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História da Arte: Conceitos e Estética

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História da Arte

Aula 1

Prof. Otacilio Vaz

Pró-reitoria de EaD e CCDD


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Conversa Inicial
Olá!
A partir de agora, conversaremos sobre um dos assuntos mais instigantes
de toda a humanidade, a arte! Afinal de contas, o que é arte? Essa é uma
pergunta que nos acompanha desde as primeiras civilizações do planeta até os
nossos dias. A arte pode ser interpretada de várias formas; dependendo de que
ponto de vista se observa, ela pode variar, conforme a religião, a cultura, o
modelo de sociedade que a olha. A arte por princípio é uma experiência
individual e heterogênea. Ela não foi feita para gerar consenso, apesar de que
muitas vezes conseguimos isso sobre algumas obras. A partir das próximas
aulas, faremos uma viagem pelo fantástico mundo das imagens, por telas,
esculturas, monumentos, etc., a fim de descobrirmos o que nos moveu a realizar
essas incríveis obras. O que elas nos comunicam? Qual é sua função? O que
motivou suas criações? Essas são questões que buscaremos responder nas
próximas linhas. Vamos juntos!
Nesta aula, você vai encontrar os seguintes temas:
 O conceito de arte
 Arte e estética
 Arte e comunicação
 Arte e vanguarda
 Arte e cultura

Tema 1: O Conceito de Arte


Podemos iniciar nossa conversa pensando na arte como toda e qualquer
expressão humana, formas de traduzir o mundo e as coisas ao nosso redor. Ela
pode se manifestar de várias formas, desde um animal pintado na parede de
uma caverna, até uma produção feita em computador. A arte é o produto de uma
determinada cultura, em um dado lugar e momento histórico. O mundo nos
atinge de várias formas ao nos modificar e nos fazer refletir e aprender. A arte é
uma devolução que fazemos ao mundo, a partir do que ele fez conosco.

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Uma das interpretações mais recentes sobre os motivos da arte rupestre (a arte
feita nas cavernas) trata das produções dos nossos ancestrais como fruto do
fascínio que eles possuíam por determinados animais, como o bisão, o cavalo,
entre outros; sua forma, como se moviam, coisas que fascinaram aquelas
pessoas. Com a privação da luz no interior das cavernas, eles entravam em um
estado de transe. A partir desse momento, eram as imagens dos animais que
lhes vinham à mente.
O exemplo acima trata da produção da arte a partir de um estímulo
bastante ancestral e instintivo. A partir do momento em que temos o surgimento
das primeiras civilizações do mundo antigo, a arte ganha novas características
e funções. Várias serão as produções artísticas feitas em função de enaltecer
um rei ou imperador, como forma de propaganda política, ou feita em função de
alguma religiosidade, homenageando suas divindades. Arte, religião e política
nunca se separaram, sendo um fenômeno visto até os dias de hoje. A arte seguiu
sua trajetória ao longo do tempo, sendo adaptada, deturpada, aproveitada,
interpretada de diversas formas, dependendo de qual ponto de vista se olha,
mas sempre cumprindo sua função de traduzir o pensamento de uma sociedade
ao longo do tempo. A arte medieval traduzia o pensamento teocêntrico típico
daquele momento, em que não havia a valorização da criação artística individual.
Não havia a questão do “quem” produz, mas “o que” produz. O Renascimento e
o seu antropocentrismo festejavam o gênio individual, resgatando o pensamento
grego e as capacidades humanas. A conquista social da burguesia fez surgir
grandes gênios da arte.
Ao entrarmos na era moderna, a arte continuou a sofrer transformações,
conforme transformações sociais também ocorriam, lembrando que falamos aqui
de uma trajetória da arte ocidental. Novos movimentos surgiram ao longo do
tempo, pela busca pela realidade através da imagem, no caso das artes
plásticas, que se tornou uma constante. Com a Revolução Industrial do século
XIX e todas as suas consequências sociais e tecnológicas, teremos novas
perspectivas para a produção artística em diversas frentes.

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O advento da fotografia pode ser considerado o grande divisor de águas no que
se produziu em artes plásticas a partir do século XX. A partir desse momento,
tivemos os movimentos abstratos, que buscaram uma fuga da realidade,
trazendo novas possibilidades para as produções artísticas. O capitalismo e o
universo de consumo também fizeram surgir uma indústria cultural, criadora de
produtos artísticos voltados para o consumo. Essa mesma indústria também foi
alvo de movimentos que fizeram sua crítica a esse estilo de vida.
Como foi possível se verificar apenas por esse início de conversa, falar
sobre arte é falar de mudanças, hábitos, dogmas, tabus, cultura, sociedade.
Conforme as sociedades ao redor do planeta se modificam, elas também mudam
suas formas de expressão. Ao apreciarmos uma produção artística, estamos em
contato com uma cápsula do tempo, um instantâneo de uma época, de um
pensamento, de um modo de vida. A arte nos ensina a entendermos melhor o
passado e nos dá também direções para o futuro.

Tema 2: Arte e Estética


Se a arte é uma manifestação humana, uma forma de expressão sobre
como o mundo e as coisas nos atinge, logo podemos perceber a pluralidade que
está implicada no processo. Essa individualidade na experiência na relação com
a arte é o que podemos chamar de experiência estética. Historicamente, temos
um trajeto variado sobre a experiência estética; já que se trata de um processo
cultural, será fácil compreender essas variações. A produção pré-histórica pode
ser discutida em dois momentos. Durante o paleolítico, os nossos ancestrais
buscavam uma proximidade com o mundo real que os cercava e também os
fascinava. As imagens produzidas pelo transe que a privação de luz
proporcionava nos apresentaram uma beleza única, que já poderia ser vinculada
a uma arte de estilo naturalista, em busca pela reprodução do mundo real.
Segundo Werner (2012), seria uma forma de trazer, para junto de si, o selvagem
mundo que os cercavam. No período neolítico, caracterizado pelo controle do
homem sobre a natureza, vemos uma geometrização na arte.

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Havia criações que apresentavam padrões em zigue-zague ou linhas retas, algo
mais abstrato do que a produção do período anterior. As novas experiências de
vida trazem novas experiências estéticas.
Como vimos, no período da Antiguidade, houve as primeiras grandes
civilizações, como a grega e a egípcia, que produziram um tipo de arte voltada
para os seus valores culturais e com estéticas muito distintas. Os egípcios, com
seu rígido modelo de sociedade, produziram uma arte voltada para a eternidade,
não natural; os gregos tiveram uma grande preocupação com a imitação da
realidade, através da reprodução idealizada de beleza que se aproximasse das
suas divindades. Estamos tratando de experiências estéticas diferentes,
conforme as diferenças culturais as separam. As produções medievais, com a
sua característica do coletivo e não do individual, convidavam o espectador a
uma determinada experiência estética, uma interpretação que passou por
diversas versões, conforme uma outra cultura em um outro tempo a percebe.
Isso pode se estender pelos demais períodos, como o Renascimento, até a arte
contemporânea.
Muitas foram as referências para analisar a experiência estética. Desde
os gregos, como parâmetro para tratar de uma cultura clássica, que servem
como base para as atuais interpretações. Para Werner (2012), a experiência
estética pode ser tratada por dois pontos de vista: o do objeto artístico e o do
observador. Com relação ao objeto artístico, cabe aqui lembrar que toda obra de
arte é feita a partir do pensamento do artista. A obra é a tradução do sentimento
que o artista quis dar à sua criação, a partir de estímulos, reflexões, inquietações
que o levaram aquele resultado. Ela será sempre, para o artista, o instantâneo
de um determinado momento, uma determinada fase de sua vida.
Quanto ao ponto de vista do observador, teremos uma vasta gama de
interpretações que um obra de arte poderá ter. Como se trata de um processo
completamente individual, cada obra terá um significado para quem a observa.
Ao se olhar as formas, texturas, sombras, luzes e cores que envolvem o
processo estético, cada um terá uma determinada reação.

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A partir do momento que uma obra é criada, ela ganha um estatuto
próprio, que transcende a própria opinião do artista sobre ela. Ao atravessar o
tempo, cada cultura terá uma interpretação diferente sobre ela. Esse é
justamente o papel da arte: diferentes formas de comunicação entre pessoas,
entre sociedades. Será justamente sobre a arte e a comunicação o nosso
próximo tema.

Tema 3: Arte e Comunicação


Sempre que falamos de arte, inevitavelmente falamos também de
comunicação. Toda arte é uma forma de comunicação em si, por transmitir
alguma mensagem, algum sentimento, valores de uma sociedade em dado
momento e cultura. No entanto, podemos relacionar arte e comunicação ainda
sob o ponto de vista das mídias, afinal toda arte é feita através da mídia
disponível naquele momento. As pinturas rupestres foram feitas nas paredes das
cavernas, que serviram como a mídia disponível para suas manifestações. Bach
fez suas composições para serem tocadas no cravo, um dos instrumentos mais
usados durante o século XVII. Os artistas do Impressionismo pintaram sob os
feitos que a fotografia causou nas relações com a imagem. No século XX, se
desenvolveu toda uma grande gama de arte produzida a partir de mídias, como
o rádio, a televisão e o cinema. Um filme é uma obra de arte, feito para ser
exibido em uma mídia de massa como o cinema, assim como a produção da
indústria televisiva também produziu arte. É uma arte reproduzível tecnicamente,
tão criticada por Walter Benjamin, por não possuir mais uma aura, mas sim ser
copiada tecnicamente e distribuída para uma sociedade de massa. A própria arte
feita a partir das mídias de massa se torna tema de um movimento artístico como
a Pop Art, que criticava a indústria cultural e a reprodutibilidade de produtos e
pessoas. Para Andy Warhol, por exemplo, tanto uma garrafa de Coca Cola
quanto a atriz Marilyn Monroe se tornaram produtos consumíveis pela indústria
cultural.

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As produções artísticas foram feitas, ao longo do tempo, para
determinadas tecnologias da comunicação, mas também enquanto produto, algo
que comunica algo para um espectador.
Elas são a tradução dos valores de uma determinada cultura, em um
determinado momento histórico. Antes, nossos ancestrais usaram como mídia
as paredes das cavernas; já o século XXI combinou as tradicionais mídias para
se produzir arte, juntamente com as novas formas que a era digital proporcionou.
As produções feitas diretamente no ambiente virtual, nas telas de computadores,
tablets e tantos outros gadgets, também são a tradução de uma determinada
sociedade, em um determinado tempo. A arte continua encontrando seus
caminhos para expressar os sentimentos humanos.

Tema 4: Arte e Vanguarda


Como o próprio termo diz, vanguarda, palavra derivada do francês avant-
garde, que seriam os soldados da linha de frente, indica tudo o que está a frente,
avançado. Nas artes, tivemos momentos em que novos movimentos artísticos
surgiram com propostas novas, avançadas, a frente de seu tempo; enfim,
movimentos vanguardistas. Desde a Antiguidade até o século XIX, as artes
procuraram incessantemente realizar uma reprodução da realidade. Claro que
dependendo da cultura, essa busca poderia ser reprimira ou estimulada. Várias
foram as escolas e os estilos de arte realista, ou figurativa, em que a realidade é
reproduzida por imagens ou esculturas. A chamada arte clássica, ou arte da
Antiguidade Clássica, foi, durante muitos séculos, a maior representante do
estilo figurativo. Com a criação da fotografia, na primeira metade do século XIX,
houve um momento crítico nas relações entre imagem e realidade. Isso causou
grandes mudanças na produção artística do ocidente. Vários foram os
movimentos artísticos que surgiram com uma nova proposta que fugisse de uma
reprodução da realidade, algo que a fotografia forneceria a partir de então.
Tratam-se de movimentos que produziram uma arte abstrata, ou seja, algo que
fugisse da realidade, do concreto, produto da imaginação e do estado de espírito
do artista no momento de sua concepção. Vários desses movimentos foram

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rejeitados pelo sociedade do século XIX e início do século XX, por trazerem
propostas vanguardistas, muito à frente do seu tempo, algo difícil de ser
assimilado e aceito pela maioria do Ocidente.
A sociedade tinha como referência a arte grega, a romana ou a produção
dos grandes mestres do Renascimento do século XVI, em que se buscavam a
perfeição, a harmonia e a beleza. No Brasil, por exemplo, a Semana de Arte
Moderna, realizada na cidade de São Paulo, em 1922, é considerada como o
marco da entrada da arte brasileira no século XX. Toda uma geração de jovens
artistas, como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Villa Lobos, Mário
de Andrade, Oswald de Andrade, entre outros, foi considerada como vanguarda,
afinal buscaram uma proposta de romper com os tradicionais valores da arte
academicista, ainda herdeira do modelo clássico da Escola de Belas Artes do
Rio de Janeiro. Um modelo que atravessou todo o século XIX agora se chocava
com as novas propostas de uma arte distorcida, deformada, moderna, que fugia
do real, trabalhando com conceitos abstratos do Cubismo, Expressionismo,
Surrealismo, entre outros. Toda arte de vanguarda sofre o preço de trazer o
novo, tendo de superar a rejeição que só o tempo pode proporcionar, oferecendo
o tempo de assimilação necessário, para depois poder surgir a admiração e o
reconhecimento.

Tema 5: Arte e Cultura


Como vimos até aqui, a arte é o produto de uma cultura. Cada cultura
espalhada pelo planeta tem sua própria arte, que traduz os seus valores,
crenças, princípios, tradições. A arte foi, é e será sempre a tradução de um povo,
com semelhanças e diferenças de cultura para cultura, sempre como forma de
perpetuação dos valores de um povo, uma forma de permanência. Do encontro
de culturas, podemos ter, como produto, uma arte que traduz as misturas: o
samba marca a tradição da presença africana no Brasil, com seu ritmo e sua
dança característica; o jazz manifesta a cultura popular norte-americana,
resultado da mistura entre a cultura branca europeia e a negra africana; Pablo
Picasso leva as máscaras africanas para a sua arte cubista europeia. Se as

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culturas se encontram e dialogam, temos uma arte, fruto desse encontro e
diálogo.
Se arte é cultura, a cultura é arte, no sentido de o conjunto da
manifestação de um povo ser a arte em si. Percebemos, nos temas acima
apresentados, como a arte pode ser vista, analisada, pensada; sua relação com
a comunicação, no momento em que a vemos como produção de discurso.
Principalmente a partir do século XIX, como a criação dos museus na Europa e
com a composição dos críticos de arte, forma-se uma visão eurocêntrica sobre
a arte, a partir dos parâmetros da Antiguidade clássica como modelo a ser
seguido. As manifestações populares ou de culturas mais primitivas foram vistas,
durante esse período, sob um olhar preconceituoso, como algo sem valia. O
século XX buscou corrigir essa visão míope, ao artistas europeus e de outros
continentes buscarem um diálogo com culturas diferentes das suas para produzir
arte. Ao chegarmos no século XXI, a arte, como resultado da combinação de
diferentes culturas, de diferentes níveis, produziu resultados que encantam a
todos os povos espalhados pelo planeta, porque eles se veem nessas
produções, criam um processo de identificação com a obra. Esse é um papel
importante que a arte não deve perder: ser a tradução dos valores das culturas
espalhadas pelo mundo, encantando e levando conhecimento aos mais
diferentes lugares no mundo.

Síntese
Vimos, nessa primeira conversa, alguns conceitos sobre arte, sob o olhar
estético, comunicacional, vanguardista e cultural. Percebemos como a arte é
plural, e como devemos exercitar o ponto de vista para que ela não seja definida
de forma simplista. Ela pode nos trazer diferentes olhares, dependendo da
cultura de quem a olha, do lugar e do tempo em que se olha. Veremos, no
decorrer da disciplina, como diferentes povos se manifestaram, como deixaram
a marca de sua passagem pela Terra através da arte que produziram, como a
arte traduz os valores de um povo, servindo como algo que permanece. Arte é a
permanência de pensamentos, princípios, valores, crenças. Arte é comunicação,

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produção de um discurso, uma ideia que se passa adiante, feita para causar
reflexão, encanto, incômodo. A arte não é feita de consenso, nem deve ser.
Ao final da disciplina, teremos feito um percurso histórico, que busca justamente
oferecer um panorama sobre o papel social e comunicacional da arte.
Esperamos que você goste!

Referências

MACHADO, A. Arte e mídia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007.

WERNER, J. Ensaios sobre arte e estética. Londrina: Canvas Design, 2012.

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