Revista Engenharia & Ação
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO EM ELEMENTOS
ESTRUTURAIS DE AÇO
FIRE PROTECTION IN STEEL STRUCTURAL ELEMENTS
Thales Henrique Silva Costa *
* Autor correspondente. Engenheiro civil, Mestre em Engenharia Civil pela Universidade Federal do
Ceará. Atualmente atua como professor no Centro Universitário Ateneu. Email para contato:
[email protected].
RESUMO
Dentre a série de ações que constituem a segurança contra incêndios, a resistência ao fogo dos
elementos estruturais é peça chave para minimizar o risco à vida e reduzir as perdas
patrimoniais. Para tanto, é necessário que a estrutura seja projetada para o Tempo Requerido
de Resistência ao Fogo determinado pelas normas brasileiras. Por vezes a garantia desse tempo
só é possível através do revestimento da estrutura. Este trabalho propõe-se a desenvolver uma
revisão de literatura a respeito dos revestimentos usualmente aplicados em estruturas metálicas
que garantam o TRRF necessário. A revisão de literatura tomou como base os trabalhos
desenvolvidos pelo CBCA, bem como artigos nacionais e internacionais. O objeto de estudo
foram as argamassas projetadas e as tintas intumescentes. Ambos os materiais são capazes de
garantir TRRF superior a 120 minutos quando aplicados adequadamente. Normalmente a
espessura aplicada, varia de 10 a 75 mm, para argamassas projetadas, e de 0,3 a 6,5 mm para
as tintas intumescentes. Conclui-se que a seleção do material e da espessura a ser aplicada
variam com o custo de aquisição, o preparo da mão de obra, o tipo de acabamento exigido e o
TRRF requerido.
Palavras-chave: Tempo Requerido de Resistência ao Fogo. Sistemas de Combate a Incêndios.
Proteção passiva.
ABSTRACT
Ensuring fire resistance in structural elements is crucial for minimizing risks to life and property
during fire incidents. Compliance with Brazilian standards mandates designing structures to
withstand the Required Fire Resistance Time (RFRT). Often, achieving this time frame
necessitates the application of protective coatings. This paper presents a literature review on
coatings commonly used to enhance the fire resistance of steel structures to meet RFRT
requirements. The review draws from research conducted by CBCA and various national and
international articles. The study focuses on sprayed mortars and intumescent paints, both
capable of providing RFRT exceeding 120 minutes when applied correctly. Typically, the
thickness varies from 10 to 75 mm for sprayed mortars and 0.3 to 6.5 mm for intumescent
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Publicado: 06/05/2024
DOI: 10.29327/2404569.2.1-1
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paints. Selection of material and thickness depends on factors such as acquisition cost, labor
preparation, desired finish, and RFRT requirements.
Keywords: Required Fire Resistance Time. Firefighting Systems. Passive Protection.
1 INTRODUÇÃO
A segurança contra incêndios em edifícios consiste em uma série de ações que visam
essencialmente proteger a vida dos ocupantes. No Brasil cada estado fica responsável pelo seu
sistema de atendimento de emergências, formulando suas legislações específicas. Em São
Paulo, o Decreto nº 63.911 de 2008 consiste no Regulamento de Segurança Contra Incêndios
das Edificações e áreas de risco no Estado de São Paulo. Este regulamento apresenta certos
objetivos que valem destaque:
I - proteger, prioritariamente, a vida dos ocupantes das edificações e áreas de
risco, em caso de incêndios e emergências; II - restringir o surgimento e
dificultar a propagação de incêndios, estimulando a utilização de materiais de
baixa inflamabilidade e reduzindo a potencialidade de danos ao meio
ambiente e ao patrimônio; III - proporcionar, nas edificações e áreas de risco,
os meios mínimos necessários ao controle e extinção de incêndios; IV - evitar
o início e conter a propagação do incêndio, reduzindo danos ao meio ambiente
e ao patrimônio; V - viabilizar as operações de atendimento de emergências;
VI - proporcionar a continuidade dos serviços nas edificações ou áreas de
risco; VII - distribuir competências para o fiel cumprimento das medidas de
segurança contra incêndios; VIII - fomentar o desenvolvimento de uma
cultura prevencionista de segurança contra incêndios (ESTADO DE SÃO
PAULO, 2018:1).
Em resumo, os objetivos da segurança contra incêndio são minimizar o risco à vida e
reduzir a perda patrimonial (VARGAS e SILVA, 2003). Estes objetivos podem ser alcançados
através das medidas de segurança contra incêndios, como a garantia de acesso de viatura na
edificação; a resistência ao fogo dos elementos de construção; a presença de saídas de
emergência, de brigada de incêndio, de sinalização de emergência etc.; e controle das fontes de
ignição (ESTADO DE SÃO PAULO, 2018).
Conforme Vargas e Silva (2003), a seleção do sistema de segurança contra incêndio
deve ter como balizador os riscos de um início de incêndio, de sua propagação e de suas
consequências. Para o autor há uma série de fatores que influenciam a severidade de um
incêndio como a atividade desenvolvida no edifício, a forma do edifício, as condições de
ventilação do ambiente, as propriedades térmicas dos materiais constituintes das paredes e do
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teto, e dos sistemas de segurança contra incêndio instalados (detectores de fumaça, sistema de
chuveiros automáticos, brigada contra incêndios, compartimentação etc.). Destaca-se neste
trabalho as propriedades térmicas dos materiais estruturais que podem ser fator de colapso da
estrutura e critério de atenção para os projetistas.
Todos os materiais comumente empregados em edificações (concreto, aço, madeira),
apresentam alterações em suas propriedades quando sujeitos à altas temperaturas (PANNONI,
2011). O aço, por exemplo, é um material incombustível, porém suas propriedades mecânicas
degeneram-se consideravelmente em altas temperaturas. “A 600 ºC a resistência ao escoamento
e o módulo de elasticidade do aço se limitam a 47% e 31% dos respectivos valores à temperatura
ambiente” (FAKURY, SILVA e CALDAS, 2016:9). É comum em um incêndio as temperaturas
serem da ordem de 1000 ºC e nesta situação pode haver o colapso da estrutura causando perdas
irreparáveis. Assim, para se garantir os objetivos da segurança contra incêndio torna-se
fundamental a verificação das estruturas em termos de resistência quando em altas
temperaturas. As edificações devem ser projetadas e executadas de modo que permitam a
desocupação do edifício e o trabalho dos bombeiros durante um determinado período
normatizado pela ABNT NBR 14432 (ABNT, 2001), denominado Tempo Requerido de
Resistência ao Fogo (TRRF).
Dentre os meios de garantir a integridade da estrutura em situações de incêndio estão as
medidas de proteção passiva e as medidas de proteção ativa. Entre as medidas de proteção ativa
estão a provisão de sistemas de alarme, de sinalização de emergência, de controle do
movimento da fumaça etc. Já as medidas de proteção passiva consistem na compartimentação
da edificação, no controle da quantidade de materiais combustíveis, na resistência ao fogo dos
elementos estruturais etc. (ONO, 2007). A respeito das medidas de proteção passiva, a
resistência ao fogo dos elementos estruturais pode ser desenvolvida por materiais de
revestimento que minimizam o fluxo de calor e garantem o TRRF previsto para a edificação
(ANDRADE e SOUZA, 2015).
Baseado no TRRF exigido para edificações em aço, quais os revestimentos adequados
e usualmente aplicados na estrutura?
Com base no problema de pesquisa exposto, este trabalho propõe-se a desenvolver uma
revisão de literatura a respeito dos revestimentos usualmente aplicados em estruturas metálicas
que garantam o TRRF necessário.
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A legislação brasileira exige que as edificações sejam projetadas atendendo as
exigências de segurança contra incêndio, porém, segundo Andrade e Souza (2015), o meio
acadêmico possui deficiências na formação de profissionais da construção civil, na área de
segurança contra incêndio. Isto se comprova ao analisar as Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCN) dos cursos de engenharia no Brasil, em especial a Resolução Nº 2 de 24 de abril de 2019
(BRASIL, 2019) que não explicita a necessidade de abordar a temática dentro dos cursos de
graduação em engenharia.
A falta de aprofundamento do tema dentro dos cursos de graduação em engenharia civil
gera uma cultura de “segundo escalão” para a temática, retornando poucos engenheiros aptos e
interessados em atuar em projetos de sistemas de combate a incêndios (SCI). Além disso, por
o Brasil construir majoritariamente em concreto armado, existem poucas disciplinas nos cursos
de graduação diretamente relacionadas as construções em aço, reduzindo o número de
profissionais aptos a desenvolver projetos e a executar obras metálicas. Sem incentivos do
mercado e dos cursos de graduação sobre estruturas em aço e SCI, são raros os profissionais
que consideram esses fatores ao projetar uma edificação (ONO, 2007).
Baseado no objetivo deste trabalho, o texto segue com um referencial teórico a respeito
do histórico de acidentes, o cálculo do tempo requerido de resistência ao fogo e as normas
brasileiras pertinentes ao assunto. Na sequência, apresenta-se a metodologia do trabalho que
consiste em uma revisão de literatura a respeito dos materiais aplicados como proteção passiva
em estruturas de aço. Na seção de Resultados e Discussão são apresentados os materiais
comumente empregados, as técnicas de proteção passiva, bem como características dos
métodos tradicionais.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esta seção é dividida em três subtópicos: histórico de acidentes, normas pertinentes e
tempo requerido de resistência ao fogo. Estes itens são base para justificar a necessidade de
aplicação de sistemas de combate a incêndios e a necessidade de aplicação de proteção passiva
nas edificações em aço.
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2.1. Histórico de acidentes
Conforme estudo desenvolvido por Ono (2007) a área de segurança contra incêndio
ganhou impulso no país após dois incêndios de grande proporção e que tiveram repercussão
internacional: o Edifício Andraus, em 1972 com 16 vítimas fatais, e o Edifício Joelma, em 1974
com 179 vítimas fatais. Estes incidentes sensibilizaram autoridades e acadêmicos, resultando
na criação do laboratório de ensaios de fogo do Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT) do
Estado de São Paulo em 1976.
Analisando incêndios catastróficos no país e no exterior, Ono (2007:99) ressalta pontos
de atenção:
• “[...] a vulnerabilidade das vias internas de circulação (horizontal e vertical) aos efeitos do
incêndio (fumaça, calor e chamas)”;
• a rapidez com que o incêndio pode se propagar no interior do seu compartimento ou
pavimento de origem, expandindo-se para os pavimentos ou edifícios vizinhos.
O trabalho desenvolvido por Seito et al. (2008) apresenta os principais acidentes e
aprendizados nos Estados Unidos da América e no Brasil. No início, a segurança contra
incêndio dos EUA compreendia ações para a proteção do patrimônio e consistiam em sistemas
de chuveiros automáticos e de garantias para o suprimento de água. Somente em 1914, após
quatro incêndios vitimarem centenas de vidas, começa-se a definir ações que garantam a
proteção a vida. Pelo tipo de construção adotado no Brasil, geralmente em alvenaria, o país não
teve incêndios de grandes proporções registrados até a década de 60. Nessa época a
regulamentação, ressalta Seito et al. (2008) era restrita a pequenas indicações inclusas nos
códigos de obras municipais, indicando aspectos básicos como largura das saídas e escadas e a
uma regulamentação simplória do corpo de bombeiros, prevendo hidrantes e extintores.
Infelizmente o Brasil não colheu aprendizados com os grandes incêndios ocorridos no exterior.
Apenas após os incidentes com o edifício Andraus (1972) e Joelma (1974) o país iniciou um
trabalho de aprimoramento de seus regulamentos.
O incêndio no edifício Andraus é considerado o primeiro grande incêndio em prédios
elevados. Tratava-se de um edifício comercial e de serviços situado na cidade de São Paulo.
Com estrutura de concreto armado, 31 andares e acabamento em pele de vidro, acredita-se que
o fogo teve início pelos cartazes de publicidade colocados sobre a marquise do prédio. Do
incêndio resultaram 16 mortes e 336 feridos. A pele de vidro facilitou a propagação vertical do
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fogo e só não gerou mais mortes devido a presença de um heliponto na cobertura que permitiu
a proteção das pessoas enquanto aguardavam socorro (SEITO et al., 2008).
Com 23 andares, o edifício Joelma, em São Paulo, comoveu o país devido a projeção
de pessoas pela fachada do prédio em busca de escape. O edifício em concreto armado não
possuía escadas de emergência, nem meios para resgate aéreo. Pela proximidade temporal e
espacial com o edifício Andraus, vários ocupantes buscaram o resgate no topo do edifício, o
que foi impraticável, gerando um total de 179 mortos. A partir destes dois eventos o poder
público se movimentou para estruturar normas de segurança a serem observadas na elaboração
e execução de projetos (SEITO et al., 2008).
2.1 Normas brasileiras
Pannoni (2011) ressalta a elevada resistência das estruturas de aço ao fogo. Segundo o
autor, um dos pontos mais importantes sobre o assunto é reduzir o risco de incêndio e, caso
estes ocorram, aumentar o tempo de início da deformação da estrutura, melhorando suas
condições de segurança. No geral, as normas de segurança contra incêndio levam em
consideração “[...] uma temperatura crítica na qual o aço perde uma proporção significativa de
sua resistência mecânica ou atinge um estado limite de deformações ou de tensões, ou seja, uma
temperatura que represente uma condição de falha, que pode representar o colapso da estrutura”
(PANNONI, 2011:50).
No Brasil, cada ente federativo é responsável pelas respectivas corporações. Com a
autonomia adquirida ao longo do tempo, cada batalhão do corpo de bombeiros elabora suas
instruções técnicas (IT) que prescrevem as regras para execução e implantação de medidas de
segurança contra incêndios. Com a difusão de informações, as IT de cada estado estão cada vez
mais semelhantes, até porque os estados, em sua maioria, replicam, à sua maneira, as IT do
estado de São Paulo. Além das instruções técnicas dos corpos de bombeiros, os SCI são
projetados com base nas normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), destacando-se as normas ABNT NBR 14432 de 2001 e ABNT NBR 14323 de 2013.
Ambas as normas são discutidas nos próximos parágrafos.
A ABNT NBR 14432 de 2001 “[...] estabelece as condições a serem atendidas pelos
elementos estruturais e de compartimentação que integram os edifícios para que, em situação
de incêndio, seja evitado o colapso estrutural” (ABNT, 2001:1). Essa norma estabelece o TRRF
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requerido para as edificações, variando de 30 a 120 minutos. “Um TRRF de 30 minutos
equivale a dizer que a estrutura deve permanecer estável por trinta minutos enquanto a
atmosfera a seu redor está a aproximadamente 820 ºC” (PANNONI, 2011:51). Os critérios
apresentados nesta norma baseiam-se na resistência dos elementos construtivos a exposição de
um incêndio-padrão, condicionados a fatores como tipo de ocupação, área, profundidade do
subsolo, altura da edificação, facilidade de acesso para combate ao incêndio etc.
Pela dificuldade em se determinar a curva temperatura – tempo de um incêndio real, as
normativas brasileiras convencionaram uma curva padronizada como modelo para análise
experimental de estruturas e materiais de proteção térmica (VARGAS e SILVA, 2003). A
ABNT (2001:3) define essa curva de incêndio-padrão como a “elevação padronizada de
temperatura em função do tempo”, dada pela Equação 1, onde o tempo (𝑡) é dado em minutos,
𝜃𝑜 corresponde a temperatura ambiente antes do início do aquecimento, tomada igual a 20 ºC,
e 𝜃𝑔 é a temperatura dos gases, em graus Celsius, em determinado instante de tempo. O tempo
a ser adotado para definição da temperatura dos gases corresponde ao TRRF.
𝜃𝑔 = 𝜃𝑜 + 345 log (8 𝑡 + 1) (1)
Os resultados do modelo de incêndio-padrão devem ser avaliados com cuidado, pois o
comportamento real do incêndio não corresponde ao extraído da Equação 1, como observado
na Figura 1. Nessa figura a linha tracejada corresponde a um evento de incêndio real, enquanto
a linha contínua representa a temperatura dos gases com base na equação normativa. Para
Vargas e Silva (2003:18), “em códigos e normas nacionais e internacionais, ao invés de se
exigir segurança à temperatura, exige-se segurança por um determinado tempo, associado à
curva-padrão”, e é exatamente isso que propõe a ABNT NBR 14432.
Figura 1 – Modelo de incêndio-padrão
Fonte: Vargas e Silva (2003)
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Afunilando para o comportamento de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e
concreto em situação de incêndio, o Brasil possui a ABNT NBR 14323 de 2013. Essa norma
define os princípios gerais que regem o projeto de estruturas de aço e mistas em edificações em
situação de incêndio, baseando-se no método dos estados limites e cobrindo as estruturas
projetadas com base nas ABNT NBR 8800 e ABNT NBR 14762.
Para estruturas de aço e mistas de aço e concreto, a ABNT (2013) determina que os
elementos estruturais devem ser projetados à temperatura ambiente de acordo com as normas
de perfis laminados ou formados a frio, além de realizar verificações da estrutura para os estados
limites últimos quando submetidos a temperaturas elevadas. Essa última verificação tem por
finalidade “evitar o colapso estrutural em condições que prejudiquem a fuga dos usuários da
edificação” (ABNT, 2013:9).
Apenas a título de curiosidade, o Brasil conta com uma norma específica para projeto
de estruturas de concreto em situação de incêndio, a ABNT NBR 15200. Essa norma não será
abordada neste trabalho devido o objeto de estudo ser as estruturas em aço.
Em seu anexo F a NBR 14323 apresenta um método alternativo para obtenção do TRRF
que leva em consideração aspectos do projeto contra incêndio e as características da edificação
que podem reduzir o risco ou propagação do incêndio, facilitando a fuga dos usuários e as
operações de combate ao fogo. Os métodos para determinação do TRRF serão apresentados de
maneira geral na próxima seção.
2.2 Tempo Requerido de Resistência ao Fogo
A primeira etapa do dimensionamento de elementos estruturais em situação de incêndio
é a determinação do respectivo TRRF. Deve-se adotar os valores definidos por legislação
regional do corpo de bombeiros, e na sua ausência, o preconizado pela NBR 14432
(RODRIGUES e OLIVEIRA, 2021).
O TRRF depende da altura da edificação, da profundidade do subsolo, da área
dos pavimentos, do tipo de uso e ocupação, da existência de sistemas de
proteção ativa e da presença de aberturas laterais, entre outros parâmetros. O
TRRF é dado em minutos e cresce à medida que o risco à vida e a dificuldade
de evacuação aumentam, variando de 30 min a 120 min, em intervalos de 30
min (RODRIGUES e OLIVEIRA, 2021:24).
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O valor do TRRF pode ser determinado por dois métodos: método tabular, determinado
pela NBR 14432, e pelo método do tempo equivalente, correspondente ao anexo F da NBR
14323. No Quadro 1 observa-se o fluxo de trabalho para determinação do TRRF pelo método
tabular.
Etapa Descrição
Determinação do grupo e da divisão da O anexo B da NBR 14432 classifica as
edificação edificações, quanto à sua ocupação em dez
grupos. Cada grupo é subdivido de forma a
melhor caracterizar a ocupação da edificação.
Determinação da altura da edificação e da Com base nos projetos da edificação, o
profundidade de piso em subsolo projetista deve identificar a altura da
edificação e a profundidade do piso em
subsolo (caso exista). Deve-se ler a norma
para caracterizar altura da edificação e
profundidade de piso em subsolo.
Determinação do TRRF De posse dos parâmetros anteriores, o anexo
A da NBR 14432 apresenta os valores do
TRRF em minutos. A leitura da norma é
imprescindível para interpretação do anexo e
suas particularidades.
Quadro 1 – Fluxo de trabalho para determinação do TRRF conforme método tabular apresentado na ABNT NBR
14432 de 2001
Fonte: Adaptado de Rodrigues e Oliveira (2001)
A última etapa do Quadro 1 é observada na Tabela 1, que apresenta um extrato da tabela
normativa com a classificação da edificação, sua altura e o TRRF requerido. Na leitura da tabela
entende-se o grupo A como edificações com ocupação residencial; grupo B como serviços de
hospedagem; e grupo C como comercial varejista. A Tabela 1 suprimiu uma série de
informações e não deve ser utilizada como referência para determinação do TRRF.
Altura da edificação
Grupo Divisão
Classe P1 Classe P3 Classe P5
A A-1 a A-3 30 60 120
B B-1 e B-2 30 60 120
C C-1 a C-3 60 (30) 60 120
Tabela 1 – Extrato da NBR 14432 indicando o TRRF, em minutos
Fonte: Adaptado de ABNT (2001)
Supondo uma edificação residencial (Grupo A) com habitações multifamiliares
(Divisão A-2), com altura entre o nível de saída da edificação (nível de descarga) e o piso do
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penúltimo pavimento de 20 metros (Classe P 3), o TRRF requerido para a edificação é de 60
minutos.
Em posse do TRRF dos elementos estruturais, procede-se com a determinação da
capacidade resistente do aço em situações de incêndio. Para isso determina-se, por métodos
simplificados (normativos) ou avançados/experimentais, a temperatura do perfil de aço, as
propriedades mecânicas alteradas pela temperatura e a sua resistência com base na NBR 14323
(ABNT, 2013).
Conforme Rodrigues e Oliveira (2021:89), “a determinação da elevação de temperatura
do aço é feita de maneira diferente em função das características da estrutura”. Os autores
dividem em:
• estruturas internas sem revestimento contra fogo;
• estruturas internas com revestimento contra fogo;
• estruturas externas;
• estruturas de compartimentação;
• ligações.
Quando não for possível garantir a segurança estrutural (para o TRRF definido) de
edificações sem revestimentos, deve-se proceder com técnicas de revestimento contra fogo a
fim de impedir o aumento excessivo da temperatura das estruturas de aço. Os tipos de
revestimento, suas características e técnicas de aplicação são objeto deste trabalho e presentes
na seção de resultados.
3 METODOLOGIA
Este trabalho foi desenvolvido com base em uma revisão bibliográfica com o objetivo
de apresentar os revestimentos usualmente aplicados em estruturas metálicas que garantam o
TRRF necessário para edifícios em aço.
Para atingir este objetivo, foi desenvolvido uma revisão sobre o histórico de acidentes
nacional e internacional, as normas brasileiras sobre os sistemas de proteção passiva de
estruturas de aço em situação de incêndio, e o cálculo do tempo requerido de resistência ao
fogo. A partir dessa revisão mais generalista, propôs-se nos resultados apresentar os principais
tipos de revestimentos aplicados em estruturas de aço e mistas de aço e concreto.
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A apresentação dos tipos de revestimentos e suas particularidades teve como base a
literatura nacional, em especial os trabalhos desenvolvidos pelo Centro Brasileiro da
Construção em Aço (CBCA), bem como referências internacionais que são indicadas como
fontes de consulta apropriadas pelo próprio CBCA.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
São apresentados na seção de resultados e discussão as técnicas de revestimento
adequadas para a proteção de estruturas de aço em situação de incêndio, de forma a garantir a
integridade estrutural durante o tempo definido pelo TRRF.
Quando a estrutura requer revestimento de proteção contra incêndios, sua composição
consiste, normalmente, de gesso, vermiculita, fibras minerais ou materiais cerâmicos
(FAKURY, SILVA e CALDAS, 2016). Estes materiais são escolhidos por apresentarem baixa
massa específica aparente, baixa condutividade térmica, alto calor específico, adequada
resistência mecânica, garantia de integridade durante a evolução do incêndio, e custo
compatível (VARGAS e SILVA, 2003).
Fakury, Silva e Caldas (2016) classificam os tipos de proteção em “tipo contorno” e
“tipo caixa”. No primeiro temos os materiais e revestimento do tipo argamassa, onde ele é
projetado em toda a superfície exposta dos elementos. No “tipo caixa”, o revestimento é
montado em volta do elemento estrutural, normalmente utilizando-se placas rígidas ou
semirrígidas. Acrescenta-se ainda o “tipo sólido” presente na Figura 2 e caracterizado pelo
revestimento em concreto, geralmente armado (estrutura mista). Essa seção focará nos materiais
para proteção do “tipo contorno”.
Figura 2 – Tipos de proteção estrutural contra incêndio
Fonte: ASFP (2014)
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Segundo Andrade e Souza (2015) os materiais projetados são os mais empregados na
construção civil brasileira, exatamente pelos excelentes desempenhos às altas temperaturas que
atendem aos TRRF superiores aos determinados pela NBR 14432. Em um contexto histórico,
no final do século XIX introduziu-se a terracota (argila modelada e cozida em forno) como
material de revestimento e proteção da estrutura de edifícios norte americanos. Em seguida
surgem as argamassas constituídas de fibras de amianto com cimento (asbesto), hoje proibidas
devido suas fibras serem consideradas altamente cancerígenas (DIAS, 2002).
4.1 Argamassa projetada
As argamassas projetadas frequentemente utilizadas são “materiais de base cimentícia
ou gesso contendo fibras minerais, vermiculita expandida e outros agregados leves” (SEITO et
al., 2008:155). Esse tipo de revestimento é capaz de fornecer resistência ao fogo de até 240
minutos.
A aplicação do produto deve ser realizada em campo, apesar de experiências bem-
sucedidas de aplicação prévia na Inglaterra. Justifica-se a aplicação em campo devido a
dificuldade de garantir a qualidade da proteção durante o transporte e montagem dos elementos.
Por meio de equipamentos de jateamento o material é aderido as peças metálicas formando uma
película protetora. Sua aplicação pode ser na condição seca (fibras projetadas) ou úmida
(materiais à base de gesso contendo vermiculita), conforme Seito et al., 2008. No Quadro 2
estão presentes os materiais projetados empregados no mercado nacional.
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PRODUTO FABRICANTE REPRESENTANTE NO BRASIL
Monokote MK6 Grace Grace do Brasil
Blaze Shield II Isolatek International Morganite do Brasil
Cafco 300 Isolatek International Morganite do Brasil
Fendolite Isolatek International Morganite do Brasil
Isopiro Eucatex Produzido no Brasil
Isopiro LV Eucatex Produzido no Brasil
Termosist Grupo Sistema Produzido no Brasil
Isobrax Magnesita Produzido no Brasil
Pyrocrete 40 Carboline Unifrax Brasil
Pyrolite 15 HY Carboline Unifrax Brasil
Pyrolite 22 Carboline Unifrax Brasil
Quadro 2 – Materiais projetados empregados no mercado nacional
Fonte: Seito et al., 2008
A seleção da argamassa projetada deve levar em consideração especificações técnicas
básicas do produto, como (VARGAS e SILVA, 2003):
• trabalhar monoliticamente com a estrutura, acompanhando seus movimentos sem que
ocorram fissuras ou desprendimentos;
• não haver perdas de material quando submetidos a ensaios de erosão sob correntes de ar;
• ter durabilidade igual da estrutura, dispensando manutenção;
• ter aderência entre camadas sucessivas;
• não podem ser higroscópicas, garantindo que o aço ficará livre de umidade, dispensando o
uso de primers ou outros sistemas de proteção contra corrosão;
• devem ter, em sua formulação, substâncias fungicidas e bactericidas que não permitam a
proliferação de fungos e bactérias em seu interior.
O Quadro 3 apresenta um apanhado de características básicas de alguns produtos
apresentados no Quadro 2. Esse levantamento teve como base as especificações técnicas
apresentadas pelos fabricantes.
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PRODUTO DENSIDADE CONDUTIVIDADE RENDIMENTO
TÉRMICA POR GALÃO
Cafco 300 240𝑘𝑔/𝑚3 0.078 𝑊/𝑚𝐾 a 24ºC 4,25 𝑚2 (25,4 𝑚𝑚)
Isopiro Não disponível 0.230 𝑊/𝑚𝐾 a 24ºC Não disponível
Monokote MK6 240𝑘𝑔/𝑚3 Não disponível 2,51 𝑚2 (25,4 𝑚𝑚)
Pyrocrete 40 640𝑘𝑔/𝑚3 0.153 𝑊/𝑚𝐾 a 24ºC 1,66 𝑚2 (25,4 𝑚𝑚)
Quadro 3 – Características básicas de materiais projetados empregados no Brasil
Fonte: Dados obtidos pelo autor (2023)
Devido a baixa condutividade térmica, estes materiais garantem maior tempo de
exposição ao fogo sem reduzir as propriedades do aço. A título de comparação, a condutividade
térmica do concreto fica em torno de 0,5 a 0,8 W/mK e já é considerado um material adequado
para proteção de estruturas em aço (MEDVED, 2022).
Com exceção do Isopiro, os demais produtos presentes no Quadro 3 dispensam o uso
de pinos ou telas para fixação. Em todos os produtos a execução exige a preparação da
superfície, com limpeza para remoção de óleos, graxas e resíduos, e posterior aplicação do
produto em camadas, iniciando por uma camada de aderência ao substrato variando entre 13 e
16 milímetros, e camadas posteriores em torno de 16 mm, atentando-se ao tempo de cura entre
demãos e a garantia de circulação de ar e temperatura adequadas. A Figura 3 retrata um
operador jateando uma argamassa projetada em um pilar de aço. Note o acabamento texturizado
do material quando aplicado. Quando necessário, pode-se utilizar uma espátula para melhorar
o acabamento da peça.
Figura 3 – Aplicação de argamassa projetada em pilar metálico
Fonte: Arabian Vermiculite Industries (2016)
Os materiais apresentados são vulneráveis a danos mecânicos, requerendo cuidados
especiais quando aplicado em áreas sujeitas a impactos, bem como não garantem proteção
contra corrosão do aço, apesar de que seu uso, quando em estruturas internas, não exige a
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aplicação de primers para proteção contra corrosão (SILVA, VARGAS e ONO, 2010). O
Quadro 4 dispõe resumidamente as principais características das argamassas projetadas, com
base no trabalho desenvolvido por Pannoni (2011).
CUSTO APLICAÇÃO DURABILIDADE APARÊNCIA
Custo inferior aos Fácil aplicação, Não exige manutenção Aparência
materiais rígidos inclusive para cobrir ao longo do tempo. texturizada,
e semi-rígidos detalhes complexos. semelhante ao
(incluindo mão chapisco aplicado
de obra) em alvenaria.
Quadro 4 – Principais características das argamassas projetadas
Fonte: Adaptado de Pannoni (2011)
4.2 Pintura intumescente
A pintura intumescente consiste em uma película fina que aumenta de volume
(intumesce/incha) quando sujeita à ação do calor, formando uma película de proteção térmica
do aço (SILVA, VARGAS e ONO, 2010). Em sua composição, as tintas intumescentes,
possuem polímeros que reagem na presença de fogo, em geral, a partir dos 200 ºC, aumentando
seu volume. No processo “os poros resultantes são preenchidos por gases atóxicos, que, junto
com resinas especiais que constituem as tintas, formam uma espuma carbonácea rígida na
superfície do aço, retardando o efeito do calor da chama” (SILVA, VARGAS e ONO, 2010:58).
Segundo Pannoni (2011), as propriedades mecânicas do aço começam a se alterar após atingir
temperaturas superiores a 400 ºC, ou seja, quando a tinta intumescer, o aço estará com toda sua
resistência original. Testes indicam que este revestimento ao se expandir aumenta sua espessura
de 15 a 30 vezes (MEDVED, 2022). Para Seito et al. (2008), essa expansão é tipicamente
superior a 60 vezes.
São revestimentos de proteção caros, conforme Dias (2002). Para o TRRF de 30, 60, 90
e 120 minutos, um perfil com fator de massividade de 170 m-1, por exemplo, são necessárias
camadas com 400, 1600, 3150 e 4500 micrometros, respectivamente. Comparativamente,
pinturas para proteção contra corrosão são da ordem de 120 a 360 µm. Essa é a principal
desvantagem do método, principalmente quando o TRRF for superior a 60 minutos.
Sua aplicação é realizada por meios de pintura convencionais, como pistola, rolo de lã,
trincha ou pincel, proporcionando textura e aparência similares às pinturas convencionais
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(VARGAS e SILVA, 2003). Tem-se na Figura 4 a aplicação de tinta intumescente em viga de
aço com o uso de pistola. Apesar de sua simplicidade de aplicação, cuidados devem ser tomados
(MAZA PRODUTOS QUÍMICOS, 2022 e DIAS, 2002):
• A superfície a ser pintada deve estar limpa, seca, sem poeira, livre de gordura, graxa ou
pintura velha.
• Por ser degradável em água, sua utilização requer uma pintura de base e de acabamento
compatíveis, elevando os custos da proteção.
• O sistema de pintura deve sofrer verificações periódicas (de 2 a 8 anos), devendo haver a
reaplicação do produto. O ciclo de manutenção pode variar com uma série de fatores como
intempéries, umidade do local, impactos mecânicos, desgaste por materiais de limpeza etc.
Figura 4 – Aplicação de tinta intumescente em viga celular
Fonte: Tornado (2020)
Em contraponto à indicação de manutenções indicadas por Maza Produtos Químicos
(2022), Seito et al. (2008), indica que na maior parte dos casos, um sistema intumescente
adequadamente aplicado em ambientes internos (categoria de agressividade C1 e C2) não
exigira qualquer manutenção adicional ao longo da vida útil da edificação, exceto manutenções
de caráter estético ou onde danos mecânicos tenham ocorrido. O autor reforça ainda a
necessidade de manutenções periódicas para as demais categorias de agressividade. Portanto, a
especificação de um sistema intumescente deve considerar as condições ambientais submetidas
durante a vida útil da edificação.
Na pesquisa desenvolvida por Seito et al. (2008), o uso de tintas intumescentes em
certos países corresponde a mais do que 40% do mercado de produtos de proteção térmica
utilizados em edifícios de múltiplos andares. Sua viabilidade financeira geralmente atente a
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TRRF de 30 a 60 minutos, tendo seu uso ampliado para 90 minutos em alguns países. Para
TRRF superiores é preferível o uso de outros meios de proteção como a argamassa projetada.
A aplicação de tinta intumescente pode ser realizada em campo (“on-site”) ou no
fabricante (“off-site”). Em aplicações “off-site” há benefícios como celeridade na montagem
no canteiro de obras, qualidade da aplicação, uma vez que pode ser cuidadosamente controlada
e supervisionada, além da redução de interferências no canteiro de obras, bem como redução
na perda de material devido ao controle das condições climáticas (SEITO et al., 2008).
O Quadro 5 expõe alguns produtos comercializados no país. A fonte de busca dos
produtos foi o Guia da Construção em Aço divulgado pela CBCA. Na categoria Proteção
Térmica o guia apresenta 16 fornecedores. Ao acessar seus sites, apenas em 3 foram
encontradas tintas intumescentes no catálogo de produtos. Complementando o quadro, dispõe-
se os produtos e fabricantes indicados no trabalho de Seito et al. (2008). Infelizmente parte das
fabricantes/representantes de produtos para estruturas de aço no Brasil ainda não estão
cadastradas no guia, dificultando a promoção de seus produtos no mercado nacional.
REPRESENTANTE NO
PRODUTO FABRICANTE
BRASIL
PMA 1200HD AUDAX-Keck GmbH CKC do Brasil
PMA 600HD AUDAX-Keck GmbH CKC do Brasil
Firesteel 47-A Firetherm CKC do Brasil
International Protective
Chartek 1709 Inter Coatings
Coatings
International Protective
Chartek 7 Inter Coatings
Coatings
International Protective
Interchar 212 Inter Coatings
Coatings
Firetex Leigh ́s Paints Morganite do Brasil
Interchar 963 Tintas International Morganite do Brasil
Sprayfilm Isolatek International PCF Soluções
Unitherm Sika PCF Soluções
Calatherm 600 Tintas Calamar Produzido no Brasil
Nullifire S605 e
Carboline Unifrax Brasil
S707
Quadro 5 – Tintas intumescentes fornecidas no Brasil
Fonte: Dados obtidos pelo autor (2023) e adaptado de Seito et al. (2008)
Semelhante ao desenvolvido para as argamassas projetadas, o Quadro 6 dispõe das
principais características das tintas intumescentes. Acrescenta-se como característica o tempo
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de proteção ao fogo limitado. Nesse tipo de revestimento a proteção é econômica para TRRF
de até 60 minutos, havendo algumas tintas capazes de proteger por 90 ou 120 minutos, não mais
que isso.
CUSTO APLICAÇÃO DURABILIDADE APARÊNCIA
Custo superior a Aplicação Em ambientes internos Acabamento
argamassa semelhante as tintas não exige manutenção atraente, pois, pode-
projetada e a convencionais, ao longo do tempo, se aplicar uma tinta
instalação de utilizando rolos, exceto reparos. de acabamento na
materiais rígidos trinchas, pincéis e coloração desejada.
ou semi-rígidos. pistolas.
Quadro 6 – Principais características das tintas intumescentes
Fonte: Adaptado de Pannoni (2011)
Adaptado do trabalho de Seito et al. (2008), o Quadro 7 resume as principais
características dos sistemas de proteção apresentados neste trabalho.
MATERIAIS PROJETADOS MATERIAIS
INTUMESCENTES
Custo relativo Baixo a médio Médio a alto
Equipamentos Equipamentos especiais são Equipamentos utilizados
necessários à aplicação necessários normalmente em pintura
Uso interno/externo Interno e externo Interno, com alguns
sistemas externos
Preparação Superfícies devem estar limpas Uma tinta de fundo
e serem compatíveis compatível é necessária,
aplicada sobre superfícies
de aço previamente limpas
Robustez Vulnerável a danos mecânicos Semelhante aos sistemas
de pintura tradicionais
Acabamento Texturizado Liso ou levemente
texturizado. Permite
acabamento decorativo
Faixa de espessuras 10 a 75 mm 0,3 a 6,5 mm
Resistência ao fogo 240 minutos 120 minutos
máxima
Quadro 7 – Resumo comparativo entre os sistemas de proteção com materiais projetados e tinta
intumescente
Fonte: Adaptado de Seito et al. (2008)
A seleção do sistema de proteção não deve se limitar aos apresentados neste trabalho.
A escolha dos dois métodos se deu pelo método de instalação semelhante, facilitando uma
comparação. Não se podem descartar o uso de materiais rígidos e semi-rígidos, bem como o
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uso do enclausuramento por concreto. Este último entrou em desuso com o advento dos demais
métodos que trazem materiais mais leves (PANNONI, 2011).
5 CONCLUSÕES
Este trabalho se propôs a apresentar os tipos de revestimento usualmente empregados
na proteção passiva de edificações em aço quando em situação de incêndio. Por meio de uma
revisão de literatura apresentou-se os métodos de argamassa projetada e pintura intumescente,
capazes de garantir um TRRF adequado para as edificações.
Com base nas normas brasileiras, o Tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF)
varia de 30 a 120 minutos, sendo que o método de argamassa projetada é capaz de garantir um
TRRF de até 240 minutos, enquanto o sistema de pintura intumescente pode garantir um TRRF
de 120 minutos. Em ambos os casos é possível variar esse TRRF apenas alterando a espessura
do material aplicado.
Em um projeto estrutural em situação de incêndio o projetista deve, inicialmente, prever
o TRRF requerido pelas normas brasileiras, atentando-se sempre às exigências complementares
do corpo de bombeiros. Essas exigências complementares não foram expostas no trabalho
devido sua variabilidade regional. Definido o TRRF procede-se com a verificação da segurança
estrutural. Se necessário reveste-se a estrutura para impedir o aumento excessivo de
temperatura, capaz de reduzir drasticamente as propriedades do aço.
O revestimento estrutural pode ser desenvolvido por proteções do tipo contorno, caixa
e sólido. Foi objeto de estudo apenas as proteções do tipo contorno utilizando argamassa
projetada e pintura intumescente. A primeira é considerada a de maior emprego no país,
enquanto a segunda apresenta o melhor acabamento.
Ambos os materiais possuem representantes no Brasil capazes de atender aos mais
variados portes de obras. No geral, os materiais fornecidos são importados e revendidos por
representantes nacionais. Poucas são as empresas nacionais que produzem argamassa projetada
e tintas intumescentes.
Os materiais projetados possuem baixo custo, apesar de requerer equipamentos
especiais, bem como mão de obra especializada. Seu uso pode ser interno e externo, porém
possuem um acabamento texturizado que pode prejudicar a estética da edificação. No geral
conseguem TRRF de até 240 minutos com espessuras variando de 10 a 75 milímetros.
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Os materiais intumescentes possuem custo mais elevado, porém garantem um
acabamento liso e favorável ao apelo estético. Sua aplicação é semelhante aos sistemas de
pintura tradicionais, e garantem um TRRF de até 120 minutos com espessuras variando de 300
a 6500 µm.
Fica como sugestão de pesquisa futura um estudo de caso sobre os custos e
produtividade dos métodos apresentados, bem como a ampliação do escopo para o uso das
proteções do tipo caixa e sólido.
Este trabalho apresenta uma revisão de literatura a cerca dos métodos de proteção do
tipo contorno, permitindo a rápida consulta por estudantes e profissionais que necessitem de
rápida informação sobre proteção passiva de estruturas de aço. Com este material é possível
obter as propriedades básicas dos materiais, bem como seus fabricantes e representantes no
mercado nacional.
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estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios em situação de
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