
área lateral da folha, obter um maior volume ou capacidade no cilindro. Isso pode
ser uma decisão importante, em termos de custos, para uma empresa que queira
fazer embalagens para sumos, por exemplo.
Nesse caso, para além da área lateral que é a mesma (área da folha A4 - rectângulo) teremos de
fazer entrar nos cálculos as medidas das áreas das bases (áreas dos cilindros – ver capítulo da
Grandeza e Medida).
REPÚBLICA DE ANGOLA GEOMETRIA E MEDIDA
159
± ǣ Ƥ
A Figura 20 representa algumas planificações, todas elas constituídas por seis quadrados, ligados
pelo menos por um dos seus lados. Será que todas elas correspondem a planificações de um cubo?
Não é verdade. Embora todas sejam constituídas por seis quadrados, ligados pelos seus lados,
apenas 1), 2), 4) e 5), correspondem a verdadeiras planificações do cubo. Com 3) e 6), isso não
acontece. Quando vincadas pelos lados e dobradas não reconstituem o cubo.
A seguir (Figura 21), encontra-se a planificação de um tetraedro, constituído por quatro triângulos.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Outra forma de passar do espaço ao plano é através dos cortes que podemos fazer num poliedro.
Cortando um poliedro, segundo uma determinada direcção, obtemos outros dois poliedros e duas
secções que são polígonos congruentes. Por exemplo, a Figura 22 representa dois cortes feitos em
dois cubos diferentes. Que secção obtivemos através de cada um dos cortes? À esquerda obtivemos
um triângulo e no cubo da direita, obtivemos um rectângulo. De que depende a obtenção de
diferentes secções (polígonos)? Depende da forma como o corte é feito (paralelo ou perpendicular
a faces opostas, oblíquo, passando ou não por um determinado conjunto de vértices, etc.).
REPÚBLICA DE ANGOLA
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7 FORMAS GEOMÉTRICAS: CLASSIFICAÇÃO E PROPRIEDADES
Este trabalho de construção de poliedros e de ‘cortes’, segundo diferentes direções, obtendo diferentes
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Como já foi dito atrás, em secção anterior, as faces de um poliedro são polígonos. Exemplos de
polígonos encontramo-los na Figura 25 que representa dois hexágonos e um paralelogramo.
Estes são limitados por uma linha fechada, constituída por segmentos de recta que não se cruzam.
Exemplos de não polígonos encontram-se na Figura 26: o círculo, cuja fronteira é uma linha
curva fechada, uma circunferência; à esquerda, a linha poligonal fecha-se mas cruza-se e a figura
do lado direito representa uma linha poligonal, mas aberta.
Uma linha poligonal é uma linha constituída por segmentos de recta, e pode ser aberta ou fechada.
A linha representada na imagem da direita da Figura 26, é exemplo de uma linha poligonal aberta.
No entanto, para o estudo dos polígonos interessam-nos particularmente as linhas poligonais
fechadas.
Linha poligonal fechada é uma linha fechada, constituída por segmentos de recta
que não se cruzam.
Polígono é uma figura plana limitada por uma linha poligonal fechada.
Tal como como na geometria no espaço, o estudo da geometria no plano pode partir da observação,
uma vez que no ambiente que nos rodeia podemos encontrar diversas figuras planas que têm por
modelos, polígonos conhecidos ou composições destes. Os alunos, no início da escolaridade,
começam por distinguir as figuras pela sua aparência e relação com ‘o conhecido’. Por exemplo, é
um rectângulo porque ‘se assemelha a uma porta’ ou é um triângulo porque se trata de uma ‘forma
afiada’. Também a apresentação de figuras como o quadrado, colocado na horizontal ou apoiado
por um vértice, conduz alguns alunos a considerarem este último como um não exemplo de
quadrado (Figura 27). Neste caso, podemos dizer que estamos perante dois quadrados congruentes,
pois quando sobrepostos conseguimos fazê-los coincidir, ponto por ponto.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
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7 FORMAS GEOMÉTRICAS: CLASSIFICAÇÃO E PROPRIEDADES
Duas figuras planas são congruentes se têm a mesma forma e tamanho ou dimensão.
Quando sobrepostas, coincidem ponto por ponto.
Nestes panos angolanos (Figura 28) podemos encontrar círculos, losangos, rectângulos, trapézios,
hexágonos, triângulos e outras figuras compostas destas.
Os polígonos, tais como outras figuras planas, têm uma fronteira, a linha poligonal fechada que
limita a superf ície, e o seu interior, a superf ície contida nos limites da fronteira. No caso do
círculo, a linha curva que constitui a fronteira chama-se circunferência e o conjunto constituído
pelo seu interior, com essa linha, constitui o que chamamos círculo.
Um polígono é constituído por lados e ângulos. Por exemplo, um triângulo tem três lados e três
ângulos e um rectângulo tem quatro lados e quatro ângulos. O número de lados de um polígono
é sempre igual ao número de ângulos e o seu nome está sempre associado ao número de lados.
Por exemplo, um pentágono tem cinco lados, um octógono, oito lados e um dodecágono tem doze
lados.
Uma tarefa que pode constituir um desafio para os alunos é pedir-lhes para
falarem sobre uma figura plana determinada, como um triângulo, ou para
dizerem o que distingue um trapézio isósceles de um rectângulo.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
No caso de existirem, pelo menos, dois lados ou dois ângulos diferentes, então estamos na presença
de um polígono irregular. Exemplos de polígonos regulares são o triângulo equilátero (Figura 29)
e o quadrado, enquanto o triângulo escaleno ou o trapézio isósceles (Figura 30) são polígonos
irregulares.
Uma tarefa para a sala de aula pode ser a seguinte: O professor solicita aos
alunos que fechem os olhos e pensem num quadrado e que, a seguir, descrevam
o que vêem, que o professor pode anotar no quadro. Depois abrem os olhos
e procuram à sua volta qualquer objecto que se assemelhe com a figura em
que pensaram. Caso não haja nenhuma exactamente igual, indicam a mais
aproximada e as diferenças que tem relativamente àquela em que pensaram. E
podem continuar com outras figuras mais complexas.
REPÚBLICA DE ANGOLA
164
7 FORMAS GEOMÉTRICAS: CLASSIFICAÇÃO E PROPRIEDADES
Duas observações se podem já fazer: a soma das amplitudes dos ângulos externos de qualquer
dos polígonos é igual a um ângulo giro (360o) e, em cada vértice, a soma da amplitude do ângulo
interno, com a do ângulo externo correspondente, é igual a um ângulo raso (180 o). Por isso,
chamam-se ângulos suplementares.
Se atendermos à amplitude dos ângulos internos de um polígono, podemos separá-los em
polígonos convexos e polígonos não convexos (ou côncavos). Os primeiros têm todos os seus
ângulos internos inferiores a 180o. Já os segundos têm, pelo menos, um ângulo interno superior a
180o, como se pode ver nos exemplos da Figura 33.
Repare que outra forma de distinguir um polígono convexo de um côncavo é que no primeiro,
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
quaisquer dois pontos do polígono podem ser unidos por um segmento de recta, contido no
polígono, enquanto no caso dos côncavos, isso já não é verdade (Figura 34).
Na Figura 34 representam-se dois polígonos com 7 lados (heptágonos). Note que no polígono da
direita, também se podem encontrar uma infinidade de segmentos de recta, unindo dois pontos,
contidos no polígono (como o exemplo, a tracejado). Só que a definição exige que sejam “quaisquer
dois pontos”, e é aqui que ela falha. Por isso, ele não pode ser considerado convexo, mas sim,
côncavo.
Uma tarefa para a sala de aula pode ser, o professor (ou um aluno, apoiado pelo
professor) pensar numa figura, sem dizer qual e ir descrevendo para a turma, uma
a uma, diferentes características que ela tem, envolvendo os termos ‘lados’, ‘posição
relativa’ dos lados, ‘convexos’, ‘côncavos’, ‘ângulos’ internos ou externos, etc. O
objectivo é os alunos descobrirem de que figura se trata.
Para além dos lados e dos ângulos de um polígono, uma linha com alguma relevância no estudo
destas figuras do plano é a diagonal do polígono.
Diagonal de um polígono é qualquer segmento de recta que une dois vértices não
consecutivos do polígono.
A Figura 35 representa um pentágono irregular e todas as diagonais que nele se podem traçar.
Será que o triângulo também tem diagonais? Desenhando um triângulo e seguindo a definição,
não se consegue traçar uma diagonal no triângulo que não se confunda com o próprio lado.
REPÚBLICA DE ANGOLA
166
7 FORMAS GEOMÉTRICAS: CLASSIFICAÇÃO E PROPRIEDADES
Posso agrupar A com C, se pensar que ambos são hexágonos, mas também posso juntar A e B, se
o meu critério for separar os côncavos dos convexos.
Formas triangulares estão presentes em diversos artefactos com que nos podemos deparar no dia-
a-dia. Por exemplo, existem diversos sinais de trânsito com esta forma, como o sinal de perda de
prioridade e o sinal de obras na estrada (Figura 38).
Como já vimos, os triângulos são polígonos com três lados e três ângulos e daí ser natural classificá-
los, quanto aos lados e quanto aos ângulos.
Quanto aos lados, eles podem ter três lados geometricamente iguais (equiláteros),
dois lados geometricamente iguais (isósceles) e os três lados geometricamente
diferentes (escalenos) (Figura 39).
Quanto aos ângulos eles podem ter os três ângulos agudos (acutângulos), um ângulo
obtuso (obtusângulo) e um ângulo recto (rectângulo) (Figura 40) PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Das definições e por simples observação, algumas conclusões podemos tirar, embora sejam
necessários alguns conhecimentos elementares sobre medida, tal como saber que a soma das
amplitudes dos ângulos internos de um triângulo é igual a 180o. Um triângulo equilátero é sempre
acutângulo (180o : 3 = 60o) e um triângulo rectângulo pode ser isósceles ou escaleno, mas nunca
equilátero pois, por ser rectângulo, tem um ângulo de 90o e por ser equilátero tem os três ângulos
iguais, o que daria um total de 270o (3 x 90o).
REPÚBLICA DE ANGOLA
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7 FORMAS GEOMÉTRICAS: CLASSIFICAÇÃO E PROPRIEDADES
A soma das amplitudes dos ângulos internos de um quadrilátero é igual a um ângulo giro (360o),
o que se pode ilustrar quando traçamos uma diagonal num quadrilátero e o dividimos em dois
triângulos, cuja amplitude da soma dos ângulos internos, de cada um deles, já vimos ser igual a
180o.
Tendo em conta a posição relativa e a dimensão dos lados de um quadrilátero e as amplitudes dos
seus ângulos, podemos organizar um esquema de classificação possível para os quadriláteros, que
define alguma hierarquia nas propriedades de cada um deles.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
O quadrilátero surge como conjunto mais amplo que contém todos os outros. Apenas se exige
que tenha quatro lados (e quatro ângulos).
Trapézio é um quadrilátero com dois lados paralelos (com o entendimento de, pelo menos, dois
lados paralelos). O que quer dizer que podemos considerar o paralelogramo como um trapézio,
uma vez que tem mais do que é exigido aos trapézios: tem os lados opostos paralelos e iguais, dois
a dois”
Podemos perguntar onde se inclui o papagaio? Pela definição, é um quadrilátero, mas não é um
trapézio (não tem dois lados paralelos, apenas tem dois pares de lados adjacentes, congruentes). É
um quadrilátero, não trapézio.
Dentro da classe dos trapézios, encontramos aqueles que têm apenas dois lados opostos paralelos,
aqui considerados trapézios propriamente ditos e aqueles que têm os lados opostos paralelos e
iguais, dois a dois, e que se designam por paralelogramos.
Nos trapézios propriamente ditos temos: o trapézio rectângulo, com um ângulo recto (90o); o
trapézio isósceles, com dois lados opostos não paralelos, mas iguais e o trapézio escaleno, com os
lados opostos todos diferentes.
A Figura 45 mostra dois paralelogramos, o segundo, especial, que se designa por losango. Que
propriedade tem ele a mais que não é exigida a um simples paralelogramo: tem os lados todos
iguais.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
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7 FORMAS GEOMÉTRICAS: CLASSIFICAÇÃO E PROPRIEDADES
Nota: Todas as tarefas que a seguir se apresentam dirigem-se ao professor do ensino primário e
constituem um processo pessoal de regulação de conhecimentos sobre os temas do capítulo. No
entanto, elas podem ser propostas aos seus alunos, com as devidas adaptações que só ele está
em condições de fazer, com o conhecimento que tem deles. Essas adaptações poderão ser na
simplificação e no tipo de linguagem a usar, em alterações nos números e operações a utilizar, no
tipo de perguntas a fazer e nas indicações a fornecer.
Tarefa 1
Recorde alguns dos poliedros seus conhecidos e os seus elementos constituintes. Observe a
primeira linha preenchida da tabela abaixo e complete as restantes
Existe uma relação entre o número de faces, de arestas e de vértices dos poliedros descritos na
tabela. Observe a tabela preenchida e procure encontrar essa relação através da análise de algumas
regularidades entre esses elementos.
Tarefa 2
Um sólido tem uma superf ície curva e duas bases que são dois círculos. Junte os dois sólidos
por uma das bases. Que novo sólido obtém? E que diferenças tem do sólido inicial?
Tarefa 3
Feche os olhos e desenhe um quadrado. Imagine que o corta ao meio, de cima a baixo. Que
figuras obtém? Abra os olhos, confirme a figura que desenhou e as que resultaram do corte. Se
não coincidir com o que imaginou, corrija o desenho e as soluções encontradas.
Agora feche os olhos e desenhe um losango. Imagine que com a tesoura, lhe faz dois cortes,
cada um deles de um vértice ao vértice oposto. Que figuras obtém? Abra os olhos, confirme a
figura que desenhou e as que resultaram dos dois cortes. Se não coincidir com o que imaginou,
corrija o desenho e as soluções encontradas.
Tarefa 6
Imagine um cubo de material moldável, como plasticina ou outro. Com uma faca ou um
canivete, vai cortá-lo segundo determinadas direcções, de modo a obter diferentes secções.
Na Figura 46, obtivemos respectivamente um triângulo e um rectângulo, como resultados dos
cortes.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
f. Que outros polígonos diferentes poderemos obter? E como se terão de fazer os cortes
de modo a obtê-los?
g. Poderemos obter algum quadrado? Com que tipo de corte?
h. Poderemos obter algum triângulo equilátero? De que forma?
i. Poderemos obter algum polígono com 8 lados?
Justifique a sua resposta e indique o número máximo de lados que poderá ter
um polígono que resulte de um corte num cubo e quantas faces e arestas ele
intersecta. Procure fazer um esboço de desenho que mostre a sua resposta.
Tarefa 7
A tabela abaixo está organizada em duas colunas: a primeira, que regista o número de lados de
um polígono regular, e a segunda, que indica o número de diagonais do polígono. Observe a
regularidade das quatro primeiras linhas e preencha os espaços com reticências (…).
Tarefa 8
Pode construir um triângulo rectângulo que seja simultaneamente isósceles? Se sim, desenhe-o e
indique a amplitude dos seus ângulos internos e externos.
Descreva um triângulo equilátero, por palavras suas, sem utilizar a palavra ‘lados’.
Tarefa 10
Das seguintes frases, indique as que são verdadeiras e as que são falsas. Em seguida, escolha duas
delas e justifique as suas afirmações.
O que significa considerar o quadrado como um rectângulo especial? E considerar o cubo como
um prisma rectangular especial? Justifique as respostas, com base nas suas propriedades.
REPÚBLICA DE ANGOLA
174
7 FORMAS GEOMÉTRICAS: CLASSIFICAÇÃO E PROPRIEDADES
Ângulo externo de um polígono: Ângulo formado por um lado do polígono e pelo prolongamento
do lado adjacente.
Ângulo interno de um polígono: Ângulo interior formado por dois lados consecutivos de um
polígono.
Arestas: Segmentos de recta, na intersecção de duas faces.
Bidimensionais: Que têm duas dimensões e se podem representar no plano.
Circunferência: Lugar geométrico de pontos do plano, equidistantes de um ponto dado, chamado
centro.
Conexões matemáticas: Relações e ligações pertinentes entre tópicos da Matemática, entre a
Matemática e outras áreas do saber e entre a Matemática e a realidade.
Congruente: Geometricamente igual.
Coordenadas: Par ou terno ordenado de números que determinam a posição de um ponto (no
plano – par - ou no espaço - terno).
Diagonal de um polígono: Qualquer segmento de recta que une dois vértices não consecutivos
do polígono.
Faces (de um poliedro): Polígonos que limitam o poliedro.
Figuras planas congruentes: Figuras que têm a mesma forma e tamanho que, quando sobrepostas,
coincidem ponto por ponto.
Linha poligonal fechada: Uma linha fechada, constituída por segmentos de recta que não se
cruzam.
Losango: Paralelogramo com os lados todos iguais.
Modelo geométrico: representação, mais ou menos simplificada, de um objecto da realidade.
Paralelogramo: Quadrilátero que tem os lados opostos paralelos e iguais, dois a dois.
Pirâmide: Poliedro com uma face poligonal, designada a base e pelas outras faces laterais
triangulares que têm exactamente um ponto em comum, que é o vértice.
Planificação de um poliedro: Conjunto de figuras planas, com lados comuns, que ao serem
dobrados reconstituem o poliedro que lhe deu origem.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Poliedros regulares: Poliedros cujas faces são polígonos regulares, geometricamente iguais, e em
que, em cada vértice, concorre o mesmo número de arestas.
Poliedros: Sólidos geométricos limitados apenas por polígonos.
Polígono côncavo: Polígono onde se podem encontrar dois pontos, cujo segmento de recta que
os une não está completamente contido no polígono.
Polígono convexo: Polígono em que quaisquer dois pontos que lhe pertençam podem ser unidos
REPÚBLICA DE ANGOLA
176
8 GRANDEZAS E MEDIDA
1. Grandezas e medida
1.1. Conceito de grandeza
1.2. Medição de uma grandeza
1.3. Comprimento
1.4. Área
1.5 Volume e capacidade
1.6 Massa
1.7 Tempo
1.8 Amplitude de ângulos
2. Questões de auto -valiação para o professor
3. Glossário de termos-chave introduzidos no capítulo
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
178
8 GRANDEZAS E MEDIDA
Embora a Medida surja associada à Geometria, é importante perceber as diferenças entre estes
dois temas. Enquanto a Geometria se foca na análise de características e propriedades de formas
geométricas bi e tri dimensionais, a Medida tem como finalidade a compreensão de atributos
mensuráveis dos objetos, de unidades, sistemas e processos de medição, bem como o uso de
técnicas, instrumentos e fórmulas para determinar medidas.
Reconhecer uma grandeza é entendê-la como uma propriedade pertencente a um conjunto de
objetos, independentemente de outras propriedades que estes possam apresentar (tais como
a forma, a cor, o cheiro). Para isso é fundamental compreender que um objeto (em termos
conceptuais ou materiais), para além de outras características, tem vários atributos que podem
ser medidos, ou seja, são mensuráveis.
Por exemplo, se se observar o rectângulo representado na figura 1 podem identificar-se
características geométricas e características associadas à medida.
Figura 1
Do ponto de vista geométrico: tem quatro lados, estes são iguais e paralelos dois a dois e tem
quatro ângulos internos iguais.
Do ponto de vista da medida: o comprimento dos seus lados, a amplitude dos seus ângulos
internos, o seu perímetro e a sua área. Quando se refere o comprimento dos lados, a amplitude
dos ângulos, o perímetro da figura e a sua área estão-se a identificar atributos da figura que são
mensuráveis e podem ser relacionados com números. Neste caso concreto estão implícitas as
seguintes grandezas: comprimento, amplitude de ângulos e área.
Medir corresponde ao processo de atribuir a uma certa quantidade de uma grandeza um número
real . Medir significa comparar uma quantidade de uma grandeza com outra grandeza do mesmo
tipo, considerada como unidade de medida, e exprimir esta comparação através de um número.
Identificar quantos copos se podem encher com a água de uma garrafa inclui comparar a
quantidade de água que leva a garrafa (a capacidade – atributo mensurável) com a quantidade de
água que leva cada copo (unidade de medida) e exprimir essa comparação através de um número,
dizendo, por exemplo, que a água de uma garrafa permite encher cinco copos com água. Neste
exemplo, a grandeza envolvida é a capacidade e o que se quer medir é a capacidade de uma garrafa
de água usando como unidade de medida a capacidade de um copo.
Figura 2
Aprender a medir uma grandeza desenvolve-se com a prática e, por isso, desde cedo as crianças
devem realizar actividades que lhes proporcionem o desenvolvimento do sentido da medida. É
importante perceber também que a medida de uma grandeza pode ser mais ou menos rigorosa
mas é sempre uma medida aproximada.
Existem etapas associadas ao desenvolvimento do sentido de medida: comparar e ordenar objectos
de acordo com um atributo mensurável; compreender as formas de medir, utilizando unidades de
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
180
8 GRANDEZAS E MEDIDA
Figura 3
Uma outra etapa do processo de medição está associada à compreensão de formas de medir
recorrendo primeiro ao uso de unidades de medida naturais, não convencionais e, posteriormente,
ao uso de unidades de medida convencionais.
É fundamental nesta etapa que os alunos se envolvam em actividades em que usem unidades
de medida naturais como o palmo ou o pé, antes de aprenderem e usarem unidades de medida
padronizadas ou convencionais, como o metro.
No que respeita à grandeza capacidade, poderá surgir uma actividade que decorre da necessidade
de medir a capacidade de três recipientes para decidir em qual deles cabem mais pitangas.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 4
Que unidade de medida utilizar? A escolha da unidade de medida é arbitrária mas é importante
que as crianças percebam que a unidade de medida a utilizar tem de ser do mesmo tipo do
atributo a medir. Também é fundamental usar a mesma unidade de medida na determinação da
capacidade de cada um dos três recipientes, para ser possível comparar os números obtidos. Uma
boa hipótese é usar um copo de plástico (a unidade de medida) que se enche de água (também
poderia ser areia) e se verte para cada um deles. Poder-se-á fazer uma tabela para representar as
três medições. Estas poderão ser registadas usando desenhos ou números, no caso de as crianças
já o conseguirem fazer. Ilustram-se duas possíveis tabelas:
Tabela 1
unidade
de medida
A actividade anterior pode ilustrar também a necessidade de numa medição, de modo a torná-la
mais rigorosa, ser necessário usar uma outra unidade que seja submúltiplo da unidade principal.
Poderá acontecer que no primeiro recipiente caiba mais água do que a equivalente a 3 copos de
água mas menos do que a equivalente a 4 copos. Este facto poderá levar os alunos a encontrar
uma outra unidade de medida, por exemplo, um copo mais pequeno, de modo a tornar a medição
e consequente quantificação mais rigorosa.
Encontrar uma outra unidade de medida (um copo mais pequeno que o copo inicial) relacionada
com a inicial (o copo inicial) ajudará os alunos a compreender, mais tarde, quando são introduzidas
as unidades de medida padronizadas, a necessidade de haver submúltiplos da unidade de medida
principal.
Por exemplo, numa determinada fase as crianças podem medir a área de uma folha de papel de
modo informal, usando sementes ou pequenos cubinhos de encaixe mas a partir de uma certa
altura percebem que há espaços entre as unidades, que estas não possuem dimensões uniformes
e que há necessidade de usar unidades de medida mais adequadas. Ou seja, poderão ser introduzidas
unidades de medida convencionais pois os alunos conseguem, nesta fase valorizar a sua introdução
e compreender a necessidade do seu uso.
As unidades que devem ser introduzidas devem ser as do sistema métrico. Em Angola a Lei
nº17/02 de 13 de Dezembro determina os padrões de pesos e medidas em vigor. Aí é afirmado que
REPÚBLICA DE ANGOLA
182
8 GRANDEZAS E MEDIDA
no país é adoptado o Sistema Internacional de Unidades (SI), aprovado pela 11ª Conferência Geral
de Pesos e Medidas, realizada em Paris em 1960.
Finalmente, uma outra etapa do desenvolvimento do sentido de medida está associada ao uso
de instrumentos de medida (metro de madeira, fita métrica, régua, balanças, copo medidor,
termómetro, etc.).
Figura 5
Quando se usa um instrumento de medida para efectuar uma determinada medição este deve
ser adequado ao que se quer medir e ao rigor que se pretende obter nessa medição. Ainda assim
é importante compreender que, no quotidiano, as medidas são valores aproximados e não
exactos. Este aspecto decorre, por um lado, dos instrumentos usados para medir e, por outro, do
erro que se comete quando se lêem as escalas desses instrumentos.
Se o objectivo for medir o comprimento de uma cana-de açúcar semanalmente, para determinar
o seu crescimento, já será importante efectuar essa medição com exactidão. Contudo, se essa
medição for realizada por mais do que um aluno, usando uma fita métrica, naturalmente surgirão
valores ligeiramente diferentes. Esta diferença decorre tanto da limitação do uso do instrumento
como do modo mais o menos preciso com que cada aluno efectuar essa medição. Este aspecto
poderá ser discutido pelo professor com os seus alunos.
Associado ao processo de medição de uma grandeza surge a estimação de uma medida de
grandeza. Estimar uma medida de uma grandeza significa encontrar um valor aproximado dessa
medida sem recorrer a qualquer medição ou instrumento de medida.
REPÚBLICA DE ANGOLA GEOMETRIA E MEDIDA
183
Grandezas e medida
Ser capaz de estimar uma medida de uma grandeza desenvolve-se com a prática,
ou seja, com a realização de actividades em que os alunos tenham de efectuar
estimações a propósito de comprimentos, áreas, volumes e capacidades e
massas. Um modo de melhorar as estimativas é encontrar itens de referência que
auxiliem a encontrar valores aproximados com menos margem de erro.
Por exemplo, saber que uma porta tem cerca de 2 metros de altura pode ajudar a estimar a altura
da sala de aula. Também saber que um pacote de leite tem a capacidade de um 1 litro pode auxiliar
na estimativa da capacidade de um outro recipiente que parece ter aproximadamente metade
dessa capacidade.
Há estratégias que podem ser desenvolvidas na sala de aula de modo a melhorar a capacidade de
realizar estimativas mais ou menos precisas, de acordo com cada uma das situações.
Uma das estratégias de estimação é visualizar a unidade que se vai usar na estimação e repeti-la
mentalmente sobre o que se vai medir.
Por exemplo pode querer-se estimar a área do quadro usando como unidade de medida a área de
uma folha de papel A4. Neste caso deve tentar preencher-se mentalmente a superf ície do quadro,
e identificar quantas folhas aproximadamente cabem ao longo do seu comprimento e ao longo da
sua largura. Também se podem fazer filas de folhas mentalmente e perceber quantas se precisa
de ter e quantas folhas são necessárias em cada fila para se ter o quadro totalmente preenchido.
É importante realçar que usar instrumentos de medida, técnicas ou mesmo fórmulas para
determinar medidas de grandezas, prematuramente, antes de as crianças terem percebido o que
significa medir, pode dificultar tanto a compreensão sobre o processo de medição de uma grandeza
como a resolução de problemas que envolvem a medição de grandezas.
REPÚBLICA DE ANGOLA
184
8 GRANDEZAS E MEDIDA
comparação expressões como “mais (ou menos) comprida” e “mais (ou menos) curta”.
As unidades de medida padronizadas devem surgir depois de os alunos se terem apercebido que
unidades de medida tais como o palmo ou o pé variam de pessoa para pessoa, conduzindo a
quantificações diferentes. Assim a introdução de unidades de medida padronizadas surge como
necessidade de todos usarem a mesma unidade de medida (com o mesmo comprimento).
A unidade de medida principal do sistema SI é o metro (m). A tabela seguinte apresenta os
múltiplos e submúltiplos do metro e as respectivas abreviaturas.
Tabela 2
cálculo de perímetros.
Por exemplo, poderão calcular perímetros de quadrados e rectângulos construídos num geoplano
ou em papel ponteado (figura 7). Neste caso considera-se como unidade de medida de comprimento
o menor segmento de recta que une dois pregos (pontos). Ao calcular o perímetro das três figuras
verifica-se que têm todas perímetro igual a 12, ou seja, são isoperimétricas.
Figura 7
O cálculo de perímetros de figuras rectangulares, tal como o primeiro exemplo apresentado,
permite chegar à conclusão que o perímetro de qualquer rectângulo pode ser calculado efectuando
o dobro da soma do seu comprimento (c) com a sua largura (l), ou seja,
Do mesmo modo, depois de alguns exemplos práticos pode-se inferir que o perímetro de um
quadrado corresponde ao quádruplo da medida do comprimento do seu lado, ou seja, pode ser
obtido pela expressão
Poderá igualmente inferir-se a expressão que permite calcular o perímetro de qualquer polígono
regular, com n lados, uma vez que este tipo de polígonos tem os lados e os ângulos internos
geometricamente iguais.
No caso particular do círculo, os alunos devem começar por calcular o perímetro da circunferência
que o limita, medindo informalmente o seu comprimento. Por exemplo, pode usar-se um fio ou
um cordel para medir experimentalmente o comprimento de circunferências que limitam objetos
circulares e o comprimento do seu diâmetro.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 8
REPÚBLICA DE ANGOLA
186
8 GRANDEZAS E MEDIDA
Na 5.ª classe, a organização destes dados numa tabela como a que se exemplifica (tabela 3) poderá
fazer surgir, ainda que informalmente, a existência de um valor constante (o número irracional
designado por π) que corresponde ao quociente entre o perímetro e o diâmetro de um círculo.
Tabela 3
Perímetro Diâmetro
Objecto circular Perímetro/Diâmetro
(em cm) (em cm)
Tampa de lata de
refrigerante
Tampa de frasco de
compota
…
Depois da introdução do número π poderá surgir a fórmula que permite calcular o perímetro do
círculo
P=π×d (em que d designa o diâmetro) ou P=2×π×r (em que r designa o raio).
Uma vez que o perímetro é um comprimento, deverão ser usadas unidades de medida para o
exprimir. Embora a circunferência enquanto lugar geométrico surja apenas em classes mais
adiantadas, o professor poderá introduzir o conceito de circunferência como sendo a linha que
limita o círculo e cujos pontos que a constituem estão à mesma distância do centro. Esta distância
é o raio da circunferência.
Tal como foi referido anteriormente antes de se trabalhar com unidades de medida de área
padronizadas é importante que os alunos realizem actividades que os auxiliem a desenvolver o
conceito de área, pavimentando superf ícies. Deste modo perceberão que determinar a área de
uma superf ície é diferente de calcular o seu perímetro ou o comprimento de uma das suas
dimensões. As primeiras actividades devem ter como objectivo cobrir uma determinada superf ície
usando outras superf ícies disponíveis.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Por exemplo, poderá ser coberta uma superf ície rectangular usando figuras geométricas
disponíveis, como quadrados e rectângulos. No início as crianças não perceberão a necessidade
de usar uma única figura como unidade de medida e de cobrir toda a superf ície a medir, deixando
espaços ou sobrepondo figuras, como mostra a figura 9.
Figura 9
Cabe ao professor ajudar os alunos a perceber a importância de usar uma unidade de medida e de
cobrir completamente a superf ície que se quer medir com a figura que se usa como unidade de
medida. Estes aspectos são fundamentais uma vez que medir a área de uma superf ície é compará-
la com a superf ície que se considera a unidade de medida, quantificando essa comparação. Ou
seja, se se quiser calcular a área do rectângulo seguinte utilizando como unidade de medida o
quadrado representado, pode cobrir-se a superf ície da figura com quadrados geometricamente
iguais ao dado, de modo a identificar o número de quadrados necessários. Ao processo de cobrir
completamente uma superf ície sem deixar espaços e sem sobreposições chama-se pavimentar.
Figura 10
No caso do rectângulo anterior (figura 10) é possível pavimentar completamente a sua superf ície
usando 24 quadrados todos iguais. Isto significa que a área do rectângulo é 24, considerando como
unidade de medida a área do quadrado dado.
Se se considerar o mesmo rectângulo e for usada uma outra unidade de medida, por exemplo o
triângulo que corresponde a metade do quadrado anterior pode novamente calcular-se a área do
rectângulo.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figua 11
Uma vez que são necessários 48 triângulos de modo a cobrir completamente a superf ície do
rectângulo pode afirmar-se que, neste caso, a área da figura é igual a 48.
REPÚBLICA DE ANGOLA
188
8 GRANDEZAS E MEDIDA
Unidade
de medida
Figura 12
A observação das figuras permite perceber que a área do rectângulo é igual a 27. Este número pode
ser obtido por contagem um-a-um mas também pode obter-se identificando que são 3 linhas,
cada uma com 9 quadradinhos. Ou que são 9 colunas cada uma com 3 quadradinhos. Perceber
que basta contar os quadrados em linha e em coluna para calcular a área do rectângulo ajuda a
generalizar e a perceber a fórmula que permite calcular a área desta figura geométrica. Esta deve
ser introduzida apenas nas classes mais adiantadas do Ensino Primário.
O mesmo acontece com a fórmula que permite calcular a área de um quadrado. A observação
da figura anterior permite perceber que a sua área é igual a 9 e que esse valor pode ser obtido
através do produto do número de quadradinhos (a unidade de medida) por si próprio, uma vez
que os lados de um quadrado são iguais. Da observação desta regularidade em diferentes situações
poderá surgir, em classes mais adiantadas, a fórmula da área de qualquer quadrado
Área de um quadrado = l × l (em que l é o comprimento do lado do quadrado)
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
A B C
Figura 13
Se se considerar como unidade de medida de comprimento a menor distância entre dois pontos e
como unidade de medida de área o menor quadrado que é possível construir no geoplano pode-se
preencher uma tabela como a seguinte:
Tabela 4
A observação da tabela permite concluir que, em cada uma das situações, as medidas da base e
da altura do rectângulo e do triângulo são sempre iguais. Também é possível determinar as áreas
do rectângulo e dos triângulos, considerando as unidades de medida consideradas. Por isso é
possível perceber que a área do triângulo é sempre metade da área do rectângulo com a mesma
base e altura.
A partir daí é possível perceber que a fórmula que permite calcular a área de um triângulo
corresponde à expressão
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
1
Área do triângulo bxa , em que b representa a medida da base e a a medida da
2
altura
bxa
ou A .
2
REPÚBLICA DE ANGOLA
190
8 GRANDEZAS E MEDIDA
Figura 14
Figura 15 Figura 16
Se se compararem os paralelogramos iniciais com os rectângulos correspondentes identifica-se
que têm a mesma base e a mesma altura e, também a mesma área, ou seja, são figuras equivalentes.
Então, para se calcular a área de um paralelogramo é necessário saber a medida da sua base e da
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 17
Figura 18 Figura 19
No primeiro caso a figura 18 está decomposta em No segundo caso a figura está
dois triângulos, um quadrado e um rectângulo e, enquadrada num rectângulo, pelo que
por isso, o cálculo da sua área corresponde à soma a sua área poderá ser calculada do
do cálculo de cada uma das áreas dos polígonos. Se seguinte modo:
se considerar como unidade de medida de área o
Área da figura= Área do rectângulo –
menor quadrado que é possível construir, a área da
Área E − Área F − Área G
figura corresponde ao cálculo
Área da figura= 20 – 2 − 4 – 1=13
Área da figura= Área A + Área B + Área C + Área D
unidades de área
Área da figura= 2+4+6+1=13 unidades de área
Frequentemente, a área de uma figura irregular pode ser calculada usando os dois
processos pelo que será interessante, na sala de aula, deixar que cada aluno escolha
um deles, comparando depois os resultados obtidos de modos diferentes.
REPÚBLICA DE ANGOLA
192
8 GRANDEZAS E MEDIDA
Figura 20
A tabela seguinte apresenta os múltiplos e submúltiplos do metro quadrado.
Tabela 5
Cada unidade de medida de área é cem vezes maior do que a unidade de medida seguinte e cem
vezes menor do que a unidade de medida anterior. Por exemplo,
1
1 m2 = 100 dm2 1m 2 dm 2 0, 01dam 2
100
Por exemplo,
REPÚBLICA DE ANGOLA GEOMETRIA E MEDIDA
193
Grandezas e medida
Tal como tem vindo a ser explicado no que respeita ao trabalho em torno das grandezas
comprimento e área é fundamental que sejam desenvolvidas actividades que contribuam para o
desenvolvimento da grandeza volume, muito antes da introdução de fórmulas. O uso de unidades
não padronizadas permite aos alunos focarem-se na grandeza e não no uso de determinadas
fórmulas que não compreendem.
Frequentemente esta grandeza é confundida com a grandeza capacidade. Esta está relacionada
com a quantidade de espaço interior de um recipiente.
Figura 21
exemplo, enchendo um de água e vertendo para o outro. Deste modo identifica-se qual dos dois
recipientes tem maior ou menor capacidade.
Figura 22
Frequentemente as crianças pequenas confundem altura com capacidade e identificam o
recipiente mais alto com o que tem maior capacidade. Também poderá ser dif ícil perceber que
dois recipientes com formas diferentes possam ter a mesma capacidade. Para que estas confusões
e dificuldades possam ser ultrapassadas, o professor deve proporcionar diversas experiências de
enchimento de recipientes na sala de aula que ajudem os alunos a aprofundar e a clarificar ideias
sobre a grandeza capacidade.
Por exemplo, quer-se determinar a capacidade da jarra representada na figura, usando como
unidade de medida a capacidade do copo. Para se efectuar esta comparação pode usar-se areia ou
água.
Figura 23
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Mais tarde, este tipo de experiências poderá ser realizado usando unidades de medida padronizadas
tais como o litro, o meio litro ou o quarto de litro. Estas unidades de medida podem ser encontradas
facilmente em garrafas de água.
Por exemplo pode propor-se aos alunos que comparem a quantidade de água existente numa
garrafa de água de 1,5 litros com a que pode conter uma garrafa de 0,5 litros. Para o fazer podem
encher sucessivamente a garrafa de 0,5 litros com água, e despejá-la na garrafa de 1,5 litros. Esta
tarefa, para além de permitir desenvolver o processo de medição de capacidades pode ajudar a
estabelecer relações numéricas com números racionais na representação decimal, uma vez que os
alunos podem atribuir significado às seguintes expressões:
Figura 24
Contar o número de cubinhos que constituem cada um dos sólidos da figura anterior significa
calcular o seu volume, tomando como unidade de medida o volume do cubinho unitário.
Figura 25
Tabela 6
Cada unidade de medida de volume é mil vezes maior do que a unidade de medida seguinte e mil
vezes menor do que a unidade de medida anterior. Por exemplo,
1
1 m3 = 1000 dm3 1 m3 = dam3 0, 001dam3
1000
REPÚBLICA DE ANGOLA
196
8 GRANDEZAS E MEDIDA
Tabela 7
Quilolitro Hectolitro Decalitro Litro Decilitro Centilitro Mililitro
kl hl dal l dl cl ml
Cada unidade de medida de capacidade é dez vezes maior do que a unidade de medida seguinte e
dez vezes menor do que a unidade de medida anterior. Por exemplo,
1
1 l = 10 dl 1l= dal 0,1dal
10
A relação entre unidades de medida de volume e de capacidade pode ser estabelecida a partir de
experiências com água.
Pode encher-se com água um recipiente cúbico com 1 dm de aresta e perceber que a sua capacidade
corresponde a 1 litro, comparando-se esta com a capacidade de uma garrafa de água que contém
um litro de água. Esta experiência permite identificar a relação fundamental entre medidas de
volume e de capacidade.
1 dm3 = 1 l
Figura 26
A partir desta relação é possível fazer conversões entre unidades de medida de capacidade e de
volume.
Por exemplo se se quiser saber a capacidade, em litros, de um reservatório de água cujo volume é
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
igual a 27 m3, uma das maneiras de o fazer é exprimir primeiro este valor em dm3 e fazer depois
a conversão para litros.
27 m3 = 27000 dm3 = 27000 l
Por exemplo, ao observar os três cubos (figura 27) pode-se considerar como unidade de medida de
comprimento o comprimento da aresta do cubo pequeno e como unidade de medida de volume o
volume do mesmo cubo. Para calcular o volume dos outros dois cubos pode pensar-se em quantas
vezes cabe o cubo pequeno em cada um deles.
Ajuda pensar por ‘camadas’ para calcular o volume. No caso do segundo cubo, há 2 × 2 cubos em
cada ‘camada’, havendo um total de 8 cubos nas 2 ‘camadas’. Ou seja,
V = 2 × 2 × 2 = 8 ou V = 23
No caso do terceiro cubo há 3×3 cubos em cada ‘camada’, havendo 3 ‘camadas’, ou seja, o volume
pode ser calculado através da expressão
V = 3 × 3 × 3 = 27 ou V = 33
Figura 27
Podem construir-se mais cubos usando pequenos cubos de encaixe e calculando quantos cubinhos
são necessários em cada caso. A identificação de uma regularidade no total do número de cubos e
a sua relação com o valor da aresta, em cada caso, permite chegar à expressão que corresponde à
fórmula de cálculo do volume de um cubo.
V cubo = a × a × a, ou V cubo = a3, sendo a a medida do comprimento da aresta
O mesmo tipo de procedimento poderá conduzir os alunos a identificar uma expressão que permite
calcular o volume de um paralelepípedo. As figuras seguintes mostram dois paralelepípedos
construídos com pequenos cubos unitários.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 28 Figura 29
REPÚBLICA DE ANGOLA
198
8 GRANDEZAS E MEDIDA
Para calcular o seu volume podem contar- No segundo caso e seguindo o mesmo
se os cubinhos por ‘camadas’. No primeiro processo, verifica-se que em cada ‘camada’
caso, em cada ‘camada’ há 3 × 2 cubinhos, há 3 × 4 cubinhos, havendo 3 ‘camadas’.
havendo 4 ‘camadas’. Logo o volume, ou Logo o volume, ou seja, o número total
seja, o número total de cubos unitários de cubos unitários pode ser dado pela
pode ser dado pela expressão expressão
V paralelepípedo = 4 × 3 × 2 = 24 V paralelepípedo = 3 × 3 × 4 = 36
Frequentemente esta grandeza é confundida com a grandeza peso. Contudo, são grandezas
diferentes. A massa de um corpo é uma grandeza invariante enquanto o peso varia de acordo com
o lugar. Por exemplo, na Lua o peso de um corpo é aproximadamente seis vezes menor do que na
Terra.
O peso é uma grandeza que corresponde à força com que um corpo é atraído para
o centro da Terra (gravidade), ou seja, que é exercida sobre a massa de um corpo
submetida à atracção universal.
Ora a força da gravidade não é sempre igual em qualquer lugar da Terra ou da Lua e, por isso, a
mesma massa poderá ter um peso diferente, de acordo com o lugar onde se encontra. Ainda assim
fala-se muitas vezes em peso quando se quer referir a grandeza massa. Na escola primária, embora
os alunos não consigam ainda distinguir massa de peso o professor deve encorajá-los a usar o
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
termo massa.
Tal como acontece com as grandezas estudadas anteriormente, devem ser realizadas actividades
de comparação directa de massas, por exemplo usando as próprias mãos e colocando um objecto
em cada uma, ou recorrendo a uma balança de pratos iguais (figura 30).
Figura 30
Também devem ser efetuadas pesagens de objectos diversos usando unidades de medida informais,
tais como cubos de encaixe. Considerando a massa de um cubo de encaixe como unidade de
massa os alunos podem efectuar pesagens de vários objetos, usando uma balança de pratos iguais.
Em seguida poderão ordená-los, do que tem menor massa para o que tem maior massa.
Associada à grandeza massa muitos alunos têm a concepção errónea que grandes
objectos têm uma maior massa do que objetos mais pequenos. Cabe ao professor
desmistificar essa concepção, propondo actividades em que os alunos comparam
massas de diferentes objectos com tamanhos diversos. Por exemplo, podem
comparar objectos com a mesma forma e tamanho e identificar o que tem maior
ou menor massa. Podem ainda comparar objectos de diferentes tamanhos, dos
quais o de maior tamanho é mais leve do que o mais pequeno.
Mais tarde, quando forem introduzidas as unidades padronizadas SI poder-se-á usar o quilograma
ou mesmo uma parte do quilograma (por exemplo meio quilograma ou um quarto de quilograma)
como unidade de medida de massa para comparar com a massa de objectos variados.
Tabela 7
Múltiplos do quilograma
Dezena de
Tonelada Quintal quilograma ou
decaquilograma
Quilograma t q dakg
Kg
Submúltiplos do quilograma
hg dag gd dg cg mg
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Devem ser feitas experiências de pesagem usando diferentes balanças, embora as actividades
iniciais devam ser feitas com balanças de pratos iguais, de modo a proporcionar a comparação
directa entre objectos com diferentes massas ou comparações indirectas de objectos relativamente
às suas massas, recorrendo a unidades de medida de massa informais ou convencionais (pesos de
diferentes massas).
Hoje em dia existem variadas balanças, umas mais sofisticadas que outras. Com excepção das
balanças de dois pratos todas as outras têm um mostrador que indica a massa do objecto ou
através de um ponteiro ou de um número que aparece no visor (balanças digitais - figura 31).
REPÚBLICA DE ANGOLA
200
8 GRANDEZAS E MEDIDA
Embora este tipo de balanças não seja apropriado para desenvolver a ideia de massa ou do que
significa medir a massa de um objecto, são importantes para mais tarde, os alunos perceberem
que a cada pesagem corresponde um número e para atribuírem significado às unidades de medida
de massa padronizadas.
Figura 31
− Quatro pacotes de 250 gramas de um certo produto têm a mesma quantidade (a mesma
massa) do que dois de 500 gramas ou do que um de 1 kg, ou seja,
4 × 250 g = 2 × 500 g = 1 × 1000 g = 1 kg
− Oito pacotes de 125 gramas de um certo produto têm a mesma quantidade (a mesma
massa) do que quatro de 250 gramas, ou seja,
8 × 125 g = 4 × 250 g
O tempo é uma grandeza um pouco diferente das estudadas anteriormente e dif ícil
de compreender. É uma grandeza complicada de perceber pelas crianças uma vez
que não é tangível (ou seja, não se pode tocar) e só se percepciona o tempo e a sua
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Um dos acontecimentos mais óbvio que está associado à sua medida é a sucessão dos dias e das
noites: a seguir ao dia sucede-se a noite e assim sucessivamente.
Dadas as características específicas da grandeza tempo não é possível desenvolver actividades de
comparação directa. As crianças só se apercebem desta grandeza e do que significa medir o tempo
quando começam a compreender que os acontecimentos são separados por intervalos de tempo,
ou seja, que existe uma regularidade na passagem do tempo.
Figura 32
As expressões anteriores apelam a diferentes medidas de tempo que as crianças precisam de
compreender e relacionar entre si antes de as trabalharem formalmente ou de recorrerem a um
instrumento de medida de tempo.
Figura 33
Tal como no trabalho com as grandezas estudadas anteriormente, os alunos podem comparar
directamente a amplitude de ângulos, sobrepondo-os. Também podem considerar a ter a amplitude
de um certo ângulo (por exemplo, a amplitude de um ângulo recto) como unidade de medida de
referência e, a partir daí, identificarem se um dado ângulo tem uma amplitude maior, menor ou
REPÚBLICA DE ANGOLA
202
8 GRANDEZAS E MEDIDA
O ângulo recto pode ser definido como um dos quatro ângulos geometricamente
iguais determinado por duas rectas perpendiculares.
Na sala de aula este pode ser construído a partir de uma folha de papel A4 que
se dobra segundo o seu comprimento e a sua largura, tal como mostra a figura
Figura 34
Figura 35
Nas classes mais avançadas do Ensino Primário associa-se a amplitude de ângulos ao sistema
sexagesimal. Este sistema parece ter sido construído pelos astrónomos Babilónios, que usaram
uma medida de amplitude de ângulos baseada na divisão de um círculo em 12 sectores circulares
iguais, cada um com uma amplitude de 300.
Deste modo a amplitude do ângulo recto é igual a 900, a amplitude um ângulo raso é 1800 e de
um ângulo giro é 3600. Depois de introduzidas estas unidades de medida de referência, pode
ser importante, em alguns casos, determinar a amplitude de um ângulo usando um instrumento
de medida. O mais conhecido é o transferidor, que de modo a ser utilizado corretamente, exige
seguir um conjunto de procedimentos, tal como se mostra nas figuras 36 e 37.
Deve começar por se colocar o vértice do ângulo no centro do transferidor e ao mesmo tempo
alinhar o zero do transferidor com um dos lados do ângulo. A intersecção da escala do transferidor
com o outro lado do ângulo indica a sua amplitude, neste caso 700. Uma vez que os transferidores
têm marcadas duas escalas é preciso ter em atenção qual é a correcta em cada situação. Na figura
da esquerda é a escala exterior que indica a amplitude do ângulo. Na figura da direita é a escala
interior que nos indica a amplitude.
Figura 36 Figura 37
Mais do que medir amplitudes de ângulos por si só, é fundamental que os alunos
ao identificarem as características e propriedades de diferentes polígonos sejam
capazes, também, de reconhecer as características dos seus ângulos internos,
identificando as suas amplitudes.
1. A aprendizagem do processo de medição de uma grandeza inclui vários aspectos. Explicite quais,
concretizando para o caso da grandeza área.
2. O desenvolvimento do sentido de medida inclui um conjunto de etapas. Explicite quais,
concretizando para o caso da grandeza comprimento.
3. Indique uma actividade de comparação directa associada à grandeza comprimento. Explique
como a proporia aos seus alunos.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
206
9 TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS
1. Transformações geometricas
1.1. Noção de transformação geométrica
1.2. Isometrias: rotação, translação e reflexão
1.3. Noção de simetria
1.4. Simetria de reflexão, de rotação e de translação
2. Questões de auto-avaliação para o professor
3. Glossário de termos-chave introduzidos no capítulo
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
208
9 TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS
Figura 1
Quando há uma correspondência entre pontos do plano que tem estas características, dizemos
que estamos perante uma transformação geométrica.
de P é P’ e que P’’ é o transformado ou imagem de P através de uma outra transformação que faz
corresponder a qualquer ponto da imagem A um e um só ponto da imagem C.
As figuras representadas pelas imagens A, B e C não são congruentes pois não se podem fazer
coincidir ponto por ponto. No entanto, têm a mesma forma: são ampliações ou reduções umas das
outras. Figuras que têm a mesma forma designam-se por figuras semelhantes. Em Matemática,
para duas figuras serem semelhantes não basta que se pareçam um pouco uma com a outra, ou
seja, a palavra semelhante tem um significado diferente daquele que, usualmente, se lhe atribui no
dia a dia.
Se duas figuras são geometricamente iguais, há sempre uma isometria que transforma uma na
outra. Há, no entanto, vários tipos de isometrias. Observemos, por exemplo, a figura 2 em que
todas as representações dos elefantes são congruentes. Apesar desta congruência, as figuras estão
REPÚBLICA DE ANGOLA
210
9 TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS
em posições muito diferentes. Por exemplo, o elefante A parece que deslizou um pouco, andando
em frente, até ocupar a posição do elefante B; o C parece a imagem de B reflectida num espelho; o
F parece que rodou 90 graus relativamente ao B; o H também parece poder obter-se rodando 180
graus o G.
Figura 2
Estes aparentes movimentos dos elefantes estão relacionados com diferentes tipos de isometrias.
Podem distinguir-se três tipos fundamentais: (a) Rotação; (b) Translação; e (c) Reflexão. Vejamos
o que caracteriza cada uma destas isometrias.
Figura5
Além disso, consideramos que o ângulo está orientado no sentido do movimento dos ponteiros do
relógio que se designa por sentido horário ou sentido negativo. Para indicarmos que um ângulo
tem sentido negativo usamos o sinal menos. Há, assim, uma rotação de centro O e amplitude -900
que faz corresponder a cada um dos pontos do ponteiro do relógio quando este indica meio dia,
um e um só ponto do ponteiro do relógio quando são 3 da tarde.
Assim sendo, o ângulo formado pelo segmento que representa a porta fechada (segmento de
extremos V e X) e pelo que representa a mesma porta na posição máxima de abertura possível
(segmento de extremos V e X’) tem como lado origem a semi-recta que começa em V e passa X
e como lado extremidade a semi-recta que começa em V e passa por X’. Consideramos que este
ângulo está orientado no sentido anti-horário ou sentido positivo. Portanto, podemos afirmar que
REPÚBLICA DE ANGOLA
212
9 TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS
há uma rotação de centro V e amplitude +900 (ou simplesmente 900) que transforma cada ponto
da porta fechada (segmento [V X]) num e num só ponto da porta aberta (segmento [V X’]).
caso da figura 8.
Figura 8
REPÚBLICA DE ANGOLA GEOMETRIA E MEDIDA
213
Transformações geométricas
G JJJG
A soma de um ponto X com um vector v é um ponto Y tal que XY vG . A soma do
G G
ponto X com o vector v representa-se por: X v Y .
G
Se aplicarmos o vector u a qualquer outro ponto do peixe da esquerda obtemos sempre um ponto
G G
do peixe da direita. Por exemplo, B u Bc e C u C c . Assim, a correspondência entre estes
G
dois peixes é a translação associada ao vector u . A uma translação está sempre associado um
vector. É ele que nos indica a direcção, o sentido e o comprimento dos segmentos de recta
orientados cujos extremos são pontos da figura original e respectivas imagens.
G
Translação definida pelo vector v é
uma transformação geométrica em que
cada ponto O do plano é transformado
num outro ponto O’ (imagem de O) de
tal modo que O’ é igual à soma de O
G G
com v , ou seja O ' O v ,
Na figura 9, F’ é a imagem de F obtida a
partir da translação associada ao vector
G
v . As figuras F e F’ são geometricamente
iguais.
Figura 9
Figura 10
REPÚBLICA DE ANGOLA
214
9 TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS
Figura 12
Figura 14
A maior parte das pessoas tem um sentido intuitivo de simetria. Por exemplo, quando somos
confrontados com imagens conseguimos dizer se elas têm, ou não, simetria e até sabemos se ela nos
agrada ou se, pelo contrário, preferíamos a introdução de um elemento que quebrasse a simetria.
Por exemplo, descontando as imperfeições próprias da natureza das coisas reais, é muito provável
que não hesitássemos em dizer que a flor azul, o cesto com flores e o fruto verde têm simetria mas
que a flor cor de laranja, o pensador e o jarro com flores roxas não têm simetria. Poderíamos ficar
na dúvida, no entanto, relativamente à flor cor de rosa. Por um lado, se usarmos para a analisar
o conceito de simetria axial que, como vimos, é uma designação por vezes usada para designar
uma reflexão, diremos que flor cor de rosa não tem simetria. Por outro lado, percebemos que há,
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
também, nesta figura uma certa regularidade, um certo equilíbrio, algo que se repete, e a simetria,
em Matemática, tem a ver com estas características.
Afinal, de que falamos quando falamos em simetria? Esta noção, embora sendo essencial em
Matemática, não é exclusiva deste campo. Há muitas outras áreas do saber em que é de extrema
importância. Na realidade, a simetria é uma ideia que o ser humano tem usado ao longo dos
tempos para tentar encontrar ordem no caos, para criar beleza e perfeição. O Taj Mahal, um
mausoléu construído na Índia no século XVII e classificado pela Unesco como Património da
Humanidade, é um exemplo desta busca de equilíbrio e harmonia (figura 15).
REPÚBLICA DE ANGOLA
216
9 TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS
Figura 15
Simetria de uma figura F é uma particularidade desta figura. Significa que existe,
pelo menos, uma isometria do plano que deixa a figura F invariante, isto é, a
imagem da figura através desta isometria coincide com F.
Nesta última, a imagem de G, O e H são os próprios pontos pois estão sobre o eixo de reflexão
GH; a imagem de A é B e reciprocamente, a imagem de F é C e reciprocamente, e a imagem de E
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
é D e reciprocamente.
Quanto às rotações, todas têm centro O (ponto resultante da intersecção das diagonais do
hexágono) mas os ângulos de rotação podem estar orientados quer no sentido positivo quer
negativo e podem ter várias amplitudes. Por exemplo, numa rotação de centro O, cujo ângulo de
rotação está orientado no sentido positivo e tem de amplitude 60 graus, o ponto C é transformado
em B, o B em A, o A em F, o F em E, o E em D e o D em C, ou seja, a imagem de qualquer vértice do
hexágono é outro vértice do hexágono; o mesmo se passa com todos os outros pontos desta figura.
Uma figura tem simetria de reflexão (ou simetria axial) quando existe, pelo menos,
uma reflexão que deixa a figura globalmente invariante.
− Se conseguirmos dobrar a figura de tal modo que as duas partes obtidas se sobreponham
exactamente;
− Se conseguirmos colocar um espelho sobre a figura de modo a que a junção da parte
reflectida com a não reflectida seja exactamente igual à figura toda;
− Se recortarmos a figura e conseguirmos preencher exactamente o buraco que fica na
folha com a parte recortada mas virada ao contrário (com a parte de baixo do papel
virada para cima).
Por vezes, a simetria de reflexão é designada por simetria axial; o eixo de reflexão também se pode
designar por eixo de simetria ou linha de simetria.
Figura 17
Na figura 18, a “boneca” e o azulejo são exemplos de figuras que têm simetria axial. As rectas r e s
são eixos de simetria de cada uma.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 18
REPÚBLICA DE ANGOLA
218
9 TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS
Uma figura tem simetria de rotação (ou simetria rotacional) quando existe, pelo
menos, uma rotação com uma amplitude superior a 0 graus e inferior a 360 graus
que deixa a figura globalmente invariante. Só neste caso se considera, também,
uma simetria rotacional associada a um ângulo de 360 graus.
Figura 19
Consideremos a figura 20 em que está representada uma imagem que designaremos por
“ventoinha”. Que simetrias rotacionais tem a “ventoinha” suponto que C designa o centro da
simetria de rotação — o ponto em torno do qual a figura “roda” — e que o ângulo de rotação está
orientado no sentido positivo?
Figura 20
A figura 21 mostra que há quatro simetrias rotacionais. Nesta figura, cada uma das partes que
compõe a “ventoinha” foi numerada usando os algarismos de 1 a 4.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 21
Na tabela 1 podemos observar qual a imagem de cada uma destas partes através das referidas
simetrias.
Tabela 1
Imagens das
Partes da
Simetrias rotacionais partes da
“ventoinha”
“ventoinha
1 2
Rotação de centro C e medida 2 3
90 graus (um quarto de volta) 3 4
4 1
1 3
Rotação de centro C e medida 2 4
180 graus (meia volta) 3 1
4 2
1 4
Rotação de centro C e medida 2 1
270 graus (três quartos de volta) 3 2
4 3
1 1
Rotação de centro C e medida 2 2
360 graus (uma volta) 3 3
4 4
Uma figura tem simetria de translação quando existe, pelo menos, uma translação
que deixa a figura globalmente invariante.
Figura 22
REPÚBLICA DE ANGOLA
220
9 TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS
Tal como acontece com o exemplo apresentado na figura 22, uma figura só tem simetrias de
translação se for infinita. Caso contrário, não tem este tipo de simetria.
Se consideramos os três tipos de simetria apresentados, quantas simetrias tem um quadrado? Não
tem simetrias de translação, precisamente porque não é uma figura infinita embora seja formada
por um número infinito de pontos. Resta, portanto, analisar se tem simetrias de reflexão e simetrias
de rotação. Observando a figura 23, constatamos que o quadrado [ABCD] tem quatro simetrias
de reflexão: os eixos de simetria de duas delas são as rectas que contêm as diagonais do polígono
(rectas BD e AC); os eixos de simetria das outras duas são as rectas que passam pelos pontos
médios dos lados opostos. Além disso, o quadrado tem, também, quatro simetrias rotacionais
cujo centro é o ponto de intersecção das suas diagonais. Se consideramos ângulos orientados no
sentido positivo, as suas amplitudes são 90 graus, 180 graus, 270 graus e 360 graus. Por exemplo,
na simetria rotacional de centro O e amplitude 90 graus (figura 24), a imagem do ponto O é O, e
as imagens dos pontos A, B, C e D são, respectivamente, os pontos B, C, D e A.
Figura 23 Figura 24
1. A figura P, representada na figura 25, foi construída usando cinco quadradrinhos: o segmento
de recta que corresponde ao lado menor desta figura é igual ao lado de um quadradinho. Na
figura Q o comprimento do segmento de recta [MN] é igual a três vezes o comprimento do
lado de um quadradinho. Qualquer outro dos restantes lados da figura Q é, também, três
vezes maior do que o lado correspondente da figura P.
Figura 25
Figura 26
3. Na figura 27 estão representadas seis figuras e uma recta horizontal r. Identifique quais das
figuras representadas abaixo desta recta são imagens das desenhadas acima da recta através
de uma reflexão de eixo r.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 27
REPÚBLICA DE ANGOLA
222
9 4.
TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS
Figura 28
Figura 29
6. Qual das duas figuras representadas na figura 30 tem centro de simetria mas não tem eixo
de simetria? Porquê?
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 30
7. Identifique simetrias em cada uma das figuras representadas na figura 31. Note que na figura
I, os traços verticais coloridos a cinzento indicam que a figura se prolonga indefinidamente
para a direita e para a esquerda.
REPÚBLICA DE ANGOLA GEOMETRIA E MEDIDA
223
Transformações geométricas
Figura 31
Ângulo de rotação: Ângulo orientado cujos lados são semi-rectas com origem no centro de
rotação e que passam pelo ponto que vai ser transformado através da rotação (lado origem do
ângulo) e pela respectiva imagem (lado extremidade do ângulo).
Centro de rotação: Vértice do ângulo de rotação.
Eixo de simetria de uma figura: Recta que divide a figura ao meio de tal modo que metade da
figura é a reflexão da outra metade.
Figura com simetria(s): Existe pelo menos uma isometria do plano que deixa a figura globalmente
invariante, isto é, a imagem da figura através desta isometria coincide com ela própria; alguns ou
todos dos seus pontos podem mudar de posição, mas a figura original e a sua imagem, através da
isometria, são geometricamente iguais e, além disso, ocupam a mesma posição no plano.
Figura com simetria(s) de reflexão ou simetria axial: Há, pelo menos, uma reflexão que deixa a
figura globalmente invariante.
Figura com simetria(s) de rotação ou simetria rotacional: Há, pelo menos, uma rotação com
uma amplitude superior a 0 graus e inferior a 360 graus que deixa a figura globalmente invariante.
Só neste caso se considera, também, uma simetria rotacional associada a um ângulo de 360 graus.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura com simetria(s) de translação: Há, pelo menos, uma translação que deixa a figura
globalmente invariante. Uma figura só tem simetria de translação se for infinita.
Figuras semelhantes: São figuras que têm a mesma forma embora possam não ser geometricamente
iguais. Se as figuras P e Q são semelhantes, então (a) a cada segmento, vértice e ângulo de P
corresponde, respectivamente, um e um só segmento, vértice e ângulo de Q; (b) há uma razão
constante entre o comprimento de cada segmento de Q e o original desse segmento em P; (c) cada
ângulo da figura P é igual ao ângulo correspondente da figura Q.
REPÚBLICA DE ANGOLA
224
9 TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS
REPÚBLICA DE ANGOLA
226
10 ESTATÍSTICA
1. Estatística
1.1. Introdução
1.2. População e amostra
1.3. Unidade observacional, variável estatística e dado estatístico
1.4. Classificação de variáveis estatísticas
1.5. Etapas de um estudo estatístico e tarefas de investigação estatística
1.6. Diagrama de Venn e diagrama de Carroll
1.7. Tally chart, diagrama de caule-e-folhas e tabelas de frequências (absolutas
e relativas)
1.8. Pictograma
1.9. Gráfico de barras
1.10. Gráfico circular
1.11. Moda
1.12. Média
1.13. Mediana
2. Questões de auto-avaliação para o professor
3. Glossário de termos-chave introduzidos no capítulo
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
228
10 ESTATÍSTICA
INTRODUÇÃO
O termo Estatística deriva do latim da palavra “estado” e, inicialmente, surge associado ao registo
de dados sobre grupos de indivíduos para tomar decisões importantes relacionadas com o Estado
(por exemplo, número de habitantes de um determinado país, número de casamentos, número
de filhos, etc.). Actualmente, a Estatística é uma ciência que dispõe de processos apropriados
para recolher, organizar, classificar, apresentar e interpretar conjuntos de dados relacionados
com diversos fenómenos, tendo como objectivo a compreensão aprofundada desses fenómenos.
É aplicada a diversas áreas do conhecimento humano como, por exemplo, Genética, Economia,
Ciências Sociais, Engenharias, Medicina, Biologia, Psicologia, etc.
Um estudo estatístico é um processo que, usualmente, segue um conjunto de etapas. Não só é
importante que os alunos compreendam essas etapas como também tenham a oportunidade
de as vivenciar. Assim, o objectivo central do ensino da Estatística deve ser ajudar os alunos a
planearem e a desenvolverem algo muito próximo de um estudo estatístico. É neste contexto que
se perspectiva a aprendizagem da representação de dados em tabelas e gráficos e do cálculo de
medidas estatísticas como a moda, a média e a mediana. Tal não impede que sejam realizadas
tarefas que visem especificamente desenvolver a aprendizagem destes procedimentos e conteúdos.
Naturalmente que as tarefas de investigação estatística devem apresentar níveis de dificuldade
e de profundidade consoante a classe em que os alunos se encontram. Nos primeiros anos de
aprendizagem da Estatística, a formulação das questões a investigar exigem uma maior orientação
do professor e é natural que os alunos se sintam mais confiantes em centrar-se em situações
relacionadas com a turma (por exemplo, estudos sobre a cor preferida, os animais preferidos, o
número de letras dos nomes, etc.). À medida que os alunos vão progredindo na sua escolaridade,
é espectável que surja um maior interesse em realizarem estudos que extrapolem os elementos da
turma e mostrem mais autonomia na formulação de questões de investigação estatística.
Progressivamente, vão também aprendendo a construir e a analisar diferentes formas de
representação dos dados (como, por exemplo, tabelas, pictogramas, gráficos de barras e gráficos
circulares) e a calcularem e interpretarem medidas estatísticas, tais como, moda, média e mediana.
Uma população pode ser finita ou infinita. Diz-se finita quando podemos determinar o seu número
de elementos. Por exemplo, se considerarmos como população os habitantes de uma cidade,
estamos perante uma população finita. Já se considerarmos os resultados obtidos em sucessivos
lançamentos de um dado, estamos perante uma população infinita.
Ao número de elementos de uma população finita chamamos efectivo da população.
Imaginemos, por exemplo, que se pretende estudar as classificações obtidas no teste de Matemática
dos alunos da turma A, constituída por 26 alunos. Neste caso, os alunos da turma A são a população
do estudo e o efectivo da população é 26.
Também os chamados “Censos” realizados, de quatro em quatro anos, em alguns países é um
exemplo de um estudo estatístico que observa toda a população e no qual se recolhe diversa
informação sobre todos os seus habitantes (estado civil, número de filhos, número de pessoas que
habitam na mesma casa, etc.). Os habitantes do país onde este estudo ocorre é a população e o seu
número corresponde ao efectivo da população.
Como geralmente é dif ícil e, por vezes, impossível estudar todos os elementos da população,
recorre-se a uma amostra, ou seja, selecciona-se um subconjunto da população, mantendo o
objectivo de se tirar conclusões sobre a população. O número de elementos de uma amostra
designa-se por dimensão da amostra.
Há vários motivos que nos conduzem a recorrer a uma amostra. Para além da comodidade, da
economia de tempo e da redução de custos, há situações em que se torna obrigatório recorrer
a uma amostra – quando a população é infinita e quando estamos perante a possibilidade de
destruição do objecto de experimentação.
Relativamente a esta última situação, imaginemos que pretendemos fazer um estudo sobre
a qualidade dos bolos produzidos por uma determinada fábrica. Na impossibilidade de
experimentarmos todos os bolos produzidos, pois “destruiríamos” a população em estudo,
teremos de recorrer a uma amostra.
Imaginemos, por exemplo, que se perguntou a 25 alunos de uma escola (com 100 alunos) qual é
o seu animal preferido. Neste caso, estamos perante um estudo que recorre a uma amostra. Os
alunos que foram inquiridos constituem a amostra e 25 é a sua dimensão.
Também as chamadas “Sondagens à boca das urnas” realizadas durante o dia de eleição, por
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
230
10 ESTATÍSTICA
Tanto num estudo que envolve a observação da população como de uma amostra, a cada pessoa
ou objecto observado, designamos por unidade observacional. Voltemos ao exemplo da secção
anterior em que se inquiriram 25 alunos de uma escola com o objectivo de se saber qual é o seu
animal preferido. Neste caso, a unidade observacional será cada aluno.
Vejamos agora uma das noções mais importantes na Estatística – a noção de variável estatística.
Uma variável estatística corresponde à propriedade ou característica que se pretende estudar
numa população.
Assim, no exemplo considerado acima, a variável estatística é o animal preferido. Neste caso, são-
lhe atribuídas categorias (por exemplo, cão, gato, cavalo, etc.).
Imaginemos agora que pretendemos estudar o número de irmãos que cada um dos alunos tem.
Neste caso, a variável estatística é o número de irmãos e são-lhe atribuídos números (por exemplo,
0, 1, 2, etc.).
A uma variável estatística pode, assim, ser-lhe atribuías categorias ou números, consoante o tipo
de variável em estudo. Os tipos de variáveis serão objecto de uma discussão mais aprofundada na
secção seguinte.
Um dos aspectos em relação ao qual alguns alunos revelam alguma dificuldade é a distinção entre
variável estatística e dado estatístico (que, habitualmente, se designa simplesmente por dado).
Um dado estatístico corresponde a cada um dos valores da variável estatística (expressos em
categorias ou números) observados em cada elemento da população ou amostra (caso se trate
de um estudo que envolva a observação de todos os elementos da população ou da amostra,
respectivamente). Deste modo podemos afirmar que cada dado corresponde a uma concretização
da variável estatística.
Assim, no estudo em que se inquiriu 25 alunos sobre o seu animal preferido, cada uma das
seguintes palavras corresponde a um dado.
Cão Leão Leão Cão Cão Cão Gato Cão Cavalo Cavalo
Gato Cavalo Cão Leão Cavalo Gato Cão Gato Gato Gato
Leão Cavalo Cavalo Cavalo Gato
No estudo em que se inquiriu 25 alunos sobre o número de irmãos, cada um dos seguintes números
corresponde a um dado.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
1 2 4 4 5 0 1 2 3 3
6 5 1 5 1 7 5 6 0 2
4 6 6 5 5
Estes dois grupos constituem o conjunto de dados dos respectivos estudos.
Figura 1
REPÚBLICA DE ANGOLA
232
10 ESTATÍSTICA
Para poderem tomar decisões adequadas no que respeita aos modos de organizar os dados, é
essencial que os alunos se apercebam da natureza dos mesmos. Para tal, é importante que sejam
envolvidos em processos de recolha de dados, pois ao participarem neste processo apercebem-se
mais facilmente do tipo de variável em estudo.
Por exemplo, os alunos podem ser convidados a recolher dados relativos a diferentes características
relacionadas com os elementos da turma, nomeadamente:
− a cor dos olhos;
− o número de vogais do nome;
− a altura (em centímetros);
− a brincadeira preferida.
Para estudarem a cor dos olhos ou a brincadeira preferida, os alunos não podem nem medir nem
contar. Nestas situações, apenas têm de identificar qualidades ou atributos. No caso da cor dos
olhos identificam se são verdes, azuis, pretos ou castanhos. E, no caso da brincadeira preferida,
obtêm respostas do tipo “jogar à bola”, “brincar às escondidas”, “saltar à corda”, etc. Tratam-se,
assim, de variáveis qualitativas.
Para recolherem os dados sobre o número de vogais do nome, os alunos têm de contar, pelo que
estão perante uma variável quantitativa discreta. Já o processo de recolha de dados relativo à
altura envolve a medição, pelo que a altura é uma variável quantitativa contínua.
O importante não é focar o trabalho em torno da designação das variáveis. O que é fundamental
é que os alunos se apercebam da natureza dos dados com que estão a lidar pois, como veremos
mais à frente neste capítulo, em algumas situações, o modo como se organizam os dados depende
dessa natureza. Por exemplo, um pictograma não é uma representação gráfica adequada para
representar dados quantitativos, sejam eles discretos ou contínuos.
No caso de se optar por uma amostra, e após recolhidos os dados, é importante organizá-los e
tratá-los. Esta etapa corresponde ao que se designa por estatística descritiva, ou seja, a todo o
trabalho de organização de dados em tabelas e/ou gráficos, ao cálculo de medidas estatísticas
(como, por exemplo, a moda, a média e a mediana) e à descrição e análise das tabelas e/ou
gráficos e das medidas estatísticas. É através desta análise que se produzem conclusões sobre as
características da amostra.
Em seguida procura-se compreender como usar os dados para tentar obter conclusões acerca da
população. Trata-se de encontrar possíveis modelos probabilísticos que expliquem como os dados
referentes à população se relacionam entre si e se distribuem. Esta etapa corresponde ao que se
designa por estatística indutiva e visa produzir conclusões sobre as características da população.
Esta etapa de um estudo estatístico não será objecto de estudo neste documento.
É de salientar que quando o estudo estatístico envolve todos os elementos da população (ou seja,
quando não se opta por recorrer a uma amostra), todo o trabalho em torno dos dados situa-se no
âmbito da estatística descritiva.
O esquema da figura 2 resume as várias etapas de um estudo estatístico acima descritas.
Figura 2
Tal como um estudo estatístico, uma tarefa de investigação estatística para ser realizada pelos
alunos realiza-se em diversas etapas. Ela deve nascer de uma área de interesse dos alunos,
resultante da sua curiosidade sobre algum assunto ou da necessidade de investigarem algo. Este
será o ponto de partida para a formulação de uma questão ou de questões para investigar e que
corresponde à primeira etapa de uma investigação estatística.
A segunda etapa envolve a selecção das técnicas de recolha de dados (por exemplo, questionários,
observação de características que pretendemos estudar relativas aos elementos da população ou
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Desde cedo que os alunos são convidados a organizar dados ou lidam com formas de organização
de dados. Por exemplo, no Pré-escolar quando desenvolvem actividades de classificação e na 1ª
classe do ensino Primário quando resolvem tarefas que visam o reconhecimento de elementos de
um conjunto e das propriedades comuns a um conjunto.
Uma das formas de representação de dados associada a tarefas de classificação usadas pelas
crianças que pode ser usada no pré-escolar e nas primeiras classes é a construção de diagramas
de Venn. Neste tipo de diagrama, todos os elementos com a mesma propriedade ou atributo são
circundados por uma mesma linha fechada, formando conjuntos.
Imaginemos que se está a estudar a cor dos olhos das crianças de uma turma com 20 alunos. Para
organizar os elementos de acordo com o atributo “cor dos olhos”, podem ser construídas quatro
linhas fechadas, como mostra a Figura 3. Note que o rectângulo representa todo o conjunto a ser
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
classificado.
Figura 3
Observe-se que, neste caso, o processo de classificação deu origem a conjuntos disjuntos, ou seja,
conjuntos que não têm elementos comuns. A sua intersecção é, pois, o conjunto vazio.
É também de salientar que o processo de classificação, para além de constituir uma forma de
organizar os elementos com um mesmo atributo (neste caso com a mesma cor de olhos), envolve
outras noções estatísticas, ainda que de forma intuitiva. A turma corresponde à população em
estudo, o efectivo da população é 20, a variável em estudo é a cor dos olhos e os valores assumidos
pela variável (que neste caso são categorias) são: “olhos castanhos”, “olhos azuis”, “olhos verdes” e
“olhos pretos”. Mais, se contarmos o número de elementos de cada conjunto teremos as frequências
absolutas associadas a cada uma das categorias. A noção de frequência absoluta será abordada
numa secção posterior.
Vejamos como deverá ser construído o diagrama de Venn, caso a nossa pretensão seja apenas
saber quem são os alunos com olhos pretos (ver Figura 4). Nesta situação, todos os alunos que não
têm olhos pretos devem ser colocados fora da linha circular fechada, mas dentro do rectângulo,
pois este deve incluir todos os elementos estudados (que, neste caso, são os alunos da turma).
Figura 4
Figura 5
REPÚBLICA DE ANGOLA
236
10 ESTATÍSTICA
Imaginemos que queremos construir um diagrama deste tipo relativo aos alunos da mesma turma
acima referida, partindo dos atributos ter olhos pretos/não ter olhos pretos e ser rapaz/não ser
rapaz. A Figura 6 mostra a construção deste diagrama.
Figura 6
Tal como se pode observar no diagrama da Figura 6, as linhas representam a existência ou não de
olhos pretos e as colunas representam ser ou não ser rapaz.
Repare que, também nesta situação, ficam representados 4 subconjuntos do conjunto formado
por todos os elementos da turma:
− na primeira linha e primeira coluna temos o subconjunto formado pelos elementos que
são rapazes e têm olhos pretos;
− na primeira linha e segunda coluna temos o subconjunto formado pelos elementos que
não são rapazes e têm olhos pretos;
− na segunda linha e segunda coluna temos o subconjunto dos que são rapazes e não têm
olhos pretos;
− na segunda linha e segunda coluna temos o subconjunto dos que são não rapazes e não
têm olhos pretos.
Em Estatística são usadas diversas formas de organização de dados. Como foi já referido
anteriormente, a escolha do tipo de representação dos dados depende da natureza dos dados.
Nas próximas secções apresentamos algumas formas de representação dos dados, nomeadamente
tabelas de frequências, diagramas de caule-e-folhas, pictogramas, gráficos de barras e gráficos
circulares.
Os dados podem ser recolhidos através de questionários ou mesmo através de perguntas diretas.
Quer num caso, como no outro, pode ser obtido um número significativo de dados que necessitam
de ser organizados.
Uma das representações, muito simples, que podemos utilizar para ir registando os dados é o tally
chart. Trata-se, sobretudo, de um esquema de contagem gráfica.
Vejamos, então, como se usa este processo. Imaginemos que queremos estudar qual é o mês de
aniversário de uma turma (com 34 alunos). Os alunos poderão ir, um a um, ao quadro, registar o
seu mês de aniversário procedendo do seguinte modo:
Depois de este processo estar concluído, ter-se-á obtido o registo como o da Figura 8. A partir
deste registo, poderá ser construída a respectiva tabela de frequências (absolutas), como mostra
a Figura 9.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 8 Figura 9
REPÚBLICA DE ANGOLA
238
10 ESTATÍSTICA
Uma tabela de frequências reflecte a forma como os dados, relativos a uma determinada variável
em estudo, se distribuem. A primeira coluna da tabela da Figura 9 corresponde aos valores que a
variável em estudo pode assumir (categorias). Neste exemplo, são categorias pois trata-se de uma
variável qualitativa, correspondendo a meses do ano.
Na segunda coluna da tabela da Figura 9 é colocado o número de alunos que fazem anos em cada
um dos meses registados na primeira coluna. Ou seja, estes números representam o número de
vezes que se repete cada um dos valores da variável e designam-se por frequências absolutas.
Por exemplo:
− 2 é a frequência absoluta correspondente ao mês de junho,
− 3 é a frequência absoluta correspondente ao mês de setembro,
− 1 é a frequência absoluta correspondente ao mês de maio, e assim, sucessivamente.
− Os meses em que não existem alunos a fazer anos têm frequência zero.
Como podemos observar na tabela da Figura 9, se adicionarmos todas as frequências absolutas
obtemos o número total dos alunos da turma (que são 34), ou seja, obtemos o efectivo da população.
Estudemos, agora, o número de irmãos dos alunos de duas turmas, A e B, que têm, no total, 50
alunos. Os dados recolhidos são os seguintes:
3 4 0 5 2 4 4 1 4 3
4 3 5 2 3 3 4 4 3 4
4 2 4 5 4 1 2 3 1 3
2 4 3 0 5 4 5 1 3 5
3 4 4 4 2 5 5 5 3 5
Para organizarmos os dados, tal como fizemos no exemplo anterior, podemos começar por
construir um tally chart (ver Figura 10). Na sua construção, para não nos perdemos, podemos ir
riscando os dados à medida que os vamos contabilizando (ver riscos a vermelho no conjunto de
dados).
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 10 Figura 11
Quando os alunos já conhecem fracções ou números decimais, podem ser incluídas, numa terceira
coluna na tabela de frequências, as frequências relativas. Este tipo de frequências corresponde
ao quociente entre a frequência absoluta com que cada valor da variável ocorre e o efectivo da
população (ou a dimensão da amostra).
Assim, podemos dizer que as frequências relativas permitem comparar o número de vezes que
cada um dos valores da variável se repete com o número total de elementos da população ou da
amostra.
REPÚBLICA DE ANGOLA
240
10 ESTATÍSTICA
Retomemos os dados da tabela da Figura 11. Por exemplo, a frequência relativa que corresponde
12
a 3 irmãos é =0,24. A frequência relativa que corresponde a 5 irmãos é 13 =0,26.
50 50
As frequências relativas podem também ser representadas em percentagem. Podemos, então,
afirmar que 24% dos alunos estudados têm 3 irmãos e que 26% têm 5 irmãos.
A Figura 12 apresenta a tabela das frequências (absolutas e relativas) do estudo do número de
irmãos das turmas A e B, acima referido.
Nº de alunos
Nº de irmãos
(Frequências Frequências relativas
(classes)
absolutas)
2
0 2 0, 04 4%
50
4
1 4 0, 08 8%
50
6
2 6 0,12 12%
50
12
3 12 0, 24 24%
50
13
4 13 0, 26 26%
50
13
5 13 0, 26 26%
50
50 1 100%
Figura 12
Como podemos observar na tabela da Figura 12, se adicionarmos todos os valores das frequências
relativas, obtemos 1. No caso de estarmos a usar percentagens, obtemos 100%.
Como proceder quando os dados são muito diferentes uns dos outros?
Por vezes, num estudo de uma variável quantitativa, acontece que os dados obtidos são muito
diferentes uns dos outros. Nestes casos, a construção de uma tabela tal como os dados nos
surgem oferece-nos pouca informação sobre o modo como se comportam globalmente. Vejamos
o seguinte exemplo.
As idades dos pais de 30 alunos são as seguintes:
54 30 51 32 37 61 45 28 47 39
57 53 40 23 50 41 22 26 20 55
48 31 52 36 29 25 27 42 56 49
Como as idades são todas diferentes, se construirmos uma tabela com estes valores, ela teria 30
linhas (um valor de idade diferente para cada linha) e a coluna das frequências absolutas seria
formada só por uns.
Em casos como este, em que os dados são muito diferentes, podemos agrupar os dados. Há
regras em estatística que nos permitem fazê-lo, sendo algumas delas demasiado sofisticadas e não
acessíveis a alunos das 5ª e 6ª classes.
Existe, contudo, uma representação de dados que nos oferece uma forma natural de os agrupar –
o diagrama de caule-e-folhas. Vejamos como se constrói este diagrama.
− Comecemos por identificar o menor e o maior valor do conjunto de dados que, neste
caso, são o 20 e o 61, respectivamente.
− Em seguida, registemos os algarismos das dezenas das várias idades e tracemos um
segmento vertical (ver fase A da Figura 13). A estes números designamos como caules e
o traço separará os caules das respectivas folhas.
− Coloquemos agora as folhas, que correspondem aos algarismos das unidades dos
números que representam as idades (ver fases B e C da Figura 13).
− Na fase D, da Figura 13, podemos observar o diagrama de caule-e-folhas já todo completo.
− Finalmente, ordenemos as folhas de cada caule (ver fase E, da Figura 13).
Figura 13
Pela observação do diagrama de caule-e folhas representado na Figura 13 (Fase E), podemos
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
242
10 ESTATÍSTICA
de 20 a 29 8 0,2(6)؆Ͳǡʹ 27%
6
de 30 a 39 6 0, 20 20%
30
de 40 a 49 7 0,2(3)؆Ͳǡʹ͵ 23%
de 50 a 59 8 0,2(6)؆Ͳǡʹ 27%
de 60 a 69 1 0,0(3)؆ͲǡͲ͵ 3%
30 1 100%
Figura 14
O diagrama de caule-e-folhas é uma representação gráfica dos dados que apresenta muitas
vantagens:
− Permite ordenar os dados de um modo bastante fácil. Repare que se percorrermos
o diagrama de caule-e-folhas representado na Figura 13 (fase E) os dados surgem
ordenados: 20; 22; 23; 25; 26; 27; 28; 30; 31; etc..
− Oferece uma boa visualização gráfica sobre o modo como os dados estão distribuídos.
Para além destes aspectos, esta representação gráfica poderá ser facilmente transformada
numa representação próxima de um histograma, que é um gráfico adequado para representar
dados agrupados. Observe-se a Figura 15.
Figura 15
Finalmente, explicitemos as classes do eixo horizontal e marquemos uma escala no eixo vertical
tendo em conta o número de folhas que existem em cada caule, ou seja, as frequências absolutas
de cada classe (imagem C).
Esta última imagem aproxima-se de um histograma. Utilizamos aqui a expressão “aproxima-
se” porque, na verdade, num histograma as barras surgem sempre justapostas, por forma a
incluir todos os valores de classes consecutivas. Ora, no nosso caso, os valores assumidos pela
variável idade estão a ser encarados de forma discreta.
Para além das potencialidades ao nível da organização e análise dos dados, o diagrama de caule-e-
folhas é uma forma de representação acessível a alunos das 5ª e 6ª classes. Contudo, é importante
ter cuidado com a escolha do dígito (ou dígitos) que constituem o caule e com as situações em que
não existem ocorrências para um determinado caule. Vejamos o seguinte exemplo.
Considere o tempo (em minutos) despendido por 20 alunos para chegarem à escola:
5 115 100 15 65 35 17 28 45 25
95 105 8 90 16 57 60 20 40 55
Tendo em conta estes dados, uma das dúvidas que pode surgir é saber quem são os caules. Na
verdade se considerarmos as folhas como sendo o algarismo das unidades, existirão caules com
um ou dois dígitos. Assim, os caules aos quais estarão associados folhas são: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 9, 10
e 11.
Uma outra questão que este conjunto de dados faz emergir é o facto de não ter nenhum dado entre
70 e 79 e entre 80 e 89. Neste caso, teremos de considerar os caules 7 e 8, mas não lhe associamos
qualquer folha.
Figura 16
O pictograma é uma representação gráfica que recorre a uma imagem ilustrativa do que estamos
a estudar. Por exemplo, se estivermos a estudar o tipo árvores que existe num determinado local
podemos escolher a imagem de uma árvore. Se pretendermos estudar o tipo de livros preferidos,
podemos escolher a imagem de um livro, etc.
Repare que nestes exemplos de estudos as variáveis envolvidas (“tipo de árvores” e “tipo de livros”)
são qualitativas. Na verdade, um pictograma é uma representação gráfica que só pode ser usada
para este tipo de variável.
REPÚBLICA DE ANGOLA
244
10 ESTATÍSTICA
Banda
Policial Policial Policial Aventura Policial
desenhada
Para facilitar o cálculo das frequências absolutas, organizemos os dados numa tabela (ver Figura
17).
Figura 17
Para construirmos um pictograma, começamos por escolher uma imagem ilustrativa do que
estamos a estudar e por definir o número de unidades observacionais que esta representa.
A Figura 18 mostra o pictograma que representa os gostos de leitura das 24 pessoas inquiridas, em
que uma imagem corresponde a uma unidade observacional. A Figura 19 mostra um pictograma
relativo ao mesmo estudo, mas em que uma imagem corresponde a duas unidades observacionais.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 18 Figura 19
Note que os pictogramas também podem ser construídos a partir de um eixo vertical. Neste caso,
as imagens ficarão dispostas horizontalmente, como mostra a Figura 20.
Figura 20
Por recorrerem a imagens, os pictogramas são formas de representação dos dados bastante
atraentes e sugestivas. Contudo, há que ter alguns cuidados relativamente à sua construção.
− Um dos elementos fundamentais num pictograma é a indicação da unidade observacional,
pois a frequência absoluta associada a cada uma das categorias nem sempre corresponde ao
número de vezes que se repete a imagem escolhida para representar o tema em estudo.
− Na construção de pictogramas, há também que evitar situações como as que a seguir se
apresentam:
− Na representação da Figura 21 tentou-se usar uma única imagem para representar o número
de pessoas que lê cada tipo de livro. Esta opção conduz, do ponto vista visual, a uma perceção
errada do número de pessoas que leem cada um dos livros.
Figura 21
− Na Figura 22, tal como na Figura 18, repetiu-se o número de imagens de acordo com as
frequências absolutas de cada categoria. Contudo, não foram usadas imagens com o mesmo
tamanho, o que conduz a uma informação errada das frequências absolutas de cada uma das
categorias e a uma perceção também errada do conjunto dos dados.
Desenhar imagens do mesmo tamanho é, por vezes, uma das dificuldades dos alunos, que conduz
a uma construção errada de pictogramas.
REPÚBLICA DE ANGOLA
246
10 ESTATÍSTICA
Figura 22
Figura 23
− Em seguida, um aluno, de cada vez, vai colar no quadro (ou numa cartolina) o rectângulo na
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
respectiva categoria que corresponde ao seu fruto preferido, deixando visível a imagem da
cesta de frutas (ver Figura 24).
Figura 24
Figura 25
É de salientar que os pedaços de cartolina distribuídos aos alunos não têm que ser rectângulos. O
importante é que tenham a mesma forma e sejam de igual tamanho, para garantir que visualmente
haja a melhor correspondência possível entre a frequência absoluta de cada categoria e o
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
248
10 ESTATÍSTICA
Para tal basta observar a frequência associada a cada categoria e efectuar a respectiva
correspondência com o número de imagens necessárias. É natural que em algumas situações
se tenham de “cortar” imagens para que a altura do conjunto das imagens corresponda à
frequência pretendida.
No nosso exemplo, será necessário considerar metade de uma imagem nas categorias banana,
ananás e papaia, que têm de frequência 5, 3 e 11, respectivamente (ver Figura 26).
Figura 26
Os gráficos de barras são representações de dados adequadas tanto para variáveis qualitativas
como para dados quantitativos que não se encontram agrupados.
Para construir um gráfico de barras devem seguir-se os seguintes passos:
− Começa-se por desenhar um eixo horizontal (ou vertical).
− Neste eixo efectuam-se marcas de modo a assinalar as diferentes categorias ou valores
que a variável assume, consoante estamos a lidar com uma variável qualitativa ou com
valores resultantes de uma variável quantitativa, respectivamente. É importante que
tanto num caso, como no outro, as marcas apresentem a mesma distância entre si.
− A partir dessas marcas desenham-se barras com igual largura e com altura igual às
respectivas frequências.
− Para uma melhor leitura do gráfico, aconselha-se que o espaço deixado entre cada
duas barras seja sensivelmente o mesmo que a largura das barras.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 27
Figura 28
Um gráfico de barras cuja variável em estudo é uma variável qualitativa pode ser construído
através do pictograma respectivo. Vejamos como.
Na secção anterior construímos o pictograma que se encontra representado na parte A da Figura
29. Se contornarmos as imagens, obtemos rectângulos que constituem as barras de um gráfico de
barras de frequências absolutas, associado ao mesmo conjunto de dados.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Parte A Parte B
Figura 29
REPÚBLICA DE ANGOLA
250
10 ESTATÍSTICA
Figura 30 Figura 31
Tal como se referiu anteriormente, em Estatística, num gráfico de barras, num dos eixos, são
representadas as frequências absolutas ou relativas e, no outro eixo, os valores que a variável
em estudo assume.
Ora, a varável em estudo é, neste caso, o número de golos do torneio marcados pelas equipas
que participaram no mesmo. Assim, os dados são: 24, 25, 26, 23 e 22. Cada um destes dados
tem frequência 1.
Assim, nem a tabela da Figura 30 é uma tabela de frequências, nem o gráfico da Figura 31 é um
gráfico de barras. Este erro é originado por se confundir dados com frequências.
A tabela de frequências absolutas correspondente a estes dados é a que se encontra representada
na Figura 32 e o respectivo gráfico de barras é o que se encontra na Figura 33.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Número de Frequências
golos absolutas
22 1
23 1
24 1
25 1
26 1
Figura 32 Figura 33
Vejamos agora outra situação em que o gráfico de barras não é apresentado de forma correcta.
Consideremos um estudo sobre o grau de satisfação relativo à prestação de um determinado serviço
público. Foram inquiridos 120 utentes desse serviço e os resultados obtidos foram organizados na
tabela da Figura 34.
Figura 34
Figura 35
Se apenas observarmos o gráfico e se nos detivermos na relação entre as alturas das suas barras,
somos levados a concluir, por exemplo, que o número de utentes “satisfeitos” é o triplo do número
de utentes “nada satisfeitos” e “completamente satisfeitos”. Também podemos concluir que o
número de utentes “pouco satisfeitos” e “muito satisfeitos” é o dobro do número de utentes “nada
satisfeitos” e “completamente satisfeitos”. Ora, nenhuma destas afirmações é verdadeira.
Na verdade, o facto de não se iniciar no zero a escala no eixo das frequências absolutas, conduz-
nos a conclusões erradas. O gráfico adequado será o da Figura 36, onde podemos observar uma
relação correcta entre as alturas das várias barras.
Por exemplo o número de utentes “pouco satisfeitas” é apenas a mais do que o número de utentes
“nada satisfeitos”, o que corresponde um valor muito diferente do seu dobro, tal como leva a crer
o gráfico da Figura 35.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
252
10 ESTATÍSTICA
Figura 36
Os gráficos circulares são representações de dados que, tal como os gráficos de barras, podem
ser usados para representar dados que resultam de variáveis qualitativas ou dados quantitativos
que não se encontram agrupados.
Tal como o nome indica, caso seja uma representação bidimensional, este tipo de gráfico tem
a forma de um círculo. Este círculo divide-se em tantos sectores circulares quanto o número
de categorias ou de classes consideradas. A amplitude do ângulo ao centro de cada sector é
proporcional ao valor da frequência absoluta ou relativa da respectiva categoria ou classe.
Vejamos, então, como se constrói um gráfico circular a partir dos dados de uma tabela.
Retomemos o exemplo do estudo sobre o tipo de livros preferidos de 24 pessoas, em que a
tabela de frequências absolutas é a seguinte:
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Procedendo de forma semelhante podemos determinar as amplitudes dos ângulos ao centro dos
restantes sectores. Para facilitar a organização dos resultados acrescenta-se uma coluna à tabela
anterior, passando a constar a amplitude de cada ângulo ao centro (ver Figura 37).
Figura 37
Note que a soma das amplitudes de todos os ângulos ao centro dos sectores tem de ser igual à
amplitude do ângulo giro, ou seja, 360º.
Usando o compasso e transferidor podemos construir o gráfico circular (Figura 38), tendo em
conta a informação da tabela anterior.
Figura 38
Imaginemos que foi efectuado o mesmo tipo de estudo que o anterior, mas a um grupo de 200
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
254
10 ESTATÍSTICA
Como construir um gráfico circular sem transferidor e/ou sem recorrer ao cálculo de
amplitudes de ângulos?
Consideremos os dados representados na seguinte tabela, relativos à fruta preferida de 21
alunos de uma turma.
Para construir um gráfico circular os alunos podem começar por cortar uma tira de papel
quadriculado, com o comprimento de 21 quadradinhos (ver Figura 39). Em seguida, pintam de
cores diferentes o número de “colunas” da tira de acordo com as frequências absolutas (Fase A).
Depois, com um agrafador usam o rectângulo para construir um “cilindro sem bases”. Apoiam
esse cilindro numa folha de papel, contornam a base e marcam pontos de mudança de cor,
obtendo uma circunferência com marcas que delimitarão os sectores circulares. Depois de
recortarem o círculo, por duas dobragens consecutivas, determinam o seu centro e unem o seu
centro às marcas que assinalam a mudança de cor (Fase B).
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Finalmente, pintam os sectores com as cores correspondentes e escrevem a legenda (Fase C).
Figura 39
A moda é uma medida estatística que corresponde à categoria ou à classe com maior frequência,
ou seja, é a categoria ou classe que se repete mais vezes.
Consideremos, por exemplo, o seguinte conjunto de dados:
Cão Leão Leão Cão Cão Cão Gato Cão Cavalo Cavalo
Gato Cavalo Cão Leão Cavalo Gato Cão Gato Gato Gato
Neste caso a moda é 16, uma vez que é o valor que se repete mais vezes.
Vejamos, também, situações em que os dados estão organizados em tabelas.
REPÚBLICA DE ANGOLA
256
10 ESTATÍSTICA
Relativamente à tabela da Figura 40, a moda é a categoria “Fevereiro”. É de salientar que, por vezes,
os alunos tendem a dizer que a moda é 10, confundindo a moda com a frequência com que a
categoria ocorre.
Já no que respeita aos dados representados na tabela da Figura 41, temos dois valores da variável
(o 4 e o 5) que têm frequência máxima. Estamos perante uma situação em que temos duas modas
(o 4 e o 5). Diz-se, por isso, que é bimodal.
Se um conjunto de dados tiver mais do que duas modas diz-se multimodal. É o caso do seguinte
conjunto de dados cujas modas são 1, 4 e 6:
1 1 3 4 2 6 5 6 1 4 4 6 5 6 1 4
Há ainda situações em que não há moda. É o caso do seguinte conjunto de dados, pois todos eles
têm a mesma frequência, ou seja, repetem-se o mesmo número de vezes:
11 11 12 12 14 14 10 10 17 17
Como poderemos identificar a moda nas várias representações gráficas de dados que têm vindo a
ser abordadas neste capítulo?
No pictograma da Figura 42 a moda é a categoria “policial”, pois é a que tem mais imagens e,
portanto, maior frequência absoluta.
Num gráfico de barras de frequências absolutas ou relativas a moda é a categoria ou classe à qual
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 42 Figura 43
Figura 44
A média é uma medida estatística que só pode ser calculada quando estamos perante dados
numéricos. Assim, nunca se calcula a média de dados que resultem de uma variável qualitativa.
A média é o quociente entre a soma de todos os dados e o número total de elementos da amostra
ou da polulação.
REPÚBLICA DE ANGOLA
258
10 ESTATÍSTICA
Por exemplo, para calcular a média dos dados 3, 5, 4, 3, 2 e 1, procedemos do seguinte modo:
3 5 4 3 2 1
3
6
Vejamos como calcular a média quando os dados estão organizados numa tabela ou num gráfico
de barras de frequências absolutas.
Número de alunos
Número de irmãos
(Frequências
(classes)
absolutas)
0 2
1 4
2 6
3 12
4 13
5 13
50
Figura 45 Figura 46
2 x0 4 x1 6 x 2 12 x3 13 x 4 13 x5 0 4 12 36 52 65
3,38
50 50
Alguns alunos cometem mais erros no cálculo da média em dados agrupados porque não
identificam a necessidade de ter em conta a frequência de cada valor assumido pela variável. Estes
alunos, para calcularem a média, tendem a fazer o seguinte:
0 1 2 3 4 5
5
0 0 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2…
E como calcular a média conhecendo apenas as frequências relativas?
Imaginemos que os dados surgem organizados num gráfico de frequências relativas, como no
gráfico da Figura 47.
Figura 47
A mediana é um valor que divide a amostra ao meio: metade dos valores da amostra são inferiores
ou iguais (não superiores) à mediana e os restantes são maiores ou iguais (não inferiores) à mediana.
Por outras palavras, até à mediana (inclusive) estão, quanto muito, 50% dos dados; para lá da
mediana (inclusive) está também, quanto muito, 50% da amostra.
REPÚBLICA DE ANGOLA
260
10 ESTATÍSTICA
Para calcular a mediana é obrigatório que os dados estejam ordenados. É também importante
observar se o número de dados (ou seja, se o efectivo ou a dimensão da amostra) é ímpar ou par.
Estudo do caso em que o número de dados é ímpar.
Considere-se o seguinte conjunto de 13 dados:
1 5 10 6 12 7 5 14 5 4 10 8 4
Ordenemo-los:
1 4 4 5 5 5 6 7 8 10 10 12 14
A mediana será o 7º dado, pois divide o conjunto de dados em duas partes. A mediana é 6.
Quando os dados estão organizados numa tabela, como se poderá identificar rapidamente a
mediana?
Figura 48
Uma das formas é através do cálculo das frequências relativas. A ideia é procurar o dado de
modo a que até esse dado estejam 50% dos dados. Se formos somando as frequências relativas
conseguimos ver que:
− Até chegarmos ao 2 estão 2%+6%=8% de dados
− Até chegarmos ao 3 estão 8%+13%=21% de dados
− Até chegarmos ao 4 estão 21%+21%=42% de dados
− Até chegarmos ao 5 estão 42%+26%=68% de dados
Assim, a mediana é atingida num dado que assume o valor 4. A mediana é 4.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Uma outra forma é recorrer a uma fórmula que nos indica a posição da mediana. Tentemos em
primeiro lugar compreender o significado dessa fórmula.
O esquema da Figura 49 apresenta conjuntos de dados sempre em número ímpar (note que os
“X” representam dados).
Podemos observar que existe sempre um dado central (assinalado a verde) que divide cada um dos
conjuntos de dados em duas partes com o mesmo número de dados. Os “X” assinalados a verde
serão assim, as medianas de cada conjunto de dados.
Observemos agora a posição que estes “X” ocupam em cada conjunto de dados. No conjunto
com 3 dados encontra-se na 2.ª posição, no conjunto com 5 dados, encontra-se na 3ª posição, no
conjunto com 7 dados encontra-se na 4ª posição, etc.
Podemos observar que existe uma relação entre o número de dados e a posição que a mediana
ocupa. Assim, quando o conjunto de dados tem n elementos (em que n é ímpar) a posição da
mediana será:
5 dados x x x x x 3ª =
7 dados x x x x x x x 4ª =
9 dados x x x x x x x x x 5ª =
11 dados x x x x x x x x x x x 6ª =
13 dados x x x x x x x x x x x x x 7ª =
(…) (…) (…)
n dados
Adaptado de Martins & Ponte (2010)
Figura 49
Então, voltando ao nosso exemplo da tabela da Figura 48 em que temos 95 dados. Podemos
concluir que a mediana encontra-se na posição:
= 48
Atenção que a mediana não é 48. Este número dá-nos a posição da mediana, ou seja, significa que
ela se encontra na 48ª posição. Agora vamos observar a tabela da Figura 48 e tentar encontrar o
dado que está nesta posição:
− Até chegarmos ao 2 temos 2+6=8 dados
− Até chegarmos ao 3 temos 8+12=20 dados
− Até chegarmos ao 4 temos 20+20=40 dados
− Até chegarmos ao 5 temos 40+25=65 dados
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
O dado que se encontra na 48ª posisão terá de ser o 4, tal como já tínhamos concluído pelo outro
método.
1 5 10 6 12 7 5 14 5 4 10 8 4 14
REPÚBLICA DE ANGOLA
262
10 ESTATÍSTICA
Ordenemo-los:
1 4 4 5 5 5 6 7 8 10 10 12 14 14
A mediana será a média aritmética entre o 7º e o 8º dados, ou seja, entre os dados 6 e 7. A mediana
é 6,5.
Quando os dados estão organizados numa tabela, o método de identificar a mediana através das
frequências relativas é semelhante ao caso em que o número de dados é ímpar.
Vejamos agora qual será a fórmula que nos indica a posição da mediana, quando o número de
dados é par e, mais uma vez, tentemos compreender o seu significado.
O esquema da Figura 50 apresenta conjuntos de dados sempre em número par (relembre que os
“X” representam dados).
Podemos observar que existem sempre dois dados centrais (assinalado a azul). Mas, não há um
único elemento de cada um dos conjuntos de dados que tenha a propriedade de os dividir ao
meio. Existem, sim, dois valores centrais. Neste caso, define-se a mediana como sendo a média
aritmética desses dois valores.
Observemos agora a posição que os “X” centrais (assinalados azul) ocupam em cada conjunto
de dados. No conjunto com 4 dados encontra-se entre as 2.ª e 3ª posições, no conjunto com 6
dados, encontra-se entre as 3ª e 4ª posições, no conjunto com 8 dados encontra-se entre as 4ª e
5ª posições, etc.
Existe uma relação entre o número de dados e as posições dos números que permitirão calcular
a mediana. Assim, quando o conjunto de dados tem n elementos (em que n é par) a mediana
será a média aritmética dos dados das posições e 1 , em que n é o número de dados do
conjunto.
Nº de Posição
dados da mediana
4 dados x x x x 2ª e 3ª
6 dados x x x x x x 3ª e 4ª
8 dados x x x x x x x x 4ª e 5ª
10 dados x x x x x x x x x x 5ª e 6ª
12 dados x x x x x x x x x x x x 6ª e 7ª
14 dados x x x x x x x x x x x x x x 7ª e 8ª
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
(…) (…)
n dados e 1
Adaptado de Martins & Ponte (2010)
Figura 50
Determinemos, então, a mediana dos dados representados na seguinte tabela, usando este método.
A mediana é o valor que divide a amostra ao meio: metade dos valores da amostra
são inferiores ou iguais (não superiores) à mediana e os restantes são maiores ou
iguais (não inferiores) à mediana.
− Para calcular a mediana é obrigatório que os dados estejam ordenados.
− Se o número de dados (n) é ímpar, então a mediana é o dado que se encontra
na posição 1 .
− Se o número de dados (n) é par, então a mediana é a média aritmética entre os
dados das posições e 1
No cálculo da mediana, existem dois tipos de erros mais comuns. O mais frequente prende-se
com o facto de não serem colocados os dados por ordem.
Um outro está associado à interpretação que se faz do gráfico de barras. Por exemplo, num gráfico
como o seguinte, alguns alunos tendem a calcular a média do valor da variável das duas barras
centrais, afirmando que a mediana é 2,5. Neste caso, ignoram as frequências associadas aos valores
da variável.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 51
REPÚBLICA DE ANGOLA
264
10 ESTATÍSTICA
Moda, média e mediana: Uma destas medidas será mais adequada que as restantes?
A moda, a média e a mediana têm em comum o facto de serem medidas de tendência central, ou
seja, visam localizar o centro de um conjunto de dados. Tendo todas elas este objectivo comum, a
resposta à questão que inicia esta secção será “depende”. Há situações em que umas medidas são
mais adequadas do que as outras para descrever a centralidade dos dados ou para tomar decisões
apoiadas nos seus valores. O conjunto de dados é fundamental para esta resposta.
Atleta A Atleta B
10,1 10,9 11,3 19,2 11,5 12,1 13,1 12,1 12,9 12,8
A Média, neste caso, não é uma medida adequada para ajudar a tomar decisões (por exemplo,
para escolher um dos atletas), pois os dois atletas têm a mesma média de tempos de corrida, que
é 12,6 s.
No caso do atleta A, todos os resultados que obteve, menos um, estão entre 10,1 e 10,9 (inclusive).
Assim, a média obtida não reflecte o conjunto dos resultados deste atleta.
Já no caso do atleta B, em que os seus resultados estão entre 12,1 e 13,1 (inclusive), a média já
parece retratar melhor os seus resultados.
A média é, assim, uma medida que é influenciada por valores muito grandes (ou por valores muito
pequenos), sendo, por isso, uma medida pouco robusta.
Continuemos a analisar os efeitos das alterações de valores muito grandes ou muito pequenos na
média e comparemos o que acontece, do ponto de vista gráfico, com a mediana e a moda.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 52
Como podemos ver na Figura 52, quando o conjunto de dados é simétrico, a média a moda e a
mediana coincidem. Repare que um valor aproximado para a moda será o valor central da base do
rectângulo azul que contorna a barra mais alta.
Podemos ainda concluir que se o conjunto de dados tiver valores muito elevados, a média tende
a ser maior do que a mediana. Se existirem valores muito pequenos a média tende a ser inferior à
mediana.
REPÚBLICA DE ANGOLA
266
10 ESTATÍSTICA
4. Tendo em conta a tabela da questão anterior, construa um gráfico que considere adequado
aos dados apresentados.
5. Num Seminário sobre Educação estavam presentes 150 pessoas, das quais 58 eram estudantes,
29 eram professores do Ensino Primário, 30% eram professores do Ensino Superior, 10% eram
funcionários de Ação Educativa e os restantes eram psicólogos.
− Construa a tabela de frequências absolutas e relativas.
− Com estes dados qual a medida de localização que faz sentido calcular? Justifique a sua
resposta e calcule a medida que indicou.
João 40 4 2 20 2
Pedro 30 3 2 30 2
André 40 2 2 40 2
Nelson 20
Rui 30
Ricardo 20
1.º dia
2.º dia
3.º dia
4.º dia
8. Numa turma de 36 crianças, 14 vêm para a escola de carro. Qual será a amplitude do ângulo
ao centro associado ao sector de um gráfico circular para representar esta informação?
9. Num teste da disciplina de Português, a turma A, com 24 alunos, teve uma média de 12
valores e a turma B, com 18 alunos, teve uma média de 15 valores. Determine a média das
classificações obtidas na disciplina de português dos alunos das duas turmas.
REPÚBLICA DE ANGOLA
268
10 ESTATÍSTICA
Amostra: subconjunto da população que se observa com o objectivo de tirar conclusões sobre a
população da qual foi retirada.
Dado estatístico: cada um dos valores da variável estatística (expressos em categorias ou números),
observados em cada elemento da população ou da amostra.
Dimensão da amostra: número de elementos da amostra.
Efectivo de uma população (finita): número de elementos da população.
Frequência absoluta: número de vezes que cada valor da variável se repete. A soma das frequências
absolutas é igual ao efectivo da população ou à dimensão da amostra.
Frequência relativa: quociente entre a frequência absoluta e o número total de elementos da
população (ou da amostra). A soma das frequências relativas é igual a 1 ou igual a 100% (no caso
de estarmos a usar percentagens).
Média: é o quociente entre a soma de todos os dados e o número de elementos da amostra.
Mediana: valor que divide a amostra ao meio: metade dos valores da amostra são inferiores ou
iguais (não superiores) à mediana e os restantes são maiores ou iguais (não inferiores) à mediana.
Se o número de dados (n) é par, então a mediana é o dado que se encontra na posição 1 . Se
o número de dados (n) é par, então a mediana é a média aritmética entre os dados das posições
e 1 .
Moda: categoria ou a classe com maior frequência absoluta.
População ou (universo estatístico): conjunto de elementos que se pretende estudar e que têm
pelo menos uma característica em comum.
Unidade observacional: cada elemento da população ou da amostra.
Variável estatística: propriedade ou característica que se pretende estudar.
Variável qualitativa: refere-se a uma característica que corresponde a uma qualidade ou atributo.
Variável quantitativa: refere-se a uma característica que se possa contar ou medir.
Variável quantitativa contínua: refere-se a uma característica que se pode medir.
Variável quantitativa discreta: refere-se a uma característica que se pode contar.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
270
10 ESTATÍSTICA
BIBLIOGRAFIA
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Sites
http://projectos.ese.ips.pt/pfcm/ (acesso a ideias e recursos – Programa de Formação Contínua
em Matemática para Professores do 1.º e 2.º ciclos do Ensino Básico. Escola Superior de Educação
do Instituto Politécnico de Setúbal).
http://www.peda.com/poly/ (pode descarregar a versão gratuita 1.12 do Poly – software de
visualização de sólidos geométricos e suas planificações).
https://www.geogebra.org/ (pode descarregar a última versão gratuita do Geogebra – software
para geometria dinâmica, álgebra e estatística).
http://www.dreambox.com/teachertools (aplicações digitais interactivas, dirigidas essencialmente
a tópicos de Números e Operações, com números inteiros, fraccionários e decimais).
http://www.alea.pt/ (instrumentos de apoio ao ensino da Estatística para os alunos e professores
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
272
GUIÕES DO PROFESSOR
Este conjunto de Guiões destina-se aos Professores do Ensino Primário e está organizado de
acordo com os grandes temas tratados neste módulo e desenvolvidos na formação de forma-
dores, realizada em Luanda, em novembro de 2016.
Não estava previsto, inicialmente, que estes Guiões fossem inseridos num único volume em
conjunto com este módulo. Previa-se antes que eles fossem editados em fascículo separado
de forma a serem mais facilmente associados pelos professores às Fichas para utilização na
sala de aula, nomeadamente as fichas elaboradas para utilização dos alunos. Com efeito, cada
um dos Guiões faz referência a uma ou mais Fichas de Aluno e constitui uma orientação para
o professor poder explorar as potencialidades dessas fichas. É, por isso, indispensável que o
professor, ao ler cada um destes Guiões, acompanhe essa leitura com a consulta das fichas de
aluno a que neles se faz referência. Só assim eles serão úteis e inteiramente compreensíveis.
Ao longo dos três anos do Projecto PAT, surgirão mais Guiões do Professor, como suporte
metodológico de novas Fichas de Aluno, que serão integrados e divulgados, sob a forma de
adendas ao presente trabalho.
Os/As autores(as)
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
REPÚBLICA DE ANGOLA
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
1 NÚMERO E VALOR DE POSIÇÃO
As questões da ficha 1 têm como objetivo ajudar os alunos a localizar a posição dos primeiros 20
números naturais na recta. Ao fazê-lo, os alunos podem desenvolver a compreensão acerca das
relações numéricas e a estruturar os números a partir do 5, 10, 15 e 20 (números de referência). As
questões da ficha 2 ampliam o mesmo tipo de trabalho para números até 100.
Na questão 1 da ficha 1 os alunos são convidados a localizar a posição de números no colar de
contas representado em papel. É fundamental que antes de realizarem esta tarefa que os alunos
01
trabalhem com um colar de contas concreto. No caso de não ter disponível material para construir
um colar de contas, poderá recorrer a molas de roupa de duas cores, presas num fio. Para construir
um fio com 20 molas, as molas deverão ser colocadas, alternadamente, em grupos de 5 molas da
mesma cor.
A alínea a) desta questão começa por pedir aos alunos que localizem a posição dos números 10
e 20 que são números de referência. Repare que já se encontram registados no colar os números
5 e 15 que também são números de referência. Com a resolução desta questão os alunos ficam a
conhecer a localização dos números 5, 10, 15 e 20, aspecto que é fundamental para a resolução
das questões seguintes. A alínea b) pede para localizar a posição dos números 4, 6, 9 e 11, que
são números com uma conta de diferença dos números de referência 5 e 10. Assim, por exemplo,
para assinalar o número 9 os alunos poderão pensar que este número está uma conta antes do 10,
pelo que 4 = 5 – 1. Do mesmo modo, para assinalarem o número 11 poderão pensar numa conta
a seguir a 10, pelo que 11 = 10 + 1. A alínea c) pede para localizar a posição dos números 7, 12, 16
e 19. Por exemplo, para localizarem o 7 os alunos poderão começar por assinalar o 5 (localizando
o final do primeiro grupo de 5 contas) e contar mais duas contas, concluindo que 7 = 5 + 2. Para
localizarem o 19, para além de poderem identificarem o 15 e contar mais 4 contas (concluindo que
19 = 15 + 4), podem também partir do 20 e pensarem que o 19 está uma conta antes, pelo que 19
= 20 – 1.
Com a questão 2 da ficha 1 pretende-se que os alunos localizem a posição de números na recta com
o auxílio do colar de contas. As alíneas desta questão, agora direcionadas para a recta, conduzem
a procedimentos semelhantes aos descritos na questão 1.
Pretende-se com a questão 3 da ficha 1 que os alunos localizem a posição de números na recta sem
o apoio do colar de contas. Ao longo das alíneas desta questão vão surgindo com cada vez menos
marcas na recta. Espera-se, assim, que progressivamente os alunos sejam já capazes de localizar a
posição dos números numa recta na qual não estão assinalados quaisquer números previamente.
numa recta na qual não estão assinalados quaisquer números previamente.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Espera-se também que os alunos recorram à marcação dos números de referência na recta, por
forma a apoiar a localização dos números que pretendem posicionar.
Tal como na questão 1 da ficha 1, na questão 1 da ficha 2 os alunos são convidados a localizar a
posição de números no colar de contas representado em papel. É-lhes agora apresentado parte de
um colar com 100 contas. Tal como já foi referido anteriormente, no caso de não ter disponível
material para construir um colar de 100 contas, poderá recorrer a molas de roupa de duas
cores, presas num fio e afixá-lo numa zona da sala. Neste caso, as molas deverão ser colocadas,
alternadamente, em grupos de 10 molas da mesma cor.
GUIÃO DO PROFESSOR 01
Pretende-se que os alunos usem como números de referência os números 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70,
80, 90 e 100.
A questão 2 da ficha 2 tem como objetivo ajudar os alunos a localizarem a posição de números
até 100 na recta, com o auxílio do colar de contas. Com a questão 3 pretende-se que os alunos
localizem a posição de números na recta sem o apoio do colar de contas.
REPÚBLICA DE ANGOLA
276
2 ADIÇÃO E SUBTRACÇÃO
GUIÃO DO PROFESSOR 01
Nestas três fichas para os alunos sintetiza-se o trabalho que deve ser realizado em torno da adição
e subtracção até 10 e que deverá ter em conta que:
As crianças precisam de realizar muitas experiências de contagem de objectos. Na aula deverão ter
objectos simples para contar (paus, pedrinhas, palhinhas, ...) e poder realizar várias experiências
de contagem, como por exemplo: “quantos meninos gostam de jogar futebol”?, “Quantas objectos
(representações de frutas, de árvores, de bonecos, ...) há nesta imagem (que o professor pode
procurar em livros ou cartazes)?, “Quantos meninos há numa fila da sala de aula?”. Não será
exagerado indicar que durante o primeiro mês da 1.ª classe os alunos devem, pelo menos, realizar
contagens de objectos todos os dias.
A aprendizagem dos números não se faz sequencialmente. A completa compreensão do que é um
número é alcançada progressivamente e o facto de os alunos ainda não conhecerem, por exemplo,
o símbolo que representa cinco objectos, não os deverá impedir de adicionar e subtrair até 5. Por
isso, propõe-se que se realize um trabalho que contemple as seguintes etapas: adição e subtracção
com números até 5, adição e subtracção com números até 10, adição e subtracção com números
até 20, adição e subtracção com números até 50, adição e subtracção com números até 100 e,
finalmente, adição e subtracção com números maiores que 100.
Saber adicionar e subtrair até 10 envolve (1) ser capaz de usar as decomposições dos números até
10 que se mostram mais adequadas, (2) perceber e usar de modo adequado a relação inversa entre
a adição e subtracção e (3) resolver problemas numéricos com os diferentes sentidos associados a
estas operações. As fichas NO1 e NO2 exemplificam e articulam os aspetos (1) e (2).
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
GUIÃO DO PROFESSOR 01
Adição e subtracção com números até 10
A fichaNO 01 foca decomposições dos números 5, 8 e 7 e faz apelo ao uso da relação inversa
entre a adição e a subtracção. De um modo geral os alunos devem ter uma fase inicial em que as
resolvem, seguida de um momento de discussão com a turma para corrigir o que foi feito por cada
um e sintetizar as ideias importantes.
As perguntas 1 e 2, estão estruturadas de modo a que as crianças possam simplesmente contar
de 1 em 1:
a criança aponta uma a uma as bolas da imagem dizendo “1, 2, 3 e responde 3”. Algumas crianças
podem mesmo não necessitar de contar (conseguem olhar e saber quantos objectos estão na
imagem) e dizer de imediato que há 3 bolas.
para desenhar as bolas que faltam para ter um total de 5 bolas a criança pode desenhar mais uma
bola e saber que tem 4 bolas. Ao desenhar uma segunda bola conta 5. Algumas crianças poderão
ter a necessidade de contar sempre a partir do 1 e será a pouco e pouco, com a realização de mais
contagens que conseguem contar a partir de um número diferente de 1. Para determinar quantas
ainda teria de desenhar para ter 8 bolas as crianças podem pensar da mesma forma. Note, no
entanto, que não se pede para desenhar as bolas que faltam para obter 8, e, por isso, se coloca uma
questão a um nível de dificuldade superior que exige ‘imagina na cabeça’ como chegar até 8.
As perguntas 3 e 4 propõem situações de adição e subtracção em que o 5 é um dos termos.
Trata-se de uma aspeto que importa trabalhar antes de chegar ao 10 e que deve ser apoiado com
o recurso ao uso do fio de contas, tal como acontece nestas perguntas.
A pergunta 5 propõe a continuação da estruturação dos números associada às operações adição
e subtracção, propondo situações que envolvem o números 7 e algumas das suas decomposições
(como 7 é 2 + 5) e recomposições (como 2 + 3 + 5 é 7).
REPÚBLICA DE ANGOLA
278
2 ADIÇÃO E SUBTRACÇÃO
GUIÃO DO PROFESSOR 01
Adição e subtracção com números até 10
A ficha NO2 foca igualmente decomposições de números e faz igualmente apelo ao uso da relação
inversa entre a adição e a subtracção, alargando algumas relações numéricas até ao 10. Nesta ficha
colocam-se pela primeira vez situações associadas ao sinal de “igual” que obrigam a que ele seja
entendido como uma equivalência e não como um operador. Por exemplo, quando se lhes pede
para completar 10 – 2 = 5 + __ as crianças têm de ‘ver’ o sinal de igual como representando uma
igualdade entre duas expressões equivalente: 10 – 2 e 5 + __. Por isso, o valor a colocar no espaço
em branco corresponde ao número que somado com 5 tem de dar 8 (que é 10 – 2 ). Trata-se
de uma forma diferente de entender o sinal igual como associado ao ‘resultado de’ (sentido de
operador do sinal de igual) como acontece quando tem 7 – 2 = ___ ( 7 – 2 é 5). É pois natural que
muitos alunos respondam erradamente 10 – 2 = 5 + 8 , pois interprectam o sinal de igual como
operador e escrevem o resultado de 10 – 2 .
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
GUIÃO DO PROFESSOR 02
Adição e subtracção com números até 10
Os primeiros cinco problemas da ficha NO3, envolvem números até 10 e estão associados aos
diferentes sentidos das operação de adição e subtracção:
1 2 3 4 5
Adição Adição Subtracção Subtracção Subtracção
Juntar Acrescentar Retirar Completar Comparar
Note que o facto de um problema ser, por exemplo, de subtracção, não quer dizer que os alunos
o tenham de resolver usando esta operação. Será mesmo natural que em alguns deles isso não
aconteça.
Muitos alunos resolvem o problema 4 pensando no número que devem adicionar a 2 para chegar
a 7. Podem, por isso, contar de 2 a 7 registando as contagens com os dedos. Dizem 3 (indicam 1
dedo), 4 (indicam 2 dedos), 5 (indicam 3 dedos), 6 (indicam 4 dedos) e 7 (indicam 5 dedos). No
final dizem “Faltam 5 embondeiros”.
Este problema também pode ser resolvido com o colar de contas, contando as contas de 2 até 7.
Haverá também alunos que resolvem rapidamente o problema identificando que, como 5 mais 2
é 7, devem ser plantados 5 embondeiros.
No problema 3 vários alunos podem pensar logo em subtrair, indicando:
10 – 7 = ?
Mas outros podem pensar, depois de contarem os meninos que estão na fotografia, em quanto
devem adicionar para ter 10:
7 + __ = 10
Será natural que vários alunos ainda precisem de registar todos os meninos e depois riscar os que
estão na foto:
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Finalmente, contam os 3 que não estão riscados e respondem que há 3 meninos que não ficaram
na fotografia.
Outros alunos podem, depois de contar os 7 meninos da foto, dizer logo que ‘faltam 3’ pois 3 + 7
é 10.
É importante que o professor permita que as crianças resolvam os problemas de acordo com o seu
REPÚBLICA DE ANGOLA
280
2 ADIÇÃO E SUBTRACÇÃO
GUIÃO DO PROFESSOR 01
nível de desenvolvimento e que progressivamente, à medida que vão sabendo mais factos numéricos
(todas as possíveis adições e subtracções até 10) e se familiarizam com o uso das propriedades das
operações, usem estratégias rápidas e que se baseiam nas relação entre os números.
Em todos os problemas apresentados os alunos podem usar várias formas de explicar como
resolveram os problemas, como se exemplificou para os problemas 3 e 4.
A pergunta 5 diz respeito a uma situação em que se pede aos alunos para formular um problema.
Tendo em conta a imagem eles deverão contar uma história em que se inclua o relacionar os 10
ovos que estavam na embalagem com os 6 ovos que já foram partidos. Trata-se de uma situação
aberta, em que é possível obter histórias diferentes umas das outras, de acordo com a imaginação
e vivências dos alunos.
Finalmente, a pergunta 7 da ficha NO 3 desafia os alunos a pensar em relações entre várias
expressões numéricas, de modo a habituá-los a estabelecer uma rede de conexões entre elas que
possam posteriormente usar na resolução de problemas. Esta pergunta envolve um nível de
dificuldade mais elevado, pois desafia as crianças a pensar em relações entre relações numéricas,
sem que haja qualquer apoio concreto de um contexto ou de imagens concrectas.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
GUIÃO DO PROFESSOR 03
Calcular em cadeia
Com o cálculo seguinte (10 – 4), pretende-se que os alunos façam a ligação com o anterior e
percebam que se sei que 10 – 5 é 5, então sei que 10 – 4 é 6 pois retiro uma unidade ao 5 (4 em vez
de 5) e por isso a diferença tem de ser superior a 5 em uma unidade. Para resolver 11 – 5 é possível
fazer o mesmo tipo de raciocínio, relacionando 11 – 5 com 10 – 5. Para resolver 11 – 4 pode-se
pensar em 11 – 5, resultado já conhecido. Finalmente, para resolver 12 – 5 e 12 – 4, pode usar-se
o mesmo tipo de raciocínio que anteriormente.
REPÚBLICA DE ANGOLA
282
2 ADIÇÃO E SUBTRACÇÃO
GUIÃO DO PROFESSOR 03
O modo como o professor trabalha na sala de aula cada cadeia, é determinante para que todas as
suas potencialidades sejam exploradas com sucesso. Destacamos três elementos fundamentais: o
tempo, a organização da sala e a condução da exploração da tarefa com os alunos.
Cada cadeia é uma proposta de actividade que deve ter um ritmo vivo, em que se privilegia a
oralidade (e não o registo escrito no caderno) e que não deve demorar muito tempo. Pode, por
exemplo, começar-se o dia de trabalho, propondo uma cadeia numérica e procurando que ela seja
explorada em não mais do que 15 minutos.
A organização da sala deve ser pensada de modo a manter os alunos “presos” ao cálculo que se
está a analisar/propor. Os alunos podem estar sentados na sua mesa de trabalho, mas focados no
que o professor pede e escreve, não devendo registar no seu caderno o que vai sendo escrito no
quadro. Podem ter uma folha para fazer registos. No entanto, devem ser registos que servem para
não se “perderem” a fazer um determinado cálculo ou para conseguir recordar o que pensaram.
Registos mais cuidados podem ser efectuados em casos esporádicos, em que se considera que
devem ser enfatizados determinados procedimentos, mas não durante a realização da cadeia.
Cálculos em cadeia são um tipo de tarefa que visa o desenvolvimento do cálculo mental e que, por
isso, não se deve basear no registo escrito.
Na condução da exploração da tarefa é importante que os exercícios da cadeia sejam apresentados
um a um, que cada aluno pense na solução sozinho e que o professor registe no quadro os
resultados e explicações que evidenciem como se pode pensar para os obter. Vejamos em detalhe
estas sugestões, tomando como exemplo a exploração da cadeia:
10 – 5 =
10 – 4 =
11 – 5 =
11 – 4 =
O professor escreve no quadro ‘10 – 5 = ‘ e pede aos alunos para pensarem no resultado e colocarem
o dedo no ar quando souberem a resposta. Depois de decorrido algum tempo, quando já bastantes
alunos têm o dedo no ar, o professor pede a um deles que diga a sua resposta e que explique como
chegou a ela. O aluno pode responder “5” e justificar a sua resposta dizendo que “olhei para o colar
de contas e vi que tenho 10 contas com duas cores seguidas. Tiro 5 e fico com 5 da outra cor”. De
modo a explicitar esta resposta para todos, o professor pode pedir ao aluno para mostrar o que
quer dizer, manipulando as contas de um colar. Depois, pode registar no quadro:
10 – 5 = 5
Se esta cadeia numérica for explorada numa altura em que os alunos já conhecem e usam o ábaco
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
horizontal, o professor pode optar por explicar o raciocínio do aluno recorrendo a este material.
Depois, pode escrever no quadro 10 – 4 e dar novamente algum tempo para cada um pensar
sozinho. Pede então a uma das crianças que tem o dedo levantado, que responda e explique como
pensou. Se, por exemplo a criança responder “São 6. Vi que no desenho que está ali [referindo-
se ao registo] cortava menos uma e ficava com 5 mais 1 que são 6”. No quadro o(a) professor(a)
regista:
10 – 4 = 6
GUIÃO DO PROFESSOR 03
Tal como anteriormente o professor pode, por exemplo, mostrar esta representação no ábaco
horizontal vincando que “a 10 retira 4, ou seja, menos 1 que anteriormente”.
Pode, então, perguntar aos alunos se alguém pensou de outra forma. Muito provavelmente, haverá
crianças que relacionaram o primeiro cálculo com o segundo, explicitando: “Agora ao 10 tiro
menos 1. Fica 5 mais 1” ou “Basta olhar para 10 – 5 e ver que agora fica mais 1, fica 6”.
Para a resolução de “11 – 5” e “11 – 4” deve continuar-se este tipo de exploração.
No final, o professor pode realçar as relações que se foram estabelecendo e o facto de que, desde
que se saiba quanto é 10 – 5, se pode saber rapidamente quanto é 10 – 4, 11 – 5 e 11 – 4.
As cadeias numéricas devem ser exploradas com regularidade (pelo menos uma vez por semana)
ao longo de todo o ano e ser adaptadas à fase de aprendizagem dos números e operações dos
alunos. Nos pontos seguintes incluímos alguns exemplos que o professor pode usar ao longo do
Ensino Primário.
Adição e subtracção até 20: exemplos de cadeias numéricas
2+2= 5 +5 = 5–4=
2+3= 5+6= 5–3=
3+2= 6+5= 5–2=
3+3= 5+4= 5 –1 =
3+4= 4+5= 5–5=
6+6= 8+8= 10 + 5 =
6+7= 8 +7 = 10 + 4 =
6+8= 7+8= 10 + 2 =
7+6= 8+9= 10 + 7 =
8+6= 3 + 10 =
6 + 8= 4 + 10 =
12 – 2 = 10 – 5 = 20 + 4 =
13 – 3 = 10 – 4 = 20 + 5 =
13 – 2 = 11 – 5 = 20 + 3 =
14 – 4 = 11 – 4 = 4 + 20 =
14 – 3 = 12 – 5 = 20 + 6 =
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
14 – 2 = 12 – 4=
Cada cadeia deve ser explorada uma de cada vez, à medida que vão sendo trabalhados na aula
os cálculos nela incluídos. Atendendo aos valores envolvidos na primeira cadeia, esta pode ser
proposta logo no início da 1.ª classe. No entanto, para poder explorar a última cadeia, é necessário
que os alunos já tenham trabalhado a adição e subtracção com números até 20 e que tenham
começado a interiorizar a noção de dezena. Note-se que não estamos a referir-nos à noção
mais abstracta de dezena, que corresponde a compreender que uma dezena é um grupo de dez
elementos, duas dezenas são dois grupos com dez elementos cada um,..., e que se adicionar uma
REPÚBLICA DE ANGOLA
284
2 ADIÇÃO E SUBTRACÇÃO
GUIÃO DO PROFESSOR 03
dezena com seis unidades obtenho 1 dezena e 6 unidades, ou seja 16. Estamos, sim, a referir-nos ao
início da compreensão do conceito de dezena e que é marcada por perceber o “estatuto” especial
do 10 – dez unidades – entendendo que 10 mais 6 são 16, 10 mais 10 são 20, ou 10 mais 8 são 18.
Estas nove cadeias incidem no desenvolvimento das relações numéricas e propriedades das
operações que são exploradas inicialmente, como a adição de dobros e “quase dobros”, a propriedade
comutativa da adição e a adição e subtracção em que pelo menos um dos termos é um múltiplo de
5 ou um número “próximo” deles.
20 × 5 = 24 : 4 = 100 :10 =
100 : 5 = 48 : 4= 100 : 20=
100 : 20 = 48 : 8 = 200 : 20=
25 × 10 = 96 :16 = 200 : 40=
250 :10 = 96 : 8= 400 : 20=
250 : 25=
64 : 8 = 24 : 2 = 2 × 10 =
64 : 4 = 24 × 0,5 = 10 : 0,5 =
128 : 16 = 36 : 2 = 2 × 25 =
128 : 8 = 36 × 0,5 = 25 : 0,5 =
48 × 0,5 = 2 × 43 =
48 : 2 = 43 : 0,5 =
Ao seguir a metodologia descrita anteriormente para explorar cada cadeia numérica, podem
surgir diferentes justificações dos alunos. Apresentamos alguns exemplos de possíveis respostas
para duas das cadeias numéricas propostas. Para cada uma delas, para além de possíveis respostas
dos alunos, indicamos ainda as relações numéricas ou as propriedades das operações envolvidas.
GUIÃO DO PROFESSOR 03
25 × 10 = 250 Porque sei multiplicar por 10. Multiplicar usando os múltiplos de 10.
Porque 25×10=250 ou o número
Tirar partido da relação inversa entre a
250 : 10 = 25 que multiplicado por 10 é igual a
divisão e a multiplicação.
250 é 25.
Porque se 25×10 é 250 então
Tirar partido da relação inversa entre a
também 10×25 é 250 ou o número
250 : 25 = 10 divisão e a multiplicação e da propriedade
que multiplicado por 25 é igual a
comutativa da multiplicação.
250 é 10.
REPÚBLICA DE ANGOLA
286
2 ADIÇÃO E SUBTRACÇÃO
GUIÃO DO PROFESSOR 03
Tirar partido da relação inversa entre a
divisão e a multiplicação.
(Em relação ao cálculo anterior), se numa
Porque sei que 6×8=48. multiplicação um dos factores duplica e
outro passa para metade o produto mantém-
se (uso da propriedade associativa). Ou
Ou (em relação ao cálculo
seja, se numa multiplicação um dos factores
anterior) se estamos a dividir o
duplica e o produto se mantém então o
mesmo número, que é o 48, por
outro factor passa para metade.
outro que é o dobro do anterior,
que é o 8, obtemos um número
que é metade do anterior, neste (Em relação ao primeiro cálculo), se numa
48 : 8 = 6
caso, 6. multiplicação um dos factores duplica e
o produto também duplica então o outro
factor mantém-se.
Ou (em relação ao primeiro
cálculo) se estamos a dividir
48, que é o dobro de 24, por Pensando na divisão (e relacionando com
um número que é o dobro de 4, 48:4), se o dividendo se mantém e o divisor
obtemos um número que é igual duplica, o quociente passa para metade.
ao resultado anterior.
Pensando na divisão, (e relacionando com
24:4) se o dividendo e o divisor duplicam, o
quociente mantém-se.
Tirar partido da relação inversa entre a
divisão e a multiplicação.
Porque (em relação ao cálculo
anterior 48:8) se estamos a dividir (Em relação ao cálculo anterior), se numa
96, que é o dobro de 48, por 16, multiplicação um dos factores duplica e
96 : 16 = 6 que é o dobro de 8, obtemos um o produto também duplica então o outro
número que é igual ao resultado factor mantém-se.
anterior.
Pensando na divisão, (e relacionando com
48:8) se o dividendo e o divisor duplicam, o
quociente mantém-se.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
GUIÃO DO PROFESSOR 03
Operações com números racionais: mais exemplos de cadeias numéricas
Apresentamos a seguir vários exemplos de cadeias numéricas que o professor pode propor aos
alunos e que focam conhecimentos e propriedades numéricas relativas aos números racionais.
REPÚBLICA DE ANGOLA
288
2 ADIÇÃO E SUBTRACÇÃO
GUIÃO DO PROFESSOR 03
Outras cadeias
0, 5 – 0, 2 = 1 1
de 240 = x 80 =
1 1 2 4
2 5 50% de 240 = 0,25 x 80 =
0, 6 0,5
25% de 240 = 25 x 80 =
3 1 1
12,5 % de 240 = x 60 =
5 2 2
4 1 1 0,5 x 60 =
8
de 240 =
5 2 3 0,50 x 60 =
de 240 =
8
50 x 60 =
37,5% de 240 =
0,50 x 0,60 =
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
GUIÃO DO PROFESSOR 01
REPÚBLICA DE ANGOLA
290
3 MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO
GUIÃO DO PROFESSOR 01
operação multiplicação com números até 100
Na resolução do primeiro problema pode haver alunos que usem uma estratégia de contagem um
a um, contando todos os ovos disponíveis nas 4 caixas. Uma outra estratégia de resolução pode
ser identificar que cada caixa tem 6 ovos e que há quatro caixas, representando o número total de
ovos usando uma adição:
6+6+6+6=24
Podem também ser usadas outras estratégias aditivas, identificando 8 filas de 3 ovos
3+3+3+3+3+3+3+3=24
Ou 12 colunas de 2 ovos
2+2+2+2+2+2+2+2+2+2+2+2=24
Podem também ser usadas estratégias de multiplicação identificando 4 caixas de 6 ovos
4×6=24
− alguns alunos poderão fazer listas identificando as hipóteses possíveis de fazer sandes;
− outros poderão fazer esquemas em árvore, começando ou pelos tipos de pão ou pelos
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
ingredientes;
− outros poderão adicionar os diferentes tipos de pão com cada um dos ingredientes
3+3+3=9
GUIÃO DO PROFESSOR 01
No terceiro problema, tanto na questão a como na questão b, é natural que surjam estratégias de
dois tipos:
- recorrendo ao preço de um pacote de leite e calculando a partir daí
- fazendo a composição de vários preços de pacotes de leite existentes na tabela. Por exemplo, é
possível calcular o preço de 8 pacotes de leite a partir do preço de 4. Também de pode calcular o
preço de 20 pacotes de várias maneiras: multiplicando por 2 o preço de 10; multiplicando por 10
o preço de 2, multiplicando por 20 o preço de 1; subtraindo o preço de 4 ao preço de 24 pacotes.
A questão 4 apresenta a construção da tabuada do 8. Esta deve ser construída após as tabuadas do
2, 5, 10, 4, 3 e 6 (veja no capítulo sobre a multiplicação e divisão a justificação para esta ordem de
introdução das tabuadas).
É importante que os alunos calculem os diferentes produtos da tabuada do 8 tal como se exemplifica,
ou seja, recorrendo a tabuadas construídas anteriores e a propriedades da multiplicação. É
fundamental realçar sobretudo as relações numéricas baseadas na multiplicação, e não apenas
na adição. Por exemplo, mais do que identificar que 6×8=8+8+8+8+8+8 é essencial que os alunos
relacionem 6×8 como sendo o dobro de 3×8 ou o triplo de 2×8.
Um outro aspecto que os alunos devem perceber é que a tabuada não termina no 10×8, de modo
que, em classes mais adiantadas, seja possível relacionar as diferentes tabuadas com os múltiplos
dos números.
A questão 5 propõe a realização de diferentes cálculos. Os alunos poderão resolvê-los de dois
modos: porque os associam às tabuadas e já os sabem de cor ou estabelecendo relações com
produtos já conhecidos e usando, ainda que intuitivamente, as propriedades da multiplicação.
Na ficha 02 são também propostos problemas de multiplicação com uma característica particular
– todos apresentam a disposição rectangular associada ao contexto. Uma vez que calcular o
número de objectos dispostos segundo uma disposição rectangular favorece o uso da operação
multiplicação, estes problemas pretendem facilitar o cálculo associado a esta operação. Na suas
resoluções é esperado que os alunos usem esta operação e as suas propriedades, ainda que de
modo intuitivo.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
292
3 MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO
GUIÃO DO PROFESSOR 02
operação DIVISÃO com números até 100
A ficha 03 foca a operação divisão com números até 100. Os primeiros quatro problemas têm um
contexto de divisão com diferentes sentidos associados (recorde os diferentes sentidos associados
a esta operação).
A ideia é os alunos familiarizarem-se com a operação divisão a partir de situações diversificadas e
serem capazes de resolver os problemas usando as estratégias que considerem adequadas.
Note que o facto de o problema ser de divisão não quer dizer que os alunos o tenham de resolver
usando esta operação. É até natural que na maior parte deles isso não aconteça, pelo menos numa
primeira fase.
É importante que o professor permita que os alunos resolvam os problemas de acordo com o seu
nível de desenvolvimento e, progressivamente, à medida que conhecem mais factos numéricos
(por exemplo os produtos da tabuada) e se familiarizem com as propriedades das operações, usem
estratégias mais rápidas e baseadas em relações numéricas. É essencial que a partir do momento
em que os alunos já estão familiarizados com a multiplicação sejam capazes de relacionar a divisão
com esta operação.
Na resolução do primeiro problema, organizar 48 maboques em caixas de 6) pode haver alunos
que usem diferentes estratégias:
− adicionar sucessivamente 6, o número de frutos que cabe em cada caixa, até chegar ao 48
6+6+6+6+6+6+6+6=48 ou 6+6=12; 12+6=18; 18+6= 24; 24+6=30; 30+6=36; 36+6=42;
42+6=48
− subtrair sucessivamente 6
48-6=42; 42-6=36; …
− multiplicar 8 por 6
8×6=48
No terceiro problema é natural que também surjam diferentes estratégias. O objectivo é que os
alunos possam relacionar este problema com o anterior. Na questão a, uma vez que se tem o dobro
dos frutos que no problema anterior para organizar também em caixas de 6 espera-se que alguns
alunos identifiquem que é necessário o dobro das caixas.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
No caso de os alunos não identificarem esta relação entre o número de maboques de um problema
e outro, o professor deve realçar esta relação que determina também que o número de caixas que
corresponde à solução de um e de outro problema
Na questão b, tem-se o mesmo número de maboques que na questão a mas agora as caixas levam
12 frutos. Espera-se que os alunos identifiquem a relação de dobro e de metade subjacente ao
problema. Tal como no caso anterior, se os alunos não a identificarem, deverá ser o professor a
realçá-la.
Tanto num caso como noutro, embora os problemas sejam de divisão, devem ser estabelecidas
REPÚBLICA DE ANGOLA NÚMERO E OPERAÇÕES
293
Multiplicação e divisão
GUIÃO DO PROFESSOR 02
relações entre esta operação e a multiplicação. Ou seja,
96÷6=16 porque 16×6=96
96÷12=8 porque 8×12=96
A questão 4 propõe a realização de diferentes cálculos com a operação divisão. Os alunos devem
resolvê-los usando a relação desta operação com a multiplicação e aplicando, ainda que de modo
intuitivo, as propriedades da multiplicação.
As questões 5 e 6 apresentam imagens a partir das quais os alunos devem inventar problemas.
O objectivo é que os alunos, para além de resolverem problemas sejam capazes de inventar
problemas Os alunos poderão inventar um problema que inclua, no primeiro caso, pacotes de
leite ou pacotes de sumo e, no segundo caso, 50 pitangas. Depois de o terem formulado os alunos
devem resolvê-lo. Tanto a formulação como a resolução do problema deve ser supervisionada
pelo professor.
Este será um bom contexto para trabalhar de modo articulado, as áreas da matemática e do
português.
REPÚBLICA DE ANGOLA
294
4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
GUIÃO DO PROFESSOR 01
Percentagens, números decimais e fracções
A tarefa Explorando relações tem por objectivo permitir que os alunos trabalhem, simultaneamente,
com várias formas de representação de números racionais, que estabeleçam relações entre estas
representações e os conceitos de percentagem, fracção e número decimal e que as suas respostas se
apoiem em raciocínios centrados nos conceitos e na análise do diagrama (o rectângulo incluído no
enunciado da tarefa) e não, fundamentalmente, em procedimentos de cálculo. Deve ser proposta
quando os alunos já tiverem algum conhecimento sobre os referidos conceitos mas antes de terem
aprendido qualquer procedimento que lhes permita responder, de imediato, a questões do tipo “6
que percentagem é de 40?”.
As potencialidades matemáticas desta tarefa provêm, antes de mais, da ordem pela qual as questões
são colocadas. Assim, é muito importante que o professor não altere esta ordem nem permita que
os alunos comecem pela pergunta que quiserem. Com efeito, se estes se centrarem, em primeiro
lugar, na terceira questão, muito provavelmente responderão, sem grandes dificuldades, que a
6
fracção que corresponde à parte pintada do rectângulo é . Em seguida, através de uma divisão,
40
podem transformar esta fracção num número decimal (0,15), ou seja, respondem à segunda
questão. Por último, podem representar este número sob a forma de percentagem (15%), usando,
por exemplo, o procedimento de “deslocar” a vírgula duas casas para a direita ou transformando
0,15 numa fracção decimal cujo denominador é 100. Respondem, por esta via, à primeira questão.
É um facto que todas estas respostas estão correctas mas a ênfase foi colocada na simples execução
de procedimentos de cálculo e não na compreensão dos conceitos e representações em jogo e suas
relações.
Assim, e depois dos alunos pintarem seis quadrados à sua escolha, é importante que o professor
os incentive a pensarem na percentagem do rectângulo que está pintada (primeira questão)
apoiando-se no modo como os pintaram e no que significa pintar seis quadrados tendo em conta
o número total de quadrados do rectângulo e a sua organização em linhas e colunas. A resposta
à segunda questão tem subjacente esta mesma ideia. Partindo do pressuposto que os alunos já
compreendem o significado de fracção enquanto relação parte todo, não devem ter dificuldades
em responder à terceira questão, pelo que este aspecto não será abordado nesta ficha.
Os alunos poderão pintar os seis quadrados de várias maneiras diferentes e é essencial que o
professor destaque a importância de usarem as escolhas que fizeram para fundamentar os seus
raciocínios. Apresentam-se, em seguida, algumas possibilidades bem como exemplos de como
poderão ser usadas para responder às duas primeiras questões.
Possibilidade 1: pintar seis quadrados em linha (figura 1)
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Figura 1
Percentagem do rectângulo pintada: O rectângulo representa 100%. Como tem quatro linhas,
cada uma corresponde a 25%. Em cada linha há 10 quadrados, logo cada quadrado corresponde
GUIÃO DO PROFESSOR 01
a 2,5%. Como se pintaram seis quadrados, a percentagem do rectângulo correspondente à parte
pintada é 6 x 2,5% ou seja 15%.
Número decimal que representa a parte do rectângulo pintada: O rectângulo representa a unidade.
1
Como há quatro linhas, cada uma é da unidade, ou seja, 0,25. Como há dez quadrados numa
4 6
linha, os seis que estão pintados representam de uma linha ou 0,6. Logo os seis quadrados
10
pintados são 0,6x0,25 da unidade ou seja, 0,15.
Possibilidade 2: pintar uma coluna e meia (figura 2)
Figura 2
Percentagem do rectângulo pintada: O rectângulo representa 100%. Como tem dez colunas,
cada coluna corresponde a 10% e meia coluna a 5%. Como está pintada uma coluna e meia, a
percentagem do rectângulo correspondente à parte pintada é 10%+5% ou seja 15%.
Número decimal que representa a parte do rectângulo pintada: O rectângulo representa a
1
unidade. Como tem dez colunas, cada coluna é da unidade ou 0,1. A segunda coluna só tem
10 1 1 1 5
dois quadrados pintados, ou seja metade da coluna. Metade de 0,1 é 0,05 (ou u 0, 05
2 10 20 100
). Portanto uma coluna e meia pintada corresponde a 0,1+0,05=0,15.
Figura 3
Figura 4
O rectângulo representa 100%. Como tem dez colunas, cada coluna corresponde a 10%. Logo, a
parte do rectângulo ocupada pelos pequenos rectângulos de 2 por 3 correspondem a 90%. Como
há seis destes pequenos rectângulos, cada um, ou seja a parte pintada, é 90%:6, isto é, 15%.
Número decimal que representa a parte do rectângulo pintada: O rectângulo representa a unidade.
No rectângulo “cabem” seis pequenos rectângulos de 2 por 3 e “sobra” uma coluna (figura 4). Esta
REPÚBLICA DE ANGOLA
296
4 NÚMEROS RACIONAIS E OPERAÇÕES
1
GUIÃO DO PROFESSOR
9
01
coluna é da unidade ou 0,1. Logo as restantes colunas representam da unidade ou 0,9. Como
10 10
nestas colunas “cabem” 6 rectângulos de 2 por 3, o rectângulo pintado corresponde a 0,9:6 ou seja
0,15.
Possibilidade 4: pintar seis quadrados dispersos pelo rectângulo (figura 5)
Figura 5
Figura 6
GUIÃO DO PROFESSOR 01
quadrados, ou seja 3. Deste modo, ficamos com uma figura com 100 quadrados em que estão
pintados 6+6+3, ou seja 15. Assim, em 100 quadrados há 15 pintados, pelo que a percentagem do
rectângulo correspondente à parte pintada é 15%.
Número decimal que representa a parte do rectângulo pintada. Agora a unidade é uma figura
composta por 100 quadrados. Logo, cada quadrado pintado representa 0,01. Como há 15 que
estão pintados, estes representam 15x0,01 da unidade, ou seja, 0,15. Ora a figura foi construída
mantendo-se a relação entre o número de quadrados pintados e não pintados, pelo que o número
decimal que representa os seis quadrados pintados num rectângulo com 40 quadrados também é
0,15.
REPÚBLICA DE ANGOLA
298
5 PENSAMENTO RELACIONAL, RELAÇÕES E REGULARIDADES
GUIÃO DO PROFESSOR 01
Esta ficha destina-se a desenvolver nos alunos uma predisposição para olhar para as expressões
numéricas como um todo, com uma determinada estrutura e não como qualquer coisa que tem
de produzir um resultado, que obrigatoriamente se deve calcular, por existirem operadores (+ e
x) e um sinal de igual (=).
Com as várias questões que se colocam, quer-se que os alunos entendam o sinal de igual como
uma relação de equivalência e se apropriem da ideia de compensação (adicionar o mesmo número
ou multiplicar pelo mesmo número, de ambos os lados do sinal de igual, para manter o equilíbrio).
Um outro aspecto muito importante é que os diferentes alunos da turma vão chegar certamente
a diferentes valores para colocar nas caixas (Tarefas 5 e 6) o que se for partilhado na turma, por
exemplo, registando no quadro de modo a que todos vejam, permite que mais facilmente surjam
generalizações que decorrem da relação que os alunos encontram entre os números e que se
traduzirá, decerto, em conjecturas, que a seguir devem ser testadas e validadas, com os mesmos
ou outros exemplos.
Um desafio para os alunos que mostrem maior facilidade na resolução deste tipo de problemas,
enquanto podemos dar mais atenção aos alunos que têm maiores dificuldades, é pedir-lhes para
inventarem e escreverem as suas próprias expressões, com um número desconhecido ou com dois
números desconhecidos. A seguir, depois de o professor validar se as expressões fazem sentido,
trocam entre eles, resolvendo uns o que os outros inventaram.
Soluções da Tarefa 5:
A = B + 6; A = B + 10; A = B – 12; A = B + 3
Soluções da Tarefa 6:
B = A : 2; A = 3 x B; B = 4 x A; A = 6 x B
Nota: Embora esta ficha seja considerada de Nível 2 (intermédio), as Tarefas 5 e 6 têm um grau de
dificuldade maior e podem ser consideradas de Nível 3 (avançado). Por outro lado, as primeiras
expressões e igualdades das Tarefas 1, 2 e 3, podem ser consideradas de Nível 1 (elementar).
Além disso, o professor pode, se entender, mandar substituir alguns dos números usados nas
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
expressões, se isso se mostrar adequado ao tipo de alunos que tem. Será sempre o professor que
decide o que perguntar e até onde vai, tendo em conta os diferentes níveis de desempenho dos
seus alunos, num mesmo ano de escolaridade, ou caso tenha, na mesma sala, alunos de diferentes
idades e anos de escolaridade. Este é um dos princípios da diferenciação pedagógica que admite
que, na mesma sala, uns façam uma coisa e outros possam fazer outra.
GUIÃO DO PROFESSOR 02
Relações e padrões numéricos e geométricos; Sequências lineares
crescentes; Termo e ordem de um termo; Generalização; Expressão geradora
de termos de uma sequência; Expressões gerais equivalentes.
Após dar aos alunos algum tempo para leitura, compreensão do pedido e resolução individual da
Questão 1, discuta as soluções encontradas, procurando que os alunos se corrijam entre eles. Aqui
ainda estamos a pensar na generalização local, de forma recursiva, ou seja, como se passa de um
termo ao seguinte.
Após dar um tempo de leitura para a Questão 2, o professor deve propor aos alunos que olhem
para a forma geométrica dos diferentes bandos, da esquerda para a direita, e procurem decompô-
la em ‘partes’, observando de que forma o V invertido vai crescendo, de acordo com a ordem.
Aqui procuramos a generalização distante, já não com base no termo anterior, mas relacionando
o número da ordem com a disposição e o número de aves da respectiva figura. Estas diferentes
‘formas de olhar’ para a geometria das sucessivas figuras da sequência, ou seja, para os seus termos,
procurando perceber o que muda e o que permanece constante, é que pode permitir encontrar
um padrão (lei ou expressão geral).
Por exemplo, no termo de ordem 3, podemos ‘ver’ o vértice do triângulo e os dois lados simétricos,
com 3 aves de cada lado. O termo tem então 1 (vértice) + 3 + 3 = 7 aves (pontos). O termo de ordem
4 tem 1 (vértice) + 4 + 4 aves, de cada lado = 9 aves. E assim sucessivamente, o que nos permite
generalizar para qualquer termo de ordem n e responder às Questões 3, 5 e 6. A generalização
pode expressar-se, em linguagem natural, da seguinte forma: Há sempre uma ave no vértice e
tantas aves quantas o número de ordem, em cada um dos dois lados do V. Daí, decorre que a
Questão 3 tem uma resposta imediata: 1 + 100 + 100, ou seja, 1 + 2x100 ou 2x100 + 1 = 201.
Mas pode haver alunos que façam outras ‘leituras’ da geometria da figura e da sua relação com o
número de ordem, chegando a outra expressão, mas equivalente, claro.
Outra orientação didáctica, para a sala de aula, que pode facilitar o processo de generalização, é
organizar os dados em tabela, colocando em destaque as duas variáveis presentes (a ordem e o
termo) mostrando as regularidades, quer através de uma leitura recursiva, em coluna (os termos
crescem de dois em dois), quer pondo em evidência a relação entre as duas variáveis, entre as
colunas (2 vezes a ordem mais 1).
Ordem Termo
1 3
2 5
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
3 7
(…) (…)
Com a Questão 4 pretende-se que os alunos, por observação, identifiquem que os termos da
sequência são sempre números ímpares.
Nota: Embora esta ficha com todas as questões que coloca seja considerada de Nível 3 (avançado),
se lhe retiramos as questões que implicam a generalização mais formal e algébrica, ela pode ser
considerada de Nível 2 (intermédio) e se pensarmos exclusivamente na forma como cresce de
REPÚBLICA DE ANGOLA
300
5 PENSAMENTO RELACIONAL, RELAÇÕES E REGULARIDADES
GUIÃO DO PROFESSOR 02
termo para termo (recursiva), solicitando apenas termos próximos, ela pode ser considerada de
Nível 1 (elementar).
Será sempre o professor que decide o que perguntar e até onde vai, tendo em conta os diferentes
níveis de desempenho dos seus alunos, num mesmo ano de escolaridade, ou caso tenha na mesma
sala alunos de diferentes idades e anos de escolaridade. Este é um dos princípios da diferenciação
pedagógica que admite que, na mesma sala, uns façam uma coisa e outros possam fazer outra.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
GUIÃO DO PROFESSOR 03
Múltiplos e divisores. Mínimo múltiplo comum (m.m.c.) e máximo divisor
comum (m.d.c.) de dois ou mais números.
Soluções:
Tarefa 5: O m.m.c. é o produto dos números primos e o m.d.c é igual à unidade (1)
Tarefa 6: Os números (linha e coluna) são os divisores de 48.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
REPÚBLICA DE ANGOLA
302
6 LOCALIZAÇÃO E VISUALIZAÇÃO
GUIÃO DO PROFESSOR 01
Localização e visualização espacial
As fichas para os alunos sintetizam o trabalho que deve ser realizado em torno da localização e
visualização espacial e que requer ser prolongado ao longo do Ensino Primário e concretizado a
propósito de vários contextos e atividades.
Globalmente importa que o professor tenha presente que:
GUIÃO DO PROFESSOR 01
Para este aluno é ainda dif ícil imaginar que está no ponto A e, a partir daí dar indicações precisas
do tipo segue em frente e deve encontrar a rua Santa Bárbara à sua direita. Continue em frente e
vire na próxima rua à direita. Siga em frente e vire na terceira rua à sua direita.
2. As experiências a realizar devem tirar partido de contextos diversos.
É importante que o professor articule o desenvolvimento das capacidades de visualização e
localização com o trabalho realizado em torno de vários temas e a propósito de diversas propostas
de trabalho. As ilustrações de livros de histórias infantis, a preparação de uma visita a um museu,
a análise de um mapa relativo à fauna de uma região, a análise das imagens de determinada zona
dados pelo Google Earth, são exemplos de possíveis contextos em que se podem trabalhar as
capacidades de visualização espacial e de localização em articulação com outros tópicos do
programa do Ensino Primário.
A par dos contextos da vida de todos os dias das crianças, o professor pode explorar contextos
imaginários que façam apelo à imaginação da criança e/ou permitam analisar questões
geometricamente desafiantes como as relacionadas com a construção de sólidos a partir de
cubinhos ou o desenho de vistas a partir de um determinado ponto de observação.
A questão em que se pede às crianças que analisem uma bandeira construída com diversas figuras
geométricas é disto um exemplo. A par da indicação da posição relativa de cada figura (um triângulo
está à direita e o outro está à esquerda, mais abaixo) e das suas relações (o retângulo grande está
dividido em dois mais pequenos, os dois triângulos são iguais) o professor pode aprofundar a
exploração das relações e características de vários retângulos e triângulos, a partir das respostas
dos alunos às várias questões. Outro exemplo, é o da questão em que se pede para indicar um
caminho num mapa que pode ser explorada para comparar distâncias entre os diversos locais nele
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
assinalados.
As construções com cubinhos podem ser trabalhadas com vários níveis de dificuldade. No início
do Ensino Primário as crianças constroem livremente sólidos e contam o número de cubinhos
usados. Depois podem começar a representar as suas vistas em papel quadriculado. Finalmente,
podem construir sólidos que tenham determinadas vistas, indicar o número mínimo e máximo
de cubinhos que permitem construir um sólido dadas algumas das suas vistas e representar em
papel ponteado sólidos construídos com cubinhos.
REPÚBLICA DE ANGOLA
304
7 FORMAS GEOMÉTRICAS: CLASSIFICAÇÃO E PROPRIEDADES
GUIÃO DO PROFESSOR 01
Esta ficha começa com uma primeira Tarefa 1 que deve ser desenvolvida individualmente por
cada aluno, apelando à observação do que o rodeia e à memória. O desafio deve ter sido lançado
na aula anterior, de modo a que os alunos tragam para a aula diversos exemplos.
As restantes Tarefas (2 a 6) devem ser realizada em pequenos grupos de dimensão adequada à
dimensão da própria turma.
O professor deve observar se a tabela é suficientemente rica na diversidade dos objectos/formas
que os alunos assinalaram, para evitar repetições desnecessárias e omissões que podem limitar
o alcance da actividade. Neste último caso, deve propor acrescentar alguns exemplos em que já
tenha pensado para completar, ‘enriquecer’ e ampliar a tabela.
O professor deve também corrigir possíveis confusões na identificação dos modelos geométricos,
apoiando-se na teoria e exemplos do Capítulo 2 de Geometria e Medida. Por exemplo, no
preenchimento da tabela podem aparecer, na segunda coluna, nomes como rectângulos, triângulos
ou círculos, que são figuras planas e não modelos de sólidos. O professor deve deixar isso escrito
no quadro e, a seguir, deve procurar que os alunos identifiquem a diferença, aproveitando para
clarificar o que distingue a geometria do plano e a geometria do espaço. Pode ser também altura
para identificar as características das duas grandes categorias de sólidos: poliedros e não-poliedros.
O erro pode assim transformar-se num factor de aprendizagem que ajuda a desfazer confusões.
A organização dos alunos em grupo pode contribuir para melhorar os processos de comunicação
e de argumentação na defesa das suas escolhas, o que se torna mais fácil por estarem entre os
seus pares, e têm de construir consensos quanto a critérios a escolher, tomar decisões em grupo e
partilhá-las com os restantes grupos e daí a importância de uma tabela visível no quadro.
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A Geometria é uma boa ferramenta de descrição e análise do mundo à nossa volta, o que
nos primeiros anos de escolaridade se traduz na realização de experiências de manipulação e
observação (Tarefa 1). Estas tarefas exigem também que o aluno já tenha contactado com o
vocabulário associado à Geometria no Espaço (faces, arestas, vértices, polígonos, paralelismo,
perpendicularidade, congruência), de que vai necessitar para fazer a descrição. Caso não o tenha
feito, é agora ocasião para o fazer ou rever.
O processo de comunicação na sala de aula (entre os alunos e destes, com o professor) permite
melhorar e corrigir o vocabulário e usar os erros (de linguagem e não só) que surgem, para os
transformar em aprendizagens, conduzindo a uma melhor compreensão das propriedades dos
sólidos geométricos (dos poliedros, em particular).
Progressivamente, nos anos de escolaridade mais avançados, os alunos vão-se libertando da
visualização directa dos objetos e pede-se-lhes que imaginem situações (Tarefas 2 e 3), colocando
a ênfase no raciocínio espacial e na capacidade de visualização espacial. Note que, na mesma
turma, existem sempre alunos com grandes diferenças ao nível dos conhecimentos de Geometria
e na sua capacidade de visualização espacial. Isto exige do professor que faça diferenciação ao
nível dos desafios que lança, para manter todos envolvidos. Daí uns poderem continuar na Tarefa
1, enquanto outros podem progredir para as Tarefas 2 e 3. O professor pode sempre acrescentar
questões que ache pertinentes, às tarefas da ficha. Por exemplo, no caso da Tarefa 1: “O que
alteravas na descrição se tiveres agora um prisma hexagonal (que pode desenhar no quadro)?”
Enquanto os alunos realizam o trabalho nos seus lugares, o professor deve circular entre as
carteiras e averiguar se existem soluções diversas, incompreensões, soluções criativas, etc. Isso
servirá para, em momento posterior, partilhar e discutir com toda a turma, solicitando que os
alunos vão ao quadro explicar as suas soluções, partindo das situações mais simples e comuns,
para as mais complexas e raras.
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REPÚBLICA DE ANGOLA
306
7 FORMAS GEOMÉTRICAS: CLASSIFICAÇÃO E PROPRIEDADES
GUIÃO DO PROFESSOR 03
O objectivo das Tarefas 1 a 3 da ficha é desenvolver nos alunos a capacidade de, com as mesmas
figuras planas A, B e C, e adoptando diferentes critérios, obterem diferentes classificações e
agrupamentos.
Ao escolherem um critério ou atributo, segundo o qual as vão classificar, têm de mobilizar os seus
conhecimentos sobre as propriedades das figuras e dos seus elementos, nomeadamente ângulos,
lados e posição relativa entre os lados.
A Tarefa 4 contribui para, a partir da decomposição de polígonos, desenvolver a visualização
espacial.
A Tarefa 5 serve para validar o conhecimento dos alunos sobre a definição de polígono côncavo e
convexo, mostrando se compreendeu o essencial que os distingue e se é capaz de os representar
através de um desenho.
Já a Tarefa 6 visa desenvolver a capacidade de visualização dos alunos, de decomposição e
recomposição da figura inicial, obedecendo a determinadas condições.
A possibilidade de surgirem diferentes soluções dos alunos nalgumas das tarefas, mesmo que
erradas, pode ser um importante factor de aprendizagem. Nesse caso, o professor deve representar
no quadro as soluções mais comuns e simples e as mais elaboradas e complexas, deixar os alunos
colocarem as suas dúvidas e desafiá-los a identificar e corrigir os erros que os seus colegas possam
ter cometido.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
Para que o jogo tenha sentido, o professor deve assegurar que existem na sala de aula um conjunto
de objectos diversos, com diversas formas e espessuras.
Primeiro, pode ser jogado dando maior importância aos objectos onde se destaquem claramente
as três dimensões (tri-dimensionais), como é o caso do lápis ou da borracha, que podem ser
considerados sólidos geométricos. Depois pode jogar-se, evidenciando os objectos de espessura
reduzida, onde se destacam apenas duas dimensões (bi-dimensionais), como é o caso de uma
folha do caderno, de um cartão de um jogo de cartas ou de uma régua, que podem ser (de forma
simplificada) designados polígonos.
Podemos ainda organizar os jogadores de duas maneiras diferentes: (i) o professor dirige o jogo,
solicitando os alunos, um a um, a irem à frente e tentarem adivinhar a forma que ele escolheu
e colocou na caixa; (ii) caso exista uma grande diversidade de objectos e vários sacos ou caixas,
podem organizar-se os alunos em grupos, dependendo da dimensão da turma, e cada um deles
ir desempenhando, alternadamente, o papel de professor. Esta última situação atribui ao aluno
um maior protagonismo ou responsabilidade, exigindo-lhe também uma maior compreensão das
regras e identificação das propriedades das figuras e formas disponíveis.
A comunicação em voz alta do que os alunos vão sentindo quando manipulam os objectos é
também um processo de progressiva redescoberta das propriedades dos sólidos e polígonos, que
o professor vai corrigindo e clarificando, assim como de melhoria do seu vocabulário.
REPÚBLICA DE ANGOLA
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7 FORMAS GEOMÉTRICAS: CLASSIFICAÇÃO E PROPRIEDADES
GUIÃO DO PROFESSOR 05
Do espaço ao plano. Sentido espacial e visualização espacial. Poliedros e
polígonos.
Todas as tarefas propostas podem ser feitas em presença dos modelos de poliedros (em material
moldável, não moldável ou com o auxílio de palhinhas) ou recorrendo apenas aos desenhos e
imagens da ficha.
São duas situações bem distintas, exigindo a segunda, uma maior capacidade de representação
mental e de abstracção da parte dos alunos.
No caso da possibilidade de realizar os cortes (material moldável) ou usar uma folha e um modelo
em palhinhas, a relação entre o espaço e o plano surge mais concreta e são mais facilmente visíveis
as características dos poliedros e polígonos obtidos, de cada vez que se faz um ‘corte’.
No entanto, descrever por palavras e representar por esquemas/desenhos, na ausência dos modelos
f ísicos, é uma importante competência a desenvolver mas que se situa num Nível 3 (avançado).
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310
8 GRANDEZAS E MEDIDA
GUIÃO DO PROFESSOR 01
Medição de grandezas
GUIÃO DO PROFESSOR 01
contribuindo assim, para a compreensão sobre o que são figuras isoperimétricas e equivalentes.
A questão 6 tem com objectivo consolidar o conceito de quadrado como quadrilátero com quatro
lados e quatro ângulos iguais. Frequentemente os alunos associam esta figura geométrica a uma
determinada posição no plano e esta actividade pretende desmistificar essa concepção errónea.
Efectivamente as características de uma figura geométrica são independentes da sua posição
no plano ou no espaço. Também importa clarificar que dois quadrados são diferentes se têm
diferentes comprimentos de lados e não porque têm uma determinada posição no plano.
As figuras seguintes mostram os quadrados diferentes que se podem construir num geoplano 5×5.
Depois de os alunos descobrirem os 8 quadrados dferentes poderão calcular a sua área usando
como unidade de medida de área, a área do quadrado mais pequeno que se consegue construir no
geoplano.
Na ficha 02 são também propostas actividades que têm como recurso o geoplano 5×5 e o papel
ponteado. Para além de explorarem figuras geométricas, as suas características, perímetros e
áreas abordam, também, a ideia de itinerário, propondo a construção de diferentes caminhos
que passam por todos os pregos do geoplano. Associada ao conceito de área, a questão 3 sugere o
cálculo da área de uma figura por enquadramento e por decomposição (ver capítulo das Grandezas
e Medidas). O seu objectivo é familiarizar os alunos com o cálculo de áreas usando estes dois
métodos. A ideia é os alunos perceberem que, quando precisam de calcular a área de uma figura
plana, podem recorrer a um destes dois métodos, aquele que considerarem mais fácil, de acordo
com as características da figura.
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10 ESTATÍSTICA
GUIÃO DO PROFESSOR 01
Moda, Média e Mediana
Esta ficha tem como objectivo a mobilização dos conceitos de moda, média e mediana de forma
articulada. Recorde que estas medidas estatísticas têm em comum o facto de serem medidas de
tendência central, ou seja, visam localizar o centro de um conjunto de dados.
Cada problema envolve sempre, pelo menos, dois destes conceitos, prespectivando a compreensão
do significado destas medidas, do modo como elas se relacionam entre si e dos eventuais efeitos
da alteração de alguns dados no valor assumido por cada uma delas.
Na questão 1 os alunos são desafiados a encontrarem cinco valores (entre 0 e 20), que satisfaçam
simultaneamente a condição da média ser 10 e a moda ser 15. Para conseguirem encontrar um
conjunto de dados nestas condições, os alunos podem proceder do seguinte modo:
Como a moda tem de ser 15, podem começar por pensar que todos os dados são 15 e ir alterando
alguns dos valores de modo a obterem a média de 10. Para termos cinco números com média
igual a 10, significa que ao somarmos esses números e a seguir dividirmos por 5 obteremos o
valor 10. Então a soma desses números será 5x10, ou seja, 50. Assim, o último conjunto de dados
apresentado em seguida é um exemplo que satisfaz as duas condições do enunciado:
15 15 15 15 15 15 15 15 5 5 15 15 15 3 2
Soma = 75 Soma = 55 Soma = 50
Média = 15 Média = 11 Média = 10
Note que há mais conjuntos de dados que satisfazem as condições do enunciado, como por
exemplo:
15 15 15 3 2; 15 15 10 7 3; 15 15 15 4 1 etc.
A questão 2 apela a uma análise conjunta dos valores da moda e da média a partir de dados
representados graficamente (gráfico de barras). Para resolverem esta questão, os alunos poderão
começar por observar que o segundo gráfico é um gráfico que representa um conjunto de dados
que se distribui simetricamente em relação à barra central. Assim, neste gráfico, a média será 16
que é igual ao valor da moda (que corresponde ao valor que mais se repete).
Se observarmos o primeiro gráfico, percebemos que a moda é 13. Neste caso, a média terá de ter
um valor superior a 13, pois o conjunto de dados assume alguns valores muito grandes e, como
sabemos, a média é uma medida que é influenciada por este tipo de valores.
PROJECTO APRENDIZAGEM PARA TODOS
O terceiro gráfico representa uma situação contrária à descrita para o primeiro gráfico, logo a
média será inferior à moda.
Assim, o primeiro gráfico é referente à escola B, o segundo gráfico à escola A e o terceiro gráfico
à escola C.
Note-se que o objetivo desta questão não é calcular os valores da média, mas sim analisar os
efeitos que valores muito grandes ou muito pequenos de um conjunto de dados podem ter no
valor desta medida. Contudo, depois de se discutirem os aspectos acima descritos, o professor
GUIÃO DO PROFESSOR 01
pode propor aos alunos que calculem a média dos dados de cada um dos gráficos, confirmando,
assim, as conclusões tiradas anteriormente.
A questão 3 apela a uma análise conjunta dos valores da média e da mediana a partir dos dados
representados através de uma tabela.
A alínea a) pede aos alunos para calcularem os valores da média e da mediana. O cálculo destas
medidas permitirá concluir que a média é superior à mediana.
As alíneas b) e c) convidam os alunos a olharem para os dados e a perceberem que há um dado (o
60) que é muito superior aos restantes. Efectivamente todos os dados, excepto o 60, estão entre
20 e 36 (inclusive). Assim, a média obtida não reflecte o conjunto do número de golos obtidos na
29.ª jornada deste torneio de futebol. Neste caso, a mediana é uma medida que se mostra mais
adequada para representar o conjunto dos dados.
Na questão 4 os alunos são desafiados a encontrarem cinco valores que satisfaçam, simultaneamente,
as condições da mediana ser 16, a média ser 17 e a moda ser 15.
Como a mediana tem de ser 16 os alunos podem começar por considerar que este valor fará
parte obrigatoriamente do conjunto de dados e ocupará a 3.ª posição (pois estamos perante uma
situação em que o número de dados é ímpar, pelo que a mediana ocupa o lugar central dos dados).
Como a moda é 15 os dois primeiros dados terão de ser 15.
Resta, então, encontrar dois dados, diferentes, de modo a que a média dos cinco dados seja 17 (o
que obriga a que a soma de todos os valores seja 85).
15 15 16 ? ?
Soma total = 85
Soma dos três primeiros dados = 46
Os dois dados que faltam têm de somar 39 (porque é a diferença entre 85 e 46) e têm de ser
diferentes e superiores a 16 (pois a moda tem de se manter 15). Há 3 pares de números que
satisfazem estas condições, que são: o 17 e o 22; o 18 e o 21; o 19 e o 20.
Assim, existem três conjunto de dados nas condições pretendidas:
15 15 16 17 22; 15 15 16 18 21; 15 15 16 19 20.
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