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Apostila Manejo de Doenças

O que são doenças de plantas, quais os principais patogenos que causam doenças, e os princípios gerais de manejo de doenças

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Auxiliar em

Agropecuária

Manejo Integrado de Pragas e Doenças


20 horas
Curso | Auxiliar em Agropecuária

MÓDULO 2: MANEJO INTEGRADO DE DOENÇAS DE PLANTAS

Neste módulo iremos aprender um pouco sobre o que são doenças de plantas, quais os
principais patogenos que causam doenças, e os princípios gerais de manejo de doenças. Bom
estudo!

CONCEITO DE DOENÇA

O que são doenças de plantas?

Doença é o mal funcionamento de células e tecidos da planta que resulta da sua


contínua irritação por um agente patogênico ou fator ambiental e que conduz ao
desenvolvimento de sintomas. O mal funcionamento pode resultar em dano parcial ou
morte da planta ou de suas partes (Agrios, 1988).

O que causam as doenças?

A doença é decorrente de alterações fisiológicas acarretadas exclusivamente por


agentes infecciosos, ou seja, de natureza parasitária ou biótica, com capacidade de
serem transmitidos de uma planta doente para uma planta sadia. Os agentes de
natureza infecciosa incluem fungos, bactérias, fitoplasmas, vírus e viróides, nematóides,
protozoários e plantas parasitas superiores.
Outras definições incluem causas de natureza não infecciosa, não parasitária ou
abiótica, que não podem ser transmitidas de uma planta doente para uma planta sadia.
Dentre as causas de natureza não infecciosa destacam-se as condições desfavoráveis
do ambiente (temperatura excessivamente baixa ou alta, deficiência ou excesso de
umidade, deficiência ou excesso de luz, deficiência de oxigênio, poluição do ar), as
deficiências e/ou desequilíbrios nutricionais e o efeito de fatores químicos.
As doenças bióticas/infecciosas são as mais estudadas e, nesse caso, elas são
resultantes da ação de um microorganismo denominado patógeno, sobre a planta, que é
denominado hospedeiro.

Mas, o que são patógenos?

Patógenos são microrganismos, como fungos, bactérias, protozoários e vírus que


realizam uma interação com a planta, pois vivem dentro dela, invadindo seus tecidos. Esse
processo de invasão gera um processo infeccioso.
Alguns micro-organismos maiores, como ácaros e nematoides podem ser considerados

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patógenos se, devido a sua ação, a planta sofrerá alguma alteração fisiológica
(desenvolvimento alterado, por exemplo).
A planta invadida pelos patógenos recebe o nome de hospedeiro.
Nesse sentido, a representação clássica dos fatores que interagem para ocorrência de
doenças em plantas é o triângulo, onde cada vértice representa um desses fatores (agente
causal = patógeno; planta suscetível = hospedeiro; ambiente favorável = ambiente)

Figura 1: Representação clássica dos fatores que interagem para a ocorrência de doenças em plantas.

O que são fungos, bactérias, vírus e nematóides?

Fungos
Os fungos são organismos uni ou pluricelulares, ou seja, constituídos de uma ou mais
células, popularmente conhecidos como fungos, bolores e cogumelos. Eles são responsáveis
por 70% das doenças de plantas.
Algumas doenças causadas por eles são o tombamento, as podridões, antracnoses, etc.

Bactérias
As bactérias são organismos unicelulares, ou seja, constituído por uma única célula, que
apresentam várias formas e podem produzir seu próprio alimento ou parasitar outros
organismos. As bactérias que causam doença possuem como característica o fato de
multiplicarem-se rapidamente dentro do organismo atacado.
Algumas doenças causadas por bactérias são a murcha bacteriana e algumas
podridões.

Vírus
Um vírus é uma partícula proteica com capacidade de provocar doenças; os vírus só
conseguem se reproduzir dentro de células vivas. Para entrar na planta os vírus precisam de
algum ferimento ou inseto que leve ele junto (chamado vetor). Algumas doenças causadas por
vírus são o vira-cabeça do tomateiro.

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Nematoides
São pequenos organismos filamentosos, também conhecidos como vermes cilíndricos,
que geralmente atacam as raízes das plantas, ocasionando galhas e ferimentos, o que reduz o
desenvolvimento da planta atacada, podendo levá-la a morte.

A B C D

Figura 2: Exemplo de plantas com doenças causadas por (A) fungos, (B) bactérias, (C) vírus e (D) nematóides.
Fonte: Embrapa.

DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS

Tombamento
Sintoma típico: escurecimento e afinamento na base do caule da planta, com isso a planta
enfraquece e tomba/deita. Comum em mudas de hortaliças (Figura 3 A) .
Manejo: sementes sadias e substratos desinfetados.

Podridões
As podridões podem ocorrer em várias partes das plantas, desde a raiz até os frutos e flores.
Sintoma típico: parte afetada fica com aspecto seco (necrose) ou encharcado (podridão
mole). Quando atacam as raízes o sintoma mais comum é a murcha da parte aérea (Figura
3B).
Manejo: redução da fonte de contaminação.
• Usar matéria orgânica no solo;
• Fazer rotação de culturas;
• Remover restos culturais;
• Evitar adensamento de plantas.

Figura 3: Doenças causadas por fungos. (A) tombamento em mudas de tomate e (B) murcha causada por fungos
de solo em batata.

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Antracnoses
Ocorrem em todo mundo e em muitas culturas – grãos, hortaliças, flores, frutíferas, podendo
levar a morte da planta.
Sintoma típico:
• No caule: lesões alongadas e escuras;
• Nas folhas: arroxeamento das nervuras e desenvolvimento de lesões escuras;
• Nas vagens: lesões circulares e deprimidas, de coloração marrom, com os bordos
escuros e salientes, circundados por um anel pardo-vermelhado
• Nos frutos: lesões arredondadas, de cor escura.

Figura 4: Sintomas típicos de antracnose causada por fungos. (A) caule, (B) folhas, (C) Vagens, (D) frutos. Fotos:
Agrolink
Condições favoráveis para o fungo: alta umidade, chuva e irrigação ajudam a espalhar o
fungo e eles sobrevivem em restos culturais
Manejo:
• Plantio em épocas mais secas;
• Evitar adensamento de plantas;
• Usar variedades resistentes;
• Evitar irrigação por aspersão;
• Remoção dos restos culturais.

Manchas foliares
Praticamente todas as culturas são afetadas por manchas foliares causadas por fungos. As
manchas variam quanto ao formato, tamanho e coloração e conforme estas características
as doenças recebem diferentes nomes.
Sintoma típico: necrose na parte afetada, às vezes com perfurações.
Condições favoráveis para o fungo: época quente e chuvosa. Sobrevivem em mais de um
hospedeiro (mais de uma cultura) e nos restos culturais.
Manejo:
• Remoção dos restos culturais;
• Uso de variedades resistentes;
• Evitar adensamento de plantas;

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Mancha de Alternaria – causada pelo fungo Anternaria spp.

Figura 5: Mancha de Alternaria em folhas de couve, soja e tomate. Fotos: Embrapa.

Mancha de Cercospora ou cercosporiose – causada pelo fungo Cercospora spp.


Principal doença na cultura da beterraba e de muita importância no cafeeiro.

Figura 6: Cercosporiose em folhas de milho e beterraba e em frutos e folhas de café. Fotos: Agrolink

Mancha de septoria ou septoriose – causada pelo fungo Septoria spp. Causa muitos
danos na cultura do tomate, podendo levar a morte.

Figura 7: Septoriose em folhas de tomate, trigo e alface. Fotos: Agrolink.

Míldios
São de ocorrência muito freqüente em várias culturas.
Sintoma típico: mais comum nas folhas e são caracterizados por manchas de coloração
verde clara a amarelada, tipo “mancha de óleo”. Em umidade alta surge na parte de baixo
da folha uma camada branca de fungos.
Condições favoráveis para o fungo: alta umidade relativa e/ou molhamento das folhas.
Manejo: semelhante ao de manchas foliares.

Míldio da videira/uva: causada pelo fungo Plasmopara viticola. É a principal doença


fúngica da videira, podendo infectar todas as partes verdes da planta, causando maiores

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danos quando afeta as flores e os frutos.

Figura 8: Mancha de “óleo”, sintomas na parte de baixo das folhas e nos cachos de
uva. Fotos: Embrapa.

Míldio do feijão, feijão-vagem, soja e ervilha: causada pelo fungo Peronospora


manshurica

Figura 9: Sintomas de míldio em folhas de soja e feijão. Fotos: Agrolink

Míldio das curcubitáceas – causado pelo fungo Pseudoperonospora cubensis. Culturas


Afetadas: Abóbora, Abobrinha, Chuchu, Maxixe, Melancia, Melão, Pepino

Figura 10: Sintoma de míldio das curcubitáceas. Fotos: Agrolink

Oídios
Doença de ocorrência universal e que ataca muitas culturas, principalmente as cultivadas
em estufas. Estes fungos não matam as plantas infectadas, mas reduzem a área da folha
que é ativa (faz fotossíntese) e com isso há redução no crescimento e quedas na produção.
Sintoma típico: crescimento de massa branca, parecido com talco, na parte de cima das
folhas. Os sintomas aparecem também na parte de baixo das folhas (estagio mais
avançado da doença) e em flores, frutos, gemas e ramos novos.
Condições favoráveis para o fungo: baixa umidade do ar (ar seco) e temperatura amena
(em torno de 24°C).

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Manejo:
• uso de variedades resistentes;
• leite cru com água (1 parte de leite e 9 de água) – a fermentação do leite impede o
desenvolvimento do fungo.

Figura 11: Sintomas de Oídio em folhas de soja, melão e mamão. Fotos: Agrolink

Ferrugens
Esta doença ocorre em áreas que apresentam condições climáticas favoráveis, causa
severas perdas por atacar todas as partes verdes da planta. A ocorrência está vinculada a
áreas onde as temperaturas são elevadas durante a primavera. Por esse motivo, não ocorre
todos os anos em regiões de clima frio.
Sintoma típico: crosta de coloração e aspecto ferruginoso.
Condições favoráveis para o fungo: depende da cultura que ataca.
Manejo:
• Cultivares resistentes.

Ferrugem asiática, ferrugem da soja – causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. O seu
principal dano é a desfolha precoce, impedindo a completa formação dos grãos, com
conseqüente redução da produtividade que pode chegar a 70%. Chegou no Brasil em 2001.
Devido à facilidade de disseminação do fungo pelo vento, a doença ocorre em praticamente
todas as regiões produtoras de soja do país.

Figura 12: Sintomas de plantas de soja atacadas pela ferrugem. Fotos: Agrolink

Ferrugem do alho e cebola - causada pelo fungo Puccinia allii. Esta é uma doença comum
e importante na cultura do alho, e a severidade com que ocorre depende do estágio de

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desenvolvimento da cultura e das condições climáticas, podendo causar grandes prejuízos


devido à queda significativa de produção em plantios tardios quando coincidem as condições
ótimas de frio para o desenvolvimento da doença.

Figura 13: Sintomas de plantas de alho e cebola atacadas por ferrugem. Fotos: Agrolink.

Ferrugem-do-cafeeiro – causada pelo fungo Hemileia vastatrix. Causa sérios prejuízos a


cafeicultura. O fungo ataca todas as cultivares de café, porém as cultivares do grupo Coffea
canephora são resistente a doença e do grupo Coffea arábica são suscetíveis. A doença
causa intensa desfolha no cafeeiro e causa perda de produtividade no ano seguinte, o que
piora a qualidade final do café.

Figura 14: Folhas de cafeeiro com sintomas de ferrugem.

DOENÇAS CAUSADAS POR BACTÉRIAS

As principais doenças bacterianas são agrupadas em: podridões, manchas foliares e


murchas.
Podridões
As podridões causam perda total do produto afetada tanto em pré como em pós- colheita.
Sintoma típico: amolecimento dos frutos

Podridão mole, canela preta – causada pelas bactérias Erwinia spp. Sob condições de
temperatura e umidade adequadas, a bactéria penetra nos tecidos da planta através de
ferimentos e causa encharcamento. O tecido colonizado torna-se mole, e muitas vezes,
apresenta secreção de líquido com odor fétido. O órgão afetado apodrece rapidamente.
Sintomas de murcha e apodrecimento são comuns.

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Figura 15: Sintomas de podridão mole em frutos de abobora e tomate, cabeça de repolho e hastes de tomate.
Fotos: Agrolink.

Manchas foliares e queimas


Essas doenças afetam uma ampla gama de culturas – alface, repolho, tomate, cenoura,
citros, café, entre outras.

Cancro cítrico - causado pela bactéria Xanthomonas citri subsp. citri, afeta todas as
espécies e variedades de citros de importância comercial. Os impactos desta doença estão
relacionados à desfolha de plantas, à depreciação da qualidade da produção pela presença
de lesões em frutos, à redução na produção pela queda prematura de frutos e à restrição da
comercialização da produção para áreas livres da doença. É uma das principais doenças de
plantas atualmente no Brasil.
Sintomas: As lesões provocadas pelo cancro cítrico são salientes, o que não ocorre na
maioria das outras doenças e pragas. Os primeiros sintomas aparecem nas folhas, e é
nestas que se encontra em maior quantidade, em comparação com a presença de sintomas
em frutos e ramos.
• Folhas: O primeiro sintoma visível é o aparecimento de pequenas lesões salientes,
que surgem nos dois lados das folhas, sem deformá-las. As lesões aparecem na cor
amarela e logo se tornam marrons. É a única doença conhecida com lesões
salientes que aparecem dos dois lados da folha. Quando a doença está em
estágio mais avançado, as lesões nas folhas ficam corticosas, com centro marrom e
um anel amarelado em volta.
• Frutos: A doença se manifesta pelo surgimento de pequenas manchas amarelas,
com um ponto marrom no centro, que aos poucos vão crescendo e podem ocupar
grande parte da casca do fruto. As manchas são salientes, mais superficiais,
parecidas com verrugas, de cor marrom no centro. Em estágio avançado, as lesões
provocam o rompimento da casca.
• Ramos: As lesões também são salientes, na forma de crostas de cor parda.
Manejo: Erradicação das plantas/ arranque e destruição das plantas afetadas.

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Figura 16: Sintomas de frutos e folhas de citros atacadas com cancro cítrico. Fotos: Fundecitros.

Mancha angular – causada pela bactéria Pseudomonas spp.


Culturas Afetadas: Abóbora, Abobrinha, Chuchu, Maxixe, Melancia, Melão, Pepino
Sintomas: Inicialmente ocorrem pequenas manchas encharcadas nos frutos, tornando-se
posteriormente necróticas. Ao se cortar o fruto, observa-se extensas áreas internas
escurecidas, incluindo as sementes

Figura 17: Sintomas de mancha angular em folhas e frutos. Fotos: Agrolink.

Murchas bacterianas – ou murchadeira causada por Ralstonia solanacearum.


A doença é muito comum nas solanáceas (batata inglesa, tomate, fumo, pimentão, entre
outras). Quando ocorre a contaminação do solo com essa doença, a área fica inadequada
para cultivos por vários anos.
Sintoma: murcha da planta de cima para baixo, que é resultante da interrupção parcial ou
total do fluxo de água desde as raízes até o topo da planta.
Manejo:
• Não plantar em áreas onde a doença já ocorreu;
• Arranquio e destruição das plantas com sintomas;Evitar ferimentos nas plantas;
• Evitar que uma maquina passe de uma área infestada para outra livre de
murchadeira.

Figura 18: Plantas de batata e tomate com murcha bacteriana. Fotos: Embrapa.

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Atenção: Como vimos, algumas doenças fungicas e bacterianas tem os sintomas


bem parecidos. Então, como saber se é fungo ou bactéria?

Fazendo o teste do copo!

Material: copo com água limpa euma faca.


Modo de fazer: corte a parte da planta onde
se observa os sintomas e coloque
imediatamente dentro da água.
Resultado: Positivo para bactéria– você
visualiza um material semitransparente saindo
do corte, como na imagem ao lado.

Figura 19: Teste-do-copo para diagnóstico da murcha-bacteriana e detalhe.

DOENÇAS CAUSADAS POR VÍRUS

A maioria dos vírus precisa de tecido vivo para sobreviver e eles não penetram diretamente
nos tecidos das plantas. Por isso, eles entram em plantas sadias por meio de insetos vetores,
na enxertia e/ou por transmissão mecânica, como ao executar uma desbrota e/ou corte em
plantas doentes e se não fizer a limpeza das mãos ou objetos, o vírus é transmitido para a
planta sadia. Alguns vírus são transmitidos por sementes.
Algumas doenças causadas por vírus mais comuns são:
Mosaico
Causado por vírus do tipo Potyvirus.
Transmissão: pulgões, sementes, de forma mecânica.

Figura 20: Doença do mosaico em plantas de tabaco, batata e cebola.

Mosaico-dourado do feijão- BGMV (Bean Golden Mosaic Virus)


Transmissão: mosca-branca. Quando a infecção ocorre no início do desenvolvimento das
plantas, os primeiros trifolíolos aparecem encarquilhados ou curvados para baixo, seguido

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de clareamento ou leve clorose das nervuras. A medida que as folhas desenvolvem-se, as


cloroses nas nervuras transformam-se em pequenas manchas amareladas, conferindo um
aspecto salpicado ao limbo foliar. Trifolíolos encarquilhados podem não se desenvolver
normalmente.

Figura 21: Planta de feijoeiro com sintomas do mosaico-dourado. Fotos: Agrolink.

Vira-cabeça
Causado por vírus do tipo Tospovirus
Transmissão: principalmente por tripes (insetos muito pequenos).

Vira-cabeça do tomateiro: Devido seu principal sintoma de encurvamento do ponteiro


da planta para baixo a doença ficou popularmente conhecida como vira-cabeça. No caso de
infecções tardias as plantas podem desenvolver frutos menores, deformados e com anéis
cloróticos e/ou necróticos. Porém, os sintomas podem variar em função da espécie do
vírus, cultivar, idade em que a planta foi infectada e condições climáticas. Vale ressaltar
que os maiores surtos de vira-cabeça ocorrem nos meses mais quentes e secos do ano
devido a uma maior população de tripes nessa época.

Figura 22: Planta de tomateiro exibindo os sintomas de vira-vabeça. Foto: Sakata sementes.

Vira-cabeça da alface: os sintomas mais comuns são observados primeiramente no


pecíolo e no limbo das folhas internas, mais novas, onde aparecem lesões marrons claras,
que escurecem com o tempo.

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Figura 23: Plantas de alface exibindo os sintomas de vira-cabeça. Foto: Sakta sementes.

Tristeza dos citros


Causada pelo Citrus Tristeza Virus (CTV).
É uma doença de importância econômica, estando presente nas principais regiões citrícolas
do mundo. Embora a tristeza esteja controlada no Brasil, ainda constitui uma ameaça devido
ao seu caráter endêmico, à presença do vetor e à grande variabilidadedo vírus.
Transmissão: porta-enxerto intolerante ao vírus - laranjeira 'Azeda' (Citrus aurantium L.).

Figura 24: Plantas de citros com sintomas de tristeza. Fotos: Adapar.

Atenção: Diagnosticar uma doença causada por vírus não é fácil, principalmente
por que vírus diferentes podem ocasionar sintomas semelhantes na mesma planta
e o mesmo vírus pode ocasionar sintomas semelhantes em plantas de espécies
diferentes.

DOENÇAS CAUSADAS POR NEMATÓIDES

O gênero que causa maiores prejuízos na agricultura é o Meloidoyne (nematóide das


galhas).
Os nematóides infectam as raízes das plantas, mas os sintomas são observados na parte
aérea: redução do crescimento, amarelecimento foliar, murcha das plantas nos períodos mais
quentes do dia. A característica mais importante para diagnose é a presença de galhas nas
raízes (ou tubérculos, em batata) (Figura 24).

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Figura 25: Presença de nematóide das galhas em raízes, tubérculos de batata, raízes de cenoura e em soja.
Fonte: grupo cultivar.

Atenção: Não confunda nematóides com nódulos de bactérias fixadoras de nitrogênio em


plantas que produzem vagens (soja, feijão, ervilha, etc).

Nódulos são externos nas raízes e podem ser retirados com facilidadeda raiz.

Galha é um engrossamento da própria raiz, onde se alojam os nematoides em


desenvolvimento, e por isso, não consegue ser retiradoda raiz.

Teste: Tente cortar os nódulos com a unha, se dentro for uma coloração rosa a
avermelhada é porque são nódulos bons – que fixam nitrogênio.

Figura 26: Nódulos de soja, com interior cor de rosa, indicando a presença da leghemoglobina e,
consequentemente, de um processo ativo de fixação de nitrogênio.

PRINCÍPIOS GERAIS DE MANEJO DE DOENÇAS

Nosso objetivo, em se tratando de doenças de plantas, é fazer o controle dessas doenças.


E como podemos definir a expressão “controlar doenças”?
Controlar doenças é, na maior parte das vezes, reduzir sua incidência ou severidade. Ou
seja, nem sempre temos como objetivo eliminar totalmente essa doença, mas mantê-la num

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nível em que não cause danos às plantas. Para o máximo de eficiência no controle de doenças
em plantas, é imprescindível que se conheça a doença, as relações entre o patógeno e o
hospedeiro, as condições ambientais e os métodos de controle disponíveis.

Os princípios de gerais de controle e o triângulo da doença


Num esforço de sistematização dos métodos de controle até então conhecidos, Whetzel et
al. (1925) e posteriormente outros autores agruparam os métodos de controle em grupos de
princípios biológicos gerais:
• Exclusão - prevenção da entrada de um patógeno numa área ainda não infestada;
• Erradicação - eliminação do patógeno de uma área em que foi introduzido;
• Proteção - interposição de uma barreira protetora entre as partes suscetíveis da
planta e o inóculo do patógeno, antes de ocorrer a deposição;
• Imunização - desenvolvimento de plantas resistentes ou imunes ou, ainda,
desenvolvimento, por meios naturais ou artificiais, de uma população de plantas
imunes ou altamente resistentes, em uma área infestada com o patógeno.
• Terapia - que visa restabelecer a sanidade de uma planta com a qual o patógeno já
estabelecera uma íntima relação parasítica.
• Regulação - baseadas em modificações do ambiente (umidade relativa, temperatura,
etc)
• Evasão - táticas de fuga dirigidas contra o patógeno e/ou contra o ambiente favorável
ao desenvolvimento da doença.

Figura 27: Indicação da atuação dos princípios gerais de controle nos componentes do triângulo da doença

→ Exclusão
Prevenção à entrada de uma área ainda não infestada, ou seja, medidas que
impeçam a entrada de um patógeno com alto poder destrutivo em um local onde
ele ainda não exista.

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E quais são essas medidas?

Proibição, fiscalização e interceptação do transito de plantas e produtos


vegetais;
Uso de sementes e mudas com sanidade comprovada;
Utilização de água de irrigação não contaminada;
Cuidados com implementos, que podem servir de meios de disseminação de
patógenos.

→ Erradicação
Visa a eliminação de um patógeno de uma determinada área ou região em que
foi introduzido. A erradicação pode ser realizada através de algumas medidas,
como:

Eliminação de plantas ou partes de plantas afetadas = “rouguing”;


Eliminação de hospedeiros selvagens: ao se eliminar hospedeiros a tendência é
o número de patógenos diminuírem;
Aração profunda: com o revolvimento do solo, os patógenos que estão na
superfície, vão para camadas profundas do solo e não sobrevivem;
Desinfestação física e química do solo;
Rotação de culturas: utilização de uma cultura intercalar, que não é
hospedeira do patógeno, levando à sua erradicação.
6.1.3 Proteção

A proteção visa à prevenção do contato do patógeno com o hospedeiro/planta,


através da aplicação de produtos biológicos e/ou químicos e sucesso desse
método depende de fatores como dose, número e época de aplicações,
estabilidade e toxidez dos defensivos.

→ Imunização
A imunização tem como objetivo impedir o estabelecimento do patógeno na
planta, ou seja, o patógeno está na área, mas não consegue se disseminar e
sobreviver. E, como isso é possível?

Imunização genética: uso de variedades resistentes.


Imunização química: uso de fungicidas sistêmicos.
Imunização biológica: realização de pré-imunização.

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→ Terapia
A terapia visa restabelecer a sanidade de uma planta já doente, ou seja,
recuperar essa planta, através da eliminação do patógeno e melhoria das
condições de reação da planta. Isso pode ser conseguido por meio de:

Podas de ramos afetados;


Uso de fungicidas e bactericidas sistêmicos;
Tratamento térmico (altas temperaturas).

→ Regulação
A regulação tem por objetivo a modificação do ambiente para evitar as
doenças. Algumas medidas importantes são:

Armazenamento em câmaras frigorífi cas: baixas temperaturas podem reduzir


o número de patógenos;
Controle da irrigação;
Plantio menos adensado, fato que aumenta a insolação e reduz a umidade do
ambiente.

→ Evasão
Medidas de controle baseadas na evasão visam a prevenção da doença pela
fuga em relação ao patógeno e/ou às condições ambientais mais favoráveis ao
seu desenvolvimento. Esse método constitui a primeira opção de controle
quando há ausência de variedades resistentes. Como medidas importantes,
podemos citar:

Escolha de área geográfica sem o patógeno;


Escolha de local de plantio sem o patógeno;
Escolha da época de plantio;
Uso de variedades de ciclo curto, que impeçam uma grande disseminação do
patógeno.

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