RESUMO: O presente trabalho mostra a importância do atendimento
pedagógico em ambiente hospitalar e como estas atividades podem promover
o desenvolvimento sócio afetivo de crianças e adolescentes que, por motivo de
internação hospitalar, estão privadas de participar de seu meio sociocultural e
escolar. Não se pode dizer que a Pedagogia Hospitalar seja uma novidade na
área educacional, pois já faz parte da realidade no campo de atuação do
pedagogo na sociedade contemporânea.
Pretendo descrever de forma objetiva o percurso histórico da classe escolar no
ambiente hospitalar que garante entre outros, o direito à escolaridade e à
educação formal. A Classe Hospitalar surgiu de políticas públicas e estudos
originados da observação, consideração e respeito às necessidades das
crianças que devido à problemática de saúde, requeiram hospitalização,
independentemente do tempo de duração da mesma. Estar hospitalizado não
é exclusão. A criança e/ou adolescente é um cidadão que tem o direito ao
atendimento de suas necessidades e interesses mesmo quando está
doente.
Palavras chaves: ambiente hospitalar, educação, criança.
INTRODUÇÃO
CLASSE HOSPITALAR: UM RECURSO A MAIS PARA A INCLUSÃO
EDUCACIONAL DE CRIANÇAS E JOVENS
A Pedagogia Hospitalar vem se expandindo no atendimento à criança
hospitalizada, e em muitos hospitais do Brasil tem se enfatizado a visão
humanística. O profissional da Pedagogia, deverá ter os olhos voltados para o
ser em sua totalidades, porque o corpo está sendo cuidado por profissionais da
medicina e o professor em ambiente hospitalar deve se ater ao rendimento
educacional, social e afetivo dessa criança/adolescente.
Mas isso, não o impede de saber as condições físicas da
criança/adolescente até para lidar melhor com o estado emocional deles.
Terei como referencial teórico, as experiências e pesquisas já realizadas nos
hospitais do Brasil onde a Classe Escolar Hospitalar foi implantada no auxílio
de tratamentos às crianças e adolescentes.
O objetivo é aprender e conscientizar, discutir e ampliar as ideias dos
profissionais da educação e da saúde, quanto a proporcionar uma melhor
qualidade de vida, para todas as pessoas que requerem um cuidado e um olhar
especial para um atendimento individualizado, seja no atendimento domiciliário
ou hospitalar.
É preciso incluir para fazer a diferença. Para mudar a realidade do país. E
incluir exige disposição, empatia e solidariedade. Não basta incluir o aluno em
qualquer turma ou de qualquer jeito.
O que isso tem a ver com classe hospitalar?
Tem muito a ver porque Inclusão escolar é o acolhimento às pessoas,
no sistema de ensino, independentemente de cor, classe social e condições
físicas e psicológicas. O termo é associado mais comumente
à inclusão educacional de pessoas com deficiência física e mental, mas é
preciso abrir o leque e ver que a inclusão também é necessária nos hospitais,
na chamada Pedagogia Hospitalar.
Mas o que é Pedagogia Hospitalar?
“Pedagogia hospitalar é uma área de atuação pedagógica fora dos
âmbitos educacionais comuns que assegura os direito que todos possuem à
educação, principalmente aqueles que, devido a uma enfermidade, precisam
ficar ausentes da escola em virtude de sua hospitalização”. (CORREIA, 2018)
Assim sendo, podemos afirmar que o profissional da Pedagogia que
atua em hospitais vai ser sempre o elo que ligará o aluno em seu momento de
fragilidade e a sua escola de origem. Isso traz ao pedagogo a responsabilidade
de ser responsável pela educação da criança/adolescente, contribuindo para
aliviar o sofrimento e ansiedade da criança através das práticas pedagógicas.
O profissional que adentra essa área tem que ter em mente que não
adianta apenas a formação profissional. É preciso ter empatia, usar fontes de
interação harmoniosa como jogos educativos e atividades lúdicas, recreativas
como a arte de contar histórias, brincadeiras, jogos, dramatização, desenhos e
pinturas e lembrar que a maioria dos hospitais não estão preparados para
classes hospitalares e o aprendizado pode ocorrer em enfermarias e
ambulatórios. Embora a legislação brasileira reconheça o direito da criança e
do adolescente hospitalizado a receber esse tipo de atendimento pedagógico
nos hospitais no período de internação, essa oferta ainda é muito restrita, não
contemplando a todas as crianças com esse direito. Com isso, o resgate
histórico das classes hospitalares visa um maior entendimento sobre as
possíveis causas deste fato e a sua importância no contexto educacional e
emocional da criança e do adolescente hospitalizado.
A Resolução nº. 41 de outubro de 1995, no item 9, afirma o “Direito de
desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a
saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência
hospitalar”.
Isso porque, a internação de longo prazo, se é difícil para adultos,
imagine crianças e adolescentes que estão sempre em movimento?
Muitos não entendem o processo pelo qual estão passando, sofrem pela
doença existente em seu corpo físico e por estarem longe do ambiente familiar,
fazendo com que se sintam excluídos, abaixando a autoestima e dificultando
seu tratamento.
História da classe hospitalar
Em 1935 o Ministro da Saúde da França, Henri Sellier, inaugurou em Paris a
primeira escola para crianças que por motivos de saúde tinha que se afastar da
escola. Logo, esta atividade expandiu-se para outros países, como Alemanha,
Europa e Estados Unidos. Este novo espaço escolar foi inserido como uma
nova visão de ensino, pois havia certas doenças que impediam a presença dos
alunos à escola, devido a internações, necessidades de repouso, com tempo
estimáveis ou não. Um dos elementos que desencadeou a prática pedagógica
dentro dos hospitais foi a tuberculose, uma doença que atingiu uma imensa
massa humana e vitimou adultos e principalmente crianças em toda a Europa,
e as estatísticas de mortes não paravam de crescer.
E na Segunda Guerra Mundial, essas escolas ficaram ainda mais
evidentes, por causa do número de crianças feridas e que necessitavam de
atendimento por um longo período.
No Brasil este ramo começou por volta de 1931, na Santa Casa de Misericórdia
de São Paulo, que indicam em seus relatórios anuais o atendimento
pedagógico especializado a deficientes físicos. Mas só em 1950 oficializou a
primeira classe hospital, no Hospital Municipal de Jesus, que atua até os dias
atuais no Rio de Janeiro, atendendo crianças internadas com poliomielite.
A evolução da prática pedagógica
Ao pensarmos em uma descrição ou em uma simples associação que pudesse
definir o que é a pedagogia e buscando informações e referências mais
específicas sobre a definição de pedagogia, deparamo-nos com a seguinte
acepção: a pedagogia é
“[...] o estudo das questões relativas à
educação, a arte de instruir, ensinar ou
educar as crianças, o conjuntos das
ideias de educador.” (MICHAELIS, 2008,
p. 650)
A ação educativa sofreu um processo de transformação ao longo de sua
trajetória, que culminou na quebra do estereótipo criado pela sociedade, o qual
confinava o exercício pedagógico ao âmbito escolar. Assim, com o decorrer do
tempo, percebeu-se que sua finalidade não deve ser simplesmente transmitir
conteúdos acadêmicos e matérias obrigatórias à formação do indivíduo, mas
também comunicar experiências que possam influenciar de maneira
permanente a formação de cidadãos críticos e atuantes na sociedade,
expandindo, dessa forma, suas áreas de atuação.
Segundo documentos elaborados pelo Ministério da Educação (MEC),
referindo-se à questão do conceito do que é a educação nos dias de hoje,
podemos observar que:
“A Educação Básica é direito universal e
alicerce indispensável para a capacidade
de exercer em plenitude o direto à
cidadania. É o tempo, o espaço e o
contexto em que o sujeito aprende a
constituir e reconstituir a sua identidade,
em meio a transformações corporais,
afetivo emocionais, socioemocionais,
cognitivas e socioculturais, respeitando e
valorizando as diferenças. Liberdade e
pluralidade tornam-se, portanto,
exigências do projeto educacional.
(BRASIL, 2013, p. 17)
A partir disso compreendemos que a pedagogia não se limita mais ao âmbito
escolar, visto que seu papel social vai além da formação acadêmica. Portanto,
o papel da pedagogia e do profissional que a irá exercer encontra um grande
desafio na tecnologia, na saúde e em outras ciências que nos rodeiam, a
transformação do meio é de extrema importância para que haja um progresso
social, humano, justo e consciente.
Considerando esse novo conceito de pedagogia, podemos identificar diversas
áreas em que se encontra o exercício da sua prática, pois muitos profissionais
graduados nessa ciência da educação estão sendo solicitados em diversos
âmbitos diferentes de educação formal e não formal. Isso tem originado uma
pedagogia que visa a atender diversas demandas sociais, tais como hospitais,
ONGs, presídios, empresas e projetos sociais, que trazem uma proposta séria
e eficaz de práticas educacionais.
De acordo com o documento elaborado em 2002 pelo MEC e a Secretária de
Educação Especial.
“Cumpre às classes hospitalares e ao atendimento pedagógico domiciliar elaborar estratégias e
orientações para possibilitar o acompanhamento pedagógico-educacional do processo de
desenvolvimento e construção do conhecimento de crianças, jovens e adultos matriculados ou
não nos sistemas de ensino regular, no âmbito da educação básica e que encontram-se
impossibilitados de frequentar escola, temporária ou permanentemente e, garantir a
manutenção do vínculo com as escolas por meio de um currículo flexibilizado e/ou adaptado,
favorecendo seu ingresso, retorno ou adequada integração ao seu grupo escolar
correspondente, como parte do direito de atenção integral.” (BRASIL, 2002, p. 13)
De acordo com a Constituição Nacional, o Estatuto da Criança e do
Adolescente, a Lei Orgânica da Saúde e a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, o atendimento à saúde deve ser integral, atendendo aos
requisitos da promoção, prevenção, recuperação, reabilitação e educação da
saúde, e a continuação da educação escolar, onde deve haver um ajustamento
às necessidades dos alunos exclusos da unidade educacional no ambiente
hospitalar.
Isso nos mostra como a Pedagogia Hospitalar vem trilhando um longo caminho
até alcançar seus reais objetivos como órgão social contribuinte na sociedade.
E um lugar frio, inóspito, com vidas chegando e acabando, a Pedagogia
Hospitalar vem de encontro ao ensino, trazendo vida e esperança.
A pedagoga hospitalar deve “garantir
a manutenção do vínculo com as
escolas por meio de um currículo
flexibilizado e/ou adaptado,
favorecendo seu ingresso, retorno ou
adequada integração ao seu grupo
escolar correspondente, como parte
do direito de atenção integral.”.
(BRASIL, 2002, p. 13)
As intervenções naturalmente restituem a autoestima dessas crianças e mostra
uma forma de lutar contra a doença e muitas vezes, devolvendo-lhe a vontade
de viver pela volta à escola.
Referências
1- ↑ BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais
Gerais para a Educação Básica. Brasília, DF, 2013. Disponível em:
<http://prtal.mec.gov.br/docman/abril-2014-pdf/15547-diretrizes-
curriculares-nacionais-2013-pdf-1 Acesso em: 25 de junho. 2015.
2- ↑ BRASIL. Ministério da Educação. Programa Nacional de fortalecimento
dos Conselhos Escolares. Brasília, DF, 2004. Disponível
em:<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_cad1.pdf>.
Acesso em: 13 de julho. 2015.
3- ↑ BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial.
Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e
orientações. Brasília, DF. 2002. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB0201.pdf>. Acesso em:
16 de julho. 2015.
4- ↑ https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedagogia_hospitalar
15/04/19
https://docplayer.com.br/12087314-Historia-da-classe-escola-hospitalar-no-
brasil-e-no-mundo.html
ESTEVES, Cláudia R. Pedagogia Hospitalar: um breve histórico. Disponível em:
http://www.educacao.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espacovirtual/acesso: 22 de abril
de 2019.
BRASIL. Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados. Diário Oficial, Brasília, 17
out.1995. Seção 1, p. 319-320.
Considerações Finais
Pesquisar sobre classe hospital me permitiu aprender e entender sobre essa
forma de ensinar. Nunca parei para pensar nessa forma de ensino, pois
sempre vi e educação em sala de aula e jamais fora dela. Foi interessante
buscar o passado para entender e conhecer o caminho feito pela classe
hospitalar até os dias de hoje.
No Brasil, embora seja previsto por lei, pude entender que esse
acompanhamento ainda é tímido em relação ao número de hospitais que o
Brasil possui em sua extensão.
Então, e oportuno que esse assunto seja discutido, pois se trata de mais uma
alternativa de socialização de conhecimento e ampliação da forma de ver a
educação.
FILMES INTERESSANTES PARA ENTENDER AS CLASSES
HOSPITALARES.
PATCH ADAMS – O amor é contagioso.
Tudo por Amor.
Amigos para sempre.
Golpe do Destino.
Fale com Ela.
SITES:
www.praticahospitalar.com.br
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/livro9.pdf
http://www.inep.gov.br/pesquisa/bbe-online/det.asp?cod=58708&type=P
http://www.pedagobrasil.com.br/wforum/forum.asp?acao=msg&id=245
http://portales.educared.net/aulashospitalarias/por/sobreelproyecto_nuestrasaul
as.jsp
Por: Cláudia R. Esteves