Câncer de Pulmão
David Lana Silva
Clara Santos da Silva
1) EPIDEMIOLOGIA
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima 32.560 novos casos de pulmão,
brônquio e traqueia no triênio 2023/2025. 18.020 são homens e 14.540 mulheres.
É o primeiro no mundo em incidência entre homens e terceiro em incidência entre
mulheres. Semelhante às estimativas globais de 2020, com 2,2 milhões de casos
novos, 1,4 milhão em homens e 770 mil em mulheres, é o primeiro entre os homens
e o segundo entre as mulheres em mortalidade. No Brasil, em 2023 foi o terceiro
tipo mais comum entre os homens
Apesar de as taxas de mortalidade por câncer de pulmão estarem diminuindo desde
a década de 1980 entre homens nos países desenvolvidos devido à diminuição do
hábito do tabagismo neste grupo. Devido à adoção mais tardia do hábito de fumar
nessa população a diminuição da taxa de mortalidade também foi prorrogado,
dando-se início a partir dos anos 2000.
2) FATORES DE RISCO
O tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são fatores de risco significativos
para o desenvolvimento do câncer de pulmão. O consumo de derivados de tabaco
está associado a 85% dos casos de câncer de pulmão diagnosticados.
Aumento de 60 X em fumantes pesados (2 maços/dia por 20 anos) e fumantes
passivos tem o risco de 2X maior de desenvolverem a doença.
A exposição a agentes carcinogênicos (como cádmio, berílio, asbesto, arsênico,
etc.) no local de trabalho é outro fator crucial. Fabricação de borracha,
pavimentação, coberturas, pintura e varredura de chaminé são algumas exposições
ocupacionais que aumentam o risco.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) conjura que 17% a 29% dos casos da
doença estejam conexos à exposição ocupacional. Essa diferença na porcentagem é
proporcional ao tempo de exposição, do ambiente de trabalho e de fatores genéticos.
O desenvolvimento desse tipo de câncer pode ser agravado por fatores como
poluição do ar, infecções pulmonares de repetição, suplementação com altas doses
de vitamina A, doença pulmonar obstrutiva crônica (englobando o enfisema
pulmonar e a bronquite crônica), fatores genéticos (como compostos inorgânicos de
asbesto e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos) e casos precedente na família.
REF: INCa. Câncer de pulmão. https://www.gov.br/inca/pt-
br/assuntos/cancer/tipos/pulmao (2020)
SOUSA, Romualdo Barroso; FERNANDES, Gustavo. Oncologia: princípios e prática
clínica. In: SOUSA, Romualdo Barroso; FERNANDES, Gustavo. Oncologia:
princípios e prática clínica. 1.. ed. Santana de Parnaíba - SP: Manole, 2023. cap. 33,
p. 310 - 319. ISBN 9788520462638. Disponível
em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788520462638. Acesso em: 15 jul.
2024.
3) CARCINOGÊNESE
A injúria do tecido causada por substâncias químicas, físicas ou biológicas inicia a
carcinogênese pulmonar. A resistência a esses danos pode resultar em células com
fenótipo ligno, pois promovem alterações genéticas e epigenéticas. Em tal situação,
os processos carcinogênicos são associados ao sistema purinérgico. Por exemplo,
o ATP está presente em altas concentrações no microambiente tumoral e ajuda a
promover a sobrevivência celular regulando as concentrações de Ca citosólico e
promovendo a expressão da proteína antiapoptótica Bcl-2, em detrimento da
proteína pró-apoptótica Bax. Além disso, foi demonstrado que os receptores
purinérgicos se distribuem de maneira diferente em células normais e células de
câncer de pulmão; no entanto, o receptor pró-apoptótico P2X7 é quase indetectável
nas células neoplásicas, o que favorece a sobrevivência tumoral. Além disso,
pesquisas realizadas com linhagens celulares de carcinoma pulmonar A549
demonstram que a ocupação de receptores purinérgicos pelo ATP estimula a
proliferação celular aumentando os níveis de Ca++ e AMPc intracelulares. Com
relação à atividade das enzimas, pesquisas mostram que os pacientes com CPNPC
têm uma atividade E-NTPDase reduzida em plaquetas para a hidrólise do ADP. Isso
facilita o acúmulo desse nucleotídeo no meio extracelular, o que facilita a agregação
plaquetária e, portanto, a trombogênese.
Além disso, a adenosina extracelular produzida pela enzima ecto-5'-nucleotidase
impede que as células T realizem suas funções antitumorais, o que resulta na
apoptose dessas células e permite a evasão tumoral pela resposta imune. A
adenosina extracelular também está
associada a neovascularização, proliferação e migração de células tumorais,
desenvolvimento de metástases e resistência à quimioterapia. Ademais, o sistema
purinérgico pode ser alvo de tratamento.
4) HISTOLOGIA
A maior parte do trato respiratório é revestida internamente por um epitélio
pseudoestratificado colunar ciliado, composto principalmente por células
caliciformes (basal). Este epitélio é conhecido como epitélio respiratório. Além
disso, nos alvéolos temos os pneumócitos I e II. A mutação de cada uma delas
originam um tipo de câncer historicamente distinto.
Neoplasias Benignas: Hamartomas, compressão mecânica justifica sua retirada
Neoplasias Malignas:
A presença de tumores com crescimento progressivo e invasivo, recorrência e
tendência a metástases são características desse carcinoma. O câncer de pulmão
pode ser diferenciado entre quatro categorias histológicas diferentes. Estes, estão
contidos na classificação de Carcinomas broncogênicos dividido em dois principais
grupos de maior destaque: Carcinoma Pulmonar de Células Não Pequenas
(CPCNP) e Câncer de Pulmão de Pequenas Células (CPPC).
● Carcinoma Pulmonar de Células Não Pequenas (CPCNP)
- Carcinoma epidermóide, Espinocelular, de células escamosas (CEC) -
20%:
Origina da célula basal, passando a possuir queratina (mais diferenciado o
tumor é)
- Metástase mais tardia
- Melhor prognóstico pelas taxas de ressecção serem maiores e mais bem
sucedidas
- Apresentação maciça nodular
- Adenocarcinoma - 50%: origina do PNEUMÓCITO II a partir da mutação de
EGFR e RAS, distribuição periférica
- Mais periférico
- Metástase: em SNC e ossos
- Neoplasia epitelial com diferenciação glândular ou produção de muco
- Apresentacões: afinar, papilifero, micropapilifero, lepídico (preservação da
anatomia, sem formação de uma massa a priori) , sólido com muco ou misto
- Tumor mais frequentes em não fumantes e em mulheres
- Coloração das áreas produtora de mucina
- Pela análise histoquímica é possível saber a origem do
adenocarcinoma TTF1 + —> adenocarcinoma pulmonar
- Tende a crescer mais lentamente do que outros tipos de câncer de pulmão.
- Carcinoma de Células Grandes - 2 %: Origina de células grandes
que não se enquadram nos outros tipos principais.
- Cresce e se espalha rapidamente, frequentemente metastatizante antes do
diagnóstico.
- Pode surgir em qualquer porção do pulmão.
- Apresentação maciça
- Diag. de exclusão
- indiferenciado
- Outros - 13%
● Câncer de Pulmão de Pequenas Células (CPPC), Oat cell - 15%
- Carcinoma neuroendócrino (tumor carcinóide): origina das
células neuroendócrinas
- O mais comum em fumantes
- Resultado de TABAGISMO INTENSO
- Avanço metastático intenso
- apenas 1% ocorre em não fumantes
Além da apresentação nodular, maciça temos outras:
● Carcinoma Bronquíolo-Alveolar
origina das células epiteliais que revestem os bronquíolos e os alvéolos. Ainda não
formou uma massa, apesar de estar presentes em vários alvéolos
● Linfangite carcinomatosa: disseminado por todo pulmão
● Abscesso pulmonares: tumor desenvolvido e infectado
● Mesotelioma pleural: origem da pleura
Pode se apresentar como uma lesão periférica e se espalhar ao longo do tecido
pulmonar. Menos comum em comparação com outros subtipos.
5) QUADRO CLÍNICO
A maioria dos pacientes apresenta sinais e sintomas apenas em estágios mais
avançados da doença.
TUMOR PRIMÁRIO:
No início geralmente o quadro é assintomático
Os sinais e sintomas mais comuns que devem ser investigados incluem:
● Hemoptise
● Tosse, (irritação brônquica)
● sibilo ou estridor
● Dor torácica (SINAL DE INVASÃO OU CONTATO COM A
PLEURA PARIETAL)
● Dispneia
● Astenia e perda de peso sem causa aparente.
OUTRO SINTOMAS: Atelectasia de um lobo em sua completude
TUMOR AVANÇADO OU QUADRO METASTÁTICO:
● rouquidão persistentes (NERVO RECORRENTE)
● paralisia de diafragma
● Derrame pleural
O sítio(s) da metástase determina os sinais e sintomas resultantes.
Ao final, os sintomas das metástases variam de acordo com a localização. Os
tumores podem se espalhar para o:
● Fígado, aumento do volume e nódulos hepáticos resultando em dores,
saciedade precoce, náuseas e insuficiência hepática
● Cérebro, resultando em alterações no comportamento, confusão mental,
afasia, convulsões, paresia ou paralisia, náuseas e vômitos e, finalmente,
coma e morte.
● Os ossos, que causam forte dor e fraturas patológicas
● Glândulas adrenais, que causam insuficiência adrenal raramente
Tosse, escarros com sangue e pneumonias repetidas são os sintomas mais comuns
de tumores nos brônquios centrais. Dispneia, sibilo localizado e febre são outros
sintomas associados. Os tumores localizados perifericamente geralmente não
causam sintomas respiratórios significativos, pois surgem em vias aéreas de
pequeno calibre. Dor, disfonia, síndrome de veia cava superior e paralisia frênica
são sintomas comuns de invasões diretas da parede torácica e mediastino.
Síndrome de Pancoast:
tumores no sulco superior do tórax (ápice) podendo atingir uma série de estruturas
nervosas e dependendo do ramo atingido a clínica, todas elas clássicas, serão
divergentes.
1- Síndrome Tobias-Claude Bernard-Horner → acomete o simpático cervical →
miose, enoftalmia e ptose palpebral
2- Síndrome Déjérine-Klümpke - acomete os ramos inferiores plexo braquial (T1) →
dor e impotência MMSS
3- Erosão ou destruição arco costal posterior da costela sup → "dor no ombro"
Síndrome da veia cava superior: Compressão/invasão desse vaso → pletora da
face e do tronco superior do paciente
SÍNDROMES PARA NEOPLÁSICAS:
Ocorrem em 10 a 20% dos pacientes
Mais comum em carcinoma indiferenciado de pequenas células
• Caquexia e anorexia;
•Manifestação músculo-esquelética;
•Síndromes hematológicas;
•Secreção inapropriada de hormônio antidiurético;
•Hipercalcemia;
•Síndromede Cushing;
•Síndrome miastênica de Lambert-Eaton (Oat cells)
6) RASTREIO
O rastreamento do câncer é uma estratégia direcionada a um grupo populacional
específico de alto risco, o mesmo é recomendado porque beneficia os pacientes
com doença em fase inicial, inclusive lesões precursoras , especialmente as do
câncer pulmonar de células não pequenas precoce que pode ser tratado com
ressecção cirúrgica.
Um estudo significativo (National Lung Screening Trial Research Team, Aberle DR,
Adams AM et al.): Redução da mortalidade por câncer de pulmão com uso de
computador tomográfico de baixa dose O estudo realizado em New Engl J Med 365
(5):395–409, 2011, doi: 10.1056/NEJMoa1102873, mostrou que a triagem anual
com TC helicoidal de baixa dose (TCBD) reduziu as mortes por câncer de pulmão
em 20% em comparação com a triagem com radiografia de tórax.
As pessoas consideradas de alto risco devem receber uma tomografia
computadorizada de baixa dose de radiação para o exame de rastreamento.
Este tipo de tomografia usa pouca radiação, mas pode detectar lesões pulmonares
potencialmente cancerígenas.
O objetivo do exame de rastreamento é encontrar câncer de pulmão em estágios
iniciais, que geralmente podem ser curados. Estudos mostram que realizar
tomografias de tórax de baixa dose em indivíduos em risco de câncer de pulmão
reduz a probabilidade de morte.
Recomenda-se que fumantes e ex-fumantes consultem um médico para ser
avaliados quanto à necessidade de realizar exames de rastreamento.
A interpretação do exame também é crucial, pois uma tomografia pode revelar
várias mudanças e o radiologista deve classificar os resultados de acordo com o risco
de câncer.
Para o diagnóstico de uma lesão pulmonar suspeita, exames adicionais
podem ser necessários.
A realização de rastreamento em indivíduos de alto risco que não apresentam
sintomas é um benefício, pois aumenta significativamente as chances de cura do
câncer de pulmão.
Deste modo, a TCBD em grandes fumantes — aqueles que fumam um maço por dia
durante 30 anos e têm mais de 55 anos — pode reduzir a mortalidade por câncer de
pulmão. No entanto, é importante considerar os riscos associados aos
procedimentos de investigação
subsequentes nos casos positivos. Portanto, a decisão de realizar ou não o exame
deve ser
discutida cuidadosamente entre o paciente e o médico, avaliando os benefícios e os
potenciais riscos envolvidos.
7) DIAGNÓSTICO
Os exames iniciais para avaliar uma massa pulmonar ou um nódulo são
radiografias de tórax e tomografias computadorizadas de tórax. Uma vez que
um médico especialista confirma a suspeita de uma neoplasia, exames adicionais,
como PET-SCAN (avalia o metabolismo celular, acelerado em áreas tumorais ) e
ressonância de crânio, são solicitados para avaliar a gravidade da doença. A RM
para avaliar a trama vascular acometida e livre diferenciando os planos de
dissecção.
A maioria das vezes, a confirmação patológica é realizada por meio de biópsia
pulmonar guiada por exame de imagem, principalmente para lesões periféricas.
Biópsias de lesões centrais e avaliação da árvore brônquica são realizadas por meio
de broncoscopia flexível
Atualmente, a ecobroncoscopia (broncoscopia guiada por USG ) e a ecoendoscopia
são cruciais para o diagnóstico e estadiamento do câncer de pulmão.
Além disso, pode- se fazer a Biópsia transtorácica guiada por TC, para lesões mais
periféricas. Existe também a possibilidade de uma biópsia aberta ou por
videotoracoscopia, citologia do derrame pleural se presente. Por fim, a
Mediastinoscopia, exame cirúrgico (inserção de um instrumento rente a traquéia e
não na luz da mesma) é feita para averiguar a invasão de linfonodos mediastinais
que se positiva mudamos todo o planejamento terapêutico do paciente
(estadiamento progride).
Após a confirmação patológica e o estadiamento com exames de imagem, é
necessária uma avaliação com um médico para determinar o alcance da doença.
Esse exame deve determinar se a doença está limitada ao pulmão ou se se
espalhou para outros órgãos. Uma variedade de exames, incluindo, mas não
limitado a, tomografia de tórax, tomografia de abdome superior, ressonância nuclear
magnética do crânio, PET-CT, cintilografia óssea, ecobroncoscopia,
mediastinoscopia e muito mais, são usados para realizar esse cálculo. Assim,
podemos determinar em uma conversa multidisciplinar se o paciente está preparado
para uma cirurgia ou se precisa ser avaliado para receber uma quimioterapia
sistêmica.
8) ESTADIAMENTO
Os carcinomas de células pequenas (oat cell carcinomas) e os carcinomas de
células não-pequenas são as duas principais categorias de câncer de pulmão. O
adenocarcinoma, o carcinoma de células escamosas, o carcinoma de grandes
células e os carcinomas neuroendócrinos pertencem a esse segundo grupo. O
diagnóstico tem sido cada vez mais baseado molecularmente nos últimos anos,
demonstrando as várias famílias de genes e os eventos mutagênicos associados
em pesquisas específicas. Isso permite caracterizar cada tipo histológico com suas
alterações moleculares distintas.
Por ser um subtipo único de câncer pulmonar, a expressão oat cell ganhou
importância na linguagem médica. Rápido crescimento, alta capacidade de
disseminação e invasão cerebral frequente são suas características principais.
Apresenta um baixo percentual de cura, apesar do alto grau de resposta ao
tratamento.
O estadiamento descreve características do câncer, como sua localização, sua
propagação e seu impacto nas funções de outros órgãos. O prognóstico do paciente
e a escolha do tipo de tratamento são facilitados pela compreensão do estágio do
tumor. Estadiar um caso de câncer é avaliar a extensão do vírus.
Estadiamento (Sistema TNM, da American Joint Committee on Cancer 8ª
edição): T – Tumor primário
TX – Tumor primário não
individualizado. T0 – Sem evidência de
tumor.
Tis – Carcinoma in situ.
T1 – Tumor ≤ 3cm no maior diâmetro, circundado por pulmão e pleura visceral:
● T1a(mi) – adenocarcinoma minimamente invasivo
● T1a – tumor ≤ 1cm
● T1b – tumor > 1cm mas ≤ 2cm
● T1c – tumor > 2cm mas ≤ 3cm
T2 – tumor > 3cm mas ≤ 5cm ou tumor com qualquer um destes achados:
associação com atelectasia ou pneumonia obstrutiva sem envolvimento de todo o
pulmão.
● Envolvimento do brônquio principal independente da distância da
carina principal, mas sem invasão da carina;
● Invasão da pleura visceral;
● Associação com atelectasia ou pneumonia obstrutiva sem envolvimento
de todo o pulmão;
● T2a – tumor > 3cm mas ≤ 4cm
● T2b – tumor > 4cm mas ≤ 5cm
T3 – tumor > 5cm mas ≤ 7cm ou que invade qualquer uma das seguintes estruturas:
parede torácica, nervo frênico, pericárdio; ou nódulo(s) tumoral (ais) no mesmo lobo
do tumor primário.
T4 – tumor > 7cm ou associado nódulo(s) tumoral (ais) isolado (s) em outro lobo
ipsilateral ou invade qualquer uma das seguintes estruturas: diafragma, mediastino,
coração, grandes vasos, traqueia, nervo laríngeo recorrente, esôfago, corpo
vertebral, carina principal.
N – Linfonodos
NX – Linfonodo regional não foram
avaliados. N0 – Sem metástase em
linfonodo regional.
N1 – Metástase em linfonodo peribrônquico ipsilateral e/ou hilar ipsilateral
e intrapulmonares, incluindo envolvimento por extensão direta.
N2 – Metástase em linfonodo mediastinal ipsilateral e/ou subcarinal
N3 – Metástase em linfonodo mediastinal contralateral; hilar contralateral;
escalênico ipsilateral ou contralateral; ou supra clavicular.
M – Metástases a distância
MX – Metástase a distância não
estudada M0 – Sem evidência de
metástase a distância M1 – Metástase à
distância presente:
● M1a – Nódulo (s) tumoral (ais) em lobo contralateral; tumor com nódulo
pleural ou pericárdico ou derrame pleural ou pericárdico maligno.
● M1b – Metástase a distância única (fora do tórax).
● M1c – Múltiplas metástases extratorácicas em um ou mais órgãos.
Grupos de Estadiamento:
Carcinoma Oculto TX N0 M0
Estágio 0 Tis N0 M0
T1a (mi) N0 M0
Estagio IA 1
T1a N0 M0
Estágio IA 2 T1b N0 M0
Estágio IA 3 T1c N0 M0
Estágio IB T2a N0 M0
Estágio IIA T2b N0 M0
T1a a T1c N1 M0
T2a N1 M0
Estágio IIB
T2b N1 M0
T3 N1 M0
T1a a T1c N2 M0
T2a a T2b N2 M0
Estágio IIIA
T3 N1 M0
T4 N0 M0
T1a a T1c N3 M0
T2a a T2b N3 M0
Estágio IIIB
T3 N2 M0
T4 N2 M0
T3 N3 M0
Estágio
IIIC
T4 N3 M0
Qualquer Qualquer M1a
T N
Estágio
IVA
M1b
Qualquer Qualquer
T N
Estágio IVB Qualquer T Qualquer N M1c
9) TRATAMENTO
O tipo histológico, o estadiamento tumoral e as condições clínicas do paciente
determinarão o curso de tratamento. Idealmente, uma equipe multidisciplinar deve
avaliar isso. Por exemplo, uma avaliação da função respiratória pode fornecer
informações importantes sobre pacientes que podem ser submetidos a tratamento
com radioterapia ou cirurgia. A qualidade de vida após a cirurgia pode ser
melhorada com a reabilitação física pré e pós-operatória. Os cuidados paliativos
devem começar precocemente em pacientes com câncer metastático para melhorar
a qualidade de vida e o controle dos sintomas.
O Procedimento Cirúrgico:
A cirurgia consiste na remoção do tumor com uma margem de segurança e na
remoção dos linfonodos no mediastino e próximos ao pulmão, quando possível. É o
tratamento preferido porque oferece melhores resultados e melhor controle da
doença. Aproximadamente 15% dos casos podem ser tratados cirurgicamente. No
entanto, quando o diagnóstico é feito, a maioria das pessoas (80 a 90% dos casos)
não consegue fazer a cirurgia.
O tratamento do câncer de pulmão inclui cirurgias como a ressecção pulmonar com
linfadenectomia radical:
● Segmentectomia e ressecção em cunha: Quando se retira uma parte
pequena do pulmão (somente o segmento ou parte do segmento que envolve
o tumor), reservada para pacientes com tumores pequenos e que não
suportam cirurgias maiores por apresentarem idade ou condições clínicas
e/ou respiratórias limitadas. Atualmente, lesões menores que 2 cm e
periféricas, podem ser realizadas na segmentectomia para câncer de pulmão.
● Lobectomia: É a cirurgia de escolha para o tratamento do câncer de
pulmão. Retira todo o lobo pulmonar, onde está o tumor. É a melhor
maneira de eliminar a doença de forma anatômica.
● Pneumectomia: É a retirada de um pulmão inteiro (suas indicações são
limitadas e restritas). procedimento que causa mais morbidade e pode
não ser tolerado por alguns pacientes.
O tratamento sistêmico inclui:
O uso de medicamentos que entram na corrente sanguínea é o que faz parte do
tratamento sistêmico. Isso geralmente é feito por via endovenosa ou oral. Como
resultado, todos esses remédios, independentemente da classe terapêutica, podem
causar efeitos tóxicos graves e variados. Por causa disso, a indicação de cada um
deles deve ser feita com cuidado. Este tipo de tratamento pode ser usado em
algumas circunstâncias, como:
● Antes da cirurgia, com o objetivo de evitar metástases por meio de
neoadjuvância em doença N2 ou protocolos;
● Após o procedimento, para evitar metástases;
● Associado à radioterapia para tumores no pulmão que não podem ser
tratados por cirurgia;
● Tratamento paliativo para indivíduos com doença localmente
avançada ou metástases.
O objetivo do tratamento quimioterápico não é apenas eliminar as células
cancerígenas, mas também diminuir o crescimento do tumor ou aliviar os sintomas
da doença.
Uma nova abordagem para o tratamento do câncer é a terapia alvo, que é
frequentemente aplicada a pacientes com tumores que apresentam características
moleculares (genéticas) específicas. Para identificar os pacientes que mais se
beneficiarão deste tratamento, vários estudos estão em andamento.
Uma categoria de medicamentos conhecida como imunoterapia permite que o
sistema imunológico do paciente trabalhe para eliminar as células tumorais. O
mesmo pode ser usado de forma isolada ou em conjunto com quimioterapia. No
entanto, esse tratamento não funciona para todos os pacientes. A incorporação
desta terapia ao Sistema Único de Saúde (SUS) depende da avaliação dos efeitos
clínicos que ela pode causar aos pacientes, tanto positivos quanto negativos, bem
como das implicações financeiras e sociais. A indicação de tratamento com
imunoterapia para pacientes com câncer de pulmão do tipo não-pequenas células
avançado ou metastático foi submetida à Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias no Sistema Único de Saúde (CONITEC) em 17 de maio de 2023.
Radioterapia
A radioterapia é um tipo de tratamento que usa radiações ionizantes para matar
células tumorais ou impedir que se reproduzam. Após a cirurgia, ela pode ser usada
como suplemento nos carcinomas de células não-pequenas que apresentam
margens comprometidas após a ressecção. A radioterapia estereotática fracionada
(SBRT/SABR) é uma alternativa à cirurgia com intenção ablativa quando há tumores
iniciais. O tratamento das metástases dos tumores de pulmão, como cerebral e
óssea, e a radioterapia, associada ou não à quimioterapia, são recomendados para
tumores de células não pequenas localmente avançados.
No caso de tumores de células não pequenas, a radioterapia e a quimioterapia são
recomendadas juntas em estádios de doença limitados e extensos, além do
tratamento de doenças metastáticas como ossos e cérebro.
O número de sessões necessárias para o tratamento varia de acordo com a
extensão e localização do tumor, os resultados dos exames e o estado de saúde do
paciente. Pode causar vários efeitos colaterais, dependendo da área irradiada e da
proximidade com órgãos de risco.
Cuidados Paliativos
A oferta de cuidados paliativos é essencial para melhorar a qualidade de vida do
paciente e de seus familiares após o diagnóstico de uma doença metastática.
Mediante uma melhor avaliação e tratamento de sintomas como dor e falta de ar, os
profissionais de cuidados paliativos podem aliviar o sofrimento. Além disso, os
fatores psicológicos, espirituais e sociais devem ser considerados.
12) Cuidados pós-tratamento
Pacientes que recebem tratamento para câncer de pulmão têm um alto risco de
contrair o câncer novamente, desenvolver um segundo câncer primário no pulmão e
desenvolver outros cânceres, particularmente aqueles associados ao tabagismo.
Portanto, é necessário acompanhar estes pacientes para detectar doenças
precoces.
A taxa de recorrência é alta em câncer de pulmão inicial operado e considerado
curado. A maioria das recorrências é lamentávelmente a distância. No entanto,
existe um pequeno número de recorrências localizadas e potencialmente curáveis,
que geralmente ocorrem nos primeiros dois anos.
Portanto, exames de imagem devem ser feitos além de uma avaliação física e uma
história clínica:
● Em 15 dias: Radiografia de tórax
● Nos primeiros dois anos de acompanhamento, exames de imagem são
realizados a cada três meses.
● Entre o 2º e 5º ano de seguimento é realizado exame de imagem a cada 6
meses
● Após o 5º ano de seguimento, sem sinais de recidiva, o paciente
retorna para o seu médico de referência para o seguimento habitual
Os pacientes ainda correm o risco de recidiva tardia ou novo câncer primário,
mesmo após cinco anos de acompanhamento. Por causa disso, eles devem receber
uma tomografia de baixa dose uma vez por ano. Para acompanhamento, o PET-CT
não deve ser usado.
13) Critérios para prevenção
Como resultado, é necessário implementar programas efetivos de controle do
tabagismo para que a prevalência de tabagistas na população diminua e a
previsão feita não seja verdadeira:
a) aumento do preço do tabaco, através da maior incidência de carga tributária para
esses insumos; b) disponibilidade de tratamento e aconselhamento para os usuários
que têm dependência; c) limitação da publicidade e da promoção de incentivo ao
consumo do tabaco; e d) alertas à população sobre os riscos vinculados ao
tabagismo
O diagnóstico do câncer de pulmão também é um grande problema no tratamento
porque os sintomas são inespecíficos e geralmente aparecem tarde. Esses
problemas podem ser desencadeados por diversos fatores como: falta de
conhecimento da sintomatologia
significativa, tanto por parte dos profissionais da área da saúde quanto por parte da
população; falta de clareza sobre o processo de encaminhamento dentro do sistema
de saúde; temor de um mau prognóstico para a doença e das limitações que ela
possa trazer; e medo da afirmação do diagnóstico de câncer, que permanece como
uma sentença de morte do indivíduo perante a sociedade
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mortality worldwide for 36 cancers in 185 countries. Ca: A Cancer Journal for Clinicians,
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3. Ministério da Saúde I. Câncer de pulmão [Internet]. Instituto Nacional de Câncer -
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https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_primaria_29_rastreamento.
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